revista ordem dos farmacêuticos e folhas/revista da... · revitalizar a farmacologia” ......

28
"O farmacêutico tem um papel fundamental" Para o ministro da Saúde, José Van-Dúnem, o farma- cêutico tem um papel essen- cial ao assegurar que o medi- camento que entrega à população é de qualidade, seguro e viável, o que tam- bém "contribui para que o Executivo cumpra os objecti- vos traçados neste sector". Em entrevista exclusiva, o responsável considera que a Ordem dos Farmacêuticos de Angola constitui "uma realidade organizacional extraordinária que concorre para a estabilidade da classe, o diálogo, a concertação e para fazer crescer os profis- sionais que a integram". de ANGOLA REVISTA da Farmacêuticos Ordem dos Trimestral | Ano I Número 3 JUL-SET 2014 Director: Boaventura Moura 1ª Semana da Farmácia Angolana O mega encontro está à porta. Farmacêuticos querem dar à população o acesso real a medicamentos com quali- dade. Para tal, vão avaliar o im- pacto produzido pela procla- mação da Ordem - há um ano atrás - e debater propostas de importantes desafios a imple- mentar a partir deste encon- tro. | Pág. 11 e 12 Nsingui António “Angola deve aproveitar os recursos naturais para revitalizar a farmacologia” O mais antigo farmacêutico angolano defende que Angola, país localizado nu- ma zona tropical rica em recursos natu- rais, deve aproveitar essa riqueza para re- vitalizar a farmacologia angolana, tanto no fabrico de fármacos convencionais, como na produção de medicamentos naturais. | Pág.19 Ministro da Saúde, José Van-Dúnem Resistência antimicrobiana: uma ameaça crescente No decorrer das últimas dé- cadas, o desenvolvimento de fár- macos eficientes para o combate de infecções bacterianas revolu- cionou o tratamento médico. Mas a sua disseminação fez com que as bactérias desenvolvessem defesas contra os agentes an- tibacterianos. | Págs.13 a 16

Upload: vonhi

Post on 16-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

"O farmacêuticotem um papel fundamental"Para o ministro da Saúde, José Van-Dúnem, o farma-cêutico tem um papel essen-cial ao assegurar que o medi-camento que entrega à população é de qualidade,seguro e viável, o que tam-bém "contribui para que oExecutivo cumpra os objecti-vos traçados neste sector". Em entrevista exclusiva, o responsável considera quea Ordem dos Farmacêuticosde Angola constitui "umarealidade organizacional extraordinária que concorrepara a estabilidade da classe,o diálogo, a concertação epara fazer crescer os profis-sionais que a integram".

de ANGOLA

REVISTA da

FarmacêuticosOrdem dos Trimestral | Ano I

Número 3JUL-SET 2014

Director: Boaventura

Moura

1ª Semana da Farmácia AngolanaO mega encontro está à porta.Farmacêuticos querem dar àpopulação o acesso real amedicamentos com quali-dade. Para tal, vão avaliar o im-pacto produzido pela procla-mação da Ordem - há um anoatrás - e debater propostas deimportantes desafios a imple-mentar a partir deste encon-tro. | Pág. 11 e 12

Nsingui António

“Angola deve aproveitar osrecursos naturais para revitalizar a farmacologia”O mais antigo farmacêutico angolanodefende que Angola, país localizado nu-ma zona tropical rica em recursos natu-rais, deve aproveitar essa riqueza para re-vitalizar a farmacologia angolana, tantono fabrico de fármacos convencionais,como na produção de medicamentosnaturais. | Pág.19

Ministro da Saúde, José Van-Dúnem

Resistência antimicrobiana: umaameaça crescenteNo decorrer das últimas dé-cadas, o desenvolvimento de fár-macos eficientes para o combatede infecções bacterianas revolu-cionou o tratamento médico.Mas a sua disseminação fez comque as bactérias desenvolvessemdefesas contra os agentes an-tibacterianos. | Págs.13 a 16

Page 2: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Este é o seu Website! Consulte-o regularmente.

Informação actualizada sobre a profissão

e o sector farmacêutico

www.ordemfarmaceuticosangola.org

Page 3: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

C

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Boaventura MouraBastonário e Presidente do Conselho Nacional

EditorialRevista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola |3 Julho/Setembro 2014

Caro colega,

Há um ano atrás, precisamente a 25 de Outubro de 2013, procla-mámos, com orgulho merecido, a constituição da nossa Ordemdos Farmacêuticos de Angola (OFA).

Durante este período, procurámos fazer o nosso trabalho de casa.Passos decisivos foram dados com vista ao reforço da nossa orga-nização: lançámos o Web site e mantivemo-lo permanentementeactualizado, definimos os valores da jóia e quotas, abrimos a sede,registámos todos os nossos membros - que hoje já são 459 no total-, iniciámos o seu processo de registo, criámos as comissões cientí-ficas, nomeámos os seus integrantes, elegemos os nossos delega-dos provinciais, editámos regularmente a nossa revista trimestral,programámos um curso de formação e cumprimos o compromis-so da realização da I Semana da Farmácia Angolana que terá lugarnos próximos dias 7 e 8 de Outubro.

Com um programa científico de excelência, a participação de pre-lectores nacionais de alto gabarito e de convidados de países lusó-fonos, este evento destina-se a avaliar o impacto produzido pelaproclamação da OFA e a debater propostas de outros desafios queserão avançados, discutidos e possivelmente programados, a par-tir do encontro. Ao mesmo tempo, a Semana constitui tambémuma oportunidade para uma sã convivência entre os associados.

Finalmente, não podemos deixar de destacar a entrevista exclusi-va que o Senhor Ministro da Saúde concedeu à nossa revista, quemuito nos honrou, onde aborda temas do maior interesse para aclasse, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo.

Contamos consigo!

ActualidadeGarantir a qualidade de medicamentos é prioridade |Pág. 4

Conselho FarmacêuticoO folheto informativo, ou bulaTrata-se de um documento com informação destinada ao utente e, comotal, deve ter informação clara e acessível de forma a tornar segura a administração do medicamento. |Pág. 6

EntrevistaMinistro da Saúde, José Van-DúnemO dirigente, entrevistado nesta edição, considera que a Ordem dos Farma-cêuticos de Angola é uma organização fundamental para o diálogo, a con-certação e para fazer crescer os profissionais que a integram. |Págs. 8 a 10

Eventos1ª Semana da Farmácia AngolanaFarmacêuticos querem dar à população o acesso real a medicamentos comqualidade. Para tal, vão avaliar o impacto produzido pela proclamação daOrdem - faz agora um ano - e debater propostas de importantes desafiosque serão avançados e programados a partir deste encontro. |Págs. 11 e 12

Folha FarmacoterapêuticaResistência antimicrobiana: uma ameaça crescente |Págs. 13 a 16

ReportagemCasos de sucesso de farmácias em Angola (II)À semelhança da edição anterior, os jornalistas da revista da OFA saíram àrua e foram conhecer de perto alguns bons exemplos de farmácias no país.Saiba como são geridas, quais as suas estratégias, princípios orientadores,objectivos e como se preparam para o futuro. |Págs. 17 e 18

FarmacologiaNsingui António“Angola deve aproveitar os recursos naturais para revitalizar a farmacologia” |Pág. 19

FormaçãoFarmacêutico deve ser a esperança do doenteCurso de capacitação dirigido aos finalistas do curso de ciências farmacêu-ticas na UniPiaget. |Pág. 20O atendimento ao público nas farmácias de AngolaNão basta dar emprego, é necessário dotar os colaboradores de conheci-mentos e competências que vão ajudá-los a integrarem-se em verdadeirasequipas de trabalho. |Pág. 21

Espaço AFPLPContrafacção de medicamentos: um desafio global |Págs. 22 e 23

PerspectivasHorizonte 2025Através da estratégia “Angola 2025”, o país assumiu o compromisso de daruma resposta ao desenvolvimento sustentável, tendo como um dos eixos pri-oritários de acção a promoção do desenvolvimento humano. |Págs. 24 e 25

IndústriaBIAL comemora 90 anosA farmacêutica BIAL comemora este ano o seu 90º aniversário. |Pág. 26

O nosso primeiroaniversário

Índice

Ficha TécnicaPropriedade:Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:Boaventura Moura | Con-selho editorial: João Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e Santos Nicolau | Endereço:Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga, Luanda, Angola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912847 892 | E-mails: [email protected] [email protected] | Web site:www.ordem-farmaceuticosangola.org | Editor: Rui Moreira de Sá - Marketing For You, Lda / Jornal daSaúde www.marketingforyou.co.ao | Redacção: Francisco Cosme; Magda Cunha Viana |Publicidade: Maria Luísa Tel.: (+244) 928 013 347 / 923 276 837 | Periodicidade:trimestral| Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão e acabamento:Edições An-gola| Tiragem:3.000 exemplares

Page 4: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

A aquisição de medicamentos de acordocom o nível de atendimento e no cumpri-mento escrupuloso da lei, a revitalização doPrograma de Medicamentos Essenciais, a ca-pacitação de técnicos, a construção de depó-sitos de medicamentos nas províncias e o seutransporte em viaturas apropriadas, sobre-tudo aqueles que exigem refrigeração, são al-gumas das conclusões do “Workshop sobreo Sistema de Informação e Logística dos Pro-dutos Farmacêuticos e Meios Médicos", rea-lizado a 8 e 9 de Setembro, na Escola de For-mação de Técnicos de Saúde, em Luanda.

Aberto pelo Secretário de Estado da saú-de, Carlos Alberto Masseca, e organizado pe-la Direcção Nacional dos Medicamentos eEquipamentos em parceria com o Fundo dasNações Unidas para a População (UNFPA), oevento teve como participantes chefes de de-partamento de Saúde Pública, responsáveisdo Depósito de medicamentos e equipamen-tos, e supervisores dos programas de Medi-camentos Essenciais e Saúde Sexual e Repro-dutiva das 18 províncias de Angola.

A formação de técnicos em Farmacovigi-lância em todas as unidades de saúde, comvista a detectar precocemente reacções ad-versas e a reportá-las a nível nacional, bemcomo o alerta para medicamentos de baixaqualidade, foram também conclusões desteencontro.

