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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
RODRIGO RIBEIRO PINHO RODARTE
Avaliação do Impacto do Índice Sócio-Econômico na ocorrência de Doenças
Osteomusculares nos Trabalhadores
RIO DE JANEIRO
2010
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
RODRIGO RIBEIRO PINHO RODARTE
Avaliação do Impacto do Índice Sócio-Econômico na ocorrência de Doenças
Osteomusculares nos Trabalhadores
Dissertação submetida ao Corpo Docente do Instituto de
Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do Grau de Mestre em Saúde Coletiva
Orientadores:
PROFa . DRa. CARMEN ILDES RODRIGUES FRÓES ASMUS
PROF. DR. ARMANDO MEYER
RIO DE JANEIRO
2010
3
R685a Rodarte, Rodrigo Ribeiro Pinho. Avaliação do impacto do índice sócio-econômico na ocorrência de doenças osteomusculares nos trabalhadores/ Rodrigo Ribeiro Pinho Rodarte. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. 72 f.; 30cm. Orientadores: Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus e Armando Meyer. Dissertação (Mestrado)- UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. Referências: p. 63-70. 1. Transtornos traumáticos cumulativos. 2. Saúde do trabalhador. I. Asmus, Carmen Ildes Rodrigues Fróes. II. Meyer, Armando. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. IV. Título. CDD 616.7
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
RODRIGO RIBEIRO PINHO RODARTE
Avaliação do Impacto do Índice Sócio-Econômico na ocorrência de Doenças
Osteomusculares nos Trabalhadores
Orientadores:
PROFa . DRa. CARMEN ILDES RODRIGUES FRÓES ASMUS
PROF. DR. ARMANDO MEYER
Banca Examinadora:
Profa. Dra. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus
Dr. Ubirajara Martins Figueiredo
Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara
5
DEDICATÓRIA
A DEUS por guiar-me muitas vezes através dos obstáculos os quais sem a sua
força seriam intransponíveis.
A todos que através do Espírito Santo, como os meus queridos Vovô Napoleão,
Vovó Nancy, Dinda Wilma, Tio João, Dona Rozinha, Tereza Manzolino
Sanseverino, Laíra entre tantos outros que me inspiraram para as realizações
neste mundo.
Aos meus pais, Oscar e Wesley, que são a raiz e o tronco servindo sempre de
exemplo de retidão e constância na minha vida.
Ao meu irmão Felipe pela nossa história em comum e pelos momentos de
cobrança que muitas vezes redirecionaram os meus atos.
À minha querida esposa Débora, que se transforma em guerreira nos
momentos necessários e em outros pacientemente me conduz a reflexão e a
serenidade.
Às minhas filhas, Anna Carolina e Maria Clara, presentes abençoados e divinos
que transformaram o meu coração através do amor e da felicidade.
Aos pacientes que servem de reflexo dos meus atos e reforçam e me ensinam
a melhorar a cada dia.
6
AGRADECIMENTOS
Em toda caminhada precisamos de pessoas especiais que reforçam o nosso
passo. Agradeço à professora Carmen Ildes Froes Asmus pela paciência,
exemplo, amizade e o comprometimento com o esforço acadêmico durante a
realização deste trabalho. Agradeço também ao professor Armando Meyer que
ao lado da professora Carmen me orientou na confecção servindo como um
elemento essencial para o êxito deste projeto até a dissertação. Devo
agradecimento especial a Mestre Juliana que foi um divisor de águas em um
determinado momento do trabalho, pois foi importantíssima com seus
conhecimentos. Agradeço ao professor Volney Câmara o qual foi o responsável
pelos meus primeiros conhecimentos na área ainda na graduação de medicina,
abrindo os horizontes da minha percepção quanto ao ambiente ocupacional.
Gostaria de agradecer a todos os professores da linha de pesquisa Produção,
Ambiente e Saúde que agregaram conhecimento através das inúmeras aulas
ministradas.
Agradeço também aos meus amigos que me incentivaram a entrar no mundo
acadêmico e os colegas de trabalho que permitiram que eu me dedicasse de
forma intensa no Mestrado. Agradeço a compreensão das pessoas que
propiciaram as condições necessárias para a conclusão do Mestrado, dentre as
quais destaco Dr. Júlio César Mathias, Sra. Alessandra Monteiro Pereira,
Dra.Ilana Bejgel, Sr. Vinícius, Dr. Mário Novais e Dr. João Alves Grangeiro
Neto.
Agradeço especialmente os meus familiares que nos momentos de dúvida
foram o reforço no caminho da certeza, entre os quais o meu querido tio
7
William (e sua família), minha prima irmã Anna e padrinho Manoel (e sua
família) e meus sogros estimados Eliana e Werther (e família).
8
RESUMO
RODARTE, Rodrigo Ribeiro Pinho. Avaliação do Impacto do Índice Sócio-
Econômico na ocorrência de Doenças Osteomusculares nos Trabalhadores.
Orientadores: Carmen Ildes Froes Asmus e Armando Meyer. Rio de Janeiro:
IESC/ UFRJ, 2010. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva).
Os trabalhadores são expostos a vários tipos de agentes ambientais que
ocasionam problemas ocupacionais. Dentre estes distúrbios, as doenças
osteomusculares são responsáveis por uma alta taxa de absenteísmo no
trabalho proporcionando um incremento no custo do processo produtivo e uma
redução na capacidade produtiva. A multifatorialidade e freqüência elevada das
doenças osteomusculares tornaram-na tema de estudos da Saúde Pública,
especialmente da Saúde do Trabalhador. O status sócio-econômico da
ocupação pode ter um papel importante na prevalência destas patologias. O
objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o status sócio-econômico e
a ocorrência de doenças osteomusculares no banco de dados da PNAD 2003.
O status sócio-econômico mais alto apresentou maior razão de chance de ter
tendinite ou tenossinovite enquanto o status mais baixo apresentou maior razão
de chance de ter problemas na coluna ou nas costas, mesmo quando
corrigidos por variáveis de confundimento como idade, sexo e nível de
escolaridade.
Este resultado pode sugerir este indicador como um dos fatores importantes
para a ocorrência das DORT. A implementação de medidas e programas de
prevenção e reabilitação na população laborativa com status sócio-econômico
mais baixo devem ser estimuladas para redução do risco de ocorrência de dor
9
de coluna ou nas costas e seus desdobramentos, como o absenteísmo ou a
incapacidade laborativa.
Palavras-chave: Doenças osteomusculares, trabalhado res e status sócio-
econômico
10
ABSTRACT
Rodarte, Rodrigo Ribeiro Pinho. Evaluation of the I mpact of
Socioeconomic Index in the ocurrence of osteomuscul ar disease on
workers.
Workers are exposed to various types of environmental agents and
occupational disorders. Among these disorders, osteomuscular diseases are
responsible for a high rate of absenteeism at work providing an increase in the
cost of the production process and a reduction in production capacity. The high
frequency of a great number of factors and osteomuscular diseases, it became
a subject of public health studies, especially of the worker's health. Socio-
economic status can have an important role in the prevalence of these
diseases. The goal of this study was to assess the association between socio-
economic status and osteomuscular diseases occurring in the database of
PNAD 2003. Highest socioeconomic status showed greater odds ratio to have
tendinitis or tenossinovitis while the lowest status reason demonstrated greater
chance of having problems in column or in the back, even when fixed by
confounders such as age, sex and educational level. This result suggests that
the socio-economic status of occupation may play an important role for
ocurrence of the osteomuscular disease related to work. Measures should be
implanted with programs of prevention e rehabilitation in workers with
occupation of lower status reducing the prevalence of disturbs on column and
these problems as the days out of work and work incapacity.
