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1 RODRIGO RICARDO MAYER PSDB: ORGANIZAÇÃO, ESTRATÉGIA ELEITORAL E PROGRAMA PARTIDÁRIO CURITIBA 2008

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RODRIGO RICARDO MAYER

PSDB: ORGANIZAÇÃO, ESTRATÉGIA ELEITORAL E PROGRAMA PARTIDÁRIO

CURITIBA

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

RODRIGO RICARDO MAYER

PSDB: ORGANIZAÇÃO, ESTRATÉGIA ELEITORAL E PROGRAMA PARTIDÁRIO

CURITIBA

2008

Monografia apresentada como pré-requisito de conclusão da disciplina Orientação monográfica II, ministrada pela professora Luciana Fagundes Veiga, departamento de Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná

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AGRADECIMENTOS

Registro aqui minha gratidão a todos que, de alguma forma,

contribuíram para a realização desse trabalho.

Agradeço a meus pais, Antonio Carlos Mayer e Adelina Ricardo Mayer

pelo apoio dado em todos os momentos da minha vida. Aos meus irmãos

Rafael Ricardo Mayer e Esmeraldo de Oliveira Junior por estarem ao meu lado,

pelo apoio dado e pela amizade que temos.

Agradeço à professora Luciana Veiga, pela orientação, pelos

ensinamentos, pelo estímulo a este e aos próximos trabalhos, pela paciência,

pela revisão e por me ensinar a ser um cientista social. Foi uma honra contar

com a sua orientação.

Agradeço a Kemili Kassia Alenfordhi, que mesmo estando longe no

momento sempre esteve ao meu lado em todos os momentos.

Agradeço aos meus amigos Edson Nossol e Everton Okipney por me

apoiarem na decisão de cursar Ciências Sociais e pela amizade que é muito

importante para mim. Agradeço a todos os meus amigos por me agüentarem,

enfim, a todos que contribuíram para este momento.

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"O Estado normalmente é arrogante, até na sua idéia de que é capaz de fazer

tudo sozinho. E, em geral, sozinho, ele deixa de fazer tudo."

Mário Covas

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RESUMO

Esta monografia trata da organização, estratégia eleitoral e programa

partidário do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). A organização é

tratada através da literatura sobre partidos políticos e de analise do estatuto

do partido. A estratégia eleitoral é vista através das coligações formadas pelo

PSDB ao longo de sua existência e por seu desempenho nas eleições que

participo. Os programas partidários são estudados através de documentos

emitidos pelo partido (programas partidários e programas de governo),

leituras teóricas sobre o partido e sobre a social democracia. Os objetivos

desse trabalho é verificar em que grau a literatura reforça a estrutura interna

do PSDB, como é a sua estratégia eleitoral e se o partido se distancia ou se

aproxima da social democracia.

Palavras-chave: PSDB; partidos; social democracia; organização interna

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..............................................................................8

INTRODUÇÃO.....................................................................................9

CAPÍTULO 1 – PARTIDO: ORIGEM, ORGANIZAÇÃO E ESTRATÉGIA...........12

1.1 Origem dos Partidos.................................................................12

1.2 Funções Partidárias...................................................................13

1.2.1 Organização Interna.................................................................13

1.2.2 Função....................................................................................16

CAPÍTULO 2 – PROGRAMA PARTIDÁRIO: SOCIAL DEMOCRACIA...............21

2.1 Surgimento da Social Democracia...............................................21

2.2 O Modelo Social Democrata de Welfare State...............................24

2.3 A Crise do Welfare State nos anos 80..........................................26

2.4 Terceira Via.............................................................................27

2.5 Social Democracia a partir dos anos 80: Novo programa do SPD, A

Terceira Via e o surgimento do PSDB...................................................29

CAPÍTULO 3 – PSDB..........................................................................32

3.1 Origem do PSDB......................................................................32

3.2 Evolução Programática..............................................................34

3.3 Organização Interna.................................................................39

3.3.1 PSDB: Um partido de quadros....................................................39

3.3.2 Hierarquia Partidária.................................................................41

a) Diretório Nacional..........................................................................41

b) Diretório Estadual..........................................................................42

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c) Diretórios Municipais......................................................................42

d) Diretório Zonal..............................................................................43

3.3.3 Executiva Nacional...................................................................44

3.4 Arena Eleitoral.........................................................................46

3.4.1 Evolução Eleitoral.....................................................................46

3.4.2 Coligações..............................................................................53

3.5 Programas de Governo..............................................................58

3.5.1 Mário Covas – 1989..................................................................58

3.5.2 Fernando Henrique Cardoso – 1994............................................59

3.5.3 Fernando Henrique Cardoso – 1998............................................60

3.5.4 José Serra – 2002....................................................................62

3.5.5 Geraldo Alckmin – 2006............................................................63

CONCLUSÃO.....................................................................................65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................68

DOCUMENTOS E MATERIAL DE IMPRENSA............................................71

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Sociologia Política X Escolha Racional..................................19

TABELA 2 - Regiões dos Membros Fundadores.......................................34

TABELA 3 – Desempenho eleitoral: Presidente.......................................47

TABELA 4 – Desempenho Eleitoral: Senado...........................................48

TABELA 5 – Desempenho Eleitoral: Câmara dos Deputados.....................49

TABELA 6 – Desempenho Eleitoral: Governador.....................................50

TABELA 7 – Desempenho Eleitoral: Assembléias Legislativas...................51

TABELA 8 – Desempenho Eleitoral: Prefeituras das Capitais....................52

TABELA 9 – Coligações realizadas em 1990 nas eleições Estaduais...........53

TABELA 10 – Eleições realizadas em 1994 para eleições Estaduais...........54

TABELA 11 – Coligações realizadas em 1998 nas eleições Estaduais.........55

TABELA 12 – Coligações realizadas em 2002 nas eleições Estaduais.........56

TABELA 13 – Coligações realizadas em 2006 nas eleições Estaduais.........57

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INTRODUÇÃO

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado em 1988 a

partir de uma cisão interna do PMDB, em que vários dos seus membros

“históricos” saíram para a formação da nova legenda. O partido já nasceu com

uma base sólida de parlamentares, constituindo-se um típico partido de

quadros.

Existem duas versões para a origem do partido. De acordo com a

explicação do próprio PSDB, a origem se deu pelo desgaste do grupo fundador

com o governo Sarney e a situação do PMDB naquele momento, invadido por

oligarquias com histórias políticas ligadas a ARENA e ao clientelismo praticado

pelo governo federal. Já Celso Roma (2003) coloca que a fundação do PSDB

foi conseqüência de uma luta por espaço político. Dentro do PMDB, tal grupo

estava sendo preterido pelo segmento liderado por Orestes Quércia. Fora do

PMDB, tal grupo identificava um espaço político a ser ocupado no centro,

mediante o desgaste da legenda peemedebista com o governo Sarney.

No decorrer da sua história o PSDB disputou cinco eleições

presidenciais. A primeira disputa foi com ex-governardor de São Paulo, Mário

Covas, no pleito de 1989, quando obteve o quarto lugar, ficando atrás de

Fernando Collor de Mello, Luis Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola. Já em

1994, elegeu seu candidato Fernando Henrique Cardoso, tendo sido reeleito

em 1998.

A eleição de Fernando Henrique estava associada à aliança com o

Partido da Frente Liberal (PFL). Polêmica, essa aliança foi uma estratégia

eleitoral e de governabilidade. Ficou conhecido o depoimento do ex-presidente

Fernando Henrique, de acordo com o qual, o partido conseguiria vencer sem o

PFL, mas não conseguiria governar o país sem o aliado. A resistência dentro

do tucanato foi grande. A escolha do vice-presidente do PFL foi uma decisão

constrangedora, com vários revezes. A demora na aceitação da aliança e na

definição do vice rendeu ao partido a pecha de partido “em cima do muro”,

que não se define.

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José Serra e Geraldo Alckmin participaram das disputas presidenciais de

2002 e 2006 – respectivamente - e chegaram ao segundo turno. Em ambos

os casos, obtiveram mais de 30% dos votos, posicionando e consagrando o

partido como uma das principais forças partidárias nacionais, ainda que não

tenham conseguido repetir o sucesso eleitoral de FHC. Desde 2002, com a

vitória e a reeleição de Luis Inácio Lula da Silva, o PSDB se encontra na

oposição no cenário federal.

Nos estados, o partido também obteve seus melhores desempenhos nos

pleitos da década de 90. Em 1998, sob a influência do sucesso do primeiro

mandato de FHC, o partido elegeu os governadores de Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo. O seu desempenho no Congresso Nacional seguiu a

mesma linha.

A partir de 1999, o Governo Fernando Henrique experimentou uma

profunda crise internacional, quando precisou desvalorizar o Real, indo na

contramão do que havia prometido em sua campanha pela reeleição de 1998.

Na ocasião da reeleição, o principal argumento de Fernando Henrique era que

o país precisaria de um “piloto hábil e experiente” para enfrentar as

intempéries, sendo ele a melhor opção para o desafio. A opinião pública

apostava em seu poder de garantir a estabilidade da moeda, a despeito da

crise internacional. A partir da desvalorização do Real, o Presidente

experimenta o peso da oposição, aumentado pelo racha em sua base aliada.

Para além da história do partido, temos que abordar a situação da

Social Democracia em meados da década de 80. Na década de 80, a social

democracia se encontrava em crise, em um momento de revisão dos seus

ideais tradicionais e esse momento coincidiu com a criação do PSDB. Isso

refletiu no partido que nasceu sendo um partido parlamentar e de quadros e

não de massas como vários partidos sociais democratas espalhados no

mundo. A reforma da social democracia (principalmente a Terceira Via

formulada nos anos 80) influenciou o partido, principalmente na relação com a

iniciativa privada e com a sociedade, com o Estado adquirindo o papel de

regulador e não sendo o único provedor.

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O presente trabalho é introdutório a outros estudos que pretendemos

realizar sobre o partido em um futuro próximo. Poucos são os trabalhos sobre

o partido, destacando-se apenas por ora os de Celso Roma.

O foco principal desse trabalho se encontra em três áreas do partido: a

organização interna, estratégia eleitoral e programa partidário.

Para realizar esse estudo, organizamos a monografia em três capítulos.

No primeiro capítulo, vamos tratar da abordagem da sociológica política sobre

os partidos, focando o caráter organizacional da legenda e ainda vamos

analisar a abordagem da escolha racional, evidenciando as estratégias

eleitorais do partido. O segundo capítulo irá tratar da social democracia, o seu

surgimento, o seu programa inicial, a sua crise e a reformulação que esse

modelo político passou nos anos 80. Por fim, o terceiro capítulo irá estudar o

PSDB, a sua origem, organização interna, evolução programática, sua atuação

eleitoral e seus programas de governo.

As principais questões a serem respondidas nesse trabalho são as

seguintes: Como o PSDB é organizado? Como é a sua estratégia eleitoral? E

ainda em que pontos os seus programas de governo se aproximam ou se

distanciam da Social Democracia?

Para respondermos a essas questões, realizamos leituras teóricas sobre

partidos políticos, Social Democracia e o PSDB, além disso, analisamos

documentos emitidos pelo partido.

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CAPÍTULO 1: PARTIDO: Origem, Organização e Estratégia

Para falarmos sobre partidos, é preciso considerar que na literatura há

dois tipos de abordagens distintas, a saber: A abordagem da sociologia política

e a abordagem da teoria da racionalidade.

A abordagem teoria da racionalidade enxerga os partidos principalmente

através de sua função eleitoral, eles são vistos como competidores por cargos

eletivos e essa disputa irá influenciar em seu interior com diversas facções

lutando pelo controle. A abordagem da sociologia política irá dar mais atenção

à complexidade da organização partidária. Seja através de sua origem ou da

luta dos dirigentes em seu interior.

Portanto, temos uma abordagem sociológica, onde a preferência é dada

ao fortalecimento do partido ao invés de interesses pessoais e uma

abordagem racional, onde os indivíduos são privilegiados. Serão ao todo cinco

autores trabalhados nessa parte do trabalho: Ângelo Panebianco, Maurice

Duverger e Robert Michels na abordagem da sociologia política e Anthony

Downs e Giovanni Sartori na abordagem da teoria racional.

1.1 Origem dos Partidos

Para Duverger (1951) os partidos surgem através de agrupamentos

com interesses ou ideologias semelhantes ou proximidade geográfica entre

seus membros. O seu surgimento pode ocorrer de duas formas distintas:

interna ou exterior ao parlamento. Os partidos de origem interna nascem

através de cisões de partidos parlamentares ou através da aproximação de

parlamentares com ideologia e/ou objetivos comuns. Eles são considerados

como partidos de quadros. O seu objetivo principal é a eleição de membros

nos parlamentos, a organização busca membros com qualidades pessoais

(detentoras de cargos políticos, grande habilidade política, reconhecimento

público, etc.). Existem poucos partidos de quadros em estado puro, pois estes

abrem as portas para todos os tipos de membros. Internamente eles são

fracamente organizados, pois a sua organização se dá através da convivência

entre seus membros.

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Os partidos de origem externa são originários de associações, sindicatos

e outras instituições que se encontram fora da arena eleitoral que se

organizam politicamente. Eles são denominados de partidos de massas, uma

das suas características é que a luta parlamentar e eleitoral tem grande

importância para a organização, é através dessa disputas que seus objetivos

serão atingidos e suas reivindicações se fazem sentidas. Por causa da sua

organização através de células, a organização dos partidos de massas é mais

forte do que os de quadros e são mais coesos por causa do maior contato

entre seus membros, os seus membros geralmente fazem carreira dentro do

próprio partido e a organização não busca atrair pessoas ilustres, como nos

partidos de quadros, mas busca o crescimento do número de membros do

partido.

