rio cooperativo n° 9
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Revista voltada para o publico cooperativistaTRANSCRIPT
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2ª CAPAUnicred Rio
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Rio Cooperativo é uma publicação daMontenegro Comunicação & Eventos.Contatos e Publicidade: (21) 2215-9463 - 2533-6009E-mail: [email protected]: www.montenegrocc.com.br
Editor executivo e jornalista responsável:Cláudio Montenegro (MTb 19.027)Redator-chefe: Leonardo Poyart (MTb 24.393)Produção visual: Graci AntunesSecretaria administrativa: Marcia Fraga e Débora AraújoColaboraram nesta edição: Abdul Nasser, Adriana Amaral, Débora Araújo, Myrian Lund, Paulo Roberto Rezende, Ronaldo Gaudio e Solange Barbalho.Fotos: Leonardo Poyart, Graci Antunes, Arquivos OCB e OCB/RJ.
Conselho Editorial: Jorge Meneses (Sindcoopcred), Rodolfo Tavares (Faerj-Senar-Rio) e Wagner Guerra (OCB/RJ-Sescoop/RJ)
Distribuição: Lideranças cooperativistas, dirigentes, gerentes, co-operados e funcionários de cooperativas de todos os segmentos (agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacio-nal, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte e turismo), empresários, administradores e gestores, assessores ju-rídicos, auditores, contadores, profissionais de recursos humanos, associações, sindicatos, federações e entidades de classe de forma geral, orgãos e instituições governamentais, universidades, clínicas e hospitais, fornecedores de produtos e serviços para cooperativas e demais formadores de opinião.
Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus auto-res, não correspondendo necessariamente à opinião dos editores.
Capa desta edição: Ilha Fiscal/Acervo Sxc
Edição nº 9 - Maio de 2009
Sumário
OpiniãoCooperativas de crédito sãobeneficiadas com a crise
SeminárioEvento demonstra a força femininano cooperativismo
Cooperativismo em númerosSetor cresce em 2008
Consórcio de cooperativasUma solução viável parao transporte complementar
Seções
Circulando
Causa e efeito
Data Vênia
DCP
Editorial
EntrevistaCarlos de La Rocque, presidenteda Jucerja
ICMS zeroGoverno incentiva produtores de leite
CréditoLula sanciona regulamentação dascooperativas de crédito
OpiniãoO perigo de opinar sem vivência
CapaNova gestão da OCB/RJ completaprimeiro ano de mandato
SeminárioEspecialistas apontam caminhos paraas cooperativas em plena crise mundial
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Editorial
Cláudio MontenegroEditor Executivo
Há algumas semanas, participei de uma palestra mi-
nistrada pelo técnico da seleção masculina de vôlei,
o nosso campeão olímpico Bernardinho. Suas palestras
sempre mesclam seu sucesso dentro das quadras com
o dia a dia nas empresas. E, em sua apresentação, uma
frase em especial chamou-me a atenção: “A vontade de se
preparar bem deve ser maior que a vontade de vencer.”
E que analogia podemos fazer com o universo coope-
rativo? Acredito que todas.
Primeiramente, em âmbito institucional, com relação
ao pensamento acima, é perceptível o trabalho que os
novos gestores do Sistema OCB/RJ-Sescoop/RJ vêm re-
alizando à frente da Casa do Cooperativismo Fluminense,
não medindo esforços para resgatar a importância do
estado do Rio de Janeiro no cenário nacional.
A vontade de capacitar as cooperativas para os no-
vos tempos, em que um mercado de trabalho cada vez
mais competitivo e excludente vem se apresentando e em
meio a uma crise econômica mundial que vem derrubando
instituições tradicionais de seus pedestais, é quase uma
obsessão dos dirigentes, que têm real compreensão do
papel que lhes foi outorgado há pouco mais de um ano.
Independente dos resultados já alcançados, devemos lou-
var as iniciativas e a pré-disposição da instituição que legiti-
mamente representa o cooperativismo fluminense, buscando
de forma incansável o melhor para seu quadro de cooperati-
vas filiadas e honrando o slogan “Uma OCB para Todos”.
Outro ensinamento de Bernardinho nos faz refletir:
“A missão do líder e sua contribuição de buscar o má-
ximo de cada um muitas vezes contrariam interesses,
mas ele deve seguir suas convicções sem buscar popu-
laridade, e sim o melhor para sua equipe.”
E assim tem sido nesta nova fase do cooperativismo
no estado do Rio de Janeiro. Muitas vezes interesses
contrários ao progresso do movimento no estado têm
sido contrariados, e as críticas - por vezes infundadas e
oportunistas - surgem de forma a dificultar a caminhada,
por si só árdua, em direção ao êxito, ao reconhecimento
e ao respeito que o cooperativismo do Rio merece.
Uma das principais ferramentas que o treinador campeão
valoriza para suas conquistas nas quadras é o planejamento.
Para ele, “o planejamento deve visar a metas factíveis. Am-
biciosas, mas realizáveis. Se não for assim, as frustrações
virão inevitavelmente.” E complementa: “Meta: onde quere-
mos chegar? Planejamento: como vamos chegar?”
Bernardinho lembra ainda que “o planejamento é a
ponte que liga nossos sonhos às nossas conquistas”.
Sem dúvida, não há como alcançar o sucesso sem pla-
nejarmos e nos prepararmos apropriadamente para as
etapas com que nos depararemos adiante. E, nesse pro-
cesso, a equipe de colaboradores torna-se peça funda-
mental para qualquer conquista, cabendo aos verdadeiros
líderes dar a essa equipe as condições necessárias para
seguir na frente de batalha. (“A confiança é a base de
qualquer relação. E é sobre esse pilar que devemos cons-
truir o relacionamento com nossos colaboradores.”)
Para nosso campeão, “a disposição de uma equipe e o
entendimento e a colaboração entre os jogadores na quadra
podem ser mais decisivos que o brilho individual”. No que ele
complementa: “Não importa o tamanho do seu talento se
você é incapaz de fazer parte de um grupo de uma comuni-
dade, e se dá mais importância ao ‘eu’ do que ao ‘nós’.”
Muitos são os ensinamentos que podemos extrair da ex-
periência pessoal de Bernardinho, sendo perfeitamente apli-
cáveis ao nosso dia a dia.
Para encerrar, fica aqui mais um deles para refletirmos
com atenção: “O bom profissional é aquele que nunca acha
que o que conquistou é o bastante, que sempre quer algo
mais, que está disposto a sacrifícios individuais em nome de
um objetivo coletivo. E o bom líder é aquele que consegue in-
cutir esse questionamento em seus colaboradores.”
Boa leitura e saudações cooperativistas!
Ensinamentos de Bernardinho para o cooperativismo
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JogoRápido
Grande parte da população inglesa
tem algum interesse no cooperativismo e
vem ganhando especial interesse de pes-
quisadores nos últimos 10 anos. Esta é
a opinião de Paul Sommerfeld, membro da
TB Alert, uma organização não-governa-
mental internacional que trabalha para o
controle e a erradicação da tuberculose.
Sommerfeld esteve no Rio para
uma convenção de saúde e participou
do evento em comemoração ao Dia In-
ternacional da Mulher, em março, orga-
nizado pelo Sescoop/RJ.
Ao chegar aqui, teve a surpresa de
ver o grande interesse da população pelo
setor, principalmente por pessoas de bai-
xa renda. Na Inglaterra, a situação é dife-
rente. ”O cooperativismo está chegand o
em áreas nunca antes imaginadas, como
cuidados em saúde, com crianças e até
em times de futebol”, afirma o inglês.
Segundo ele, o cooperativismo de
consumo é o grande destaque naquele
Cooperativismo para inglês verpaís. “É o ramo que mais cresce, atin-
gindo os melhores resultados e ganhan-
do força com o passar dos anos”, diz.
Assim como no Brasil, diz Sommerfeld,
existem membros que focam o cooperati-
vismo no parlamento inglês, o que, segundo
ele, é bom para o setor. “Até a oposição faz
discursos de que gostaria de ver um movi-
mento cooperativista conservacionista.”
Sommerfeld faz parte de uma coope-
rativa de consumo e também é candida-
to para ocupar uma vaga no equivalente
ao Sescoop local.
Para ele, o cooperativismo é um negócio
como outro qualquer, mas possui diferenças
em sua essência. “Você faz alguma coisa ou
provê algo para alguém comprar. Mas o negó-
cio, no modelo cooperativo, é diferente, pois
existe o engajamento dos funcionários – que
também são os donos da cooperativa – em
atingir lucros melhores. Quanto mais de-
mocrática é a organização, melhor é a dis-
tribuição de lucros para todos”, afirma.
Sommerfeld destaca que, na Ingla-
terra, há uma boa estrutura de escolas
para ensinar aos jovens as raízes do coo-
perativismo, a fim de desenvolver peque-
nos empreendedores”, diz Sommerfeld.
O inglês conclui lembrando que o co-
operativismo não vai resolver todos os
problemas econômicos mundiais, mas
irá encorajar novas atividades, especial-
mente para pessoas de baixa renda, seja
plantando, produzindo ou vendendo.
Paul Sommerfield
Cooperativismo fluminense é homenageado pelo Sistema Senar-Rio e Faerj
O cooperativismo do estado do Rio de Janeiro foi
homenageado com o prêmio “Parceiros em Destaque”,
oferecido pelo Senar-RJ, em comemoração aos 15 anos
da instituição, e pela Federação de Agricultura do Esta-
do do Rio de Ja-
neiro (Faerj).
O prêmio foi
concedido a par-
ceiros da enti-
dade, além de
premiar alguns
projetos apre-
sentados no biê-
nio 2006-2007,
em categorias
diversas.
O presidente do Sistema OCB-RJ-Sescoop/RJ, Wag-
ner Guerra, recebeu o prêmio “Parceiros em Destaque”,
do Senar-Rio, como uma homenagem à parceria entre
as instituições e pelos projetos apresentados. Guerra
recebeu a homenagem das mãos do presidente da Faerj
e Senar-Rio, Rodolfo Tavares.
“O sinônimo de cooperação é trabalhar em comum.
Desta forma, homenageamos o amigo Wagner Guerra
e todo o cooperativismo do Estado do Rio de Janeiro”,
afirmou Tavares.
O texto da homenagem dizia: “Nada melhor para re-
novar um caminho muitas vezes percorrido que o en-
tusiasmo e a esperança de uma nova parceria. Novas
parcerias, novos projetos.”
A homenagem foi realizada em abril, no Ferradura Re-
sort, em Búzios (RJ).
Circulando
Guerra e Tavares: parceria
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O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em
abril a destinação de R$ 10 bilhões que o Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
repassará para financiamento de capital de giro para
agroindústrias, indústrias de máquinas e cooperativas
agropecuárias.
Segundo decisão do CMN, as taxas de juros serão
de 11,25% ao ano. O prazo para contratação desta li-
nha vai até 31 de dezembro de 2009, com prazo de re-
embolso de 24 meses.
Crédito de R$ 10 bilhões paraagroindústrias e cooperativas
Delegação chinesa em visita à OCB/RJ
O Sistema OCB/RJ-Sescoop/RJ recebeu, em abril, a vi-
sita de uma delegação chinesa, que veio conhecer in loco o
sistema cooperativista brasileiro.
O chefe da comitiva, Li Chengyu, veio acompanhado
por membros da Federação Nacional das Cooperativas
de Abastecimento e Comercialização da China (ACFS-
MC), por presidentes e diretores de cooperativas de
províncias chinesas. Li Chengyu é presidente da ACFS-
MC, foi governador da província de Henan e tem status
de ministro de estado chinês.
Os membros da comitiva foram recebidos pelo secre-
tário de finanças da OCB/RJ, Gilberto de Araújo Motta,
pela superintendente do Sescoop/RJ, Maria de Fatima
Moraes Rodrigues, e pelos técnicos da casa.
Segundo o dirigente chinês, a relação entre Brasil e
China é importante para expandir as atividades das coope-
rativas, e o modelo econômico atual pode viver em conjun-
to com o sistema cooperativista. “Uma das ideologias do
cooperativismo, que é a distribuição de sobras para todos
os cooperados, começa a ser usada em algumas empresas
internacionais”, disse Li.
Unimed LF promoveatualização científica
A Unimed Leste Fluminense, através de seu Núcleo
de Desenvolvimento Humano (NDH), e a Associação
Médica Fluminense (AMF) promovem, semanalmente, o
encontro “Manhãs de Sábado”. O evento consiste na
atualização científica, com foco em medicina baseada
em evidências e disseminação de conhecimento entre os
médicos cooperados.
Especialistas proferem palestras e promovem deba-
te sobre um tema específico em cada encontro. Os en-
contros baseiam-se nos quatro pilares do NDH – coope-
rativismo, conhecimento, troca e ação – e acontecem no
auditório da AMF, localizada na avenida Roberto Silveira,
123, Icaraí, Niterói (RJ) a partir das 8h30.