Keywords: workers, osteomuscular disease, socioecon omic status
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
DORT – DOENÇAS OSTEOMUSCULARES RELACIONADAS AO
TRABALHO
LER – LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO
DTC – DOENÇAS POR TRAUMA CUMULATIVO
SNC – SISTEMA NERVOSO CENTRAL
PGE2 – PROSTAGLANDINA E2
IL-6 – INTERLEUCINA 6
CID10 – CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS 10ª VERSÃO
NIOSH – NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH
ISEI – INTERNATIONAL SOCIO-ECONOMIC INDEX
IMC – ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
PNAD – PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS
12
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
TABELA 2 – PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS OSTEOMUSCULARES POR
GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
TABELA 3 – TAXAS DE PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS
OSTEOMUSCULARES SEGUNDO OCUPAÇÕES ESPECÍFICAS
TABELA 4 – PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS OSTEOMUSCULARES PELO
ÍNDICE SÓCIO-ECONÔMICO
TABELA 5 – ODDS RATIO DAS MORBIDADES OSTEOMUSCULARE S E
ODDS RATIO AJUSTADA POR GÊNERO, FAIXA ETÁRIA E
ESCOLARIDADE
13
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14
2 – REVISÃO DA LITERATURA.......................... ...................................................... 19
2.1 – Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) ....................... 20
2.2 – Epidemiologia.............................................................................................................. 24
2.3 – Fatores que interferem na ocorrência de DORT ................................................... 26
2.3.1 – Escolaridade ........................................................................................................ 28
2.3.2 – Sexo ...................................................................................................................... 29
2.3.3 – Faixa Etária .......................................................................................................... 29
2.3.4 – Tipo de Ocupação ............................................................................................... 31
2.3.5 – Status Sócio-Econômico .................................................................................... 32
2.4 – Categorias de Doenças Osteomusculares mais freqüentes: Lombalgia e Tenossinovites ...................................................................................................................... 33
2.4.1 – Lombalgia ............................................................................................................. 33
2.4.2 – Tendinites e Tenossinovites .............................................................................. 35
3 – OBJETIVOS ...................................... ................................................................... 37
4 – METODOLOGIA.................................... ............................................................... 39
5 – RESULTADOS ..................................... ................................................................ 44
6 – DISCUSSÃO ........................................................................................................ 53
7– CONCLUSÃO....................................... ................................................................. 61
8 – REFERÊNCIAS .................................................................................................... 63
9 – ANEXO................................................................................................................. 71
ANEXO I..................................................................................................................... 72
14
1 – INTRODUÇÃO
15
1 – INTRODUÇÃO
Os processos produtivos resultam na geração de inúmeros fatores ou
condições no ambiente que potencialmente constituem um risco para a saúde
do trabalhador. Estes fatores e seus potenciais riscos, aos quais os
trabalhadores eventualmente estão expostos, podem ser classificados quanto à
sua natureza como: físicos, biológicos, químicos, mecânicos, ergonômicos e
relacionados à organização de trabalho (anexo I).
Estes fatores ou condições de risco estão presentes no ambiente
ocupacional em uma proporção que usualmente não ocorre na rotina diária das
pessoas. A relação destes com determinados hábitos de vida pode ser
responsável por eventos mórbidos que surgem após anos de exposição. Desta
forma, a correlação com determinados desfechos clínicos, com períodos de
latência longos, pode ser difícil e complexa.
Segundo a Organização Mundial de Saúde(57) (OMS), aproximadamente
217 milhões de doenças ocupacionais e 250 milhões de acidentes de trabalho
ocorrem a cada ano no mundo, além de mais de 330 mil mortes devido a
atividades ocupacionais.
A preocupação com as doenças ocupacionais teve início, historicamente
documentada, através de Bernardino Ramazzini (considerado o pai da
Medicina do Trabalho) que, após sistematicamente visitar ambientes de
trabalho e observar as atividades dos trabalhadores, sugeriu que os médicos
sempre se preocupassem e questionassem a natureza da ocupação dos
pacientes (20), (21).
16
Na época, ele avaliou mais de 50 ocupações e documentou algumas das
patologias mais frequentemente encontradas. Este conhecimento foi
sistematizado e publicado por Ramazzini em Modena (1700) e posteriormente
reeditado em Pádua (1713) no livro “ De Morbis Artificum Diatriba” , onde cada
capítulo era iniciado com uma descrição dos distúrbios associados às
ocupações(20).
A preocupação com a Saúde Ocupacional como um campo que previne
e trata lesões e doenças ocupacionais, segundo Kao (2003) (29), foi
documentada e registrada em 1911 com o Workman’s Compensation Act(12)
nos Estados Unidos da América. As práticas abusivas dos empregadores e as
lesões sofridas pelos trabalhadores, com a consequente incapacidade física
que ocorria em alguns casos, eram comuns antes desta lei. Muitos
trabalhadores que sofriam lesão por prática ocupacional tinham que arcar com
as despesas médicas e sem as condições laborativas para retorno ao trabalho.
O empregador não desempenhava papel algum e não tinha nenhum interesse
na prevenção da ocorrência de lesões, pois, o trabalhador lesionado ficava com
o ônus da recuperação. Com o advento desta lei, o empregador assumia a
responsabilidade de compensar os custos relativos à lesão ocupacional. Em
função deste acontecimento iniciou-se a preocupação dos empregadores em
reduzir a incidência destas lesões. Esta lei foi um marco para o
estabelecimento de práticas ocupacionais adequadas e de condições de
trabalho seguras(12).
As doenças osteomusculares são uma das principais causas de
morbidade na população em geral e tem um forte impacto negativo na
17
qualidade de vida do indivíduo, demandando frequentemente atendimento
médico mesmo nos casos simples, e um desafio nos casos crônicos. São
objeto de preocupação constante pela sua alta ocorrência entre todas as
classes de trabalhadores e diversidade de ocupações, pelo potencial lesivo a
saúde que apresentam e pelo alto custo social e econômico que acarretam.
A ocorrência destas patologias promoveu um incremento no custo do
processo de produção industrial e causou um impacto negativo na capacidade
produtiva de cada nação industrializada. Santana et al (2006) (45) em um
estudo sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com afastamento
temporário na Bahia, no ano 2000, encontraram 509.062 dias de trabalho
perdidos com duração média de 113 dias, sendo responsáveis por R$
8.492.762,00 de benefícios concedidos no respectivo ano. A incapacidade
laborativa associada às doenças osteomusculares tem se tornado um sério
problema social. Estas patologias apresentam estreita relação com o ambiente
de trabalho, multifatorialidade (5), (11) e freqüência elevada (14) na população das
classes produtivas. Sua prevenção, a identificação das causas associadas e a
promoção do retorno seguro às atividades laborativas (40), portanto, tornaram-se
tema de estudos no campo da saúde pública, mais especificamente da saúde
do trabalhador.
Inúmeros fatores têm sido apontados e estudados como responsáveis
pelo aumento da ocorrência dos problemas osteomusculares. Atualmente o
status sócio-econômico da ocupação tem sido considerado um fator
interveniente na etiologia dos problemas ocupacionais, entre os quais as
doenças osteomusculares.
18
O status sócio-econômico mais baixo tem apresentado pior prevalência
de doenças crônicas, e, consequentemente, influencia de forma negativa a
saúde. Em virtude da presença de estilo de vida inadequado e o acesso
desigual ao atendimento de saúde associado aos riscos ocupacionais, alguns
indicadores tem sido propostos para quantificar o status sócio-econômico da
ocupação. Dentre eles destaca-se o índice internacional sócio-econômico
(ISEI) da ocupação proposto por Ganzeboom e Treiman.
Este trabalho traz como objeto de pesquisa o estudo da ocorrência
destes quadros mórbidos frente ao status sócio-econômico das ocupações.
19
2 – REVISÃO DA LITERATURA
20
2 – REVISÃO DA LITERATURA
2.1 – Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT)
As doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho(4) representam
um grupo heterogêneo de patologias que acometem os tecidos moles do
sistema musculoesquelético, ocasionadas por movimentos e esforços repetidos
do corpo, ou por sobrecarga estática dos seus segmentos.
A denominação de doenças osteomusculares relacionadas ao
trabalho(13) (DORT) tem como sinonímia os termos “lesões por esforço
repetitivo” (LER), “doenças por trauma cumulativo” (DTC) ou “síndromes de
sobrecarga”. O termo DORT deve ser preferido principalmente pela
multifatorialidade destas lesões. A grande maioria das pesquisas acerca deste
tema inclui medidas de frequência, identificação de fatores de risco para sua
ocorrência, diagnóstico e condições de retorno ao trabalho.
As doenças musculoesqueléticas envolvem músculos, tendões ou
nervos e manifestam-se clinicamente por dor, desconforto ou parestesias em
determinada região do corpo. O cortejo clínico depende da lesão e pode estar
presente em diversas ocupações. O aparecimento tem que estar associado a
movimentos inadequados e/ ou postura estática inadequada. Incluem entorses,
estiramentos, roturas, lombalgia, dor, síndromes compressivas e doenças do
tecido conjuntivo e musculoesquelético quando estão associadas à exposição a
fatores de risco no ambiente de trabalho(4).
As doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho(42) podem ser
classificadas quanto à sua forma em:
21
A) Típicas – Os sintomas são relacionados a uma região anatômica precisa
(p.ex. ombro, cotovelo, punho, etc.) de início bem definido e com estreita
relação com o ambiente de trabalho, onde a supressão do fator desencadeante
associado ao tratamento adequado (clínico e/ou cirúrgico) produz bons
resultados.
