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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ-SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE UNIDADE DIDÁTICA PDE 2013 PROFESSORA PDE: Jozania Carvalho Leão CRUZEIRO DO IGUAÇU 2013

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ-SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

UNIDADE DIDÁTICA PDE 2013

PROFESSORA PDE: Jozania Carvalho Leão

CRUZEIRO DO IGUAÇU

2013

Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013

Título: História, Educação Patrimonial e preservação da Memória afrodescendente de Linha Marioti: uma proposta de intervenção pedagógica.

Autor: Jozania Carvalho Leão

Disciplina/Área:

História

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Doutor Arnaldo Busato- Ensino Fundamental e Médio.

Município da escola: Cruzeiro do Iguaçu

Núcleo Regional de Educação: Dois Vizinhos

Professor Orientador: German Sterling

Instituição de Ensino Superior: UNIOESTE- Marechal Cândido Rondon

Relação Interdisciplinar:

História, Português, Artes, Sociologia e Geografia;

Resumo:

A justificativa que delineia este trabalho versa sobre ações que devem ser tomadas pelos educadores e educandos do Colégio Doutor Arnaldo Busato- Ensino Fundamental e Médio, no que supere e minimize o racismo camuflado existente no contexto escolar. O trabalho utiliza como metodologia o estudo da Educação Patrimonial como elemento norteador, enfatizando a preservação e valorização do patrimônio cultural negro em Cruzeiro do Iguaçu, através de atividades educativas e visitas de estudo na comunidade rural de Linha Marioti, formada por grande número de famílias afrodescendentes. Dar visibilidade a história, aos saberes e práticas populares garantindo a memória negra que compõem a historicidade local, por meio de discussões palpadas no estudo recente acerca da história oral, do patrimônio cultural material e imaterial, determinando como conteúdo proposto pela Lei 10.639/2003. A temática busca compreender a memória da comunidade afrodescendente recheada de saberes e significados e que devem ser salvaguardados como patrimônio imaterial local. Buscar aproximar os educandos da comunidade, como sendo uma alternativa de conhecer a história do outro e ao conhecê-la, também valorizá-la, discutir sobre a realidade local negra constitui-se uma maneira

prazerosa de aprender, além de levar a mudanças de comportamentos e a aceitação das diferenças étnicas.

Palavras-chave:

Memória; Educação Patrimonial; afrodescendentes; História Oral.

Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico

Público:

Professores de História e alunos do 2º ano do Ensino Médio.

Apresentação

Este Caderno Pedagógico tem a pretensão de concretizar a aprendizagem

proposto no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, vinculado à

Secretaria Estadual de Educação do Paraná – SEED, sobre orientação do professor

mestre German Sterling, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE,

campus de Marechal Cândido Rondon.

Inspirada na proposta elencada na Educação Patrimonial, visa explorar algo

novo na disciplina de História e subsidiar teoricamente a implementação das

Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná,

ressaltando as relações culturais de trabalho e de poder, e principalmente servir

como orientação metodológica na prática docente. Faz parte da produção didática

pedagógica a ideia de articular as memórias, história local/ oral aos conteúdos

específicos da disciplina de história.

Está organizado em unidades, buscando cada uma delas refletir sobre o tema

proposto: História, Educação Patrimonial e preservação da Memória

afrodescendente de Linha Marioti: uma proposta de intervenção pedagógica,

com base nas DCes, este material propõe a problematizar com os alunos um

conteúdo específico a partir das memórias e experiências e históricas dos sujeitos

afrodescendentes em torno das ações e relações dos sujeitos no tempo e no

espaço.

Este estudo se debruça na proposta de recentes discussões acerca da

história oral e da educação patrimonial, para que haja uma conscientização dos

educandos para com a preservação do patrimônio material e imaterial despertando a

valorização de uma identidade que até então eram considerados pela história factual

como povos sem memórias.

A implementação deste Caderno Pedagógico ocorrerá na Escola Estadual

Doutor Arnaldo Busato– Ensino Fundamental e Médio localizada no município de

Cruzeiro do Iguaçu, no estado do Paraná, e terá como público alvo, alunos do 2°

Ano do Ensino Médio, em um total de 32 aulas.

Esperamos atingir os objetivos desse trabalho que em minha convicção,

poderá ser adaptado as diferentes realidades, contribuindo na elaboração didática e

nas discussões com novas abordagens.

Certamente é mais uma ferramenta disponibilizada ao professor e aluno

interessados em compreender a temática da Educação Patrimonial, para que ambos

possam compreender o mundo que os cercam.

Introdução

O patrimônio cultural é um conjunto de bens que estão presentes na história

de um grupo e tem grande importância para muita gente, pois se liga a pessoas,

conhecimentos que foram transmitidos entre várias gerações. Dessa maneira, o

patrimônio cultural é sempre algo coletivo, em torno dos quais muitas pessoas de

um mesmo grupo se identificam, fazendo parte da vida das pessoas de uma maneira

tão profunda, que se elas o perdessem, sentiriam sua falta.

Patrimônio Cultural não são somente aqueles bens que se herdam dos nossos antepassados. São também os que se produzem no presente como expressão de cada geração, nosso “Patrimônio Vivo”: artesanatos, utilização de plantas como alimentos e remédios, formas de trabalhar, plantar, cultivar e colher, pescar, construir moradias, meios de transporte, culinária, folguedos, expressões artísticas e religiosas, jogos etc. (GRUNBERG, Evelina 2007 p. 5)

Na educação o uso de metodologia de ensino-aprendizagem sobre

Patrimônio Cultural em sala de aula denomina de Educação Patrimonial, um

processo sistemático do trabalho educativo, que tem como ponto central o

Patrimônio Cultural com todas as suas manifestações.

Essa proposta tem como objetivo não somente sensibilizar os educandos

para a preservação e valorização do patrimônio local, mas também conhecer e

desenvolver habilidades para a resolução de problemas locais, dentre elas a

preservação da memória afrodescendente da Comunidade de Linha Marioti em

Cruzeiro do Iguaçu.

A educação patrimonial como recurso de ensino e aprendizagem não deve

ser somente um evento com improvisos e despreparo, deve ser um processo

contínuo e bem planejado. Assim, é uma tarefa extremamente importante em todos

os setores da vida e inicia-las no estudo em sala de aula é acreditar na

conscientização em relação ao conhecimento, seja ele local ou regional.

A Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional - Lei n°9394/96 – coloca,

no seu artigo 26, que a parte diversificada dos currículos dos ensinos fundamental e

médio deve observar as características regionais e locais da sociedade e da cultura,

abrindo assim espaço para novas propostas de ensino.

Como proposta pedagógica a educação patrimonial busca implementar

atividades extracurriculares com o objetivo de reconhecimento e valorização do

patrimônio material e imaterial, na possibilidade de revitalizar a memória coletiva e a

história local reconhecendo-se como sujeitos neste processo: salvaguardando os

patrimônios culturais materiais e imateriais, valorizando o direito à memória e ao

reconhecimento dos valores identitário dos “novos” sujeitos da história, fazendo com

que o aluno amplie e enriqueça a aprendizagem formal e não formal.

Para tanto, nós educadores temos um papel importante na escola: propagar e

difundir a ideia de que valorizando suas origens, sua história e que uma sociedade

que não considera e não respeita o patrimônio cultural em toda a sua diversidade,

dentre elas a étnica-racial, tende a perder sua identidade e memória cultural. É

espantoso observar que ainda persistem em ambientes escolares, dúvidas,

controvérsias, preconceito e o desconhecimento da história dos negros no Brasil.

Para minimizar esse quadro é preciso abandonar os velhos paradigmas e

apresentar o tema sobre a identidade negra e seus valores locais de maneira mais

provocativa, buscando o (re) conhecimento das tradições afro-brasileiras de nossa

localidade.

No Brasil houve um avanço significativo para a preservação patrimonial

através de politicas que solidificaram mudanças na historia e na valorização cultural.

No campo da preservação patrimonial dos afrodescendentes é recente o estudo na

preservação patrimonial cultural no país e ainda bastante heterogêneo nas

diferentes regiões brasileiras. Observamos com o estudo que são poucas as

instituições que conservam a materialidade e imaterialidade negra. Tem papel

decisivo o Movimento Negro que através de suas conquistas vem auxiliando as

comunidades quilombolas reconhecida no cenário brasileiro a constituir-se

culturalmente e historicamente na educação patrimonial.

Porém, nas escolas ainda existem empecilhos ao trabalhar a Patrimônio

Cultural. Primeiramente os alunos veem patrimônio como lugares antigos, velhos e

ultrapassados, e ainda não se reconhecem como participantes culturais.

Necessita a mudança recorrente a essa ideia, trabalhar a riqueza dos rastros

do passado e do presente, da preservação da memória, e da herança valiosa que

vem a serem os bens imateriais, da qual valoriza nossa cultura e história

aprimorando saberes das comunidades.

É necessário também desconstruir a visão que muitos alunos possuem sobre

os museus, onde os veem como locais para guardar relíquias das elites tradicionais

que a história nos apresenta.

Outro ponto de discussão que permeia este estudo vem a ser a museologia

comunitária, criada com vistas a preservar e valorizar habilidades, autoestima dos

indivíduos que até então estavam excluídos do patrimônio cultural elitista como

grupos de negros, indígenas e comunidades de periferias ou rurais.

As competências e habilidades exercitadas nesse processo são: conhecer os

conceitos básicos de patrimônio cultural (material e imaterial), desenvolver

conhecimentos sobre a educação patrimonial, a história oral como fonte

historiográfica no entendimento dos sujeitos não letrados na educação formal e por

fim, desenvolver conhecimentos voltados a uma nova museologia- o Ecomuseu e os

museus comunitários com vistas a pensar soluções para preservação cultural local,

dando ênfase a comunidade rural de Linha Marioti.

Acredita-se que ampliando o entendimento dos alunos sobre estes assuntos,

tendo acesso aos conceitos primordiais da educação patrimonial e a capacidade de

apropriação de bens simbólicos pela população considerando válidos os saberes e

manifestações populares, como uma maneira de registrar a memória coletiva da

comunidade e ao mesmo tempo estaremos valorizando a cidadania de um povo.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

A proposta deste Caderno Pedagógico está dividida em Unidades temáticas:

a primeira desenvolve a temática da educação patrimonial, como meio de

sensibilizar a comunidade escolar para o estudo. Logo em seguida dispomos de

atividades que norteiam e valorizam a educação patrimonial e cultural.