A delegação chinesa foi recebida pela superintendente Maria deFatima Rodrigues e pelo secretário de finanças Gilberto Motta
Circulando
Os encontros acontecem no auditório da AMF
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Curtas
Carlos Alberto Pi-
corelli é o novo presi-
dente da Cooperativa
Agropecuária de Rio
Bonito (CoopRB), ten-
do assumido o cargo
na AGO da entidade
em abril deste ano. Picorelli também o repre-
sentante estadual do ramo Agropecuário.
O BNDES intensificou seu apoio para 11
cooperativas de catadores de materiais re-
cicláveis em 2009 com R$ 7,4 milhões. Os
recursos são provenientes do Fundo Social e
destinados à inclusão social dos trabalhadores
da cadeia produtiva da reciclagem no Brasil.
Abertas as inscrições para o Prêmio Cooperativa do Ano 2009
Estão abertas, até 30 de junho, as inscrições para a edição 2009
do Prêmio Cooperativa do Ano. Esta premiação, uma iniciativa do Sis-
tema OCB, é considerada pelo setor a mais importante do Sistema
Cooperativista Brasileiro. Nesta edição a premiação foi ampliada com
dois novos ramos: Trabalho e Educacional.
O Prêmio Cooperativa do Ano é uma oportunidade para as cooperati-
vas dos ramos Agropecuário, Consumo, Crédito, Educacional, Infraestru-
tura, Saúde, Trabalho e Transporte mostrarem seus projetos inovadores
e serem reconhecidas no mercado. Formulário de inscrição e regulamento
estão disponíveis no portal www.brasilcooperativo.coop.br.
STF julga liminar e conclui pela constitucionalidade do Sescoop
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o pedido cautelar na Ação
Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 1.924, que apontava como in-
constitucional a MP 1.715/1998, que criou o Serviço Nacional de Apren-
dizagem do Cooperativismo (Sescoop). O presidente do Sescoop, Márcio
Lopes de Freitas, comemorou o resultado do julgamento, proclamado
em seis votos favoráveis ao indeferimento da liminar frente a cinco ou-
tros que concluíram pelo deferimento parcial (4) e total (1).
O voto de desempate, que resultou no indeferimento da liminar, foi do
ministro Celso de Mello. Por meio desse voto, restou indeferida a medida
liminar que culmina com o reconhecimento preliminar da legalidade da MP
1.715. Esse resultado dá mais segurança jurídico-institucional à entidade
considerada o braço educacional do Sistema Cooperativista Brasileiro. Ago-
ra, o STF vai proceder à análise do mérito da Adin.
“Este foi um dia histórico para o cooperativismo brasileiro”, desta-
cou o presidente da instituição. Foram dez anos desde que a Adin foi im-
petrada junto ao STF, que terminou o julgamento favorável ao Sescoop. A
Adin do Sescoop começou no dia 2 de dezembro de 1998, mesmo ano de
constituição da entidade do Sistema S focada no cooperativismo.
Segundo Freitas, a decisão do STF foi um passo importante, uma vez
que hoje as cooperativas detêm uma entidade do Sistema S especifica-
mente voltada para atendê-las. “Antes do Sescoop, não havia programas
próprios para o setor, que hoje dispõe de capacitação e formação profis-
sional, monitoramento e desenvolvimento das cooperativas e promoção
social dos cooperados, familiares e trabalhadores”, enfatizou.
O cooperativismo mundial está de luto.
Morreu na manhã de 6 de maio o presiden-
te da Aliança Cooperativa Internacional (ACI),
Ivano Barberini. Barberini completaria 70
anos em 18 de maio e morreu em sua casa,
em Módena, Itália.
Formado em economia, dedicou toda sua
vida ao cooperativismo a partir de uma coo-
perativa de consumo, em Módena, nos anos
60. Participou do processo que unificou 3,3
mil cooperativas e fechou 7 mil negócios. Bar-
berini substituiu Roberto Rodrigues na presi-
dência da ACI, em 2001.
Retornando da Colômbia, nesse ano, visi-
tou cooperativas de São Paulo, Santa Catari-
na, Rio Grande do Sul e Paraná, e acreditava
que o Brasil era uma grande oportunidade
para o cooperativismo.
As exportações das cooperativas brasi-
leiras tiveram melhor desempenho no primei-
ro trimestre de 2009, comparando-se aos
totais exportados pelo Brasil em 2008. O
montante chegou a US$ 668,4 milhões este
ano, contra US$ 761,7 milhões em 2008.
Segundo a Gerência de Mercados da OCB,
responsável pelo estudo, os reflexos da
crise internacional foram observados pelo
setor, com queda de 12,25% nos valores
exportados, em relação ao mesmo período
de 2008, porém com menor retração que os
resultados das vendas externas do país, que
tiveram diminuição de 19,52%.
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Jucerja e cooperativismo de mãos dadas
Um convênio inédito no Estado foi assinado entre a
OCB/RJ e a Junta Comercial do Estado do Rio de
Janeiro (Jucerja). Pelo acordo, a OCB/RJ passa a atuar
como um posto avançado da Jucerja - para as coopera-
tivas que forem se registrar na Junta ou que quiserem
informações sobre processos antigos -, sendo o primeiro
de uma instituição de classe no estado.
O presidente da Jucerja, Carlos de La Rocque, em
entrevista à Rio Cooperativo, frisou que sua meta na
Junta é acabar, ou reduzir ao máximo, com o papel, digi-
talizando todos os processos da casa. Além disso, unir
e se aproximar de entidades, por meio de acordos que
melhorem o atendimento para todos os interessados.
Na sede da OCB/RJ, no centro do Rio, será possível pro-
tocolar processos de constituição de cooperativas, altera-
ções de estatuto e pedidos de certidões de documentos já
arquivados. O serviço não terá custo para as cooperativas,
sendo repassados apenas os custos relativos à Jucerja.
A OCB/RJ analisará toda a documentação e verificará
se está tudo em ordem. Em caso positivo, o pedido será
protocolado e encaminhado para homologação na Junta
Comercial. O pedido entrará no sistema na manhã do dia
seguinte, e o retorno de cada caso será de acordo com
os prazos legais, que variam entre três dias (para pro-
cessos) e cinco dias úteis (para certidões).
Carlos De La Rocque formou-se em Contabilidade nos
anos 70 e está na direção da Jucerja desde janeiro de
2007. Foi presidente do Conselho Regional de Contabilida-
de por quatro anos (hoje ocupa a vice-presidência) e possui
um escritório de contabilidade e uma consultoria fiscal.
Rio Cooperativo - Como o senhor vê a parceria entre Ju-
cerja e OCB/RJ e que benefícios ela deverá trazer para
as entidades envolvidas?
Essa parceria traz benefícios para as cooperativas, para a
OCB/RJ e para a Junta, ou seja, todos os envolvidos ganham.
A OCB/RJ está se tornando um posto avançado da Jucerja,
no qual irá receber os processos e nos encaminhar após um
saneamento e verificação de toda a documentação, para en-
tão ser analisada por nós. Esse convênio foi desenvolvido para
agilizar o processo e reduzir o número de exigências.
Entrevista
9
RC - Como foi a orientação para os técnicos da OCB/RJ?
Os técnicos da OCB/RJ foram treinados na Jucerja para
realizarem um exame preliminar dos documentos. Três
técnicos receberam as instruções da Junta a respeito do
que precisa constar nos processos. Eles terão a capacida-
de de, no posto avançado na OCB/RJ, sanear as dúvidas e
agilizar o processo, beneficiando as cooperativas.
RC - Como o senhor avalia a nomeação de vogais pelo governa-
dor Sérgio Cabral, representan-
do a OCB/RJ dentro da Junta?
Ela vem ao encontro da im-
portância que estamos dando
às cooperativas e por ser um
valioso segmento da economia
estadual e nacional. Com cer-
teza este é um setor muito
importante da sociedade e que
está em amplo crescimento.
RC - Qual é o panorama atual
das cooperativas dentro da
Junta Comercial? Há núme-
ros consolidados do setor?
Os números são divulgados
mensalmente no site da Junta
(www.jucerja.rj.gov.br). Até feve-
reiro, 21 novos registros foram
solicitados. Em 2008, o total
chegou a 104. Já em relação à
extinção de cooperativas, foram dois este ano e 20 em 2008.
Pedidos de alteração foram 69, em 2009, e 862 em 2008.
Foram realizados, em 2009, dois pedidos de abertura de fi-
liais; em 2008, 20 pedidos, além da extinção de seis filiais.
RC - Quais são as principais exigências encontradas nos
processos das empresas?
O número de exigências nos processos é muito grande:
67%. E para reduzir essa quantidade, a saída está em au-
mentar o número de postos avançados, ministrar aulas jun-
to aos conselhos, principalmente de contabilidade, por ser
esse o foco dos profissionais envolvidos. Um levantamento
feito em 2008 demonstrou que, dos cerca de 50 mil atos de
registros em exigência na Jucerja, 477 foram devidos à fal-
ta de assinatura dos sócios e 173 na correção do valor do
capital autorizado, entre outros. Os números demonstram
o desconhecimento das normas de registro por uma parcela
expressiva do empresariado e dos profissionais envolvidos
na elaboração e apresentação dos atos. Esperamos mini-
mizar ao máximo a quantidade de exigências, mas, para que
isso ocorra, é necessário um empenho conjunto de todos.
RC - Que orientação o senhor dá para que as empresas
encaminhem seus registros de forma mais adequada?
Estamos com ações internas para que todos os envolvidos
nos processos administrativos tenham mais cuidado e aten-
ção no trabalho. É preciso uma
revisão detalhada do profissio-
nal habilitado, antes de proto-
colar os atos na Jucerja, a fim
de reduzir os retrabalhos.
RC - Quais são as outras
ações da Jucerja para se
aproximar da população?
Inauguramos delegacias para
facilitar e agilizar o atendimen-
to nos municípios de Três Rios,
Petrópolis e Nova Iguaçu, dis-
pondo dos mesmos serviços
realizados pela Jucerja. Me-
lhoramos nosso site, facilitan-
do a leitura e o acesso. Nossa
meta é acabar, ou reduzir ao
máximo, com a papelada. Que-
remos agilizar e informatizar a
Junta. Acredito que as coisas
precisam andar mais rápidas, assim como acontece no setor
privado. Existe uma burocracia inerente à área pública e pre-
cisamos agilizar os processos em benefício da população.
RC - Há reclamações quanto aos custos dos procedimentos?
Sempre existem, mas não aumentamos os custos dos
processos há mais de cinco anos. O que arrecadamos é
revertido para a própria população, com a informatização e
melhoria no atendimento.
RC - Em relação à renovação dos técnicos e funcionários
da Jucerja, o que está sendo realizado?
Estamos trazendo gente nova para a casa. Existiam
poucos julgadores e estamos chamando aos poucos aqueles
que passaram no concurso público. Isso é fundamental para
renovar e melhorar o atendimento, trazendo sangue novo
para o mercado, além da agilidade inerente dos jovens.
“Esta parceria, inédita no estado, traz
benefícios para as cooperativas, para
a OCB/RJ e para a Jucerja, ou seja,
todos os envolvidos ganham.”
Carlos de La Rocque, presidente da Jucerja
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Com a redução do ICMS, setor prevê aumento da produção e de empregos
ICMS zero trará novos investimentos e multiplicará mão-de-obra no estado, dizem especialistas
da Agricultura, Pecuária e Pesca do
Estado do Rio de Janeiro (Faerj), Ro-
dolfo Tavares, a legislação atende aos
anseios do segmento para propor-
cionar competitividade, em relação
aos produtos de outros estados.
“Tínhamos uma grande perda de
negócios, provocada por uma legisla-
ção ultrapassada, em comparação a
outros estados que fornecem para o
Rio. Essa mudança nos permite vislum-
brar uma nova página na história da pe-
cuária de leite no estado. As coopera-
tivas vão poder investir na melhoria de
suas estruturas, além de atrair novas
indústrias lácteas”, pontuou Tavares.
Segundo o secretário estadual de
Apecuária de leite fluminense ga-
nha novo fôlego com a redução de
alíquotas e benefícios concedidos pelo
Governo do Estado do Rio de Janeiro.
As alíquotas foram reduzidas de
19%, no caso dos produtos lácteos
em geral, e 7%, no caso do leite fluido,
para zero. Além disso, parte do ICMS
devido pelas cooperativas poderá ser
transformada em investimento.
Os decretos Leis 41.765/09 e
41.766/09, assinados no final de
março pelo governador Sérgio Cabral,
favorecem a produção interna do es-
tado, uma medida que vai dar fôlego
ao setor e gerar novos empregos.
Para o presidente da Federação
Agricultura, Christino Áureo, o gover-
no está abrindo mão do imposto para
que as indústrias e cooperativas pos-
sam investir em sua produção, mo-
dernizar seus parques industriais e
contratar mais. “Elas terão mais di-
nheiro para comprar caminhões, equi-
pamentos de ordenha e o que mais
representar melhoria tecnológica no
campo. Vamos promover a retomada
desse segmento, em um momento
em que a crise mundial ameaça seto-
res mais frágeis”, afirmou.
