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BOAS PRÁTICA DE ATER CAMINHADA DAS MULHERES DA AMARI NA PRODUÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS AGROECOLÓGICAS JI-PARANÁ/2015

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BOAS PRÁTICA DE ATER

CAMINHADA DAS MULHERES DA AMARI NA

PRODUÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS

AGROECOLÓGICAS

JI-PARANÁ/2015

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1. INTRODUÇÃO

Caracterização da situação antes da execução da prática.

No município de Ji-Paraná diversas hortas, tipo mandala, foram instaladas das quais oito (08)

delas foram para famílias da Linha 86 onde se encontra hoje o grupo de mulheres agroecológicas da

AMARI. Por um período de dois anos sem um acompanhamento técnico especializado a produção

de hortaliças deixou a desejar nessas hortas embora as mulheres já despertavam por mudanças

referente a luta pela soberania alimentar, a economia solidária, a preservação ambiental e a fixação

do jovem no campo. O acompanhamento era dado pela SEMAGRI – Secretaria Municipal de

Agricultura.

As mulheres isoladamente obtiveram algumas orientações técnicas para a preparação do

composto orgânico e do biofertilizante assim como para diversificação dos cultivos com base

agroecológica porem, sem compreender as funções ecológicas dos insetos e de ervas espontâneas

encontradas na atividade da agricultura.

As mulheres ao participarem do PAA por uma associação mista não agroecológica sentem a

necessidade em criar uma associação somente de mulheres agroecológicas com o intuito de

elevação da autoestima de suas participantes revalorizando suas condições de agricultoras

preocupadas com o respeito a vida e promovendo mudanças não só nas práticas de cultivo das

plantas, mas também nas relações sociais com os princípios éticos.

Eu, como técnico da EMATER, defensor e praticante da agricultura biodinâmica e por já ter

participado como facilitador em cursos na área agroecológica com as famílias na associação mista a

qual pertenciam essas mulheres, fomos convidados a colaborar na criação do estatuto e na

formação da AMARI, e, prestar assessoria técnica para as mesmas no segmento de uma agricultura

de base agroecológica.

Surge assim, com o apoio da Emater-RO a Associação das Mulheres Agroecológicas do

Riachuelo, AMARI, frente a necessidade de mudança de atitudes e pela busca de alternativas para

produzir alimentos mais saudáveis com responsabilidade social, com compromisso e qualidade.

A associação AMARI é composta por 22 mulheres da Linha 86, setor Riachuelo, com sua

sede localizada a 26 km do município de Ji-Paraná. Existe desde 2011 e congrega mulheres com

diferentes trajetórias de vida que se uniram entorno à objetivos comuns principalmente

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relacionados a sugerir propostas para o combate do êxodo rural dos jovens e à construção de

alternativas para a melhoria de vida e das rendas de suas famílias.

Aspectos gerais da prática:

As mulheres da AMARI adotam o manejo agroecológico, como tecnologia utilizada nas

unidades de produção familiar no município de Ji-Paraná, que contribui de forma positiva com

diversos fatores para a redução do impacto ambiental provocado pela agricultura na região, como:

a melhoria da capacidade produtiva do solo e da qualidade dos alimentos, além da redução dos

danos causados à saúde das pessoas quando utilizavam agrotóxicos nas plantações, inclusive nas

hortas tipo mandala e tendo como desfio o aumento da produção agroecológica.

Como estratégia de contribuir com a renda familiar indo além dos programas de políticas

públicas como o PAA – Programa de Aquisição de alimentos, surge a idéia do grupo em participar

de feira pública e oferecer produtos diferenciados, da agricultura orgânica, que não contêm

nenhum tipo de veneno e produzidos dentro do sistema agroecológico bem como melhorar a

qualidade de vida.

A feira acontece semanalmente possibilitando a troca de experiências entre produtoras e

consumidores de classes sociais diferentes que por ali passam por ela e os alimentos

comercializados pelo mesmo preço do produto convencional.

