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Agir em conjunto um compromisso comum para com o ambiente mundial Cooperação internacional em matéria de biodiversidade, alterações climáticas e desertificação Comissão Europeia

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A g i rem conjuntoum compromisso comum

para com o ambiente

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Cooperação internacional em matéria de biodiversidade, alterações climáticas e desertificação

Comissão Europeia

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A presente brochura foi publicada pela Comissão Europeia em inglês, francês, espanhol e português.

© FotografiasBruce Davidson: página 10 (gorilas)Conrad Aveling: página 10 (vista aérea)Frank Jacobs: página 14Carlos Penteado: página 15, back coverCE / R. Canessa: página 20CE / F. Lefèbvre: página 21 (paisagem)CE / O. Lehner: página 21 (criança a transportar água)CE / G. Barton: página 26CE / T. Dorn: página 31 (mulheres)

Europe Direct é um serviço que ajuda a encontrar respostaspara as perguntas sobre a União Europeia

Número de telefone gratuito:00 800 6 7 8 9 10 11

A Comissão Europeia declina qualquer responsabilidade, bem como de qualquer pessoaque actue em seu nome, pela utilização que possa ser feita das informações constantesda presente brochura.

Pode obter mais informações sobre a União Europeia na Internet, através do servidorEuropa (http://europa.eu.int).

Concepção/pré-impressão: Mostra Communication

Luxemburgo, Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2006

ISBN: 92-79-00855-2

© Comunidades Europeias, 2006Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

Impresso na Bélgica

IMPRESSO EM PAPEL BRANCO SEM CLORO

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os últimos 200 anos a Humanidade fez progressos extraordinários no que se refere ao

desenvolvimento de novas tecnologias, ao aumento da produtividade económica ou aos

sistemas de transportes e de energia. No entanto, estes progressos não beneficiaram todas

as pessoas do Planeta e por outro lado têm um custo. O avanço nalgumas áreas teve como contrapar-

tida uma degradação do ambiente. As imagens de florestas destruídas, águas poluídas, prados

desertificados, glaciares em fusão e furacões devastadores tornaram-se demasiado comuns hoje em

dia nos meios de comunicação social. O ambiente mundial diz respeito a todos nós – independente-

mente do lugar do mundo que consideramos ser “a nossa casa”.

O reconhecimento internacional destes desafios está a aumentar, assim como aumentam as preo-

cupações dos cidadãos. As Convenções do Rio de 1992 constituíram um marco fundamental para a

protecção do ambiente, ao estabelecerem um quadro claro para as acções internacionais no domínio

da biodiversidade, das alterações climáticas e da desertificação. A UE está empenhada na aplicação

destas Convenções, incluindo o aprofundamento da cooperação e da assistência internacionais.

Na qualidade de Comissários Europeus responsáveis pelas áreas das Relações Externas, Desen-

volvimento, Ambiente e Investigação, partilhamos o compromisso de assistir e trabalhar com

governos parceiros, com a sociedade civil e com o sector privado no sentido de prosseguir a apli-

cação das Convenções do Rio em todo o mundo.

A presente brochura salienta algumas das iniciativas lançadas pela Comissão Europeia e pelos seus

parceiros nos domínios da biodiversidade, das alterações climáticas e da desertificação. Os casos

escolhidos vão desde um projecto na Argélia desenvolvido pela comunidade, destinado a ensinar as

crianças a utilizarem a terra de forma sustentável, até um programa de cooperação científica alta-

mente avançado em matéria de alterações climáticas na América Latina.

No seu conjunto, estes casos representam um vasto leque das actividades que a Comissão Europeia

financiou em todo o mundo. O fio condutor de todos estes projectos é o verdadeiro empenhamento

das pessoas envolvidas e a confiança que temos no seu impacto positivo. É evidente que ainda há

muito por fazer, mas esperamos que estes casos constituam uma fonte de inspiração para todos nós

e nos incentivem a redobrar esforços no futuro. Desejamos-lhe uma boa leitura.

Prefácio

N

Benita Ferrero-Waldner

Comissária para as Relações Externase Política de VizinhançaEuropeia

Stavros Dimas

Comissário para o Ambiente

Louis Michel

Comissário para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária

Janez Potocnik

Comissário para a Ciência e Investigação

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Índice

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O ambiente mundial e a União Europeia

União Europeia, que representa 25

países e 450 milhões de cidadãos e tem

um território de cerca de 3 700 000 km2,

é um importante interveniente no esforço

para assegurar um ambiente equilibrado e sustentá-

vel a nível mundial.

A UE e os seus Estados-Membros participam activa e

empenhadamente nos esforços a nível mundial para

atacar uma série de problemas ambientais, trabal-

hando em estreita colaboração com organizações

supranacionais, administrações nacionais e a socie-

dade civil em todo o mundo.

A responsabilidade ambiental é um dos fios condu-

tores que liga as iniciativas políticas e a legislação

da UE. A preocupação com a conservação do

ambiente é acompanhada do empenhamento no

desenvolvimento sustentável. Além disso, uma vez

que a pobreza está estreitamente associada ao

ambiente, estas considerações reflectem-se cada

vez mais nos nossos programas de cooperação com

os países em desenvolvimento e as economias em

transição.

A nível multilateral a União Europeia é signatária de

muitos acordos ambientais. As três convenções

sobre biodiversidade, alterações climáticas e deser-

tificação, tratadas na presente brochura, decorrem

directamente da Cimeira da Terra de 1992. Propor-

cionam sinergias importantes e exigem cooperação

internacional e diálogo mútuo. Os esforços desen-

volvidos nas diferentes áreas estão fortemente liga-

dos entre si. Por exemplo, as alterações climáticas

têm efeitos na biodiversidade e na desertificação;

quanto maior intensidade e alcance tiverem, maior

será a perda de espécies vegetais e animais e mais

os solos secos e semi-áridos em todo o mundo per-

derão vegetação e se degradarão.

A Comissão Europeia trabalha com os seus parceiros

internacionais nestas questões que estão intima-

mente ligadas e para as quais só existe um objec-

tivo: preservar o nosso ambiente comum, em benefí-

cio das gerações presentes e futuras.

A

“A UE vai liderar os esforços a nível mundial para travar os padrões de

consumo e de produção não sustentáveis. Ajudaremos os países em

desenvolvimento a aplicarem os acordos multilaterais sobre o ambiente

e promoveremos iniciativas relacionadas com o ambiente a favor das

populações pobres.”

Declaração conjunta do Conselho da UE,

do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia:

“Consenso europeu sobre o desenvolvimento”, Novembro de 2005.

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m dos acordos essenciais adoptados na

Cimeira da Terra de 1992, no Rio de

Janeiro, foi a Convenção sobre a diversi-

dade biológica. Esta Convenção abrange

todos os ecossistemas, espécies e recursos gené-

ticos. Tem três objectivos: (1) a conservação da

diversidade biológica, (2) a utilização sustentável

dos seus componentes e (3) a partilha justa e

equitativa dos benefícios que advêm da utilização

dos recursos genéticos. Actualmente, quase todos

os governos do mundo e a União Europeia (no total

188 Partes) estão empenhados nos princípios

estabelecidos na Convenção.

A Convenção sobre a diversidade biológica forneceu

igualmente o quadro para o acordo relativo ao

Protocolo de Cartagena sobre segurança biológica

em Janeiro de 2000, que contribui para a protecção

da diversidade biológica relativamente aos riscos

associados à biotecnologia moderna.

As medidas adoptadas pela União Europeia para

aplicar a Convenção sobre diversidade biológica

estão descritas na Estratégia da Comunidade

Europeia sobre biodiversidade de 1998 e nos seus

planos de acção de 2001, que têm por objectivo

integrar a biodiversidade nas actividades e políticas

e programas da Comissão Europeia, quando a União

Europeia seja competente. Em Junho de 2001 os

Chefes de Estado e de Governo da UE fixaram um

objectivo por excelência para a conservação da

diversidade biológica, quando assumiram o

compromisso no Conselho Europeu de Gotemburgo

de suster o declínio da biodiversidade até 2010.

O Plano de acção da UE para a biodiversidade no

domínio da cooperação económica e para o desen-

volvimento descreve um conjunto de acções e prin-

cípios orientadores destinados a aumentar a conser-

vação e a utilização sustentável da biodiversidade

em países parceiros, tendo em vista contribuir para

a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do

Milénio, que incluem:

•Ja integração da biodiversidade nas estratégias

de desenvolvimento e de cooperação

económica da Comunidade;

•Ja integração das práticas de avaliação do

impacto ambiental na cooperação para o

desenvolvimento;

•Ja oferta de fundos suficientes para a biodiversi-

dade em programas de ajuda bilateral, bem

como em mecanismos internacionais.

A aplicação do Plano de Acção não esteve à altura

das expectativas, pelo que a recente Comunicação

da Comissão sobre a coerência das políticas de

desenvolvimento(1) propõe um aumento dos fundos

para a biodiversidade e o reforço da integração da

biodiversidade na assistência ao desenvolvimento.

Além disso, na recente Comunicação da Comissão

sobre uma nova política de desenvolvimento da

UE(2), a questão do ‘ambiente e dos recursos

naturais’ passou de ‘tema transversal’ para um

‘tema-chave’ da cooperação para o desenvolvi-

mento da UE – tanto para a União Europeia como

para os Estados-Membros. A biodiversidade é

apontada como um elemento fundamental deste

tema.