Produção em dobro
O Rio de Janeiro consome anual-
mente, 2,3 bilhões de litros de leite e
Governo estadualincentiva produtoresde leite
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tem cerca de 70% do seu abas-
tecimento proveniente de outros
estados. Porém, a produção do
Rio é de 500 milhões de litros/
ano. O mercado lácteo movimenta
R$ 3,5 bilhões por ano em todo
o estado, gerando emprego para
cerca de 100 mil pessoas, entre
22 mil produtores e demais envol-
vidos na produção, industrializa-
ção e distribuição dos produtos.
O subsecretário de Agricul-
tura, Alberto Mofati, lembra que
toda a indústria láctea no Rio de
Janeiro teve o ICMS zerado para
venda de produtos dentro no es-
tado. “Mantém-se, no entanto, a
possibilidade de gerar crédito para
quem compra. Quando uma coope-
rativa industrializa o leite e entrega
no varejo local, oferta crédito para
o comprador e, por isso, o super-
mercado tem interesse em com-
prar nela”, afirma Mofati.
A previsão é de que, em qua-
tro anos, a produção atual de 500
milhões de litros/ano dobre. ”Par-
cerias já estão sendo construídas
e negócios acontecendo. A Se-
cretaria recebeu pelo menos 15
consultas nas últimas semanas
de empresas de porte para in-
gressarem no estado. Mas, como
existem muitos pontos de vendas,
as redes de distribuição menores
continuarão a receber os produ-
tos de cooperativas e pequenos
produtores”, ressalta Mofati.
A secretaria estadual de Agri-
cultura vai ampliar, via Banco do
Brasil, o acesso ao crédito rural,
por meio do programa Rio Leite.
O investimento deverá ser 23%
maior no primeiro semestre de
2009, em comparação ao mes-
mo período do ano passado.
O Programa de Gerenciamento de Pro-
priedades Leiteiras, desenvolvido desde mar-
ço de 2004 em pequenas propriedades rurais
do Estado do Rio de Janeiro, está em um novo
patamar e processo de desenvolvimento.
O objetivo é confirmar a viabilidade econômi-
ca da atividade leiteira com focos estratégicos
em transferência de tecnologia, gerenciamen-
to e gestão, capacitação de técnicos e produ-
tores com sistemas de produção, planilha de
custos, criação de um modelo de produção e
implementação do cooperativismo.
Segundo o assessor técnico do Senar-RJ e
coordenador do programa de Propriedades Lei-
teiras, Maurício Salles, o projeto Balde Cheio,
da Embrapa, está presente em 12 estados da
federação e a intenção é de que 100 proprieda-
des participem do projeto até o final de 2009.
“Vale lembrar que o treinamento dos técnicos é
feito nas propriedades leiteiras, atuando na prá-
tica diária, o que melhora o processo”, frisou.
O Programa de Gerenciamento de Pro-
priedades Leiteiras é uma parceira entre
Faerj, Sebrae, Senar-Rio, Embrapa Pecuária
Sudeste, Sociedade Nacional de Agricultura e
Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de
Janeiro e, a partir deste ano, também passou
a contar com a OCB/RJ e o Sescoop/RJ.
Atuação técnica
Cada técnico atende a uma média de 10
propriedades, sendo uma como Unidade De-
monstrativa e as demais como Unidades As-
sistidas. Cada produtor segue um planejamen-
to elaborado pelo técnico do programa, sendo
estabelecido um prazo de cumprimento para
cada meta estipulada, de acordo com a reali-
dade financeira de cada produtor.
O conteúdo do Programa tem como base
o Sistema de Produção de Leite a Pasto e o
uso de controles gerenciais para a tomada
de decisões por parte do produtor.
São realizados procedimentos como:
exames de tuberculose e brucelose, esco-
lha da área a ser trabalhada, levantamento
topográfico, análise de solo, controles zoo-
técnicos, financeiros, climáticos e animal,
implantação do manejo intensivo de pasta-
gem irrigada, uso da cana-de-açúcar duran-
te o período seco, balanceamento da dieta,
quadro dinâmico de controle reprodutivo,
inseminação artificial, entre outros.
Também são utilizados materiais didáti-
cos como o guia prático de produção de lei-
te, manuais de dieta econômica, de manejo
do rebanho, de gestão e qualidade, além de
apresentação de filmes sobre suplementa-
ção volumosa de cana-de-açúcar com uréia
para o período seco e sobre o sistema in-
tensivo de leite a pasto.
A partir de maio, o pesquisador da Em-
brapa Pecuária Sudeste, Artur Chinelato, e
sua equipe farão uma avaliação dos traba-
lhos dos técnicos nas propriedades aten-
didas pelo Programa nas Regiões Norte e
Noroeste do Estado do Rio.
Gerenciamento de Propriedades Leiteiras
Através do Programa, as propriedades recebem acompanhamento técnico
12
Agora é lei!
As cooperativas de crédito ganha-
ram mais espaço para ampliar
suas ações junto aos cooperados.
Receberam, no conjunto de novas me-
didas, benefícios e aberturas em prol
do setor. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sancionou, no dia 17 de abril,
a Lei Complementar 130/09. As coo-
perativas de crédito passam a contar,
a partir de agora, com uma legislação
específica que estabelece normas pa-
ra o seu funcionamento, regulamen-
tando, assim, o Sistema Nacional de
Crédito Cooperativo (SNCC).
O texto tem por objetivo garantir
a segurança jurídica necessária ao de-
senvolvimento do setor e, assim, faci-
litar o acesso ao crédito a pequenos
produtores rurais, comerciantes e in-
dustriais e à população de baixa renda.
Aprovada pelo Senado no dia 24
de março, a regulamentação deter-
mina que o sistema será integrado
por cooperativas singulares de cré-
dito, cooperativas centrais de cré-
dito, confederações de cooperativas
de crédito e bancos cooperativos.
As singulares, que só poderão reali-
zar operações de crédito com associa-
dos, deverão estimular a formação de
Presidente Lula sanciona a regulamentação das cooperativas de crédito
poupança, além de oferecer assistência
financeira aos associados e prestar ser-
viços em favor da vocação societária.
Os recursos de caixa poderão ser apli-
cados em títulos e valores mobiliários
e em outras opções de investimentos
oferecidas pelo mercado de capitais.
As cooperativas centrais poderão
ter abrangência nacional e organizarão
os serviços econômicos e assistenciais
de interesse das cooperativas afiliadas.
Já os bancos cooperativos têm como
objetivo proporcionar o acesso das co-
operativas de crédito ao mercado.
Conquista conjunta
Essa conquista é fruto de trabalho
em conjunto do Conselho Especializado
do Ramo Crédito (Ceco/OCB), confede-
rações, centrais, parlamentares, fede-
rações e instituições ligadas ao setor.
O presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio
Lopes de Freitas, disse que a impor-
tância de uma regulamentação especí-
fica do sistema de crédito cooperativo
é garantir a segurança jurídica neces-
sária ao desenvolvimento do setor.
“Com a nova regulamentação, as
cooperativas de crédito continuarão
a ser regidas pela lei cooperativista
5.764/71, e pela regulação especí-
fica do Sistema Financeiro Nacional
(SFN), desde que sejam respeitadas
as disposições da lei complemen-
tar”, afirmou o dirigente.
A representante nacional do ramo
Crédito e coordenadora do Ceco, De-
nise Damian, avaliou algumas con-
quistas recentes do setor. “Flexibili-
zação do Plano de Segurança para as
cooperativas de crédito, liberação de
mais R$ 300 milhões para o Procap-
cred, alteração do limite para decla-
ração de quotas no Imposto de Renda
(de R$ 1.000,00 para R$ 5.000,00),
entre outras”, disse Denise.
A coordenadora do Ceco também
destaca outras conquistas impor-
tantes para o ramo: os 2,5% em
recursos que passaram a ser reco-
lhidos pelas cooperativas de crédi-
to sobre a folha de pagamento dos
seus empregados para serem apli-
cados por meio do Serviço Nacional
de Aprendizagem do Cooperativismo
(Sescoop) e o plano de segurança
dessas sociedades.
Para que a regulamentação saísse
do papel, mais de duas décadas se pas-
saram (o SNCC está previsto no artigo
Senador Odacir Zonta (ao microfone): “A classe política precisa apoiar o cooperativismo”
13
192 da Constituição Federal de 1988).
De acordo com o presidente do Sin-
dicato das Cooperativas de Crédito do
Estado do Rio de Janeiro, Jorge Me-
neses, as mudanças serão benéficas
para todos, cooperativas e cooperados:
“Estávamos de mãos atadas. Agora,
alguns projetos que estavam engaveta-
dos poderão ser desenvolvidos”, disse.
O gerente da Federação Nacional das
Cooperativas de Crédito Urbano, Paulo
Muniz, destaca o artigo nono da Lei, que
diz que a passa a ser aceita a compen-
sação de perdas de um exercício com
sobras dos exercícios seguintes, desde
que esteja ajustada aos limites patrimo-
niais exigidos. “Isso será um benefício
para todos”, comenta Muniz.
Evento comemora conquistas
Para comemorar as conquistas
legislativas do ramo Crédito, a OCB
Nacional realizou, em abril, em Brasí-
lia, jantar para cerca de 200 líderes,
dirigentes de cooperativas e organi-
Paul
o Ar
aújo/
OCB
Nacio
nal
De acordo com dados do Banco Central de de-
zembro de 2008, o conjunto das cooperativas
de crédito apresenta ativos de R$ 44,5 bilhões;
patrimônio líquido de R$ 9,4 bilhões; depósitos
totais de R$ 18,9 bilhões; e operações de crédi-
to de R$ 21,8 bilhões. São 1.453 cooperativas,
gerando mais de 50 mil empregos diretos, com
4,2 milhões de associados.
Acesso a recursos oficiais para •o financiamento das atividades
de seus associados;
Prestação de outros serviços de •natureza financeira e afins para
associados e a não associados;
Concessão de créditos e garan-•tias a integrantes de órgãos es-
tatutários, assim como a pesso-
as físicas ou jurídicas que com
eles mantenham relações;
Quadro social composto de pes-•soas físicas e jurídicas, defini-
do em Assembleia Geral,
com previsão no
estatuto social;
A Assem-•bleia Geral po-
derá deliberar
pela compensa-
ção, por meio
de sobras dos
exercícios seguintes, o saldo
remanescente das perdas veri-
ficadas no exercício findo;
As cooperativas centrais de •crédito e suas confederações
podem adotar, quanto ao poder
de voto das filiadas, critério de
proporcionalidade em relação ao
número de associados indire-
tamente representados na As-
sembleia Geral, conforme regras
estabelecidas no estatuto;
A Assembleia Geral Ordinária •das cooperativas de crédito se
realizará anualmente, nos qua-
tro primeiros meses do exercí-
cio social.
Principais mudanças da regulamentação do setor
zações estaduais junto com cinco
senadores e 16 deputados federais,
integrantes da Frencoop, e repre-
sentantes do Banco Central.
Em seu agradecimento aos pre-
sentes, o presidente da OCB res-
saltou que as vitórias em 2008
foram muitas. “Em especial, a re-
gulamentação das cooperativas de
crédito no Brasil, graças ao esfor-
ço e ao empenho da base coopera-
tivista”, disse.
O presidente da Frencoop, depu-
tado federal Odacir Zonta, ressal-
tou também a importância das coo-
perativas na socialização do crédito
à população brasileira. E enfatizou a
iniciativa da Frencoop de estimular
a criação de frentes parlamenta-
res do cooperativismo nas câmaras
municipais e nas assembléias dos
estados, de modo a ampliar a par-
ticipação do cooperativismo na via
política dessas casas legislativas.
“A classe política precisa apoiar o
cooperativismo”, decretou Zonta.
Setor tem mais de 4 milhões de cooperados
14
Denise Damian no jantar comemorativo da OCB em Brasília
RC - O que representa a Lei sancio-
nada pela Presidência da República?
A Lei Complementar 130, sancio-
nada pelo Presidente Lula no dia 17 de
abril representa um marco para o coo-
perativismo brasileiro. As cooperativas
de crédito atuavam sob a ei 5.764/71,
que dispõe sobre o cooperativismo em
geral. A LC 130 torna o ramo crédito
como primeiro do cooperativismo que
possui lei própria. Esta conquista, en-
tão, abre portas para que sejam apro-
vadas leis que fortaleçam as coopera-
tivas de todos os segmentos.
RC - Quais os benefícios imediatos
da mudança?
Existem diversos benefícios, res-
saltamos a ampliação do mandato do
conselho fiscal de 1 para até 3 anos.
As cooperativas investiam na capa-
citação de seus conselheiros fiscais,
mas o curto tempo de mandato não
permitia que fizessem o acompanha-
mento efetivo de seu trabalho em
médio e longo prazos. Outra alte-
ração benéfica é a possibilidade de
prestação de serviços a não asso-
ciados, com exceção da captação de
recursos e empréstimos.