Como geram renda, os processos de comercialização, produção e organização das

mulheres são fatores de relevância e têm contribuído de forma positiva nas relações de gênero na

comunidade e na família. Antes da comercialização da produção na feira, existia a problemática do

grupo das mulheres agroecológicas, que tinham o excedente sempre vendido ao atravessador que

comprava das agricultoras por um preço baixíssimo.

Com a implementação da associação, tornou-se possível acessar programas do governo

federal, entre eles o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que trouxe grande motivação para

as mulheres, pela renda gerada para elas mesmas e suas famílias e o mesmo acontecendo com a

feira, a associação seguiu buscando o sonho de se adequar como OCS (Organismo de Controle

social), algo vislumbrado pelo grupo.

A formalização da AMARI como OCS uma das modalidades de certificação participativa via

MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), constante na legislação brasileira de

produção orgânica, recebeu todo o apoio técnico da EMATER – RO, assim como a continuidade na

estruturação existente de ATER, mantendo os encontros mensais para trocas de experiências entre

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as agricultoras que debatem questões importantes como planejamento da produção e organização

em geral.

2. OBJETIVO DA PRÁTICA:

Fortalecer a produção agroecológica, os processos e canais de comercialização e o

protagonismo das mulheres em bases da economia rural solidária.

3. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

No ano de 2011 foi criada a Associação das Mulheres Agroecológicas do Riachuelo – AMARI,

com 19 associadas. A Associação contou com o apoio da EMATER/RO através da elaboração de

estatuto social, fornecimento de assistência Técnica às propriedades, cursos de associativismo,

cooperativismo, homeopatia rural, produção orgânica, assessoria no planejamento e Gestão da

Associação.

Em 2012 a AMARI passa a ser OCS – Organização de Controle Social, com a descrição do

processo de controle de produção e comercialização apresentado ao MAPA da seguinte forma:

A Associação das Mulheres Agroecológicas do Riachuelo – AMARI se pautará pelos princípios

básicos do Cooperativismo Rural, fundamentados na livre adesão, no Controle Democrático, na

Neutralidade Política, Religiosa e Cultural e no Estímulo à Educação Cooperativista, tendo como um

dos seus principais objetivos a Elaboração e Execução de Projetos que viabilizem a produção e

melhoria de vida de suas associadas, tendo também como foco a segurança alimentar das pessoas

envolvidas juntamente com os seus familiares.

A Associação é composta por 19 associadas atuantes e parte destas produz e comercializam

seus produtos, quais sejam, MARIA SOCORRO VILARIM SANTIAGO, LEIVANY OLIVEIRA DOS SANTOS

BALIZÁRIO, FRANCISCA MARTINS DE SOUZA, ARGENTINA GONÇALVES DE SOUZA, CLEIDINEIA

VILARIM FELIPE MIRANDA, CLEUZA RODRIGUES DOS SANTOS, DENUBIA CORREIA GOMES LEMOS e

APARECIDA MARIA CARDOSO DE FREITAS, recebem assistência técnica de dois técnicos sendo: um

da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e outra da Secretaria Municipal de

Agricultura E Meio Ambiente de Ji-Paraná (SEMAGRI), semanalmente; realizam inter-visitas de

pares nas áreas de produção do grupo; realizam mutirões de práticas ecológicas entre si; possuem

as suas áreas de produção abertas à visitação de consumidores interessados em conhecer o manejo

utilizado, bem como de agricultores e agricultoras das comunidades vizinhas ou de outros

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municípios; assim como de professores, estudantes e técnicos de entidades ligadas à questão

agroecológica e agrária do estado de Rondônia, e atendem as normas e regras de um Sistema

Orgânico de Produção, que são cumpridas com responsabilidade por todas relacionadas da AMARI

como garantia de segurança de que os produtos ofertados sejam de qualidade e de total confiança

aos seus consumidores.