B) Atípicas – Sintomas vagos e de início imprecisos, sem dados objetivos, com
dificuldade em definir-se uma área anatômica precisa. Os fatores
sociodemográficos, biopsicossociais e ambientais têm um papel importante na
sua gênese e sua não identificação pode levar a resultados ruins, mesmo na
adoção do tratamento tradicional adequado. Loisel et al (2002) (34) concluíram
que a reabilitação da capacidade para a atividade laborativa e as intervenções
no ambiente de trabalho, com o intuito de reduzir os fatores de risco, tinham um
efeito melhor nos casos de dor lombar crônica, reduzindo os episódios de
agudização, ao contrário do tratamento tradicional apenas.
Barbe e Barr (2006)(5) desenvolveram um modelo conceitual para as
alterações fisiopatológicas relacionadas com as doenças osteomusculares.
Eles postulam que possa haver três caminhos principais:
A) Reorganização do Sistema Nervoso Central.
B) Lesão tecidual.
C) Reorganização tecidual.
A reorganização neural ocorre em vários níveis do sistema nervoso
central (SNC) através de solicitações como aprendizado, dor crônica,
inflamação crônica, lesão de nervo periférico e atividades repetidas. A
22
neuroplasticidade refere-se a alterações anatômicas ou fisiológicas no neurônio
que ocorrem durante o desenvolvimento, regeneração, manipulações
experimentais ou atividade repetida através da sinapse(6).
Dor crônica, inflamação e lesão do tecido periférico resultam na ativação
repetida e/ou hiperestimulação das terminações aferentes nociceptivas do
corno posterior da medula espinhal. O estímulo sustentado aferente promove
uma grande liberação de neurotransmissores excitatórios, tanto
neuropeptídeos como aminoácidos, durante eventos agudos. Os receptores
nociceptivos se tornam hiperresponsivos, pois ampliam seus campos
receptores e aumentam a excitabilidade de neurônios secundários. Estas
alterações contribuem para a hiperalgesia associada à dor crônica e
inflamação.
Alterações patológicas que promovem a entrada de informações neurais
continuamente também resultam em reorganização do tronco cerebral e
regiões corticais.
As lesões musculotendíneas resultantes das atividades ocupacionais
repetitivas e/ou forçadas desencadeiam um processo inflamatório inicial. Este
processo inflamatório inicial visa reparar ou repor os tecidos lesionados por
tecido saudável. Quando o estímulo nocivo se perpetua, desenvolve-se um
ciclo vicioso com inflamação crônica local ou sistêmica, com formação de
fibrose e em último estágio falência tecidual. Este último estágio resulta em dor
e perda da função motora do segmento acometido.
23
A extensão e a gravidade destas alterações são dependentes do esforço
ocupacional (duração e nível). Xu e Murrel (2008) (57) afirmam que há um
aumento das fibras nervosas substância P-positivo em tendões degenerados
em relação aos normais.
Algumas substâncias(5) estão aumentadas durante este processo. O
fator de crescimento vascular endotelial e prostaglandina E2 (PGE2) aumentam
em pacientes com 4 a 7 semanas de sintomas. Alterações fibróticas estão
presentes em pacientes com sintomas de longa duração, acima de 7 meses.
A PGE2 causa vasodilatação e edema por aumento de permeabilidade.
Todavia o fator de crescimento endotelial vascular tem um papel durante a fase
crônica através do estímulo da proliferação celular muscular lisa.
Outra substância que desempenha um papel é a interleucina 6 (IL-6) que
possui propriedades inflamatórias e anti-inflamatórias, é bem regulado pelas
citocinas e normalmente não é detectado na corrente sanguínea.
Excepcionalmente pode ser detectado em situações de trauma, infecção e
estresse celular, pois a interleucina 6 responde precocemente às citocinas. A
IL-6 age induzindo o crescimento celular e proliferação além de reações da
fase aguda. As suas ações antiinflamatórias incluem a indução do antagonista
do receptor sérico da interleucina 1 e do receptor solúvel do fator de necrose
tumoral.
O tratamento inicial é não farmacológico, através de atividade física e
terapia cognitiva. Quando houver componente nociceptivo, os analgésicos são
a linha terapêutica inicial. Em alguns pacientes, sem resposta com a terapia
24
analgésica, o uso de antidepressivos e anticonvulsivantes deve ser avaliado
com cautela pelo especialista. Quanto ao tratamento cirúrgico, as lesões
anatômicas e compressões nervosas que não respondem ao tratamento
conservador devem ser abordadas pelo especialista, com o intuito da melhora
do nível funcional e recuperação da atividade laboral.
A DORT(9) agrava sua problemática clínica e ocupacional quando a dor
persiste além do tempo esperado para a redução do processo inflamatório e
para a cicatrização dos tecidos, não se encontrando simultaneamente achados
patológicos nos ossos, articulações, tendões ou músculos.
2.2 – Epidemiologia
As doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho são a causa
principal de incapacidade entre trabalhadores em idade economicamente ativa.
Segundo Louis et al(35) apenas nos Estados Unidos as DORT são
responsáveis por mais de 12 milhões de consultas médicas anuais.
Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social do Brasil (14), as
doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, em dezembro de 2007,
representavam em torno de 30% (306.883 casos) dos auxílios-doença urbanos
ativos, caracterizando-se como o principal grupo do CID 10 (Código
Internacional de Doenças 10ª versão).
Segundo US Bureau of Labor Statistics, em 2005, houve 4,2 milhões de
lesões e doenças ocupacionais não fatais reportados pelas indústrias privadas
nos Estados Unidos. Entorses e estiramentos responderam por
aproximadamente 42% das lesões que provocaram afastamento do trabalho. A
25
parte do corpo mais acometida neste tipo de lesão foi o tronco, com 63% dos
casos.
Segundo Nguyen et al (2007) (40) há uma preocupação crescente com o
retorno ao trabalho e os custos relacionados ao absenteísmo devido a doenças
osteomusculares, como a lombalgia. No período de 1991 a 2001 nos EUA(10),
os valores de indenização individual e custos médicos sofreram um incremento
de 39 e 62 %, respectivamente.
Existe um aumento do número de casos relatados de doenças
musculoesqueléticas dos membros superiores, que incluem uma variedade de
doenças nervosas e neuromusculares, nas últimas décadas(22). Os dados do
Bureau of Labor Statistic de 1994(56) demonstraram uma taxa de incidência
variando de 1 a 21%, em ocupações de alto risco. Segundo revisão feita pelo
National Institute for Occupational Safety and Health(11),(56) (NIOSH) dos
EUA, avaliando a correlação entre a ocorrência de tenossinovite e atividade de
trabalho, a prevalência variou entre 4 e 56% nos trabalhadores expostos e 0%
e 14% nos não expostos. Uma revisão de 20 estudos epidemiológicos(11) que
avaliaram a relação entre patologias musculoesqueléticas do ombro e fatores
do ambiente do trabalho sugeriu existir uma associação positiva entre o
trabalho altamente repetitivo e doenças no ombro. As ocupações(11),(56) com
alta exposição a movimentos repetitivos tem 2 a 6 vezes mais problemas no
ombro quando comparadas àquelas com baixa exposição. Em relação à
epicondilite do cotovelo(11)(56) a relação encontrada foi de 1,2 a 3,5 vezes
mais em ocupações com alta frequência de movimentos repetitivos que
envolvessem a musculatura do antebraço.
26
2.3 – Fatores que interferem na ocorrência de DORT
Inúmeros esforços têm sido feitos para a compreensão dos fatores
causais das DORT com o objetivo de propor ações que reduzam tanto sua
incidência quanto a incapacidade gerada, seja temporária ou definitiva.
Segundo Valachi e Valachi (2003) (49), as causas de dor muscular e DORT
são multifatoriais.
A identificação dos fatores de risco que contribuem para a cronificação
do processo mórbido é fundamental para o tratamento precoce e a pronta
recuperação.
Segundo Pardini (2000) (42) os fatores predisponentes para as lesões
musculoesqueléticas se dividem em constituição física, ou vulnerabilidade
individual, e fatores relacionados ao trabalho.
Dentre os fatores relacionados ao tipo de atividade ocupacional e do
ambiente encontram-se os fatores biomecânicos, quais sejam, força, repetição,
postura, vibração e temperatura.
Existem também os fatores psicossociais(30),(42),(51) onde se pode
destacar a monotonia, a falta de autonomia e a estrutura psicológica individual.
O aumento da faixa etária(56), a história prévia de queixas
osteomusculares e a postura inadequada estão entre os fatores de risco para
episódios novos de DORT. A determinação prévia destes fatores nos
trabalhadores tem um impacto(8) relevante na redução do índice de
absenteísmo, da inatividade e no custo dispensado tanto pelo trabalhador
quanto pelo empregador.
27
Estes fatores podem também ser chamados de fatores intrínsecos e
extrínsecos. Os fatores intrínsecos são aqueles relacionados ao indivíduo, os
quais aumentam a ocorrência de patologias osteomusculares (por exemplo:
idade, sexo, etc.). Os fatores extrínsecos compreendem os fatores sociais e
ambientais que interagem com o indivíduo (por exemplo: tipo de ocupação,
nível sócio-econômico, etc.).