A segunda Unidade aborda os fundamentos teóricos da educação patrimonial,

destacando autores que contribuem no entendimento do educador que ao ler este

caderno pedagógico, estará compreendendo teoricamente a importância e os

fundamentos da educação patrimonial. Após a fundamentação teórica, está

colocada atividades a serem desenvolvidas aos alunos.

A terceira Unidade coloca em discussão a questão da história oral como uma

metodologia de pesquisa que vem se expandindo nas últimas décadas sendo

utilizada e exposta como meio investigativo da trajetória e memória social. Em

seguida, é proposto atividades com o tema e a utilização da entrevista como recurso

investigativo.

A quarta Unidade oportuniza a educadores e alunos a compreensão dos

museus criados pelo homem no século XVIII e XIX considerados elitistas e a nova

concepção de museologia da contemporaneidade: o ecomuseu e os museus

comunitários. Também consta no final da unidade atividades que venham a

complementar o estudo em questão, dentre elas citamos a realização de visitas de

estudo na Comunidade de Linha Marioti na possibilidade de conhecer os sujeitos

afrodescendentes que nos estudos patrimoniais, eram considerados “ausentes”, mas

que, no entanto, sempre estiveram presentes na história brasileira, mas não

enquadradas nos acervos museológicos.

As sugestões apresentadas neste Caderno Pedagógico não são modelos

fixos, tem somente a intenção de demonstrar e viabilizar as práticas nessa forma de

aprendizagem. Claro que dependerá do nível de compreensão e da criatividade dos

interessados conforme o nível de ensino em que será trabalhada.

A todos (as) os professores que utilizarem esta proposta de estudo tenham

uma boa leitura!

Unidade 1

Educação Patrimonial: sensibilizar para preservação cultural e fomentar a autoestima

1.1 Possibilidades do “olhar” da Educação Patrimonial no contexto escolar

Apresentação da Unidade:

Nesta primeira unidade tem como proposta apresentar algumas

considerações teóricas e metodológicas sobre educação patrimonial com objetivos

de sensibilizar para a preservação e fomentar a autoestima da comunidade escolar e

a escuta da mesma, em reconhecer suas potencialidades na capacitação de

agentes para a preservação do patrimônio cultural local.

Um dos principais objetivos que motivam a educação patrimonial é através da

inclusão da comunidade local, gerando o estímulo ao conhecimento e

reconhecimento, a valorização de seu patrimônio material e imaterial, bem como da

sua memória e de sua identidade cultural. Cabe ressaltar o envolvimento da

comunidade, do público diretamente preocupados com o patrimônio material e

imaterial com necessidades de conhecê-los e reconhecer-se neles.

Objetivos:

- Sensibilizar a comunidade escolar sobre o tema “Educação Patrimonial” como

apoio pedagógico necessário para a Implementação Pedagógica, estabelecendo

assim uma possível relação de respeito entre os educandos;

- Demonstrar a problemática deficitária sobre a questão Patrimonial em nossa

localidade;

Metodologia das atividades:

A metodologia deste primeiro encontro a ser seguida na apresentação desta

Unidade Didática a comunidade escolar, deve-se levar em conta algumas Diretrizes

que se refere à Educação Patrimonial e preservação da memória de diferentes

culturas, dentre elas a história de vida dos cidadãos afrodescendentes da

comunidade rural de Linha Marioti de Cruzeiro do Iguaçu:

1º Passo: Neste primeiro encontro precisamos elencar o entendimento no grupo

sobre o patrimônio humano e natural na conceituação da Educação Patrimonial, de

modo que as pesquisas e intervenções sejam pensadas de forma integrada.

2º Passo: O segundo deles vem demonstrar o campo de trabalho da Educação

Patrimonial e as diferenças entre o patrimônio tangível (material) e intangível

(imaterial).

3° Passo: Neste momento destacar a valorização da cultura material e imaterial da

comunidade local, valorizando a memória afrodescendente local, de pessoas

comuns muitas vezes excluídas na documentação escrita oficial.

Para subsidiar a valorização do conhecimento da memória de diferentes

pessoas, a autora Maria Lourdes Horta enfatiza:

Atrás de cada artefato há uma pessoa, ou muitas pessoas. Descobrir quem eram e como viviam é um fator fundamental para a experiência

humanizante que nos é proporcionada pelos objetos do patrimônio cultural. (HORTA, 1991 p.12)

Ao apresentar o tema a comunidade escolar necessita desenvolver de forma

criativa e participativa. O processo de ensino-aprendizagem beneficia-se do

dinamismo, marcado pela participação dos envolvidos permitindo ao mesmo tempo

associar experiências pessoais e familiares com as experiências coletivas colocadas

nas discussões.

ENCONTRO 1: APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

Duração das atividades: 2 horas/aula

Atividades

Ciente do papel de sensibilizador, a apresentação da implementação da

Unidade Didática terá como atividades propostas e recursos disponibilizados neste

primeiro encontro tendo como eixos:

1) Contextualização: Com o uso de Banner com frase sobre o tema da Unidade

Didática- História, Educação Patrimonial e preservação da Memória

afrodescendente de Linha Marioti: uma proposta de intervenção pedagógica; a

comunidade escolar compreenderá a proposta apresentada e com o auxílio de slides

com os principais objetivos e conceitos da Unidade Didática. Para complementar a

atividade um grupo de alunas da sala do 2º ano usando vestimentas africanas,

realizarão uma dança como recurso pedagógico apontando as tradições africanas e

as suas concepções históricas.

2) Exibição da proposta: O professor utilizará através de vídeos, imagens, slides,

cartazes e Banner com a finalidade de direcionar as atividades propostas;

3) Debate em grupo: Conversar com o grupo para a constituição de conhecimentos

prévios. As discussões sobre os principais conceitos apresentados adentrarão sobre

os principais conceitos, dentre eles: Memória/ história Oral/ Educação Patrimonial/

Patrimônio Cultural- Tangíveis e intangíveis;

Em um segundo momento as discussões terão como base sobre o não

figurantes da história, esboçados na frase de Sérgio Buarque de Holanda e a

interligação dos conceitos: Memória/ Educação Patrimonial/ história oral;

Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que

enchem o panorama da História e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a História.

HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil [4a ed.]. Brasília: Ed. Da UNB, 1963.

E para concluir as atividades desta unidade, enfatizaremos através de

imagens a serem esplanadas através do datashow, alguns pontos de Memória

selecionados pelo IPHAN. Elas terão como subsídio complementar o estudo;

1- Visualização de pontos de memória e do Iphan e de Museus brasileiros;

2- Utilização do vídeo “Museu da Maré” para debates sobre o tempo de resistências

entre os moradores da favela da Maré para enfrentar a dura vida. Veja um pequeno

recorte narrativo do vídeo:

“O tempo da resistência, as lutas travadas diariamente pela população da Maré como formas de resistências: a repressão da polícia, aos preconceitos, resistir aos desânimos, aos sofrimentos, as privações e as duras condições de vida enfrentadas pelos moradores da favela” http://www.youtube.com/watch?v=TVHrrtM9UD0

http://www.youtube.com/watch?v=U1E55wLW0LQ

Unidade 2

Problematização e Revisão da Literatura

2.1 Discutindo conceitos e Teorias: Fundamentos da Educação Patrimonial-

No ensino histórico a possibilidade de se trabalhar a ideia de memória e de

sua preservação, bem como de identificar diferentes memórias preservadas através

das lutas das minorias, podem auxiliar na discussão da sociedade brasileira, porém,

existe uma preocupação na preservação da memória histórica.

Para Horta (2000, p.28) a memória individual, assim como a memória coletiva,

é na verdade a fonte e a base fundamental para o pleno exercício de nossa vida

consciente e de nossa inserção na vida social.

Para contribuir com a temática, é que a questão Patrimonial vem

necessitando de maior espaço. Discutir questões relacionadas com os bens culturais

do Patrimônio Histórico no ensino e aprendizagem de história estimula nos alunos o

senso da Preservação da memória social coletiva, propensa a construção cidadã e

de novas identidades.

Ao tratarmos da questão Patrimonial e Memória voltada à educação,

abordamos uma recente temática que estava praticamente ausente na historiografia

brasileira, a Educação Patrimonial.

O caminho da educação Patrimonial é dar voz e vez aqueles que não a

possuíam, fazer com que a comunidade participe e se reconheça nos símbolos e

locais de preservação da memória, deixando de lado a visão elitista que considera

apenas bens e valores das classes dominantes.

Trabalhar educacionalmente com o patrimônio cultural não se pode ser apenas uma tarefa de passagem de informações e discursos pré-fabricados, mas levar o aluno ou o aprendiz, no seu processo de conhecimento a identificar os “signos” e os significados atribuídos às coisas, por uma determinada cultura (Horta, 2000 p.30).

Para isso é necessário superar a visão comum que considera Patrimônio

Cultural a apenas edificações. A iniciação da educação patrimonial é uma proposta

que busca a conscientização, a preservação e o despertar da valorização de uma

identidade, conforme complementa autora:

O trabalho da Educação patrimonial pode assim ser visto, ainda, como fator de desenvolvimento intelectual e psicológico, afetivo e cognitivo, ativando os processos mentais superiores e enriquecendo a memória individual e seus mecanismos de registro e recuperação (HORTA, p.30).

A importância da educação patrimonial na nossa atualidade é desmascarar

como a autora HORTA nos coloca no contexto da atual “entropia cultural”, uma

barreira que se projetou culturalmente como consequência do desenvolvimento

tecnológico.

As conexões eletrônicas e digitais que se propagam como fungos sob o aquecimento global parecem estar encobrindo, com sua substância viscosa e borbulhante, as redes e conexões mentais dos indivíduos e populações. Uma batalha surda que passa despercebida na zoeira de tantos bipes e cliques, mas que pode estar matando, como o câncer, as células vitais do que chamamos culturas (2000, p.31 )

No contexto brasileiro a análise da “herança de nossa cultura” é permeada

por três elementos básicos:

A) Herança da colonização - sentimento de impotência e subordinação que

recebemos aos padrões de cultura dominante destaca-se o local como desprezado.

b) Ideia de progresso e civilização - ideologia imposta pelo colonizador e elite

dominante, tudo que vem de fora deve ser valorizado, a cultura local não é uma

ação valorativa.

