revista opinias nº 10 - março 2015

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Opinias O pr O pr O pr O pr O pr az az az az az er er er er er de v de v de v de v de v oar oar oar oar oar UMA REVISTA DE IDEIAS, PENSAMENTOS E PONTOS DE VISTA Ano I - nº. 10 Março - 2015 Qual é a lógica Qual é a lógica Qual é a lógica Qual é a lógica Qual é a lógica de nosso país? de nosso país? de nosso país? de nosso país? de nosso país? O pr O pr O pr O pr O pr az az az az az er er er er er de v de v de v de v de v oar oar oar oar oar Li Li Li Li Livr vr vr vr vros os os os os, leitur leitur leitur leitur leitura e cidadania e cidadania e cidadania e cidadania e cidadania Opinias A ponte mais A ponte mais A ponte mais A ponte mais A ponte mais bela de P bela de P bela de P bela de P bela de Paris aris aris aris aris

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Uma revista de ideias, pensamentos e pontos de vista.

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Opinias

O prO prO prO prO prazazazazazerererererde vde vde vde vde voaroaroaroaroar

UMA REVISTA DE IDEIAS, PENSAMENTOS E PONTOS DE VISTAAno I - nº. 10Março - 2015

Qual é a lógicaQual é a lógicaQual é a lógicaQual é a lógicaQual é a lógicade nosso país?de nosso país?de nosso país?de nosso país?de nosso país?

O prO prO prO prO prazazazazazerererererde vde vde vde vde voaroaroaroaroar

LiLiLiLiLivrvrvrvrvrososososos,,,,, leitur leitur leitur leitur leituraaaaae cidadaniae cidadaniae cidadaniae cidadaniae cidadania

Opinias

A ponte maisA ponte maisA ponte maisA ponte maisA ponte maisbela de Pbela de Pbela de Pbela de Pbela de Parisarisarisarisaris

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Opinias - Março 2015

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Editorial Sumário

ExpedienteOPINIAS - ANO I - nº. 10 - Março 2015 - Publicação virtual mensal da Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. * Diretores: MarcosGimenes Salun, Luciana Gomes Gimenes e Naira Gomes Gimenes * Editor e Jornalista Responsável:: Marcos Gimenes Salun (MTb20.405-SP) * Revisão: Equipe Opinias. * Redação e Correspondência: Av. Prof. Sylla Mattos, 652 - conj.12 - Jardim Santa Cruz - São Paulo- SP - CEP 04182-010 E-mail: [email protected] - Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815. BLOG: http://opinias2014.blogspot.com.br/ * Colaboradores desta edição: Alessandra Leles Rocha (MG), Galeno Amorim (RJ), Tom Coelho (SP) HelioBegliomini (SP), José Arlindo Gomes de Sá (PE), Luciana Gomes Gimenes (SP), Carlos Augusto Ferreira Galvão (SP), Carlos Eduardo deOliveira (SP), Sonia Hammermuller (RS), Gustavo Barbosa Rossato (SP) e Bárbara Perez (ES). Matérias assinadas são de responsabilidadede seus autores a quem pertencem todos os direitos autorais. PERMITIDA a reprodução dos artigos desde que citada a fonte e mencionadaa autoria.

MARCOS GIMENES SALUNJornalistaSão Paulo - [email protected]

Novos rumos

08 Livro, leitura e cidadania

20 A ponte mais lindaSonia Hammemuller fotografou a ponte maislinda de Paris e nos mostra belas imagensdessa deliciosa viagem.

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Delícias do Chile

Luciana Gomes Gimenes vem com novas dicasde navegação em sites interessantes no mundovirtual. Confira.

14 O dia da mulherJosé Arlindo Gomes de Sá presta uma homenagema todas as mulheres, com reminiscências namitologia grega.

12Helio Begliomini vem com um artigo onde analisa aimportância da Academia de Medicina de SãoPaulo ao comemorar 120 anos de existência.

Academia de Medicina

10 Na rota da educaçãoTom Coelho nos convida a uma reflexão sobreos rumos da educação no país e sugere o queseria ideal, em sua opinião.

03 Qual é a lógica?A escritora Alessandra Leles Rocha fazuma reflexão sobre as incoerências domomento vivido em nosso país.

04 O prazer de voarA revista OPINIAS flutua numa das mais suavesmaneiras de realizar o eterno desejo do homemde voar. Iremos de balão...

15 Delivery, museu e mulher

Na tradicional coluna de vinhos, o engenheiroCarlos Eduardo de Oliveira conta o que descobriunuma brevíssima viagem pelo Chile.

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O pensamentoCarlos Augusto Galvão escreve um artigo sobreseu grande mestre na psiquiatria, Aníbal Silveira.

O artigo do jornalista Galeno Amorim nos levaa pensar sobre um dos prazeres maiscorriqueiros dos dias atuais: ler!

22 Miracleman e Alan MooreUma resenha de Gustavo Barbosa Rossatosobre os quadrinhos de Alan Moore.

24 TempoO tempo, na visão lírica da poeta BárbaraPerez fecha esta edição.

Mesmo estando todos no mesmo barco, que navegasem rumo, à deriva e sem um comandante com equilíbrioadequado e competência suficiente para conduzir a nau devolta a uma rota segura e ao seu porto de destino, aindatemos esperanças de sobreviver.

Só que a esperança, apenas ela e por si mesma, nãoterá forças suficientes para que possamos enfrentar o marbravio, superar as temerosas ondas e nos livrarmos doiminente naufrágio que se prenuncia, se não houver uma açãoefetiva por parte de cada um de nós. É preciso ser proativo.Nunca antes foi tão necessário que cada um nós tenha quese antecipar e responsabilizar pelas próprias escolhas eações diante dos mares revoltos que nos apresentam o atualmomento de nossa sociedade.

Precisamos despertar desta letargia que toma contade quase tudo, agir de forma efetiva para interromper asucessão interminável de ações desonestas e irresponsáveisda máquina do poder, de empresários e executivosinescrupulosos. É urgente que busquemos mudanças efetivasem nosso comportamento, antecipando-nos a situações quepossam nos trazer ainda mais insegurança e que possam,mesmo que a longo prazo, trazer melhorias para a nação.

É imprescindível que deixemos de reagir apenasquando os males já estão feitos e nos causando prejuizos.Precisamos urgentemente uma tomada de consciência quepermita eliminar as causas de nossos males, localizandoculpados, exigindo sua punição da maneira mais justa e umareparação adequada do que foi feito.

Mas nada disso acontecerá enquanto permanecermosde braços cruzados e acovardados diante da intempérie quese abate sobre nós com tanta fúria. A coragem, assim comoações efetivas de cada um de nós, é o que irá possibilitarque tenhamos uma sociedade mais justa. Se cada um fizer asua parte, exigindo justiça e reparação, teremos boasperspectivas de que, ao passar a tempestade, o mar nospermita navegar novamente com serenidade.

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Qual é a lógica? A lógica parece não ter mais lógica.O que se fala não é o que se faz, nem o que se pensa.Tudo isso cansa, desgasta,… deixa os nervos à flor dapele; pois, o mundo parece de cabeça para baixo, forade ordem, numa avalanche do inesperado.

Não faz muitos dias que trabalhadores brasileirosdo transporte de cargas, caminhoneiros como sãoconhecidos, decidiram lutar por seus direitos legítimos eforam severamente punidos por decisões judiciais dereintegração de posse das estradas, por estaremimpedindo o fluxo de veículos nas estradas federais eestaduais; bem como, com multas diárias de valor elevadocaso persistissem em suas manifestações. Era o clamorde um segmento da sociedade tão duramente desassistidono exercício de sua profissão, mas que apesar de todosos pesares carrega nas costas, literalmente, odesenvolvimento e a economia do país; que, entretanto,mereceu a ausência da sensibilidade política, o olharparcial da justiça…

desconforto, de indignação. Novamente eu pergunto:Qual é a lógica?