Parte dos produtos produzidos são através do PAIS – Produção Agroecológica Integrada e

Sustentável e comercializados na Feira Livre de Ji-Paraná e no Programa de Aquisição de Alimentos

– PAA do Governo Federal através da CONAB.

Os produtos são comercializados na feira semanalmente (as 5ª e 6ª feiras), sendo 5ª feira

das 15 as 22 horas e 6ª feira das 7 as 12 horas, num local denominado feirão do produtor na cidade

de Ji-Paraná, localizada (próximo ao centro). Os produtos são expostos em 2 barracas diferenciadas

das demais adquiridas via governo do estado através da coordenação de agroecologia órgão da

SEAGRI Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Agrário e vendidos a granel.

A comercialização é feita diretamente entre produtoras e consumidores. As produtoras são

responsáveis pela produção, pelo transporte dos produtos da propriedade para a feira em parceria

com a SEMAGRI – Secretaria Municipal de Agricultura, sendo elas que também realizam a

comercialização.

Os principais produtos ofertados na feira são: verduras (alface, almeirão, rúcula, couves,

etc.), legumes (abobrinhas, abóbora, cenoura, etc.), frutas (banana, limão, abacate, etc.), sendo que

esta oferta está diretamente ligada com a época de plantio.

O grupo das mulheres agroecológicas continua realizando constantemente reflexões em

base didático-pedagógicas de forma participativa e dialógica na construção do conhecimento

agroecológico teórico/prático, em ações que tem como base a valorização dos processos

organizativos na busca por mudanças qualitativas em suas vidas, priorizando a produção de

alimentos para a segurança alimentar da família e a comercialização do excedente em espaços

como as feiras de agricultores rurais e PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).

As práticas agroecológicas desenvolvidas pelo grupo das mulheres agroecológicas AMARI em

cada unidade produtiva, tem permitido a essas mulheres a adoção de diferentes tecnologias sociais

apropriadas a realidade local, assim como uma maior participação das mesmas nos espaços

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políticos de debate e proposição de políticas públicas como participação em sindicatos, grupos

locais e junto a Rede de Agroecologia Terra Sem Males.

Realiza-se mensalmente como ações o Diagnóstico da produção das mulheres

agroecológicas da AMARI nas suas unidades de produção familiar; visita técnica a cada unidade de

produção familiar para realização de diagnóstico participativo; encontro de socialização do grupo

uma vez por mês em uma das unidades de produção familiar para verificação da produção e

planejamento das ações coletivas.

É através de Assessoria Técnica Permanente diretamente às famílias agricultoras que é

pautada pelo referencial agroecológico e dentre as opções metodológicas estão o enfoque

participativo e o planejamento ascendente, com a realização de um Diagnóstico Rápido

Participativo – DRP, que opera o Plano Operativo Anual.

4. RESULTADOS E IMPACTOS

Resultados alcançados:

- A AMARI através de sua OCS, conta com um grupo de 12 famílias certificadas com

produção orgânica junto ao MAPA, com produção anual de 1050 kg de abacate, 6.200 kg entre

abóbora e abobrinha, 550 kg de acerola, 28.300 maços de almeirão, 8.800 kg de alface, 600 kg de

amendoim, 2.900kg de banana, 1.300 kg de farinha de babaçu, 500 kg de farinha de buriti,600 kg

de batata doce, 1.100 kg de cenoura, 7,200 kg de chicória, 20.700 maços de cheiro verde, 17.800

maços de couve, 250 kg de farinha de mandioca, 435 kg de jiló 480 kg de laranja, 870 kg de limão,

900 kg de mamão, 5.000 kg de mandioca, 1.000 kg de maxixe, 100 kg de mel, 300 kg de melado,

2.900, kg de melancia, 3.700 kg de milho, 900 kg de pepino, 300 kg de pimenta, 1.350 kg de

pimentão, 2.000 kg de quiabo, 400 cabeças de repolho, 17.580 maços de rúcula, 9.600 kg de

tomate cereja e 100 kg de urucum;

