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1 Todos os direitos reservados; só será permitida a reprodução mediante autorização por escrito do autor. 2 . 0 1 4 Bruder Klein SOLIDÃ O E SAUDAD E COLETÂ NEA

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Todos os direitos reservados; só será permitida a reprodução mediante autorização por escrito do autor.

2 . 0 1 4

SOLIDÃO E

SAUDADE

Bruder Klein

COLETÂNEA

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Sonho e Solidão

Sonho e Solidão são duas palavras que, juntamente com a saudade, estão em nosso cotidiano; dificilmente encontraremos alguma pessoa que já não teve alguma experiência com o sonho, a solidão ou a saudade. Na verdade somos seres emotivos e nos deliciamos em sonhar, e quando estamos em solidão esses sonhos afloram com maior facilidade em todo o nosso ser para sentirmos a saudade de coisas que vivemos, ou a saudade do futuro, que é aquilo que esperamos venha coroar o nosso futuro. É muito bom sonhar ao, lembrarmos de coisas que nos aconteceram no passado, como sonhar com o que esperamos em nosso futuro. A nossa saudade tanto pode ser do que nos aconteceu no passado como a aspiração do que esperamos para o nosso futuro.

É muito bom sonhar, acreditar que alcançaremos a realização de nossas aspirações. Por isso frequentemente escrevemos tanto de sonhos como de solidão e saudade.

Pensando nisso idealizamos fazer uma coletânea de nossos trabalhos que se referem a esses sentimentos, sonho e saudade; esperamos que você possa apreciar , sonhar e espantar a sua solidão

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A B E R T U R A DO LIVRO “CONTOS, PONTOS E CONTATOS”

02/12/1.997

As mente das pessoas está ávida de novidades, para preencher os vãos deixados pelas frustrações que colhem pela vida, e criam uma insatisfação de viver, conduzindo-as à procura de emoções fortes que as anestesiem e gerem um torpor, que as fará esquecer-se de si mesmas e enveredarem-se para o desconhecido. Nessa procura vã são capazes de percorrer caminhos subjetivos, na busca de encontrar o ressarcimento de suas dores íntimas e as conduzam à tão sonhada felicidade. Se firmarem as suas visões para o futuro, que na realidade é o rumo do desconhecido, a única coisa que poderão tentar será o sonho e a fantasia, que em verdade são os elementos que, embora incertos e faltos da verdade, poderão apontar para uma esperança de transformação para que a busca do inusitado realize-se.

A ficção é um manancial rico em sonhos e fantasias que nos fazem participantes de aventuras, que poderão satisfazer o nosso eu como se fôssemos nós os personagens, que criamos para as histórias que nos são contadas. É fácil nos colocarmos na pessoa do herói ou heroína para que assim satisfaçamos nossas necessidades de amor e compreensão, tão fundamentais para dissipar a nossa angústia e nostalgia.

Os textos que apresentamos são o complemento que havia prometido para o livro "Nova Dimensão". São duas fases diferentes, mas que se completam, essa a razão porque não dei a mesma denominação e sim optei pelo título "Contos, Pontos e Contatos". O conto é uma narração falada ou escrita, de pequena extensão, que seja concisa e contenha unidade dramática, concentrada em um único ponto. Ponto seria, neste contexto, parte de um assunto ciência ou arte, que se presta ao esclarecimento de um assunto. Contato apresenta-se como a relação de frequência, de proximidade, de influência, esclarecendo-nos fenômenos que nos levam a atravessar os limites das diversas dimensões existentes no universo, que só

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é permitida aos iniciados. Ao ler os textos aqui apresentados os leitores os ligarão a outros apresentados em "Nova Dimensão", complementando os raciocínios para compreensão dos fatos apresentados. Àqueles que já leram todos os outros trabalhos nossos, a compreensão se fará com muito maior propriedade, visto todos eles apresentarem ligações subjetivas para que muitos detalhes sejam compreendidos.

Um fato interessante é que muitos leitores tem entrado em contato conosco para perguntar se os textos representam histórias verdadeiras que teríamos vivido. O que podemos responder é que a ficção imita a vida e o contrário também é verdadeiro, e nunca poderemos descobrir o que seja vivência ou ficção. Mesmo que não seja nossa vivência, poderá sê-lo de outras pessoas, porque tudo que é dito são coisas passíveis de acontecer.

Dados esses esclarecimentos só nos resta desejar que você tenha um bom entretenimento.

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Oi Fernando, eu quero entrar no seu coração e não sair nunca mais. Apaixonei-me pela resposta que deu sobre o que é filosofar, temos muito em comum, dê uma passada no meu profile e na minha Home Page que você pode pegar lá. Depois vamos conversar muito se você me aceitar como amiga. Beijão tenha uma excelente noite, belos sonhos e um alegre despertar. Amo você! Sofia

“Se o teu sonho fosse o meu sonho, então ao desejar-te sorte, tão feliz também me sentiria. Porém, apesar de o meu sonho não ser o teu sonho, mil venturas a ti desejo. Nem só realizando somos felizes, mas muito mais sabendo-te feliz. Assim, se por acaso quiseres me desejar tudo de bom, mande-me uma simples mensagem dizendo: "Sou feliz!""

O sonho é uma coisa maravilhosa ao nos dar esperança de alcançar coisas, às vezes, impossíveis. Existem os sonhos que temos ao dormir e muitos que temos quando acordado, todos eles, sem dúvida nenhuma, fazem parte de algo acumulado em nosso subconsciente e que afloram em místicas lembranças para formular um pensamento; muitas vezes espelham verdadeiras revelações que nos ajudam a administrar os acontecimentos de nossas vidas. O que mais nos interessa são aqueles sonhos que podem ser considerados como revelações:

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“O lugar que penetrei, em sonho, parecia uma enorme catedral; tive, naquele momento, a intuição de que se tratava da Basílica de São Pedro, no Vaticano”. Penetrei em uma dependência onde, em enormes prateleiras, estava empilhada uma grande quantidade de telas, pintadas com uma perfeição sem igual, apresentando figuras de santos. A cor predominante era o vermelho e deu-me a impressão de que haviam sido pintadas com sangue.

Fui examinando as telas, levantando, uma a uma, e reconhecendo as figuras de Cristo, Pedro e. . . Não consegui prosseguir, quando deparei com uma figura que não conhecia, mas que a minha mente afirmava: Bartholomeu”!

Bartolomeu, ou Natanael é aquele discípulo a quem Jesus disse que teria a visão da escada que leva ao céu, por onde desciam e subiam os anjos de Deus, simbolizando a escada vista por Jacó, que aparece em Genesis 28:12; essa escada prefigurava o próprio Cristo.

Esse é mais um sonho, entre tantos que tenho tido e que não consigo decifrar.

Será que os sonhos, em geral, encerram alguma mensagem?

Creio que sim, eles sempre terão algum significado, embora escape-nos à compreensão, pela nossa incapacidade. Afinal, muitos sonhos que já tive e que no momento não consegui alcançar o significado, depois se comprovaram como mensagens claras de fatos que vieram a acontecer, quando, pude compreender, claramente, as mensagens que encerravam.

Eu não sei se vocês acreditam em revelação, mas eu tenho que crer porque por diversas vezes tenho me confrontado com elas cientificando-me de acontecimentos que viriam acontecer. Em um desses casos; uns dias antes de eu sair de férias sonhei que lia um jornal em que era estampada uma manchete em letras garrafais: " Complexo Primário" ; lembrei-me que quando criança meu filho mais velho havia sido acometido de um complexo primário pelo contato com o tio que estava contaminado pelo bacilo da Koch e deduzi que talvez estivesse havendo algum problema com

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a saúde dele. No mesmo dia visitei-o em seu apartamento e constatei que estava bem de saúde e que nada me impediria de viajar. Mal sabia eu que a revelação era autêntica e que o problema era de outra natureza como veio a se confirmar. Pena que tenhamos, muitas vezes, revelações e não estejamos preparados para sabermos interpreta-las e evitarmos acontecimentos desagradáveis! Dou graças a Deus porque esse fato foi, também, apenas um complexo primário que nunca mais aconteceu.

Outro sonho que teve foi que estaria se dirigindo para uma igreja onde sua mãe estaria sendo velada; a igreja estava lotada e toda enfeitada de flores. À medida que foi se aproximando da urna fúnebre notou que havia um pequeno estremecimento na pessoa que jazia ali. Ao chegar mais perto sua mãe sentou-se, aparentando uma jovialidade muito maior de quando havia falecido e lhe disse: Eu não morri!

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À minha companheira,

Aos meus filhos, netos e demais gerações

Daqui a alguns anos, quando eu já houver despido a roupa usada e gasta pelo tempo, que visto hoje; quando o meu espírito houver alçado voo e pairar, livre, nas regiões do sonho; quando for uma doce lembrança nos corações transbordantes de amor, então . . .

Então, talvez, alguém, ao remexer em antigos guardados, encontrará um velho retrato e dirá: "este é meu avô (ou bisavô) a quem eu não conheci". Porque uma fotografia é o instantâneo de um momento, que embora muito sugestiva, é a revelação do exterior e não revela o que é o verdadeiro homem interior.

Precisaríamos fotografar a alma! Um instantâneo que a surpreendesse em um momento precioso em que derramasse o seu conteúdo e revelasse toda a potencialidade do seu ser. Esses momentos de emoção realmente existem e, se gravados, poderiam apresentar-se como a verdadeira fotografia da alma e quem a contemplasse poderia conhecer, profundamente, esse ser "fotografado", mesmo que decorridos muitos anos.

Isso é o que eu ofereço a vocês, aos seus filhos e aos filhos dos seus filhos. Para que, na visão de vibrações cósmicas, possam ter uma pálida lembrança de um místico ancestral.

Que esse derramar abundante do meu ser, em momentos muito especiais de minha vida, possa propiciar a quem os ler, a oportunidade e a inspiração para perceberem, nas entrelinhas, os fundamentos da vida, que é sonho e fantasia, mas é, também, realidade.

Que Deus nos ajude, sempre, a sabermos dosar, em nossas vidas, o sonho, a fantasia e a realidade, para que encontremos a medida certa e ideal que nos garantirá a felicidade e a daqueles que são de nós dependentes.

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Mococa, 14 de Março de l.996

Prezada Amiga

Estava pronta a carta anexa quando me chegou ao conhecimento um fato que me chocou e muito me entristeceu. É que uma pessoa a encontrou em um ônibus em atitude pouco recomendável com um "cavalheiro". Não desejando crer, ainda argumentei: Deve haver algum engano, com certeza tratava-se de um colega de trabalho e estaria havendo algum exagero! Ao que me responderam: "Estavam no maior amasso”!

É muito triste mesmo, constatar um acontecimento dessa natureza. Até agora, ao escrever, sempre imaginei uma situação de incompatibilidade gerada por falta de tolerância, orgulho, egoísmo, gerados, naturalmente, pelos problemas que nascem de uma longa convivência. Diante desse fato novo, poderemos considerar uma situação de adultério. Mesmo que não deseje acreditar que o ato em si haja sido consumado, na melhor das hipóteses, não deixa de existir a intenção; e como nos ensinou o Mestre, isso já constitui o pecado que foi gerado no coração!

É muito triste constatar que uma pessoa que foi tão abençoada, tendo os seus dons para levar a verdade e aconselhar outras pessoas, haja sido dominada pela paixão a ponto de abrigar essas intenções no coração! Não desejo julgá-la por isso, pois o próprio Jesus não o fez quando lhe apresentaram a mulher cuja história é contada no capítulo oito do evangelho de João. Mas você já imaginou se os seus filhos chegarem a tomar conhecimento do que está ocorrendo, qual será as suas reações? Frustração, decepção, vergonha?

Agora devo aconselhá-la mais drasticamente, como um pai que ama a sua filha; mesmo porque será a orientação que nos vem do alto: Visto que esse fato está ocorrendo considerando-se que o pivô que está gerando o acontecimento deve ser um colega de trabalho, não lhe resta outra

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alternativa senão afastar-se imediatamente, voltar para sua cidade, demonstrar um arrependimento sincero, para poder reconstruir o seu casamento. Creio que ainda estará em tempo; mas não por muito tempo! Se assim proceder ganhará a confiança de todos que a amam e consolidará uma situação da qual poderá se orgulhar no futuro, ao assistir a realização da felicidade na vida de seus filhos!

Caso não aproveite, essa última oportunidade, tudo estará perdido para você, para o seu cônjuge, para os seus filhos!

' Daqui a alguns anos, ou meses, quando dissipar-se esse clima de romance que Satanás está criando aos seus olhos, e você for abandonada ( porque isso vai ocorrer, com toda a certeza) então se verá sozinha, desamparada e envergonhada. A solidão será negra e esmagadora e a esmagará até torná-la em um bagaço imprestável. Aí não haverá mais retorno, não terá mais família, nem filhos, porque não mais será confiável, pois trocou a sua dignidade por nuvens de sonhos, por ilusões que se desfazem.

Esta é, de fato, a última carta que estou escrevendo; não teria mais nada a dizer além do que já disse; espero que tudo que foi dito seja registrado com carinho e desejo de reconduzi-la ao aprisco, seja muito meditado e que a possa iluminar o caminho correto, que você sabe qual é, só terá que decidir-se.

Continuarei orando por vocês, para que Deus os ilumine, a todos, para que possam enxergar; e que lhes seja dado o espírito de tolerância, de amor e de perdão, para que se tolerem, se amem e se perdoem, pois isso é necessário para que pessoas imperfeitas possam conviver e compartilhar dos problemas do dia a dia.

Acima de tudo a paciência e a fé no poder de Deus, que no tempo certo nos concederá todas as coisas.

Estou a postos para ajudá-la

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S U P R E M A A S P I R A Ç Ã O

Sabe, eu gostaria de ser Deus! Não um deus mitológico que embora seja venerado não tem o poder de doar a felicidade aos seus adoradores. Eu desejaria ser Deus, para ser adorado por realizar tudo aquilo que as pessoas aspiram. Você já pensou se esse sonho fosse realizável, quanta felicidade eu poderia distribuir? Sim! Se eu tivesse o poder supremo eu saberia como realizar os sonhos, as fantasias de todas as pessoas tristes.

Você, que é triste, não desanime, pois mesmo parecendo uma loucura, um milagre poderá acontecer. Mesmo que não possa ser Deus, uma vontade muito forte poderá operar maravilhas. Se não sou Deus real, a força de uma comunicação mística poderá fazer de mim um elo que receba os eflúvios transcendentais que poderão capacitar-me a adquirir a sabedoria para servir de intermediário do Ser Supremo e você.

Eu gostaria de possuir o poder para realizar tudo aquilo que poderia construir a sua felicidade!

Quem é você e quem sou eu que nos misturamos neste devaneio sem conseguirmos nos encontrar? Que forças agiram para que pudéssemos nos encontrar hoje?

Eu falo com você que lê estas linhas e está perplexa sem poder entender esse relacionamento entre o seu pensamento e o meu. Ele é tão profundo que somente poderá ser entendido através de um esforço sobrenatural. Você é sobrenatural e tem o poder de perceber, através de sua sensibilidade, a ligação que existe entre nós. Quando escrevia, pensava em você, embora não a conhecesse nem soubesse onde você estava. Uma força desconhecida, para mim, colocava-a à minha frente e eu conseguia ver, em seus olhos expressivos, a sua alma que derramava-se, desejando fundir-se com a minha. Agora, que você lê este escrito poderá tirar as conclusões estranhas, porque escrevo no dia dois de março de hum mil e novecentos e oitenta e nove, às vinte e duas horas e quatorze minutos. Se isso não te disser nada, as comunicações falharam e a pessoa que se apresentou em minha frente foi uma ilusão.

E, nesse caso, a felicidade que sonhei para você, talvez não seja possível alcançar.

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A R Q U É T I P O S M I T O L Ó G I C O S

O ser humano, em sua irracionalidade, constrói arquétipos possuidores de virtudes impossíveis de serem alcançadas. Fixa isso em seu subconsciente, passando a procurar, na realidade, aquilo que não passa de sonho e fantasia. É necessário racionalizar e conscientizar-se que o ideal fantástico não existe como realidade.

Alimentamo-nos do sonho e desejamos enquadrar as pessoas nos ideais que a nossa fantasia gerou. Esse ser mitológico não existe na realidade; por isso ficamos frustrados não conseguindo encontrar aquilo que seria o ideal para nós.

À medida que amadurecemos, embora reconheçamos a utilidade do sonho e da fantasia, que tem o seu lugar na formação de nossa personalidade, aprendemos a separar tudo aquilo que gostaríamos que fosse, daquilo que é realmente. Assim, mesmo continuando a sonhar, estaremos discernindo através do nosso espírito, o que de fato é útil para a nossa evolução espiritual.

Ao separarmos a fantasia da realidade não deixamos de sonhar, porque o sonho é que mantém vivo o nosso ideal para que, de fato, algum dia, as coisas possam ser realizadas de uma maneira mais humana, para que todos possam viver, não apenas como criação de um Deus, Todo Poderoso, e sim como realmente somos, filhos de Deus, que não faz diferença entre os seus diversos filhos. Quem as faz somos nós, julgando-nos com direito de usufruirmos de uma maior parte dos benefícios divinos. Isso acontece, unicamente pelo nosso egoísmo que somente poderá ser destruído, de nosso íntimo, pelo nascimento do amor. Enquanto isso não acontecer continuaremos a ser entidades imperfeitas, que com a sua ignorância estará cada vez mais acumulando uma dívida social a ser paga.

O nosso apelo é por sabedoria! Para que sejamos ajudados a criarmos uma visão nova para que a humanidade possa ser transformada. Quando recuperarmos a visão espiritual, que perdemos pela nossa insensibilidade, então estaremos começando a caminhada para a realização da missão para a qual fomos chamados.; Vocês, que são participantes desse grupo, reunam-

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se a nós para que o tempo seja encurtado e a humanidade seja mais rapidamente redimida. Será que somos arquétipos mitológicos ou seres humanos capazes de respondermos com responsabilidade ao chamado?

Que bom! Acordamos de um sonho, ou pesadelo, e percebemos que as nossas aspirações são possíveis! Que poderemos viver o nosso sonho na realidade! Que bom que podemos realizar esse sonho tão bonito, de amor, sem nos envergonharmos! Deus é bom! Quando precisamos, às vezes nos castiga, mas em seguida nos dá o paraíso como compensação. Agora vamos construir a nossa felicidade em bases sólidas; você assumindo a sua verdadeira personalidade e eu, também, me renovando, para assim nos ajudarmos mutuamente.

Naquela manhã, em que o sol apresentava-se bem visível, com todo o seu esplendor, parecia que toda a natureza sorria, quando Rogério e Jacy deixaram aquele pequeno hotel. Eram duas pessoas renovadas e confiantes no futuro. Amavam-se e dispunham-se a lutar juntos pela felicidade que os aguardava.

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A C O N T E C I M E N T O S E S T R A N H O S

Henrique foi passar o seu aniversário em Piraçununga, na casa de sua “meio irmã” Mercedes. Mercedes fora criada com Henrique, desde que os seus pais faleceram e ela, não tendo parentes foi acolhida em sua casa. Já adultos cada um tomou o seu rumo, encontrando o seu companheiro e casaram-se. Henrique continuou residindo em São Paulo, enquanto Mercedes passou a viver em Pirassununga, visto que seu marido era militar e prestava serviço naquela cidade. Anos depois, quase ao mesmo tempo, Ambos ficaram viúvos. Querendo-se como irmãos, cada um procurou apoiar o outro e venceram aquela etapa difícil de suas vidas. Mercedes teve um casal de filhos, Marília e Walter, e Henrique não teve a mesma sorte e ficou sozinho. Nenhum dos dois quis casar-se novamente, embora tivessem aparecido vários pretendentes. Mercedes quase não se ausentava de Piraçununga e Henrique, sempre que tinha uma oportunidade ia até lá. Acompanhou o crescimento de Marília e de Walter a quem considerava como verdadeiros sobrinhos. Os dois cresceram e, também, tomaram os seus destinos. Walter, que escolheu a profissão do pai, continuava em Piraçununga, e Marília, que era a mais velha, tendo se formado em Direito, foi residir em Ribeirão Preto, onde exercia a sua profissão. Nesse dia reuniram-se todos em casa de Mercedes para comemorar o aniversário de Henrique.

Quando Henrique chegou, foi uma alegria geral, abraços e beijos, porém, uma coisa inesperada; as manifestações de Marília foram um tanto exageradas, mas tudo passou despercebido pelo entusiasmo que dominava a todos naquele momento. Almoçaram em um ambiente de euforia, onde, também, estava presente a namorada de Walter, Lúcia, uma jovem muito simpática. Henrique chegou a brincar com Marília:

- E você, arranjou um noivo? Olha que o Walter vai te passar a perna e vai deixá-la para titia!

- Eu já tenho o meu “príncipe encantado” - respondeu Marília - só que é segredo, ele está guardado bem no fundo do meu coração!

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Terminaram o almoço e depois de conversarem um pouco na sala de estar, saíram para assistir a apresentação da “Esquadrilha da Fumaça” que se apresentava, como parte das comemorações da “Semana da Asa”. Do próprio quintal da casa dava para assistirem, e adoraram aquela apresentação. Quando terminou, todos foram para dentro, menos Henrique e Marília. Henrique ainda olhava para o céu, distraído, vendo as marcas de fumaça que iam se apagando aos poucos. Nesse instante sentiu dois braços que o envolviam, pela cintura, por trás, um corpo que se apertava contra o seu, um rosto encostado às suas costas e ouviu a voz trêmula de Marília dizendo:

- Você é o meu príncipe! Você é que está dentro do meu coração!

Henrique assustou-se com aquela manifestação e voltou-se rapidamente. Ficou de frente para Marília e esta se aproveitou para passar os braços em seu pescoço, chegando os lábios junto à boca de Henrique, que imediatamente afastou-se, chegando a roçar os lábios de Marília.

- Que brincadeira é essa, Marília?

- Não é brincadeira, é verdade! E isso não é um sentimento novo, eu sempre senti, desde pequena, só aguardava o momento em que teria coragem de falar a você. Eu sei o que quero! Ou você acha que é por acaso que eu nunca tive namorado? Várias vezes eu estive prestes a te falar, mas faltou coragem no último momento. E tenho a certeza que você também não é completamente indiferente!

- Marília, você me confunde, nem sei o que dizer o que pensar!

- Não é preciso pensar nada, acho que o nosso destino têm de ser juntos; o meu sentimento é verdadeiro, Henrique!

Talvez seja, Marília, mas você está confundindo as coisas; você me quer de outra forma, eu poderia ser teu pai; e sou teu tio, lembra-se?

- Por afinidade, você nem é irmão verdadeiro de mamãe! E mesmo que fosse isso não faria diferença nenhuma!

- Assim mesmo, já pensou o que ela pensará de tudo isso?

- Ela não tem o direito de pensar nada, a vida é minha!

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Não é assim, Marília, ela tem o direito de desejar a tua felicidade!

Ela teve o direito de desejar a felicidade dela; a minha quem decide sou eu.

Como assim, não entendo a tua mãe sofreu muito todos esses anos com a doença e depois a morte de teu pai.

- Isso é só uma parte da verdade. Embora, de fato, ela haja sofrido com tudo isso, ela procurou o seu consolo.

- Do que você está falando, Marília? Não entendo, fale claro!

- Mamãe também se apaixonou por alguém mesmo antes de papai falecer. . . e teve um romance; com um meu colega de colégio! Eu descobri e fiquei calada. Embora tivesse sido um acontecimento chocante, para mim, na época, eu entendi que, se havia nascido esse sentimento em seu coração, ela tinha o direito de procurar algo que ela já não recebia em sua vida conjugal. A vida é assim, Henrique, nós todos estamos perdidos no mundo, desencontrados; por isso entendo que não devemos abrir mão, quando realmente nós desejamos uma coisa. Logo, mamãe, que viveu essa experiência de amor, com um jovem que, também poderia ser seu filho, terá de entender os meus sentimentos!

- Você amadureceu demais, Marília, eu estou me sentindo um menino perto de você!

- Isso não é questão de amadurecimento, é questão de compreensão; acho que devemos entender as pessoas. Quanto a mim, guardo esse sentimento a muitos anos dentro de mim; é a razão de minha vida, não me decepcione, Henrique!

- Eu preciso raciocinar! Preciso de algum tempo para assimilar isso que está acontecendo!

- Me diga uma coisa. Você nunca sentiu nada por mim, nunca ocorreu algum mau pensamento?

- Marília, você está me provocando! É claro que muitas vezes nascem fantasias em nossa mente, sonhamos, mas nunca passa disso!

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- Então já me sinto feliz, porque onde existe o sonho poderá haver a realidade!

- E a realidade, muitas vezes, contradiz as nossas aspirações!

- Você não irá matar os meus sonhos, não é, Henrique?

- Somente o tempo poderá nos aconselhar.

- Bem - acrescentou Marília - acho que não poderemos terminar a nossa conversa aqui. Terça-feira volto para Ribeirão Preto e quando você for embora espero que antes passe por lá para terminarmos, ou concluirmos, o nosso assunto!

Na Terça-feira pela manhã, ao despedir-se de Henrique, Marília colocou, em seu bolso, uma chave com um bilhete: “Espero você na Quinta - feira, o endereço é Rua Paraíso, 96, Bairro Esmeralda; aqui está a chave para o caso de você chegar antes de mim.

Henrique passou dois dias de agonia! Não sabia o que deveria fazer. Teve vontade de voltar para São Paulo sem ir a Ribeirão Preto, mas ao mesmo tempo o inusitado dos acontecimentos havia criado, em seu coração, uma sensação de vazio. Era viuvo já há vários anos e não havia tido nenhum relacionamento sério. Isso tudo que estava acontecendo com ele era uma loucura. Mas também se sentia rejuvenescido por despertar esse sentimento, que parecia tão sincero, em uma jovem de vinte e dois anos. Debateu-se na incerteza do caminho a tomar. Ao mesmo tempo em que pensava em fugir do problema, pensava que a sua fuga poderia causar uma desilusão em Marília, que havia aberto o seu coração com tanta esperança. Alimentando essa dúvida, despediu-se de Mercedes na quinta-feira e partiu; quando percebeu havia tomado a estrada que levava a Ribeirão Preto.

Quando chegou ao numero 96 da Rua Paraíso, foi informado, pelo porteiro, que Marília já havia chegado; eram 18; 30 horas quando tomando o elevador, subiu ao nono andar e tocou a campainha no apartamento nº96. A própria Marília abriu a porta. Estava linda, com os cabelos soltos e um pouco caídos na testa, os olhos imensos, sorrindo, transparecendo neles a sua inocência misturada com uma determinação! Abraçou Henrique e encostou o seu rosto no dele falando baixinho, com emoção:

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- Obrigada por ter vindo, eu tinha a certeza que você não iria me decepcionar.

- Eu vim para conversarmos, para procurar esclarecer as tuas dúvidas.

- Eu não tenho dúvidas, você as tem?

- Muitas!

- Pois vamos deixar para resolvermos depois do jantar, já está tudo preparado.

Henrique olhou para a mesa, já estava arrumada para duas pessoas, à luz de velas, criando um ambiente romântico.

O apartamento era simples, decorado com muito bom gosto pela própria Marília. Constituía-se de uma sala dupla, de jantar e de estar, cozinha, um lavabo e uma suíte.

