revista - processo eletrônico

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Processo Eletrônico Enquanto empresas privadas assediavam a Subseção de Itabuna, ofe- recerecendo cursos a preços onerosos, a diretoria implementou ações produtivas que permitiram a capacitação digital gratuita de mais de 200 profissionais somente nos meses de novembro e dezembro de 2012. Entrevista exclusiva Luiz Viana o novo presidente da OAB-BA

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Revista - Processo Eletrônico

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Page 1: Revista - Processo Eletrônico

Processo EletrônicoEnquanto empresas privadas assediavam a Subseção de Itabuna, ofe-recerecendo cursos a preços onerosos, a diretoria implementou ações produtivas que permitiram a capacitação digital gratuita de mais de 200 profissionais somente nos meses de novembro e dezembro de 2012.

Entrevista exclusiva

Luiz Viana

o novo presidente da OAB-BA

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Sumário

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Entrevista com Luiz Viana,o novo presidente da OAB-BA

Processo eletrônicoInovações e desafios

Formação continuada

À Ingrid: meu sangue e meu suorViolência contra a mulher

Habeas PinhoA incrível história de uma petição em versos para a soltura de um violão

Aquela faculdade de DireitoPor Cyro de Mattos

Ode ao AdvogadoUm belo poema de Piligra

Perfil - Harrison Ferreira LeiteConhendo melhor o novo Procurador Geral do município de Itabuna

OAB-SUBSEÇÃO ITABUNARua Ruffo Galvão, 179Centro | Itabuna - BACEP: 45.600-195Tel: (73) 3613-1892

Presidente:Andirlei Nascimento Silva

Vice- Presidente:Jurema Cintra Barreto

Tesoureiro:Ariovaldo Barbosa

Secretária:Raymunda Oliveira

Secretária Adjunta:Maria Sirlene Freitas

site: www.oabitabuna.org.bre-mail: [email protected]:www.facebook.com/oab.itabunatwiter:@oabitabuna

EDIÇÃOMONDRONGO LIVROS

Ilhéus: Rua Jorge Amado, 39Centro | CEP: 45.653-200 Itabuna: Rua Paulino Veira, 1831º Andar | CentroCEP: 45.600-171TEL: 73.8842.2793 | 9147.0223

Editor:Gustavo Felicíssimo

Projeto gráfico e editoração:Lucas Lemoswww.muitomaisagencia.com

site:www.mondrongo.com.bre-mail:[email protected]

Expediente

www. .com.brmondrongoa editora do teatro popular de ilhéus

Page 7: Revista - Processo Eletrônico

Iniciamos o novo mandato frente à OAB - Sub-seção de Itabuna com os ânimos renovados e agrade-cidos a todos os amigos e parceiros que acreditam na independência do nosso trabalho e em nossas propos tas. Tudo foi construído de forma plural, e, esta comunhão promoveu o crescimento e fortalecimento da categoria.

Avançamos bastante durante o primeiro man-dato, sobretudo em relação ao respeito às nossas prer-rogativas, a formação continuada do advogado e da advogada, em especial, no que diz respeito à qua-lificação para o processo eletrônico, cuja principal vantagem reside na prática de atos não presenciais. Elaboramos metas que visam dinamizar as atividades na nossa Subseção, e o es treitamento dos laços com a nova diretoria da OAB - Seccional Bahia contribuirá para a efetiva ção dos projetos de interesse coletivo.

Somos indispensáveis à administra-ção da justiça, e, para alcançar a almejada celeridade precisamos também aprimorar nossa comunicação. Além do site oficial e dos perfis em redes sociais contamos também com esta revista

que temos o prazer de apresentar neste momento, cuja missão será a de levar informações relativas à

instituição, sua memória, história, e, como um canal permanente para defesa das prerrogativas do(a) advogado(a) e para valorização da advocacia. Em breve lançaremos nossos programas de Rádio e TV,

com um perfil humanista e para divulgação da cultura e das carreiras jurídicas.

Boa leitura!Andirlei Nascimento

e diretoria.

Palavrado Presidente

EDITORIAL

Page 8: Revista - Processo Eletrônico

Luiz Viana,o novo presidente da OAB-BA

Com uma trajetória marcada

por combatividade e luta por mais de-

mocracia na OAB, Luiz Viana, o novo

presidente da OAB-Bahia, tem 50 anos,

foi conselheiro federal, presidente da

Comissão Especial de Direito Eleitoral

e Reforma Política da OAB do Brasil.

Além disso, é Procurador do Estado da

Bahia e advogado com atuação em di-

versos juízos e tribunais, inclusive na

área de direito civil; tem especializa-

ção em Direito Eleitoral e mestrado em

Direito Público. Também é professor

de Direito da Universidade Católica

do Salvador e da Escola Superior da

Advocacia Orlando Gomes (ESAD).

Integrou a Comissão Nacional de Es-

tudos Constitucionais e, entre outros

projetos, defendeu o voto direto

federativo para presidente

nacional da OAB. Nes-

sa entrevista exclu-

siva ele fala sobre

seus planos e rela-

ção com a subse-

ção de Itabuna.

