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Revista Reticências

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Page 1: Revista Reticências
Page 2: Revista Reticências

Dança

10INDO ALÉM DO PERSONAGEM

ATRIZ LANE CARDOSO

Reticências

07

A CANTORA DALVA TORRES

ATORES DA PEÇA MONOPAUSA CONJUGAL.

09SER, OU NÃO SER

A NOVA JUVENTUDE DA MÚSICA

ORQUESTRA JOVEM DO CONSERVAT[ORIO PERNAMBUCANO DE M[USICA

05 A HISTÓRIA DO CHORO EM PERNAMBUCO

BAILARINA ILKA LIRA

O ERRO DA AUTONOMIA DA DANÇA CONTEMPORÂNEA

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08UMA VIDA DEDICADA A ARTE E A COMEDIA

Música Teatro

3REDAÇÃO

4LEITOR

Page 3: Revista Reticências

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14A ARTE E SUA FUNÇÃO SOCIAL

15DIVERSÃO NAS SALAS DE CINEMA

Artes VisuaisPOR TRÁS DA MOLDURA: OS BASTIDORES DE UMA

16ALÉM DOS FILMES

18VIAGEM PELO TÚNEL DO TEMPO

17CIVILIZAÇÕES

Cinema Turismo

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Page 5: Revista Reticências
Page 6: Revista Reticências

A HISTÓRIA DO CHORO EM PERNAMBUCOPOR AMANDA OLIVEIRA

Música popular genuinamente brasileira, o choro surgiu no Rio de Janeiro em 1870, com inuência de músicas européias como a valsa, mazurca e principalmente a polca. O choro, também conhecido como chorinho, se tornou ainda mais popular no Brasil quando começou a possuir letras, um poema. Segundo a professora de história da música popular Segundo a professora de história da música popular ocidental do Conservatório Pernambucano de Música, Keila Souza Fernandes, tudo começou nos encontros no m de semana, os instrumentistas, mais conhecidos como chorões, encontravam-se e faziam uma roda em suas casas ou em algum bar. De início, o choro era apenas instrumental. Em 1880 cou mais popular nos bairros cariocas, principalmente nos salões de festas do subúrbio. Mas só veio possuir letras nos salões de festas do subúrbio. Mas só veio possuir letras na década de 30 com a inuência do rádio, assim virando o choro cantado. O nome “choro” vem das letras melancólicas e uma melodia emotiva, produzidos pelo violão, auta transversal, cavaquinho e o bandolim, tudo na base do improviso. Apesar de ter inuências da música europeia, o choro é um estilo tipicamente brasileiro. Carinhoso foi o primeiro choro gravado, composta por Pinxinguinha em 1916, que só depois veio receber a letra de João de Barros, sendo gravado nalmente pela voz de Orlando Silva, surgindo o primeiro nalmente pela voz de Orlando Silva, surgindo o primeiro choro cantado.O autista Joaquim Antonio da Silva Calado Júnior foi um dos principais colaboradores, o pai do choro no Brasil por aliar dois violões a sua auta e um cavaquinho. O seu grupo era conhecido como "O Choro de Calado", E através do compositor Villa-Lobos, o choro passou de música popular para a erudita através das suas 16 composições.

Em Pernambuco, o choro tem como um dos grandes nomes João Pernambuco, Rossini Ferreira, Marco César, Henrique Annes, Canhoto da Paraíba e outros mais. Como também o maestro e compositor pernambucano de choro e frevo, Severino Araújo(1917-2012), criador da Orquestra Tabajara, possui mais de 50 composições para o choro, como Simplesmente (1948) e Um Chorinho em Montevidéu (1955). Montevidéu (1955).

ENCONTRO DE CHORO NO CPM

O programa de rádio “Roda de Choro” apresentado na Rádio Universitária AM da UFPE pelo músico e compositor Inaldo Moreira, no qual ele narrava a história do choro em vários capítulos, citando vários nomes importantes do choro em Pernambuco e no Brasil. O pernambucano Inaldo Moreira é um dos grandes nomes choro, possui várias coletâneas de choro, sendo a última em homenagem ao maestro Spok.maestro Spok.

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APRESENTAÇÃO DE CHORO NO CONSERVATÓRIO PERNAMBUCANO FOTO : AMANDA OLIVEIRA

MÚSICA

Page 7: Revista Reticências

MÚSICA

O programa de rádio “Roda de Choro” apresentado O programa de rádio “Roda de Choro” apresentado na Rádio Universitária AM da UFPE pelo músico e compositor Inaldo Moreira, no qual ele narrava a história do choro em vários capítulos, citando vários nomes importantes do choro em Pernambuco e no Brasil. O pernambucano Inaldo Moreira é um dos grandes nomes choro, possui várias coletâneas de choro, sendo a última em homenagem ao maestro choro, sendo a última em homenagem ao maestro Spok. A cantora e pianista pernambucana de choro, Dalva Torres, sempre foi muito ligada à música, mas escolheu o choro pela riqueza harmônica e melódica. Dalva começou sua carreira cantando em casa noturnas como a Soparia, Delírio e Delicias – no qual permaneceu por sete anos -, e mais um ano e meio no Black Tie. Segundo Dalva, choro é uma música boa que jamais morrerá. E, para ela, o choro não é tão popular jamais morrerá. E, para ela, o choro não é tão popular hoje em dia graças a mídia. Se colocassem nas rádios para tocar, o povo iria gostar assim como o samba. Hoje, Pernambuco tem a sua força no choro, com vários músicos e compositores da atualidade, como Rodrigo Samuca, Moema Macedo, Maíra Macedo, Bozó Nuca, Pêpê Daniel, Rafael Marquês, Ana Ivo, João Araújo, Noel Tavares. Alexsandro Sobreira entre outros. Tais músicos e compositores sempre que possível se encontram no Bar do Retalho ( rua da Aurora), e no Bar do Neno ( Parnamirim). do Neno ( Parnamirim).

