revista víbora edição 6

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Revista Víbora Edição 6: Uma revista que proclama o nada!

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Page 1: Revista Víbora Edição 6

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Page 2: Revista Víbora Edição 6

E pode ser realmente o teu corpo e o teu sangue. Como o sabe a erosio

vertiginosa da masturbagio. Para 16 da imagem, ressurge a nascente freudia-

na, 0 anel. Na sombra da morte. Nio sabes se esse momento 6 o da tua apa-

rigio, ou da tua desaparigio. Se 6 a tua ressureigio ou o teu suicfdio que te es-

pera. Da acidez ressequida do combate desponta o seu odor. E disso tu lavas as

mdos. Mas ele voltard e tu mds um vez te embriagar{s com o teu pr6prio

odor. lr{s a galope. lmagens atr{s de imagens. Mas a fulguragdo, o espsmo, e

as delicias sio irreverslveis, e imediatamente reversiveis. Competente cinismo

da iconografia em papel de lustro, brutal conhecimento da dor. E v6o tenor si-

mdtrico da iconoclastia sexofdbica dos esquerdistas. Nf,o querer ver, nio que-

rer saber. A ideologia da nascente, c0m0 a ideologia da natureza, precisamente

no momento hist6rico em que todas as nascentes fervem de tdxicos, onde to-

da a natureza desabrocha em lucro e espinhos. ATENQAO, neo-adamitas, a

VIBORA regressou. Ahl Ahl Ah!

Recebemos cartas de todos cantos do Brasil e de outros pabes, E em

todas queriam saber por onde comegar a desmantelar esta sociedade. Como

odiamos servos, repdrteres, perguntadores, etc.,. Respondamos com o n0ss0

mais profundo desprezo. E seguimos cagando nesta cambada de adoradores

da inteligOncia, veneno e coragem desta revista. E por ora estamos interessa-

dos, n0 livro "Manifesto Aberto I Estupidez Humana", que finalmente qualquer

"populacho" pode focinhd-lo ou fazer dele assim como desta revista um pas-

saporte para o caos.

Adiante senhores, delirem, ehvergonhem-se, em nossas pdginas de mis6-

rias. Adiante, espiem nosso v0mito ...

Editor- Kleber LimaColaboradores - Ezio Pires, JoSo Viana, Renio Assis, Joanfi, Jo6o Rochael, Carlos Vieira, NieEscte, lnez l{loort-mann' Wagner Oliveira, Ezio Flavio Basso, Emil Tess, Chiquinho, Bunoughs, plfnio Augusto Coelho, L6ia Caoernartori, E.M. Cioran, Nelson Maravalhas, Ahertina da Silva, Proudhon, tlfgia Verdi, ruilru anger Astd;ias. JaneSim6es, Ralael Banet, Sade, E' Le6o Maia, Schopenhauer, A.C. Medawar, bobtivag'ao, wlson de Morais, Bakunine todos aqueles que implodem a mis6ria...

Corresponddncia - Para Caixa Postal 'l12g77 - Brasllia - DF

NENHUM DIREITO RESERVADO

Page 3: Revista Víbora Edição 6

Editoriat

Aqueles'que apesar da AIDS C

direito

da CI'/BB continusm

inquestionriuel de goz:ar' trepando e lufando pelo

ViboraNo ano nacional da farsa

8

01

Page 4: Revista Víbora Edição 6

Tu, com toda essa coreo$rafia de demente, jamais visitaste uma pris6o, um manicOmio ou um sanat6rb de

velhos, e por isso n6o sabes nada de ti, nem daqueles que por ti pagam com a vida.

ti

-t

x

A podriflflodo poder

Elcio varanaa

. Ndo se sabe se 6 nojo, vergonha or simples indignag5o o que afasta os urubus do lixo do poder em Brasflia.lndignados no trabalho didrio, os garis respondem: uO lixode hoje tem o mesmo fedor do lixo de ontem".

Uma das coisas mais lindas no ser humano 6 ainda

a indignagdo. A hist6ria dos libertdrios e revoltados tem re-

velado isso. E hd momentos em que a capacida& de in-

dignagSo provoca discursos e manifestagSes co{n a se-melhanga de v6mitos.. Na prdtica, o v6mito @s indignados 6 um

"do. nn-

C

vio para os que t6m nojo. Jd imaginaram uma greve do

nojo. Seriam milh6es de grevistas com o dedo ou lengo no

nariz, num sinal significativo de potesto contra a putrefa.

96o do Poder.

Essa greve do rnjo comegaria por uma cidade cons.

trulda num lugar denominado de "Plano Piloto", que aF

guns poetas chamam de ?lano Pilatos" e que estd podre

de tanto poder. Te tfo podre que nenhum urubu se anF

mou em voar por ela ou pousar nas suas drvores, muros ePal6cios. Para os sanitaristas, o que efetivamente espanta

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Page 5: Revista Víbora Edição 6

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arnbientes de ar conditiiofihdo dos seus gabinetes bem fe.

chados, onde outras c6isas iedorentas s6o preparadas em

frcrma de decretos.Para sustentdr a fdrsa, oli donos de jornais e canais

de TelevisSo, jd podres de ricos porque receberam umagcFna preta do Poder apodrdcido, vao ficar mais podres ... Oledor que espanta atd urubus tem agora o nome de consti.tuinte, e vai ser muito bem anunciado pelos donos da im-prensa comprada e alugadd. R6tulos como os de "pacote"e 'pacto" disso e daqUib t€m mesmo o som de peidospeidados em forma de noticidrio pela TelevisSo e manche-tes dos jornais. Em alguns hhrlncios de TV, tdm sido ofe-recido um desodorante ehComendado para aliviar a feden-tina da grana das estatais e coisas e tais.

A tal de"Nova Repfblica" foi abortada em ambienteque continua cheirando mal, porque um morto foi substi-

tuldo por quem se veste sempre como agente de funer6ria

cr.rltura. Esse agente, para disfargar, criou uma coisa que

n6o fede nem cheirai uma lei para o.s artistas serem aju-dados pelos empresdrios. Discordo logo de quem diz que

a lei n5o fede nem cheira. Ela fede. E muito. Est6o ten-tando com a lei o nosso controle de liberdade de criagdo.

E para justifibar esse controle vende para os idiotas a ilu-

s6o (ou farsa oficial) de que os incentivos fiscais para as

artes .v6o significar 'o nbo-renascimento cultural brasilei-rott.

Serd que existe este Pais?

56 vivendo num Pals de imbecis para aceitar essa

lei feita por agente funerdrio da cultura. E se algudm estd

aceitando a lei da farsa 6 porque esse Pafs existe e estd

cheio de imbecis.Aviso que 6 uma lei com o mau cheiro da censura

econdmica. E explico: primeiro foi feita para que certos

empresdrios deixassem de pagar impostos em troca de

ajuda ao governo. E eles est6o ajudando na construg6o de

alguns monumentos A ignordncia nacional. Reparem que o

mau cheiro da lei estd na Praga dos 3 Poderes, naquele

sepulcro caiado, que 6 o panteSo da liberdade (coitadinha

da liberdade...). Esses ajudantes do Governo que ficaram

isentos de impostos, est6o construindo at6 casa de canta-

dores de qud ou de quem? Jd construfram a primeira nu-

ma cidade sat6lite, assim como a constru.g6o de um circoLei podre porque cont6m uma censura econ6mica,

na medida em que nenhum dos empresdrios e nenhumgoverno que os ajuda, vai divulgar ou produzir artistasque atrav6s de suas obras revelem, ainda que de forma

m6gica, leve, e estdtica, criticas aos seus lucros ou intere+

ses econOmims e politicos. Acabam com a liberdade de

criag6o. Por isso 6 uma ilus6o de imbecis acreditar em cul-tura por decreto. Para os artistas que nuncaqfuSo divulga-

dos por essa lei malcheirosa, resta mesmo a tenivel es-colha nietscheana: "Morrer de arte ou morer de ver-

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ti!!

dade'2????EY.

Page 6: Revista Víbora Edição 6

"Um olho ndo pode resistir a0 prego que procura furi-lo"; mas 0 olho tem uma S'u@rklade sohe o prego: ele o v0 chegar

verdade' , : Sade-(1787)

Qual 6 essa qriim;,ra inpotente 9 estdril,essa divindidade que apregoaao imbecilum odioso tropel de curas embusteiras?

Querem que eu sejii'm d6s seus sectdrios? .

Ah, nunca, isso jum. ManGrei a minha palavra:nunca a esse f&lo ofereoerei idolatria.Esse fillio do &lftio e da zombarianunca poderd cart$iar-trre o menor impressSo.Contente e glorioao do meu epicurismo,pretenderei expirqr anrrl doce ateismoa esse infiime,DerE qtE pretendem criarapenasotpbgopalablasfetux. .

Ah, sim, v5 ilusfo, rninha alma te detestae para bem calar o reli cons'2nte prot€stoquisera por momentos @er dispore saborear da gl6ria de te insultar.Mas que 6, de fato, esse fantasma v5o,trivlalidade de Deus, invengSo iagrataque nio se pode ver e ningu6m aDalisapor medo do insensatp e do sensato riso?Quem se escapa ao seltido, I intelg€ncia ,senSo este filho do homem selvagem sem consci€nciaque regod com o sangue dqsde hd milhares de anos

" uittou r" nos reveia-codtr- senhor?

Pretendi analisar o inftil miser6vele o meu olhar filos6fico nio o achou entranMvel;apenas viu como motivo das nossas rehgi6esum erxame soez de contradig6esque se rompe e desaparece emJace de uriSimples

[exame.

Por isso, pode afirmar-se que a crenga nas66gragas ao nosso medo e 6 filha da esperango"

Mas qual 6 a razb dp nrentiroso abjetoque pretende cingir-me ao seu indtil trajeto?Necessito eu de Deus que a minha l6grca pesa

para justificar a natarcza?Nela tudo existe e no seu seio criadorse agita a cada instante sem um princlpio motor.Ganharia eu algo com essa bifurcag6o?E Deus revelia-nos as leis que regem a criag6o?Se ele cria, se foi criado, continuarei assim tambdminseguro como dantes em me unir ao seu destino.Fora, fora de mim, infernalimpostura,o universo aguarda a tua fatal sepultura.Tudo o que temos sdo coisas naturais,teu d apenas o nada que analulreza

nos criou. Evade-te, exectdvel quimera!Vai para longe do mundo, abandona a terratonde s6 ver6 pecados emperdernido*,

coberto$ de ouropel; j6ias dos teus amigos.E, quanto a mim, jd 6 tanto o 6dio que me inspirasque com prazero Deus vil, e voluptuosarnente'seria o teu verdugo se existisses realmente;oferecerias assim i minha sombria vinganEa

o prazr;r do rneu abrago que iria ao teu coragdo

Page 7: Revista Víbora Edição 6

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para que conhecesses de mim 6dio b s6rio.Mas 6 in{til, n6o existe$, ningU,6rh tb Fdde abragare a tua es$encia escapa-se a quem quibera alcangar-te.N'6o tc posso afastar, mal ehtre db rnoriaisgostaria de derrubar os teus ihfames altaJes

e demonstrar ao mundo que Deug ainda cativo,e irris6rio aborto bebedor de orag6esn6o conseguird p6r termo a todas as paix6es.

Movimentos sagrados, paix6es sem ambages,

s€de para sempre o objeto das nossas homenagens.A 6nica coisa que se pode dar ao homem sensato,

a 6niea coisa que chega ao nossa coraqSo,

€ que a natureza domina a nos;d'a raz6o:cedamos ao seu impulso, i etia forga e viol€ncia

.

para subjugar nossas almas sem recorrer i resist€ncia.Ondule plenanrente a lei d'os prruzeres

e a voz do desejo inunde os nossos seres.

Haja qualquer desordem e sopre qualquer ventodevemos prosseguir e sem qualquef ressentimenfo, ,

sem perscrutar as leis, sem seguir os hdbitos,abandonar-se ldnguidos, cheios pelo sentimentode adorar as imposigOes da natureza.Respeitaremos s6 o seu divino murmfirioesses que em todos os lados as vds leis sufocam,O que parece ao homem uma horrlvel injustiEa6 efeito total dos seus olhos enfermos:

se algo se revelar monstruoso para os nossos hdbitosrecorramos d natureza que nos recebe corno irlteiios.Essas suaves aE6es que julgais letcis,os intensos desejos que chamam criminososs6o resplendores normais da natureza.

Quando ela nos permite, simplesmente,6 sublimee at6 nos confia as vitimas para o crime:torturemo-las sempre e nunca pensemos

fazer rndade terrivel: sigamos os nossos desejos.

Ela anula o as,at e os pais, os filhos,templos, bord6is, devotos e bandidos,tudo lhe pertence e nela n6o hd delitos.Cumprir{amos comela ao cometer o crimeienquanto rnais o excesso, mais ela nos recebe.

Usemcs as forgas que ela exefce em n6s.

entregando-nos a gostos monstruosos:ningudm se torna ingrato por gostos homicidas,

incestos, violag6es, roubos, patrid{cios,pra?:eres de Sodoma ou brincadeiras de Safotela tudo recebe num prazenteiro abrago.

Derrubando os deuses, roubemos-lhe o seu tronoe com este fulgor agoitemos a vidaque ndo nos incomode ou nos encha de medo.Nunca a inibigio, n6o, porque as maldadesservem de exemplo vir.o is negras proezas ...

Irlada de sagrado existe; tudo no universose relaciona com o fogoso jugo do nosso corpo.E quanto mais nos multiplicarmos, mais infAmias

loilletemose mais as sentiremos na nossa alma de feiro.Escurecendo ao mdximo os nossos negros ensaios

os dias e as noites nos conduzem ao pecado.

A natureza, ap6s os anos suaves

das divinas brincadeiras, depara-nos com esta sorte:

uma cova qu9 espera para Dos re@mpensar

e no fim de toda a vida cairmos nos seus bragospois tudo nelad vida, tudo se reconstr6i: 'grandes e pequenos, mdes, mulheres, pervetidas ...

E n6s tamb€m somos tio suaves aos seus olhos:

monstros ou libertinos, mediocres ou virtuosos.

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Page 8: Revista Víbora Edição 6

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maeRafaelBaffott

LONGA NOITE de innerno. E a mulher gritava sem parar, retorcendo o

corpo magro, rnodendo os leng6is suios. Uma velha, vizinfffi 3ua na Peque-

na dgua-furtada, tdmava em taz€-a engolir algtrns tragOS do um vinho

espesso e azul A c*rama da ldmpada monia lentamente.