ENTREVISTA

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Page 9: Revista - Processo Eletrônico

REVISTA – Por favor, co-mente um pouco sobre sua trajetória profissional e polí-tica até chegar à presidência da OAB-Bahia.Luiz Viana - Entrei, em 1981, na Faculdade de Direito da UFBA, e colei grau em 1985. De lá para cá tenho sido advo-gado de contencioso, que eu chamo de barriga no balcão, sou também procurador do es-tado por concurso público, e professor de direito da Ucsal, onde leciono direito eleitoral. Fui duas vezes Conselheiro Seccional (1998-2000 e 2001-2003) e duas vezes Conselhei-ro Federal (2007-2009 e 2010-2012). Aprendi com minha fa-mília que o trabalho é um valor fundamental. Sou uma pessoa que sempre trabalhou a vida in-teira. As melhores coisas que

tenho são as relações que cons-truí ao longo da minha vida. E tenho dito isto, que é abso-lutamente verdadeiro, sou um cara apaixonado, apaixonado por minha mulher, por meus fi-lhos, minha mãe, meus irmãos, meus amigos, pelo que faço, sou apaixonado pela advoca-cia. Espero levar um pouco dessa paixão, contagiar as pes-soas enquanto estiver à frente da OAB da Bahia. A paixão e a esperança me enchem de cora-gem para continuar lutando por um mundo melhor.

REVISTA – Como o se-nhor avalia o trabalho do Conselho Federal da OAB, do qual fez parte?Luiz Viana – O convívio com Conselheiros e Conselhei-ras Federais de todo o Brasil

foi muito rico seja do ponto de vista pessoal, profissional e político. Lá constatei que a OAB da Bahia merece e é respeitada por toda a advoca-cia brasileira, e aprendi mui-to com os grandes advogados Durval Ramos Neto e Marcelo Zarif, meus colegas na banca-da baiana. Tive bons embates no Conselho Federal, estando muitas vezes com a maioria, outras com a minoria. Lem-bro, por exemplo, da polêmica de meus votos nos casos que envolveram a Super Receita, que considerei constitucional, o refúgio de Cesare Battisti que opinei pela ilegalidade, a defesa das cotas nas universi-dades públicas, a intervenção do CFOAB na OAB do Pará, que fui contra, e tantos e tan-tos outros. Destaco, ainda,

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que fui o proponente da re-forma eleitoral pelas diretas-já para Presidente Nacional da OAB e do plebiscito para consultar a classe. A campa-nha ganhou o apoio da maio-ria, apesar de não ter sido im-plementada pelo CFOAB.

REVISTA – O senhor foi o re-lator e votou favoravelmente à questão das cotas raciais na Universidade de Brasília (UNB), matéria que poste-riormente foi apreciada pelo STF. Qual a importância da OAB nessa discussão? Luiz Viana – O CFOAB tem atuação marcante no Supremo Tribunal Federal, entre ou-tras, através do ajuizamento de ações diretas de inconstitu-cionalidade ou declaratórias de constitucionalidade, bem como atuando como amicus curie da Corte. No caso das cotas, fo-ram feitas audiências públicas e o Conselho Federal da OAB chamado a se posicionar. Fui designado relator e emiti pa-recer no sentido da constitu-cionalidade das cotas nas Uni-versidades Públicas, respeitada a autonomia universitária e a temporariedade, acolhido a unanimidade pelo Conselho e que serviu de fundamento para a posição oficial da OAB junto ao STF. Houve quem disses-se que a posição adotada pelo Supremo alinhou-se à mani-festação do nosso Conselho. Nesta como em tantas outras, a posição do Conselho Federal da OAB é sempre respeitadís-

sima, em virtude de sua histó-ria de coerência na defesa das bandeiras democráticas e dos direitos humanos.

REVISTA – Como se deu a escolha de seu nome para concorrer à presidência da OAB-Bahia?Luiz Viana – Já tendo sido duas vezes Conselheiro Sec-cional e duas vezes Conselhei-ro Federal da OAB da Bahia, fui chamado por inúmeros co-legas advogados e advogadas para formarmos um movimen-to de renovação, fruto de um amplo e democrático processo que culminou em uma cha-pa de oposição. Fui apenas o porta-voz de 86 candidatos da chapa Mais OAB.

tenho a firme espe-rança de colocar a OAB, como inte-grante do sistema da Justiça, ao lado da construção da segurança jurídi-ca e da legitimida-de democrática