A presença de dor e sua severidade na DORT estão associadas tanto
com os fatores intrínsecos como os extrínsecos. Dos fatores, os individuais(36),
tais como idade e sexo apresentam correlação não linear. Este fato corrobora
que outros fatores interagem tanto de forma positiva quanto negativa nesta
correlação, sendo necessária a identificação deles.
Vários fatores ergonômicos(19),(46) têm sido extensamente estudados
como a repetitividade da atividade de trabalho, estresse mecânico, postura e
força extremada. Estudos epidemiológicos(53) demonstraram que alguns
destes fatores estão presentes em trabalhadores de diferentes ocupações.
Segundo Arvidsson (2008) (3) o conhecimento dos fatores com impacto na
saúde dentro do ambiente de trabalho, importantes nos pacientes que possuam
doenças osteomusculares, poderia ser utilizado para aperfeiçoar as estratégias
de tratamento e definição de um programa para a promoção de saúde em
vários trabalhos industriais e administrativos, como sugerido por Piligian et al
(2000)(43).
Werner (2006) (55) sugeriu que os estudos epidemiológicos estimulam o
desenvolvimento e a promoção de medidas preventivas como a definição do
tipo de atividades manuais com o intuito de reduzir a incidência e o impacto das
28
patologias osteomusculares relativas aos membros superiores (mão, antebraço
e braço).
2.3.1 – Escolaridade
Recentemente tem se debatido sobre outros fatores(11), (27), (39), (41),
(46) que possam ter impacto na ocorrência das DORT, sejam eles positivos ou
negativos. O baixo nível educacional, sobrecarga ocupacional e estresse
ambiental aumentado podem desencadear baixa resistência às doenças
quando somados a fatores de natureza hereditária, devido à baixa percepção
dos sintomas e a dificuldade de incorporar medidas preventivas.
Volkers et al (2007) (52) sugerem em seu trabalho que o baixo nível
educacional constitui um risco adicional para a saúde propiciando a presença
de doenças. Segundo o trabalho de Jacobsson et al (1992) (27), o baixo nível
educacional formal foi associado com um risco aumentado de doenças
osteomusculares pelo fato dos trabalhadores apresentarem também um estilo
de vida inadequado.
Dentre os fatores individuais, Manek e MacGregor (2005) (36)
destacaram que o nível educacional tem um papel importante para cronificação
do processo de dor lombar.
Brox et al (2008) (15) encontraram fortes evidências que a educação
formal individual, ou mesmo a educação fornecida em curto período de tempo
com o objetivo de incorporar medidas preventivas na prática da atividade diária,
obteve melhores resultados na redução da incapacidade laborativa que o
tratamento convencional isolado.
29
2.3.2 – Sexo
Há diferença entre a prevalência de lombalgia e tendinites quando
avaliada sua ocorrência nos sexos masculino e feminino. English et al (1995)
(18) avaliaram 580 casos de trabalhadores com queixas de tendinopatias e
encontraram uma frequência relativa de 70% de mulheres nos casos avaliados.
Miranda et al (2005) (38) realizaram um estudo na Finlândia entre 2000 e 2001
com uma amostra de 8028 indivíduos e encontraram uma prevalência maior no
sexo feminino nos trabalhadores de dor no ombro não-específica em relação
ao sexo masculino, porém quando avaliaram quanto à patologia do manguito
não encontraram diferença entre os grupos estudados.
As mulheres(47) apresentam sintomas mais frequentemente que os
homens. Os sintomas variam desde os relativos aos problemas dos
tendões(47) (parestesias, redução da força, dor nos dedos e punhos) aos
problemas lombares(37). Esta variação é atribuída a diferenças
anatomofuncionais(37). A menor massa óssea, menor resistência muscular,
menor braço de alavanca dos braços e pernas, articulações mais instáveis (por
possuírem ligamentos com maior flexibilidade por ação estrogênica)
associadas à menor força muscular (em torno de 30%) são os fatores que
desempenham um papel nesta diferença.
2.3.3 – Faixa Etária
O aumento da faixa etária apresenta correlação direta com o aumento
da incidência de lesões musculotendíneas, sendo, portanto, um fator de
confundimento. A redução do percentual de água na composição corporal com
30
a progressão da idade, com a consequente redução da elasticidade e
flexibilidade, predispõe um aumento no risco das lesões musculotendíneas.
A freqüência de tendinite de ombro não-traumática em indivíduos não
expostos a movimentos de repetição antes dos 40 anos é baixa, em
comparação aos indivíduos acima dos 40. Werner et al (2005) (56)
encontraram que os indivíduos acima dos 40 possuem 76% chance de adoecer
em relação à faixa etária mais nova. O aumento da faixa etária determina um
risco aumentado para tendinite, principalmente relacionada à lesão por
movimento repetitivo, pois a exposição e sobrecarga cíclica, com contrações
repetidas desencadeiam tensões acima da capacidade de adaptação e de
reparo tecidual encontrados em tendões mais jovens. O processo inflamatório
crônico associado às alterações secundárias propicia maior frequência de
novos eventos. Os estudos demonstram este aumento. Segundo o trabalho de
Lin et al (2008) (33), a prevalência de dor no ombro nos pacientes acima de 50
anos variou entre 21 e 27% em estudos de comunidade e hospitalares.
Outros fatores etiológicos(42) relacionados à idade também
desempenham um papel importante, como os efeitos degenerativos e a
hipovascularização do tendão. Os trabalhadores com maior faixa etária(16) são
mais suscetíveis a terem maior tempo de afastamento provavelmente por seu
menor metabolismo e processo de cicatrização mais lento.
Todavia Matos et al (2008) (37) encontraram uma relação inversa no seu
estudo. Eles conduziram um estudo seccional em ambos os sexos com uma
faixa etária entre 20 e 59 anos, cobertos por um plano de saúde totalizando
uma população de 775 indivíduos. Eles aplicaram um questionário auto-
31
respondido que incluía questões socioeconômicas, demográficas, ocupacionais
e de estilo de vida. Eles encontraram, realizando uma análise de regressão de
Poisson, uma tendência de menor frequência de dor lombar à medida que
aumentava a faixa etária. Os autores justificaram pelo fato que os
trabalhadores de maior faixa etária estariam em maior número em cargos de
chefia e administrativos estando, pois, afastados de sobrecarga mecânica.
2.3.4 – Tipo de Ocupação
A associação das lesões osteomusculares com determinados tipos de
trabalho tem sido documentada. O tipo de ocupação enseja no seu contexto
determinado risco, pois cada tipo de ocupação apresenta seus riscos
ambientais específicos. Dentre os mais conhecidos está o uso habitual do
computador(48) que responde pela ocorrência de mais de 50% deste tipo de
lesões.
Os fatores de risco para o uso da informática têm ultrapassado os limites
da ocupação específica, atingindo quase universalmente os trabalhadores de
escritório. Estes fatores englobam o movimento repetitivo e rápido(43)
(atingindo de 20.000 até 200.000 digitações por dia), postura cervical estática,
postura da cintura escapular e extremidades distais inadequadas, períodos de
recuperação insuficientes e características da organização do trabalho.
Vários grupos ocupacionais, dentro do ambiente industrial, apresentam
alta incidência de queixas musculoesqueléticas, como operadoras de
máquinas, em virtude do trabalho repetitivo e monótono. A carga de trabalho
alta ocasionada pela necessidade de alto nível de concentração para um
32
resultado com elevado índice de acurácia, pode ser um fator causal na
prevalência de dor persistente no pescoço e ombro.
Engels et al (1996) (17) observaram que a duração (tempo de trabalho)
em determinada atividade está associada com queixas tanto cervicais e de
membros superiores como lombares.
Segundo Puriene et al (2008) (44), ocupações com alta prevalência de
doenças físicas, como os dentistas, podem ser resultado da ausência de
entendimento dos princípios ergonômicos, ambiente de trabalho desconfortável
e efeitos da postura sentada.
2.3.5 – Status Sócio-Econômico
O baixo status sócio-econômico está relacionado com um aumento da
prevalência de várias doenças, como já amplamente descrito na literatura
científica. Varela et al (2009) (51) referem que o estilo de vida associado aos
fatores ambientais/ ocupacionais (riscos ocupacionais) são responsáveis por
este aumento.
