revista o lutador 3874 marco 2016

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Leigo evangelizando leigo [ As células na evangelização... [ Os males do tabaco... Família [ Lugar privilegiado da educação ecológica... ANO LXXXVII / Nº 3874 MARÇO / 2016 olutador.org.br R$ 9,90 Leigos no "Boa Nova", em Alta Floresta, MT, jan/2009

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Leigo Evangelizando Leigo. Uma revista católica com roteiros bíblicos, litúrgicos e pastorais

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Page 1: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Leigoevangelizando

leigo[ As células na evangelização... [ Os males do tabaco...

Família [ Lugar privilegiado da educação ecológica...

Ano lxxxvii / nº 3874mArço / 2016

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O Lutador, evoluindo com você, na defesa

da Vida, da Família e da Fé!

Nossa Senhora da Piedade é a Mãe Padroeira de todos os mineiros. Contribua com os trabalhos de revitalização e preservação de seu Santuário Ecológico, patrimônio religioso, cultural e artístico de Minas Gerais.

Esperamos você em nossa grande família - a Campanha dos Devotos de Nossa Senhora da Piedade.

Visite o Santuário Nossa Senhora da Piedade, no Alto da Serra da Piedade, Caeté - MG

Para ajudar mensalmente, com qualquer quantia, entre em contato: (31) 3319-6111

facebook.com/eusoufacoparte

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redecatedral.com

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Resposta aos leitores

Em atenção a vários leitores que nos ligaram, passamos a evitar os fundos escuros e letras pequenas afim de facilitar a leitura. Agra-decemos as observações que nos ajudam a tornar a Revista O Luta-dor mais acessível a todos. Man-de-nos sempre suas sugestões.

Atenciosamente,

a Redação.

Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente no site e no facebook...

facebook.com/revistaolutador

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■ Revista digital

Para assinar:[email protected]

Leigoevangelizando

leigo[ As células na evangelização... [ Os males do tabaco...

Família [ Lugar privilegiado da educação ecológica...

Ano lxxxvii / nº 3874mArço / 2016

olutador.org.br

R$ 9,90

Leig

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[ As mudanças climáticas...[ Na crise da mineração...

Religião [ Vida Consagrada: os jovens respondem...

Ano lxxxVii / nº 3873feVereiro / 2016

olutador.org.br

R$ 9,90

Casa comum nossa responsabilidade

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[ BeLeZa Na Capa

“Ao receber a nossa querida Revista O Lutador, fui tomada de grande emo-ção com a sua beleza estampada na capa. A Revista está ótima, com repor-tagens valiosas. Vamos orar pedindo a Deus para que aqueles que nela tra-balham tragam para nós artigos que possam enriquecer, cada vez mais, a nossa cultura religiosa. O meu abraço a todos da Equipe O Lutador. Valeu a pena!”

Neiva FoNseca LadeiRa

Belo Horizonte, MG

@ [ os QUe MaIs soFReM

“Prezados. Paz e bem. O rompimen-to da barragem de Mariana continua a afetar o dia a dia dos moradores ao longo do Rio Doce. E como sempre, os Pobres e Idosos são os que mais so-frem. Escrevi um artigo focalizando, também, este problema. Se julgarem oportuna a publicação, agradeço.

A Revista continua ótima. Parabéns.”

(Trecho do artigo enviado)

“As populações ao longo do Rio Doce olham agora, aterrorizadas, para suas águas barrentas, na vã esperança de encontrar nelas sinais de vida. Nada. Os animais aquáticos desapareceram mortos e levados pela lama. Da fauna silvestre só ficaram os rastros. As gar-ças com suas longas pernas e pesco-ços, figuras frequentes às margens do antes piscoso curso de águas mansas, bateram asas em busca de outras pa-ragens. Já não mais se ouve o chilrear de pássaros em suas imediações. As cobras-d’água também pereceram. Aqui ou ali, um ou outro jacaré ainda olha para o que restou do Rio.

O nosso querido Rio Doce finalmen-te chega às praias do Estado capixa-ba carregando sua carga negativa e transtornando, também, o litoral.

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Espaço do Leitor [ Escreva, envie seu e-mail, comente no site e no facebook...

@ [ poeMas

“Paz e bem! Olá! Sou assinante do Jornal e ex-seminarista sa-cramentino. Envio alguns poemas de minha autoria como su-gestão para publicar na Revista O lutador se for conveniente. De repente é possível escolher e colocar... Alguns poemas cons-tam do meu primeiro livro que fiz aí na Gráfica O Lutador de Manhumirim (Caleidoscópio de Poesia). Desde já agradeço.”[MaRcoRéLio FoRtiNi de aNdRade - Volta Redonda, RJ

LIDeRaNÇaCresce a procura de eficientes líderes reaisGente de caráter, capacitados e com disposição.O mundo carece de arquétipos e referenciais,Alguém de confiança, com habilidades para ação.

Liderar é compromisso, aptidão e responsabilidadeAprimorar a perspicácia, a persuasão e a finezaGerir o poder com legítima e prudente autoridadeSer rigoroso e firme, com simplicidade e delicadeza.

Liderar pede abertura às contínuas novidadesEmpatia, criticidade e satisfatório conhecimentoDesejo de crescer, perscrutar a história e a realidadeAcompanhar progressos que emergem todo momento.

Mas liderar não é algo simples, técnico e padrãoNão é o mesmo que operar máquinas passíveisMister faz-se aprender a equilibrar a emoçãoFormar a mente e a moral dos valores plausíveis.

Fomentar a energia genuína e eloquente do amorDisposição humana e efetiva para qualquer relaçãoMotor do desejo e da vontade para enfrentar o laborDesafios e sonhos diários da vida em constituição.

Liderança se aprende a partir de princípios e virtudesInterpelações consistentes e qualificação sofisticadaExigência de disciplina, conduta autêntica e humildeDemonstrar autocontrole ou quiçá, paciência apurada.

Enfim, ser líder é dar atenção e tratar com gentilezaCativar o outrem, ter altruísmo e respeito conquistar.Moldar a personalidade, melhorar e servir com prestezaSer honesto, comprometido e criativo na arte de liderar.

[ MaRcoRéLio FoRtiNi de aNdRade

É o caos.

Como disse o Apóstolo São Paulo, devemos chorar com os que choram, e são muitos a derrama-rem lágrimas, principalmente os Pobres e Idosos, na ordem natural, os mais indefesos. Mas não basta chorar. Necessário que nos coloquemos a serviço dos fragilizados e incapazes de sozinhos enfrentarem as consequências, como fazem populações e entidades de outras regiões, na remessa de água e outras formas de ajuda.

Ao seu redor, alguém sofre na espera de presença cari-dosa que possa compartilhar e ajudá-lo neste momento de turbulência.”

HeLio PiNHeiRo da cuNHa Governador Valadares, MG

@ [ sURpResa

“A Revista O Lutador apresenta-se como uma gran-de surpresa a cada edição que recebo. A cada mês aprofundamos o nosso conhecimento sobre a Igreja, catequese e assuntos diversos. Parabéns pelo traba-lho desenvolvido, que Deus os cumule de bênçãos e graça.”

GeRaLdo QuidiGNo Jales, SP

Page 6: Revista O Lutador 3874 marco 2016

[ ExpedienteO LUTADOR é uma publicação mensal do Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora

O LutadorISSN 97719-83-42920-0

FundadorPe. Júlio Maria De Lombaerde

Superior GeralPe. Aureliano de Moura Lima, sdn

Diretor-Editor Ir. Denilson Mariano da Silva, sdn

Jornalista Responsável Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn (MG086063P)

Redatores e Noticiaristas Pe. Marcos A. Alencar Duarte, sdn Pe. Sebastião Sant’Ana, sdn

Frt. Henrique Cristiano, cmm

Frei Patrício Sciadini, ocd, Frei Vanildo ZugnoDom Paulo M. Peixoto, Antônio Carlos Santini Pe. Reginaldo Manzotti

Colaboradores Vários

Revisão Antônio Carlos Santini

Projeto gráfico e Diagramação Valdinei do Carmo

Assessoria de Comunicação Melt Comunicação

Assinaturas e ExpediçãoMaurilson Teixeira de Oliveira

Impressão e AcabamentoGráfica e Editora O Lutador, Certificada FSC®,Praça, Pe. Júlio Maria, 01 - Planalto31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil

Telefax [31] 3439-8000 | 3490-3100

Site olutador.org.br - facebook.com/revistaolutador

Redação [email protected]

Assinaturas R$80,00 / Brasilwww.olutador.org.brassinaturas@olutador.org.br0800-940-2377 - De 2ª a 6ª das 7 às 19 horas

Outros países R$80,00 + Porte

Edições anteriores Tel.: 0800-940-2377

Correspondência Comentários sobre o conteúdo de olutador, sugestões e críticas: [email protected]: Praça Padre Júlio Maria, 01 - PlanaltoCEP 31730-748 - Belo Horizonte, MG - Brasil

As matérias assinadas são deresponsabilidade de seus autores, não expressam, necessariamente, a opinião de olutador. ]

Editorial

[ IR . DENILSON MARIANO, SDN

Leigo evangelizando leigo

Papel Certificado, o papel da revista!