REVISTA – Quais apoios e forças políticas, dentro desse processo, foram fundamen-tais para a sua vitória? Luiz Viana – Recebemos apoios os mais diversos da advocacia baiana. Gostaria de

destacar os colegas advogados e advogadas que aceitaram o desafio de estar comigo na chapa Mais OAB, formando um grupo unido em prol das propostas de campanha e a fa-vor de um novo projeto para a OAB da Bahia; os jovens ad-vogados, mesmo não sendo elegíveis, tiveram papel des-tacado na campanha; Presi-dentes de Subseções também nos apoiaram, entre os quais os de Barreiras, Cássio Mi-randa, de Bom Jesus da Lapa, Edvaldo Araujo, de Coaraci, Jose Nilton dos Santos, de Santo Antonio de Jesus, José Reis Filho e de Itabuna, An-dirlei Nascimento, este com papel destacado e fundamen-tal pela sua liderança política e eleitoral. Com o crescimen-to da campanha recebemos apoios de inúmeros candida-tos nas subseções, mesmo em locais cujos Presidentes não nos apoiavam; advogados e advogadas dos mais simples aos mais destacados pres-taram seu apoio; os ex-Pre-sidentes Thomas Bacellar e Dinailton Oliveira honraram-nos com seus apoios, espe-cialmente Dinailton pela sua inconteste liderança em todo o Estado. Nossa campanha sensibilizou a sociedade civil, e recebemos apoios de perso-nalidades importantes, como é o caso do ex-Governador Waldir Pires, do deputado Ju-tahy Magalhães, do empresá-rio Joaci Góes e do advogado Eliesé Bispo dos Santos, en-

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tre tantos e tantos. A todos já agradeci, e renovo aqui meus agradecimentos.

REVISTA – Como avalia a expressiva vitória que obte-ve em Itabuna e Ilhéus?Luiz Viana – Com muita ale-gria conseguimos obter ampla maioria dos advogados e ad-vogadas de Itabuna e Ilhéus. Isso demonstrou o acerto de nossas propostas e, ao mesmo tempo, a têmpera de colegas destemidos que optaram por seguir conosco num projeto de renovação oposicionista, nave-gando contra o vento e seguin-do contra a corrente. A vitória nesta região foi fundamental para ganharmos a eleição e me emocionou.

REVISTA – Qual a marca

que o senhor pretende empre-ender em sua gestão e quais as ações mais imediatas que rea-lizará no interior do estado?Luiz Viana – Vamos cumprir todos os compromissos assu-midos na campanha: defender as prerrogativas da advocacia, desenvolver uma política de incentivo ao trabalho e garan-tir mais apoio e proteção para os advogados, em especial para os que estão em início de carreira; cobrar do Judiciário uma melhor prestação jurisdi-cional; ampliar a democracia participativa na OAB com to-tal transparência; fazer uso das novas tecnologias de informa-ção e criar novos meios de co-municação; renovar a Escola de Advocacia e voltar os olhos para os advogados e advogadas do interior. Neste caso, conse-

guindo sede digna para todos, implantando repasse automá-tico de verbas, e levando todos os serviços disponíveis, entre os quais os cursos de prepara-ção para o processo eletrônico e os cursos da ESAD, apoian-do de forma pertinaz a defesa das prerrogativas. Gostaria de destacar que tenho a firme esperança de colocar a OAB, como integrante do sistema da Justiça, ao lado da construção da segurança jurídica e da le-gitimidade democrática. Por exemplo, tenho esclarecido aos que não são advogados, que a OAB não se confunde com o Ministério Público, que possui grandes competências constitucionais, entre as quais a persecução criminal. A OAB, diferentemente, estará sempre ao lado das liberdades.

Page 12: Revista - Processo Eletrônico

Jovem jurista, além de Procurador-Geral do município de Itabuna/BA, é doutor em Direito Tributário pela UFRGS, com pesquisa desenvol-vida na University of Edinburgh, Escócia, no ano de 2008. Possui mestrado em Direito Público e especialização em processo civil e em direito tri-butário. É professor de Direito Tributário e Finan-ceiro da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC/BA), aprovado, em ambos, em primeiro lugar em concurso público. É professor convidado de Pós-Graduações e de cursos preparatórios para a carrei-ra jurídica como o Juspodivm.

Idade: 34 anos

Hobbie: Praia e futebol

Escritores preferidos: Rubem Alves, Ga-

briel Garcia Márquez, Philip Yancey.

Jurista que admira: Humberto Ávila,

Eros Grau, Tércio Sampaio Ferraz Júnior.

Filmes Preferidos: As duas faces de um

crime, Diamante de sangue.

Livros publicados: Autoridade da

Lei Orçamentária (Livraria do Advo-

gado, 2011, Porto alegre) e Manual

de Direito Financeiro (Juspodivm,

2012, Salvador).

Cidade dos sonhos: Rio de Janeiro.