Na direção da identificação e quantificação da importância do status
sócio-econômico das ocupações na ocorrência de DORT, Ganzeboom e
Treiman (1996) (23) propuseram um índice (ISEI - International Socio-
Economic Index) no qual estratificaram as ocupações. Este índice foi derivado
de um modelo quantitativo construído a partir de uma pesquisa efetuada em 16
países, para a coleta de variáveis como: educação, ocupação, idade e renda;
onde foram avaliados 73901 trabalhadores. Segundo Volkers et al (2007) (52) a
ocupação, educação e renda são complementares porém não são
33
intercambiáveis, concluindo que existe uma rede conceitual na qual há uma
inter-relação entre estas variáveis sendo responsável pelas as disparidades
encontradas na saúde dos trabalhadores. Eles sugerem que existem outras
variáveis que traduzem mais adequadamente esta relação. Eles avaliaram o
status sócio-econômico em relação à determinados desfechos. Os achados de
Volkers sugerem que o status sócio-econômico da ocupação (quantificado pelo
ISEI) é um relevante indicador de disparidades na saúde e reforça a
necessidade de utilizar mais um indicador do que os tradicionais (renda e
educação) já utilizados amplamente.
2.4 – Categorias de Doenças Osteomusculares mais freqüentes: Lombalgia e
Tenossinovites
2.4.1 – Lombalgia
Lombalgia(31) é definida como uma dor localizada entre a 12a costela e
as cristas glúteas inferiores, com ou sem dor nas pernas. A maioria dos casos
não apresenta uma causa específica, mas em 5 a 10% dos casos a etiologia é
identificada. As causas identificadas de lombalgia variam desde condições
degenerativas, condições inflamatórias, causas infecciosas e neoplásicas,
doença metabólica óssea, dor referida, dor psicogênica, trauma e doenças
congênitas.
A lombalgia não específica(31) é definida como dor lombar sem
patologia identificável. A lombalgia também pode ser dividida quanto ao
tempo(31) em aguda (duração menor de 6 semanas e sem episódio nos 6
meses anteriores); subaguda (duração entre 6 semanas e 3 meses e sem
34
episódio nos 6 meses anteriores) e crônica (duração maior que 3 meses ou que
ocorre episodicamente em intervalos menores que 6 meses).
A lombalgia(2) é uma das patologias músculo-esqueléticas mais
frequentes no consultório médico, apresentando uma alta incidência e
prevalência na população em geral. Esta patologia é uma das principais causas
de absenteísmo no trabalho, constituindo-se em um dos principais temas da
saúde ocupacional e que necessita de atendimento médico e gera um custo
adicional no processo produtivo(8). A prevalência durante toda a vida tem sido
estimada entre 60 a 90%(31).
Metade dos pacientes com queixas de lombalgia geralmente ficam
assintomáticos no período de 2 semanas e, em até de 90% dos casos, em 3
meses(54). Após 1 ano espera-se que menos de 2% dos casos se manterão
com dores persistentes. Aproximadamente 90% dos trabalhadores retornam ao
trabalho antes dos dois meses.
Bell e Burnett (2009) (8) sugerem que a prevenção de novos episódios
é através da identificação dos trabalhadores em risco de desenvolver lombalgia
crônica, o que terá um impacto positivo na redução da incapacidade a longo
prazo. Matos et al (2008) (37) fizeram um estudo transversal em 775
trabalhadores entre 20 e 59 anos e encontraram uma prevalência de dor na
coluna vertebral de 71,5%, sendo o segmento lombar com 52,8%. A freqüência
de dor lombar que motivou a consulta médica foi de 6,9% com uma taxa de
ausência ao trabalho de 0,4%. A freqüência no sexo feminino foi de 54,2%,
com faixa etária de maior incidência entre 30 e 49 anos (64,4%). Quanto à
escolaridade 74,4% tinham o nível superior completo.
35
Jacobsson et al (1992) (27) verificaram que a frequência de lombalgia
apresentava associação estatisticamente significativa quando avaliados o nível
educacional formal (p<0.01) e a sobrecarga de trabalho autoreferida (p<0.01).
Quando avaliados os índices de massa corporal (IMC), os níveis de colesterol e
os níveis de triglicerídeos não houve associação nem no grupo de lombalgia
nem no grupo de tendinite. Quando avaliado a variável fumo o grupo de
lombalgia apresentou maior consumo que o controle (p<0,002)(27).
2.4.2 – Tendinites e Tenossinovites
As lesões tendinosas são frequentes(27) e acometem tanto atletas
recreacionais e profissionais como vários tipos de trabalhadores envolvidos
com trabalho repetitivo. Jacobsson avaliou um grupo com diferentes formas de
tendinite que apresentou diferença na frequência em relação aos tipos de carga
de trabalho autoreferida (20% nos submetidos a uma carga alta e 13% nos
trabalhadores com menor carga mecânica) e condições sociais piores (27%
nos níveis sociais mais altos em comparação aos 36% nos mais baixos) apesar
desta não ser estatisticamente significativa.
Hagberg and Wegman (1987) (24) concluíram que o risco de adquirir
tendinite foi 11 a 13 vezes maior em ocupações que envolviam trabalho com a
mão elevada ao nível, ou acima, do ombro, quando comparados com os
trabalhadores em geral. Latko et al(1999) (33) conduziram um estudo em 352
trabalhadores de 3 companhias diferentes e encontraram taxas de prevalências
distintas entre trabalhadores com baixa repetição de movimentos (4,2%) e
aqueles com alta repetição de movimentos (14,5%).
36
O aumento dos níveis de força durante o trabalho, em uma posição não
funcional, e com repetições é um fator de risco para o desenvolvimento de dor
no punho e mão, principalmente tendinite dos extensores. As lesões
musculotendíneas resultam de demandas repetitivas ou forçosas através de
estiramento, compressão, fricção, isquemia e esforço. É desencadeada uma
resposta inflamatória que, se perpetuado o esforço repetitivo, submete o tecido
a um ciclo vicioso de lesão com inflamação crônica ou sistêmica e fibrose. O
resultado final é dor e perda da função motora.
Estas duas patologias (tendinites/ tenossinovites e lombalgia)
apresentam uma alta frequência na população sendo os principais
responsáveis pelo absenteísmo dos trabalhadores dentro dos distúrbios
osteomusculares. A multifatorialidade causal das patologias remete aos
pesquisadores a identificação de variáveis que justificariam comportamentos
distintos destas patologias nos trabalhadores como o status sócio-econômico.
37
3 – OBJETIVOS
38
3 – OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar a associação entre o status sócio-econômico da ocupação e a
ocorrência de dor lombar e tendinites/tenossinovites.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Caracterizar a população estudada segundo a ocupação.
• Avaliar a prevalência de lombalgia e tendinites/tenossinovites segundo a
ocupação.
• Classificar as ocupações identificadas segundo o Índice Sócio-Econômico
(ISEI)
• Avaliar a prevalência de lombalgia e tendinites/tenossinovites segundo o
índice socioeconômico da ocupação
39
4 – METODOLOGIA
40
4 – METODOLOGIA
Base populacional do Estudo
População submetida a PNAD 2003 (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) com ocupação definida e que tenha sido codificada.
A PNAD, que é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), é um inquérito de base populacional, com abrangência
nacional. O suplemento saúde iniciado em 1998 apresenta dados sobre
determinados desfechos (por exemplo, tendinites/ tenossinovites e dor na
coluna ou nas costas). A PNAD 2003(26) foi efetuada entre os dias 21 e 27 de
setembro de 2003.
Todos os trabalhadores da amostra foram codificados através do Índice
Sócio-Econômico (ISEI) conforme proposto por Ganzeboom e Treiman(23).
Este índice deriva dos indicadores: renda, ocupação e escolaridade. Ele
categoriza as ocupações em escala numérica de acordo com o seu status
social e econômico, variando entre os valores 16 e 90, sendo o maior valor
para ocupações com maior status sócio-econômico.
Neste estudo foram excluídos todos os trabalhadores que as ocupações
não tiveram codificação pareada com índice sócio-econômico.
Desenho de Estudo:
41
Estudo observacional, do tipo seccional, onde a população sob estudo
(grupo estudo) constitui-se de uma amostra da população de trabalhadores
submetidos à PNAD.
Variáveis do Estudo:
Exposição: os trabalhadores foram codificados conforme a ocupação segundo
o ISEI.
Confusão (ou modificador de efeito):
Faixa etária,
Educação
Sexo (masculino ou feminino).
Desfechos: frequência de tendinites/ tenossinovites e dor nas costas
(lombalgia).
Fontes de dados:
1. Banco de dados provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio.
Análise de dados:
As análises foram realizadas com o programa SPSS 13.0. Inicialmente
foi realizada uma análise exploratória dos dados, sendo os resultados
apresentados através das prevalências das patologias osteomusculares
(tendinites/ tenossinovites e dor na coluna ou nas costas) segundo as
diferentes variáveis de confundimento. Foram realizados os cálculos das taxas
42
de prevalência nos grandes grupos ocupacionais e nas ocupações específicas.