U

(1) COM(2005)134 final, Coerência das políticas para promover o desenvolvimento – Acelerar os progressos tendo em vista a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.(2) COM(2005)311 final.

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A Convenção sobre a diversidade biológica

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Convenção-Quadro das Nações Unidas

sobre as alterações climáticas (CQNUAC)

estabelece uma estrutura global dos

esforços intergovernamentais para dar res-

posta aos desafios colocados pelas alterações cli-

máticas. Reconhece que o sistema climático é um

recurso comum, cuja estabilidade é afectada pelas

emissões para a atmosfera de gases com efeito de

estufa resultantes das actividades humanas.

O objectivo da CQNUAC é a estabilização das con-

centrações de gases com efeito de estufa na atmos-

fera a um nível que impeça interferências antropo-

génicas perigosas no sistema climático. Esse nível

deve ser alcançado num período de tempo sufi-

ciente para permitir que os ecossistemas se adap-

tem naturalmente às alterações climáticas, a fim de

garantir que a produção alimentar não seja ame-

açada e de permitir que o desenvolvimento econó-

mico continue de uma forma sustentável.

Espera-se que os governos, no âmbito da CQNUAC:

1) reúnam e partilhem informações sobre as

emissões de gases com efeito de estufa, as políticas

nacionais e as melhores práticas; 2) lancem estraté-

gias nacionais para abordar o problema das

emissões de gases com efeito de estufa, incluindo a

concessão de apoio financeiro e tecnológico a paí-

ses em desenvolvimento; e 3) cooperem na prepa-

ração da adaptação aos efeitos das alterações cli-

máticas. Em 1997, os governos concluíram o

Protocolo de Quioto da CQNUAC, que entrou em

vigor em Fevereiro de 2005. O Protocolo de Quioto

estabelece metas para os países desenvolvidos

reduzirem, entre 2008 e 2012, as emissões colecti-

vas em 5% comparado com as emissões de 1990.

As implicações das alterações climáticas são enor-

mes para o desenvolvimento: diminuição da precipi-

tação em regiões áridas e semi-áridas, agravamento

da degradação dos solos, redução dos meios de

subsistência e aumento da ameaça de fome. Outros

efeitos previstos são mudanças nas zonas climáti-

cas, que podem conduzir ao aumento eventual de

pragas de insectos e influenciar a extensão e a

época de algumas doenças infecciosas. As alte-

rações climáticas também podem aumentar os

níveis do mar e o risco de fenómenos atmosféricos

extremos.

A União Europeia, no seu Plano de Acção de Novem-

bro de 2004, confirmou o compromisso de dar

assistência aos países em desenvolvimento para

abordarem os problemas relacionados com as alte-

rações climáticas. Reconhece que as alterações cli-

máticas devem ser integradas em estratégias que

visem aumentar o desenvolvimento e reduzir a

pobreza nos países e regiões parceiros da UE. Este

Plano de Acção, que aborda a adaptação aos efeitos

nefastos das alterações climáticas e a atenuação

das suas causas, compreende quatro elementos

principais:

• maior importância política das alterações

climáticas;

• apoio para adaptação às alterações climáticas;

• apoio para a atenuação e vias de desen-

volvimento com redução de gases com efeito

de estufa;

• desenvolvimento de capacidades institucionais.

Este Plano de Acção está actualmente a ser exe-

cutado em conjunto pelos Estados-Membros da UE e

pela Comissão Europeia.

A Convenção-Quadro sobre as alterações climáticas e o Protocolo de Quioto

A

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A Convenção de combate à desertificação

Convenção das Nações Unidas de combate

à desertificação (CNUCD) aborda os proble-

mas da degradação dos solos nas regiões

áridas e semi-áridas do mundo, centradas

especialmente em África, embora também seja uma

dura realidade em muitas outras regiões do mundo.

As negociações da Convenção foram iniciadas no

Rio e a sua entrada em vigor ocorreu em 1996. A

Convenção tem actualmente 180 signatários,

incluindo a União Europeia e todos os seus Estados-

Membros.

Para além da protecção do ambiente nas terras

secas, a Convenção visa promover o desenvolvi-

mento económico e social das zonas afectadas pela

desertificação. Lançada por iniciativa dos países em

desenvolvimento, em especial africanos, pretende

dar um contributo importante para a redução da

pobreza (artigo 2º da CNUCD). Atribui aos próprios

países afectados a responsabilidade do combate à

desertificação e a participação das comunidades de

base nos programas de acção nacionais e regionais.

A Comissão Europeia está a envidar esforços consi-

deráveis para integrar os princípios da CNUCD nos

seus instrumentos, tanto geográficos como temáti-

cos. Estas acções visam a integração dos princípios

de gestão sustentável dos solos nas estratégias e

programas de cooperação para o desenvolvimento.

A degradação dos solos tem formas e causas

diferentes. Pode estar associada a más práticas

agrícolas ou a várias outras actividades humanas

não sustentáveis. A sobreexploração dos recursos

hídricos e o desenvolvimento urbano em zonas

costeiras pode provocar a salinização dos solos e os

efeitos combinados de secas, inundações e fogos

florestais, bem como o excesso de mobilização dos

solos e o pastoreio excessivo podem dar origem a

alterações irreversíveis dos solos. A utilização não

sustentável de fertilizantes e pesticidas, a contami-

nação por metais pesados e más técnicas de irri-

gação e de drenagem também aumentam muitas

vezes a desertificação.

Como factor a considerar na cooperação para o

desenvolvimento, a desertificação e a pobreza que

daí resulta criam um ciclo vicioso em que a degra-

dação dos recursos naturais contribui para a

redução dos meios de subsistência, uma vez que as

pessoas são forçadas a abusar cada vez mais de

solos frágeis, vegetação escassa e recursos hídricos

limitados para satisfazer as suas necessidades bási-

cas. Entre as pessoas afectadas pela desertificação

incluem-se muitas das pessoas mais pobres, mais

marginalizadas e mais vulneráveis do mundo, que

muitas vezes não são ouvidas no processo de

tomada de decisões: daí a importância do incentivo

da Convenção a uma abordagem participativa.

A Comissão Europeia está empenhada em abordar

estes problemas no quadro do seu apoio ao desen-

volvimento sustentável de países parceiros em todo

o mundo. Tendo em conta as ligações muito estrei-

tas entre desertificação e desenvolvimento, a CE

acredita que a forma mais eficiente de resolver o

problema da degradação dos solos e da desertifi-

cação consiste na integração destas importantes

questões nos processos de desenvolvimento nacio-

nal das partes afectadas. O apoio da CE abrange

vários sectores e actividades, desde institutos de

investigação que trabalham em sistemas de ima-

gens por satélite até ao apoio a acções da sociedade

civil e das comunidades locais e à definição de polí-

ticas a nível governamental.

A

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Biodiversidade

Alterações climáticas

Desertificação

Exemplosde cooperação internacionalem todo o mundo

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As densas florestas húmidas da África Central são o

segundo maior bloco de floresta tropical da Terra,

ultrapassadas apenas pela Amazónia, e são das

zonas selvagens mais ricas em termos de biodiversi-

dade. Existem aqui mais de 10 000 espécies de

plantas e a fauna é excepcionalmente abundante,

com 263 espécies de mamíferos, incluindo 43 espé-

cies de primatas e 708 de aves.

Nos últimos 20 anos, o comércio de ‘carne do mato’,

que abastece os centros urbanos, tornou-se uma

grande ameaça. A sua rápida evolução foi acelerada

pela rede de estradas, muitas abertas por madeirei-

ros, que agora penetram profundamente nos locais

mais remotos da floresta.

Em 1992 a Comissão Europeia lançou uma impor-

tante iniciativa regional de conservação da floresta,

o programa ECOFAC, abrangendo seis países:

Congo-Brazzaville, Gabão, Camarões, Guiné Equato-

rial, República Centro-Africana e São Tomé e

Príncipe. Cerca de 28 000 km2 de floresta são agora

geridos de forma correcta, funcionando como áreas

protegidas: foram criadas infra-estruturas, foi dada

formação ao pessoal, há sistemas de vigilância a

funcionar e foram criados programas de investiga-

ção relacionados com a conservação.

Foram desenvolvidas algumas abordagens inovado-

ras para a gestão dos parques, incluindo o

“CyberTracker”, que revolucionou a técnica de vigi-

lância baseada em patrulhas. Com este novo

instrumento, os dados recolhidos pelas patrulhas

são integrados directamente num sistema de infor-

mação geográfica (SIG), permitindo assim a rápida

tomada de decisões de gestão com base nesses

dados. Os levantamentos de reconhecimento e os

inventários biológicos realizados pelo ECOFAC tam-

bém revelaram locais de excepcional riqueza

biológica, que levaram à criação de novas áreas pro-

tegidas ou ao alargamento das existentes.

O ECOFAC atribuiu recursos consideráveis para asse-

gurar fontes de rendimento alternativas a fim de

reduzir a pressão da caça sobre as populações de

animais selvagens. As actividades de turismo ecoló-

gico, baseadas na observação dos grandes símios,

gera agora rendimentos importantes para as popula-

ções locais e as receitas dos safaris organizados são

canalizadas directamente para as comunidades

locais, que as utilizam em actividades de desenvol-

vimento local e gestão da zona de caça.