O surgimento de novos partidos para a abordagem racional se dá devido

ao espaço eleitoral, esses novos partidos se localizam no espectro ideológico

onde exista essa demanda, conforme Downs (1957) explica:

“Um pré-requisito importante para o aparecimento de novos partidos é uma

mudança na distribuição de eleitores ao longo da escala política. Uma

alteração na universalidade do direito de voto, um enfraquecimento de pontos

de vista tradicionais devido a algum acontecimento cataclísmico como a 2ª

Guerra Mundial, uma revolução social, etc.” (Downs, 1957, p.151)

Os novos partidos surgem então a partir de uma mudança social que

gera uma demanda por partidos localizados em determinados espectros

ideológicos, apesar de surgirem por demandas externas, essas demandas são

vistas apenas como uma oportunidade para novas agremiações e os partidos

já existentes buscarem votos.

1.2 Funções Partidárias

1.2.1 Organização Interna

Panebianco (1988) considera que os partidos são vistos inicialmente

como uma associação entre iguais e gradualmente passa ser um sistema de

interesses, onde seus membros competem entre si, seja para se manter no

controle ou dar incentivos a membros do partido para controlar algumas de

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suas áreas. O estudo da organização interna dos partidos é, portanto, um

estudo das suas relações de poder. Para isso devemos olhar em como os

partidos distribuem benefícios a seus membros e que áreas necessitam serem

controladas para que a sobrevivência do partido não seja ameaçada, essa

distribuição gera a sua institucionalização. Ao negociarem com os membros,

os líderes utilizam os recursos que eles possuem ao controlarem as áreas de

incerteza do partido1 (que são as áreas que ameaçam a sua estabilidade), o

simples controle de uma dessas áreas os torna líderes. Para obter o controle

dessas áreas e se manterem no poder da organização os dirigentes precisam

negociar com os membros do partido através de uma troca desigual, onde eles

ganham muito mais do que oferecerem em troca, nessa negociação são

distribuídos incentivos (que tendem a se beneficiarem com mais de um

incentivo) aos partidários que podem ser de dois tipos: coletivos (identidade)

ou seletivos (status e cargos). Os membros da organização fazem pressão

para que ocorra uma maior hierarquização dentro do partido, assim mais

incentivos seletivos são distribuídos e os status se diferenciam internamente,

sendo uns considerados mais importantes do que outros.

A origem além de definir a tipologia partidária irá definir a organização

do partido. Panebianco (1988) irá considerar a origem como o fator principal

para a organização interna, a centralização e a descentralização se ligam a

origem, a centralização surge quando existe um centro e desse emana a

formação do partido, um partido surge descentralizado quando vários pólos

convergem para a formação do partido. Para Duverger (1951), os partidos de

massas são mais centralizados do que os partidos de quadros que são mais

descentralizados. A centralização é dividida em dois tipos: a centralização

autocrática (todas as decisões vêem das instâncias superiores do partido) e a

centralização democrática (discussões livres nas bases). Michels (1911), em

seu trabalho sobre o Partido Social Democrata Alemão (SPD) nos diz que a

centralização é a burocratização da organização partidária, onde todas as

decisões tomadas pelo partido têm que passar pela burocracia partidária. 1 As áreas de incerteza são áreas do partido que se controladas podem causar um desequilíbrio organizacional, são seis ao todo cujo controle pelos grupos não é absoluto e um ator tende a controlar mais de uma. As seis áreas são: competência; relações com o ambiente; comunicação; regras formais; financiamento e recrutamento.

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Michels (1911) não considera a organização partidária como democrática, pois

ela não representa o ideal de uma classe, mas sim o ideal partidário, fazendo

com que ele seja um fim em si mesmo. A burocracia partidária aliada aos

dirigentes especializados que controlam facilmente a massa e essa não impõe

resistência a esse controle (um dos motivos apontados por Michels para isso é

a facilidade de uma grande quantidade de pessoas se deixarem levar por

oradores brilhantes ou por pessoas ilustres), fazendo com que o partido não

seja uma estrutura democrática, mas sim uma oligarquia.

Duverger (1951) e Michels (1911) enxergam a descentralização da

organização de formas diferentes. O primeiro considera os partidos de quadros

mais descentralizados do que os partidos de massas para o autor a

descentralização pode ser de três tipos: local (onde as principais decisões são

tomadas nesse nível); ideológica (onde as frações partidárias adquirem certa

autonomia nas suas decisões) ou também pode ser federal (onde a forma

organizacional nacional influencia os partidos). Michels (1911) ao estudar o

SPD no início do século XX analisou o surgimento de diversas oligarquias no

interior do partido, para ele a descentralização se da nos níveis de poder do

partido com as formações de pequenas oligarquias no interior do partido.

Essas oligarquias surgem por causa da especialização dos seus dirigentes

diferenciando-os dos outros membros do partido e assim se tornando

indispensáveis as organizações. A descentralização vista por Michels (1911) é

em um partido de massas, com um grande apoio sindical. A descentralização

não é vista como uma forma de ação do partido, mas sim como o surgimento

de novos grupos de dirigentes dentro do partido; a ação do partido continua

centralizada para o autor.

Para Sartori (1982), a organização interna serve ao seu objetivo

principal que é a eleição de parlamentares. Os partidos internamente são

formados por diversos grupos: facções, frações e tendências. As facções são

grupos de interesses pessoais dentro da organização e essas podem buscar o

poder ou cargos dentro do partido. As frações podem ser ideológicas que

podem ser de três tipos (de apoio, de veto ou de programas) ou podem ser

grupos de ideais, estes grupos são fortes intelectualmente, porém são fracos

dentro do partido. As frações lutam pelo poder político dentro da organização

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e um número acentuado delas pode indicar um partido pulverizado, com

vários líderes e diversos membros orbitando em torno desses líderes.

1.2.2 Função

Na percepção dos autores da corrente sociológica, a função do partido é

a própria organização/institucionalização para então a competição e vitória

eleitoral.

É com a institucionalização que os partidos atingem a estabilidade

organizativa. A institucionalização é um fator importante no inicio do partido,

ela é a consolidação do partido, a fase na qual a organização passa da sua

fase da sua fase genética e caminha para a maturidade, é a fase onde procura

a estabilidade dos seus interesses, e o modo como se da influencia o seu

comportamento, não apenas no presente, mas também futuramente. Essa

estabilidade é fruto do controle das áreas de incerteza do partido, onde a

relação do partido com o ambiente (formas como a organização se relaciona

com o ambiente) é o principal fator de incerteza e essa relação pode ser de

duas formas: se adaptando ao ambiente ou dominando o ambiente, o

ambiente é aqui entendido como as organizações com as quais o partido

possui contato. A ideologia se liga a estabilidade/institucionalização através da

coesão partidária que é o seu principal indicador, a ação dos seus

parlamentares e de seus membros deve condizer com as indicações da

organização, sob a pena de sofrerem sanções.

O crescimento do partido também é uma função, apesar de ser um

objetivo mais comum aos partidos de massas do que os de quadros. Os

partidos de massa buscam o crescimento da organização, através da sua

organização interna formada por núcleos de base, onde busca estar perto da

população. O crescimento da organização se faz necessário, pois o objetivo

inicial desse tipo de partido é o seu crescimento e a presença em vários

segmentos da sociedade. Os partidos de quadros não buscam um crescimento

acentuado da sua organização, mas sim um crescimento com maior qualidade

busca atrair parlamentares de outros partidos para a sua legenda para crescer

em representatividade, também buscam atrair figuras notórias para seus

quadros.

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Já para os autores da teoria da racionalidade, a função do partido é a

competição e vitória eleitoral, Segundo Sartori (1982):

“ Um partido é qualquer grupo político identificado por um rótulo oficial que

apresente em eleições, e seja capaz de colocar através de eleições (livres ou

não), candidatos a cargos públicos”. (Sartori, 1982, p.85)

Portanto, os partidos são enxergados através de seu objetivo final, que

é a eleição de parlamentares, a organização fica em segundo plano em relação

ao individuo, sendo esse responsável pela sobrevivência da organização, pois

a organização para a teoria racional não sobrevive sem eleger parlamentares

ou obter uma grande soma de votos. Se o partido já se encontra no poder,

deve buscar a reeleição através da maximização de seu apoio político e

formular propostas que agradem a maioria dos eleitores para garantir o maior

número possível de votos.

A ideologia é um dos meios utilizados para obtenção de votos, para isso

as ações dos partidos são adaptadas para corresponder as demandas dos

eleitores. O apoio de grupos sociais é importante para a maximização dos

votos, para ter esse apoio a ideologia é adaptada de forma que consigam

obter o maior número possível de grupos sociais os apoiando, porém o apoio a

um determinado grupo veta pode vir a vetar o apoio de outro grupo, por causa

se busca o apoio das organizações que possam lhe garantir mais votos, para

Panebianco (1988) as organizações partidárias podem controlar ou se

adaptarem ao meio, ou seja, podem controlar as organizações as quais se

ligam ou terem que se adaptarem as exigências dessas. Na abordagem

sociológica, essa característica de se adaptarem ao meio possui maior relação

com a organização do que com a função eleitoral.

Segundo Downs (1957), ao escolher uma ideologia o partido se baseia

no número de votos que essa lhe trará, porém a mobilidade ideológica não

pode acontecer a todo instante, pois isso pode penalizá-los eleitoralmente,

para evitar que isso ocorra às organizações partidárias adotam medidas que

os localizem em diversos pontos do espectro ideológico. Os partidos devem

possuir certa imobilidade ideológica, onde eles não possam ultrapassar as

ideologias dos outros partidos, isso causa dificuldade já que as organizações

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têm que se adaptar ao eleitorado e uma imobilidade ideológica causam

problemas, os partidos então devem se enquadrar mais amplamente no

espectro ideológico para que possam transitar com mais facilidade nele, um

bom exemplo disso é a idéia de centro móvel de Bresser-Pereira (2006), onde

os partidos ora adotam medidas de direita e em outros momentos de

esquerda, sem se declarar participante de uma das ideologias. Esse não é um

problema enfrentado por novos partidos, pois esses podem escolher a

ideologia e onde no espectro ideológico se posicionar.

Além da ideologia, Sartori (1982) irá atribuir mais três funções aos

partidos que se ligam a função eleitoral. As três funções são: fazer uma

ligação entre os governos e a população; fazem parte de um todo e são canais

de expressão. Ambas se ligam a função eleitoral através da representatividade

dos partidos, eles têm que representar uma parte da população, porém

necessitam ser imparcial com as outras partes para conseguirem votos dessas

partes, a sua organização interna é voltada para a disputa eleitoral e para

disputa interna por cargos.

Em suma, a abordagem da sociologia política e a abordagem da teoria

da racionalidade se opõem principalmente pelo foco de analise dos partidos, a

abordagem racional os analisa a partir de seus objetivos, não atribuindo

relevância as suas características internas. A abordagem sociológica enxerga

os partidos através de sua organização/origem para após essa analise tratar

de seus objetivos, a tabela abaixo lista as características principais de ambas

as abordagens:

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TABELA 1 – Sociologia Política X Escolha Racional

Sociologia Política Escolha Racional

Origem Interior (quadros);

Exterior (massas)

Demanda eleitoral

Mudança do tipo de

partido (passagem de

parlamentar para

eleitoral)

Organização Centralizada/descentralizada;

Relações de poder

Institucionalização

Hierarquia/oligarquia

Vital

Individualismo

Relações de poder

Função Crescimento

Estabilidade

Eleitoral

Representatividade

Ideológica

Para a abordagem sociológica os partidos surgem através de grupos

organizados, sejam eles no parlamento ou não. O fator principal é a

aproximação de indivíduos com características semelhantes (ideológicas,

geográficas, eleitorais, etc.). Já a abordagem racional considera que a origem

se deu através da passagem de partidos parlamentares para partidos

eleitorais, sendo que a criação de novos partidos se da através de demandas

eleitorais.

Sobre a organização a teoria racional irá se concentrar sobre o

individuo, através de suas estratégias eleitorais. As relações de poder se dão

dentro do partido como uma luta entre frações/facções pelo domínio da

organização. As relações de poder também são tratadas na corrente

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sociológica, além de ser uma disputa pelo poder da organização se torna uma

disputa para a manutenção desse poder através do controle de áreas

estratégias (áreas de incerteza) com distribuição de recursos dos líderes para

os membros, essa distribuição gera uma hierarquia de cargos internamente e

pode gerar uma oligarquia, pois através da especialização os funcionários do

partido se tornam indispensáveis. Para a abordagem sociológica a organização

é vital para o partido, pois é através dela que ele irá buscar os seus objetivos.

A função do partido está ligada a organização, a racionalidade além da

função eleitoral considera que existem mais duas visões principais que se

ligam a função eleitoral: a representatividade e a ideologia. A

representatividade se liga através da necessidade dos partidos de fazerem

parte do todo, apesar de representarem apenas uma parte. A ideologia se

mostra como uma estratégia eleitoral, seja por ser uma fonte de aproximação

com outras organizações, seja por ser adaptável as demandas da população.

O crescimento e a estabilidade são as funções partidárias para a teoria

sociológica, a estabilidade é atingida através da institucionalização do partido,

a estabilidade não é apenas da organização, mas também dos objetivos e da

ideologia da mesma. O crescimento se da em todos os tipos de partido, seja

por atração do maior número de membros possível, seja por recrutar apenas

membros que irão lhe trazer benefícios.

Para esse estudo sobre o PSDB e a social democracia iremos focar na

abordagem da sociologia política ao analisarmos a sua estrutura interna, sem

esquecer-se da abordagem da teoria racional na análise da disputa eleitoral.

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CAPÍTULO 2: PROGRAMA PARTIDÁRIO: Social Democracia

2.1 Surgimento da Social Democracia

A Alemanha se tornou um Estado Nacional somente em 1871, antes

disso houve uma tentativa fracassada em 1848, que buscava unificar todos os

Estados de língua alemã, porém não era possível a unificação da Áustria. Com

essa negativa foi tentada a formação de um Estado menor sobre controle de

um imperador prussiano, este recusou devido ao forte controle parlamentar a

que seria submetido caso tivesse aceitado e a unificação alemã aconteceu

somente 23 anos depois.