Durante o jantar estavam ambos constrangidos, medindo as palavras, falaram das famílias, rememorando acontecimentos passados e tudo aquilo ia descobrindo intenções ocultas, palavras perdidas no tempo que agora passavam a ter um significado diferente. Henrique acabou por constatar que, também para ele, o sentimento não era novo, era algo enterrado bem no fundo do seu inconsciente, como impuro. Havia nascido há algum tempo, sufocado como proibido. Entendeu que aquele apego que teve por Marília, de fato não era

um sentimento de tio e sim uma coisa mais profunda que agora emergia e tomava proporções que o assustava.

Quando terminaram o jantar, passaram à sala de estar e continuaram a conversa que, agora, passou a concentrar-se no assunto principal de seus interesses. Aos poucos se foi desfazendo o constrangimento e, sentados no mesmo sofá, seguraram-se as mãos e passaram a falar, olhos nos olhos; quando as almas se misturam em um trasbordamento de sinceridade e nasce a compreensão. Depois de algum tempo, Henrique falou:

- Marília, ainda acho que tudo isso seja uma loucura, um sonho que vai acabar-se e nos deixar frustrados, quando acordarmos.

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- Não é sonho, Henrique, é realidade. Uma realidade que foi por mim sonhada por muito tempo. Sentia que esse amor que eu sentia por vocês era correspondido. Sentia que você me amava, embora nem soubesse disso!

- De fato, eu me rendo às evidências! Acho que você fez despertar, em mim, uma coisa que estava adormecida por muito tempo. Mas como iremos realizar esse sonho, que para nós é tão bonito, mas que dificilmente será entendido e aceito pelas outras pessoas? Você terá que me dar um tempo, para que consiga abordar o assunto com tua mãe, para que depois possamos casar.

Marília atraiu Henrique para si oferecendo-lhe os lábios entreabertos e ele a beijou. Primeiro suavemente, apenas roçando os seus lábios nos dela, e depois apaixonadamente, fundindo até os espíritos. Depois, ainda continuaram abraçados, olhando-se nos olhos e Marília falou:

- Quem falou que eu quero casar com você?

-. . .é a única coisa acertada a fazer, respondeu Henrique.

- Sim! Para a maioria das pessoas seria o caminho a seguir. E geralmente, essas pessoas já deixam uma porta aberta para a separação. Eu penso diferente. De maneira nenhuma gostaria que alguém ficasse preso a mim por um simples documento. Acho que duas pessoas deverão estar juntas enquanto houver amor (e ele poderá ser eterno) quando este acabar será inútil. Acima de tudo, penso que, mesmo sem existir laços oficiais, duas pessoas poderão ficar juntas por toda a vida. Se amando e se respeitando. É isso que eu espero que aconteça conosco.

- Marília!

- Não se preocupe Henrique, sou adulta, sei o que desejo, planejei e sonhei com o dia que isso aconteceria. Guardei-me para você! Por incrível que pareça no final do século vinte, estou pura como no dia em que nasci. E ofereço essa minha pureza em holocausto a um amor, também, puro, que alimentei por muitos anos em meu coração.

Marília terminou as suas palavras com a emoção transbordando; a sua voz estava trêmula! Henrique, igualmente sensibilizado, sentia não poder fazer com que o seu destino tomasse um rumo diferente e rendia-se para colher aquele fruto precioso! E realmente, foi uma noite inesquecível!

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Almas em delírio, buscando, nas suas entranhas, dádivas de amor para oferecerem, um ao outro, na ânsia de perpetuarem aqueles momentos pela eternidade.

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U M A V I D A

Perder o pai, aos dez anos de idade, principalmente quando se pertence a uma família pobre. Significa a perda de perspectivas para o futuro.

Sair do “Grupo Escolar” e ir trabalhar para ajudar a família, abrindo mão de um mundo de ilusões, que na verdade pertencem, unicamente, ao sonho e à fantasia.

O desejo de evolução, a partir daquele instante, passa a ser controlado, ironicamente, por esse sonho e a fantasia que não existem.

Sem preparo, marchar pela estrada da vida, mesmo assim tendo de comprovar competência, procurando aprender, no convívio com a adversidade, coisas que armem o espírito para os embates a travar.

Árduos dias se passando, recolhido em si mesmo; debatendo-se, confundido pelo pavor; com medo do medo gerado! Medo de crescer, de assumir responsabilidade diante da vida; responsabilidade de ser adulto e seguir aquela rotina que a vida apresenta; casar, ter filhos, suprir as suas necessidades, torná-los homens, maduros, capazes, para que fujam de compartilhar um destino igual, amanhã!

E se tombasse, prematuramente, colhido pela morte? O peso do destino a criar um complexo de fatalidade! Um sofrimento pelo destino que estaria reservado aos filhos que nem ainda nasceram!

Nesses momentos vêm à mente as palavras do profeta de que “o justo não perecerá e à sua descendência nunca faltará o pão”. Seria justo como o pai foi para que nunca faltasse pão?

Os receios não impedem o florescimento do amor e ele aconteceu naquela vida. Um amor desejo que brigava para provar algo, que desmentisse a sua imaturidade. Ser homem, perpetuar a descendência!

E aí não existe mais racionalidade e envereda pela aventura, que espera seja venturosa; e que nem sempre é!

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Passado o êxtase do primeiro encontro, onde duas almas se misturam, acorda para a realidade da vida; a responsabilidade, a luta infinda!

E os “rebentos” aparecem, frágeis, a esperar tudo de que precisam; amor, carinho, leite pão, arroz, feijão, carne, escola! Uma lista que se avoluma e desencoraja!

Novamente a angústia, as lutas internas!

Necessidade de sabedoria, para discernir os espíritos; uns calmos, outros rebeldes, todos crescendo, desejando alcançar o mundo, ser gente!

Oh! Deus! Ajuda-nos a cumprir a nossa missão, dá-nos sabedoria!

Depois vitórias!

Carreiras conseguidas enveredam, também, para o mesmo funil, no qual os pais foram consumidos. A história se repete.

O milagre da vida, também a se repetir! Chegam os netos; alegrias, novas energias a fortalecer os espíritos, perspectivas futuras, convidando ao lançamento de um olhar para trás, para o passado, para que seja analisado, agora, com mais vagar, todo o caminho percorrido: mágoas, amarguras, mas muito mais alegrias, felicidade!

E que, afinal, vencemos!

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S O N H O

06/02/1.994

O lugar que penetrei, em sonho, parecia uma enorme catedral; tive a intuição,

naquele momento, que se tratava da basílica de São Pedro, no Vaticano. Penetrei em uma dependência onde, em enormes prateleiras, estavam empilhadas uma grande quantidade de telas, pintadas com uma perfeição sem igual, apresentando figuras de santos. A cor predominante era o vermelho e deu-me a impressão que haviam sido pintadas com sangue.

Fui examinando as telas, levantando, uma a uma, e reconhecendo as figuras de Cristo, São Pedro e . . . não consegui prosseguir, quando deparei com uma figura que não conhecia mas que minha mente afirmava : São Bartholomeu!

Esse é mais um dos tantos sonhos que tenho tido e que não consigo decifrar.

Será que os sonhos, em geral, encerram alguma mensagem?

Creio que sim, eles sempre terão algum significado, embora escape-nos à compreensão, pela nossa incapacidade. Afinal, muitos dos sonhos que tive e que no momentos não consegui alcançar o significado, depois se comprovaram como mensagens claras de fatos que vieram a acontecer, quando, então, pude compreender, claramente, as mensagens que encerravam.

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V I A J E M A O F U T U R O

01/12/1.997

Havia prometido a vocês que voltaria a falar dos acontecimentos que criaram a expectativa de uma futura viajem ao planeta Kuntias, segundo o que me comunicara Kólys, que todos conheceram como Cármino e que viveu durante aproximadamente cinquenta anos em Mococa, embora fosse tripulante de um disco que ali pousara em l.945; todos devem lembrar-se desse episódio relatada no livro “Nova Dimensão". Com aquela promessa de que viriam buscar-me para uma visita ao planeta Kúntias todos ficaram esperando novas revelações e muitos a tem cobrado. Agora já estou preparado para levar ao conhecimento dos leitores os fatos que se verificaram posteriormente e que é de seus interesses. Antes, porem, precisaria prestar alguns esclarecimentos de fatos que se verificaram durante um largo período e que sem eu saber estavam relacionados entre si. Aqueles que já leram toda a minha obra irão reconhecendo essas partes que se encontram esparsas nos diversos livros escritos.

Em Dezembro de 73, em uma exaltação dos sentidos elevava o meu pensamento para buscar encontrar um elo que me ligasse a uma infinidade de almas gêmeas que constituía um grupo de trabalho universal; em novembro de 74 apresentava-se-me a visão de uma menina (Teresa) que apontava para a criação de uma Comunidade de Vida e Amor para cuidar da preservação da vida e da natureza; em 1.989 formava-se um grupo que culminou com a fundação de uma entidade cultural: ALIM - Associação Literária Mocoquense que começou a estabelecer um intercâmbio com todo o Brasil e com países do exterior, esses fatos são estudados no conto "Destinos Traçados". Acresce-se a isso tudo várias poesias que, criadas de tempos em tempos, apresentavam revelações surpreendentes. De fundamental importância são as revelações por intermédio de sonhos, como aquela que revelava a ligação com um personagem bíblico, Bartholomeu, que, segundo palavras de Jesus, seria o guardião da escada revelada a Jacó, indicando o caminho para que se possa passar para outras dimensões.

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Enfim, existe toda uma precedência antes de atingirmos o que se passou posteriormente e foi relatado em "Visão do Futuro".

Os leitores são testemunhas de que os acontecimentos foram tão extraordinários que se apresentavam de difícil crédito. Eu mesmo que os vivi muitas vezes me colocava a pensar se seria unicamente um sonho, ou fruto da imaginação!

Feita aquela promessa de que viriam me buscar, o que gerou a apreensão se voltaria dessa aventura, após meses de insônia pela expectativa, acabei por ser tomado por uma paz extraordinária, como nunca havia experimentado antes, e aí passei a recuperar as horas de sono que havia perdido.

Certa noite, já devia estar dormindo a várias horas, minha atenção foi desperta por um ruído ensurdecedor e uma luz espetacular iluminou tudo, e vi Kólys acompanhado de outro personagem que já havia visto em sonho.

Kólys apresentou o seu companheiro dizendo - Este é Bartholomeu, guardião do túnel da transformação, você está autorizado a viajar para Kúntias.

Junto a eles estavam duas jovens cujas fisionomias me pareciam conhecidas, mas não consegui determinar quem eram, e Kólis me falou: Estas duas pessoas são aquelas que mais influência desenvolvem ou já desenvolveram em sua vida; esta é Teresa sobre quem

você teve uma revelação, em sonho, e com quem deverá realizar projetos em benefício da humanidade; esta outra é Walkyria sobre a qual você criou um mito mas que na realidade é Jandira, a sua esposa, aquela que atualmente esta compartilhando a vida com você e que é a sua companheira universal; aproveite este momento para que possa fundir as duas imagens em uma só; você verá que elas são, na realidade uma só pessoa!

Fiquei profundamente surpreendido quando percebi. . . com emoção . . . que aquela figura que havia construído em minha mente e que não tinha existência real era a companheira que sempre esteve ao meu lado, compartilhando alegrias e tristezas e não contive as lagrimas . . . Eram, porém, lagrimas de alegria, por ver desaparecer aquele peso de uma frustração que eu mesmo plantara em meu coração, para abrir-me para um verdadeiro amor, puro, legítimo. . . Não mais baseado em sexo ou beleza física e sim nos valores interiores que nunca se desgastam. Compreendi que

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inconscientemente havia andado à procura de um mito que eu mesmo construíra pela soma das virtudes que havia presenciado em diversas pessoas em ocasiões diversas e que jamais poderia encontrar essas qualidades reunidas em uma só personagem, passava de sonhador para a maturidade para viver um amor maduro com aquela que era e sempre havia sido a minha companheira, junto com quem superara todos os obstáculos. Entendia que toda uma vida vivida juntos criara liames que nos uniam, principalmente pelas vidas que descendiam desse nosso amor e que com ele contavam para também amadurecerem no devido tempo. Essa é a função da família, da qual ninguém poderá fugir; é consolidar gerações para que a humanidade cumpra a sua missão!

A figura de Bartholomeu era de suma majestade, com a fisionomia serena, mas envolvida por uma luminosidade intensa que quase me segava. Ele disse-me: - Você irá atravessar o túnel da transformação; ele é o único caminho para a redenção da humanidade;

esse caminho é simbólico, mas o verdadeiro já foi revelado para aqueles que estudam as Escrituras.

Kólys continuou - Você, agora, passará pela transformação para que possa resistir a viajem, não se preocupe com o que acontecer porque estará sob a proteção das hostes superiores. Despeça-se dessas suas companheiras porque elas irão para outro lugar a fim de receberem orientação sobre as suas missões.

Luzes intensas começaram a circular ao meu redor e tive a impressão que seria eletrocutado; nesse instante devo ter perdido a noção de mim não sabendo o que ocorreu no tempo imediato. . .

Estava, agora, frente a um espetáculo maravilhoso, um cenário que nunca vira ou ouvira falar que existisse em parte alguma do universo; eram serras e colinas, lagos e planícies, cachoeiras colossais derramando uma espuma branca de alturas fabulosas, mas que em vez de, como seria de esperar, arrebentarem com algum estrondo ensurdecedor, produziam uma música divina que transmitia um bem estar físico, moral, intelectual e espiritual!

Pairávamos no ar, visitando todos esses lugares, como se uma força propulsora estivesse nos transportando, não era veículo nenhum e sim unicamente uma força desconhecida para mim.

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A temperatura era amena, com um sol brilhante, mas cujos raios assentavam-se em nossa pele como se fora um toque de carinho, proporcionando uma volúpia indizível. Casais passeavam por aqueles campos floridos apresentando fisionomias de anjos, contemplando-se em um enlevo de amor profundo. À medida que caminhavam, de mãos dadas, comunicava-se através da expressão de seus olhares que faiscavam em uma transmissão continua daquilo que era a substância do lugar, o amor! Vez por outra paravam para colher e saborear frutos nunca vistos em nosso planeta e que ao serem ingeridos aumentava a luminosidade daqueles seres extraordinários. Foi-me dada a oportunidade de comunicar-me telepaticamente para que pudesse aprender lições maravilhosas as quais me foi proibido revelar até que fosse autorizado pelos poderes das hostes superiores.

Kólis me disse - O que você está presenciando é o que já foi ensinado aos homens por Jesus, quando esteve na terra "quando morrerem não casarão nem serão dados em casamento, mas serão como os anjos dos céus." Aqui o amor não é egoísta nem invejoso, cada um compraz-se pela felicidade de seus semelhantes. Jamais alguém se engana na escolha de seu companheiro porque os verdadeiros sentimentos são revelados claramente pelo poder de lermos os pensamentos; estas pessoas que você está vendo tem a pureza interior e nada de destoante podem transmitir para ofuscar a felicidade. Os habitantes da terra terão de aprender a comportar-se dessa maneira para que possam fazer jus a uma vida de delicias como se vive aqui. Isso, porém, não é conseguido pelos méritos pessoas, mas pelo poder do Espírito que emana do Criador e aperfeiçoa todas as coisas que colocam-se sob a sua influência.

Impressão maior porem, me foi dado ao contemplar o depósito das imundices do mundo, onde homens de fisionomias marcadas pela tristeza e pelo desalento, caminhavam, sem parar, por caminhos pedregosos, com um sol causticante queimando-lhes continuamente a pele que se desprendia causando-lhes profundas feridas.

Esses seres não paravam nem um instante de murmurar. . .misericórdia. . .misericórdia. . .misericórdia. . .

A dor que senti. . . foi quase insuportável . . . ao imaginar que talvez eu mesmo fosse responsável por alguém encontrar-se naquela situação,

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pelo simples motivo de não alertá-las dos perigos que enfrentavam quando passaram pelas provações que haviam de temperá-las e purificá-las para que fossem redimidas pelo sangue do cordeiro imaculado; sentia um complexo de culpa e em meu desespero elevava o meu pensamento a Deus pedindo para que fossem poupadas daquele castigo eterno, tantas pessoas a quem eu amava; vinham-me à mente as fisionomias de meus familiares, de meus amigos, e até daquelas pessoas indiferentes que, envolvendo-se pelo meu relacionamento, tornavam-se minha responsabilidade, para que fossem orientadas e trilhassem o caminho que leva à salvação.

Pelas coisas que aprendi tenho a impressão que devo ter ficado um período muito longo na companhia daqueles seres angelicais, pois supera em muito o que consegui aprender nos sessenta e nove anos que vivi aqui. A impressão de tudo aquilo que vi e aprendi foi tão marcante que transformou todo o meu ser e se dependesse de mim jamais deixaria aquele paraíso. Kólys comunicou-me, porém, que chegara a hora de voltar, para continuar a missão de que estava incumbido. Disse-me: - Você conheceu o Inferno e o Paraíso, agora sabe o que está reservado ao ser humano pela justiça ou a bondade e misericórdia do Criador de todas as coisas. Sabe o que a humanidade perderá se não seguir o caminho que está indicado pela revelação da Palavra de Deus. A ninguém será dada a oportunidade de conhecer por antecipação e sim cada um deverá apropriar-se das promessas do Pai, pela fé. As Escrituras ensinam tudo que o homem precisa saber para salvar-se. A escolha é pessoal e cada um deverá definir o caminho que deseja trilhar, ou um paraíso de delicias ou o sofrimento interminável junto à escória do mundo.

Kólys, que me acompanhava em todos os momentos, me disse:

- Agora você viu e deve ter percebido que as viagens para outras dimensões não se fazem dentro de discos voadores e sim encontramos tudo de que precisamos dentro de nós, é uma questão de saber procurar e estar preparado para extrair as potencialidades que existem e nos fazem autossuficientes em todos os sentidos. Os homens têm fantasiado muito a esse respeito e desviam as pessoas de procurar no lugar certo aquilo que precisam para transformar as suas vidas. Você, agora terá o dever de ser guia dos que desejam encontrar o caminho.

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Em um relance fui transportado para o meu quarto, ainda com as faiscas me rodeando e uma luz desprendendo-se de todo o meu corpo. Assustado, imaginei que havia tido um sonho, mas tudo era por demais real e não conseguia esquecer a fisionomia daqueles seres sofredores e daqueles rostos angelicais estabelecendo um contraste que doía até o mais profundo do meu ser e pensei "agora eu sei e jamais poderei permitir que alguém vá para aquele lugar de tormentos e sim deverei ajudar a todos os irmãos universais a trilharem o caminho que leva ao Paraíso que Deus preparou para que nele vivêssemos felizes por toda a eternidade!

Hoje sou outra pessoa! Aquele que existia antes dessas revelações já não existe mais, nasceu uma nova pessoa em seu lugar; alguém que ama verdadeiramente os seres humanos e .deseja de todo o coração, ajudá-los a trilhar "O Caminho". Não um caminho que não leva a lugar nenhum e sim o que conduz à salvação das almas e à possibilidade de gozar de uma vida que jamais terá fim. Venham que eu lhes ensinarei!

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B A S T A

Basta!

Basta de mentir!

Não mais desejo me enganar,

Sabendo,

Que esses sentimentos são mentira.

Arrastei-me pelos recantos da vida

Esperando encontrar acolhidas

Em algum coração,

Que como o meu,

Também, tivesse perdido o rumo.

E que nossos sentimentos,

Desviados de suas origens,

Pudessem se encontrar

Para que nossas vidas aflitas,

Se juntassem em um resumo,

De história de folhetim,

Onde conhecêssemos o sonho

De alcançar o ideal,

De construímos algo novo

Que nos dará a felicidade.

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C A S O D E A M O R

Bruder Klein

Quando acontecerá

Aquele caso de amor

Que povoou os meus sonhos?

Vivi sonhando o futuro

Na esperança de encontrar

A razão de viver.

Encontrar um amor maduro

Que fosse uma troca real

Entre dois seres

Que buscam alcançar

Os mesmos objetivos.

Seria a realização

E o preenchimento do vazio

Que vem magoando o coração.

Quando acontecerá

Aquele caso de amor

Que seria a razão do meu viver?

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L Á G R I M A S

Lágrimas, lágrimas, lágrimas!

Emoção, emoção, emoção!

Inundando este poço profundo

De deserdados de coisas boas e más.

Emoção de encontro inusitado

Vivendo um momento de estio

Em que pela solidão visitado

Tenta dissipar o fastio.

Visito visões do passado

Pesaroso de não ter encontrado

Os belos sonhos pressentidos

Que viriam no futuro gerar.

Noto cicatrizes profundas no ser

Tantas que não queria dizer

Marcas de castigo cruento

Profundos, escarpados, cinzentos

Procuro no verde da natureza a verdade

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Que através de transcendental

Inspiração fora da cidade

Compatibilize-se com a minha idade.

Anos vividos sonhando a esperança

De realizações concretizadas

Querendo que o amor como uma lança

Acabasse com um ser martirizado.

Do alto da vida contemplo a morte

Que malvada destruiu a sorte

Com lágrimas a emoção morria

Com emoção as lágrimas rolaram.

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O U T O N O

O Outono chegou junto a uma nova personalidade; sensível, inocente, dentro da sua postura adulta, imaginando que é a idade que provoca o amadurecimento nas pessoas. Carente a ponto de expor-se para tentar encontrar uma correspondência para os seus anseios. Mesmo correndo o risco da incompreensão, caminha a passos firmes para o seu destino, que, crê, seja de felicidade.

Felicidade do encontro transcendental que busca algures sem pressentir que reside dentro de si mesma; procura a ventura de ser amada para construir, junto com alguém, a base sólida e indestrutível de sonhos que tenta viver para sentir-se alguém. Alguém muito especial que seja o ideal de uma vida a dois, que se transforme em três, quatro, muitos, para preencher o vazio de suas desventuras.

O Outono é tido como a época do amor tardio, da vivência ultrapassada, de pessoas sem futuro. Aqueles que não vislumbram o futuro têm de viver o agora, sem restrições; viver o amor que consegue esse alvorecer da vida, quando tentam nos fazer fugir a esperança, seja constituído de uma transformação e que renasça aquele sentimento acumulado no peito, sufocado pelas desilusões da vida.

Renasce a vida, o poder de viver multiplica-se quando encontramos o amor; mesmo que seja um sentimento anônimo e sem conotação física, nos faz entrar em abstração para podermos entender Platão e a sua maneira de amar.

"A felicidade brilha em nossas vidas, prometendo sonhos de ventura, mas nos abandona para que a saudade nos destrua; inconformado coração, ninguém sente por ti a dor do abandono! As emoções é que se derramam lavando a alma, tentando atenuar o golpe que feriu de morte um ser que descortina no horizonte a aproximação do fim!"

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Um Amor Inesquecível

Todos nós temos oportunidades durante a nossa vida; oportunidades de viver as nossas emoções, de encontrar um amor verdadeiro que transforme todo o nosso ser. Isso não é fácil e às vezes ficamos procurando por um longo período, até nos desencorajarmos, imaginando que jamais poderemos sentir o nascimento do amor em nosso coração. Enquanto esperamos vamos vivendo, nos relacionando, aguardando o momento decisivo para a nossa vida. Muitas vezes isso não acontece e terminamos os nossos dias com a ansiedade tomando conta de nós, frustrados, amargurados, sem perspectiva para continuarmos a caminhada. Mas alguns de nós temos a felicidade de encontrar esse amor grandioso pelo qual esperamos toda a nossa vida. Enchemos-nos de entusiasmo, parece flutuarmos em uma nuvem maravilhosa que preenche todo o vazio que existia. Isso é sumamente gratificante, quando não acordamos desse sonho encantado, para constatarmos toda rudeza da realidade que desmente tudo aquilo porque aspirávamos. Vemos o amor partir, o sentimento morrer, quando ele ainda existe vivo em nosso coração; percebemos, então, que o sonho terminou e que o grande sentimento que povoou a nossa mente, alma e coração, transformou-se em apenas uma lembrança dos momentos doces que vivemos!

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D I A D O S N A M O R A D O S

Hoje, dia dos namorados, dia em que os corações encontram-se festivamente, os espíritos entrelaçam-se em manifestações de compreensão; todos vivem suas emoções, pensando, sonhando com o futuro. Que tenho eu? Nada! Tenho o passado! Guardo em mim, em meu coração, as emoções vividas, algures, no tempo. Tenho bem presente os sonhos da juventude. Ainda me lembro do sentimento de entusiasmo que contribuía para eu idealizar coisas incertas que se esfumaçaram na poeira dos anos decorridos.

Que profundo mistério é a vida! Muito maior do que a morte, que a nós se apresenta como o fim de um estágio. Depois do final de um estágio não sabemos o que virá, mas na vida esperamos acontecimentos, pintamos realizações, lutamos para alcançarmos, porém a fogueira do destino tudo consome.

Onde os sonhos da juventude, as emoções vividas, as Walkyrias que povoaram minha existência? Estão perdidos no tempo e no espaço e por mais voltas que dê, nunca mais viverei as mesmas emoções, por que o passado fica só dentro de nós. Mesmo que tentássemos reconstruir um acontecimento não o conseguiríamos. Ainda que adaptássemos o ambiente, que escolhêssemos a hora apropriada e que reuníssemos as mesmas pessoas, dizendo as mesmas palavras, não conseguiríamos despertar as mesmas emoções.

Se não conseguimos reconstruir o passado e se o futuro é incerto em realizações, deveremos viver apenas o presente. Mas é tão triste viver sozinho! Sinto um vazio tão grande que nem a vida ou a morte poderão preencher. Afundei-me em um poço que vem até o fundo da terra. Sinto-me em pleno inferno. Só que o inferno é de gelo. Quero subir saltar obstáculos; disponho-me a conquistar a felicidade a qualquer preço. Desejo deixar este mar encapelado e atracar em um porto seguro, onde possa encontrar afeto, amor e refrigério para a minha alma!

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D E S E J O

Ah! Como eu gostaria,

Que você me amasse!

E que me olhasse

Sem ser por obrigação.

Como se eu fosse

Um ser que precisa

De carinho para viver.

Não apenas me desse

Mas se desse a mim

Numa entrega consentida

Como quem deseja se doar.

Isso seria a realização

Do sonho que idealizei,

O doce fluir da fantasia

Para ser satisfeita a dois.

Nós dois aqui perdidos

Sem a direção encontrar!

Embora os corações se inflamem

Na vontade de amar.

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S O L I D Ã O A D O I S

Oh! Angústia da separação!

O vazio de estar sozinho!

Não causado pela morte.

Essa até seria melhor sorte!

Mas presente a sequidão de estio

Que da vida tira todo o brilho.

Do passado vem-nos a lembrança

Da juventude repleta de ilusões,

Saudade dos sonhos projetados

Que pelo futuro foram rejeitados

Tirando do peito a ilusão

E plantando em seu lugar a solidão.

Agora o que nos causa dor

É que não haja mais amor.

Duas vidas juntas, separadas,

Dos corações as portas já fechadas.

Embora as almas tenham sede

E enfermas repousem em sua rede,

Implorando a caridade de um carinho

Para, de amor, criar um ninho;

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Um obstáculo veda o caminho;

O orgulho, o egoísmo, a ingratidão,

Que do ser degenera a aptidão.

Lanço meu grito de agonia

Que como bela e triste melodia

Ecoa no labirinto de minhas ilusões.