Tendo sido apresentados novos modelosde recolha de informação ligada à saúde se-xual e reprodutiva, os participantes sugeri-ram o aperfeiçoamento dos mesmos e a con-sequente formação de pessoas que os vãousar.

Logística afinadaEm declarações à revista da OFA, a represen-tante do Fundo das Nações Unidas para a Po-pulação (UNFPA), Kourtoum Nacro, afirmouque o maior desafio desta agência interna-cional de desenvolvimento é promover o di-reito de cada mulher, homem e criança a vi-ver uma vida saudável, com oportunidadesiguais. A responsável referiu ainda que oworkshop se realizou por existir um objectivocomum de que as áreas de logística funcio-nem em boas condições e possam dar infor-mação fiável, garantindo uma melhor moni-torização da gestão dos stocks, em funçãodos dados de todas as Províncias, para esta-

belecer melhor o equilíbrio da distribuiçãodos produtos das unidades hospitalares.

Face às situações de ruptura de stocks quetêm vindo a registar-se, foi atribuído, noevento, e para cada Província, um computa-dor com software moderno de forma a poderser efectuado um registo melhor dos dadosepidemiológicos. Estará à disposição dos téc-nicos destas unidades um consultor da UNF-PA, no sentido de optimizar o equipamentoe mecanismos do sistema de informação e lo-gística.

O acto de encerramento foi presidido peloministro da Saúde, José Van-Dúnem, que en-fatizou os temas abordados, recomendandoque sejam postos em prática, para um servi-ço de saúde humanizado e de melhor quali-dade.

Garantir a qualidade de medicamentos é prioridade

4 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola

Actualidade

A revitalização do Programa de Medicamen-tos Essenciais e a capacitação de técnicosforam algumas das conclusões do “Workshopsobre o Sistema de Informação e Logística dosProdutos Farmacêuticos e Meios Médicos", re-alizado a 8 e 9 de Setembro, na Escola de For-mação de Técnicos de Saúde, em Luanda

A representante do Fundo das NaçõesUnidas para a População (UNFPA), Kour-toum Nacro, em breve entrevista àmargem do workshop, disse que têm sidolevados a cabo em Angola vários projectosde impacto social, nomeadamente nas es-truturas de saúde, entre outras áreas.Referiu, como exemplo, o apoio do Fundoao centro de tratamento de fístulas no hos-pital da Damba, Uíge, através da doação deequipamentos médicos, medicamentos,formação especializada ao director e a or-ganização de um workshop anual com um

especialista da área, o médico MichaelBreen, para a realização de intervençõescirúrgicas complicadas. O apoio estendeu-se ainda à formação de médicos e enfer-meiros angolanos, beneficiando profis-sionais das províncias do Uíge, Bié, Luan-da e Cunene e, também, a participação decirurgiões angolanos na Conferência In-ternacional sobre Fístula Obstétrica. EmNovembro próximo está prevista a realiza-ção de um workshop sobre fístula obstétri-ca, em parceria com a maternidade Lucré-cia Paím.

O apoio do UNFPA a projectos sociais

KOURTOUM NACRO"O nosso objectivo comum éque as áreas de logística funcionem em boascondições e possam dar informação fiável, garan-tindo uma melhor monitorização da gestão dosstocks, em função dos dados de todas as Provín-cias, para estabelecer um melhor equilíbrio dadistribuição dos produtos das unidades hospita-lares"

Julho/Setembro 2014

Page 5: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade
Page 6: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

O Folheto Informativoou Bula - palavra que vem do latim e quer dizer selo,oval ou circular, com o nome ou imagem de seu dono, usado em documentosoficiais - define-se como a informação escrita que acompanha o medicamen-to.

Neste folheto o utente poderá encontrar informações como o nome do fármaco,o modo e via de administração, a categoria do medicamento (ex.: anti-inflama-tório), informações ao paciente, informações técnicas, indicações, contra-in-dicações, precauções especiais de utilização, reacções adversas, interacçõesmedicamentosas, posologia, medidas a adoptar em caso de sobredosagem, no-me ,morada do fabricante e responsável pela autorização de entrada no mer-cado.

Há alguns anos o folheto informativo era uma cópia das partes relevantes doResumo das Características do Medicamento (RCM) e apresentava uma lin-guagem com termos técnicos e científicos. Esta linguagem não era bem com-preendida pelo utente podendo originar más interpretações e, consequente-mente, erros na administração dos fármacos. Surgiu assim o conceito de legi-bilidade.O conceito de legibilidade é uma qualidade que determina a facilidade de lei-tura, compreensão e interpretação de um texto. Ou seja, este conceito é um fac-tor essencial para interpretação do folheto informativo.

Actualmente, os fabricantes ou responsáveis pela autorização de entrada demedicamentos no mercado devem apresentar a comprovação da legibilidadedo folheto através da apresentação de testes de legibilidade efectuados a umpúblico-alvo. A informação a constar no folheto deve espelhar o resultado destestestes.

O folheto informativo é um documento com informação destinada ao utente edeve ter informação clara e acessível de forma a tornar segura a administraçãodo medicamento.

Referências1. http://www.sinprafarmas.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11&Ite-mid=45 2.http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAI-BA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/Siaba_mais_Folheto_Informativo.pdf 3.3.http://www.infarmed.pt/infarmed_noticias/html/31/08.htm4.http://pt.wikipedia.org/wiki/Legibilidade

Dr.ª Helena Vilhena

O Folheto InformativoNesta edição faremos uma breve abordagem sobre o Folheto Informativo.

Dr.ª Lucinda Figueiredo

6 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola

Conselho FarmacêuticoJulho/Setembro 2014

Page 7: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade
Page 8: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Entrevista8 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

— Como deverá ser a farmácia do futuro? Em quesentido deve caminhar?— Primeiro, a exploração económica da farmácianunca deverá estar dissociada do sentimento de pres-tação de um serviço público. O próximo passo a daré organizar o sector farmacêutico de modo a que to-dos os bairros tenham uma farmácia disponível du-rante 24 horas.

Eu sei que para os proprietários das farmácias estetema nem sempre é grato. Vai implicar mais pessoale, consequentemente, custos adicionais em horas.

Do ponto de vista financeiro não é muito lucrativo,pois o número de utentes diminui nesse período tar-dio. Mas temos a obrigação de servir a população. Talcomo os enfermeiros e médicos que trabalham nasclínicas durante 24 horas, também a farmácia, comoestabelecimento de saúde, como local onde se vãocomprar medicamentos com segurança, deverá estardisponível 24 horas por dia a prestar serviços de saú-de à população.

Por exemplo, queremos combater a obesidade econtrolar a diabetes. Para isso os utentes têm que me-dir a tensão arterial, o peso, a glicemia,... e esse é umserviço que pode ser prestado na farmácia.

A farmácia pode também criar “nichos” de medi-camentos que respondam ao padrão epidemiológico.

Se há muitos casos de diabéticos, a farmácia pode terum nicho de resposta para estes doentes, com medi-camentos e aconselhamento de alimentação ade-quados. Se a prevalência de doença no bairro for depessoas com hipertensão, deve disponibilizar anti-hipertensivos eficazes e seguros a preços suportáveispara a população, quer sejam genéricos ou produtosde marca, desde que ofereçam um bom preço.

As farmácias não têm de vender cartões de saldo.Consideramos que este tipo de comércio não é com-patível, não se deve misturar, em detrimento de ou-tras actividades ligadas à saúde.

Outro aspecto que nos preocupa é a distância en-tre as farmácias. Segundo a lei, deve haver pelo menos500 metros de distância entre uma farmácia e a outra.Actualmente isto não se verifica. Quem quer abriruma farmácia pergunta ao proprietário de uma far-mácia já existente se ele se importa que abra um es-tabelecimento a 200 metros. Isto não pode ser. Temosque cumprir a lei. Se são 500 metros é isso que tem deser. Não é a farmácia que lá está que tem de dar auto-rização para que uma outra seja instalada.

Finalmente, a questão da dimensão do depósito.A lei terá de ser revista. Os actuais 300 metros quadra-dos exigidos para o armazém estão desajustados. Porexemplo, quem quer vender insulina, ou desenvolverum outro nicho de especialidade, não necessita de300 metros quadrados, como precisaria se comercia-lizasse gastáveis ou equipamentos mais volumosos.

Todos estes aspectos têm de ser avaliados paraque possamos ter mais qualidade e mais eficiência.E temos de trabalhar também para que as farmáciase os armazéns sejam locais agradáveis onde o clientese sinta bem atendido, com afabilidade e respeito, on-de se humanize a relação entre os farmacêuticos, ostécnicos de farmácia, os proprietários e os utentes. — Qual a importância da profissão farmacêuticano quadro dos profissionais de saúde e no con-texto do SNS?— Uma das vertentes mais importantes da prestaçãode cuidados tem a ver com os farmacêuticos. Os mé-dicos prescrevem, mas quem estuda o medicamento,quem está preocupado com a farmacocinética domedicamento, a maneira como é conservado, é o far-macêutico.

A farmácia presente em todos os bairros, 24 horas por dia, como localonde se compram medicamentos com segurança, e com “nichos” demedicamentos que respondam ao padrão epidemiológico, são preocupações e orientações do Ministro da Saúde. Em entrevista à revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola (OFA), o dirigentedisse ainda que, entre os profissionais da saúde, o farmacêutico temum papel fundamental ao assegurar que os medicamentos que prepara e disponibiliza junto à população são de qualidade, o que vaipermitir ao Executivo cumprir os objectivos traçados neste sector.Para José Van-Dúnem "a Ordem dos Farmacêuticos de Angola constitui uma realidade organizacional extraordinária que contribuipara a estabilidade da classe".

" A Ordem dos Farmacêuticos de Angolaé uma organização fundamental para o diálogo, a concertação e para fazercrescer os profissionais que a integram"

Ministro da Saúde, José Van-Dúnem

Francisco Cosme, Magda Viana, Rui Moreira de Sá Fotos:Walter Fernandes

Page 9: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 9Julho/Setembro 2014

Entre os profissionais do sector da saúde, o farma-cêutico tem um papel fundamental na garantia daprestação de serviços de qualidade à nossa popula-ção, ao assegurar que os medicamentos que são ofe-recidos têm a qualidade que vai permitir atingir osobjectivos a que nos propusemos.