Para mais informações: http://www.ecofac.org/

A Convenção sobrea diversidade biológica

África centralO programa ECOFAC na África Central

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1

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A Comissão Europeia é a principal doadora de uma

iniciativa pioneira no domínio da conservação da

biodiversidade na República Popular da China, um

dos países com maior biodiversidade do mundo.

Em Novembro de 2005, representantes da Comissão

Europeia assinaram o Programa de Biodiversidade

UE-China, uma iniciativa conjunta e parceria estraté-

gica entre o Governo da China, a União Europeia e o

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-

mento (PNUD). A Comissão atribuiu 30 milhões de

euros para o financiamento deste programa de

cooperação técnica que irá ajudar a China a inverter

as perdas de biodiversidade em todo o país.

Na cerimónia de assinatura, o Comissário Europeu

responsável pela política do ambiente, Stavros

Dimas, afirmou o seguinte: “a biodiversidade na

China tem não só uma importância mundial como

um considerável valor local em termos económicos

e culturais. A China é um dos dez países ‘ultradi-

versos’, possuindo aproximadamente 10% de todas

as espécies.”

Integração, inovação e parceria são as três palavras-

chave que caracterizam a abordagem deste pro-

grama. Integração implica coordenação entre os

projectos a nível político central e a nível local. Ino-

vação e parceria refere-se a um mecanismo aberto

que incentive ideias inovadoras vindas de uma série

de parceiros – chineses, da UE e instituições inter-

nacionais – que irão participar na concepção e exe-

cução dos projectos no terreno a financiar no qua-

dro do programa.

Este programa de cinco anos, executado essencial-

mente pelo PNUD e pela Administração Nacional

para a Protecção do Ambiente da China, irá ajudar a

criar mecanismos reproduzíveis de gestão da

biodiversidade no país e a dar relevo à biodiversi-

dade em todas as políticas pertinentes.

Com um orçamento total de perto de 52 milhões de

euros, as actividades do projecto vão cobrir princi-

palmente as províncias ocidentais e meridionais da

China, centrando-se nos ecossistemas do deserto,

ecossistemas de montanha e de planalto, ecossis-

temas tropicais e subtropicais e ecossistemas

agrícolas (incluindo sistemas de produção de ervas

medicinais).

Para mais informações:

http://www.delchn.cec.eu.int/en/whatsnew/pren071105.htm

ChinaPromoção da conservação num país ‘ultradiverso’

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2

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A Reserva da Biosfera Manu e o Parque Nacional na

Amazónia peruana constituem um exemplo impor-

tante de uma acção efectiva para preservar a bio-

diversidade e melhorar os meios de subsistência

locais.

Este projecto, financiado pela CE, foi lançado em

1998 e realizado em cooperação com o Instituto

Nacional de Recursos Naturais (INRENA) do Peru e

com os governos regionais e administrações locais e

abordava questões comuns a muitas intervenções

apoiadas no âmbito do programa da CE Florestas

tropicais, designadamente como conciliar as exigên-

cias de desenvolvimento local com a conservação

de ecossistemas frágeis.

O trabalho com as comunidades locais centrou-se

no desenvolvimento de actividades produtivas

ambientalmente sãs (culturas, produtos florestais

não lenhosos e gestão da floresta), no apoio a

associações de pequenos agricultores e assistência

a agricultores para consolidarem os seus direitos à

terra. Esta última iniciativa levou à criação de uma

zona-tampão à volta do parque, onde os habitantes

se tornaram guardiães dos limites do parque.

As actividades geraram benefícios concretos para os

membros de muitas associações locais que podem

agora contar com experiências convincentes de

agro-silvicultura sustentável e de desenvolvimento

empresarial. Vinte e três comunidades de agricul-

tores nas terras altas do parque receberam financia-

mentos para sistemas de irrigação em pequena

escala, sementes de batata adaptadas à zona e para

a reintrodução de lamas, enquanto nos vales 40 gru-

pos de colonos puderam construir campos de cultivo

de arroz e comprar plântulas de arroz e de ananás. O

desenvolvimento de empreendimentos locais para

aumentar as receitas familiares visaram principal-

mente mulheres jovens interessadas na criação de

pequenas empresas para a produção de sumos de

frutos tropicais, para a transformação de mandioca

e batatas, mel e plantas medicinais.

O nível de consciencialização ambiental e de acei-

tação da Reserva de Biosfera aumentou considera-

velmente entre a população. As funções de gestão,

acompanhamento e vigilância da administração do

parque foram substancialmente melhoradas,

incluindo a formação de pessoal e o funcionamento

com melhores condições de trabalho. Foram instala-

das seis estações meteorológicas e duas estações

hidrométricas para o controlo ambiental e foram

desenvolvidos ou actualizados, com a participação

de intervenientes locais, instrumentos de gestão

essenciais para o Parque Nacional Manu e para a

Reserva de Biosfera. O projecto contribuiu significa-

tivamente para suster as perdas de biodiversidade

na Reserva.

A Convenção sobrea diversidade biológica

América Latina Biodiversidade e criação de emprego nas zonas altas da Amazónia

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3

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Este projecto financiado pela UE dá apoio e assis-

tência para ajudar as comunidades a conservar,

gerir e restabelecer os seus recursos de recifes de

corais. O projecto – executado pela Fundação dos

Povos do Pacífico Sul Internacional nas ilhas Fiji,

Salomão, Kiribati, Tuvalu, Vanuatu, Jamaica, Barba-

dos e Grenadinas – arrancou em Agosto de 2003 e

terminou em Agosto de 2005.

O projecto Jardins de Corais foi concebido para capa-

citar as comunidades proprietárias dos recursos a

assumirem a plena responsabilidade pela utilização

inteligente dos seus recursos marinhos, trabal-

hando com as estruturas tradicionais e governamen-

tais existentes e com organizações não governamen-

tais relevantes. Transferiu para as Caraíbas e para

outros países do Pacífico conceitos locais comprova-

dos de gestão de recursos, desenvolvidos nas ilhas

Fiji.

O projecto tinha três áreas de execução principais. A

primeira era fazer um levantamento das situações

existentes a nível nacional em relação à gestão cos-

teira da comunidade, identificar deficiências em ter-

mos da capacidade e acções actuais nos países e

executar um plano de acção para desenvolver capa-

cidades essenciais, prestar assessoria técnica e

realizar actividades-piloto. O objectivo era partir das

bases existentes, bem como identificar áreas onde

eram necessários mais esforços para além do pro-

jecto da UE.

A segunda área principal era a formação e a assis-

tência técnica, visando prioritariamente as necessi-

dades de desenvolvimento de capacidades e de

assistência técnica identificadas no levantamento

preliminar, bem como apoiar os associados locais a

acederem aos recursos para posterior implementa-

ção para além do projecto da CE. Para isso foi dada

formação a formadores, foram reforçadas redes,

facilitaram-se intercâmbios entre agentes na região,

identificaram-se recursos para as organizações

apoiarem as comunidades e foram prestadas infor-

mações relevantes às comunidades.

Por último, a iniciativa Jardins de Corais promoveu

uma abordagem local da gestão costeira, divulgou

as experiências obtidas pelos pequenos Estados

insulares em desenvolvimento e conseguiu outros

apoios governamentais e de financiadores para

estes tipos de intervenção. Esta componente do

projecto articula-se com as recomendações da

revisão ao fim de 10 anos do Programa de acção de

Barbados, realizada nas ilhas Maurícias em Janeiro

de 2005 para acompanhar o desenvolvimento

sustentável dos pequenos Estados insulares em

desenvolvimento.

Para mais informações:

http://www.fspi.org.fj/program/coastal/coral.htm

PacíficoA iniciativa “Jardins de Corais”:

restauração e protecção dos recifes de corais do mundo

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Os elefantes contribuem directa e indirectamente

para a subsistência das populações rurais pobres.

Têm um papel essencial no turismo de observação

da fauna selvagem e nas caçadas em safari e são

uma fonte de peles e marfim. Como são uma espécie

ecológica fundamental, as acções para os conservar

irá beneficiar as outras espécies e os respectivos

habitats, mantendo assim um recurso que as

populações pobres podem aproveitar para o seu

sustento. No entanto, os elefantes estão sujeitos a

uma série de pressões: perda de habitat, conflitos

humanos-elefantes, comércio não regulamentado

de carne e marfim e aplicação inadequada da lei.

O Programa MIKE, instituído pela Convenção sobre o

comércio internacional de espécies ameaçadas de

extinção (CITES), é um sistema de vigilância estabe-

lecido para todas as populações de elefantes

africanos e asiáticos. Ajuda os Estados onde

existem elefantes a tomarem decisões de gestão e

de aplicação coerciva que sustentem a gestão a

longo prazo das suas populações de elefantes. A

Comissão Europeia financia o projecto MIKE em

África desde 2001.

O sistema assegura um melhor processo de tomada

de decisões a nível local e nacional, promove maior

colaboração transfronteiras, apoia o diálogo entre

as Partes do CITES e facilita a tomada de decisões

no que se refere ao comércio. Fornece informações

fiáveis sobre as tendências da caça ilegal e identi-

fica os factores que provocam tais mudanças.