Harrison Ferreira Leite

PERFIL

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Page 13: Revista - Processo Eletrônico

PROCESSO ELETRÔNICO

A lei 11.419 de 2006 regulamentou a informatiza-ção do processo judicial. Pro-cesso e peticionamento eletrô-nico, comunicação eletrônica dos atos processuais, assina-tura digital, cadastros e aces-so público aos sistemas foram temas normatizados. Na Bahia todos os Tri-bunais atuam com alguma espécie de sistema de peti-cionamento ou plataforma de processo eletrônico. A Justiça Federal da 1ª Região utiliza o sistema e-PROC para peticio-namento eletrônico. Em 2010 os Juizados do Sul do Estado receberam a plataforma PRO-JUDI e só recebem petições totalmente digitais. Em 2012 o Tribunal de Justiça da Bahia implantou o Sistema híbrido e-SAJ em Itabuna e Ilhéus. Apesar do feito ser eletrôni-co as petições também podem ser encaminhadas por meio de protocolo físico. Neste cami-nho seguiu o TRT da 5ª Re-gião que em 11 de dezembro de 2012 implantou a Platafor-ma PJE-JT em nossa Comar-ca, recebendo exclusivamente processos e petições iniciais por meio digital. A Subseção de Itabuna atuou de forma incisiva para a Capacitação Digital dos(as) advogados(as): Habilitou e

Qualificou Multiplicadores, enviando nossas servidoras, estagiárias e advogados para os cursos de treinamento, promoveu palestras, apresen-tações, oficinas e workshops, treinamento individual e per-sonalizado com profissionais, estudantes, e estagiários(as). De forma inovadora, foi cria-da a Comissão Especial de Processo Eletrônico, formada pelas advogadas Jurema Cin-tra Barreto, Rafaelli Lins Dan-tas, pelo advogado Dartagnan Santos e pela servidora Aman-da Falcão, responsável inicial-mente de montar o curso de capacitação para a plataforma e-SAJ, desenvolveu Manual Passo-a-Passo inédito e aces-sado por causídicos de todo país através da disponibiliza-ção gratuita no site oficial da Subseção. Enquanto empresas privadas assediavam a Subse-ção para oferecer a capacitação de forma excessivamente one-rosa, a diretoria e a assembléia dos advogados implentaram ações produtivas que permitiu a capacitação gratuita de mais de 200 profissionais somente nos meses de novembro e de-zembro de 2012. A informatização da justiça e o uso do processo eletrônico também terá desta-que no Novo Código de Pro-

(Inovações e Desafios)

CAPA

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cesso Civil, como podemos ver no anteprojeto em dis-cussão no Congresso. Os desafios são muitos: capacitar os agentes (servidores, advogados(as), promotores(as), magistrados(as) procuradores(as), autoridades policiais, etc), melhorar e aprimorar as plataformas e sistemas ope-racionais, viabilizar o jus postulandi. Enfim, promover a capacitação digital de forma qualificada, realmente é uma mudança de paradigmas. As vantagens também são muitas: a liquidez dos prazos que terminam as 23h59m de cada dia, a praticidade de realizar atos on line, a transpa-rência dos atos processuais, o fim das cargas de autos, a economia processual e financeira. Outro ganho do uso do meio digital é o Ambiental, pois serão milhares de árvores poupadas e diminuiremos o impacto da atividade advoca-tícia. Pesquisas realizadas em Tribunais que já adotaram o processo eletrônico verificaram que as decisões são mais rápidas e a um custo menor, com economia de recursos públicos, proporcionando acessibilidade a qualquer hora e local do mundo, o processo fica de 25% a 70% mais rápido, garantindo uma melhor prestação jurisdicional.

No site www.oabitabuna.org.br foi criado um link Servi-ços On line/processo eletrônico em que o(a) advogado(a) pode acessar todas as informações sobre aquisição de Certificado Digital, sobre como acessar e utilizar todas as plataformas de Processo eletrônico, vídeo-aulas e o nosso Manual Passo-a-Passo sobre e-SAJ produzido pela pró-pria Subseção.

Em 2013 as oficinas de capacitação continuam e as de-mandas sobre os sitemas e-SAJ e PJE-jt já foram apresentadas à Seccional para que seja encami-nhadas às Corregedorias a fim de aprimoramento das plataformas.

Pensar e repensar o direito, promover transformações sociais, refletir sobre as carreiras jurídicas, interagir com os cursos de gradua-ção e com os acadêmicos. Estimular a cultura jurídica, apoiar lançamento de livros e ações de extensão. Tudo isso fez parte das ações de Formação Continuada promovidas pela OAB Subseção de Itabuna. Durante a ges-tão 2010-2012 foram realizados Três Ciclos de Palestras, oficinas de Capa-citação em processo eletrônico, con-vênios com Cursos de Atualização Jurídica, convênios com Faculdades para fomento da pós-graduação e montamos um curso de Pós-gradu-ação Presencial próprio em parceria

com o Instituto Mentoring . Nosso site está aberto para publicação de artigos jurídicos de profissionais e acadêmicos. Apoiar e divulgar eventos promovidos pe-las universidades e faculdades de direito também fizeram parte des-ta formação permanente, travando parcerias e trazendo cada vez mais benefícios aos advogados(as) gra-piúnas. Com as grandes transfor-mações políticas e sociais que per-passam o Brasil e o Mundo, pensar e refletir o direito é uma atividade cotidiana e com o uso da internet e de nossos perfis em redes sociais conseguimos ampliar os canais de comunicação e socializar todas es-

sas informações de relevância para o aperfeiçoamento profissional. Aproveitamos para agra-decer todas as pessoas que fizeram parte e tornaram os 3 Ciclos de Pa-lestras um sucesso, com milhares de inscritos, e, em especial, agrade-cer aos palestrantes advogados(as), promotores(as), juízes(as) e professores(as) que colaboraram de forma voluntária , e contribuíram para o crescimento da cultura jurí-dica em nossa região, sem esquecer do Clube dos Poetas de Itabuna e da diretoria da FTC que sempre cedeu gratuitamente seu Auditório.