- Geração de emprego e renda a família produtora rural, com consequente permanência do

homem e principalmente do jovem no campo com o aumento das perspectivas de

desenvolvimento;

- Controle de pragas e doenças de forma natural através da homeopatia, e defensivos

naturais em substituição ao uso de fungicidas, herbicidas, inseticidas nas propriedades associadas;

- Melhoria da qualidade dos produtos e aumento do valor agregado, com equidade social e

respeito ao meio ambiente;

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- Uso de adubação orgânica e tecnologias simples (produção de fosfito e preparados

biodinâmicos), baratas e eficazes nas áreas cultivadas;

- Produção de alimentos de alta qualidade biológica e respeito aos recursos naturais.

As mulheres da Associação AMARI, são multiplicadoras de experiências, de saberes e

exemplos a outras agricultoras nesse processo de uma agricultura agroecológica em prol da vida e

por uma melhor qualidade de vida para a família e a comunidade já que primam pela conservação

da biodiversidade.

Impactos identificados:

Portanto, a preocupação da associação de mulheres agroecológicas com a necessidade de

cultivar a produção, deixando de lado máquinas e produtos químicos passando a se preocupar em

melhorar as embalagens, produzir alimentos saudáveis, sem aditivos químicos, sem contaminantes,

e com uma tecnologia de produção menos agressiva ao meio ambiente.

O grupo tem conseguido ganhos com a presença da certificação orgânica e pela inexistência

do intermediário entre a produção e os elos subsequentes, já que faz a comercialização direta em

feiras de produtores e no PAA - Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal através da

CONAB.

A certificação como OCS da AMARI, é uma estratégia comercial, pois além de permitir a

diferenciação do produto leva a uma melhor remuneração quando destinado ao PAA, mas, protege

os consumidores de possíveis fraudes passando-lhes confiança. Outras vantagens da certificação é

que o grupo fica bem mais atento com relação ao planejamento e documentação criteriosos e

promove a divulgação dos princípios norteadores da Agricultura Orgânica na sociedade, fazendo

crescer o interesse por parte dos consumidores por esse segmento de mercado.

A comercialização dos produtos na feira é feita por duas pessoas que se revezam

semanalmente, aonde expõem a produção agroecológica de todo o grupo. Enquanto não tiver

condição de ter uma feira totalmente agroecológica e solidária organizada é este o modelo que irá

se desenrolar.

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É importante destacar à preocupação com a sustentabilidade econômica, social e ambiental,

a partir das potencialidades locais desenvolvidas por este grupo de mulheres da AMARI, que gera

produtos com qualidade e competitividade para um mercado consumidor mais exigente.

A associação AMARI, tem hoje no seu quadro duas associadas filhas de sócias que ao

atingirem a maioridade estão dando continuidade aos trabalhos da família inclusive certificadas

através da OCS, sendo que diminuiu neste curto período de tempo (2011 – 2015) o êxodo rural dos

jovens em 50%, já que todos antes da criação do grupo iam estudar na cidade e não mais

retornavam para a unidade produtiva familiar.

Alguns jovens estão fazendo cursos ligados a área como Educação do Campo pela UNIR

(Universidade Federal de Rondônia), sem deixar sua unidade produtiva e com o sonho de poder

contribuir mais no futuro com a atividade agrícola de base agroecológica.

5. POTENCIALIDADES E LIMITES

Entre as principais potencialidades do grupo das mulheres agroecológicas da AMARI, estão:

a organização da produção, a comercialização dos seus produtos agroecológicos e certificados que

gera uma relação direta e de confiança com o consumidor e o compromisso com a justiça social e

ambiental. A comercialização é um fator importante que gera êxito por evitar as longas e injustas

cadeias de intermediários e atravessadores.

