rima - ceivap · ambiental (rima), que foi baseado no estudo de impacto ambiental (eia), elaborado...

73
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA RIMA RIMA Obras de Proteção da Tomada D'água da CEDAE no Rio Guandu

Upload: others

Post on 12-Aug-2020

9 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

RIMARIMAObras de Proteção da Tomada

D'água da CEDAE no Rio Guandu

Page 2: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Este documento consiste no Relatório de ImpactoAmbiental (RIMA), que foi baseado no Estudo deImpacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar osimpactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água daCEDAE no Rio Guandu.

A elaboração do EIA/RIMA seguiu a Instrução Técnicado órgão ambiental do Estado do Rio de Janeiro (ITFeema 21/2007) e o Termo de Referência da CEDAE.Baseou-se em informações e dados já existentes, emmodelagens hidrodinâmicas e de qualidade da água e emobservações de campo complementares.

Foram consultados dados originais do monitoramento dequalidade da água bruta executado pela CEDAE, dadosestatísticos e outras informações de fontes oficiais, comoIBGE e outros órgãos da administração pública federal,estadual e municipal, bem como outros estudospublicados sobre a região.

Em campo, as equipes responsáveis pelo estudo visitaramo local do empreendimento e o entorno imediato,incluindo percurso de barco na Lagoa do Guandu comcaptura e devolução de peixes para identificação dasespécies mais comuns, realizaram entrevistas informaiscom moradores e pescadores da comunidade de Todos osSantos, localizada na margem esquerda do rio Guandu,próximo à tomada d'água da CEDAE, e fizeramobservações geológico/geotécnicas para indicação depotenciais áreas de empréstimo.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Sum

ári

o

INTRODUÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

ÁREAS DE INFLUÊNCIA

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

PROGNÓSTICO AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

PROGRAMAS AMBIENTAIS

EQUIPE TÉCNICA

..............................................................................................................01

......................................02

........................................................................................08

..............................................................................11

11

22

................................................................................. 48

............................................................................57

...............................................59

................................................................................67

......................................................................................................70

...........................................................................................................................................

..................................................................................................................................

.....................................................................................................

MEIO FÍSICO

MEIO BIÓTICO

MEIO SÓCIOECONOMICO 40

i

Page 3: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu
Page 4: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

01

intr

odução

Este documento consiste no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que foi baseado noEstudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras deProteção da Tomada D'Água da CEDAE no Rio Guandu.

A elaboração do EIA/RIMA seguiu a Instrução Técnica do órgão ambiental do Estado doRio de Janeiro (IT Feema 21/2007) e o Termo de Referência da CEDAE. Baseou-se eminformações e dados já existentes, em modelagens hidrodinâmicas e de qualidade da água eem observações de campo complementares.

Foram consultados dados originais do monitoramento de qualidade da água bruta executadopela CEDAE, dados estatísticos e outras informações de fontes oficiais, como IBGE e outrosórgãos da administração pública federal, estadual e municipal, bem como outros estudospublicados sobre a região.

Em campo, as equipes responsáveis pelo estudo visitaram o local do empreendimento e oentorno imediato, incluindo percurso de barco na Lagoa do Guandu com captura e devoluçãode peixes para identificação das espécies mais comuns, realizaram entrevistas informais commoradores e pescadores da comunidade de Todos os Santos, localizada na margem esquerda dorio Guandu, próximo à tomada d'água da CEDAE, e fizeram observaçõesgeológico/geotécnicas para indicação de potenciais áreas de empréstimo.

Page 5: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Limite da Bacia da Baia de Sepetiba

02

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

CA

RA

CTER

IZA

ÇÃ

O D

O E

MP

REEN

DIM

EN

TO

Qual o objetivo do projeto da CEDAE apresentado?

Como será essa proteção?

Seu objetivo é proteger a tomada d'água no rio Guandu impedindo que oabastecimento humano de cerca de 8,5 milhões de habitantes da RegiãoMetropolitana do Estado do Rio de Janeiro seja prejudicado pela má qualidade daságuas captadas, em função da poluição dos rios menores que deságuam próximosao local da captação (rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga), bem como emfunção de eventuais acidentes com cargas perigosas nas estradas que cortam essesrios, em especial a BR-116 (Dutra), e de acidentes nas indústrias presentes nessasbacias.

A proteção será através da implantação de um dique, associado a estruturashidráulicas de desvio.

CA

RA

CTER

IZA

ÇÃ

O D

O E

MP

REEN

DIM

EN

TO

Page 6: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

03

Como se pode observar no mapa ao lado , a ETAGuandu situa-se na rodovia BR-465 (Antiga Rio-São Paulo) próximo à confluência com a RJ-105(conhecida como Estrada de Madureira), a cerca de4 km de distância do local da captação e já fora doslimites da bacia do rio Guandu. As águas doGuandu chegam na ETA barrentas e poluídas e, aofinal do tratamento, estão límpidas, transparentes enos devidos padrões normativos de qualidade daságuas para abastecimento humano (Portaria518/2004 do Ministério da Saúde).

Quais os direitos de uso das águas daCEDAE?De acordo com as atuais políticas nacional eestadual de gestão de recursos hídricos (Lei Federal9433/97 e Lei Estadual 3239/99), em situações deconflitos pelo uso da água, o abastecimentohumano é considerado prioritário entre os demaisusos.

A CEDAE tem o direito outorgado pela SERLA(antiga Fundação Superintendência Estadual deRios e Lagos) através da Portaria nº 524, de17/01/2007, de captação das águas do rio Guandua uma vazão de até 45 m³/s.

BarragemprincipalBarragemprincipal

Tomadad’águaTomadad’água

BarragemAuxiliarBarragemAuxiliar

Rio Guandu

Rio Poços/Queimados Rio Cabuçu/Ipiranga

Tomada D'Água daC E D A E n o R i oGuandu

Como a água chega àmaioria das casas do Riode Janeiro?

Onde é feito o tratamento da água retirada do rio Guandu?

Como a CEDAE garante esta grande quantidade de água na Estação deTratamento (ETA)?

A CEDAE é a responsável pelatomada d'água no rio Guandu, epelo tratamento e distribuiçãodessa água tratada para cerca de80% das casas da RegiãoMetropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ).

O tratamento da água para ser distribuída à população é realizado na Estação de Tratamento (ETA) Guandu que temcapacidade para produzir 43.000 litros de água tratada por segundo, atendendo aos municípios de Duque de Caxias,Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, Itaguaí, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti e Rio de Janeiro.

A CEDAE mantém o nível necessário para atomada d'água operando duas barragensconstruídas no rio Guandu, nos anos 1950-60. Obarramento formou uma área constantementealagada, conhecida como Lagoa do Guandu.

Page 7: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

04

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

O que causa a degradação dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga ?

Quais são os outros problemas dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga ?

Diante disso, quais são as principais medidas a serem tomadas?

O despejo de esgotos domésticos, resíduos industriais e lixos na rede hidrográfica que forma os riosPoços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga. O problema ocorre há mais de vinte anos e vem se agravando emconseqüência do crescimento urbano e industrial desordenado.

O local de captação da CEDAE no rio Guandu está constantemente sujeito ao risco de proliferação de algas queproduzem microcistina, uma toxina de alto risco à saúde humana. Na Lagoa do Guandu, o ambiente é propício àproliferação de algas devido à elevada carga de nutrientes dos esgotos (fósforo principalmente).

É também considerável o risco de acidentes com cargas tóxicas industriais, tanto na rotina operacional das indústriascomo no transporte desse material pelas rodovias que atravessam as sub-bacias.

Não restam dúvidas quanto à necessidade urgente de implantação de estações de tratamento de esgotos, entre outrasmedidas para reduzir a poluição que atinge a bacia do rio Guandu como um todo. O Plano de Recursos Hídricos daBacia estima um custo de R$ 1,13 bilhão para implantação de obras de esgotamento sanitário nas áreas urbanas dabacia.

A Degradação dos Rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga

Estão em andamento as iniciativas necessárias para realizar essas obras, porém os resultados somente serão vistos amédio ou longo prazo. Além da morosidade do processo de obtenção e aplicação de recursos nas demandas desaneamento, o tratamento dos esgotos que chegam aos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga não seriasuficiente para garantir a qualidade de suas águas em padrões normativos aceitáveis (até classe 3 da ResoluçãoCONAMA 357/05) ao longo do tempo, porque as vazões desses rios são muito baixas para diluir a carga residual.

As obras de proteção da tomada d'água da ETA Guandu podem amenizar, no curto prazo, os impactos de uma parteimportante dos problemas sanitários que afetam a qualidade da água captada no rio Guandu, permitindo maiorsegurança ao sistema de abastecimento de mais de 8,5 milhões de habitantes.

O impacto aos demais usuários das águas do rio Guandu a jusante da área de captação da Cedae são pequenos, emfunção do grande volume de água deste rio e de seu potencial de depuração.

O barramento dessas águas em épocas em que a qualidade for crítica, como em cenários de acidentes, com temposuficiente para avisar aos demais usuários das águas do rio Guandu a jusante, é mais uma das vantagens do projeto.

Page 8: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

05

Quantas alternativas foram estudadas pela CEDAE?

Das alternativas propostas, qual a CEDAE visa desenvolver?

Ao todo, foram estudadas 4 alternativas para o empreendimento em questão.

A quarta alternativa de engenharia, que combina estruturas previstas em três alternativasestudadas pelo Laboratório de Hidrologia e Estudos Ambientais da COPPE/UFRJ. Paradesenvolver o projeto desta alternativa, que resultou no atual Projeto de Proteção da TomadaD'Água da ETA Guandu, foi contratada a empresa Tecnosolo S.A.

Alternativas de Engenharia para o Empreendimento

Page 9: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

06

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

As Alternativas 1 e 2c a u s a r i a m m a i o r e simpactos para o ambiente etranstornos aos moradorese outros usuários da região,tendo em vista a utilizaçãode canal em solo paraescoamento das águas dosrios Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga. Estaopção impl icar ia emd e s a p r o p r i a ç õ e s edeslocamento de pessoas desuas atuais moradias,mudanças na circulação deveículos e nos acessos dasr u a s q u e s e r i a matravessadas pelo canal ea i n d a i n c ô m o d o sconstantes com os odoresdas águas de má qualidade er i s c o s d e a c i d e n t e s ,p r i n c i p a l m e n t e c o mcrianças. A construção docanal causaria tambémtranstornos à estrutura deabastecimento de água daRMRJ, pela necessidade derelocação das adutoras queconduzem a água captadapara a ETA.

A Alternativa 3 seria menosimpactante do que as anteriores, por não utilizar o canal em solo, mas haveria uma cargamaior de poluentes na lagoa menor. Esta situação causaria também transtornos aosmoradores da margem esquerda do rio Guandu, acima do dique (comunidade Todos osSantos), que teriam que conviver com um ambiente de incômodo odor e mais insalubre.

Na Alternativa 4, a captação da CEDAE para a ETA Guandu fica livre dos riscos decontaminação que vem dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga, sem a necessidadede canal externo prejudicando a vizinhança. Ao mesmo tempo, a comunicação entre aslagoas (maior e menor) fica mantida e favorecida pela utilização de uma estrutura auxiliarde transferência das águas do rio Guandu, evitando-se assim redução de nível e maiordegradação das lagoas.

Qual a justificativa paraescolha da Alternativa 4 ?

A Figura mostra a localização das estruturas básicas da Alternativa 4.

Fonte: Desenho gerado com base nas plantas do projeto da Tecnosolo (2004) sobre mosaico deimagens e hidrografia extraídos do Google Earth, imagem de out/2006.

Page 10: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

07

Qual a necessidade de pessoal e como será a contratação da mão de obra para aconstrução do empreendimento?

Qual a previsão de tráfego de veículos na região durante as obras ?

Qual o valor do empreendimento ?

Ao longo dos 20 meses do cronograma de construção, serão empregadas 2.890 pessoas. Serão contratados, comprioridade, trabalhadores da construção civil residentes nas proximidades do local das obras. Através doPrograma de Gestão Socioambiental das Obras, serão cadastrados os trabalhadores da região, especialmente dobairro Todos os Santos, diretamente impactado pela obra. Para a fase de operação, não serão necessários muitostrabalhadores, pois a operação será automatizada e os serviços serão executados por técnicos da própria CEDAE,sendo que alguns serviços poderão ser terceirizados, tais como vigilância, equipe de limpeza e motoristas.

Na fase de construção do empreendimento, estima-se um tráfego de 60 caminhões por dia, em média,considerando caminhão caçamba tipo basculante, ao longo dos 20 meses previstos para execução das obras.Privilegiando áreas de empréstimo nas proximidades e a leste do empreendimento, será evitada ao máximo autilização da BR-465 para o transporte de aterro.

O projeto foi calculado em um valor de R$ 33,18 milhões (valor de agosto/2008).

Descrição Técnica doProjeto

O que compõe o projeto daalternativa selecionada ?Fazem parte do projeto da alternativaescolhida as seguintes estruturas: dique,tomada d'água, sistema de condução,vertedouro, áreas de empréstimo e bota-fora.

separa as águas do rio Guandudo contato com as águas dos riosPoços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga,associado a uma estrutura hidráulicaque conduz as águas desses rios paradeságue poucos metros após a barragemprincipal.

localizada em terrenona margem esquerda do rio Guandu, em frente à barragem principal da CEDAE. Composta de três canaisparalelos de 1,80m de largura cada, contendo câmara isolada, setor destinado à instalação de comportasoperadas automaticamente e equipamento destinado à limpeza das grades.

constituído de dois trechos separados por uma caixa de transição. O primeiro trechoserá formado por três tubulações que serão instaladas na parte abaixo do terreno da tomada d'água, seguindoenterradas no fundo do rio Guandu, até atingirem terreno firme na “ilha da CEDAE”. Os tubos terminarão emuma caixa de transição e a partir dela foi projetada a instalação de um único tubo de concreto armado. A partir dacaixa final, será aberto, em terra, um pequeno canal atingindo o leito do rio Guandu.

para as ocasiões de chuvas mais intensas e de maior duração, o excesso de água será lançado no rioGuandu através de um vertedouro projetado com extensão da ordem de 200m.

para a construção do dique será necessário um volume de 281.400 m³ de aterro e as áreasde obtenção desse material deverão situar-se em locais próximos ao local de construção.

as aberturas de trincheiras para a construção do dique deverão demandar a remoção de materialescavado para bota-fora com volume de 2.890 m³. Também será encaminhado para bota-fora o materialproveniente da limpeza da área de construção e do canteiro de obras, estimada em mais de 52.000 m². Esta áreacorresponde a 1/3 da Ilha da CEDAE.

O dique:

A tomada d'água:

O sistema de condução:

O vertedouro:

Áreas de Empréstimo:

Bota-fora:

Page 11: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

08

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Meio Físico e Meio Biótico: considerou-se a bacia do rio Guandu, e paradeterminados aspectos, a baía de Sepetiba e o sistema de reservatórios datransposição do rio Paraíba do Sul.

Meio Socioeconômico: os municípios que abrangem o local do empreendimento eas sub-bacias dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga, bem como osmunicípios que recebem água da ETA Guandu.

ÁR

EA

S D

E IN

FLU

ÊN

CIA

Para o estudo e avaliação de impactos do Projeto de Proteção da Tomada D'Água daCEDAE no rio Guandu foram consideradas as Áreas de Influência Direta (AID),Indireta (AID), além da Área Diretamente Afetada (ADA), que são diferentes paraos Meios Físico, Biótico e Socioeconômico, conforme detalhado a seguir:

Área de Influência Indireta (AII)

Page 12: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

09

Meio Físico e Meio Biótico:

Meio Socioeconômico:

definida dentro dos limites da bacia do rio Guandu, abrangendo asáreas inundáveis a montante da lagoa e os principais acessos e vetores de crescimento urbano eindustrial das sub-bacias dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga, especialmente o núcleourbano e o Distrito Industrial de Queimados.

considerada a ocupação em torno do local do empreendimento,especialmente as habitações e outras edificações nas margens do rio Guandu.

Área de Influência Direta (AID)

Page 13: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

É a área de implantação das obras previstas no projeto e o seu entorno imediato. Estãotambém inseridas na ADA a Ilha da CEDAE, as barragens principal e auxiliar, as lagoas,o rio Guandu no trecho em torno da ilha, a própria tomada d'água para a ETA Guandu,bem como o trecho da rodovia BR-465 que atravessa o rio Guandu e os acessos eocupações entre esta rodovia e o local das obras.

Área Diretamente Afetada (ADA)

Figura 3.3-1: Área Diretamente Afetada - ADA

10

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 14: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

11

DIA

GN

ÓSTIC

O A

MB

IEN

TA

LMeio Físico - Clima

Pluviosidade (quantidade de chuvas)De acordo com os dados de 1999 a 2003 da estaçãoautomática Ecologia Agrícola, situada emSeropédica, os meses de novembro a abrilapresentam chuva acima de 100mm (cada 1 mm dechuva equivale a 1 litro de água em 1 metroquadrado). Nesse período, dezembro se apresentacomo o mês mais chuvoso. Já os seis meses que vão demaio a outubro representam um período com menoschuva, principalmente os meses de junho e julho.