O projecto decorre directamente de uma resolução

da Conferência das Partes do CITES, que concor-

daram com a criação de sistemas de vigilância a

longo prazo para avaliar a extensão (a) do comércio

ilegal de produtos dos elefantes (ETIS) e (b) do abate

ilegal de elefantes (MIKE). O objectivo a longo prazo

consiste em obter informações sobre o efeito das

decisões para autorizar ou suspender o comércio de

produtos de animais selvagens e assegurar benefí-

cios em termos de conservação da biodiversidade e

do desenvolvimento rural em 33 Estados africanos

da área de distribuição dos elefantes. Este projecto

contribui directamente para um dos objectivo da

CDB, a saber, promover a utilização sustentável da

biodiversidade.

Para mais informações:

http://www.cites.org/eng/prog/MIKE/index.shtml

A Convenção sobrea diversidade biológica

África e Ásia Monitorização do abate ilegal de elefantes (MIKE)

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As castanhas do Brasil, um valioso produto não len-

hoso da floresta, que cresce na Amazónia sem ser

cultivado, tornou-se a principal fonte de rendi-

mento das 800 famílias que constituem as comuni-

dades Quilombola do município de Oriximiná. Os

quilombolas são descendentes de escravos africa-

nos que no século XIX fugiram das fazendas para a

floresta, onde passaram a viver. As suas comuni-

dades ocupam mais de 6 000 km2 de floresta tropi-

cal, onde cresce em abundância o castanheiro do

Brasil (Bertholletia excelsa).

Os quilombolas, através de um processo de auto-

organização, criaram uma ONG, a ARQMO, que tem

por missão garantir a propriedade da terra e melho-

rar as condições de vida destas comunidades. O

projecto “Gestão sustentável das terras das comu-

nidades Quilombola, Amazónia, Brasil”, desenvol-

vido em associação com outra ONG, a Comissão

Pró-Índio-São Paulo, e em parceria com a organiza-

ção neerlandesa ICCO, é apoiado financeiramente

pela Comissão Europeia.

A primeira realização deste projecto foi assegurar a

titularidade colectiva das terras, consolidando os

direitos dos quilombolas, que estão garantidos na

Constituição do Brasil. Até à data, 25 comunidades

receberam títulos colectivos de terras que abran-

gem mais de 3 600 km2 de floresta.

As iniciativas de criação de rendimento também

estão a produzir resultados positivos. O número de

quilombolas ocupados na exploração comunitária

das nozes quadruplicou nos últimos cinco anos: em

2005 estiveram envolvidos no processo de colheita

288 homens e mulheres. Os quilombolas nego-

ceiam agora directamente com as fábricas de trans-

formação das nozes, obtendo melhores preços para

a sua produção.

O rendimento da colheita de 2005 foi 14 vezes

superior ao de 2001, antes do início do projecto, e

as receitas per capita triplicaram durante o mesmo

período. Além disso, as mulheres estão a descobrir

outras oportunidades para obter rendimentos. O

projecto promove o artesanato, que utiliza as cas-

cas das castanhas do Brasil; esta actividade

envolve actualmente cerca de 100 pessoas e os

produtos são comercializados em 11 estabeleci-

mentos no Brasil e 1 em França.

América Latina Colheita de um recurso natural sem prejudicar o ambiente

15

“O projecto criou um suporte, uma infra-estrutura. As pessoas que tinham de colher… apanhavam as nozes e trans-

portavam-nas por canoa, tendo de passar quedas de água e depois caminhar 12 quilómetros com a carga às costas;

nessa altura não havia infra-estruturas. Graças ao projecto foram compradas mulas para o transporte, foi aberta uma

nova estrada e comprou-se um motor fora de borda – em vez de remar passou a utilizar-se um pequeno barco com motor.

Depois vieram as instalações de armazenagem e um sistema de comunicações. As infra-estruturas ajudaram muito.”

José Silvano Silva Santos, membro da Comunidade Babacal e coordenador financeiro da ONG local ARQMO

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A região de Phu Khieo, no nordeste da Tailândia, foi

declarada um santuário de vida selvagem em 1972.

Dezanove espécies de mamíferos e catorze de aves

da região estão classificadas no Livro Vermelho de

Dados da IUCN como vulneráveis, quase ameaça-

das, ameaçadas ou gravemente ameaçadas.

O projecto "Gestão sustentável da reserva de vida

selvagem de Phu Khieo mediante participação comu-

nitária" é um programa de sete anos executado pelo

Departamento tailandês do Parque Nacional e Con-

servação da Vida Selvagem e das Plantas, Ministério

da Recursos Naturais e Ambiente. Trata-se de um pro-

jecto que arrancou em 2002 para dar resposta a

pressões crescentes: exploração ilegal de madeira,

caça, colheita de produtos florestais não lenhosos,

pastagem e fogos florestais. O orçamento total é de

12,2 milhões de euros, para o qual a Comissão Euro-

peia contribui com 6 milhões de euros.

Os objectivos do projecto são: 1) aumentar as capa-

cidades e a formação de guardas e pessoal de

gestão da reserva, melhorar o conhecimento das

espécies e da biodiversidade e traçar as fronteiras

da reserva; 2) reduzir a pressão sobre os recursos da

reserva mediante iniciativas para melhorar as con-

dições de vida na zona-tampão e aumentar a coope-

ração entre comunidades e as agências do governo

locais; e 3) aumentar a sensibilização das comunida-

des para os benefícios ambientais da reserva.

O projecto visa desenvolver a gestão dos recursos

naturais com base na comunidade, sendo todos os

interessados plenamente envolvidos a todos os

níveis e em todas as fases da formulação e execução

do projecto. A participação das comunidades mini-

mizará conflitos e fomentará um sentimento de per-

tença e de responsabilidade em relação à utilização

sustentável e à gestão dos recursos naturais.

Uma recente avaliação independente apontou

“resultados de craveira mundial”, incluindo “pro-

gressos notáveis em termos de traçado e demar-

cação das fronteiras da reserva”, graças a esta abor-

dagem de participação das comunidades. Por outro

lado, “verificou-se um aumento significativo da

intensidade e organização das patrulhas desde o

início do projecto e maior eficácia dos guardas”.

Recentemente foi introduzido o patrulhamento

orientado por SIG.

Além disso, os agricultores da zona-tampão rece-

bem aconselhamento e apoio do projecto financiado

pela CE para melhorarem as suas práticas agrícolas.

Para mais informações:

http://www.dnp.go.th/pkEU/

A Convenção sobrea diversidade biológica

ÁsiaCriação de uma reserva de vida selvagem comunitária na Tailândia

16

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As primitivas florestas da província de Mosquitia

das Honduras foram devastadas nas últimas déca-

das por manadas de gado errantes à procura de pas-

tagens, pela exploração ilegal de madeira e pela imi-

gração sem controlo para esta zona de famílias

empurradas pela pobreza e pela falta de terras.

A consequência de tudo isto foi a invasão das terras

dos índios Tawahka Sumu e uma pressão sobre as

culturas locais e o ecossistema florestal, onde

habita o gavião real, a tartaruga gigante e outras

espécies ameaçadas de extinção.

Para evitar uma maior devastação desta biosfera

única, organizações locais e nacionais e algumas

ONG – com o apoio do Governo das Honduras e da

Comissão Europeia, que atribuiu um financiamento

de 860 000 euros – lançaram um programa de qua-

tro anos para a criação da ‘Biosfera de Tawahka

Asangni’.

Foram demarcadas zonas para os índios locais

Tawahka e para os colonos mestiços e foram elabo-

rados planos de gestão para cinco comunidades

Tawahka. Foram igualmente criados 40 km2 de

zonas-tampão nos perímetros da Biosfera mais

ameaçados pela agricultura e criação de gado.

Foi assegurado o fornecimento de electricidade em

três povoações e de água potável noutras duas.

Receberam assistência em técnicas agro-silvícolas

218 famílias Tawahka e 189 de mestiços. 60 hecta-

res de terra foram dedicados ao cacau e 20 a espé-

cies arbóreas de rendimento e foi fornecido equi-

pamento agrícola a cinco comunidades Tawahka.

O programa incluiu igualmente cuidados de saúde e

a criação de uma associação de criadores de gado,

que abrange 17 fazendas nas zonas-tampão. Foi

dada formação em matéria de organização e de

gestão a 62 líderes comunitários, 25 dos quais

Tawahka e os restantes mestiços.

Mais importante ainda, os líderes de todas as comu-

nidades Tawahka empenharam-se num programa de

preservação da biosfera. O projecto Biosfera

Tawahka Asangni promoveu o espírito comunitário e

a consciencialização ambiental em pessoas –

pequenos e médios criadores de gado e madeireiros

ilegais – que antes ameaçavam o futuro da região.