O papel das paredes, apodrecido pela dgua, descolava-se em grandes

fanapos, oscilantes i aragem noturna. Ao p6 da ianela dornila a m6quina de

@stura, com o trabalho ainda preso entre os dentes. ExtinguiU"S€ o lume, e

a mulher, sob os dedos tr€mulos da velha, continuou gritando na somb{a:,

Deu i luz pela madrugada, Agora sentia-se invadida por estranho-e

profundo bem-estar. As ldgrimas cafam-lhe dos olhos entrecefedoS. Estava

sozinha com o filho. Porque aquele embrulhozinho de carne tenra e cdlida,

colado i sua pele, era seu filho...

Amanhecia. Um clardo livido veio manchar a miserdvel habitagio' Ld

tora, a tristeza do vento e da chuva. A mulher olhou para o menino, que lan-t

. gava o seu gemido novo e abria e aproximava a boca, a boca,vermelha, larga

ventosa sedenta de vida e dor. E entio a mde sentiu uma imensa ternura

subir-lhe dr garganta. Em vez de dar o seio ao filho, deu-lhe as m6os, suas

descarnadas mSos de operdria; agarrou o pescogo frdgil e apertou. Apertou

generosamente, arRorosamente, implacavelmente. Apeftou at6 o lim.

Page 9: Revista Víbora Edição 6

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GAilA Whnr ngA or-oNDt AU uunn6 cnoE vuRRt nrunRouEquando @ pA'O € o bal perdtrem o sabor, ent6o vocds n6o terSo mais amoi um pe-o outro

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A rnfisica

cigana

E. Le6o Maia

Num epis6dio de uma conhecida s6rie juenil, o hel6i,

ao aproximar-se de um acampamento cigano, e ao ouvir

os sons de uma guitarra, exprime a sensag6o que experi-

menta pelos seguintes termos: "Que nostalgia, a desta

mdsica'.Esta id6ia de nostalgia surge muito freq0entemente

ligada A mrisica Rom. Mas, perguntam-no, nostalgia

de que, de onde, na mpp[ida em que nostalgia 6 um

sentimento que se refere,ffigosamente, a uma refer6ncia

espago-temporal qualquer?

A mfsica cigana refletird a rostalgia da pdtria distan-te, da brigem. Talvez, para aqueles que pensam que t6muma p6tria original, uma origem que n6o sejam eles pr&prios.

Talvez a nostalgia seja, afinal, um sentimento expe'

rimentado pelo ouvinte, unicamente, n6o pelo executante.

Serd talvez aquele quem sofre - a sua liberdade perdida

a sua dignidade pisada, o seu estado "selvagem" sacrifica-

do a uma hipot6tica "civilizag6o". Serd talvez aquele que

sente despertar em si a nostalgia da "viagem", da Nature

za, e revolta-se contra leis antinaturais que lhe s&por um "modus vivendi" que substitui o conceito de

pelo de "bairro".

O fato 6 que mesmo uma melodia executadagremente desperta naqueles que a ouvem toda uma va-

riada gama de sensag6es de angfstia, de solid6o, de sofrimento, mesmo de medo, que muitas vezes os pr6prios

executantes n6o conseguem compreender.LE por isso que a mfsica cigana, o violino h0ngaro

a guitarra espanhola, s6o, e certamente permanecerSo, um

mistdrio para o gadio.

08

Page 10: Revista Víbora Edição 6

Ao falarmos de mdsica cigana, deverfamos falar,. es-

pecialmente, da alma cigana, pois 6 esta quem caracte'

riza fundamentalmente a sua atividade artlstica, seja elaqual for. E, por alma cigana, deverd entender-se a capa-

cidade de dar vida, "alma", a um inv6lucro, neste caso

musical, pr6existente.

S5o sobejamente conhecidos os casos de jovens

namorados (e n6o s6) que, ao escutarem as melodias dos

violinistas ciganos nos restaurantes da Hungria e da Bul-

g6ria, se suicidavam em seguida.

Gregori Rasputin, o grande staretz siberiano, danga-

va freneticamente ao som dos violinos ciganos. As pdgi-

nas sociais da 6poca acusaram-no mesmo de se ter uma

vez despido em p0blico, num restaurante tomado de uma

esp6cie de dxtase fren6tico, ao escutar os violinistas, para

gdudio da oposigdo local.

Os espanh6is utilizam um termo muito interessante,

com que qualificam a "forga", a "alma", de uma melodia

ou cangdo - "El Duende"."El Duende" 6 o poder que arrebata o ouvinte que

escuta uma composigSo, uma "seguiriya' (urfia das modalidades do canto flamenco), 6 o que fdz exclamar um

"016" de aprovagSo, um "adelante" de encorajanl€nto. "EJDuende" 6 forga de uma guitarra tocada por rn& demestre - 6 o poder, o magnetismd Bcssoal do executante.Um bom mrisico consegue transformar uma melodia semqualquer valor numa obra capaz de 6CIRduzir o ouvinte ao

6xtase, porque tem "Duende"."El Duende" 6 um podef m6gico, no sentido mais

objetivo do termo. Ora, toda a m0sica oigana, espailholaou n6o, assenta sobre esta pedra angulat - a magia, a

forga dos elementos; o "Duende".

Nesta perspectiva, taiaf ee mrisica cigana 6, tem de

ser, falar de uma certa "Filosofia da mtsica", na medi-

da em que esta, longe de se caracterizat pol uma unifor-

midade, por uma individualidade objetiva, demarca€e, is-

so sim, pelo seu "subjetivisf,to". E d nesta filosofia damrjsica que consiste, verdadeiramentgt o "apport" do povo

Rom d m0sica - o da sua pr6pria filosofia da vlda.

Uma intenogag6o inicial: na m0sica, 0drho; alids, na

-:

09

-a.pAf

Page 11: Revista Víbora Edição 6

vida, que distingue o cigano do gadio? E o que temos

vindo a observar: a recusa de obedecer a moldes rigidos -recusa instintiva, evidentemente -, a tipologias definidas'

a instituig6es estranhas, n6o ao cigano em si, mas ao

Homem no seu estado puro,'selvagemo, mdgicot porque

n6o, sob certas facetas, tradieionai?

A vida sedentdri4 a'"civilina96o', a "cultura", tudo is'

so estaria certfssimo, se se pudesse considerar vidA se

se mantivessem os elos tradiOiorlais agora cada vez mais

desfeitos, e cuja destruigSo progressiva constitui o ponto

de partida para o desequiiibriO d6piritual no nosso tempo,

corno Jung t6o benl corlslatdtlr itara o homem do nosso

tempo, a vida j6 n6o 6 vida do inesmo modo que a m0sica

jd ndo 6 mtlsica, mas sorl Que a poesia jd ndo 6 poe-

si4 mas lingiifsticA que a literatura jd n6o 6 literatura

mas semintica que a rnagia j5 ndo 6 magia, mas pes-

quisa antro,pol6gica ou antropologia pura. O gadiq que

rompeu os elos com as tradig6es, com a sua religido -consigo pr6prio, em suma -, lefugia-se na academia, no

partido, na universidade, no seu pr6prio apartamento - tra'

ta-se, como algu€rn tf,o bem apontou, de um ser parado,

morto. A cultura lnstitucionaiiza'se, por isso more, pois

a institucionalizagSoi nurha era como a nossa, significa a

morte, a esiagnagSo.'Ndo existem milsicos, no verdadeiro

sentido do termo,'de Oonservat6rio. Os verdadeiros mfsF

cos s6o, saivo rar{ssirn# exceg6es, os que fogem dos

conservat6riog, Urn. Conservat6rio conserv4 mais nada, e

essa 6, quanio'muito, a sua utilidade. Daplhe qualquer ou'

tro valor 6 pura loucura. E o magister dixi[ mas ao con'

trdrio - o fim do caminho.

Ora, num tipo de arte em que o conceito de'Duen'

de', tem tanta importAncia, o academismo 6 uma impossi'

bilidade, um contra-senso. Um duende 6 um ser mlstico,

selvagem, m6gico, e a lgreja, n6o obstante nunca t6'lo rc'

conhecido, sempre o temeu. Do mesmo modo, a acade'

mia rejeita crcmo "selvagem', "brutal", tudo o que escapa

aos seus pr6prios mitos - quando muito, cria um "depar'

lamento especial', para proceder A an6lise.desses "abor'

tos", mas sempre @m o intuito de recuperd'los, a curto,

m6dio ou longo ptazo.

A mrlsica de tipo acaddmico nunca 6 mais, parafra'

seando Nietsche, que humana, demasiadamente humana.

Raramente 6 sagrada. Nunca consegue ser mdgica. N5o

existe encantamento - Duende - na mtlsica acadFmica. E este encantamento 6, afinal, a caracterfsti-ca fundamental da mrlsio#gana.

Quando falamos de en{bantamentq falamos dum

fenOmeno "de possessdo", que se apodera n5o s6do ou-

vinte, mas do pr6prio arlista, Ao passo que aqu€le 6 trans-

portado, este 6 elevado, no sentiiCo de que a sua gxecygao

o arrasta a todo um universo interior, ao 6xiase. O mfsico

cigano joga sempre com um ponto de apoio - uma das

pessoas de audidncia em que fixa o olhar, e a quem "de-

dica" a sua virtuosidade. A sua m0sica tem, assim, o carS'

ter de um exerclcio total, de uma elevagSo de todos os

componentes do seu ser, e n6o o de uma simples

gem" intelectual, por mais elaborada que seja.

A m0sica torna-se, assim como o canto e a

um vefculo, no sentido mais vulgar do termo' um

de transporte que leva o m0sico para onde ele quer,

ele 6 quem o conduz. E, ao contrdrio da "pauta", o

"Duende" permite-lhe servir-se da sua imaginagSo

permite-lhe deslocar-se para onde deseja, sem quai

limitag6es que n6o sejam as suas pr6prias.

O cigano 6, como artista, o virtuoso por

E por virtuosidade entende'se habitualmente a

de transformar, de "dar vida", de "dar alma", a algo jd

tente, a um determindo trecho, a uma certa melodia

composigSo. A virtuosidade 6 por assim dizer a

tica fundamental daquilo que definimos por m0sica

gem.

Mesmo quando se trata de um compositor ou de

mrisico cldssico, a critica s6 o considera um grande arti

quando ele dd provas de uma individualidade

quando 6, afinal, um grande virtuoso. '8, normalmente,

s6 serd um grande mrlsico quando descobrir em si

a "alma" que criou no deconer da sua ascese t6cnica: a

domlnio do instrumento, ou da voz, ou do corpo'

palavra, do seu meio de exPressio.

Existe assim'uma diferenga muito grande entre

conceitos de tdcnica e de virtuosidade, na medida em

a primeira n6o pressup6e a segunda, e que.a

pressup6e a primeira

Uma mfsica de tipo mCgico, como o 6 a m0sica

gana, tem de ser forgosamente uma m0sica

da na virtuosidade. A utilizagdo mdgica de um

musical, seja ele uma guitarra, um violino, a pr6prio voz

o corpo imp6e, desde o inlcio, o domlnio t6cnico total

se instrumento, assim como a transformagiq no

da transcend6ncia, daquele que o utiliza.

No que diz respeito A t6cnica instrumental, esta

pode falhar. A visSo mdgica 6 a visSo da

da infinidade, e no momento em que a tdcnica do

falhar, essa infinidade deixa de existir, para se trans

em limitagSo.

A mrlsica cigana 6 nostalgia, triste, ou um elodo para muitos, mas o gadjo ndo desconfia que elapara lembrar a todos que quem govema suas vidas 6 atureza, e @mo a natureza, ela 6 fria, is vezes guente,gica, e traigoeira. O cigano toca e fere os tlmpanosgadiq'ou hipnotiza-o para lhe roubar alguns trocados,

seguir celebrando a natdreza; enquanto do alto doscargos e mdscaras, o burgu6s (gadjo) apodrece.

CHUQUEL SOS PIRELA, COCAL TERELAC5o que caminha, ndo morre de fome

Page 12: Revista Víbora Edição 6

O coraqao 6 um tapa-sexo

Escute o que diz seu deseio, ou o ra-

cismo dr flor da pele.

' ft?#,Rff"l*",I

Esta 6 a 6poca de uma dupla liberagSo: de um la-do, falamos da sexualidacle - falamos, escrevemos,conferenciamos a respeito, filmamos, pedagogizarnos,

filosofamos, mesa-redondamos, em suma nos mara-vilhamos por termos posto abaixo o tabu que faziadela uma assunto proibido. Por outro ladon a sexuali-dade fala em n6s: deixamos que nosso corpo se ex-presse. Desconfiando das dirctivas repressivas da

consciOncia, nos colocamos i escuta de nosga libido e

nos esforgamos por decifrar e aplicar as mensagens

que chegam at6 d6g pois nossa 6tica, ee ainda temos

alguma, 6 viver conforme seus ditados. Tarela drdua,

quase impossivel em virtude das instdncias antideseio

que ainda t6m um poder consider6vel sobre n6s, em

n6s como tambGm fora de n6s, e que se colocam co-

mo obstdculos didnte de nossas deciS6es. O que acon'

11

Page 13: Revista Víbora Edição 6

-=-\ a-i:-':

tece 6 que; cada vez mais freqtjentemente, em lugar de

nos justificarmos nossos desejos, nos justificamos atrav6s

deles. lnventamos esta nova legitimidade: a pele. Assim, o

r6u pulsional tornou-se promotor no melhor dos mundosparandicos possfvel, onde o Outro, o estranho, 6 o inde-

sejdvel e o indesejdvel, sem querer aprofundar muito, 6

aquele que ndo se pode desejar Pois a linguagem que odesejo fala de modo mais espontdneo 6 a da recusa.da segregagdo. O corpo tem seus metecos que a razieincorpora e, i guisa de ordculos, nossas puls6es hera'das promulgam osrracismos. Esperdvamos a inupgSo

de um desejo-rio, a multiplicag6o dos fluxos sexuaispara fora de toda resid€ncia imposta, a efusio genero-

sa da libido sobre o conjunto do campo social, e vive-mos de fato sob o despotismo de um desejo avarentoque escasseia "seus investimentos, de um desejo ocu-lar que funciona por recusas, de um desejo feroz que

sempre a singularidade de seus deslumbramen.tos i profusio de seus desgostos, de um desejo, en.fim, que, m3l saido da pris6o, edifica suas pr6priasbarreiras, suas muralhas intransponiveis.

Hoje, quando aquilo que de mais profundo existe6 a pele, todas as exclus6es s6o pronunciadas emnome do corpo. Atrav6s de uma estranha convergdn-cia, o desejo ostenta tranqtiilamente seus fundamen-tos racistas, no momento mesmo em que o racismorEo procura outra justificativa al6m da libidinal. Ndo

existem mais teorias da segregagSo. Hoje s6 hd reag6es.E uma mesma intolerdncia fisica, um mesmo reflexo diccriminat6rio que bane, nuns, os velhos porque sua velhice

6 visivel, os feios porque s6o feios, os jovens burocratas,por seu corte de cabelo e, noutros, os negros porque tdmum cheiro forte e os hippies porque supostamente s5o

sujos. Sonnatizando-se, o racismo encontra uma esp6-

I

L

12

Page 14: Revista Víbora Edição 6

'.t

cie de nova inocdncia. Mas por que a repugnancia estaria

melhor fundamentada no corpo do que num grande princf-pio? Quando o corpo passa a ser uma espdcie de judasqptodos podem malhar, ser6 preciso cortar cabegas ou inter-rogar o funcionamento racista do corpo?