São esses milhões de pesos para bilhões demedidas que destroem a credibilidade do Brasil. Ocidadão que trabalha de sol a sol, que enfrenta as agrurasdo cotidiano, que paga a duras penas uma cargatributária absurda, que se agarra em fiapos de esperançapara não sucumbir; esse ser faz parte da legião dosinvisíveis, dos esquecidos e desrespeitados por uma“Mãe Gentil”. Há mais de quinhentos anos, ele “joga ojogo do contente” e faz da paciência o seu “pão decada dia”; mas, não é fácil não e cada dia está pior. Amoenda dos sonhos é perversa; o sumo das lágrimasnão adoça a alma, não cicatriza as dores do corpo.Somos a massa para os delírios, as vaidades, osabsurdos,… e, por que não, o pão dos outros.

A pergunta, então, deve ser outra: onde está alógica? Ainda que presente no âmago de cada um denós, no fim das contas, ela só se materializa naaglutinação do inconsciente coletivo. Nos nossosindividualismos bizarros, no nosso distanciamento grupal,na nossa autossatisfação,… a lógica vai estabelecendodistorções e equívocos até se desdobrar num universoinsustentável e nocivo de prejuízos. Como uma teia, alógica do mundo vai nos enredando, nos sufocando enos tornando marionetes dos seus comandos invisíveis;perdemos o controle da própria razão, do própriopensamento e nos rendemos ao caos.

O jeito é reestabelecer a lógica a partir de simesmo. Reveja seus conceitos, suas diretrizes, suasopiniões, seus valores. Deixe de ser “Maria vai com asoutras” e se posicione; não por interesses escusos, maspor defender seus princípios, seus pilares desustentação. Sem querer você se dará conta de estarcercado de gente que coaduna das mesmas ideias, ounão. Então, é preciso entender que a unanimidade nãoexiste; mas, almejar um mundo melhor em respeito, emdignidade, em valores e direitos humanos é o que fará alógica começar a ganhar forma de novo. O que não dáé se render de joelhos ao abandono dela e enxergar avida desbotada no matiz de uma esperança cor de nada;porque ninguém respeita quem não se dá ao respeito.

Qual é a

LÓGICA

De repente, o movimento sem-terra volta amanifestar a sua indisciplinada inquietude popular,invadindo propriedade particular de pesquisa científica eobstruindo a passagem por estradas federais e estaduaisdo país, por meio de barricadas e pneus queimados. Nãovi por parte das autoridades brasileiras nenhum ruído de

Leia mais de Alessandra Leles Rocha:http://alrocha-antenacultural.com.br/http://alrocha-antenacultural.com.br/http://alrocha-antenacultural.com.br/http://alrocha-antenacultural.com.br/http://alrocha-antenacultural.com.br/

?????

PorALESSANDRA LELES ROCHAProfessora, Bióloga e EscritoraUberlândia - [email protected]

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O PRAZER DE O PRAZER DE O PRAZER DE O PRAZER DE O PRAZER DE VVVVVOOOOOARARARARARO balonismo é considerado um desporto bastanteseguro e possibilita a realização de um dos sonhosmais antigos e procurados pelo homem: voar! Osmotivos desta segurança estão na vistoria periódicados equipamentos de um balão e na autorização devoo apenas para aqueles que possuem o certificadode piloto de balão fornecido por autoridadeaeronáutica. Independentemente da modalidade dobalonismo que seja praticada, pilotar um balão nãoé uma tarefa fácil. O praticante de ter experiência,coragem e muita responsabilidade, uma vez que só épossível controlar a subida e a descida do balão. Aatmosfera é formada por várias camadas de ar que

se movimentam em diversas direções e como não é possível mudar adireção do balão para o lado esquerdo ou direito, o piloto pode subir edescer de altitude, procurando as diferentes camadas de ar para que obalão mude de trajetória. Dessa forma, a velocidade e a direção dedeslocamento do balão ficam à mercê do vento e isso faz com que o vooseja o mais puro e agradável possível.Para todos os praticantes, voar debalão é uma sensação de liberdade fantástica!

da redaçãoPesquisa:MARCOS GIMENES SALUN

Para ter o máximo prazer num voo de balão, opraticante deve conhecer todos os equipamentos dobalonismo. Claro que quem for apenas fazer umpasseio tendo no comando um piloto habilitado saberáque ele cuidará das perfeitas condições do balão antesde voar. Mas é interessante saber quais são osequipamentos utilizados no balonismo.

O CESTOÉ o local onde os passageiros permanecem durante ovoo. No seu interior encontram-se os botijões de gáspropano que aquecem o ar interior do balão e que,consequentemente, o levam à subida. A capacidadede pessoas a bordo, além do piloto, dependerá dotamanho do cesto e do balão. É feito de vimetrançado por ser um material leve, flexível e de fácilmanutenção.

O ENVELOPEDenomina-se envelope a parte de tecido que mantémo ar quente e é isso que permite que o balão flutue. Omaterial mais utilizado na confeção do envelope é oNylon Rip Stop, o polyester e outros tecidos quepodem ser pontualmente utilizados. O envelope chamaa atenção pelas suas proporções (geralmente aspessoas apelidam de balão ao tecido que o compõe) ejunto ao cesto forma-se a boca que vai permitirqueimar o ar. Nesta zona, dada a proximidade dofogo, utiliza-se um material chamado Nomex, utilizadotambém nos carros de competição e nas fardas dosbombeiros devido às suas propriedades resistentes eanti-inflamáveis.

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MAÇARICOPosicionado acima da cabeça dos passageiros, omaçarico produz uma enorme chama para aquecer oar dentro do envelope. A chama do maçarico provémdos botijões de propano que se encontrampreviamente instaladas no cesto do balão. Oaquecimento do ar interior do envelope permite asubida do balão, assim como o arrefecimentopossibilita a descida;

VENTILADORNo momento de se montar o balão, o ventilador é umequipamento de extrema importância, na medida emque ajuda a insuflar o ar do envelope.

AS CORDASSão três as cordas obrigatórias de um balão: a cordada coroa, a de cativo e a de segurança. A corda dacoroa encontra-se no topo do balão e é utilizada paragarantir-lhe a estabilidade. Quanto às cordas de cativo,estas são utilizadas para amarrar o balão e permitemdeixá-lo em exposição e em segurança numademonstração. No que diz respeito à corda de

segurança, esta é usada em apenas algumas situaçõesde pouso difícil; o piloto lança a corda para a equipede resgate para que esta puxe o balão para um localmais adequado.

ALTÍMETRO, TERMÔMETRO EVARIÔMETROEstes três elementos oferecem uma série deinformações complementares que fazem com que ovoo seja perfeito. Com o altímetro é possível verificara altitude a que o balão se encontra; o termômetroindica a temperatura que se encontra no interior doenvelope e o variômetro mostra a velocidade dedescida ou subida com que o balão transita.

O GPSO GPS não auxilia apenas na condução de umautomóvel; no balonismo tem também um papelfundamental, pois através dele um piloto estabelece ascoordenadas exatas para obter a melhor rota.

CARTA TIPOGRÁFICA E BÚSSOLAO GPS veio de certa forma, fazer com que a cartatipográfica e a bússola caíssem em desuso. Contudo,os amantes da modalidade consideram que estes doiselementos são muito importantes na caracterização dobalonismo, na medida em que lhes atribui um toquemais rudimentar e natural.

O RÁDIO AERONÁUTICOO rádio aeronáutico é um elemento muito importanteno balonismo porque permite manter a comunicaçãoentre o balão e o posto de controle ou a equipe deterra.

A prática do balonismo é uma atividadeenvolvente e inesquecível, que transmite umasensação única de tranquilidade, leveza eencantamento. Para aproveitar ao máximotodos os momentos especiais que só um passeiode balão de ar quente pode proporcionar, eassim apreciar a vista e as paisagens semqualquer incômodo, é importante usar roupa eacessórios adequados. É o que veremos aseguir.