Na década de 1860 a Alemanha era um país industrializado e em

crescimento, o chanceler da Prússia Otto von Bismarck solucionou a questão

da unificação com uma política de ação do executivo contra o parlamento,

formou-se um Estado forte, altamente burocratizado e militarista que obteve

parte de seu território através de guerras (contra a Dinamarca e

posteriormente contra a Áustria por causa do territórios anexados na guerra

contra os dinamarqueses), a última delas em 1870/71 contra a França que

havia vetado a formação de um Império Alemão.

A unificação alemã não foi através de apelos populares, mas sim um

acordo entre os príncipes dos estados alemães para esta unificação e uma

ação do executivo para que essa ocorresse.

A social democracia surgiu nesse período de recém unificação alemã,

seus membros eram considerados como a ala mais conservadora do

socialismo. A social democracia se diferencia do socialismo por aceitar a

existência do mercado e da propriedade privada, esse distanciamento foi

chamado de revisionismo. Desistindo da idéia da revolução proletária e a

tomada do poder por essa revolução e adentrando no sistema parlamentar

com propostas que visam à melhoria na condição de vida da classe

trabalhadora.

Foi na Alemanha que surgiu o primeiro partido social democrata: O

Partido Social Democrata Alemão (SPD). O partido foi fundado em 1863 por

Ferdinand Lassale com o nome de “Allgemeiner Deutscher Arbeiterverein”, em

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1875 funde-se com o “Sozialdemokratische Arbeiterparte” e é banido em 1878

com a adoção de leis anti-socialistas na Alemanha. O seu retorno se deu em

1890 já como um partido forte na arena parlamentar, em 1919 elege o

presidente da Alemanha após a queda do Império e o inicio da República

alemã, o seu período no governo dura onze anos sendo esse período

conhecido como República de Weimar.

Com o fim da I Guerra Mundial em 1918, o executivo alemão teve que

se subordinar ao parlamento, porém o imperador alemão foi deposto em

novembro de 1918 sendo então convocada a Assembléia Constituinte alemã

em 1919, o primeiro governo republicano alemão foi presidido pelo social-

democrata Friedrich Ebert, este buscava realizar a transição do império para a

monarquia. A necessidade de unificação alemã continua acentuada, sendo que

os Estados não possuíam autonomia.

Weimar obteve durante a década de 1920 certa prosperidade devido à

reconstrução do país (com auxilio dos EUA), sendo esta prosperidade

terminada com a crise da bolsa de Nova York de 1929 que acarretou em

grande desemprego e inflação na Alemanha, esse cenário culminou com a

queda da Republica de Weimar em 1930 e a ascensão de Hitler ao poder em

1933.

Após a II Guerra Mundial a Alemanha foi dividida em quatro áreas de

ocupação (cada uma controlada por um país, sendo os países: Inglaterra,

França, URSS e os EUA). Após esse período foi estabelecido à divisão do

estado Alemão em dois: A República Federal da Alemanha (Alemanha

Ocidental) e a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental).

Com a volta da democracia na Alemanha Ocidental, o Partido Social

Democrata Alemão continuou sendo um partido forte e se colocou como

adversários do Partido Comunista, pois culpavam os comunistas pela ascensão

de Hitler na década de 30, pois estes votaram em massa no candidato nazista

no 2º turno das eleições a Chanceler em 1932, além de firmarem um pacto de

não agressão (Pacto Molotov-Ribentrop), por causa desses motivos o SPD no

pós-guerra se considera inimigo do partido comunista.

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A Alemanha Ocidental até a década de 1970 obteve grande êxito em

reconstruir o país e suas instituições, com a crise do petróleo nessa década o

crescimento foi menor devido e o welfare state alemão entrou em crise.

O SPD em sua fase inicial possuía forte centralização e uma relação

estreita com os sindicatos, Michels realizou seu estudo sobre partidos tendo o

SPD como objeto e verificou o seu papel como um partido de massas e sua

crescente burocratização e centralização partidária, além da alta concentração

de poder e distanciamento dos líderes em relação aos membros do partido.

Eduard Bernstein foi um dos principais teóricos do Partido Social

Democrata Alemão (SPD), ele considera que o capitalismo não iria entrar em

colapso e a social democracia busca diminuir ou parar esses privilégios através

da conquista do poder político que só se da através de uma organização legal

na arena política, ao adentrar nessa arena pode-se estender os direitos

políticos e econômicos a classe trabalhadora.

A social democracia além de ser um modelo político é um modelo moral,

ela defende a liberdade e a democracia e alia isso aos desejos da classe

trabalhadora com o objetivo de melhorar as condições de vida da população.

As suas duas principais bandeiras são o pleno emprego e a igualdade

educacional para todos, para atingir esses objetivos se faz necessária uma

reforma no Estado, essa reforma é proposta através dos meios democráticos e

constitucionais, tem como objetivo não favorecer apenas a classe

trabalhadora, mas toda população.

Em sua origem há forte relação com os sindicatos, sendo estes algumas

vezes fundadores de partidos social democratas, devido essa origem sindical a

social democracia defende a autônima sindical, os trabalhadores podem se

organizar livremente e a iniciativa privada é reconhecida, porém também

possui responsabilidades sociais. Os partidos sociais democratas em sua

maioria são partidos de massa (o PSDB é uma exceção), com origem nos

movimentos sociais, longe do parlamento e após a sua fundação buscam

entrar no parlamentar.

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O papel do Estado deve ser forte, ele deve ser capaz de corrigir os

desequilíbrios provocados pelo mercado e, além disso, tem que ter uma

função social, propondo e realizando ações sociais através de sua política e de

sua economia. Segundo Przeworski (1989), o Estado passa a influenciar a

indústria privada para que esta tenha uma função social.

No espectro ideológico a social democracia se encontra no centro-

esquerda, esse posicionamento se da porque a social democracia possui uma

visão progressista, querendo realizar uma mudança (por isso esquerda) e

também respeita os limites democráticos das instituições (por isso centro).

O seu principal modelo econômico foi o Welfare State que surgiu nos

anos 30 nos países europeus.

2.2 O Modelo Social Democrata de Welfare State

Até o surgimento do welfare state através do keynesianismo, a social

democracia não possuía um projeto político próprio, sofrendo ainda de forte

influencia do marxismo em suas doutrinas – influencia essa que só seria

formalmente retirada a partir de 1940.

O welfare state surgiu nos anos 30 como uma nova forma econômica de

administração do Estado, entre os seus modelos se destaca o modelo social

democrata. Esse modelo possui como característica a mistura de socialismo e

liberalismo, essa mistura é feita através da dependência da criação de

empregos que o modelo social democrata possui para o seu financiamento.

A idéia central do welfare state é a cidadania social isso se dá através

da burocracia moderna para uma melhor administração dos bens públicos e,

além disso, os serviços públicos não são vistos como onerosos aos governos,

mas sim, vistos como políticas de eficiência governamental, pois ao combater

as desigualdades e diminuindo-as, acaba por aumentar o tamanho do Estado.

Um dos modelos do welfare state é o modelo social democrata que

surge após o reformismo parlamentar que esse pensamento passou, ao

adentrar no sistema parlamentar, este modelo busca incluir políticas

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socialistas para a melhoria da população, essas medidas visam principalmente

à melhoria nas condições de vida (saúde e educação) e o pleno emprego.

O modelo social democrata é mais abrangente do que os modelos liberal

e conservador de welfare state2, o modelo social democrata é mais

universalista, todas as pessoas possuem direitos aos seus serviços e por isso

contribui para esse sistema, o mercado é deixado de lado e o Estado é o

principal provedor e por isso a sua dependência da geração de empregos para

o financiamento desse modelo, pois é necessário ter o maior número de

pessoas empregadas e contribuindo para a sobrevivência do modelo e para

manter a sua qualidade alta.

Dentro desse modelo podemos destacar três modelos praticados: o

modelo anglo-saxão; o modelo alemão e o modelo escandinavo.

O modelo anglo-saxão, da assistência as pessoas que necessitam ao

beneficio, fazendo com que apenas aquelas pessoas que precisam e estão fora

do mercado sejam beneficiadas; o modelo alemão é mais estatizante e mais

amplo, porém não é estendido a todos; o modelo escandinavo distribui os

recursos a todos, sem pré-condições para a sua execução.

A social democracia até praticamente a metade do século XX convivia

com uma ambigüidade, por um lado tinha resquícios marxistas em seus

programas e de outro sua atuação política era marcada por práticas

reformistas, nessa ambigüidade, os marxistas queriam que a revolução fosse

realizada ao longo do tempo em contraponto com os reformistas que

acreditavam na impossibilidade da revolução, e defendiam propostas

socialistas nas melhorias sociais da agenda política. Em 1959, o SPD adotou

um novo programa que buscava resolver esse impasse. O programa de Bad

Godesberg foi um marco no SPD, ele retirou os traços marxistas do programa

partidário, estabelecendo um novo programa que admitia a livre iniciativa e

concorrência do mercado como fatores importantes na agenda política. A

moral cristã foi colocada como uma base do socialismo e o Estado deveria ser

2 O modelo liberal se caracteriza por uma assistência aos pobres e aos que realmente necessitam de assistência; o modelo conservador se caracteriza por dar benefícios diretamente ligados a classe e ao status do cidadão. Para maiores informações consultar Esping-Andersen, p.108-109

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presente, intervindo na economia (para um maior controle desta) e sendo um

Estado provedor de serviços.

2.3 A Crise do Welfare State nos anos 80

No decorrer dos anos 70 as economias mundiais entraram em crise,

essa crise se deu por causa do alto grau de integração que os mercados

estavam atingindo e não possuíam uma regulação financeira para essa

situação, além disso, a ação dos especuladores fez com que os lucros e as

receitas tivessem um decréscimo. O estopim da crise foram duas crises do

petróleo na década de 70, uma no inicio da década e a outra no final. A crise

acaba atingindo todos os países causando a diminuição do investimento

estatal e por conseqüência uma crise no financiamento do welfare state.

O welfare state sentiu os efeitos dessa crise e nos anos 80, para alguns

analistas, ele entrou em crise, já para outros ele sofreu uma transformação.

Para Draibe (1988), existem duas correntes sobre a crise do welfare

state, uma corrente progressista e outra conservadora. A visão progressista

considera que o welfare state passou por uma transformação para deixá-lo

menos vulnerável a crises financeiras que ameaçavam o seu financiamento.

Essa transformação seria no sentido de melhorar a forma que seus benefícios

são distribuídos e também a descentralização na distribuição dos recursos

para solucionar os problemas sociais e não causar uma estratificação na

sociedade.

A visão conservadora enxerga o welfare state, segundo Draibe (1988):

“No plano político-ideológico, como uma concepção falida do Estado e, no

econômico, como a estrutura responsável pela crise atual, porque impediria de

que os mecanismos de mercado possam sanar efetivamente a economia”.

(DRAIBE, 1988, p.59)

A visão conservadora, portanto enxerga o welfare state como o principal

responsável pela crise, pois sua organização inibe a livre concorrência de mão-

de-obra, fazendo com que muitos prefiram receber benefícios à participarem

da concorrência do mercado. A distribuição dos recursos também é apontada

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como um dos fatores da crise, pois para os conservadores, o Estado ao afastar

o mercado e tentar corrigir os problemas sociais, acaba gerando mais

problemas como déficits públicos, inflação e desemprego.

Uma das causas apontadas por ambas as visões é a questão da

burocratização. Para ambas as visões, o excesso desta acaba por prejudicar o

modelo, pois a burocracia não consegue se adaptar rápido às mudanças que a

sociedade passa, fazendo com que novas demandas demorem em serem

reconhecidas. Além disso, a burocracia pode acabar centralizando as decisões

nela e isso pode gerar decisões que não passem por meio democráticos e não

reconheçam a diversidade da população.

Em suma, a crise do welfare state se confunde com a crise que o mundo

passou no decorrer dos anos 70 e fez com que se fez sentir nos anos 80. A

crise econômica atingiu suas formas de financiamento e a centralização e

burocratização do modelo fez com que não conseguisse acompanhar as

transformações que o mundo estava passando com a mesma velocidade que

essas transformações ocorriam.

Um novo modelo é pensado nos anos 80, o modelo da Terceira Via.

2.4 Terceira Via

O Labour Party (Partido Trabalhista Inglês) surgiu na Inglaterra no inicio

do século XX como o braço político da Trade Unions Congress (TUC) que é a

central sindical da Inglaterra, se firmando como um dos principais partidos

ingleses, ocupando o espaço do Partido Liberal, competindo com o Partido

Conservador pelo governo. A partir da década de 1940, as teses keynesianas

tiveram forte impacto no partido, além disso, o sucesso das políticas de

welfare state em outros países influenciou a elaboração de um programa onde

o pleno emprego, a nacionalização de indústrias consideradas como

estratégicas e o Estado como provedor de serviços públicos.

No final dos anos 70, o Partido Trabalhista Inglês perdeu as eleições

para o Partido Conservador liderado por Margaret Thatcher. Durante o período

conservador a atuação dos sindicatos foi fortemente reduzida e foram

adotadas medidas desreguladoras em relação ao mercado, ocorreram várias

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privatizações e o Estado se fez menos presente e políticas industrializantes

foram substituídas pelo apoio ao setor de serviços.

Nesse cenário o Labour Party se transformou em New Labour, essa

transformação se deu através de uma nova roupagem ideológica, adotando

novas políticas e se afastando da influência sindical, adotando como nova

política a Terceira Via, formulada na década de 1980, seu principal autor é

Anthony Giddens. Esta nova roupagem se deve além do fator eleitoral, a

adaptação do partido ao modo de agir de uma economia mista, visto que o

partido possuía essa dificuldade devido a sua orientação mais estatizadora.