SEMANA DO ACORDEON NO CPM TAMBÉM TEVE UM POUCO DE CHORO.

" O que eu gosto de fazer mesmo é tocar e cantar Choro, é o que me dá prazer". Dalva Torres, cantora de choro.

MOEMA MACEDO TOCANDO CHORO COM BANDOLIM

06

Page 8: Revista Reticências

MARIA FATIMA TENORIO A PRIMEIRA DA ESQUERDA PRA DIREITA.

A NOVA JUVENTUDE DA MÚSICAPOR AMANDA OLIVEIRA

Choro, jazz, música erudita ou blues, estilos que não é muito comum ver um jovem escutando ao último volume. Bach, Mozart, Beethoven, Strauss e Stravinsky eram nomes de compositores que o público mais maduro escutava, ou pelo menos é o que muitos pensavam. A música erudita deixou de ser uma cultura voltada ao público mais velho, os jovens estão despertando cada vez mais interesse. A procura pelo estudo da música erudita ( ou música de A procura pelo estudo da música erudita ( ou música de concerto, e não música clássica que foi no período clássico entre 1750-1810) em Pernambucano é maior graças aos conservatórios, que dão mais ênfase ao estudo da música erudita. Nas aulas os alunos escutam exemplos de grandes músicos da história da música tradicional , geralmente européia, e assimilam a linguagem que era utilizada entre cada período da história. Essa intensa vivência faz com que os cada período da história. Essa intensa vivência faz com que os alunos conheçam melhor o repertório erudito e comece a gostar. Estudantes de música estão observando que, a busca pelo conhecimento dentro da música erudita, do choro e de outros estilos, pode dá retorno nanceiro assim como o da música popular ( apesar de, o choro ser dito como “música popular”, ele não é tão pop como o funk, então, por isso os jovens músicos estão procurando espaço em estilos não muito comum), ou até mais.O músico erudito geralmente participa de orquestras, bandas sinfônicas, e pequenos participa de orquestras, bandas sinfônicas, e pequenos grupos de Música de câmara. Como é o caso do estudante de música do Conservatório Pernambucano de Música (CPM), Maria de Fátima Tenório, que toca música erudita e choro com auta transversal. E também o estudante de música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), João Carlos Oliveira,

que está á dois anos na Orquestra jovem de Pernambuco do Conservatório Pernambucano de Música (CPM). Ele decidiu seguir a música erudita, tocando percussão. Com isso, pretende viajar levando o seu conhecimento e aprendendo mais fora de Pernambuco. O outro estudante de música da Universidade O outro estudante de música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Samuel Lira, que toca auta transversal desde os seis anos, também optou pela música erudita, e agora toca na Banda Sinfônica do Cemo ( Centro de Música de Olinda). Além disso a audição da música erudita traz benefícios Além disso a audição da música erudita traz benefícios à saúde, ela é usada para ajudar o tratamento de doenças como Alzheimer, e estimula o cérebro da criança e adolescente, através da musicoterapia, segundo a pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) .

07

Orquestra Jovem do Conservaório Pernambucano de Música

MÚSICA

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20 de setembro de 1991 – estreava no Recife uma peca de uma trupe que no mínimo era hilária mas veio para marcar o teatro pernambucano e fazer parte da cultura local. A peca “Cinderela – a história que sua mae não contou” fez o maior sucesso no teatro Waldemar de Oliveira. Criada pelo ator Jeison Wallace, a Trupe do Barulho faz a alegria dos pernambucanos até os dias de hoje.hoje. Mas antes de falar das pecas e do gurino em si, vamos conhecer um pouco mais da trajetótia do grupo teatral. O grupo comecou antes mesmo da peca estrear no Recife. Convidado para dirigir a Arara's Dancing Bar, o ator quis fazer algo diferente nos shows de dublagem que já aconteciam no local. Incicou apresentando o Show da Negona, que se inspirou nou Show da Xuxa, uma peca que era voltada para a interacao para com os clientes da boate. era voltada para a interacao para com os clientes da boate. Os atores Roberto Vasconselos e Flávio Luiz que o ator havia conhecido no festival de Teatro de Bolso, o Tebo, eram suas "pretuxitas". Mas somente em 1990 a Marquesa, primeira e única pessoa que dividia o apartamento com Jeison Wallce, leu o manuscrito “A bicha Burralheira - a estória que sua mãe não contou”, que já tinha sido encenado por Henrique Celibe na boate Misty em 1985. Fizeram parte do elenco Edilson Rygaard, o príncipe, personagem imortalizado pelo ator, , Beto Costa, que seria a fada, Luciano Rodrigues que viveria a madrasta, e Emerson Nascimento e a Maquesa primeira e a madrasta, e Emerson Nascimento e a Maquesa primeira e única ganharam os papéis da irmãs malvadas. No ano de 1999, Jeison Wallace deixou a trupe devido a algumas indiferencas.