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O que vO que vO que vO que vO que vestir nestir nestir nestir nestir num passeioum passeioum passeioum passeioum passeiode balão de ar quente?de balão de ar quente?de balão de ar quente?de balão de ar quente?de balão de ar quente?

Apesar de o balonismo não requerer um vestuárioespecífico, a verdade é que existem algumas dicas que

podem auxiliar na escolha do vestuário e dos acessóriosmais apropriados para um passeio de balão de ar quente,

deixando os praticantes livres e confortáveis para desfrutardesta experiência magnífica.

Um dos fatores mais importantes no momento deescolher uma roupa para a prática de balonismo deveser o conforto. É importante ter em mente que se trataefetivamente de uma atividade desportiva e, como tal,exige que a pessoa esteja confortável e à vontade,para poder aproveitar ao máximo esta aventura nocéu.

Uma boa dica é optar por um tipo de roupasemelhante ao que seria usado numa caminhada – atéporque uma vez que os balões de ar quente tendem avoar em áreas remotas e rurais, é aconselhável usarroupas resistentes, duráveis e apropriadas para o arlivre.

É fundamental saber quais as condiçõesmeteorológicas e temperaturas previstas para esse dia,tendo em conta a hora de partida, a hora do voo e ahora de aterrisagem. É importante que a temperaturado corpo permaneça equilibrada, sem sentir muito frioou muito calor. Independentemente da estação doano, o uso de calças compridas é recomendado, umavez que são peças úteis para proteger as pernas dosarbustos e eventuais irregularidades do terreno nolocal de pouso.

Ainda que muitas vezes não pareça necessário,dependendo da época do ano, do horário e daduração do passeio, levar uma casaco ou parka podeser uma boa ideia. Isto porque a temperatura diminuibastante no início da manhã e no final da tarde,fazendo com que o frio possa interferir e diminuir oprazer da aventura.

Um vestuário em camadas é certamente uma dasmelhores maneiras de garantir o conforto, pois, dessaforma é possível acrescentar ou remover peças deroupa conforme a necessidade, assegurando assim

que estará preparado para qualquer variação detemperatura que possa ocorrer.

Ainda que a pessoa permaneça no balão de ar quentedurante todo o passeio, os percursos que sãonecessários percorrer até o local da partida e após aaterragem, são normalmente feitos em terreno aberto,cercados de vegetação e solo irregular. Dessa forma, omais recomendado para esse tipo de prática é quesejam escolhidos sapatos fechados, resistentes econfortáveis, caso de sapatilhas, botas sem salto, ou osmodelos desportivos destinados para caminhadas.

O uso de alguns acessórios como óculos de sol paraproteger os olhos do vento e da claridade excessiva, ede um chapéu que proteja a cabeça, quer do frio, querdo calor, também podem contribuir para o conforto dequem vai participar num passeio de balão de ar quente.Dependendo das condições meteorológicas e dastemperaturas previstas para o dia do balonismo, umcachecol e um par de luvas também podem ser úteis.

O que não usarO conforto e a praticidade são condições

essenciais na escolha do vestuário adequadopara a prática do balonismo. Sendo assim, a

opção por vestidos e saias não é aconselhável,uma vez que essas peças podem restringir e

dificultar os movimentos de entrada e saída dobalão. Da mesma forma, sapatos abertos,

saltos, sandálias ou chinelos não são uma boaescolha, pois as operações de lançamento e

aterragem do balão de ar quente são realizadasmuitas vezes em áreas irregulares, contendo

pedras, vegetação, umidade e outros elementosnaturais que podem ser perigosos para quem

não estiver devidamente equipado.

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A primeira demonstração de um objeto voador foifeita pelo brasileiro Padre Bartholomeu de Gusmão,que em 1709 com apenas 23 anos demonstrou ao reiJoão V de Portugal um balão que subiu cerca de 04metros, mas se incendiou. Infelizmente, este seuprojeto perdeu a credibilidade devido ao fato de obalão chocar-se com o teto, provocando correria eperdendo assim a chance de ser reconhecido como oPai dos Balões. Antes dele a teoria mais aceita é a deque os índios Nazca do Peru teriam feito um balãocom fibras vegetais existentes naquela região, e queteriam sobrevoado o deserto de Nazca. 

O surgimento oficial do balão remonta ao ano 1783,na França, onde dois irmãos Etienne e JosephMontgolfier realizaram um teste com balão. Estebalão levou a bordo alguns animais que retornaram aosolo em perfeitas condições assistidos pelo rei LuizXVI e por toda a população parisiense da época. Nomesmo ano, o professor J.A.Charles voava por duashoras e meia a uma altura de mais de 250 metros, porcerca de 40 km, um balão de gás hidrogênio. Em1785 um balão atravessava o Canal da Mancha comum francês e um americano a bordo. Oito anosdepois o francês Jean Pierre Blanchard voou pelaprimeira vez de balão em território americano. Foi naFiladélfia na presença de George Washington. Nasguerras os balões tiveram muitos usos em inúmerospaíses, mas foi longe das guerras que outrosbrasileiros se sobressaíram no desenvolvimento deles.Em 1884, o paraense Júlio Cezar Ribeiro de Souzapatenteou em Paris o dirigível Victória que vooucontra o vento e em linha reta. Júlio trouxe seusinventos para o Brasil, mas aqui não conseguiulevantar voo com eles. Em 1893 Augusto Severo deAlbuquerque Maranhão construiu em Paris umdirigível com o nome de “Bartholomeu de Gusmão”que trazido para o Brasil conseguiu fazer diversasmanobras experimentais.

Finalmente, veio o Santos Dumont, que com seuaprendizado de construção de aeronaves fez váriosdirigíveis, até que acabou de construir uma aeronavemais pesada que o ar. A construção por Dumont deum balão de 186 metros quadrados com hélice serviude base para o famoso 14 BIS. Em 1998 faz

exatamente 100 anos que Santos Dumont fez o primeirovoo com o balão que batizou de “Brasil”. Veio aí aépoca dos voos comerciais de dirigíveis Zeppelin quetransportaram cerca de 10.000 pessoas em 1.600 voos.

Foi em 1953 que o americano Ed Yost inventou omoderno balão movido a ar quente. Neste ano construiuum balão 230 metros cúbicos que voasse com o auxíliode um maçarico. O primeiro voo livre foi realizado em1960 com um balão de 800 metros cúbicos cujo ar eraaquecido pelo fogo alimentado pelo gás propano. Apartir daí começa o balonismo como esporte. O Canalda Mancha foi atravessado pela primeira vez com umbalão a ar quente em 1963. Com a introdução do balãona Europa, no mesmo ano é realizado o primeirocampeonato de balonismo. A partir de 1973, com arealização do primeiro campeonato mundial, obalonismo volta a crescer em todo o planeta. 

O Brasil viu o esporte nascer com Victorio Truffi que em1970 fez o seu primeiro voo na cidade de Araraquara,SP. O esporte balonismo se regulamentoudefinitivamente em 1987 quando da Fundação daAssociação Brasileira de Balonismo, que realizou o seuprimeiro campeonato brasileiro em 1988.

Atualmente, existem no mundo cerca de 15.000 balões.Onze mil estão nos Estados Unidos da América, 1.200na França, 1.500 na Inglaterra e o restante espalhadopelo mundo. O Brasil tem cerca de 140 pilotos comaproximadamente 200 balões.

Um pouco daUm pouco daUm pouco daUm pouco daUm pouco da

HISTÓRIA doHISTÓRIA doHISTÓRIA doHISTÓRIA doHISTÓRIA doBBBBBALALALALALONISMOONISMOONISMOONISMOONISMO

http://www.balonismo.org.br/

SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:

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88888Houve um tempo em que o livro era um objetoquase sacralizado, acessível apenas a unspoucos eleitos e a um punhado de eruditos.Houve também um tempo em que os livroseram meros objetos do prazer, doentretenimento e de puro diletantismo, acessível,então, a um grupo ainda seleto de pessoas, emespecial aquelas que circulam mais facilmentepela dita alta cultura. E há um tempo, opresente, em que a leitura já é vista e encaradacomo algo capaz de mudar a vida das pessoas eda sociedade.