RC - Que dificuldades as cooperativas
poderão enfrentar a partir de agora?
Não acredito que existirão difi-
culdades para as cooperativas, mas
um período de adaptação. A partir
de agora, as cooperativas neces-
sitam analisar detalhadamente as
oportunidades de negócios gerados
pela nova Lei e adequar seus proces-
sos. A LC130 existe especificamen-
te para as cooperativas de crédito.
Diversos pontos de dúvidas para al-
gumas cooperativas foram sanados
e elas precisam estar atentar para
verificarem se seus processos estão
condizentes com a nova lei.
As cooperativas deverão realizar algu-
ma mudança legal por conta disso?
A aprovação da Lei Complementar
não muda a rotina das cooperativas
de imediato. Para usufruir da maior
parte das novas regras, as coopera-
tivas precisarão apenas realizar AGE
para alteração de seus estatutos.
Em depoimento à revista Rio Cooperativo, a representante nacio-
nal do ramo Crédito, presidente da Unicred Brasil e coordenadora do
Conselho Especializado de Crédito da OCB (Ceco), Denise Damian,
avaliou as mudanças promovidas pela regulamentação do setor.Pa
ulo
Araú
jo/O
CB N
acio
nal Representante nacional
fala sobre conquistado ramo Crédito
15
namento que será adotado por todos os audi-
tores fiscais da Receita Federal, podendo ainda
ser adotado em relação a outros ramos, como
transporte, saúde, educacional, produção etc.
Até o resultado da Solução de Divergên-
cia, o entendimento sobre o assunto não era
unânime dentro da própria Receita, sendo
ainda extremamente questionável na esfera
judicial. Para aqueles que não concordam com
Causa&Efeito
Abdul Nasser é especialista em Direito Tributário e em Gestão de Cooperativas.Ronaldo Gaudio é especialista em Direito Processual Civil e MBA em Business Law.
Ambos são sócios da Gaudio & Nasser Advogados Associados e assessores jurídicos do Sistema OCB/RJ-Sescoop/RJ.
A dogmática da atividade-fim
A falta de emissão de nota fiscal
dos serviços das cooperativas do
mercado de saúde suplementar tem
sido aventada pela fiscalização tribu-
tária como possível hipótese do ilícito
penal previsto na Lei 8.137/90. Ain-
da no âmbito da auditoria fiscal, as
cooperativas têm sido turbadas pela
ameaça de envio de informações ao
Ministério Público, para investigação
e instauração de inquérito para apu-
ração da existência do ilícito.
A questão merece ex-
trema cautela, princi-
palmente em razão de
tal conclusão, na maio-
ria dos casos, não ob-
As sociedades cooperativas do
ramo Habitacional devem ficar atentas
à obrigatoriedade de apresentação da
DIMOB – Declaração de Informações
Sobre Atividades Imobiliárias, prevista
na IN/SRF n.º 694/06, que terá por ob-
jetivo a prestação de informações so-
bre toda e qualquer atividade imobiliária
exercida pela cooperativa no âmbito de
sua atividade econômica.
A SRF já se manifestou sobre a obri-
gatoriedade das cooperativas apresenta-
rem esta declaração, através da Solução
de Consulta n° 02/07: ”A obrigação da
entrega da Dimob, de que trata o art. 1o,
inciso IV, da IN RFB nº 694, (...), abrange
as Cooperativas Habitacionais de Auto-
construção, Autogestão ou Gestão As-
sistida. A prática do ato cooperativo de
entrega do imóvel ao cooperado enseja a
prestação da informação prevista no art.
2º da IN RFB nº 694, de 2006.
Vale lembrar que essa declaração é
anual e deve ser apresentada no mês
de fevereiro de cada ano, sob pena de
multa de R$ 5.000,00 por declaração
não entregue, multiplicada pelo núme-
ro de meses em atraso.
Crimes contra a ordem financeira e tributária
servar elementos técnicos afetos à
tipologia da conduta descrita pela lei.
Recomenda-se, independentemente
da emissão de notas fiscais, que as
cooperativas evidenciem a emissão de
fatura. Tal prevenção terá relevante
repercussão para eventual discussão
da matéria, em especial quanto à ine-
xistência de modalidade culposa e a
exigência de resultado para o tipo pe-
nal em questão, além de vários outros
elementos que tornam incorreta a
conclusão pelo cometimento do ilícito.
Salienta-se que a autoridade pú-
blica somente poderá enviar repre-
sentação ao Ministério Público quan-
do exaurida a esfera administrativa.
Os recentes precedentes judiciais
e a solução de investigações em face
de cooperativas de trabalho ratificam
que ainda é bastante mitigável a Sú-
mula 331 do TST, pois inúmeras são
as hipóteses de serviços contratáveis
em atividade-fim, sem a inserção no
quadro efetivo dos tomadores, sem a
subordinação e com otimização da re-
Apresentação da DIMOB e multa por atraso
o posicionamento, é pruden-
te o ajuizamento de ação
tributária com depo-
sito em juízo. Caso
contrário, a coope-
rativa estará sujeita
a lançamento de ofício
com os respectivos gra-
vames legais.
lação de trabalho.
Nessa linha, o próprio MPT vem re-
conhecendo, através de Termos de Ajus-
tamento de Conduta, soluções eficientes
e lícitas para a terceirização, especial-
mente quando as cooperativas tenham
retificado seus modelos de negócios para
obterem efetiva prestação especializada
de serviços.
Segundo a Solução de Divergência n°
2/08 da SRF, sujeitam-se à tributação na
fonte como antecipação do imposto devido
na Declaração de Ajuste Anual as sobras
apuradas por cooperativas de trabalho e co-
locadas à disposição dos cooperados, inclusi-
ve por meio da capitalização.
Esta decisão possui caráter vinculante
para a Administração Fiscal, sendo o posicio-
Retenção de IR sobre as sobras, uma questão polêmica
16
Opinião
Solange Barbalho é diretora administrativa da Join Consult - Cooperativade Trabalho, professora universitária e Consultora em RH e Cooperativismo.
As cooperativas são empresas
de sucesso ou empresas filan-
trópicas? Vocês acreditam em co-
operativas? Cooperativa é um bom
negócio para os dirigentes que ga-
nham fortunas!
Tal sentimento expressado no dia
a dia não reflete a verdade, e sim o
desconhecimento sobre o coope-
rativismo, e também o preconceito
em torno do assunto. Os dados re-
centes de um painel no seminário A
Crise Contemporânea como Oportu-
nidade para o Cooperativismo, pro-
movido pelo Sescoop/RJ me moti-
varam a escrever este artigo como
reflexão do valor socioeconômico das
cooperativas, principalmente no Rio
de Janeiro. O palestrante era o ge-
rente de Mercado da OCB Nacional,
Evandro Ninaut, que na sua exposi-
ção traduziu em números a impor-
tância das cooperativas no Produto
Interno Bruto (PIB), estimado em
6,5%, um faturamento considerável,
com a concentração de 41% das co-
operativas na região Sudeste.
O ramo Trabalho liderava os grá-
ficos de crescimento juntamente
com a grande promessa atual, as
cooperativas de crédito, que mo-
vimentam um volume de R$ 15,9
bilhões em operações de crédito.
Diante de dados excelentes, fica a
pergunta: por que não somos re-
conhecidos como empresários que
contribuem com uma parcela socio-
econômica no Brasil?
Mas não quero apenas formular
perguntas e sim dar algumas res-
postas. Posso afirmar que somos
um sucesso, não praticamos filan-
tropia e sim o sétimo princípio: Res-
ponsabilidade Social. E nas cidades
onde são constituídas cooperativas
existem dados que comprovam me-
lhora no Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH). Ouvimos pela mídia
que somos empresas fraudulentas,
ficamos com o sentimento de que
não somos empresas, e sim algo
inominável! Então, perguntamos,
parece coisa de concorrentes, bri-
ga de mercado, engana-se. Essa
classificação vem de uma institui-
ção judicial como o Ministério Pú-
blico (MP), que nos classifica assim
e tem a chancela de quarto poder.
Assusta-me, porque em todos os
segmentos existem maus profissio-
nais, mas não justifica generalizar.
Diante do incômodo, desejamos
ter direitos, como já temos deve-
res, e acatamos. Queremos ter di-
reito às oportunidades de trabalho
autônomo, e não fragmentos de tra-
balhos, participar de licitações. No
momento, parece distante a possi-
bilidade de igualdade, visto que algu-
mas empresas púbicas assinaram o
Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC), onde se comprometem a não
contratar cooperativas.
Diversos segmentos de classe
opinam sobre cooperativismo e co-
operativa, o que me causa estra-
nheza, porque qualquer laudo sobre
área especifica só terá validade se
o profissional for versado na disci-
plina em questão. Vamos imaginar
o inverso, cooperativistas opinando
sobre outras áreas que não fossem
cooperativismo. Seria um escânda-
lo. Não generalizo, mas são poucos
os segmentos que nos vêem com
credibilidade. Imaginem a parcela de
cidadãos que estão fora do mercado
de trabalho por falta de adequação
profissional e são acolhidos em coo-
perativas nos mais diversos ramos,
que transformam esses cidadãos,
retirando-os do estado de miséria
para o estado de cidadania.
Diante da crise atual de desem-
prego, as cooperativas são opções
viáveis, gerando esperança para to-
dos, uma vez que cooperativas não
precisam da iniciativa privada para
serem constituídas.
O perigo de opinar sem vivência
“O futuro tem muitos nomes, para os fracos é o inatingível, para os valentes a oportunidade.”Vitor Hugo.
17
Para se destacar em um mercado cada vez mais acirrado e competitivo, é necessário utilizar as ferramentas mais adequadas para trabalhar a imagem de sua empresa.
Aliar criatividade e bom gosto, sensibilidade e praticidade, dinamismo e qualidade. Este é o compromisso da Montenegro Comunicação & Eventos, uma agência que anali-sa as necessidades de cada cliente e propõe soluções eficazes de comunicação, gerando resultados positivos.
Com um atendimento personalizado e em sintonia com os objetivos de sua empresa, a Montenegro é for-mada por profissionais com vasta experiência em co-municação empresarial.
O trabalho gerenciado pela Montenegro é dinâmico. São parcerias com cada cliente, colaborador e fornece-dor; são laços construídos com profissionalismo, a fim de garantir a segurança necessária para desenvolver uma política de comunicação corporativa de sucesso.
18
Capa
Um ano de mudançasboas
Em um ano de adaptações e mu-
danças internas, a casa do coope-
rativismo fluminense já começou a co-
lher os frutos que foram plantados pela
nova gestão da entidade, que assumiu
os trabalhos em abril do ano passado.
Com um balanço anual conside-
rado positivo pelo atual presiden-
te, Wagner Guerra, a OCB/RJ vem
equacionando problemas financeiros
passados e resgatando cooperati-
vas que estavam fora do Sistema.
Neste processo de renovação, o
trabalho desenvolvido pelos técnicos
do Sescoop/RJ tem sido de funda-
mental importância. Encontros, pa-
lestras, cursos, seminários e outras
ações no que se refere à capacitação
cooperativista e à adequação de pro-
cedimentos normativos e cadastrais
também foram o foco de aprimora-
mento da atual gestão.
De cursos de tributação nas áreas
financeira e administrativa, passando por
palestras motivacionais para enfrentar
um momento de mudança de paradigma
no cenário econômico-financeiro mundial,
a instituição desenvolveu ações para o
crescimento das cooperativas.
A série de seminários “INSS para
Cooperativas” foi um sucesso por
onde passou, prometendo repetir a
dose em 2009. Encontros do ramo
Trabalho, seminários atualizados so-
bre a crise financeira mundial e even-
tos direcionados, como a homenagem
ao Dia Internacional da Mulher, foram
bastante concorridos e elogiados por
sua qualidade e organização.
Ancorada no slogan “Uma OCB
para Todos”, a OCB/RJ trabalhou para
suas filiadas e, como resultado da
aproximação promovida pela gestão
Wagner Guerra (ver entrevista ao lado),
novas cooperativas vêm ingressando e
reforçando o Sistema e sua represen-
tatividade no cenário nacional.
Conquistas políticas
Com as mesmas perspectivas
de trabalho e baseando-se nas di-
retrizes da OCB Nacional, o estado
do Rio de Janeiro ganhou visibilidade
em Brasília, passando a ser solici-
tado para participar de eventos e
encontros nacionais. Além disso, a
OCB/RJ também tornou-se uma re-
ferência nos últimos meses, moti-
vando profissionais de todos os se-
tores da instituição a participarem
de palestras em todo o estado.
Algumas conquistas políticas pauta-
ram este primeiro ano da nova OCB/RJ.
Com a Junta Comercial do Estado (Ju-
cerja) foi desenvolvido um acordo para
tornar a instituição um posto avança-
do da Junta (ver entrevista na página
8), além da nomeação de um vogal da
OCB/RJ naquela instituição.