Os papéis

desta revistasão oriundos de

empreendimentos florestais

que seguem normas

internacionais de reflorestamento.

APaLavRa de deus deixa claro que o batismo é a raiz básica da voca-ção, da missão de todos os membros do povo de Deus (cf. Ef 4,5). Em Cristo somos um só (cf. Gl 3,28). Fomos batizados no mesmo Espírito, para formarmos um só corpo (cf. 1Cor 12,13), que é a Igreja. Os leigos e leigas são consagrados, desde o batismo, para serem uma casa espiritu-al, um sacerdócio santo e, através de suas obras, oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus (cf. 1Pd 2,4-10). Compreende-se assim a Igreja como um povo sacerdotal, um povo missionário.

O Concílio Vaticano II, na Constituição “Lumen Gentium” [Luz dos povos], designa como leigos “todos os cristãos que não são mem-bros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, do múnus sa-cerdotal, profético e real de Cristo, exerçam pela parte que lhes toca, na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão”. (LG 31)

Também o Documento 62 da CNBB, “Missão e ministério dos cris-tãos leigos e leigas”, explicita que “os leigos encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja; para eles a Igreja é o princípio vital da so-ciedade humana. Por isso, eles, e sobretudo eles, devem ter uma cons-ciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem a Igreja, mas de se-rem Igreja” (nº 9). Eles precisam de formação para que bem exerçam a sua missão.

“Neste diálogo entre Deus que ama e a pessoa interpelada na sua responsabilidade, situa-se a possibilidade, antes, a necessidade de uma formação integral e permanente dos fiéis leigos a que os padres sinodais juntamente dedicaram grande parte do seu trabalho. [...] Claramente afir-maram que a formação dos fiéis leigos deverá figurar entre as priorida-des da diocese e ser colocada nos programas de ação pastoral...” (57 § 5).

Neste número, nossa Revista O Lutador, além de todo o conteúdo de informação e de formação bíblico pastoral, volta seu olhar para uma prática pastoral de leigo evangelizando leigo. Destaca a proposta do MO-BON - Movimento da Boa Nova, surgido na Diocese de Caratinga, MG, que se preocupa fundamentalmente com a formação dos leigos, sem-pre na busca da fidelidade à Palavra de Deus e ao ensinamento da Igre-ja. Através dos cursos de base como Pré-Boa Nova e Boa Nova, busca a promoção dos leigos e seu maior engajamento na sua comunidade de fé.

Leigos maduros e comprometidos são sinal de Igrejas particula-res que levam a sério a nova evangelização (cf. DSD 103). Através dos cursos bíblicos da Campanha da Fraternidade e dos Cursos de Natal, o MOBON procura sempre desenvolver o espírito missionário e favorecer o engajamento dos leigos nas suas comunidades e paróquias de origem, tendo em vista o funcionamento da Pastoral de Conjunto.

Neste período quaresmal, que esta prática possa despertar o po-tencial evangelizador dos nossos leigos e levar a uma maior conversão para a missão. Que tenhamos, cada vez mais, leigos e leigas “protago-nistas”, mais conscientes, mais comprometidos e mais efetivamente atu-antes na Igreja e no mundo, a serviço da vida e da esperança para todos. E isso é pra começo de conversa.]

Page 7: Revista O Lutador 3874 marco 2016

[ As células: uma metodologia para ajudar na evangelização 09

[ Em quê o Vaticano II mudou a Igreja 10[ Buscar a felicidade 13[ A exortação Dei Verbum 14[ Família, lugar da educação ecológica 16[ Formar um só corpo 18[ Paz 20[ Encontro Matrimonial 22[ Família Julimariana 23[ Todos iguais 24[ Homilias chatas 25[ Dois magistérios? 27[ Crônica 28[ Compaixão 30[ Roteiros Pastorais 31[ O Lutador Kids 36[ ADCE e a Responsabilidade Social 48

Sumário [ olutador • revista mensal • ano lXXXvii • nº 3874 • março • 2016 •

[ Os males do tabaco 44

[ Leigo evangelizando leigo 06

[ Educação e arte

11

[ O Evangelho intragável

26

[ Mais ricos, mais pobres

46

[ Um novo olhar 12

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[ 6 • olutador [ março ] 2016

Capa [ Queremos aqui, em linhas gerais, observar a força evangelizadora dos leigos...

IR . DENILSON MARIANO DA SILVA, SDN

a Carta do Papa Francisco “A Alegria do Evangelho” nos recorda que “a imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. [...]

Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicado, dotado de um ar-raigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé”. (EG 102).

Aqui queremos destacar o serviço evangelizador de uma pequena parce-la de leigos, homens e mulheres, mo-tivados pela dinâmica do Movimen-to da Boa Nova - MOBON, iniciado na Diocese de Caratinga, MG, no Pós Va-ticano II, e empenhados na evangeli-zação de outros leigos.

Esse serviço acontece, sobretudo, em dois momentos fortes da Igreja do

Brasil: na preparação para a Campa-nha da Fraternidade e na preparação para o Mês da Bíblia. Lideranças leigas das comunidades se encontram com animadores do MOBON para um es-tudo preparatório de dois ou três dias e, depois, se organizam para repassar nas comunidades o estudo feito.

Em algumas paróquias das Dioce-ses de Caratinga, de Governador Va-ladares, Mariana, e Leopoldina, em Minas Gerais, bem como na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, ES, e nas Dioceses de Sinop e Cáceres, no Ma-to Grosso, encontrarmos essa prática continuada de leigos fazendo um tra-balho de formação e evangelização de outros leigos.

Este trabalho é marcado pela sim-plicidade na linguagem e exemplos do cotidiano, a fim de ser acessível a todos, mesmo aos que tiveram pouca forma-ção escolar. Com frequência, faz-se uso de imagens e comparações próprias do universo cultural de seus interlocuto-

res, e a Palavra de Deus é sempre a base a iluminar cada assunto a ser tratado.

Deste modo, busca-se aprofun-dar o conteúdo indicado pela Igreja do Brasil através da Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil – CNBB, quer nas Campanhas da Fraternidade, que tocam os problemas centrais da vida humana e do planeta, quer nos estu-dos do Mês da Bíblia, que permitem uma aproximação ainda maior com a Palavra de Deus. Se por ocasião da Campanha da Fraternidade os estu-dos voltam-se mais para as questões sociais, o estudo dos temas do Mês da Bíblia favorecem o abrir caminho para a animação bíblica de toda a pastoral.

Queremos aqui, em linhas gerais, observar a força evangelizadora dos leigos, depois perceber a contribuição deste trabalho para a comunhão ecle-sial e para o despertar de novos mis-sionários nos anseio do Papa por uma “Igreja em saída”: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter

Leigo evangelizando leigo – uma força missionária na Igreja

Leigos reunidos no ceNac em conselheiro Pena, MG - set/2014

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Capa [ Queremos aqui, em linhas gerais, observar a força evangelizadora dos leigos...

saído pelas estradas, a uma Igreja en-ferma pelo fechamento e a comodi-dade de se agarrar às próprias segu-ranças”. (EG 49)

1. Força evangelizadora dos leigosAo se reunirem para o estudo prepa-ratório, as lideranças passam por um processo de formação que as coloca mais sintonizadas com o pensamen-to da Igreja, suas urgências, suas pre-ocupações e necessidades. Cria-se um ambiente favorável à reflexão e ao apro-fundamento do tema estudado. O ob-jetivo do estudo é apresentar a propos-ta que a Igreja tem para a Campanha da Fraternidade e para o mês da Bí-blia daquele ano. Assim, acontece uma formação que visa a ajudar o povo das comunidades a caminhar com a Igre-ja, seguindo suas orientações e a ca-minhar como Igreja, descobrindo-se parte viva dela.

Na medida em que os leigos parti-cipam deste estudo, ganham também maior segurança para expressarem o que sentem e o que pensam diante da realidade. Favorece a formação da cons-ciência, o que contribui para maior en-volvimento em nível eclesial e em nível social. Mas, além disso, ao voltarem com a missão de repassar o encontro em ou-tras comunidades - pois, em geral, acon-tece um intercâmbio de duplas de uma comunidade com a outra -, são levados a retomar o estudo feito, aprofundan-do-o. E ainda, ao fazer o repasse, apro-fundam-no ainda mais, pois ao trans-mitirem o conteúdo aos outros, são in-terpelados a assumir um compromis-so de vida diante do tema apresentado.