Uma pergunta como essa, por certo, ndo 6 moti.vo de prdzer= ela perturba nossas crengas mais enrai-zadas. Se a segregag6o apela para o desejo, e n6o para opreconceito, 6 todo o otimismo do Seculo das Luzes quevem abaixo: a maldade n6o provdm do erro, e a Verdadenunca conseguird abolir o racismo. Definha lentamentea id6ia de que serd possivel acabar com a discriminagdoatrav6s de palestras e conferOncias. Al6m do que, havia,mos apostado na subversdo sexual: nunca 6 muito agra-ddvel, ainda que comecemos a ficar habituados, ver umaordem ser edificada em nome de princlpios dos quais seesperava uma revolugdo. Sem dfvida, sempre 6 possivelaBliqar a esse desrmrcnamento esquemas que id ser.viram antes para renimal a esperanga: assim comoStalin desviou-se de Marx e traiu o leninismo autdnticotamb6m o Espetdculo cativou, isto 6, capturou o desejo: ocontrole atrav6s da imagem substitui o controle atrav6s darepressdo. A sexualidade n6o est6 mais proibida, mas 6 aditadura do cddigo que fala hoje a linguagem da liberdade.Esta redistribuigdo das cartas, esse New Dealdo sexo,imp6e um novo radicalismo para nossa modernidade:p6r fim ao Espetdculo e destruir todos os c6digos. Odesejo fica tagarelando por ai, mas o verdadeiro desejoestd ausente. O puritanisrro o havia amordagado, pri-vado de fala; agom 6 um usurpador que fala em seunome. No pr6prio seb de nossa confusdo, nos tran-,qtiilizamos de novo: existe um verdadeiro desejo. po-demos viver na promessa escatol6gica da felicidade. Nos-sa sexualidade estd alienada e, portanto, doente: n6s a cu-raremos emancipando-a dessa alienagio.

E se o contrdrio 6 que fosse verdade? Se ndo es-tiv6ssemos sofrendo por estarnros alienados, mas porestarmos pouco alienados? Se ainda ndo estiv6sse-mos doentes? Nosso desejo ndo precisa de verdades, dedesmitificag6es, mas de tantos mitos que, ao final, n6osabe mais onde promover sua te*Nao pedimos a lnortedo Espetdculo, por6m, sim, mais Espetdatlos!Acq.erredizem que estamos submersos por uma variedade deimagens, respondemos que somos massacrados pelarepetigdo dos mesmos modelos. A proliferagdo doshard-cores, por exemplo, n6o deve iludir ningu6m.Uma pornografia bem-fodedora, majoritdria esmaga im-piedosamente as heterodoxias sexuais e est6ticas. preci-

samog 6 de multiddo de pomografias para que mais nada

l

seja pornogrdfico, para que as feidras, os desvios, as se-xualidades extravagantes - aqu€les que n6o dizem, antesdo assalto: "Genital, aqui estamos n6$f'* todas as novasobscenidades saiam do purgat6rio, para que 6nfim nossoerotismo, ao inv6s de se cristalizar nas mesmas irnagens,assista d fragmentag6o de seus prdprios arqu6tipos. O quecensuramos ao Espetdculo d a parcim6nia de suas figuras,a viol€ncia de suas exclus6eS, dS fdeag, os comportamen-tos, os seres que ele confisca ao deSeio ao escorragd-losda representagSo. E multiplicando suas captltras que se li-bertard o desejo, 6 aumentando sua maleabilidade, en-chendoo de crit6rios, pluralizando seus cddigos, que seaumentard seus tenit6rios. Melg do que subtrair as pul-s6es do Espetiiculo, querent6s eubtrair o Espetiiculode sua avateza, tornd-lo enfim pdlirnorfo. eue ele ndonos dO sempre a mesma coisa para amar; que, ap6ster transgredido os limites do olhar, utilize toda suaauddcia na ampliagio do espago complexo de nossacobiga. Do que nos queremos curar;de uma superpopula-g5o de fantasmas ou de um malthusianismo draconiano?De nos investirmos naquilo que as irnagens mostram oude nos desinvestirmos daquilo que elas n6o mostram? Deuma sexualidade alienada ou de uma sexualidade mes-quinha? Ao inv6s de lamentii-la, desfrutemos de nossa fle-xibilidade libidinal" fagamos corn qug ela trabalhe em turnocompleto: g como apenas o Mesrnd 6 que age sobre oMesrno, respondamos ao racismo das imagens mm outrasimagens e n6o com argumentos, pulverizemos espetacu-larmente essa ordem imutdvel de exclus6es que hoje re-cebe o nome de desejo, a fim de vlver, n6o a indiferengade uma sexualidade onfvora, mas exclus6es varidveis, es-colhas aleatdrias, sedug6es imprevisfvels. Desejo piegas?Em todo caso, menos religioso, rnenos ut6pico que odiscurso da desalienagno. E mais reallsta programar odesregramento do Espetdculo do que seu dgsapare.cimento. Pornografias, alids, jd existem: plurais, tfmidas,subterrAneas, vigiadas. Mas quem nos diz que um dia,bem pr6ximo, n6o haverd um filme terno e sacana, um fil-me enfim mestigo, que conte os amores de um pederastae uma safista, que exiba uma orgia maravilhosa sem ne-nhum atletismo excepcional, onde velhos copulardo comcriangas, onde estranhas velhotas ser6o as ,,gigoloas',

dejovens efebos loiros, onde os 6rabes poderdo tocar namulher branca. Estd tudo por fazer para fuzilar nossasrecusas, uma a uma. Tudo 6 uma questio de truque,de oportunismo, de compromisso a fim.de entrar noforte e voltar contra a segrcgagiio sexual d-gnqnOesrneios espetaculares sobre os quais repousa ."u}f--..der. --\

Calma! He virus para todos

re .;l*!iiid $ii{d;ila-.;.-.

13

Page 15: Revista Víbora Edição 6

I:

Para o fascista, a liberdade consiste em servir, trabalhar, acreditar, exaltar a vitdria e o sacriffcio

Maias.midias,

merda

.*

e mortea

William Burroughs

Os antigos maias possuiram um dos calenddrios

de controle mais exatos e herm6ticos iii usados no

planeta, um calenddrio que efetivamente controlava os

atos, os pensamentos e os sentimentos do povo em

uma casta sacerdotal, que mantinha seu pgder

um minimo de politica e ex6rcito. Os sacerdotesram que eomegar com um calendiirio rnuito exato

ano tropical, composto de 365 dias divididos em dej

zoito meses de vinte dias e um periodo final de cincq

dias, os "dias Duab", QUe eram considerados espe-

cialmente adversos e, em conseq0€ncia, converteram'

se em tais.

Page 16: Revista Víbora Edição 6

Era essencial um calenddrio exato para a im-plantagio e manutengio do poder dos sacerdotes. Os

maias dependiam quase por completo da colheita domilho, e o mdtodo agricola empregado era o de corte equeimada. Cortavam as plantas, deixava-se secar, e

logo se queimava. O 916o era semeado com uma es-p6cie de raquete. Os maias n6o tinham arados, nemanimais dom6sticos a que pudessem atreld-los. Dadoque a superficie do solo 6 pouco fdrtil e a seis polega-

das de profundidade hd uma camada de pedra calcd-nea, o arado n6o serve nesta zona e o mdtodo de cortee queimada 6 utilizado at6 hoje. O cultivo por corte equeimada depende de sua exata sincronizagSo. Asplantas devem ser cortadas com tempo para que se-quem antes de comeqarem as chuvas. Um erro depoucos dias, pode acanetar a perda da colheita de to-do um ano.

Junto ao calenddrio anual que regulava os traba-lhos agricolas, existh um almanaque sagrado de 260

dias. Este calenddrio de cerimOnias regulava treze fes-tivais de vinte dias cada um. O calenddrio de cerim6-nias rodava sobre os anos e, em conseqti€ncia, asfestividades se celebravam a cada ano em datas dis-tintas, ainda que sempre na mesma ordem. As festivi-

dades consistiam em cerim6nias religiosas, m6sica,festas, e algumas vezes sacrlfJdoa humanos. Dessaforma, os sacerdotes podiam calculaf cpm toda exati-d6o o que o povo estava fazendo, escutando e vendoem uma data determinada, passada oU futura. lsto, porsi, haveria capacitado os sacerdotes para predizer ofuturo ou reconstruir o pd5saelO com notdvelexatidSo,posto que podiam determinar sob que condiciona-mento estaria ou teria estado, numa data qualquer da-da, uma populagdo mantida em hermdtico isolanrentodurante muitos anos, protegida por montanhas e sel-vas indevassdveis das horciaS (h invasores que des-ceram pelo altiplano centraldo M6xico.

Hii todo tipo de raz6es para se supor a exist6n-cia de um terceiro catendairio secreto, referente i or-dem precisa dos condicionani€fitor a que era subme-tido o povo sob a camuflagem dos festlvais, de forrnamuito semelhante a de como um pfestlgiador usa averbon6ia e o jogo de cena para eneobrir movlnientosque de outra maneira seriam ciBtrdos pelo ptiblico. Hd

rnuitas maneiras de implantar tais cdndicionamentos,sendo a mais simples o condicionamento em estadoconsciente. Esta 6 uma tdcnica de implantar suges6esverbais ou visuais que afetarn diretamente ao sistema

*,.-;i,

15

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I

L.

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ili.

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L,

neruoso autonomo devido ao fato da atengSo cons'ciente do suieito estar dirigida para outras coisas,

neste caso o contefdo aparente dos festivais. (As su'gest6es em estado consciente n6o devem ser confun'didas com as subliminares, que s6o implantadas abai'

xo do nivel consciente).

Deste modo, os sacerdotes podiam calcular oque o povo via e ouvia num dia dado, assim como as

sugest6es secretas a que havia sido condicionado na-

quele dia (...). E estes cdlculos lhes permitiarn recons-

truir o passado ou predizer o futuro. Jogavam com

cartas marcadas. Os cdlculos sobre as iustaposig6esdos diversos calendiirios tanto do passado como do

futuro, tomavam boa parte de seu tempo, e se dirigiam

mais ao passado do que ao futuro' 56o cdlculos que

rctrocedem 400 milh6es de anos. Estas sondagens no

passado remoto devem ser interpretadas como afir-mag6es de que os calendiirios sempre existiram e

sempre existirdo. (Todos os sistemas de controle pre'

tendem refletir leis imutiiveis do universo).

Transportemos agora o calenddrio maia de

controle para nosso tempo. Os mass media, iornais,rddio, televisdo, revistas, comp6em um calenddrio ce'rimonial a que estii submetida toda a popt"lla96o. Os

"sacerdotes"n sabiamente, ocultam-se por trais de

montanhas de dados contradit6rios e negam sua

exist€ncia. Da mesma forma que os sacerdotes maias,

podem reconstruir o passado e predizer, sobre bases

estatisticas e contando com o poder de manipular a

informagSo, o futuro" A imprensa didrla, armazenada

em arquivos e bibliotecas, permite a reconstrugdo dopassado. E como podem os sacerdotes modernospredizer os fatos aparentemente fortuitos do futuro?Principalmente pelos muitos fatores dos mass-mediaque podem ser controlados e prognosticados:

1 - A composigSo dos jornais e revistas se deci-de previarnente. Os prognmas de rddio e televisdo,por si e em sua justaposig6o, s6o tamb6m planejados

com anteced€ncia.2 - As noticias'$dem ser exageradas ou minimi-

zadas. Hd dez anos, as deteng6es por parte de drogasocupavam quatro linhas na fltima peigina dos iornaisingleses. Hoje s5o manchetes na primeira pdgina.

3 - Editoriais e cartas ao dirctor, As cartas que sepublicam s6o selecionadas de acordo com uma politi-

ca preconcebida.

4 - Os antncios.Assim, pois o calendairio cerimonial moderno 6

quase t6o previsivel como o dos maias. No que diz

tllpeito ao calenddrio secreto, por meio dos an{ncios,edltoriais, relatos jornalisticos, etc, podem'se inserirquantas ordens reativas se deseiem. Tais ordens est6o

implicitas na composigdo e correlagio dos artigos. As

ordens contradit6rias s6o parte intrinseca do mdoambiente industrial moderno: "Pare". o'Sigan', "Espereaqui", "Vd para ld", 'oPassen', n'Espere ld fora", "Sejahomem", "Seja mulher", "Seja branco", "Seja negro"r."Morra", "Seja voc€ mesmo", "Seja outra pessoa"rl

"Seja um animal humano", "Seja super", "SlM",l"NAO", "Revolte-sg", "Humilhe-se", "CERTO", "ER-lRADO", "Senta", "Levanta", 'nDestrua", "Crie", "Vivafhoje", "Viva o futuro", "Obedega i lei", "Desrespeite a!

lei", "Seja espontdneo", "Decida voc€ mesmo", "Es-!cute os outros", "Fale'], "SILENCIO", "Economize",!"Gastg seu dinheiro", "Acelere", "Desacelere", "Direi'fta", "Esquerda", "Presente",'oAusente", "Aberto",chado", "Entrada", n'Saida", t'Dentro", "Fora", etc.,toda hora,

Tudo isso constitui um grande dep6sito para

criadores de notfcias estatisticas, As

automdticas incontroldveis s6o, precisamente, asservem para noticias. Os controladores sabemque ordens reativas v6o reestimular e, portanto,

o que vai ocorrer.As sugest6es contradit6rias sdo a f6rmula

da imprensa didda. "Tome drogas. Todo mundodrogas". - "Tomar drogas 6 um ERRO". Os jornaisipropagam a violdncia, o sexo e as drogas, e logo saem'com a velha musiquinha de BEM/MAL, FAM{LIAIGREJA E PATRIA. A coisa estd se tornando muitoddbil. O moderno calenddrio de controle estd quebran-

do. Na chamada sociedade "permissiva", os castigosestdo desequilibrados face aos pr6mios, o os jovens !ln6o se conformam com os asquerosos prGmios quei

lhes oferecem. A rebelido 6 universal. t

Os controladores atuais possuem uma vantagen{que ndo tiveram os sacerdotes maias: um impressio-lnante arsenal de armamentos que os rebeldes ndo po{dem esperar sequer igualar. Quatquer um pode fabticalclavas e langas. Os tanques, os avi6es, os navios delguera e as armas nucleares sio monop6lio de quemlhoje det€m o poder. Conforme a dominagionsicOOgf,caf

enfraquece, os poderes estabelecidos de hoje em dia{

descansam cada vez mais sobre esta vantagernfmantendo-se unicamente pela forga bruta. (Atd queiponto 6 tolerante a sociedade "permissiva"?) I

Mas a vantagem dos armamentos nao 6 t5olavassaladora como poderia parecer. Os controladore+[necessitam de soldados e policiais que lhes maneiem[

as armas, e estes guardi6es t€m de estar sujeitos atcontrole reativo. Dai decorre que os controladores te- [nham de se apoiar em gente cada vez mais est0pida efdegradada. (Devido ao imprescindivel condiciona-fmento para sua fungdo repressiva). {

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Page 18: Revista Víbora Edição 6

re;-d*u;,

17

:'::-.----

Sapo inflado como soY

nada nu evo lre d ic ho ,

y mucho nenog Io reclamo.

lle sigo a mi miemo.

en eate caoino de desaPrendizaje'

Todo ha sido dicho Ya.

i0h diosa taz6r., todos te invocanl

maldito seas, todo 1o justificas.