Com a Federação da Agricultura,
Pecuária e Pesca do Estado do Rio de
Janeiro (Faerj), foi acertado um con-
vênio para difundir nas cooperativas
o processo de produção intensiva do
leite em pequenas propriedades, atra-
vés do Programa de Gerenciamento
de Propriedades Leiteiras. O Sescoop/
RJ também foi uma das instituições
que fomentou e multiplicou as infor-
mações para os produtores rurais. E
a mais recente vitória, desta vez junto
ao Governo do Estado, foi a redução
das alíquotas de ICMS para zero so-
bre a venda dos produtos lácteos e do
leite fluido. Com isso, as cooperativas
poderão investir em tecnologia e me-
lhorias em suas estruturas.
Outra importante conquista
aconteceu em Barra Mansa, primeiro
município a aprovar uma lei de incen-
tivo ao cooperativismo, com inclusão
do tema no currículo escolar.
Além de abrir suas portas para
receber os cooperados, a OCB/RJ
está indo até as cooperativas. Sua
diretoria vem cumprindo um exten-
so cronograma de visitas, passan-
do por vários municípios do interior
do estado, e se aproximando ainda
mais de cooperativas em localida-
des remotas, que não possuem fa-
cilidade para irem até a sede, no
centro do Rio.
O Rio de Janeiro merece respeito
por ter um cooperativismo forte e co-
eso. Graças a uma atuação pautada
pela ética pela oportunidade dada às
cooperativas, hoje existe uma aten-
ção maior de todos os órgãos na-
cionais, cooperativistas ou não, pelo
Sistema OCB-RJ – Sescoop/RJ.
19
ceria com a Faerj, na qual estamos
ajudando a melhorar a cadeia leitei-
ra do nosso estado.
Promovemos dois encontros com
as cooperativas do ramo Trabalho e
que foram um sucesso de público,
assim como o encontro com o trans-
porte alternativo.
Um dos trabalhos da atual gestão
que teve projeção em nível nacional foi
a criação do Catálogo de Treinamen-
to & Desenvolvimento 2009. Em uma
ação inédita no Rio de Janeiro, ele foi
criado após reivindicações das bases.
Cada ramo indicou o que é de interes-
se e reunimos tudo neste catálogo.
Outro fato que marca a nossa ges-
tão é a indicação de um vogal da OCB/
RJ na Junta Comercial do Rio de Ja-
neiro (Jucerja) e, também, a perspec-
tiva de criação de um posto avançado
da Jucerja na OCB/RJ para melhoria
no atendimento às cooperativas.
RC - Em relação aos eventos pro-
movidos pela instituição, o que o se-
nhor pode pontuar?
Nos dois últimos eventos, a pre-
sença foi muito grande até o final e a
demanda ultrapassou nossas expecta-
tivas, pois o público não queria ir em-
bora, queria continuar nos eventos.
A qualidade também melhorou
muito e temos lideranças nacionais
participando como palestrantes em
nossos eventos, o que não acontecia
anteriormente, mostrando a melhora
no conteúdo e qualidade dos eventos.
RC - O que o slogan Uma OCB para
Todos representa?
O slogan ‘Uma OCB Para Todos’
RC - Que leitura o senhor faz des-
se primeiro ano de mandato?
O balanço anual da nova admi-
nistração do Sistema OCB/RJ-Ses-
coop/RJ é muito positivo, apesar de
ter sido um ano difícil, em que tive-
mos que fazer várias mudanças. E
mudanças sempre geram rejeições,
pois a estrutura se modifica, assim
como a linha de conduta e compor-
tamentos internos.
Encontramos a casa com al-
guns problemas sérios, que tive-
mos que equacionar. Com o apoio
de todos os diretores e funcioná-
rios, conseguimos solucionar e co-
locar a instituição em ordem.
Relembro o dia da nossa posse,
uma noite chuvosa e com mais de
500 pessoas presentes, foi um si-
nal de que o Rio de Janeiro queria
mudança. E as pessoas estão ven-
do as mudanças acontecerem.
RC - Como o Rio de Janeiro está
hoje no mercado nacional?
O Rio de Janeiro é hoje reco-
nhecido nacionalmente como um
estado atuante. Isso aconteceu
devido ao trabalho que desenvolve-
mos junto às cooperativas. Essa
gestão fortaleceu e transformou
a OCB/RJ em uma instituição res-
peitada em nível nacional.
RC - Quais foram as principais con-
quistas da nova gestão?
Conseguimos aprovar dois MBAs
importantes para o cooperativismo
com recursos do Fundecoop e que
devem iniciar ainda esse ano.
Podemos citar também a par-
mostra que a instituição pertence
às cooperativas, não importando
seu tamanho. Todas que contribuem
são donas e podem usar os serviços
que disponibilizamos. A casa está
aberta para as cooperativas. Hoje,
cooperativas que estavam fora es-
tão voltando para o Sistema e isto
é muito importante.
RC - Politicamente, como está a
movimentação da diretoria?
Nossos pedidos junto a Bra-
sília estão recebendo um apoio
muito grande. Isso mostra que a
OCB está acreditando em nosso
trabalho. Mas ainda precisamos
criar uma Frente Parlamentar de
Apoio ao Cooperativismo Municipal
e Estadual, o que está nos planos
para o segundo semestre.
RC - Quais os próximos passos?
Precisamos aproximar mais
os segmentos. Vamos promover
encontros em todo o estado para
podermos sentir mais de perto
nossas bases. Nossa perspecti-
va é agregar mais cooperativas
na OCB/RJ e fazer com que elas
se sintam cada vez mais donas da
casa. Esperamos que elas retor-
nem em maior número.
Uma instituição respeitada
Wagner Guerra, presidente do Sistema OCB/RJ-Sescoop/RJ
20
gando os atos e conquistas que ocor-
rem diariamente em nossa Unidade
Nacional (UN) e na manutenção de in-
formações diversas. Também promo-
vemos um alto investimento na equipe
técnica, tornando-a mais bem prepa-
rada, seguindo um planejamento que
existe na instituição e o cumprimento
das três principais ações do Sescoop:
formação profissional cooperativista,
monitoramento e promoção social. No
momento em que uma gestão se propõe
a ouvir, consegue saber as expectativas
de seu quadro social e planejar as ações
em busca da excelência no atendimento
e do seu aperfeiçoamento.
Hoje, as cooperativas encontram o
exercício da democracia na casa. Encon-
tram técnicos, diretores e presidente
prontos para ouvi-las em suas necessi-
dades. Uma das conquistas dessa ges-
tão é o ingresso de novas cooperativas
no Sistema, bem como aquelas que se
afastaram e estão retornando.
RC - Como vêm sendo trabalhados os
recursos humanos da instituição?
É uma valorização real. A direção
está empenhada na capacitação de
nossos colaboradores. Não negamos
os treinamentos solicitados e a direto-
ria também recomenda alguns cursos.
Qualquer equipe fica motivada quando
a direção investe e estamos investindo
porque acreditamos em nossa equipe.
Também esta-
m o s
preocu-
p a d o s
com o
conforto
de todos e,
RC - Como está hoje a estrutura
interna do Sescoop/RJ?
Aprimoramos nossa retaguarda,
a estrutura interna da casa, con-
siderada área-meio. As áreas-fim,
Autogestão e Treinamento, estão
em aperfeiçoamento contínuo, um
trabalho que foi iniciado com o Setor
de Treinamento e Capacitação, atra-
vés da contratação de um profissio-
nal especializado na área educativa,
trazendo a expertise necessária,
apresentando resultados importan-
tes, como o Catálogo T&D 2009 -
Sescoop/RJ, gerado após ouvidas as
bases e estabelecidas as necessida-
des educacionais e de treinamento.
O setor de Autogestão está sen-
do reestruturado, deixando visíveis
as mudanças no atendimento às de-
mandas. As permanentes visitas de
cooperativas, em busca de informa-
ção para o apoio e a segurança na
gestão, orientações jurídicas e téc-
nicas, informes técnicos, sistema de
monitoramento para as cooperativas
com registro provisório, através de
um trabalho coordenado e amplo,
na pesquisa e no acompanhamento,
dando às visitas um procedimen-
to efetivamente técnico. Em breve,
também trabalharemos com consul-
torias especializadas para assuntos
mais específicos. Esse é um olhar
atento desta gestão às necessi-
dades da base, agilidade nos pro-
cedimentos e a tecnificação que o
mercado exige.
O setor de Comunicação
também está sendo expan-
dido. Procuramos ampliar a
base de informação, divul-
por isso, projetamos a expansão da
sede e a criação de outros núcleos
para beneficiar as cooperativas.
RC - Como está a receptividade
da UN com a Unidade Rio?
O Sescoop/RJ e a OCB/RJ estão
plenamente alinhados com as diretri-
zes da Unidade Nacional (UN), tanto
nos projetos, como nos treinamen-
tos, na capacitação e no cumpri-
mento das normas. Estamos colo-
cando em prática todos os projetos
e ações indicados pela UN.
RC - Como foram planejados os cur-
sos para 2009 e de que maneira as
cooperativas podem participar?
Não podemos atuar sem um pla-
nejamento. Este planejamento ocor-
reu no ano passado, possibilitando
que o setor trabalhasse de maneira
direcionada às necessidades apre-
sentadas. Desenvolvemos o Catálo-
go de Treinamento & Desenvolvimen-
to 2009, algo inédito no estado, que
é composto de informação técnica
especializada, sendo amplamente
distribuído. Esse é um trabalho pla-
nejado que veio para ficar. Vale res-
saltar que estamos caminhando em
um processo de crescimento e, em
breve, teremos uma nova sistemáti-
ca no setor de Treinamento.
Estamos dando efetivamente
Um Sescoop para todosCapa
Maria de Fatima Moraes Rodrigues, superintendente do Sescoop/RJ
21
do projetos aos NACs, que encaminham
ao Sescoop/RJ. Tivemos sucesso total
na região Sul Fluminense com a apro-
vação da lei cooperativista municipal,
para implantar o ensino cooperativista
na rede escolar. Com os NACs, visu-
alizamos com mais clareza as neces-
sidades das regiões e a resposta que
estamos recebendo chega a ser difícil
até de mensurar, porque eles possuem
um papel fundamental de estar todos
os dias junto às cooperativas de sua
região e levar a OCB/RJ e o Sescoop/RJ
às cooperativas do interior.
Além disso, estamos estruturan-
do os NACs não somente com um
melhor espaço físico, mas com uma
estrutura de logística e aumento do
quadro de colaboradores em determi-
nadas regiões. O NAC Serrana está
em funcionamento, ainda sem espa-
ço fisico definido, mas o trabalho vem
sendo realizado e está congregando
as cooperativas de sua área de atua-
ção. O NAC Lagos, com sede em Ita-
boraí, está em processo de criação e,
a partir do segundo semestre deste
ano, estaremos analisando algumas
demandas e implantando no início do
próximo exercício os NACs Norte e
Noroeste. Dessa forma, estamos am-
pliando ainda mais os braços de ação
do Sistema com nossas bases.
RC - Em resumo, qual é o principal
compromisso da atual gestão?
Essa gestão tem o compromisso
de fazer uma OCB para todos e um
Sescoop para tudo o que é necessá-
retorno às contribuições das co-
operativas, mas elas precisam
estar devidamente registradas na
OCB/RJ, recolherem 2,5% sobre a
folha de empregados ao Sescoop/RJ
e cumprirem com seus compro-
missos financeiros junto à institui-
ção para poderem participar dos
cursos e demais eventos.
RC - Como está a aprovação dos
MBAs do Crédito e da Saúde?
Essa foi outra grande vitória des-
ta gestão. O início dos MBAs está
previsto para a primeira semana de
julho de 2009. Estamos na fase final
de organização, revisando as maté-
rias, com processos de seleção de
professores e estruturando os espa-
ços de treinamento. A UN acreditou
no projeto e vamos lançar os MBAs
em Gestão de Cooperativa de Crédito
e em Gestão de Cooperativas de Saú-
de Suplementar, ambos com chance-
las da Fundação Getúlio Vargas. Es-
tes projetos são fundamentais para
atender a uma camada que precisa
complementar seu processo de es-
pecialização. Estamos atuando em
projetos macros e chegando até a
base, na formulação de cursos, aten-
dendo a todos os níveis necessários
para formação de cooperativas e coo-
perativistas. O custo dos MBAs será
irrisório em comparação ao benefício
que as cooperativas terão. Os recur-
sos para desenvolver esse projeto fo-
ram disponibilizados pela UN por meio
do Fundo Solidário de Desenvolvimen-
to Cooperativo (Fundecoop).
RC - E como estão os NACs (Núcle-
os de Apoio ao Cooperativismo)?
As cooperativas estão apresen-
tando suas demandas de treinamen-
to, capacitação, orientação e sugerin-
rio, que é a capacidade de treinar
permanentemente. É uma gestão
democrática, onde todos podem se
pronunciar: quem está satisfeito e
quem quer sugerir ou recomendar al-
guma demanda. Ouvimos todos com
a mesma atenção e seriedade.