Ao fim desta etapa em três estágios – a. encontro de estudo; b. reelabora-

ção em casa; c. repasse na comunida-de –, temos leigos mais seguros, mais conscientes e também mais compro-metidos e animados com a caminha-da eclesial. Levando-se em conta que esta dinâmica é continuada ano a ano, temos um processo de acompanha-mento e de envolvimento com a pro-

munhão eclesial. Isto é facilmente no-tado pela pouca importância dada às Campanhas da Fraternidade e pelo fato de não abraçar as iniciativas propostas pela Igreja. Recordando uma palavra do Papa Francisco: “Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos”. (EG 49)

Este trabalho missionário de lei-go evangelizando leigo favorece a co-munhão eclesial tanto no seu sentido universal como em seu sentido parti-cular. Ou seja, fortalece a comunhão com a Igreja enquanto instituição, con-duzida por seus pastores, por procu-rar estudar, abraçar e dinamizar aqui-lo que é proposto pela Igreja do Brasil. Por outro lado, faz esta proposta che-gar às várias comunidades de uma pa-róquia, reforçando a comunhão hori-zontal em cada comunidade, em cada paróquia e em cada diocese.

Às vezes, em um único fim de se-mana, encontramos todas as comu-nidades de uma paróquia refletindo o mesmo assunto, aprofundando o mesmo tema, abrangendo até gran-de parte da diocese. Um exercício de comunhão que reforça o sentido de ser Igreja, na qual, “leigos e leigas devem crescer na consciência de vocaciona-dos a “ser Igreja” e precisam dispor de espaço para atuarem na comunidade, assumindo sua participação na cons-

Leigo evangelizando leigo – uma força missionária na Igreja

posta da Igreja. Isto também é um fa-tor de fortalecimento da comunhão.

2. Fortalecimento da comunhão eclesialOs temas estudados são a proposta da Igreja para a Campanha da Fraternida-de e para o Mês da Bíblia. Isto coloca os leigos em sintonia com o momen-to eclesial da Igreja e os leva, nas pa-lavras de Santo Inácio, a “sentir com a Igreja”. Em alguns grupos, pastorais e, sobretudo, em alguns movimentos da Igreja, costuma-se passar ao largo des-tas propostas da CNBB. Em geral, vol-tam-se para o que é específico de seu grupo e acabam por enfraquecer a co-

Leigos reunidos na casa do Mobon em dom cavati, MG - set/2006

Leigos reunidos na casa sPa em Rio Branco, Mt - set/2010

vista aérea da casa do Mobondom cavati, MG

Page 10: Revista O Lutador 3874 marco 2016

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[ 8 • olutador [ março ] 2016

trução da comunidade de comunida-des”. (CNBB. Doc. 100, nº 104.) Ao ver que esta dinâmica atinge muitas paró-quias de uma mesma diocese, temos o trabalho de formação e evangelização crescendo e fazendo a Igreja crescer. Eis também uma força para o desper-tar de novos missionários.

3. despertar de novos missionáriosQuando um leigo tem a coragem de se colocar à frente dos outros e, supe-rando suas dificuldades pessoais, e até aquelas decorrentes da falta de maio-res estudos, sendo capaz de transmitir uma boa nova de modo simples e pro-fundo, ele naturalmente desperta no-vos missionários. Funciona como um eco daquela voz interior que diz: “Se ele pode, eu também posso”. É o mo-mento em que o exemplo e o testemu-nho falam por si.

Assim, homens e mulheres, jovens, adultos e idosos, encontram-se anima-dos neste serviço de evangelização. E foi assim, participando de um desses encontros na comunidade, que mui-tos se despertaram para assumir traba-lhos na catequese, a participação maior em uma pastoral, e também desperta-ram para participar das preparações e se tornarem também multiplicares dos encontros.

Hoje, é comum encontrarmos lei-gos que preparam outras lideranças lei-gas nos Cursos da Campanha da Fra-ternidade e do Mês da Bíblia. O traba-lho tem uma sequência que influência positivamente na autonomia missio-nária do leigo. Ele não é um simples “repetidor” pontual. É um discípulo missionário que pensa e ajuda a co-munidade a pensar em sintonia com a caminhada da Igreja.

Outro fator muito significativo é que aqueles que entram nesta dinâ-mica, por toda parte aonde vão, mes-mo que mudem de Paróquia ou pas-sem para outra Diocese, levam consi-go esse ardor, essa vontade de conti-nuar contribuindo com o avanço e o crescimento da Igreja.

Neste sentido, João Resende, Mis-sionário Sacramentino e um dos ani-madores do MOBON desde as suas ori-gens, destaca: “Eles carregam uma in-quietação missionária, como quem sa-be esperar, mas não desistem. Este é o caso de resistência e perseverança encontrados nos leigos da Cidade In-dustrial, na Grande BH, em várias pa-róquias das dioceses de Cáceres e Si-nop, MT, e em algumas localidades no Estado de Rondônia. Trata-se do em-poderamento eclesial e cívico do leigo”.

Ele ainda acrescenta: “Em 1978, num curso de formação missionária em Caxias do Sul, RS, diante da expe-riência do trabalho da Boa Nova, os peritos constataram que este traba-lho de leigo evangelizando leigo faz a aproximação do leigo com a Palavra de Deus na vida. E quando isto acontece ninguém segura mais. É a autonomia do leigo, assumindo seu discipulado missionário.”1

Por uma igreja toda missionáriaEsta dinâmica é acessível, não envol-ve grandes investimentos e favorece um grande fortalecimento da cami-nhada dos leigos e da animação das comunidades. Funciona como uma espécie de formação continuada, mas que não dá diploma ou certificado. As-sim, evidencia o caráter de serviço na igualdade com os outros. Quem aplica os cursos não é mais importante que aquele que dele participa. Todos são servidores do Evangelho, servidores da Igreja.

Esta dinâmica também favorece a comunhão com as propostas da Igreja e a comunhão entre as comunidades. E leva os leigos a um maior engajamen-to na vida eclesial e social. Com leigos evangelizando leigos, vemos a força da Palavra agindo no meio das comunida-des e seguindo o apelo do Papa Fran-cisco: “Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (EG, 109)]

* Mestre em Teologia pela FAJE-BH

1. Depoimento colhido através de trocas de e-mails em 04/02/2015.

DOM EDSON ORIOLO*

PaRticiPaNdo de um curso sobre Leader and Professio-nal Coach, no mês de março de 2015, com a presença de alguns líderes de diferentes denominações cristãs, escu-

tei pela primeira vez, o termo “evange-lização através de células”. Fiquei muito interessado em saber sobre esta manei-ra de evangelizar, extremamente missio-nária, que vem abrangendo várias deno-minações religiosas especialmente algu-mas correntes evangélicas. Por outro lado, algumas paróquias da nossa Igreja tam-bém vêm usando esta metodologia para evangelizar.

Foi na Coréia, com um ministro evan-gélico Paul Cho, ligado à Assembleia de Deus, que nasceu uma fórmula extrema-mente missionária, um método de evan-gelização: a organização em células. Esta estratégia de reuniões nas casas dos mem-bros fazia com que uma Igreja crescesse bastante, sendo um polo de crescimen-to, de encontro e evangelização. Um sa-cerdote americano, o Pe. Michael Eiveres, de alguma maneira catolicizou o método e, com êxito, importou-o à sua paróquia.

Assim sendo, no ano de 1987, Pe. Pigi Perini, Pároco de S. Eustórgio, em Milão, foi conhecer a Paróquia de São Bonifá-cio, em Pembroke Pines, na Arquidioce-se de Miami, e aderiu radicalmente a este método de evangelização. Nós católicos entendemos que este método tem como fonte a exortação apostólica de Paulo VI Evangelli Nuntiandi, cuja preocupação é dar uma consciência missionária a to-da a ação da Igreja e fazer com que toda comunidade paroquial seja missionária.

Para solidificar esta realidade pode-mos avaliar as intuições do Papa Fran-cisco, quando era Arcebispo de Buenos Aires. Em uma entrevista, seu sucessor, o atual Arcebispo D. Mario Aurélio Poli, disse que o Papa Bergoglio é um homem de grande oração, amizade cordial e sin-cera, que nos faz sentir muito bem ao seu lado e desempenha uma importante obra pastoral. É um mestre pastor. Ele sempre teve uma grande preocupação e quis que

Capa [ Leigo evangelizando leigo...

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Igreja Hoje [ Todos que abraçaram a fé...

olutador [ março ] 2016 • 9 ]

em cada paróquia houvesse dois ou três sacerdotes, para ter uma forte presença da Igreja entre as pessoas e lugares e para guiar também a piedade popular.