A actividade dos farmacêuticos é ampla. Tem vá-rias componentes – da distribuição do medicamen-to, à sua conservação e produção.

Infelizmente, a indústria farmacêutica angolana– a produção de medicamentos em Angola – tempouca relevância no país. Há uma pequena fábricaque funciona na produção de medicamentos, maso futuro não vai ser esse. Isto vai ser alterado. Nosanos vindouros, muitos dos nossos farmacêuticosvão trabalhar nas várias componentes das unidadesfabris. É preciso haver uma monitoria do processoda produção dos medicamentos, desde a quarente-na da matéria-prima, até à quarentena dos medica-mentos concluídos que permitam garantir que oproduto final oferecido à população é de qualidade,seguro e fiável.— Qual a importância da criação da Ordem dosFarmacêuticos de Angola?— Dada essa importância do medicamento e dosfarmacêuticos, como acabei de referir, o facto des-tes profissionais de saúde disporem de uma orga-

nização de classe em que estejam agrupados, orga-nizados, é fundamental: para a sua estruturação etambém porque aumenta a sua capacidade de diá-logo com os vários agentes patronais, quer do sec-tor público, quer do privado. E ainda porque gene-ralizam as boas práticas. A OFA é assim um elemen-to fundamental para o diálogo, a concertação e pa-ra que se estabeleçam meios de crescimento cons-tante dos profissionais que a integram.

Por tudo isto, a Ordem dos Farmacêuticos cons-titui uma realidade organizacional extraordináriae contribui para a estabilidade da própria classe. — Como está a decorrer a implementação equal o impacto da Política Nacional Farmacêu-tica estabelecida pelo Decreto Presidencial nº180/10?— A Política Nacional Farmacêutica constitui uminstrumento importante de regulação. Estamos aimplementar. Mas nesta fase da implementaçãosentimos a necessidade de regulamentar alguns as-pectos da política. Vai ser o próximo passo. Para es-sa regulamentação temos de contar com os farma-cêuticos, quer do sector privado, quer do público,que estão inscritos na Ordem. Mas também comoutros beneficiários do medicamento: os grossis-tas, os retalhistas, a população, os médicos, os en-fermeiros...

JOSé VAn-DúnEM "Temos de trabalhar também para que as farmácias e os armazéns sejam locais agradáveis onde o cliente se sinta bem atendido, com afabili-dade e respeito, onde se humanize a relação entre os farmacêuticos, os técnicos de farmácia, os proprietários e os utentes"

Mensagem "Queria deixar umapalavra de muito apreçoaos farmacêuticos e téc-nicos de farmácia pelotrabalho que têm vindoa realizar para melhoraro Sistema Nacional deSaúde, e desejar que, noprimeiro aniversário dacriação da OFA,aproveitem para reflec-tir sobre os passos que jáderam para melhorar asaúde dos angolanos e oque, juntos, aindapoderão fazer para quecontinue a melhorar evenha, no futuro, a sertudo aquilo que dese-jamos"

Page 10: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

ACESSO AOS mEDiCAmENtOS— Como vê a questão dos preços dos medica-mentos?— Desejamos que os produtos farmacêuticos se-jam vendidos a preços que a população possacomportar. Infelizmente, o preço dos medicamen-tos não é o que nós gostaríamos que fosse. Deacordo com informações que circulam a nível daregião, os nossos preços são muito mais caroscomparativamente a outros países da nossa áreageográfica. — E a que se deve este nível de preços?— Deve-se ao facto da estrutura para se monitoraro preço apresentar alguma fragilidade. Pratica-mente todos os medicamentos são importados. Ocontrolo que se faz é relativo à margem que, tantoo grossista, como o retalhista, acrescentam nopreço. O ponto fraco é que não há limites de varia-ção de medicamentos. Por exemplo, ao ser com-prada uma aspirina por 5 kwanzas, a margem dogrossistas é “x” e a margem do retalhistas é “y”. Seessa mesma aspirina for adquirida por meio cên-timo, a margem do grossista continua a ser “x” e ado grossista é “y”. Isto não está errado. O que estámal é o facto de não haver um limite de variação.Portanto, quem compra mal transmite essa inefi-ciência para o utente final, através da cadeia dedistribuição. Em última instância recai sobre outente que vai pagar o preço final, por ter sido, ini-cialmente, comprado mal lá fora. Em resumo, sejacomprada a 5 cêntimos ou a 0,5 cêntimos o que secontrola são apenas as margens que incidem so-bre o preço, em vez de se controlar o preço na ori-gem. Enquanto não interviermos a esse nível, nalei, vamos ter sempre os medicamentos caros.

Outra forma de intervir é produzir localmente.Quando isto acontecer o próprio mercado vai fa-zer com que os preços se regulem. Mesmo o au-mento da oferta já faz com que alguns desses me-dicamentos sejam hoje muito mais baratos. E a in-trodução dos genéricos tem estado a ajudar signi-ficativamente. De qualquer forma, mesmo o preçodos genéricos é ainda muito elevado em Angola.Tudo isto constitui um trabalho que temos de rea-lizar.— O Estado comparticipará os medicamentosno caso de doenças crónicas?— Estamos a trabalhar na regulamentação para acomparticipação do Estado no preço dos medica-mentos para doenças crónicas. Se disponibiliza-mos tuberculostáticos e antiretrovirais gratuita-mente, temos que, com a mesma lógica, trabalharpara que quem sofre de diabetes ou hipertensão te-nha, também, os medicamentos comparticipados.

Mas há outros actores que são chamados paraesta decisão, nomeadamente a Segurança Sociale o ministério das Finanças. Que nível de financia-mento poderão suportar? Teremos primeiro quefazer bem o trabalho de casa antes de falarmoscom estas entidades.

Mas o princípio é de que vamos trabalhar paraque haja uma comparticipação nos preços dosmedicamentos para doenças crónicas, de modo aque sejam suportáveis por todos os bolsos e nãoconstituam um elemento limitador no acesso aomedicamento.

Entrevista10 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

MiniStrO DA SAúDE "Sentimos a necessidade de regulamentar alguns aspectos da Política Na-cional Farmacêutica. Vai ser o próximo passo"

MiniStrO JOSé VAn-DúnEM "No futuro, muitos dos nos-sos farmacêuticos vão trabalhar nas várias componentesdas unidades fabris a instalar em Angola"

"Vamos trabalhar paraque haja uma compar-ticipação nos preços dosmedicamentos paradoenças crónicas, demodo a que sejam su-portáveis por todos osbolsos e não constituamum elemento limitadorno acesso ao medica-mento"

Page 11: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 11Julho/Setembro 2014

Angola está empenhada em dar à sua popula-ção uma cobertura universal de saúde que pos-sa garantir o acesso a medicamentos, o au-mento na prevenção da doença, a continuaçãoda implementação de programas de vacina-ção, a diminuição de mortes materno-infantise de tantas enfermidades, muitas vezes causa-doras da mortalidade elevada entre os angola-nos.

A implementação do Plano Nacional de De-senvolvimento Sanitário ainda está numa faseinicial, mas já arrancou com a promoção e in-centivos para a formação de profissionais dosector, para a investigação, a criação de infra-estruturas, de programas, acordos, parcerias eoutras iniciativas, que têm como objectivo ga-rantir um direito fundamental do cidadão - odireito à saúde.

Na primeira linha de prevenção e/ ou decombate à doença está o farmacêutico que as-sumiu, como compromisso, no sector da saú-de, a criação e o respeito pelos direitos dosdoentes na nova nação.

Em declarações à revista da Ordem dos Far-macêuticos de Angola (OFA), o bastonárioBoaventura Moura defendeu que uma dasprioridades da instituição que dirige é a capa-citação dos seus associados.

Com a proclamação da Ordem dos Farma-cêuticos de Angola, que cumpre um ano deexistência, a 25 de Outubro de 2014, a OFA con-sidera fundamental respeitar o que ficou esta-tuído na sua constituição: o dever de actualizaros profissionais no que diz respeito a técnicase de os incentivar na formação científica.

Esta necessidade advém da “constante evo-lução das ciências farmacêuticas”. Segundo aOFA, “é fundamental que o farmacêutico semantenha actualizado nas suas capacidadestécnicas e científicas para melhorar e aperfei-çoar, de forma constante, a sua actividade e,com isso, poder desempenhar de forma huma-na e consciente, as suas obrigações profissio-nais perante a sociedade”.

1ª Semana da Farmácia Angolana

O grande propósitoPrevisto no articulado da Ordem está a realiza-ção de uma semana da farmácia angolana,compromisso que é cumprido, a 7 e 8 de Outu-bro de 2014, com a 1ª Semana da Farmácia An-golana, a realizar em Luanda.

Trata-se do primeiro ano do encontro, umavez que a própria OFA -Ordem dos Farmacêu-ticos de Angola também perfaz agora um ano

de existência.“Queremos que seja um sucesso para que

conste no calendário nacional angolano”, afir-mou, Boaventura Moura. Adiantou que “a in-tenção da Ordem é realizar alternadamenteum ano de Semana da Farmácia Angolana eum de Congresso Farmacêutico. Este é o nossogrande propósito”.

A “Semana” de 2014 destina-se a avaliar oimpacto produzido pela proclamação da Or-dem, e a debater propostas de outros desafiosque serão avançados, debatidos e possivel-mente programados, a partir do encontro.

Para o bastonário, a reunião pode conver-ter-se no início de uma convivência entre asso-ciados. A OFA assumiu o compromisso de sero garante da actividade e símbolo da classe, o“selo de entidade da classe farmacêutica”. Porisso, adiantou o bastonário, a Ordem não podepassar um ano sem reunir os associados. “Sópor esta razão - disse - a 1ª Semana da FarmáciaAngolana já é um grande propósito”.

Os farmacêuticos angolanos contam coma presença de colegas de outros pontos da lu-sofonia, como Moçambique e Cabo-Verde. Pre-sente estará também o presidente em funçõesda Associação dos Farmacêuticos dos Paísesde Língua Portuguesa (AFPLP), Lucílio Wil-

Direito à SaúdeFarmacêuticos querem dar à população o acesso real a medicamentos com qualidade

Eventos

Rui Moreira de Sá com Magda Cunha Viana

Page 12: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Eventos12 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

liams, eleito na Assembleia do dia 29 de Maiode 2013, em Luanda e, o Bastonário da Ordemdos Farmacêuticos de Portugal, Carlos Maurí-cio Barbosa, bem como o PCA da ARFA, Dja-mila Reis.