A terceira via é uma nova forma de se pensar a social democracia, é

uma flexibilização das políticas da social democracia e do welfare state, sendo

uma alternativa a esse modelo.

A social democracia tradicional se caracteriza como um modelo político

onde o Estado é fortemente presente na sociedade e os mercados possuem

um papel muito restrito. Com a globalização e os mercados cada vez mais

rápidos diminuindo as fronteiras, além disso, novas demandas vindas da

população, essas demandas envolvem questões ecológicas, por exemplo,

fazendo com que a social democracia tenha que se adaptar a essas demandas.

A terceira via propõe uma reforma do Estado e do governo, essa

reforma seria orientada no sentido do Estado ser mais rápido e mais

transparente, o governo possui responsabilidades para com todos e deve

proteger os que não se encontram no mercado, porém o governo deve buscar

parcerias com a sociedade civil para ser tornar mais rápido e ágil, deve adotar

métodos utilizados pelo mercado para ser mais eficiente, porém isso não

significa Estado mínimo, mas sim um Estado mais ágil e presente na sociedade

civil.

O Estado continua tendo o papel de investir em recursos humanos e em

infra-estrutura, porém as instituições agora também contribuem para isso com

o interesse público em mente. O investimento deve ser local, a igualdade

agora é vista como inclusão da população, para tanto parceiras com as

iniciativas locais devem ser incentivadas e a distribuição dos benefícios sociais

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deve ser reduzida para dar lugar a projetos que procurem fazer com que a

população não precise dos benefícios dados pelo governo.

A educação continua sendo uma das prioridades do Estado junto com o

treinamento devem ser prioridades, assim como, saúde pública e política de

melhorias das condições de vida da população (como segurança, por

exemplo). O investimento em ciência e tecnologia deve ser incentivado e

colocado na agenda de discussão, assim como questões ambientais que

devem buscar o crescimento com desenvolvimento sustentável, ciência e

tecnologias devem ser incentivadas e colocadas na agenda de discussão,

assim como questões ambientais que devem buscar o crescimento com

desenvolvimento sustentável.

Em suma, a terceira via propõe uma nova agenda social democrata,

onde a globalização, um novo individualismo ligado a essa globalização e

novas demandas sociais fazem com que o Estado possua um papel menos

forte na sociedade civil, dividindo as suas funções com a iniciativa privada e

com outras instituições com objetivo de dividir funções e responsabilidades

com a sociedade.

2.5 Social Democracia a partir dos anos 80: Novo programa do SPD, A

Terceira Via e o surgimento do PSDB

Nos anos 80 os partidos sociais democratas tiveram que se adaptar a

um novo cenário, bem diferente do cenário da época do seu surgimento.

Nesse novo cenário a interação entre os países é cada vez mais presente e se

da cada vez mais em tempo real sendo que os países estão se tornando cada

vez mais interdependentes e as reivindicações estão chegando com maior

velocidade e estão em transformação, sendo assim necessária a adoção de

novas políticas.

No final dos anos 80, com a social democracia ainda em transformação,

no Brasil surge um partido que se apresenta como social democrata: o PSDB,

o seu programa inicial contém (além de elementos próprios) características da

política da terceira via e da social democracia alemã.

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O PSDB surgiu em meio à outra transição, que foi a transição

democrática no Brasil, o seu surgimento se deu logo após a aprovação da

nova Constituição Brasileira e isso reflete em sua orientação inicial – não

iremos nos alongar na sua origem e em suas propostas iniciais agora, esses

temas voltarão a ser trabalhados mais adiante no trabalho.

A principal diferença entre o PSDB, o SPD e o Partido Trabalhista Inglês

se encontra em sua origem, enquanto os dois partidos europeus surgiram

como braços sindicais no meio político ou fortemente ligado ao sindicato, o

PSDB surgiu sem essa ligação, por um lado essa origem o afastou da social

democracia tradicional, mas por outro lado ele não teve que pagar o custo do

afastamento do movimento sindical que o SPD e o Partido Trabalhista Inglês

tiveram, o PSDB surgiu já nos moldes dos partidos sociais democratas

modernos.

Um fato comum aos três partidos é sobre a responsabilidade do setor

privado nas questões sociais. Para todos os partidos o setor privado (e outras

organizações) tem que contribuir para o bem estar da população, seja

melhorando as condições de trabalho, em parceria com o Estado ou através

das tributações que pagam ao Estado. Aqui há uma diferenciação entre os três

partidos que é no modelo de gestão dessa participação, o PSDB em 1988 com

seu manifesto ainda não definiu o modelo dessa parceria, o SPD possui uma

política mais estatizante com o Estado no centro dessa agenda e o Partido

Trabalhista Inglês através da adoção da Terceira Via incentiva as ações locais

e a auto-gestão dessas iniciativas.

Os programas sociais devem ser expandidos e a administração pública

deve ser melhorada, nesse caso há uma mudança em relação a social

democracia tradicional, nos novos programas, os programas sociais devem ser

revistos e os que não são eficientes devem ser eliminados e os benefícios

sociais devem atingir os que precisam e os gastos extras desses programas

devem vir através de tributos. A preocupação aqui é em buscar uma maior

eficiência nos gastos e não onerar demais os orçamentos.

A educação, o investimento em ciência, tecnologia, pesquisa e saúde

são prioridades para os três partidos, sendo que o PSDB diz que o Brasil

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necessita de um investimento muito maior para correr atrás do tempo perdido

nessas áreas. A infra-estrutura é colocada como uma das prioridades dos

governos, porém no caso brasileiro o Estado deve tornar esse investimento

mais atraente para a iniciativa privada, pois possui uma defasagem nesse

setor.

Uma das novas reivindicações da sociedade é sobre questões

ecológicas, os três partidos dizem que é preciso ter um desenvolvimento

sustentável, o PSDB foca na questão da preservação ambiental e em saber

aproveitar o potencial ecológico brasileiro, o SPD foca mais nas questões

relativas ao controle de poluentes além do desenvolvimento sustentável.

O PSDB diferentemente dos outros dois partidos não irá focar na

questão da família e inicialmente também não ire dar tanta atenção a

interdependência e associações entre os países, o seu foco inicial é mais no

controle inflacionário e na reforma do Estado Brasileiro.

Apesar dos três partidos serem sociais democratas, algumas diferenças

em suas orientações os diferencia e os aproximam. O Partido Trabalhista

Inglês adota a Terceira Via como projeto político e o papel do Estado é

diminuído em relação ao que era antes, não chega a ser um Estado mínimo,

mas um Estado mais regulador do que provedor e que prima pela delegação

de funções para a sociedade civil e a iniciativa privada. O novo programa do

SPD (feito em 1987) diminui um pouco as funções do Estado, porém o Estado

continua como principal provedor, mas agora divide a responsabilidade com

todos, todos devem contribuir. O PSDB se encontra no meio, de um lado ele

delega funções a outras instituições (principalmente a iniciativa privada), por

outro lado ele alega que precisa de um Estado forte para controlar a economia

e fazer reformas no Estado.

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Capítulo 3: PSDB

3.1 Origem do PSDB

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) surgiu em 1988

através de uma cisão do PMDB, a versão mais aceita na literatura sobre o

partido é que os motivos para a fundação do partido foi a perda de espaço

político do grupo fundador do PSDB dentro do PMDB de São Paulo,

paralelamente, esses políticos viram que possuíam capital político para fundar

outro partido.

Mas a versão oficial diz que o que motivou a saída foram às medidas

tomadas pelo governo Sarney e suas alianças e a situação do PMDB naquele

momento. Para os membros fundadores do PSDB, o governo Sarney não

estava tomando medidas que em curto prazo gerariam desconfortos, mas que

em longo prazo trariam benefícios para a nação, porém essas medidas não

são especificadas nos documentos partidários. Essas medidas se referem ao

Plano Cruzado que foi lançado antes das eleições de 1986 causando uma

vitória esmagadora do PMDB (ganhando em praticamente todos os Estados, só

o Sergipe não elegeu um governador do PMDB). O Plano Cruzado naufragou

logo após as eleições por falta dessas medidas impopulares (segundo os

membros do PSDB), aliado a isso o ingresso de antigos partidários da ARENA

no PMDB antes dessas eleições, causando um inchamento do partido com o

ingresso de políticos motivados pelo oportunismo do momento. Outro motivo

foi à derrota da proposta parlamentarista na Assembléia Nacional Constituinte

(ANC), os membros do PSDB defendiam o parlamentarismo e a instituição do

mandato de quatro anos para o presidente Sarney, esses fatores aliados às

praticas clientelistas do governo federal fizeram com que o grupo fundador do

PSDB (que era chamado pela imprensa como “PMDB histórico”) se encontrasse

isolado dentro do PMDB e cogitasse a fundação de um novo partido, a qual

aconteceu em junho de 1988.

De novo vale ressaltar que a literatura – Celso Roma (2002) – aponta

para outros motivos, sendo a disputa pelo poder em São Paulo o principal

motivo para a fundação do PSDB.

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A origem da cisão se encontra em São Paulo na luta sucessória pela

candidatura ao governo do Estado pelo PMDB, nessa luta uma figura central é

a de Orestes Quércia que acaba sendo indicada primeiramente a vice de

Franco Montoro no lugar de Mário Covas em 1982 e que depois acaba

sucedendo Montoro no pleito seguinte em 1986. O domínio de Quércia gerou

um esvaziamento de poder do grupo dos fundadores do PSDB e o acumulo de

poder no grupo liderado por Quércia, esse domínio associado com o

alinhamento do PMDB de São Paulo ao do governo Sarney fez com que o

grupo “histórico” perdesse espaço dentro do partido na disputa por cargos nos

governos estadual e federal. Porém, o grupo de “históricos” possuía grande

capital político3 e acreditava que era possível concorrer a cargos no governo

federal através de outro partido, pois possuía grande capital político

acumulado ao longo dos anos. Essa crença era reforçada pelo crescente

número do eleitorado de centro que estava surgindo no Brasil e estava

descontente com o governo Sarney, abrindo assim um novo espaço político.

A maior parte de seus 109 membros fundadores era do Estado de São

Paulo (31%); em seguida, temos o número do Distrito Federal com 16,5%; e

de Minas Gerais com 11%. No quadro abaixo podemos ver a origem por

Região dos fundadores do PSDB.

3 O Movimento de Unidade Progressista (MUP) foi uma ala de esquerda do PMDB que rompeu com o governo Sarney, pois defendiam as eleições presidenciais em 1988. Apesar de ser um movimento dissidente dentro do PMDB, seus membros não possuíam capital político suficiente para a formação de um novo partido.

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Tabela 2 - Regiões dos Membros Fundadores

Região Porcentagem de Fundadores

Centro Oeste 19,26%

Nordeste 9,17%

Norte 2,75%

Sudeste 53,21%

Sul 15,59%

Como visto na tabela acima, o número maior de fundadores serem da

Região Sul e Sudeste (com predominância de São Paulo nesse número), essa

porcentagem expressiva pode ser explicada por causa dos grandes nomes que

o partido possuía nessas Regiões, entre os fundadores se destacam nomes

como Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Serra em São Paulo,

José Richa e Euclides Scalco no Paraná e Pimenta da Veiga em Minas Gerais.

A grande maioria de seus fundadores é oriunda do PMDB (mais de 90%)

e apenas quatro outros partidos perderam membros para o PSDB em sua

fundação: O PFL, PTB, PDT e o PSB. Como o número de migrantes desses

partidos para o PSDB é baixo não nos é possível fazer maiores considerações

sobre essas migrações.

3.2 Evolução Programática

Nesse capítulo, ao analisarmos a evolução programática do PSDB, serão

analisados os seguintes documentos: Manifesto de fundação do partido e os

dois programas partidários publicados pelo partido.

Segundo Tarouco (2007), os programas do PSDB enfatizam

principalmente o sistema político e menos os temas sociais, esses aparecem

mais como uma conseqüência da eficácia governamental e do crescimento

econômico da nação.

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O Manifesto do partido consta de um documento pequeno de duas

paginas, que trata principalmente dos seguintes pontos: o parlamentarismo;

descentralização administrativa; o incentivo à educação, ciência e tecnologia;

e a reforma do Estado no sentido de torná-lo mais ágil e eficiente.

Os motivos para a fundação do partido não são tratados no Manifesto.

Ainda nesse documento, as criticas ao governo federal são centradas na

insatisfação popular após a Assembléia Nacional Constituinte, por não ter feito

uma mudança econômica e social, pela crise econômica que não encontrou

solução no governo Sarney e com os partidos políticos por não

corresponderem as expectativas.

O Programa Partidário de 1988, diferentemente do Manifesto, expõe os

motivos da criação do partido.O Programa de 1988 começa fazendo uma

critica ao governo Sarney e ao PMDB. As principais criticas são ao clientelismo,

ao excesso de burocracia e à corrupção que marcavam o governo Sarney.

Existem ainda criticas são dirigidas ao PMDB no que se refere ao inchamento

do partido com o ingresso de vários políticos que pertenciam anteriormente à

ARENA. Esse inchamento com o ingresso de oligarquias fez com que o PMDB

se dividisse ainda mais e servisse a vários interesses dessas através de

negociações por cargos.

Nele existem dois pontos importantes para a sua época de publicação: a

defesa da democracia e o combate à inflação. A defesa da democracia se

explica pelos poucos anos do regime democrático, após duas décadas de

regime militar. Na década de 80, o país possuía uma superinflação e o

combate e controle desta eram prioridades para o crescimento do país.

As questões sociais no 1º Programa do PSDB são parte da Reforma do

Estado que o partido defende nesse documento. O gasto com o social deve ser

priorizado e esses gastos devem ter uma maior eficiência para melhor atender

a população. A reforma seria complementada pela descentralização de funções

(que seria uma forma de atender melhor as questões sociais através da

divisão das funções e também da utilização de iniciativas locais), recursos e

encargos e por uma reforma tributária (essa teria como prioridade a

simplificação no sistema de cobranças e ajuste na incidência da carga

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tributária). Giddens (1998) defende que a descentralização serve para

democratizar a democracia, isso se daria através da maior participação do

povo nas decisões, fazendo com que o Estado se torne mais aberto,

transparente e procure novos meios de combate à corrupção.