Os conselhos, tanto da OCB/RJ
quanto do Sescoop/RJ, possuem um
único ideal: tornar viável a realização
do que foi planejado no período e que
será implantado gradativamente.
Esta gestão planejou uma série de
ações que tornará o Sistema visível
no estado do Rio de Janeiro, junto
às autoridades, às expectativas da
UN e às nossas co-irmãs.
Estamos trabalhando para reali-
zar tudo que foi proposto no início da
gestão. Todos têm dado sua parcela
de contribuição: presidente, conse-
lheiros, coordenações, colaborado-
res, terceirizados e, principalmente, a
base cooperativista. Assim, estamos
atendendo não apenas ao compro-
misso de Uma OCB para Todos, mas
também de um Sescoop para Todos.
Maria de Fatima Moraes Rodrigues, superintendente do Sescoop/RJ A Uniodonto Rio foi uma das cooperativas visitadas em 2008
Técnicos da Autogestão entregam registros provisórios para a Coomabaf (esq.) e Bom-credi
22
Crise ou oportunidade? Para o coo-
perativismo, o momento é de re-
novação de ânimos e possibilidades de
novos negócios. Para os que não acre-
ditam, basta lembrar que o movimen-
to surgiu mediante a uma grave crise
econômica no século XIX.
O seminário “A Crise Contem-
porânea como Oportunidade para
o Cooperativismo”, promovido pelo
Sescoop/RJ, reuniu mais de 100 di-
rigentes cooperativistas em abril, no
hotel Windsor Flórida, que puderam
debater o tema e apontar novos ca-
minhos para as cooperativas.
O presidente do Sistema OCB/RJ-
Sescoop/RJ, Wagner Guerra, abriu o
encontro, desejando que os dirigen-
tes saíssem dali com fôlego renovado.
“Existem chances de crescimento em
situações como essas. É hora de novas
ideias e projetos. E com o cooperati-
vismo, crescimento e desenvolvimento
Crise? Que crise?
Especialistas apontam caminhos para as cooperativas em plena crise mundial
caminham juntos”, disse Guerra.
O representante estadual do ramo
Trabalho e um dos idealizadores do se-
minário, Ricardo Magalhães, chamou
a atenção para o trabalho coordenado
e cooperado. “A solidariedade entre as
cooperativas deve permanecer. É impor-
tante que haja uma ação conjunta entre
as instituições”, disse Magalhães.
Leis em tramitação
Abrindo a série de palestras, os
advogados Eduardo Pastore e Ro-
naldo Gaudio falaram sobre “O pa-
norama das leis cooperativistas”.
Pastore apontou alguns resultados
dos trabalhos desenvolvidos pela Comis-
são Parlamentar do Cooperativismo em
Brasília. “Estamos dando um grande pas-
so no que se refere à segurança jurídica
com o Projeto de Lei 131, que define as
diretrizes do ramo Trabalho. Propomos
ajustes na lei, mas muitas cooperativas
já estão dentro do PL e não têm ideia
de que, com esses novos pontos, podem
atingir novos mercados”, disse.
O advogado comentou também que
as empresas mais fracas foram embo-
ra e as cooperativas que chegaram até
aqui herdarão um bom espaço de mer-
cado. Pastore apontou um caminho: “A
lei muda a realidade e a realidade se
ajusta à lei. Precisamos desenvolver
um trabalho junto ao Poder Judiciário
e aos ministros do TST, porque temos
cooperativas que são exemplos de su-
cesso para as demais”, avaliou.
O assessor jurídico do Sescoop/RJ,
Ronaldo Gaudio, por sua vez, deu uma
visão panorâmica de oportunidades. “Na
nova lei, as alterações trarão impactos
positivos para as cooperativas. A lei
está tentando solucionar problemas de
ordem prática, que dificultam o desen-
volvimento de um negócio. Igualar esses
pontos é o nosso desafio”, disse.
Seminário
23
Crise? Que crise? O representante nacional do ramo
Trabalho na OCB, Geraldo Magela, falou
sobre “Certificação das cooperativas de
trabalho para atuação no mercado”.
Magela lembrou que a motivação
para o surgimento do cooperativismo foi
a indignidade pelo trabalho injusto. “Hoje,
quando se fala em regulamentação, pro-
põe-se o aprimoramento do funcionamen-
to. Além disso, é vital multiplicar postos
de trabalho e reduzir custos”, disse.
Sobre o Programa Nacional de Con-
formidade Cooperativa (PNC/Trabalho),
que cria um padrão de qualidade para as
cooperativas do ramo e preserva a inte-
gridade do modelo, Magela disse que o
programa visa à formação de entidades
realmente comprometidas com os valo-
res cooperativistas. Porém, ressaltou,
somente a aprovação do PL no Senado
não basta. “As cooperativas precisam se
reorganizar administrativamente para se
adequarem às novas leis”, disse.
Magela falou também que as dificul-
dades da crise são para todos, mas as
possibilidades são para aqueles que vis-
lumbram novos caminhos. “A ambiência
institucional e jurídica é importante, pois
vai contribuir para a construção de co-
operativas com solidez. Oportunidades
econômicas decorrem das mutações
dos ambientes de negócios”, finalizou.
Oportunidades à vista
O gerente de mercados da OCB,
Evandro Ninaut, ministrou palestra
sobre as “Novas oportunidades de
negócios para as cooperativas”. Para
ele, o cooperativismo tem tido uma
visão de oportunidade nesta crise,
buscando meios para contornar as
dificuldades e, ao mesmo tempo, se
revelando como uma alternativa.
Ninaut ressaltou também que, se o
crescimento do crédito incomodar, vai
chegar um momento em que haverá de
ser feita alguma ação para multiplicar e
fortalecer os laços do cooperativismo.
“Quando no DNA de uma instituição
existe o empreendedorismo, esse DNA
tem o espírito cooperativista e, assim,
a cooperativa vai crescer”, pontuou.
“Oportunidades em momentos de
crise” foi o tema apresentado pelo con-
sultor do Sebrae-RJ Orlando Thomé.
Para ele, o brasileiro é criativo, mas a
inovação é a criatividade que gera re-
sultado. “Algumas premissas são im-
portantes, como ter ousadia para ten-
tar e arriscar. E ter criatividade para
fazer diferente e evoluir”, frisou.
Thomé ressaltou também a impor-
tância de as cooperativas fazerem ne-
gócios entre si. “O foco tem que ser na
solução e não nos problemas. A estra-
tégia deve ser criar novos mercados e
explorar novos caminhos”, disse.
A professora de finanças da Funda-
ção Getúlio Vargas, Myrian Lund, trouxe
o tema “A economia mundial e o momen-
to atual brasileiro”. Para ela, esta não é
uma crise, é um momento de reorgani-
zação do sistema econômico.
“Estamos no momento de plane-
jamento para o futuro. Precisamos
pensar onde podemos ser diferentes,
começar a identificar onde criar e se
destacar, pois o cooperativismo está
em franco crescimento”, avaliou.
Case de sucesso
O coordenador geral do Banco de
Palmas, João Joaquim de Melo Neto, en-
cerrou o seminário apresentando o caso
de sucesso da instituição, com sede no
bairro Palmas, em Fortaleza (CE).
Sua apresentação (ver box na página
seguinte) emocionou o público e demons-
trou que, sob qualquer circunstância,
existe a possibilidade de se reverter o
quadro dramático atual e criar novas
oportunidades de atuação do coopera-
tivismo. Foi o fecho com chave de ouro
que se poderia esperar.
Palestrantes e cooperativistas unânimes:“É preciso união para superar a crise.”
24
No interior do sertão cearense,
nasceu um grande exemplo de co-
ragem, persistência e vontade de mu-
dar o quadro de pobreza absoluta para
financiar a melhoria na qualidade de
vida de uma comunidade inteira, e que
ganhou atenção do Governo Federal.
O coordenador geral do Banco
Palmas, João Joaquim de Melo Neto,
conta que pretendia estimular a produ-
ção local. Para isso, criou uma moeda,
a palma (que corresponde a um real),
para que todos pudessem consumir
produtos do bairro e fazer com que o
dinheiro circulasse na comunidade.
Com o início das atividades em ja-
neiro de 1998, o Banco Palmas aten-
de hoje a cerca de 540 clientes. No
ano passado, a Universidade Federal
do Ceará desenvolveu uma pesquisa
sobre a moeda local. “O resultado
mostrou que 90% dos entrevistados
Banco Palmas, um exemplo a ser seguidomelhoraram sua qualidade de vida com
a moeda. Alguns montaram o próprio
negócio. Aumentou o retorno financei-
ro. O comércio cresceu em 30% suas
vendas. E teve um excelente impacto
na criação de 1.800 postos de traba-
lhos”, lembrou João.
A mudança no Conjunto Habita-
cional Palmeira, uma comunidade
carente de Fortaleza, foi tão gran-
de que a região se desenvolveu junto
com a nova moeda.
Para João Neto, não existe bairro
ou município pobre. “Se você compra
produtos do local, nas empresas da-
quela região, todo o município pode
crescer financeiramente. No bairro
Palmas, 32 mil moradores foram be-
neficiados com essa moeda, que hoje
é reconhecida pelo Banco Central”,
disse o coordenador.
Com o Banco Palmas, já são 40
Banco Comunitário é um serviço financeiro, solidário, em rede, de •natureza associativa e comunitária. Voltado para reorganização das
economias locais, na perspectiva da geração de trabalho e renda.
Não existe bairro, região ou município pobres economicamente.•Existem territórios que de tanto perderem sua poupança interna •se empobrecem. Por mais pobre que seja o território, ele é porta-
dor de desenvolvimento econômico.
No bairro Palmas (Fortaleza-CE), 32 mil moradores foram beneficia-•dos com a moeda local.
30% de aumento nas vendas do comércio local.•No total, existem 40 bancos comunitários em todo o país.•Prêmios recebidos pela criação da moeda: FINEP 2008, na cate-•
goria Inovação em Tecnologia Social; Objetivos do
Milênio (do Governo Federal); Tecnologia Social, da
Fundação Banco do Brasil.
bancos comunitários em todo o país.
“Estamos até em comunidades indí-
genas e quilombolas. Nossa tarefa
é chegar onde o sistema financeiro
não chega”, frisou.
O criador do Banco Palmas de-
monstrou que, sob qualquer cir-
cunstância, existe a possibilidade de
reverter o quadro dramático atual e
criar novas oportunidades de atua-
ção do cooperativismo.
Palmas para um sonho
À direita, imagens de melhorias na comunidade. No alto, como eram as casas nos anos 80; no meio, a reforma promovida com a chegada do Banco Palmas;
embaixo, a agência do banco; no detalhe à esquerda, a moeda palma.
João Joaquim de Melo Neto
Seminário
25
Myrian Lund é economista e professorade Finanças da Fundação Getúlio Vargas.
As cooperativas de cré-
dito são Instituições
Financeiras que aceitam
depósito a vista tal qual
um Banco Comercial. En-
tretanto, enquanto a crise
tem afetado a liquidez dos
bancos, as Cooperativas de
Crédito vão muito bem, obri-
gado.
Qual a diferença? Os
Bancos, cotidianamente, trocam dinheiro no mercado finan-
ceiro, ou seja, os bancos que recebem volume de investi-
mentos de clientes superior às solicitações de empréstimos
doam recursos para aqueles que emprestaram mais. São
operações interbancárias de curtíssimo prazo (por um dia).
Quando este ciclo falha, isto é, quando falta dinheiro no merca-
do financeiro, alguns bancos
podem ficar em dificuldades
para fechar o caixa, tendo
de recorrer ao governo.
Por sua vez, as coopera-
tivas de crédito não depen-
dem do mercado interban-
cário, pois os recursos são
originários, única e exclusi-
vamente, da cota capital e
das aplicações dos coope-
rados. Cabe às cooperativas, por meio de sua central, aplicar
o montante disponível (o que não foi emprestado para coope-
rados) em títulos públicos e ou privados de primeira linha.
Crise para uns, oportunidade para outros! É o momento
de as cooperativas de crédito aproveitarem esta chance
para expandir suas atividades!
Cooperativas de crédito são beneficiadas com a crise
Opinião
26
Evento demonstra a força feminina no cooperativismo
O dia 24 de março ficará marca-
do no coração das mulheres
cooperativistas que participaram
da série de palestras, sorteios e
um dia inteiro repleto de ações co-
operativistas. Em comemoração ao
Dia Internacional da Mulher, a OCB/
RJ e o Sescoop/RJ, promoveram, no
Guanabara Palace Hotel, no centro
do Rio, evento para as mulheres co-
operativistas com palestras de per-
sonalidades femininas que vêm se
destacando no setor.
Os mais de 100 participantes
acompanharam toda programação do
dia, que fechou em grande estilo com
a apresentação da Orquestra de Cor-
das da Grota, uma iniciativa que tem o
apoio assistencial da Cooperforte, e o
desfile de moda da Coosturart.