Nos dias de hoje a Trupe do Barulho é constituida pelos atores Jô Ribeiro – que também está na Trupe desde o início – Aurino Xavier (diretor e ator), Reyson Santos e Thiago Abrieel. Com uma história de 11 espetáculos encenados, a trupe junta muitas histórias

UMA VIDA DEDICADA A ARTE E A COMÉDIAPOR STEPHANIE MANNICKE

Ator Aurino Xavier

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ATORES DA PEÇA MENOPAUSA CONJUGAL

TEATRO E DANÇA

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“Marcar a própria presença, chamar a atenção, pôr ênfase em determinadas partes do corpo, denotar com uma imagem clara e muitas vezes mesmo codicada com precisão alguns signicados, e dar a conhecer outros de maneira explícita, mas, sempre sensível, eis o objetivo principal do vestuário.”Janice Ghisleri O palha O palhaco sem o nariz, a bailarina sem a sapatilha ou mímico sem a sua maquiagem... O que seria destes artistas sem seus acessórios? O elemento mais importante para a identicacao e existência de um personagem é o gurino. É ele que vai determinar as características. Roupas, acessórios, sapatos e a maquiagem: é o conjunto desses elementos que da a vida ao teatro, ao cinema e vídeos. Mas, desde quando o ser humano seser humano se “enfeita” para interpretar personagens? Registros de idumentárias ou costumes, como também pode-se chamar o gurino, são registradas desde as épocas mais remotas da humandidade em pinturas rupestres pré-históricos, murais egípcios e vasos greco-romanos. Máscaras, costumes de diferentes materiais são usados para retratar tradicoes, mitos ou para “esconder” a identidade real do protagonista. Para criar um gurino, é necessário que o gurinista (ou mesmo o ator) conheca nos mínimos detalhes a história do trabalho a ser tratado. Local de onde as cenas vao ser gravadas, época em que se passa a trama, caráter do personagem, tipo físico de quem interpreta. Todos esses fatores são importantíssimos para a elaboracao do gurino. A partir desde requisito, o gurinista comeca a escolher as cores que serao usadausadas, os tecidos, estampas, acessórios. É preciso que ele tenha a maior sensibilidade possível, só assim, o gurino vai transmitir para o espectador, o signicado do personagem. No teatro, na dança, no cinema. Em cada uma das artes o gurino tem suas especialidades. A bailarina Ilka Lira explicou como o ballet utiliza os gurinos.

SER, OU NÃO SERPOR STEPHANIE MANNICKE

09BAILARINA ILKA LIRA

ATORES DA PEÇA MENOPAUSA CONUGAL NO CAMARIM

"No balé, o gurino é dividido em três categorias: clássico, popular e contemporâneo. Cada um tem a sua característica. É o gurino que vai tornar os movimentos mais delicados". Ilka Lira, bailarina.

"O gurino é fundamental para a comunicação visual do teatro. É ele que

dá a marca do espetáculo". Aurino Xavier, ator, diretor de teatro e

TEATRO EDANÇA

O ballet se divide em três categorias – clássico, popular e contemporâneo. O gurino mais conhecido é o do ballet clássico. “O tutu, armado ou não, transmite um pouco do clássico para o espetáculo. Mas o que vai implicar na vestimenta é simplesmente a dança a ser apresentado”. Na dança popula Na dança popular, o gurino vai variar de acordo com a cultura apresentada. São o retrado das tradicoes culturais da sociedade. Já o contemporâneo usa pecas mais alternativas. Roupas que demarquem o corpo para dar maior atencao aos movimentos detalhados do corpo. Poucas roupas e o estilo mais alternativo. “Não é somente o gurino que faz a diferença, mas o conjunto da dança da dança com o vestuário tornam um espetáculo mais completo”., declarou a bailarina.

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INDO ALÉM DO PERSONAGEMPOR LUCILA VIEIRA

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"Em 2011, eu deixei de dar aula em uma escola particular para fazer mestrado. Meu mestrado virou um bebê que tem 1 ano e 7 meses". Lane Cardoso, atriz, dançarina e arte-educadora.

Atriz Lane Carsoso

TEATRO

A atriz, arte educadora, dançarina e diretora Lane Cardoso, 34 anos, trabalha prossionalmente nos palcos há 14 anos e arma "se eu soubesse que podia viver de arte, teria entrado nesta área antes". Licenciada em Artes Cênicas pela Univercidade Federal de Pernambuco (UFPE), é casada com alguém que tem a mesma paixão pelo universo teatral, o iluminador, diretor e roterista Eron Villar. Lane nasceu na Ilha Santa Terezinha e seus pais nunca pensaram que sua lha que Santa Terezinha e seus pais nunca pensaram que sua lha que sempre se inseria nas atividades culturais da comunidade, transformaria isto em sua prossão. Tendo unido a paixão pela comunidade e pelo teatro com o grupo Corpus Abá, no qual começou dirigindo jovens da própria comunidade e hoje também de outras regiões do Recife.