I engendro de la sensatez ! oh tal v.ez

de la idiotez.

Por tf ae alian los peores enenigoa

ojal6 la pr6xima vlctima de la

peste seas t6.

Hay naturai"za's que con la verdad mienten'

y nintiendo Buchas veces dicen 1a verdad'

Como ven estas naturaLezas no encuentran

diferencia alguna entre verdad y mentirat

y eB en el g6nero femenino donde lae m6s de las veces

hallards Eu mas aeabada exPresi6n'

Por eso deecsnfia de las mujeres'

Aunaue no de todas las mujeres' procurate una de-"5- ---

eara sornbrla e infantil' Estas cuando mencs si eaben

qrre hay dif erencia entre verdad y mentira'

Pero cuidado esEan destinadas a haeer eufrir'Lllllllllll

Page 19: Revista Víbora Edição 6

Nf,o 6 verdade que a vlda 6 urna maldita desgraga depois da outra. Ela 6 a mesma maldita desgraga otempo todo.

Doresdo mundo

ScttopenhauerPerder-se-ia a cabega, se se observasse a prodiga

dade das disposig6es tomadas, essas estrelas fixas'112 brilham inumer6veis no espago infinito, e n6o t6m ou

'ripos souextop sou onb o6o1 b@Sp oruoc uloca:edesep fim senSo iluminar mundos, teatros das mis6rias e dosenb 'sosle"ed soUJeluesetde ercuglstp ep er6etu V .Je1tl midos, mundos que, no mais feliz dos casos, s6 produzeme JEuJol sou ercd gs pl 'nap sou aS - 'soulelgluoc onb o t6dio: pelo menos apreciamos a amostra que nos 6uoc esroo p oluoe 'spnlt $ot! enb ESueiedso p g essord conhecida.-op ogt :gengfesep ocnod ere ofesep o oluenb re4sou,t 'sorcpanop ogs sopol'oluepod 'onb op o 'B.lEd 'Jos o9u B 'pssouloJd e etdutnc ogN enoleuor6 epod ugnouru enb o ulos 'onrrxgrd op rcure op'sepueJ6 s?u ol'uoo seuenbed sEstoc seu oluel 'enu;1 1npu1 ep 'egcugped ep ,eouglalol ep apeplssacou e-uoc BJllueu euln ouroc BplA E JpJoprsuoc souJenec -uJol s ?lgepepren sreu znl e otllxgrd o eqcs e5ue;

'unl opnluoo 9 ogssadxe e 'eSoled o1s1 enb 1eu16poSemelhante aos carneiros que saltam no prado, en-rcd ',iJeJs$ns-n o;;e; Au 'sBu?slu ep orrequeduloc 'utru

quanto, com o olhar, o carniceiro faz a sua esmlha no-oleru lcos 'solueululos op orlequeduoc,, les epepodmeiodorebanho,n6osabemos,nosnosssdiasfelizes,quells'rcqueg Jes gp zel ure luerelueupdurnc es suotuoq

desastre o destino nos prepara precisamente a essa hora sop eluaculnuoo sleru BJleueul B enb sezen s€ osued- doenga, perseguig6o, rufna, mutilag6o, cegueira, loucura,etc'

Ouereis ter sempre ao alcance da m5o uma b0ssola',,soJesod soled sopetolap uleJes ered sueuoq so segura a fim de vos orientar na vida e de a encarar inces

e 'sequerc seled sepluoc uaJos ered urerecseu spcsour santemente sob o seu verdadeiro prisma, habituai-vos asB enb outsout trtul e rez;p #ur-lBu6rsa oguas es considerar este mundo @mo um lugar de penit6ncia co-!oc eJno Jezel las oBN 'oueupedxe o anb souB plualro mo uma colOnia penitencidria, como lhe chamaram jd c9H,, :BluecseFe e :,,lEeJ g Jop e gs 'otluos un ap essed mais antigos fil6sofos (Clem. Alex. Strom. L. lll, C.3, p.3331

opu eppplcllol V,, :z!p opuenb 'no ouroc esued 'ezornleu e alguns padres da igreja. (Augustin. De civit. Dei. L &egad gol oplcolo^El og1 enb'oJlpilon zllel o,a4e11o1 231. 'e$eregp.re6e5er6sep

A reticidade, portanto, esrd sempre no ruturo ou no pas-ffHd-ffi:;ff"'3|;t"ilffj #:tffii""r'Ssado, e o presente 6 como uma pequena nuvem sombria eles 'opunu o eqcus o ppt1 p oluolout eugstuJ Ep ooseuque o vento impele sobre a planfcie cheia"de sol; diante enb ,urr1 ulos Jop e enb lurr.upe opJnsqp g anb.ro6 .opunu,dela, atrds dela, tudo 6 luminoso, s6 ela projeta sempre ou Jos ep eun6;e opze1 uol opu enb

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uma sombra' e olelpotut urrg rcd uol ogu ercu?lsrxa pssou B os

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Page 20: Revista Víbora Edição 6

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"'e5euooar eOuep E e'sos-olouelour se6;1ue spns sp e1;on 'elequoc ules ogu 'e1

-gslndxe esopuer6ol'seulJp rcfio; os;cerd 9'rc1equm er-ed'og1ue o apepetcos ep e olpgl op opred o olslJl olueuo pulol 'onr; ossece oJlno elluocuo ogu eg .c1e

"cge'eSueop e'ezo)ene E 'oponr o 'ogdrqure B 'olpg o ,e[enu1 e

'euprc o 'opeuoxrede rcue o 'pnxes olutlsut o g :sep-uglsuncJrc sp a sopepr se opun6es 'se1uerc;1p seuuol

llur euol o eulolsuell es o6o1 'opedse ossa qos Jop

e rcs;ndxe'seuod ep elsnc p 'es-opurnbeiuog .eph epsrpuoleui spstoc se;ed opeprnc op 'oppptssoceu ep euxole qos uebrro ep 'ernbr; op Jepnt! )onl o op opeilnssl ourgl gs oluoruulos o ilueq ercd sen69.r1 ures so5.ro;se sO

Ndo hd nada fixo na vida fugitiva: nem dor infinita, nem

alegria eterna, nem impressSo permanente, nem entu-siasmo duradouro, nem resolugdo elevada que possa du-

rar toda a vida! Tudo se dissolve na torrente dos anos.

Os minutos, os inumerdveis dtomos de pequenas coisas,

fragmentos de cada uma das nossas ag5es, s5o os ver-

mes roedores que devastam tudo quanto 6 grande e ou-

sado ... Nada se toma a s6rio na vida humana; o p6 ndo

vale esse trabalho.',,soPol

ap ord o enbeqc enb 91e - steul gJos o Etp ppec o ,neul

g afoH, :opout alsap rnuudxe euepod es enb opelso unp'g ols! ?peSuene apppt Eun e rcbeqc ep ofesep o tel epuexrap sopol osstlod uep 'eSualues Ens ep opneluooo epute ueooquoc ogu enepol enb e 'ep!A ? seul ououl

F ogu soppuopuoo sopedgnc salusql! ogs seSueuc sB ,JBs

-sed pn os olueuleal enb o eqes enb e;enbep sor1lo sov'opulolue ap Epeu ioqes soulJepod ogu opeplcllel euln

? :eus uro es-J?ssed ogn enb sesloo sep sluotcBdur; eer6e;e enuepedxe Bu 'ollpol un ap oued op eluall ulese5ueuc se ouloc 'sgu ep oluelp lpqe IEA es enb outlsepop acel ure sopecoloc soutos'epepoor.u erqauud ep

Este mundo, campo e carnificina onde antes ansiosos eatormentados vivem devorando-se uns aos outros, ondetodo o animal carnlvoro se toma o t0mulo vivo de tantosoutros, e passa a vida numa longa s6rie de martlrios, on-de a capacidade de sofrer aumenta na proporgSo da in-

Tudo o que procuramos colher resiste+os; tudo tem telig€ncia, e atinge portanto no homem o mais elevadouma vontade hostil que 6 preeiso ven@r. Na vida dos po' grau; este mundo, quiseram os otimistas adapt6-lo aovos, a hist6ria s6 nos apo{lta guenas e sedigOes: os anos seu sistema, e apresentd-lo a priori como o melhor dos

de paz ndo passam de curtos intervaios, de entreatos, rrna mundos posslveis.

vez por acaso. E da mesma maneira a vida do homem 6 "' oprtequroc e:dues orp91um combate perpdtuo, ndo sd contra male3 abstratos, a ...- ^...,.r^

Y'YwYv v:r)'r' - uln oluldse ossou op opeptntlp e 9 'epelpe oyoul pun

misdria ou o abonecimento' mas tambdm contra os outros ,esuodsns edtuos auoul e g odJoo op epn e Eraueulhomens' Em toda a parte se encontra um advers6rio: a vi' eusoru ep ,eperr^o adues epenb e',,n enb op sreu ?da 6 uma guerra sem tr6guas' e mone-se com as armas

ogu r'pue o oolsjl prsn ap oluod o qos ouloc ursse 3 ...

na m6o.

Page 22: Revista Víbora Edição 6

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Page 25: Revista Víbora Edição 6

No latejar da eregf,o btbJofdr iia trepidagdo duma vagina em dificuldade. Guena ls slot-machines do or-gasmo, guena affi flipperc d[ biaculagao.

Sociologiada

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Cados Vieira

Normal 6 o regular, o cdnlorme i norma. Exem-plar, modelar, o normal 6 a pseudo-ordem. A pseudo-

paz. A tranca.O normal d conveng6o. Nda mais 6 que uma das

frag6es do absurdo. Assim, torna-se mais absurda que

as outras. O normald o absurdo que se nega.

Quanto menor ou mais isolado um meio geogrd-fico, menores s6o seus c6digos de normalidade. Porisso os indios atiram e atiram flechas frdgeis na duracouraga de ago da fuselagem do avi6o que caiu na

AmazOnia. O aviSo 6 o anormal dos indios. A divinda.de, o Mal, o escuro, o pavor. O aviSo 6 a aberragio. G

normal dos indios isolados 6 a mata Gom seus deusex

escondidos.O normal da tia velha do interior 6 maior que t

normal dos indios. Mas o b€bado intelectual de qualquer cidade grande aceita mais em seus pardmetrcx

do que 6 normal. E, ampliando, o normalde um grandhomem 6 um universo de aceitag6o e respeito. E drivi,

das. Por isso todo grande homem tem aquela cara d

24

Page 26: Revista Víbora Edição 6

serenidade. Para o grande homem a aberragdo 6 tudo.Ao dizer isso correrd s6rios riscos, como o apedreja-mento ou a loucura. O grande homern estd perigosa-mente al6m dos Estados, da polftica, dos bares, tiasvelhas e indios. Seu rosto poderd ser desfigurado e aomorer dird:

- A vida pulsa, o universo danga e os valores damaioria se arrastam em melancolia.

O normal, isto 6, a ordem, 6 construtivo, dizemseus professores. A ordem ergue as pontes, 6 o pro-gresso. O normal anastard tudo a um buraco putrefatoe irrespirdvel. A bornba arrasadora 6 a decadGncia totardo normal, da razdo estreita, no planeta de medfocres.Ou seja, o progresso 6 fnfimo, quase desprezivel, por-que, em t6o poucos sdculos caminha, prematuro, Daraa destruigio.

O normal, finalmente, 6 a vis6o de mundo. Se vo-c6 mora em um buraco, sua vis6o de mundo, seunormal, serd o escuro a seu redor e a claridade quevem de cima, pela abertura. Se voc€ saido buraco, seunormal serSo os pdssaros, as drvores. Se voc6 pudervoar verd os contornos dos vales e montanhas e voc6saberd que neles hai pdssaros, dnrores e buracos emais outras coisas. Se voc€ for mesmo muito bom evoar, saia do planeta e veja. Depois volte e se tornemistico em sua pequenez. Entdo, meu caro, a sua vi-sdo de mundo dita seus conceitos de normat. E voc€ 6a sua visio de mundo. Veja no quadro abaixo em quecategoria voc6 se enquadra.

VISAO DO MUNDO

PRIMITIVA - Os indios, etc. (deixe-os em paz)

RESTRITA - As tias, as instituigdes, os funciond_rios, trabalhadores, advogados, mani-queistas, a televisdo, os nazistas e to-das as classes ricas, ou seja, os Eita-dos.

MEDIOCRE - Os que levam a Vba, com algum sen-so crftico: os descasados, os artistas,os universitdrios, a classe-m6dia, osbdbados, as plat6ias de espetdculos,os m6dicos, ou loucos, os persegui-dos, os liberadosi ro naturistas, io-gues, etc.

- Os que passam a vida envoltos emdescobertas, os que viajam muito, osque aceitam a divereidade, os que t6mprofundo respeito pelos pe6es_de-obra; os que fizeram vagsouras epoemas; os que se constrangemprofundamente em explorar algu6m;os gue, vendo uma ponte, v6em agrandeza da obra e o sangue suba-qudtico dos operdrios soterrados; osque respeitam as setecentas culturasque existem; os que lavaram banhei-ros e perceberam que era melhor quetodos os cargos na policia.

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RIQUISS|MA - Os deuses.

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A carteiraBafaelBarrctt

O HOMEM ENTROU, lastimdvel. Trazia o chap6u numa das m6os e a carteira na outra. O senhor,sem se levantar da mesa, exclamou vivamente:

- Ah!6 a minha cartel,ra. Onde a encontrou?

- Na esquina da Rua Sarandi,,Junto da calgada.

E, com um gesto ao mesm0 tempo satisfeito e servil, entregou o objeto.

- Leu o meu enderopo nos cart6b$ tl6 visita, n6o 6?