Chuva média mensal da estação

meteorológica automática Ecologia

Agrícola (1999-2003)

MESES (mm)

Janeiro 173

Fevereiro 133

Março 139

Abril 115

Maio 56

Junho 39

Julho 30

Agosto 43

Setembro 70

Outubro 85

Novembro 107

Dezembro 179

No mapa de clima do Estado do Rio de Janeiro observamos que a bacia do rio Guandu abrangegrande parte dos tipos de clima que ocorrem no Estado, sendo que o local da tomada d'água daCEDAE situa-se especificamente na região de clima quente e super úmido, com variedade subseca.Logo abaixo da tomada d'água da CEDAE, o curso final da bacia do rio Guandu está na área depredomínio do clima da Baixada Fluminense, tropical semi-úmido, com invernos secos e chuvasabundantes no verão.

Bacia do Rio Guandu no Mapa Climático Regional.

Page 15: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Temperatura

Insolação

Umidade Relativa do Ar

Balanço Hídrico

Qualidade do Ar

As temperaturas máximas na RegiãoMetropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ)variaram de 25°C a 34°C no período de 1961 a1990, sendo maiores nos meses de novembro aabril, principalmente na estação de Bangu, ondesão registradas as maiores temperaturas da região.

As temperaturas médias variaram ao longo doano entre 20°C e 27°C. Na estação EcologiaAgrícola a maior média foi de 26,7°C no mês defevereiro e a menor de 20,3°C em julho.

Com relação às temperaturas mínimas da RMRJ,o maior valor foi registrado na estação do Aterrodo Flamengo, com cerca de 23,5°C, e a mínimadas mínimas em cerca de 15,7ºC na estaçãoEcologia Agrícola.

A insolação, que é quantidade de energia solarque atinge a terra, é bem intensa na RegiãoMetropolitana, com valores acima de 130horas/mês, alcançando quase 210 horas deinsolação.

A umidade relativa do ar, que é a relação entre aumidade absoluta no período medido e a maiorumidade absoluta possível, varia entre 73% e82% na RMRJ.

O balanço hídrico é utilizado para calcular adisponibilidade de água no solo, levando emconsideração a capacidade de armazenamento deágua no solo.

Os registros da estação automática EcologiaAgrícola revelam alguns meses com deficiência deágua, porém não significativa para serconsiderada como falta de água na região.Conforme já apresentado, não ocorrem mesessecos na região do empreendimento.

A qualidade do ar é avaliada em função dasemissões de poluentes e da interação dessespoluentes com as condições atmosféricas. NoRelatório Anual de Qualidade do Ar do Rio deJaneiro (Feema, 2007) foi identificado que aRegião Metropolitana do Rio de Janeiroapresenta a segunda maior concentração depopulação, de veículos, de indústrias e, portanto,de fontes emissoras de poluentes do país, gerandosérios problemas de poluição do ar.

No período de maio a setembro, ocorrem comfreqüência situações de estagnação atmosférica eelevados índices de poluição na região. Alémdisso, deve-se considerar ainda que a região estásujeita às características do clima tropical, comintensa radiação solar e temperaturas elevadas,favorecendo a geração de poluentes secundários.

As características do clima, associadas ao relevo eà cobertura do solo de uma região, definem áreasiguais em termos de mecanismos responsáveispela dispersão de poluentes no ar. Daí surge oconceito de “bacias aéreas”, que são áreasdelimitadas que tornam-se úteis à gestão daqualidade do ar de uma determinada região.Nesse contexto, a Feema dividiu a RegiãoMetropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) emquatro regiões. A área de influência doempreendimento situa-se na Bacia Aérea I, queabrange os municípios de Seropédica,Queimados e Japeri e as regiões administrativasde Santa Cruz e Campo Grande, no municípiodo Rio de Janeiro.

No conjunto de todas as fontes de poluição do ar,a Bacia Aérea I aparece como a segunda maior naRMRJ, destacando-se em relação às emissões dedióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio.

12

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 16: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

13

Geologia (ciência que estuda a terra)

Caracterização da Bacia do Rio GuanduA região da Bacia do Rio Guandu é constituída por várias unidades geológicas. Na área mais próximado local da tomada d'água da ETA Guandu, predominam os Depósitos Colúvio/Aluvionares. Nomaciço do Tinguá que se encontra na porção nordeste da bacia do Guandu, e no maciço doMendanha na porção sudeste da bacia, ocorrem as Rochas Alcalinas Cretácicas/Terciárias. A unidadeSerra dos Órgãos é composta por rochas gnáissicas com minerais, sendo bastante estruturada, e aunidade Rio Negro é composta por rochas ortognáissicas com minerais. Já a unidade Duas Barras écomposta por rochas de coloração escura e composta por grãos, e está presente na região próxima àsinstalações da CEDAE. O curso superior da bacia do rio Guandu atravessa uma extensa área dedomínio da Serra das Araras, e na margem direita, na região do reservatório de Lajes, encontra-se aunidade São Fidélis do Complexo Paraíba do Sul.

Mapa Geológico da Bacia do Rio Guandu

Page 17: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Caracterização Geológico-Geotécnica LocalA região próxima à captação do rio Guandu é composta por três unidades geológico-geotécnicas: Áreas Inundáveis, Solos Aluvionares e Solos Colúvio/Residuais. Adistribuição dessas unidades pode ser vista no Mapa de Caracterização Geológico-Geotécnica.

A unidade das Áreas Inundáveis compreende solos mal drenados, ou seja, com poucoescoamento de água, com baixa inclinação, baixa permeabilidade e lençol freático(água subterrânea) com pouca profundidade. Já a unidade de Solos Aluvionares,possui solos de textura arenosa, moderadamente drenados por apresentarem relevosuave e nível d'água do lençol freático um pouco mais profundo. Na terceira unidade,de Solos Colúvio/Residuais, há morros baixos e colinas com elevações de até 40metros, com solo de boa plasticidade, boa resistência e bem drenados.

14

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 18: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

15

Áreas Potenciais para Empréstimo de Solos ArgilososTendo em vista a demanda de material para a formação do dique da obra de proteção da tomadad'água da CEDAE, foram analisadas potenciais áreas de empréstimo de solos argilosos em torno dolocal do empreendimento. Na margem direita do rio Guandu existem duas áreas em atividade, quedevem ser prioritariamente utilizadas. Na hipótese de que essas áreas não sejam suficientes, foramidentificadas três áreas na margem esquerda do rio Guandu, com potencial para empréstimo. Essasáreas também estão identificadas no mapa apresentado na página anterior.

Atividades MineráriasAreia, argila, caulin e rochas utilizadas para a produção de brita fazem parte do potencial mineral dabacia do rio Guandu e bacias adjacentes, destacando-se a mineração de areia realizada em uma áreachamada de Distrito Areeiro de Seropédica - Itaguaí, considerado um dos maiores do Brasil, ondeatuam cerca de 80 (oitenta) empresas de mineração. O volume de areia extraído neste distrito abasteceaproximadamente 90% da construção civil na RMRJ.

Na AID, além da areia, outros minerais são alvo de interesse de exploração. O DepartamentoNacional de Produção Mineral (DNPM) mantém um banco de dados atualizado, o SIGMINE –

Sistema de InformaçãoGeográfica da Mineração,com informações sobre osprocessos minerár iosprotocolados no órgão.

A consulta para esteestudo, realizada em17jun2009, mostrou umtotal de 59 processos emtramitação no DNPMcujas áreas requeridas parapesquisa/lavra incidem naA I D , t o t a l o uparcialmente. Entre as setesubstânc ias minera i srequeridas no conjuntodesses processos – areia,

areia quartzoza, argila, argila refratária, ilmenita, saibro e sienito – observa-se que os processos parapesquisa/lavra de areia são em maior número, porém a área requisitada em apenas 4 processos parailmenita é o dobro da área requisitada para areia.

Uma das áreas de empréstimo (nº 1) em potencial.

Page 19: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Geomorfologia (estudo das formas de relevo)

A bacia do rio Guandu apresenta diversas unidades geomorfológicas, refletindo asvariações de altitude e os intensos processos que provocam alteração das rochas eminerais dados pelas condições climáticas tropicais, variando desde maciçosalcalinos intrusivos a planícies flúvio-marinhas.

Os Maciços ocupam as partes mais altas da bacia, e nessa unidade estão as nascentesdos rios Santo Antonio e d'Ouro, formadores do rio dos Poços, e dos rios Cabuçu eIpiranga. No curso inferior do rio Guandu atravessa a extensa região da unidadePlanície Flúvio-Marinha, composta por superfícies planas, com altitudes inferiores a10m e terreno mal drenado.

A unidade formada por Colinas Isoladas ocupa a borda da Serra do Tinguá e é afeição geomorfológica que predomina na bacia do rio Poços/Queimados a acima doencontro dos rios d'Ouro e Santo Antonio formando o rio dos Poços nasproximidades de Engenheiro Pedreira.

Junto à região das colinas isoladas, estende-se a unidade Colúvio/Aluvionar, que seestende por cerca de 10km acima da tomada d'água da CEDAE. É a feiçãopredominante no médio curso da bacia do rio Cabuçu/Ipiranga.

Além disso, no curso médio da bacia do rio Guandu, na região de transição dabaixada para a serra das Araras, entre Japeri e Paracambi, juntamente com a unidadede Alinhamentos Serranos encontra-se a unidade Colinas Dissecadas, Morrotes eMorros Baixos, onde a densidade de drenagem é muito baixa, predominamaltitudes de 100 a 200m.

16

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 20: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

17

Hidrografia e Recursos Hídricos

Transposição Paraíba do Sul - Guandu

A rede hidrográfica da bacia do rio Guandu passou por diversas modificações ao longo do processo deocupação da região, destacando-se as monumentais obras de barragens e usinas hidrelétricas noséculo XX que resultaram na transposição de águas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia doGuandu.

De acordo com a divisão oficial das regiões hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, (ResoluçãoCRHI-RJ nº 18 de 08/11/2006), a bacia do Guandu faz parte da Região Hidrográfica Guandu - RH II,que abrange uma área de drenagem maior do que a original bacia do rio Guandu, incorporando, alémdesta, toda a bacia da Baía de Sepetiba e a bacia do rio Piraí, na qual estão os reservatórios doComplexo Hidrelétrico de Lajes relacionados à transposição de águas do rio Paraíba do Sul.

Para este EIA foram adotados os mesmos limites considerados no Plano da Bacia, elaborado antes danova divisão hidrográfica (Sondotécnica/ANA, 2006). Na figura a seguir (Figura 4.1.4-1) observam-seos limites da Região Hidrográfica Guandu, sobrepostos pelos limites das bacias dos rios Guandu, daGuarda e Guandu Mirim.

O “Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda eGuandu Mirim”, denominado simplificadamente neste relatório como “Plano da Bacia do Guandu”,é a referência básica para a gestão dos recursos hídricos da bacia do rio Guandu e a principal fonte deinformações na elaboração do EIA.

O sistema de transposição das águas da bacia do rio Paraíba do Sul é a última e mais relevante dasintervenções hidráulicas de grande porte realizadas e que, além de modificar as vazões no rio Guandu,tornou-se a principal determinante das condições atuais de uso de suas águas.

As obras de transposição, realizadas com o objetivo de gerar energia para a Região Metropolitana doRio de Janeiro, aconteceram em diversos períodos da primeira metade do século XX. Atualmente, asbarragens e usinas existentes ao longo do rio Paraíba do Sul, desde o curso superior da bacia emParaibuna-SP, controlam a vazão do rio garantindo a transposição de até 160 m³/s, em Barra do Piraí-RJ, para gerar energia elétrica no Complexo Hidrelétrico de Lajes, da Light Energia S.A.

As regras operacionais do conjunto de barragens e usinas do sistema de transposição são definidas demodo a garantir que, abaixo da Usina Pereira Passos, a vazão mínima vertida para o ribeirão dasLajes/Guandu seja de 120 m³/s, visando atender às demandas dos usuários do rio Guandu, comprioridade para a captação da CEDAE, e permitir o controle da entrada da maré salgada da baía deSepetiba no curso final do rio Guandu, onde recebe o nome de Canal de São Francisco.

Page 21: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Bacia do Rio GuanduA área total da bacia do rio Guandu considerada no Plano da Bacia (1.719 km²) abrange a bacia do ribeirão das Lajes,incluindo os reservatórios de Lajes e Ponte Coberta. A jusante da UHE Pereira Passos, que situa-se logo abaixo e junto àbarragem de Ponte Coberta, diversas sub-bacias com variadas dimensões completam a área total da bacia do rioGuandu, na qual o rio Santana é o maior afluente, destacando-se entre os demais com uma área de drenagem de 321km².

As sub-bacias dos afluentes do rio Guandu de maior importância para este estudo, que são os rios Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga, ocupam juntas 242 km² de área de drenagem. A sub-bacia do rio Poços/Queimados ocupaaproximadamente 195 km² e o rio chega à foz com uma vazão média de 3,1 m³/s. A sub-bacia do rio Cabuçu/Ipirangaocupa cerca de 47 km², com uma vazão média de 0,75 m³/s na foz.

Na primeira metade do século XX, o antigo DNOS realizou obras de drenagem e consturção de diques nas margens dosrios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga. Em seguida, a partir da construção/operação das barragens da CEDAE,anos 1950-60, novas modificações na hidrografia do curso final desses rios foram introduzidas formando-se a chamadaLagoa do Guandu, que abrangeu a foz e parte do curso final desses rios. Desde então, o processo de ocupação edegradação das sub-bacias configurou novascondições de fluxo das águas, com rompimentos dosantigos diques em diversos pontos, assoreamento doscanais e ampliação das áreas alagáveis em relação àscondições promovidas na época das intervenções.Mais de meio século após a construção das barragensda CEDAE, esse processo resultou na formação deduas lagoas, que se comunicam entre si e com o rioGuandu.

Hidrografia atual das sub-bacias Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga e o espelho d'água e área exclusivade drenagem do sistema lagunar formado no encontrodesses rios com o rio Guandu.

Áreas inundáveis a montante dolocal do empreendimentoCom o propósito de subsidiar a avaliação dosimpactos da obra de proteção da tomada d'água daCEDAE no rio Guandu, foram realizados estudospara identificar as áreas inundáveis a montante dolocal de implantação do dique previsto no projeto, atéa rodovia BR-116 (Dutra).

O quadro a seguir mostra que, com o dique, haveriaum acréscimo pequeno de área inundável em relaçãoàs atuais áreas inundáveis, considerando três temposde recorrência (TR) das cheias.

18

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Ressalta-se que não haveria acréscimos nas áreas inundáveis acima do encontro do rio dos Poços com o rio Queimados.As figuras apresentadas em seguida mostram a distribuição espacial das áreas inundáveis sem e com o projeto.

Page 22: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

19

Áreas inundáveis nas condições atuais, sem o projeto

Page 23: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Áreas inundáveis com a implantação do dique

20

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 24: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

21

Usos e demandas de águaO abastecimento humano, aprodução industrial e a diluição deesgotos domésticos e industriais são osprincipais usos dos corpos hídricos dabacia do rio Guandu.

A maior parte da vazão captada paraabastecimento humano correspondeà tomada d'água da CEDAE no rioGuandu, da ordem de 43 millitros/segundo, para atender a 80%d a p o p u l a ç ã o d a R e g i ã oMetropolitana do Rio de Janeiro(RMRJ).

O conjunto total das demandas deágua bruta identificadas no Plano daB a c i a d o G u a n d u(SONDOTÉCNICA/ANA, 2006)incluem ainda as demandas dos usosda água para a produção agropecuáriae a mineração. Os dados demonstramque as demandas, atuais e futuras, doconjunto de setores de usuários deágua bruta ficam abaixo da ofertamínima estimada e, portanto, nohorizonte de planejamento do Plano(2025) não deverá haver escassez paraatendimento às demandas de água nabacia do Guandu.

Essas demandas, porém, sãocompletamente dependentes datransposição do rio Paraíba do Sul eda garantia de uma vazão mínima de 120 m³/s a jusante da UHE Pereira Passos. Essa vazão mínimaestá atualmente garantida por Resoluções da Agência Nacional de Águas, ANA.

Os dados de demanda/oferta de água na bacia do rio Guandu não levam em conta as demandas paraa diluição de esgotos domésticos e efluentes industriais, que podem representar uma ameaça maior àdisponibilidade de água. Entre as diversas indústrias existentes na bacia, as de maior importância porsua localização mais próxima em relação ao local da tomada d'água da CEDAE estão no DistritoIndustrial de Queimados.

Na bacia do rio Guandu, somente o município de Paracambi conta com tratamento de esgotosdomésticos, com duas Estações de Tratamento (ETEs) em operação, sendo que estas atendem apenasa cerca de 20% da demanda local.

Além dos resíduos lançados pelas indústrias situadas na própria bacia, o rio Guandu pode estarrecebendo cargas de lançamentos de resíduos industriais na bacia do rio Paraíba do Sul, ressaltando-senesse contexto o risco constante de que acidentes com cargas tóxicas afetem a qualidade e causemeventuais paradas no sistema de captação e distribuição da ETA Guandu.

Page 25: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Meio Biótico

Em grande parte da sub-bacia do rio Poços/Queimados, entre a rodovia BR-116 e a foz do rio, as terras estão ocupadas porpequenas unidades mistas de produção rural, com pastos, lavouras e/ou pomares, sempre contendo residências ou outrasedificações rurais. No entanto, pequenos núcleos urbanos começam a se formar a partir da área urbana central deQueimados e dos acessos mais próximos à BR-116. Destaca-se nesta sub-bacia o Distrito Industrial de Queimados,gerenciado pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (CODIN) e situado naconfluência do rio dos Poços com o rio Queimados.