América Latina Protecção de uma cultura e de um ecossistema únicos

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A Comissão Europeia é um dos principais apoiantes

do projecto Desenvolvimento de capacidades relati-

vas às alterações climáticas (C3D), lançado em

2003 pelo Instituto das Nações Unidas para a For-

mação e Investigação. O C3D aborda as carências de

capacidades dos países em desenvolvimento atra-

vés de formação inovadora e de uma parceria para o

desenvolvimento de capacidades com três institu-

tos parceiros:

• Ambiente e Desenvolvimento do Terceiro Mundo

(ENDA-TM), Dacar, Senegal

• Centro de Investigação de Energia (ERC),

Universidade do Cabo, África do Sul, e

• Instituto Munasinghe para o Desenvolvimento

(MIND), Colombo, Sri Lanka. Cada um dos parceiros escolheu um domínio de tra-

balho específico que funciona como recurso do

grupo: ENDA-TM aborda as alterações climáticas,

vulnerabilidade e adaptação, MIND as alterações

climáticas e o desenvolvimento sustentável e ERC a

atenuação dos gases com efeito de estufa. Cada par-

ceiro desenvolveu um módulo de formação e deu

formação aos outros, bem como aos intervenientes

locais e regionais. A colaboração é reforçada por

uma plataforma em linha desenvolvida com a

cooperação do UNOSAT(3) e do Centro Europeu de

Investigação Nuclear (CERN).

A Convenção-Quadro sobreas alterações climáticas e o Protocolo de Quioto

África e Ásia Reforço de capacidadespara lidar com as alterações climáticas

18

“Estamos reconhecidos ao C3D e ao Mind pela

oportunidade que nos deram, enquanto cientistas,

de ver os problemas das alterações climáticas numa

perspectiva mais alargada. É necessária uma

abordagem pluridisciplinar para tratar as alterações

climáticas. O ‘Centro de Estudos para as Alterações

Climáticas’… irá aproveitar esta actividade

de formação do C3D para alargar o âmbito dos seus

estudos, a fim de captar as complexidades

das alterações climáticas.”

Dr G.H.P. Dharmaratne, Director-Geral, Serviço de Meteorologia

do Sri Lanka, ponto focal do IPCC

(3) UNOSAT é uma iniciativa das Nações Unidas para assegurar àcomunidade humanitária o acesso a imagens por satélite e aserviços do Sistema de Informação Geográfica (SIG).

9

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Os módulos: 1) ajudaram a definir a política

nacional relativa às alterações climáticas na África

do Sul, 2) formularam estratégias de desenvolvi-

mento sustentável e de alterações climáticas no

Sri Lanka e 3) deram formação a peritos na África

Central e Ocidental. Foram instituídos intercâmbios

profissionais entre centros, melhorando a vertente

do projecto relativa à partilha de conhecimentos.

Daqui resultou que membros de cada centro

parceiro receberam formação em todas as zonas

tropicais, aumentando assim a capacidade de cada

centro através de colaboração sul-sul. Os parceiros

também tencionam alargar os seus objectivos de

formação, adaptando módulos para objectivos

específicos, oferecendo desenvolvimento profis-

sional e bolsas a agentes nacionais e desenvol-

vendo instrumentos para formação em linha.

A segunda fase do projecto irá ajudar a desenvolver

agrupamentos nacionais e regionais que reúnem

conhecimentos na ciência das alterações climáticas

e em negociações internacionais relativas às altera-

ções climáticas. Mais importante ainda, a iniciativa

está a ajudar países em desenvolvimento a dar uma

resposta mais rápida às causas e efeitos das altera-

ções climáticas, em especial os que afectam os mais

pobres e mais vulneráveis. A segunda fase pode

igualmente incluir dois institutos nas Caraíbas e no

Pacífico.

Para mais informações: http://cern.ch/c3d

19

“Os países em desenvolvimento, especialmente

os pequenos, são prejudicados pela falta

de informação e de competências quando procuram

obter condições mais justas nas negociações

contínuas sobre alterações climáticas.

O programa C3D constitui um passo importante

para colmatar esta lacuna, através desta iniciativa

de dar formação a líderes governamentais,

da sociedade civil e da comunidade empresarial

dos países em desenvolvimento.”

Susil Premajajayanth, Ministro da Electricidade e Energia,

Governo do Sri Lanka

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O objectivo do projecto CLARIS é construir uma rede

integrada europeia e sul-americana de investigação

climática. Esta rede fomentará estratégias de inves-

tigação comuns para controlar e prever as alterações

climáticas e os seus efeitos socioeconómicos, tendo

em conta as especificidades climáticas e sociais da

América do Sul. O seu trabalho contribuirá para o

desenvolvimento de estratégias de adaptação para

a agricultura, cuidados de saúde, produção de ener-

gia hidroeléctrica, etc., numa região fortemente

afectada e dependente das variações climáticas.

O CLARIS vai realizar estudos sobre as alterações climá-

ticas e os seus efeitos através de uma abordagem inte-

grada a níveis múltiplos (continental-regional-local).

O projecto decorre de uma parceria de instituições

francesas, italianas, espanholas, neerlandesas e

alemães, em associação com instituições homólo-

gas na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.

A rede apoiará a transferência de conhecimentos

sobre modelos de sistemas terrestres e das suas

diferentes componentes e procedimentos e facili-

tará o acesso a um conjunto de dados climáticos em

grande escala e simulações climáticas. O projecto

também fornece aos cientistas envolvidos na mode-

lização climática à escala regional na América do Sul

um quadro de comparação e intercâmbio de meto-

dologias dinâmicas e estatísticas.

Em complemento da vertente modelização, o

CLARIS tem como objectivo estabelecer uma base de

dados diária de elevada qualidade de temperaturas

e níveis de precipitação, o que será muito útil para

avaliar e validar a capacidade dos modelos para

simular as tendências climáticas e as alterações de

frequência de fenómenos extremos. A experiência

europeia adquirida com o Projecto Europeu de Ava-

liação Climática será crucial para o seu êxito.

Finalmente, a nível local, o projecto promove três

regimes-piloto destinados a integrar componentes

multidisciplinares e a demonstrar a utilização das

informações climáticas no processo de tomada de

decisões nos domínios agrícola, da saúde e da

poluição.

No âmbito do CLARIS, os investigadores europeus

participarão em projectos do Instituto Interameri-

cano (IIA) e na apresentação de novas propostas de

investigação comuns. A sua abertura a um grupo

especializado de intervenientes nos domínios agrí-

cola, dos resseguros, da hidroelectricidade e outros

domínios irá promover iniciativas futuras sobre a

análise dos efeitos do clima e contribuirá para estra-

tégias de desenvolvimento sustentável.

Para mais informações: http://www.claris-eu.org

A Convenção-Quadro sobreas alterações climáticas e o Protocolo de Quioto

América Latina Apoio à rede europeia e sul-americana de investigação climática

20

10

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Compelidos por anos de seca na década de 70, os

países do Sahel iniciaram um programa a longo

prazo para minorar os seus problemas de abasteci-

mento de água, de irrigação e de empobrecimento

rural. Uma das iniciativas adoptadas por estes nove

Estados da África Ocidental – Mauritânia, Senegal,

Cabo Verde, Mali, Gâmbia, Burkina Faso, Níger,

Chade e Guiné-Bissau, que funcionam através de

um comité permanente (CILSS) – foi um plano

apoiado pela UE de aproveitamento de energia solar

para bombear água.

Nessa altura, as tecnologias de energia solar davam

os primeiros passos. Às incertezas operacionais jun-

tava-se uma série de outros obstáculos, entre os

quais se incluíam a falta de infra-estruturas profis-

sionais relevantes nestes países, nomeadamente

serviços de manutenção, e a resistência dos habi-

tantes do Sahel à ideia de que teriam de pagar a sua

água contribuindo para o custo de instalação e de

manutenção do equipamento de bombagem. Os

governos nacionais e locais são responsáveis pela

construção de reservatórios, torres de água, etc.

Na primeira fase do Programa Regional de Energia

Solar (PRES) financiado pela Comissão, de 1990 a

1998, foram instalados 626 sistemas de bombagem

em aldeias, acompanhados de 629 sistemas de

electrificação de escolas e centros de saúde, o que

representa uma capacidade total de produção de

1 380 kWc. Na fase actual, que a Comissão financia

com um total de 68,5 milhões de euros, prevê-se a

instalação de 465 sistemas adicionais de bombagem.

A experiência mostra que os sistemas fotovoltaicos

de bombagem, que utilizam painéis solares, são

mais económicos para grandes aldeias do que o die-

sel ou mesmo equipamentos alimentados manual-

mente: nos últimos 20 anos, o custo da bombagem

solar diminuiu acompanhando o progresso técnico e

é agora 8% menos oneroso do que o diesel.

Comparado com outros sistemas de produção de

energia, a energia solar tem um investimento inicial

elevado, mas a longo prazo – como está a evidenciar

o êxito deste regime a longo prazo financiado pela

UE – é uma tecnologia viável para países terceiros,

oferecendo-lhes uma energia renovável limpa e

reduzindo a sua dependência dos combustíveis

sólidos. Deste modo, o programa aborda a pobreza

rural, a desertificação e as alterações climáticas de

forma sinérgica. Contribuiu igualmente para um

processo crescente de cooperação regional: as

comunidades locais estão a aceitar cada vez mais a

responsabilidade operacional e financeira pelos

seus sistemas de bombagem.

21

África OcidentalApoio às energias limpas e renováveis

11

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A Comissão Europeia lançou um projecto para

ajudar o Governo russo a preparar as condições para

a aplicação da CQNUAC e do Protocolo de Quioto. O

projecto, que se insere no programa de assistência

TACIS, foi iniciado em Junho de 2005 e a sua

conclusão está prevista para o final de 2006.