- Sim senhor. Veia se falta alguma coisa...O senhor revistou minuciosarrente os pap6is. As marcas dos dedos sujos o iritaram: - "Como 6

que voc6 amanotou tudo!" DePdiS, com indiferenga contou o dinheiro: mil duzentos e trinta; sim, n6ofaltava nada.

Entretanto o desgragddo, em p6, olhava os m6veis, as cortinas ... Que luxo! Que eram os mil eduzentos p€sos na carteira ao p6 daqueles finos mdrmores que erguiam sua im6vel graga luminosa,daqueles bronzes encrespadod 6 densos que reluziam na penumbra dos tapetes? O favor prestado

decrescia. E o trabtrlhidof fatigado considerava que ele e a sua honradez valiam pouco ali naquelasala. Aquelas frdgeis estdtuas nio lhe transmitiam urna impressSo de arte, mas de forga. E confiavaque fossg ent6o, uma foiga amiga. ki fora chovia, lazia frio, estava escuro. E dentro a chama daenorme lareira espalhava um doce e hospitaleiro cakrr. O servo que vivia numa toca e muitas vezespassava forne acabava de inestar um sewigo ao dono de tantos tesouros ,.. mas os sapatos rotos eenlameados manchavam a alcatifa.

- Que d que esti esperando? - perguntou o senhor, impaciente.O operdrio empdideceu.

- A gorjeta, n6o 6 verdade?

- Senhor, mi,nha irrulher estd doente. D€.me o que quiser.

- Voc6 6 hoffiado pela gorieta, como os demais. Uns pedem o c6u, e voc€ o que pede? Cln.qrienta p€$s, ou antes, a quebra, os duzentos e trinta?

- Eu ...

- Quando lhe devo beder do meu dinheiro? Cinco por cento, dez? Devo-lhe alguma coisa? Res.pondal Que parte de sua forturta devem os rlcos aos pobres? Nunca fez a si mesmo essa pergurta?Selhe devo alguma coisa, por que n6o o tomou? Fale!

- O senhor n6o me deve nada ...

- E, no entanto, voc6 esperava um pedago de p6o, um osso para roer. NAo: voc6 6 um her6i; amaa mis6ria, despreza o dinheiro. Os her6is n6o mendigam gorietas. Belo her6i, que nio se atreve a fitar.me de frente, nem a sentar-se diante do viciado!Eu adoro s6 vicios; comer calhandras importadas daEuropa, trufas, foie gras, beber Sauternes, Pommardi e Mumm - compreende? - adoro entreabrir asmais deliciosas coxas de mulher com que voc6 nunca sonhou, e pendurar nas paredes do meu quartopinturas que valem o resto da'casa. Eu nf,o minto como voc6; digo claramente o que me agrada, oque conquistei. E n6ob cgnqgbtei devolvendo carteiras e pedindo esmolas.

O senhor se divertia ex@ssivamente. O operdrio pos-se a tremer.

- O honrado espera a gorieta. Espera-a da minha bondade, isto 6, da minha covardia. Eu n6o soudaqueles que soltam cem pesos para se consolarem de ter um milh6o. NEo lhe darei nem um centavo.Honrado voc€? E desprezivel e perverso. Honrado, voc€, que teve na mdo a sadde de sua mulher, aalegria de seus filhos, e veio entregd-las a mim?

O operdrio viu nos olhos azuis do senhor algo glaciale triste: a verdade;e continuou a tremer. Osenhor tirou as c6tlulas da carteira e atirou-as ao fogo. Arderam, e de repente o operdrio ardeu tam-bdm. Agarrou"o capitalisa pelo pescogo e tratou de atird-lo ao chdo para pisd-lo. Mas n6o o conse-guiu: o inimigo estava bem alimentado e fazia muita esgrima no clube;o infeliz intruso foi dominado esuspenso no ar, escorragado do aposento, precipitado de escadas abaixo, jogado i rua, onde chovia,onde fazia frio e caia a noite...

E o senhor sorriu, pensando que por alguns minutos convertera um escravo abjeto em homem,ele que estava t6o habituado ao fen6meno oposto.

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Page 28: Revista Víbora Edição 6

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Page 33: Revista Víbora Edição 6

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0 personalidade humana: c0m0 pode ter sido possfvel que durante sessenta sdculos tu

tenhas estagnado neste servilismo? Tu te dizes santa e sagrada, e ndo 6s nada mais do que a

prostituta, infatigdvel, gratuita, de teus lacaios, de teus monges e de teus mercendrios. Tu o

sabes e sofres por isso! Ser G0VERNAD0, 6 ser vigiado, in;,pecionado, espionado, dirigido, le-

gislado, regulamentado, encarcerado, doutrinado, aconselhado, confrolado, estimado, apre-

ciado, censurado, comandado, por seres que nio tOm nem o tftulo, nem a ci0ncia, nem a virtu-

de ... Ser GOVERNADO, 6 ser, a cada operagio, a cada transagio, a cada movimento, anota-

do, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, cotizado, patenteado, licenciado,

autorizado, inscrito, repreeendido, impedido, reformado, condicionado, corrigido. E, sob pretexto

de utilidade pfblica, e em nome do interessado, explorado, monopolizadoi roubado pelos repre-

sentantes da lei, esmagado, mistificado, assaltado; e, d mfnima resistOnoia, i primeira palavra "*de censura, reprimido, multado, caluniado, atormentado, perseguido, maltratado, espancado,

desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sa-

crificado, vendido, trafiCo, e por cfmulo, jogado, ridicularizado, ultraiado, desonrado. Eis o go-

verng, eis sua justiga, eis sua moral! E dizer que h6 entre nds, democratas que sustentam que

0 ggverng tem um lado bom; socialistas que defendem, em nome da Liberdade, da lgualdade e

e da Fraternidade, esta infAmia; proletdrios que se candidatam ir presidOncia da Repfblica; Hi-

pocrisia!... PROUDHON.

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Vocg 6 um oterio?Eis um teste para voc6 descobrir.

Responda SIM ou Nio:

r Voo0 medita que 6 tabailg o toma livre?

r Voc€ auedita que eoca-cola, videogames, camaval,

preservativosr $thi$ky e seu caro' representam a

boa vida?r Voc€ acredita que a UniSo Sovi6tica 6 corrrnista?r Voc€ acredita que Cristo nroveu aqueh pedra sozi'

nho?e Voc€ conversa com seu semelhanb sobre a potdn-

cia dos motores?r Voc6 acredita que a polic*a existe pra proteger

seus direitos?o Voc€ acredita que a imprensa como os advogados

defendem seus dientes?o VocG acrcdita que a AIDS 6 uma grande indtstria?

r Voc€ acredita que os 'terrodstas" de 64 eram real-

mente tenoristas?o Voc€ quer ter olhos que possam vazar as paredes'

para ver tudo? rr VocG acredita que o PAPA, trabalha e trepa?

r Voc6 comprou video cassete, para ver bons filmes

ou para espiar nos filmes pom6s a tesio, o caralho,

a xoxota que nunca Pode ver?

o VocG acredita que exista uma sociedade livre?

o Voc€ se sente vaidoso ao preencher o cheque para

pagar o gargom?o Voc€ acredita que o seu voto o representa?

I Vocd acredita que SNI exista?o Voc€ acledita em orgasmo?

VocO acredita que presidentes, atores,

peidam?

Voc€ acredita que Pel6 6 o atleta do sdculo' ou

nas um negro safado?r Voc6 acredita que cocaina 6 usada na labricagio

coca-cola?r Voc€ jd encontrou um fascista inteligente?o Voc€acredita quando fala ou escuta "eu te amo"?

e VocO acredita que constituinte exista?r Voc€ acredita que se pode gozar pelo cu?

I Voc€ acrcdita que freiras menstruam?

o Voc€ acredita que Reagan 6 um rob6?

r Voc€ acredita que os iluminados tamb6m

conta de luz?r Voc€ acredita que maestros dirigem a orquestra?r Voc€ acredita que Jorge Amado escreve sobre

povo brasileiro?o Voc6 aoedita ou id viu a divida externa brasileira?

o VocG acredita que Dafio Persa, ao conquistar

reino, instruia seus srltrapas para mudar a moeda,

cdmbio, e depois promover uma crise para que

pudesse vir, "socorre/'e dar a"Pz"?o Voc€ aeedita que exista espago para voc6 no

o Voc6 acredita que comunistaoassim oomo

lista t€m cheque especial, ."6 Oo ano, dott

e leram "A insustentdvel leveza do ser" e iamais

lembraram da pCgina 159?

r Voc€ acredita?

- Se voc€ respondeu sim, para qualquer das perguntas acima, entSo sim, voc€ 6 um otdrio. Mas n6o culpe a

mesmo - Esta sociedade produz otdrios, por que esta sociedade precisa de otdrios. Al6m disso, nunca 6 tat

para se tornar um.

- Se voc6 respondeu nio,6 impossivel n5o ser otdrio.Porque uma das virtudes do otdrio d responder

pois ele pensa que ao responder, estard livre. VocG concorda?

Page 40: Revista Víbora Edição 6

Freud 6 uma fraude. E n6s, os outros: os falsdrios.

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Psictlndlise,

judafsmo e outras

babaquicesoo.Ezio Fhvio Bazzo

. Enqlanto o homem esH protegidopela demdncia, atua e prospea; mas olan-do se tivra da tirania tecunia Ois loeils iLxas, se perde e se anuina. Comega a aceFtar tudo, a envolver em sua tonrincia nioapenas os abusos menones, mas tamb6mos crimes e as monstruosidades. os ui"i".e as abenagoes; tudo em o mebmo-vlloipara ele. Sua indulg€ncla, destuidora Oe

"imesma, estende-se ao conjunto Ooi cui.pados, As vlilmas e aos veriugos; g OJto-log.o_s parilgog poque compairu'tooil as9pnrces; getailnoso, contamlnado pelo ln-ilntro percleu seu cal{br por falta'de umponto de rcler€ncla ou de urm obcessao.

A questio judia parcce haver se transformadorealmente em un€ ,,queoEo',,

depois de Bruno Bauere de Marx. Atualmente, s6o poucos os intelCbtuais quese atrevem a rrergulhar nesse aparente ,,mar morto,,,porque o medo de.ser considerado anti-semita (en-tenda.se antijudeu, porque a exprcssdo anti_semita 6equfvoca) C superior is motivag6es e, inclusive, ao de-sejo de compreender um processo hist6rico obscuro,fraudulento, sujo e cheio de rabirintos minados demist6rios, por onde o povo judeu se move, is vezescomo SENHOR e outras como BODE expiat6rio.Aqueles que freqtientemente se dizem indiferentes eque fingem miopia com relagdo ao tema, jamais ter6ouma relagdo real e verdadeira com o povo judeu, pot.que: ou marchario cegos e subservientes ao sionismointernacionat, ou se incorporarfio de maneira est0pidae sem sentido a grupos que professam um antiju-daismo ing6nuo e at6 idiota. A intengdo deste artigo

nio d explorar especificamente essa temdtica, massimplesmente descrever as relag6es e as semetnangasque existem entre as doutrinas pslcanalfticas de Freudfiudeu) e as reotogias contida.;" tgil; 6il,;:grado dos judeus).

Meu interesse por esse tema nasce cxatamentequando percebo que seria curioso e at6 c6mi* qu"Frcud tivesse, atrav6s de suas teorias, judaizado su-tilmente a rneio mundo e descrito patologias, instintos,raz6es e culpas a partir dos ensinamentos dos profe-tas e das leis talmridicas. porque, entdo, muitos psica-nalistas que hoje, aproveitando-se da ignor6ncia dasmassas e dos problemas especificos de seus c!l,tn1ss,proclamam-se pequenas divindades ou ateus invete_radosn teriam que admitir que foram transformados emfl6is e fervorosos rabinos, rabinosvimos, estiveram at6 colaborando(ver |STO E tttO&A,piigina 32).

que, como todoscom o DOI-CODI

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Page 41: Revista Víbora Edição 6

PSICOLOGIA ALEMA E PSICOLOGIA JUDIA

Em 1933 foi fundada a Nova Sociedade Alem6 de

Psicoterapia, peto Dr' N'H' Goering (parente do Goe'

ring que iocos sabemos), tendo como segundo presi-

Oente o psiquiatra suigo C'G' Jung' que escreveu na

Revista Zentralblatt Ftir Psycoterapie: -"a atual e bem

conhecidadiferengaentrepsicologiaalerrdepsicolo.gia iudia n6o pode continuar"' Forque - escrevia Jung

- as teorias iudias de Freud e de Adler ensombreciam

anaturezahumana.ParaJungoiudeueraumnomadecultura que nunca havia criado e que iamais criaria

suas proprias formas culturais, uma vez que todos

seus instintos e dons dependem' em maior ou menor

grau, do pafs que o hospeda' O inconsciente ariano ti-

nha para Jung, muito mais forga que o inconsciente

iudeu' A PstcANALtsE

O essencial para compreender a psicaniilise 6 a

conting6ncia, ou seia: por definig6o-' a exist6ncia real

dos tenOmenos ndo 6 necessdria' Os fatos bdsicos e

singularmente significados para o conhecimento psi-

canalftico s6o acessiveis ao SER por mediagSo do

NAO-SER, isto 6: do repudiado ou ignorado no in'

consciente e que um belo dia a casualidade de uma

neurose arrasta para a superficie'

A psicandlise, que se expandiu prirneiramente

atravds dos paises anglo-sax6es e que hole se discute

e se aplica em todos os recantos do mundo' continua

sendo uma teologia negativa' Freud hebraizou o pen-

samento cientifici .ot t introdug6o da dial6tica rabi-

nica e a formalizou como um instrumento do conhe-

cimento profano, sacralizando o obieto de seu estudo:

A PSIQUE.

A t6o conhecida luta entre EROS e TANATOS' ou

entre os instintos do amor e os instintos de morte'

tem para Freud o mesmo significado que a luta de Ja-

.oU,'. revelagSo do mist6rio' Deus inspirou a Jacob

um terror religioso que lhe permitiu "sentir o infinito"'

A andlise, por outro lado, inspirou Freud que o infinito

6 melhor sentido quando o descobrimos em n6s

mesmos. (ver A. Merani Em Freud Y etTalmud)'

TALMUD E PSICANALISE

Foi para satisfazer as exig6ncias de santidade

querida por "deus" que a TORA toi dada a lsrael' afir-

mam os rabinos; por outro lado' foi para construir o

conceitodualedial6ticodevidapsiqgicaqueanega.96o e a repressSo foram conceitos criados por Freud e

6 a raz6o pela qual "a teoria da negagSo 6 o pilar sobre

o qual se ap6ia a teoria psicanalitica"'N

Page 42: Revista Víbora Edição 6

Eri.i

Freud destaca o incomensurdvel, isto 4 o hrxpes-sdvel que assimila o inacional. Sua atitude 6 h!6ntica dr

do talmudista; ambos emergem do realismo instintivoque n6o distingue as maneiras de falar das maneiras

de pensar e que repudia qualquer compreens6o forados quadros pr6-concebidos e prd-estabelecidos doLOGOS.