Na sub-bacia do rio Cabuçu/Ipiranga, embora a área urbana seja mais expressiva, o uso rural também é predominante,destacando-se grandes áreas de uso exclusivo com agricultura e silvicultura.

No mapa de vegetação e uso do solo da AID (figura 4.2.1-1) observa-se que a vegetação higrófila estende-se por uma grandeárea, ocupando quase todos os terrenos planos e brejosos em torno do curso final dos rios Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga e das lagoas formadas no encontro com o rio Guandu. Esta vegetação consiste de plantas adaptadas aambientes inundáveis, tais como Typha sp (taboa), Panicum sp (capim-de-planta), Costus spicatus (canavieira-do-brejo) eEichhornia crassipes (gigoga ou aguapé), bem como espécies arbóreas como a Guarea guidonia (carrapeta).

Das matas, que antigamente cobriam toda a região, observa-se apenas alguns fragmentos de vegetação arbórea secundária,dos quais destaca-se o fragmento existente na Ilha da CEDAE, identificado como um dos poucos trechos de mata ciliarexistente nas margens do rio Guandu. Em um estudo realizado pela Universidade Rural neste fragmento, foramencontradas 16 espécies arbóreas, sendo a carrapeta (Guarea guidonia) a espécie mais freqüente e de maior valor deimportância, seguida pela canafístula (Peltophorum dubium).

Vegetação e Uso do SoloA bacia do rio Guandu está inserida na regiãode abrangência da Mata Atlântica,atualmente reduzida a menos de 7% de suaárea original, sendo que o Estado do Rio deJaneiro dispõe ainda de 20% de florestas emseu território.

O percentual de Mata Atlântica na bacia dorio Guandu é ainda maior do que no estado -30%. Porém, as florestas estão concentradasnas partes mais altas do relevo da bacia,principalmente na Serra do Tinguá,protegida por uma Reserva Biológica.

A Área de Influência Direta (AID) do projetoda CEDAE está em uma das áreas maisdesmatadas da bacia. Embora aindapredominem os campos/pastagens, a AIDestá sob influência direta dos principais eixosrodoviários e ferroviários que ligam a bacia àRegião Metropolitana e a partir dos quaisvem ocorrendo a expansão dos usos urbano eindustrial dos municípios de Queimados,Nova Iguaçu, Seropédica e Japeri.

22

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 26: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

23

Unidades de Conservação (UC)Na bacia do rio Guandu há um expressivo númerode Unidades de Conservação (UC), conformeapresentado no Quadro 4.2.2-1 e ilustrado naFigura 4.2.2-1.

Grande parte das florestas da bacia do rio Guanduestá formalmente protegida em UC, destacando-sea Reserva Biológica do Tinguá, que abrange maisde 9,0 mil hectares de florestas da bacia,protegendo a biodiversidade e também captaçõesde água para abastecimento humano.

Apesar do excepcional nível de ocupação por UCna bacia do rio Guandu (71% da área da bacia), amaioria é Área de Proteção Ambiental (APA),categoria que não necessita de desapropriações ecujas normas visam conciliar a conservaçãoambiental com as formas de uso do solo e dosrecursos naturais no mesmo espaço.

Na APA do Rio Guandu já vêm sendo executadasações de recuperação de mata ciliar, através doprojeto Parques Fluviais, desenvolvido pelaSecretaria de Estado do Ambiente (SEA), emparceria com o Comitê da Bacia, UniversidadeRural, Embrapa, prefeituras e outras instituições eempresas privadas

Unidades de Conservação na Bacia do Rio Guandu.

Page 27: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

APA do Guandu é uma das UC que abrange a área da captação da CEDAE no rio Guandu. NaAID esta APA sobrepõe-se parcialmente à APA Municipal Guandu-Açu nas lagoas e à APAEstadual Gericinó-Mendanha nas cabeceiras dos rios Cabuçu e Ipiranga.

No conjunto de áreas protegidas na bacia do rio Guandu existem também Reservas Particularesde Patrimônio Natural (RPPN). Nenhuma RPPN, no entanto, foi identificada na AID.

Verifica-se a mobilização social para criar novas UC, sobretudo através do Instituto Terra dePreservação Ambiental e de instituições parceiras, na área do Corredor de BiodiversidadeTinguá-Bocaina, que abrange as cabeceiras da bacia do rio Guandu. A criação da APA Alto Piraí edo Parque Cunhambebe resultam desta mobilização.

Unidades de Conservação na AID.

24

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 28: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

25

Animais Vertebrados Terrestres e AquáticosA redução das florestas naturais, o avançado grau de ocupação e uso do solo, além da degradação dos rios,prejudicou severamente a ocorrência dos animais nativos e os restringiu a algumas poucas áreas protegidasem Unidades de Conservação.

A modificação da paisagem pela ação do homem (substituição das florestas por pastagens, áreas urbanas,estradas, etc.) reduz a diversidade da natureza, eliminando ou reduzindo drasticamente populações deespécies nativas mais sensíveis à alterações no ambiente onde vivem. Isso ocorre principalmente commamíferos de grande porte e com a avifauna (diferentes espécie de aves), mas também ocorre com anfíbios erépteis.

A existência de florestas em muitas das cabeceiras dos rios formadores da bacia do rio Guandu reflete-se naexistência ainda de diversas espécies de animais silvestres. Na Reserva Biológica do Tinguá (Rebio Tinguá),por exemplo, há registro de 35 espécies de mamíferos, de 288 espécies de aves, de 72 espécies de répteis e 122espécies de anfíbios. São encontradas, entre todas as espécies, algumas que estão ameaçadas de extinção eoutras que são raras e endêmicas, ou seja, só encontradas nessa região.

A APA Gericinó-Mendanha, embora não seja uma UC de Proteção Integral como a Rebio Tinguá, contacom uma extensa floresta que garante ainda a sobrevivência de diversas espécies da fauna ameaçadas deextinção. Foi constatada também a ocorrência de algumas espécies de peixes nesta APA. Entretanto, ointenso crescimento urbano que vem ocorrendo no seu entorno, provavelmente impede a ocorrência ou acirculação desses peixes para o médio e baixo curso da bacia dos rios Cabuçu/Ipiranga, principalmentedevido à ocupação das margens e má qualidade de suas águas.

São freqüentes também na região as atividades ilegais de caça e captura, entre outras atividades que ameaçamconstantemente a integridade do ambiente natural.

Todos esses fatores contribuem para um provável número muito baixo de espécies nativas de animais na áreamais próxima da captação da CEDAE no rio Guandu. As observações de campo e os relatos de moradores epescadores da comunidade local, confirmam essa suposição.

No quadro a seguir constam as espécies de mamíferos, répteis e aves registradas na área próxima da captaçãoda CEDAE, a partir das observações em campo e dos relatos de moradores e pescadores.

Page 29: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Entre essas espécies enontradas na região em estudo, duas sãoconsideradas ameaçadas de extinção: a Lontra longicaudis(lontra) e o Caiman latirostris (jacaré-do-papo-amarelo).

Entre essas espécies enontradas na região em estudo,duas são consideradas ameaçadas de extinção: aLontra longicaudis (lontra) e o Caiman latirostris(jacaré-do-papo-amarelo).

O sistema de lagoas do Guandu, por ser poucoprofundo, quente e com grande extensão de plantasaquáticas, é um ambiente favorável à ocorrência dosanimais de grande porte, mais resistentes à poluição.O aguapé (Eichornia crassipes), por exemplo,proporciona abrigo e fonte de alimento para algumasespécies de animais aquáticos bem adaptados como ojacaré, a lontra, a capivara e algumas espécies depeixes.

Muitas espécies de insetos como a libélula,mosquitos e alguns besouros, utilizam o aguapé paradepositar seus ovos e se alimentar durante a faselarval. Algumas espécies de percevejos residem nosaguapés e todo esse conjunto de animaisinvertebrados serve de alimento para os vertebrados.Além de insetos, moluscos também fazem parte destafauna de invertebrados, como Pomacea canaliculata,que serve de alimento para o jacaré-do-papo-amarelo(Caiman latirostris).

Das espécies de aves, merecem destaque duas queocorrem só na Mata Atlântica: o tiê-preto(Tachyphonus coronatus) e o tiê -sangue(Ramphocelus bresilius).

26

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 30: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

27

Quanto aos peixes, os dados secundários são escassos einsuficientes para identificar com precisão quais são as espéciesmais encontradas no rio Guandu e afluentes na AID. O rioGuandu recebe as águas do rio Paraíba do Sul e deságua na Baía deSepetiba, porém as barragens interferem na circulação de peixesentre esses ambientes de uma forma não bem esclarecida.

Durante o trabalho de campo foi realizada uma visita de barco àLagoa do Guandu, com coleta de peixes, identificação e devolução,nos mesmos pontos de amostragem de qualidade da água daCEDAE. Também foram escutados os pescadores da comunidadelocal e consultada bibliografia sobre o tema. Como resultado dessapesquisa, apresenta-se a seguir uma lista de espécies de peixes comprovável ocorrência no rio Guandu e sistema lagunar.

Nesta lista observam-se duas espécies introduzidas, de outras baciase regiões mais distantes: o tucunaré ( ) e a tilápia( ). O bagre é a única espéciede peixe exclusiva da bacia do rio Guandu, entre as listadas noquadro abaixo. Entre as demais, encontram-se espécies que sãocomuns ao rio Paraíba do Sul.

Na AID identifica-se, a princípio, uma comunidade de peixesgeneralista, que ocorre em outras bacias da Mata Atlântica,apresentam resistência a ambientes alterados e nenhuma delas seencontra nas listas de espécies ameaçadas de extinção. Valeressaltar que há espécies muito resistentes, que suportam inclusiveníveis muito baixos de oxigênio na água, como o tamboatá( ).

Cichla cf. monoculusTilapia rendalli Trichomycterus giganteus

Hoplosternum litoralle

Page 31: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Qualidade dos Ambientes Aquáticos

Os ambientes aquáticos da AID (rios, lagoas ebrejos) são os mais importantes para a análiseambiental do Projeto de Proteção da TomadaD'Água da ETA Guandu. A análise dosimpactos positivos e negativos do projetodepende de um diagnóstico que permitaidentif icar as condições diretamenterelacionadas à qualidade das águas captadaspara a ETA e às possíveis interferências doempreendimento na biota e nos usos dosrecursos hídricos e pesqueiros, acima e abaixoda captação.

Aspectos relevantes da área de estudoO sistema lagunar no qual deságuam os rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga é formado por duas lagoas quese comunicam entre si, resultantes da combinação entre os fluxos de água no encontro desses rios com o rioGuandu, do processo de erosão/sedimentação das sub-bacias e dos rompimentos do antigo dique construído namargem direita do curso final do rio Poços/Queimados há mais de meio século.

O sistema lagunar é aberto, com três entradas principais, sendo que uma delas também é a saída (a do rio Guandu).Este sistema recebe águas, sedimentos, nutrientes e diversos poluentes que provêm dos afluentes de pequeno portee também do remanso do grande rio Guandu. A grande carga de poluente transportada nos rios menores é,provavelmente, retida e filtrada parcialmente nos terrenos planos e brejosos acima e em torno das lagoas.

Alimentados pela excessiva carga de nutrientes dos esgotos, extensos grupamentos de plantas higrófilas (macrófitasaquáticas herbáceas e arbustivas) se formaram nos terrenos brejosos em torno das lagoas e também no curso finaldas sub-bacias Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga.

Pontos deRompimentodo Dique

Pontos deRompimentodo Dique

28

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 32: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

29

No ambiente aquático, a partir da bioacumulação, metais eoutras substâncias tóxicas, são transferidas das macrófitas efitoplânctons para os organismos invertebrados e vertebradosherbívoros, carnívoros e onívoros. As concentrações tendem aser maiores nos tecidos dos organismos, ao longo da cadeiaalimentar, chegando aos peixes, aves e humanos emconcentrações muito elevadas.

A taboa (Typha domingensis) e outras espécies de macrófitasaquáticas ocorrem em grande extensão no sistema lagunar doGuandu, destacando-se a macrófita flutuante aguapé (Eichorniacrassipes), muito conhecida e pesquisada por sua dispersãogeográfica e capacidade de remoção e fixação de nutrientes emetais pesados.

A capacidade de bioacumulação das macrófitas e das algas nosambientes aquáticos da AID, especialmente no sistema lagunar,é um aspecto de grande importância na análise dos indicadoresde qualidade desses ambientes. Além da elevada vazão do rioGuandu e, portanto, sua alta capacidade de diluição de esgotos eefluentes industriais, a bioacumulação no sistema lagunar é umfator que contribui para que os índices de poluição nas águascaptadas pela CEDAE no rio Guandu sejam menores do que naságuas dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga.

Macrófilasemersas

Macrófitascom folhasflutuantes

Macrófitasubmersas livres

Macrófita submersasenraizadas

Macrófitasflutuantes

0

10

15

05

Page 33: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Fontes de poluiçãoToda a bacia do rio Guandu apresenta várias condições adversas para a qualidade dos rios, lagoas ebrejos, tais como encostas e margens de rios desmatadas; ocupação urbana e industrial sem tratamentoadequado dos esgotos e resíduos sólidos; extração de areia causando erosão das margens e produção desedimentos nos rios; e ainda o uso de adubos e defensivos agrícolas.

Considerando-se as áreas ocupadas pelos usos predominantes nas bacias, as cargas orgânicas doslançamentos domésticos/industriais e as vazões dos rios, constata-se que os rios Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga estão muito mais expostos aos potenciais impactos negativos dos usos em suasrespectivas bacias do que o rio Guandu. No entanto, além das fontes de poluentes na própria bacia, o rioGuandu recebe parte dos impactos da poluição que afeta as águas do rio Paraíba do Sul e do rio Piraí,através do sistema de transposição.

Monitoramentos e indicadores de qualidade analisados

Classes de uso das águas e enquadramento dos rios

Entre as fontes de dados utilizadas neste estudo, duas são de monitoramentos regulares de qualidade daágua desses ambientes, realizados pela CEDAE e pelo INEA (FEEMA na época). As demais fontes sãoestudos eventuais (teses e outras pesquisas).

Neste estudo, foram considerados os parâmetros de classificação das águas doces e os critérios deenquadramento de classe para corpos hídricos estabelecidos na Resolução CONAMA 357 (MMA,2005). Esta Resolução divide as águas doces em cinco classes, em função dos usos a que se destinam, eestabelecendo os parâmetros de qualidade que as águas devem apresentar, nas diversas variáveisambientais consideradas: cor, odor, presença de coliformes, oxigênio, fósforo, nitrogênio e outrosnutrientes, metais, pesticidas, etc.

O enquadramento em classes de uso é um dos instrumentos de gestão da Política Nacional de RecursosHídricos (Lei 9.433/1997) e deve ser proposto aos Comitês de Bacia e aos Conselhos de RecursosHídricos nos Planos de Bacia.

No Plano da Bacia do Guandu foi apresentada uma proposta de enquadramento que leva em conta oabastecimento humano como uso prioritário das águas da bacia, tendo em vista que a captação daCEDAE para abastecer a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) representa a maior parte davazão captada e da demanda atual e futura de uso da água na bacia do Guandu.

O Plano propõe o enquadramento na classe 2 para a maior parte dos corpos hídricos da bacia do rioGuandu, com exceção de alguns poucos trechos de rios, situados em cabeceiras protegidas por florestas,que ainda podem ser enquadrados em classe especial e classe 1. No entanto, não foi possível manter olimite de classe 2 para todos os trechos dos rios das sub-bacias Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga.Nos trechos dos rios dessas sub-bacias inseridos nos perímetros urbanos, foi proposto enquadramentoem classe 3, até a foz dos cursos principais na lagoa.

30

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 34: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

31

Análise dos indicadores de qualidadeda águaOs dados do monitoramento da CEDAE fornecidospara este estudo compreendem os resultados dasanálises das amostras mensais coletadas no período deabril/2005 a dez/2007. As variáveis analisadas nestediagnóstico são aquelas que têm limites definidos naResolução CONAMA 357/05.

Os principais indicadores de qualidade das águas, apartir dos valores médios e índices de violaçãoobtidos, tanto para classe 2 como classe 3 deenquadramento dos corpos de água doce, comprioridade para classe 2, foram:

Dados sobre metais e outras substâncias tóxicas do monitoramento realizado pelo órgão ambiental do estado(INEA) foram analisados, complementando os indicadores de qualidade das águas na AID.

Uma síntese dos dados mais consistentes, em termos de período de monitoramento dos indicadores dequalidade das águas, é apresentada nas figuras a seguir (Figuras 4.2.4-3 e 4.24-4), em gráficos dos índices deviolação para classe 2 das variáveis analisadas pela CEDAE e pelo INEA. Esta forma de organização permitevisualizar e comparar o conjunto de dados em um mesmo critério. Para facilitar a análise, ao fundo pode-seobservar a localização dos pontos de monitoramento.

Na comparação dos índices de violação para os dados da CEDAE, consideramos que o ponto de amostragemno rio Guandu RGN-16 e o ponto RGN-17 (na captação), separados apenas pela ilha da CEDAE,apresentariam índices semelhantes de qualidade da água, se não existisse a contribuição dos riosPoços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga, tendo em vista que no ponto RGN-16 o rio Guandu não tem contatocom esses rios. Assim, diferenças significativas nos índices de qualidade entre os pontos RGN-16 e RGN-17provavelmente refletem uma influência mais preponderante dos índices nos rios Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga, para a qualidade da água no local da captação (RGN-17).