C) A mídia e o sistema de comunicação de massa – são encarregados em

decodificar ideias, determinando valores sociais e culturais e tendo o poder de

manipulação em massa.

Para tanto, a autora enfatiza a importância do trabalho da educação

patrimonial como proposta de ação social na busca de recuperar a memória social.

Se o patrimônio cultural tem um sentido, se existe uma razão inegável para preserva-lo e enriquece-lo, devemos nos armar para enfrentar a última batalha da nossa total descolonização. Trata-se enfim de colocar nosso patrimônio cultural a serviço do presente, e a educação patrimonial é uma proposta metodológica na recuperação de conexões e tramas perdidos.( HORTA, 2000 p.35)

Assim, atividades relacionadas com a preservação do patrimônio pessoal e

coletivo são de grande importância para o entendimento da história na vida de todos

nós.

2.2 Mediações entre ensino e cidadania

A autora Valeska Garbinatto aborda a questão de incorporar os grupos

étnicos, sociais e culturais na educação Patrimonial modificando a situação em que

nos fazem cidadãos sem memórias.

Na memória coletiva foi mantida no decorrer da História a constituição de um

estado formado de grandes homens, bem como estão presentes seus discursos e

seus grupos de origem. Isso tudo graças aos vestígios materiais e imateriais

mantidos na disciplina histórica.

Para Garbinatto (2000, p.38)) é necessário repensar em uma forma de anexar

grupos antes não eram citados, considerados povos sem memória.

O ensino da história é a própria prática historiográfica que deve ser pensada? Como (re) pensar e (re) empreender um projeto de construção da Identidade Nacional, da cidadania e memória sem perder o todo? De que patrimônio Histórico pode falar?

São pontos de reflexões que nos coloca a autora, possibilitando um processo

de mudança que como educadores envolve o ensino da história.

A realidade histórica que nos vivenciamos mostra figuras ilustres e dignas

como exemplos. A mídia televisiva nos expõe minisséries em que se constata a

veracidade de dignos heróis nacionais.

No entanto, as situações atuais também nos mostram a mistura individual e

coletiva de grupos considerados invisíveis nestes processos.

Revisitar o passado não é tarefa que se faça apenas com base no que se pensa ingenuamente estar dado ou construído, como seus vestígios

materiais que sobreviveram, há que se ponderar o que o mundo (sociedade, ideias, natureza) é um conjunto de possibilidades de concebermos um presente a nós dado. (GABINATTO, 2000 p.40).

Assim a mesma autora busca refletir a necessidade da junção da História e

Patrimônio como pontes para o surgimento de novas possibilidades onde o aluno se

perceba como ser social, inserindo sua história familiar e coletiva como nova

possibilidade de aprendizagem cidadã.

Quando pretendemos dar inicio a um projeto de resgate do passado e do patrimônio temos que nos propor, enquanto profissionais de história, analisarmos questões como: o que lembramos do Passado(pessoal e coletivo) quais são os vazios, os momentos que parecem esvanecer, quais momentos parecem estar mais nítidos que outros?(GARBINATTO 2000 p.39)

Essas questões postas pela autora nos permite trabalhar com a Memória

histórica. É comum com populações de baixa renda certo distanciamento em relação

ao patrimônio cultural. Gabinatto enfoca ainda que a memória carrega marcas

sociais, são povos que possuem memória (histórica, coletiva e social)mas que

muitas vezes não são registradas.

Não podemos esquecer que a memoria é seletiva. Nem tudo ela registra. O estado constrói a memória da vitória do Estado Nacional através de seus heróis. Nessa perspectiva, o reconhecimento de outros setores sociais deve ser anexado.(GARBINATTO 2000, p.40)

Portanto, mostra-se a necessidade de rompimento com os mecanismos de

exclusão e mostrar a legitimidade de novas memórias, que pertença a todos e com o

direito e o dever de ser preservado.

2.3 Contradições entre o Neoliberalismo e a Educação Patrimonial

Através da leitura temos a compreensão dos principais reflexos da política

neoliberal no campo educacional. Propõe como a educação patrimonial pode ajudar

a superar a questão da memória pela politica educacional neoliberal.

Na visão neoliberal a educação não passa como forma de gerir a

modernidade, ela deixa de ser espaço público de discussão e se torna um bem de

consumo, gerando também nas instituições educacionais espaços de desigualdade

e de injustiças sociais.

Para Corsetti com o neoliberalismo a educação passa a ser submetida às

regras da competição, não mais no direito dos indivíduos, considerando apenas

como oportunidade de criar indivíduos empreendedores, aos consumidores

responsáveis denominado mercado escolar.

Novos conceitos assim surgem: a exclusão de memoria popular, tida como

ideia ultrapassada, cidadania e democracia são suprimidos e redefinidos como

valores de mercado.

No meio neoliberal, o aniquilamento da memória popular, principalmente o

fazer desaparecer a história de lutas populares, são consideradas como entraves ao

desenvolvimento do sistema capitalista.

Para implementar a proposta neoliberal necessita eliminar a memória coletiva o conflito processo de construção social de noções como cidadania, bem comum, solidariedades, igualdade e direitos sociais. (CORSETTI, 2000 p.53)

A educação patrimonial destaca-se como uma possiblidade do

desenvolvimento crítico do conhecimento e a valorização do patrimônio cultural das

comunidades.

Para a autora é através da educação patrimonial que elementos culturais e

históricos dos povos estarão inseridos oferecendo uma postura de interesse pelo

conhecimento do passado dos envolvidos.

Os educadores terão a importância de vincular o resgate da memória através

de diferentes fontes, não mais baseadas tão somente nos registros escritos.

Segundo Corsetti (2000, p.56 ) “o reconhecimento das lacunas deixadas pela

documentação escrita, salienta-se a contribuição das fontes orais, principalmente no

tratamento de temáticas relacionadas às classes populares, tanto urbanas como

rurais”.

Os grupos excludentes da análise escrita possuem a possibilidade de entrar

em cena, agora como sujeitos históricos que foram silenciadas ao longo do tempo.

VAMOS AS ATIVIDADES...

OFICINA 1. Há momentos que me faltam as palavras... Guardo na Memória:

entendendo e vivenciando minhas memórias;

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

Apresentação:

Neste primeiro momento poderemos observar a importância de conhecermos

a história local como forma de que, ao conhecê-la e preservá-la, estaremos

conhecendo nosso patrimônio familiar e comunitário no sentido de garantir o direito à

cultura e à memória coletiva.

A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia. (LE GOFF, 2003, p. 469).

O ensino de História deve levar o aluno a valorizar a memória local e do

patrimônio histórico-cultural, com o objetivo de alcançar uma aprendizagem

significativa onde o mesmo consiga assimilar os conceito e principalmente ver-se

como sujeito social.

Para isso com os alunos abordaremos dois textos que enfatizam a Memória e

a Educação Patrimonial. Veja:

Texto 1- O que é memória?

A definição de “memória” vem do latim “memorïs”- memória é a faculdade de lembrar e conservar estados de consciência passados e tudo quanto a eles está relacionado. Para Santo Agostinho, a coisa começa com uma frase: “eu me lembro de mim mesmo”. Toda a memória humana é, assim, memória de alguém. De uma pessoa determinada e dotada de um sentimento especial. Sentimento definido por um nome próprio. Mas também pelo limite entre a pessoa e o mundo exterior. Para cada pessoa, sua memória tem duas faces. Ela se refere ao Eu, mas, também, ao olhar que a pessoa tem sobre si mesma.

Por isso, ninguém pode ser privado de memória sem ser despossuído de identidade. Sem memória, uma pessoa não se reconhece. Ela se despedaça... Deixa de existir. Neste sentido, toda pessoa é memória, embora, não seja, apenas, memória. As lembranças que podemos invocar à vontade ou os restos registrados de nossas experiências vividas são a matéria-prima da memória humana.

Por sua natureza factual, a memória retém prioritariamente aquilo que interrompe a monotonia habitual, o que se afasta da rotina, surpreendendo e impressionando. Mas, ela é, também, herdeira da percepção de nossos sentidos, bem como de nossa imaginação – de nossos sonhos e ilusões. Os dados destas experiências formam o que poderíamos descrever como um contínuo de fatos descontínuos. Mesmo dependendo da percepção, a memória humana é sempre seletiva. Pois a percepção humana não é apenas uma simples gravação. Ela resulta da junção entre a capacidade de perceber e o indivíduo que percebe. Mas ela é, também, inseparável de um filtro afetivo. Tal filtro é, por um lado, modelado pelo social – e pelo mundo em que está inserida a memória.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Memória, patrimônio e

identidade.Texto 2- O que é Patrimônio?

Por que pensar patrimônio em um tempo em que tudo deve ser novo, moderno, hipermoderno, pós-moderno diriam alguns, de globalização, e tudo o que se coloca contra o que representa o passado?

A palavra patrimônio é de origem latina, derivada de pater, que significa pai, num sentido mais social do que a simples referencia à paternidade física. É como o conjunto de bens pertencentes ao pater, utilizada no sentido de herança, legado, isto é, aquilo que o pai deixa para os filhos, assim, patrimônio é o conjunto de bens de uma instituição, empresa, associação ou de pessoas.

Patrimônio pode ser entendido como patrimônio histórico, o qual é pensado como um bem coletivo, ou seja, de um determinado grupo social com a pretensão de expressar uma dada visão ou memória desse grupo para construir ou reforçar uma memória identitário comum.