A postura a favor do parlamentarismo é explicada pela percepção por

seus integrantes de que trata-se da melhor sistema de governo, por causa de

seu caráter mais partidário e por ser um governo de programa, sem o

individualismo do presidencialismo.

O crescimento econômico seria um fator fundamental para a resolução

dos problemas do país, para isso o PSDB em seu primeiro programa propõe o

investimento em ciência, tecnologia e educação como uma forma de crescer e

de gerar mais empregos e assim, obter uma maior justiça social.

A privatização é defendida como meio de realizar investimentos em

infra-estrutura necessários ao crescimento do país, as parcerias com a

iniciativa privada ocorreria nos setores onde é necessária a ação destas e o

Estado agiria como um agente regulador e não mais apenas como o único ator

provedor de investimentos.

A questão ambiental também entra como um agente do crescimento

econômico. O meio ambiente não é visto como um obstáculo ao

desenvolvimento, mas sim, como um agente deste, seja através do turismo,

da boa imagem que a preservação ambiental trás ao país, ou seja, através da

utilização dos recursos naturais de forma sustentável. Essa forma de pensar o

meio ambiente vai de encontro com a reforma do pensamento social

democrata nos anos 80, aonde a questão ambiental vem à tona no debate

internacional e ganha importância no cenário político.

Em 2007 o PSDB lança um novo Programa Partidário, esse programa

atualiza várias questões do Programa de 1988. Esse novo Programa defende

uma maior interação entre governo e a sociedade (principalmente a iniciativa

privada). Nos investimentos em infra-estrutura, a participação da iniciativa

privada é importante para financiar a recuperação, modernização e outras

ações importantes para o crescimento econômico. As privatizações são

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defendidas e mostradas como um avanço e como benéfica para o país seja

pela modernização das empresas ou pela arrecadação de impostos pelas

atividades das mesmas. Em 1988, o partido defende a ação da iniciativa

privada, desde que essa ação tenha uma contrapartida social.

A contrapartida social remete a Terceira Via, onde os investimentos do setor

privado atuando junto ou sem o governo em algumas áreas devem ser

guiados pelo interesse público. Para Giddens (1998), o governo deve investir

em infra-estrutura, qualificação e educação para que se tenha um

desenvolvimento empresarial.

O principal enfoque do PSDB em 2007 é no desenvolvimento

econômico. Para isso os principais pontos defendidos pelo partido são:

prioridade na educação básica e maior investimento em ciência e tecnologia.

Os investimentos em ciência e tecnologia buscam uma maior competitividade

dos produtos brasileiros no mundo globalizado. Nesse contexto, o partido

defende manter as fortes ligações que já possui com diversos países (como os

países Europeus, Asiáticos e Americanos) e estreitar as relações com os países

emergentes, além disso, a questão ambiental aparece como uma questão

mundial, onde a proteção, o aquecimento global e a redução de poluentes são

os principais temas do debate. Em relação à política externa há uma

atualização do Programa de 1988, em 1988 o partido defende apenas acordos

de cooperação e a presença do país no cenário mundial, não citando relações

com outros países.

O sistema político ganha maior destaque no novo programa partidário, o

partido se declara parlamentarista (como em 1988), porém reconhece que o

debate sobre o parlamentarismo não retornou a pauta após o plebiscito de

1993 e defende mudanças no regime presidencialista brasileiro através de

uma mudança no regime eleitoral, para essa mudança são propostos três

alternativos ao sistema atual de lista aberta com representação proporcional,

esses três sistemas são: distrital majoritário (onde cada distrito irá eleger

apenas um representante), distrital misto (onde metade dos representantes é

eleita através de listas partidárias e a outra metade pelos distritos

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majoritários) e um sistema parecido com o atual, mas com a divisão dos

Estados em colégios eleitorais menores.

A melhoria das condições de vida da população virá através do

crescimento econômico e da maior eficácia do governo. Com a geração de

empregos e melhor qualificação profissional (através do aumento da

escolaridade da população e do aumento da oferta de cursos

profissionalizantes) seria atingida uma maior distribuição de renda e os

problemas sociais seriam diminuídos. Novamente podemos ver a influência de

Giddens (1998) no Programa de 2007 do partido, para o autor a melhoria da

educação pública e qualificação profissional são prioridades para a social

democracia.

A reforma tributária é tratada em ambos os programas, em 1988, o

PSDB propõe uma simplificação do sistema de cobranças e um ajuste na

incidência da carga tributária, onerando mais quem ganha mais. Em 2007, é

defendida a redução da carga tributária, principalmente para a geração de

empregos e também defende a diminuição dos gastos do Estado e a

diminuição dos juros, essa diminuição serviria para gerar um maior

investimento na economia (barateando os custos das exportações).

Apesar da grande diferença de tempo entre os dois programas,

podemos ver semelhanças entre eles, as principais semelhanças são a

aceitação e o incentivo a ação das empresas privadas (com regulação do

Estado) principalmente em infra-estrutura. A prioridade ao ensino, ciência e

tecnologia e a questão do crescimento econômico, da eficácia administrativa e

da necessidade de uma reforma tributária como fatores importantes para se

obter uma maior justiça social.

Os Programas do PSDB se aproximam da Terceira Via no incentivo a

maior participação da sociedade civil, de iniciativas locais e da iniciativa

privada nas ações do governo. A educação, ciência e tecnologia são

prioridades para a Terceira Via e para o partido. A diferenciação entre os dois

se da no papel do Estado, onde para Giddens (1998) o Estado regula a ação

do mercado e incentiva a sua produção desde que este dê uma contrapartida

social, para o PSDB o Estado deve regular, controlar a economia e incentivar o

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mercado, incentivando investimentos em diversas áreas (como saneamento

básico, construção civil, agronegócio, etc.).

3.3 Organização Interna

3.3.1 PSDB: Um partido de quadros

A origem do PSDB irá influenciar a sua organização interna. Os líderes

partidários possuem uma maior liberdade de tomada de decisão e os diretórios

possuem autonomia de decisão na sua esfera de decisão. Para Celso Roma

(2003) essas são as duas formas de tomada de decisão do partido. Essa

descentralização se diferencia da definição de Duverger (1951) de partidos de

massas, na qual se enquadram os partidos sociais democratas. Porém o PSDB

possui características de um partido de quadros, isso se explica pelo

distanciamento dos partidos sociais democratas em relação aos movimentos

sindicais e operários a partir dos anos 80, o PSDB devido a sua origem não

teve que passar por esse distanciamento, pois já nasceu sem base operária e

sem ligações com o movimento sindical.

Celso Roma (2003) irá dizer que o PSDB é fracamente organizado, isso

se deve a suas poucas instâncias de veto (e essas instancias segundo Roma e

como demonstra o estatuto do partido, são hierarquizadas), o baixo controle

de filiação, a descentralização das decisões do partido e o baixo controle sobre

as bancadas. Dessas características, apenas a ultima não remete aos partidos

de quadros estudados por Duverger (1951).

O único recurso de veto no partido é em relação à ação dos diretórios, o

Diretório Nacional pode intervir e dissolver nos Diretórios Estaduais e esses

possui o mesmo poder sobre os Diretórios Municipais. Além disso, os

Diretórios Estaduais e Municipais têm autonomia para decisão de coligações e

decisões políticas referentes à sua esfera de atuação.

A filiação dos membros se da principalmente no Diretório Municipal ou

nos outros órgãos do partido se não existir um Diretório Municipal na cidade,

além disso, as filiações que não recebam que não sejam contestadas ou que

não haja reclamações sobre elas são automaticamente aceitas. A filiação de

parlamentares ou de pessoas de notória expressão pública é facilitada. Para

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Roma (2003), essa forma é uma estratégia para atrair políticos com mandato

eletivo para as suas fileiras. São cinco os motivos para indeferimento do

pedido de filiação, dentre os quais improbidade administrativa e atitude

ofensiva contra o partido.

Novamente o estatuto do PSDB nos remete aos partidos de quadros de

Duverger (1951), o incentivo a filiação de notáveis e parlamentares se

complemente com a proteção de membros notáveis de sanções do partido.

Além disso, os parlamentares e pessoas notáveis que se filiarem ao PSDB

podem ter reduzido o tempo para votarem e serem votados nas atividades do

partido de seis meses para trinta dias no mínimo.

Apesar de ser descentralizado em diversas ocasiões, o PSDB demonstra

uma centralização nas decisões nos órgãos superiores, seja na definição de

coligações ou na linha político parlamentar. Porém, para Roma (2003) isso não

acontece de fato, devido à autonomia dos líderes e a falta de cooperação entre

os órgãos partidários, as decisões locais são tomadas sem necessariamente

precisar seguir as orientações superiores. Isso pode ser explicado através de

um dos motivos da fundação do partido que foi a luta interna pelo poder em

São Paulo, por isso o partido sempre evita e realização de prévias ou o conflito

interno, tendendo a um consenso ou a dar mais autonomia às lideranças

regionais.

As bancadas parlamentares possuem certa autonomia (desde que sigam

a doutrina partidária), sendo o voto definido através de reunião junto com a

comissão executiva. Os motivos para não votar com a bancada devem ser

comunicados com antecedência a liderança. Um problema nessa questão é a

questão do incentivo aos notáveis e possuidores de cargos eletivos, pois eles

são incentivados a se filiarem ao partido e possuem “imunidade” a algumas

sanções, podem agir contra as recomendações de voto do partido por se

considerarem indispensáveis ao partido. Esse pensamento remete a lei de

ferro da oligarquia de Michels, onde os dirigentes partidários também se

consideram indispensáveis ao partido e tendem a formar uma oligarquia no

poder.

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Apesar de prever esse controle sobre as bancadas em seu estatuto,

Roma (2006 a) mostra que o PSDB durante do governo Fernando Henrique

Cardoso, 8% de seus parlamentares votavam contrariamente a orientação do

partido. Isso se deve a sua organização fraca que prevê punições, mas não as

aplica. Como foi dito anteriormente, a origem do partido influencia nesse

modo de organização fraco, a sua origem parlamentar e sua estrutura de

filiação que busca atrair parlamentares e políticos com cargos eletivos, acaba

limitando a influência da organização partidária sobre seus parlamentares.

Esse tema, será melhor desenvolvido em trabalhos posteriores sobre o

partido.

3.3.2 Hierarquia Partidária

a) Diretório Nacional4

O principal órgão diretivo do PSDB é o seu Diretório Nacional, este é

composto por 177 membros efetivos e 59 suplentes, nos membros suplentes

estão incluídos como membros natos os líderes do partido na Câmara dos

Deputados e no Senado, os Presidentes dos Diretórios Nacionais, do Instituto

Teotônio Vilela, o Presidente de Honra do Partido e os ex-presidentes da

Executiva Nacional. Seu mandato é de dois anos, sendo permitida uma

reeleição.

Seus membros são escolhidos na Convenção Nacional. As chapas devem

comunicar a sua composição à Comissão Executiva. Para ser eleita a chapa

deve obter mais de 20% dos votos, se houver mais de uma pleiteante com

essa votação ou superior os cargos serão distribuídos proporcionalmente entre

elas (respeitada a votação maior dos membros da chapa). A Convenção

Nacional será constituída pelos seguintes membros do partido: membros do

Diretório Nacional, delegados dos estados e do Distrito Federal e os

representantes do PSDB no Congresso Nacional. O número de delegados é

4 O Diretório Nacional se reúne por no mínimo uma vez por ano, podendo se reunir mais vezes em caráter extraordinário. Os Diretórios Estaduais se reúnem a cada 3 meses e os Diretórios Municipais e Zonais se reúnem a cada 2 meses, todos os diretórios podem se reunir mais vezes em caráter extraordinário.

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definida pelo número de parlamentares do estado pertencentes ao PSDB do

estado no Congresso Nacional (até o dobro desse número) mais 10% do

número de Diretórios Municipais estabelecidos no Estado. Essa medida busca

fortalecer os estados onde o partido possui melhor desempenho eleitoral e

onde ele é mais institucionalizado.

O Diretório Nacional possui como principais funções: escolher os

candidatos a presidente e a vice, aprovar o programa de governo, traçar a

linha político-parlamentar dos membros de sua esfera de atuação, intervir nos

Diretórios Estaduais, estabelecer as normas para escolha das coligações nos

níveis nacional e estadual e julgar os recursos da Comissão Executiva Nacional

e dos Diretórios Municipais.

b) Diretório Estadual

O Diretório Estadual é composto por no máximo 105 membros efetivos

(podendo os Estados terem no mínimo 31 membros efetivos) e 35 suplentes

(podendo os Estados terem no mínimo ter membros suplentes), o líder da

bancada do PSDB se encontra como membro nato. O mandato também é de

dois anos, sendo permitida uma reeleição.

A escolha de seus membros se da pela mesma forma e as mesmas

regras que a escolha do Diretório Nacional, através de convenções. A

Convenção Estadual será constituída segundo o estatuto do PSDB por:

membros do Diretório Estadual, representantes do estado eleitos do partido

para o Senado, Câmara Federal e Assembléia Legislativa, membros do

Diretório Nacional com domicilio eleitoral no Estado e delegados dos

municípios e delegados das zonas eleitorais dos municípios com mais de 500

mil habitantes.