Cada vez mais, a leitura ocupa um lugar dedestaque na sociedade moderna que estáprofundamente vinculado à necessidadepermanente de transformação e crescimento doindivíduo. Como uma atividade de educaçãocontinuada que acompanha e persegue ohomem moderno e globalizado durante toda suaexistência, dos oito aos 80 anos – comvariações deliciosas abaixo e acima dessa faixa,dado às novas expectativas de vida e àantecipação do período de alfabetização dascrianças.

LIVRLIVRLIVRLIVRLIVROOOOO,

leitura ecidadania

PorGALENO AMORIMJornalista e EscritorRio de Janeiro - [email protected]

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Sendo assim, além de contribuir decisivamente para aformação do ser humano – sedimentando valores edesenvolvendo sua inteligência e capacidadeininterrupta de aprender –, tem a leitura fundamentalimportância nos dias atuais. Porque é ela a via deacesso ao mundo moderno e ao exercício pleno dosdireitos elementares da cidadania.

Ao perceber como se dá o funcionamento dasociedade, ao descobrir o que é capaz de gerar emtermos de conhecimento próprio e de apreender apartir de elaborações feitas por outras pessoas, o serhumano-leitor também se dá conta de que tem suaspróprias possibilidades. E que é preciso colocá-las evivenciá-las com seus iguais na comunidade em quevive e no mundo ao seu redor. É o livro, é a leituraessa chave de acesso a esse admirável mundo novo.

No Brasil dos dias atuais, cada vez mais a leitura éessa espécie de senha para que os que têm acesso aela consigam galgar outras posições na vida. Seja naforma de trabalhos e salários que possibilitem seuacesso às maravilhas da nova sociedade, seja para seucrescimento pessoal. De qualquer maneira, oconhecimento e a expansão da sua capacidade degerar ideias e novos conhecimentos para fazer girar,sob sua perspectiva, a roda da vida em sociedade, tême terão, cada vez mais, importância estratégica para seconstruir um outro país. Mais justo, mais soberano,mais desenvolvido.

Os governos, de sua parte, têm se empenhado,independentemente das cores partidárias e de suasconvicções ideológicas. Ninguém, afinal, é contra olivro e sua capacidade extraordinariamentetransformadora. Mas não basta “não ser contra” olivro. É preciso ser a favor e atuar para que o livro e aleitura sejam políticas de estado, e não apenas projetostemporários de governos.

Galeno Amorim é jornalista, escritor e diretor doObservatório do Livro e Leitura. Criou o PlanoNacional do Livro e Leitura. É considerado um dosmaiores especialistas do tema Livro e Leitura naAmérica Latina.

VISITE:www.blogdogaleno.com.br

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PorTOM COELHOEducador, conferencistae escritorSão Paulo - [email protected]

Mais do que consensual, é estatística adefasagem da qualidade de ensino em nossopaís quando comparado a outras naçõesparticipantes do Pisa, o ProgramaInternacional de Avaliação de Alunos, examede aprendizagem organizado pela OCDE(Organização para a Cooperação eDesenvolvimento Econômico). O Brasil fez uma opção pela quantidade emdetrimento da qualidade, com o intuito deerradicar o analfabetismo formal, colhendocomo consequência um crescenteanalfabetismo funcional. Assim, a baixaqualificação profissional e seu impacto naprodutividade do trabalho reduzem acompetitividade de nosso país, levando-nos aum crescimento econômico pífio e àpersistência das desigualdades sociais. Diante deste contexto, como alcançar aexcelência na educação? Alguns aspectosbásicos que devem ser observados:

Um roteiro paraa excelência na

“Um professor nãoeduca

indivíduos. Eleeduca umaespécie.”(Georg C.

Litchtenberg)

EDUCAÇÃO

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Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. Éautor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento”,“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” e coautor de outrasseis obras. Visite: www.tomcoelho.com.br.

 1. Professor. É necessário qualificar e remuneraradequadamente o docente, possibilitando eestimulando a dedicação em tempo integral. Avalorização financeira do magistério é essencialpara reter os melhores talentos. Os ganhosdevem crescer de acordo com o desempenhodos alunos, a assiduidade do professor às aulas esua avaliação periódica em provas docentes. Oinstrutor precisa aprender didática, sabertransmitir conhecimento e ensinar paratransformar. 2. Aluno. Os estudantes devem ser submetidos aexames auditivo e oftalmológico para identificarpreviamente deficiências que possamcomprometer o aprendizado. Precisam serestimulados para desenvolver interesse pelaescola, reduzindo a evasão. 3. Pais. A educação não pode ser simplesmentedelegada à escola. Os pais precisam se envolver,participando de reuniões, tarefas escolares,atividades extracurriculares. Também devemimpor limites aos filhos e educar pelo exemplo –o pai que bebe com os amigos para se socializare a mãe que toma remédio para relaxarinfluenciam seus filhos diretamente. 4. Estrutura curricular. Deve ser diversificadapara aumentar a atratividade aos alunos,priorizando o autoconhecimento paraidentificação e fortalecimento de talentos e odesenvolvimento de competências não cognitivas.O sistema educacional não pode continuarestruturado exclusivamente para preparar alunospara exames vestibulares. Ou se insere opragmatismo, ou a escola continuará sendopercebida como um fardo em virtude doconteúdo programático definido pela atual Lei deDiretrizes e Bases da Educação (LDB).

 5. Aulas. A monotonia é um convite ao desperdício detempo. Enquanto o professor escreve na lousa, adesatenção e a indisciplina acolhem os alunos. Asmetodologias devem privilegiar a participação ativa doaluno e as atividades em grupo. 6. Infraestrutura. O ambiente deve ser acolhedorpara aumentar o interesse do aluno e elevar o índicede frequência. A acessibilidade arquitetônica a pessoascom deficiência ou mobilidade reduzida em salas,corredores, auditórios e banheiros precisa serconsiderada. A tecnologia tem que ser inserida em salade aula, como instrumento de ensino e socialização,contemplando a realidade das novas gerações, emcontato desde cedo com equipamentos eletrônicos. Aquestão é saber quando, para que e o que fazer com atecnologia. 7. Gestão escolar. Aperfeiçoar os sistemas degestão, elevando a autonomia, integrando instituições einvestindo na qualificação do diretor. Há certamente outros fatores preponderantes, emespecial as políticas públicas que devem amenizar oimpacto da condição socioeconômica dos pais nodesenvolvimento cognitivo e emocional dos filhos, nãose limitando apenas à ampliação do número de vagasem creches e pré-escolas. Mas isso é assunto para sertratado em outro artigo.

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A Academia de Medicina de São Paulo,surgida como Sociedade de Medicina e Cirurgia de SãoPaulo, em 7 de março de 1895, é a mais antiga instituiçãoassociativa médica paulista e uma das mais longevas,no gênero, do Brasil! À época de sua fundação,funcionava como um polo aglutinador e referencial daclasse médica, que propiciava não somente ao que hojechamamos de educação continuada, como também seconstituía num ambicionado areópago, onde seapresentavam e se discutiam ideias de trabalhosinovadores. Ademais, dentre outras funções, nela seexercitava de forma incipiente a ética e a defesaprofissional, embora estes termos sequer fossemexplícitos ou tivessem o mesmo valor e compreensãoatuais, que lhes foram paulatinamente acrisolados pelotempo.

Com o evoluir das décadas subsequentes houveaumento exponencial da população e,proporcionalmente, em menor escala do contingentemédico; implicações e responsabilidades sociaiscrescentes, assim como a multiplicação deconhecimentos, que redundaram, inexoravelmente, nanecessidade de se diversificar, organizar e se especializarem diversas frentes de atuação relacionadas ao trabalhomédico.