Porque você decidiu ser atriz?Na real, não decidi. As coisas foram acontecendo , até que chegou o momento em que me vi atriz. Eu sabia que meu caminho era na área das ciências humanas, mas não conseguia enxergar o curso certo. Um certo dia por acaso conheci uma garota que me falou do curso e me encantei. Eu estava fazendo o preparatório pra o vestibular, daquele momento em diante fui em busca de informações a respeito do curso e assim meio que por acaso decidi fazer Artes Cênicas. Só depois assim meio que por acaso decidi fazer Artes Cênicas. Só depois de um bom tempo eu fui entendendo o que me levou até ali. A minha infância e adolescência foi rodeada por experiências e vivencias que de certo modo me levavam a arte.

E o que mais te atrai na prossão?É uma inclinação ou atração diria por coisas do universo do sensível. O que mais me atrai é a possibilidade que só a arte , só arte tem de dizer, de tocar, de provocar coisas, seja do humano mais cotidiano ou do humano mais profundo de um modo totalmente liberto e elevado.

Você já trabalhou em outras mídias além do teatro? Se sim, em quais?Bom eu já trabalhei, aliás ainda trabalho, com dança e dou aulas de arte na rede municipal do Recife. Não sei se isso se encaixa no que você congura “outras mídias”. O que há de mais mágico no teatro para você?Como falei anteriormente é a possibilidade de tocar na alma , de Como falei anteriormente é a possibilidade de tocar na alma , de fazer o outro se enxergar , enxergar a sociedade , os conitos internos ou externos de uma maneira BELA , pode até ser crua mas precisa ser bela , precisa ter delicadeza, precisa ter verdade, ter sensibilidade e grandeza de espirito que se traduz em generosidade. Esses componentes pra mim são fundamentais para arte.

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A comunidade Ilha Santa Terezinha te motivou de alguma forma?Sem duvida. É minha historia também, ela esta ali e se fez e Sem duvida. É minha historia também, ela esta ali e se fez e se faz aqui dentro de mim. Jamais posso desconsiderar e a isso acrescento família e vivencias advindas de outas experiências. Com relação especicamente a comunidade acredito que me estimulou sim, pois desde os tempos de infância pude presenciar e viver belos momentos como os festivais de musica realizados pelo centro juvenil, as apresentações teatrais também realizadas pelo centro apresentações teatrais também realizadas pelo centro juvenil, entre outras ações que já na infância e adolescência cintilavam meus olhos.

Qual o trabalho que você mais gostou de fazer?Bom teve um que me tocou, que mexeu bastante comigo, não sei foi o melhor ,mas sei que foi muito signicativo pra entender que eu realmente queria trabalhar com arte. O espetáculo chama-se “CONTRASTE”, um espetáculo de dança/teatro dirigido por Raimundo Branco, realizado pela Compassos Cia de Danças. Esse foi o período em que me dediquei intensamente a dança e confesso foram os melhores momentos, no sentido de descobertas, melhores momentos, no sentido de descobertas, crescimento, inquietações e praticas mais exaustivas e ao mesmo tempo mais prazerosas que passei até hoje.

Como você começou a dar aulas de teatro?Na verdade comecei dando aulas de dança, mesmo com a formação voltada para o teatro. Claro que as duas linguagens sempre estiveram presentes em minha ação. Trabalhei no Colégio Marista Conceição de Apiipucos por três anos e logo em seguida passei no concurso do município de Recife. Tive experiências anteriores que foram temporárias em projetos que envolviam ocina de teatro.

Como começou seu trabalho de direção com o grupo Corpus Abá?Surgiu de um desejo que começou a me tomar de fazer Surgiu de um desejo que começou a me tomar de fazer algo com o conhecimento adquirido por meio da graduação em prol da comunidade a qual pertencia. Na verdade eu sempre fui muito atuante aqui na Ilha mas agora era uma necessidade de dar um retorno, dessa vez com um caráter mais prossional, entende? Então, recebi um convite do movimento dos Focolares para elaborar uma coreograa para um grande evento que iria acontecer em coreograa para um grande evento que iria acontecer em Recife, eu topei e esse foi o momento e o espaço ideal pra iniciar o trabalho.

Como funciona o trabalho com o grupo?O Grupo foi se estabelecendo com o tempo, até que chegou o momento de dar um nome , uma identidade então surgiu o “Corpus Abá”, um grupo de interesses e pesquisas nas artes da dança, do teatro, da literatura e do homem. Em 2011 participamos do Festival Estudantil de Teatro e pra nossa surpresa ganhamos o premio de melhor espetáculo, algo que nos deixou muito feliz. Não apenas por uma satisfação do ego, mas sobretudo porque nos fez por uma satisfação do ego, mas sobretudo porque nos fez perceber a partir de outros olhos que podemos com pouco dizer muito e com qualidade, sem exageros e o mais importante com verdade e um tanto de alma.

Na sua opinião, o que é mais importante em um trabalho em teatro?Verdade, poesia, compromisso, disposição, grandeza de espírito e generosidade.