Procuro no profundo do meu coração,

Para da sede do amor tirar uma oração;

Busco o elo que me liga a Deus

Para que cada ser ligue-se ao que é seu.

Que eu não seja alvo da irrisão,

Que entre nós, a dois, não haja a solidão.

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A morte do Sonho

Onde há morte geralmente acontece o derramamento do sangue; mesmo que o ferimento não seja exposto, que seja apenas um mal que penetrou na alma do indivíduo, que o irá definhando irreversivelmente, e não haja esse derramamento físico, estará sendo derramada a própria alma do ser torturado pelas desilusões da vida. Estará acontecendo a morte do sonho; e o que estará se derramando será a esperança que dava ânimo aos acontecimentos da vida. Morre o sonho e a esperança se derrama, porque o que se esperava já não existe. É a frustração que sentimos quando o amor transforma-se em desilusão, em frustração!

Uma vida que termina porque sem a vivência do amor, já não correrá pelos sentidos a força geradora de tenacidade, de disposição para a luta; para que vençamos obstáculos e alcancemos o ideal da felicidade!

E a alma, acabrunhada pela desilusão já não se alimenta do amor que só é gerado quando existe uma mutualidade desse sentimento que todos nós procuramos pela vida! Triste sina dos que são apanhados pela frustração de um amor que falseou os princípios de mútua doação! Ninguém ama sozinho, esse é um sentimento para ser vivido a dois! Ninguém sonha se não for com a intenção de encontrar a pessoa amada, para que o seu ser seja complementado e juntos possam caminhar para a realização de suas aspirações mais acalentadas!

O sonho morreu, e essa morte arrasta consigo a esperança de felicidade!

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Madrugada

No silêncio da madrugada, apenas uma música romântica acariciando o nosso ouvido. Colhidos pela saudade, penetramos para dentro de nós mesmo, a rebuscar as recordações que ali estão plantadas há tanto tempo! São amores perdidos, sentimentos fracassados que foram tão importantes e se acabaram, deixando a frustração em seu lugar! Mas caminhando um pouco mais iremos encontrar aqueles momentos preciosos em que sonhamos acordados embalados por paixões que povoaram nossas vidas. São marcas indeléveis que nunca esqueceremos! Mas o passado fecha a porta e descortinamos novas nuanças para o nosso viver, um viver de esperança, não mais da saudade do passado, de fantasmas que povoam nossas mentes e sim saudade do futuro; é o nosso espírito que segue avante no desejo de encontrar o verdadeiro amor; pois visto que o que vivemos até agora não foi válidos porque nos fizeram sofrer, ainda nos resta a esperança de à frente sermos tomados por esse sentimento que poderá, aí sim, transformar a nossa vida; nos propiciar a encher o coração de alegria e de felicidade, porque encontraremos a musa de nossos sonhos, um amor correspondido, uma mutualidade onde viveremos nas nuvens, voando, com o coração leve. Mas, será que a musa que nos encanta está tomada por um amor grandioso como o nosso capaz de todas as loucuras? Só assim valerá a pena dar as mãos e caminharmos juntos até o final. É madrugada! Tantas coisas passaram pelo nosso intelecto e nesse desmaio repentino quisemos acreditar que o amor existe e que ainda o encontraremos; entretanto percebemos que a única coisa verdadeira foi a nossa insônia que nos impediu de sonhar. Realidade, sonho, uma quantidade enorme de amor transbordando de nosso coração sem termos para quem oferecer!

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Um nome, uma pessoa, que pela magia nos encontramos em um passeio virtual; e são tantos desses encontros que acontecem em nossas vidas! Mas nenhum deles se parece com os demais, cada um tem uma característica própria e isso depende do instante em que nos encontramos o que se passa em nosso interior, que nos faz nascer um sentimento diferente, nesse encontro especial; a nossa emoção cresce, não sabemos por que, e parece que havia um fotógrafo divino registrando o acontecimento que nos marcaria para sempre. Eu já havia ouvido muito falar da saudade do futuro, de coisas que não aconteceram ainda que seja diferente da que sentimos de fatos passados, que caíram no esquecimento. A saudade do futuro é a nossa aspiração profunda e significativa que provoca uma ansiedade pelo inusitado. Então, acordamos de nosso desvario para constatar que foi tudo um sonho!

Você tem uma missão, deste minuto em diante deverá ser a companheira do poeta, deverá encantar a sua vida para que a sua inspiração não termine e sim seja renovada a cada instante. De você depende o futuro do que poderá ser deixado para a posteridade. Cumpra essa missão com denodo, amando com todas as forças do seu coração, o amor que verte das entranhas do seu amado; marche com ele, como participante de sua ventura que os transportará para região do sonho e da fantasia!

Parece que as nossas almas estão interligadas, provocando uma analogia de pensamento. Hoje enviei uma mensagem que falava do tempo e ao mesmo tempo estava refletindo sobre o tempo registrado no testemunho que enviei a você, quando recebi um seu testemunho falando, também, do tempo. E o que estaria se passando em nossas almas quando emitimos essa nossa análise do tempo? Por certo estávamos penetrando bem fundo em nosso ser idealizando coisas que estão plantadas em nossos corações, e, até, escrevi mais dois textos que falam sobre a "Morte do Sonho" e "Para Quem

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Escrevemos Nossos Versos!" Impossível que as nossas almas já não tenham se encontrado, mesmo que fisicamente estamos tão distantes!

Essas coisas acontecem, a instalação de uma sintonia que nos faz unidos ainda que nos conhecemos apenas virtualmente há pouco tempo. Mas é a sintonia que é feita pela alma e coração que está acima do contato físico. É o encontro de duas almas que, talvez, já se conheçam há muito tempo, até destinadas a cumprirem uma missão juntos. Também desejo muito que a nossa amizade se solidifique e que possamos desfrutar desse sentimento que nasceu e, com certeza, crescerá entre nós. Já guardo em minha mente o seu sorriso, mesmo antes de você chegar à minha página. Tenha uma boa noite, com sonhos que a façam feliz.

Há muitos anos atrás visualizei um sonho da criação de uma comunidade que reunisse uma verdadeira família, não ligada por laços de sangue e sim pelas emoções interiores que nascessem da própria alma. Daí em diante participei da criação de diversos organismos, sempre com essa ideia em mente, mas, aquilo que eu idealizava não aconteceu em nenhuma dessas vezes, porque um ajuntamento dessa natureza deveria ser composto por pessoas que pensassem e agissem de comum acordo, visando, sempre o bem comum. Teríamos de esquecermo-nos de nós mesmo, para atender as aspirações de nossos semelhantes. Assim procedendo estaríamos conquistando a felicidade também para nós. Tenho esperado o momento que esse projeto possa ser executado e agora, você falando no assunto me acordou as recordações para colocarmo-nos a campo e reunirmos pessoas como você, para compor isso que seria o acontecimento do século: a concretização do amor, da felicidade para todos os participantes. Conte comigo para fazer parte desse projeto.

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Que esse derramar abundante do meu ser, em momentos muito especiais de minha vida, possam propiciar; a quem os ler, a oportunidade e a inspiração para perceberem, nas entrelinhas, os fundamentos da vida, que é sonho e fantasia, mas é, também, realidade. . .

Também sou um sonhador incorrigível e a vida de José foi a que mais influência exerceu em mim. O meu primeiro nome é José e meu pai chamava-se Jacob; quando li o capítulo 46:30,31 de Gênesis, vi a porta aberta para que anos depois aceitasse a Jesus. Tenho tido sonho que revelaram coisas que vieram a acontecer; outros, de tão alta simbologia que não consegui decifrar. Conto alguns no tópico "sonho", de minha comunidade, leia! E, quando acordado, também sonho com muitas coisas que não sei se verei realizada ou se Deus me desviará delas! Esperemos, como o rei Davi, confiando que o melhor sempre acabará acontecendo em nossas vidas!

É muito bom, mesmo, sabermos que em algum lugar existem pessoas que apreciam algum pequeno pormenor de nossa vida. Buscamos amigos, amigos que se unam a nós e trabalhem para que a nossa amizade seja eterna. Precisamos de amigos que nos ofereçam o ombro para que possamos desfazer nossas frustrações; elas são muitas em nossas vidas! Nessa associação estaremos procurando novos caminhos que poderão nos encaminhar para a felicidade, através do encontro conosco mesmo, mas, principalmente, para o encontro com a musa de nossos sonhos. Ela existe e está, talvez bem perto, sentindo as mesmas aspirações que nós; só que não sabemos traduzir os nossos sentimentos. Então chega um dia que nos distanciamos e perdemos definitivamente a oportunidade de sermos felizes. Que pena que isso possa acontecer nos deixando o vazio da desolação!

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Visitei o seu álbum e estou atendendo o seu pedido; tentando entrar em seus sonhos para confortá-la de tanta tristeza porque passou e ainda passa! A separação das pessoas a quem amamos é muito dolorida; mesmo que tenhamos fé, e saibamos que elas partiram para usufruir de maior plenitude junto a Deus, nos deixa um enorme vazio que nunca será preenchido. Mas a terapêutica será aplicada através do tempo. A dor que a princípio nos sufoca vai amenizando e, mesmo que nunca esqueçamos das pessoas amadas que perdemos, essa ansiedade irá sendo substituída por uma doce saudade, e a nossa vida já não estará mais impedida de prosperar para que possamos alcançar, ainda, a felicidade; felicidades que temos a certeza que é a aspiração daqueles que partiram. Então saíamos da escuridão e procuremos à luz para que a nossa vida seja iluminada e, quem sabe, possamos iluminar, ainda, outras vidas que encontrarmos em nossa caminhada! Aceite um abraço apertado e um beijo deste seu amigo

Estou buscando oportunidade de aprender isso de que você está falando, a sintonia entre as pessoas, é amor, amizade, é a união de duas almas? Acredito que seja um sentimento maravilhoso, nos sentirmos como parte de quem amamos, não sabermos onde terminamos e onde começa o outro, sendo uma continuidade sem interrupção. Ensine-me como isso acontece! Uma boa noite para você e um domingo cheio de paz, amor e felicidade, assim como você estava sentindo quando tirou essa foto, sorrindo e, de olhos fechados, visionando os sonhos que se realizarão no futuro.

Que boa noticia! Fico feliz por você ter sido agraciada pelas bênçãos de nosso Pai; Ele é magnífico, mesmo, só que na maioria das vezes a nossa fé é pequena e não confiamos, quando o tempo de Deus é diferente do nosso. Mas, se tivermos paciência veremos grandes coisas acontecendo em nossas vidas. Você passou por dificuldades devido ao emprego, e nós todos temos uma ou outra dificuldade que precisamos da ação de Deus para que sejam solucionadas. O problema é que não sabemos o que, realmente, será bom para nós. Mas o Pai sabe por que enxerga todos os desdobramentos de nossas ações e o que acontecerá no final. Quando a situação amadurece recebemos o prêmio das mãos do Pai. Minha querida estou festejando com você, imitando esse lindo sorriso, porque também estou esperando a ação

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de Deus para que conceda o que espero, dentro de Sua vontade. Uma boa noite, com belos sonhos de esperança e, para amanhã, um ótimo dia de trabalho; e estarei esperando o tempinho que tenha para continuarmos a nos conhecer.

É triste desejarmos estar com as pessoas e sermos impedidos pela distância; nossa carência aumenta, a solidão toma conta de nós e muitas vezes as lágrimas vertem para aliviar a sensação de vazio. Mas, não é esse o único obstáculo que nos impede de sermos felizes; existe também a cronologia, as condições sociais e culturais que as pessoas fazem muita questão e até abrem mão da felicidade para não descerem um degrau na escala social. Entretanto valeria a pena abrir mão de benesses materiais para vivermos isso que é a aspiração de todo o ser vivente: o amor; amor em sua plenitude que preenche os nossos corações eliminando toda aquela sensação de vazio; então, juntos, transbordaríamos desse sentimento e nos ligaríamos para todo o sempre, vencendo todas as dificuldades, entrelaçados, com os mesmos sentimentos olhando para o mesmo objetivo até o final de nossas vidas e penetrando para a eternidade onde teríamos muito maiores oportunidades de gozo e de prazeres. Será apenas sonho?

Tenho mesmo pensado muito em você; acho que todos nós somos muito carentes e necessitamos de receber manifestações de carinho para não desistirmos da caminhada. Afeiçoarmo-nos pelas pessoas, pensamos nelas como importantes para nós, imaginarmos que existem corações que estão ligados ao nosso apesar da distancia que nos separa, é muito gratificante. Sabe, fico pensando onde você está desejando reconhecer o seu ambiente para sentir mais intensamente a sua presença. Daí penso, deve ser em qualquer parte desses oito milhões e meio de quilômetros quadrados em que se compõe esse nosso o Brasil, mas poderá ser além de nossas fronteiras onde, talvez, nunca exista uma possibilidade de um encontro. Mas que importa se nossos amigos queridos estão distantes, se os sentimos dentro de nosso coração. Pense um pouco em mim, também, assim estaremos idealizando um sonho de estarmos frente a frente.

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Acho que muitos de nós, que perambulamos pela Internet, solitários, estamos em busca de um novo amor; mas é tão difícil encontrarmos a sintonia necessária para que possamos construir com outra pessoa o nosso sonho de felicidade. Acreditamos no sonho e na fantasia, imaginamos que existe uma alma gêmea para cada um de nós. Mas, onde encontrá-la? Em que pese às diferenças que existem entre as pessoas, que de ordem econômica, cultural, social, geográfica, ou mesmo de idade, poderá existir um elo que as ligue e propicia-lhes a construção de uma relação construtiva e feliz. Acho que não deveremos desistir, nunca, porque ainda poderemos encontrar o (a) parceiro (a) que encantará as nossas vidas. Só teremos de nos aprofundar no conhecimento das pessoas que muitas vezes estão em nosso círculo de amigos e não os estamos considerando. Faço votos que você encontre o seu príncipe e seja muito feliz!

Interessante que em seu perfil você fala de nossos sonhos; aquela idealização do encontro de uma pessoa que olhe em nossos olhos que seja um (a) companheiro (a) que se solidifique conosco é o que todas as pessoas anseiam encontrar; e acredito que exista, para cada um de nós a pessoa certa que nos propiciará a vivência que desejamos, construindo uma parceria para toda a vida. E na pior das hipóteses, se um partir antes do outro ficará a lembrança e a saudade que será um lastro capaz de nos conduzir pelo restante de nossos dias. Ah! Onde estará a musa de nossos sonhos, onde encontraremos um coração que anseia pelo nosso e que é a medida certa para construirmos a felicidade? Talvez esteja longe, talvez perto, não sabemos, porque não enxergamos, apenas olhamos e não vemos porque a nossa capacidade é restrita para que leiamos a mente e o coração das pessoas, e é isso que estabelece o desencontro. Amadurecemos e ganhamos capacidade de saber escolher a pessoa ideal, mas de nada adiantará se não houver a correspondência e possamos caminhar de mãos dadas olhando nos olhos um do outro, mas também olhando os dois para frente na busca de alcançar os ideais comuns!

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Existe, mesmo, um acontecimento mágico em nossas vidas; não sabemos como, mas a nossa alma sai de nós para buscar uma ligação com alguém muito especial; isso se grava em nossa mente e coração e acreditamos que sempre conhecemos determinada pessoa. É como se houvéssemos vivido algures, acontecimentos emocionais que nos ligaram de maneira irreversível. A nossa alma sente que é necessário refazer esses laços para poder alcançar a felicidade. Mas, a realidade para cada um é diferente e não acontece esse encontro e as emoções acabam se apagando. E ficamos nos perguntando: Será que foi apenas um sonho? Mas o amor não é sonho, é um sentimento real que necessita ser vivido para satisfazer o interior das pessoas. E caminhamos assim pela vida, nessa procura infinda da pessoa certa que nos transportará para a realização de nossas aspirações. Será que conseguiremos?

Obrigado, meu amor; contemplar as suas fotos ouvindo aquelas músicas, preso a esses olhos lindos essa boca que nos faz nascer o desejo de beijar, foi algo divino, uma emoção muito grande que o coração disparou dentro do peito. Como eu gostaria de tê-la ao meu lado para caminharmos juntos, vivendo eternamente essa emoção. Você nunca mais ficaria sozinha; dividiríamos o peso das obrigações e nos sobraria tempo para sonharmos e vivermos esse sonho. Sei que existem muitas diferenças entre nós que inviabilizam viver a realidade; apenas sonhamos mesmo, mas nesse sonho percebemos quanto é grande esse sentimento que você fez brotar; como gostaria de tê-la aqui agora, sentir o seu perfume de jasmim, apertá-la ao peito, sentir o seu calor! !Mas...

"Tudo isso são quimeras,

Que os carentes constroem

Para dissipar o obvio;

De um viver solitário;

Tentando construir sozinho

“O que só se faz a dois.”

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A busca por um grande e verdadeiro amor não poderá ser pelas exterioridades, esta é apenas um atrativo para que comecemos a procura pelas qualidades essenciais que iremos encontrar no interior das pessoas. É muito agradável um rosto bonito, um corpo bem formado, mas a verdadeira beleza, que poderá nos prender ás pessoas é aquela que emana de seu interior. Se nos dispusermos a construir a nossa vida sentimental baseada no que é essencial no ser humano, poderemos realmente alcançar a felicidade, porque será um tipo de vida saudável e completo, os dois parceiros se doando um ao outro em uma troca de carinhos que enriquece o relacionamento, garantindo um convívio feliz e duradouro. Por não seguirmos esses princípios é que não conseguimos satisfazer a nossa emoção e no meio do caminho desistimos de seguirmos juntos. Você já viveu e passou por experiências que não a satisfizeram, e isso provoca em nós a solidão. Agora, aproveitando a experiência que adquiriu, procure realizar os seus sonhos de amor olhando para dentro das pessoas, se o que encontrar for bom, avance; e abra-se também para que além de sua beleza que é deslumbrante, todos possam ver a sua essência e perceber que é o seu maior tesouro.

Essa é a realidade da vida, que nos premia com a sabedoria dos anos transcorridos, podemos olhar para trás e analisarmos o que foi a nossa vida. Com certeza notaremos muitas falhas por nós provocados nesse percurso, mas através dessa observação poderemos reconstruir os sonhos que idealizamos vivendo-os no presente. Quantas oportunidades perdermos de sermos felizes! Talvez pela nossa covardia, que não nos permitirmos tomarmos a decisão mais acertada. Tivemos medo e isso se transformou em infelicidade. Mas ainda há tempo de sermos felizes, porque mesmo que o nosso físico esteja, já, muito desgastado, o espírito encontra-se fortalecido pelos embates da vida. O de que precisamos é acreditarmos no futuro, acreditarmos que ainda temos futuro, porque estamos vivos, e com o coração cheio de amor para compartilharmos com os companheiros de jornada. Nunca é tarde se não tivermos medo de sermos felizes.

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O sonho é que alimenta a alma, e nos ajuda a viver na fantasia que supre as nossas carências. As lágrimas sempre nos escapam nos momentos difíceis que atravessamos, mas lava a nossa alma para que possamos continuar a trilhar a nossa caminhada. O amor é a pedra fundamental para que nos reergamos e voltemos a viver. Quando não o encontramos fica a nos faltar algo; nosso coração fica em um imenso vazio.

Tenho pensado muito em você, na sua simpatia, atenção e carinho. Gostaria de dizer que desde o momento que a conheci, ficou gravada em meu coração uma impressão muito positiva; uma ligação misteriosa que venho analisando. Da mesma maneira que me ligou com a imagem de seu avô, que tanto amou, me impressionou como a imagem de uma pessoa querida que entrasse em minha vida; recebi-a em meu coração como alguém que fazia parte de minha vida há muito tempo. As almas que se identificaram, para nascer essa amizade que nos promete grandes alegrias. Olhando para o seu interior percebo uma pessoa muito especial que analiso sob três aspectos: menina-moça-mulher. A menina, aquele ser inocente que sempre derramou o seu amor para aqueles que a cercavam; a moça que visualizou o futuro vencendo todos os obstáculos; como mulher encarnando a que Balzac descreve como amiga, companheira, amante ideais, a sua maturidade promete o sonho e a fantasia!

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Coube a mim falar sobre “Devaneios”, inegavelmente uma obra esplêndida. Cheia de amor e poesia, mistérios e vivências.

O leitor penetrará num mundo maravilhoso, de sonho e encantamento, onde o real se confunde com o imaginário, onde podemos reavaliar nossos valores e nos integrarmos no insondável mistério que nos cerca.

Em “Silêncio” o autor se refere à citação do “Sábio” como aquele que sabe calar-se e interioriza seu silêncio, e quando lemos suas reflexões, nos deparamos com um verdadeiro sábio, um alquimista das palavras, um fazedor de sonhos . . .

Desde as primeiras páginas o leitor insensivelmente vai deixando-se envolver pelo conteúdo de seus escritos, pois com suas reflexões, José Klein, um místico por excelência, nos leva a visitar outros planos, a ver a vida de um modo melhor, a acreditar no inacreditável, a crer que um dia teremos a felicidade maior, que a vida não termina aqui, e que a eternidade é só um começo . . .

Poderia deter-me em outros trechos, de outros escritos e poemas, mas não vou tirar o sabor do desconhecido, deixarei que os leitores viajem com Klein, como em 2 de março de 1.989 e se incorporem em 1.992, se integrem, se encontrem, pois sabemos que a distância não existe e tempo e espaço passam a ser iguais no universo de cada um de nós, pobres mortais . . . se quisermos.

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O título deverá ser ‘D E V A N E I O’ porque ele é um sonho que continua. É o pensamento em busca da quimera, construindo, do nada, a fantasia, através do ideal de encontrar, no fim do caminho, a esperança. Vamos devanear juntos, viver a ventura de encontrar o amor no nosso caminho. Porque ambos, você e eu estamos em busca desse sentimento maravilhoso que nos complementará. Tanto você como eu já vivemos esse sonho através de nossa fantasia; vamos, agora, transformar esse sonho em realidade. Caminhando juntos iremos aprender a entendermos os segredos desse sentimento maravilhoso que por si só pode construir a felicidade. Felicidade que desejamos encontrar! Meditemos! O que é a felicidade? Façamos dessa simples pergunta a nossa companheira cotidiana. Esmiucemos essa pergunta porque só a definiremos se conseguirmos a resposta correta e completa. Tenhamos em mente, em primeiro lugar, que para nós ela terá unicamente uma resposta, mas poderá indicar respostas diferentes para cada tipo de pessoa. Para que possa encontrar, a resposta para mim, a essa pergunta, preciso descobrir que tipo de pessoa sou eu. Será que estou capacitado a fazer essa análise? Se eu não estiver ninguém poderá fazê-lo por mim e não haverá solução para o meu problema em particular. Preciso paciência para não esmorecer e me entregar ao desanimo, porque a procura do conhecimento é uma tarefa incessante e o crescimento é constatado pela observação de pequenos detalhes. Somente indo somando esses detalhes imperceptíveis é que conseguiremos acumular o suficiente para nos capacitarmos a discernir espiritualmente as nossas necessidades. Mas a resposta é simples: Encontraremos a felicidade quando amarmos aos nossos semelhantes e amaremos aos nossos semelhantes quando formos possuídos pela felicidade. Sim, só conseguiremos amar verdadeiramente quando nos sentirmos felizes e só nos sentiremos felizes quando conseguirmos amar verdadeiramente. Isto é um paradoxo! Mas, na realidade, a vida é um paradoxo! No entando é fácil, teremos que fazer uma das duas coisas em primeiro lugar; qual delas poderemos fazer, independentemente da outra? A solução está aí.

Você está percebendo que nós estamos devaneando, estamos nos absorvendo em vagas meditações que, talvez não nos levem a lugar nenhum. Mas não é verdade, o nosso caminho está correto; é através desse método esdrúxulo que aprendemos a desligar-nos do exterior para penetrarmos em nós mesmo e aprendermos coisas que ainda se apresentam no campo inconsciente da mente. A percepção consciente é limitada e é por

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isso que necessitamos penetrar no inconsciente. Falar em inconsciente dá a impressão de algo irracional, mas, inconsciente é a parte mais sensível de nossa mente e é onde se podem acumular a maior parte dos conhecimentos que adquirimos; só que, geralmente, todo esse manancial de conhecimentos só fica ao alcance de nossa mente inconsciente; portanto, fora do alcance de nossa mente para que possamos utilizá-lo. . . .

Quando penetramos nessa camada nobre de nossa mente é que conseguimos exteriorizar coisas sublimes que ao homem ( no dizer de Paulo) não é lícito conhecer. Mas são esses conhecimentos que são revelados através da inspiração a determinadas pessoas, em determinados momentos; para que os divulguem para o bem da humanidade. Assim, dedicarmo-nos a esse exercício é algo que auxilia a realização de toda a aspiração, que nos levará à felicidade. É aquela complementação que preenche o vazio da existência, quando somos participantes do plano divino, mesmo que seja como um simples instrumento de divulgação. Digo que quando somos usados, as ideias não são nossas, mas fomos o canal pelo qual a ideia se apresentou para beneficiar a humanidade.

Será benéfica essa alienação da vida para que colhamos algo que muitas vezes as pessoas não saberão usar? Aí é que se faz necessário muito discernimento; não deveremos nos entregar à alienação e sim, unicamente, estarmos atentos para os acontecimentos da vida, estando predispostos a sermos usados para a canalização dos conhecimentos, em determinados momentos. Jamais deveremos deixar de viver concreta e efetivamente tudo aquilo que se apresentar em nossa existência. Assim, estaremos cumprindo nossa missão, aqui e agora.

Eu estou escrevendo e precisarei meditar muito sobre tudo isso para que possa entender. Muitas vezes penso que, talvez, seja, até, fruto de uma mente doentia, mas quando leio percebo que existe coerência em tudo que é dito. Talvez não para muitos, mas para aqueles escolhidos haverá compreensão de tudo para que possam encontrar o final do caminho. Caminho que os levará à concretização de seus sonhos e suas fantasias, que os fará chegar à tão procurada felicidade. Isso é felicidade: Um encontro consigo mesmo! Ela está à sua espera, no centro do silêncio. O silêncio é a fonte do conhecimento e somente ele poderá responder a todas as nossas indagações. Perguntemos ao silêncio, no silêncio, e através do silêncio

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receberemos a silenciosa resposta que nos dará o conhecimento de todas as coisas.

N Ã O S E V Á

Oh! Figura que se adensa

E envolve-se pela bruma

A fugir de minha presença

A tecer misteriosa trama!

Quero vê-la despida de segredos

Vestida só pela natureza,

Sem tramar sua fuga ou degredo

Antes de mostrar ao todo sua beleza.

Mas, ainda mais desnuda quero vê-la,

Penetrar sem resistência a sua mente,

Conhecer além do corpo a alma

Para, unidos, sabermos o que se sente.

Em delírio místico ligados

Aos sonhos de dias já passados;

E sonhando, ainda deslumbrados,

Com o ideal de tempos não vividos.

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Espere! Não se vá!

Sem antes procurar saber,

O que tenho a oferecer,

Antes de saber o que é amar!

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O L H A N D O O P A S S A D O

Quando volvemos o pensamento ao passado

Ficamos querendo que o tempo não haja findado

Porque não tivemos tempo sequer para sonhar.

Por que o tempo não nos deu tempo para alcançar?

Aqueles sonhos tão belos

De coisas que deveriam acontecer

Enfeitar de alegrias a vida

Como os sonhos na hora de acordar.