O Bispo de Roma fala de “uma Igreja em saída de si mesma”. A Igreja “em saí-da” é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa cor-rer pelo mundo sem direção nem sen-tido (cf. EG, 46). Na Igreja com as por-tas abertas “todos podem participar, de alguma forma, da vida eclesial, todos podem fazer parte da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramen-tos se deveriam fechar por uma razão qualquer”. (EG, 47.)

Para que tudo isso possa acontecer, o próprio Papa Francisco afirma que os agentes pastorais estejam “em atitude de saída” (cf. EG, 27) e sejam ousados em tomar iniciativas (cf. EG, 24) e que con-traiam o “cheiro das ovelhas”. São pistas, diretrizes, abertura de horizonte para a vida paroquial na constituição de célu-las paroquiais.

O Papa Francisco, em setembro de 2015, apontou pistas para entender nossa ação evangelizadora nesta perspectiva, fazendo um discurso aos membros das células paroquiais de evangelização. Na ocasião, trouxe alguns pontos que nos aju-dam a entender sua eclesiologia de uma Igreja em Saída que, colocados em prá-

tica, levam-nos a vivenciar as Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil quando falam de “paróquia, comunida-de de comunidades”. Para tanto, segun-do ele, a “célula” precisa:

a) Ser missionária;b) Ir ao encontro de todos para anunciar

a beleza do Evangelho;c) Tornar-se uma família na qual se en-

contra a rica e multiforme realidade da Igreja (cf. LG, 8);

d) Realizar o encontro nas casas para com-partilhar as alegrias e as expectativas que estão presentes no coração de cada pessoa;

e) Aproximar-se de cada pessoa, pois é uma experiência genuína de evangeli-zação que se assemelha muito ao que já acontecia nos primeiros tempos da Igreja;

f) Conviver com as pessoas em simplici-dade, acolhendo a todos;

g) Fazer da Eucaristia o âmago da missão evangelizadora, de tal forma que ca-da célula seja uma comunidade eu-carística, onde partir o pão equivale a reconhecer a presença real de Jesus Cristo no meio de nós;

h) Dar sempre testemunho da ternura de Deus Pai e da sua proximidade a todos, principalmente a quantos são mais frágeis e sós.

Assim, podemos afirmar que a es-truturação da Igreja em células aproxi-ma-a do primeiro retrato das comunida-des cristãs apresentado por Lucas em de At 2,42.44-47: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Todos que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas. Diariamente, frequen-tavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o po-vo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação”.]

* Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, MG

as células: uma metodologia para ajudar na evangelização,fazendo de nossas paróquias uma rede de comunidades

Capa [ Leigo evangelizando leigo...

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Igreja Hoje [ Em quê o Vaticano II mudou a Igreja [ 5 ]

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PaRa o teólogo alemão K. Rahner, perito do Concílio, a principal mudança do Vati-cano II foi a superação de uma “Igreja universalista”, através

do resgate da Igreja Local, ou seja, da Diocese como “porção” e não “parte” do povo de Deus (a porção contém o todo, a parte não). Com isso, o Concí-lio ressitua o Papa no seio do Colégio Apostólico, a Paróquia e os Movimen-tos no interior da Igreja Local, e esta, no âmbito de uma Igreja de Igrejas Lo-cais, de Dioceses em comunhão entre si. Passados cinquenta anos desta arro-jada mudança na concepção de Igre-ja, na eclesiologia, que exige profun-das reformas, também nas estruturas, infelizmente, não se avançou muito.

a concepção de igreja “antes” do vaticano iiCom relação à concepção de Igreja, há um “antes” e um “depois” do Vatica-no II. A eclesiologia pré-conciliar par-te da existência de uma suposta Igre-ja Universal, que precede e acontece nas Igrejas Locais, da qual o Papa é o representante e o garante. Dado que as Dioceses são “parcelas” da Igreja uni-versal, o Papa é uma espécie de “bis-po dos bispos”, e estes, seus colabora-dores. Não há relação e compromis-sos entre as Dioceses, apenas do Bis-po com o Papa, através da visita ad li-mina a cada cinco anos.

No seio da Diocese, concebida co-mo “parcela” do Povo de Deus, com o advento do feudalismo medieval, dar-se-á a passagem de um cristianismo bem estruturado ao redor do Bispo no seio da Igreja Local, a um cristianismo fragmentado em Paróquias rurais dis-tantes, organizado em torno ao pres-

bítero. O Bispo terá seu papel pasto-ral diminuído e sua função sociopolí-tica valorizada. Já o presbítero tende-rá a ser bispo em sua paróquia. O Bis-po terá muito da figura do príncipe, e o presbítero, do senhor feudal. Com a Diocese transformada em sucursal de Roma, a universalidade da Igreja irá se confundir com a particularida-de romana, que se sobrepõe às demais particularidades. Católico é sinônimo de romano.

a concepção de igreja do vaticano iiJá na eclesiologia conciliar, a preexis-tência de uma suposta Igreja Univer-sal, que precede e acontece nas Igre-jas Locais, é uma abstração teológica, ou melhor, uma ficção eclesiológica. Não existe Igreja nem anterior, nem exterior às Igrejas Locais. Por um la-do, em cada Diocese, enquanto “por-ção” do Povo de Deus e não “parcela”, está “a Igreja toda”, pois cada Igreja Lo-cal é depositária da totalidade do mis-tério de salvação: ‘’Na Igreja Local, se

encontra e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo que é uma, santa, ca-tólica e apostólica’’ (CD 11). Por outro lado, dado que nenhuma Igreja Local esgota este mistério, na Diocese está a “Igreja toda”, mas ela não é “toda a Igreja”, dado que a universalidade da Igreja implica a comunhão das Dio-ceses entre si.

Aqui se funda a solicitude do Bis-po de uma Igreja Local pelas demais Igrejas, o exercício de seu ministério no seio do Colégio Apostólico e o mi-nistério do Papa, que preside a comu-nhão das Igrejas, como um primus in-ter pares. Quanto à Paróquia, ela passa a ser concebida como “célula” da Dio-cese, em comunhão com as demais pa-róquias de sua Igreja Local, e o presbí-tero, membro de seu presbitério, pre-sidido pelo Bispo.

consequências da reforma eclesiológica do vaticano iiA concepção de Igreja do Vaticano II tem consequências desafiantes para

De uma igreja universalistaA uma Igreja de igrejas locais

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Igreja Hoje [ Em quê o Vaticano II mudou a Igreja [ 5 ]

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Sempre falamoS que a edu-cação é uma arte porque ne-la encontramos a arte do sa-ber, do falar, do agir e da re-

velação de vários saberes. Ser pro-fessor hoje é ser um grande artista. É preciso saber lidar com as dife-renças existentes dentro e fora da sala de aula, e muitas vezes não é fácil encarar tais situações, mas é preciso.

No mundo da arte e da educa-ção encontramos vários artistas que pintam seus quadros de várias for-mas, modelos e cores. Estes qua-dros são os alunos, cada um com seu jeito diferente, mas com o mesmo objetivo, que é aprender e ser des-taque no mundo atual. Assim, ca-be a nós, professores, pintar estes quadros da melhor maneira possí-vel, dando-lhes bons acabamentos, lindas molduras e sempre os colo-cando como fator principal, e des-se modo fazer a diferença.

A educação é uma verdadeira arte. Assim como o oleiro transfor-ma o barro, o professor faz do seu aluno um grande profissional, pois

o ser e o agir da Igreja. Em primeiro lugar, significa o fim do centralismo romano, o que implica a reforma da Cúria Romana e do próprio ministé-rio petrino. Paulo VI havia começa-do o processo, mas não conseguiu le-vá-lo adiante. Na atualidade, o Papa Francisco está empreendendo esta ardorosa tarefa, que passa também pela redefinição do papel do Sínodo dos Bispos e das Conferências Epis-copais, que, além de mais autonomia, precisam exercer também um papel magisterial.

Em segundo lugar, o resgate da totalidade da Igreja na particularida-de das Igrejas Locais implica a confi-guração da Diocese como uma Igre-ja autóctone, com rosto próprio, in-culturada em seu próprio contexto. A Igreja, quanto mais encarnada em cada cultura, tanto mais ela é univer-sal e católica. E, ao inverso, quanto mais encarnada numa única cultu-ra e presente deste modo nas demais culturas, tanto menos católica e uni-versal ela é.A terceira consequência da reforma eclesiológica do Vaticano II diz res-peito à superação do paroquialismo e do universalismo dos Movimentos. A superação do paroquialismo pressu-põe a inserção da Paróquia na pasto-ral de conjunto da Diocese, e do pres-bítero em seu presbitério.

a paróquia que se isola da diocese e não está

em comunhão com as demais Paróquias

deixa de ser igreja. Assim como o padre que se isola de seu presbitério perde sua legitimidade.