Assim patrimônio vem sendo pensado como as obras de arte, as grandes construções e também aos saberes e fazeres dos diferentes povos ao longo dos tempos. O patrimônio pode ser classificado como: material, imaterial, arquitetônico ou edificado, ambiental ou natural, arqueológico, artístico, religioso ou sacro. Assim, constituem-se como tal as igrejas, palácios, fortes, chafarizes, pontes, esculturas, pinturas, vestígios arqueológicos, paisagens, produções artesanais, coleções etnográficas, equipamentos industriais ou ainda, o que é denominado patrimônio imaterial – lendas, cantos, festas populares e, mais recentemente, saberes e fazeres os mais diversos. Se considerarmos patrimônio tudo o que elencamos acima, resta uma dúvida: Quem determina o que é patrimônio ou não? Como se define o que pode ou não ser preservado? Atualmente, parte-se do pressuposto de que cada grupo, cada comunidade pode e deve decidir o que é seu patrimônio e se ele deve ou não ser preservado. LEMOS, Carlos A.C. O que é Patrimônio

Objetivos da Unidade:

- Levar o aluno a compreensão do conceito de memória, patrimônio e

Patrimônio Cultural;

- Mostrar que as diferentes memórias das pessoas também fazem parte da

história;

- Incentivar a pesquisa utilizando o Patrimônio Cultural como objeto de estudo

no contexto escolar;

- Entender o estudo da Educação patrimonial e sua importância para o

desenvolvimento escolar e suas expectativas de desenvolvimento cotidiano dos

alunos;

Metodologia da Oficina:

Inicialmente será apresentado o que é Memória e o que ela nos remete.

Destacaremos sua importância no estudo do Patrimônio Cultural e da Educação

Patrimonial. É de grande valia no estudo desta unidade, a explanação oral a ser

exposta pelo aluno, através de suas próprias vivências. Como subsídio para o

professor e melhor compreensão do aluno, utilizaremos de material de apresentação

em slides ou em imagens para a TV Multimídia.

Na sequência, abordaremos assuntos relacionados ao Patrimônio Cultural e

seus principais elementos: tangíveis e intangíveis. Para compreensão do aluno

utilizaremos a leitura do texto 2, exposto no início desta unidade e também o

organograma que poderá definir os bens tangíveis e intangíveis do Patrimônio

Cultural, para então darmos prosseguimento sobre a Educação Patrimonial e suas

contribuições no campo e estudo da história.

Para compreendermos o estudo da Educação patrimonial é necessário que

seja precedido através de escuta, para que o professor, juntamente com seus alunos

possam entender conceitualmente o que seja patrimônio e sua junção com o

propósito da educação. Do ponto de vista pedagógico, existe aqui, um princípio

freiriano, pois a educação patrimonial é fundamentada no conhecimento de uma

memória, individual ou coletiva exemplo de uma comunidade que tende a sair do

isolacionismo social, sendo o principal objetivo da educação patrimonial. Assim, as

atividades relacionadas a educação patrimonial, tendem a levar o aluno a conceituar

sobre seus principais objetivos, órgãos responsáveis pelo Patrimônio Cultural e

também o entendimento da localidade em que o aluno está inserido.

Para aproximar os alunos do espírito investigativo, colocamos alguns

exemplos de atividades voltadas a discussão: Júri simulado e a pesquisa

exploratória através de sites indicados para a mesma, a visualização de imagens e

do registro escrito.

ENCONTRO 2- TRABALHANDO MINHAS MEMÓRIAS

Duração da Atividade: 2 Horas/aula

- Acreditando na relevância no estudo da memória propusemos como

atividade inicial aos alunos retomar uma memória vivida na sua infância da qual

pode ser retomada, socializada e discutida no grupo durante a aula;

- Após este exercício da memória e socialização de experiências, passamos a

narração dessas memórias que podem ser concretizadas na forma de diferentes

gêneros textuais: carta, diário ou poema.

Fica a dica!

É interessante notar o envolvimento e o gosto com que os alunos comentam as memórias vividas, mas que estavam adormecidas em suas mentes. Desenvolver essa atividade de recordação e socialização mostra-se um exercício rico e repleto de significados individuais e coletivos.

ENCONTRO 3 - NOSSO CONHECIMENTO SOBRE “MEMÓRIAS”

Duração da Atividade: 1 Hora/ aula

Questões para serem realizadas em sala de aula com a interpretação dos textos:

a) O que é Memória? Cite momentos em a Memória esteve presente na história

brasileira:

b) Todos nós temos memória? Como revivê-las?

c) Na historiografia nacional, está presente a memória de toda a sociedade

Brasileira?

d) Quem ficou excluso em sua opinião da descrição da memória nacional?

ENCONTRO 4 - CAIXA DE MEMÓRIAS: UMA FORMA DE RECORDAR AS

NOSSAS VIVÊNCIAS

Duração da atividade - 1 Hora/aula

- Com o uso de uma caixa, denominada “Caixa de Memórias” e com ajuda do

professor, irá buscar em sua memória um objeto, música, vestimenta, foto e outros

que venham a demonstrar a memória existente entre o grupo;

- Em círculos, cada qual dos alunos poderá estar explicando a memória presente no

objeto que trouxe para ser colocada na caixa de memórias do 2° ano, com ele

poderão ainda descrever uma narrativa que possa ser lida ao grande grupo e

anexada ao objeto dentro da caixa de memória;

- Esta será lacrada e guardada para que ao término das aulas da implementação,

sejam recolocadas ao grande grupo, mostrando uma nova visão sobre o assunto

“Minhas Memórias”

ENCONTRO 5 - COLCHA DE RETALHOS: MEMÓRIA DA COLETIVIDADE

Duração da atividade - 2 Horas/ aula

- Através da leitura da história- A colcha de retalhos de (Conceil Correa da Silva,

Nye Ribeiro Silva, 1986) como ponto central, podemos juntamente com os alunos

trabalhar os questionamentos que levam a avô e o neto a recordarem de suas

memórias, mostrar que a memória está ligada a coletividade e que juntas fortalecem

a ciência da História.

- Visa esta atividade demonstrar ao grupo a importância de resgatar valores e

diferenças entre diferentes épocas, como exemplo a relação afetiva entre os

familiares, bem como o respeito com os mais velhos;

- Para concluí-la em sala, cada aluno receberá um pedaço de retalho e com o uso

de tinta ou cola de tecido, descreverá um pequeno recorte de sua história de vida.

Será concluída com o “alinhamento” de cada retalho, formando conjuntamente uma

colcha com a história dos alunos da sala;

Dica de leitura:

As histórias dos personagens de Bosi mostram que a função social exercida durante a vida ocupa parte significativa da memória dos velhos, e isso não ocorre por acaso. A memória, na velhice, é uma construção de pessoas agora envelhecidas que já trabalharam. Assim, é uma narrativa de homens e mulheres que já não são mais membros ativos da sociedade, mas que já foram. Isso significa que os velhos, apesar de não serem mais propulsores da vida presente de seu grupo social, têm uma nova função social: lembrar e contar para os mais jovens a sua história, de onde eles vieram, o que fizeram e aprenderam. Na velhice, as pessoas tornam-se a memória da família, do grupo, da sociedade. BOSI, Ecléa. Memória &

sociedade: lembrança de velhos. T.A. Editor. São Paulo: 1979

ENCONTRO 6 - PATRIMÔNIO CULTURAL

Duração da atividade - 2 Horas/ aula

O Patrimônio Cultural de uma nação, de uma região ou de uma comunidade é composto de todas as expressões materiais e espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural. (Declaração de Caracas – 1992)

Nesta atividade o objetivo maior é dar subsídios aos alunos para entender o

que é Patrimônio cultural (material e imaterial) levando a valorização e preservação

do mesmo.

Iniciar a aula discutindo o que significa patrimônio, levando em consideração o

conhecimento prévio que os alunos possuem, ao discutir as variadas definição que

irão surgir, o professor poderá registrar no quadro e depois discuti-las no grande

grupo;

Realizar a leitura exposta no texto 2 “O que é Patrimônio” de Carlos A. C. Lemos,

presente no início desta unidade, dando relevância a mudança do conceito

transformado, hoje não se restringe aos objetos históricos e artísticos, aos grandes

monumentos e centros históricos deixados de uma geração para a outra. Existem

outras formas de manifestação cultural que constituem o patrimônio vivo: artesanato,

maneiras de pescar, caçar, músicas, receitas, modos de vestir e falar, rituais, festas,

histórias, lendas, como também o local em que vivemos e o seu ambiente natural.

Fica a dica:

Você também pode ampliar o questionamento e solicitar que

identifiquem patrimônios históricos, culturais e imateriais de sua

cidade.

Através de slides, demonstrar os principais conceitos entre Patrimônio cultural

Material e Imaterial (tangíveis e intangíveis);

É necessário construir primeiramente o conceito de patrimônio cultural para

depois inserir o conceito de imaterial, através de uma variável de exemplos

constituídos em slides para serem explicitados em datashow. Para melhor

compreensão de tais conceitos nesta atividade utiliza a cartilha:

“O que é Patrimônio Cultural Imaterial” disponível no site:

http://www.fja.rn.gov.br/imaterial/patrimonioimaterial/docs/cartilha.pdf

Visualizar as seguintes imagens e no caderno colocar as principais ideias sobre

Patrimônio Material e Imaterial:

Mundo Cultural dos Mbyá-Guarani

O Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo, reconhecido pela Unesco como Patrimônio

Cultural da Humanidade, se destaca como importante ponto de visitação, no município de

São Miguel das Missões (RS), a 485 km de Porto Alegre. Nesta região, onde se

concentram remanescentes das antigas Missões Jesuíticas - referências culturais

importantes para a comunidade Mbyá-Guarani - o IPHAN desenvolve o Projeto de

Valorização do Mundo Cultural dos Mbyá-Guarani, em parceria com o Instituto Andaluz de

Patrimônio Histórico (IAPH), da Espanha. O objetivo do programa é estimular o respeito à

cultura desse povo, além e propiciar seu reconhecimento, valorização, promoção e

gestão.

Fonte: Ministério da Cultura/Iphan

http://www.iphan.gov.br/bcrE/pages/conCategoriaE.jsf?ordem=1

A Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)

concedeu o título de Patrimônio Cultural

Imaterial da Humanidade ao frevo,

expressão cultural tipicamente

pernambucana. O gênero foi reconhecido

pela 7ª sessão do Comitê

Intergovernamental para a Salvaguarda do

Patrimônio Cultural Imaterial, que se reúne

em Paris.