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Atriz Lane Cardoso em cena

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Em 29 de maio de 1913, estreava o que seria o primeiro registro da dança contemporânea, o ballet A sagração da primavera do compositor Igor Stravinsky e coreógrafo Vaslav Nijinsky. A obra foi recebida com vaias e muitos insultos. Até hoje quando essa peça é reproduzida consegue chocar a quem assiste. E aí que anda o grande problema, muitas companhias de dança apelam para a nudez e para conteúdo sexual para apenas e somente chocar por chocar o seu público, desconsiderando o conceito por trás da dança e apenas criando desculpas para reproduzirem tal ato, vendendo isso como arte conceitual e enganando ao público vendendo uma falsa concepção de arte.O público considerado culto, eleva esses tipos de “apresentações” como arte de primeira linha. É lamentável que O público considerado culto, eleva esses tipos de “apresentações” como arte de primeira linha. É lamentável que consideremos qualquer tipo de manifestação como arte, infelizmente se vive em um país onde se existe pouco conhecimento sobre arte, sobretudo sobre a dança, e devido a esses ‘’falsos artistas’’ é que a dança contemporânea ainda é vista com muito preconceito. Em compensação, a dança contemporânea não se preocupa com a estética de quem a participa e não existe técnicas Em compensação, a dança contemporânea não se preocupa com a estética de quem a participa e não existe técnicas especícas , mas um modo de pensar sobre a dança e sobre si mesmo. É uma excelente forma de auto descoberta, além de fazer bem a saúde física e a saúde psicológica, já que a dança contemporânea não está preocupada apenas com os movimentos perfeitos, mas também com a forma de se pensar sobre a dança, como o corpo reage aos movimentos, e como o dançarino sente isso na sua mente.O ideal é que tenhamos um bom senso crítico ao analisar qualquer obra e manifestação cultural, saber os conceitos, saber o O ideal é que tenhamos um bom senso crítico ao analisar qualquer obra e manifestação cultural, saber os conceitos, saber o que foi pensado sobre aquilo, e não apenas aplaudir cegamente considerando tudo como genialidade e arte. Para isso, é bom conhecer profundamente o que é a damça contemporânea.

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O ERRO DA AUTONOMIA DA DANÇA CONTEMPORÂNEAPOR AMANDA OLIVEIRA

DANÇA

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POR TRÁS DA MOLDURA: OS BASTIDORES DE UMA EXPOSIÇÃO DE ARTEPOR LUCILA VIEIRA

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Algumas vezes, a galeria que empresta o acervo exige que com ele seja enviado um courier que é um especialista que acompanha as obras com todas as despesas pagas pela galeria solicitante. Seu trabalho é garantir a integridade das obras e fazer laudos para atestar seu estado ao longo do período de empréstimo.Assim que as peças chegam, acontece a montagem da Assim que as peças chegam, acontece a montagem da exposição. Neste momento o curador ou um arquiteto põe em prática o que ele pensou para a expograa da mostra. Ou seja, a disposição das obras no espaço para que através disto, possa pensar na melhor maneira do visitante perceber uma continuidade nas idéias dispostas.Outro ponto essencial para se transmitir a intenção da mostra é Outro ponto essencial para se transmitir a intenção da mostra é a iluminação. Ela pode ser uniforme e transmitir suavidade ou focal para dar um pouco mais de tenção e dramaticidade ao que está sendo exposto. E através do tipo de iluminação ou de lâmpada é possível dar diversas leituras, o que varia de acordo com a exposição.Depois disso, é hora da divulgação. Mandar releases para as Depois disso, é hora da divulgação. Mandar releases para as assessorias de comunicação, fazer coletivas de imprensa com o curador e/ou o artista e criar um evento no facebook e uma fan page para que o público tome conhecimento. "Antes cada convite era impresso, mas hoje conseguimos economizar tempo e papel fazendo tudo isso online" diz Bruna , lembrando de quando tinha que colocar convites em plásticos, etiquetá-los e despachá-los pelos correios.e despachá-los pelos correios.E, ao m, voltamos ao começo do nosso texto: a visitação. Neste momento em que o visitante tem contato com a obra, aqueles que tiveram trabalho intenso por um mês podem descansar um pouco. Considerando que neste momento o trabalho maior é de manutenção das obras para ver se elas sofreram algum dano ao longo do período ou se sua moldura ou pedestal precisa ser trocado.E depois de aproximadamente 2 meses, a exposição volta para E depois de aproximadamente 2 meses, a exposição volta para o lugar de onde ela veio para dar espaço para a próxima exposição que já estava sendo pensada enquanto a anterior era feita. E o processo não acaba, apenas recomeça.