A farmácia galénica ou de manipulação

e a farmácia de “primeira classe”Entre os convidados do encontro estará um re-presentante do Brasil, país com o qual existeum protocolo específico neste sector. Actual-mente, ainda não há em Angola nenhuma “far-mácia de manipulação”, o que, segundo o Bas-tonário, “é do interesse da classe, que seja cria-do”.

O Brasil tem uma vasta experiência nestamatéria, afirmou Boaventura Moura, paraquem “não custa nada pegar na experiência doBrasil, ver como procedeu e como transformounum sucesso a farmácia galénica ou de mani-pulação”.

A farmácia galénica produz medicamentos“in situ”. Este conceito, de farmácia galénica,foi introduzido no século XVI, e o seu nome de-ve-se a Cláudio Galeno (nascido em 130 d.C.).Foi um médico-farmacêutico que preparavaos produtos finais para aplicação a doentes, fa-zendo, assim, os primeiros medicamentos.

A farmácia galénica implica a existência dofarmacêutico para a composição, preparação,assistência e conservação de preparados far-macêuticos, tais como xaropes, poções, com-primidos, pomadas e cremes, entre outros.

“Nós queremos que, em 2015, em Luanda,seja criada a “farmácia de primeira classe”,aquela que além de tudo o mais, tem o labora-tório galénico ( farmacotécnica) a produzir emanipular medicamentos”, afirmou Boaven-tura Moura.

A farmácia galénica ou de manipulação po-de, inclusivamente, situar-se em hospitais ouem clínicas privadas, disse o responsável quetrabalhou durante muito tempo “na farmáciado Hospital Provincial de Cabinda, onde foramproduzidos, entre outros produtos: injectáveisde grande volume, como soro glicosado ouDextrose a 5 e 10%, soro fisiológico ou Cloretode sódio a 0,9%, e supositórios de glicerina ge-latinada, que ajudaram muita gente que ia aobanco de urgência com problemas de obstipa-ção”, além de xaropes para tosse, cremes, po-madas, etc. Para Boaventura Moura, a derma-tologia, especialidade médica que está a cres-cer no país, tem muito a ganhar com a farmá-cia galénica.

Curso pré-conferênciaUm outro objectivo desta semana da farmáciade Angola tem a ver com a formação dos pro-

fissionais. Antes do início do encontro será mi-nistrado um curso que pretende dar visibilida-de à farmácia de oficina ou comunitária. “Tra-ta-se de um curso de marketing farmacêuticoque diz respeito não só ao farmacêutico, mastambém ao técnico de farmácia, ao auxiliar eaté ao empreendedor farmacêutico.

São dois dias de curso, com oito horas lecti-vas cada, durante o qual pretendemos ofereceraos participantes um prontuário terapêutico.

Evolução da farmáciaO bastonário da Ordem dos Farmacêuticos fri-sou que a farmácia vai evoluir no sentido da sa-tisfação do utente, na própria disposição e naimagem da farmácia. Citando um exemplo, re-feriu uma farmácia, em Luanda, que “foi péssi-ma”, e que tinha sido intimada a mudar, sob pe-na de ter de encerrar as portas. “O proprietárioda farmácia fez um esforço. O espaço ainda épequeno, e nesse aspecto não mudou, mas noque diz respeito à visibilidade, à imagem, e àprópria apresentação, a farmácia é hoje total-mente diferente. Um cenário desses pode sermultiplicado. Este é outro propósito que tam-bém temos”, defendeu.

Temas e iniciativas da 1ª Semana da Farmácia Angolana

Boaventura Moura referiu que durante o en-contro dos farmacêuticos decorrerá a aber-tura da IIª ExpoFarma Angola. “A primeira– afirmou - foi aquando do Xº Congresso daAFPLP e foi um sucesso, segundo a opiniãodos nossos outros colegas, quer de Portugal,quer do Brasil, como dos PALOPs”.

Relativamente ao encontro dos farma-cêuticos, o bastonário destacou interven-ções como: “Os farmacêuticos e a farmáciacomunitária no Sistema Nacional de Saú-de”; “O impacto da implementação da Polí-tica Nacional de Farmacologia de Angola”;a “Regulação e o papel do farmacêutico”; a“Experiência da regulação do sector em Ca-bo Verde”; a “Lista Nacional de Medicamen-tos Essenciais” e a “Segurança medicamen-tosa e a farmacovigilância em Angola”, entreoutros.

Estará também em debate a contrafac-ção de medicamentos em Angola, questãoque se transformou num problema fulcralde saúde pública. Este tema será debatidoem mesa redonda. Trata-se, segundo o bas-tonário, de um “problema global que requerrespostas globais”.

Os cursos de farmácia e a uniformizaçãode um currículo comum que satisfaça todasas instituições que os ministram é umaquestão que tem de ser harmonizada, refe-riu Boaventura Moura, sublinhando ser esseum dos objectivos da Ordem.

“Vamos aproveitar esta semana para dis-cutir e elaborar uma proposta concreta quejá anunciámos ao Ministério do Ensino Su-perior, e que será o nosso contributo”, afir-mou Boaventura Moura que apelou à parti-cipação de todos os profissionais envolvidosno sector nesta 1ª Semana da Farmácia An-golana.

" A Semana da Farmácia An-golana 2014 destina-se a avaliaro impacto produzido pela procla-mação da Ordem e a debater pro-postas de outros desafios queserão avançados, debatidos epossivelmente programados, apartir do encontro. Ao mesmotempo constitui uma oportu-nidade de convivência entre osassociados"

Page 13: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13Julho/Setembro 2014

Folha Farmacoterapêutica

Órgão informativoCINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no

Departamento de FarmacovigilânciaDNME/MINSA

ANO 1 Nº 3 Julho a Setembro de 2014

MENSAGEM DE ABERTURATodo o nosso esforço tem umúnico objectivo: melhores diaspara você, sua família, nossaprofissão!.... Com seu apoio eamizade temos conseguido mui-to, e ainda chegaremos lá. Senti-mo-nos realizados com sua ale-gria, prosperidade e felicidade,bem como com a valorizaçãoda nossa profissão. Nós acreditamos que é precisoacreditar.

Nós acreditamos que só acreditando é possível

construir.Nós acreditamos que

só construindo conseguiremos vencer.

Nós acreditamos em nossaprofissão. Em você.

Por isso, apresentamos-lhemais esta realização farmacêu-tica, da qual gostaríamos quefizesse parte do seu quotidianolaboral, para sua actualizaçãoprofissional. Pedimos-lhe que contribua pa-ra sua melhoria. Esta Folha Farmacoterapêuticaestará sempre presente na suaRevista OFA. Abraça esta causa.

O Director NacionalBoaventura Moura

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA: UMA AMEAÇA CRESCENTE

Introdução

No decorrer das últimas décadas, o desenvolvimen-

to de fármacos eficientes para o combate de infec-

ções bacterianas revolucionou o tratamento médi-

co, ocasionando a redução drástica da mortalidade

causada por doenças microbianas. Por outro lado, a

disseminação do uso de antibióticos, lamentavel-

mente, fez com que as bactérias também desenvol-

vessem defesas relativas aos agentes antibacteria-

nos, com o consequente aparecimento de resistên-

cia. O fenómeno da resistência bacteriana a diversos

antibióticos e agentes quimioterápicos impõe sérias

limitações às opções para o tratamento de infecções

bacterianas, o que representa uma ameaça para a

saúde pública. O uso abusivo da Penicilina após a se-

gunda guerra mundial desencadeou o surgimento

das primeiras cepas de bactérias gram-positivas não

susceptíveis a antibióticos penicilínicos, conhecidos

como PRSP (“penicillin-resistant" Streptococcus

pneumoniae).

A última linha de defesa contra a ameaça do

Staphylococcus aureus surgiu a partir da descoberta

do antibiótico glicopeptídico (vancomicina), isolado

do fungo Amycolatopsis orientalis pelo grupo Eli Lil-

ly, em 1956. Com o nome originado da expressão in-

glesa “to vanquish” (aniquilar, destruir), a vancomi-

cina tornou-se quase uma lenda, devido à sua exce-

lente performance frente a cepas de S. aureus resis-

tentes à meticilina, conhecidos por MRSA (“methi-

cillin-resistant" S. aureus). A sua disponibilidade pa-

ra uso clínico ocorreu em 1958, após aprovação pela

agência norte-americana reguladora de fármacos e

alimentos (US-FDA).

A consolidação da vancomicina como um anti-

biótico poderoso frente a bactérias gram-positivas

multirresistentes trouxe um período de certa tran-

quilidade na incessante guerra contra microrganis-

mos patogénicos. Esta supremacia começou a sofrer

abalos com o aparecimento das primeiras cepas de

enterococos resistentes à vancomicina, conhecidos

por VRE (“vancomycin-resistant” enterococci).

Apesar dos mais optimistas já terem abandona-

do o antigo sonho de encontrar uma substância an-

tibacteriana “perfeita” (invencível frente a patógenos

REPÚBLICA DE ANGOLAMINISTÉRIO DA SAÚDEDIRECÇÃO NACIONAL

DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS

Page 14: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Folha Farmacoterapêutica14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

multirresistentes, com amplo espectro de ac-

ção e sem efeitos colaterais), o descobrimento

de novos antibióticos potentes e mais seguros

representa o avanço para uma melhor qualida-

de de vida.

O QUE É A RESISTÊNCIA

AOS ANTIBACTERIANOS?

A resistência aos antibacterianos ou antibióti-

cos ocorre quando estes perdem a capacidade

de controlar o crescimento ou a morte bacte-

riana; ou seja, é a forma que as bactérias encon-

tram para neutralizar o efeito do antibiótico.

Assim, uma bactéria é considerada resistente

a determinado antibiótico, quando continua a

multiplicar-se ou a desenvolver-se na presença

de níveis terapêuticos desse antibiótico.

Porque é que as bactérias se tornam resis-

tentes aos antibióticos?