O Ego representa o individuo e sua vontade;6 oproduto do presente do sujeito condicionado por sua

evolugSo individual e 6 a consci€ncia da realidade dasrelag6es pessoais com o mundo e suas coisas. Dentro

do esquema do Talrnud, esta relagdo 6 relagSo pessoal

entre o indivlduo e Deus, id6ia que se encontra em to-dos os ensinamentos e em todas as religi6es do Pen-

tateuco.Para o talmudista, como para Freud, o Ego repre-

senta o engrandecimento do ser consciente: o homem

ou o individuo ndo ficam expostos i sorte. N6o arras'tam os pecados de seus pais e nio dependem dosoutros homens nem da tirania das coisas. E espiri-tualmente independente porque estii conciliado comDeusepertenceaDeus.

Esta consci€ncia da realidade, das relag6es pes-

soais com Deus, foi de importdnciaSapital para o povo

de lsrael no exilio, e tem sido no curso da hist6ria,

fundamental para a psicologia, sob a forma de cons-ciGncia de nossa indivHualidade.

Para o profeta Ezequiel, 6 de primeirissima im-portdncia que o individuo seja liberado, o mesmo

acontece com Freud frente ao inconsciente. Em sua

andlise aplicada, o que mais interessa n6o 6 o reco-nhecimento completo do inconsciente pelo suieito,mas sim o fato de que o suieito se torne consciente da

existOncia de seu inconsciente. Como para Ezequiel,

aqui tambdm se exige que osuieato tome consci€nciado pecado individual.

A tarefa do profeta foi proclamar a promessa

feita por Deus de liberar o individuo de seu pecado.

"Qualquer pecado pode ser seguido de perddo e de

uma vida nova" este 6 o n0cleo de sua mensagem.A tarefa de Freud foi proclamar que o hornem quer li-berar-se de suas angristias e que pode consegui-loatrav6s da andlise, juntamente com a construgSo deum novo espirito, o que Ezequiel jii havia anunciado:"Vos darei um novo corag6o e porei em v6s um espi-rito novo". (Ez.36,26)

Nas primeiras piiginas do Velho Testamento estd

escrito que "o instinto do coragio humano 6 malvado

desde a infdncia" (Gen, 8,21); Freud, por sua vez, sus-tenta que as criangas s6o "per{rersos polimorfos", e

ambos conceitos s6o pilares tanto para a antropologaa

talm0dica como para a antropologia freudiana.

Para o talmudista (com o sentido de uma teologiapositiva), os maus instintos s6o como o "fermento da

massa"; para Freud (com um teologia negativa), s6o

os maus elementos que a pr6-hi$t6ria da raga inclui na

natureza humana. Para ambos a evd.lugeo moral e so-cialdo ser representa a luta para domind-los.

A antropologia talm0dica 6 a vertente natural de

duas forgas que, em oposigSo, iamais se destroem e

que, em perpdtua competigdo, subsistem. A antropo'logia freudiana, como se pode ver 6m Totem e Tabu,

repete a mesma dialitica de perman6neia.

Para Freud as neuroses sio resolvidas fazendo

aflorar i consci€ncia o reprimido, o que 6 ignorado e

que esti escondido no inconsoiente, o que 6 id€ntico

aos mais importantes preservativos recomendadospelos rabinos para precaver-se do pecado.

O ritual judriico do sacrificio e a interpretagdo dos

sonhos de Freud, sio concebidoso o primeiro' como

oferenda a uma divindade ofendida para acalmar sua

c6lera; e o segundo, como interpretagdo naturalista de

uma relagSo psicofisica, de um transtomo orgdnicoque provoca uma alucinagdo onirica. A finalidade de

ambos 6 a salvag6o, com tudo o que implica, como re'generag6o e perfeigio do homem.

Apesar de que Deus n6o estC no centro da antro-pologia de Freud, se o homem freudiano n6o se salva

reconciliando-se com Deus (o que 6 um delirio coleti'vo), nem por isso os ecob de lsraelestSo distantes.

Seria cansativo seguir descrevendo aqui as rela'g6es, semelhangas e similitudes entre as Obras Com-

pletas de Freud e os postulados do Talmud ... os inte-

ressados, que leiam a obra iC citada de Alberto Merani,

que levem essas informag6es para suas terapias e que

comecem a suspeitar que nessa cultura, tanto em po-

litica, como em arte, filosofia e ci?yia, n5o se fez mais

que substituir uma religido por 6utra, uma farsa por

outra, uma faldcia por outra '..Depois de tudo, comegamos a comprovar que

ainda n6o sabemos a raz6o de SER, que ainda ndo

estamos no mundo e que todas nossas energias e to-do nosso talento ainda estSo mobilizados na luta para

resolver ou, pelo menos entender o fnico problema

psico-filos6fico realmente s6rio: A MORTE.

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"Mesmo 0 ser humano mais odioso do mundo merece poder limpar o cu" Bukowski

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Page 43: Revista Víbora Edição 6

Companheiras! Haja 0 que ouver sempre levaremos cacete

O isomorfismo

e politicoou por que

toda mulhere puta

Ligia Cademafiori

f.,la cultura grega da antigr.iidade, Aristdteles jd dis-

tinguia nas obras Politica e Da gerag6o dos animaisa presenga de dois papdis e de dois p6los na prdtica dosprazeres sexuais que, tambEm, podem ser distinguidos na

fungdo generativa: "a fdmea enquanto fdmea 6 de lato

um elemento passivo, e o macho, enquanto macho, um

elemento ativo."Desde a origem da nossa cultura, a sexualidade 6

vista como marcada por essa cesura entre o que 6 mas'

culino e o que 6 feminino e pela presenga de duasfu@es:

a do sujeito e a do objeto; a do agente e a do paciente.

Por outro lado, 6 o mesmo Aristdteles que reconhece ser arelagdo entre homem e mulher uma relagSo politica, umavez que se dd entre um que governa e outro que 6 gover-

nado; entre aquele que det6m o poder e outro que a ele se

submete.

Uma questdo fundamental da relagSo entre homem

e mulher estd sendo colocada ai pelo velho Arist6teles, no

momento em que o fiol6sofo grego registra uma passivi-

dade feminina em relaqSo d prdtica do prazer e estabelece

a nalureza polltica do vinculo entre homem e mulher. Em

outro momento, dird que a relaqdo masculina e feminina,

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Page 44: Revista Víbora Edição 6

para que seja bem sucedida, 6 necessdrio que ose aproxi-me muito da justiga polltica'.

A partir da[, delineia-se um princlpio que, se n6o 6

exclusividade da cultura grega, teve nela uma relevdncia

considerdvel e, conseqiientemente, um papel determinante

na maneira como a sexualidade 6 pensada e exercida no

mundo ocidental. Esse principio n5o 6 outro que o isomor-

fismo entre relagSo sexual e relagSo politica. No volume ll

da Histdria da Sexualidade, Michel Foucault chama aatengdo para o fato de que a relagSo sexual pensada a

partir do trago distintivo da penetragdo e da polaridade en-

tre ativo e passivo - 6 percebida mmo uma relagSo do

mesmo tipo que a daquela que se d6 entre superior e infe-

rior; entre quem domina.e quem 6 dominado; entre quem

submete e quem 6 submetido.lsto significa que o modelo primordial da relag6o

masculina e feminina estabelece a mulher como sendo

objeto de gozo, mas alheia A posse do poder. Em outraspalavras, a mulher det6m em si o Waze'r' daquele que usu-

fruiu do poder. Ora, n5o 6 preciso desenvolver nenhum ra'

ciocfnio sinuoso para se chegar A conclus6o que, St a

mulher n6o tem o poder, mas 6 o objeto de prazer do po-

deroso, gragas A vagina que lhe oferece d penetragSo, em

tdo, o seu valor, entendido, aqui, como elemento de troca;

a sua forg4 entendida como pot6ncia capaz de gerar

ag6es que supririo necessidades; o seu poder, n6o no

sentido da realidade, mas de virtualidade, uma vez que se

apresenta como uma possibilidade, uma faculdade de uso

- tudo isso: valor, forga, poder - a mulher tem circunscrito

I estreita zona pelada onlre suas pemas. lsso significa di-zer que bdsica, hist6rica e estrategicamente, a mulher 6uma puta.

E que n6o gritem, por desavisadas, as feministas deplantSo. N6o h6 nada mais fascista do que ignorar esta

condigSo. A dilerenga estd em que uma chauvinista, qaddeterminaqdo cultural que prendeu a mulher a tal situag6o,6, tamb6m, insensivel i hegemonia masculina que a man-teve isolada do poder ao longo dos s6culos e vd o compor-tamento prostituido mmo sendo inerente A natureza femi-nina. Na mesma esteira de raciocinio, o machista atribuir6A natureza feminina a falsidade, a dissimulagdo, a traigSo,

sem se perguntar porque - do coquetismo ds formas maisdrdsticas de engano - tais atributos podem ser facilmen-te identificados nas uperformances" feministas. Sem drl.vida, a mulher desenvolveu tais artes de modo a fazer astentativas similares de seu parceiro parecerem artimanhasinfantis. Mas, veja bem, geralmente se trata do enganoafetivo da sedugdo sexual, embora n5o necessariamentegenital. Mentiras de vendedor. Aprendizagens de sobrevi-v6ncia. Manobras de puta. Desde cedo a mulherzinha recebe como ensinamento materno mil artimanhas, da ar-rumagSo ds ag5es, a serem empregadas como condigSo

de barganha nessa sua relagSo politica com o macho.

E h6 os que dizem que ndo entendem as mulheres.

Que mulher 6 bicho complicado. Que s6o misteriosas.

Que sio um enignnar Ora, a quem interessa esse tipo de

interpretagSo? Leia a mulher, com Arist6teles, politicamen-

te. Leia com Max, economicamdFite, lembrando do mode'lito relag6es de produgdo. Leia, com Freud, psicanalitica-

mente, lembrando que a mulher adora o Falo - que n6o 6genital, mas da ordem do sirnb6lico - e corre atrds dele a

vida toda. Mist6rio? Deixe para d poesia dos romdnticos e

simbolistas. Eles, jd mostraram Mario de Andrade e Affon-

so Romano, precisavam n6o entender.Da esposinha burguesa, quie levou sua vir$ndade ao

mercado das mogas casameirtditas, passando por todo ti-po de profissionais cujo acesso na caffeira 6 decidido na

cama ou facilitado pela beleza, pela graga ou por um sor-

riso (longlnquas promessas, virtualidades ...), at6 a lnterio.

rana que, na capital, encontra oomo sobreviv6ncia o sexoalugado em sess6es de meia helra, neo hd distdncias

substanciais. Diferem em grau, n6o na natureza das fun-g6es: todas niveladas pela via indireta de.acesso ao poder.

Por algum tempo, euforicamente,'vivemos, as mulhe-

res, o entusiasmo que nos punham na boca, com freqrlidrt.'

cia, express6es como revolugSo scxual e emancipagSo

feminina. Jd 6 tempo para uma revisdo digeo tudo, que fuja

do emocional e do clich€ ideol6gico e, com independ6ncia,

tamb6m, do partidarismo a que o movimento feminista fi-cou atrelado, reexamine a situag6o da mulher hoje.

A observagdo da sociedade levard A constatagSo que

muitos poucos passos andamos e qug a questSo da mu'

lher, para ser retomada, ter6 que partir da postura honesta

de reconhegimento de que, na relag6o politica de assime.

tria, n6o hd somente um carasco e uma vitima. Ponham

dial6tica nisso, por favor! Essa 6, sem d0vida, uma primei-

ra leitura, mas bastante simplista. As mesmas pessoas

que se indignaram com o r6tulo dado A mulher de "rainha

do laf, "mde dedicada" e "esposa exemplaf foram puxar

filas "revoluciondrias" grilarft palavras de ordem em que

a mulher passou de "santa" b fultima", de 'rainha'' b "o-primida".

Uma outra dimensSo do assuntO urge quando se

examinam as manobras de resistdncia do oprimido na re-

lag6o e at6 que ponto essas reag6es de dominado che-gam a subverter a polaridade do poder. Mas,6.claro,lazeruma tal leitura exige a superagSo das dicotomias e que se

consiga pensar al6m das categorias do bem e do mal.

Como os movimentos revolucion6rios considerados mais

radicais dificilmente transcendem o pensamento religioso

de um padre de aldeia, marcando mm r6gua escolar e ba-

lizas concretas o sagrado e o profano, a questSo da posi-

g5o feminina ainda permanece (aqui, como de praxe, insF

ra-se o lugar-comum das honrosas exceg6es) pouco e mal

explorada.

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Page 45: Revista Víbora Edição 6

Posi96odo

pobre

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E.M, CloNAN

Proprietdrios e mendigos: duas categorias que se opdem a quatquer mudanga, qualquer desordem renovado-ra' Colocados nos dois extremos da escala social, temem toda modificagdo, para bem ou para mal: estdo iguabmeinte estaibetecidoa uns na opullncia, os outros na misdria. Entre eles se situam - suor an6nimo, fundamentoda sociedade - os que se agitam, penam, perseveram e cuttivam o absurdo de esperar. O Estado se nutre de suaanemia; a ideia de cidaddo ndo teria conteddo ou realidade sem elei, assim como o luxo e a esmola: os ricos e osmendigos sdo os parasitas do pobre.

Hd mil remddios para a misdria, mas nenhum para a pobrezc.. canc socorrer aqueles que se obstinam emndo morrer de fqte? Nem Deus poderia canigir a sua sorte. Enire os favorecidos da fortuna e os esfanapados,circulam 'esses famintos honordveis, explorados pelo fausto e petos trapos, saqueados porque, desdenhando otnbalho, instalam'se segundo sua sorte e vocaqdo, no sa!6o ou na rua. E assim caminha a humanidade: com al-guns ricos, com alguns mendigos e com todos os seus pobres.

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Page 46: Revista Víbora Edição 6

Ouando roubei pela primeiravez, foiquando saidas garras da nidlftsa.

Entrevista imagindria

com

Salvador Dali

Albertina da Silva(de Barcelona)

Vibora - Noventa anos, Dali. Como 6 ser artista e estarcom noventa anos?.