TRANSPARÊNCIA

Para conhecer tudo que acontece no mundo jurídico, os profissionais do direito de Itabuna contam com nossos canais de comu-nicação: banner nas salas de apoio, mala direta por e-mail, site oficial www.oabitabuna.org.br, nosso per-fil no facebook e twitter. Eventos, seminários, calendário do judiciá-

rio, fotos, vídeos e principalmente as ações da diretoria, tudo isso fica disponível principalmente na inter-net. A transparência é um dos pila-res desta gestão, todas as decisões são tomadas de forma participativa e compartilhada em reuniões men-sais que ocorrem na última quinta-feira de cada mês. Todos(as) os(as) advogados(as) tem direito de voz e voto, a população e a sociedade ci-

vil organizada sempre são ouvidas e assim, nossa Instituição cresce em cima dos pilares da democracia, da transparência, da gestão participati-va. Com esta revista, e os projetos da Rádio e TV OAB em fase de conclusão, tornamos nossa Insti-tuição uma porta-voz da sociedade civil, cada vez mais forte, mais atu-ante, com credibilidade e reconhe-cimento público.

FORMAÇÃO CONTINUADA

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Page 16: Revista - Processo Eletrônico

Estava indo para meu escritório de ad-vocacia, como faço todos os dias, ouvindo rá-dio AM para me inteirar das questões grapiú-nas, acho mais interessante. O radialista con-vocava as pessoas para doar sangue à jovem Ingrid Katiuschia, vítima de um ato bárbaro de violência contra mulher. Ingrid encontrava-se em estado gravíssi-mo. Fiquei desolada, e, naquele momento de cho-que, em que a vida daquela mulher encontrava-se por um fio, me vi numa situação de extrema re-flexão e dor, pois como mulher senti que eu, ou qualquer outra, também estava por um fio. Que a qualquer momento poderíamos entrar nessa terrí-vel estatística de homicídios e violência. Fomos condenadas e até ridicularizadas quando percorremos a Cinquentenário, na Mar-cha das Vadias, entretanto um cartaz maravilhoso dizia: “Isto não é sobre sexo, isto é sobre violên-cia.” Assim, com todo o estresse da notícia, come-cei minha jornada pelo Sangue e Suor de Ingrid. Liguei para a emissora e convoquei as mulheres de Itabuna a irem ao Banco de Sangue. Não era só de sangue que ela precisa, mas de apoio, mo-bilização e de um grito de “Basta”, “Chega”. Ingrid precisava viver para que vivo per-maneça nosso sonho de estar em mundo sem vio-lência, um mundo em que possamos gozar plena-mente da liberdade e desfrutar dela sem o câncer do machismo, pois meu sentimento é o de que Rogério não atropelou somente Ingrid, ele esma-gou com seu carro a mulher que está dentro dela, que está dentro de mim; ele esmagou e tentou des-truir a coisa mais importante que conquistamos a duras penas: nossa liberdade. Ele queria esmagar tudo de feminino que tinha nela, ele queria estra-çalhar com sua arma mortal de uma tonelada o seu objeto de desejo: o corpo e a vida de Ingrid.

À INGRID: MEU SANGUE E MEU SUOR

Por Jurema Cintra Barreto,Advogada e Vice-Presidente da OAB-Itabuna

ARTIGO

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O Machismo ainda está impregnado na política, na eco-nomia, nos tribunais, mulheres são minoria nos postos de poder e pior, alguns homens, como este agressor acreditam que têm di-reito de decidirem sobre a vida e a morte de suas mulheres. E, pior, querem dominar seus cor-pos e desejos. Mandar em nossos corações, em nossos destinos. O discurso falacioso im-pera e a dura hostilidade com as mulheres vítimas de agressão, estas seriam culpadas, pois te-riam condutas reprováveis. Pre-

cisamos desconstruir essa ideia, esse mito, pois, além de lutar contra violência física, ainda lu-tamos diariamente contra a vio-lência simbólica. Nenhuma mu-lher pediria para ser atropelada, esmagada, arrastada por um car-ro. Nenhuma mulher merece ter seus ossos quebrados, sua carne exposta, seus órgãos amassados – e seu sangue lavou as ruas des-sa cidade violenta. A autonomia, independên-cia e empoderamento da mulher ainda estão em fase de construção e fomentar o respeito, apesar das

diferenças de gênero se faz neces-sário. Nossas vontades e escolhas precisam ser respeitadas. Fiz pou-co! Uma bolsa de sangue não era o bastante, então mobilizamos a Comissão de Direitos Humanos da OAB para acompanhar o caso de forma emblemática. A condenação da Justi-ça é necessária e essencial, mas acredito que somente uma mu-dança de mentalidades poderá nos salvar. Esse sangue de Ingrid rasgou meu coração, invadiu mi-nha alma e à Ingrid darei todo meu sangue e todo meu suor!!!