Assim, em 1929, surgia o Sindicato dosMédicos de São Paulo (Simesp), embora só tivessereconhecimento em 29 de maio de 1941; em 29 de

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Academia de Medicina de São Paulo

120 Anos de HistóriaPorHELIO BEGLIOMINIMédico e escritorCadeira 21 - fundadorSão Paulo - [email protected]

novembro de 1930 foi criada a Associação Paulistade Medicina (APM) com 100 associados fundadores –entidade ilimitada quanto ao número de associados –,diferentemente do que determinava o estatuto daSociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, então,com quase 35 anos de existência, a uma restrita eliteparticipante; em 26 de janeiro de 1951, foi inaugurada aAssociação Médica Brasileira (AMB); os ConselhosRegionais de Medicina, que instituídos inicialmente peloDecreto-Lei no 7.955, de 13 de setembro de 1945,adquiriram suas características atuais somente a partir daLei no 3.268, de 30 de setembro de 1957; o ConselhoFederal de Medicina (CFM), criado em 1951, bemcomo dezenas e dezenas de sociedades de especialidadese subespecialidades surgidas a partir das primeirasdécadas do século XX.

Em decorrência, como entender o papel daAcademia de Medicina de São Paulo dentre outrascongêneres no contexto pluriforme da atualidade? Teriasentido mantê-la? Teria algo a mais a contribuir? Fazsentido sua continuidade? A estas três últimas perguntasnão tenho dúvida nenhuma de que a resposta é categóricae peremptoriamente afirmativa.

Os silogeus não devem competir com quaisquerentidades afins em seus misteres. Ao contrário, devemutilizar a expertise, a proficiência e a sabedoria de seusprofissionais – indiscutíveis virtudes! – em ações sinérgicasem prol de interesses comuns, e, no caso da medicina,

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vale ressaltar: a defesa insopitável e inegociável da vidahumana – maior patrimônio do planeta Terra! – em todasas suas fases, particularmente as mais frágeis e indefesas;a busca incansável pelo esmerado, zeloso e honradoexercício profissional; a defesa intransigente do paciente,fulcro maior da arte de Hipócrates (460 a.C. – 377 a.C);o resgate e o incentivo do humanismo e da caridade naabordagem do enfermo; a valorização de pesquisascientíficas em prol do ser humano; o estímulo pelocontínuo aprimoramento e atualização do conhecimentomédico; a busca pela melhoria das condições de trabalho;a luta por honorários dignos; e o incremento cultural daclasse médica com valorização particular à história damedicina e seus heróis na arte de curar.

Em ação complementar, uma Academia deMedicina deve tratar com atenção todas as ações naárea da saúde, e, de modo especial, aquelas que sereferem à saúde pública, que visem à prevenção,minoração ou erradicação de doenças e condiçõesmórbidas, pois não se pode minimizar sua necessária açãosocial, seja de forma explícita, seja implícita.

A Academia de Medicina de São Paulo temalbergado desde o seu nascedouro ilustres esculápios

que se destacaram no exercício da profissão; que atuaramou que atuam como cientistas, pesquisadores eprofessores universitários ou em hospitais de ensino; quedirigiram ou dirigem serviços especializados, hospitais efaculdades, ou que governaram universidades; quedesempenharam ou desempenham os mais diversoscargos e funções governamentais atinentes ao município,ao estado e à nação; que integraram ou que integramcom destaque inúmeras sociedades de especialidades;que dignificaram ou dignificam entidades de defesa daclasse, tais como o Conselho Regional de Medicina doEstado de São Paulo (Cremesp), a APM, o Simesp, oCFM e a AMB. Ademais, muitos de seus membrosigualmente se destacaram ou se destacam comoescritores, pensadores e intelectuais de escol, poistambém pertenceram ou fazem parte de renomadasentidades científicas internacionais, assim como desilogeus literários e culturais, que lhes conferiramsignificativas honrarias e homenagens.

Esse inestimável e multiforme cabedal curricular– ético, científico, histórico, educacional, cultural,intelectual e profissional, dificilmente passível de se reunirem quaisquer entidades da classe, tem-se constituídosecularmente – sem dúvida alguma!!! – no maiorpatrimônio da Academia de Medicina de São Paulo.Ele deve ser catalisado sinergicamente com outrasentidades afins para o contínuo aprimoramento edignificação do mister hipocrático.

Conhecendo apreciável parte de seu passado; deseus ilustres membros de antanho, assim como sendotestemunha ocular do último quartel de sua história, tenhocerteza que a Academia de Medicina de São Paulo étão ou mais necessária à medicina, aos médicos e àsociedade paulista do que foi em seus albores, pois nelareside irretorquível e inextricavelmente o lastro daessência médica!!!

Que esses 120 anos de existência da Academiade Medicina de São Paulo sejam não somente motivode efusiva comemoração, mas também de reflexão, afim de que este augusto silogeu e seus membros possammelhor planejar e empreender com galhardia e destemora caminhada de seus próximos decênios.

http://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/VISITE O SITE DA ACADEMIA E SAIBA MAIS:

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PorJOSÉ ARLINDO GOMES DE SÁMédico e escritorRecife - [email protected]

Sobre o Dia Internacional daMULHER

A mitologia clássica abre janelas novas sobrerealidades que a gente vinha banalizando e, por issomesmo, transforma nossa visão, nos deixa maisalimentados e emocionalmente confortados. Ela noscoloca um mundo que não passou nem vai acabar,porque tem algo de universal e mais que isso: atemporal.A simples menção dos deuses gregos e romanos,orquestrando a sinfonia da vida, já basta para me deixardesperto, pois até hoje eles jamais me decepcionaram.Deliciosas aventuras, as histórias são a espinha dorsalda civilização ocidental. Coleridge, em 1817, falavada literatura quando disse que só aproveita um trabalholiterário quem está disposto a suspender a incredulidadee a se deixar levar pela fantasia. A meu ver, falavatambém da vida.

O Dia Internacional da Mulher lembra umaedificante história grega. O chefe supremo dos deuses,Zeus, provocou uma discussão com Hera, sua esposa,ao afirmar que o prazer da mulher era mais intenso queo do homem. Aí, resolveram chamar Tirésias, a únicaautoridade confiável no assunto. Então, ele falou: “Dedez partes, o homem aproveita apenas uma, enquantoa mulher aproveita todas as dez em seu coração”.Furiosa, Hera, ao ver exposta a sua superioridadefeminina, cegou o pobre Tirésias, para ele aprender anão enxergar demais.

Na sua incomparável sabedoria, os gregosreconheciam o que nós, homens, temos tratado deesconder ao longo da história: perdemos para a mulhere vivemos assombrados com essa superioridade. Freud

tinha conhecimento disso quando uma amiga lhe observouque o homem tem medo de mulher. O médico limitou-sea replicar com naturalidade: “E ele tem razão”. A mulhernão é má e destrutível: a malícia de Eva, a mulher fatal, amaldade das feiticeiras, tudo não passa de fantasias queo homem criou para esconder seu temor. A mulher assustaé por sua beleza, seus orgasmos, sua facilidade em lertodas aquelas linguagens para as quais somos cegos esurdos e, acima de tudo, sua invejável capacidade deser. Para compensar fazemos guerras, criamos religiõescujo ser supremo é Ele (e não Ela), descobrimosAméricas e elas ali, só olhando. Nós fazendo, e elassendo.

A história da humanidade registra: quanto maiorfoi esse medo, tanto mais a mulher foi oprimida. Já noséculo XVIII, Johnson admitiu: “A natureza deu tantopoder às mulheres, que elas, muito sabiamente, deu-lhesmuito pouco”.