Diante de tudo isso, se faz necessário o uso de ferramentas de controle através de

programas de capacitação. Todos os processos da cadeia produtiva e de comercialização dos

produtos fornecidos pelo grupo da AMARI, se faz o uso de tecnologias para que se reduzam os

impactos ambientais e contribua com o fator da certificação orgânica através do controle social.

Esse apoio técnico é dado através de uma assistência técnica especializada e continuada pelo

estado, através da EMATER/RO.

A AMARI como associação tipicamente de mulheres é pioneira em agroecologia no estado

de Rondônia, seu trabalho foi construído com bases sólidas na ética organizativa e produtiva, nas

relações sociais e com os consumidores. Os consumidores têm confiança na AMARI, o que legítima

sua prática. Portanto, as possibilidades de avanço, apesar das dificuldades como: projetos

específicos agroecológicos para mulheres, pouco recurso financeiro para a verticalização da

produção, entre outros. Mesmo assim, o protagonismo da AMARI eleva suas possibilidades de

expansão produtiva e de mercados.

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A agricultura de base agroecológica é apontada como uma estratégia de desenvolvimento

rural, com vistas a diversificação e a dinamização do setor agrícola bem como uma forma de

proporcionar maior agregação de valor e geração de excedente as famílias produtoras rurais.

Nesse contexto, torna-se essencial a efetiva participação dessas mulheres no processo produtivo,

visto a intensidade do uso de mão de obra o que abre espaço para sua efetiva participação na

produção, comercialização e gestão do excedente.

Verificou-se que em menor ou maior grau, a transição agroecológica trouxe impactos sobre

a dinâmica produtiva e a geração de renda nas unidades produtivas familiares das famílias da

AMARI, baseando-se na otimização dos recursos, redução de custos de produção, diversificação das

atividades produtivas e dos canais de comercialização, privilegiando os canais de venda direta. Do

ponto de vista social, a transição agroecológica gerou um reconhecimento da produção das

mulheres agroecológicas, pela geração de produtos diferenciados e possibilitando sua inserção em

mercados alternativos, aumentando sua visibilidade, a troca de experiências e melhorando sua

auto-estima. Em relação aos impactos sobre as relações de gênero, percebeu-se um forte

crescimento da auto-estima, além de um aumento na capacidade organizativa dessas mulheres,

através da organização social coletiva, proporcionada pela criação da Associação das Mulheres

Agroecológicas do Riachuelo (AMARI). Embora também tenha havido um grande ganho de

conhecimentos sobre as práticas produtivas e um fortalecimento do papel das mulheres enquanto

“atores sociais coletivos”.

Para o grupo de agricultoras familiares agroecológicas da AMARI, é uma conquista o seu

registro como Organização de Controle Social (OCS) no Ministério da Agricultura desde 2012, como

estratégia de garantir a qualidade de sua produção junto aos consumidores.

A OCS é um instrumento previsto na legislação brasileira que possibilita, exclusivamente aos

agricultores e agricultoras familiares no caso, ter o registro como OCS, para venda direta aos

consumidores de sues produtos agroecológicos e orgânicos sem a necessidade do selo de

certificação, aonde o grupo garante de forma participativa que os produtos de cada uma das

famílias são produzidos com base nos princípios da agroecologia e da produção orgânica.

Outras limitações

Como aspectos negativos existentes no grupo AMARI, visivelmente se destaca a dificuldade

em se conseguir disponibilidade de sementes ecológicas principalmente as hortaliças. Também a

exigência maior de mão de obra é outro fator bastante limitante.

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Evidenciou-se que a adoção do sistema agroecológico de produção resultou em mudança

na forma como as mulheres da AMARI concebiam sua vida e a partir daí, redefiniram sua posição e

sua importância na sociedade através do empoderamento gerado a partir da emancipação e da

visibilidade que seu trabalho proporciona, por abrir espaços para que elas atuem como sujeitos.