CONHEÇA O CASO:

Ingrid foi removida pelo Samu, no Jardim do Ò, na ma-drugada do dia 21 de setembro de 2012, o sistema de emergên-cia tinha sido acionado inicial-mente para remoção de um corpo (falecido), ao chegar ao local os socorristas verificaram poucos sinais vitais e iniciaram os pro-cedimentos de reavivamento. Seu estado era gravíssimo, víti-ma de atropelamento. O agressor evadiu-se do local e não prestou socorro. O veículo passou por cima do corpo cerca de duas ou três vezes. A vítima deu entrada no Hospital de Base de Itabuna com traumatismo craniano, es-calpelamento, diversas costelas

quebradas, clavícula desloca-da, teve a bacia dilacerada, com múltiplas fraturas, hemorragia interna, esmagamento de órgãos, marcas de pneus, lacerações em todo o corpo, entre outras inter-corrências médicas. Ela passou por diversas cirurgias, recebeu dezenas de bol-sas de sangue, ficou em coma in-duzido por longas semanas, teve infecção pulmonar, e, surpreen-dendo as expectativas médicas Ingrid acordou, alguns dias antes de seu aniversário: foi um gran-de presente para a família e todos que torciam por sua recuperação. A ocorrência policial ini-cialmente registrada no plantão foi apurada posteriormente pela DEAM de Itabuna. A Delegada

Titular, Dra. Ivete Silva Santa-na, fez a abertura de Inquérito Policial e conduziu os traba-lhos investigativos. A Comissão de Direitos Humanos da OAB acompanhou todos os atos do Inquérito, na qualidade de Assis-tente. No dia 27 de novembro de 2012 a denúncia oferecida pelo Ministério Público foi distribu-ída no Fórum Ruy Barbosa, já no Sistema e-SAJ sob o número 0300801-57.2012.8.05.0113. O MP e a acusação requereu a qua-lificação do crime como Homi-cídio na Forma Tentada, sendo a competência de apuração do Tribunal do Júri, o juiz do caso Dr. Antônio Carlos Rodrigues de Moraes recebeu a denúncia em todos os seus termos.

O acusado, Rogério Go-mes, é esposo da vítima. Tinham 17 anos de casamento e dois fi-lhos menores, todos convivendo no mesmo lar até a data do crime. Como não houve flagrante, ele res-ponde em liberdade e possui advo-gado constituído, assegurando-lhe a garantia da ampla defesa. A Assistência requereu além da prisão preventiva, as Me-didas Protetivas da Lei Maria da Penha, em face do agressor já res-ponder a outros processos penais, ainda em fase de julgamento. Ingrid se recupera em sua casa, com auxílio de sua família e de amigos, por não trabalhar, não recebe nenhum benefício previdenciário ou assistência financeira. Necessita de acom-panhamento médico constante, fisioterapia permanente e inter-

venções de ordem estética diante das grandes cicatrizes e marcas que ficaram em diversas partes do seu corpo, inclusive o rosto.As advogadas da Comissão de Direitos Humanos da OAB Ita-buna - Lara Kauark e Jurema Cintra Barreto - acompanham o caso e mantém contato direto com a família. Os advogados cri-minalistas David Pedreira e Do-mingo Arjones também foram constituídos como Assistentes e atuarão na fase do Júri, este úl-timo, conceituado advogado da Capital baiana voluntariou-se quando viu a ampla divulgação da imprensa e a barbaridade do crime. Com a Ação Judicia-lal correndo na Vara do Júri e Execuções Penais de Itabu-na, o processo será finaliza-

do com o julgamento popular e os sete jurados escolhidos entre pessoas do povo irão, diante das provas e do devi-do processo legal, apreciar a culpa do acusado.

Nos casos de violência contra a mulher, o silêncio e o medo das vítimas deixam impu-nes milhares de agressores. Os crimes não são comunicados às autoridades, e em face da natu-reza doméstica, difíceis de serem provados. Fazer com que um agressor de mulheres chegue ao ápice da Instância Penal que é o Tribunal do Júri, além de ser algo inédito, será a grande oportuni-dade que Itabuna terá para afir-mar sua indignação contra esta barbárie que deve ser erradicada de nossa sociedade.