Por sua vez, a superação do uni-versalismo dos Movimentos implica também sua inserção na Igreja Local. Como não existe Igreja nem anterior, nem exterior às Igrejas Locais, um Mo-vimento só é de Igreja, na medida em que conceber e realizar sua missão a partir da realidade e das necessidades da Diocese onde seus membros vivem, em sintonia com o plano diocesano de pastoral.]

a cada hora ele está sempre mol-dando, orientando e incentivando. O sucesso do aluno é o mérito do professor, e é através desse sucesso que o educador alcança objetivos e metas em sua carreira profissional.

Ser mestre é saber moldar, é aju-dar o outro a crescer como pessoa, é ir sempre em busca de algo que es-tá a nossa frente. Todo mestre tem o grande desejo de ver seu aluno desenvolvendo projetos de vida, realizando algo tão desejado, que muitas vezes vem desde a infância, mas que só se concretiza depois de adulto, depois de ter e enfrentando os grandes desafios que a vida pro-porciona.

Na vida educacional encontra-mos muitos desafios, tanto por parte do professor como por parte do alu-no, mas que são superados através do modo como são trabalhados em sala de aula. Eis aí a arte de educar.]

* Pedagoga, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru, PE. Pós-Graduada em Gestão Escolar pela Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe.

Educação e arte S ILENE TEREzA DA SILVA

De uma igreja universalistaA uma Igreja de igrejas locais

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Religião [ À luz da Palavra...

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PE . JOSé ANTôNIO DE OLIVEIR A*

“NuMa Roda de aMiGos, alguém mostrou uma foto-grafia em que se via um ho-mem de rosto severo, com

o dedo levantado, quase agredindo o pú-blico. Todos tiveram a impressão de que se tratava de uma pessoa antipática, in-flexível, que não permitia intimidade. Pa-recia mesmo um homem mau.

Nesse momento, chegou um rapaz, viu a fotografia e exclamou: ‘É meu pai!’ Os outros olharam para ele e, apontan-do a fotografia, comentaram: ‘Pai seve-ro, hein?!’ Mas ele respondeu: ‘Não! Não é não! Ele é muito carinhoso. Meu pai é advogado. Esta fotografia foi tirada no tri-bunal, quando ele denunciava o crime de um homem poderoso, um latifundiário que queria despejar uma família pobre de um terreno baldio da prefeitura, on-de ela estava morando havia vários anos. Meu pai ganhou a causa, e os pobres não foram despejados!’

Todos olharam de novo e disseram: ‘Que fotografia bonita! Que homem sim-pático!’

Como por um milagre, a foto se ilumi-nou e tomou outro aspecto. Aquele rosto tão severo adquiriu traços de uma gran-de ternura! As palavras do filho mudaram tudo, sem mudar nada!”

Frei Carlos Mesters conta essa his-tória para falar da Bíblia. Ela nos mostra a fotografia de Deus e da vida do povo de Deus. Se a gente não conhece o contex-to, o tempo em que foi escrita, quem es-creveu e para quem foi escrita, podemos ter uma visão distorcida de Deus e da reli-gião. É por isso que nós a lemos procuran-do ver além das palavras e além dos fatos.

Vivendo ainda o contexto do Sínodo dos bispos sobre a família, a Igreja e, de um modo muito especial, o Papa Francis-co, querem justamente assumir um olhar diferente. Nos depoimentos, no levanta-mento da realidade mundial, nos pronun-ciamentos do Pastor e de outros, sempre se destacam palavras que são essenciais: acolhimento, respeito, misericórdia, es-perança, solidariedade. Sem esquecer a fidelidade, o compromisso, a sacralidade.

Sem mudar nada, Ele muda tudo; nos ajuda a olhar a Bíblia, Deus e os irmãos com outros olhos. “Não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento.” Mostra como a lei está a serviço da pessoa e da vida, quando os mestres da lei a usavam contra os peque-nos e pobres. Ensina-nos a olhar a Bíblia co-mo caminho de vida e história de salvação. Ajuda-nos a ver nela o mapa que nos con-duz pelos caminhos da justiça e da frater-nidade, muito mais do que da condenação.

À luz da Palavra e da vida de Jesus, encontramos na Sagrada Escritura o ros-to materno de Deus; a fotografia do Pai que corrige e orienta, defende os órfãos e as viúvas, condena com severidade a in-justiça, mas ama e perdoa a bons e maus.

É a partir do jeito de Jesus que a Igre-ja, movida pelo Espírito que renova todas as coisas, conseguirá ser uma verdadei-ra mãe para todos, inclusive e sobretudo para aquelas famílias que enfrentam tan-tos desafios, tanto sofrimento e que, mais do que dedos apontados, carece de mãos estendidas e corações abertos.]

* [email protected]

Um novo olhar

Esse novo olhar é fundamental para os tempos de hoje, tão mudados. Os contextos mudam. A maneira de ver e julgar precisa também mudar. Nas bodas de Caná, Jesus usa justamente do casamento pra falar da sua nova proposta. O que está vazio de sen-tido, o que já não é motivo de alegria, onde a lei substitui o amor e a misericórdia, ali a transformação é necessária e urgente.

Jesus é quem melhor nos revela o ver-dadeiro rosto do Pai. Duro com os injustos e exploradores; cheio de ternura com os pobres e sofredores. Quando os antigos viam em Deus um Juiz severo, capaz de castigar gerações, e o viam apenas como o “Senhor Deus dos exércitos”, Jesus vem nos dizer que Deus caminha conosco, é papai, alguém que sabe dar o que há de melhor para os seus filhos e filhas. Um Deus justo e misericordioso, que nos ama com ternura de mãe, nos educa e dá a vi-da por nós. Sua vontade é que todos te-nham vida e que ninguém se perca. Ele é capaz de entregar tudo para nos salvar do mal. “Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho...”

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Religião [ Ser feliz e ter felicidade...

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é temPo de renovar as espe-ranças, fazer novos planos, tra-çar metas em todas as áreas de nossa vida. Com certeza, Deus nos reserva muitas graças e

nos quer felizes, mas pelo livre arbítrio que nos concedeu, tudo dependerá do nosso esforço pessoal e disciplina. Sem-pre é possível avançar mais rumo àquilo que Deus pensou para nós e Jesus veio revelar: uma vida plena e abundante.

A Igreja sempre reconheceu e exaltou a importância da família para a cons-trução de uma sociedade equilibrada, justa e fraterna. São João Paulo II a des-crevia como a célula-mãe da sociedade e a conclamava a ser um santuário de amor, uma pequena Igreja doméstica.

Atualmente, um dos grandes desa-fios que ronda as famílias é a influên-cia negativa, especialmente pela mí-dia pejorativa, onde há muito empe-nho em mostrar situações desastro-

sas, conflitivas, problemáticas e que quase não mostram relações saudáveis que possam servir de estímulos para a construção de uma relação verdadeira.

Perdoem-se sempreO perdão é o remédio para a cura espi-ritual do ser humano. O perdão liberta e nos devolve a paz. Ao se perdoarem sobre algo que os magoou e acertarem como devem agir a partir daí, não to-quem mais no assunto.

Mantenham o respeitoBusquem focar a atenção naquilo que os une, nos pontos comuns. Rezem um pelo outro e busquem seguir com o olhar para o mesmo horizonte. O su-cesso ou o fracasso da relação depende de quem faz parte dela, ou seja, o ca-sal. Não abandonem o barco antes de começarem a remar. Não desistam na primeira dificuldade. Sejam persisten-

tes e façam tudo o que puderem para sempre reavivar a chama do sentimen-to que um dia fez com que quisessem passar a vida inteira juntos.

Na vida de féDevemos dar graças ao Senhor e confiar a Ele nossas preocupações por meio de nossas orações, conforme São Paulo reco-menda: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias, apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a ora-ção, as súplicas e a ação de graças”. (Fl 4,6.)

O Espírito Santo, que ensina a Igre-ja e a faz recordar de tudo o que Jesus disse, também educa para a vida de fé.

Estas são apenas algumas orienta-ções em algumas áreas importantes da vida que nos proporcionarão um ano melhor e uma vida mais feliz.]

* www.padrereginaldomanzotti.org.br fb.com/padrereginaldomanzotti

Buscar a felicidade é muito simples. Basta querer!

PE . REGINALDO MANzOTTI*

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Bíblia [ Inspiração divina da Sagrada Escritura e sua interpretação...