O escultor ateniense Praxíteles fez duas estátuasde mármore representando Afrodite, a deusa do Amore da Beleza - uma vestida, a outra nua. Os cidadãos deCós acharam mais apropriado adquirir a imagem vestida,enquanto os de Cnidos não se importaram de ficar coma Afrodite desnuda. Ninguém mais lembra a estátua deCós; a de Cnidos, no entanto, viria a se tornar a esculturamais famosa da Antiguidade. Por essa época, oshabitantes de Crotona resolveram enriquecer os templosde sua cidade com pinturas que atraíssem a atenção.Para executá-las, Zêuxis, o grande pintor da Grécia,resolveu pintar o retrato imaginário de Helena de Troiapara encarnar o ideal da beleza feminina. Zeuxisselecionou não uma, mas cinco das mais belascrotonenses, pois nunca poderia encontrar todas aspartes que compõem a beleza perfeita numa só pessoa,porque a natureza nunca fez uma só coisa que detivessea perfeição em tudo. E assim, em Crotona, reinava afelicidade entre os cidadãos, a quem o sábio Zeuxis tinhaensinado que cada uma delas, sem exceção, contribuíacom a sua parcela para esta beleza ideal, pois a generosanatureza nunca esqueceu de ninguém nesta partilha, dandoa umas aquilo que falta a outras.

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Aqui vão mais três dicas de sites interessantes para você conhecer. Para tornar mais prática a suaopção de delivery na hora da fome, recomendamos uma visita ao RESTAURANTE WEB. Bom

apetite! Se você quer conhecer virtualmente um dos mais importantes museus paulistas, não deixede visitar o site do MUSEU DE ARTECOMTEMPORÂNEA DA USP. E, especialmente para asmulheres no mês em que comemoramos o nosso Dia Internacional, um site para encontrar tudo o

que nos interessa: UNIVERSO FEMININO. Bons cliques!

PorLUCIANA GOMES GIMENESAdministradora de empresas eCoordenadora de comprasSão Paulo - [email protected]

Dicas e links NETNETNETNETNET

RESTAURANTE WEBPedir comida pelo telefone é coisa do passado. Depois do RestauranteWeb,você não precisa depender de imãs de geladeira e toneladas de papel paraencontrar o que pedir, pode dispensar o telefone e deve esquecer as filas deespera intermináveis até receber sua comida. O RestauranteWeb veio paradeixar tudo mais simples. Seu prato preferido agora fica a um clique de distânciae pelo aplicativo ou site você se conecta com os melhores restaurantes perto devocê. Com o RestauranteWeb, você pode olhar o cardápio e os preços de cadarestaurante antes de decidir o que quer comer. Em pouco tempo, você faz seupedido e aí é só esperar o restaurante preparar o seu prato e entregar onde vocêestiver. É prático e seguro. Experimente!https://www.restauranteweb.com.br/

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA O Museu de Arte Contemporânea foi criado em 1963 quando a Universidade de

São Paulo recebeu o acervo do antigo MAM de São Paulo, formado pelascoleções do casal de mecenas Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo. Segundo

o próprio site, “O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo(MAC USP) tem em seu acervo cerca de 8.000 obras, entre óleos, desenhos,

gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais, constituindo grandepatrimônio cultural com decorrências sociais nacionais e internacionais. São obrasde artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Brecheret, Tarsila, Rego Monteiro,

Portinari, Oiticica, Modigliani, Boccioni, Picasso, Chagall, entre tantos outros”. http://www.mac.usp.br/mac/

UNIVERSO DA MULHERO Portal da Mulher Inteligente, além da divulgar temas sociais, disponibiliza tudoo que a mulher quer saber sobre os mais variados assuntos como beleza, saúde,sexo, moda, dinheiro, cultura e muito mais. Dicas, novidades, fofocas, diversão,viagem, horóscopo e médicos especialistas para tratar de vários assuntos sãoalguns dos temas que o portal também trata, sem falar nas promoções, sorteios,eventos e mil novidades todos os dias. O Universo da Mulher conta com umaequipe qualificada, que navega 24 horas por dia, a procura de notícias novas ematérias interessantes para, através de clipping das principais mídias, fazer comque a mulher fique por dentro das últimas novidades.http://www.universodamulher.com.br/

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PorCARLOS AUGUSTO GALVÃOPsiquiatraSão Paulo - [email protected]

Anibal SilveiraAnibal SilveiraAnibal SilveiraAnibal SilveiraAnibal Silveiratributo a

O pensamento é… a inteligência, a criatividade, acapacidade de se adaptar usando a imaginaçãocriativa. O pensamento é a interação do homem com omeio…, enfim o pensamento é sentimento. Eu diria queo pensamento é tudo isso e muito mais. Nada maisdifícil do que tentar definir o pensamento.

Os gregos antigos, que parece terem sido feitos porDeus apenas para pensar, não tiveram nem tempo nemtecnologia para provar e aplicar o que pensavam,como o homem moderno que, com máquinas, selocupleta com tecnologia e com ela prova à exaustãopostulados deles, pensamentos quase tão antigosquanto a história. Os sofistas, aproveitando daelasticidade do pensamento, criaram a pérola dosofisma, que muitas vezes lançamos mão para nosapaziguar com a realidade; até uma certa raposa oaproveitou ao criar o sofisma das uvas verdes, paraseguir sem remorsos o seu caminho. Pois bem…,mesmo na Grécia antiga, numa era de maior culto aopensamento, não se chegou a defini-lo.

No milênio perdido, iniciado poucos séculos depois donascimento de Cristo, o pensamento passou a serproibido, isto é, reprimido profundamente no homemcomum pela mesma casta que se achava exclusiva edona dele. Assim o pensamento virou instrumento dedominação de massas, que tinha estimulado em si um

O PENSAMENTO

dos mais básicos sentimentos, e que não é exclusivodo homem: o medo, definido por Auguste Comtecomo “Prudência”, uma função da “EsferaConativa”em sua teoria positivista (do grego“conatus”, que significa “movimento”).

Não é o caso de tentar resgatar tão controvertidafigura histórica. Faltam-se meios e estudos para julgaro positivismo enquanto doutrina, e até entendo suasdistorções; aqui mesmo no Brasil há monstrengos queainda hoje se dizem positivistas e se ufanam de teremsido criados sob tal ideologia, mas a distorceram comtemperos autoritários para caber na falsidade de seuspropósitos. Um dos mais belos dísticos positivistas foi“adaptado”e é exibido como joia falsa em nossopendão atual.

Mas voltemos ao pensamento e procuremos não cairmais em seus labirintos, pois lá, já diziam os gregos,há minotauros malvados.

Anibal Cipriano Silveira Santos(1902-1979)

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Entenda porque a terra doscangurus é a melhor opçãopara o seu intercâmbio

É necessário que entendamos não ser o pensamento uma exclusividade do homem. Existe o pensamentoprimitivo dos animais inferiores; no caso do cão, os positivistas relacionam que sua “Esfera Afetiva” possuifunções já elevadas como “Apego”, mas lhe falta funções altruísticas, que foi o estímulo antropomórficopara o surgimento do “Córtex 6”, formação anatômica que faz a diferença do corpo do homem em relaçãoaos outros animais. É a sede da consciência, esta sim exclusiva do homem, que no positivismo foi chamadade “Esfera Intelectual”.

“Apego”…, “Esfera Afetiva”…, “Esfera Intelectual”…, afinal de contas o que é isso? É uma perguntaextremamente válida. E eu responderia: O “Penso, logo existo…”, há de ser o produto de um mecanismobiológico agindo com a realidade do meio, e Auguste Comte foi o ser humano que mais próximo chegou adefinir este mecanismo biológico. Infelizmente, num de seus inevitáveis labirintos, encontrou poderososmonstros que transformaram seu pensamento em fogueiras. Mas um anjo brasileiro imbuído de coragem esem dúvida iluminismo divino, resistiu à sanha da neoinquisição, que agora se tornava menos explícita,porém mais perigosa: não incendiava mais cérebros…, incendiava livros.

Aníbal Silveira, esta reserva desconhecida de orgulho brasileiro, foi um psiquiatra que, resgatando opassado da psiquiatria, revolucionou-a, ao estudar e desenvolver para um plano terapêutico a “Teoria das

Funções”, transformando-a num importantíssimo instrumento médico. Isto numtempo de saudosismo ígneo clerical e de fortalecimento das duas maioresmentiras do século XX: o comunismo com seu pernicioso simplismo deprocurar nivelar o homem, castrando-o em suas funções da ambição, e odelírio freudiano que tenta retirar o efeito do órgão, no caso o pensamento docérebro, como se pudesse existir o movimento sem a miosina ou a ovulaçãosem o ovário.