Os objectivos deste projecto são desenvolver a

capacidade do Governo russo para medir, controlar

e comunicar emissões de gases com efeito de

estufa, bem como aumentar a sua capacidade para

aplicar medidas, políticas e mecanismos internacio-

nais para reduzir essas emissões, em conformidade

com metas nacionais. As componentes principais

são um sistema nacional de vigilância (KPNIS) e um

registo para contabilizar as quantidades atribuídas.

O programa incluirá igualmente visitas de estudo de

especialistas russos aos Estados-Membros da UE e

a organização de seminários de formação sobre os

mecanismos de Quioto, sistemas de controlo e de

comunicação de dados e a criação de um registo

nacional.

As fases iniciais consistem numa análise dos princí-

pios de organização e das metodologias utilizados

pela Federação Russa para calcular as emissões

antropogénicas de gases com efeito de estufa e um

estudo dos melhores princípios de organização já

aplicados nos Estados-Membros da UE.

Como parte do processo de criação de sistemas de

controlo, de comunicação e de registo, o projecto vai

desenvolver recomendações para melhorar o

quadro jurídico russo relevante. Uma tarefa impor-

tante do programa será propor um sistema de

execução de projectos no âmbito do Protocolo de

Quioto, incluindo a definição de critérios, formu-

lação de orientações e quaisquer requisitos institu-

cionais e legais.

A Comissão também está a ajudar a desenvolver

capacidades de outros países da região para respei-

tarem os compromissos da CQNUAC e beneficiarem

dos mecanismos flexíveis do Protocolo de Quioto

sobre comércio de emissões, aplicação conjunta e

desenvolvimento limpo. Está igualmente a ser

prestada assistência técnica à Bielorússia e à

Ucrânia (com um orçamento de 1,2 milhões de

euros), à Arménia, Azerbaijão, Geórgia e Moldávia

(com um orçamento de 1,2 milhões de euros) e ao

Cazaquistão, Quirguizistão, Tajiquistão, Usbequistão

e Turquemenistão (com um orçamento de 1,4 mil-

hões de euros).

A Convenção-Quadro sobreas alterações climáticas e o Protocolo de Quioto

RússiaApoio institucional à aplicação do Protocolo de Quioto

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Os fenómenos climáticos extremos afectam muitas

zonas do mundo, impedindo o seu desenvolvimento

e acentuando a necessidade de aumentar o nosso

conhecimento dos riscos climáticos. Precisamos de

melhorar a nossa capacidade de investigação, infra-

estruturas, conhecimentos e parcerias, a fim de gerir

os riscos existentes e antecipar os futuros e integrar

a gestão dos riscos climáticos nas estratégias e no

planeamento do desenvolvimento.

A iniciativa ACCCA(4), financiada pela Comissão, visa

ajudar as comunidades científicas e intervenientes

dos países em desenvolvimento a simplificarem a

tomada de decisões e os seus processos de adap-

tação. O objectivo consiste em reduzir a vulnera-

bilidade às alterações climáticas e ambientais, pro-

movendo ao mesmo tempo o desenvolvimento

sustentável.

O projecto ACCCA presta assistência a parcerias de

intervenientes e de organizações científicas para

executarem projectos-piloto que: 1) identifiquem e

dêem prioridade aos riscos climáticos relevantes

para as respectivas regiões e comunidades, 2) ava-

liem os conhecimentos disponíveis sobre estes ris-

cos e as oportunidades de adaptação e 3) promo-

vam fóruns de intervenientes para ajudar a

seleccionar e adoptar as respostas correctas.

Ajudará a criar um conjunto geograficamente diver-

sificado de sistemas de adaptação que abordem os

riscos climáticos, os riscos para grupos de sub-

sistência, aglomerados humanos, saúde, segurança

alimentar e recursos hídricos.

A iniciativa ACCCA é gerida por uma parceria entre o

Instituto das Nações Unidas para a Formação e

Investigação (UNITAR), o Instituto do Ambiente de

Estocolmo, a Universidade do Cabo e a rede Sistema

de Alterações Globais para a Investigação Analítica

e Formação (START). Para além de fornecerem fun-

dos, aconselhamento, assistência técnica e formação,

o ACCCA organizará seminários e coordenará a par-

tilha de dados, de conhecimentos e de capacidades.

A parceria ACCCA implicará directamente as popu-

lações cuja saúde e meios de subsistência estão em

risco, concebendo soluções sustentáveis para as

ameaças específicas que enfrentam. A iniciativa

desenvolverá instrumentos para acelerar a adap-

tação, melhorar as capacidades das organizações

dos países participantes, criar parcerias de interve-

nientes e organismos científicos e reforçar a capaci-

dade de institutos no hemisfério sul para dar uma

resposta efectiva aos desafios das suas regiões.

(4) Advancing Capacity to Support Climate Change Adaptation.

África e Ásia Apoio a parcerias para adaptação

às alterações climáticas

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O projecto BASIC é um programa de desenvolvi-

mento de capacidades que visa reforçar a capa-

cidade interna do Brasil, África do Sul, Índia e China

para determinar quais as iniciativas que melhor ser-

vem para combater as alterações climáticas nas con-

dições, interesses e prioridades específicas nacio-

nais. As equipas dos países serão apoiadas pelo

Instituto de Estudos para o Desenvolvimento, pelo

Instituto Mundial de Recursos, pelo Ecofys e por

outros especialistas internacionais de alterações cli-

máticas. O financiamento do projecto BASIC está

assegurado inicialmente para uma fase de dois

anos, que começou em Janeiro de 2005. Se o pro-

jecto for bem sucedido, deve levar a um esforço de

colaboração a mais longo prazo.

Inicialmente, o projecto vai criar uma rede a

diversos níveis, reunindo os governos dos quatro

países em desenvolvimento e instituições não

governamentais nacionais e internacionais com

experiência de investigação, políticas e execu-

ção. O objectivo consiste em obter ganhos de

capacidade interna a longo prazo na linha de sepa-

ração governamental/não governamental. Os

governos, organizações e pessoas participantes

estão altamente motivados e prontos para partilha-

rem informações, formação e “aprendizagem com a

experiência” para ligar as políticas nacionais e inter-

nacionais relativas às alterações climáticas.

O projecto, apoiando a capacidade destes países

para extraírem lições das suas experiências de exe-

cução – em termos de ideias extraídas de processos

institucionais, execução de políticas específicas no

domínio climático e oportunidades de aprendiza-

gem mútua com um grupo mais vasto de países em

desenvolvimento – proporcionará um importante

ponto de partida para delinear a futura política

climática, nacional e internacionalmente.

O projecto BASIC cobre aspectos essenciais suscep-

tíveis de ter efeitos na evolução do regime de alte-

rações climáticas – atenuação, adaptação e consi-

derações jurídicas, institucionais e processuais

importantes a nível nacional e internacional –

mediante três actividades: 1) reforço de capacida-

des institucionais internas; 2) aumento de com-

petências de análise e de desenvolvimento de pro-

gramas; e 3) reforço de competências de negociação

e da base de conhecimentos dos países em desen-

volvimento em matéria de negociações climáticas.

Estas componentes serão atingidas através da

implementação de cinco missões, mediante uma

combinação de actividades que envolvem a disse-

minação de informações, formação, sistemas de

orientação, criação de redes e oportunidades

mútuas de aprendizagem com a experiência.

Para mais informações: http://www.basic-project.net

A Convenção-Quadro sobreas alterações climáticas e o Protocolo de Quioto

Brasil, China, Índia e África do SulDesenvolvimento e reforço da capacidade institucionalem economias emergentes

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As enormes alterações na região da monção oeste-

africana, que passou de condições húmidas nos

anos 50 e 60 para condições muito mais secas nos

anos 70 a 90, representa um dos sinais entre

décadas mais fortes do Planeta no século XX.

Desde então, as variações inter-anuais observadas

resultaram em anos extremamente secos, com

efeitos ambientais e socioeconómicos devasta-

dores. A diminuição acentuada dos recursos

hídricos no Sahel, em especial, reduziu para metade

o número de bovinos e eliminou completamente

algumas culturas que antes eram exportadas.

A vulnerabilidade das sociedades da África

Ocidental às variações climáticas pode aumentar

nas próximas décadas, à medida que aumenta a

procura de recursos de acordo com o rápido

aumento da população. A Comissão contribuiu com

11,7 milhões de euros para o projecto de Análise

Multidisciplinar da Monção Africana (AMMA),

desenvolvido para dar resposta a este desafio das

alterações climáticas. O seu objectivo é aumentar a

previsibilidade das monções e dos seus efeitos e da

influência das alterações climáticas na variação das

monções.

O projecto AMMA é gerido pelo Centre national de la

recherche scientifique (CNRS) francês, em asso-

ciação com outras instituições e universidades em

França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha,

Países Baixos, Dinamarca, Finlândia, Bélgica e com

parceiros no Senegal, Níger e Burkina Faso. Os seus

objectivos são reforçar os sistemas regionais de

controlo ambiental e levar a cabo campanhas inten-

sivas no terreno para compreender melhor os

mecanismos envolvidos e aperfeiçoar os modelos e

competências previsionais.