NestA coluna, esta-mos tentando conhe-cer melhor os passos dados pela Igreja Ca-tólica no que diz res-peito à compreensão

da comunicação de Deus conosco e, de maneira especial, sobre a Sa-

grada Escritura, do final do século XIX até o Sínodo sobre a Palavra de Deus, do qual nasceu a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Do-mini. No último artigo, começamos a falar sobre o contexto da Consti-tuição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II.

O movimento bíblico e o movimen-to ecumênico, que ganharam corpo na Europa, especialmente em torno e depois da Segunda Guerra mundial, tiveram papel fundamental na cons-trução da Dei Verbum. Para a Igreja do Brasil, por outro lado, aconteceu uma experiência ímpar: em Roma,

A exortação dei verbum

DOM PAULO JACKSON NóBREGA DE SOUSA *

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estudo Bíblico em Kavungo, diocese de Luena, angola - África

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Livro indicado

HENRIqUE CRISTIANO JOSé MATTOS

FoRMato: 17x24cm, 160p.

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[ concílio vaticano ii ]– 2ª edição –

A celebração dos 50 anos da Aber-tura do Concílio Vaticano II (11-10-1962), oferece uma oportunidade sin-gular para conhecermos, em maior profundidade, sua história e seu ri-quíssimo legado.

Mergulhar na herança do Vati-cano II nos faz ser mais Igreja, tor-nando-nos homens e mulheres que querem ser verdadeiros discípulos-missionários, experimentando que exatamente nessa condição serão felizes e encontrarão o sentido ple-no de sua existência.

Bíblia [ Inspiração divina da Sagrada Escritura e sua interpretação...

durante as sessões do Concílio, os bispos do Brasil aproveitaram para se atualizar sobre as grandes discus-sões teológicas do momento, utili-zando a contribuição dos próprios peritos que assessoravam o Concílio.

Durante a primeira sessão do Con-cílio, houve muitos problemas na con-dução dos trabalhos. Nos meses antes da morte do Papa João XXIII, devido à sua fragilidade física, ficou claro o desejo de a Cúria Romana se sobre-por ao Papa e retroceder com o an-damento do Concílio. O primeiro es-quema sobre a Revelação, preparado pela Comissão Teológica, chamou-se “Sobre as fontes da Revelação”. Não conseguiu captar o espírito do Con-cílio como proposto por João XXIII. Por isso, foi fragorosamente rejeita-do pelos bispos.

Depois da morte de João XXIII, o clima do conclave, na verdade, era não somente para a escolha de um novo Papa, mas de decisão sobre os rumos futuros do Concílio. Foi eleito o Cardeal Montini, Arcebispo de Mi-lão, o futuro Papa Paulo VI, que deci-de pela manutenção do cronograma do Concílio.

No tocante ao documento sobre a Revelação, foi composta uma comis-são mista para elaborar novo esquema (o segundo), chamado “Sobre a divina Revelação”. O projeto foi enviado aos bispos do mundo inteiro entre a primei-ra e a segunda sessão. Recebeu, tam-bém este, uma enxurrada de críticas. Praticamente, nem chegou a ser dis-cutido na segunda sessão, por ter sido rejeitado pelos comentários escritos. Foi feita uma nova redação do esque-ma (a terceira) e enviada aos bispos, sendo discutida na Sala Conciliar na terceira sessão, em 1964.

Finalmente, o texto foi corrigido e emendado, dando origem à Constitui-ção Dogmática Dei Verbum (A Palavra de Deus), aprovada na quarta sessão, no dia 18/11/1965, com 2.344 votos a favor e 6 contra.

Além de um proêmio e um epí-logo, a Constituição Dogmática Dei

Verbum está estruturada em seis par-tes, da seguinte forma: 1) A revelação como tal; 2) A transmissão da divina revelação; 3) Inspiração divina da Sa-grada Escritura e sua interpretação; 4) O Antigo Testamento; 5) O Novo Tes-tamento; 6) A Sagrada Escritura na vi-da da Igreja.

Podem ser percebidas algumas in-tuições teológicos subjacentes à Dei Verbum. Entre elas, destacam-se: 1) a relação entre a pregação de Cristo e sua transmissão pela Igreja; 2) a sufi-ciência da Sagrada Escritura; 3) a Tra-dição como um processo vivo de uma compreensão progressiva da verdade revelada; 4) a consciência de que o Ma-gistério não está acima da Palavra de Deus, mas deve interpretá-la auten-ticamente; 5) a discussão sobre a/as fonte/s da Revelação; 6) a relação en-tre exegese e teologia sistemática; 7) a necessidade de beber dos mananciais da Sagrada Escritura e da Patrística; 8) a Palavra de Deus como ponte do diá-logo entre católicos e protestantes; 9) releituras dos conceitos de inspiração, inerrância e autoria;

10) a problemática da historicidade da Bíblia e o uso de gêneros literários.Eis algumas características globais

do documento: 1) A Dei Verbum é um documento com forte teor cristocên-trico, pois Jesus Cristo é a plenitude da Revelação. Como ele é uma pessoa, a Revelação torna-se um diálogo pes-soal entre Deus e o ser humano. 2) Há nítida tendência à unidade e à síntese: Tradição e Escritura; Palavra de Deus e Magistério; Magistério e povo; Palavra e Eucaristia; palavra divina e lingua-gem humana; etc. 3) Sua linguagem é menos dogmático-conceitual e mais histórica, bíblica e patrística. 4) Final-mente, uma das grandes marcas da Dei Verbum foi o forte interesse ecumênico, com a superação da postural apologé-tica e das controvérsias confessionais.]

* Bispo da Diocese de Garanhuns, PE, e Doutor em Teologia Bíblica

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PE . SEBASTIãO SANT´ANA SILVA , SDN*

Família [ Na família, cultivam-se os primeiros hábitos de amor e cuidado da vida...

é adMiRÁveL como o Papa Francisco conseguiu desper-tar, dentro e fora da Igreja, ex-pectativas inesperadas, “rom-pendo a dinâmica em que

vivemos estes últimos anos e crian-do um clima de esperança nas pes-soas”. (J. A. Pagola)

O mundo acolheu, agradeci-do, a Encíclica “Laudato Si”, onde Francisco ofereceu, de maneira bem fundamentada, uma visão integral da ecologia, mostrando o que está acontecendo com a nossa “casa co-mum”. À luz do evangelho da Cria-ção, apontou a raiz humana da crise

ecológica, propôs uma ecologia in-tegral, ofereceu algumas linhas de orientação e ação nessa área e, por fim, brindou-nos com sua rica visão sobre a educação e a espiritualida-de ecológicas.

Sua mensagem favoreceu entender-mos melhor a proposta da Campanha

Família, lugar privilegiado

da educação ecológica

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Família [ Na família, cultivam-se os primeiros hábitos de amor e cuidado da vida...

da Fraternidade 2016: “Casa comum, nossa responsabilidade”, com foco no saneamento básico e na justiça social.

assumir a conversão ecológicaSegundo o Papa Francisco, a educação ambiental, no começo, estava muito centrada na informação científica e na conscientização e prevenção dos ris-cos ambientais; “agora, tende a incluir uma crítica dos ‘mitos’ da moderni-dade baseados na razão instrumental (individualismo, progresso ilimitado, concorrência, consumismo, mercado sem regras) e tende também a recu-perar os distintos níveis de equilíbrio ecológico: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus”. (LS, 210)

Não bastam leis e normas ou ter in-formações sobre a ecologia, mas é pre-ciso que as pessoas, a partir de motiva-ções adequadas, assumam verdadei-ra conversão ecológica. O Papa mos-tra que é muito nobre assumir o dever

desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desne-cessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. Voltar – com base em moti-vações profundas – a utilizar algo em vez de o desperdiçar rapidamente, po-de ser um ato de amor que exprime a nossa dignidade”. (LS, 211)

O Papa prossegue: “E não se pen-se que estes esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas ações es-palham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar; provocam, no seio desta terra, um bem que sempre ten-de a difundir-se, por vezes invisivel-mente. Além disso, o exercício destes comportamentos restitui-nos o senti-mento da nossa dignidade, leva-nos a uma maior profundidade existen-cial, permite-nos experimentar que vale a pena a nossa passagem por es-te mundo”. (LS, 212)