As variáveis de estudo foram submetidas a um modelo de regressão linear
sendo calculados os intervalos de confiança de 95% segundo os quintis
relativos ao Índice sócio-ecônomico proposto por Ganzeboom e Treiman.
Aspectos Éticos
Os procedimentos nesta pesquisa foram respeitados os procedimentos
éticos da Declaração de Helsinque e da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos que exige
aprovação do projeto por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
institucionalmente formalizado. Seguiu as normas de realização de pesquisa da
Instituição proponente (Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ), em virtude do
banco de dados ser de acesso público o trabalho foi realizado, respeitando as
normas vigentes, sob a supervisão dos orientadores.
Quanto à transferência de resultados, o projeto contempla a divulgação
dos resultados da pesquisa.
No tocante à análise crítica dos riscos e benefícios, trata-se de um grupo
populacional em que as pessoas estão expostas a diferentes fatores de risco
em seus diferentes ambientes.
As propriedades das informações geradas são de uso exclusivo da
equipe de pesquisa e o pesquisador responsável (coordenador) garante que
nenhuma pessoa estranha à equipe de pesquisadores terá acesso aos dados,
para que se preserve a confidencialidade das informações, quando for o caso.
Não obstante, a divulgação dos resultados da pesquisa deverá ser pública.
43
Finalmente, no que tange aos critérios para suspensão ou encerramento
da pesquisa, caso ocorra algum motivo imprevisto, a suspensão ou
encerramento da pesquisa seria decidido após discussão com todos os atores
sociais envolvidos e análise das razões pelos responsáveis pelo Projeto.
44
5 – RESULTADOS
45
5 – RESULTADOS
O sexo feminino na população estudada apresentou maior prevalência
de tendinite (ou tenossinovite) que o sexo masculino. Os pacientes na faixa
etária de 36-65 anos apresentaram uma prevalência maior de dor na coluna ou
nas costas e de tendinite ou tenossinovite, quando comparado com a faixa
etária menor (18-35anos). O grupo de menor escolaridade apresentou maior
prevalência quanto à dor na coluna ou nas costas e, o de maior nível
educacional, maior prevalência de tendinite ou tenossinovite (Tabela 1).
Tabela 1 - Principais Características da Amostra
Dor na coluna ou nas costas Tendinite ou tenossinovite
A) Sexo
Masculino 13019 (50,3%) 1675 (35,2%)
Feminino 12863 (49,7%) 3079 (64,8%)
B) Idade
18-35 7575 (29,3%) 1618 (34,0%)
36-65 18307 (70,7%) 3136 (66,0%)
C) Escolaridade
Baixa 10073 (38,9%) 1338 (28,1%)
Média 8577 (33,1%) 1234 (26,0%)
Alta 7232 (28,0%) 2182 (45,9%)
Fonte: PNAD
46
Na tabela 2 apresentam-se os dados de prevalência das patologias
estudadas nos grandes grupos ocupacionais. O grupo de trabalhadores
agrícolas foi o que apresentou maior prevalência de dor nas costas, com taxa
de 19,6% do total de trabalhadores inseridos nesta atividade. Quanto à
prevalência de tendinite ou tenossinovite nos grandes grupos ocupacionais, os
profissionais das ciências e das artes e os trabalhadores de serviços
administrativos foram os que apresentaram maior prevalência, respectivamente
6,3% e 5,2%.
Tabela 2 – Prevalência das doenças osteomusculares por grandes grupos ocupacionais
GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
Tem dor na
coluna ou nas
costas ?
% (n)
Tem tendinite ou
tenossinovite ?
% (n)
Dirigentes em geral 16% (1324) 4% (334)
Profissionais das Ciências e das Artes 16,7% (1698) 6,3 %(639)
Técnicos de Nível Médio 14,7% (1798) 3,8% (469)
Trabalhadores de Serviços Administrativos 12,9% (1726) 5,2% (701)
Trabalhadores de Serviços 18,4% (5926) 3,2% (1035)
Vendedores e Prestadores de Serviços do Comércio 16,1% (2649) 2,4% (395)
Trabalhadores Agrícolas 19,6% (4146) 1,4% (290)
Trabalhadores da Produção de Bens de Serviços
Industriais
16,4% (6047) 2,3% (861)
Membros das Forças Armadas e Auxiliares 10,3% (167) 2% (32)
Fonte: PNAD
47
Na tabela 3 demonstra-se a taxa de prevalência das patologias
estudadas em algumas ocupações específicas extraídas de grandes grupos
ocupacionais distintos. Observa-se a ocorrência de taxas elevadas de dor
lombar ou tendinites/ tenossinovites nestas ocupações. Para dor na coluna ou
nas costas podemos observar taxas de até 29,85% (em comparação aos
19,6% apresentados pelos trabalhadores agrícolas). No desfecho tendinites ou
tenossinovites obtivemos taxas de até 11,11% (em comparação aos 6,3% dos
profissionais das ciências e das artes). Estas ocupações foram escolhidas pela
sua maior prevalência, e observamos que houve ocupações com elevada
prevalência mesmo de grandes grupamentos ocupacionais e com riscos
ergonômicos e ambientais diferentes.
As ocupações de “confeccionadores de artefatos de madeiras” (29,85%),
“professores de alunos com deficiências físicas e mentais” (28,81%),
“procuradores de empresas” (28,57%), e “produtores na pecuária” (27,46%)
apresentaram maior prevalência de dor na coluna ou nas costas quando
comparados à prevalência observada no grupo de trabalhadores agrícolas.
Quando avaliados quanto à tendinite e tenossinovite as ocupações de
“caixas de banco” (11,11%), “administradores” (10,66%), “analistas de
sistemas” (10,63%), “técnicos em programação” (10,39%) e “dirigentes gerais”
(9,68%) apresentaram aumento da taxa de prevalência em relação ao próprio
grande grupo ocupacional (trabalhadores de serviços administrativos) e ao dos
profissionais das ciências e das artes.
48
Tabela 3 – Taxas de Prevalência das Doenças Osteomusculares segundo ocupações específicas
Ocupações Específicas Tem dor na coluna ou nas costas* Tem tendinite ou tenossinovite**
Confeccionadores de artefatos de madeira, móveis de vime e afins 29,85%
1,5%
Professores de alunos com deficiências físicas e mentais 28,81%
1,7%
Procuradores de empresas 28,57% 7,1%
Produtores na pecuária 27,46% 1,7%
Caixas de banco e
operadores de câmbio 19,14% 11,11%
Administradores 13,93% 10,66%
Analistas de sistemas 15,95% 10,63%
Técnicos de programação 14,61% 10,39%
Dirigentes gerais 21,00% 9,68%
Fonte: PNAD
Na tabela 4 apresenta-se a prevalência relativa segundo os quintis
baseados no Índice Sócio-econômico proposto por Ganzeboom e Treiman, o
primeiro quintil (1º quintil) correspondendo ao ISEI mais baixo e o quinto quintil
ao mais alto. Observou-se um aumento da prevalência de dor na coluna ou nas
costas no 1º quintil em relação ao quinto quintil (5º quintil) tanto no sexo
masculino quanto no sexo feminino. Ao se estratificar segundo o nível de
escolaridade, esta tendência se mantém, com o extrato de menor escolaridade
tendo maior prevalência de dor na coluna ou nas costas no quintil mais baixo
do índice sócio-econômico, o que não é observado no extrato de maior
escolaridade. Nos indivíduos de faixa etária mais alta esta tendência também
foi identificada.
49
Quanto ao grupo com tendinite ou tenossinovite foi observado um
aumento da prevalência relativa nos quintis mais altos em todas as variáveis
(sexo, faixa etária e nível de escolaridade).
Tabela 4 – Prevalência das Doenças Osteomusculares pelo Índice Sócio-econômico
VARIÁVEL ISEI quintis Tem dor na coluna ou nas
costas ?
Tem tendinite ou tenossinovite ?