Page 18: Revista - Processo Eletrônico

Cursei os três primeiros anos no prédio que fica na Rua Direita da Piedade, 16, onde funciona atualmente a Ordem dos Advogados do Brasil, Se-ção da Bahia. Naquele mesmo prédio perto do Gabinete Por-tuguês de Leitura, que tem sua história ligada intimamente com a Justiça, desde a inauguração em 1931 quando então abrigou a Faculdade Livre de Direito da Bahia, primeira instituição de ensino do Direito no Estado. Os dois últimos anos que cursei foram no novo pré-dio da faculdade, localizado na Rua da Paz, bairro da Graça, Vale do Canela. A tarefa que os alunos veteranos impuseram-me no primeiro dia de faculda-de foi a de fazer um discurso que elogiasse o Direito e a figu-ra de Teixeira de Freitas. Diante do busto do jurista maior devia empolgar com o meu discurso os alunos veteranos, que me ro-deavam entre curiosos e inquie-tos. Sem gaguejar, sério, sole-ne, com as palavras saindo da garganta inflamada permeadas de verdades essenciais provin-das do saber jurídico. Um dis-curso retumbante, desses que impressionam a quem ouve em razão da cultura do orador e de sua percepção crítica das coi-

sas, marcada por sentimentos profundos nas afirmações ca-tegóricas, falou para mim com o dedo em riste um estudante veterano. Um discurso para fi-car na história dos trotes que os alunos mais velhos aplicavam infalivelmente nos que estavam ingressando na gloriosa Facul-dade de Direito da Universida-de Federal da Bahia. E, como as palavras na-quele meu discurso primeiro fo-ram saindo atônitas, não empol-gando em nenhum trecho, nada dizendo sobre a figura notável de Teixeira de Freitas no mundo do Direito, desprovido assim de saberes e verdades essenciais, eu só podia receber vaias, apupos e assobios dos alunos veteranos, que inconformados e impacien-tes pacientes ouviam-me. Passei pelo vexame de ter os cabelos cortados, ali mesmo junto ao busto de Teixeira de Freitas. A infame de uma tesoura cega foi fazendo estradinhas e buracos na pobre da cabeleira indefesa, tratada até aquele instante com esmero, através de brilhantina no pimpão imitando artista de cinema americano. Como tantas outras, mi-nha turma da Faculdade de Di-reito teve colegas bem-sucedi-dos como legítimas vocações no

exercício da advocacia. Juízes de Direito, alguns ingressando no Tribunal de Justiça. Um deles tornou-se acentuada expressão como representante do Minis-tério Público. Outro se afirmou como tributarista de primeira grandeza, e mais outro preferiu ser político no cenário federal. Teve até quem optasse em ser empresário no ramo de hotela-ria, padre ou divino maestro no reino iluminado de Beethoven. Porém, pregando mais uma de suas travessuras e sal-tando da memória de repente, eis que risonho vejo diante de mim neste instante um colega que deu as mãos à criação lite-rária como forma de leitura crí-tica da vida. Falo do colega João Ubaldo Ribeiro, com o seu jeito brincalhão de circular naque-la querida Faculdade de Direi-to. Uma vez fez uma prova de Direito do Trabalho em versos e ganhou do professor Élson Gottschalk a nota máxima. Ou-tra vez, quando soube que ha-via passado de ano, subiu numa cadeira da cantina e, em transe, como se algum espírito de luz tivesse se apossado dele, come-çou a recitar Shakespeare em inglês clássico. Com aquela ca-beça grande de baiano em que

Aquela faculdade de Direito

Para João Eurico Matta

CRÔNICA

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formigavam histórias, goza-ções repentinas, que pegavam os colegas sem defesa, só podia João Ubaldo Ribeiro dá no que deu. Em vez de advogado mili-tante, dotado de vasto saber ju-rídico, fôlego de sete gatos para enfrentar os litígios forenses, tornou-se em pouco tempo o romancista consagrado de Viva o Povo Brasileiro. Olho para trás e procuro no fumo do tempo aqueles anos que passei na Faculdade de Direito, de 1958 a 1962. Exa-tamente no dia 6 de dezembro deste ano faço cinqüenta anos que terminei o curso de Direi-to e de uma coisa tenho certeza que aprendi. O homem veio, em sua caminhada difícil, juntan-do no tempo milenar, todos os dias, essas regras que se fixam em artigos, parágrafos e incisos para devolver ao homem o que

é dele próprio: a inteligência. Sem essas regras coercitivas, novas e tão velhas, que ele trou-xe dos longes comoventes, eu não acuso o céu que tosse, o rio que chora água e morre de sede, a lágrima que pende da árvore, o índio banido da taba na fuga em grito e sendo soterrado sem dó até o último gemido. Eu não acuso o exílio da flor nas ruínas da flora, o pássaro ferido nas cinzas da fauna. Não me insur-jo contra o menino algemado. Não proclamo a semente pro-funda da humana alegria dos dias no azul, o rosto pendoado no calor das mãos que acalenta a justiça como flor sonora. Nem sequer dou conta e curo minhas pequenas queimaduras. Sem esse tempo forjado pelo Direito, através de nor-mas que estabelecem condutas e me levam à Casa da Justiça

para que entreguem o que só pertence a mim, não me deixo acontecer livre porque prefiro a selva no galope sem trégua, desconhecendo-me no ajuste fundamental das nossas rela-ções precárias, finitas e contra-ditórias. Santo Deus, quantas vezes manchadas de violência nos dias de hoje. Não me dei-xo seguir íntegro no enigma da vida, nos conformes de quem precisa ser sujeito, probo, leal, franco e sincero. Nem dos outros posso exigir certas obrigações ou a abstenção de alguns atos que me aproveitam como animal social com fome de sobrevivên-cia e sede de paz.No dilema dos ventos.