Família e educação ecológicaApós ressaltar os vários âmbitos edu-cativos – a escola, os meios de comu-nicação, a catequese, e outros – Papa Francisco destaca “a importância cen-tral da família, porque é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser conve-nientemente acolhida e protegida con-tra os múltiplos ataques a que está ex-posta, e pode desenvolver-se segundo as exigências de um crescimento hu-mano autêntico. Contra a denomina-da cultura da morte, a família cons-titui a sede da cultura da vida. Na fa-mília, cultivam-se os primeiros hábi-tos de amor e cuidado da vida, como, por exemplo, o uso correto das coisas, a ordem e a limpeza, o respeito pelo ecossistema local e a proteção de to-das as criaturas. A família é o lugar da formação integral, onde se desenvol-vem os distintos aspectos, intimamen-te relacionados entre si, do amadure-cimento pessoal. Na família, aprende-se a pedir licença sem servilismo, a di-

zer ‘obrigado’ como expressão duma sentida avaliação das coisas que rece-bemos, a dominar a agressividade ou a ganância, e a pedir desculpa quan-do fazemos algo de mal. Estes peque-nos gestos de sincera cortesia ajudam a construir uma cultura da vida com-partilhada e do respeito pelo que nos rodeia”. (LS, 213)

uma profunda conversão ecológicaO Papa está convencido de que “a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior”. Constata, entre-tanto, “que alguns cristãos, até com-prometidos e piedosos, com o pretex-to do realismo pragmático, frequen-temente se burlam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são pas-sivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Fal-ta-lhes, pois, uma conversão ecológi-ca, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guar-diões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundá-rio da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa”. (LS, 217)

Francisco reconhece que, para se resolver uma situação tão complexa como esta que enfrenta o mundo atu-al, não basta que cada um seja melhor. “Os indivíduos isolados podem perder a capacidade e a liberdade de vencer a lógica da razão instrumental e acabam por sucumbir a um consumismo sem ética nem sentido social e ambiental. Aos problemas sociais responde-se, não com a mera soma de bens individuais, mas com redes comunitárias. Será ne-cessária uma união de forças e uma unidade de contribuições”. Francisco passa-nos a convicção de que “a con-versão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança du-radoura, é também uma conversão co-munitária”. (LS, 219)]

* Pároco da Paróquia São Sebastião, de Espera Feliz, MG

de cuidar da Criação com pequenas ações diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um estilo de vida.

Pequenos gestos que transformamPara começar, Francisco sugere par-tir de ações simples, bem concretas: Mostra que “a educação na respon-sabilidade ambiental pode incenti-var vários comportamentos que têm incidência direta e importante no cui-dado do meio ambiente, tais como evi-tar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o li-xo, cozinhar apenas aquilo que razoa-velmente se poderá comer, tratar com

a família é o lugar da formação integral

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Catequese [ Um só corpo...

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Eucaristia para formar um só corpo

PE . AURELIANO DE MOUR A LIMA , SDN*

“O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo?

Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão.”

(1coR 10,16-17.)

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Catequese [ Um só corpo...

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o sacramento da comunhão

A Eucaristia é o sacramen-to que faz a Igreja. Parti-cipar do cálice de bênção e do pão partido é tornar viva e dinâmica a presen-

ça de Jesus em nosso meio. Enquan-to a comunidade participa e celebra a vida de Jesus, ela está continuando a sua missão. E a grande obra de Jesus foi a de revelar o rosto misericordioso do Pai, que não quer que ninguém se perca (cf. 1Tm 2,4). Conhecedor das intrigas, ciúmes e divisões presentes no coração humano, que retardam a concretização do Reino, Jesus rezou: “Que todos sejam um. Como tu, Pai, es-tás em mim e eu em ti, que estejam em nós, para que o mundo creia”. (Jo 17,21.)

Criar, gerar, promover comunhão na comunidade cristã não se faz como num passe de mágica, não é obra de um dia. É algo que deve ser constan-temente construído. É preciso de ter-nura para perceber e acolher o outro na sua fraqueza e fragilidade; é preciso de sensibilidade e intuição para cap-tar as necessidades, as luzes e sombras que surgem na comunidade; é preci-so de muita humildade para acolher e aceitar as diferenças, bem como per-ceber a riqueza que elas podem tra-zer; é preciso de muita abertura para ouvir queixas, reclamações, opiniões discordantes; é preciso muito espírito de oração, de comunhão e intimida-de com Deus para percebermos, ca-da vez mais, que a missão é d’Ele, que a comunidade é d’Ele, que a Igreja é d’Ele, que o trabalho que realizamos é missão que Ele nos confiou: “Evan-gelizar não é um título de glória para mim, mas uma necessidade que se me impõe”. (1Cor 9,16.)

tomado, partido, doadoEstando à mesa com os seus discípu-los, Jesus “tomou o pão, partiu e o deu aos seus discípulos”. Portanto, Eucaris-tia é pão, corpo tomado, partido, doa-do... é sangue derramado (cf. Lc 22,19-20). Também o cristão que participa da mesa do Senhor deve sentir-se, no

seu dia a dia, tomado, isto é, consagra-do por Deus no batismo para a mis-são; partido e repartido para os irmãos (nas dificuldades da missão, nas crises, nas lágrimas, no suor, na falta de reco-nhecimento, nas ingratidões, quando tem que abrir mão do que gosta...). E, finalmente, doado: dado por Deus ao

todos os teus cuidados. Comportemo-nos como santos: honremos o Cristo como ele mesmo quer ser honrado: a homenagem mais agradável é sempre aquela que o homenageado deseja re-ceber, não aquela que nós queremos fazer-lhe. Pedro pensava estar honran-do seu Mestre não permitindo que o Senhor lhe lavasse os pés. Entretan-to, fazia exatamente o contrário. Dai-lhe, pois, a honra que Ele mesmo pe-diu, doando ao pobre o vosso dinhei-ro. Ainda uma vez, aquilo que Deus quer não são cálices de ouro, mas al-mas de ouro”.

Memorial que nos incorpora a cristoPrecisamos dar passos para uma nova compreensão da Eucaristia: não mais como hóstia para ser vista (2º milênio), mas como evento salvífico, memorial da Páscoa (1º milênio) que compromete nossa vida na entrega de Cristo. O Va-ticano II e as posteriores reflexões em torno da Eucaristia buscam entendê-la como “refeição festiva do Pão e do Vinho em memória do mistério pas-cal de Cristo”.

Podemos afirmar que a meta su-prema da Eucaristia não é a transfor-mação dos dons (pão e vinho); os dons são sinais do que deve acontecer co-nosco. A meta suprema é a transfor-mação das pessoas, da comunidade no Corpo de Cristo; isto é expresso na oração, pedindo ao Espírito Santo que transforme a comunidade no Corpo de Cristo (2ª epiclese). Na Eucaristia somos, pois incorporados a Cristo, e não nas coisas.

A intuição que teve nosso Funda-dor, o Servo de Deus Pe. Júlio Maria, da dimensão missionária da Eucaristia e sua estreita relação com Maria que nos introduz na intimidade do mistério eu-carístico (Cf. “Maria e a Eucaristia”, p. 55), nos convoca a reviver o gesto de Jesus sendo uma presença eucarísti-co-mariana no meio do povo, conta-giando-o com o ardor missionário.]

* SUPERIOR G ER AL DO INS TITUTO DOS MISS IONáRIOS SACR A MENTINOS DE NOSSA SENHOR A .

povo. O cristão não existe para si mes-mo, existe para os irmãos.

Nesta construção da comunidade e da pessoa é que a Eucaristia vai trans-formando a sociedade. O cristão eu-caristizado vai percebendo que a so-ciedade que mata, que rouba, que cor-rompe, que sonega impostos, que acu-mula, que explora, que destrói preci-sa ser modificada. Então, ele entende aquela recomendação que São João Crisóstomo, nos idos do século IV, fa-zia à comunidade: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não o despre-zes quando o vês em andrajos. Depois de tê-lo honrado na igreja em vestes de seda, não deixes que morra de frio fora, porque não tem com que vestir-se. É, de fato, o mesmo Jesus que diz: ‘Isto é o meu Corpo’ e aquele que diz: ‘Tu me viste com fome e não me des-te de comer; aquilo que recusaste ao menor de meus irmãos foi a mim que o recusaste’. O corpo de Cristo na Euca-ristia exige almas puras, não ornamen-tos preciosos. Mas no pobre, Ele pede

Precisamos dar passos

para uma nova

compreensão da Eucaristia

Page 22: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Juventude [ A juventude...

[ 20 • olutador [ março ] 2016

Na vida, a juventude é a fase mais rápida e cheia de mudanças; ela reflete o momen-to de sua época. Algu-mas descobertas foram

feitas e um montão de outras ainda es-tão por vir. É tempo de decisão. É pre-ciso descobrir que rumo dar à vida no sentido profissional. E como é difícil decidir por essa profissão, e não por aquela! Um ar de incertezas paira pe-los ares. A vivência da sexualidade es-tá em alta. Os hormônios afloram com toda impetuosidade. Tudo está trans-formado! Para muitos é começo de vi-da sexual ativa.

tudo parece transitórioAinda. Com a transitoriedade de tudo, novos paradigmas são exaltados e va-lores vão despencando. Quem primei-ro sofre com tudo isso é a juventude. Ela traz consigo a marca das mudan-ças temporais; dá vida ao que chega, incorporando as novidades. Assim, ao ser observada, nota-se cheia de con-flitos, internos e externos, e com difi-culdade em conviver com o que repre-senta o antigo.