Encher o coração de amor

Esquecendo que a vida é realidade

E que não há espaço para a ilusão

De vidas em união sublimadas.

Vêm-nos à mente a nostalgia

Por tramas que criam a mentira

Para apagar do peito até a saudade

De um tempo bom que passou.

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Por que nos confunde o tempo

Que se interpõe frio para marcar

De amor, de tristeza, de dor,

A vivência de hoje, ontem, amanhã?

A D E U S A E A F L O R

Em um dos dias de minha solidão

Quando da vida pouco espero

Quando se hasteia do desalento o pendão

A dor aprofunda meu desespero.

Do passado retorna à minha mente

A visão de Deusa e de Flor

Revivendo no solo a semente

Inspira a musa, perfuma a flor.

Busco no fundo do meu ser

A deusa nórdica Walkyria

Da primavera a Rosa quero ver

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Realizar um sonho é o que eu queria.

As duas preenchem minha desilusão

Uma inexistente como o mito

A outra, sólida afugenta a solidão

Mas sem as duas a cismar eu fico

Quero cultivar a flor real

Pois no mito o tempo corre

E a Deusa Nórdica morre

Mas a Rosa sempre é amor real.

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M A R I A C L A U D I A

De minha casa, a distancia;

Eu enxergo a sua janela

E aquelas esquadrias coloniais,

Servem de moldura para o meu sonho.

Imagino-a bela e esplendorosa,

Emitindo energias positivas,

No desejo puro e inocente

De também me alcançar.

És para mim a Monalisa

Inspiradora de romance

Que do coração derrama amor

Que humana derrama a alma.

Maria Claudia, personagem de romance,

Que nos ajuda a sonhar;

Encoraja-nos a buscar

A vontade de amar.

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Para fundir no amor também o sonho,

Transformando-o em destino risonho,

Fazendo, até, que a Vênus de Milo,

Crie braços para abraçar.

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A B U S C A

Todos buscamos a Deus porque Ele é amor e nós sempre estamos aspirando encontrar esse sentimento maravilhoso. Porém, o amor é inacessível como Deus é inacessível.

Busco no passado reencontrar o elo daquele amor maravilhoso que preencheu a minha adolescência; ele rompeu-se e desligou o passado do presente. Restou somente a doce lembrança e a amarga saudade de um tempo e de acontecimentos que não mais se repetirão. Nossa vida passou a ser um árido deserto povoado por sentimentos de dor e frustração.

Estamos só! E mesmo que sejamos esmagados pela saudade, pelas recordações, jamais conseguiremos a realização daquele sonho de amor.

Por que o tempo não parou, para me dar tempo de ser feliz?

Desejo ser feliz! Desejaria mais, contribuir para que outros fossem felizes, também.

O que é a felicidade? A eterna pergunta sem resposta. Não é a posse de bens materiais, com toda a certeza.

Felicidade, talvez, não sei, seja um amor correspondido; um querer bem recíproco; uma integração perfeita entre dois seres, para não serem mais dois e sim apenas um. Não, olhando um para o outro e sim os dois olhando em uma mesma direção para caminharem ao encontro da realização de suas aspirações comuns.

Deus é amor e é através d’Ele mesmo que poderemos encontrá-Lo. Ele construiu uma ponte para que possamos ir até Ele e por Ele e com Ele caminharmos . . .

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O J O G O F A S C I N A N T E

A poesia encerra, no jogo das palavras, um potencial que, embora inerte, está pronto para entrar em ebulição.

E o que aciona o estopim que dispara as ações é a emoção de quem a lê.

A emoção é despertada pela interpretação que a sensibilidade do leitor tira desse jogo maravilhoso que compõe o enredo em sua profundidade, que a rigor se apresenta diverso do pensamento do poeta e diferente para cada um de nós, em ocasiões diversas.

A cada leitura, o texto se expande e se completa, conforme o estado de espírito em que estejamos; em ocasiões diferentes estaremos tirando interpretações outras em uma constante renovação da criação.

Mas, embora existam essas transformações, sempre será constante a ligação do poeta e aquele, que, ao ler, recria o pensamento.

Quando lemos, o nosso espírito projeta-se na imensidão do tempo, penetrando, sem escrúpulos em qualquer espaço, para buscar a conscientização do sonho que a fantasia gerou. Não importa se não atingirmos o ápice, desde que, para cada um de nós, haja a complementação das aspirações interiores.

Viajamos com a poesia, extrapolando o que disse o poeta, complementando as reticências para a realização da fantasia.

As palavras, construindo pensamentos, incentivam-nos a penetrar para o interior de nossas mentes, para de lá tirarmos as frustrações plantadas no transcorrer do tempo, deixando o campo fértil para a renovação do ser. Do fundo do nosso inconsciente, acordado para um recomeço, vamos buscar a interpretação precisa do que ficou nas entrelinhas.

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A partir daí é que reconstruiremos o tema, fazendo o jogo das palavras e dos pensamentos, para culminar na realização de tudo aquilo que nos satisfaz.

A poesia projeta-se para o futuro estabelecendo uma ponte para a eternidade; situando o poeta como um ser que domina o tempo e o espaço através da sua criação; por meio desta ele estará sempre vivo e falando, e comunicando-se com as gerações que o precederem.

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A L U A

Uma brisa soprando suavemente,

Os grilos cantando nos quintais,

As estrelas brilhando as piscadelas,

Na intenção de namorar a terra.

Ainda que o ambiente seja próprio

Para um romance iniciar,

Unindo pessoas ansiosas por viver,

Falta algo para que tudo se complete.

Mas na busca desse quase nada,

Que no entando seria tudo então,

Aprofundam-se os espíritos em si mesmo,

Desejosos de chegar ao inusitado.

E é nesse rápido momento,

De fuga dos sentidos,

Que os namorados entregam-se

Ao doce embalo da fantasia.

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Eis que com tênue claridade surge a lua

Como a querer participar da cena

Completando o sonho que envolve

Vidas que desejam se encontrar.

A D U L T É R I O

O punhal que, insensível,

Fizestes penetrar em minhas costas

Alcançou a sua calculada intenção,

Pois não feriu somente a carne,

Foi mais fundo para atingir a alma.

No entanto, foi o corpo que morreu,

Embora conservasse a vida,

E o gesto perverso conseguiu,

Que o sangue que fruiu,

Se transformasse em tristeza.

Tão profunda frustração

Jamais alguém saberá a dor!

Sonhos esperanças de um puro amor

Rolam no lodo, cujo odor

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Afugenta a paz do coração.

Que fiz eu que te adoro tanto,

Para que partisses à procura de outro leito,

Manchando com a desonra

O nosso, no qual vivemos

Momentos de esplendor?

Mas, mesmo a derramar tristeza

Gostaria de contar com a certeza

Que tu, mesmo longe de mim

Possa alcançar a felicidade que sonhou,

E que essa conquistada liberdade

Não a leve a repetires deslealdade,

Para acabar na promiscuidade.

Mas se tal acontecer,

E fores jogada ao desamparo,

Voltes a mim sem receio

Porque do lago de tristeza

Que me deixaste

Ainda construirei o teu futuro.

Mas se já for tarde

E não mais me encontrares

Estarei algures a te esperar

Com as jóias do perdão

E as palmas da saudade.

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A L G U É M M E D I S S E

Gostaria de gritar ao mundo o que se passa em minha alma. Gostaria que todo o mundo sentisse o que sinto neste instante; felicidade, o prazer de poder escrever alguma coisa, de exprimir algum sentimento em uma folha de papel para você, que é tudo de precioso que possuo na vida.

Gostaria que todos os casais de apaixonados se sentissem livres, voando sobre montanhas verdejantes, como me sinto ao seu lado.

Gostaria que todos tivessem a felicidade de ouvir uma musica e recordar-se de alguém, de sentir esse alguém bem junto, bem abraçado, lembrada, flertada de amor...

Gostaria que o amor fosse eterno, gostaria de estar ao seu lado!

Porém, você está aí e eu aqui, materialmente separados e espiritualmente juntos, bem juntos.

Não me conformo com essa analisada conclusão, pelo contrário, não posso me conformar porque o meu amor é egoísta e supera a necessidade.

Eu me deprimo quando me desfaleço por alguns instantes e sonho com teus beijos, com teu carinho; mas quando acordo! Que droga, foi só um sonho! Então passam pelo meu cérebro várias perguntas sem resposta. Eu deliro, fingindo conversar com você; falo-te mil e uma coisas, tento beijar-te, mas não posso, você está longe.

Eu digo que te amo, mas nem assim você responde.

Eu não sei o que faço porque te amo!

Sei que vou sofrer com esta ausência contínua, mas você jamais sairá do meu pensamento, porque você é tudo para mim.

Amor quero que quando você folhear este caderno, nunca fique triste, porque eu sabendo que você é feliz, fico também. E só assim poderemos nos fazer mutuamente felizes.

Adeus

E eu nunca mais a encontrei. . .

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A N T I G A M E N T E

Oh! Antigamente!

Quando a pureza existia

E os corações palpitavam

Com a manifestação inocente

De um sorriso discreto

Que falavam tantas coisas,

Às mentes que trabalhavam!

O intelecto criava fantasias

Que projetavam-se por dias e anos

Na visão de um futuro risonho.

Oh! Antigamente!

Quando era permitido sonhar

Com as quimeras

Que sempre o coração espera.

E imaginar presente o encontro

De vidas que se querem

Pensando ser um prêmio conquistado

Que jamais,

Poderá nos ser arrebatado.

Oh! Presente!

Que cruel desmente,

Os sonhos sonhados,

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As conquistas alcançadas,

As lutas vencidas!

Quedamo-nos inertes

Com a vontade entorpecida

Sem mais forças prá lutar,

Sem nem coragem de olhar

Para a montanha de ilusão

Que deixamos para trás,

Do pico da qual,

Contemplamos beijos e flores

E ao longe um mar de amores,

Querendo fazer-nos de Deus

Para o além visualizarmos.

Agora pagamos o preço

Que é cobrado dos incautos

Que nunca poderão colher

O que, sonhando, não plantaram.

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D E S E J O

Ah! Como eu gostaria,

Que você me amasse!

E que me olhasse

Sem ser por obrigação.

Se importar em me cuidar

Como se eu fosse

Um ser que precisa

De carinho para viver.

Não apenas me desse

Mas se desse a mim

Numa entrega consentida

Como quem deseja se doar.

Isso seria a realização

Do sonho que idealizei,

O doce fluir da fantasia

Para ser satisfeita a dois.

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Nós dois aqui perdidos

Sem a direção encontrar!

Embora os corações se inflamem

Na vontade de amar.

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S Ó S A U D A D E

O teu olhar aqueceu meu coração

Mergulhei para dentro de mim mesmo

Para poder sentir as emoções

Geradas pelo reflexo dos teus pensamentos.

Foi como penetrar águas cristalinas

Para despojar-me das impurezas

E poder voltar à vida

Reencontrando a esperança.

Nova vida se iniciando,

Renovando-se nesse recomeço

Para poder alcançar o sonho

Para poder viver a fantasia.

Por que não te encontrei algures,

Quando percorri tantos lugares,

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Com o desejo de encontrar

No teu amor um descansar?

Afogo-me em águas turbulentas

Empurradas pela enxurrada do tempo

Que desgastou tanto nossas vidas,

Legando-nos, apenas, uns pingos de saudade.

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U M A V I S Ã O M O M E N T Ã N E A

Quando contemplo a tua juventude,

Oh! Mar a minha vida se transforma;

Ponho-me à procura da virtude,

Desejando libertá-la das vestes seculares.

As suaves ondas espumantes

Parecendo cabelos ao ar flutuantes,

Madeixas envolventes

Transluzindo o brilhar dourado.

No entanto o espírito que o povoa

É um ancião também;

Sem preconceitos poderíamos misturar

Os nossos destinos vacilantes.

E projetarmos a nossa união

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Espiritual, em nosso caminhar,

Para encontrarmos no futuro

As bênçãos que a natureza nos traria.

Estaríamos vivendo o sonho

Na pura criação da fantasia

De que a vida nos traria

O encontro antes sonhado.

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R E V E R S Ã O

Gostaria de ser tocado por um Deus

E ser revestido de poder

Para que num ato arrebatado

Pudesse rescrever minha existência.

Reverteria a realidade em fantasia

Para deixar de viver tantos percalços

Aboliria da vida os maus pedaços

Viveria, efetivamente, o que sonhei.

Porque dividimos nossas vidas

Depois de embaralharmos os destinos?

Na divisão dos prós e contra

Geralmente nos confundimos na escolha.

Deparamo-nos com o real assustador

Que obriga-nos a sermos racionais

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Mas sonhamos construindo fantasias

Para, covardemente, fugirmos à realidade.

A vida que levamos, então,

Enredados pelo sim e pelo não

Separa-nos do prazer do sonho

E da realidade tornamo-nos estranho.

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O U V I N D O O I N T E R I O R

Ouvir em nossas mentes

O maravilhoso cântico do amor

E partir para a conquista do universo

Buscando encontrar a semente

Que deu origem à dor;

Para germinar outra

De um procedimento perverso

Depois de construir o passado

Que entranha-se no faturo

Procurando na passagem

Usufruir dos acontecimentos presentes.

Sondando o interior de si mesmo

Para conhecer o que foi o que será

Fazendo projetos telúricos

Na ânsia de concretizar

Sonhos gerados do nada

Caminhando até o infinito

Para criar oportunidades

De coisas que devem acontecer.

Do sub . . . ao objetivo

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O destino tramando encontros

Mas também muitos desencontros;

Separando vidas homogêneas

Num destroçar de alegrias;

Doando só agruras,

Acontecimentos penosos

Para criar desenganos

Que nos tornam profanos

Por guardarmos a saudade

De coisas que ainda não foram.

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R E N A S C E R

O destino se despe

Das aspirações futuras

Quando o amor desce

Sem vida, à sepultura.

Que espaço percorreu

Quanto tempo se escondeu

Antes de começar a definhar

Para nos fazer umedecer a face?

Os sonhos se apagaram

A vida se desfez

A fantasia não existe mais

Agora é chegado o momento

De espantar a tristeza

E reiniciar caminhada

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P A L A V R A S

Apalpo a maciez das palavras,

Que constroem os lances da história,

Extraídos de profundas lavras

Para alimentar a vida transitória.

São, elas, peças preciosas

Que fazem amantes viverem o sonho

Unem mãos ansiosas

Para se alimentarem de carinho.

Palavras, suaves companheiras

Das horas de gozo ou de pesar

Dão-nos a paz da fantasia

Abraçam-nos como ventura passageira

Tentando nos confundir e enganar

Mas preenchem nossa vida de real magia.

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I N O C Ê N C I A

Se quiseres ser feliz

Não mates a criança

Que insiste em viver em ti,

Para que não esqueças de sonhar.

O sonho é que dá vigor à vida

Quando a criança cria suas fantasias

Visualizando tempos e momentos

Que sempre estarão presentes

Será a inocência da criança

Que persiste em ser tua companheira

Que fará fruir de ti a vida

Será a mística mistura

De todas as idades que vivestes

Que te ligará a todos os tempos.

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F I N A L ‘

Chegamos ao final

De uma caminhada preciosa

Quando juntos percorremos

Alguns lances da história.

Vivemos juntos os momentos

Que marcaram nossas vidas

Unindo-nos na construção do sonho

Incentivando-nos a viver a fantasia.

Depois de trilharmos o caminho

Unidos pela força do destino

Coisa alguma jamais nos separará

Pois juntos construímos,

Aos pedaços, nossas vidas,

Juntos alcançamos o ideal.

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A pedra filosofal, que concede a suprema sabedoria, tem a forma piramidal e é recortada pela força do poder mental. A forma piramidal é representada por quatro triângulos interligados formando, cada um deles, o esquema de ligações das quais dependemos para que possuamos a suprema sabedoria; eles são posicionados com as pontas para cima e a base para baixo. Em um dos cantos estará uma pessoa e no outro o seu semelhante mais próximo. As bases dos quatro triângulos interligam-se, fazendo com que as pessoas que estiverem nos cantos estabeleçam um círculo, que é o sinal de unidade. As pessoas que irão ocupar os cantos, de onde partem os raios para o alto, deverão ser pessoas certas; dos cantos da pirâmide, sobem os raios para o centro do universo, ligando-se ao Criador de todas as coisas. Pelos mesmos raios descem os poderes revificadores e o mental. que proporcionará a sabedoria para aqueles que estiverem preparados. Não esqueçamos que a pedra não é material e sim forjada pela força mental.

O Elixir de Longa Vida, que concede a imortalidade é preparado à base do entusiasmo, confiança, determinação e perseverança, dando, ao ser que estiver ligado ao centro do universo, através da Pedra Filosofal, uma eterna disposição jovial ao espírito, dando-lhe a certeza da imortalidade.

O entusiasmo prepara o espírito para os embates da vida dando-lhe coragem; a confiança no futuro nos dará determinação para realizarmos uma obra e a concretizaremos, se formos perseverantes.

No desenvolvimento dessa tarefa não teremos tempo para envelhecer, porque o trabalho preencherá os espaços e anulará o tempo pela rapidez dos acontecimentos. Viveremos mil anos em um dia e um dia em mil anos. Tornamo-nos senhores do tempo e do espaço, atravessaremos os anos sem que eles esmoreçam a nossa vontade de viver sempre mais. Pois a vida é uma corrente constante e interminável.

Quando você alcançar esse estágio, terá a missão de conduzir as pessoas para a realização dos seus sonhos. Nesse trabalho não poderá passar mais de cinqüenta anos em um mesmo lugar, porque passaria a ser alvo da maledicência, visto que as pessoas pertencentes a essa geração iriam desaparecendo e você não poderia justificar a sua longevidade, a sua eterna juventude de espírito.

Considera-se, também, que se nesses 50 anos as pessoas do lugar não souberem aproveitar para adquirirem conhecimentos e sabedoria, seria

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por não estarem preparadas. Nesse caso a sua missão deverá desenvolver-se em proveito de outra comunidade. No momento em, que um missionário deixa uma comunidade, para ir desenvolver nova missão, em outro lugar, outro estará assumindo para mais um período de 50 anos, durante o qual os seus componentes, ou alguns, terão a oportunidade de amadurecimento para a auto realização. Observem, através de suas percepções, porque sempre haverá, na sua comunidade, alguém, com quem poderão aprender. Não precisarão sinais, simplesmente vocês saberão, quando depararem com a pessoa certa. Muitos os chamarão de Pastor, de Pai, de Irmão, de Filósofo, de Sábio, de Gurú, não importa, você saberá.

Onde estiver, olhe em torno de si; use o seu poder de observação e encontrará o “Seu Mestre”.

Lembre-se do Silêncio. . .

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Esse livro deverá ser escrito a quatro mãos, as minhas e as suas; será uma parceria que estabelecerá uma ligação transitória até o final. Esse final está só no coração de Deus, pois nós somos limitados; mas o Pai tem a visão do todo, e sabe quais são os desdobramentos e qual será o desfecho final. Talvez ele termine quando a heroína encontrar o seu príncipe encantado e forem felizes para sempre (talvez eu possa, até, ser o padrinho desse evento maravilhoso!). É bom sonhar! O sonho alimenta a nossa alma e nos ajuda a vencer os obstáculos que sempre encontramos em nosso caminho.

Você, quando terminar de ler o que escrevi estará me conhecendo talvez melhor do que eu próprio; só faltará conhecer os meus defeitos! Mas, talvez até esses, estejam registrados nas entrelinhas. Agora, é preciso que eu também conheça você; é preciso que você fale um pouco sobre a sua vida, das suas aspirações, dos seus sonhos, para juntos estarmos compondo esse período que estaremos nos comunicando. E se eu não alcançar esse futuro caberá a você escrever as últimas páginas desse livro.

Eu sonhei que estava sonhando e, no meu sonho, eu era uma velha roseira e do tronco do meu coração floresceu uma rosa e ela era você. Então eu chorei e as minhas lágrimas derramaram-se torrencialmente sobre você, como fonte de vida. Enquanto a sua vida florescia a minha se esvaia.

Das cinzas dos amores fracassados renascem novos sonhos de amor.

Alimentamo-nos do sonho e desejamos enquadrar as pessoas nos ideais que a nossa fantasia gerou. Esse ser mitológico, porém, não existe na realidade; por isso ficamos frustrados não conseguindo encontrar aquilo que seria o ideal para nós.

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A poesia é ficção e propicia ao poeta criar o sonho e a fantasia; ele ama e faz-se amado na subjetividade da sua criação. Projetando-se em seus personagens, vive a sua existência imune à rejeição. Ao mesmo tempo sente-se impotente diante da impossibilidade de transpor o seu sonho para a realidade.

Quem é romântico tem a eternidade dentro de si; poderá revivenciar o passado, trazendo-o para o presente ou viajar, nas asas do sonho e da fantasia para viver o futuro hoje.

Amor, sonho, imaginação, amizade, coragem, certeza ou incerteza, liberdade, paz, solidão, silêncio, vida, morte, eternidade, sexo, dor, preservação, saudade, suicídio, ser ou não ser, caminho, mensagem, missão, emoção, amigo, parente, vizinho, amante, alegria, solidariedade, felicidade, esquecimento, perdão, sorriso, lagrimas, são algumas das palavras encantadas que convivem conosco e nos ajudam a delinear o nosso destino, bastando que adotemos a verdade em nossas ações; porque, muitas vezes mentimos a nós mesmo com receio de exteriorizar as nossas emoções. O caminho de cada um de nós terá de ser percorrido sem que o nosso espírito sinta amargura por desejarmos coisas que estão fora do nosso contexto.

A análise concreta de necessidades materiais, em uma imitação da vida, mistura-se com o subjetivo que leva personagens de ficção a nos ensinarem a pragmática do sonho e da fantasia.

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Aquele desejo de nos prepararmos para sermos alguém e vivermos uma vida que nos oferecesse perspectivas de sucesso morreram, dando lugar à vivência do momento, da luta diuturna para a sobrevivência. E as ferramentas que possuíamos eram muito rudimentares para acalentarmos sonhos e fantasias. Mas mesmo assim nunca deixamos de sonhar porque sentíamos que as pessoas não são unicamente forjadas nas universidades e sim, também, nas adversidades!

“Que importa se na vida não encontrei o verdadeiro amor, alguém que me ame de verdade! Conquistei isso no sonho que reside dentro de mim; persiste na saudade que mora em meu coração e às vezes tenta me sugar para o encontro de minha fantasia.”

“Você tem uma missão, deste minuto em diante deverá ser a companheira do poeta, deverá encantar a sua vida para que a sua inspiração não termine e sim seja renovada a cada instante. De você depende o futuro do que poderá ser deixado para a posteridade. Cumpra essa missão com denodo, amando com todas as forças do seu coração, o amor que verte das entranhas do seu amado; marche com ele, como participante de sua ventura que os transportará para região do sonho e da fantasia!”

"A felicidade brilha em nossas vidas, prometendo sonhos de ventura, mas nos abandona para que a saudade nos destrua; inconformado coração, ninguém sente por ti a dor do abandono! As emoções é que se derramam lavando a alma, tentando atenuar o golpe que feriu de morte um ser que descortina no horizonte a aproximação do fim!"

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“E o sonho? Que bela emoção! Quer estejamos dormindo ou despertos, nos transporta para o mundo fantástico onde, finalmente, encontraremos a paz e a felicidade tão buscadas, como se a pudéssemos encontrar através das místicas misturas da alquimia. Realmente a encontraremos, quando, através da mistura de sentimentos puros construirmos o amor em toda a sua plenitude; que se abstrai, até, da presença física por viver e sobreviver apenas dos tempos, das distâncias e de dimensões diversificadas.”

D U A S V I D A S EM CONTRASTE

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24/04/98

Hoje, enquanto caminhava pela Praça dos Meninos, observava uma pessoa muito especial. Depois de ela saborear o conteúdo de sua "marmitex", deitou-se em um pedaço de papelão, à sombra de uma árvore, e descansou pelo espaço de uns 15 minutos. Logo após, levantou-se, colocou no ouvido os fones de seu "Alkman", vestiu o boné do uniforme, pegou o seu carro "Vega", e com um largo sorriso nos lábios partiu para a sua segunda etapa do serviço de limpeza pública. Ainda quando passou por mim, alargou mais o seu sorriso que tomou conta de todo o seu rosto, em uma demonstração de suprema felicidade.

Que belo exemplo de amadurecimento pudemos perceber nessa criatura negra, de classe pobre e que dominou o conhecimento de como alcançar a alegria de viver! Dá-nos uma lição de vida, quando demonstra o conhecimento de tudo aquilo que procuramos e não temos tido a capacidade de encontrar: a realização baseada naquilo que nos é permitido possuir. Sim! Porque a única maneira de sentirmo-nos realizados será conformar-nos com aquilo que pudemos alcançar em uma quadra de nosso viver. Não quero, com essa afirmação, dar a entender que não deveremos aspirar por uma ascensão em nossa vida. Os sonhos nos são permitidos, principalmente quando estamos com os pés bem assentados no chão, e conscientes de nossas limitações.

Alguém já disse que quando uma pessoa aspira por algo que não tem está sentindo que isso está lhe fazendo falta, e a quem falta algo não estará sentindo-se realizado. O segredo, portanto, da realização é nos sentirmos completos em cada fase de nossa vida, dando tempo ao tempo para que outras coisas se realizem.

Nesse instante, em que meditava ali na Praça, sobre a minha filosofia de vida de que não importa o quanto ganhemos de salário, o que importa será gastarmos menos do que ganhamos, por que o nosso problema nunca será o nosso salário e sim as nossas despesas, lembrei-me de um jovem que conheço, que por sua imaturidade ainda não percebeu os segredos da

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realização, dando demonstração de um egoísmo infantil, ao desejar coisas acima das reais possibilidades do meio em que vive.

Jovem muito amado pela família, possuindo um desenvolvimento físico e mental extraordinários, terminou o segundo grau e ingressou na faculdade. Como prêmio recebeu um automóvel (usado) que o possibilitou a ingressar em um ótimo emprego que exigia a posse de veículo; isso tendo em vista que o pai, aposentado, mas que pelas necessidades da família continua a trabalhar, e ainda a estudar para melhoria do padrão da família, abriu mão desse benefício, continuando a viajar de ônibus.

Pois esse jovem, ao contrário daquela funcionária da limpeza pública, sente-se infeliz por não possuir um automóvel 0K, embora o seu já seja bem melhor do que aquele modelo "Vega" que ela empurra por todo o dia pelas ruas da cidade.

Um contraste que salienta que não será uma educação aprimorada que poderá fazer com que as pessoas amadureçam isso só se dará com o tempo através das experiências que cada um viva que sempre será diferente, o que nos propiciará uma troca com os nossos semelhantes para que nessa dependência nos completemos. Tenho a certeza que esse jovem amadurecerá mais adiante e poderá volver o olhar para o seu passado e compreender as responsabilidades que seus pais possuíam e que nesse instante estará depositada em seus ombros para resolver os problemas e dificuldades dos próprios filhos. A vida é assim, faz-se necessário que vivamos as dificuldades na própria pele para que as possamos compreender, sem egoísmo, o que não entendemos enquanto somos imaturos. E em questão de maturidade na maioria das vezes são os que menos têm que a alcançam em primeiro lugar, pelas dificuldades que são obrigados a enfrentar.

Duas vidas em contraste, uma não tendo nada e possuindo tudo, outra tendo tudo sem poder sentir todas as bênçãos que recebeu!