O sistema de observação cobrirá o ciclo regional da

água, a dinâmica e a química atmosféricas e a

superfície da terra e as condições oceânicas.

Abrangerá três escalas temporais: 1) o controlo a

longo prazo, 2) um maior período de observação de

dois anos e 3) um período especial de observação

de uma estação de chuvas.

Para controlar a dimensão humana da variação da

monção oeste-africana, o rendimento das culturas,

os recursos hídricos e a saúde serão controlados

segundo a mesma estratégia.

Para mais informações: http://www.amma-eu.org

25

África OcidentalApoio à investigação sobre a monção africana

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Desde 1990 que a Comissão Europeia apoia o

Governo do Mali numa luta desesperada para conter

as areias do deserto que invadem as regiões de

Tombuctu e Gao no rio Níger.

Um conjunto de projectos coordenados produ-

ziram excelentes resultados: a estabilização mecâ-

nica/biológica de 980 hectares de dunas arenosas

que ameaçavam estas zonas, a construção de 2 500

hectares de barreiras de areia, 2 000 hectares de

plantação de eucaliptos para lenha doméstica e

350 hectares de pomares. Os eucaliptos têm já

10 metros de altura e fornecem madeira no valor de

4 200 euros por hectare.

Incentivada por estes resultados, a Comissão Euro-

peia lançou outro programa, mais ambicioso, que

vai de 2002 a 2006. Este programa prossegue as

seguintes iniciativas: estabilização de mais 3 650

hectares de dunas, protecção de 8 000 hectares de

florestas existentes e plantação de 1 000 hectares

de nova floresta, 800 hectares de pomares e 300

hectares de culturas hortícolas.

A primeira fase revelou igualmente a importância do

envolvimento das comunidades locais para se con-

seguirem resultados a longo prazo: é por isso que

esta nova fase dá maior ênfase à participação e ao

desenvolvimento de capacidades a nível local. Os

participantes foram identificados, recrutados e for-

mados em relação a todos os aspectos do programa

e foram assinados contratos com cultivadores,

transportadores e especialistas florestais.

Além disso, o programa procura resolver a questão

do combustível doméstico, criando um inventário de

recursos de lenha, aplicando uma gestão sustentá-

vel de recursos de madeira, criando 24 novos merca-

dos rurais de lenha, acrescentando mais de 2 000

hectares de plantações de eucaliptos e financiando

o desenvolvimento e distribuição de fornos e fogões

domésticos mais aperfeiçoados.

Os resultados deste trabalho são evidentes na zona

à volta de Tombuctu. O ecossistema desértico está a

ser transformado em floresta, fomentando um

microclima favorável ao cultivo de frutos e vegetais

e à floresta. Os programas de consciencialização

ambiental garantiram que a população está atenta e

participa agora directamente na tarefa de estabilizar

as dunas arenosas e de plantação de árvores. A

ameaça das areias do deserto para as aldeias, estra-

das, culturas e para o próprio rio Níger foi contida.

A Comissão Europeia, entre 1990 e 2006, terá atri-

buído 22,5 milhões de euros para as sucessivas

fases deste ambicioso programa.

Para mais informações:

http://www.delmli.cec.eu.int

A Convenção de combate à desertificação

África OcidentalLuta contra a desertificação no Mali

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Page 29: RIO Broch PT - eeas.europa.eueeas.europa.eu/archives/docs/library/publications/2006_rio... · O ambiente mundial e a União Europeia A Convenção sobre a diversidade biológica A

Foi este o nome dado a uma iniciativa financiada

pela Comissão Europeia na região do Rio Hurtado,

centro-norte do Chile, para o interior da cidade de

Coquimbo. Esta iniciativa, coordenada por uma

ONG local, ‘El Canelo de Nos’, com o apoio de uni-

versidades e serviços públicos chilenos, está a

modelar o desenvolvimento social, económico e eco-

lógico da região, aproveitando o potencial dos seus

habitantes.

O projecto estabelece um equilíbrio entre a criação

de fontes alternativas de rendimento para a popu-

lação (4 800 habitantes, principalmente índios) e a

conservação do ambiente e das culturas locais. Esta

região, com 2 200 km2, estende-se ao lado da zona

mais árida do mundo: mais de 55% da sua terra é

deserto.

A região do Rio Hurtado é povoada há mais de

10 000 anos e foi um centro importante na histórica

‘estrada dos Incas’. Actualmente, a principal activi-

dade da região é a exploração de culturas comer-

ciais. Os níveis de pobreza duplicaram no período

1998-2001 e a emigração atingiu em média 7% na

última década.

A estratégia de combate à pobreza e desertificação

foi desenvolvida por um Fórum Regional, que apro-

veitou os recursos de um Centro de Educação e

Tecnologias Aplicadas (CEATA), que foi criado espe-

cialmente para o efeito. Foi igualmente desenvol-

vido um sítio Web que expõe técnicas de cultivo e

outros dados práticos (www.proyectoriohurtado.cl).

As acções para combater a desertificação incluem

iniciativas de florestação, que favorece a reintro-

dução de espécies nativas e a gestão integrada dos

lençóis freáticos.

Outras iniciativas são a introdução de actividades

produtivas que sejam adequadas do ponto de vista

socieconómico e ecológico, o estabelecimento de

pequenas e médias empresas, a criação de novos

mercados para a produção local, o desenvolvimento

de parcerias público-privado e a integração de con-

hecimentos tradicionais e contemporâneos no sis-

tema educativo. Questões subjacentes são a capaci-

tação dos habitantes, individualmente e através da

promoção de iniciativas comunitárias, procedimen-

tos para incentivar estágios e motivação pessoal e o

desenvolvimento de uma identidade regional.

A CE atribui 850 000 euros a esta iniciativa para um

período de cinco anos.

Para mais informações:

http://www.proyectoriohurtado.cl

| América Latina

A ‘agenda civil’ do Rio Hurtadosobre pobreza e desertificação

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Uma barreira natural contra a desertificação, a

Reserva ‘W’ Transfronteiras do Homem e da Biosfera,

constitui um modelo de gestão internacional de

ecossistema completado por desenvolvimento local e

redução da pobreza nas zonas circundantes. Prova

que é possível uma gestão sustentável dos recursos

naturais em terras áridas, tem um grande potencial e

permite às comunidades locais melhorarem os seus

meios de subsistência protegendo os seus bens

principais: os recursos naturais.

A Reserva liga os parques nacionais situados ao

longo das fronteiras comuns do Benim, Burkina-

Faso e Níger. Trata-se de um dos maiores complexos

ecológicos da África Ocidental, que abriga grande

parte da fauna selvagem ameaçada ainda existente

e habitats de savana da sub-região. A Reserva é

igualmente o último refúgio do cão selvagem

africano, da chita e do manatim na África Ocidental.

A Reserva ‘W’ é agora indicada em vários acordos

internacionais importantes: Sítio do Património

Mundial, Reserva Transfronteiras do Homem e da

Biosfera – a primeira em África – e Terras Húmidas

de Importância Internacional de Ramsar.

Com um financiamento de 20 milhões de euros da

Comissão Europeia, o projecto ECOPAS promove

uma abordagem regional baseada em consultas, na

tomada de decisões e em mecanismos de gestão

comuns. Foram identificadas as prioridades para a

utilização e gestão dos recursos naturais, para o

desenvolvimento rural e para a obtenção de benefí-

cios das actividades do parque. Na área protegida a

abordagem regionalizada permite o agrupamento

das receitas, um sistema unificado de estradas e de

entradas, pontos de irrigação, comunicações rádio,

o combate à caça furtiva, o controlo dos mamíferos

e acções de investigação.

Na zona-tampão o ECOPAS está a promover a gestão

sustentável dos solos, incluindo a pastorícia

transfronteiriça e técnicas agrícolas locais. Esta

estratégia ajuda a reduzir a pobreza na região e

ataca o problema da dificuldade de desenvolvi-

mento local devido à má utilização dos recursos

naturais.

Todos os ecossistemas têm um equilíbrio delicado:

a ‘W’ é um caso extremo, uma vez que o grau de

desertificação aumenta devido às alterações

climáticas e à sobreexploração humana. A luta

contra a degradação dos solos e a desertificação,

para assegurar o desenvolvimento local e a conser-

vação da Reserva, só terá êxito se as populações

locais compreenderem os benefícios das práticas

de gestão recomendadas. Foi criado um extenso

programa de educação ambiental e são organiza-

das reuniões periódicas e sessões de formação em

escolas locais e nos municípios.

Para mais informações: http://www.parc-w.org/

A Convenção de combate à desertificação

África OcidentalUma iniciativa transnacionalpara salvar um ecossistema único

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As terras do Magrebe do noroeste de África – Argélia,

Marrocos, e Tunísia – constituem um exemplo da

degradação dos solos e da desertificação típicas

do Mediterrâneo.

São terras áridas e semi-áridas, com uma base de

recursos naturais frágil, que oferecem poucas opor-

tunidades de aumento de produtividade sustentável

em condições sujeitas às oscilações da pluviosi-

dade. A principal actividade nestas regiões é a

criação de pequenos ruminantes dependentes de

espaços abertos.