A mesa de abertura do evento foi
composta pelo presidente do Siste-
ma, Wagner Guerra, pela superin-
tendente do Sescoop/RJ, Maria de
Fatima Moraes Rodrigues, e pelas
conselheiras Gilcéa Lourenço, Floraci
Soares, Rosana Consuelo Assumpção
e Maria Perpétua Alves Barreto.
A superintendente do Sescoop/RJ
afirmou que as participantes saíram
fortalecidas do encontro. “Esse
dia é uma prova de que o coopera-
tivismo é viável e as mulheres são
competentes em realizar o que se
propõem e irem até o final”, frisou
Maria de Fatima.
Guerra parabenizou todas as mu-
lheres e as cooperativas que apoia-
ram o evento. Ele destacou o papel da
O desfile da Coosturart emocionou o público presente
“Mulheres que cooperam e se destacam” foi o tema do encontro em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, promovido pelo Sistema OCB/RJ-Sescoop/RJ
A partir da esquerda: apresentações de Denise Damian, Marlene Dias, Rosa Maria, Marisa Gáudio, Tecris de Souza, Ruth Coutinho,
27
Evento demonstra a força feminina no cooperativismomulher na sociedade e no cooperati-
vismo. “Existem várias cooperativas
que estão muito bem estruturadas e
possuem mulheres na presidência, o
que revela que a participação feminina
é fundamental para o crescimento da
sociedade”, finalizou.
Saúde financeira, física e mental
Ao longo de 10 painéis, foram
discutidos temas diversos, desde
economia e finanças, comunicação
no cooperativismo, política, direitos
da mulher, até saúde e responsabi-
lidade social.
O primeiro painel foi apresentado
pela presidente da Unicred Brasil e
representante nacional do ramo Cré-
dito, Denise Damian, que falou sobre
seu papel à frente do Conselho Espe-
cializado de Crédito da OCB (Ceco),
bem como as conquistas já alcança-
das, como, por exemplo, a regulamen-
tação das cooperativas de crédito.
“O cooperativismo de crédito bra-
sileiro é muito importante para a eco-
nomia do país. Para se ter uma ideia,
são 1.453 cooperativas com 4,2 mi-
lhões de associados e 4.182 pontos
de atendimento, gerando 50.787 em-
pregos diretos”, afirma Denise.
A presidente da Unipsico Rio,
Marlene Dias, falou sobre saúde
mental e a importância de se man-
ter atento aos sintomas que levam
aos distúrbios mentais.
“Numa visão mais ampla, cien-
te da sua responsabilidade social,
a Unipsico Rio procura mais que o
bem-estar imediato do seu cliente,
trabalhando solidariamente para a
promoção do bem-estar do indivíduo
numa comunidade saudável e econo-
micamente viável. A dor é inevitável.
Sofrer além do necessário é uma
escolha”, apontou.
O papel do cuidador de idosos na
so ciedade moderna foi o tema do pai-
nel apresentado pela presidente da
Coopidade, Rosa Maria dos Santos,
que enfocou desde a regulamentação
da profissão nos anos 90 e a atuação
do cuidador no trato diário com o pa-
ciente. Destaque para a presença de
D. Daura Drummond, 96 anos, clien-
te da Coopidade, que aprovou com
louvor o trabalho da cooperativa.
Rosa Maria faou sobre o rápido
crescimento da população idosa bra-
sileira. “A faixa etária que mais cres-
ce é a partir de 60 anos. Segundo a
Organização Mundial da Saúde, até
2015, o grupo de idosos no Brasil
aumentará em 15 vezes, enquanto a
população total, em 5 vezes”, disse.
Ainda segundo Rosa, as mulheres
são consideradas excelentes cuidado-
ras. “A associação da figura feminina
está relacionada com o zelo, organi-
zação, proteção, paciência, carinho e
dedicação”, revelou a dirigente.
Comunicação é o caminho
As ações da OAB Mulher foram
destacadas pela presidente da Sub-
seção Teresópolis do órgão, Marisa
Chaves Gáudio.
“Precisamos combater discrimi-
nações, apurar denúncias, promover
palestras e eventos para as mulhe-
res. Apesar de todo o caminho que
a mulher percorreu na história, em
busca de seus objetivos, a renda fe-
minina ainda é menor que a masculi-
na”, destacou Marisa, frisando que
a busca de direitos iguais é um dos
papéis da OAB Mulher.
Para falar sobre a importância da
comunicação no cooperativismo, a
gerente de comunicação do Sescoop
Nacional, Tecris de Souza, apresentou
o modelo praticado pela instituição,
os canais utilizados e as possibilida-
des para as entidades cooperativas.
“Através da comunicação pode-
mos fortalecer o cooperativismo,
promovendo sua identidade e sua
reputação frente aos diferentes pú-
blicos. O cooperativismo precisa ser
uma marca confiável. Com uma co-
municação dinâmica e abrangente,
precisamos fazer com que seja um
mesa de abertura do seminário (Maria de Fatima Moraes Rodrigues com o microfone), Lygia Bastos, Ana Paula Pêgo, Claudia Siqueira e Myrian Lund.
28
referencial no Brasil e no mundo. A
comunicação estimula a intercoope-
ração e amplia a participação socioe-
conômica das cooperativas”, frisou.
A vice-prefeita de Barra Mansa,
Ruth Coutinho, contou um pouco de
sua trajetória pessoal e mostrou a for-
ça feminina no cenário político atual.
“Estar à frente de um município,
após uma série de dificuldades, já é
uma conquista para todas nós, mulhe-
res. A confiança no trabalho sério e a
superação dos problemas foi marcan-
te na minha carreira”, lembrou Ruth.
Economia e responsabilidade social
A área econômica também foi re-
presentada pela economista e pro-
fessora da Fundação Getúlio Var-
gas, Myriam Lund, que falou sobre
a mulher e as oportunidades e ten-
dências no mercado financeiro.
“Tratando-se de estilos de ad-
ministração, os homens são mais
calculistas, agressivos, procurando
sempre vencer. Já a cultura feminina
abrange a eficiência, competência, di-
namismo, clareza de propósitos e pre-
sença de bom humor”, disse Myrian.
Por sua vez, a gerente regional
do Rio de Janeiro da Cooperativa de
Crédito dos Bancos Federais (Coo-
perforte), Lygia Bastos, falou sobre
cooperativismo e responsabilidade
social, dois temas bastante presen-
tes na história da cooperativa.
“Temos a vontade de realizar, por-
que nós queremos sempre o melhor.
Nós, mulheres, somos mais solidá-
rias e transparentes”, disse Lygia.
A evolução do Sistema Uniodonto
no Estado do Rio de Janeiro foi apre-
sentada pela assessora especial da
Uniodonto Rio, Ana Paula Pêgo.
“Crescemos de cinco mil vidas para
90 mil em 10 anos. Isso no mercado é
um crescimento forte”, disse Ana Paula.
A Uniodonto Rio levou para o even-
to um miniconsultório dentário, onde os
participantes conheceram as novidades
em tratamentos dentários da empre-
sa, como o diagnóstico por imagem.
Emoção em desfile
Por fim, a diretora presidente da
Cooperativa de Costureiras de Santa
Cruz (Coosturart), Claudia Pereira de
Siqueira, contou a história da insti-
tuição, um exemplo cooperativista de
sucesso e que hoje está em destaque
no mundo fashion internacional.
“Estar aqui é como coroar nossa
trajetória. Preparamos a cooperativa
para as futuras gerações. Esse não é
o tempo só da Coosturart, é o tempo
do cooperativismo fluminense. Nossa
preocupação é definir qual o modelo do
cooperativismo vamos deixar para as
próximas gerações”, disse Claudia.
Ao término do evento, a apresenta-
ção da Orquestra de Cordas da Grota,
formada por jovens de comunidades ca-
rentes, assistida pelo Instituto Cooper-
forte, emocionou o público presente.
Para finalizar em grande estilo, a
Coosturart lançou sua coleção outo-
no-inverno 2009 em um desfile com
meninas de comunidades carentes,
que emocionou o público presente.
Máquinas de costura, linhas e agu-
lhas trabalham sem parar desde 2002,
quando o sonho de Cláudia Pereira de
Siqueira tornou-se realidade, unindo
os primeiros retalhos de um setor
com pouco estímulo na Zona Oeste
e fundando a Cooperativa de Costura
Artesanal de Santa Cruz (Coosturart).
Hoje, das mãos de experientes borda-
deiras, o trabalho ganhou uma dimen-
são maior e o ateliê está a todo vapor,
confeccionando coleções completas e
participando de desfiles nacionais e in-
ternacionais de moda.
Nascida em Santa Cruz e mãe
de dois filhos, a presidente da Coos-
turart, Claudia Siqueira, afirma ter
saído da “linha de exclusão” desde
que ingressou na cooperativa. Claudia
ministrava aulas de artesanato em
abrigos e escolas mas não tinha um
trabalho formal. “Vivia sem horizonte.
Hoje tenho perspectiva de crescimen-
to profissional”, disse a artesã. Sua
capacidade de liderança e praticidade a
aproximaram da área administrativa.
A Coosturart desenvolve peças de
vestuário artesanais, brindes corporati-
vos, entre outros produtos, preocupando-
se em incentivar a cultura da reciclagem
e, principalmente, da criatividade, além de
trazer para a comunidade a filosofia coo-
perativista. Já marcou presença em even-
tos como a Babilônia Feira Hype, Fashion
Business e Moda Fashion, além de par-
ticipar de desfiles no Fashion Rio.
Em abril a Coosturart recebeu o
Certificado de Registro Provisório da
OCB/RJ, realizando, assim, mais um
passo para ingressar no Sistema.
Costura com cooperação
Claudia Siqueira e o registro provisório da OCB/RJ
29
Depois de tanto ouvir falar em crise, rendo minhas
homenagens ao dito popular “depois da tempestade,
sempre vem a bonança”. Estaríamos vivendo um momen-
to em que “os bons ventos sopram” para o cooperativis-
mo? O tão fatídico discurso de que o cooperativismo de
trabalho no Brasil é, na verdade, uma falácia, uma fraude,
parece que começa a ter que mudar seu rumo.
Em março, o ministro Ives Gandra Martins, em dis-
curso de posse da nova Diretoria do Tribunal Superior do
Trabalho (TST), não só admitiu a flexibilização trabalhista,
como afirmou que “a manutenção da rigidez das normas
trabalhistas parece ser a receita certa para o agrava-
mento da crise, a decomposição das relações produti-
vas e a ampliação do desemprego”.* Previu, ainda, que
“encontrar o ponto de equilíbrio na fixação da autonomia
negocial coletiva de patrões e empregados é o grande
desafio, ao qual o TST deve dar uma resposta criativa”.
Neste discurso, dois itens destaco aqui: “autonomia
negocial” e “criatividade”.
Insisto que o cooperativismo, em especial o de traba-
lho, precisa de uma autorregulamentação urgentíssima,
aproveitando que ainda não tenha sido aprovada uma lei
de modo satisfatório. A mobilização em âmbito federal
poderá ter o condão de dar-lhe uma “nova cara”, se-
guindo um de seus princípios básicos, que é o da auto-
gestão, possibilitando uma resposta positiva ao cenário
conjuntural da crise econômica e social que ora se apre-
senta. E é justamente a “criatividade” que deve eclodir
do mundo cooperativista, como mais uma modalidade de
amadurecimento social, onde os cidadãos cooperativis-
tas possam arregaçar as mangas e definir as bases de
sua estruturação.
Mas devemos ficar atentos, pois a nova Diretoria do
TST, por sua vez, ao falar em flexibilização das leis tra-
balhistas durante a crise, admite a redução de salário e
de jornada de trabalho, além de um estudo que permita
a redução de encargos sociais, favorecendo a discussão
com os sindicatos, deixando claro que não serão “perdi-
das” as “conquistas” dos trabalhadores.
A grande negociação coletiva é para que se permita a
tal redução de horas e de salário. Isso sim é uma falácia.
Empregados sendo tratados como marionetes nas mãos
de uma minoria sob o manto da “legalidade”. Para bom
entendedor, pingo é letra. Precisamos ficar atentos.
As cooperativas que representam a real autonomia
negocial e a liberdade de definir seus próprios caminhos
precisam aproveitar os bons ventos e partir para a au-
torregulamentação.
Serão auspícios de mudanças?
DataVênia
Adriana Amaral dos Santos é advogada especializada em cooperativismoe sócia da Amaral Santos e Advogados Associados.
*Fonte: http://ext02.tst.jus.br/pls/no01/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_noticia=8994&p_cod_area_noticia=ASCS
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Ramo de Atividade Cooperativas Associados EmpregadosAgropecuário 1.611 968.767 134.579
Consumo 138 2.316.036 8.813Crédito 1.113 3.215.866 38.796
Educacional 327 57.331 2.980Especial 15 531 10
Habitacional 340 78.983 1.354Infraestrutura 148 623.431 5.664
Mineral 53 19.975 105Produção 215 11.931 2.442
Saúde 894 215.755 47.132Trabalho 1.746 287.241 4.997
Transporte 1.060 90.744 7.640Turismo e Lazer 22 1.116 44
Totais 7.682 7.887.707 254.556
Cooperativismo brasileiro em números
Sistema OCB tem 7,8 milhões de associadosFonte: OCB Em dia, jan-mar/2009
Mesmo com a crise financeira internacio-
nal, 2008 foi um ano positivo para o coopera-
tivismo. Cresceram o quadro social e o fatu-
ramento das cooperativas do Sistema OCB.