Mas é inegável a sua ascensão como protagonistas de uma nova forma de fazer, organizar e viver a

agricultura familiar agroecológica e que elas promoveram rearranjos familiares, autonomia

econômica, política e social, gerando um ligeiro desconforto do marido por este espaço

conquistado por elas. Por fim, as ações desenvolvidas na AMARI demonstram importantes avanços

construídos na busca da promoção de igualdade entre homens e mulheres no meio rural

evidenciando que quando as relações de gênero se equilibram, o mesmo ocorre com as relações de

poder.

6. REPLICABILIDADE

A AMARI, uma associação que se diferencia das demais por apresentar mulheres como

precursoras na introdução e manutenção de um sistema de produção agrícola agroecológico, e,

participar da agroecologia proporcionou a estas mulheres um espaço para mostrar à sociedade o

que elas são capazes de produzir e a forma como produzem.

Ser membro da associação possibilitou que estas mulheres participassem de eventos,

como cursos, dias de campo, recebessem visitantes em suas propriedades, dividissem suas

experiências. Percebeu-se que para estas agricultoras familiares, a agroecologia tem se mostrado

uma alternativa viável e promissora, pois tem possibilitado agregação de valor a produção, geração

de excedente, maior autonomia produtiva e qualidade de vida dos envolvidos.

As visitas de acompanhamento têm exercitado entre as famílias e a assistência técnica,

análises dos agroecossistemas, monitoramento econômico, organização e planejamento da

produção e comercialização. Bem como, a divisão e organização do trabalho pelas famílias,

chamando atenção para a reflexão de como se dão as relações de gênero e geração nas famílias.

No caso do grupo de mulheres da AMARI, cada família é visitada pelo menos uma vez por

mês pelas demais famílias e a EMATER/RO, quando se socializa na caminhada pela propriedade

sobre seus métodos de produção. São encontros de intensa troca de conhecimentos e estratégias

sobre produção, material genético, comercialização e organização coletiva. Com alguma frequência

acontece nas unidades de produção familiar envolvidas nas ações da AMARI, algumas práticas

agroecológicas incorporadas como inovações tecnológicas: de adubação orgânica (biofertilizantes,

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compostagem, adubos verdes, fosfito); uso de plantio direto; inseticidas naturais; fungicidas

naturais; controle homeopático agropecuário; recuperação de mata ciliar; além de cursos de

homeopatia rural, produção orgânica, cromatografia, certificação orgânica.

7. DEPOIMENTOS:

- Agente de Ater sobre a experiência apresentada.

As mulheres agroecológicas da AMARI apresentam um amadurecimento muito grande, de

como esse grupo vem a cada dia avançando nos processos de produção e comercialização, tendo

papel importante na afirmação da cidadania, vitória que só foi possível pelo diálogo das agricultoras

com a assessoria técnica.

O importante é que a experiência de certa forma trouxe a problemática das mulheres para a

discussão. O grupo também teve significativos avanços nesta questão, com toda aprendizagem e o

trabalho, as mulheres estão indo além do espaço doméstico, passaram a ter autonomia e participar

nos espaços de decisão, produção e comercialização.

Portanto, sempre foi objetivo conhecer, participar e refletir essas experiências com as mulheres

agroecológicas desenvolvendo a agroecologia de forma participativa com ATER continuada e com o

desafio de apoiar o desenvolvimento rural sustentável em seus aspectos ambientais, econômicos e

sociais.

- Agricultoras familiares, representantes da experiência apresentada.

Maria Socorro Vilarim Santiago: Antes da AMARI nossa renda vinha só do leite e era pouca.

Meu marido ficou com problemas de saúde e a situação ficou mais complicada ainda. Com a

produção de hortaliças agroecológicas e a comercialização no PAA e na feira, aumentou a renda da

família e hoje é a nossa principal fonte de renda.

Cleuza Rodrigues dos Santos: Nossa área é pequena e a produção de leite estava ficando

difícil de manter nossa atividade no campo. A decisão em permanecer na roça com a produção

agroecológica evidenciou uma significativa mudança na vida da nossa família. Com a

comercialização dos produtos através da AMARI mudou esta realidade.