Fonte: http://www.folhape.com.br/blogdafolha/?p=64868

ENCONTRO 7- EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: UMA ALIADA NA ESCOLA

Duração da atividade - 2 horas/ aulas

Texto 3 – Meta da educação patrimonial

A meta que se deve ter em vista ao trabalhar no contexto escolar a Educação Patrimonial é a de despertar no educando a curiosidade, o desejo e o prazer de conhecer e de conviver com os bens culturais enquanto patrimônio coletivo, e de levá-lo a se apropriar desses bens enquanto recursos que aprimoram sua qualidade de vida, e que contribuem para seu enriquecimento enquanto pessoa e cidadão. A Educação Patrimonial pode ser uma importante ferramenta na afirmação de identidades e para que as pessoas se assumam como seres sociais e históricos, como seres pensantes, comunicantes, transformadores, criadores, realizadores de sonhos. Texto extraído do Manual de Educação Patrimonial e Cultural do Iphan (P.8)

Para o entendimento sobre a Educação Patrimonial, os alunos precisam

possuir a compreensão de que Patrimônio Cultural e Histórico está interligado a

Educação. Assim a atividade intitulada acima, requer um demonstrativo sobre o

conceito de Educação Patrimonial, para isso, é necessária a produção de slides

ancorada nas ideias das autoras já citadas na revisão bibliográfica: Maria de

Lourdes Parreira Horta, Valeska Gabinatto e Berenice Corsetti.

Júri simulado: vivenciando o entendimento dos custeios culturais;

Problematização: sua cidade recebeu um custeio financeiro para a preservação da

memória cultural e patrimonial em sua cidade. Cabe ao grupo resolver a situação.

Como reagir perante a essa situação?

Escolher um bem cultural com problemas existente na sua cidade como

objeto de discussão;

Escolher quatro alunos para interpretarem os papeis de dois advogados a

favor da preservação da memória patrimonial e cultural e dois advogados

contrários à preservação.

Patrimônio Cultural

Bens Materiais / Tangíveis

Bens móveis e bens imóveis.

Bens Imateriais / Intangíveis

Tradição oral, costumes, crenças, danças, rituais, saberes e outros.

Os bens materiais/tangíveis se subdividem em:

Bens Móveis

Livros e documentos, coleções arqueológicas, objetos de arte, acervos museológicos, fósseis, objetos litúrgicos e outros.

Bens Imóveis

Monumentos, templos, núcleos urbanos e edifícios, bens individuais, sítios paisagísticos, sítios arqueológicos e outros.

Outro grupo de alunos fará o papel de jurados perante a discussão entre

preservar ou não a cultura Patrimonial do município;

O debate incidirá em um consenso no entendimento da Educação Patrimonial

em sua cidade.

ENCONTRO 8 - COMO FAZER PARA QUE SE DESENVOLVA A EDUCAÇÃO

PATRIMONIAL EM SUA CIDADE?

Duração - 2 Horas/ aula

* Pesquisa sobre o tema enunciado no encontro através de livros, revistas, jornais,

fotografias e internet:

Para compreendermos sobre o assunto, existem instituições que são

responsáveis por identificar, preservar e promover o patrimônio cultural: o Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é responsável pelas políticas

nacionais de patrimônio cultural.

Os Estados e os municípios também têm instituições e leis para definir os

bens culturais que são patrimônios para o Estado e para a cidade. Para isso,

converse com professores, estudiosos, pessoas que trabalham em instituições de

cultura. Existe até uma instituição responsável por declarar o que é o patrimônio do

mundo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO).

Estas instituições trabalham para preservar o patrimônio cultural. Para saber

mais, são de grande importância a consulta exploratória ser realizada através dos

sites:

http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/

http://www.iphan.gov.br/bcrE/pages/indexE.jsf

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=13928&retorno=pag

Iphan

UNIDADE 3

História Oral: forma possível de reconstrução do passado

A História Oral é uma metodologia de pesquisa que se expandiu nas últimas

décadas, por apresentar um grande volume de pesquisas voltadas ao presente.

Assim cada vez mais, vem sendo utilizada e exposta como meio investigativo da

trajetória e memória social.

Essa perspectiva que explora as relações entre memoria e historia, ao romper com uma visão determinista que limita a liberdade dos homens, coloca em evidencia a construção dos atores de sua própria identidade e reequaciona as relações entre passado e presente ao reconhecer, de forma inequivoca, que o passado e construído segundo as necessidades do presente, chamando a atenção para os usos políticos do passado. (Alberti, 1990, p. 16)

Para muitos estudiosos no campo da História Oral entendem que o uso da

sua metodologia representa uma maneira de pesquisar e obter dados históricos

através da oralidade e também sua própria ampliação de conhecimentos. A riqueza

desta nova metodologia está na importância atribuída ao sujeito da historia,

possibilitando a reconstrução de acontecimentos e situações através da voz do

outro. Além disso, torna o pesquisador como responsável pelo seu trabalho e

também a entrega de seus resultados aos envolvidos no processo de pesquisa.

A História Oral se ocupa em conhecer aspectos sobre determinada realidade,

a estrutura social e o cotidiano. A prática usual da mesma ocorre através de

conversas com pessoas, relatos orais com o objetivo de revisitar lembranças

pessoais e adquirir uma visão concreta da trajetória individual ou de um determinado

grupo. Entende-se aí a sua importância na história da sociedade.

Desta maneira, voltam seus interesses para os anônimos, seus modos de

viver e pensar. Valoriza e resgata a importância das experiências individuais, o

particular, da história abrangente para a local com espaços próximos de uma história

vista de baixo. Ela transforma os “objetos” de estudo em “sujeitos”, contribuindo para

uma História mais interessante e viva.

Trabalhando com as testemunhas orais através de entrevistas, vídeos,

produz-se uma fonte que possibilita a construção e a análise do fato histórico

nacional alancando para o local/ regional a em questão. Para contribuir com essa

questão, enfatizamos a ideia de Thompson (2002):

A história oral pode dar grande contribuição para o resgate da memória nacional, mostrando-se um método bastante promissor para a realização de pesquisa em diferentes áreas. É preciso preservar a memória física e espacial, como também descobrir e valorizar a memória do homem. A memória de um pode ser a memória de muitos, possibilitando a evidência dos fatos coletivos. (THOMPSON, 2002, p.17).

É através do estudo da historia oral que se recolhem as memórias individuais

e coletivas contribuindo para a história nacional.

Destacaremos uma breve síntese da historicidade da História Oral no mundo

e no Brasil.

A história oral surgiu partir de 1920 através da Escola de Chicago no meio

Acadêmico como forma de realizar pesquisas. Entretanto, alguns anos depois, foi

retirada do meio acadêmico por ser subjugada pela sua quantidade de trabalhos

procurados na época. Posteriormente foi desenvolvida por Znareschi na Polônia,

ressurgimento na segunda metade do século vinte.

Foi em meados desse século que a corrente de pesquisa da história oral

procurou superar o subjetivismo e passar a preocupar-se com seu estatuto

epistemológico, constituindo-se como método de coleta de dados sobre indivíduos

no contexto das relações pessoais. Desta forma, passa a ter aumento de

credibilidade, difundiu-se com vigor nos Estados Unidos e Europa.

No Brasil a história oral passa a fazer parte da pesquisa na área de Ciências

Sociais. Os grupos de pesquisa se especializaram, dividindo-se de acordo com

interesses e temáticas, com a finalidade de reunir o maior número de entidades e

pessoas para, em conjunto, estudar, propor, coordenar e executar projetos

relacionados às áreas especifica. Neste contexto, criou-se um grupo de estudos de

Historia Oral que passou a ter destaque com liderança entre cientistas e em relação

ao produto das pesquisas com o objetivo principal em contribuir para a preservação

de documentos necessários aos estudiosos das Ciências Sociais no Brasil. A

Historia Oral em suas respectivas instituições universitária ou centros de pesquisa

privilegiam a investigação de temas de interesse local.

Algumas são as especificidades decorrentes do emprego da metodologia de

Historia Oral, que, segundo Alberti (1990) a coloca como agente da ampliação do

conhecimento e fonte de consulta. A primeira delas consiste na utilização em

pesquisas de contemporâneos através de ocorrências recentes de um tempo.

(...) a memória dos seres humanos alcance, para que se possa entrevistar pessoas que dele participaram, seja como atores, seja como testemunhas. E claro que, com o passar do tempo, as entrevistas assim produzidas poderão servir de fontes de consulta para pesquisas sobre temas não mais contemporâneos (Alberti, 1990, p. 4).

A segunda especificidade do trabalho de investigação decorre da

intencionalidade do pesquisador em produzir seu trabalho através de etapas, desde

documentos históricos até mesmo orais, os quais se tornarão fontes de

conhecimento.

Para a investigação torna-se necessário construir um projeto de pesquisa,

com objetivos que norteiam a atividade cientifica como nos coloca a mesma autora:

Se partirmos do pressuposto de que a Historia Oral e uma metodologia de trabalho, e evidentemente necessário que ela esteja ancorada a uma atividade de pesquisa. Primeiramente, e preciso haver questões, perguntas, que justifiquem o desenvolvimento de uma investigação. A História Oral só começa a participar dessa formulação no momento em que e preciso determinar a abordagem do objeto em questão: como será trabalhado (Alberti, 1990, p. 12).

Conforme a autora, a organização da pesquisa em outras fontes escritas e

documentais, é fundamental com o trabalho da história oral. Um bom projeto de

pesquisa com planejamento realiza-se com o trabalho de campo, que são

entrevistas gravadas em áudio (ou vídeo), tendo objetivos previamente

determinados. A entrevista após sua realização com o entrevistado em qualquer

meio eletrônico, deve ser transcrita em narrativa e passa a constituir um documento

histórico. A mesma deve ser analisada e questionada, respondendo as indagações

do pesquisador em relação a seus objetivos.

A narrativa produzida constitui a matéria-prima para a História Oral. O

entrevistado que conta sua história ou seu relato de vida não se constitui, ele

próprio, no objeto de estudo, mas sim seus relatos vividos. São através destes

relatos que para o entrevistador possibilitará conhecer as relações sociais e os

resultados de seu estudo.

Para a entrevista ser bem sucedida o pesquisador precisa ouvir o que o

entrevistado necessita dizer, o que necessita de uma dose de simpatia, de

compreensão e bom senso, tal como nos afirma Portelli:

O respeito pelo valor e pela importância de cada indivíduo é, portanto, uma das primeiras lições de ética sobre a experiência com o trabalho de campo na História Oral (Portelli, 1997, p. 17).