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Reunimos, aqui, algumas páginas esparsas do livro da vida. São algumas mensagens e reflexões que nos foram concedidas e que anotamos ao longo do tempo. Elas apresentaram-se à nossa mente em momentos muito especiais em nossa vida; momentos de sonho e fantasia em que o nosso espírito alçou vôo para as regiões desconhecidas, ou recolheu-se para dentro de nós, para meditarmos sobre coisas que atormentavam a nossa mente.

A nossa vida tem sido uma procura incessante do elo que nos ligue ao Criador. Aprendemos que fomos criados por um Deus de amor, que em momento algum nos abandona e, como um pai, cuida de cada um de nós, orientando-nos através do seu Santo Espírito, para que possamos alcançá-lo. Nos deu um potencial extraordinário e percepção para encontrarmos o caminho, que nos leva à sua presença, através do seu filho Jesus Cristo, pelo qual estabeleceu uma ponte para nos assegurar a trajetória. Ao homem cabe seguir os ensinamentos de Cristo de amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. Todos somos irmãos, independente de seitas, raças ou da cor de nossas peles, sabendo-se que o cumprimento da lei do amor em nossas vidas nos coloca em consonância com o Criador; tornando-nos receptivos para auferimos conhecimentos que nos levará em auxilio daqueles que necessitam de uma palavra amiga, de amor e compreensão.

Esperamos que as páginas que se seguem possam ser úteis a quem as ler; que elas possam inspirar, a cada um, o desejo de viver com mais amor.

Os méritos não serão nosso mas daquele que nos dá forças e nos inspira para que registremos aquilo que de alguma maneira poderá ser útil aos nossos semelhantes. Pois é através do Santo Espírito que poderemos receber o conhecimento e o entendimento.

Para aqueles que desejam um encontro mais profundo com o Pai, recomendamos a leitura da Bíblia, que é Deus falando através dos profetas e do seu filho Jesus Cristo, que veio ao mundo para redimir-nos de nossos pecados: “Porquê todos pecaram e destituídos estão da gloria de Deus; sendo justificados gratuitamente pela graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” Rom. 3:23,24) (grifo nosso)

Apresentamos estas páginas sob um pseudônimo pôr não nos julgarmos autor e sim unicamente um canal usado para fluir algo que é

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parte do patrimônio da humanidade. Achamos que a própria inspiração é um patrimônio universal e dela participamos por mais ou menos receptivos estejamos em um determinado instante. Por mais que tentemos não conseguiremos produzir algo que em algum lugar, em algum instante, já não tenha sido dito, de alguma maneira.

No final deste opúsculo apresentamos um conto (Walkyria) que se apresenta como um misto de sonho e fantasia, estando ainda misturado com algo de realidade; não uma realidade material, se pudermos assim dizer, mas uma criação subjetiva, presente em nosso íntimo e apresentando-se como ficção. Divagamos sobre alguma coisa que gostaríamos houvesse acontecido em nossa vida. Fantasiamos os acontecimentos para alcançarmos, mesmo que fosse apenas em nosso imaginário o que seria o ideal maior de nossa vida. E acreditamos que seja o ideal da humanidade. O encontro do amor, verdadeiro e correspondido apresenta-se como o ideal maior da humanidade e ele, aqui, talvez nunca seja encontrado, barrados pôr obstáculos intransponíveis de tempo e espaço. Precisaríamos ser super homens para vencermos esses obstáculos, para sermos senhores da eternidade e podermos abracar passado, presente e futuro, e podermos viajar pelo universo. Mas a vida não é sonho nem fantasia; é realidade sem ficção, razão que nos leva, muitas vezes, a nos afiliarmos a uma madrasta.

Desejamos solicitar para que não exijam muito de uma pessoa que terminou sofrivelmente o curso primário (4º serie do 1º grau). Na verdade não sei escrever; por certo muitos erros serão encontrados, mas creio que não prejudicarão a compreensão do conteúdo. Esperamos que as palavras simples que foram rudemente alinhavadas, possam servir para que espíritos mais lúcidos possam colocar-se a serviço da humanidade, criando ilusões, satisfazendo fantasias.

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O D E A M O C O C A

Te conheci em minha juventude,

Em ti reconheci virtudes;

Sonhos vivi, projetei meus ideais

À sombra de tuas palmeiras imperiais.

Oh! Mococa, a ti confesso meus amores,

Ao teu povo irmão ofereço o coração;

A Deus elevo, por ti, minha oração,

Para que jamais mal algum lhes cause dores.

Ao fruto do teu solo me juntei,

No ventre do amor a vida fecundei.

No teu povo encontrei a amizade,

Que no peito expandiu-se em fraternidade.

Como filho a bela terra amei,

Aos irmãos mil afetos externei.

Do povo irmão recebi o abraço,

Temperado, mais forte do que o aço.

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Vivi feliz em tuas ruas, em tuas praças,

Aí enfrentei lutas, alcancei graças;

Respirei das matas o ar oxigenado,

À noite, maravilhou-me o céu estrelado.

Hoje distante me encontro do teu solo,

Embalado queria encontrar-me em teu colo;

Em outras plagas, resta-me a saudade,

O amor maior que guardo da cidade.

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A N I V E R S Á R I O

14 de Agosto! Hoje é aniversário de alguém! E quem é esse alguém? É apenas uma lembrança !

Eu a conheci quando tinha 14 anos e ela não mais de 10 ou 11. Os nossos olhos encontraram-se e disseram tudo que se passava em nossas almas. Estávamos em uma idade em que a sensibilidade acorda em nosso ser e tudo fica gravado de maneira indelével. Foram poucos meses de embriaguez; não posso dizer que foi um namoro porque o nosso relacionamento foi apenas através do olhar. Mas esse olhar extravasava como se fosse uma fonte vinda diretamente do coração.

Ela se foi, porém! Um dia, quando voltei do trabalho, ansioso para revê-la, recebi a noticia de que ela havia partido . . . Para onde? Perguntava o meu coração aflito . . . Nunca mais a encontrei! Transformou-se em um mito que tem me acompanhado por toda a vida. Por mais que desejasse e tentasse nunca mais o meu coração pode aquietar-se porque nunca se esquece do primeiro amor!

Parte de minha personalidade talvez tenha sido moldada pela saudade; a emotividade que sinto em mim, a amargura que às vezes me assalta, devem ser provocadas pelo desejo secreto que o meu eu sentiu, de parar aquele momento e, como não foi possível ele sempre volta ao passado. Essa vontade incontida é um misto de amargura e doçura, porque a realização do desejo poderia destruir a imagem tão bela que guardo em meu coração.

Sabe-se lá por onde andará a deusa dos meus sonhos da juventude! Onde estiver, já não será a mesma, tanto física como psicologicamente, enquanto em minha mente continua a ser a mesma doce criança.

Hoje, já avançando em anos, com filhos e netos, tenho a impressão que aquela menina adorável é a minha filhinha mais nova. Benditas as

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doces recordações, benditos os nossos sonhos da adolescência, bendita a saudade!

É tudo isso que nos empurra para a frente; é o que nos exalta nos momentos felizes e é o que nos ampara em nossas amarguras. Onde estiver, criança, receba os eflúvios do meu espírito e perceba, através da sua sensibilidade, todo o desejo que tenho de encontrá-la. Tenho a certeza que isso ocorrerá quando ambos formos crianças novamente. Nesse evento, seguremos as nossas mãos e não permitamos que nada nos separe. Unamos não as mãos materiais e sim aquelas que unirão o que realmente somos: a essência da vida.

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R O S A M I N H A . . .Q U E R I D A R O S A

Sim! Porque não é apenas a Primavera, é a flor mais bela, Rainha do meu jardim – Princesa dos meus sonhos, vida da minha fantasia. . .

Eu sonhei que estava sonhando e, no meu sonho, eu era uma velha roseira e do tronco do meu coração floresceu uma rosa e ela era você. Então eu chorei e as minhas lágrimas derramaram-se torrencialmente sobre você, como fonte de vida. Enquanto a sua vida florescia a minha se esvaia.

Senti a necessidade de desnudar o meu coração para que eu não partisse sem revelar todo o meu amor. E foi assim que eu o descobri:

Em um desses dias aziagos em que rebuscamos as mágoas do passado, senti que não era real a minha existência. A vida é amor e eu não o sentia; parecia-me, até, que, igualmente, não era alvo dessa chama abrasadora. Não amava e não era amado! Tal descoberta põe fim a qualquer perspectiva de vida; se não existe amor não existe nada! Chegarmos a essa conclusão é a coisa mais triste que se possa imaginar e assim não nos convém mais viver.

No meio do meu desengano, percebi uma pequena luz que foi aumentando de intensidade até o ofuscamento; e descobri que amo você!

Um amor que nunca pensei existir. Amor de mãe? Amor de filho? Amor de amante?

Não, um amor que abrange todas as dimensões. Desejaria ser mãe, filho, amante, esposo; queria ter você só para mim, junto a mim, em um amor egoísta que nem seria bom para você. O amor nessas dimensões não satisfaz! O amor é uno, o amor é “todo” e o “todo” é Deus e Deus é amor sem egoísmo. Amo você em todas as dimensões: como filha, como irmã, como mãe, como mulher; e acima de tudo amo você pelo que é. Uma pessoa humana que ama-nos, também, com esse amor completo, desprendido, dando de si mais do que nós a você.

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Esta descoberta me restituiu a vida. Não mais posso me lamentar das agruras da vida; não devo mais lembrar-me das desilusões sofridas, pois amo e sou amado e isso é um supremo bem.

Rosa querida. . .querida flor, aos seus pés deponho o meu amor, exprimido com ardor; eis que do teu coração recebi vida.

Que bom se o meu sonho fosse real! Que bom se esse amor sem dimensões ou que abrangesse todo o ser, realmente existisse! Eu continuaria sonhando para que a pudesse amar; se o seu sonho, também, fosse o meu sonho!

E se o meu sonho não for o seu sonho?

Os sonhos são desencontrados pelas convenções criadas pelos homens. Tempo e espaço separam os que se amam. Abrimos mão daquilo que nos pertence, que é o nosso destino e que de outra forma poderia ser venturoso.

Então!!!

Então???

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JARDIM DE FLORES

Na vida construímos um jardim de flores

Das emoções da vida vertemos os humores

Das flores do jardim criamos os amores

Que, se não vingam, terminam em estertores.

Sentimentos, mágoas, ilusões,.

Transportam-nos a buscar lições.

Do passado reviver o romantismo,

Manter a vida com muito otimismo.

Buscar viver fora do ativismo,

Reservar-se mais à introspeção,

Manter o espírito vivo, em ação.

Aprofundar a busca, cada um, do Ser,

Contribuir para ver o amor nascer,

Do amor usar para oferecer

A mão firme para suster o irmão.

Que ninguém grite de agonia em vão

Que a todos seja assegurado o sonho,

Que cada vida seja um jardim risonho.

Que a chuva benfazeja e boa

Não caia e penetre a terra atoa

Mas que engravide e fertilize e crie,

Que do seio da mãe terra tire

Não só flores mas o que precise

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Para a fome de o irmão minorar

Para que não venha a se desesperar

E o medo o faça a vida tirar.

Se construirmos um jardim de amores

Se a vida for profusão de flores

Felizes encerramos nossos sonhos

E a Deus elevamos mil louvores.

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U S U R A

Rudge Remos, 25/02/1.987

Um mal terrível não tem cura

No egoísmo entrega-se à usura

Por orgulho mata, estraçalha o amor

Sem perceber que frustra, causa dor.

O sentimento transforma-se numa flor

Cuida desse jardim com muito ardor;

Degrada-se, humilha-se, se maltrata

Para a porta escancarar a entrada.

A emoção que tudo leva ao sonho

Tempera o espírito que antes era insano

Arrebata dos sentidos a certeza

Mas eleva, promove a alma à pureza.

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O coração que aspira esconder

O amor que abrasa, tentando acender

O fogo eterno da alma, a paixão

Que apaga os sonhos e leva à solidão.

Não permita Deus que a usura

Que com egoísmo e orgulho cause dor

Age Tu que és Deus que cura

Preenche a vida, o coração de amor.

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L Á G R I M A S

Mococa,31/05/1.985

Lágrimas, lágrimas, lágrimas!

Emoção, emoção, emoção!

Inundando este poço profundo

De deserdados de coisas boas e más.

Emoção de encontro inusitado

Vivendo um momento de estio

Em que pela solidão visitado

Tenta dissipar o fastio.

Visito visões do passado

Pesaroso de não ter encontrado

Os belos sonhos pressentidos

Que viriam no futuro gerar.

Noto cicatrizes profundas no ser

Tantas que não queria dizer

Marcas de castigo cruento

Profundos, escarpados, cinzentos

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Procuro no verde natureza a verdade

Que através de transcendental

Inspiração fora da cidade

Compatibilize-se com a minha idade.

Anos vividos sonhando a esperança

De realizações concretizadas

Querendo que o amor como uma lança

Acabasse com um ser martirizado.

D I R E I T O D E S O N H A R

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17/10/1.987

Não nos arrebate o direito de sonhar

Você poderá desejar material fidelidade

Mas permita que possamos sonhar

E mesmo no sonho a felicidade encontrar

É tão bom sonhar um grande amor

Que existe alguém para nos felicitar

Sem julgar ser isso um favor

E que juntos possamos a vida desfrutar

Somos atingidos pelo desamor

Quando percebemos que o sentimento morreu

Assalta-nos a dúvida, a angústia, o temor

A nossa vida como o amor feneceu

Vivemos sonhando a esperança

De nossa vida poder reconstruir

Mas os sonhos são sonhos

Que a vida insiste em desfazer

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Agora o que nos liga à vida

E consiste no elo da existência

É o direito subjetivo e inalienávelDe desperto ou em sonho, continuar a sonhar.

R E L E M B R A N D O

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Jabaquara,23/08/1.974

Como a nossa vida é incerta e imprevisível!

Há um ano eu estava vivendo um dos mais belos sonhos. Como é bom sentirmo-nos amado, ter alguém que se preocupe em fazer a nossa vida agradável! Nessa ocasião estava vivendo um período assim, embriagado de amor.

Porém, o destino, cruel, destruiu aquele sonho de amor que havia envolvido a minha vida, depois de tantos dissabores por que havia passado. Digo destino cruel, mas ele não tem a responsabilidade por tudo aquilo que passamos. Os culpados somos unicamente nós. Fomos nós, que traçamos o nosso Karma, pelos procedimentos anteriores. É a lei da “ação e reação”. Para cada ato que praticamos virá uma reação correspondente. Quando passamos por experiências penosas deveremos meditar e conscientizarmo-nos que são as reações, ou conseqüências do nosso próprio procedimento. Fomos nós que gravamos, na roda do tempo, tudo aquilo que, no retorno, teremos de passar.

Colhamos uma lição através de tudo aquilo que nos acontecer e evitemos tomar atitudes que causem experiências penosas aos nossos semelhantes. Assim evitaremos passar, futuramente, pelos mesmos sofrimentos que causamos. Eliminemos de nossos corações, todo o rancor, toda a maldade e amargura e, quando ele estiver limpo, agradeçamos a Deus, não por palavras e sim por atos de amor e compreensão para com nossos irmãos, indistintamente. Assim, com o coração limpo e sem mágoas, poderemos recordar, com saudade, de todos os belos sonhos que vivemos. Traremos, para o presente, tudo aquilo que vivemos intensamente, alegrando o coração, como o tínhamos a um ano atrás, neste dia.

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P E L A S E S T R A D AS D A V I D A

Mococa, 12/08/1.987

Ah! Que vontade de me por no estradão!

Abandonar, largar de vez a’gonia.

Assumir sem lágrimas a solidão,

Não mais querer transformar a vida em sinfonia.

Quando o amor que é vida morreu

Rolando esperanças pelo chão

Quando nossa alma a perda já sofreu

Não mais sacia a fome o simples pão.

Assola-nos a desventura, o vazio

Debatemo-nos no labirinto da dor

Abate-nos, do inverno, o estio,

Foge-nos a esperança de amor.

Olhamos para trás a rever as ilusões

De mil quimeras que a vida nos traria

Sonhos de amor transformados em aflições

É a realidade que tudo contraria.

Sigo pela estrada sem destino

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Talvez ainda encontre suave ninho

O imprevisível amor talvez me dê carinho

Para que ainda ouça suave sino.

V I D A F R U I D A

Minha vida frui como um rio da Amazônia

Em meu peito pororoca o Solimões

O tédio me abraça causando insônia

Deste mal quero tirar lições

Uma alma criada para o romantismo

Jamais poderia quedar-se na rotina

Agoniza abandonada no ostracismo

Espera a morte, não foge à triste sina

Já se foram os sonhos da juventude

Esmigalharam como poeira do caminho

Mergulhou a alma em profunda quietude

Procura o coração um suave ninho

Desejo a felicidade alcançar

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Prá ser dono do destino, lutar

Quero ser leve para o vôo alçar

Vencer sem ser preciso a vida tirar

Luto para a vida conservar

Vejo na natureza a vida

Assisto triste a devastação que trucida

Sofro porque o homem não sabe preservar.

P A L A V R A S

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Jabaquara, 16/05/1.973

Ações, palavras, sonhos, para um porvir melhor. Melhor para aqueles que nos são caros.

Ideação de um objetivo. Falamos e agimos com a intenção de transmitir uma mensagem. Desejamos ser compreendidos, mas as palavras como as ações são falhas. Ou antes, a falha é nossa. Não sabemos dar às palavras o peso certo, a ênfase necessária para que nossos semelhantes percebam a intenção pura. Quando agimos, quando falamos, desejamos transmitir o que vai em nossa alma; desejamos transmitir todo o amor que existe em nosso íntimo, mas é como se, conhecendo um idioma, tivéssemos de nos comunicar através de outro desconhecido. Assim sendo, emitimos a nossa mensagem, mas não nos fazemos entender.

R E T O R N O Á V I D A

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Em uma manhã de suave primavera, quando, do alto de uma montanha, contemplamos o nascer do sol, penetra em nossa mente todo o segredo da natureza. O rei dos astros transfunde em nosso ser aquele calor que é transmitido através dos séculos (quantos?) dando vida e calor a todo o ser vivente. Percebemos que não unicamente através de um poder térmico e sim, sobretudo, ele nos infunde sensibilidade aos sentimentos. Nessa manhã festiva em que o sol aparece, sem rival, como senhor absoluto, sentimos renascer, em nosso íntimo, nova dose de esperança. Esperança de vermos realizados os nossos sonhos que até ontem eram estrelas inatingíveis. É a claridade exterior que traspassa a barreira da incompreensão, para atingir bem fundo, aquela centelha que está prestes a apagar-se. Da desilusão pelos fracassos passados vemos renascer uma força deslumbrante que ofusca tudo de negativo que já nos ocorreu. Transbordamos de alegria, de positividade, de amor!

Que gloria maior poderíamos aspirar, já no outono da vida, senão esse milagre de transformarmos a nossa desgraça em retorno a um período florido? Dizemos desgraça como sinônimo de aspirações não realizadas. Sim! Porque todos nós aspiramos por mil coisas no alvorecer da vida e a maioria presencia o passar dos anos, unicamente para verem desmentidos todos os programas ensaiados. A vida é tão dura justamente porque, na maioria das vezes, o homem, na sua obscuridade mental não tem capacidade de definir os seus ideais. Tece uma teia de desejos baseados em uma complexidade impossível de consumação. Elabora padrões de conduta que passa a seguir e que o impossibilita de realizar-se como ser humano. Impossibilita, assim, a realização de seus ideais, condicionando-se, dessa maneira, à infelicidade definitiva.

Quando, completamente desiludido da vida, sai sem rumo, à cata de um fio de esperança, e nessa corrida desesperada é levado a um lugar solitário, onde ouve o suave murmúrio da natureza, que o embriaga; e nessa embriaguez mental, presencia o nascer de um novo dia, o sol elevando-se no horizonte, suavemente, transformando as sombras da noite com seus raios deslumbrantes, também se beneficia interiormente, transformando, todo o negrume do seu coração, toda a angústia de sua alma, em uma forte esperança que iluminará o seu futuro.

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Não importa a idade que tenhamos, sempre poderemos adormecer no inverno e despertarmos na primavera. E quando isso ocorrer, firmemo-nos em nossos dons positivos para que nunca mais sejamos atingidos pela estação fria.

Organizemos nossas vidas para que possamos seguir o exemplo de pessoas abastadas que acompanham as estações quentes e floridas, fazendo turismo através do mundo. Façamos, também, turismo. Só que as nossas excursões não deverão estender-se pelos quatro recantos do mundo. Viajemos para as regiões de Fé, da Esperança e do Amor.

O S O N H O N Ã O A C A B O U

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“Jornal Folha do Pardo

25/05/1.991

Uma história tem começo, meio e fim; um projeto é concretizado, construindo-se primeiro os alicerces, colocando-se em seguida as paredes, o teto, para concluirmos com os detalhes que enfeitarão a obra. Um projeto político nasce na mente de alguém, ou por osmose, em várias cabeças ao mesmo tempo resultando uma vontade coletiva.

Assim foi o projeto para que Mococa pudesse contar com um Deputado Estadual. Ele foi lançado, tendo se desenvolvido por algumas etapas, conseguindo incutir uma conscientização nos munícipes que, embora não fosse geral, conseguiu um resultado satisfatório quando o candidato conseguiu uma votação expressiva, considerando-se o número de votos brancos e nulos verificados. Estes gerados por força de algumas lideranças não terem assumido a candidatura mocoquense em razão de compromissos partidários, que são legítimos, ou por omissão, interesses pessoais, que são condenáveis. Essas lideranças, passado o momento emocional, constataram, em uma análise fria, que cometeram um equívoco.

Não conseguimos eleger o nosso candidato! Mas o sonho não acabou e continua crescendo nas mentes e corações mocoquenses: daqueles que realmente amam a nossa cidade.

A história contará que o papel representado pelo candidato nesta primeira etapa foi de extrema importância, embora não tivesse sido eleito. Essa eleição, que passou, ajudou no trabalho de conscientização dos eleitores e isso propiciará elegermos o nosso representante nas próximas. Agora não mais um Deputado Estadual mas uma dobradinha que nos levará à Assembléia Legislativa e à Câmara Federal. Um dos enganos que cometemos foi justamente não termos, também, um candidato a Deputado Federal.

Nesse objetivo teremos que continuar mobilizados concretamente, conscientizando a população, de sua responsabilidade em escolher o melhor para a cidade. Será o povo quem deverá indicar os nomes, que no momento exato deverão compor essa dobradinha com a qual estaremos representados. Os nossos representantes deverão ser pessoas que estejam

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identificadas com as aspirações populares e se dedicarão à conquista de melhores condições de vida para os menos afortunados.

Pensamos que para se chegar a esse futuro deveremos palmilhar um caminho, o qual passará obrigatoriamente pelas eleições municipais que deverão realizar-se em 1.992 e irão escolher o Prefeito e os Vereadores que comporão a Câmara Municipal. Estes deverão ser escolhidos de maneira que os interesses do município estejam assegurados. Jamais deveremos pensar em termos de presente ou de passado mas olharmos para o futuro, prestigiando uma força nova que há de surgir, nascendo das bases, da vontade popular.

O povo mais humilde é a maioria; as mulheres constituem metade do colégio eleitoral e serão essas maiorias que deverão tomar a si o direito de decidir, tirando-o de mãos espúrias que somente trabalham em prol de seus próprios interesses.

U M A H I S T Ó R I A D E A M O R

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“A Mococa” 01/04/1.989

Era uma vez um jovem triste . . .

Havendo nascido em uma cidade pitoresca, que transbordava de alegria e felicidade, viu-se desligado de sua realidade, pois o local onde nascera se transformara por ter sido anexado à Capital do Estado. Aquele lugar, que possuía uma história, perdia a sua identidade vibrante que reunia acontecimentos importantes, transformando-se em um simples bairro que, aos poucos, foi perdendo as suas características simples de cidade interiorana. Aquele jovem, mesmo podendo ostentar em sua carteira de identidade o título de “Cidadão Paulistano” não se sentia feliz. As pessoas desejam pertencer a algum lugar; querem estar ligadas a outras pessoas que sentem as mesmas emoções; precisam pertencer a uma comunidade! Quem nasceu em Mococa, por exemplo, sabe o que é isso, sentir-se parte da comunidade. Mesmo que se afaste dela, por motivos vários, o seu coração estará sempre sintonizado nos sonhos dos seus conterrâneos e nas coisas de sua terra.

Aquele moço triste já não tinha “terra”, porque o progresso destruíra todos os cenários da sua infância!

Até que um dia . . .(e era primavera) em uma linda madrugada do longínquo ano de 1.947, movido por estranhas circunstâncias e por forças imprevisíveis, ele desembarcou em Mococa. Ali encontrou a mesma praça, o mesmo jardim, os mesmos costumes que lembravam a sua cidade natal; a mesma banda (porque todas as bandas do mundo parecem uma banda só, em um igual coreto, tocando aquelas mesmas músicas que haviam embalado a sua infância. E . . .ele enamorou-se da cidade e de sua gente, passando a alimentar o sonho encantado de ali viver e de adotar aquela terra como sua.

Dali por diante jamais se desapegou do lugar, sempre que lhe era possível visitava-a, até o momento de transferir-se definitivamente, pois embora não houvesse nascido ali, embora nunca pudesse ostentar, em sua cédula de identidade, o título de “Cidadão

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Mocoquense” , ele, de coração, fizera essa opção.

Vocês, que tiveram a felicidade de ter nascido embaixo desse pedaço de céu, nesta data que comemoram mais um aniversário de sua cidade, permitam que o ex-moço, que já não é triste, ame, também, um pouquinho, a sua terra, e com ele cantem a “Ode” que nas horas tristes escreveu, em homenagem a Mococa e sua gente: . . .

A M A P O U L A

31/03/1.997

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A música toca no radio e as recordações ressurgem do mais intimo de nosso ser. Fazem tantos anos! Éramos um menino sonhador quando essa preciosidade foi um dos maiores sucessos. Tanto é verdade que sobrepujou o tempo e continua jovem e atual depois de mais de cinqüenta anos de sua criação.

Nós participávamos de um grupo de adolescentes que sempre andava inventando coisas para se divertir. E anote isso, a criatividade é uma coisa que faz as pessoas crescerem. Hoje vemos jovens carregando uma vida vazia, apesar de todas as possibilidades da modernidade. Isso ocorre porque não existe coisa melhor e mais gratificante do que “inventarmos” as nossas diversões.

Naquela época havíamos inventado um teatro só de meninos e meninas de oito a doze anos e que fez um sucesso extraordinário no bairro onde morávamos (Santo Amaro). As tarefas eram distribuídas entre todos e cada um tinha o compromisso de criar os números que iria apresentar.

Uma menina chamada Silvia escolheu apresentar a música “Amapoula” , que fazia sucesso na ocasião. Ela cantou com tanta graça que foi profusamente aplaudida. E a platéia não era de crianças e sim a maioria era adulta; familiares dos participantes e outras pessoas que apreciavam o trabalho das crianças.

Um dos espectadores assíduos era o dono da oficina Ford, cujo filho, que havia sofrido paralisia infantil, também trabalhava conosco. O seu entusiasmo foi tamanho que ele queria financiar a compra de um circo e instalar em um seu terreno, para que a idéia fosse desenvolvida. Só não o fez porque pessoas ponderadas fizeram-lhe ver a temeridade da idéia, de colocar tamanha responsabilidade sobre um grupo de crianças. O Dr. Oscar Fernandes Martins, construiu um palco no porão de sua casa para que as crianças fizessem apresentações em festas de aniversário.