O número de associados chegou a 7,8 mi-
lhões em 2008, enquanto em 2007 eram 7,6
milhões. O setor fechou 2008 com 7.682 co-
operativas frente às 7.672, no ano anterior.
O faturamento das cooperativas, por sua
vez, alcançou cerca de R$ 84,9 bilhões em
2008, o que corresponde a um crescimento
próximo de 17,6% sobre os R$ 72 bilhões
registrados em 2007.
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Consórcio de cooperativas: uma soluçãoviável para o transporte complementar
Primeiro consórcio de vans do Estado do Rio demonstraliderança unificada e sucesso administrativo
Itaguaí está passando por um novo
momento no transporte municipal. A
união de seis cooperativas de trans-
porte resultou na formação do primei-
ro consórcio de transporte comple-
mentar do Estado do Rio de Janeiro.
A ideia em montar o consórcio para
organizar o transporte naquele municí-
pio nasceu em 2006, após seis meses
de conversação entre os participantes.
Para colocar na estrada as ideias dos
dirigentes, o advogado e especialista na
área, Francisco Vacio Coelho Bezerra, foi
contratado para guiar, com segurança,
os cooperados no caminho certo.
Segundo Bezerra, a maior dificuldade
foi como transmitir aos cooperados que
eles iriam perder a autonomia de suas
cooperativas e passar a decidir unifica-
damente. “Eram empresas que adminis-
travam e operavam de formas diferentes.
Cada uma tinha sua particularidade que
foi necessário trabalhar arduamente.
Localizado na Rodovan, o galpão pos-
sui cerca de 3.600m² de área coberta.
O consórcio oferece amplo pátio para es-
tacionamento, lanchonete, oficina mecâ-
nica, borracheiro, eletricista, sala para
os motoristas, salas para cada coope-
rativa, sala de reuniões e auditório.
Ao todo, o Consórcio Aliança pos-
sui 200 carros em 11 linhas munici-
pais. Hoje, as cooperativas reúnem
200 cooperados e cerca de 400
motoristas e auxiliares. O consórcio
movimenta a economia local, gerando
renda para cerca de 600 famílias.
Na oficina mecânica, montada em
setembro de 2008, foram investidos
mais de R$ 150 mil. São seis mecâni-
cos contratados que fazem mecânica
em geral, limpeza de veículos, traba-
lhos de eletricista e borracheiro.
Segundo o diretor operacional da
Coopec, Luciano Santiago, as coo-
perativas não perderam suas iden-
tidades. “Cada uma resolve suas
questões administrativas. Porém, na
operacionalidade das linhas, as deci-
sões são conjuntas”, afirma.
Uma ideia que deu certo
Pela experiência do assessor jurídico
em São Paulo, que trouxe ideia similar ao
estado do Rio, apesar de muita política na-
quela cidade, foi determinante a quantida-
de de atores envolvidos nas conversações.
“Se uma cooperativa tiver a liderança,
torna-se mais fácil para negociar. Em São
Paulo, Marta Suplicy quis conversar com
as cooperativas líderes e o transporte pú-
blico somente foi arrumado depois que o
Diretoria em frente à sede do Consórcio na Rodovan: transporte alternativo organizado em Itaguaí
Cada um foi cedendo um pouco e seguida
uma direção unificada, que foi determi-
nante na formação do consórcio”, disse.
Segundo o atual presidente do Con-
sórcio Aliança, José Carlos da Silva, cada
cooperativa tinha uma pequena sala no
centro da cidade. “Era uma verdadeira
disputa. Apresentamos nossa ideia para
a Prefeitura: queríamos nos reunir em
um galpão para unificar as atividades e
desafogar o trânsito na cidade”, lembra.
Sinal verde
Outro fator que influenciou nas ati-
vidades da cooperativa foi o bom re-
lacionamento com as esferas públicas
(prefeitura, câmara municipal de vere-
adores e secretaria de transportes).
Com o aval do prefeito Carlos Bu-
sato Júnior (Charlinhos), as coopera-
tivas Tropical, Coopec, Ctaps, Rota
do Sol e Cooperita se uniram e parti-
ram para um trabalho em conjunto.
33
Consórcio Grande Rio consolida união no município do Rio
governo resolveu conversar com as coope-
rativas”, lembra Francisco Bezerra.
Houve uma queda de cerca de 90%
no transporte clandestino naquele mu-
nicípio. “Já aqui no Rio, o Poder Público
prefere conversar com muitos, e assim,
não agrega liderança para as coopera-
tivas. Foi com a nossa teimosia de nos
unirmos em consórcio que fez com que
o prefeito Charlinhos viesse conversar
conosco”, disse o advogado.
Segundo o diretor administrativo da
Rota do Sol, Carlos Antonio, hoje a condu-
ta melhorou muito para ambos os lados.
“A função do consórcio não é deixar que as
cooperativas percam suas identidades,
mas trazer benefícios aos cooperados”.
Obstáculos superados
Em Itaguaí, o Consórcio Aliança mon-
tou a tarifa, protocolou em todos os ór-
gãos públicos e não entrou em conflito
com a população. Ao contrário, esse foi
mais um ganho para a sociedade. A tarifa
– que não muda há três anos – é de R$
1,95 e de R$ 1,50, enquanto que a tari-
fa de empresas de ônibus para a mesma
linha custa R$ 2,40 (valores de março de
2009). Hoje, o consórcio trabalha com
Vale Van e já existe um projeto para ins-
talar a bilhetagem eletrônica.
O trânsito está liberado e, de acor-
do com o presidente do consórcio, os
próximos passos são a compra de um
reboque, compra de motos para o servi-
ço de moto-mecânico, compra de carro
para fiscalização, cursos de reciclagem
e relações humanas e a padronização
com uniformes e crachás para motoris-
tas e auxiliares. “Estamos também ne-
gociando uma parceria com o Banco do
Brasil para abrir uma linha de emprésti-
mo para a compra de imóvel e renovar a
nossa frota de kombis para vans”, disse
o presidente do Consórcio Aliança de
Itaguaí, José Carlos da Silva.
Ainda há muito a ser feito, mas,
com certeza, os quebra-molas iniciais
foram superados. Itaguaí já opera de
cara nova – e jovem – no transporte
municipal. Que o bom exemplo possa
ser levado a outras regiões.
Robert Rios, presidente do consórcio
Consórcio dispõe de oficina mecânica
O Consórcio Aliança serviu de mo-
delo para o Consórcio Grande Rio, com
atuação no município do Rio de Janeiro,
que iniciou suas atividades com 10 filia-
das. O diretor da entidade, Adamor Jú-
nior, adiantou que outras cooperativas
se juntarão ao consórcio nos próximos
encontros. “Começamos com 1.200
carros, entre vans e kombis”, disse.
Adamor Junior lembra que o objetivo
do Consórcio é manter as cooperativas atuando no mercado com
organização e prepará-las para participarem de futuras licitações.
As decisões administrativas serão definidas dentro do espírito co-
operativista, com um conselho para identificar o que é melhor para
os cooperados. A gestão da diretoria será de três anos.
De acordo com o presidente da entidade, Robert Rios,
esta é uma oportunidade para as cooperativas se fortale-
cerem. “Unidos, seremos um bloco
único e ficaremos mais fortes do
que cada um por si”, disse.
Robert Rios foi um dos pio-
neiros do transporte alternativo.
Ele foi um dos criadores da Lei
3.360/2002, que regulamenta o
transporte especial complementar
na cidade do Rio de Janeiro. Rios
também participou da implantação
do sistema de transporte alternativo na gestão do ex-
prefeito César Maia.
Algumas prioridades do Consórcio são a reeducação dos
motoristas, a manutenção preventiva dos veículos e cursos em
parceria com o Sescoop/RJ. “A população precisa ver o trans-
porte alternativo de outra forma. A parceria com o Sescoop/RJ
será fundamental para isso”, disse Rios.
Frota possui 200 carros em 11 linhas municipais
34
De vez em quando, consultorias especializadas em ges-
tão de carreiras publicam resultados de pesquisas re-
alizadas com altos executivos em que nos dão uma mostra
do que as empresas modernas esperam dos profissionais.
O interessante é que os resultados sugerem que, de tem-
pos em tempos, as exigências para inserção, permanência e
ascensão profissional no mercado de trabalho são cada vez
mais rígidas – cujo modelo de pessoa só na ficção é possível
encontrar. Um anúncio de vaga de emprego, considerando
as “novas tendências do mercado”, seria mais ou menos
assim: Empresa procura profissional com capacidade de
trabalhar sob pressão, comunicação excelente, criativida-
de, cultura da qualidade, dinâmico e empreendedor, flexível,
espírito de liderança, motivado, saiba negociar, que seja or-
ganizado, capacidade de planejamento, excelente relaciona-
mento interpessoal, capaz de tomar decisões, que tenha
visão sistêmica, domínio de inglês, de informática, excelente
redação, disponibilidade para viagens.... Ufa!
Na realidade, essas e outras competências sempre fo-
ram importantes em qualquer época ou lugar. Ou você acha
que Noé, responsável pela construção da famosa arca, se
lhe tivessem permitido, seria menos cuidadoso ao contratar
os auxiliares? Da mesma forma, teria Jesus Cristo, quan-
do escolheu os apóstolos, feito isso aleatoriamente ou Ele
sabia exatamente que tipo de discípulos buscava? E o seu
chefe? E você, caro leitor, como agiria se tivesse que esco-
lher um ou outro candidato a uma vaga na sua empresa?!
O mundo, sabemos, está mudando com muita rapidez;
não há limites, tampouco fronteiras. Diariamente, somos
bombardeados com um volume de informações e novidades
tecnológicas seguramente incomparáveis com qualquer
período da história da humanidade; o concorrente não é
mais somente o da esquina, mas do outro lado do planeta.
Nesse contexto, as empresas não têm opção se não a de
se prepararem para as novidades do dia seguinte, ou da
hora seguinte... Mas não precisamos nos estressar, pois,
graças a Deus, nunca saberemos tudo, seja pela complexi-
dade das coisas ou brevidade da nossa própria existência.
Felizmente, quem comanda as organizações são pessoas
como nós: falíveis, estressadas, limitadas pelo tempo, estupe-
fatas ante os novos desafios, atropeladas pelas pressas e pres-
sões, perdidas no meio de papéis e não-conformidades, obriga-
das algumas vezes a tomar decisões radicais - com os atritos e
conflitos daí decorrentes. Mas, se é assim, por que continuam
lá dentro? Teria o processo seletivo do qual participaram errado
feio na análise dos seus perfis quando as escolheu?
Absolutamente, se adequadamente preparados, os pro-
fissionais que as selecionaram certamente não erraram. O
que há de fundamental e merece ser examinado com cuidado
- muito mais do que análise curricular e adequação do candi-
dato à fôrma desenhada - é o ambiente organizacional onde
transitam esses profissionais - os que já estão dentro e os
que desejam entrar. Ninguém será criativo se não houver es-
tímulo e liberdade à criação; ninguém se manterá por muito
tempo motivado se as condições de trabalho não o favore-
cerem; ninguém conseguirá trabalhar sob pressão durante
muito tempo se as causas forem a negligência e o desres-
peito; ninguém será dinâmico e empreendedor se não houver
reconhecimento; ninguém se manterá flexível pela eternidade
se os abusos de autoridade e radicalismos forem recorren-
tes; ninguém tomará certas decisões se não sentir confiança
na organização e não for encorajado nesse sentido.
Portanto, muito mais do que empreender a missão im-
possível de achar no mercado o profissional com o perfil mol-
dado num mundo ficcional - que logo, logo se mostrará igual
aos seus pares -, é preciso, antes de qualquer coisa, avaliar o
clima interno; é necessário que os gestores criem ou estimu-
lem a criação das condições internas que favoreçam o cres-
cimento e o desenvolvimento integral das pessoas. Afinal, e
não custa lembrar, informática, idioma, planejamento, traba-
lho em equipe, administração de conflito, comunicação eficaz,
gestão organizacional e outros conhecimentos são passíveis
de ensinamento, diferentemente do caráter e da humildade -
essas sim, atitudes bem mais complicadas de se moldar.
Competências essenciais
DCP
Paulo Roberto Rezende é consultor de RH e professor nas áreas de Planejamento Estratégico, Comunicação Empresarial, Ética, Redação Técnica, Língua Portuguesa, Gestão de RH e Organizacional e Liderança.
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3ª CAPAUnimed Seguros
36
4ª CAPAOCB/RJ -
Sescoop/RJ