É importante dizer que, conforme avança a tecnologia nos segredos docérebro, mais se confirmam os estudos e teses de Aníbal Silveira, sobretudo osreferentes às fibras cerebrais transemisféricas e interemisféricas.

Aníbal Silveira, este paulista que trabalhou toda sua vida no Hospital Francoda Rocha, morreu no final dos anos 70, mas, mestre que sempre foi, deixouseguidores. Transformou-se num elo médico psiquiátrico com o passado, umaespécie de ponte sobre um tempo de intenso afastamento entre a medicina e apsiquiatria (ora envolta em obscuros lenços analíticos) que ainda hoje existe,situação que mais e mais se torna anacrônica e insustentável. Um dia estegrande médico de São Paulo ainda terá o reconhecimento que merece, postoque teve relevância universal na arte médica. *

A Biografia de Anibal Cipriano Silveira Santos poderia ser sintetizada com algumas palavras: Paulista,Positivista, Psiquiatra, Pesquisador, Professor e Pai intelectual de um grande número de jovens psiquia-

tras. Sua vida esteve na maior parte centrada no seu trabalho no Hospital de Juqueri, no Departamento dePsiquiatria da APM, na Sociedade Rorschach de São Paulo e no Instituto de Psicologia da USP. Leia mais

no site PSYCHIATRY ON LINE BRASIL

saiba mais sobre Anibal SilveiraAnibal SilveiraAnibal SilveiraAnibal SilveiraAnibal Silveira

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Artigo do Prof.Carlos daSilva Lacaz sobre AnibalSilveira publicado na Folhade São Paulo - 16.09.1979

* do livroPensamentos Esparsos

Carlos Augusto GalvãoRumo Editorial - SP - 2014

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PorCARLOS EDUARDO DE OLIVEIRAEngenheiroSanto André - [email protected]

Salut les amis!

Em outubro de 2013 fizemos - eu, minha mulher e ascrianças - um belo passeio pelo Chile. Por causa dosnossos filhos, um deles com menos de um ano,ficamos apenas pelas cercanias de Santiago, mas essarestrição não impediu de conhecermos ótimos lugaresna capital e no Vale do Maipo. Foi uma viagem curta,aproveitando o feriado prolongado aqui de São Paulo,mas foi fascinante.

Ficamos hospedados na Providencia - na verdade a“cidade” de Santiago é formada de diversas comunas,que são tipo megabairros, com administraçãoindependente. Escolhemos o simpático Hotel Le Rêve,localizado na Orrego Luco, uma travessa da Av.Providencia, importante centro comercial da capital,próximo de ótimos restaurantes, das grandes lojas dedepartamento e do Costanera Center (um imensocentro comercial que comporta além de um shoppingcenter o mais alto edifício da América Latina, comcerca de 300 metros de altura). O local dahospedagem foi mesmo uma escolha felicíssima.

Nosso primeiro almoço foi no restaurante Baco,localizado em outra travessa da Av. Providencia. Cominúmeras opções de vinho em taça e ótima variedadede pratos, o rancho foi excelente. Para começo deconversa, pedimos um Casa Lapostolle CuvéeAlexandre chardonnay 2007 e um Orzada carignan daOdfjell 2010. De entrada, terrine de foie gras,acompanhado dos ótimos pãezinhos que osrestaurantes chilenos quase sempre preparam na casae levam à mesa ainda quentinhos e crocantes. Ochardonnay é do tipo pesadão, criado em barrica,super dourado e encorpado com aromas doces defrutas tropicais em compota e mel, na boca é gordo e

lembra muito abacaxi em calda - gosto de Epocler!Achei desiquilibrado, mas há quem goste deste estilo.Por outro lado, o carignan da Odfjell é bem fresco esuculento, com um misto de frutas vermelhas e negrasfrescas, muito gostoso.

A Alessandra pediu um prato de camarões e continuouno chardonnay, enquanto eu fuino bouefbourguignon e pedi um Ventisquero Pangea2008 para acompanhar. Escolha muito feliz, pois oprato veio apimentadinho (depois percebi que énormal por ali o uso de umas pimentas bemsaborosas) e harmonizou perfeitamente com este vinhoproveniente de Apalta que entrega tudo o que a cepatem de bom. Púrpura, denso, frutado e especiado,com gostosas notas de chocolate e pimenta. Madeirae álcool muito bem integrados, redondo egastronômico. Um almoço de muito boas-vindas aoChile!

Nesse primeiro dia, ainda passeamos pelo CostaneraCenter, e após uma volta ao hotel para recarregar asbaterias jantamos no Le Flaubert, um simpático

CCCCCHHHHHIIIIILLLLLEEEEEOpinias - Março 2015

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http://www.conservadonovinho.blogspot.com.br/

SAIBA MAIS EM CONSERVADO NO VINHOO

bistrozinho perto do hotel. Comi ceviche de camarõescom um chardonnay Santa Ema (não podiam faltar osnomes de santa...). Simplesinho, baratinho egostosinho. Fresco, com aromas de frutas cítricas etropicais e ótima acidez, caiu muito bem com oceviche e com o arroz de lula e saint-jacques quecomi depois. A Alessandra mandou um ótimo coq auvin e de sobremesa um crepe suzette. O únicoproblema do restaurante é que era pequenininhodemais para uma família barulhenta como a nossa,com um bebê de dez meses num carrinho... masjustamente por ter poucos clientes a comida vemmuito rápido, então com crianças, isso é um grandeponto positivo!

No dia seguinte fizemos um city tour pela capital,conhecendo locais como Paris-Londres (a vila comgrandes casarões de influência europeia), o JoqueyClub, o centro histórico, a Plaza de Armas, acatedral, o palácio presidencial de La Moneda e omercado municipal, que é um arremedo emcomparação com o mercadão de São Paulo. Deinteressante ali os mais variados tipos de frutos-do-mar e os restaurantes desta especialidade com asgigantescas centollas expostas nas vitrines, junto comcamisas de clubes de futebol. Por último conhecemoso Cerro Santa Lucía, um morro no meio da capital,antigo forte espanhol e que hoje é uma bela áreaverde. Chamou-nos atenção, aliás, o belo paisagismoe a arborização da cidade, que tem a finalidade decombater um pouco a baixa umidade e aconcentração da poluição causadas pela proximidadeda Cordilheira.

Almoçamos no Giratorio, um restaurante giratóriomesmo com uma bela vista panorâmica da cidade deSantiago, com os Andes, o Cerro São Cristóbal  e acomuna da Providencia emoldurando a paisagem. Acomida também era muito boa, mas de novo senti adificuldade de pedir um bom branco paraacompanhar um polvo grelhado. Estes restaurantesmais tradicionais sempre têm ótimos tintos na carta,mas não brancos... Acabei pedindo um San PedroCastillo di Molina chardonnay (com nome de santohomem eu ainda não conhecia nenhum), que acabouse mostrando muito leve para o prato, que tambémcontinha pimentões, azeite e o tradicional mix depimentas.

À noite fomos ao Parque Arauco, um mega shoppingcenter muito bem instalado, com um mix enorme delojas, inclusive de grifes sofisticadas e restaurantes emuma bela área aberta, tipo boulevard. Jantamos em umrestaurante de rede, novamente bons pratos puxadinhosnas pimentas.

No dia seguinte, acordamos bem cedo para fazer umtour por algumas vinícolas no Vale do Maipo (leia noblog sobre nossas visitas à De Martino, Concha yToro e Almaviva) e à noite fizemos nossa últimarefeição no Chile, em um ótimo bistrô chamado DelCocinero, cujo proprietário e chef, muito simpático porsinal, é um ex-executivo que trabalhou durante muitotempo no Rio de Janeiro, por isso fala um portuguêsmuito bom. A filhota comeu uma omelete de camarõesdeliciosa, minha mulher foi num prato de vieiras à lacrème e eu mandei um ceviche de salmão comalcachofras e depois um ótimo spaghetti com frutos-do-mar, tudo acompanhado por um simples masgostoso chardonnay Santa Ema, bem fresco e frutado.