Uma bactéria é susceptível a determinado an-

tibiótico quando é destruída por acção do mes-

mo. No entanto, permanecem as bactérias re-

sistentes que serão as únicas a proliferarem. As-

sim, estas bactérias resistentes permanecerão

no local de infecção e tornam-se predominan-

tes após acção sucessiva do antibiótico (pres-

são de selecção).

O principal factor favorecedor da resistência

aos antibióticos, e que se relaciona directamen-

te com os nossos hábitos terapêuticos, do qual

temos que tomar consciência, é a pressão de

selecção exercida pelo uso intensivo e abu-

sivo da antibioterapia. Os antibióticos, por

vezes, são vendidos sem prescrição médica e,

frequentemente, os doentes tomam antibióti-

cos desnecessariamente, como no tratamento

de doenças virais (gripe).

O perigo da utilização intensiva e abusiva de

antibióticos ultrapassa, muitas vezes, o domí-

nio médico, pois estes são também largamente

utilizados na criação de gado, piscicultura e na

indústria alimentar.

Como é que as bactérias se tornam resisten-

tes aos antibacterianos?

Há bactérias que são naturalmente resistentes

aos antibacterianos, pois adaptaram-se para

sobreviver na sua presença, desenvolvendo os

mecanismos necessários para tal. Estes meca-

nismos de resistência são hereditários, isto é,

uma bactéria transmite à sua descendência a

resistência aos antibióticos; mas pode ainda

transmiti-lo às bactérias circundantes que coa-

bitam com a bactéria resistente. É desta forma

que as bactérias que vivem no corpo humano

sem nos causar problemas (comensais) se tor-

nam resistentes.

Um problema existente é que os antibióticos

não se diferenciam entre as bactérias que coa-

bitam connosco (comensais) e as agressivas (as

patogénicas, que causam as infecções). As bac-

térias patogénicas podem já ser resistentes aos

antibióticos quando entram no nosso organis-

mo. Como as bactérias comensais não podem

defender-se, quando tomamos inutilmente um

antibiótico este pode eliminá-las, embora se-

jam necessárias ao nosso organismo.

A resistência pode surgir por aquisição de

mutações espontâneas (devido à modificação

da informação genética "endógena"), ou por

aquisição de material genético de outras bac-

térias (“exógeno"). Neste último caso, pode ha-

ver transferência (disseminação) de material

genético, por simples conjugação, com outra

bactéria - isto é, dos genes que codificam para

a resistência aos antibióticos - o qual se pode

encontrar em elementos genéticos móveis

(plasmídeos e transposões). Este material ge-

nético também pode ser transferido (dissemi-

Page 15: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15Julho/Setembro 2014

nado) para outra bactéria através dos vírus das

bactérias (os bacteriófagos).

Poderemos preservar a eficácia dos anti-

bióticos actualmente existentes?

Para preservar a potencialidade dos antibióti-

cos actualmente existentes deve ser diminuída

a sua utilização abusiva. Os médicos, enfermei-

ros, farmacêuticos, dentistas e a população em

geral devem evitar a utilização intensiva e abu-

siva destes valiosos medicamentos. A prescri-

ção, dosagem e duração do tratamento de um

antibiótico no homem é de particular impor-

tância, bem como o uso controlado de antibió-

ticos em pecuária e na agricultura, para se evi-

tar a eliminação das bactérias benéficas, ao

mesmo tempo com a bactéria causadora da

doença no homem.

MECANISMOS DE DEFESA BACTERIANA

E RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS

Formalmente, o aparecimento de bactérias re-

sistentes a antibióticos pode ser considerado

como uma manifestação natural regida pelo

princípio evolutivo da adaptação genética de

organismos a mudanças no seu meio ambiente.

Como o tempo de duplicação das bactérias po-

de ser de apenas vinte minutos, existe a possi-

bilidade de serem produzidas muitas gerações

em apenas algumas horas, havendo portanto,

inúmeras oportunidades para uma adaptação

evolutiva.

Dentre os diferentes mecanismos de resis-

tência descritos para microrganismos, aqueles

mais importantes em bactérias gram-positivas

podem ser classificados em 3 grupos distintos:

1. Destruição do antibiótico (resistência a

dalfopristina e penicilinas) - enzimas que cata-

lisam a degradação do antibiótico ou modifi-

cam grupos funcionais farmacologicamente

importantes presentes em sua estrutura, crian-

do funções inactivas para o reconhecimento

molecular;

2. Efluxo contínuo do antibiótico (resistência

a tetraciclinas e fluoroquinolonas) - genes mu-

tantes super-expressam proteínas transporta-

doras de membrana, responsáveis pela entrada

e saída de substâncias no meio citoplasmático,

fazendo com que a retirada do antibiótico para

o meio extracelular seja mais rápida que a sua

difusão pela membrana bacteriana, mantendo

uma concentração insuficiente para actuar co-

mo bloqueador de funções celulares;

3. Reprogramação e modificação da estru-

tura-alvo (resistência à eritromicina e vanco-

micina) - alvos macromoleculares do antibió-

tico, como ribossomas, proteínas e constituin-

tes da parede celular, são estruturalmente mo-

dificados a partir de genes que os expressam,

afectando o reconhecimento do fármaco pelo

alvo e diminuindo a sua potência.

Utilizando um destes mecanismos, ou uma

combinação deles, cepas de bactérias vêm so-

brepujando até os antibióticos mais promisso-

res, independente da classe química a qual per-

tençam. Vários exemplos ilustram a rápida “as-

censão e queda” de novos antibióticos que

eram aguardados com optimismo, mas que

pouco tempo depois de serem lançados no

mercado, tiveram casos de resistência associa-

dos.

A resistência aos antibióticos é hoje uma

realidade em todo o mundo e constitui um pro-

blema sério de Saúde Pública no tratamento

das doenças infecciosas. Estima-se, que a nível

mundial, o custo do tratamento de infecções

causadas por bactérias com resistência aos an-

tibióticos é de muitos biliões de dólares, por

ano.

Outros cientistas, mais optimistas, acredi-

Page 16: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Folha Farmacoterapêutica16 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

Fontes Bibliográficas1.Estratégias utilizadas no combate a resistência bacteriana. Gustavo P. S., Faruk N.,Gesser, J. C. e Mandolesi Sá, M. - Departamento de Química, Universidade Federal de SantaCatarina, 2006.2. Weinstein RA. Controlling antimicrobial resistance in hospitals: infection control anduse of antibiotics. Emerg. Infect. Diseases, 2001.

Direcção TécnicaDr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamentos e EquipamentosConselho RedactorialDra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamento Nacional de Farmacovigilân-cia e Remédios Tradicionais; Dra. Maidel Fuentes (Assessora Cubana)Dr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Informação Farmacêutica.

tam que a investigação e a utilização cuidadosa

dos antibióticos pode reverter esta tendência,

desde que sejam feitos esforços a nível mundial

para reconhecer e controlar este sério proble-

ma de Saúde Pública.

REFLEXÃO FINAL

O aparecimento da resistência antimicrobiana

é uma consequência da sua intensa utilização

abusiva. Esta relação é evidente, tanto para in-

divíduos como para populações.

Enquanto que os antibióticos são essenciais

para curar algumas infecções, o seu uso indevi-

do ocorre, de forma significativa e abusiva, em

grande parte do mundo, o que aumenta a pres-

são selectiva sobre as bactérias para que desen-

volvam a resistência. A estratégia global de 2001

da OMS - Organização Mundial da Saúde para

a contenção da Resistência Antimicrobiama

destaca recomendações específicas, incluindo

a capacitação, apoio à escolha de tratamentos

baseados nos melhores serviços de diagnóstico

e melhores formas de tratamento, encorajando

restrições à prescrição, com instituição de au-

ditorias e feedback nas prescrições, pelo que é

necessário uma regulamentação adequada, de

forma a garantir a qualidade dos medicamen-

tos, a protecção da cadeia de abastecimento, o

controlo da prescrição e dispensa de medica-

mentos, bem como uma abordagem de baixo

para cima, que envolve comunidades, pacien-

tes e profissionais de saúde, útil, com a capaci-

tação e sensibilização de todos os intervenien-

tes.

Cantinho do leitor

Ser-lhe-emos gratos por suas críticas construtivas e sugestões para futuras publicações daFolha Farmacoterapêutica, no nosso endereço: Rua Dr. Américo Boavida nº 81, 1º andar, Luanda, Angola. Ou para o E-mail: [email protected]

Page 17: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

ReportagemRevista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17Julho/Setembro 2014

Francisco Cosme dos Santos com Luís Óscar

Casos de sucesso de farmácias em Angola

Criado a partir do desejo de ofere-cer ao público um serviço diferen-ciado e personalizado na área dedistribuição e comercialização deprodutos farmacêuticos a retalho,o grupo Orquídea nasceu da ini-ciativa do empresário José Miguele dos seus sócios.

A história do sucesso deste em-preendedor angolano é narradapela directora-geral da rede de far-mácias Orquídea, Idalina Miguel.Esta bacharel em Ciências Farma-cêuticas conta que o projecto dogrupo começou em 1997, alturaem que estavam ligados as outrasáreas da vida económica nacionale foi só em 2009, depois da criseeconómica e financeira, que en-traram no universo farmacêuticoem Angola, com a abertura da pri-meira farmácia na Província doBié.

O objectivo foi suprir as gran-des necessidades e o difícil acessoaos medicamentos e outros pro-dutos nas farmácias que se verifi-cava no país e também aproveitaras vantagens que se previa no

mercado farmacêutico ao nível doterritório nacional.

Mais de 30 colaboradoresActualmente, o grupo possui seisfarmácias, quatro das quais naProvíncia de Luanda (duas nacentralidade do Kilamba, uma emTalatona e no Palanca Centro Co-mercial Kibabo) e duas na capitaldo Bié (Kuíto e Bairro Chissindo).A rede Orquídea conta com 33 co-laboradores, que abrangem as di-versas áreas do conhecimento,entre os quais duas farmacêuticas(uma cubana, com doutoramen-to, e outra portuguesa), três ba-charéis nacionais e alguns técni-cos de farmácia e de gestão.

O papel de um farmacêutico éacompanhar com zelo e dedica-ção tudo o que se refere a farmaco-vigilância e ainda tem a responsa-bilidade de dar ao utente produ-tos com elevada segurança e umcerto nível de aceitabilidade, con-forme está previsto nos estatutosque regem a actividade farmacêu-tica dentro e fora do país.