Conforme o autor, manter sempre uma atitude de atenção e escuta dos

entrevistados, evitando muitas explicações iniciais ou intervenções durante o relato,

a arte essencial do historiador neste momento é a arte de ouvir. Desta forma ambos

construíram uma relação de adesão ao processo de questionamentos,

compreensão, críticas e por fim, reconstituição do objeto da pesquisa, sendo o

resultado, fruto desta relação social, permeada pela experiência de ambos.

Vamos às atividades...

Oficina 2- A ORALIDADE NA COMPREENSÃO DA HISTÓRIA

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

Apresentação da oficina:

Para muitos educadores trabalhar a história local é desvendar o inacessível,

devido a falta de materiais disponibilizados para a temática. A História Oral vem de

encontro a essas dificuldades como um método de auxílio aos professores. Mas e

trabalhar esta temática conjuntamente com a questão do ensino sobre a História e

Cultura Afro-brasileira local não se torna ainda muito mais problemática?

Neste sentido, a oficina a seguir utiliza da oralidade como maneira de

procurar recuperar os elementos da resistência negra, suas formas de lutas e de

organização não somente no passado, apenas do ponto de vista da escravidão, mas

se utilizando do presente e principalmente, através do estudo de nossa localidade.

Acreditamos que com o uso da História Oral e da História Local dos

afrodescendentes, o estudo da disciplina oportunizará uma nova experiência, de

forma atrativa e mais interessante para o aluno.

Objetivos da oficina:

- Estabelecer relações entre o passado e presente, discutindo as mudanças e

permanências nas relações de poder e sociais;

- Compreender e valorizar os elementos culturais afrodescendentes

existentes na Comunidade Rural de Linha Marioti;

- Coletar depoimentos através de entrevistas com pessoas afrodescendentes

da comunidade de Linha Marioti para compartilhar suas experiências, fazendo uso

dos recursos metodológicos da história oral;

Metodologia da Oficina:

O estudo sobre o entendimento Patrimônio Cultural Afro-brasileiro deve ser

realizado na interpretação de diversas fontes: escrita, oral, visual e material. No que

se refere à oralidade, a técnica da entrevista constitui-se como opção enriquecedora

aplicada junto aos moradores da comunidade local de estudo, que possuem muito a

contar sobre suas trajetórias de vida e sobre a história local.

Para o entendimento dos alunos a atividade do encontro 9 leva a discussão

de uma entrevista realizada pela professora anteriormente a implementação, e partir

dela, os alunos terão a oportunidade de conhecer a trajetória de vida de uma

moradora da comunidade de Linha Marioti, descendente de escravos, descrita

através de narrativa e em desenhos.

Na atividade do encontro 10, o campo da visualidade vem a ser explorado.

Em visita a comunidade Rural de Linha Marioti os alunos poderão inventariar através

de fotografias, da escuta e visitação, a história dos diferentes sujeitos

afrodescendentes e sua participação na construção da historicidade e espaços

geopolíticos no município. O registro fotográfico e escrito será utilizado para coletar

elementos materiais e imateriais do Patrimônio Cultural negro da comunidade

estudada.

No encontro de número 11, os alunos colocarão em prática os seus saberes.

Através de contação de histórias de raízes africanas, poderão expor o conhecimento

a priori. A denominada sala de saberes, constituindo um local de exposição de

fotos, murais com frases e expressões antirracistas, biografias de personalidades

negras no Brasil e no mundo, bem como as influências africanas na atualidade,

como a capoeira, culinária, expressões artísticas como máscaras e a beleza das

tranças africanas, religião e costumes.

ENCONTRO 9 - O RESGATE DE UMA HISTÓRIA COMUNITÁRIA ATRAVÉS DA

ORALIDADE

Duração - 2 horas/aulas

Leia a narrativa abaixo e discuta no grande grupo:

O relato apresentado pertence a uma moradora da comunidade rural de Linha

Marioti, formada por número expressivo de afrodescendentes.

Samo pessoas simples, vivemos aqui no Marioti muito felizes. Temo tudo do que

precisamos aqui, trabalhamo muito na roça, desde menina no serviço duro, só

agora depois de veia, é que parei de trabalha, mas faço os serviços da casa, a

comida, varro o terreiro, só não vou pra estrebaria pra tirá leite porque meu fio

não qué, ele fala:

- Mió não fica aqui mãe, fica dentro de casa!

É sofrida a vida, mas fazer o que se temo que trabaiá. Eu sou aposentada, ganho

também de viuvez e nunca mais quis casá.

Aqui no Marioti é bom de morar, tem igreja, agora postinho de saúde e se precisa

o médico vem na casa me consulta, quando o piá não pode me levar no

postinho.

Eu gosto mesmo de plantá na horta, cuidar dos franguinhos no galinheiro(...)

Hoje as coisas estão mais fáceis, mas antigamente tudo era dificir, nem água

encanada nóis tinha, a gente buscava com barde lá na bica, até pra lavá a

ropa(...)

Meus filhos moram uns aqui no redor, outros em Dois Vizinhos e tenho uma fia

que mora em Foz do Iguaçu. Ela até que tá bem lá, sempre vem me visita, casou

com um pastor de uma igreja que não sei o nome. Mas a coitada nunca pode

estuda muito, porque era longe e tinha que ir a pé até o Cruzeiro do Iguaçu, mas

todos estão bem, graças a Deus(...)

Eu e meu veio, hoje falecido, já tem uns oito ano, viemo morar aqui depois de

casado, eu tinha dezessete ano e ele já tinha completado dezenove(...)

Nóis viemo pra cá porque já tinha parente do falecido aqui no Marioti, viemo de

Guarapuava do Turvado, foi melhor mora aqui, porque lá a terra era muito ruim

pra prantá. Aqui já não, a terra é boa, parece uma parma de mão(...)

Se nóis tivesse ficado lá, acho que nossos fios tinham passado muita fome,

porque a terra era fraca.(...)

Aqui não, tem um pedaço de terra bem boa, com água boa e encanada e proteiro

pros bichos. Aqui nóis é feliz.

Dona Maria Júlia Lopes de Souza, 88 anos.

Mesmo de forma bastante simples, em seu relato Dona Maria Júlia usa em seu

vocabulário e em sua expressão carregado de grandes significados. Através dele

conhecemos um pouco da história local, da identidade de Dona Maria Júlia,

situações econômicas na região e migração, além de demonstrar determinadas

crises em uma época anterior a que mora atualmente. Observe o relato de Dona

Julia através de história em quadrinhos, forma que também podemos utilizar no uso

da História Oral.

Título da História: O resgate de uma história através da oralidade

A partir das informações acima, da narrativa e da história em quadrinhos, temos

várias questões a ser discutidas no grupo:

Atividade Reflexiva:

1. No relato de Dona Maria Júlia, você saberia destacar separadamente os traços

econômicos, familiares e sociais dessa comunidade?

2. Observando a narrativa e revendo o conteúdo estudado, Memória/ Patrimônio,

você conseguiria diferenciá-los?

3. Para você o que é memória individual e coletiva? E como a memória coletiva se

perpetua?

ENCONTRO 10 – TRABALHO DE CAMPO: UMA VISITA A COMUNIDADE

RURAL DA LINHA MARIOTI

Duração - 2 Horas/aula

Os alunos em visita a Comunidade Rural de Linha Marioti, focalizaram o olhar

a determinados aspectos como: a) Construções b) Lembranças c) detalhes

materiais e imateriais d) fotografias.

Aprender a História de um jeito diferente: em uma roda de conversa na

comunidade, os alunos poderão conhecer os sujeitos e suas experiências

humanas, relacionando a tradição presente no grupo e na memória dos

moradores da comunidade;

Coletar depoimentos e entrevistas com as pessoas da comunidade para

compartilhar de suas experiências, fazendo uso dos recursos metodológicos

da história oral;

Com o material coletado, montar um acervo escolar de memória oral, de

fotografias e depoimentos a serem expostos na Sala de Saberes;

ENCONTRO 11 - SALA DE SABERES: LUGAR PARA APRENDIZAGEM DE

RAÍZES AFRICANAS

Duração - 4 Horas/aula

A sala de saberes constituirá no Colégio Doutor Arnaldo Busato, local para a

aprendizagem de elementos afro-brasileiros. Ornamentada com características

africanas, será local de exposição de trabalhos para os alunos do Colégio e

comunidade em geral:

Com o objetivo de trabalhar contos e histórias africanas em sala de aula, os

alunos em grupos relatarão oralmente contos de livros baseados em assuntos da

história da África;

Neste mesmo ambiente, as alunas e alunos do Colégio Doutor Estadual

Arnaldo Busato terá a oportunidade de aprender na sala, a criação de Tranças

africanas com uma especialista em formação de tranças. Esta atividade será

baseada na história que também será contada dentre as escolhidas “As Tranças de

Bintou”, com o objetivo de valorizar as características afro-brasileiras;

Também com o auxílio do professor de sociologia, uma palestra sobre a Lei

10.639‐2003‐ Ensino da História e Cultura Africana e Afro‐brasileira esboçando as

mudanças e permanências com os dez anos de implantação da lei no Brasil:

“Subsídios para as relações sociais cotidianas no Colégio Estadual Doutor

Arnaldo Busato para minimizar ações racistas e o silenciamento das

discriminações sofridas por alunos (as) negros (as)”

ENCONTRO 12 - RECORTES DE FILME COMO ALTERNATIVA DE ENSINO

Duração - 2 Horas/aula

É de interesse do professor e do educando a aprendizagem através de filmes

longa-metragem, curta- metragem e documentários em sala de aula. Nesta

atividade, os alunos através de recortes de filmes, poderão discutir em grupo a

temática em questão com o uso de duas fontes:

Narradores de Javé- Eliane Caffé, Brasil, 2003.

Ambientado em Gameleira da Lapa, no interior da Bahia, o filme narra a história de

um povo que, na iminência de ter seu vilarejo inundado pelas águas de uma

barragem, encontra um modo de impedir o acontecimento transformando o local em

patrimônio da humanidade. http://www.cineclick.com.br/narradores-de-jave

Lugares de memória. (Espaços educativos e ensino de história; partes 1, 2 e 3). TV

Escola – Salto para o Futuro.