Voltamos para o Brasil com a melhor impressãopossível deste país de lindas paisagens e povosimpático e civilizado. No caminho para o aeroporto,cruzamos com a comitiva presidencial; o motorista dotáxi nos alertou: um Honda Civic escoltado por doisbatedores em motocicletas. “Aqui não é como noBrasil”, disse ele. “Os políticos aqui existem para servirao Chile e seu povo, e não a si próprios, como ocorreno seu país. Estamos acompanhando pelos jornais oque está acontecendo lá, tomara que dê resultado paravocês” - disse sobre as manifestações de junho,apontando um jornal no bolso lateral da porta do carro:uma edição do Financial Times. Em inglês.Meditemos.

Santè!

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Fotografia:SÔNIA HAMMERMULLERFotógrafa amadoraEsteio - [email protected]: pesquisa da redação

A Ponte Alexandre III, considerada a mais bela deParis, liga as duas margens do Rio Sena, do bairrode Champs-Élysées ao de Invalides. Ela integra umconjunto arquitetônico do qual fazem parte outrasduas obras igualmente lindas: o Grand Palais eo Petit Palais, na altura do meio da AvenueChamps-Élysées. Os três foram construídos paracelebrar e abrigar a Exposição Universal de 1900.

Mais que uma belíssima obra de arte escultural, étambém resultado magnífico do ponto de vistaarquitetônico e de engenharia: foi a primeira pontepré-fabricada e transportada para o local onde foiinstalada com guindastes.

Uma das exigências do projeto, evidentemente, eraa de não interromper a vistapara Invalides e Champs-Elysées, o que resultounuma ponte especialmente baixa e larga, com 107,5metros de comprimento e altura de apenas 6 metros.

Com as suas lâmpadas exuberantes em estilo ArtNouveau, a ponte é decorada com querubins, ninfase cavalos alados dourados em cada extremidade.Elafoi construída entre 1896 e 1900. É dedicada aoczar Alexandre III em razão da Aliança franco-russaem 1892. O seu filho Nicholas II colocou a pedrade fundação em outubro de 1896.

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Os quatro pilares encimados por esculturas de bronze revestidas de folhas de ouro, representandoPégasus, o cavalo alado, têm 17 metros de altura e ficam um de cada lado das muretas da ponte. Namargem direita, elas são Renommée des Sciences e Renommée des Arts, trabalhos do escultor E.Frémiet. Na margem esquerda, Renommée du Commerce, de P. Granet, Renommée de l’Industrie,de C. Steiner.

O centro de ambos os lados do guarda-corpo da ponte é decorado por duas belas composições emcobre, chamadas Nymphes de la Seine e Nymphes de la Néva, e na base dos pilares há motivosmarinhos executados em cobre por L. Morice e A. Massoule. os quatro magníficos candelabros comcupidos e monstros marinhos são de autoria do escultor H. Gauquic.

Na base de cada um desses pilares com os cavalos alados dourados, há quatros esculturas: LaFrance Contemporaine, de G. Michel e France de Charlemagne, de A. Lenoir, na margem direita eFrance Rennaissante, de J. Coutan, e La France de Louis XIV, de L. Marqueste. Os leões são obrade J. Dalou e de Gardet.

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O Super Homem deAlan Moore

Com Nietzsche começa a história do herói britânicoMiracleman escrito por Alan Moore. Ao anunciar apalavra “Kimota”, ele se transforma de um homemcomum em um semideus poderoso. Mas engana-seaquele que lerá uma história com uma premissa tãosimples. Como o próprio autor disse em umdocumentário sobre sua carreira (The Mindscpe of AlanMoore, 2005), seus quadrinhos não são feitos apenaspara entretenimento. Sua intenção é fazer a consciênciado leitor sofrer algum tipo de transformação.

O personagem é abertamente copiado no CapitãoMarvel, o garoto que quando pronuncia a palavraSHAZAM, torna-se no herói com o queixo largo eroupão vermelho. Nos anos 50 em um mundo coloridopós-guerra e o mercado promissor de quadrinhos, aInglaterra produziu sua versão do herói a qual foichamada de Marvelman. Com a queda das vendas emuitos problemas judiciais envolvendo plágio, o título foicancelado e tão logo esquecido.

Em meados dos anos 80, surge uma nova geração dequadrinistas. Muitos deles influenciados pelacontracultura, começaram a explorar seus gibis comrock´n roll, revolução sexual, literatura beat eperceberam na arte sequencial um modo de explorarpotenciais mais artísticos. Os quadrinhos começaram areceber críticas elogiosas não só das revistasespecializadas, mas em jornais e revistas de grandecirculação. Entre os artistas de quadrinhos maisimportantes dessa época, Alan Moore e Frank Millerdespontam como os grandes nomes.

PorGUSTAVO BARBOSA ROSSATOEscritor e Servidor públicoJundiaí - [email protected]

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“Vede, eu os anuncio o super-homem,

Ele é esse raio, ele é esse brilho”

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No começo da sua carreira, antes de sercontratado pela poderosa DC Comics,Alan Moore participava de um seloindependente chamado 2000 AD,contribuindo com histórias como V deVingança e a nova versão do heróibritânico dos anos 50/60 rebatizado deMiracleman. Mudar o nome do título foiuma maneira de conseguir driblar osinúmeros processos.

Na nova fase, o escritor britânicoexplora o impacto psicossocial emconviver com um indivíduo realmentesuper, visão esta explorada demaneira mais política em Watchmen,obra-prima do autor e consideradapela revista Times entre as 100obras mais importantes do século 20(um feito e tanto para uma históriaem quadrinhos). Em Watchmen ahisteria coletiva e a paranoia daguerra fria estavam em ponto deebulição. Já o enredo de Miraclemanse aprofunda em um tom maisexistencial. Algo na qual se aproximamuito da série Monstro do Pantâno,também revisitado pelo autorbritânico na mesma década. Ambosos personagens abandonam a suahumanidade e abraçam a potênciamaterial do alter ego. Um desenvolvesua natureza Elemental, já o heróiMiracleman torna-se uma versãocontemporânea de um deus grego.

A história marcou muito os fãs dequadrinhos, tanto a fase escrita porMoore quanto pelo seu amigo NeilGaiman. Porém o título entrou emuma espécie de maldição com achegada dos anos 90. Miracleman faziaparte de um selo independente que maistarde foi comprado pelo artista americanoTodd Mcfarlane (Spawn) e o que seria umacordo entre cavalheiros, tornou-se umaguerra homérica de direitos depublicação. Foi nessa época que Neil

Gaiman proibiu Mcfarlane de usarÂngela (personagem criada peloinglês) nas histórias do Spawn.

O fato é que agora a editora Marveltornou-se detentora dos direitos depublicação. Já é possível encontrarnas bancas do Brasil os primeirosnúmeros em edições com papel de

boa qualidade e em formatoamericano. Fãs antigos serãorecompensados pela longa espera eos novos leitores terão a oportunidadede conhecer Alan Moore no início desua carreira, já antevendo heróisdemasiadamente humanos.

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PorBÁRBARA PEREZEnfermeira, Escritora, PoetaMarataízes - [email protected]

No branco da nevea areia brancano preto dos meus olhoso azul da cor dos seusna prata do pescoçoreflexo da lua.No verde das ogivasé a naturezasão cores são floresnão é só tristeza.No brilho do alfinetelança e punhalno amarelo das unhasuma margarida,na cinza da brasao cigarro acesosão doressão odoresnão é só tristeza.No cinza do tempouma manhã na cidadetransparentecomo fino plásticoe pingo de chuvaa violeta (re) bordadaazul anilolhos secosde incertezasão fragmentossão pudores.não é só tristeza...E a poesia persistente na vida!

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