1) SEXO Sim (%) Sim (%)
1 – Quintil mais baixo 4324 (17,2%) 315 (1,2%)
2 - Segundo quintil 2575 (16,3%) 264 (1,7%)
3 - Terceiro quintil 1962 (13,7%) 255 (1,8%)
4 - Quarto quintil 2229 (12,7%) 367 (2,1%)
MASCULINO
5 – Quintil mais alto 1929 (13,6%) 474 (3,3%)
1 - Quintil mais baixo 2713 (23,0%) 341 (2,9%)
2 - Segundo quintil 4296 (20,6%) 764 (3,7%)
3 - Terceiro quintil 1282 (18,9%) 328 (4,8%)
4 - Quarto quintil 2468 (17,3%) 785 (5,5%)
FEMININO
5 – Quintil mais alto 2104 (17,0%) 861 (7,0%)
2) FAIXA ETÁRIA
1 - Quintil mais baixo 1478 (8,9%) 148 (0,9%)
2 - Segundo quintil 1915 (10,9%) 252 (1,4%)
3 - Terceiro quintil 1092 (9,1%) 208 (1,7%)
4 - Quarto quintil 1719 (9,2%) 481 (2,6%)
18 a 35 anos
5 – Quintil mais alto 1371 (10,6%) 529 (4,1%)
50
1 - Quintil mais baixo 5559 (27,3%) 508 (2,5%)
2 - Segundo quintil 4956 (26,0%) 776 (4,1%)
3 - Terceiro quintil 2152 (23,6%) 375 (4,1%)
4 - Quarto quintil 2978 (22,5%) 671 (5,1%)
36 a 65 anos
5 – Quintil mais alto 2662 (19,4%) 806 (5,9%)
C) NÍVEL EDUCACIONAL
1 - Quintil mais baixo 4146 (25,0%) 332 (2,0%)
2 - Segundo quintil 2858 (24,7%) 411 (3,6%)
3 - Terceiro quintil 1061 (19,2%) 134 (2,4%)
4 - Quarto quintil 1271 (16,9%) 233 (3,1%)
1- BAIXO
5 – Quintil mais alto 737 (14,6%) 228 (4,5%)
1 - Quintil mais baixo 2370 (14,1%) 230 (1,4%)
2 - Segundo quintil 3035 (16,5%) 436 (2,4%)
3 - Terceiro quintil 1189 (14,1%) 187 (2,2%)
4 - Quarto quintil 1368 (16,1%) 269 (3,2%)
2- MÉDIO
5 – Quintil mais alto 615 (17,0%) 112 (3,1%)
1 - Quintil mais baixo 521 (14,1%) 94 (2,5%)
2 - Segundo quintil 978 (14,4%) 181 (2,7%)
3 - Terceiro quintil 994 (13,9%) 262 (3,7%)
4 - Quarto quintil 2058 (13,0%) 650 (4,1%)
3- ALTO
5 – Quintil mais alto 2681 (15,0%) 995 (5,6%)
Fonte: PNAD
Na tabela 5 apresenta-se as estimativas de risco das morbidades
osteomusculares e a odds ratio ajustada pelos fatores de confundimento (faixa
51
etária, sexo e escolaridade) em relação ao ISEI. Observou-se que a chance de
ocorrência de tendinite ou tenossinovite aumentava na direção dos quintis mais
altos, mesmo ajustados, indicando uma tendência de associação entre a maior
ocorrência de tendinite ou tenossinovite com o aumento do status sócio-
econômico. Quanto a odds ratio de dor de coluna ou nas costas foi identificado
que os quintis mais baixos apresentaram maior razão de chance de ocorrência
da doença.
Tabela 5 – Odds Ratio das Morbidades Osteomusculare s e odds ratio ajustada por
gênero, faixa etária e escolaridade.
ISEI Quintis
Odds Ratio (Tendinite ou Tenossinovite – CI 95%)
Odds Ratio Ajustada (Faixa Etária, Sexo e Escolaridade)
Odds Ratio (Dor na Coluna ou nas Costas – CI 95%)
Odds Ratio Ajustada (Faixa Etária, Sexo e Escolaridade)
1º Quintil
1 1 1,31 (1,26-1,37) 1,12 (1,06-1,18)
2º Quintil
1,60 (1,44-1,76) 1,31 (1,17-1,46) 1,28 (1,23-1,34) 1,07 (1,02-1,12)
3º Quintil
1,57 (1,40-1,76) 1,70 (1,50-1,92) 1,01 (0,96-1,06) 1,04 (0,98-1,10)
4º Quintil
2,07 (1,88-2,29) 2,00 (1,79-2,23) 0,96 (0,92-1,01) 1,00 (0,95-1,05)
5º Quintil
2,93 (2,66-3,22) 2,45 (2,19-2,75) 1 1
Fonte: PNAD
52
O comportamento das morbidades osteomusculares não se alterou
quando ajustados pela faixa etária, escolaridade e sexo, mantendo a sua
tendência de maior prevalência nos quintis mais baixos quanto à dor na coluna
ou nas costas e nos quintis mais altos quanto à tendinite ou tenossinovite.
53
6 – DISCUSSÃO
54
6 – DISCUSSÃO
“Não sabemos o que podemos ensinar, mas sim
o que queremos aprender.”
Rodrigo Rodarte
A saúde pública visa estudar e identificar os determinantes do estado de
saúde de uma população e propor indicadores que permitam acompanhar sua
evolução e permitam a adoção de medidas de intervenção quando
necessárias. A área de Saúde do Trabalhador investiga a interface entre o
processo produtivo e o trabalhador e os eventos patológicos dela decorrentes,
além de identificar fatores de risco que alterem a prevalência de morbidades
relacionadas ao ambiente ocupacional.
O ambiente ocupacional enseja no seu contexto um amplo leque de
variáveis que ao interagir com o indivíduo desencadeiam desfechos
desfavoráveis em trabalhadores.
Os inquéritos de base populacional como a PNAD têm como aspecto
importante a coleta de informações de morbidades no seu caderno de saúde.
Barros et al (2006) (7) observaram que dentre as doenças mais frequentes
relatadas na PNAD 2003 estavam as osteomusculares, junto a hipertensão,
artrite e depressão na população em geral.
As doenças osteomusculares, em virtude da sua frequência, do custo do
tratamento, da redução da funcionalidade laboral e do desencadeamento de
co-morbidades, necessitam de recursos financeiros consideráveis para o
acompanhamento da saúde dos trabalhadores vítimas destas patologias.
55
Principalmente nos casos em que a incapacidade para o trabalho persiste além
do tempo médio para o retorno às atividades laborativas ocorre um aumento
desproporcional no volume de recursos despendidos pelo empregador, que
deve arcar com o custo do afastamento de um trabalhador e a necessidade de
relocação e qualificação de outro para o exercício desta função.
A ocorrência de diferentes patologias osteomusculares entre as
ocupações justifica-se pela existência de fatores de risco diferentes. A gênese
das doenças osteomusculares é comprovadamente determinada por uma
condição de multifatorialidade (2),(25), (28).
Um dos fatores intrínsecos que apresenta um papel importante no
desfecho das patologias osteomusculares é o sexo. A estratificação da análise
por gênero evidenciou uma maior prevalência de tendinite ou tenossinovite
entre as profissionais do sexo feminino, corroborando os achados de English et
al (1995) (18). Estes autores conduziram um estudo caso-controle com coleta
de dados em clínicas ortopédicas, em três cidades diferentes, obtendo uma
amostra de 1576 indivíduos (sendo 580 casos e 996 controles) e encontraram
uma prevalência maior do sexo feminino entre os casos e um predomínio do
sexo masculino entre os controles. Esta diferença encontrada também decorre
das variações anatômicas e funcionais presentes entre homens e mulheres,
onde a menor massa muscular, menor braço de alavanca e menor
condicionamento físico são fatores importantes.
O aumento da presença de doenças crônicas com a idade, como
mostram os dados da PNAD-2003, é fonte de interesse e preocupação por
parte dos serviços de saúde com o objetivo de reduzir o impacto na sociedade.
56
Neste estudo também se observa maior prevalência das morbidades
osteomusculares na faixa etária mais alta.
Este estudo observou as diferenças na prevalência das morbidades
osteomusculares entre os grandes grupos ocupacionais e entre ocupações
específicas. Determinadas ocupações apresentam comportamento semelhante
por serem desempenhadas dentro do mesmo ambiente ocupacional. Esperava-
se que as ocupações específicas apresentassem um comportamento
semelhante ao grande grupo ocupacional inserido, em virtude de haver dentro
do ambiente ocupacional riscos semelhantes, ergonômicos, biomecânicos e
psicossociais. As taxas de prevalência das ocupações específicas encontradas
neste trabalho demonstram um comportamento diferente dos grupos
ocupacionais onde estão inseridas. Alguns fatores podem justificar esta
diferença encontrada, dentre eles o status sócio-econômico.
Inquéritos de base populacional(52) realizados em outros países
mostram que as condições crônicas tendem a atingir mais frequentemente os
segmentos populacionais de menor nível socioeconômico. Provavelmente
nestes segmentos há uma falta de medidas de prevenção e promoção da
saúde tanto ao nível privado quanto público.
Observou-se neste trabalho que ocupações com riscos ocupacionais
diferentes, quando agrupadas pelo status sócio-econômico, mostram uma
tendência de variação com os desfechos osteomusculares. Houve um aumento
na prevalência de dor na coluna ou nas costas nos status mais baixos em
contrapartida houve um incremento da prevalência de tendinite e tenossinovite
nos quintis mais altos.