*Cyro de Mattos é advogado aposentado. Escritor e poeta. Premiado no Brasil e exterior.

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Habeas PinhoPor Gustavo Felicíssimo

Na Paraíba, alguns elementos

que faziam uma serenata em praça

pública, atrapalhando o sono da

vizinhança, foram presos. Embora

liberados no dia seguinte, o violão

foi detido. Tomando conhecimento

do acontecido, o então jovem

advogado, Ronaldo Cunha Lima,

que foi prefeito de Campina Grande,

Deputado, Governador da Paraíba e

Senador, enviou uma petição ao Juiz

da Comarca, em versos, solicitando

a liberação do instrumento musical.

Tal petição enfeita, hoje, salas

de advogados e bares pelo

Brasil todo, tendo ficado

popularmente conhecida

como “Habeas Pinho”.

CULTURA

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Senhor Juiz. Roberto Pessoa de Sousa O instrumento do “crime”que se arrola Nesse processo de contravenção Não é faca, revolver ou pistola, Simplesmente, Doutor, é um violão. Um violão, doutor, que em verdade Não feriu nem matou um cidadão Feriu, sim, mas a sensibilidade De quem o ouviu vibrar na solidão. O violão é sempre uma ternura, Instrumento de amor e de saudade O crime a ele nunca se mistura Entre ambos inexiste afinidade. O violão é próprio dos cantores Dos menestréis de alma enternecida Que cantam mágoas que povoam a vida E sufocam as suas próprias dores. O violão é música e é canção É sentimento, é vida, é alegria É pureza e é néctar que extasia É adorno espiritual do coração. Seu viver, como o nosso, é transitório. Mas seu destino, não, se perpetua. Ele nasceu para cantar na rua E não para ser arquivo de Cartório. Ele, Doutor, que suave lenitivo Para a alma da noite em solidão, Não se adapta, jamais, em um arquivo Sem gemer sua prima e seu bordão Mande entregá-lo, pelo amor da noite Que se sente vazia em suas horas, Para que volte a sentir o terno açoite De suas cordas finas e sonoras. Liberte o violão, Doutor Juiz, Em nome da Justiça e do Direito.

É crime, porventura, o infeliz Cantar as mágoas que lhe enchem o peito? Será crime, afinal, será pecado, Será delito de tão vis horrores, Perambular na rua um desgraçado Derramando nas praças suas dores? Mande, pois, libertá-lo da agonia (a consciência assim nos insinua) Não sufoque o cantar que vem da rua, Que vem da noite para saudar o dia. É o apelo que aqui lhe dirigimos, Na certeza do seu acolhimento Juntada desta aos autos nós pedimos E pedimos, enfim, deferimento.

O juiz Roberto Pessoa de Sousa, por sua vez, despachou utilizando a mesma linguagem do poeta Ronaldo Cunha Lima: o verso popular.

Recebo a petição escrita em verso E, despachando-a sem autuação, Verbero o ato vil, rude e perverso, Que prende, no Cartório, um violão. Emudecer a prima e o bordão, Nos confins de um arquivo, em sombra imerso, É desumana e vil destruição De tudo que há de belo no universo. Que seja Sol, ainda que a desoras, E volte à rua, em vida transviada, Num esbanjar de lágrimas sonoras. Se grato for, acaso ao que lhe fiz, Noite de luz, plena madrugada, Venha tocar à porta do Juiz.

*Gustavo FelicíssimoEscritor e Editor da Mondrongo Livros

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Há quem conspire contra as leis da naturezaImpondo à força seu desejo de poder,Há quem desfaça da ternura e da belezaColhendo aquilo que maltrata e faz sofrer...

Mas há também quem lute contra a safadezaTratando a Lei com segurança e com dever,No mundo insano permitindo que a defesaDe um inocente seja feita por prazer...

Há quem achaque o nosso Código CivilE tudo mais que só nos traz bom resultado,Há quem deseje manter tudo com fuzil

A ver na Lei, único bem já conquistado...

- Ainda bem que existe neste mundo hostilA luz da Lei na mão de todo Advogado!

Lourival P. Piligra Júnior, nascido em Itabuna. Professor do curso de filosofia da

UESC, com mestrado pela UFPB, já tendo ministrado cursos na área da Filosofia do Di-

reito. É autor de Fractais (1996) e A odisséia de Jorge Amado (Editus, 2012).

Ode aoAdvogado

Piligra

POESIA

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