Serviços inovadoresSegundo a directora-geral, IdalinaMiguel, a razão de o Grupo Orquí-dea fazer parte da galeria dos gru-pos de referência no universo far-macêutico em Angola foi “a entre-ga total e a satisfação dos utentes”.

Além da comercialização demedicamentos, estão à disposiçãodos clientes nas farmácias Orquí-dea diversos serviços que, na ópti-ca de Idalina Miguel, se reflectemno crescimento da farmacologiaangolana, tais como o acompa-nhamento da alimentação da pri-meira infância e dos diabéticos,assistência nutricional específicapara a mulher, a medição da hi-pertensão arterial (TA), puericul-tura e testes rápidos de malária.

De acordo com Idalina Miguel,o segredo do sucesso resume-seem alguns aspectos primordiais:credibilidade, confiança, compe-tência e o nível acentuado de res-ponsabilidade que foi exigido eimposto ao projecto, desde o mo-mento em que se pensou materia-lizá-lo.

Orquídea, criamos um bem-estar

"Nas farmáciasOrquídea estão à dis-posição dos clientes di-versos serviços que, naóptica de Idalina Miguel,se reflectem no cresci-mento da farmacologiaangolana, tais como oacompanhamento da al-imentação da primeirainfância e dos diabéti-cos, assistência nutri-cional específica para amulher, a medição dahipertensão arterial,puericultura e testesrápidos de malária"

IDALINA MIGUEL "O segredo do sucesso resume-se em alguns aspectos primordiais: credibilidade, confiança, competência e o nível acentuado de responsabili-dade que foi exigido e imposto ao projecto, desde o momento em que se pensou materializá-lo"

Page 18: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

A Kajyfarma surgiu em 2008,com a finalidade de “criar farmá-cias que oferecessem a toda a po-pulação acesso fácil aos medica-mentos e produtos de saúdecom qualidade”, explica à Revis-ta da OFA a directora-geral dogrupo farmacêutico, Josias daSilva.

Com a experiência de cincoanos, o grupo Kajyfarma contacom cinco farmácias na capital,das quais duas na centralidadedo Kilamba e três no Municípiode Viana respectivamente na Vi-la, em Luanda Sul e no Calemba2.

A rede de farmácias Kajyfar-ma tem 55 colaboradores, quepartilham conhecimentos, “fo-cados no projecto de marcar adiferença na área da saúde emAngola”, garante a directora.

O quadro de recursos huma-nos da Kajyfarma é compostopor uma equipa altamente qua-lificada, com entrega total, rigore profissionalismo, garantindoserviços de excelência e atendi-mento de qualidade e personali-zado, realizados por profissio-nais angolanos especializadosem áreas diversas.

As equipas que integram ca-da farmácia abrangem profissio-nais das diferentes áreas do sa-ber, provenientes das institui-ções de ensino superior e médiodo país, 80 por cento dos quaissão jovens.

Formação contínuaA Kajyfarma tem primado pelaformação contínua dos seus pro-fissionais para obter a qualidadeque se pretende na área farma-cêutica.

A partilha de ideias com osdemais grupos a operar num

mercado que ainda não é consis-tente tem permitido à Kajyfarmapreparar-se para os desafios, nãoolhando apenas para os obstácu-los e prevendo a melhoria daqualidade dos serviços e dos pro-dutos farmacêuticos que têmposto à disposição das popula-ções. “Esta melhoria passa pelaformação dos recursos huma-nos, que é feita no país e no exte-

rior para que, a longo prazo, sur-jam profissionais qualificados ecom know-how”, defende JosiasSilva, acrescentando que a Kajy-farma também investe forte-mente na reestruturação das in-fra-estruturas, nos modelos degestão e nas novas tecnologias,para que as suas farmácias se-jam “cada vez mais modernas eofereçam serviços que consigamsatisfazer todas as necessidadesno âmbito farmacêutico e garan-tam maior segurança às popula-ções”.

Inovação, persistência e coesão

Os princípios orientadores doposicionamento do grupo Kajy-farma no mercado farmacêuticotêm sido a satisfação dos uten-tes, a inovação ( farmácias mo-dernas, funcionais e com produ-

tos diversificados) e a forte per-sistência e coesão da equipa.

Além da comercialização dosmedicamentos, as farmácias dogrupo disponibilizam um gran-de leque de serviços como a me-dição da tensão arterial (TA), pe-sagem de crianças com idadescompreendidas entre zero e cin-co anos e aplicação de injecçõesaos pacientes que apresentamreceita com a devida prescriçãomédica.

Nos objectivos do grupo até2015 consta a expansão dos seusempreendimentos na cidade deLuanda. Depois será analisado opotencial técnico e humano pa-ra alargar os mesmos procedi-mentos a outras províncias dopaís. “O actual momento é dedi-cado ao crescimento humilde egradual, pois o mais importanteé a prestação de serviços com adevida qualidade e com medica-mentos com a excelência que seexige para os angolanos”, afirmaa directora-geral Josias da Silva.

Partilha dos desafios vitaisAs atenções da Kajyfarma estãodireccionadas para os pacientes,com os quais partilham todo oprocesso de cura. “O maior an-seio do grupo é tornar os servi-ços cada vez mais próximos dascomunidades, baseados numarelação de afinidade e partilhados grandes desafios vitais”, ex-plica Josias da Silva.

“`Kajyfarma, uma farmáciapara vida” tem sido o slogan quetraduz o compromisso de colo-car o produto farmacêutico aodispor do utente em local próxi-mo, independentemente da sualocalização, no momento certo,com qualidade certa, e num cur-to período.

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Reportagem18 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

“O maior anseio dogrupo é tornar osserviços cada vez maispróximos das comu-nidades, baseados nu-ma relação de afinidadee partilha dos grandesdesafios vitais”

Kajyfarma, uma farmácia para vida

JOSIAS DA SILVA"Estamos focados no projecto de marcar a diferença na área dasaúde em Angola"

Evolução tecnológicaCom a aposta do governo angola-no nos últimos anos, Idalina Mi-guel acredita numa melhoriasubstancial no sector e na quali-dade de vida dos angolanos. “Fu-

turamente, as farmácias serãobastante evoluídas tecnologica-mente e terão os padrões univer-sais estabelecidos, assemelhando-se às restantes de outros conti-nentes”, confia a directora-geral

do Grupo Orquídea.A intenção actual do grupo far-

macêutico é expandir-se e investircom maior abrangência neste sec-tor, ao nível de todo o país, mas,para já, a prioridade é aumentar a

rede de farmácias na capital. “Criamos um bem-estar” é o

slogan que movimenta e faz destegrupo uma certeza no universo domoderno mercado farmacêuticoangolano.

Page 19: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

FarmacologiaRevista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola |19Julho/Setembro 2014

O mais antigo farmacêutico angolano, de 74 anos,defende que Angola, país localizado numa zonatropical rica em recursos naturais, deve aproveitaressa riqueza para revitalizar a farmacologia ango-lana, tanto no fabrico de fármacos convencionais,como na produção de medicamentos naturais. O farmacêutico Nsingui António, que dedicou 34anos à farmacologia, considerou notável a evolu-ção e crescimento do sector em Angola, desde amodernização das infra-estruturas e introdução denovos fármacos, até aos serviços prestados aosutentes em Luanda e noutras províncias do país.Em entrevista à revista da Ordem dos Farmacêuti-cos de Angola, o conhecedor de plantas medicinais,

que começou a trabalhar em 1976 - quando apenasexerciam a sua profissão cinco farmacêuticos emtodo o país -, defendeu a necessidade de o Executi-vo apostar mais fortemente no mercado farmacêu-tico.

A aposta, adianta, deve abranger todas as suasvertentes para ser possível a obtenção de resulta-dos que satisfaçam o sector e todas as populações“que tanto carecem de medicamentos, produtos deextrema importância”.

Por isso, o especialista considerou necessárioum esforço acrescido do Executivo e de profissio-nais do sector farmacêutico e de outras áreas damedicina para que seja dada mais atenção à medi-cina natural.

“Para além do que tem sido feito no que se referea pesquisas medicinais, não se deve menosprezara medicina natural porque a medicina convencio-nal dependente dela. Mas para isso é preciso que osprofissionais estejam munidos de todos os conhe-cimentos - técnicos, práticos e científicos - sobre ouniverso farmacêutico da medicina tradicional”,alertou.

Nsingui garantiu que desta forma s seria possívelacabar com a dependência do país relativamente amedicamentos, actualmente importados de outrospaíses, e que poderiam ser fabricados em Angola.

Natural do Uíge, município deMaquela do Zombo, Nsinguiexerceu a profissão farmacêuticaem várias províncias do país. Aolongo da sua carreira profissional,contribuiu para o crescimento daprestação de serviços das farmá-cias, para a investigação e pesqui-sa de plantas medicinais, e para acriação de projectos do ensinobásico farmacêutico em Angola.Homenageado pelo Ministério daSaúde (MINSA) e pela Universi-dade Jean Piaget, Nsingui traba-lhou, ao longo da sua carreira, naprovíncia do Uíge, Huambo, Lun-da Sul e Luanda, chegando a de-sempenhar cargos de destaque,nomeadamente o de coordena-dor nacional da medicina tradi-cional.

Notabilizou-se como conhecedorde medicina tradicional por terpossibilitado a realização de in-vestigação de plantas medicinais,especificamente na área da etno-botânica (papel das plantas na vi-da das populações), em 1980,quando efectuou pesquisas rela-cionadas com a medicina tradi-cional a nível do território nacio-nal.Os seus trabalhos de pesquisa einvestigação estiveram sempredireccionadas no contextoabrangente da área de farmacog-nosia (um dos mais antigos ra-mos da farmacologia praticadapor farmacêuticos que tem comoalvo os princípios ativos naturais,sejam animais ou vegetais).Entre as suas investigações nasáreas terapêuticas constaramprodutos para o tratamento dedoenças infecciosas, disfunçõesmetabólicas, doenças alérgicas etraumas de diversa origem.