Suas principais atribuições são escolher os candidatos e coligações para

as eleições no nível estadual, intervir no Diretório Municipal, traçar a linha

político-parlamentar a ser seguida na Assembléia Legislativa e julgar os

recursos da sua Comissão Executiva ou dos Diretórios Municipais.

c) Diretórios Municipais

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Os Diretórios Municipais são constituídos de maneiras diferentes

dependendo do tamanho dos municípios. Nos municípios com mais de 500 mil

eleitores serão estabelecidos Diretório Zonais. O Diretório Municipal será

constituído por 45 membros efetivos (no máximo, com o mínimo de 15) e 15

suplentes (no máximo, com o mínimo de 5), nas cidades com mais de 500 mil

eleitores o número de membros do Diretório Municipal passa a ser 71

membros efetivos (no máximo, com o mínimo de 45) e 24 suplentes (no

máximo, com o mínimo de 15), o líder do partido na Câmara dos vereadores

se encontra como membro nato.

A eleição dos membros dos Diretórios Municipais seguem as mesmas

regras do Diretório Nacional e dos Diretórios Estaduais, através de

convenções. A convenção municipal para os municípios com menos de 500 mil

eleitores é composta pelos seguintes membros: membros do Diretório

Municipal, dos vereadores, senadores, deputados federais e estaduais, os

membros do Diretório Estadual com domicilio eleitoral no município e os

delegados do município na convenção estadual. Para as cidades com mais de

500 mil eleitores os membros da convenção são os mesmos apenas

substituindo os delegados do município pelos delegados das zonas eleitorais.

As principais atribuições dos Diretórios Municipais são: receber a filiação

de membros e decidir sobre sanções a membros do partido, organizar núcleos

de base para contato com a sociedade, traçar a linha político-parlamentar a

ser seguida pelos vereadores e escolher candidatos a prefeitos e a vice

seguindo as diretrizes dos outros órgãos partidários (Diretório Nacional e

Estadual), além de realizar alianças e coligações seguindo essas diretrizes.

d) Diretório Zonal

Nos municípios com mais de 500 mil eleitores são organizados os

Diretórios Zonais que podem ter no máximo 45 membros efetivos e 15

suplentes, esses tem como foco de atuação a zona eleitoral a qual estão

localizados e possuem como principais atribuições: decidir sobre propostas de

filiações de membros e dirigir o partido na sua esfera de atuação.

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A escolha de seu Diretório se da através de convenção (que segue a

mesma regra das demais), a composição da convenção é a seguinte:

membros do Diretório Zonal, vereadores, deputados estaduais e federais,

senadores, membros do Diretório Estadual e Municipal que possuem domicilio

eleitoral naquela zona eleitoral e dos delegados dos Diretórios Zonais que

participaram da convenção estadual e municipal.

3.3.3 Executiva Nacional

Após a escolha do Diretório Nacional, este irá eleger a sua Comissão

Executiva, esta é composta por: presidente, 1º vice-presidente; 4 vices-

presidentes; secretário geral; 1º e 2º secretários; tesoureiro e tesoureiro

adjunto; 9 vogais e os líderes do partido na Câmara dos Deputados e no

Senado e mais o presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela.

Através do seu estatuto o PSDB define como principais funções da

Executiva Nacional: direção do partido no nível nacional; convocar reuniões do

Diretório Nacional e da Convenção Nacional; passar as deliberações da

Convenção e do Diretório Nacional para as Comissões Executivas. A definição

da linha político-parlamentar, intervenção nos Diretórios Estaduais, aplicar

sanções a membros que atuam no nível nacional, além disso, o Diretório

Nacional é responsável pela definição das coligações nacionais e estaduais.

Porém, como foi demonstrado por Roma, a Comissão Executiva Nacional

pouco influencia nas decisões estaduais.

O PSDB em 20 anos teve nove Executivas Nacionais e uma Comissão

Diretora Nacional provisória (esta em 1988, no ano de sua fundação).

Um senso comum é considerar o PSDB como um “partido paulista”, isso

se deve principalmente pela sua origem (sendo criado através de uma

dissidência do PMDB de São Paulo) e por causa da quantidade de líderes

serem de São Paulo. Ao olharmos os presidentes do PSDB, vemos que dos

nove presidentes, três eram de São Paulo, Alagoas e Ceará ocuparam a

presidência por duas vezes cada, porém com os mesmos políticos,

diferentemente de São Paulo que ocupou a presidência com três membros

diferentes, Minas Gerais e Pernambuco ocuparam a presidência uma vez cada.

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O que podemos notar é a polarização entre Sudeste e Nordeste nas

presidências, não havendo políticos de outras regiões nesse cargo. De todos

os presidentes do partido, apenas o Senador Sérgio Guerra que é o atual

presidente não pertenceu ao PMDB como partido anterior a sua filiação, sendo

filiado até 1999 ao PSB, antes de ingressar no PSDB no mesmo ano. Em sua

Executiva Nacional, vemos esse mesmo resultado com a maioria dos seus

membros pertencente à Região Nordeste e a Região Sudoeste do país. A

maioria dos membros da sua executiva nacional pertenceram ao PMDB, sendo

que apenas a partir de 1994 aparecem membros que começaram a carreira no

PSDB na sua Executiva Nacional, porém esse número é pequeno. Outro fato

que ocorreu na composição de sua Executiva foi a entrada de políticos que

eram filiados a partidos de direita a partir de 1999, sendo que a partir de 2005

o seu número aumentou.

Fora o PMDB, os partidos que mais tiveram ex-membros na composição

executiva do PSDB foi o PDT, o PSB e o PPB. Sendo apenas o PPB um partido

de direita, porém a participação do PDT se restringe a apenas um membro que

foi eleito para três comissões executivas.

Para Roma, o PSDB possui a estratégia de atrair membros de outros

partidos para seus quadros, deixando de lado a opção de fazer carreira dentro

do partido. Isso se relaciona com Duverger (1951), no sentido de deixar a

militância e o número de filiados de lado e apostar na qualidade de seus

membros. Essa característica é vista na composição de sua executiva nacional,

pois apenas em 2007 tivemos uma presença razoável de membros carreiristas

na sua executiva nacional (quatro membros de quatro regiões diferentes), isso

se deve também ao pouco tempo de existência do partido e ao seu

crescimento acentuado após a eleição de Fernando Henrique Cardoso à

Presidência da República em 1994.

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3.4 Arena Eleitoral

3.4.1 Evolução Eleitoral

O PSDB concorre nas eleições desde o ano de sua fundação em 1988. A

legislação eleitoral daquele ano previa que os partidos novos poderiam

participar do pleito, desde que tivessem representação na Câmara de

parlamentares de pelo menos cinco Estados diferentes.

A eleição de 1988 se deu a nível municipal e marcou a primeira eleição

do partido e a primeira vitória em um centro eleitoral importante, que foi a

prefeitura de Belo Horizonte/MG elegendo Pimenta da Veiga. Ao todo o PSDB

elegeu duas vezes o Presidente da República (Fernando Henrique Cardoso em

1994 e 1998), além de participar do 2º turno nas eleições presidenciais por

duas vezes (em 2002, com José Serra, e 2006, com Geraldo Alckmin), 27

Senadores, 27 Governadores e 13 prefeitos de capitais nas eleições em que

participou desde a sua fundação.

Os dados desse capítulo foram retirados do banco de Dados Eleitoral da

IUPERJ realizado por Jairo Nicolau. Nesse banco de dados, nas eleições

municipais apenas constam as capitais dos Estados, as tabelas abaixo

mostram o desempenho eleitoral do PSDB nas eleições em que participou.

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Tabela 3 – Desempenho eleitoral: Presidente5

Ano Candidato % de Votos

1989 Mário Covas 11,5

1994 Fernando Henrique Cardoso 54,3

1998 Fernando Henrique Cardoso 53,1

2002 José Serra 23,2

2006 Geraldo Alckmin 41,6

Fonte: NICOLAU, Jairo

Nas eleições presidenciais, o PSDB teve na candidatura do ex-

governador Mário Covas uma opção para fortalecer a legenda. Nas eleições

seguintes, já mais consolidado, o partido obteve votação expressiva ao eleger

Fernando Henrique presidente por duas vezes. Mas, tem-se o desgaste

acompanhado do declínio na eleição presidencial de 2002 com José Serra,

apesar de este participar do 2º turno. Nas eleições de 2006, o partido

novamente voltou a crescer. Apesar de não conseguir eleger Geraldo Alckmin ,

obteve uma votação próxima do presidente reeleito (isso no primeiro turno da

eleição).

A seguir, será possível verificar como a presença de Fernando Henrique

Cardoso no Governo Federal fortaleceu o partido na década de 90 e como a

vitória do PT, em 2002, fez reduzir o tamanho do partido na Câmara dos

Deputados. Nota-se, no entanto, que o partido demonstrou-se estável nos

pleitos para os demais cargos.

5 No segundo das eleições presidenciais de 2002, José Serra obteve 38,7% dos votos, em 2006 Alckmin obteve 39,2% dos votos no segundo turno.

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Tabela 4 – Desempenho Eleitoral: Senado6

Ano Nº de Eleitos Nomes

1990 1 Benedito Veras Alcântara/CE

1994 9 Jefferson Peres/AM; Geraldo de Melo/RN;

Sergio Machado/CE; Carlos Wilson/PE;

Antonio Vilella Filho/AL; José Ignácio

Ferreira/ES; Artur da Tavóla/RJ; José

Serra/SP

1998 4 Luiz Pontes/CE; Paulo Hartung/ES; Álvaro

Dias/PR; Antero Paes de Barros/MT

2002 8 Artur Neto/AM; Jucá/RR/ Tasso

Jereissati/CE; Sergio Guerra/PE; Teotonio

Vilela Filho/AL; Eduardo Azeredo/MG; Leonel

Pavan/SC; Lucia Vânia/GO

2006 5 Mario Couto Filho/PA; Cicero de Lucena

Filho/PB; Álvaro Dias/PR; Marisa

Serrano/MS; Marconi Perillo/GO

Fonte: NICOLAU, Jairo

No Senado o PSDB possui uma das maiores bancadas da casa, estando

desde a eleição de 1994 com uma base representativa. A maioria de seus

eleitos são da Região Nordeste com destaque ao Ceará, que elegeu ao todo

quatro Senadores para o partido: Benedito Veras de Alcântara, Sérgio

Machado, Luiz Pontes e Tasso Jereissati. Todos eles pertenceram

anteriormente ao PMDB e os três primeiros possuem fortes ligações com

Tasso, Luiz Pontes foi líder do governo do Ceará durante o período em que

Jereissati foi governador (1995-2002) no qual Benedito Veras era o vice-

governador, já Sergio Guerra foi coordenador da campanha de Tasso em

6 Em 1994 e 2002 cada Estado elegeu dois senadores.

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1995. Os senadores do Ceará possuem fortes relações com Jereissati, sendo

que a filiação desse ao PSDB motivou a filiação dos demais no partido.

Tabela 5 – Desempenho Eleitoral: Câmara dos Deputados

Ano %Norte %Nordeste %Sudeste %Sul %Centro-

Oeste

1990 1,5 7,9 11,2 6,5 2,4

1994 7,7 13,9 17,3 3,9 7,3

1998 20,0 17,9 24,0 10,4 19,5

2002 12,3 14,6 14,5 9,1 19,5

2006 9,2 11,9 16,2 9,1 14,6

Fonte: NICOLAU, Jairo

O PSDB obteve um grande crescimento desde a sua fundação em

relação ao tamanho da sua bancada na Câmara dos Deputados, de sétima

maior bancada em 1990 para a segunda maior bancada em 1998 (atrás

apenas do PFL).

O momento áureo do PSDB no Congresso Nacional coincide com o

momento de Fernando Henrique na Presidência da República. O ano de 2002

foi de declínio para o PSDB na Câmara Federal, que ficou com a quarta maior

bancada (atrás do PT, PFL e PMDB). Em 2006, a legenda obteve um

crescimento em relação aos outros partidos – apesar de ter diminuído sua

votação – obtendo a terceira maior bancada da casa (atrás do PMDB e do PT).

A região onde possui melhor desempenho é na Região Sudeste, porém obteve

um grande crescimento na Região Nordeste e Centro-Oeste.

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Tabela 6 – Desempenho Eleitoral: Governador

Ano Nº de eleitos Nomes

1990 1 Ciro Gomes/CE

1994 6 Tasso Jereissati/CE; Eduardo Azeredo/MG;

Almir Gabriel/PA; Marcello Alencar/RJ; Albano

Franco/SE; Mário Covas/SP

1998 7 Tasso Jereissati/CE; José Ignácio Ferreira/ES;

Marconi Perillo/GO; Dante de Oliveira/MT; Almir

Gabriel/PA; Albano Franco/SE; Mário Covas/SP

2002 7 Lúcio Alcântara/CE; Marconi Perillo/GO; Aécio

Neves/MG; Simão Jatene/PA; Cássio Cunha

Lima/PB; Ivo Cassol/RO; Geraldo Alckmin/SP

2006 6 Teotonio Vilela Filho/AL; Aécio Neves/MG;

Cássio Cunha Lima/PB; Yeda Crusius/RS;

Otomar de Souza Pinto/RR; José Serra/SP

Fonte: NICOLAU, Jairo

Nas eleições para governador, o PSDB elegeu o maior número de

governadores em 1998 e 2002 e sendo o segundo em número de eleitos em

1994 e 2006 (em ambos momentos só perdeu para o PMDB).

O partido está presente em todas as regiões (apesar da região Sul ter

elegido apenas em 2006 o seu primeiro governante pertencente ao partido).

São Paulo e Ceará são os dois Estados que elegeram mais vezes

governadores do partido, quatro pleitos vencidos em cada. Em São Paulo, o

partido elegeu o Governador Mario Covas por duas vezes (1994 e 1998),

Geraldo Alckmin em 2002, José Serra em 2006. No Ceará, Ciro Gomes foi

eleito em 1990, Tasso Jereissati venceu os pleitos de 1994 e 1998 e, por fim,

Lúcio Alcântara venceu a disputa de 2002. Minas Gerais deu ao partido três

vitórias: Governador Eduardo Azeredo em 1994, Governador Aécio Neves em

2002 e 2006.