Visitar uma exposição de arte pode ser uma atividade de lazer ou até mesmo de estudo que no máximo tirará um esforço em compreendê-la por completo ou pensar em cada intenção. Contudo, a visitação pode ser a parte mais leve dentro de toda a exposição. Pensar na exposição, trazê-la e montá-la podem ser o ítem de maior complexidade em todo o processo. Tudo começa com a curadoria, onde um prossional que Tudo começa com a curadoria, onde um prossional que entende de arte começa a pesquisar para trazer uma exposição para uma galeria onde trabalha. Este processo pode começar a ser feito de 2 anos à 6 meses antes da exposição ser montada, analisando cada detalhe do que será revelado. "Nossa atuação envolve sensibilidade e estética, direcionadas ao público em geral" diz o curador Sérgio Pizoli. No Brasil, esta carreira é adquirida através da sua experiência em locais que trabalham adquirida através da sua experiência em locais que trabalham com arte, já no exterior é um curso que é feito depois do doutorado. Depois que o curador decide o tema, é solicitado o acervo. Caso isso seja de acervo próprio, já evita alguns dos próximos passos. Mas se for o acervo de uma exposição itinerante, é necessário contactar uma transportadora e uma seguradora especializadas em obras de arte.Sendo uma exposição nacional, é necessário utilizar um Sendo uma exposição nacional, é necessário utilizar um caminhão climatizado com a mesma temperatura que o acervo ca quando está em sua galeria origina, o que varia de acordo com o material que cada obra é feita. Já a seguradora é para danos acidentais causados no local onde será exposto. "É só para se acontecer um acidente como o teto cair após uma chuva, se alguém risca sem querer, o custo é inteiramente nosso" diz Bruna Pedrosa, artista plástica e coordenadora da nosso" diz Bruna Pedrosa, artista plástica e coordenadora da Coart da Fundação Joaquim Nabuco.Mas para garantir que a peça foi em perfeito estado ou está do mesmo jeito que quando ela foi enviada, é feito um laudo da obra. Este procedimento ocorre antes da peça ser transportada transportada e assim que ela chega ao seu destino, antes de ser devolvida e assim que chega de volta ao seu emprestador.

"No exterior, a curadoria vem como uma especialização após o doutorado. Aqui é na prática. Se você não se autodeterminar curador, nunca vai ser". Sérgio Pizoli, curador.

ARTES VISUAIS

Page 15: Revista Reticências

De acordo com Bruna Pedrosa, responsável pela Coordenação de Artes Visuais (Coart), a arte não desenvolve apenas a sensibilidade de uma pessoa, mas sua capacidade de raciocinar e ler tudo o que está ao seu redor. Anal, a arte reete uma visão da sociedade e, a partir dela, é possível fazer uma leitura própria do objeto que o artísta quis retratar. A partir disso, foi criado o projeto Política da Arte na A partir disso, foi criado o projeto Política da Arte na Fundação Joaquim Nabuco, a Fundaj. O projeto acontece sempre em paralelo com as exposições que acontecem nas galerias Vicente do Rêgo Monteiro, Massangana e Baobá, reetindo aspectos mostrados nas exposições e contextualizando o que é mostrado. A partir disso, é importante traduzir a arte para todos os A partir disso, é importante traduzir a arte para todos os públicos, como é feito através das visitas mediadas às exposições. Nas quais alguém que passou alguns meses estudando o tema para que os visitantes possam compreendê-lo plenamente sem que o seu conhecimento prévio o favoreça ou impeça. Reetindo que a mostra é historicamente elitizada e Reetindo que a mostra é historicamente elitizada e aparentemente distante daquele que a visita, o mediador possibilita a construção de uma ponte entre o visitante e os textos mais rebuscados que o curador produz para a exposição. Este trabalho é coordenado por Silvia Barreto do Coordenação-Geral do Espaço Cultural Mauro Mota junto aos estagiários que fazem este trabalho de mediação. Esta é uma das formas utilizadas para trazer o público para Esta é uma das formas utilizadas para trazer o público para as mostras que, mesmo quando gratuitas não atingem o público esperado por seus organizadores.

"É frustrante ver que todo o seu trabalho não é valoriza, pois depois de meses pensando a exposição, ninguém vai ver" diz o curador Moacir dos Anjos. E isto é comprovado com dados da própria E isto é comprovado com dados da própria Fundação, observando que de cada 15mil pessoas que visitam o seu cinema, apenas 3mil visitam a galeria que ca no mesmo prédio. Por causa disso, foi feita uma parceria com o cinema para que no intervalos dos lmes sejam colocados lmes chamando os espectadores para as exposições. Como uma tentativa para que o público Como uma tentativa para que o público consuma arte, mesmo que o público seleto que é o público do cinema da Fundação.Este ato pode não fazer com que todos vão à Este ato pode não fazer com que todos vão à exposições imediatamente, mas aos poucos forma o público para consumir arte. E, a partir disso, todos os outros direitos e deveres que só podem ser formados a partir da criticidade.

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A ARTE E SUA FUNÇÃO SOCIALPOR LUCILA VIEIRA

ARTESVISUAIS

Page 16: Revista Reticências

DIVERSÃO NAS SALAS DE CINEMA POR ALICE MAFRA

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"O cinema é onde me desligo do mundo". Aline