Dali - Uma trag6dia! A idade nos desagrega dos p6sat6 o mais miserdvel dos fios de cabelo. Vejaessa foto de minha juventude ... e repare para acara que hoje me resta... O nariz cresce, o pau

murcha, os vasos capilares e corondrios se obs-truem como os esgotos das casas antigas daCatalufia, as mSos tremem, os ossos v5o fi-cando cariados, a vis6o se extingue, o talentoevapora como o 6ter quando esquecemos o vi-dro aberto. Ndo resta mais absolutamente nada,apenas esp€ctros e sombras daquilo que se foina juventude, quando os testiculos estavamsempre mornos e cada uma de nossas c6lulassempre pronta para desrespeitar a Ordem esta-belecida...

Vibora - Mesmo quando se 6 Salvador Dali, o G6nio dapintura?

- Ora! Ora! Voc6s ainda sdo jovens, ndo espa-

lhem asneiras como essa. Nfo faCam de vossarevista o mesmo que se fez egm tudo o que foiliterdrio at6 hoje, desde Paris atd a Tena do Fogo ... Por favor, artista pona nenhuma! Vocbssabem muito bem que togps os gu6 fomos "ca-nonizados" e "sacralizados" como artistas,nunca passamos de t6cnicos Ouando muito,chegamos a ser t6cnicos talentosos. EU sou umt6cnico talentoso, o velho Picasso o foi, existeum velhote brasileiro que mexe com arquiteturae que se diz comunista, ele tambdm 6 talentoso,existem muitos talentos pelo mundo, agora AR-TISTAS e GliNtOS, ah, que miserdveis os erfti-

cos!

Vfbora - Provavelmente voc6 se refere ao arquiteto que

desenhou Brasilia, n6a 6? Aproveito entSo para

perguntar sua opiniSo sobre aquela cidade. Elarealmente tem algo de mistico como dizem al-guns estudiosos? Ela ser6 a Cidade Ecl6tica doTerceiro Mil6nio?Dali

Page 47: Revista Víbora Edição 6

HI

- Ah! Ah! Ahl Ahl ,.', Qd,r$ada! Se Gala, minha

rnulher, ain'da ebtive$g't'ri'(ia, ela te expulsaria

daqui ... Ahl Ahl Ahi n Ciddde Ecl6tica do Ter-

ceiro Mil6nio! Ahi Ahl Ahl Brhsileiros de merda!

klhaqos castlado3 b rdcastrddos pela espada

de Cristo, pelo's eofflbs ee EXU e pelos chicotes

fts latifundiArios! Mistica e afundada na merda

... n6o apenas nessa tio tage mas na merda da

Ceillindia, do LagP Sr.rl, d6 Lago Norte, do Ga'

ma, de SoUiadinhot do Gi.iar6 e das mil outras

agtomerag6eg infeetas qtrB se aglutinar6o ao re-

dor dos canibdis qub eieterdo aind'ir a ORDEM, o

SABER, a CFIUZ, a FOICE b as "t6buas-da-

lei"... As 0nicas,cida@S rnistlbas Que existem no

mundo s66 aquels patatlftUnt higram as putas,

os delinqtientes, os ladr6es, os assassinos "'O Bairro ChinGS Oe gaiCelohii por exemplo,6

urna cidade ntistica € 6 sei6, sem d0vida, du-

rante o Tereeiio e o Quafto Mil6nio ... Ah! ahl '.

ah! aht ...

Vbora - Neo entendi a refer6ncia ab Bhirrb Chinds degattelofia...

Dali - EntSo leia o Didrio de um Ladrdq de Jean

Genet, e entenderds tudo. E necessarlo ler' ler,

ler muito para entrevistar urhbafaieste de minha

bitola. Voc6s no Brasil i6em apenas'livretos de'

arnor escritos por norte'americanos, n6o 6?

\rbora - E sobre Brasilia?

thli - Ora Brasilia nem sequer foipensada, planeiada

e construida Por brasileiros!

\fftora - Como?

Dali - Preste atengSo nos nomes de seus principais

responsdveis: Say6o, Niemeyer, lsrael, Kubits-

cfieK Valnhagen, Wainer, Waibel, etc, etc, etc,

' etc. N6s, os'cataldes, damos muita importAncia

a)s nomes de pessoas e principalmente aos

'#rrlmes. Voc6s n6o?

\rbra - tlo Brasilexistem muitos descendentes de euro-

psrs'

lH - ErroPerdt!Ahlahl ah!ah!

t/baa - E Ge, a'rtrirlher que o inspirou durante d6ca-

das?

tHi - Dtine qtodecida dm seu trimulo ... nada mais!

V3tra i.lrlertrttg lernbiarqa? Nenhum desejo de reen'

@ftm?tlali - Ern-&luilo! Os seres vivem demasiadamente'

Deverianre virrer apenas o suficiente para co-

. r&GH a dre manl6 dd pimavera catalS e o

t€8fuo outqp fnrisiense -.: Depois morrer! Mer-

Sllhar furdo.rrcssa desesperada gruta do al6m'..-

nesse rcffgio iJe edfireres sem nome "' nes-

sa mansarda infecta que alguns chamam de "e-

. tefnidade' ... r ' '

Vibora - Sabemos que o nome Dali significa DESEJO

em catal6o. Como foi ou 6 o desejo em Salva-

dor Dali?

Dali - Ora, se sou um her6i, de acordo com Freud, 6

que consegui me apropriar da forqa de meu pai'

O her6i 6 aquele que se revolta contra a autori-

dade paterna, acaba por venc&la, devora o pai,

absorve a lei tutelar, o poder sem limites, torna-

se ele pr6prio a LEl, o grande FALO. 56 posso

sentir prazer agudo se meu espirito est6 tenso

por uma esp6cie de teci6 onde se superp6em e

se jogam mutuamente imagens precisas, lumi-

nosas, do que jd vivi. E uma gaze impalpdvel, o

cdy das ladas .-1T oT ry ry*,ivel que se

mo/e e'se.transforma':todci'o tempo, um fremir

visual ...

Vibora - E Paul Eluard ... o marido de Gala?

Dali v Mais mediocre e menos gostoso do que eu.

Roubei Gala de Eluard porque acho que nin'

' gu6m 6 de ningu6m, o corpo de Gala me enlou-

queceu, eu quis que ela fcse minha, imaginei

espontAnea e majestosamente mnro deveria

ser seu abrago virginal, a friria de seus seios, o

cheiro que vinha de dentro ..- e foitudo... a md'

. gica das'paix6es ... os escravos das paix6es "'N6s bebemos iunto ao mar, exatamente ali, ali,

il eu com as axilas raspadas e pintadas de azul

como um pavdo. Para atrair Gala e trairEl0ard, cortei a camisa, lambuzei-me de cola de

peixe e excremento de cabra, enfeiteio pescogo

" c€m um colar de p6rolas e as orelhas com um

jasmim. Foi assim que a comi- Ela foi minha

musa, que cura os tenores, a conquistadora de

meus delirios, a amante que afiaiminhas forgas

verticais...Vlbora - E o gozo, o orgasmo' o prazdl

Dali - Quando adolescente eu me masturbava fre'

qtientemente no sdt5o, olh;tdo o solo descer

sobre o campan6rio de Fign'rcras Vi em seguida

, que ele se parecia ccrn o de'Seo Narciso, em

Gerona Descobri rnais tarde rrna analogia com

o de Eelft. De maneira que' ptra cfiegar ao go-

zo, eu precisava agora reunir esses trCs campa-

n6rios numa'sublinre srperposl@, ainda mais

sublime poque Vermeer de Delft havia pintado

um mapa da'Espanha cirdei figuravam Port Lli-

gart e Figueras! lnfelizmente, tal ndo era possf-

vel. Eu'partia rilentalmer*e'do mapa de Verme-

er €lTl @t€s; mas do campaneilo de 36o Narci-

so s6 tinha uma foto preto'ebranco' E o pior era

QU€, como o campandrio de Figueras tinha sido

anrasado durante a guera civil, eu ndo conse-

guia representd-lo com nitidez. Tais dificuldades

46

Page 48: Revista Víbora Edição 6

Vlbora

Dali

paralisavam o prazer, que para mim estd ligadoa vdrias satisfages sat6lites. Tenho de poderdispor, em pensamento, de tudd o que vi e vivide maravilhoso: tal tuzy ialeombra, taiforma, talcor. Por isso, paia fnim, tudo ggtd baseado nes-se cintilar, que associa a rnobilidade hierarquFzante do olhar, e, portanto, da pintura, As deleFtag6es supremas do esplrito, sem as quais n6ohd verdadeiro golo cdrfiel .-

- E Reich mmo 6 que fica dentro dessa vis6oquase rom6ntica da sexualidade?

- Ora, Reich! Reich d6Verl6 eetar vivo para lera Histdria da Sexualidade que nosso amigoFoucault escreveu. Nada de "Peniseentrismo",,de vis6es fisiologiisitas de sexualidade. O verda-deiro gozo estd muito eidrn do hgar onde o po-bre Reich pretendeu coloed-lo.

Vlbora -

Onde?

Toda minha vida mentai6 felta de gravag6es devis6es em vista de umg superpooigfo total, or-gdsmica. H6 um tretfio de rua de Rivoli, queacho sublime, do Flotel Meuffce, na praga Ven-ddme. Pois berni eu o f@ g@mpre "sai/' no fl-timo momento ... Pafd ffiilTt o orEasmo 6 s6 umpretexto, o essenoial estd no gozo das imagensFilhos?

Dali - N5o. E n6o o lastims. Tentro honor de criangas,fisicamente. Quando s6d ffiueninas elas meangustiam, como tudo o que me lembra o esta-do embriondrio. MaiS tard6f quando deixam deser os monstros molengas dOs plmeiros tempoe

eu as aceito. Por6m, no futtdo, n6o quero quehaja seres que tenham o neu rpme, n6o querotransmitir Dali. Quero que tudo termine oomigo.Al6m disso, os filhos de pessoas talentosas cos-tumam ser cretinos. Essas criangas que n6o dioem nadA lhe desonram e carf€gHm seu nomesem saber quem voc6#...

Vtbora - E a morte? Como um velho de teu calibre enca.ra a morte?

Dali - Esse 6 o tema mais fascinante para um artista,aoedito, at6, que todo artista tem um ganchoneur6tim nesse particular. Como todo mundo,minha paixio pela morte 6 dupla, naturalmente,govemada pela ambivalBncia humana, Desejo-ae fujo dela, amea e ela me apar/ora. Mas se o0ltimo dia n5o pode ser evitado, espero umaespdcie de oygasmo sublime, no qual, como emTristSo e lsglda, to& o erotismo acumulado seextravase e ge descanegue @rn uma violOnciae com uma dogura nunca sentidas. Garcia Lor-ca, o melhor amigo de minha juventude, talvezse referisse a um secreto ensinamento cigano,

Vlbora -Dali

Page 49: Revista Víbora Edição 6

quando representava Bera h6s sua morte. Ele se

deitava, fechava Os 6lhoq E€ €nrijecia e contava

os dias. Seu rosto fiea\ta lefhre[ suas caretasimitavam a decomposigaO pfodrd€siva No quin'

to dia - agora 6, na vereih(fri 6 primeiro dia! dF

zia * nds o entendvaffiog, Ele n'Os descrevia oteatramenio do saixeo, o darro hlhebre. la sacu-

dido pelas njas mal alEaAas de Granada. En-

fim, passavarse uma esp60ie de apoteose. Seustragos se relaxavain, seu$ laOioA soriiam. Ent5o,

levantando-se, ele sacttdie hosso irlal estar, es-tourando numa risada bnital, eom todos os seus

dentcs banqulssirrnos ..,Vibora * Medo?

Dali * Quardo uianga, A vista e Uin tecido preto,

meus eabelos anepiavarn, o rned6 sd aFossava

de mim" O 6nico eaddwr qtlefiE Que id vi me

causou mA impressdo Estava envoltci numa co-

berta cheia de sani;ue e se hgitirva. Era umprlncipe, meu amigo, que aefaVa de ser guilho-tinado pelo paratiisa de geu seno. A morte o

surpreendera depois 6 almfto e ele peidava

abuhdantemente. Sanpre reerisei ir ver de perto

um morto. Evito do mesrm insdo, os loums, por

ter medo do contdgb. TodO morF rnerece quepara ele se tire o cttapAJ, SOrnC grovernados

pelos mortos; a cibem6tica mais potente 6 a dosmortos. O mundo 6 o lugar das vidas inacaba-

das; as vidas acabadaS estSo fora daqui. Toda

alma vai trabalhar no absoluto, aumentar a

substAncia da vida, de acordo com o seu grau

de inacabamento...Vlbora - Como s6 nos restam 06 minutos de entrevista,

poderias nos responder sinteticamente a seisperguntas?

Dali - Evidente!

Vlbora - Primeira Qualfoi a maior manifestagSo de bur.

rice presenciada em tua vida de pintor sunealis-la?

Dali - Foi a de Freud, quando me disse: "Numa pintura

cldssica, procuro o subconsciente; numa pintura

surrealista s6 encontro o conscienleo.

Vlbora - Segunda Qual6 tua impressdo de L6nin?

Dali - L6nin tinha uma paixSo imoderada pelo ouro.

Essa paixSo estava inscrita em seu pr6prio san-gue. Ele era sifilftico e sabe.se que j6 Paracelso

havia distinguido as relag6es do treponema e

dos sais de ouro. Ldnin pronunciou realmenteessas palavras extraordin6rias: "Camaradas, nodia em que tivermos,o poder fabricaremos urF

n6is de ouro".

Vlbora - Terceira: Sobre os humanistas?Dali - Para o idealista humanitdrio, o homem 6 uma

abstrag6o, uma 'paixSo indtil" como diz Sartre.Para mlstico que sou, o homem 6 uma mat6riade alquimia destinada a se transformar em ou-

ro, em tesouro escondido que merece buscasprofundas at6 As entranhas. Para o cristdo dege-

nerado, humanista idealista, um santo n5o mija.Para o verdadeiro cat6lico apostdlico e romano,

tudo no santo 6 santo, e seu buraco do cu tam-b6m 6 rellquia.

Vlbora - Quarta: O livro que mais lhe interessa?

Dali - 12O dias de Sodoma Um dia reescrevereies-se livro para ter mais certeza de sua imortalida-de. Mas inverterei todos os termos: tudo o que 6vicio se tornar6 virtude, tudo o que 6 sexo se

tornard alma; tudo o que 6 orgasmo, 6xtase; tu-do o que 6 carne, espirito. Farei dele a saga dacastidade, da abstindncia e da perfeigSo espiri-tual ...

Vibora - Quinta Uma piada.

Dali - O marquds de Cuevas me contava que viraRockefeller s6 alimentando de 6gua gelada eminfisculos sandufches clor6ticos. "Ent6o o se-

nhor gosta tanto assim de sanduiches? - N6o,

respondeu Rockefeller, n5o gosto de nada, s6de fazer dinheiro sem nunca usd-lo comigo".