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Tabela 7 – Desempenho Eleitoral: Assembléias Legislativas

Ano %Norte %Nordeste %Sudeste %Sul %Centro-

Oeste

1990 5,4 7,6 9,2 4,0 6,2

1994 4,1 9,1 15,9 3,4 8,0

1998 8,6 14,7 20,3 7,4 18,6

2002 11,4 13,8 12,9 7,4 22,1

2006 11,4 14,7 17,3 12,1 14,2

Fonte: NICOLAU, Jairo

Ao longo de sua trajetória o PSDB obteve um grande crescimento nos

Estados. Para além de eleger um número expressivo de governadores, o

partido obteve crescimento acentuado nas Assembléias Legislativas estaduais.

Em 1990, o partido era o sétimo no desempenho eleitoral para as Assembléias

e em 2002 e 2006 foi o segundo maior partido em representação (atrás

apenas do PT em 2002 e do PMDB em 2006).

O partido obteve um crescimento acentuado na Região Sul em 2006 e

na Região Centro-Oeste em 1998 e 2002. No que se refere à Região Sul, tem-

se a vitória de Yeda Crusis para o Governo do Rio Grande do Sul. Já na Região

Centro Oeste, o crescimento nas Assembléias pode ser explicado parcialmente

pelas vitórias dos governadores Marcone Perillo (em 1998 e 2002 em Goiás) e

de Dante de Oliveira (em 1998 no Mato Grosso). A Região Sudeste se

mantém como principal reduto eleitoral do partido. Ainda que em 2002 não

tenha sido a Região que mais elegeu representantes do PSDB para a

Assembléia Legislativa, em termos proporcionais.

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Tabela 8 – Desempenho Eleitoral: Prefeituras das Capitais

Ano Nº de eleitos Nomes

1988 1 Pimenta da Veiga/Belo Horizonte

1992 5 José Guedes/Porto Velho; José Papaléo/Macapá;

Wall Ferraz/Teresina; Lídice da Mata/Salvador;

Paulo Hartung/Vitória

1996 4 Firmino da Silveira Soares Filho/Teresina; Luiz

Paulo Vellozo Lucas/Vitória; Roberto França

Auad/Cuiabá; Nion Albernaz/Goiânia

2000 4 Maria Teresa Jucá/Boa Vista; Firmino da Silveira

Soares Filho/Teresina; Luiz Paulo Vellozo

Lucas/Vitória; Roberto França Auad/Cuiabá

2004 5 Sílvio Mendes/Teresina; José Serra/São Paulo;

Beto Richa/Curitiba; Dario Berger/Florianópolis;

Wilson Santos/Cuiabá

2008 4 Beto Richa/Curitiba; Wilson Santos/Cuiabá; João

Castelo/São Luís; Sílvio Mendes/Teresina

Fonte: NICOLAU, Jairo e TSE

Como nas eleições para o Senado e para os Governos dos Estados , o

desempenho do PSDB nas eleições municipais das capitais é constante,

variando muito pouco de eleição para eleição desde o crescimento do partido

em 1994.

A maior parte dos prefeitos eleitos pelo PSDB nas capitais são das

Regiões Sudeste e Nordeste. Teresina é a cidade que mais vezes elegeu

prefeitos do partido, sendo que desde 1992 é administrada pelo PSDB ( Wall

Ferraz em 1992, Firmino da Silveira Soares Filho em 1996 e 2000 e Sílvio

Mendes em 2004 e 2008). O desempenho do PSDB na Região Sul se mostra

fraco, tendo elegido apenas três prefeitos desde a sua fundação (duas vezes

Beto Richa em Curitiba e uma vez Dario Berger em Florianópolis). Um dado

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interessante é que nas eleições de 2008, pela primeira vez em sua história, o

PSDB não elegeu nenhum prefeito de capital da Região Sudeste.

Por ter surgido através de uma cisão do PMDB é natural que a maioria

de seus eleitos em cargos majoritários nos primeiros anos do partido tenha

pertencido ao PMDB, poucos pertenceram a outros partidos (PSB, PDT, PFL e

PTB), devido ao pouco espaço nesse trabalho iremos trabalhar esse tema nos

próximos trabalhos.

3.4.2 Coligações

Em 1990, o PSDB participou de sua primeira eleição para governador.

As coligações feitas pelo partido se deram mais com legendas de centro

esquerda no espectro ideológico7. O quadro baixo mostra as principais

coligações do PSDB nas eleições para governador em 1990.

TABELA 9 – Coligações realizadas em 1990 nas eleições Estaduais

PSDB Liderando a Chapa Participando de chapa liderada por

outro partido

PDT – 4 Coligações PDT – 4 Coligações

PCB & PC do B – 3 Coligações PMDB – 4 Coligações

PSB; PT; PDC – 2 Coligações PT; PSC; PDS; PRN – 1 coligação

PFL; PMDB; PL; PTR; PRN – 1

Coligações

Fonte: NICOLAU, Jairo

Na primeira eleição, podemos ver o PDT como seu principal aliado e

podemos ver também uma aproximação com partidos de esquerda, a aliança

com partidos de centro-direita se faz em menor número. Nas alianças com o

PMDB, em quatro do total de cinco, candidatos peemedebistas lideram as

chapas.

7 Para Martins (2002), o PSDB junto com o PMDB ocupam o centro no espectro ideológico, na direita se encontram o PPB e o PFL e na esquerda o PT e o PDT.

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Outro dado interessante é a aproximação inicial com o PT. No total de

três pleitos, os tucanos lideraram a chapa em duas situações e os petistas

ficaram com a cabeça de chapa em um caso.

Em 1994 há uma aproximação maior com o centro e com direita,

fazendo com que os partidos de esquerda tenham uma menor presença nas

coligações realizadas pelo partido.

TABELA 10 – Eleições realizadas em 1994 para eleições Estaduais

PSDB Liderando a Chapa Participando de chapa liderada por

outro partido

PTB – 4 coligações PMDB – 7 coligações

PRP; PL; PPS & PFL – 3 coligações PDT – 2 coligações

PPR; PDT – 2 coligações PTB; PFL; PP – 1 Coligação

PCB; PSB; PMDB; PT do B; PSC;

PSD; PV; PC do B; PMN – 1

Coligação

Fonte: NICOLAU, Jairo

Em 1994, podemos ver o aumento das participações em candidaturas

do PMDB (70%), podemos ver também o crescimento e de apoio de legendas

de centro-direita ao partido. O PDT, que antes era o principal aliado, diminuiu

seu apoio, sendo substituído nessa eleição principalmente pelo PTB e pelo PFL.

Em 1998 há um aumento dos partidos que se coligam ao PSDB nas

eleições estaduais. A mudança no perfil das coligações é aqui melhor

identificada. Roma (2006 b) nos diz que o PSDB se coliga principalmente com

partidos de centro direita, essa tendência se acentua em 1998, apesar de já

ter aparecido em 1994.

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TABELA 11 – Coligações realizadas em 1998 nas eleições Estaduais

PSDB Liderando a Chapa Participando de chapa liderada por

outro partido

PPB – 7 Coligações PMDB – 4 Coligações

PTB; PL; PSD – 6 Coligações PFL – 3 Coligações

PPS; PFL – 5 Coligações PPB – 2 Coligações

PSC; PRP – 4 Coligações PT; PDT; PTB – 1 Coligação

PMDB; PMN; PT do B – 3 Coligações

PSDC; PSB – 2 Coligações

PV; PC do B; PT; PSN; PTN; PRTB;

PGT; PSL – 1 Coligação

Fonte: NICOLAU, Jairo

A aliança com o PMDB em 1998 se deu de forma mais equilibrada, com

o PMDB participando mais de candidaturas do PSDB a nível local. A aliança

com partidos de centro-direita fica mais evidenciada quando vemos o grande

número de coligações com o PTB, PPB, PL e o PFL. O PPS é o partido de

centro-esquerda que o PSDB mantém mais alianças. O PDT não aparece mais

apoiando candidaturas tucanas, sendo apenas apoiado em uma ocasião.

Em 2002, reforça-se a tendência de aumento de aliança com o centro e

a centro-direita, em detrimento da associação com os partidos de esquerda.

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TABELA 12 – Coligações realizadas em 2002 nas eleições Estaduais

PSDB Liderando a Chapa Participando de chapa liderada por

outro partido

PFL – 7 Coligações PMDB – 5 Coligações

PPB; PSD – 5 Coligações PFL – 3 Coligações

PMDB; PV – 4 Coligações PPB; PTN – 1 Coligação

PST; PRTB; PSL; PAN – 3 Coligações

PSDC; PRTB; PHS; PRP – 2

Coligações

PT do B; PRONA – 1 Coligação

Fonte: NICOLAU, Jairo

A principal ausência é do PTB e do PPS que estavam entre os partidos

que mais apoiaram o PSDB no pleito anterior. Podemos ver também nas

coligações em candidaturas de outros partidos a preferência do PSDB para se

coligar com partidos mais de centro e centro-direita.

Em 2006, sem a verticalização o número de alianças aumenta e o

espectro das alianças volta a ser mais diversificado.

Na Tabela da próxima página, podemos notar a volta do apoio do PTB e

do PPS. Outro fato é que com o fim da verticalização, o espectro dos partidos

que se coligaram ao PSDB varia entre os dois pólos (esquerda e direita), tendo

o apoio do PC do B e do PRONA.

No apoio a outras candidaturas o PSDB volta a dar maior apoio ao PMDB e ao

PFL, o único partido de centro-esquerda é o PSB.

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TABELA 13 – Coligações realizadas em 2006 nas eleições Estaduais

PSDB Liderando a Chapa Participando de chapa liderada por

outro partido

PTB – 8 Coligações PMDB – 4 Coligações

PFL; PPS; PT do B – 6 Coligações PFL – 2 Coligações

PP; PL – 5 Coligações PP; PSB – 1 Coligação

PSC; PAN; PHS; PTC – 4 Coligações

PMN – 3 Coligações

PRTB; PC do B; PRONA; PSB; PMDB;

PV; PRP – 2 Coligações

PT; PRB; PTN – 1 Coligação

Fonte: NICOLAU, Jairo

Para presidente, o PSDB se coligou principalmente com o PFL, PMDB e

PTB, ou seja, partidos de centro e de direita, contrariando a sua ideologia

social democrata de centro-esquerda. Isso pode ser explicado por diversos

fatores, na literatura fala-se que essas alianças foram feitas para garantir

viabilizar a eleição de seus candidatos. Outro motivo pode ser que desde o

inicio o PSDB não recusou fazer alianças com partidos de ideologia diferente

da sua, como Fernando Henrique Cardoso diz no livro, Social Democracia: o

que é? E o que propõe para o Brasil:

“ O PSDB não se recusa a dialogar com setores da elite, na medida em que

eles se mostrem dispostos a preservar as instituições democráticas e a realizar

por meio delas reformas que preencham o abismo entre a base e a cúpula da

sociedade”. (CARDOSO, 1990)

Nas alianças estaduais podemos ver que inicialmente o partido fazia

coligações com partidos de centro-esquerda e de esquerda, os partidos de

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direita aparecem muito pouco em 1990, porém a partir de 1994 as alianças

com partidos localizados mais ao centro e direita no espectro predominaram.

Roma (2006 b) localiza o PSDB como um partido de centro-direita

principalmente por causa das suas alianças. Já Bresser-Pereira (1997)

enquadra o PSDB na centro-esquerda por causa da sua orientação

progressista (esquerda) unida com a transformação da sociedade através dos

meios democráticos. Bresser-Pereira (2006) também irá defender a idéia do

centro móvel, onde no espectro ideológico o centro se mova em direção a

direita ou esquerda dependendo da demanda.

3.5 Programas de Governo

Nessa seção iremos estudar os programas de governo à Presidência da

República lançados pelo PSDB. Ao todo foram cinco candidaturas do partido

(Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso por duas vezes, José Serra e

Geraldo Alckmin). O objetivo com essa etapa do trabalho é apenas enfatizar o

estudo do programa partidário, já desenvolvido anteriormente, agora com o

foco nos programas de governo apresentados nas disputas presidenciais.

Aqui iremos tratar dos pontos principais de quatro programas de

governo (FHC 1994 e 1998, Serra 2002 e Alckmin 2006) e mais o discurso de

lançamento da candidatura de Mário Covas em 1989. Infelizmente não foi

possível analisar o programa de governo de Mário Covas de 1989, pois não

tivemos acesso a ele.

3.5.1 Mário Covas

Em 28/06/1989, Mario Covas lançou a sua candidatura à Presidência da

República pelo PSDB. O lançamento se deu no Senado Federal através do

discurso: “O desafio de ser presidente: compromisso com a democracia, a

justiça e o desenvolvimento”, que ficou conhecido como “choque de

capitalismo”.

Esse discurso foca em diversos pontos que nos anos seguintes

continuariam a serem defendidos pelo partido, esses pontos são: as

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privatizações, o parlamentarismo, investimentos em ciência, tecnologia e

educação e a descentralização da administração pública.

O discurso inicialmente trata de pontos importantes para a época, como

o combate a inflação e a inserção do Brasil no mundo globalizado.

As privatizações são vistas como um modo de aumentar o capital

estatal para realizar investimentos. As empresas que continuarem públicas são

as estratégicas e rentáveis. É defendido o investimento de empresas

estrangeiras, desde que essas tragam benefícios à nação (um desses

benefícios seria trazer novas tecnologias).

O parlamentarismo é defendido como a melhor forma de governo,

também é defendida a mudança no sistema eleitoral com a adoção do voto

distrital para aperfeiçoar o sistema eleitoral.

A tecnologia e a educação são consideradas vitais para o

desenvolvimento do Brasil. No seu pronunciamento, Covas defende a

importação de tecnologia como forma de modernizar a indústria nacional. A

educação é vista como um agente do desenvolvimento, além do aumento da

escolaridade o investimento em educação trará benefícios em ciência,

pesquisa e qualificação de mão de obra.