A Silvia e eu trocamos alguns “bilhetinhos” (que era a maneira de namorar da época) e sonhamos, por algum tempo, ao som da “Mapoula”, com o futuro que poderia nos premiar com a felicidade.

Os sonhos são sonhos e desfazem-se no tempo; pessoas que possuem afinidades acabam separando-se e seguindo por caminhos diferentes, sem

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encontrar a felicidade com que sonharam. A constatação disso é triste, e ocorre porque hoje vivemos em um mundo global onde as distancias diminuíram pela evolução dos meios de comunicação, mas que afastou as pessoas umas das outras. E o homem é um ser social que jamais será feliz sozinho; ele tem de comunicar-se com os seus semelhantes. E falo aqui de um relacionamento afetivo que é necessário para o desenvolvimento das personalidades. O homem (representado pelo ser completo: homem-mulher que formam uma entidade perfeita) deseja amor, amizade companheirismo, afeto, porque isso é que empresta valor à sua vida. Quando consegue tudo isso, o que nem sempre é possível, poderá idealizar, e até, consolidar, a felicidade, vivendo plenamente toda a sua potencialidade e sexualidade.

A N Á L I S E S U B J E T I V A

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10/05/1.995

Ontem estava lendo a Bíblia, no evangelho de S.João, Capítulo 1, versículos de 45-51, onde nos é relatado o chamado de Natanael:

Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas, Jesus de Nazaré, filho de José.

Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?

Disse-lhe Filipe: Vem e vê.

Jesus viu Natanael vir com ele e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.

Disse-lhe Natanael: Donde me conheces tu? Jesus respondeu e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.

Natanael respondeu e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.

Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da Figueira crês? coisas maiores do que esta verás.

“E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem”.

Jesus, aludindo ao sonho de Jacó (Gn. 28:l2) e corroborando com o que falou e foi registrado por Marcos em capítulo 12:25,26, esclarece ser Ele a escada sobre a qual descem e sobem os anjos de Deus, incluindo, entre os mesmos os que, ressuscitados, continuam vivendo, como Abraão, Isac e Jacó, porque Deus não é Deus de mortos e sim de vivos.

Este Natanael, que é o mesmo Bartolomeu, e foi contado entre os apóstolos, recebeu do Mestre o dom da visão do que havia sido revelado em sonho a Jacó. Embora pouco tenha sido revelado sobre o ministério

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posterior de Natanael ( ou Bartolomeu) é inegável a sua participação entre os doze discípulos (Mt. l0:3;Mc.3:l8; Lc. 6:l4). Em Atos 1:l3 constatamos que ele se encontrava reunido, logo após a ressurreição do Mestre, perseverando em orações, junto aos condiscípulos e Maria, mãe de Jesus e com seus irmãos. Encontrava-se, ainda, quando se operou o milagre da pesca maravilhosa onde foram apanhados cento e cinqüenta e três (153) grandes peixes.

Estou fazendo estas citações porque gostaria de estabelecer uma comparação - que me ocorreu quando lia o texto - com o sonho que tive em 06/02/94 e registrei na página 66 do livro “Proversando”.

Comparando o dom da visão dado a Natanael (ou Bartolomeu) com o sonho de Jacó, com a minha afirmação de que os sonhos devem ter algum significado, apenas escapam-nos à compreensão, passei a examinar o meu caderno de anotações e constatei o seguinte:

No dia 03/02/94 comecei a escrever “A Estrutura do Suicídio” (pag. 62 de “Proversando”) que, se analisarmos bem, existe uma sutil defesa para o ato, no desejo de justificá-lo, mesmo que isso, na verdade, era muito subjetivo e transitava pelo subconsciente, juntamente, talvez, com o desejo de praticar o ato. Escrevi nesse dia, até, a frase: “O próprio ato indica uma certeza do existir e que além nos desligamos das imperfeições, que hoje nos infelicitam.” Com esta frase, na verdade, dava por encerrada a reflexão.

Não me lembro bem, mas deveria encontrar-me em um estado depressivo que mesmo inconscientemente justificaria um ato desesperado. Esse estado comprova-se no soneto do dia 04/02/94 (pag 64 de Proversando) cujo título, e conteúdo, é “Melancolia”

No dia 06/02, relendo “A Estrutura do Suicídio” devo ter julgado que não estava completo e escrevi a última parte, contradizendo o direito ao suicídio porque nos desviaria da oportunidade de evolução e do cumprimento de uma missão. Ainda no dia 06/02 registrei o sonho que havia tido que deve ter acontecido na noite de 5 para 6/2 (pag 66 “Proversando”) à página 65 é transcrito “Saudade”, que descrevendo o vazio criado por esse sentimento, terminava: “Infelizmente não tenho futuro! O meu futuro só pode ser agora! Como no soneto, indicava fim.

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Quando confesso não conseguir decifrar esse sonho, mas afirmando ter conhecimento que deveria encerrar alguma mensagem, na verdade poderia tê-la encontrado ao ler o texto bíblico, tão conhecido, que citei no início. Esse texto, combinado com as passagens paralelas, é a comprovação clara e insofismável da vida eterna, o que nos dá uma enorme responsabilidade de sabermos preservar cada etapa de nossas vidas.

Sempre que trato do assunto suicídio lembro-me de Pedro Navas, mente brilhante, médico e escritor que desencantou-se pela vida pondo-lhe termo, sozinho, enfrentando, talvez, a mistura da dor, da saudade, da solidão! Quanto de produtivo poderia ter fluido, ainda, de sua pena! Quantos enfermos poderia ter tratado! Quantos corações consolados! No entanto, aquele resto de vida foi desperdiçado; um grande potencial perdido definitivamente.

Tudo, porém, deve de ter tido de ser assim! Os segredos da vida e da morte são imponderáveis e quem somos nós para desejarmos julgar o que não conhecemos? O desconhecido nos será inexplicável enquanto não alcançarmos a sabedoria.

Em resumo, deduzo, que, talvez, subjetivamente e subtilmente deva ter passado, por minha mente, algum pensamento funesto e o sonho encerrava a mensagem que comprovava a vida eterna. Foi tal a impressão que o sonho causou-me que produziu uma verdadeira lavagem cerebral, renovando o meu espírito para um recomeço que objetivava a continuidade de uma missão que não poderia ser interrompida sem ser determinada pelo Criador.

E N C O N T R O N A I N T E R N E T

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01/04/1.997

Esta é a história de uma jovem que lutou muito para alcançar o seu lugar ao sol. Pertencia à uma família da classe média que descendia de alemães. Desde pequena sempre foi sonhadora; pertencendo ao signo de Peixes, a sua natureza pedia a introspeção, embora ela tentasse sair de sua casca para alcançar as pessoas que a rodeavam. Nasceu premiada por uma beleza impar: loura olhos azuis tez clara, ou podemos dizer claríssima, desde pequena insinuava-se um corpo bem torneado; a sua boca , de lábios encorpados parecia forrada com calda de cerejas. À medida que crescia mais se aformoseava atraindo a atenção de quantos cruzassem o seu caminho.

Dona de uma personalidade ímpar, sabendo o que queria e lutando para alcançar os seus objetivos, foi vencendo a sua introspeção da infância transformando-se em uma pessoa agradável, com quem era gratificante conviver.

Quando a conheci não sabia nenhum desses detalhes, pois o nosso primeiro relacionamento foi através da Internet, pelo teclado. Quando pelo menos temos a oportunidade de relacionarmo-nos através do telefone, a voz, geralmente, nos revela algumas nuanças da personalidade da pessoa com quem conversamos. É claro que isso não é definitivo, mas no decorrer de um certo tempo vamos notando as entonações que envolvem as emoções e passamos a ter uma oportunidade de análise. Mas “na Internet”, através de um teclado torna-se difícil, ou mesmo impossível, definir o interior das pessoas, que é a única maneira de podermos conhecê-las.

Foi ela que me chamou pela primeira vez, através de uma lista de usuários que se encontravam ligados no mesmo provedor, (Triarquia) no ABC.

Alô, Márcio Smidht? Você é descendente de alemães?

Sim! Só que eu já cheguei bastante misturado, como a maioria dos brasileiros; tenho em minhas veias sangue português, índio, alemão e, até, italiano.

Eu também sou descendente de alemães, trabalho em comunicações e faço faculdade de jornalismo.

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Oh! Que legal! Eu tenho um parente que é jornalista e eu mesmo tenho colaborado em vários jornais e acho maravilhosa essa possibilidade de dizer o que passa-se em nosso íntimo.

A conversa continuou por algum tempo e simpatizei-me muito com a pessoa, que possuía um raciocínio rápido, trazendo prazer à conversa. Engraçado que na comunicação via teclado, não nos damos conta de quem é e como é a pessoa com quem conversamos, nem sabemos se trata-se de um homem ou mulher ( e eu cria que conversava com uma pessoa do sexo masculino) e isso até é bom porque elimina os preconceitos. Até que perguntei, como era o seu primeiro nome, porque para mim Sandreli era sobrenome. Ela respondeu-me que Sandreli era o seu primeiro nome: Sandreli Oschedozenthin, e a minha dúvida persistiu, até que ela me disse ser “apresentadora” de um programa na TV.

Aí foi a vez de ela sondar quem eu era, perguntando a minha idade depois de dizer que ela tinha vinte e oito anos. Eu respondi que tinha exatamente sete anos a mais que ela. Isso não a perturbou porque a sua única intenção era conhecer pessoas. Passamos a nos encontrar frequentemente no teclado e trocávamos ideias sobre as nossas personalidades, os nossos gostos, crescendo uma amizade sólida, mesmo à distância, que está nos obrigando a tomada de outras atitudes para consolidar esse relacionamento.

Embora ela não tenha demonstrado preocupar-se com a idade que lhe dei, percebo, através de perguntas, a sua intenção de saber quem sou e como sou. Eu consegui mais a respeito dela do que ela de mim. Ela me enviou uma foto e é baseada nela e nas informações que obtive através de nossas conversas que fiz a descrição de sua aparência e de sua personalidade e creio que assim é. Mas poderei estar enganado e ao encontrá-la talvez venha a ter uma decepção, o mesmo podendo acontecer com ela, quando eu não me enquadrar no que ela idealizou para que eu fosse.

Finalmente, depois de vários meses de encontros diários através do teclado, marcamos um encontro para o próximo domingo e confesso que estou com muito medo. Os sonhos que alimentei em meu coração construíram em mim um estado de felicidade que nunca experimentei antes. Estou hesitante porque todo esse castelo poderá desmoronar-se e

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poderei perder esse pouco que tem alimentado a minha vida, porque talvez seja o nosso último encontro e voltaremos para as nossas vidas vazias, presos a frustrações que não mais nos abandonarão.

E se eu não for ao encontro? Mas já tenho feito isso tantas vezes! E recebi um ultimato: Ou nos encontramos ou nunca mais nos comunicaremos pela Internet.

Meus caros leitores, o que é que eu faço, o que vocês fariam em meu lugar?

Ajudem-me, para que. . .

E S T O U D E O L H O E M V O C Ê

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Embora tenha de ficar muito distante de você, os meus olhos não cessam de contemplar a sua beleza que sempre me encantou. Felizes daquelas pessoas que podem conviver diuturnamente com você, ouvindo a sua voz, contemplando o seu sorriso de felicidade pelas coisas simples da vida. Viver, assim, ao seu lado é conquistar o paraíso sem mesmo termos que morrer; sim porque o verdadeiro paraíso é não termos de abdicar das coisas que nos fazem felizes.

Eu era feliz ao seu lado e me distanciei para conquistar o mundo, sem perceber que a minha felicidade estava aí, nesse belo sorriso, na tonalidade da sua voz, nos trejeitos tão peculiares dos seus lábios fazendo um muxoxo; transluzindo os dentes de pérolas em uma boca sensual que convidava a ser beijada.

Hoje estou aqui, desiludido pelas desventuras, arrependido pela resolução de me distanciar para darmos um tempo. Que tempo? Tempo de desesperança!

O que me dói muito é que foi você quem me incentivou para que déssemos esse malfadado “tempo”. Será que fui tão ingênuo para não perceber que isso era uma motivação para a sua liberdade, para que partisse à procura de outro amor? Outro amor! Se você, na realidade, nem me amava! Apenas divertia-se com o meu amor exagerado. O que posso fazer? Só assim é que sei amar, sem freios e sem restrições, o coração aberto, a alma em delírio para sonhar com a realidade da esperança que nos frustra, nos machuca por revelar a incompreensão!

Este olhar longo que te procura, mesmo em sonho, revela o amor maior que mesmo morto ainda vive. Vive na esperança do reencontro mesmo que tenha a certeza de que isso é apenas um sonho.

Como eu te amo! E você, a poucos passos, nem percebe a extensão desse sentimento que criou raízes profundas! Mesmo deitada ao meu lado se mantém alheia à minha presença, divagando em marasmo mental; anulando os motivos que teria para , também, me amar. Contra todas as perspectivas de uma luta para reviver o amor, fantasia-se de megera para assustar o seu próprio coração.

É tão suave o amor! Tem sabores angelicais, pois a sua flor só mostra-se no céu, onde os anjos cantam louvores a esse sentimento

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supremo que primeiro de tudo, Deus sentiu, e achou tão bom que despejou como bênçãos para que todos dele usufruíssem. . .

E você não colheu o seu maná, preferiu prover-se de amargura e ser infeliz na vã procura de si mesma. Caminho esse que leva à desventura.

9/10/1.998/16:43:34

J U L I A N A

23/07/1.997

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Juliana é uma jovem com quem cruzei em uma noite em que viajava pela Internet. Não conversamos muito, mas aconteceu algo que parece ter nos ligado por um entendimento mútuo.

É bem interessante como essas coisas acontecem e percebemos em uma pessoa que nem conhecemos pessoalmente, alguma coisa que nos aproxima emocional e psicologicamente. Assim foi esse caso com a Juliana. Foi uma conversa bastante simples mas que a colheu em um momento em que havia tomado, talvez, a decisão de sua vida. Ela precisava contar a alguém esse acontecimento e coincidentemente me chamou pelo BBS. Depois de algumas palavras iniciais ela me disse: Tranquei a matricula na faculdade para fazer aquilo que realmente desejo. Vou fazer Educação Física.

Conversamos por alguns instantes e nos despedimos. Senti que ela continuou a ocupar espaço dentro de mim. Não sei dizer em que parte. Será que foi em meu subconsciente, em minha mente, ou aprofundou-se mais para tomar conta de meus sentimentos e fixar-se no coração? Não a esqueci de embora nunca mais nos encontrássemos nem através do teclado do computador.

Porque nos ocorrem essas fantasias, tomando conta de todo o nosso ser e vemos nascer um amor impossível, para nos fazer sofrer pela impossibilidade de realização?

Cremos que isso faz parte de nossas carências. Um coração ardente, necessitando receber afeto sem encontrá-lo, terá de construir castelos mesmo sabendo que eles serão destruídos pelo tempo que correr. Um coração solitário, não encontrando o amor em seu caminho, e aspirando pela ventura de ser querido, de ser amado, só pode amar às escondidas, procurando na solidão o encontro com o seu destino.

Mas a Juliana existe! E quantas musas passam pela nossa vida, deixando as suas marcas indeléveis para lembrar a dor de se estar só!

A Juliana existe em outra dimensão, que não a minha, que a encontrei em uma noite de tristeza e abatimento, e recebi, naquele instante, o bafejo da ventura a me visitar, em uma promessa de encontrar o amor.

A Juliana existe como uma fada boa que visita os solitários nas noites longas e frias para aquecer-lhes os corações desamparados. Como

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fada que é, cumprido o seu dever, parte para as regiões encantadas e esquece-se dos que a amaram em um instante de embriagues interior.

Separada da realidade pela diversidade de dimensões segue a sua vida cheia de prazeres e venturas pela realização dos sonhos dos desencantados.

A Juliana, porém, existe de fato! Ela é uma jovem destemida que é capaz de abandonar o solido caminho que iniciara a palmilhar para agarrar-se ao sonho de realizar aquilo que a fará feliz, que é uma carreira condizente com as suas aspirações mais íntimas. Trancou a matrícula na faculdade para realizar o sonho de ser ela mesma e não seguir uma carreira para a qual, talvez, haja sido influenciada, para satisfazer os sonhos de outras pessoas que não os puderam realizar. Essa Juliana é bem concreta porque conduz o seu destino, assumindo a responsabilidade de errar para procurar acertar.

A essa Juliana que não sei de que, sendo uma mão anônima que tocava com carinho o teclado de um computador, em uma noite em que ela e eu sentíamo-nos solitários, desejando encontrar alguém que nos ouvisse, é que dediquei algo que saiu de um velho coração solitário para homenagear a sua valentia, a sua temeridade perante a vida, com o desejo de que ela realize o seu sonho e que seja boa naquilo que fizer. Que encontre em seu cominho uma fada como ela para que lhe indique, com sabedoria, o local do encontro com o seu príncipe encantado.

M I N H A P A I X Ã O!

07/05/1.995

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Não sei exatamente quantos anos eu tinha (talvez uns três ou quatro) quando vivi a minha primeira paixão, aquele sentimento de prazer de estar ao lado de uma pessoa querida. Só hoje posso analisar aquele estado de plenitude que, então, não conseguia compreender.

Dora era o seu nome; fora morar quase em frente de minha casa e logo ao chegar premiou-me com o seu belo sorriso. Com ela, duas crianças, que para o meu entendimento, na época, eram seus irmãos menores, pois ela era jovem demais para ser mãe e nunca encontrei homem nenhum quando freqüentava a casa, que geralmente era no período da manhã ou à tarde ( horário que o seu marido deveria estar trabalhando) porque hoje compreendo que a situação era essa, Dora era casada e mãe daquelas crianças.

Ela cuidava com tanto carinho aquelas crianças, que evidentemente eram seus filhos, e me incluía em seu coração como se, também eu, fosse seu. E como nos amávamos, os quatro! Nunca mais consegui criar em meu peito outro sentimento com a mesma intensidade!

Uma tarde Dora nos reuniu na cozinha e nos serviu um delicioso lanche, depois disse que aquele momento era um instante de despedida, pois no dia seguinte, bem cedo, eles iriam embora para muito longe e que, talvez, nunca mais nos encontraríamos; confortou-nos, dizendo, emocionada, que muitas vezes a vida separa as pessoas que se amam, mas o que importa é o sentimento que continuará sempre vivo dentro de nós.

Quando acordei, no dia seguinte, tudo aquilo parecia ter sido um sonho mau que me causava uma tristeza profunda. Corri para lá, desejando que a realidade fosse outra e apagasse aquela amargura que me sufocava. . . A casa encontrava-se fechada. . .impregnada de tristeza. . .pela ausência de pessoas tão queridas! Senti. . . Uma dor no peito, uma vontade. . .de gritar a minha dor. . . Mas não fui capaz de emitir nenhum som; ficou somente aquele nó. . .apertado no coração. . . Que vai e volta mais nunca desaparece . . .

A casa onde Dora morava era geminada com outra, aonde dez anos depois viria morar Walkyria, que faria repetir-se a história e que fez apertar, mais forte, o nó da saudade que nunca me abandona.

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Que importa se na vida não encontrei o verdadeiro amor, alguém que me ame de verdade! Conquistei isso no sonho que reside dentro de mim; persiste na saudade que mora em meu coração e às vezes tenta me sugar para o encontro de minha fantasia.

Que bom quando podemos contar com um interior rico em lembranças enebriantes, que sustenta nossa vida até diante da adversidade do desamor; depositório de onde podemos tirar tudo o de que necessitamos e está ao nosso alcance porque está dentro de nós!

Existem coisas, porém, para as quais não encontramos a solução dentro de nós porque se encontram dentro de outras pessoas; só elas mesmo poderão encontrá-las para a solução de suas carências.

Meu Deus! Ajude-me nesta angústia que vivencio, porque sem Ti estarei só e amargurado. Socorre-me Senhor!

O U T O N O

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20/03/1.997

O Outono chegou junto a uma nova personalidade; sensível, inocente, dentro da sua postura adulta, imaginando que é a idade que provoca o amadurecimento nas pessoas. Carente a ponto de expor-se para tentar encontrar uma correspondência para os seus anseios. Mesmo correndo o risco da incompreensão, caminha a passos firmes para o seu destino, que, crê, seja de felicidade.

Felicidade do encontro transcendental que busca algures sem pressentir que reside dentro de si mesma; procura a ventura de ser amada para construir, junto com alguém, a base sólida e indestrutível de sonhos que tenta viver para sentir-se alguém. Alguém muito especial que seja o ideal de uma vida a dois, que se transforme em três, quatro, muitos, para preencher o vazio de suas desventuras.

O Outono é tido como a época do amor tardio, da vivência ultrapassada, de pessoas sem futuro. Aqueles que não vislumbram o futuro têm de viver o agora, sem restrições; viver o amor que consegue esse alvorecer da vida, quando tentam nos fazer fugir a esperança, seja constituído de uma transformação e que renasça aquele sentimento acumulado no peito, sufocado pelas desilusões da vida.

Renasce a vida, o poder de viver multiplica-se quando encontramos o amor; mesmo que seja um sentimento anônimo e sem conotação física, nos faz entrar em abstração para podermos entender Platão e a sua maneira de amar.

A MOR, AMIZADE, CUMPLICIDADE.

04/05/1.999 00:46:05 Terça-feira

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Desde os primeiros momentos de nossa existência, quando ainda estamos no ventre de nossa mãe, inicia-se o nosso relacionamento com o mundo ao nosso redor, e começam a desfilar os personagens que alimentarão o nosso intelecto, e farão crescer a nossa alma, para que possamos transformar-nos em seres humanos amadurecidos. Esse primeiro contato com alguém, que na realidade é a pessoa mais importante de nossa vida, não só por ser a primeira e sim porque é com a qual experimentamos uma maior intensidade de amor, começa a condicionar-nos o espirito para todas as ligações que apresentar-se-ão em nossa vida. Começamos a entender a necessidade de uma cumplicidade nessas ligações que nos condicionarão a uma vivência coletiva, para que estejamos integrados na sociedade.

São inúmeras as ligações que desenvolvemos durante a nossa vida, cada uma criando-se dentro de características próprias e que passarão a fazer parte de nosso ser. Será na soma de nossas experiências que estaremos desenvolvendo a nossa personalidade. Para sermos constituídos em um ser único, que apresentará características pessoais inconfundíveis.

Essas ligações apresentam-se em nossa caminhada influindo em nossos procedimentos e embora se distanciem com o passar do tempo, passarão a fazer parte de nós e por mais que desejemos recalcar esses acontecimentos para o nosso inconsciente jamais poderemos conseguir esquecer o enlevo que foi proporcionado à nossa alma pela passagem desses personagens tão queridos.

O tempo passa, a nossa vida tem continuidade e os novos acontecimentos tomam conta de nosso tempo e recalcamos tudo aquilo que fez parte de nosso passado, como um repositório precioso que nos alimentará nos momentos de crises existenciais. Será a doce saudade de coisas que vivemos, ou simplesmente sonhamos em viver, que alimentará a nossa disposição para vencermos os obstáculos que se nos apresentem. Muitas vezes nem temos consciência de como as vitórias apresentam-se em nossas vidas, mas é o passado, presente a cada instante que dele precisamos

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que nos estará fornecendo os subsídios para construirmos as soluções mais sábias para as nossas vidas.

Você, por acaso já elaborou um inventário de todas as ligações que manteve durante a sua existência, e que de alguma maneira contribuíram para a formação do que você é hoje? Quando começamos a sondar o nosso subconsciente e ali encontramos valores registrados, percebemos que eles possuem a fisionomia de todos aqueles amigos que passaram pela nossa vida, que mesmo inconscientemente participaram da formação de nosso caráter. Cada detalhe poderemos estar comparando com personalidades que conhecemos quer através de contatos pessoais, ou, também, pelos pensamentos sábios que chegaram ao nosso conhecimento, assim como tudo aquilo que o nosso espírito apreendeu através da percepção. Somos, enfim, o produto de nossas experiências e estaremos apresentando em nossas atitudes aquilo que recebemos de herança de uma sociedade que se estruturou a partir de um agrupamento singelo que se chama família. Não fora esse agrupamento básico não teríamos tido a oportunidade de crescer e tornar-nos alguém, que também tem o poder de agir junto aos seus semelhantes para influir positivamente na formação das novas gerações; gerações que serão mais sábias se iniciarem a sua formação a partir daquilo que foi preparado pelos seus ancestrais.

Mesmo que as ligações que permearam a nossa existência deixem acumulado um patrimônio que nos acompanhará pelo restante de nossos dias, a separação desses elos é para nós profundamente desgastante, pelo vazio que deixa para marcar a nossa vida pela saudade. Mas isso deverá acontecer, pois o homem é um ser dinâmico e tem uma trajetória que não poderá ser tomada pela inércia; deverá sempre ter continuidade para ir alcançando outros patamares, fazendo a ciência crescer e atingir novas diretrizes, para que sejam criadas novas oportunidades. A saudade dos momentos que vivemos, e o desejo que temos de que eles se perpetuassem poderão ser realizados, porque possuímos aquilo que vivemos; quer o tenhamos vivido realmente ou simplesmente através de nosso sonho e fantasia, eles estarão presentes dentro de nós e nada poderá nos separar. Embora os nossos parceiros, ou melhor, dizendo, os nossos cúmplices, distanciem-se de nós, continuarão a viver unidos pelas lembranças dos sonhos que alimentaram, juntamente conosco, durante um período, o prazer de viver! Mesmo porque, quando recebemos, em nosso coração, um amigo,

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ele transformou-se em uma parte de nosso ser, e não existirá argumento ou motivo que o fará desprender-se de nós, pois passamos a fazer parte um do outro, a sermos verdadeiramente partes de um todo, que viverá do néctar de sentimentos puros, capazes de sobrepujar o tempo e o espaço para sobreviver pela eternidade; eternidade que nos acolhe para uma existência contínua e indestrutível. É justamente por isso que tudo aquilo que é produzido dentro dessas perspectivas torna-se também eterno. A amizade é eterna, embora os amigos possam passar a viver separado por distancias intransponíveis!

De seu amigo

Dagon

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Bel leu e releu aquela carta, para tentar descobrir quem era e como era aquele amigo que entrara por acaso em sua vida e agora se retirava como se representasse apenas um sonho. Na verdade ela o conhecera através de cartas e de breves telefonemas. Conhecia-o apenas pelo timbre de sua voz e daquilo que podia depreender do que ele lhe escrevia. Nessa sua visão ele tanto poderia ser um ancião ou um jovem, exteriorizando pensamentos buscados e vividos, ao mesmo tempo que demonstrava jovialidade em suas abordagens. Poderia, ainda, ser branco ou negro; magro ou gordo; bonito ou feio (mas o que é a beleza a não ser aquilo que brota do íntimo das pessoas puras!) baixo ou alto; rico ou pobre.

Ela nunca saberia!