Vfbora - A riltima Que quis dizer Lorca quando escr+veu em sua Ode a Dali: "N5o olhe a clepsidrade asas membranosas, nem o duro f6ssil das

. alegorias, enquanto tua vida floresce sobre oma/'...?

Dali - N6o sei ... n5o sei ... Lorca era cigano e n6s semos muito pequenos quando colocados ao ladodos ciganos. Mas para deliciar os leitores de tuarevista, quero relatar algo desse gigante e apai-xonado Lorca: A primeira e fnicd vez que Lorcafez o amor com uma mulher, ele teve um impulollrico maravilhoso. Embalou-a _em seus bragos,depois do orgasmo

" ,nu*tfiu-lhe, tomando-

lhe as m6o: "En la yema de tus dedos, ru-mos de rosaq encenadas." N5o posso tradu.zir o yema:6 a gema do ovo, a parte dourada doovo, o ouro fhiido, maiol fineza,'dogura maisdelicada, a que Lorca ornpara A pele tenra, li.geiramente ocre e translucida de entre os de-dos, 'hC um nfr de rosas no interior deteus dedos"

A vida sempre tem assuas compensae6es. En-quanto a gente fode, temgente que escreve.

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"Nio tenho nacionatidade. Nasci no alto mar, num navio que nio levava bandeira algifrnd, do pai e miedesconhgcidos". eqrrvvrrq qi

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N6o 6 itusdo!os poriticos desta pdtria varonir, novamente mas-

sacraram a todos. E agora, depositaram nas cabegasocas, um belo e fumegante,,cagalhfo democrdtico,,. Naesperanga de merda brasileira, fizeram um mict6rio p0_blico. Na imbecil f6 brasileira, utna fririn. para patifes.E como cinicos que

_s6o, ofertaram ao povo um papel

imundo para que se limpassem: O VOTO. Mas os bra-sileiros optaram em devolvG_lo aos polfticos, que arcmde limparem seus potentosos rabos, rg"*;Jf;"g";]no democraticamente na cara do eleitor]Traigdo?

Senhores, algo fede!O cheiro que exala 6 de suas cdnsci€ncias tor_petas, putrefatas.

Ndo senhores! Entre os politicos, peilert€r, lrair, 6uma virtude.Niio hd como delirar neste bestial teatro de merdas.Apenas ostentar um cabresto e seguir sendo maneja-do pelas m0mias de direita e esquerda nesta ,,ditadura

pelo voto".Oh! ... Estripidos cordeirinhos desta pdtria .... euemfede seduz os abutres! E por que ter vergonhas dasconquistas? Por que n6o estampd-las abertamente,assim, como as bundas dos travestis, onde muitossabiamente l€em seus desejos e tesdo?Cair fora?Agora 6 tarde!O que hd, brasileiro? Voc6 pensa que 6 o inventor damalandragem? Ora, pois, seu imbecil. Os que aqui sefazem de ricos, espertos, polfticos, banqueiros, indus-

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triais, misses, comunas, militares, latifundidrios, dou-tores, intelectuais, etc ... 56o apenas "brasileiros" que

s6o beneficiados por estarem perto das sobras que

caem dos pratos dos donos do planeta.

O que hai, brasileiro? Com este seu nacionalismo detropa, de campo de futebol, de assembl6ias sindicais,

com sua calhorda prepot6ncia dos melhores do mun-do, maiores do mundo, o campeio em denotas, que

misdria 6 esta que propaga ao redor de bdos? Qual 6esta sentenga de morte que ronda como peste, mtara,no rev6lver, no torniquete dos envergonhados e fa-mintos assassinos brasileiros? Quem s6o estes "ban-didos" trancafiados rlos presidios, que superam em1.000 ou 10.000 vezes o n0mero de "terorislss'l qu€"lutaram" nas d6cadas de 60F0, e o relat6rio "BrasilNunca Mais" sequer colocou-os conx' torturados?O que hd, brasileiros? O sulrdgio universalfaz os safa-dos universais, que por sua vez cria, os engodos: infla-g5o para roubarem mais, assassinatos'para roubaremmais, catdstrofes para roubarem mais, contituig6espara roubarem ainda mais.Ora, hd pouco, os "esquerdas" culpavam os milicospela desordem reinante e a impotGncifdos brasileiros. .

E se diziam os "salvadores". Mas n5o passam.de um

bando de patetas teleguiados, com viagens para Guba,

Albdnia, Mosceu, para verem in loco a farsa comunis-ta. E aqui ndo s6o capazes de sequer verem o hori-zonte ... Como maritacas ficam repetindo seus lemas:

"Estamos avaneando", "Foi uma grande vit6ria para a

classe", "Galma companheiro", "o momento 6 de alian'ga", "lsto taz parle da nossa tdtica", "E preciso ocuparos espagos", "VocG estd equivocado em sua andlise","A direita quel e isto mesmo, quer 6 que nos divida-mos", "Cuidado companheiro, seu discurso pode serreaciondrio", "Fulano 6 proEressista", "Marx ndo 6 tu-do, eu tamb6m tenho minha opiniio ... Companheiro 6caralho! Bando de espertalh6es de botecos, em seusolhos e anseios jamais me enganaram, est6o embota-dos de canalhices, e querem o naco maior, ser pro-prietdrios, ser eleitos. N5o 6 dificil ver suas latentesvontades de tomar o poder.

Nos sinclicatos defendem empregos e saldrios; o quepara os patr6es 6 um alivio. Por mais que os "aiatolds-lulas" sigam chamando as mies dos patr6es deputas; nunca os atingirSo. Os patr6es solenemente,chamam a policia, e como estSo envaidecidos por te-rem sicio reconhecidos como legftimos filhos da puta,

n5o perdem tempo e p6em ordem no puteiro, :

Ora, em uma rep0blica de lacaios, contra-cheques,viactos, cocafnas, doentes, sanduicheiros, comunas,artistas, contrabandistas, CNBB, pais de santos, TFP,

b6ias-frias, onde 60% dos trabalhadores ganham sald-

rio-minimo; 52,60/o das famflias vivem em estado depobreza ou de misdria absoluta; onde hd 8.000.000 decriangas sem escolas, 36.000.000 de menores carentes,dos quais 7.000.000 perderam todos os vinculos fami-liares; 6.000.000 de chag6sicos e 12.000.000 de porta-dores de esquistossomose; 30.000.000 de banguelas e

desdentados; 30.000.000 de pessoas morando em pa-

lhogas, casebres, favelas e mocambos;75o/o de adultosanalfabetos e semi-analfabetos; 70olo dos aposentadosrecebem menos de um salairio-minimo; 300.000 jovensprestam servigo militar por ano, e 40o/o s6o refugados,por defici6ncias fisicas e mentais; 66.000.000 de deser-dados; 10% dos funciondrios ptiblicos sio analfabetos;ningudm iesiste i tentagdo de subir na vida e nas cos.tas dos outros. Seja como for, mesmo que dG a mde, a

mulher, os filhos ou um cheque para o finat do m€scomo gaiantia de futuro que nunca existird.

"A fnica defesa da vftima 6 se identificar comseu carrasco". Esta liipide est6 cravada na alma dosbrasileiros.

Ndii adianta a ginga do malandro, o doutorado naSorbone, a bunda brasilein, as viagens via iicido-varig-pinga-The Cure-maconha-ultra-leve-cocaina-punhetas- poesia-pomba- gira e vibradores, esta pdtria

6. tdo somente uma inveng6o dos europeus, um piqui-nique que a "humanidade" criou para se divertir e ca-tequizar.

Tristes crioulos, indios, putas polacas, francesas,

turcas, romenas, italianas, arm€nias, alemis que para

cd vieram. Esta escola de samba de pat6ticos des-dentados, enjeitado5, gigolog. vagabundos gentis,vestidos de reis e militares. "' :

Aqui todos respeitam a.farsa. Aqui ndo se podepensar em demolir as fronteiras, as leis, os poderososde merda. Esta mentira de 3e mur$ 6 o cu do Judas,6 uma prisdo sem fim. 6 massacrante ser figuranteneste "problema" Brasil.

Os ladr6es governam este terreiro servil, que para

e4istir requer enganar, apoiar, votar, trabalhar para la-dr6es.

Basta de politicos, padres, ministros,,,pc's, rajini-ches, visiondrios, heavy metal's, anarquistas arrepend-dos, banqueiros, bancdrbg e cariocas

Basta de bestas. .

Basta de bostas.Basta de humilhados.Basta de brasilidade.Basta de dernocracia de. merda.Basta de babacas.Basta de teCes.

Basta de bastardia. Basta.Sejamos Piratas.

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NonFtcAgAo oe poUcrR

1. - llome: Bakunin

2. - Prenome: Mikhail

3. - Local de nascimento: Torzok, governo de

12. - Olhos: azuis acinzentados

13. - Nariz: longo.14. - Boca: arredondada.

16. - Dentes: dentigdo completa.17. - Queixo: redondo.18. - Rosto: ovat;19. - Teint:azul.20. - Estatum: possante, colossal.

21. - Lingua: alemSo, franc6s, russo.22. - Sinais particulares: nenhum.

Konigstein, janeiro de 1850

Tver- R0ssia. 15. - Barba: negra - usa bigode, cavanhaque e

4. - Domicilio: atualmente fortaleza de K<inigs- cistetetasltein.

5. - Estado ou profissdo: literatura.

6. - Religi6o: grego ortodoxo.7. - ldade:3S anos.

8. - Altura:77112 Polegadas saxds.

9. - Cabelos: negros, encaracolados.

10. - Fronte: grande e largo.

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Ato de acusaeio

o acusado Mikhail Bakunin reconhece que, independentemente de suas outras as-pirag6es demag6gicas e no que se refere ao lmperio da Austria faziam parte de seus de-sejos e seus planos a destruigdo do Estado austriaco e a autonomia de nacionalidadesque vivem sobre seu solo; ele reconhece igualmente ter tentado realizaristq confessan-do toda uma s6rie de atos cometidos no1 el9 com o obietivo de provocar uma subreva-g5o na Boemia' isto 6, uma revolta armada. ere aecli-q-ul o tuturo sistemd estatal dasnacionalidades n6o podia ser decidido por ele de antem6o, pois isto dependia do trans-curso dos acontecimentos; mas que ap6s a destruigSo violenta do lmp6rio da Austria, aGonstituigao' qualquer que fosse ela, ndo teria so#nte modificado a eonstituigao atual,teria tamb6m abotido o pr6prio tmp6rio. (...)As circunstdncias agravantes que acompanham este crime s6o da malor importan_cia visto que de todo processo de instrugSo ressalta que Bakunin foi pessoalmente oinstigador do plano tramado de alta traig6o, que ele perseguiu seu obietivo com um espf-rito de continuidade indefectivel, por convieg6o, perigosa Io mais alto grau, e em perfeitoconhecimento de causal enfim, que ele ndo somenti influenciou muitgs ogtras pessoasao dito crime' mas que foi tamb6m a causa de, gragas a seus conselhog e lnstrug6es,um grande nfmero de pessoas' em sua maioria lovens, terem sids anaetadoa io* acaocriminosa e devem agora p*Fr pr isso conforme cs reis.A importdncia e o perigo do dito Bakunin sobressaem igualmente dog occrltos dereque es6o em nossas m6os e que o caracterizam como um individuos que ena durantemuito tempo pera Eurcpa, sem pdtria e sem emprego conhecido, como um autenticodemagogo de profissS0. s60 inexistentes as circunstrincias atenuantes. (...)Tomando em consideragao os fatos e as provas supramencionadas, assim como asleis em vigor' eu proponho que oacusado Mikirail g*r;in, por crime de alta traigilo, seiacondenado d pena de morte por enforcamento e, com todos seus cdmplices, a pagar so-liclariamente aos fundos do processo criminar as despesas do presente processo.

Josef Franzmajor e auditor

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Como nadae verdadeiro,tudo se torna

perrnitido

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a *'.,tCr.l"t5:**::':um rev6lver * -ao aoque somente com boaspalavras". Al Capone.

D. Pedro II foi apenaso segundo de uma sdricde portugueses safados eimperialistas.

Todo milico € bfsamo -Trepa na sua milher efode a pdtria.

Se voce nao pode ter,coragem, pelo menosroube,

Toda puta que pariu. or-gulha-se do filho'quePanu.

Monrlgcn dc Mo-gambiquc: conhecemosa revista Vlbora atzr6 &uma pr-ofessofa da USp,Jamals havfamos nos em-b_riagado dessa maneiri.uma rcbeliEo sdlida.chispas. de informag6ejoemonlacas .,. eue de-monios seo os brasilei-ros? Voc€s? As Viboras?Parab€ns! Viva a AfricaNegra .., o Brasit neero-,. o Mundo negro. b,Dran@s que v6o foder amle (deles!).

A AIDS estd em Dlenode-senvolvimento intrends ... ou somos nos queestamos em pleno desin_volvlmento entre aAIDS?

.Em 1949, Albert Camusestcve passeando oelaAm6rica do Sul ... iuasoDs€rva{6es sobrc oBrasil, iobre os intclec_tuais brasileiros, ctc,. seosemprc irdnicas c deore-ciativag. Entretanto.' fazelogiot aos argcntinos,aos unrguaios e aos chi-Icnos .., Ondc es6 r€at_mcntc a difercnga cntseas culAras vizinhas e aLUSITANA que dor fointrojetada nas \€ias????

O filhinho dc rcir_t[9r parr e nic:Existe algudm rnais oo-deroso queo RIMEN?Amic: Sim meu filho.O filho: Exictcquem? A EtrG (rDon-trndo pr,rrun tiuci-llxo nr D!rodo):+Elc.rapu filho. Deus € maiipodemso qr.e RIMEN.O_ Filho (cono qucttrao_ rcrcditon dorre

\..llcnhumr): Se ele-fosse-lnais poderoso que RI-MEN, n6o reria ileixadoque o pregassem numacnrz...

Nunca se deve bater ernum homem cafdo, a n6oser quc se tenha certezade que ele ndo vai Ie-vantar.

VEADOS AI.iAR,-QUISTAS - Oferece-mos camisinhas com ins.crig6es de protesto con-

8i,rB ""Jf,fi"".*f*11'

A primeira coisa que fa-remoS: vamog matar to-dos os advogados: Sha-Ircspc8rE.

hccado ro! lDrr-quirtrl: Os maioresmlmigos do Eitado e6oos Eurocratag. bracas aelcs o Estado-aindd n6onos sufocou dcfinitiva.mcnb. Esses parasitasp6blicos inviibiliza;todas a8 Draconices doIjstado sobre os homcns.Devcmos inicialmenteapoi6-los .,. depois, semsombras de dfvidas, oslevaremos ao campo. Isminas, is fdbricas ... paraguc se.Jan] .,purificados,'qa vllanla sem limitesque6oSERVICOp0_BLICO.

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Page 59: Revista Víbora Edição 6

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