Com base nessa premissa, foram comparados os índices de violação nos pontos do rio Guandu, entre si e comos índices na lagoa, sem observar os índices dos pontos nas sub-bacias Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga einferindo que a lagoa deve representar indiretamente os efeitos da poluição desses rios, já que a mesmafunciona como ambiente intermediário entre esses e o rio Guandu.

Na análise dos dados da CEDAE, verifica-se que somente as variáveis coliformes fecais e DBO apresentaramalterações significativas no local da captação, que poderiam ter sido influenciadas pelos riosPoços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga mais do que pelas condições do próprio rio Guandu a montante. Osíndices de violação para fósforo (muito altos), cor e sólidos dissolvidos totais são respectivamente semelhantesnos pontos RGN-16 e RGN-17; e os índices de violação para OD, amônia, nitrato e cianobactérias sãoigualmente ausentes nestes dois pontos.

Síntese dos indicadores qualidade das águas

Fósforo e Coliformes Fecais

Nitrogênio amoniacal e Nitrato

Oxigênio Dissolvido (OD) e DemandaBioquímica de Oxigênio (DBO)

Cor e Sólidos Totais

Cianobactérias

Fenóis e Cianeto

Metais na água

Page 35: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

No caso da DBO, os altos índices de violação na captação (ponto RGN-17) podem ter sido mais influenciados pelaságuas da lagoa menor ou do rio Cabuçu/Ipiranga prioritariamente, visto que os índices de violação para DBO caemao longo da lagoa maior, chegando a jusante (LGA-15) com valor muito inferior ao do ponto na captação.

Esta hipótese baseia-se no fato de que o ponto LGA-15 fica na foz da lagoa maior, em um local com menor influênciada lagoa menor; e baseia-se também nos resultados de um estudo feito pela COPPE, que indicaram tendência maiordas águas do rio Cabuçu/Ipiranga de escoarem direto para os túneis da captação. É importante considerar tambémque os esgotos in natura do bairro Todos os Santos, próximo à captação.

O mesmo decaimento se observa nos índices de violação para a variável cor, ao longo da lagoa maior, sendo que, aocontrário da DBO, o índice de violação para cor na captação (ponto RGN-17) foi semelhante ao do ponto RGN-16,indicando irrelevância na contribuição das lagoas para a cor das águas do rio Guandu na captação.

32

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 36: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

33

Os índices de violação para classe 2 domonitoramento do INEA no período1990-2005 complementam esta síntesedo cenário dos indicadores de qualidadede água, acrescentando índices deviolação de metais e outras substâncias, amaioria tóxicas ao ambiente e ao serhumano.

Os dois pontos do INEA no rio Guandu(GN-201 e GN-200) não podem sercomparados entre si da mesma forma queos pontos da CEDAE RGN-16 com RGN-17, tendo em vista que a distância entreGN-201 e GN-200 é maior o suficiente para que outras contribuições de sub-bacias do trecho,especialmente a sub-bacia do rio São Pedro, bem como a própria hidrodinâmica do rioGuandu, alterem a qualidade da água na captação, resultando em diferentes índices deviolação, mesmo que os rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga não contribuíssem para acaptação.

Ainda assim, observa-se um cenário semelhante àquele dos dados da CEDAE, com a maiorparte das variáveis apresentando diferenças pouco significativas entre os índices de violação dorio Guandu a montante da captação (GN-201) e na própria captação (GN-200), embora todasas variáveis apresentem violações nos pontos de amostragem das sub-bacias Poços/Queimadose Cabuçu/Ipiranga, com índices mais altos no rio Poços/Queimados do que no rio Guandu.

Observa-se também que, apesar dos índices verificados nos rios Poços/Queimados (QM-270),Cabuçu (CU-650) e Ipiranga (IR-251) para nitrogênio amoniacal, chumbo e mercúrio, essasvariáveis não apresentaram violações no ponto da captação (GN-200).

Chama a atenção ainda o comportamento do manganês, que não chega na captação com oselevados índices registrados nos rios Poços/Queimados, Cabuçu e Ipiranga.

Page 37: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

34

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 38: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

35

Embora o rio Guandu tenha sido identificado comoprincipal fonte de poluentes para a baía de Sepetiba,transportados nos sedimentos em suspensão sãoescassos os estudos sobre a presença e acumulação depoluentes nos ambientes aquáticos da própria baciado Guandu.

As pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Radioisótopos do Instituto de Química da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ) foram as principais fontes encontradas para a caracterização dos poluentes emsedimento na área de interesse deste diagnóstico. Nessas pesquisas, foram identificadas concentrações críticas desubstâncias tóxicas para a biota aquática, no sedimento do fundo do rio Guandu e da lagoa e no material emsuspensão (MPS), bem como no lodo da ETA, abrangendo metais, bifenilas policloradas (PCBs), pesticidasorganoclorados (OCs) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs).

Poluentes nos sedimentosParte da carga de sedimentos e poluentestransportada nas águas dos rios Poços/Queimadose Cabuçu/Ipiranga acumulam-se no fundo daslagoas, outra parte soma-se à carga de poluentestrazida pelo rio Guandu, atingindo a tomadad'água da ETA Guandu e distribuindo-se abaixo,até a Baía de Sepetiba.

A baía de Sepetiba recebe uma carga de sedimentosestimada em mais de 1,0 milhão de toneladas porano, dos quais 75% são oriundos do rio Guandu,incluindo a carga transposta do rio Paraíba do Sul.

Page 39: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Análise integrada e conclusivaCom o objetivo de resumir os dados do diagnóstico daqualidade dos ambientes aquáticos e dar suporte aavaliação de impactos do projeto da CEDAE, osindicadores obtidos foram organizados em 5 classes decriticidade. Esta classificação também ajuda a identificarprioridades. Indicadores mais críticos devem terprioridade nas avaliações regulares e em novos estudos aserem realizados para melhorar a consistência da base dedados sobre os ambientes aquáticos em questão.

As figuras a seguir mostram os resultados deste estudo decriticidade, para os indicadores de poluição nas águas e nossedimentos. Para as águas, as classes de criticidadecorrespondem à variação de índices de violação aos limitesda Resolução CONAMA 357. Para sedimentos,correspondem a intervalos entre os níveis de adversidadedas substâncias tóxicas para a biota utilizados na ResoluçãoCONAMA 344/04.

Criticidade dos indicadores de qualidade da água - CEDAE

Criticidade dos indicadoresde qualidade da água - INEA

36

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 40: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

37

Criticidade dos metais em sedimento

Criticidade dos metais em MPS e lodo

Esta classificação de criticidade dos indicadores reforça as principais conclusões destediagnóstico, a partir da análise dos dados secundários obtidos, que são as seguintes:

Variáveis que apresentaram índices mais críticos no local da captação da CEDAE são, emordem de criticidade, por compartimento: a) na água: fósforo, coliformes fecais e DBO; b)no material particulado em suspensão (MPS): níquel, manganês, cromo, ferro, zinco eDDT.

, a montante dacaptação: a) na água: fósforo e coliformes fecais; b) no sedimento: níquel e ferro; b) no MPS:chumbo, cromo, níquel, zinco, ferro, manganês, DDT e dieldrin.

, índices menoscríticos do que na captação ou no lodo da ETA, indicando uma provável influência maisdecisiva da poluição do sistema lagunar: a) na água: DBO; b) no MPS: cromo, manganês,mercúrio e os pesticidas DDE e heptacoloro epóxido.

: a) na água: fósforo, coliformesfecais, DBO e amônia; b) no sedimento: nenhum.

: fósforo, coliformes fecais, OD, DBO,manganês, fenóis, amônia, cor; b) no sedimento: níquel, zinco e ferro.

As concentrações de metais nos sedimentos do fundo das lagoas, ao contrário doesperado, apresentaram-se muito baixas, em relação aos sedimentos dos rios a montante(inclusive o rio Guandu) e aos limites normativos, porém, a amostragem foi única, restrita adois pontos e sem representatividade sazonal, feita apenas em período chuvoso (mar/02 efev/03); há também indicações de que concentrações de metais em MPS das lagoas (nãoamostrados) talvez sejam mais elevadas, principalmente em relação ao mercúrio.

Variáveis que apresentaram índices mais críticos no rio Guandu

Variáveis que apresentaram no rio Guandu, a montante da captação

Variáveis que apresentaram índices mais críticos na Lagoa

Variáveis que apresentaram índices mais críticos nos rios Queimados,Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga: a) na água

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

3

Page 41: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

A maioria dos metais no sedimento do fundo dos rios e lagoas da amostragem de2002/3 também aparecem em menores concentrações do que em amostragensde 1988, o que pode ser indicativo de melhor controle de efluentes industriais,juntamente com outros fatores tais como diferentes períodos de amostragem(chuvoso em 2002/3 e seco em 1988) e a participação do processo debioacumulação.

Os dados indicam que o sistema lagunar e o meio biótico associado têmfuncionado como sumidouro de nutrientes e poluentes, visto que alguns desteschegam à captação com índices menos críticos do que nos riosPoços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga; macrófitas aquáticas e algas sãoconhecidamente eficazes na bioacumulação de várias substâncias tóxicas,podendo transferi-las para a cadeia trófica do ecossistema aquático e, por efeitoda biomagnificação, atingir também os consumidores de pescado;

As altas concentrações de metais e outros poluentes no lodo da ETA podem serindicativas de uma situação mais crítica quanto à presença dos mesmos nosambientes aquáticos do que parecem demonstrar os indicadores de qualidade daágua; as variáveis mais críticas no lodo foram: mercúrio, níquel, cromo, ferro,manganês, DDT e DDE.

As bifenilas policloradas (PCBs) e os pesticidas organoclorados (OCs)apresentaram concentrações menos críticas do que os metais, mas sãosubstâncias igualmente prejudiciais à saúde e bioacumulativas, algumas comefeitos cancerígenos e mutagênicos.

As elevadas concentrações de hidrocarbonetos (PAHs) nos sedimentos do rioQueimados e do rio Paraíba do Sul apontam para a necessidade de avaliaçãodestas substâncias nos diversos compartimentos (sedimento, água e MPS) dosistema lagunar e do rio Guandu na captação.

As entradas de água do rio Guandu no sistema lagunar parecem contribuir paraa redução da criticidade de indicadores de qualidade neste sistema e,possivelmente, para a retenção de poluentes, por efeito da pressão hidráulica(principalmente nos picos de cheia do rio Guandu), diminuindo a velocidade deescoamento das águas das lagoas;

Por outro lado, o rio Guandu transporta fósforo, metais e outros poluentes, emconcentrações acima dos níveis aceitáveis para as normas vigentes, que tambémpodem afetar a qualidade do sistema lagunar e das águas na captação.

O aporte de fósforo ao sistema lagunar não se reflete diretamente emcrescimento exagerado de espécies de cianobactérias tóxicas; em monitoramentointensivo realizado entre 2002 e 2004 não foram encontradas espéciespotencialmente tóxicas na lagoa e as poucas ocorrências de microcistinasestiveram abaixo do limite dado pela Portaria MS 518/04; diversos fatores estãorelacionados ao crescimento de algas e este pode ser também inibido pelapresença constante de substâncias tóxicas em elevadas concentrações.

De acordo com os boletins da CEDAE, no monitoramento de qualidade daágua tratada na ETA Guandu (anos 2006 a 2008), nenhuma das inúmerasvariáveis listadas na Portaria 518/04, entre elas todas as que apresentaramíndices críticos nos ambientes aquáticos analisados neste diagnóstico,apresentaram violações aos parâmetros da Portaria. As altas concentrações depoluentes no lodo da ETA confirmam a eficácia do tratamento.

38

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 42: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Concluindo, os dados secundários analisados neste estudoindicam que os ambientes aquáticos em questão apresentamcaracterísticas que permitem amenizar os impactos dapoluição nos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipirangapara as águas captadas pela CEDAE, destacando-se:

e, portanto,sua grande capacidade de diluição;

presença de macrófitasaquáticas no curso final das sub-bacias Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga e em torno do sistema lagunar, que setraduzem em bioacumulação de nutrientes e poluentes.

o grande volume de água do rio Guandu

a topografia plana e a expressiva

Porém, os dados mostram também que a qualidade das águas captadas na ETA-Guandu tem sido constantemente ameaçada pela excessiva e crescente carga depoluição nos rios acima, podendo prejudicar igualmente a população abastecida ea biota que habita ou depende do ambiente aquático, bem como os consumidoresdos recursos pesqueiros. Ressalta-se que a carga de esgotos domésticos que élançada nos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga tende a aumentar, emproporção ao rápido crescimento urbano que vem ocorrendo nas respectivasbacias desses rios.

É importante destacar, entretanto, que o diagnóstico da Qualidade dosAmbientes Aquáticos, baseado em dados secundários incompletos, necessita deestudos mais aprofundados para verificar conclusões e suposições para garantirmelhor suporte à tomada de decisão sobre medidas de controle de qualidade dosambientes aquáticos em questão, que afetam a qualidade da água captada pelaCEDAE no rio Guandu.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

39

Page 43: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Para elaboração do diagnóstico socioeconômico foramconsultados, além de dados do governo estadual e dasprefeituras dos municípios das áreas de influência doempreendimento, os seguintes órgãos e instituições:

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);

Ministério da Saúde (MS/DATASUS);

Ministério da Educação (MEC/INEP);

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE/RAIS);

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(PNUD).

Em campo, diversas informações complementares foramobtidas através de entrevistas com autoridades, técnicos,lideranças comunitárias e moradores da área doempreendimento.

Vale lembrar que como Área de Influência Indireta (AII) do Meio Socioeconômico (ou Antrópico) considerou-se osmunicípios do Estado do Rio de Janeiro: Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Itaguaí, Nilópolis, Nova Iguaçu,Queimados, Rio de Janeiro, São João de Meriti e Seropédica.

Os municípios da AII apresentam características populacionais essencialmente urbanas, com 99,8% da populaçãoresidindo na área urbana em 2000. Outra característica dos dez municípios em estudo é a elevada densidadedemográfica (3.123,6 hab/km2), exceto no município de Itaguaí e Seropédica.

Considerando o crescimento anual da população, a AII apresentou crescimento positivo, com uma média de 1%entre os anos 1991 e 2000 e de 0,8% entre 2000 e 2007.Apenas Nova Iguaçu e Itaguaí não apresentaramcrescimento, devido à perda de parte de seus territóriospara formação de novos municípios.

A População Economicamente Ativa (PEA), que significaa parcela dos indivíduos maiores de dez anos exercendoocupação ou procurando trabalho quando da realizaçãodo Censo Demográfico de 2000, era de 4.165.518 na AIItotal. A menor taxa de PEA foi registrada em BelfordRoxo, atingindo aproximadamente de 79,60% dapopulação do município, e a maior ocorreu na capital Riode Janeiro, com pouco menos de 85%.

– ao todo existiam na AII 3.357estabelecimentos que ofereciam Ensino Fundamental em2006, distribuídos da seguinte maneira: 1.482 da redeprivada; 1.443 da rede municipal; 419 da rede estadual e13 federais. No que diz respeito ao número de alunos, oEnsino Fundamental possuía 1.397.065 matrículas,sendo que 62,3% eram da rede municipal de ensino.

Área de Influência Indireta do Meio Socioeconômico

Aspectos Demográficos

Educação

Ensino Fundamental

Meio Socioeconômico(ou Antrópico)

40

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 44: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Ensino Médio

Educação Especial

Educação de Jovens e Adultos (EJA)

– do total de 1.034 estabelecimentos que ofereciam o Ensino Médio em 2006, na AII, 527 eram darede estadual e 490 da rede privada. As matrículas somavam 461.526 alunos, sendo que 81,2% estudavam emescolas estaduais.

– a oferta de vagas é, de modo geral, pequena nos municípios da AII. O município do Rio deJaneiro teve, no ano de 2006, 9.336 matrículas distribuídas em 353 escolas, em sua maioria municipais. Nosdemais municípios da AII a quantidade de estabelecimentos com Educação Especial é bastante reduzido.

– presente na quase totalidade dos municípios da AII. As escolas públicasestaduais correspondiam, em 2006, a 53% das unidades com esta atividade.

Ensino Superior

Abastecimento de Água

Esgotamento Sanitário

Lixo

– no estado do Rio de Janeiro funcionavam 118 entidades de Ensino Superior em 2004, sendoque o município do Rio de Janeiro contava com mais de 52% dessas unidades.

As condições de saneamento básico, que são os acessos à água encanada, à rede de esgoto e à coleta de lixo, sãoprecárias no estado do Rio de Janeiro. Nos municípios da AII as condições podem ser consideradas um poucomelhores, mas ainda assim são insatisfatórias, conforme apresentado a seguir.

– pouco mais de 90% dos domicílios da AII contam com água encanada proveniente derede geral. Mas em diversos municípios da AII a população ainda utiliza poços ou nascentes, como é o caso de maisde 30% dos domicílios de Japeri e de Queimados, assim como mais de 20% das moradias de Belford Roxo, Duquede Caxias e Itaguaí. Quanto maior o grau de urbanização dos municípios, maiores são as parcelas de seus habitantescom acesso à rede de água, neste caso normalmente oferecida após o tratamento fornecido pela ETA Guandu.