Cunha, 17 anos,

BILHETERIA DO SHOPPING BOA VISTA- RECIFE. FOTO: ALICE MAFRA

CINEMA

O Recife é uma cidade de muitas atrações. Quem passeia pela cidade se encanta não só com a sua beleza, mas também com a variedade de atividades para entreter tanto a população como os visitantes da cidade. Shows, peças, museus, são alguns desses exemplos, porém uma das atividades preferidas que encantam crianças e adultos é o cinema. Os maiores shoppings da cidade: Riomar, Recife, Os maiores shoppings da cidade: Riomar, Recife, Tacaruna, Plaza, Boa Vista e Guararapes possuem várias salas de cinema, que tem capacidade de receber mais de 300 pessoas por sessão. Essa capacidade trás em si um lado positivo e um negativo, pois por um lado mais pessoas tem acesso a um lme em horários diferentes, porém a lotação das salas causa problemas relacionados ao comportamento de quem está assistindo o lme. Reclamações são coisas quem está assistindo o lme. Reclamações são coisas recorrentes, porém nada parece ser feito de verdade para mudar isso. Janelle da Silva vai ao cinema uma vez por semana e quase sempre se incomoda com o barulho. “As pessoas não respeitam as outras, conversam, atendem o celular, é um completo absurdo”, conta. É costume pensar que as sessões infantis são as mais barulhentas, porém não é bem isso que acontece, Pedro Henrique Souza trabalha no cinema do acontece, Pedro Henrique Souza trabalha no cinema do Shopping Tacaruna é percebeu que as reclamações estão presentes em todas as sessões. “Eu acredito que quando o pessoal vem para a sessão infantil já espera o barulho porque tem criança, mas na sessão com censura, sempre tem gente que está vendo rede social, fazendo ligação, tudo na hora do lme e se a gente vai reclamar, ainda quer estar certo.”

O cinema é um lugar que desperta emoções. De acordo com o tipo do lme as pessoas podem sair das salas felizes, tristes, surpresas, entusiasmadas ou descrentes de alguém tema, além tudo isso os lmes em 3D criam emoções novas, quem esta assistindo passa a fazer parte do lme. A advogada Cristina Morais descobriu o lme 3D há pouco tempo e já se tornou fã. “Eu não costumava ver lmes em 3D porque achava que não fazia diferença, depois que eu 3D porque achava que não fazia diferença, depois que eu vim à primeira vez, não parei mais”, justica. Porém os lmes em 3D custam mais caro, sendo em algumas vezes o dobro do preço normal. “Se fosse mais barato, eu viria muito mais”, completa. As promoções são um dos maiores atrativos dos shoppings. No Tacaruna, quarta-feira a entrada custa à metade do preço, em algumas segundas-feiras do mês eles criaram uma promoção “Segunda Mania” que o ingresso saí a R$ 3 a meia entrada e R$ 5 a entrada inteira e nos m de semana as sessões iniciadas antes das 14h custam mais barato. O Boa Vista tem a mesma promoção que o Tacaruna nas quartas-feiras, porém implantou na sexta-feira a entrada nas quartas-feiras, porém implantou na sexta-feira a entrada mais barata. Estudando próximo ao shopping Boa Vista, Viviane Santana aprovou a promoções da sexta-feira. “A gente junta um pouquinho do que gasta no lanche e depois vem para o cinema, isso é ótimo”, arma.

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Caminhando sobre o solo onde foi erguida a Acrópole ateniense, um mero observador consegue ver apenas ruínas. Um apaixonado pela história das civilizações, porém, é capaz de visualizar a cidade que fundou o pensamento ocidental. E mais: pode se transportar para a ágora grega, onde vivencia a democracia participativa do século XVI a.C. ou presencia de uma aula peripatética do Liceu de Aristóteles. Embora a máquina do tempo ainda não tenha sido inventada, o turismo encontrou uma solução cada vez mais procurada para realizar a tão sonhada viagem para o passado. Os países que abrigam resquícios de civilizações milenares se tornaram destinos preferenciais dos viajantes apaixonados por história. O fascínio pelas culturas da antiguidade não é recente. Entre os séculos 13 e 14, o veneziano Marco Polo se tornou o mais célebre viajante da Europa medieval, ao narrar suas aventuras desbravando as terras da Pérsia, Índia e China. Outro célebre apaixonado pelas civilizações do passado foi Napoleão Bonaparte. Em suas campanhas militares, em especial a do Egito, o Imperador estimulou a escavação arqueológica, e se inspirava nos governantes dessas nações para chear a França no início do século 19. Na cção, o desbravador Indiana Jones defende as relíquias da Idade Antiga das mãos de vilões mal intencionados.

CIVILIZAÇÕES

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POR ALVARO FILHO

TURISMO

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chique", opina o historiador. A dica de Paulo Gusmão para que a viagem não passe em branco é muita leitura antes do embarque e durante o passeio. "Na vida, nós só achamos interessante aquilo que conhecemos. Os resquícios da antiguidade estão presentes lá, mas só somos capazes de percebê-los com o auxílio de uma bibliograa". O crescimento da indústria do turismo foi o pontapé O crescimento da indústria do turismo foi o pontapé necessário para que o fascínio pelas civilizações milenares se transformasse em uma experiência real de encontro entre representantes de pós-modernidade e cidades da antiguidade. Itália, Grécia, México e Peru zeram de suas ruínas um chamariz para turistas do mundo inteiro. Egito e Iraque encontram diculdades nos conitos bélicos da região do Oriente Médio. região do Oriente Médio. Preços mais atraentes, renda aumentada e moeda estável são alguns dos motivos que levam os brasileiros a viajarem mais para o exterior. A cidade de Roma recebeu, em 2011, 28 milhões de turistas, sendo mais de 200 mil brasileiros. O número é 18% maior que o registrado em 2010. A Grécia, por sua vez, contou cerca de 17 mil visitantes em 2012. O número agrada, mas a lucratividade do setor mais importante da economia grega cou abalada do setor mais importante da economia grega cou abalada devido à recessão que abateu o país. Já em relação ao Egito, que abriga as monumentais Pirâmides de Gizé e os Templos de Karnak, a situação é diferente. A instabilidade política causada pela queda do presidente Hosni Mubarak, em 2011, afastou os turistas do país, derrubando o número de visitantes de 14 milhões em 2010, para 8 milhões em 2011, e 11 milhões em 2012, quando 28 mil brasileiros estiveram no país. Atualmente, o governo egípcio empreende ações turísticas e publicitárias governo egípcio empreende ações turísticas e publicitárias para atrair o público tupiniquim à terra dos faraós.