Série de três programas realizados pela TV Escola sobre espaços educativos de

memória. Parte de situações pedagógicas escolares envolvendo professores e

estudantes no estudo da cidade e na visitação a lugares de memória e a centros

culturais, apresentando na sequência um debate entre três especialistas da área da

História e do ensino de História.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=51504 http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=51505 http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=51506

UNIDADE 4

O Ecomuseu e os Museus Comunitários: ações

socioeducativas para a população local

4.1 Origem e modelos da evolução dos Museus

Os museus durante os últimos trinta anos vêm mudando para atender as

necessidades culturais da sociedade. Na Europa, durante a década de 70, surgem

os denominados Ecomuseu, a primeira experiência foi realizada na França como

tentativa a dar provas de imaginação. Hugues Varine conceitua como sendo:

Ecomuseu como uma instituição que administra, estuda, explora com fins científicos, educativos e, em geral, culturais, o patrimônio global de uma determinada comunidade, compreendendo a totalidade do ambiente natural e cultural dessa comunidade. (VARINE, 2000 p.62)

Os museus sempre foram considerados como uma tradição, uma instituição

consagrada, porém, os museológicos mais empreendedores e inovadores iniciaram

um processo de mudanças por observarem através de pesquisas que 90 por cento

da população das cidades não frequentavam esses ambientes, tornando instituições

em crise. Varine enfatiza sobre a crise que envolvia os museus em países europeus

e países em desenvolvimento:

Nos países em desenvolvimento, assim como nos setores ou províncias menos desenvolvidos ou culturalmente menos atendidos dos países ricos, o museu desaparecia como fator útil da vida da comunidade e as forças vivas da sociedade afastavam-se dele para se consagrar mais ativamente aos “verdadeiros problemas”. Em outros lugares, os museus se transformavam progressivamente em armadilhas para turistas e em máquinas de dar prestígio às relações internacional, quando não se tornavam apenas um meio de facilitar a ascensão profissional, científica ou mesmo política de seus responsáveis (2000, p.63).

E assim difunde-se no mundo o que o Mario Vasques convém denominar de

revolução dos museus, ou o museu desaparecerá. Em 1971 oficializava-se o nome

Ecomuseu. O autor complementa sobre a nova denominação:

Nós nos lançamos (e é a primeira vez que torno isso público) no que alguns já batizam de “Ecomuseu”... que devem ser uma abordagem viva através da qual o público - particularmente os jovens - reaprendam o que Louis Armand chamava de gramática básica dos homens, das coisas e do meio em sua evolução. Instrumentos de conservação no pleno sentido do termo e, ao mesmo tempo, laboratórios, esses ecomuseus têm um papel pedagógico essencial que interessa muito particularmente aos responsáveis nacionais e regionais da educação (VARINE, 2000 p.64).

Para os museus com características específicas ao meio ambiente, algumas

bases são necessárias para a sua estruturação, decididas em um Colóquio realizado

principalmente em Lourmarin, de 25 a 30 de setembro de 1972. Como salienta

Varine (2000 p.7) “a todo museu que tem sua sede em um ambiente rural ou urbano

e cujo programa coincide com esse ambiente, solicita-se, de acordo com as

possibilidades da instituição”.

O Ecomuseu passa a ser lugar onde se encontram os agentes sobre o

ambiente e aqueles que sofrem sua ação. São de caráter multidisciplinar e com a

formalização de trabalhos em grupos.

A proposta principal dos Ecomuseu é mobilizar esforços comunitários em

áreas urbanas e rurais. Sobre a questão Varine recobre ao público agentes de ação

e da animação.

São seus problemas atuais e futuros que formam a base da programação. Esses ecomuseus têm um caráter acima de tudo urbano, na medida em que sua “base” é constituída por coletividades organizadas e pelas associações de todo tipo que se desenvolveram no seio dessas coletividades. A outra fórmula parece atualmente convir mais às zonas rurais onde os métodos da pedagogia de conscientização ainda não foram tão bem estudados. (VARINE, 2000 p.69)

4.2 Teoria do Museu comunitário: uma proposta de inventário

O Museu comunitário é inicialmente conceituado como uma busca da

comunidade em desenvolver-se. É vista como uma pedagogia global que tem o

propósito juntamente com a coletividade se afirmar-se, para Varine “é um modelo de

organização cooperativa com vistas ao desenvolvimento e a um processo crítico de

avaliação e de correção contínuas.”.

Como a palavra bem define, o “museu” remete exclusivamente à linguagem

das coisas reais, entendem-se como ações humanas e comunitárias remetem-se às

relações dinâmicas que o homem e a sociedade estabelecem com sua tradição.

A comunidade que constitui o sujeito e, ao mesmo tempo, o objeto do Ecomuseu é a comunidade imediata, definida pela existência de um grupo social, heterogêneo por sua composição, mas unido por um conjunto de solidariedades herdadas e derivadas das necessidades atuais. Esse grupo se inscreve em um quadro espacial determinado (bairro, cidade, distrito, povoado) e constitui uma unidade de evolução cultural por meio das

relações privilegiadas que seus membros exercem entre si: relações de cooperação ou de oposição, ação de opressão e de exploração ou reação de liberação e de inovação. É a totalidade dos elementos constitutivos dessa comunidade, animados e inanimados, concretos e abstratos, temporais e espaciais, que vai entrar na composição do Ecomuseu. (VARINE, 2000 p.70)

Bem como define o autor, as decisões tomadas estão embasadas no anseio

da comunidade- grupo social com mesmas necessidades. A museologia comunitária

foi resultado de dois projetos implantados no México após a Mesa Redonda de

Santiago: “A Casa Museu” dirigido por Mário Vázquez e os “Museus Escolares”.

Precisamos compreender os objetivos propostos na museologia comunitária,

ressaltar a sua importância de afirmação da identidade comunitária a partir da

valorização do patrimônio cultural e natural de comunidades. Varine aponta em sua

discussão:

O museu é, pois, o instrumento privilegiado do desenvolvimento comunitário. Ele não visa primeiramente ao conhecimento e à valorização de um patrimônio; ele não é um simples auxiliar de um sistema educativo ou informativo qualquer; não é um meio de progresso cultural e de democratização do acesso às obras eternas da genialidade humana. Nisso, não pode identificar-se com o museu tradicional, e suas respectivas definições não podem ser associadas. (Varine, 2000 p.70)

Nesta ótica observamos a diferenciação entre o museu comunitário dos

museus tradicionais. Enquanto que no museu comunitário, como bem coloca o

autor, visa o desenvolvimento de uma comunidade, os museus tradicionais o homem

é visto como visitante e não agente.

De acordo com os estatutos do Conselho Internacionais dos Museus, o

conceito concebido é:

O museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, e que faz pesquisas referentes aos testemunhos materiais do homem e de seu meio, adquire-os, conserva-os, comunica-os e, sobretudo, expõe-nos para fins de

estudos, de educação e de gozo.

Mediante a diferença citada, surge um vasto campo que fortalece iniciativas

comunitárias de memória social, saberes tradicional e oralidade onde os

historiadores passam a atuar em boa parte dos casos. Para Varine, é local de

preservação consciência e da memória comunitária.

Um caso particular é o do “patrimônio humano”, composto de pessoas nas quais residem a consciência e a memória da comunidade e, ao mesmo tempo, das técnicas e conhecimentos que formam o capital cultural ainda mais ou menos vivo, acumulado por essa comunidade. O papel do ecomuseu será então o de reunir e mobilizar esse patrimônio a serviço de

toda a comunidade, a fim de extrair dele, chegado o momento, o máximo de significação e de eficácia. (VARINE, 2000 p.72)

Assim as ações do museu comunitário é desenvolver a formação e o

desenvolvimento da população local. Essas ações são concretizadas quando

ocorrem condições e incentivos para qualificar e capacitar a identidade de sua

população culturalmente, desencadeando um processo de valorização de sua

cultura.

Salientamos através das leituras pertinentes ao assunto que o museu

comunitário é um tipo de museologia social que fez parte do projeto de estudo do

IBRAM desde o início, considerando o que tem de mais inovador na museologia

brasileira.

Vamos às atividades...

OFICINA 3 – MUSEOLOGIA SOCIAL: TEORIA E PRÁTICA

PARA A SALA DE AULA

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

Apresentação da oficina

Ao apresentar as atividades que estarão esboçadas nesta oficina, vejo a

importância da educação patrimonial como um conhecimento crítico, consciente e

contínuo na preservação cultural de diferentes grupos que necessitam dela

emergencialmente para reforçar sua identidade social. Ela não passa de ser um

instrumento de alfabetização cultural que auxilia educadores e comunidade na busca

de soluções para elevar a autoestima dos mesmos.

Assim a proposta destas atividades, visa levar o aluno a compreensão do

histórico da museologia tradicional, bem como da nova concepção existente sobre

museologia social, dentre elas os Museus Comunitários.

Objetivos dos Encontros:

- Estimular através do diálogo ações socioeducativas voltadas para a formação e

capacitação de agentes que viabilize o envolvimento da comunidade de Linha

Marioti na valorização da memória social local.

- Compreender a evolução ao longo do tempo, transformando-se como instituição

social e coletiva, não mais voltada somente como meio de valorizar a cultura elitista

e tradicional;

- Instigar no aluno através da leitura pautada no teórico Hugues Varine na iniciativa

de implantação de um museu comunitário ou escolar no contexto escolar;

Metodologia da Oficina:

A metodologia que se utiliza no trabalho com museus, inspira as trocas de

saberes: os professores ou os agentes do desenvolvimento com o contato com o

patrimônio local, material e imaterial.

Assim algumas etapas são consideradas importantes para o trabalho: a

observação, registro, exploração e apropriação. Através delas vários recursos e

atividades provocativas tendem a serem possibilidades em sala de aula durante as

aulas de história.

O que se pretende ao formular as atividades desta oficina é oferecer ao aluno

a compreensão da importância dos museus comunitários como alternativa viável

para a preservação identitário de uma comunidade.

Assim no encontro 13, o aluno tende a compreender através da atividade que

os museus são espaços de aprendizagens, do tradicional elitista ao atual e coletivo.

Como recursos metodológicos usaremos o recorte de vídeos e também através da

visualização de imagens de domínio público de vários museus para enaltecer essa

diferença.