– somente cerca de 70% dos domicílios da AII estão ligados a redes de esgoto. As águasrecolhidas por rede são em grande parte despejadas nos corpos d'água, sem qualquer tipo de tratamento. As fossassão também utilizadas em larga escala, principalmente naqueles municípios que ainda apresentam característicasmais rurais, como Queimados e Seropédica. Mesmo o município do Rio de Janeiro tem atendimento de rede deesgoto em menos de 78% dos domicílios.

– na AII como um todo, mais de 95% dos domicílios tem seu lixo coletado por serviço de limpeza. Nilópolis éo município que tem a melhor cobertura deste serviço, que atende a 99% das moradias. Por outro lado, Japeriapresenta o pior serviço, com apenas 58% dos domicílios atendidos, enquanto mais de 30% é queimado.

Saneamento

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

41

Page 45: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Saúde

Estrutura do Setor de Saúde na AII

Praticamente todos os municípios da AII, com exceção de Queimados e Seropédica, possuem pelomenos um hospital geral. Com relação a unidades de pronto-socorro, o quadro é bastante precárioem diversos municípios, especialmente em Nilópolis e Itaguaí, que não contam com nenhumaunidade. Os serviços de saúde desta grande região são polarizados principalmente pelo município do

Rio de Janeiro que, sozinho, responde cerca de 58% dos estabelecimentos de saúdeda AII, e secundariamente, pelos municípios de Duque de Caxias e

Nova Iguaçu, nos quais se localizam 27% destas unidades. Ouse ja , estes t rês munic ípios tot a l i zam

a p r o x i m a d a m e n t e 8 5 % d o sestabelecimentos de saúde

da AII.

As unidades de saúde de Belford Roxo e de Seropédicaapresentam a menor relação leitos/habitantes da AII,com números insuficientes para o atendimento de seusmoradores, que são obrigados a procurar tratamento emoutros municípios. Em Nova Iguaçu, quando se examinaos leitos à disposição da população e conveniados com oSUS, verifica-se que o seu número é insuficiente paragarantir o atendimento desejável. Por outro lado, aoferta de leitos em Queimados e em Japeri é mais do queo dobro das necessidades mínimas de sua população.Também no Rio de Janeiro a quantidade oferecida ébastante superior aos índices recomendados, mesmoaqueles conveniados com o SUS.

No total da AII encontrava-se, em setembro de 2008,14.941 consultórios de diversos tipos, além de serviçosde odontologia e outros não-médicos, como psicologia,fisioterapia, fonoaudiologia, entre outros.

– em todos os municípios da AII asinfecções originadas no período neonatal são a maiorcausa de mortes infantis, com percentuais superiores a

Mortalidade e Morbidade Hospitalar

Mortalidade Infantil

50%, à exceção dos municípios de Itaguaí eSeropédica. A segunda maior causa são asmalformações congênitas, deformidades e anomaliascromossômicas, seguidas pelas doenças do aparelhorespiratório, que em Belford Roxo e em Japeri chegama ocupar a segunda posição. As doenças infecto-parasitárias ainda apresentam certa importância namortalidade infantil.

Verifica-se que os índices de mortalidade infantil aindaestão longe de alcançarem os níveis considerados ideaisna maioria dos municípios estudados, principalmenteem Belford Roxo, Nova Iguaçu e em Queimados, ondechegaram, no ano de 2005, a mais de 20 óbitos por1.000 crianças nascidas vivas, ou seja, mais que o dobrodos patamares máximos aceitáveis. Por outro lado, ocoeficiente 15,6 óbitos infantis por 1.000 nascidosvivos observado no conjunto da AII é fortementeinfluenciado pelo índice do município do Rio deJaneiro, o mais populoso e com o maior número denascimentos, ao mesmo tempo em que apresenta umdos menores coeficientes de mortalidade infantildentre todos.

42

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 46: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Mortalidade Geral

Morbidade Hospitalar

– o maior índice de falecimentos na AII é derivado das doenças do aparelhocirculatório, que incluem os quadros originários da hipertensão, como os infartos e os acidentesvasculares cerebrais, entre outros. Em seguida, surgem as mortes ocasionadas por neoplasias e ascausas externas, em que se incluem os atos de violência e os acidentes de trânsito. Tambémbastante importante no conjunto da AII são as doenças do aparelho respiratório, ocasionadasfrequentemente por más condições ambientais e os chamados “Sintomas e sinais achadosanormais em exames clínicos e laboratoriais” que indicam, muitas vezes, dificuldades noestabelecimento de diagnósticos precisos.

– em todos os municípios da AII, as internações por gravidez, parto e pós-parto constituem a maior parte da demanda hospitalar, em função do elevado número denascimentos ocorridos. Após as internações decorrentes de gravidez, as doenças do aparelhorespiratório predominam na maioria dos municípios estudados e no conjunto da AII, alcançandomais de 10% da demanda hospitalar. As doenças do aparelho circulatório tambémrepresentaram, no ano de 2007, cerca de 10% do total de internações de residentes da AII,constituindo-se na segunda maior causa de morbidade hospitalar em Nilópolis e em Itaguaí.

As neoplasias e as doenças do aparelho digestivo também são importantes causa de internaçõesem todos os municípios da AII, enquanto as doenças infecto-parasitárias sobressaemprincipalmente nos municípios de Belford Roxo, Japeri, Nova Iguaçu e Queimados, em estreitaligação com precárias condições de saneamento destes municípios. As “lesões, envenenamentos ealgumas outras conseqüências de causas externas” também se apresentam como importantescausas de internações hospitalares na AII.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), desenvolvido pelo PNUD (Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento) é umdos indicadores frequentementeconsiderados quando se estuda ascondições em que vive uma população.

Para o cálculo do IDH são utilizadosdiversos sub-índices em três áreas deinformações: Educação, Longevidade eRenda. O IDH varia de zero até um,quando ele se situa abaixo de 0,50 odesenvolvimento humano do localestudado é considerado baixo; valoresentre 0,50 e 0,79 são consideradosmédios; a partir de 0,80 o IDH éconsiderado alto.

Somente o município do Rio de Janeiroapresentou IDH alto (0,84), os demaismunicípios da AII são classificados comode médio IDH. Todos os municípios, noentanto, verificaram elevações em seusIDHs entre 1991 e 2000, alguns comtaxas bem expressivas, acima dos 10%,como é o

Qualidade de Vida

caso de Belford Roxo,Queimados, Seropédica, Itaguaí e,principalmente, Japeri.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

43

Page 47: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Aspectos Econômicos

Infraestrutura

O setor de Comércio e Serviços (também conhecidocomo setor Terciário) é o principal motor daeconomia tanto do Estado do Rio de Janeiro comodos municípios da AII. É também o setor que possuimaior demanda de empregos.

A importância do setor Agropecuário (ou Primário)na economia destes municípios é pequena, pois sãoessencialmente urbanos.

Já o setor de Indústrias (Secundário) é especialmenteimportante na economia de Duque de Caxias,Queimados, Seropédica e Nova Iguaçu. Também oRio de Janeiro, representa quase dois terços dosprodutos do setor industrial de toda a AII.

O setor de administração pública também éimportante para as finanças dos municípios da AII,muito em função dos salários pagos à massa defuncionários.

A distribuição de energia elétrica nos municípios daAII é feita pela Light Serviços de Eletricidade S.A.,que atende à demanda desses municípios,beneficiando residências, comércios, fábricas,órgãos públicos e privados, inclusive nas localidadesdo interior.

Rodovias: entre as principais rodovias da AII estão aBR-101 e a BR-116, que fazem a ligação da Região Sulcom o Sudeste e o Nordeste; a BR-493 que, juntocom a RJ-109 e a RJ-099 formará o Arco Rodoviáriodo Rio de Janeiro; a RJ-105, que cruza diversosmunicípios da Baixada Fluminense. A principal viade acesso para o local do empreendimento e a ETAGuandu é a BR-465, a antiga estrada Rio-São Paulo.

Ferrovias: os municípios da Baixada Fluminense sãoligados ao Rio de Janeiro também por trens depassageiros, operados pela concessionária Supervia,e a AII ainda conta com o transporte ferroviário decargas, inclusive até o porto de Sepetiba.

Aeroportos: a região conta com os aeroportos TomJobim–Galeão e Santos Dumont, localizados nomunicípio do Rio de Janeiro e com ligações paratodo o Brasil e o exterior.

Portos: o porto do Rio de Janeiro é o segundo maiordo país e o porto de Sepetiba, em Itaguaí, junto aopólo industrial do município, irá assumir posiçãoainda mais destacada com a completa implantaçãodo Arco Rodoviário.

Energia Elétrica

Transportes

44

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 48: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

No ambiente aquático, a partir da bioacumulação, metais e outras substâncias tóxicas, sãotransferidas das macrófitas e fitoplânctons para os organismos invertebrados e vertebradosherbívoros, carnívoros e onívoros. As concentrações tendem a ser maiores nos tecidos dosorganismos, ao longo da cadeia alimentar, chegando aos peixes, aves e humanos em concentraçõesmuito elevadas.

A taboa (Typha domingensis) e outras espécies de macrófitas aquáticas ocorrem em grande extensãono sistema lagunar do Guandu, destacando-se a macrófita flutuante aguapé (Eichornia crassipes),muito conhecida e pesquisada por sua dispersão geográfica e capacidade de remoção e fixação denutrientes e metais pesados.

A capacidade de bioacumulação das macrófitas e das algas nos ambientes aquáticos da AID,especialmente no sistema lagunar, é um aspecto de grande importância na análise dos indicadores dequalidade desses ambientes. Além da elevada vazão do rio Guandu e, portanto, sua alta capacidadede diluição de esgotos e efluentes industriais, a bioacumulação no sistema lagunar é um fator quecontribui para que os índices de poluição nas águas captadas pela CEDAE no rio Guandu sejammenores do que nas águas dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga.

Jornal, Rádio, Televisão e Internet – os municípios da AII têm acesso a jornais da capital do Estado ea jornais locais, possuem antenas repetidoras, captando sinais das TVs abertas e há disponibilidadede serviços de TV por assinatura, diversas rádios e acesso a internet via cabo e rádio entre outras.

– as empresas concessionárias dos serviços de telefonia na região são: Oi Fixo e Embratel.A região conta ainda com a cobertura das empresas de telefonia celular Claro, Tim, Oi e Vivo.

– serviço realizado pelaEmpresa de Correios e Telégrafos, quepossui diversas agências e pontos devenda de produtos nos municípios(próprias, franqueadas, satélites ecomunitárias), distribuídas na sede e nosdistritos.

As atividades de segurança pública noEstado do Rio de Janeiro estão sob aresponsabilidade da Secretaria deSegurança Pública.

Comunicações

Segurança Pública

Telefonia

Correios

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

45

Page 49: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Área de Influência DiretaComo Área de Influência Direta (AID) do MeioSocioeconômico considerou-se as regiões mais próximas doempreendimento, localizadas nos municípios deSeropédica, Queimados e Nova Iguaçu, principalmente acomunidade ribeirinha próxima à captação da CEDAE,denominada Parque de Todos os Santos.

A comunidade de Parque Todos os Santos, localizada àsmargens da lagoa do Guandu, tem acesso através da BR-465(antiga rodovia Rio-São Paulo), junto à ponte sobre o rioGuandu. Conta com aproximadamente 600 famílias,somando cerca de 2.500 habitantes, segundo informaçõesda Associação de Moradores.

Em pesquisa de campo obteve-se a informação de que a maior parte dos moradores de Todos os Santos atuano setor de Comércio e Serviços, trabalhando na própria comunidade, como é o caso do pequeno comérciolocal, mas também no vizinho município de Seropédica, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro e nacidade de Nova Iguaçu. Há também, de acordo com a presidenta da Associação de Moradoras, um grupo decerca de 70 pescadores, que não contam com nenhuma forma de organização e não têm registro em Colôniasde Pescadores ou na Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP).

As casas da comunidade são em geral de alvenaria, com padrão construtivo simples. As ruas não são calçadas enão existem meios de transporte dentro da comunidade.

Apesar de contar com iluminação pública, ela é considerada deficitária e insuficiente.

Os principais meios de comunicação utilizados por seus habitantes são a televisão, o rádio e jornais,sobretudo os populares.

Quanto à segurança pública, os moradores, de modo geral, declaram que a localidade é tranqüila e que não sevê criminalidade.

No que se refere à infra-estrutura de saneamento, a localidade recebe fornecimento de água através de redegeral, proveniente de ribeirão das Lajes. Não possui esgotamento sanitário, que é lançado em valas, levando oesgoto diretamente para a lagoa e o rio Guandu. O lixo da comunidade, de modo geral, é coletado por umaempresa três vezes por semana.

46

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 50: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Nas entrevistas realizadas com moradores, foram citados como osprincipais aspectos positivos da comunidade: a tranqüilidade; asegurança; o contato com a natureza; as boas relações de vizinhança; e apossibilidade de pesca, tanto como lazer quanto como forma decomplementação alimentar. Por outro lado, como problemas maisimportantes enfrentados pelos moradores, foram citados: a carência deesgotamento sanitário; o difícil acesso; e a falta de comércio, emprego elazer, principalmente para as crianças.

A Associação de Moradores e Amigos do Parque Todos os Santos –AMAPTS, fundada em 1984, é a entidade comunitária existente nolocal. Tem, como principais atividades, realizar gestões junto aos órgãospúblicos, buscando benefícios para a comunidade.

No setor de educação, Parque Todos os Santos conta apenas com umacreche comunitária, que atende a 50 crianças da comunidade e a EscolaMunicipal Shangri-lá, que mantém turmas de Educação Infantil e deEducação Fundamental, atendendo a 396 alunos.

Os moradores de Parque Todos os Santos contam com um Posto deSaúde da Família (PSF), com atendimento ambulatorial.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

47

Page 51: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

A seguir são apresentadas as principais normas legais pertinentes ao projeto de Proteção daTomada D'Água da CEDAE no Rio Guandu, especialmente aquelas relativas à gestão elicenciamento ambiental.

As diretrizes básicas, ou seja, as normas de procedimento para a gestão ambiental no Brasil sãodefinidas pela Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938 de 31 de agostode 1981.

A gestão ambiental pública no Brasil é exercida pelos organismos integrantes do SistemaNacional do Meio Ambiente (SISNAMA), instituído pela Política Nacional de Meio Ambiente.Fazem parte do SISNAMA os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção emelhoria da qualidade ambiental.

Cabe aos funcionários de órgãos ambientais integrantes do SISNAMA designados para asatividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, e do Ministério daMarinha, emitir processos de infração ambiental e iniciar processos administrativos. A infraçãoadministrativa ambiental é toda ação, ou falta dela, que violem as regras jurídicas de livre uso deum direito, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

Na esfera criminal, o Ministério Público deve propor as ações penais ambientais. As penasprevistas, aplicáveis para a pessoa física são diferentes para pessoa jurídica.

No âmbito civil, haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casosespecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do danoimplicar, por sua natureza, risco para os direitos das outras pessoas.

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro contempla no seu texto um capítulo específicodestinado ao meio ambiente, estabelecendo princípios ou mesmo impondo regras para a gestãodo ambiental.

A atual estrutura de gestão ambiental do estado é coordenada pela Secretaria Estadual doAmbiente (SEA-RJ), a qual está vinculada aos seguintes órgãos:

Instituto Estadual do Ambiente (INEA)

Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA)

Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONEMA)

Fundo de Controle Ambiental (FECAM)

O INEA, instalado efetivamente em 12/01/2009, reúne a FEEMA, a SERLA e o IEF em umúnico órgão, e integra tanto o SISNAMA quanto o Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos (SNGRH), o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos(SEGRH) e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

O principal instrumento de execução da política ambiental estadual é o seu Sistema deLicenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP), criado com o objetivo disciplinar a implantaçãode quaisquer equipamentos ou atividades que forem consideradas poluidoras ou de combate apoluição do meio ambiente.

Gestão Ambiental

Gestão Ambiental Federal

Gestão Ambiental Estadual

Legis

lação A

mbie

nta

l

48

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 52: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Gestão Ambiental MunicipalA legislação municipal citada a seguir diz respeito aos municípios compreendidos pela Área de InfluênciaDireta (AID) do Meio Socioeconômico, que são Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica.

O Município de Nova Iguaçu define objetivos de proteção ambiental em sua Lei Orgânica, promulgada em30 de maio de 1990, que cria o Conselho Municipal da Ecologia e Meio Ambiente.

A Lei Orgânica declara que o município deve, entre outras coisas, estimular e auxiliar os órgãos competentesno reflorestamento das áreas degradadas; estimular a pesquisa; acompanhar e fiscalizar as concessões edireitos de pesquisa e exploração, etc.

Em 2007, foi criada a Secretaria Municipal de Meio Ambiente por meio da Lei nº 3.849, de 28 de junho de2007. Diretamente subordinada ao Prefeito Municipal, a Secretaria tem por finalidade coordenar asatividades relacionadas às ações ambientais, desde a educação ambiental até o completo controle jurídicoambiental, bem como todas as atividades de licenciamento ambiental (Art.1°).

Em Queimados a Lei nº 393, de 03 de maio de 1999, institui o Código Ambiental do município. Neladetermina-se que as atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental devem atender “àsnormas específicas previstas na legislação municipal sobre urbanismo, meio ambiente e saúde pública” etomar as “medidas técnicas previstas pelo órgão federal, estadual e municipal de fiscalização do meioambiente, para a proteção e restauração adequada dos recursos utilizados” (Art. 5°).