Agora que se desfazia esse elo, Bel questionava-se para descobrir o que, de fato, havia representado em sua vida aquela ligação tão estranha. Sentia apenas um enorme vazio, que procurava preencher lendo aquelas várias cartas que havia recebido, a breves intervalos, pelo período de quase cinco anos. Confrontava-se consigo mesmo analisando as vitórias e fracassos de sua vida e sentia que faltava algo que lhe desse aquele sentimento de plenitude, de ter encontrado a felicidade; mas o vazio continuava e vivenciava uma saudade de coisas que nem haviam acontecido. Isso, que faltava em sua vida, reconhecia, era um amor verdadeiro, correspondido na mesma intensidade; e isso não acontecera; uma ligação capaz de unir duas pessoas em um único ser; revestido de tolerância, para não exaltar os defeitos do companheiro e sim ajuda-lo a direcionar-se, fazendo a caminhada na mesma direção, para alcançarem, juntos, os mesmo objetivos.

Por alguns instantes, Bel, sentiu-se abatida e com um sentimento de frustração, por julgar que era tarde demais, que seu tempo e oportunidades já haviam se esgotado.

De repente, não mais do que de repente, começaram a brotar forças de seu interior e aquele potencial acumulado durante os anos de sua vida transbordaram e ela transformou-se em uma nova criatura, cheia de entusiasmo e determinação e exclamou, quase gritando: " Não é tarde, ainda tenho forças, vou conseguir!

Assim, Bel, livre do fantasma de Dagon, partiu resoluta para lutar pela sua felicidade!

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Miragem de um Sonho

Escrito especialmente para homenagear ao meu filho Antônio Paulo no lançamento do seu livro "Vôo na Miragem" 21/03/1.996

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Miro a mira na miragem

Mirando o que Miró mirou;

Alço o vôo para o sonho

A força alada me transformando.

Contemplo a imagem produzida

Atento, tento abrir espaços,

Alargar meus horizontes,

Conseguir chegar às fontes.

Chegarei a encontrar o que procuro

Nessa imagem que é miragem e sonho,

Nesse sonho que alimenta a fantasia?

Em um vôo que visiono o futuro

Talvez a mira só mire o sonho

De venturas e retalhos que existia.

!Hoje é um dia importante para mim. Depois daquela consulta, muitas novidades aconteceram em minha vida. A mais importante foi que eu fiz as pazes com Deus. Voltei à minha igreja na semana de avivamento espiritual que aconteceu semana passada.

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Foi muito bom renovar minha fé e fortalecer meus laços com Deus. Em uma das palestras o tema foi: nunca abra mão de seus sonhos e eu fiquei pensando o que seria meu sonho. Não foi fácil lembrar os meus sonhos”

. Pelas suas palavras acredito que você teve uma nova oportunidade de reencontrar-se com Deus e perceber que Ele de fato não decepciona ninguém, somos nós que agimos de maneira imprópria e sofremos as decepções que o nosso procedimento encaminhou. Mas pergunto-me se você assumiu, de fato, esse compromisso com Deus, renovando os seus votos perante a sua igreja, de tal forma que o diabo não a pudesse mais atingir, pois quando somos lavados com o sangue de Jesus ficamos imunes às tentações visto que o Filho de Deus venceu a Satanás e nos resguarda de todo o mal. Mas o inimigo de nossas almas não sossega e incute-nos raciocínios errôneos para que novamente possamos ser presa sua e ele possa dominar a nossa alma. Se não quem teria inspirado a palavra sonho em sua mente, para que logo após reaparecesse o mensageiro do diabo para induzi-la novamente ao erro? Se você reassumiu o seu compromisso com Deus não poderá se reintroduzir nessa ligação que não será boa para você.

A volta desse personagem indica que você deverá estar preocupada com a sua alma porque ela esta periclitando e poderá perder-se nos sonhos da sua imaginação. Se você teve a sua confiança restabelecida no Senhor deverá deixar que Ele direcione a sua vida e não entregar-se mais a essa ligação que é pecaminosa. Na verdade não deveremos abrir mão de nossos sonhos, mas desde que eles sejam puros. Uma diretriz em outra direção estará a nos indicar que é o inimigo quem está no comando de nossa vida. Fuja das investidas de satanás! Essa história que ele contou, de desejar arrumar as coisas para assumir qualquer coisa com você é o ardil que os adúlteros usam para iludir amantes ingênuas e irem usufruindo de um sexo fácil e pretensamente seguro, sem terem de assumir compromisso. Na verdade, essa mulher que ele diz ser viciada em drogas e de quem não pode separar-se deve ser a sua verdadeira esposa e inocentemente está servindo de personagem fantasiosa para que ele a engane; ele nunca pretendeu e não pretende desfazer esses laços verdadeiros, só que deseja, também, você “como um brinquedo que se desfará quando dele enfastiar-se”.

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O que você deverá fazer será desligar-se dessa relação e dedicar-se à sua fé, até que Deus indique-lhe o verdadeiro caminho que a fará feliz; e isso bem poderá ser refazer os laços com o seu ex-marido, já que vocês hoje se dão bem; e na verdade nós amamos aquelas pessoas com quem nos damos bem, só que não percebemos isso e ficamos procurando em outros lugares a felicidade que está bem ao nosso lado. Isso a faria cumprir o que diz as escrituras sagradas, através do apóstolo Paulo, de que os cônjuges não deverão separar-se pois Deus os transformou em uma única pessoa, e se isso acontecer deverão reconciliar-se, ou ficarem sozinhos, jamais assumir uma outra ligação.; se você é uma cristã deverá ater-se a esses ensinos e cumprir as instruções que já nos foram transmitidas e ficaram registradas para a nossa orientação.

Pense bem e peça a orientação do alto, para que Deus a esteja instruindo, verdadeiramente, sobre qual a Sua vontade para a sua vida.

Essa noticia que me mandou hoje me alegraram em parte, pois a minha oração é para que você esteja entregando o seu coração a Jesus em uma atitude madura que a levará a livrar-se de tudo que contraria a vontade do Pai. Espero que o Espírito Santo a esteja iluminando e que brevemente me mande noticias mais amadurecidas que demonstrem ter encontrado o caminho e o equilíbrio que Deus deseja de todos nós.

M U S A S C O M P A N H E I R A S

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20/05/1.992

As musas que construí,

Personagens de meus sonhos,

Caminham comigo pela vida

Para que não me sinta tristonho.

São companheiras queridas

Que dissipam minha solidão.

Uma delas é Walkyria,

Dos sonhos da juventude,

Teresa, Rosa e Maria,

Com a Poesia,

Minhas fieis companheiras.

Maria da Praia,.

Malu, Rosemarie,

Jacy, Joice, Marília,

Júlia, Mercedes, Mara

Que lembram seres viventes.

A Maura de coração amargurado;

Mariinha que mãe ardente!

Vicência, Honorata e Justina

Que alimentaram os meus sonhos.

Cordelia, dos mistérios a vidente.

Maria Claudia que se fez

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Do amor a confidente.

Mafalda que não soube

Conservar um puro amor.

A Ditinha, que afinal se ofereceu.

E as Miríades de Estrelas

Que brilham no firmamento;

São todas criadas pela minha fantasia,

Mas algumas vidas têm.

LIGAÇÕES ENERGÉTICAS

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25/08/1.992

Deixe-me tocá-la

S u a v e n t e . . ., assim . . .

Como se fora em pensamento.

Para que se unam nossas peles

Contatando nossas energias,

E fluam nossos sentimentos

Das regiões mais profundas,

Para estabelecermos o ciclo do sonho.

Já é hora de unirmos,

Sem medo, nossas solidões,

Para alcançarmos o frenesi

De almas que se pertencem;

E subjetivamente caminhemos,

Embora separados por distâncias,

Ainda que desunidos pelo tempo,

Para a conquista do que mais queremos,

Que é a paz do amor sonhado,

Que nos transportará,

Para um mundo sem castigos.

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O A M O R Q U E E S P E R O

10/10/1.992

Quando na minha infância

Contavam-me histórias de anjos

Eu fazia um enorme esforço

Para que suas imagens se gravassem

Em minha mente povoada de sonhos;

Para que os reconhecesse,

Se algum dia os encontrasse.

Muitos anos depois

O meu subconsciente acordou

Para reconhecer em excelsa musa

A figura que imaginei.

Quando em uma noite de Natal,

Em longínquo passado,

Minha alma sofria em agonia,

E meu espírito ansiava em partir

Na busca de irmãos perdidos,

E plantava-se em mim a frustração,

Pela impotência do querer,

Visualizava cada face,

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A sorrir-me, para que,

Nunca mais as esquecesse;

Nascia, assim, forte em meu peito,

A esperança do porvir.

Naquela noite insone

Quando me enlevava em escrever

Surgiu radiante em minha frente

Uma figura que me pareceu conhecer.

Ao contemplar o céu azul

Cravejado de estrelas luminosas

Uma havia especial,

Que para mim queria,

A mais bela!

Transmitindo mensagens especiais,

Para compensar carências

De corações solitários.

Ao assistir o espetáculo

De divina música,

Arrancada por bela musa,

Do instrumento antigo,

De gozo adormeci,

E transportado para regiões estranhas,

Onde a vida era um sonho

Que a felicidade prometia;

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Possuído por estranho poder,

Fundi em uma só todas as musas,

Para que assim pudesse amar

A soma dos meus ideais.

Ao assim proceder acordei,

E em vão continuo a esperar

Aquela que tanto amei,

E que talvez me amará.

S A U D A D E

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06/02/1.994

Um vazio que sentimos no peito pela ausência de uma pessoa amada.

É doída e não há remédio para a sua cura a não ser o tempo. Este vai depositando, na ferida, o bálsamo da consolação e quando percebemos, aquela dor, que a princípio era insuportável, vai apagando-se sem que se crie nada em seu lugar. Esse vazio permanente jamais conseguiremos superar; quando parece-nos estar curados, vem a recaída e nos transporta novamente para a angústia, a amargura, a solidão. Por mais que lutemos, pelo período de uma existência, o tempo é, ainda, muito curto para que possamos, novamente, reencontrar a paz de um correspondido amor; e sem amor o que nos resta?

Onde encontrarei a tranquilidade de mãos se tocando e de vozes sussurrando promessas de uma vida a dois?

Será que poderei retornar ao passado, onde os sonhos tudo isso prometiam, o que não encontro agora, ou me embrenharei resoluto para o futuro, na ânsia de encontrar, ainda, o amor sonhado?

Infelizmente não tenho futuro! O meu futuro só pode ser agora!

M I S S Ã O O R D E N A D A

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09/09/1.994

A algum tempo veio-me à mente, como se fora uma mensagem muito forte, que deveria me dedicar a uma missão de evangelização aos médicos; isso se deu por volta de l.989.

Na ocasião elaborei uma mensagem que tencionava enviar a todos os médicos da cidade de Mococa e a outros que viesse a conhecer, mesmo de outros locais. Escrita a mensagem, imaginei se não seria melhor divulgá-la através da imprensa, visto que colaborava com um jornal local. Enviei o texto, porém o mesmo não foi aproveitado. Reconheci que, de fato, demandava alguma dificuldade devido às inúmeras citações bíblicas (embora recentemente outro jornal tenha publicado aquele mesmo texto sem dificuldade). Devolvido o texto, guardei-o e esqueci desse caminho, ao mesmo tempo em que passei a orar pelos médicos, solicitando que Deus os assistisse em sua árdua missão de curar os enfermos.

Passaram-se cinco anos! Nestes dias tive um sonho que me fez revirar os guardados para reencontrar aquele velho texto. Acredito que a maioria dos sonhos que temos não são revestidos de valor; são reflexos de acontecimentos do nosso dia a dia que fixam alguma preocupação em nossa mente. Existem alguns, porém, como já têm ocorrido várias vezes comigo, que são verdadeiras mensagens a indicar-nos a trajetória. Estes imprimem com tanta agudeza que não conseguimos esquecê-los, dando-nos a certeza de um caminho a seguir.

É evidente que os sonhos, geralmente, se apresentam através de símbolos que muitas vezes nos é difícil decifrar.

Este último se deu assim: Encontrava-me em um seminário junto a diversos estudantes que deveriam ser ordenados ao ministério sacerdotal naquele instante. Um a um foi seguindo o ritual, recebendo o hábito negro; quando chegou a minha vez, no lugar do hábito recebido pelos outros, recebi uma peça, também preta, mas que era semelhante a um jaleco usado

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pelos médicos. Acordei com a nítida impressão de que agora havia sido ordenado oficialmente, para desenvolver a missão que me fora confiada.

Veio-me à mente um fato curioso; é que no primeiro livro que escrevi, fui inspirado a colocar, sem mesmo saber porque, as palavras do profeta Joel, referidas em Atos dos Apóstolos, (2:17,18,21): . . . e o que foi dito pelo profeta Joel: “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e sonharão vossos velhos;

Até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.

. . .E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”

Sabemos, pelas Escrituras Sagradas, que aos simples pertence o reino dos céus. Tanto Jesus como o apóstolo Paulo repetiram que Deus escolheu os simples deste mundo para revelar-lhes a vida eterna e a salvação. Porém, existe uma promessa feita a Abraão, a Isaque e a Jacó de que através deles e da sua descendência (Jesus) seriam salvas todas as famílias da terra. Então é uma questão de oferecermos a oportunidade para um maior numero de pessoas, de qualquer condição social, de ouvirem a palavra de salvação, porque nem todos obedecem ao evangelho, muitas vezes, por desconhecê-lo, visto que “ a fé é pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17).

As mesmas palavras do profeta Joel são repetidas pelo apóstolo Paulo: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo.” e prossegue: “Como invocarão, pois, aquele em quem não creram? e como crerão naquele que não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados(Romanos 10:13-15).

Poderei fugir à ordenação dessa missão?

V I A J A N D O P E L O T E M P O

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26/12/1.994

O tempo é veloz como o vento

E nos impede de acompanhar a vida

Por mais depressa que caminhemos.

Juntamos no presente

O passado e o futuro!

Aquelas meninas que vimos nascer

Às quais com cânticos

Embalamos o sono

Transformaram-se como num sonho

E se apresentam a nós

Com um perfil de mulher.

Por mais que desejemos ignorar

As mudanças sutis

E enxergar os traços infantis

Esse novo ser nos emociona

E mesmo na solidão

Em nosso coração vivido

Vemos renascer o amor

S O L I D Ã O

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Como penetrar nesse sentimento que acomete, praticamente, todas as pessoas? Poderíamos sondar o nosso íntimo para ali tomar conhecimento do que seja esse fator de desligamento da realidade social! O homem é um ser social e jamais poderá sobreviver isoladamente. A coisa mais importante para o ser humano (absurdamente colocamos acima da própria alimentação) é o relacionamento com os seus iguais. Queremos com isso dizer, que consiga com ele comunicar-se. Existem vários tipos de comunicação, e mesmo sem palavras poderemos estar nos comunicando com os nossos semelhantes. Essa comunicação, por superficial que seja garante ao homem uma conscientização de sua existência.

Se aludirmos à necessidade de procurar penetrar o nosso íntimo para que possamos conhecer a estrutura da solidão, é porque interiormente já tomamos contato com a expressão de desligamento de nosso ser com o mundo que nos cerca. Nessas ocasiões, quando nem percebemos a presença de ninguém, que nos sentimos desligados da realidade social, a nossa mente, praticamente, desintegrou-se e expulsou do consciente a experiência sofrida, por não a poder suportar. A mente não expulsa para o exterior; ela reprocessa os sentimentos por uma dinâmica de racionalização, depositando-os no mais recôndito do inconsciente, que ali permanece por anos, séculos ou milênios, pronto para ser usado através de um processo reverso e dar conhecimento ao espírito, e por seu intermédio à mente que o expressará na realidade material, com manifestações psicossomáticas.

Mesmo que em nossa vida presente não tenhamos passado por momentos de solidão, ela está lá, como uma experiência rica em detalhes, para nos orientar nas horas necessárias.

Existem momentos, em nossas vidas, que temos a necessidade imperiosa de estarmos sós, para que possamos penetrar nos depósitos de conhecimentos que jazem esquecidos e que nos são necessários em determinadas ocasiões de nossas vidas, como subsidio, para nos ajudar na resolução de nossos problemas, que nos são apresentados pelo cotidiano. Essa retirada estratégica para pensar e extrair de nosso intelecto, o conhecimento acumulado, não é tão sofrido, visto não nos desligar da realidade presente, já que estamos nos esforçando para resolver problemas que afligem aos nossos semelhantes. Se estivermos nos doando em favor de

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nosso próximo, nos conservaremos, mais do que nunca, ligados a eles e o nosso relacionamento mental substitui o relacionamento pessoal.

Existem tipos de solidão que são procurados por nós e criados no desejo de fugirmos da realidade. A realidade dos fatos nos alcança sem estarmos preparados para enfrenta-la de maneira inteligente, de frente e com coragem. Mesmo que tenhamos de passar por experiências penosas, deveremos procurar resolver todas as dificuldades de nossa vida, sem racionalizarmos demasiadamente, uma vez que a realidade é realidade e não adiantará nada nós a querermos mascarar de cores agradáveis a fim de que nossa mente a receba como sonho e fantasia. Temos consciência disso, porém a nossa mente reage em conformidade com a nossa covardia. Deixamos de realizar o real em nossa vida por não termos a coragem de acolhermos a verdade dos sentimentos. Fugimos dessa realidade que se enfrentada corajosamente poderia solucionar todos os nossos problemas. Medite um pouco! Aprofunde-se em sua mente e constate, através da reprodução de suas experiências acumuladas, quantas vezes você tem fugido da realidade? Essa fuga vai, aos poucos, aprisionando o seu intelecto, a sua mente, o seu espírito, tirando-nos a capacidade de resolver, inteligentemente, as propostas que influem positivamente em nossas vidas. Isso nos transporta para o isolamento de nós mesmo, depois de nos separar de nossos semelhantes. Apresenta-se, então, o pior tipo de solidão; aquela que, além de nos separar da realidade presente, da qual não podemos nos separar nos conduz ao isolamento de nós mesmo. Perdemos o elo que nos garantiria a comunicação; alienamo-nos de nossa realidade para pressionar-nos em um vácuo onde perderemos o poder de transformação, tão necessário para criarmos situações novas. Essa é a verdadeira solidão; estarmos desligados das pessoas, de nós mesmo, das criações mentais e das soluções. Divagamos num vazio; vazio de realizações; vazio de sentimentos; vazio de comunicações. Quando o homem chega a esse estado de consciência ( ou inconsciência) o que mais poderá fazer senão . . .Existe, porem, uma esperança que é apresentada pelo conhecimento que guardamos no mais profundo do nosso ser. O conhecimento da verdade da existência; de uma ligação transcendental, que sempre poderá alcançar-nos no mais profundo de nossa degradação para elevar-nos, novamente, aos pináculos da realização: É o conhecimento da eternidade que liga as existências, liga as pessoas, liga os acontecimentos; liga o tempo pela velocidade do silêncio que abarca todo o conhecimento.

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M I T O

Apaixonei-me por uma ilusão,

Quis encontrar o mito construído,

Em momentos de solidão,

Nos idos tempos da juventude.

Esmerei-me na escolha de virtudes,

Que coloquei na deusa deslumbrante;

Penetrei até nos pensamentos

Daquela imagem resplandecente.

Guardei daqueles olhos ternos,

A bela expressão da inocência

Que, como eu, contemplava,

Também, o nascer do amor.

Naquele momento do encontro

Misturamo-nos num elo consentido;

Firmamos um pacto eterno

De sempre nos pertencermos.

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Mas, na vida que vivi, então,

Na procura vã de revê-la presente

Mais a vida se fazia ausente

Matando o mito que jamais nasceu

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D E S C O M U N I C A Ç Ã O

Sinto o peso imenso da solidão!

As paredes se fecham ao meu redor e me tiram a perspectivas de vida. Estão cortados os meios de comunicação!

Estou sentado frente à televisão e presencio a realidade no drama que se desenvolve e percebo a similitude de vivência com o autor, que se projeta em seus personagens, e constato a angústia que envolve cada vida.

Por que me quedo inerte, desligado da cena que deseja tomar conta da minha sensibilidade e me transformar em um robô condicionado a não mais colher as impressões exteriores?

Será, que a mesma força alienante que cortou a minha comunicação com as pessoas que estão ao meu lado, agora deseja interceptar a comunicação comigo mesmo?

Mas é exatamente isso que ocorre! Essa máquina infernal, auxiliada pelas técnicas de “marketing” deseja apropriar-se de mim através de uma bem elaborada lavagem cerebral.

Mergulho para dentro de mim mesmo, abrindo mão da comunicação, para que não venha a ser atingido pela descomunicação.

Para fugir da alienação fui obrigado a me alienar.

A D E U S A E A F L O R

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Em um dos dias de minha solidão

Quando da vida pouco espero

Quando se hasteia do desalento o pendão

A dor aprofunda meu desespero.

Do passado retorna à minha mente

A visão de Deusa e de Flor

Revivendo no solo a semente

Inspira a musa, perfuma a flor.

Busco no fundo do meu ser

A deusa nórdica Walkyria

Da primavera a Rosa quero ver

Realizar um sonho é o que eu queria.

As duas preenchem minha desilusão

Uma inexistente como o mito

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A outra, sólida afugenta a solidão

Mas sem as duas a cismar eu fico

Quero cultivar a flor real

Pois no mito o tempo corre

E a Deusa Nórdica morre

Mas a Rosa sempre é amor real.

S O L I D Ã O

‘ Ah! Minha solidão!

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A minha solidão,

É povoada de fantasmas.

São imagens preciosas

Da minha infância, juventude,

E até do meu futuro.

Elas rodeiam o meu espírito

Confortando-me

Da ansiedade, das perdas sofridas.

Acalenta-me

Para elevar-me do chão

Onde, inconsciente, desejo estar.

A minha Solidão!

Os meus fantasmas!

Transformam-me

Em uma unidade carente

Que entrega-se contente

A qualquer ligação;

Para amainar o desejo de ser,

De sentir-se gente,

E ser selado por um beijo teu.

S O L I D Ã O II

Quando estou só

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Percebo que

Mesmo quando não estou só

Estou sozinho.

Sinto-me no abandono

Sem carinho

Nem um elo fugidio

Enfeita meu mundo pequenino.

Abro o coração

Esperando que aconteça o inusitado,

Que alguém sem enfado

Passe a nele se abrigar.

Preencho de carinho

Uma vida tão fugaz

Desfaço o abrigo, o ninho

Sem mais olhar para trás.

Novas metas quero realizar

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Para afastar a solidão

Desfazer de mim a desilusão

Para afastar a solidão!

"Quando amamos, verdadeiramente, alguém e a perdemos, não só o nosso interior transforma-se em um vazio; o próprio mundo, para nós, perde todo o sentido. Mesmo que bilhões de pessoas pululem, para nós parece que só existe aquela única pessoa; e torna-se insuportável continuar vivendo nessa imensa solidão!”

S O L I D Ã O

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A frustração se manifesta pelo vazio; vazio pelos ideais não realizados. Ideais de amor, de pessoa humana, de relacionamento afetivo. Essa frustração instalada nos torna solitários. A solidão não é questão de existir ou não existir; é questão de sentir. Nós a sentimos mesmo entre uma multidão, ou em pequenos grupos. Ela nos dá a vontade de sair a procura de algo que nos falta; sentimos falta de alguma coisa que satisfaça a nossa necessidade. Necessidade subjetiva, pois na maioria das vezes possuímos mais do que o razoável para satisfazer a parte material de nossa vida.

Como fugirmos a essa sensação de vazio?

O equacionamento desse problema que aflige a humanidade traria a fortuna a quem o resolvesse, por que disso depende a nossa alegria e nossa felicidade. Talvez seja uma procura infrutífera, mas temos que perseguir e lutar para tentarmos encontrar a solução. Não para ganharmos dinheiro e sim para nos satisfazermos, tanto por nos livramos do inconveniente da desolação como pela satisfação de transferir, aos nossos semelhantes, algo que os ajude.

Talvez dois solitários não somassem as suas solidões e sim um neutralizaria a solidão do seu companheiro! Achamos que o encontro de dois solitários poderia criar um relacionamento que os condicionasse à descoberta de algo que os livraria desse sentimento desgastante: dessa sensação de que falta alguma coisa. Talvez esse encontro fosse o inicio da solução do problema, pois o solitário é uma pessoa a quem falta o diálogo. Ele necessita de um canal de comunicação que o possibilite a exteriorização de seu potencial. É uma pessoa que possui um profundo conteúdo de ideias que não tiveram a oportunidade de serem concretizadas: viver um grande amor: trabalhar pelo bem da humanidade; amar aos seus semelhantes altruisticamente. A impossibilidade de consumação desses ideais o sufoca.

É tão triste viver só; principalmente quando não estamos sozinhos! O retiro espiritual até que é positivo, por que, quando estamos sozinhos, recolhidos para dentro de nós mesmo, poderemos aprofundar o nosso conhecimento através da sensibilidade e é nessas oportunidades que alcançamos uma ligação transcendental e aflora, em nossa mente, as verdades mais significativas para a nossa existência.

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Mas quando enfrentamos a solidão a dois; quando sentimos bloqueado o nosso poder de comunicação e, desaparece o nosso relacionamento com a pessoa que está ao nosso lado; enveredamos para a mais profunda das frustrações. É a negação da vida, do amor, das virtudes!

Quando nos sentimos assim, somente um poder maior, uma ligação transcendental, poderá nos trazer de volta à vida!

S O L I D Ã O A D O I S

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Mococa, 23/08/1.987

Oh! Angústia da separação!

O vazio de estar sozinho!

Não causado pela morte.

Essa até seria melhor sorte!

Mas presente a sequidão de estio

Que da vida tira todo o brilho.

Do passado vem-nos a lembrança

Da juventude repleta de ilusões,

Saudade dos sonhos projetados

Que pelo futuro foram rejeitados

Tirando do peito a ilusão

E plantando em seu lugar a solidão.

Agora o que nos causa dor

É que não haja mais amor.

Duas vidas juntas, separadas,

Dos corações as portas já fechadas.

Embora as almas tenham sede

E enfermas repousem em sua rede,

Implorando a caridade de um carinho

Para, de amor, criar um ninho;

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Um obstáculo veda o caminho;

O orgulho, o egoísmo, a ingratidão,

Que do ser degenera a aptidão.

Lanço meu grito de agonia

Que como bela e triste melodia

Ecoa no labirinto de minhas ilusões.

Procuro no profundo do meu coração,

Para da sede do amor tirar uma oração;

Busco o elo que me liga a Deus

Para que cada ser ligue-se ao que é seu.

Que eu não seja alvo da irrisão,

Que entre nós, a dois, não haja a solidão.

S O L I D Ã O II

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Mococa, Agosto de 1.987

Sou um homem só!

Não que eu não tenha amigos,

Não que eu não tenha pessoas ao meu lado,

E sim porque não estou ao lado delas!

Me esquivo da vida, das amizades!

Não sou como as pedras do caminho!

As pedras do caminho!

As pedras que rolam pelo caminho!

Rolam pela poeira,

E para elas não há esperança.

Mas por certo não gostariam de ser

Como as pessoas que passam

Que costumam dizer

Tudo que sentem

Quando estão a caminhar.

Com um gemido latente

Mostram que não estão contentes

Com a vida que levam.

Reclamam de seus amores

Que não lhes prestam favores.

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Lamentam a triste sorte

De se encontrarem sós. . .

Escolheriam fácil a morte!

Embora tenham com quem dividir

E até se possam divertir.

As pedras não são assim,

As pedras que rolam pelo caminho. . .

As pedras que rolam no pó,

Porque as pedras não estão sós.

Embora se batam e se firam

Na poeira do caminho

E a si mesmo causem dor

Elas se dão umas às outras

Podem até ensinar ao homem

Os caminhos do amor..