"Ao longo de séculos, foi construído um imaginário a partir da busca de referências sobre a formação da civilização ocidental", considera o historiador Luís Manuel Domingues, que ministra a disciplina de História Antiga na Universidade Católica de Pernambuco - Unicap e na Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. Para ele, o mundo atual é formado por uma série de experiências que começam na antiguidade: "não podemos experiências que começam na antiguidade: "não podemos dizer que a luta por uma jornada de trabalho de 8 horas é o resultado de um processo recente. A luta pela redução das desigualdades remonta a mais de 2.000 anos atrás". O engenheiro Paulo Gusmão é apaixonado pela história desde a adolescência, e se tornou um grande admirador da cultura italiana, desde o tempo de Império Romano até o período do Renascimento. O interesse lhe rendeu duas viagens para o país, em um curto espaço de quatro anos, quando visitou o foro romano, que guarda as ruínas dos templos, basílicas e monumentos da Cidade Eterna, e o sítio arqueológico de Pompeia, que preservou Eterna, e o sítio arqueológico de Pompeia, que preservou as estruturas urbanas do Império devido ao efeito pirostático das cinzas do vulcão Vesúvio. "A quantidade de informações é muito maior que a nossa percepção. Cada vez que visitamos, nos aprofundamos mais na história, embora nunca possamos dizer que conhecemos tudo da civilização", comenta. Mas será que a indústria do turismo permite a consolidação de um conhecimento acerca da história das civilizações ou transforma as ruínas em uma espécie de Disneylândia Arqueológica? Para Luiz Manuel Domingues os dois caminhos são possíveis. "Há quem se aproprie daquela experiência história, mas algumas pessoas realizam um consumo acrítico, porque é exótico ou

VIAGEM PELO TÚNEL DO TEMPOPOR ÁLVARO FILHO

"Olhar para o passado me ajuda a me conhecer no presente e ser melhor no futuro". Paulo Gusmão,

engenheiro e viajante.

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TURISMO

ENGENHEIRO PAULO GUSMÃO EM SUAS VIAGENS- FOTO: ARQUIVO PESSOAL

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Mais dramática é a situação das ruínas da cidade da Babilônia, uma das mais antigas do planeta, que ca localizada nas proximidades de Bagdá, no Iraque. A incidência de conitos armados, como a primeira e a segunda Guerra do Golfo e os anos de governo fundamentalista de Sadam Hussein minaram o interesse turístico pela área histórica e até chegaram a destruir algumas construções de interesse arqueológico. Entre algumas construções de interesse arqueológico. Entre 2009 e 2010, o local recebeu somente 160 visitantes do exterior. Em 2011, o governo norte-americano liberou U$ 2 milhões para recuperação dos monumentos danicados pela guerra, mas o local ainda está longe de ser atrativo para os viajantes. Uma opção mais segura para os turistas brasileiros é o México. Além de abrigar praias paradisíacas, que já são um grande atrativo por si só, o país foi o berço das civilização Maia, que surgiu por volta de 1000 a.C e se desenvolveu até a colonização espanhola. Até hoje são preservados sítios arqueológicos como Chichén Itzá e Cobá, com as famosas pirâmides escalonadas. Já no Peru, onde surgiram os Incas, em 1200 d.C., encontra-se Peru, onde surgiram os Incas, em 1200 d.C., encontra-se preservada a cidade de Machu Pichu, uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Caminhando sobre o solo onde foi erguida a Acrópole ateniense, um mero observador consegue ver apenas ruínas. Um apaixonado pela história das civilizações, porém, é capaz de visualizar a cidade que fundou o pensamento ocidental. E mais: pode se transportar para a ágora grega, onde vivencia a democracia participativa do século XVI a.C. ou presencia de uma aula peripatética do Liceu de Aristóteles. de uma aula peripatética do Liceu de Aristóteles. Embora a máquina do tempo ainda não tenha sido inventada, o turismo encontrou uma solução cada vez mais procurada para realizar a tão sonhada viagem para

para o passado. Os países que abrigam resquícios de civilizações milenares se tornaram destinos preferenciais dos viajantes apaixonados por história. O fascínio pelas culturas da antiguidade não é recente. Entre os séculos 13 e 14, o veneziano Marco Polo se tornou o mais célebre viajante da Europa medieval, ao narrar suas aventuras desbravando as terras da Pérsia, Índia e China. Outro célebre apaixonado pelas Índia e China. Outro célebre apaixonado pelas civilizações do passado foi Napoleão Bonaparte. Em suas campanhas militares,

em especial a do Egito, o Imperador estimulou a escavação arqueológica, e se inspirava nos governantes dessas nações para chear a França no início do século 19. Na cção, o desbravador Indiana Jones defende as relíquias da Idade Antiga das mãos de vilões mal intencionados.

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"Somos o produto de uma cumulação de experiências históricas". Luiz Manoel Domingues, historiador.