O Código Ambiental abrange, portanto, a proibição do desmatamento e da derrubada de árvores nomunicípio, além do objetivo principal em recuperar e conservar o meio ambiente, os recursos hídricos emelhorar a qualidade de vida dos habitantes. O Código ambiental criou ainda o Sistema Municipal deLicenciamento de Atividades Poluidoras (SIMLAP), e também o Conselho Municipal de Defesa do MeioAmbiente (CONDEMA).

O Decreto n° 664, de 11 de janeiro de 2006 estabeleceu o Regimento Interno da Secretaria Municipal deUrbanismo e Meio Ambiente (SEMURMA). Trata, entre outros, dos objetivos, da estrutura interna, dasatribuições, dos setores e departamentos da Secretaria.

No Município de Seropédica a questão ambiental é tratada, primeiramente, na Lei Orgânica Municipal (Leinº 027 de 30 de junho de 1997), que no seu Art. 11 atribui ao município o dever de “exigir, na forma da lei,para a execução de obras ou exercícios de atividades potencialmente causadoras de degradação do meioambiente, estudo prévio dos respectivos impactos ambientais”.

Mais tarde o município passou a contar com Plano Diretor (Lei n° 328, de 06 de outubro de 2006) quecontempla, entre os objetivos gerais, “atualizar e compatibilizar as leis de ordenamento municipal, visando àorganização do espaço, seu uso e sua ocupação” e “dar cumprimento a Lei Orgânica do Município deSeropédica” (Art.3°, XVII e XVIII).

Além do Plano Diretor e da Lei Orgânica Municipal, ressalta-se ainda as seguintes leis, relacionadas à gestãoambiental do município de Seropédica:

Lei n° 328/2006, que trata especificamente “Do Planejamento Ambiental” nos artigos 48 a 52, queapresentam os princípios, diretrizes e objetivos da política ambiental municipal, bem como as diretrizes paraimplementar a sustentabilidade das bacias hidrográficas de Seropédica e no Art. 9°, sob o título “DoPlanejamento Urbano” acrescenta como uma diretriz ao desenvolvimento urbanístico do município a“proteção e revitalização urbanística e paisagística das margens do Rio Guandu” (Art. 9°, VI);

Lei n° 118, de 22 de novembro de 2000, que dispõe sobre a criação da Secretaria Municipal de MeioAmbiente;

Lei n° 344, de 28 de dezembro de 2007, que cria o Conselho Municipal de Meio Ambiente (CONMAS);

Lei n° 345, de 28 de dezembro de 2007, que cria o Fundo Municipal de Conservação Ambiental(FUNCONMAS), regulamentada pelo Decreto n° 7, de 02 de fevereiro de 2009.

Nova Iguaçu

Queimados

Seropédica

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

49

Page 53: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Gestão dos Recursos Hídricos

Legislação Federal de Recursos Hídricos

A Constituição Brasileira de 1988 define o domíniodas águas no país. As diretrizes e critérios para a suagestão das águas, tanto na esfera federal como nosestados e municípios, têm como referência básica a LeiFederal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que instituiua Política Nacional de Recursos Hídricos e o SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,onde integram as seguintes instituições:

Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

Agência Nacional de Águas;

Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

Comitês de Bacia Hidrográfica;

Órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujascompetências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;

Agências de Água.

Destaca-se, para o objeto deste estudo, o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do RioParaíba do Sul (CEIVAP), tendo em vista que a vazão do rio Guandu é completamentedependente da operação do sistema de transposição das águas do rio Paraíba do Sul.

A importância da gestão integrada entre as duas bacias no que diz respeito às regras de operaçãodo sistema de transposição reflete-se na aprovação da Deliberação CEIVAP N0 53, de16/09/2005, que instituiu um Grupo de Trabalho permanente para acompanhamento daoperação hidráulica da bacia do rio Paraíba do Sul, em atuação conjunta com o Comitê doGuandu.

A implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos conta com os seguintesinstrumentos, definidos no art. 5º da Lei 9.433/97:

os Planos de Recursos Hídricos;

o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

a compensação a municípios;

o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

A CEDAE, tanto no âmbito federal, quanto no estadual, deverá obter outorgas para a derivação ecaptação de águas e para, ao menos, alterar o regime e a quantidade da água existente nos corposd'água em que pretende intervir. Segundo o que dispõe o artigo 4º, inciso IV, da Lei nº 9.984, de17 de julho de 2000, cabe à ANA a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos em corposd´água de domínio federal.

50

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 54: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Legislação Estadual de Recursos HídricosNo Estado do Rio de Janeiro, a gestão dos recursos hídricos compete aos órgãos que compõem oSistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRHI), criado pela Lei Estadualn° 3.239, de 02 de agosto de 1999, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos. OSEGRHI é formado pelas seguintes instituições:

Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI);

Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNDRHI);

Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs);

Agências de Água;

Organismos dos poderes públicos federal, estadual e municipais cujas competências serelacionem com a gestão dos recursos hídricos.

A cobrança pela utilização dos recursos hídricos foi instituída no estado a partir da Lei Estadualn° 4.247/2003, alterada pela Lei Estadual n° 5.234/2008.

Pela grande vazão captada no rio Guandu, a CEDAE é a maior usuária de águas superficiais dabacia, correspondendo, portanto, à maior fonte potencial de recursos provenientes do sistema decobrança pelo uso dos recursos hídricos no estado. A Portaria SERLA Nº 524, de 17 de janeiro de2007, outorga à CEDAE o direito de uso dos recursos hídricos em seus diversos locais decaptação de água bruta, dos quais a captação no rio Guandu é a maior.

Em recente acordo com o INEA, oficializado em 11 de dezembro de 2009, a CEDAE concretizouo primeiro repasse relativo à cobrança pelo uso da água no estado. De acordo com informedivulgado nos sites das instituições (CEDAE e INEA) são aproximadamente R$ 4 milhõesrecolhidos, ainda em 2009, ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNDHRI) e cerca de R$20 milhões anuais a partir de 2010.

A bacia do rio Guandu faz parte da área de atuação do Comitê da Bacia Hidrográfica doGuandu, conhecido como Comitê Guandu. O Decreto n° 31.178/2002, que cria o Comitê,define que sua área de atuação compreende, além da bacia do rio Guandu e do Ribeirão dasLages, as águas desviadas do Paraíba do Sul e do Piraí, bem como as Bacias Hidrográficas dos riosda Guarda e Guandu-Mirim.

A CEDAE faz parte da Plenária do Comitê Guandu, entre as demais instituições representantesdos usuários, na composição para o Biênio 2009/2010.

O Comitê Guandu conta com o Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Guandu e daGuarda e Guandu Mirim. Com a entrada de recursos da CEDAE, deverá ser agilizada a aplicaçãode recursos orçados no Plano para a bacia do Guandu.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

51

Page 55: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Licenciamento AmbientalLegislação Federal

Legislação Estadual

O licenciamento ambiental, um dos mais importantes instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente(Lei nº 6.938/81), começou a ser implementado no país a partir dos critérios e diretrizes definidos naResolução CONAMA 01, de 23 de janeiro de 1986, que determina a exigência de Estudo de ImpactoAmbiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). A Resolução 01/86 foi modificadapela Resolução 237, de 19 de dezembro de 1997, especialmente no que se refere às atribuições dos órgãosambientais, abrindo caminho para a descentralização, com a possibilidade de que atividades localizadaspossam ser licenciadas por órgãos municipais. Nesta Resolução, Anexo I, são listados os empreendimentossujeitos ao licenciamento ambiental.

O processo de licenciamento ambiental, para a maioria dos empreendimentos sujeitos ao licenciamento, devecompreender o atendimento às exigências do órgão ambiental competente para a obtenção das respectivaslicenças, definidas no art. 8º da CONAMA nº237/97:

: onde é exigido o EIA/RIMA. A LP atesta a viabilidade ambiental doempreendimento e estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases;

: autoriza a instalação do empreendimento de acordo com as especificações dosplanos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental;

: autoriza a operação do empreendimento, após a verificação do cumprimentodo que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes.

Destaca-se ainda, em relação às normas federais para o licenciamento ambiental, a compensação financeira deempreendimentos de significativo impacto ambiental para unidades de conservação de Proteção Integral,instituída pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei no 9.985/00. Recentementehouve algumas mudanças inseridas pelo Decreto n° 6.848/09 no que diz respeito ao parâmetro de 0,5% doscustos do empreendimento, que antes era o valor mínimo da compensação e passou a ser o valor máximo.

O projeto de Proteção da Tomada D'Água da CEDAE no Rio Guandu, por abranger mais de um município,tanto na área afetada pelo empreendimento, quanto na área abastecida pelas águas tratadas na ETA Guandu,tem seu licenciamento na esfera estadual.

Licença Prévia (LP)

Licença de Instalação (LI)

Licença de Operação (LO)

52

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 56: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Legislação Estadual de Recursos Hídricos�

No Estado do Rio de Janeiro, a gestão dos recursos hídricos compete aos órgãos que compõem o SistemaEstadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRHI), criado pela Lei Estadual n° 3.239, de 02 de agostode 1999, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos. O SEGRHI é formado pelas seguintesinstituições:

Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI);

Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNDRHI);

Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs);

Agências de Água;

Organismos dos poderes públicos federal, estadual e municipais cujas competências se relacionem com agestão dos recursos hídricos.

A cobrança pela utilização dos recursos hídricos foi instituída no estado a partir da Lei Estadual n° 4.247/2003,alterada pela Lei Estadual n° 5.234/2008.

Pela grande vazão captada no rio Guandu, a CEDAE é a maior usuária de águas superficiais da bacia,correspondendo, portanto, à maior fonte potencial de recursos provenientes do sistema de cobrança pelo usodos recursos hídricos no estado. A Portaria SERLA Nº 524, de 17 de janeiro de 2007, outorga à CEDAE o direitode uso dos recursos hídricos em seus diversos locais de captação de água bruta, dos quais a captação no rioGuandu é a maior.

Em recente acordo com o INEA, oficializado em 11 de dezembro de 2009, a CEDAE concretizou o primeirorepasse relativo à cobrança pelo uso da água no estado. De acordo com informe divulgado nos sites dasinstituições (CEDAE e INEA) são aproximadamente R$ 4 milhões recolhidos, ainda em 2009, ao FundoEstadual de Recursos Hídricos (FUNDHRI) e cerca de R$ 20 milhões anuais a partir de 2010.

A bacia do rio Guandu faz parte da área de atuação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Guandu, conhecidocomo Comitê Guandu. O Decreto n° 31.178/2002, que cria o Comitê, define que sua área de atuaçãocompreende, além da bacia do rio Guandu e do Ribeirão das Lages, as águas desviadas do Paraíba do Sul e doPiraí, bem como as Bacias Hidrográficas dos rios da Guarda e Guandu-Mirim.

A CEDAE faz parte da Plenária do Comitê Guandu, entre as demais instituições representantes dos usuários, nacomposição para o Biênio 2009/2010.

O Comitê Guandu conta com o Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Guandu e da Guarda eGuandu Mirim. Com a entrada de recursos da CEDAE, deverá ser agilizada a aplicação de recursos orçados noPlano para a bacia do Guandu.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

53

Page 57: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Ar

Flora e Fauna

A Resolução CONAMA nº3/90 estabeleceu padrõesnacionais de qualidade do ar,distinguindo entre os padrõesprimários e secundários. Ospadrões dizem respeito aconcentrações de partículastotais em suspensão, fumaça,partículas inaláveis, dióxido dee n xo f r e , m o n ó x i d o d ecarbono, ozônio e dióxido denitrogênio.

No âmbito do estado, tem-se oRegulamento do Controle dePoluição Atmosférica, Decreto nº 779, de 30 de janeiro de 1967, que adotada a “Escala deRingelman” como medida de poluição ocasionada pela descarga de fumaça na atmosfera edefine seus padrões.

Especificamente quanto aos veículos automotores empregados pelo empreendedor, devemser observados os limites de emissões aéreas estabelecidos pelo Programa de Controle daPoluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE), instituído pela Lei nº 8.723, de29 de outubro de 1993.

Agravam o crime de poluição, de que trata o artigo 54 da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de1988, causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, doshabitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população (§ 2º, incisoII) ou o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ousubstâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos(§ 2º, inciso V).

Estas condutas constituem, ainda, infração administrativa, segundo o que dispõe o Decretonº 3.179, de 21 de setembro de 1999, artigo 41, § 1º, II e V, às quais se cominam aspenalidades cabíveis, elencadas no artigo 2º do mesmo Decreto.

O empreendimento, que será implantado em área de Mata Atlântica, poderá interferir comáreas de preservação permanente (APP), definidas segundo o Código Florestal, Lei nº 4.771,de 15 de setembro de 1.965.

O artigos 2º e 3º do Código Florestal estabelecem os locais que são considerados depreservação permanente. O artigo 4º define que “supressão de vegetação em área depreservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou deinteresse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativopróprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto” eque “o órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para asupressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras ecompensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor”.

Os crimes contra a fauna e a flora encontram-se tipificados nos artigos de 29 a 53 da Lei nº9.605 de 12 de fevereiro de 1988 e as infrações administrativas contra elas estão definidasnos artigos 11 a 40 do Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.

54

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 58: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Resíduos Sólidos e Produtos Perigosos

Ruídos

O empreendimento gerará resíduos sólidos em função das obras civis. De acordo com o artigo 4º,§ 1º da Resolução CONAMA nº 307/2002, não é permitido depositar resíduos de construçãocivil em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d'água, lotesvagos e em áreas protegidas por Lei.

Os resíduos devem ser dispostos dos modos determinados pelo artigo 10 da ResoluçãoCONAMA nº 307/2002, feita a sua classificação, conforme as classes de resíduos estabelecidaspelo artigo 3º da mesma Resolução.

Quanto ao transporte terrestre de cargas especiais e perigosas em rodovias e ferrovias, de acordocom a Lei 10.233, de 5 de junho de 2001, art. 22, VII, cabe à Agência Nacional de TransportesTerrestres (ANTT), estabelecer os padrões e normas complementares relativos a esses transportes.A ANTT estabeleceu, para este fim, a Resolução ANTT nº 420/04.

Para o transporte terrestre de produtos perigosos deve-se ainda estabelecer um plano junto àsautoridades viárias e ambientais que determinarão as condições de tráfego, rodovias, horários eparadas permitidos, bem como, condições de armazenamento e isolamento da carga perigosa.

Constitui crime, segundo o artigo 56 da Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1988, produzir,processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar,ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou aomeio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.É, ainda, uma infração administrativa, segundo o que dispõe o Decreto nº 3.179, de 21 desetembro de 1999, artigo 44.

O Conselho Nacional de Meio Ambiente, através da Resolução nº 001/90, previu que a emissãode ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativasobedecerá, no interesse da saúde e do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizesestabelecidos nas NBR-10.151 e 10.152.

Em âmbito estadual, o Decreto-Lei n° 112, de 12 de agosto de 1969, fixa normas de proteçãocontra ruído, que estabelece as proibições, permissões e penalidades associadas à geração deruídos no então Estado daGuanabara.

No caso das Obras de Proteção daTomada D'água da CEDAE no RioGuandu importa o ruído produzidopor veículos automotores, sobre osquais devem ser observados oslimites fixados pelo artigo 20 daResolução CONAMA nº 8/93.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

55

Page 59: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Ações, Planos e Programas Locais

Plano Estratégico de RecursosHídricos das Bacias dos RiosGuandu, da Guarda e GuanduMirim

Pacto pelo Saneamento no Estado do Rio de Janeiro

Parque Fluvial e Replanta Guandu

Outros planos e programas estão em andamentoou planejados para a área de influência direta doProjeto de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEno Rio Guandu. Dentre eles destacam-se osseguintes:

Esta é a principal iniciativa de interesse para oProjeto de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEno Rio Guandu. Elaborado em 2006, o Planocontém um grande conjunto ações a seremimplantadas ao longo de 20 anos, através dosinstrumentos de gestão dos recursos hídricos, comcoordenação do Comitê Guandu e apoio daestrutura institucional responsável pela gestão dosrecursos hídricos. O projeto da CEDAEapresentado neste RIMA faz parte das açõesprevistas do Plano. No âmbito da estratégia paraimplementação foram priorizadas algumas metas,entre as quais está a Proteção da ETA Guandu, orçado em R$ 30,0 milhões, a ser implantado no curtoprazo.

Iniciativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, gerenciado pela Secretaria de Estado do Ambiente(SEA), tem como meta acabar com todos os lixões e levar coleta e tratamento de esgotos a 80% dapopulação, em um prazo de 10 anos. Os municípios e concessionários que recebem os recursos ficamcomprometidos a operar e manter os sistemas por toda sua vida útil. Para viabilizar o Pacto, o GovernoEstadual se compromete a aplicar no setor, anualmente, 60% dos recursos do Fundo Estadual deConservação Ambiental (FECAM) e 70% do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNDRHI).

Desenvolvido pela Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), visa recuperar matas ciliares, incentivar oecoturismo, garantir mais quantidade e qualidade de água para consumo da população, fortalecer oscorredores verdes de Mata Atlântica, restaurar a biodiversidade e defender o clima, evitando oassoreamento dos rios. No âmbito do projeto Parque Fluvial do Guandu foi iniciado o ReplantaGuandu em setembro de 2007, com meta de plantar 1,0 milhão de mudas.