“Angola deve aproveitar recursos naturais para revitalizar farmacologia”

Uma carreira aoserviço da saúdeda população

Ao longo da sua carreira profissional, o farmacêutico Nsingui António contribuiu para o crescimento da prestação deserviços das farmácias, para a investigação e pesquisa de plantas medicinais, e para a criação de projectos do ensinobásico farmacêutico em Angola

"Não se deve menosprezar a medicinanatural porque a medicina conven-cional dependente dela. Mas para issoé preciso que os profissionais estejammunidos de todos os conhecimentos -técnicos, práticos e científicos - sobreo universo farmacêutico da medicinatradicional”

Francisco Cosme dos Santos

Nsingui António

Page 20: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Formação20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

O farmacêutico, primeira porta para o sistema de saúdede Angola, deve ser a esperança do doente e de seus fami-liares, afirmou, em Viana, o Bastonário da Ordem dos Far-macêuticos, Boaventura Moura, na sessão de encerra-mento de um curso de capacitação destinado aos finalis-tas do curso de Ciências Farmacêuticas ministrado naUniPiaget - Universidade Jean Piaget de Angola.

O responsável, que assume também o cargo de Direc-tor Nacional de Medicamentos e Equipamentos do Minis-tério da Saúde, defendeu que o farmacêutico deve tornar-se indispensável no mercado de trabalho através do pro-fissionalismo do seu desempenho.

O curso apoiado pela USAID - United States Agency forInternational Development, de iniciativa da DNME - Di-recção Nacional de Medicamentos e Equipamentos, ecom a coordenação pela UniPiaget, destinou-se à capaci-tação dos finalistas, no âmbito do reforço da aprendiza-gem dos pré-graduados.

"Queremos unir forças com a UniPiaget pela gestão far-macêutica em Angola”, salientou o Bastonário, sublinhan-do que um dos objectivos do Plano de DesenvolvimentoSanitário e do Plano do Executivo é a produção de medi-camentos.

“O farmacêutico deve ser a esperança do doente, e seufamiliar, no mercado de trabalho. Devemos fazer-nos in-

dispensáveis e isso só é possível através do empenho e pro-fissionalismo do nosso trabalho.[.....] Somos poucos pro-fissionais da área no país e queremos difundir a imagemdos farmacêuticos aos mais jovens", disse.

Para o Vice-reitor da UniPiaget, Manuel Correia, "o nos-so grande objectivo é tornarmo-nos um dos pilares destaárea de formação no país".

Temas abordadosSegundo a coordenação do curso, a formação teve co-

mo objectivos melhorar o conhecimento dos participan-tes na gestão farmacêutica, dotar os participantes de co-nhecimentos necessárias para melhorar as práticas degestão farmacêutica e prepará-los para enfrentar os desa-fios reais da gestão farmacêutica nos ambientes de traba-lho específicos.

A formação foi ministrada em dez sessões. Os temasabordados foram: A Política Nacional Farmacêutica, temaapresentado por Boaventura Moura; Conceitos de GestãoFarmacêutica, Quantificação de Medicamentos e Sistemade Gestão da Informação Logística (Patrick Gaparayi); Se-lecção de Medicamentos (Sadi N'sambu); Aprovisiona-mento, Armazenagem e Gestão de Inventários (PombalN'gonga Mayembe); Uso Racional de Medicamentos (Wil-son Anilba) e Garantia de Qualidade (João Augusto).

Joyce Martins, AidaCristina Moura eOlinda Costa foramas três melhoresparticipantes daacção de formação.De acordo com a or-ganização, estas es-tudantes poderãoconcorrer a duasbolsas de estudos demestrado numa dasmelhores Universi-dades norte-ameri-canas da área.

Farmacêutico deve ser a esperança do doente

As melhores participantes

No âmbito do reforço da aprendizagem dos pré-graduados, realizou-se, na UniPiaget, um curso de capacitação dirigido aos finalistas do curso de ciências far-macêuticas, em parceria com a Direcção Nacional de Medicamentos e Equipamentos (DNME) e o apoio da USAID

Page 21: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Em todos os negócios, e mais especifica-mente naqueles em que o contacto como público é primordial, é de extrema im-portância um atendimento ao públicocom qualidade e, acima de tudo, comuma grande dedicação ao cliente, o queserá, certamente, gerador de satisfação efidelização.

Ora, quando falamos num negócio de-dicado à saúde, como as farmácias, tor-na-se ainda mais imperativo que esteatendimento seja o mais eficaz possível,com uma grande componente de huma-nização, delicadeza e simpatia. Aconteceque o simples cumprimento quando ocliente entra na farmácia, ou o agradeci-mento final, são muitas vezes esquecidospelos funcionários, facto que é gerador demás impressões por parte do cliente,criando uma imagem negativa que emnada ajuda ao desenvolvimento do sectordas farmácias.

Por outro lado, observamos frequente-mente que o cliente actual, exigente e in-fluenciado por uma globalização dosmercados, já não se contenta com o sim-ples acto da venda do medicamento. Exi-ge esclarecimento, simpatia, interesse e,acima de tudo, dedicação por parte dostécnicos que os atendem.

Formação é factor de sucessoA formação comportamental é uma

ferramenta de gestão com grande impac-to no sucesso de uma organização, sejaela de pequena, média ou grande dimen-são. Não basta dar emprego, é necessáriodotar os colaboradores de conhecimen-tos e competências que vão ajudá-los aintegrarem-se em verdadeiras equipas detrabalho. Adicionalmente, o relaciona-mento com o cliente, dotado de qualida-de e orientação para a venda, é tambémcondição para garantir a satisfação e fide-lização do mesmo.

Torna-se por tanto essencial nos diasde hoje, formar os farmacêuticos e os téc-nicos de farmácia para que desenvolvamcomportamentos facilitadores e apurema capacidade de comunicar de forma efi-caz com o cliente.

A Tecno-Saúde Angola, empresa de

prestação de serviços especializada naárea de formação de profissionais de saú-de, tem agora disponível um módulo deformações na área comportamental, noqual são abordados diferentes temas co-mo o Atendimento ao Público, as Técni-cas de Venda ou a Gestão de Conflitos eque fazem dos técnicos de farmácia e far-macêuticos, profissionais com compe-tências imprescindíveis para quem temde lidar com o público diariamente.

O atendimento ao público nas farmácias em Angola

"O cliente actual, exigente e influ-enciado por uma globalizaçãodos mercados, já não se contentacom o simples acto da venda domedicamento. Exige esclareci-mento, simpatia, interesse e, aci-ma de tudo, dedicação por partedos técnicos que os atendem"

Ana Santos Farmacêutica e Directora Executiva da Tecno-Saúde Angola

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 21Julho/Setembro 2014

Formação

"Não basta dar em-prego, é necessáriodotar os colabo-radores de conheci-mentos e competên-cias que vão ajudá-losa integrarem-se emverdadeiras equipasde trabalho"

Page 22: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Espaço AFPLP22 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

RESOLUÇÃO AFPLP

A inspectorafarmacêutica JúliaSimão mostra um blister e uma embalagem de comprimidos de um conhecido anti-malárico, totalmente falsos

Contrafacção de medicamentos

Um desafioglobal

Um desafioglobal

Page 23: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Considerando que:

a)Em 31 de Outubro de 2000, no Rio de Janeiro, a AFPLP apro-vou uma resolução sobre a prevenção da falsificação de medi-camentos, demonstrando o empenho dos farmacêuticos dos

países de língua portuguesa no combate à sua dissemina-ção; b)Em 31 de Maio de 2006, em Luanda, a AFPLP apro-

vou uma resolução sobre a qualidade e segurançados medicamentos, elegendo a garantia de

acesso da população a medicamentos de qua-lidade e seguros, como uma prioridade ab-

soluta da actividade do farmacêutico; c) A Organização Mundial de Saúde(OMS) entende que a contrafacção demedicamentos representa um desafioglobal e emergente de saúde pública,estimando-se que atinja 10% do mer-cado mundial, embora se verifiqueem algumas regiões uma percenta-gem superior a 30%; d)A contrafacção é um problema desaúde pública que não conhece fron-teiras, refira-se que na União Europeia(UE) houve a apreensão de um total de2.711.410 produtos medicinais nas al-

fândegas da UE em 2006, o que signifi-ca um aumento de 384% em compara-

ção com 2005; e)Novos sistemas desregulados de co-

mércio global, nomeadamente o comércioelectrónico, estão a mudar profundamente o

mercado farmacêutico mundial, resultandonum fácil acesso ao medicamento e assim à proli-

feração da contrafacção; f)Em resultado desta mudança drástica, a OMS estima

que 50% dos medicamentos adquiridos via Internet sãocontrafeitos, apesar de disponibilizados em sítios que refe-

rem morada e contacto; g) As vendas globais de medicamentos contrafeitos possam vira atingir os 75 mil milhões de dólares em 2010, um aumento demais de 90% desde 2005; h)Nos países em desenvolvimento, o aspecto mais perturba-dor desta prática criminosa é a frequente disponibilidade demedicamentos contrafeitos para o tratamento de doenças quelevam à morte como a malária, a tuberculose e o VIH/SIDA; i) A primeira parceria mundial surgiu em Fevereiro de 2006 sobos auspícios da OMS, intitulada International Medicinal Pro-ducts Anti-Counterfeiting Taskforce (IMPACT), a qual conta

com a participação de todos os 193 Estados-Membros da OMS,bem como organizações internacionais, organizações não go-vernamentais e associações representativas de doentes, farma-cêuticos e outros profissionais de saúde, grossistas e indústriafarmacêutica; j)Esta parceria mundial produziu já documentos de consensointernacional, aprovados em Dezembro de 2007, designada-mente “Princípios e Elementos para a Legislação Nacional con-tra os Produtos Medicinais Contrafeitos” e “Boas Práticas para osFarmacêuticos e outros Prestadores na área da Saúde para aDetecção e Prevenção de Produtos Medicinais Contrafeitos”; l)Os governos devem envidar esforços para identificar os fac-tores subjacentes a esta criminalidade e influenciar as mudan-ças da legislação nacional e internacional, no intuito de aumen-tar o risco para os contrafactores e reduzir o seu mercado;

A Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portugue-sa (AFPLP), que reúne os profissionais de Angola, Brasil, CaboVerde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Prín-cipe, reunida em Assembleia-Geral na Cidade da Praia, CaboVerde, em 23 de Abril de 2008, aprova a seguinte resolução:

Os farmacêuticos dos países de língua portuguesa: 1.Expressam o seu apoio e disponibilidade para cooperar eminiciativas internacionais que promovam actividades concerta-das no sentido de detectar e eliminar a produção e comércio demedicamentos contrafeitos; 2. Estão empenhados em colaborar a nível nacional com as au-toridades de saúde, aduaneiras e policiais e outros parceiros nadetecção de produtos medicinais contrafeitos e na prossecu-ção judicial dos responsáveis pela sua produção e distribuição; 3.Estão empenhados, através do aconselhamento activo e daimplementação de um sistema de qualidade e de boas práticasde farmácia, em alertar para a importância da qualidade, segu-rança e eficácia dos medicamentos; 4. Estão disponíveis para apoiar, no âmbito da sua actividadeprofissional, a monitorização das vendas de medicamentos pe-la Internet, reportando casos suspeitos às autoridades compe-tentes; 5.Estão atentos, como profissionais de saúde de grande proxi-midade à população, às notificações dos doentes relativas areacções adversas e à falta de eficácia da medicação, no sentidode assegurar uma intervenção atempada para evitar graves da-nos de saúde e risco de morte;6.Estão empenhados na prossecução do aprofundamento dasua formação, com o objectivo da actualização de conheci-mentos e reforço de competências, com reflexo na melhoria dafarmacovigilância.