Argentina Gonçalves de Souza: Como me sinto bem em poder está produzindo de forma

agroecológica e poder passar para os consumidores essa segurança para eles com confiança do que

estou fazendo. Alimentar com segurança a minha família, participar do PAA – Programa de

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Aquisição de Alimentos e comercializar o que produzo, além de me sentir bem em fazer isso, ainda

consigo melhorar a renda da família o que é muito gratificante.

SILEIA HERPST GUARNIEL: O mais importante em produzir de forma agroecológica é ter a

garantia da segurança alimentar da família, antes era só veneno. Comercializar os produtos e ver a

satisfação das pessoas pela certeza de está realmente comprando um produto de qualidade e

saudável deixa a gente feliz de verdade, sem contar com a melhoria da renda familiar.

E assim, como todas as outras mulheres agroecológicas da AMARI tem como característica

marcante a produção agroecológica e a sua comercialização feita de forma direta ao consumidor, a

geração de renda e sobre tudo a segurança alimentar.

Esse empoderamento se deu em virtude do seu protagonismo produtivo e a intensa

participação delas na gestão das propriedades e da associação.

8. AUTORES E COLABORADORES

Mulheres Agroecológicas da Associação AMARI

Marcos Antônio Machado, EMATER – RO - Orientador e revisor

Jurandy Batista de Mesquita, EMATER/RO - Assessor técnico da OCS - AMARI

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ANEXOS

Ji-Paraná é o primeiro município do Estado a receber o certificado orgânico de OCS

Solenidade de entrega do certificado de OCS, da AMARI

A Associação das Mulheres Agroecológicas do Riachuelo (AMARI) recebeu em 21 de junho de 2012 pela manhã no auditório da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Ji-Paraná (SEMAGRI), o certificado orgânico como Organização de Controle Social (OCS). Parte do grupo da Amari também já faz parte do projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), que busca a sustentabilidade na produção de hortaliças. "Em defesa da vida" é o lema da Associação Amari, o que significa produzir e vender produtos saudáveis, afirma Leivany Oliveira, presidente da Amari. Com esse ideal, agora a associação tem o certificado orgânico que a reconhece como produtora de produtos agrícolas isentos de agrotóxicos, estando apta a associação a comercializar seus produtos em venda direta aos consumidores como orgânico. Ji-Paraná deu um grande passo para a agroecologia, pois é o primeiro município do Estado a receber este certificado tão importante para a melhoria da qualidade de vida dos consumidores e principalmente dos produtores rurais. A associação Amari recebe assessoria técnica desde a produção a comercialização dos seus produtos pela técnica Iris Ribeiro da Semagri de Ji-Paraná e pelo Eng. Agrônomo Jurandy Mesquita da Empresa de Apoio de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). José Valter Lins, Superintendente Federal da Superintendência Federal de Agricultura de Rondônia, explica a seriedade de ter uma iniciativa como esta com a atenção voltada para o país na questão do desenvolvimento sustentável: “O que está se fazendo aqui é transformar a sua base, o que é muito importante e já é uma realidade, Ji-Paraná está dando inicio ao cadastro de produtos orgânicos agrícolas”. Alem das associadas da AMARI, também estiveram presentes representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Ji-Paraná, EMATER, SEMAGRI, Coocaram, e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (FETAGRO).

Fonte: Correio Popular em 23-06-2012

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Curso de homeopatia e cromatografia do solo com as famílias da AMARI

Visita de mulheres em unidade produtiva familiar da AMARI

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Horta mandala

Visita de produtores a uma UPF de uma associada da AMARI

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UPF de associada da AMARI

Entrega do documento de OCS a Presidente da AMARI pelo Superintendente da SFA

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Prática de fosfito em uma UPF de associada da AMARI

Barracas da AMARI na feira de Ji-Paraná

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Banner com o lema da AMARI