No encontro 14, o aluno através das ideias de Hugues Varine, procurar em

quatro grupos apresentar as etapas que regem e configuram a criação de um Museu

Comunitário:

No encontro 15, para finalizar com chave de ouro, cada grupo poderá expor

aos demais o seu trabalho de pesquisa. Também finalizar-se á com a abertura da

Caixa de Memórias, onde os mesmos tiveram oportunidades de anexar suas

“memórias” em um dos primeiros encontros.

ENCONTRO 13 - COMPREENDENDO A HISTÓRIA DOS MUSEUS E SUA

IMPORTÂNCIA PARA A SOCIEDADE

Duração - 2 Horas/aula

Através dos sites indicados os alunos pesquisarão sobre o que é um

Museu, sua finalidade, seu histórico, a quem eram destinados;

Buscar através desses sites a compreensão da Museologia e a sua

evolução no acesso das classes excluídas. Para isso, é de grande valia iniciar a aula

compreendendo o conceito para Museu. Assim o documentário citado abaixo,

fornecerá aos alunos conhecimento sobre os Museus que não estão presentes no

cotidiano de nossa sociedade.

O museu onde não há museu (Ciência e vida cotidiana: parceria escola e museu; parte 1, 2 e 3). TV Escola – Salto para o Futuro.

Colocando em diálogo três especialistas da área, o programa discute o papel

do museu escolar, destacando como a escola pode reunir e trabalhar com coleções

criando seu próprio museu e como os museus escolares podem contribuir para

resgatar uma abordagem pedagógica experimental, patrimonial e cultural no ensino

de história.

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2

2191

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2

3539

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2

3540

Museu Afro brasileiro Trabalho e Escravidão- parte 1 e 2

Este vídeo sobre o núcleo Trabalho e Escravidão da exposição permanente

do Museu Afro-brasil, em São Paulo, mostra entre outras coisas, as regiões do

continente africano de onde vieram os negros escravizados, valorizando o

conhecimento e as técnicas implantadas por eles na agricultura e na mineração

brasileira, bem como os elementos materiais e imateriais existentes durante a

escravidão brasileira.

http://www.youtube.com/watch?v=vwIKjB_0FoA

http://www.youtube.com/watch?v=IsZiVa1gylM

ENCONTRO 14 - MUSEU COMUNITÁRIO: ESTUDO TEÓRICO DA MUSEOLOGIA

SOCIAL

Duração - 2 Horas/aula

- Através de slides o professor poderá contribuir na aprendizagem sobre museus,

levando os alunos a compreender a evolução dos museus no contexto brasileiro e

no mundo. A imagem de domínio público poderá ser colocada em datashow.

- Vale-se também demonstrar através do uso da internet, outras formas de Museus,

levando o aluno a diferenciar os museus clássicos e elitistas de outras formas de

museus existentes.

Criado em 1991, o Museu da Pessoa tem o objetivo de desenvolver uma rede de

histórias de vida. Sendo virtual e aberto à comunidade, consegue reunir

depoimentos de “pessoas comuns”, dando “todas as pessoas têm um papel como

agente de transformação da História”.

Além dos depoimentos, oferece orientações sobre memória oral, no projeto “Faça

história na escola”, uma biblioteca virtual sobre o tema, projetos educacionais

variados, tais como Tempos de Escola, Histórias da nossa Terra, Projeto Memória

Local etc. http://www.museudapessoa.net

ENCONTRO 15 - MUSEU COMUNITÁRIO: USO DA PRÁTICA EM SALA DE AULA

Duração - 2 Horas/aula

- A ideia principal nesta atividade é consolidar o conhecimento formal adquirido na

escola e o conhecimento de experiências e outras formas de transmissão que a

Comunidade de Linha Marioti pode fornecer aos alunos, na junção e na

sensibilização de um grupo núcleo base difusores da ideia na criação de um museu

comunitário na comunidade. Tornar a ideia de criação de um museu comunitário é

possível. Para iniciarmos o estudo, a leitura de uma reportagem da qual enfatiza a

criação coletiva de um museu cearense no nordeste brasileiro.

- Leia a reportagem a seguir e discuta coletivamente as questões abaixo:

Museu comunitário: templo de memória, cultura e mobilização

Na contramão da historiografia tradicional, experiências de museus comunitários, alinhados com a relativamente recente e inovadora corrente da museologia social, resgatam parte deste legado e, assumindo seu papel político na construção da memória, ajudam as próprias comunidades a organizar-se e se reconhecer nesta história. O Ceará desponta hoje, no Brasil, como a unidade federativa com o maior número de museus comunitários: são pelo menos 30, metade de um total de 60 registrados. Criados, organizados e mantidos pelas próprias comunidades, eles estão reunidos na Rede Cearense de Museus Comunitários e colocam, em conjunto, o Estado como uma referência na área. Índios No particular contexto cearense, os museus indígenas são pioneiros e encarados pelas próprias comunidades como importante ferramenta de organização e luta política por reconhecimento. Os índios cearenses

chegaram a ser decretados extintos pelas autoridades da Província, em 1860, e constantemente tem sua matriz étnica e cultural negada. "Antes, nossos guardiães da memória morriam e levavam tudo com eles, não transmitiam tanto conhecimento e histórias. Hoje, isso está ficando gravado e a gente repassa aos mais jovens", compara Eraldo Alves, 38 anos, índio da tribo Jenipapo-Kanindé, de Aquiraz, mais conhecido como Preá. Ele é também um dos guias do Museu Indígena Jenipapo-Kanindé. Desde 2009, eles mantêm aberto aos visitantes e, especialmente, à própria comunidade, um acervo que inclui peças, roteiros e histórias. É que, para este tipo de experiência museológica, a história não é narrada exclusivamente por um acervo material e o processo de construção do acervo é um dos pontos chaves. "A gente colocou no museu o que tinha de mais significativo para mostrar para ao visitante. Mas o nosso museu é de território, não é apenas o que temos nessa sala. Quando o visitante vem, a gente quer que ele conheça o que temos, nossa escola indígena, a Lagoa da Encantada, a praia do índio, as trilhas, a nossa festa do marco vivo", explica Preá. Além de trajes tradicionais, panela de barro, artesanato, fotografias antigas de lideranças, o acervo do museu é formado pelos espaços e situações identificadas como fontes de sobrevivência ou locais sagrados, os mitos, os ritos e as histórias da luta pela terra, por exemplo. Entram aí, inclusive cenas cotidianas e atividades como o pôr-do-sol na lagoa e a pesca. Tudo identificado como patrimônio da comunidade e transformado em acervo do museu.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1302870 último acesso 13/10/2013

1. Quando alguém fala em Museu Comunitário o que você imagina que possa ser?

2. Os museus comunitários são alternativas museológicas de preservação cultural

de uma comunidade. A que tipo de comunidade a reportagem “Museu comunitário:

templo de memória, cultura e mobilização” se refere? Estes possuem voz e vez?

3. Quais as principais diferenças entre um Museu tradicional de um Museu

Comunitário? Aponte algumas diferenças:

4. Após várias visitas na comunidade rural de Linha Marioti, quais seriam os

elementos materiais e imateriais que a população afrodescendente possuí e

segundo seu parecer devem ser valorizados e preservados?

5. Quais elementos podem coletar para a criação de um museu comunitário?

6. Hugues de Varine é um dos principais teóricos sobre a questão dos museus comunitários, baseados nos seus estudos verifique as etapas necessárias para a implementação de um Museu Comunitário e na forma de seminário apresente para turma:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ideia deste Caderno Pedagógico é através da temática Educação

Patrimonial e do estudo dos elementos materiais e imateriais dos afrodescendentes

de Linha Marioti, trabalhar nas aulas de história, diferentes formas de viver e

visualizar o mundo. Enfatizar as formas de superar as barreiras racistas ainda

existentes em nosso contexto escolar.

Para isso, a lei federal nº 10.639/03, e as Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação das Relações Étnicos raciais e para o ensino de História e Cultura

Afro-brasileira e Africana, são subsídios legais que nos fornecem clareza à

necessária e urgente prática docente que considere a História e Cultura Afro-

brasileira. Esta História presente em nosso meio, mas ao mesmo tempo se

apresenta invisível na historiografia brasileira.

Diante do exposto, espera-se que esta produção didática, seja um início para

o estudo da temática afro-brasileira e sua ligação com a educação patrimonial.

Debater sobre essa questão é enfrentar uma dificuldade no contexto didático,

muito pouco é escrito sobre o patrimônio negro no Brasil. Apoiar-se através do

estudo da educação patrimonial, proporciona colocar em cena personagens que

antes não condizia a realidade cultural brasileira.

Sempre foi de interesse próprio a busca de conhecer a história dos

afrodescendentes de minha localidade e região, visto que a mesma não condiz a

presença colonizadora dos negros, mas em sala de aula ainda é visível o racismo

disfarçado por parte de professores e de alunos. Esse racismo faz com que seja

cruel a situação do aluno negro no Colégio Estadual Doutor Arnaldo Busato- Ensino

Fundamental e Médio, onde apresenta índices que elevam a taxa de repetência e

principalmente evasão escolar.

Pensando em encontrar uma maneira de minimizar esse contexto, a proposta

é criar vínculos entre a comunidade escolar e comunidade rural afrodescendente.

Conhecer para valorizar, assim, acreditamos que conseguiremos fazer com que

nossos alunos estejam próximos de uma realidade que ao mesmo tempo se diz

distante.

Debater essa questão e minimizar as dores do racismo camuflado na escola

pode levar anos a acontecer, consideramos apenas um grão de ervilha a ser

plantada com essa implantação, mas acredito fielmente que a comunidade

afrodescendente de Linha Marioti em Cruzeiro do Iguaçu nos tem muito a ensinar,

conhecer para valorizar, conhecer mais sobre este povo excluído na história do

Brasil, do Paraná e do município, trazer para dentro da escola a existência e

vivência desta bagagem cultural.

E para findar essa produção didática usaremos de uma frase da qual iniciou o

projeto de implementação e que condiz o desejo principal do trabalho.

“Tire o seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor”.

(JUNIOR, 2007 p.13)

Esperamos que seja de utilidade a todos os professores que queiram

trabalhar essa questão.

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www.iphan.gov.br

IBRAM – www.museus.gov.br

IPHAN– www.iphan.gov.br -Declaração de Caracas – Elaborada durante a

Primeira Conferência da Rede

Ibero-Americana de Organizações não Governamentais de Pessoas com

Deficiência e suas Famílias.