A União Europeia está a financiar programas-piloto

para combater a desertificação em duas regiões: o

município rural de Ouled Dlim (wilaya Marra-

queche), na parte central de Marrocos, e a imada de

Skhiret (Província de Kasserine), na Tunísia. A região

montanhosa seleccionada para o projecto marro-

quino é frágil e bastante degradada, com escassa

cobertura vegetal e sujeita a intensa erosão pelo

vento e pela chuva. A região seleccionada na Tunísia

tem um clima semi-árido, caracterizado por chuvas

irregulares e por vezes intensas. Ambas são regiões

muito sensíveis, que precisam da restauração da

cobertura vegetal.

A plantação de arbustos forrageiros constitui uma

forma eficiente de atenuar os efeitos da seca.

Alguns estudos salientam o potencial dos arbustos

forrageiros como uma reserva verde permanente

para as estações áridas e para as secas, como pro-

tecção ambiental (sebes e abrigos de fauna selva-

gem), para a recuperação dos solos e controlo da

desertificação e para produção de madeira para

combustível. Entre as espécies utilizadas nestes

programas incluem-se a Acacia e a Opuntia (figo da

Índia).

Um programa semelhante financiado pela UE, Les

amis du Mont Chenoua, começou agora a dar resul-

tados na Argélia. Os objectivos deste projecto de

três anos eram incentivar os jovens a protegerem o

sítio montanhoso e arranjar meios de subsistência

para os habitantes através da criação de cabras. O

projecto ocupou toda a energia de 1 000 jovens

Chenouis, uma população berbere, que realizaram

caminhos rústicos, protegeram oliveiras centená-

rias, limparam nascentes naturais e construíram

sebes para cortar o vento.

Para mais informações:

http://www.smaprms.net/EN/index.php?subdir=com_des&page=com_des.php

Norte de África Revestir de verde as terras desérticas do Magrebe

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Em Novembro de 2003, a Comissão Europeia

concluiu um acordo com o Programa das Nações Uni-

das para o Desenvolvimento (PNUD), a fim de finan-

ciar o projecto ‘Melhorar o acesso ao mercado para

os produtos de base das terras áridas’. Este projecto

centra-se na política de marketing que afecta os agri-

cultores-pastores e outros pastores, especialmente

mulheres, em três regiões da África Oriental: Turkana

e Kajiado no Quénia, Karamoja no Uganda e Monduli

na Tanzânia.

Os objectivos específicos deste projecto de acesso

aos mercados (MAP – Market Access Project) são pro-

mover o desenvolvimento de produtos, identificar as

ligações entre o marketing e a informação e estabe-

lecer estratégias de mercado, bem como incentivar a

gestão dos recursos naturais, a criação de sistemas

microfinanceiros e a resolução de conflitos regionais.

O MAP tem por base o Programa de Biodiversidade

Transfronteiras da África Oriental, no âmbito do

Mecanismo Mundial para a Protecção do Ambiente

(GEF), que visa reduzir as perdas de biodiversidade

em quatro pares de sítios transfronteiras nestes três

países. Aborda questões identificadas na compo-

nente relativa aos meios de subsistência do projecto

GEF e, utilizando as infra-estruturas do GEF, concen-

tra-se nos aspectos do acesso aos mercados. Como

os projectos GEF se centram normalmente nos custos

adicionais para a obtenção de benefícios mundiais,

este projecto é um bom exemplo de como um doador

bilateral pode dar apoio centrado localmente.

As actividades do projecto incluem levantamentos

de base, mobilização comunitária e planeamento de

acções, formação das bases e desenvolvimento da

consciencialização, reforço institucional e de capaci-

dades, campanhas de promoção de produtos, visitas

de intercâmbio, seminários regionais, pesquisas e

estudos, formulação de políticas e lobbying, partilha

de experiências e acompanhamento e avaliação.

O Desenvolvimento Participativo de Tecnologias

(DPT), ou seja, um empenhamento activo por parte

das comunidades participantes no processo decisó-

rio de desenvolvimento de tecnologias, é um dos

aspectos mais interessantes do MAP: as comuni-

dades identificam as inovações tecnológicas e as

lacunas das tecnologias existentes quando desen-

volvem os seus produtos.

Os produtos comerciáveis já identificados, além das

culturas tradicionais e do gado, incluem leite, mel,

óleos não comestíveis (por exemplo, da árvore Jatro-

pha curcas), goma arábica, produtos medicinais (por

exemplo, aloé), artesanato, turismo ecológico, ouro e

pedras preciosas, ocre e sal-gema, calcário e már-

more e uma série de produtos das terras secas.

O projecto MAP está a aumentar a cooperação entre

os Ministérios do Ambiente e dos Recursos Naturais

dos países da Comunidade da África Oriental, os diri-

gentes regionais e as comunidades locais.

Para mais informações:

http://www.undp.org/drylands/history.htm

A Convenção de combate à desertificação

África OrientalEncontrar pontos de escoamento lucrativos para os pastores

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O projecto de redes de vigilância contínua da deser-

tificação (Re.S.D-AO - Réseaux de surveillance conti-

nue de la désertification) visa mobilizar os recursos

combinados dos serviços meteorológicos dos paí-

ses da África Ocidental afectados pela desertifi-

cação. Trata-se de um projecto coordenado por uma

organização sedeada no Níger, a Agrhymet – um

instituto do Comité Permanente Inter-Estados para

a Luta contra a Seca no Sahel (CILSS) – e financiado

pela Comissão Europeia.

A estratégia global do projecto consiste em apoiar a

gestão sustentável da terra na África Ocidental atra-

vés de vários componentes. O primeiro é aumentar

os recursos e o papel dos serviços meteorológics

nacionais, ajudá-los a colaborar mais estreitamente

e incentivar maiores níveis de cooperação entre os

utilizadores dos dados meteorológicos, incluindo as

comunidades rurais.

Em segundo lugar, o projecto avalia a dinâmica das

tendências ambientais e cria sistemas de alerta pre-

coce para combater a desertificação, desenvolven-

do uma rede de instituições técnicas locais, nacio-

nais e regionais para divulgar dados e informações.

O último objectivo do projecto é elaborar mapas e

tipologias das zonas afectadas, para detectar

tendências na ocupação dos solos e compreender

os mecanismos que influenciam a cobertura de

árvores e plantas. Todos estes instrumentos e infor-

mações devem ajudar os responsáveis, desde o

nível nacional ao local, a decidirem sobre as formas

de gerir os recursos naturais e planear medidas

eficazes para combater a desertificação e a degra-

dação dos solos.

Esta nova rede está ligada ao programa AMESD

(Vigilância do Ambiente para um Desenvolvimento

Sustentável em África): procurará igualmente

aumentar as capacidades dos serviços meteorológi-

cos nacionais e explorar sinergias com outras redes,

como a ROSELT e o Programa de Margens do Deserto

(PMD).

O projecto Re.S.D-AO baseia-se e integra todos os

métodos de vigilância relevantes e tecnologias de

localização por satélite, cartografia aérea e obser-

vação terrestre para o processamento, análise e

armazenamento de dados.

Para mais informações:

http://www.agrhymet.ne/

África OcidentalMobilização de recursos para controlar a desertificação

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Conclusão

umprir compromissos internacionais nunca

é fácil. O desenvolvimento sustentável

constitui um desafio mundial que exige uma

coordenação de esforços por parte de todos

os intervenientes. Além disso, nem sempre se dá a

atenção merecida à conservação do ambiente, um

dos pilares do desenvolvimento sustentável.

Um elemento essencial para o sucesso é a necessi-

dade de compreender que o ambiente está intima-

mente ligado às questões sociais e económicas e

cada vez mais às questões políticas. Não só herdá-

mos um legado de má gestão dos nossos recursos

naturais, como também estamos agora confronta-

dos com uma situação em que muitas medidas cor-

rectivas exigem um investimento em termos de

esforço e de paciência durante um longo período.

Isto não é fácil quando se têm pela frente horizontes

de planeamento incertos e prioridades nacionais

urgentes.

A Comissão Europeia, sendo um dos principais pro-

ponentes da protecção do ambiente, apoia uma

vasta gama de iniciativas. Tal não significa que se

possa esperar o aparecimento de soluções mágicas,

tiradas da “cartola”, nem sequer que tais soluções

existam.

Mas agrupando os recursos e agindo de forma

concertada com a comunidade internacional, acredi-

tamos poder contribuir para a missão de fazer do

mundo um lugar onde se possa viver melhor.

Todos os projectos aqui referidos receberam apoio

da Comissão Europeia no quadro de um conjunto de

programas nos domínios da assistência externa

(instrumentos tanto geográficos como temáticos) e

da investigação. Diferentes formas de colaboração

com uma série de parceiros – administrações nacio-

nais, institutos de investigação, sector privado e

sociedade civil – aumentaram o nosso conheci-

mento das abordagens e das práticas com que se

conseguem resultados.

Mesmo os projectos mais avançados e mais bem

concebidos só conseguem obter bons resultados se

houver um nível genuíno de apropriação e de

empenhamento de todas as partes. Um ‘empenha-

mento comum’ pressupõe persistência, uma visão

comum, vontade de escutar e de aprender e de estar

pronto para tomar medidas já. Todos os projectos

apresentados nesta brochura correspondem a estes

critérios.

C

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V E N D A S E A S S I N AT U R A S

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podem ser encomendadas aos nossos agentes de vendas em todo o mundo.

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