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23Julho/Setembro 2014

Page 24: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Perspectivas24 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

Rui Moreira de Sá

Através da Estratégia “Angola2025” o país assumiu o compro-misso de dar uma resposta aodesenvolvimento sustentável,tendo como um dos eixos priori-tários de acção, a promoção dodesenvolvimento humano.

Neste contexto, no domínioda saúde, a estratégia Angola2025 tem como objectivos ge-rais:— Combater a pobreza e pro-mover a melhoria sustentada doestado sanitário da populaçãoangolana, apoiando de formamais directa os grupos sociaismais desfavorecidos e pobres;— Assegurar à população maiorlongevidade saudável.

Esta estratégia irá reforçar aresposta aos objectivos do Milé-nio preconizados pelas NaçõesUnidas para a saúde, segundo osquais Angola compromete-se areduzir as taxas de mortalidadeinfantil e materna a menos dedois terços, até ao ano de 2015;

Na última década, Angola re-gistou uma tendência decres-cente no que respeita as taxas demortalidade infantil, sendo esti-mada em 116 por 1000 nados vi-vos e a taxa para menores de cin-co anos em 194 por 1000 nadosvivos, contrariando as anterior-mente registadas acima dos 250por 1000 nados vivos na década90. Este rácio altera-se consoan-te se trate de áreas urbana ou ru-ral. Nestas últimas, as criançastêm mais 50% de probabilidadede morrer antes dos cincos anos,muitas vezes aliado a falta ou bai-xo nível de escolaridade dasmães.

Os gráficos abaixo, apresenta-dos pelo Secretário de Estado daSaúde, Carlos Masseca, em Se-tembro, nas Jornadas da Fesa, le-vantam um pouco da cortina erevelam o que poderá ser o nos-so futuro, daqui a pouco mais de10 anos.

Page 25: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25Julho/Setembro 2014

Comoestaremos

em 2025

Page 26: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Indústria26 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Julho/Setembro 2014

A­Bial­-­presente­no­mercado­an-golano­há­quase­uma­década­emeia­-­disponibiliza­aos­profis-sionais­de­saúde­um­portfolio­di-versificado,­de­elevada­quali-dade­e­inovação.­Destaca-se­alinha­de­maternidade,­comsoluções­terapêuticas­que­acom-panham­as­mulheres­grávidasdesde­a­concepção­até­ao­nasci-mento.­Oferece­também­umalinha­de­antibioterapia,­fárma-cos­no­âmbito­do­sistema­ner-voso­central,­sistema­músculoesquelético­e­doenças­alérgicas.De­acordo­com­António­Portela"ajudar­os­profissionais­de­saúdea­servir­as­necessidades­de­todosos­angolanos­é­o­nosso­grandeobjectivo­no­país".

A Bial em Angola

­—­ A BIAL comemora este ano o seu 90ºaniversário. Quais os segredos do seu sucessonum mercado muito competitivo dominado pormultinacionais farmacêuticas?—­Estabelecemos,­já­há­mais­de­duas­décadas,­umgrande­objectivo­de­longo­prazo:­fazer­de­BIAL­umaempresa­farmacêutica­internacional­de­inovaçãocentrada­na­qualidade.Para­a­concretização­deste­objectivo­contribuíram

três­vectores­fulcrais:­a­investigação­e­desenvolvimen-to­(I&D),­a­qualidade­e­a­internacionalização.­Ter­assumido,­há­mais­de­20­anos,­a­I&D­como

área­estratégica­de­desenvolvimen-to,­suportada­em­produtos­e­servi-ços­de­elevada­qualidade,­permite-nos­hoje­licenciar­e­exportar­tecno-logia­própria­e,­por­essa­via,­ter­con-dições­para­assumir­uma­dimensãodiferente­no­contexto­internacio-nal.­Acreditamos­que­estes­são­osfactores­que­diferenciam­BIAL­eque,­por­isso,­estão­na­base­do­su-cesso­e­crescimento­da­empresa.­A­estes­fatores­tenho,­natural-

mente,­de­acrescentar­o­empenhoe­profissionalismo­de­toda­a­equipaBIAL­que,­diariamente,­se­esforça­eempenha­para­atingir­os­objetivosque­partilhamos.—­Quais as principais linhas deinvestigação? O que está no vosso pipeline?—­A­I&D­na­BIAL­está­orientada­para­o­sistema­ner-voso­central,­doenças­cardiovasculares­e­imunotera-pia­alérgica.­Em­2009,­­a­BIAL­estreou-se­no­grupo­restrito­de

empresas­–­na­Europa­são­apenas­cerca­de­30­–­capa-zes­de­trazer­novos­medicamentos­ao­mercado­mun-dial,­quando­lançou­o­primeiro­medicamento­de­pa-tente­portuguesa,­um­fármaco­para­a­epilepsia.­Hoje,este­medicamento­está­comercializado­em­diversospaíses­europeus,­sob­a­marca­Zebinix,­e­também­nosEstados­Unidos,­com­a­marca­Aptiom.­O­desenvolvi-mento­do­Zebinix/Aptiom­envolveu­15­anos­de­inves-tigação­e­um­investimento­de­quase­400­milhões­dedólares.Em­pipeline­destacamos­a­continuidade­do­pro-

grama­de­desenvolvimento­clínico­do­Zebinix/Ap-tiom,­nomeadamente­a­sua­utilização­na­pediatria­eem­monoterapia.­Nos­projetos­de­I&D­da­empresa­destacam-se

também­projetos­de­novas­vacinas­para­tratamentode­alergias­e­de­novos­fármacos,­particularmente­arealização­de­ensaios­clínicos­de­fase­III­de­um­novotratamento­para­a­doença­de­Parkinson.­Este­será,certamente,­o­próximo­medicamento­de­I&D­BIAL­achegar­ao­mercado.—­Quais as suas políticas de inovação e qualida-de?—­Estamos­fortemente­empenhados­em­disponibi-lizar­medicamentos­e­vacinas­inovadores,­de­quali-dade,­que­representem­opções­de­tratamento­novas,eficazes­e­seguras.­Só­assim­somos­capazes­de­melhor

servir­as­necessidades­de­saúde­detodas­as­pessoas.Os­processos,­práticas­e­procedi-

mentos­associados­às­nossas­uni-dades­de­produção­e­de­investiga-ção­estão­em­conformidade­com­alegislação­e­os­requisitos­interna-cionais­da­indústria­farmacêutica,nomeadamente,­Boas­Práticas­deFabrico,­Boas­Práticas­Clínicas­eBoas­Práticas­de­Laboratório,­regu-larmente­verificados­e­validadospelas­autoridades­de­saúde­compe-tentes.BIAL­foi­a­primeira­empresa­na

área­de­saúde­em­Portugal,­e­umadas­primeiras­na­Europa,­a­obter­acertificação­dos­seus­Sistemas­de

Gestão­da­Qualidade­e­de­Ambiente,­de­acordo­comos­requisitos­das­normas­ISO­9001­e­ISO14001,­res-pectivamente­em­1998­e­2001.­Em­2007,­a­BIAL­obtevea­Certificação­do­seu­Sistema­de­Gestão­da­Investiga-ção,­Desenvolvimento­e­Inovação­de­acordo­com­osrequisitos­da­norma­4457:­Gestão­da­Investigação,Desenvolvimento­e­Inovação.—­Quais as principais áreas terapêuticas e pro-dutos que fabrica?Actualmente,­os­nossos­produtos­estão­em­mais

de­50­países­na­Europa,­África­e­América.­Para­alémdo­nosso­antiepilético,­Zebinix/Aptiom,­que­já­referianteriormente,­comercializamos­uma­ampla­gamade­medicamentos­de­diversas­áreas­terapêuticas:doenças­cardiovasculares,­respiratórias,­sistemamúsculo­esquelético,­sistema­nervoso­central,­anti-bioterapia­e­saúde­da­mulher.Posso­destacar­como­produtos­mais­emblemáti-

cos,­e­talvez­mais­conhecidos­no­mercado­angolano,o­Reumon,­o­Clavamox,­o­Folicil­e­o­Folifer.­

"estamos presentes hámais de 14 anos no merca-do angolano e disponibili-zamos aos profissionaisde saúde um portfoliomuito diversificado, deelevada qualidade e ino-vação", garantiu o Ceo dogrupo BiAl, António Por-tela, em entrevista à revis-ta da oFA, onde revelou os segredos do su-cesso desta empresa -queeste ano comemora o seu 90º aniversário - e osnovos medicamentos queaí vêm.

"Ajudar os profissionais de saúde a servir as necessidades de todos os angolanos é o nosso grande objectivo no país"

António Portela, CEO do grupo BIAL

António PortelA A Investigação eDesenvolvimento (I&D) na BIAL estáorientada para o sistema nervosocentral, doenças cardiovasculares eimunoterapia alérgica

Page 27: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade
Page 28: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos e folhas/Revista da... · revitalizar a farmacologia” ... classe, pelo que recomendamos vivamente a sua leitura e estudo. Contamos consigo! Actualidade