Por fim, o discurso defende a descentralização da administração pública,

com os estados e municípios dividindo a responsabilidade com a União, além

de cooperarem com ela.

Ou seja, trata-se de um discurso que reproduz o programa partidário.

3.5.2 Fernando Henrique Cardoso 1994

Em 1994, o PSDB lançou Fernando Henrique Cardoso à Presidência,

sendo considerado um dos “pais” do Plano Real. O seu programa de governo

foca principalmente na questão da estabilidade econômica e na necessidade

de uma maior eficácia do governo. Suas propostas se assemelham muito com

as de Covas – e com o programa partidário, principalmente nas questões da

descentralização administrativa e de uma maior interação com a iniciativa

privada.

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O modelo de desenvolvimento do país na época é criticado8 e é proposto

um novo modelo, onde o Estado assuma o papel de regulador e a iniciativa

privada participe mais (principalmente nas questões de infra-estrutura).

As privatizações são propostas como um modo de financiamento estatal

e também como forma de realizar obras de melhoria e expansão de infra-

estrutura (principalmente nos setores de transportes, comunicação e

saneamento).

A educação, ciência e tecnologia continuam como prioridades para o

desenvolvimento do país. A educação deve ser descentralizada, com os

Estados e municípios tendo maiores responsabilidades, aplicando os recursos

onde acharem necessários e também é proposto que se deve avaliar a

educação.

O Estado deve ser reformado para adquirir maior eficácia (que viria

através da simplificação da burocracia), manter a estabilidade e gerar

desenvolvimento, como diz Fernando Henrique Cardoso em seu programa:

“...é necessário reformar o Estado: aprofundar a democratização, acelerar o

processo de descentralização e desconcentração e sobretudo, ampliar e

modificar suas formas de relacionamento com a sociedade...”(CARDOSO,

p.208).

Um novo pacto federativo é proposto, onde a descentralização é essencial para

diminuir as desigualdades e onde os Estados cooperem e complementem a

ação da União. Uma melhor distribuição de renda e melhorias nas condições

de vida virá através do desenvolvimento sustentável, da descentralização e da

melhoria dos serviços públicos.

O Programa de Fernando Henrique Cardoso de 1994 possui grandes

influências da Terceira Via, os pontos principais da reforma da social

democracia da década de 1980 são aqui tratados, como: a prioridade a

educação, ciência e tecnologia, a necessidade de uma reforma do Estado

8 O modelo antigo de desenvolvimento se baseava na concepção que o Estado devia ser o principal provedor do desenvolvimento econômico. Esse modelo entrou em crise a partir da década de 70 com as duas crises do petróleo.

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61

fazendo com que este atue de forma descentralizada e tenha maior eficácia, o

incentivo a atuação da iniciativa privada na área de infra-estrutura e sua

responsabilidade social.

3.5.3 Fernando Henrique Cardoso 1998

Em 1998, FHC buscava a reeleição, diferentemente do seu programa de

governo anterior, o programa de 1998 irá dar mais atenção às questões

sociais, conforme demonstra Cardoso (1998):

“ Com a consolidação da democracia e a conquista da estabilidade, o Brasil se

tornou mais confiante na sua própria aptidão em projetar e construir a

sociedade que sempre desejou e acreditou ser possível: próspera e justa, livre

da fome e da miséria, com escola, saúde, trabalho e dignidade para todos”

(CARDOSO, p.75).

O programa é dividido em quatro objetivos: consolidar a estabilidade

econômica, crescimento sustentado, foco nas questões sociais e consolidar e

aprofundar a democracia.

O primeiro objetivo volta-se para a questão da eficácia administrativa. A

União, os Estados e os municípios devem ter suas funções equilibradas. Ainda

sobre a estabilidade, a abertura para o investimento de capital privado é

defendido e uma reforma tributária é colocada como prioridade, assim como

mais ênfase maior nos investimentos, exportações e produtividade.

O segundo objetivo defende as privatizações, pois estas geraram

desenvolvimento e modernização da infra-estrutura. O investimento em infra-

estrutura deve ser priorizado (principalmente nas áreas de transporte,

saneamento, habitação e energia).

O crescimento econômico virá através de políticas que priorizem as

exportações, além do uso adequado dos recursos naturais e do investimento

em turismo, cultura, agronegócio, melhoria do gasto público, etc. Novamente

é destacado o papel do Estado como regulador e a importância dos

investimentos da iniciativa privada em infra-estrutura.

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O terceiro objetivo foca nas questões sociais e em como resolver os

problemas sociais do Brasil. O programa de FHC para as questões sociais se

volta principalmente para quatro ações: redução das desigualdades com o

desenvolvimento do país; melhoria do gasto público e infra-estrutura;

programas de transferência de renda e apoio a iniciativas locais.

O que podemos notar de diferente nesse programa em relação aos

anteriores são as duas últimas ações. Os programas de transferência de renda

devem possuir uma contrapartida social. Os beneficiários desse tipo de

programa devem se comprometer com escola, alimentação ou saúde

(dependendo do tipo de beneficio que recebem) para continuarem sendo

beneficiados por eles.

O apoio a iniciativas locais vem na esteira da descentralização, para o

programa, os Estados e municípios são os maiores conhecedores de seus

problemas e a União junto com a sociedade civil auxiliarão na resolução

destes.

No quarto objetivo é proposta uma reforma política que mudaria o

sistema eleitoral para distrital misto (para eleições proporcionais) e também

busca dificultar coligações partidárias nas eleições proporcionais, além disso, é

proposto o financiamento público/privado para as campanhas.

3.5.4 José Serra 2002

O programa de José Serra para as eleições presidenciais de 2002

enfatiza principalmente a geração de empregos.

As principais propostas são estimular as áreas que geram mais

empregos como a indústria e o turismo. A descentralização é novamente

citada e as iniciativas locais deverão ser incentivadas.

A geração de emprego viria também de uma reforma tributária que

diminuiria os impostos em cascata a fim de incentivar as exportações e o setor

de construção civil.

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O programa considera que geração de emprego e serviços públicos de

qualidade são os melhores programas sociais, como nos diz Serra (2002):

“Acelerar o crescimento da economia é condição necessária para ampliar as

oportunidades de trabalho, reforçar a segurança pública e melhorar a vida das

pessoas.” (SERRA, p.10).

O programa mantém os projetos de transferência de renda, com as mesmas

especificações do documento lançado por FHC em 1998.

Novamente é proposta uma reforma política, o financiamento

público/privado é mantido, porém existem diferenças. Serra propõe o fim de

coligações em eleições proporcionais e o voto ser em lista partidária, esse

pensamento vai de encontro com o pensamento do PSDB após o plebiscito de

1993, que é aperfeiçoar a democracia.

3.5.5 Geraldo Alckmin 2006

O programa de Alckmin prioriza a gestão e eficácia nos gastos, o

desenvolvimento econômico é visto como um fator importante para a

promoção de justiça social, conforme Alckmin (2006) nos diz em seu

programa de governo:

“O primeiro passo é promover um verdadeiro choque de gestão no setor

público. A administração federal será reestruturada para adotar mecanismos

gerenciais que ao mesmo tempo valorizem cada tostão dos recursos públicos e

proporcionem o funcionamento eficaz da própria máquina.” (ALCKMIN, p.157)

Novamente é proposta uma reforma política nos moldes da proposta de

Serra, porém com voto distrital.

Para gerar o desenvolvimento econômico e empregos, Alckmin propõe

investimentos em turismo, cultura, agronegócio e infra-estrutura. O Estado

continua no papel de regulador e as parcerias com a iniciativa privada

continuarão a ser incentivadas.

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Nas questões sociais, os programas de transferência de renda seguem

os mesmos moldes dos programas de Serra e FHC e a geração de empregos é

vista como o melhor programa social.

Uma reforma tributária é proposta, essa reforma seria para diminuir os

impostos, Alckmin propõe também a redução da taxa de juros e

desburocratizar a administração federal.

Em suma, os programas do PSDB se assemelham muito em suas

propostas, podendo ser considerados evoluções uns dos outros. As suas

propostas básicas em seus programas de governo – o cerne dos projetos -

são: a prioridade na educação como forma de qualificar e melhorar a vidas das

pessoas, a descentralização da administração pública através de um novo

pacto federativo, onde os Estados e municípios são chamados para contribuir e

mostrar suas iniciativas.

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CONCLUSÃO

O PSDB possui a organização interna tipicamente dos partidos de

quadros estudados por Duverger (1951), sua organização é descentralizada,

com os estados e municípios possuindo autonomia para as decisões locais,

apesar dessa autonomia que os órgãos estaduais e municipais possuem eles

podem ser alvo de intervenções de instancias superiores do partido (o

Diretório Estadual pode sofrer intervenção do Diretório Nacional e os Diretórios

Municipais podem sofrer intervenções dos Diretórios Estaduais).

A sua origem interna no parlamento faz com que seus líderes e

membros importantes possuam autonomia em relação ao demais fazendo com

que as relações entre seus membros se tornem fracas, sua filiação é aberta a

todos, porém a filiação de parlamentares e de pessoas ilustres na sociedade é

incentivada através da redução do tempo para votar e ser votado no partido,

como foi mostrado anteriormente.

Em relação ao contato com outras esferas da sociedade, o PSDB possui

os Núcleos de Base, que é um órgão partidário responsável pela comunicação

com a sociedade e trazer as reivindicações dessa para o partido. Esse contato

se faz necessário, pois como o PSDB nasceu sem nenhum braço na sociedade

como os partidos sociais democratas tradicionais, por causa disso o partido

não teve que arcar com o custo do afastamento dos sindicatos que a social

democracia tradicional realizou nos anos 80.

A estratégia eleitoral do PSDB busca o crescimento das coligações nas

eleições, esse aumento foi demonstrado no terceiro capítulo aonde vimos as

coligações realizadas pelo partido. Nas coligações realizadas podemos ver o

apoio de atores com ideologias diversas (englobando boa parte do espectro

ideológico), nas eleições presidenciais vemos um predomínio de apoio de

partidos de centro e centro-direitas, já nas eleições estaduais o PSDB recebe o

apoio de partidos de centro e centro-esquerda. Quando se coliga, o partido

apóia principalmente o PMDB. As coligações com diversos atores com

ideologias diferentes se relacionam a idéia do centro móvel de Bresser-Pereira

(2006), onde não existe propriamente um centro, esse se move ora mais para

a direita, ora mais para a esquerda dependendo da demanda e das políticas

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que se fazem necessárias, portanto como em um governo se faz necessário

adotar medidas de esquerda e de direita podem ocorrer coligações entre essas

ideologias diferentes.

Para Downs (1957) os partidos políticos sempre buscam a reeleição (ou

a eleição caso não estejam no poder), a estratégia do aumento das coligações

se evidencia como uma atitude racional, pois ela busca obter apoio para

governabilidade em caso de eleição (como foi a aliança com o PFL nas eleições

presidenciais de 1994) ou obter mais tempo na televisão e recursos nas

eleições estaduais.

O surgimento do PSDB se deu em um momento de revisão da social

democracia tradicional, os seus programas refletem essa transformação.

A social democracia tradicional se caracteriza por defender um Estado

forte, intervindo na economia e sendo o principal provedor de investimentos.

Na revisão que a social democracia passou na década de 1980, o papel do

Estado é diminuído adquirindo o papel de regulador.

A descentralização é um aspecto chave nos programas (partidários e de

governo) do PSDB e também no novo programa do SPD lançado na década de

80 e da Terceira Via de Anthony Giddens (1998). O Estado passa a dividir as

suas responsabilidades com a sociedade civil e com a iniciativa privada. As

iniciativas locais são incentivadas, pois é no nível local que as necessidades

são mais facilmente identificadas.

Outro fator de importância é a importância dada a ciência, tecnologia e

do meio ambiente na proposta de Terceira Via e nos programas do PSDB e do

SPD. A ciência e tecnologia se transformaram em prioridades no mundo

globalizado onde os avanços tecnológicos estão cada vez mais rápidos e o

investimento nessas áreas é cada vez mais prioritário para o desenvolvimento

e crescimento dos países. A questão ambiental deixa de ser vista como um

empecilho ao desenvolvimento para se transformar em um importante agente

deste, a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável aparecem

com destaque nos programas.

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Os programas do PSDB possuem forte influência da Terceira Via

(descentralização, maior presença do mercado, eficácia administrativa e

Estado regulador são as principais influências) e também sofre influência do

SPD, onde o Estado apesar do papel de regulador continua com papel ativo

nos investimentos, porém divide as suas responsabilidades com a iniciativa

privada e com a sociedade.

Concluindo, o PSDB possui a organização interna típica de um partido de

quadros, onde a organização é descentralizada, seus membros possuem

autonomia e o partido busca a filiação de membros já com mandato eletivo ou

pessoas notáveis na sociedade, a sua estratégia eleitoral é de realização de

coalizões grandes sem se importar com o posicionamento ideológico desde

que estas atuem em conformidade com o seu programa. Em relação ao seu

desempenho eleitoral, vemos que em 20 anos de existência o PSDB se

institucionalizou como um dos maiores partidos brasileiros, tendo grande

representatividade nos Estados e nas prefeituras das capitais, além de ter

elegido Fernando Henrique Cardoso presidente por duas vezes e ter

participado do 2º turno das eleições em outras duas ocasiões. Seu

posicionamento político/programático se revela diferente da social democracia

tradicional, porém se revela social democrata com a revisão que esse modelo

político passou na década de 1980, as principais questões e propostas do SPD

e do Programa da Terceira Via se mostram presentes em seus programas,

apesar de ser um partido de quadros e sem fortes relações com movimentos

sociais essa característica não influenciou em sua ideologia, pois na época de

seu surgimento a social democracia (na Alemanha e na Inglaterra) estava

diminuindo a influência sindical e movimentos sociais em seus quadros e

programas.

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