57
Vários mecanismos têm sido propostos(52) para explicar a relação entre
o nível sócio-econômico mais baixo e o aumento da taxa de morbidade e
mortalidade na população em geral, entre eles a dificuldade de acesso ao
atendimento à saúde e um ambiente psicossocial estressante.
Volkers et al(2007) (52) estudaram as diferenças na saúde baseadas no
status sócio-econômico através do ISEI. Eles sugerem que os níveis mais
baixos estariam com estilos de vida associados a maior prevalência de
morbidades em geral. Em contraste a educação e a renda, a ocupação
apresenta riscos ambientais próprios. Neste trabalho foi encontrado que o
status sócio-econômico mais alto teve maior prevalência de tendinite ou
tenossinovite. Este fato pode estar relacionado a representação dos quintis
mais elevados pelo ISEI de ocupações com atividades que requerem
movimentos repetitivos e de controle fino e estático como, por exemplo,
administradores de nível superior.
As ocupações sedentárias, principalmente as relacionadas com
prolongada posição ortostática (em pé) ou sentada, estão associadas com uma
maior frequência de dor lombar(25). As posturas inadequadas, os movimentos
repetitivos, a tensão muscular, a posição estática e o estresse são fatores
envolvidos na gênese da dor lombar que são encontrados em variadas
ocupações. Estes fatores são encontrados tanto em ocupações com ISEI
maiores, como docentes e trabalhadores técnico-administrativos como em
outras de menor ISEI.
Este estudo observou que houve maior prevalência de problemas de
coluna nos trabalhadores de menor status sócio-econômico. Esta observação
58
pode sugerir que este seja um indicador importante para a ocorrência destas
patologias, paralelo a exposição aos outros fatores de risco conhecidos, faixa
etária, sexo, ergonômicos, etc. A condição socioeconômica do trabalhador
poderia propiciar maior acesso a medidas preventivas, como práticas
relaxantes e fisioterapia e condições de vida melhores que atenuariam o
impacto dos outros fatores.
A lombalgia, dentro das desordens músculo-esqueléticas, é considerada
um problema de saúde pública, principalmente pela sua alta prevalência e o
conseqüente custo agregado elevado e pelo absenteísmo resultante dos casos
crônicos.
A lombalgia não específica, normalmente associa-se com uma função
laborativa reduzida que pode ser recuperada com uma grande variedade de
intervenções de reabilitação e não apenas com tratamento convencional para a
redução da dor. Novas estratégias podem ser utilizadas para prevenção. Nos
últimos anos observou-se um aumento da sua ocorrência com incremento das
consequências na função como a incapacidade laborativa. A lombalgia pode
estar influenciada pelo envelhecimento da população, aumento da obesidade e
estilo de vida sedentário. As medidas de promoção de saúde deve levar em
conta que existe um acréscimo de trabalhadores de maior faixa etária o que
ocasiona também um tempo elevado para incorporar novas práticas que
previnam e condicionem para a execução da ocupação de forma adequada. O
objetivo das medidas deve ser a redução da severidade e da frequência dos
eventos álgicos.
59
A eficácia da educação como método preventivo de problemas
osteomusculares tem sido debatido como importante na incorporação de
medidas que promovam melhor condicionamento para as atividades
laborativas. Programas de ergonomia dentro do ambiente de escritório já tem
sido sugeridos e implementados, todavia tais práticas ainda devem ser
implantadas em atividades fora do escritório.
Os trabalhadores devem aprender e incorporar conhecimento básico
corporal incluindo técnicas ocupacionais, relaxamento e ritmo, os diferentes
tipos de pausas necessárias para cada tipo de ocupação, o motivo delas e, o
uso adequado dos aparelhos, ferramentas e mobiliário.
Descanso e exercícios de pausa em usuários de computador
demonstram a redução dos sintomas ocupacionais (55% nos trabalhadores
com pausa e 34% sem pausa).
É importante a implementação de medidas efetivas para o diagnóstico e
tratamento das lesões músculo-esqueléticas nos trabalhadores de menor
renda, todavia deve haver o estímulo para o planejamento de programas de
intervenção e a formulação de propostas de prevenção e promoção de saúde
neste segmento.
As intervenções baseadas em exercícios têm como objetivo promover o
bem-estar e a mudança do curso natural da doença. A adesão dos
trabalhadores aos exercícios de manutenção, a longo prazo, reduz a dor
lombar baixa, principalmente quando associados a medidas cognitivas.
60
As populações de menor status sócio-econômico, como observado neste
trabalho, seriam beneficiadas de programas de reabilitação e de prevenção
para redução do impacto dos problemas de coluna ou nas costas. As medidas
educacionais devem ser estimuladas e repetidas neste segmento para a
internalização do conhecimento corporal e das atividades preventivas. O
resultado esperado seria uma queda na prevalência e o consequente efeito
secundário nos problemas por ela gerados.
A força deste trabalho encontra-se na grande base populacional avaliada
e no fato de as respostas se basearem em um diagnóstico prévio. E suas
limitações encontram-se na qualidade das respostas, pois depende do
entrevistado e não é proveniente de sua inclusão em uma base
institucionalizada (por exemplo: hospital). Outra limitação é que os estudos
observacionais são propensos ao efeito do trabalhador saudável. Normalmente
trabalhadores com problemas osteomusculares no processo seletivo não
procurariam ou não seriam selecionados para trabalhos com maior demanda.
Outro aspecto é que estes trabalhadores quando apresentassem os sintomas
poderiam ser alocados em outras áreas, e trabalhadores saudáveis
continuariam na área levando a uma redução na prevalência.
61
7 – CONCLUSÃO
62
7 – CONCLUSÃO
O presente trabalho identificou uma associação entre o status sócio-
econômico (ISEI) da ocupação com os desfechos tendinites/ tenossinovites e
dor na coluna ou nas costas.
A relação direta entre o entre o status sócio-econômico mais baixo e
uma maior prevalência nos dois desfechos estudados não foi identificada. A
probabilidade de ocorrência do desfecho tendinite ou tenossinovite foi maior
nos quintis mais altos do ISEI e a chance de ocorrência do desfecho dor na
coluna ou nas costas foi maior nos quintis mais baixos. Esta observação pode
indicar o status socioeconômico da ocupação como um dos fatores importantes
para a ocorrência das DORT. Os fatores que podem interferir na incidência das
doenças osteomusculares, tais como: idade, nível de escolaridade e sexo;
neste trabalho não alteraram a relação entre o status sócio-econômico medido
pelo ISEI e as patologias referidas.
Um possível desdobramento deste estudo seria avaliar as prevalências
das morbidades a partir de inquéritos específicos obtendo avaliações
ambientais ocupacionais específicas bem como avaliação clínica.
63
8 – REFERÊNCIAS
64
8 – REFERÊNCIAS
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71
9 – ANEXO
72
ANEXO I
Quadro 1 – Forma dos Riscos Ocupacionais
Risco Exemplos Setores/ categorias
Físico Temperaturas extremas: calor, frio e umidade
Ruído
Eletricidade
Radiação
Pressões anormais
Vibrações
Trabalhos juntos a fornos, caldeiras, siderúrgicos e fundições
Trabalhos com máquinas geradoras de ruído
Eletricistas e trabalhadores de manutenção
Trabalhos em usinas nucleares e Radiologistas
Mergulhadores
Operadores de máquinas pneumáticas
Químicos Solventes orgânicos
Mercúrio
Chumbo
Amianto
Sílica
Indústria química, petroquímica e de petróleo
Garimpo de ouro
Fábrica de baterias
Minas de amianto e setor de fibrocimento
Jateadores de areia no setor metalúrgico e naval
Biológicos Microorganismos patogênicos (p. ex. bactérias, fungos, parasitas, vírus e protozoários)
Animais peçonhentos
Mordidas de animais
Trabalhadores em ambientes fechados com ar-condicionado. Profissionais de saúde. Laboratórios de análises clínicas e de pesquisa em saúde pública
Trabalhadores agrícolas
Carteiros
Ergonômicos Sobrecarga física
Posturas inadequadas
Estivadores, carregadores, trabalhadores de linha de montagem. Postos de trabalhos mal projetados e com trabalho estático ou repetitivo.
Mecânicos Acidentes com quedas, veículos e máquinas
Construção civil, motoristas de transportes coletivos, operadores de máquinas
Organização do Trabalho
Trabalho repetitivo e monótono
Trabalho em turnos noturnos e alternados
Trabalho sob forte pressão e cobrança
Trabalhadores de banco, linhas de montagem e processamento de dados
Indústrias de processo contínuo e plantonistas de saúde
Setores em crise ou após reestruturações produtivas, redução de efetivos e aumento de responsabilidades
Adaptado: Medronho, Epidemiologia 2ª Ed.