56

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 60: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

O prognóstico ambiental considera dois cenários principais: sem oempreendimento e com o empreendimento, se baseando no estudo apresentado eno projeto de engenharia para as Obras de Proteção da Tomada D'água da CEDAEno Rio Guandu

O Plano da Bacia do Guandu, elaborado em 2006 de acordo com as diretrizes daPolítica Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433/97, conhecida como Lei dasÁguas), contempla um amplo conjunto de ações para a recuperação ambiental dasbacias, entre as quais a implantação de sistemas de coleta e tratamento dos esgotos,recuperação de áreas degradadas, controle de efluentes e resíduos tóxicos,reflorestamento das faixas ciliares, entre outras. Este projeto das Obras de Proteçãoda Tomada D'Água da CEDAE também está inserido no Plano da Bacia.

Se forem implantadas as Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) e demais açõesde recuperação ambiental previstas no Plano, a tendência atual será revertida, amédio/longo prazo, resultando em melhores indicadores de qualidade do que osverificados atualmente. No entanto, as incertezas quanto aos prazos e efetividadeda implantação e operação das ETEs e de ações que reduzam a poluição porefluentes industriais, mantêm a captação da CEDAE em constante e crescenterisco. Acima de tudo, é preocupante o risco de que as estações de tratamento nãosejam suficientes para que os rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga cheguemà foz com padrão aceitável de enquadramento (até classe 3 da ResoluçãoCONAMA 357/05.

Considerando que nenhuma ação significativa venha a ser implantada parareduzir os níveis de poluição por esgotos e efluentes industriais que chegam ao rioGuandu e ao sistema lagunar, as consequências prováveis serão:

Para a biota aquática: tendência de contínua degradação, contaminação eredução drástica da diversidade biológica associada à cadeia alimentar dessesambientes.

Para a captação da CEDAE no rio Guandu: haverá agravamento da qualidadedas águas, com aumento dos riscos de desabastecimento e redução daprodução de água tratada do rio Guandu para a Região Metropolitana.

O projeto das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAE tem o objetivo deafastar, do local da captação para a ETA, as águas que são impactadas pela máqualidade dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga. Para alcançar seuobjetivo, o empreendimento prevê estruturas que evitem o contato das águas do rioGuandu captadas pela CEDAE com as águas mais poluídas desses rios.

A comunicação entre esses rios é intermediada por um sistema lagunar, formado apartir das barragens construídas no rio Guandu, na década de 1950, para manter onível d'água necessário às demandas de abastecimento.

Cenário sem o Empreendimento

Cenário com o Empreendimento

PR

OG

STIC

O A

MB

IEN

TA

L

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

57

Page 61: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Por sua vez, essa dinâmica existente no sistema lagunar de intermediação, é que determinaas condições que se pode esperar para o futuro, com a implementação doempreendimento.

Tendo em vista as incertezas e os possíveis impactos para a biota do sistema lagunar, bemcomo para a biota abaixo da captação, foi inserida na concepção do projeto uma estruturade transferência de água do rio Guandu para a lagoa maior, visando evitar que os níveisd'água na lagoa e os processos ecológicos associados sejam afetados. Os estudos sobre ascondições ambientais do sistema lagunar estão previstos no Plano da Bacia do Guandu edeverão ser realizados com prioridade, visando apoiar a realização e a operação desteprojeto de proteção da tomada d'água.

Do ponto de vista do objetivo maior do projeto, que é minimizar o mais rápido possível osimpactos à qualidade das águas captadas para a ETA Guandu, protegendo o abastecimentopúblico de 8,5 milhões de habitantes, o cenário futuro com o empreendimento deverá serde melhoria significativa dessas águas.

Outro aspecto muito positivo no cenário futuro com a implantação do empreendimentoserá a eliminação dos riscos de graves contaminações na captação provenientes deacidentes nas instalações das indústrias existentes nas sub-bacias Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga ou de acidentes com transporte de substâncias tóxicas nas estradas quecortam as bacias, especialmente a rodovia Dutra.

O cenário futuro com a implantação do empreendimento será mais favorável para acaptação da CEDAE no rio Guandu na medida em que as ETEs e demais ações necessáriaspara a recuperação ambiental da bacia do Guandu, bem como da bacia do rio Paraíba doSul a montante da transposição, sejam igualmente implementadas.

58

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 62: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

AVA

LIA

ÇÃ

O D

E

IMP

ACTO

S A

MB

IEN

TA

IS

O segundo passo é a identificação dos componentes ambientais que possam serafetados pelo empreendimento. Eles são separados para os Meios Físico e Biótico epara o Meio Socioeconômico:

Meios Físico e Biótico

Aspectos Geotécnicos/Geomorfológicos

Recursos Minerais

Solos - erosão/sedimentação

Cobertura Vegetal/Áreas protegidas

Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos

Fauna Terrestre

Fauna Aquática

Qualidade da Água

Qualidade do Ar

Meio Socioeconômico / Antrópico

Comunidades Rurais e Urbanas

Atividades Econômicas

Abastecimento de Água

Saúde Pública

Segurança Pública

Aspectos MetodológicosO primeiro passo para a análise de impactos ambientais é a identificação das açõesou atividades que possam causar impacto sobre os recursos naturais esocioeconômicos, tais como:

contratação de mão-de-obra;

limpeza do terreno, terraplanagem e instalações;

aquisição de terras e benfeitorias;

desmatamento;

execução de obras civis;

produção de ruídos na fase de construção;

obtenção de materiais em áreas de empréstimo;

transporte e bota-fora do material escavado excedente;

desmobilização;

operação do sistema.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

59

Page 63: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Medidas recomendadas:�

As medidas a seguir são relacionadas aos programas de Comunicação Social, de Indenização de Terras eBenfeitorias e de Reassentamento de Famílias:

Ampla discussão e divulgação local dos critérios de aquisição de terras e relocação das famílias afetadas.

Negociação participativa das medidas mitigadoras e compensatórias dirigidas às famílias atingidas.

Divulgação das reais oportunidades de empregos durante as obras, sua duração e as qualificaçõesprofissionais necessárias.

Os impactos ambientais são avaliados a partir dos critérios definidos a seguir:

Análise de ImpactosA seguir, apresentam-se os impactos avaliados para astrês etapas do empreendimento – planejamento,construção e operação – considerando o projeto deengenharia e as características sociais e ambientaisanalisadas no Diagnóstico das áreas de influência doempreendimento.

A criação de expectativas em relação à implantação doempreendimento se dá a partir do contato da populaçãolocal com as equipes de técnicos que realizam oslevantamentos de campo e também através da mídia.Este impacto é negativo, direto, temporário, com seusefeitos sentidos no curto prazo. É reversível e deabrangência local, sendo de baixa magnitude e de altaprobabilidade de ocorrência. Sua importância,portanto, deve ser considerada média.

Etapa de planejamento:

Geração de Expectativas junto à População Local

60

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 64: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Interferências com Áreas de Processos Minerários

Medidas recomendadas:

Introdução de Tensões e Riscos Sociais

A partir da emissão da Declaração de Utilidade Pública (DUP) da área de intervenção das obras, os processos detitularidade minerária já sofrem impacto direto, tendo suas atividades bloqueadas junto ao DNPM. Entretanto, apenas 1processo situa-se na área de intervenção das obras. Esse impacto pode ser caracterizado como negativo, direto, permanente,de curto prazo, irreversível, de abrangência local, de magnitude irrelevante e, com alta probabilidade de ocorrência. Assim,sua importância é pequena.

As medidas devem constar do Programa de Indenização de Terras e Benfeitorias:

O empreendedor deverá solicitar junto ao DNPM, após a obtenção da Licença Prévia, que se coloquem restrições a novospedidos de pesquisa ou de licenciamento (bloqueio).

É aconselhável que o empreendedor proponha acordo com o titular da área onde podem surgir restrições ouimpedimentos ao desenvolvimento das atividades de pesquisa, visando compensar os investimentos realizados.

Este impacto ocorrerá por vários fatores: contratação de mão-de-obra e chegada de novos trabalhadores; perda de empregose renda associada ao processo de aquisição de terras e relocação das famílias afetadas; ruptura de relações sociaishistoricamente construídas na área; circulação de veículos de serviço nas estradas locais; desmobilização da mão-de-obra esuas posteriores conseqüências em termos de perda de empregos e renda e desaquecimento da economia local, entreoutros. Este é um impacto negativo, indireto, temporário, de curto prazo, irreversível, local, sua magnitude é baixa e suaprobabilidade é alta. Sendo assim, o impacto deve ser classificado como de média importância.

Medidas recomendadas:

Desapropriação de Terras e Benfeitorias e Ruptura de Relações Sócio-Comunitárias

Medidas recomendadas:

Ampla discussão e divulgação local dos critérios de aquisição de terras e relocação de moradores.

Negociação participativa das medidas mitigadoras e compensatórias dirigidas às comunidades atingidas.

Recomendação às empreiteiras para contratação do máximo de mão-de-obra local durante a construção.

Ações de divulgação sobre as oportunidades de emprego existentes durante a construção.

Divulgação junto aos empregados de normas de conduta social apropriadas no relacionamento com as populaçõesresidentes.

Fornecimento de informações iniciais e rotineiras às comunidades no entorno das obras sobre alterações previstas notráfego de veículos.

Implantação de elementos de sinalização e redutores de velocidade.

Divulgação junto aos motoristas de veículos envolvidos nas obras de normas para prevenção de acidentes nas estradas.

Articulação com as Prefeituras envolvidas, visando orientar eventuais medidas necessárias na área de segurançapública.

Para a execução das obras, será necessária a desapropriação das terras, benfeitorias e casas existentes, com a devidarelocação das famílias residentes no local e dos pequenos comércios ali estabelecidos. Este impacto se mostra negativo,direto, permanente, de curto prazo, irreversível, local, sua magnitude é média e sua probabilidade é alta, apresentandogrande importância.

Elaboração de cadastro socioeconômico das famílias a serem relocadas.

Ampla discussão e divulgação local dos critérios de aquisição de terras e relocação de moradores.

Negociação participativa das medidas mitigadoras e compensatórias dirigidas às comunidades atingidas.

Relocação das famílias afetadas preferencialmente em outras áreas da própria comunidade.

Cercamento das áreas desapropriadas.

Recomendação às empreiteiras para contratação do máximo de mão-de-obra local durante a construção.

Etapa de construção:

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

61

Page 65: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Riscos de Acidentes com a População

Medidas recomendadas:

Intensificação no Tráfego da BR-465

Medidas recomendadas:

Aumento da Emissão de Ruídos

Medidas recomendadas:

Aumento das Emissões de Poeira

Medidas recomendadas:

O aumento do tráfego de veículos nas áreas próximas às obras interferirá no cotidiano das comunidades vizinhas,especialmente aquelas estabelecidas ao longo da BR- 465, aumentando do risco de acidentes. Este impacto é negativo,direto, temporário, de curto prazo, reversível e regional. Sua magnitude é média, com média probabilidade de ocorrência,classificando-se como de média importância.

As medidas são relacionadas aos programas de Gestão Socioambiental das Obras:

Divulgação de normas junto aos motoristas dos veículos de serviço.

Divulgação junto às comunidades locais de alterações no tráfego.

Adoção de medidas redutoras de velocidade e sinalização.

Planejamento do transporte pesado em horários não prejudiciais à população.

Com o início das obras, haverá um incremento do tráfego na rodovia BR-465, principalmente de veículos pesadostransportando máquinas, equipamentos e materiais a serem utilizados no empreendimento. Este impacto é negativo,indireto, temporário, observável no curto prazo e reversível. A sua abrangência é regional, de magnitude média eprobabilidade alta, sendo classificada como de grande importância.

Providenciar melhorias das condições de trafegabilidade da rodovia junto ao Departamento Nacional deInfraestrutura de Transportes (DNIT).

Adoção de sinalização adequada em todo o seu percurso.

Planejamento do transporte pesado em horários não prejudiciais à população.

O tráfego de caminhões e a utilização de maquinário nas obras geram ruídos, causando impacto negativo à populaçãoresidente nas localidades vizinhas às obras bem como aos animais existentes nas proximidades. O impacto é negativo,direto, temporário, de curto prazo, de abrangência local e irreversível, com alta probabilidade de ocorrência. Suamagnitude é baixa e sua importância média.

Construção de proteção acústica nas áreas de maior ruído de obra.

Monitoramento dos ruídos durante a etapa e construção.

A emissão de poeira no processo de construção não é um impacto importante, pois fica restrita ao local das obras e àsestradas de acesso. Já as emissões de poeira nas áreas circunvizinhas às obras provenientes da movimentação de terras sãode difícil controle, principalmente durante as estações secas. Esse impacto, portanto, pode ser caracterizado comonegativo, direto, temporário, de curto prazo, reversível, de abrangência local, de baixa magnitude e média probabilidadede ocorrência, sendo, portanto, de pequena importância.

Realização do Programa Ambiental de Construção.

Lançamento de água sobre o solo, principalmente nas estradas de terra próximas a locais povoados.

Planejamento das operações de transporte de materiais e equipamentos, evitando horários noturnos.

Fazer revestimento das vias de acesso onde ocorrer maior fluxo de veículos.

Recuperação das áreas utilizadas como canteiro de obras, com revegetação e conservação da vegetação plantada.

Recuperação e reintegração paisagística das áreas atingidas, incluindo revegetação.

62

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 66: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Geração de Empregos

Medidas recomendadas:

Dinamização da Economia Local

Medidas recomendadas:

Pressão sobre a Infraestrutura Existente

Alteração do Relevo

Medida recomendada:

Impacto à Vegetação e Áreas Protegidas

Medidas recomendadas:

Este impacto, que é positivo, começará nos serviços preliminares da implantação do empreendimento, com a criação depostos de trabalho. Posteriormente, com o transcorrer das obras, haverá a tendência de serem criadas novas oportunidades detrabalho, principalmente junto ao comércio e prestadores de serviços. Este impacto foi classificado como positivo, direto,temporário, de curto prazo, reversível e de abrangência regional. Sua magnitude é média e sua probabilidade alta, sendo degrande importância.

Recomendação à empreiteira para maximização da contratação local de mão-de-obra durante a construção.

Capacitação dos trabalhadores contratados nas diversas funções.

Divulgação de informações sobre o perfil da mão-de-obra necessária, as épocas em que ocorrerão as contratações e osrequisitos e qualificações necessários.

Em decorrência da movimentação ocasionada pelas obras, com a vinda de novos moradores para a região, haverá umadinamização das atividades econômicas locais. Este impacto é positivo, indireto, temporário, sentido no curto prazo,reversível, regional, de média magnitude e alta probabilidade de ocorrência, classificando-se como de grande importância.

Recomendação às empreiteiras para realizarem, sempre que possível, suas compras de materiais localmente ou nosmunicípios em torno das obras.

Recomendação às empreiteiras para a contratação de empresas dos municípios em torno das obras para as atividades detransporte, alimentação e serviços gerais, entre outras.

Deverá ocorrer um aumento da demanda por infraestrutura de saúde, saneamento, habitação e educação com a chegada denovos trabalhadores na região. Este impacto se mostra negativo, indireto, temporário, de curto prazo, reversível, local, demédia magnitude e média probabilidade, apresentando também média importância.

Para a construção do Dique, será necessário o desmonte de áreas altas (morrotes) que deverão servir de corpo de aterro domaciço de solo do Dique. Esse impacto é negativo, direto, permanente, irreversível e perceptível no curto prazo. Temabrangência local, baixa magnitude e alta probabilidade de ocorrência, apresentando média importância.

Recuperação ambiental das áreas de empréstimo, que deverão ser devidamente licenciadas junto ao órgão ambientalcompetente.

Para execução das obras, toda a vegetação situada na área de construção do empreendimento precisará ser removida. Algumasestão situadas em áreas de preservação permanente (APP), além do local estar inserido na Área de Proteção AmbientalEstadual do Rio Guandu (APA Guandu) e a APA Municipal Guandu-Açu (do município de Nova Iguaçu). Portanto, oprojeto causará à vegetação, na fase de construção, um impacto negativo, direto, permanente, local e irreversível, de curtoprazo, alta probabilidade e de baixa magnitude, por tratar-se de uma área relativamente pequena e vegetação floristicamentedegradada em relação à composição natural original, porém de média importância, por atingir áreas protegidas por lei (APP eUnidades de Conservação).

A retirada da vegetação precisa ser feita com pouca antecedência e gradualmente, à medida que avança a implantação dasestruturas. Após a conclusão das obras, todas as áreas degradadas devem ser recuperadas com plantios de espécies nativasadaptáveis às novas condições do terreno.

Durante o detalhamento do projeto executivo, deverá ser feito inventário 100% (censo) de toda a vegetação arbórea a sersuprimida, conforme exigem as normas estaduais. O INEA deverá ser consultado, para atendimento às exigênciastécnicas para esta avaliação.

O material de empréstimo necessário ao empreendimento deverá ser oriundo de jazida já existente e isenta de vegetaçãonatural.