S E N S I B I L I D A D E

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Quero penetrar, buscar bem fundo.

Unir duas almas para que tudo fique junto

Alcançar o ponto onde a sensibilidade

Aflora e estabelece a tranquilidade.

Viajando nas nuvens da minha fantasia

Busco o elo que eleva e que extasia

Entrelaçar as almas em carinho

Viver o amor em suave ninho.

Um conteúdo que arrepie e que sele

A união carnal da suave pele

Tão necessário para que haja compreensão

E não mais vivamos na ilusão.

Colorindo suavemente a relação

Revelando sincera a intenção

Viver sem solidão um grande amor

Afugentar a incompreensão que causa dor.

Duas vidas juntas pra vencer

Usufruir da primavera a suavidade

Viver a natureza com toda a intensidade

Pra que a flor do amor não venha a fenecer.

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E N T Ã O ?

Antes era uma vegetação luxuriante. Fruto das fontes naturais ou de chuvas de verão?

Hoje é tudo deserto: A febre causticante transformou aquele oásis de felicidade em agreste região.

Os pássaros se foram! Já não ouvem-se os alegres cantos matinais, nem a sua algazarra ao por do sol.

O rio, que cortava aquelas matas, hoje, visto do alto do monte mais próximo, assemelha-se a imensa cicatriz. Tudo à sua volta é desolação e tristeza; confundindo-se com o cinzento dos sentimentos tornou insensível até as almas dos homens!

Apenas um cacto sobrevive, porque esta planta é como o amor e a tudo resiste e, solitário, espera que algum viajor, sedento, corte-lhe o corpo para saciar a sede. Ainda assim, ferido na carne, com cicatrizes profundas, que nunca param de sangrar, continuará à espera de uma gota de orvalho que o reanime, porque não lhe resta nem mais a esperança de uma lágrima, visto que até os seus olhos secaram.

Em outro jardim, talvez, a primavera continua, porque as flores, volúveis, afeiçoam-se às mãos hábeis dos jardineiros e, transplantadas para outras terras, olvidam o passado e não mais desejam os calorosos beijos dos colibris. Banham-se nas chuvas provocadas pelas nuvens da saudade, mas realçam o seu perfume para a conquista de novos amores.

E eu, que desejaria ouvir novamente o suave canto dos pássaros nas suaves tardes primaveris! É primavera e nada existe. Nem flores nem pássaros. Por mais que grite só ouço o eco da minha agonia debatendo-se nas pedras da desilusão. Tudo é solidão! Não consigo a caridade de um carinho!

Mas, por quê?

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O espírito que antes povoava estas paragens certamente encontra-se aprisionado no calabouço da dúvida e sem coragem para empreender uma fuga perigosa.

Então!!! Então???

I N V E R N O

27/07/1.997

Inverno na marca da estação, inverno em meu interior! O único lenitivo é a música que embala a minha alma impedindo-me de soçobrar. A solidão apertando o meu peito, estabelecendo uma pressão insuportável criando a vontade sempre presente de estabelecer o fim.

Porque se criou em torno de mim essa atmosfera lúgubre eliminando aquela vontade forte que é a dos vencedores?

Eu sou um perdedor! Ainda que tenha alcançado muitas vitórias, não conquistei aquela que me daria a realização. A vitória do amor em minha vida. Alcancei tantas coisas! E continuo carente por sentir um vazio dentro de mim. Vazio que tenho tentado preencher através de fugas da minha realidade!

Quedo-me sozinho, em um tarde de Domingo, frente a esta máquina que tem sido a minha companheira. Companheira fria por não abrigar os sentimentos que fazem o homem um ser especial, cuja especialidade é sofrer por não saber qual o seu destino.

Mas eu sei qual será o meu destino e anseio alcançar o período em que estarei livre de todas as chagas. Não chagas de amor, porque estas, mesmo que nos machuque construi algo em nós para que nos consolidemos como ser humano e gozemos a felicidade, e sim chagas de não possuir um

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grande amor que me arrebatasse a alma e me transformasse em um elo inquebrantável com o poder supremo. É certo que o alcançarei, um dia, na plenitude do viver, sabendo que alcancei a vida que é eterna, para que continuemos a construir os degraus necessários para a evolução espiritual.

Aqui estou eu, remanescente do que fui; resto do que o presente doará para o amanhã. Desejo completar este ciclo de vida realizando algo que possa redimir a minha alma. Completar uma carreira que completa mal se iniciou. Muito falta a caminhar, por caminhos longos e estreitos, buscando a mim dentro de mim, no desejo de encontrar algo que me satisfaça e acrescente valor aos sentimentos.

Aqui estou eu, neste Domingo frio e solitário, sozinho diante de minha companheira, a derramar os meus anseios, no afã de preencher o vazio cesto que a vida me entregou!

J U L I A N A

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23/07/1.997

Juliana é uma jovem com quem cruzei em uma noite em que viajava pela Internet. Não conversamos muito, mas aconteceu algo que parece ter nos ligado por um entendimento mútuo.

É bem interessante como essas coisas acontecem e percebemos em uma pessoa que nem conhecemos pessoalmente, alguma coisa que nos aproxima emocional e psicologicamente. Assim foi esse caso com a Juliana. Foi uma conversa bastante simples mas que a colheu em um momento em que havia tomado, talvez, a decisão de sua vida. Ela precisava contar a alguém esse acontecimento e coincidentemente me chamou pelo BBS. Depois de algumas palavras iniciais ela me disse: Tranquei a matricula na faculdade para fazer aquilo que realmente desejo. Vou fazer Educação Física.

Conversamos por alguns instantes e nos despedimos. Senti que ela continuou a ocupar espaço dentro de mim. Não sei dizer em que parte. Será que foi em meu subconsciente, em minha mente, ou aprofundou-se mais para tomar conta de meus sentimentos e fixar-se no coração? Não a esqueci de embora nunca mais nos encontrássemos nem através do teclado do computador.

Porque nos ocorrem essas fantasias, tomando conta de todo o nosso ser e vemos nascer um amor impossível, para nos fazer sofrer pela impossibilidade de realização?

Cremos que isso faz parte de nossas carências. Um coração ardente, necessitando receber afeto sem encontrá-lo, terá de construir castelos mesmo sabendo que eles serão destruídos pelo tempo que correr. Um coração solitário, não encontrando o amor em seu caminho, e aspirando pela ventura de ser querido, de ser amado, só pode amar às escondidas, procurando na solidão o encontro com o seu destino.

Mas a Juliana existe! E quantas musas passam pela nossa vida, deixando as suas marcas indeléveis para lembrar a dor de se estar só!

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A Juliana existe em outra dimensão, que não a minha, que a encontrei em uma noite de tristeza e abatimento, e recebi, naquele instante, o bafejo da ventura a me visitar, em uma promessa de encontrar o amor.

A Juliana existe como uma fada boa que visita os solitários nas noites longas e frias para esquecer-lhes os corações desamparados. Como fada que é, cumprido o seu dever, parte para as regiões encantadas e esquece-se dos que a amaram em um instante de embriagues interior.

Separada da realidade pela diversidade de dimensões segue a sua vida cheia de prazeres e venturas pela realização dos sonhos dos desencantados.

A Juliana, porém, existe de fato! Ela é uma jovem destemida que é capaz de abandonar o solido caminho que iniciara a palmilhar para agarrar-se ao sonho de realizar aquilo que a fará feliz, que é uma carreira condizente com as suas aspirações mais íntimas. Trancou a matrícula na faculdade para realizar o sonho de ser ela mesma e não seguir uma carreira para a qual, talvez, haja sido influenciada, para satisfazer os sonhos de outras pessoas que não os puderam realizar. Essa Juliana é bem concreta porque conduz o seu destino, assumindo a responsabilidade de errar para procurar acertar.

A essa Juliana que não sei de que, sendo uma mão anônima que tocava com carinho o teclado de um computador, em uma noite em que ela e eu sentíamo-nos solitários, desejando encontrar alguém que nos ouvisse, é que dediquei algo que saiu de um velho coração solitário para homenagear a sua valentia, a sua temeridade perante a vida, com o desejo de que ela realize o seu sonho e que seja boa naquilo que fizer. Que encontre em seu cominho uma fada como ela para que lhe indique, com sabedoria, o local do encontro com o seu príncipe encantado.

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N E C E S S I D A D E D E A M O R

10/06/1.997

Quando não temos um amor

Alguém que seja parte de nosso viver

O nosso coração para de bater

Fazendo definhar o nosso ser

Preciso de alguém

Que me retorne a vontade de sentir

Aquelas ânsias de querer

Quando o coração não pode mentir.

Há! Vida que busco em vão!

Para que não venha a fenecer;

Que me dê amor em vez de pão

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As aspirações que vida são

Que me possa oferecer

De uma vez o fim da solidão.

O Q U E S O M O S !

31/03/1.997

Que coisa estranha e misteriosa é o desenrolar dos tempos! Olhamos para trás e não enxergamos mais o passado!

Alguns anos depois de nosso nascimento, quando começamos a perceber as coisas ao nosso redor, contávamos com uma extensa e movimentada presença que nos assistiam, que nos amavam, por sermos parte deles, parte do seu presente! Olhavam-nos como sendo o futuro de suas vidas e nós os olhávamos como o nosso passado. Sim por que é forçoso que tenhamos um passado; o passado faz parte de nossa história , mais do que isso ele é a nossa história. Assim como os nossos ancestrais olhavam para nós enxergando o futuro, nós os olhávamos como sendo a nossa raiz; através deles e de suas vivências havíamos surgido nós, moldados por suas personalidades, por suas lutas, por suas angústias, suas derrotas e vitórias; nós éramos eles, porque estávamos entrelaçados de maneira tal que não existiríamos sem eles; e eles contavam conosco para perpetuarem-se no tempo.

Nós crescemos, evoluímos dentro de nossas possibilidades e de fato representamos o futuro do passado, porém ficamos sem passado porque ele foi dissolvendo-se com o passar dos tempos. Quando éramos crianças, contávamos com uma enorme quantidade de pessoas que estavam ligadas a nós. Eram avós, pais, tios, agregados que nos davam a segurança que necessitávamos para o nosso desenvolvimento mental, psicológico,

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emocional, para que nos tornássemos pessoas úteis à nossa família e à sociedade. Com o decorrer do tempo foram desaparecendo essas pessoas e isso nos faz sentirmo-nos como se as nossas raízes estivessem sendo arrancadas e a planta que somos nós passando a murchar e sucumbir. Olhamos para trás e não vemos o passado porque ele já acabou-se, estamos apenas nós representando nossos avós, nossos pais, nossos tios, nossos irmãos que já se foram, e a solidão que vivenciamos é sumamente desconfortante. Quando isso ocorre e sentimo-nos sem passado é que já não teremos, também, futuro; vivemos apenas o presente e teremos de esforçar-nos para que ele represente algo importante para aqueles que julgam-nos como o seu passado e que são o nosso futuro. São nossos filhos, nossos netos, que constroem com o nosso passado, o seu futuro.

Assim caminhamos pela vida que é construída pela sabedoria divina e por isso é perfeita em todos os seus aspectos, pois quando jovens temos a força para a luta e para vencermos todos os obstáculos; quando velho Deus nos dá a sabedoria das experiências vividas para que nos aquietemos e silenciosamente vamos desaparecendo da vida daquelas pessoas que nos são queridas. A nossa quietude é suplantada pelo vigor da juventude, que não tem tempo de esperar e envolve-se na corrida para a realização, que também é nossa porque nos realizamos em nossos descendentes.

E, um dia é o tempo do jequitibá tombar, para que todo aquele vigor acumulado pelos anos venha temperar o animo das novas gerações para que continue a construir até alcançar aquele objetivo que é idealizado pela tradição. Objetivo para que reine a paz e o amor nos corações!

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Romantismo

Mococa, 14 de Novembro de l.998

Quando ouço uma música romântica, quando os acordes mexem com a sensibilidade da alma, mergulho para dentro de mim mesmo, à procura dos sonhos que vivi e que me prometiam a felicidade. Desde os tempos de criança, quando lançávamos a esperança para o futuro, na certeza que ali se encontrava tudo aquilo a que aspirávamos sem mesmo saber o que, na confusão mental dos alienados, que buscam no nada a satisfação da vida! Tristes ais! Que a minha alma amargurada lançava aos ventos, como a crer que o tempo poderia construir tudo aquilo que borbulhava em minha mente, que apontava a incerteza das realizações esperadas.

O tempo transcorreu com a celeridade de quem deseja alcançar o amanhã, como um elo encantado que a tudo poderia transformar. Transformação que de fato ocorria a cada passo, avançando na senda do destino incerto; visão antecipada de coisas estranhas apontando a desdita do desencontro que mataria o amor; condenação implacável estigmatizando a vida, para, na hora marcada, ser criado o vácuo do desamor.

Se o amor é o Dom da vida, que encanta os parceiros para o êxtase eterno!

Mais uma vez, atingido pelo desamparo, lembro-me dos amores que não encontrei!

Talvez, porque a escuridão da noite haja encoberto os matizes serenos que revelavam o surgimento da alva, e eu dormi, na esperança de sonhar com a alegria de te encontrar, deixando de viver a realidade do amor que existia, concreto, positivo, que também vicejava em seu coração sonhador.

Sonhamos os dois, com as fantasias que criamos, criando o desencontro de nossos corações.

Mergulhados na amargura desiludimo-nos do verdadeiro amor, fechando nossas vidas, para acalentarmos a solidão.

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CARTA QUE NÃO ENVIEI

Faz, já, muito tempo que recebi a sua última carta; se outras foram enviadas não chegaram até a mim, porque por aqui, também, é como aqueles filmes de amor e intriga, onde sempre existe uma megera que faz extraviarem as cartas dos amantes, para que entre eles cresça a desconfiança, para por fim ao romance. Porem penso que isso não ocorreu em razão de a sua última carta ter um tom de despedida. E como nos filmes ou novelas, essa carta também desapareceu, tirando-me a oportunidade de relê-la, para poder analisá-la e compreender qual a sua verdadeira intenção.

Aguardei até agora, na ilusão de ser unicamente um engano de minha parte e que você tornaria a comunicar-se, pondo fim à minha angústia, que é a de quem perdeu um grande amor. . .

A minha vida tem sido assim, por mais que deseje amar, os amores fogem da minha presença deixando-me solitário a cismar sobre o porquê do meu destino. Tantas vezes vi-me frente à frente com o amor, mesmo que o encontro não acontecesse, porem o meu coração enchia-se de esperança por sentir, dentro do peito, o sentimento de uma complementação, que creio represente a felicidade. É tão bom amar, mesmo à distância, sem mesmo vislumbrar a possibilidade de um dia encontrar a pessoa amada! O simples saber de sua existência e a certeza de que comungamos os mesmos ideais, que os nossos corações batem em uníssono, que nossas almas são, verdadeiramente irmãs!

Mas o fato de você nunca mais voltar a se comunicar, deu-me a certeza que aquele sentimento de adeus era real, e que, de maneira nenhuma, poderia negar-lhe esse direito, porque o nosso encontro era, também, um encontro virtual, embora nossas almas ansiassem por encontrarem-se, por mais que os nossos corações procurassem um ao outro, o nosso amor era daquela maneira que Platão nos ensinou; um amor que prescinde do contato físico e alimenta-se tão só da esperança e do desejo de existir um para o outro. E assim existimos! Nem tenho o desejo de encontrá-la pessoalmente porque você já está residindo bem aqui, junto a

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mim, de onde nunca poderá ser retirada. Mesmo que nunca mais nos liguemos por qualquer tipo de comunicação, ela já foi estabelecida definitivamente, para todo o sempre.

Tenho de dizer, porém, que você me faz muita falta, nos meus momentos de solidão, quando sinto-me encurralado entre paredes de desilusão. Nesses momentos, releio as suas cartas, alimento-me das suas poesias, para não sucumbir à tristeza da sua ausência, agora contínua, sem esperança de ser reativada, pois faz tanto tempo!

Cumpre-se nesse evento o meu triste destino, destino de viver só, porque estaremos sempre só se não for em uma ligação constante com as pessoas a quem amamos.

Mas esse é o seu direito, esse é o seu desejo, e só me resta respeitá-lo e repetir as suas palavras: “os amigos ou são ou não são”. De fato uma verdadeira amizade não morre, poderá passar por transformações e através delas irá crescendo para unir cada vez com mais ardor esses companheiros que se querem e se respeitam, em que pesem todos os obstáculos. Porque, muitas vezes, mesmo sem ser esse o nosso desejo, magoamos as pessoas a quem amamos, ao agirmos de alguma forma que possa transmitir uma mensagem errônea. Se isso ocorreu, peço perdão pela minha falha. Mas como você saberá o que estou falando, se me proponho a respeitar o seu silêncio e essa separação que deixou até de ser virtual! Mas você saberá, através de sua sensibilidade, que existe em alguma parte um coração que a anseia. Alguém, que mesmo separado pela imensidão de oceanos, atingido pelos desencontros de tempo e espaço estará sempre pensando em você.

Aqui fico eu, nesta noite de inverno, procurando, nas lembranças, um lenitivo para a minha vida tão falta de carinho, de alguém que dedique um pouco do seu pensar, do seu agir, para amparar esse coração envelhecido. . .

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Solidão

Abro o computador e contemplo a sua foto e a angústia toma conta de meu coração, porque imagino a minha perda pela sua ausência, por esse vazio que toma conta do espaço exterior e interior!

A solidão nos remete ao passado, procurando momentos em que ela não se apresentou em nossa vida; mas ela sempre esteve presente, causando desconforto, nos fazendo infeliz. Porque a cultivamos se ela nos causa tanto mal? Não podemos nos desviar dessa prisão; é como se estivéssemos condicionados a assim viver. Estamos em uma prisão imaginando que as pessoas que amamos estão do lado de fora. Teremos de cumprir a nossa pena para que possamos emergir da solitária que nos quebra a vontade. Mas como o conseguiremos se estamos condenados à prisão perpétua? Precisamos de alguém que nos auxilia a tentarmos essa fuga perigosa, quem, porém se atreveria a intervir no destino de pessoas a quem são indiferentes?

Só o amor poderia garantir o sucesso dessa fuga dos porões em que o solitário vive. O amor de Cristo nos oferece a paz e mesmo na solidão poderemos sentir a paz, paz da espera, paz da esperança, paz que nos ajuda a caminhar para o fim, onde imaginamos que o nosso ser se verá livre dessa angústia que tem sido a vida.

Mas desejamos ser livres aqui e agora, e podermos contar com alguém que possa dispensar alguns pingos desse amor salvador. Será que encontraremos essa pessoa desprendida que se arriscaria a caminhar sofrendo a mesma angústia do solitário? Mas quando duas pessoas se juntam e estão dispostas a viverem juntas pelo restante de seus dias, já não haverá solidão, porque estarão confortando um ao outro, e poderão caminhar de mãos dadas rumo à realização de suas vidas.

Esse é o conforto que procuramos a presença da pessoa amada nos oferecendo o aconchego que consolidará o amor, a amizade e o companheirismo; é o abraço caloroso, o beijo doce, a troca de carinho que fará transbordar os corações, é o enlace que soldará as almas em um mesmo ser!

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Incerteza

Acho que todos nós passamos por esses contratempos; quando conhecemos alguém, ficamos em dúvida se será, realmente, a pessoa que nos está destinada. Embora o nosso coração nos empurre para que assumamos o compromisso, a razão nos adverte para que não entremos em terreno perigoso. Na realidade não desejamos amar, por saber que, se não der certo iremos sofrer. Na maioria das vezes a solidão também contribui para que caminhemos em frente na ânsia de diminuirmos isso que é tão penoso em nossas vidas. Tentamos contemporizar, vamos saltando os obstáculos, mas chega um momento que percebemos que não dá mais e estamos no final dessa ligação. A separação é sempre dolorida, porque o adeus representa nosso desligamento definitivo, visto que quando não conseguimos alimentar o amor que desejávamos já não nos será possível nem ser amigos. Chegamos ao fim! E começamos a trajetória para vencer, outra vez, a solidão que nos atormenta e isso só será possível se encontrarmos outra pessoa (desta vez que seja a certa!) para compartilhar conosco a vida. Novas pesquisas sobre nossas afinidades! Mas terá de chegar um dia que encontraremos a pessoa certa, a quem amemos e que também nos ame, para construirmos nossas vidas junto!

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Janela para o mundo

Todos os dias eu saio para fazer minha caminhada, e, quando volto e fecho a porta de meu apartamento, penetro na solidão; não fosse a presença de Deus em minha vida e isso seria insuportável, porque o ser humano não foi feito para ficar sozinho, Deus os construiu aos pares para se encontrarem e caminharem juntos! Mas, quando abro esta janela as minhas esperanças renascem porque tenho a oportunidade de me comunicar com muitas pessoas que estão na mesma situação que eu e nos confortamos, nos amamos fazendo com que as nossas cargas fiquem mais leves. E esta porta que Deus nos abriu, através da Internet, talvez seja o recurso que temos para encontrar aquela alma irmã que poderá se juntar a nós para que façamos junto, o restante da caminhada! Desejo-lhe um fim de semana com muita paz, amor e felicidade Eu amo você!

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Busca de um encontro

18/09/2.009 21,37 hs

Eu já escrevi sobre nostalgia, sobre solidão, sobre saudade tanto do passado como a do futuro, aquela que se encontra dentro de nós, aquilo que idealizamos, sabendo que nos traria a felicidade, mas que ficou interiorizada, deixando de nascer. E, quando sentimos esse desconforto, essa ânsia de voltarmos ao passado, ou nos enveredarmos para o futuro, sabendo que não estamos bem. É porque a solidão teima em nos acompanhar, mesmo que pudéssemos ter uma multidão ao nosso lado, o que, na realidade, não acontece. Encontramo-nos solitários, mesmo que o nosso desejo seria poder contar com alguém que preenchesse o nosso vazio existencial.

Parece-nos encontrar em momentos em que nos sentimos perdidos no universo e compusemos aqueles versos, que entre outras coisas dizia: “Às vezes nos parece termos de carregar todo o peso do mundo”.

Já temos procurado desvendar esse mistério da solidão, desse desassossego que toma conta de nosso espírito quando nos sentimos separado das pessoas que nos cercam. Será um sentimento de incapacidade de nos relacionarmos, ou isso acontece por não termos encontrado alguém que se interesse em entrar em nossos pensamentos, fazerem-nos companhia, entrelaçando-se em demonstrações de uma verdadeira parceria, onde as personalidades se diluíssem e passássemos a pertencermos um ao outro, em um perfeito equilíbrio?

Na verdade isso é o que procuramos, um sentimento que nos iguale a alguém, nos colocando em sintonia capaz de nos conduzir irmanados para uma longa caminhada. O que só encontramos são passageiros avulsos que só desejaram viajar parte do caminho. Por isso nos encontramos novamente em uma encruzilhada, tendo de caminhar sozinho!

Os nossos anos tem se acumulado e não sabemos se teremos ainda futuro, ou o nosso tempo está terminando; embora muito termos caminhado são poucos os acontecimentos que poderiam enriquecer a nossa vida. Acabamos de ler um livro que espelha a vida de um homem que deixou, gravado na memória dos filhos, momentos inconfundíveis de realizações, capazes de perpetuar a sua memória para sempre. Olhamos para o nosso

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passado, para o nosso presente, e ainda para o que poderá ocorrer em nosso futuro e não encontramos lastro suficiente para ser lembrado. Talvez porque nos conservamos fechados demais em nosso interior, vivendo imaginativamente tudo aquilo que deveria ser desfrutado com outras pessoas; assim não nos ligamos convenientemente às pessoas que passaram pela nossa vida. Mas como poderíamos ter vivido de outra maneira se o nosso temperamento, a nossa riqueza encontrava-se mais em nosso interior? Talvez ainda possa alcançar essa comunicação através de coisas que escrevi, quando tentei exteriorizar o que se passava em meu interior, derramando o meu ser que almejava um encontro com os que me rodeavam. Essa é a minha esperança! Estou encerrando minha caminhada, em breve serei apenas uma lembrança entre as pessoas que me conheceram. Conheceram? Talvez não! Mas que poderão conhecer, ainda, desvendando o que procurei ser, os meus anseios de alcançar as pessoas a quem amava sem a capacidade necessária para externar os meus sentimentos.

Triste destino dos que não conseguem a comunicação com os seus semelhantes! Temos a certeza que não estamos sós nesse labirinto que transporta as pessoas para o sentimento de infelicidade; muitos companheiros sofrem comigo, sem a perspectiva de transformarem os seus destinos; a esses companheiros de jornada endereçamos esta reflexão, porque nesse infortúnio não estão solitários, porque somos solidários!

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Um dia Especial

Quando ouço a música “Arrependimento” me vem à mente tantas coisas que fizeram parte de minha vida e sempre acreditamos que nos arrependemos de coisas que realizamos ou de outras que deixamos de realizar. É a saudade que preenche o nosso coração na procura de momentos preciosos de nossa vida, momentos de alegria ou não, mas que ficaram marcados em nossa alma. São companheiros que se foram; outros que perdemos o contato, mas que permaneceram em nossa lembrança. A nossa jornada já é bastante longa, até quando ainda nos será oferecida a oportunidade de estarmos presente na vida das pessoas? Sim, porque os que partem, ainda que não sejam esquecidos já não interagem conosco, embora as lembranças das coisas que vivemos ficam em nossa mente gravadas para volvermos a elas quando a saudade nos bater à porta. Quantas coisas preciosas vivemos, quantas pessoas fizeram parte desses momentos marcantes!

Hoje nos encontramos sozinho, passando um dia especial, de uma maneira especial, lembrando-nos de pessoas e momentos; e percebemos que a nossa solidão se vai porque nossa vida está povoada de pessoas que nunca deixaremos de amar, porque o amor não se acaba, embora as pessoas partam de nossas vidas, ele apenas fica aprisionado dentro de nós à disposição para novos relacionamentos visto que a nossa vida é rica e não se acaba apenas porque as pessoas partiram. Mesmo que não tenhamos a presença física de tantas pessoas que gostaríamos de dar um abraço hoje a nossa vida acha-se repleta, porque a nossa alma parte para lugares distantes para esse reencontro com o passado; e como gostaríamos que esse passado se transformasse em presente para vivermos as mesmas emoções que já vivemos outrora, para que satisfaça, também, a saudade do futuro, de tudo aquilo que esperamos receber das pessoas a quem

As pessoas não têm mais tempo de se emocionarem, de se ligarem, umas às outras construindo sentimentos de amor, de paz, de companheirismo! As pessoas hoje se encontram de enriquecer monetariamente, já não desejam enriquecer os seus intelectos, as suas almas, para que vivam em plenitude; o sentimento, o amor que fortalece e que provoca emoções fortes que ficam marcadas em nossas vidas, já são considerados supérfluos.

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Por isso é que nós, que vivemos tantas emoções, nesta última jornada que empreendemos, nos encontramos solitários; solitários embora ligados a uma infinidade de pessoas através da virtualidade. Queremos um abraço hoje, mas não um abraço virtual que nos vem sem o sentimento da presença; desejamos sentir o contato, o calor humano de pessoas que nos amam.

06 de novembro de 2.012, 15,00 horas, hoje fazem 84 anos que eu nasci e naquele dia contava pelo menos com a presença de minha mãe, neste momento me encontro só, apenas com a nossa cadelinha Melinda que neste momento é tão solitária quanto eu.