Alocação de recursos em ações de recuperação da mata ciliar, preferencialmente através do apoio direto a iniciativas jáexistentes.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

63

Page 67: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Modificação da Composição das Comunidades Biológicas Aquáticas

Medidas recomendadas:

Considerações iniciais sobre as condições hidrodinâmicas

Melhoria da qualidade da água na captação da CEDAE

Aumento da segurança no fornecimento de água

Redução dos Custos Operacionais da CEDAE

Impactos à qualidade da água e à biota do sistema lagunar

O lançamento de aterro para formação do dique e a conseqüente movimentação da água e dos sedimentos do fundo daslagoas e do rio Guandu, causando aumento de turbidez e liberação de poluentes inertes, poderá contaminar e afetar adinâmica populacional de alguns organismos aquáticos. O impacto pode ser avaliado como negativo, indireto, temporário,de longo prazo, irreversível, regional, de média magnitude e média probabilidade, resultando em média importância.

Monitoramento rápido e simples de indicadores indiretos de qualidade da água antes e durante a obra.

Adoção de procedimentos técnicos para evitar, ao máximo, uma maior ressuspensão de sedimentos durante aimplantação do dique, como a colocação de telas finas de proteção em locais estratégicos.

Esta avaliação de impactos da operação do empreendimento está baseada na garantia de que a estrutura de transferência deágua do rio Guandu para a lagoa manterá o sistema lagunar com o nível d'água atual. Porém, a definição de qual a melhorforma de transferência e o planejamento detalhado dessa estrutura demandam ainda melhor conhecimento sobre ascondições hidrodinâmicas e limno-ecológicas.

Os impactos identificados para a fase de operação, considerando o pleno funcionamento e eficácia da estrutura detransferência de águas do rio Guandu para a lagoa, são apresentados a seguir.

Com a separação das águas do rio Guandu das águas mais poluídas dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga, naaltura da tomada d'água para a ETA, deverá ocorrer uma significativa melhora na qualidade das águas captadas. O impactodo empreendimento para a qualidade da água na captação é, portanto, positivo, direto, permanente, de longo prazo,irreversível, de abrangência estratégica, alta probabilidade, alta magnitude e importância muito grande.

A manutenção do monitoramento de qualidade da água do rio Guandu na captação e acima dela deverão indicar os riscosde piora na qualidade, decorrentes dessa poluição, bem como permitirão avaliar os resultados do empreendimento.

Com relação às fontes de poluição no rio Guandu, a CEDAE deverá manter e ampliar os esforços junto aos Comitês dasBacias do Guandu e do Paraíba do Sul e demais parceiros, visando evitar os riscos à qualidade da água captada para a ETA.

Com a operação do empreendimento, haverá menor número de paralisações na operação da ETA Guandu. A partir daadução para a ETA de uma água com melhor qualidade, serão evitadas as interrupções na produção ocasionadas peladetecção de não-conformidades nos padrões de qualidade das águas oriundas dos rios Poços/Queimados eCabuçu/Ipiranga. O impacto é positivo e deve ser classificado como direto, permanente, de curto prazo, irreversível, deabrangência estratégica, de alta magnitude e de alta probabilidade de ocorrência. Sua importância é muito grande.

Este também é um dos benefícios do empreendimento a partir ganhos operacionais derivados tanto do menor número deinterrupções na produção do Sistema Guandu, como da redução do uso de produtos químicos no tratamento das águas.Isto refletirá nos menores custos na produção de água de boa qualidade para o consumo da população. Esse impactopositivo pode ser considerado indireto, permanente, de curto prazo, irreversível, de abrangência estratégica, de médiamagnitude e de alta probabilidade de ocorrência, resultando em uma grande importância.

A princípio, a estrutura auxiliar concebida pela CEDAE para a transferência de água do rio Guandu para a lagoa maiordeverá evitar a redução de nível da lagoa. Entretanto, essa estrutura de transferência de água não terá o mesmo efeitohidrodinâmico e ecológico que têm hoje os fluxos diretos do rio Guandu para o sistema lagunar.

A estrutura de transferência precisará ser projetada de modo a possibilitar o retorno ao rio Guandu de peixes que utilizem alagoa para reprodução, por exemplo. Do contrário, como os rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga apresentamcondições em geral impróprias para a sobrevivência da biota, os peixes não terão alternativa de saída e a tendência,portanto, será de acentuada modificação das condições ecológicas no sistema lagunar, com provável redução de espécies,maior empobrecimento e mudanças na dinâmica populacional e relações tróficas.

Etapa de operação:

64

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 68: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Para uma avaliação mais precisa desse impacto, seria necessário um estudo sobre as condições limnológicas eecológicas do sistema lagunar, antes e depois da operação do empreendimento. É preciso conhecer melhorquais espécies sobrevivem atualmente neste sistema lagunar e o que poderá ocorrer com as mesmas.

Este será um impacto negativo, indireto, permanente, com efeitos a médio/longo prazos, irreversível, deabrangência regional (por afetar potencialmente espécies migratórias), média probabilidade, médiamagnitude e média importância, tendo em vista que os danos à qualidade da água nas lagoas afeta também aqualidade do rio Guandu a jusante da barragem principal.

Verificar a possibilidade de adaptar, na estrutura de transferência, uma via de retorno para os peixes, dalagoa para o rio Guandu, caso seja notada a reprodução ou uso por espécies migradoras.

Programa de Monitoramento da Ictiofauna para identificar as espécies que ocorrem no sistema lagunarconhecido como “Lagoa do Guandu”, com identificação dos sítios de reprodução na área de abrangênciado empreendimento e fornecimento de dados para a futura execução de planos de manejo.

Proibição da pesca durante os períodos em que o monitoramento indicar maior comprometimento àqualidade do pescado.

Programa de Monitoramento de Mastofauna e Herpetofauna Aquática para identificar quais espéciesvivem no ambiente (como lontra, capivara e jacaré) e fornecer dados sobre impactos das alteraçõesambientais na dinâmica populacional e sobre o uso antrópico local dessas espécies.

Programa de monitoramento de metais pesados e outros poluentes nos organismos da cadeia trófica,incluindo análises de nutrientes e poluentes em macrófitas aquáticas, em fito e zooplancton e nos peixes,visando avaliar o processo de bioacumulação de nutrientes e poluentes no sistema lagunar e entorno.

Em relação à carga orgânica dos esgotos, representada por indicadores como oxigênio (OD e DBO),coliformes fecais e fósforo, os estudos indicam que o rio Guandu é capaz garantir condições semelhantes àsatuais, com pequenas alterações nesses indicadores, corrigidas poucos km abaixo na mistura. Vale lembrarque o rio Guandu, antes do encontro com as águas dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga, jáapresenta índices de violação aos limites de qualidade da Resolução CONAMA 357.

Por outro lado, metais pesados e outras substâncias tóxicas poderão apresentar maiores concentrações. Alémda carga poluente que deixará de seguir para a ETA, a posição da tomada d'água para captação e transferênciadas águas dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga para jusante (abaixo) do dique e da barragemprincipal da CEDAE favorece uma carga maior de poluentes, mobilizando metais e outras substânciasaderidas ao sedimento e carreando uma água mais deteriorada. Além disso, favorece também a passagem depequenos peixes e outros organismos, que podem ser mortos ou danificados pelas condições imprópriasdentro da tubulação.

Atendendo ao princípio da precaução, considera-se este um impacto negativo, indireto, permanente, demédio/longo prazo, irreversível, de abrangência regional, média probabilidade, média magnitude e médiaimportância.

Deverá ser estudada a possibilidade de adequações de projeto na estrutura de tomada d’água visando aminimização dos riscos de agitação do fundo da lagoa na região próxima ao canal de aproximação.

Medidas recomendadas:

Impactos à qualidade da água e à biota a jusante

Medida recomendada:

Ressalta-se que há recursos para estudos do passivo ambiental na Lagoa do Guandu previstos no Plano de Investimentos daBacia (SONDOTÉCNICA/ANA, 2006).

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

65

Page 69: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Interferência com a Atividade Pesqueira

Medidas recomendadas:

Inundação Temporária de Áreas Ocupadas

Medidas recomendadas:

Apesar da má qualidade dos ambientes aquáticos, cerca de 70 famílias da comunidade deTodos os Santos têm na pesca artesanal o seu principal meio de sustento. Com a implantaçãodo empreendimento, os pescadores perderão um dos locais preferenciais de pesca, que éexatamente onde o dique será implantado. Este local serve de passagem dos peixes que usam alagoa para reprodução. Além disso, imediatamente a montante do dique, a água tenderá a ficarcom pior qualidade, predominando as águas mais poluídas que chegam à lagoa menor. Amistura promovida pela transferência de água do rio Guandu para a lagoa maior deverá criarcondições melhores para a pesca mais a montante e somente nesta lagoa, porém comtendência ao empobrecimento da ictiofauna, conforme apontado anteriormente.

A tendência, portanto, será de acentuada decadência da produção pesqueira local. Esteimpacto é negativo, indireto, permanente, de longo prazo e irreversível. Sua abrangência élocal, com baixa magnitude e média probabilidade de ocorrência, resultando em serclassificado como de pequena importância.

Cadastramento dos pescadores da região e promoção de palestras e cursos, bem como açõesvisando a sua capacitação para outras atividades.

Monitoramento da qualidade da água nos principais pontos de pesca.

Monitoramento da qualidade do pescado na produção realizada no local.

Com a implantação do empreendimento, poderá ocorrer aumento das áreas inundáveis amontante do dique, porém um aumento relativamente pouco expressivo em relação às áreasde inundação identificadas com as condições atuais.

Como a ocorrência dessas inundações seria eventual, mesmo com a desapropriação erelocação de moradores da área inundável, caso necessário, é grande a possibilidade de queessas áreas sejam reocupadas, nos períodos entre cheias.

Este impacto é negativo, indireto, cíclico, perceptível no longo prazo e irreversível. Temabrangência local, baixa magnitude, média probabilidade de ocorrência e média importância.

Implantação do programa de monitoramento e controle do uso do solo

Recomenda-se o cercamento das áreas desapropriadas.

66

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Page 70: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Coordenação Geral dos ProgramasCEDAE

Indenizações eBenfeitorias

Identificação eMonitoramento

da Biota Aquática

Supressão da Vegetaçãoe Recuperação de Áreas

Degradadas

Monitoramento da Qualidadedos Ambientes Aquáticos

Gestão Socioambiental das Obras(gestor locado em tempo integralna área do empreendimento)

Apoio de campo PR

OG

RA

MA

S A

MB

IEN

TA

IS

Na análise dos impactos do empreendimento foram indicadas ações para minimizar, monitorar econtrolar os impactos. Essas ações foram organizadas em programas específicos, a serem detalhadosno Plano Básico Ambiental - PBA, que será elaborado pela empresa a ser contratada para aconstrução do empreendimento e apresentado ao INEA antes do início efetivo das obras.

Para garantir a eficácia, a integração e os resultados esperados na realização desses programas, aCEDAE deverá designar um analista ambiental, funcionário ou tercerizado, que ficará responsávelpela coordenação geral dos programas, com as funções de:

orientar e acompanhar o processo de detalhamento e execução dos programas;

ser ponto focal de comunicação entre as diretorias da CEDAE e as empresas e/ou instituiçõesresponsáveis pelos programas;

garantir o cumprimento dos prazos de andamento e entrega dos produtos de cada programa;

promover reuniões para integração técnica e operacional das atividades dos programas;

outras funções que se façam necessárias para o bom andamento e sucesso dos programas.

A maior parte dos programas tem caráter preventivo ou de monitoramento e deve ter início antesde começarem as obras, alguns estendendo-se por um determinado tempo após concluída a obra.

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

67

Page 71: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

68

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Gestão Socioambiental das Obras

Indenizações e Benfeitorias

Monitoramento da Qualidade dos Ambientes Aquáticos

A implantação do empreendimento envolve movimentação de máquinas, transtornos aotráfego de veículos, geração de ruídos, poeiras, resíduos sólidos e líquidos, retirada devegetação e aumento da carga de sedimentos nos rios e lagoas. Procedimentos de prevençãoe controle socioambiental devem ser adotados para que a população residente e os usuáriosda área diretamente afetada sejam minimamente incomodados com essas atividades e paraque não sejam agravadas as condições de qualidade das águas. Devem ser adotadosprocedimentos de rotina no canteiro de obras, nos locais de colocação das estruturas, nasvias de acesso ao empreendimento e nas áreas de empréstimo e bota-fora. Os trabalhadoresdas obras também devem ser esclarecidos e devidamente orientados quanto aosprocedimentos de gestão socioambiental das obras.

Este programa compreende, portanto, todas as ações necessárias para que sejam mínimos osimpactos negativos durante as obras de construção do dique, vertedouro, da tomada d'águaetc., dando suporte também aos demais programas propostos.

Este programa tem o objetivo de garantir que as desapropriações necessárias para aimplantação do empreendimento sejam justas, tanto na avaliação do valor dos imóveis eterras, como na relocação das famílias afetadas.

O número exato das desapropriações será identificado na fase do projeto executivo. Acomunidade de Todos os Santos deverá ter um número relativamente pequeno de imóveissituados na faixa marginal do rio Guandu e da lagoa menor e ainda no restante de trecho emterra que será parte da área de implantação do dique e dos acessos. Outras desapropriaçõestambém poderão ser necessárias na área inundável em períodos de cheias excepcionaisacima do dique. Na área inundável foram também identificadas áreas com processosminerários, sendo que três destas áreas coincidem com a área diretamente afetada peloempreendimento.

A movimentação de máquinas e a colocação de aterro no leito do rio Guandu e das lagoas,durante as obras, bem como a mudança das condições de fluxo das águas entre as lagoas e orio Guandu, com a implantação do dique entre esses ambientes, causarão agravamentos nosindicadores de qualidade das águas, acima e abaixo do dique, afetando inclusive a área decaptação da CEDAE durante as obras. Portanto, devem ser definidas as condições demonitoramento necessárias tanto para melhor avaliação da qualidade dos ambientesaquáticos antes, durante e depois das obras, como para ajudar a tomada de decisão quantoaos procedimentos de controle e diminuição dos impactos, beneficiando milhões dehabitantes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) abastecidos pela ETAGuandu, e usuários dos recursospesqueiros da lagoa e do Rio Guandu.

A definição precisa dos novos locais demonitoramento, além dos que a CEDAEjá utiliza nas suas amostragens mensais,dependerá da análise de especificações doprojeto executivo, a serem feitas naelaboração do Plano Básico Ambiental(PBA).

Page 72: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

69

Identificação e Monitoramento da Biota Aquática

Supressão da Vegetação e Recuperação de Áreas Degradadas

A piora da qualidade dos ambientes aquáticos na AID afeta diretamente as espécies da fauna eda flora, e a sobrevivência dos organismos aquáticos. Além disso, espécies de peixes, répteis emamíferos, com ocorrência na AID, podem estar transferindo aos seres humanos substânciastóxicas, acumuladas ao longo da cadeia alimentar dos ecosssitemas. Outro aspecto relevantecomo justificativa para este programa é ocorrência de uma extensa comunidade de macrófitasaquáticas em torno das lagoas e do curso final dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga,que suavizam os índices de poluição na captação, através de seus mecanismos de acumulaçãode nutrientes e poluentes.

Este programa visa suprir a falta de dados e informações necessárias para avaliar os impactos etomar decisões quanto à sua minimização ou compensação, incluindo a necessidade de alertarpescadores, distribuidores e consumidores de pescado, sobre os riscos de contaminação oumortandade de peixes.

Os dados do monitoramento da biota deverão dar suporte a uma reavaliação dos impactos doempreendimento ao sistema lagunar e rio Guandu e definição de ações para mitigar e oucompensar possíveis danos.

Este programa tem o objetivo de desenvolver adequadamente os procedimentos técnicos elegais no que se refere à retirada da vegetação e recuperação de áreas degradadas em função daimplantação do empreendimento, para que moradores e usuários da área diretamente afetadasejam minimamente incomodados.

Na fase de elaboração do Projeto Básico Ambiental (PBA), deverá ser contratado inventário100% (censo) das árvores e identificação florística de toda a vegetação nas áreas previstas pararetirada de vegetação.

O programa deverá ser realizado com participação das instituições envolvidas nos projetos deconservação das matas ciliares e demais iniciativas voltadas para a gestão das APAs do rioGuandu.

Page 73: RIMA - CEIVAP · Ambiental (RIMA), que foi baseado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado para analisar os impactos das Obras de Proteção da Tomada D'Água da CEDAEnoRioGuandu

70

Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

EQ

UIP

E T

ÉCN

ICA Equipe Técnica Registro do IBAMA /

Registro ProfissionalFunção no Estudo deImpacto Ambiental

Marcos de Macedo Dertoni200678

CREA 8510577889-D/RJCoordenação Geral

Claudia Silva Teixeira2552591

Crea/RJ nº 82-1-03631-0

Coordenação Adjunta,Subcoorde-nação do Meio Biótico e

responsá-vel pelos itens de Vegetação eUso do Solo, Áreas Protegidas e

Qualidade das Águas

Luiz Felipe Brito de Araujo297978

CORECON-1ª Reg. nº 10.139-7 Subcoordenação doMeio Socioeconômico

Aline de Souza Heiderich960677

CREA 2005107949

Subcoordenação do Meio Físico eresponsável pelo item de

Recursos Minerários

Fernanda Augusta Pinto Teixeira 3441949CREA-RJ 208129213 Geoprocessamento

Euzébio José Gil4414905

CREA-RJ 200136732-5Geologia/Geomorfologia

André Luis Moraes de Castro595837

CREA 55812/02Ictiofauna

Amanda Levi Zindeluk1657918

CREA 2002103185Socioeconomia

Luiz Abílio de Barros Gusmão22449

CREA-RJ 91103452-9/DModelagem Hidrodinâmica