Então, diante de tudo isso, os jo-vens parecem não ter paz. Estão sem-pre em guerra, ora consigo próprios, ora com aqueles com quem convi-vem. E o olhar dos adultos sobre eles

quando não expressa pena - “Coi-tados! São jovens ainda. Têm mui-to que aprender!” -, expressa raiva, desconfiança - “São jovens. Não se pode confiar!” E assim, juventude torna-se sinônimo de desconforto pessoal, tempo de conflitos, ausên-cia de paz.

a juventude busca a paz em meio à agitação que expressa seu estado de espírito, seu jeito de ser

Paz, incógnita da juventude ou “zoação” nas happies hours?

PE . LUIS PAULO FAGUNDES, SDN *

Paz, uma necessidade de todas as idadesMas a paz é uma necessidade huma-na que afeta todas as idades, não so-mente a juventude. As crianças pre-cisam de paz para crescerem sadias e se adaptarem no novo mundo que agora habita no meio de nós. Os ado-lescentes necessitam de paz para se-rem felizes nas descobertas que fazem em si mesmos, descobrindo o mun-do. Os adultos querem paz para rees-truturar o que não anda bem e traçar novas metas, e os idosos carecem de paz, pois agora, mais do que nunca, são merecedores após terem uma vi-

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Page 23: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Cantando o Direito e a Justiça60 Cânticos para celebrações litúrgicas e encontros

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QuaNdo a comunidade se re-úne para celebrar sua fé, sua caminhada, o convite é para

todos. Sabemos que o Senhor é quem nos guia, Ele nos mostra aonde chegar. Cada passo dado deve ser celebrado, cada vitória é uma conquista que nos faz ir mais longe e nos fortalece diante das dificuldades.

Este Canto de Entrada, em cada estrofe destaca uma das pessoas da Santíssima Trindade e sua participa-ção na nossa caminhada. Somos filhos amados de Deus Pai; sal, fermento e luz a exemplo de Jesus; somos cha-mados pelo Espírito a sair como Igre-ja em missão.]

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olutador [ março ] 2016 • 21 ]

21. Celebrar (Mi + Pop)L. e M.: J a k s o n M o r e i r a d e a L M e i d a – P e g a B e M – T a r u M i r i M , Mg

F Bb C Bb F1. Venham todos, irmãos, vamos participar / Com amor e com fé, a Javé celebrar.

F 7 Bb Bbm F C7 F / Ele é nosso Deus, à nossa frente vai. / Somos filhos, amados de Deus Pai.

Bb C Am DmCelebrar nossa vida em missão, / povo unido sabe onde quer chegar.

Bb C Bm F C7/ Celebrar cada passo que se põe a caminhar.

2. Cristo nosso irmão vem conosco ficar, / seu exemplo convida a evangelizar. / Como o sal e o fermento, como luz das nações. / O sabor e fulgor dos corações.

3. O Espírito Santo entre nós vem morar / E derrama seus dons para nos renovar. / Uma Igreja em saída é a nossa missão. / Na Trindade haverá celebração.

PE . LUIS PAULO FAGUNDES, SDN *

da de dedicação e doação em meio à turbulência da vida.

A juventude busca a paz em meio à agitação que expressa seu estado de espírito, seu jeito de ser. O certo é que a juventude tem os seus meios para viver em paz! Os jovens buscam a paz em meio à agitação a que expres-sa seu estado de espírito, seu jeito de ser, como a criatividade, a alegria, a abertura para o novo, a capacidade para criar e adaptar.

Dizer que a juventude não tem paz é desconhecê-la totalmente, é ob-servá-la de longe sem entrar em seu mundo, pois ao dizer que precisa de paz, se faz necessário entender seu es-tado emocional, o que está passando na vida para saber do que esteja de fa-to precisando, e não a julgar somente a partir de uma percepção.

Não há dúvida de que a paz é a necessária busca e o desejo de todos, mas nesse mundo de mutação, onde a subjetividade é a marca maior, a paz deixa de ser uma busca do bem co-mum e passa ser subjetiva também, algo muito pessoal. Sendo assim, po-de-se afirmar que o lugar onde a ju-ventude mais procura viver em paz é nas happies hours, quando está em plena agitação. Mesmo na agitação, na “zoação”, tem paz! Algo que pare-ce ser contraditório a muitos olhares adultos.

Assim, mesmo sem entender, paz para você!]

* Pároco de Alto Jequitibá, MG e-mail [email protected]

Page 24: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Encontro Matrimonial [ Qualidades fundamentais...

[ 22 • olutador [ março ] 2016

2016 ano do conviteUm momento especial para casais [2RegIonAl SUl I I I – S ínteSe PE . NIVALDO OLIVEIR A SOUzA

APReNdeR a utilizar argumen-tos diferentes para pessoas di-ferentes é a melhor forma que

temos para obter sucesso ao convidar alguém para fazer o Fim de Semana - FDS. Eis o que disse um grupo de ven-dedores profissionais de produtos de saúde e formadores para executivos:

1º - conhecer o cliente. Antes do pri-meiro contato, obtenha informações do tipo: se tem filhos, onde trabalham, onde moram.

2º - conhecer bem o “produto”. No caso do FDS, isto é fácil, pois quem con-vida já o fez. Recordar as ideias princi-pais e tê-las na ponta da língua.

3º - abordagem. De preferência, ir a casa fazer o convite. Tomem a iniciati-va de ir como casal. Apresentem-se di-zendo seus nomes. Falem da necessi-dade deles. Perguntem pelo tempo de casados, filhos, se já tiraram um tempo para ficarem sozinhos, se já fizeram al-gum encontro de casais... “A primeira impressão é a que fica”. Ajam com segu-rança, cordialidade e entusiasmo. Evi-tem exageros como: “vocês precisam”, “isto salvará o casamento”. Uma abor-dagem bem feita é sucesso garantido.

4º - Ganhar interesse. Falar com se-gurança que têm um presente a ofere-

cer e que não acham justo ficar com ele só para si, porque ele fez muito bem em suas vidas, e como gostam muito deles, querem compartilhar. Trata-se de um projeto que a Igreja tem e que quer beneficiar as famílias, fortalecer a relação de casais, melhorar o diálo-go, aprender a curar mágoas do pas-sado, matar os males pela raiz, auxi-liar e aprofundar os que já vivem bem.

5ª - apresentar o produto. Este En-contro chama-se “Encontro Matrimo-nial Mundial” e o temos aqui em nossa Diocese. Inicia-se numa sexta-feira à noite, na Casa de Retiro, e termina do-mingo à tarde. A gente volta totalmente renovado e a vida se torna muito mais leve consigo mesmo, com o seu espo-so (a), com os colegas de trabalho, vi-zinhos, comunidade.

6º - esclarecer dúvidas e contornar objeções. O objetivo é deixar o casal falar e perguntar as dúvidas possíveis: onde se realiza, custo, o que fazer com os filhos, o que fazer com o cachorro, não temos tempo, não temos proble-mas, nossa vida é muito corrida, vamos perder o jogo preferido, não gostamos de compromisso aos fins de semana, queremos passear em família... Todas estas dúvidas devem ser respondidas com segurança e muito amor, num tom agradável, mas apresentando soluções, motivando, deixando entender que o que vão ganhar é muito mais valioso e que contribuirá mais ainda para o bem-estar.

7º - Fechamento. Se chegar a este pas-so e a “venda” ainda não estiver con-cretizada, o ideal é reforçar todos os be-nefícios do FDS. O próximo Encontro

será dia .../.../... Caso quiserem parti-cipar desta linda experiência, ofere-cemos esta pequena divulgação (dar um folheto, se tiverem); e se puderem, deixem sem compromisso o telefone. Informaremos o dia da reunião para ti-rar dúvidas e preencher a ficha. Caso perceberem a convicção de ambos, já preencher a ficha na hora. Agradeçam pela oportunidade de poder oferecer o FDS, “que também nos foi oferecido, através de uma conversa como esta. Além de ganharmos vida e segurança em nosso relacionamento, nossa ca-minhada como casal tem sido muito mais leve e feliz”.

agradecimento e despedida. Mos-trem-se muito contentes pelo tempo que dedicaram para escutá-los, dizen-do que estão muito felizes em perceber que eles querem ser realmente mais felizes e esperam por este grande dia. “Desejamos um bom dia, torcendo pa-ra nos ver mais vezes.”

8º - “Pós-venda”. Depois de conquis-tado, ainda temos um período em que o casal deve ser acompanhado até que efetivamente compareça ao FDS na ca-sa de retiro. Para isto o contato deve ser mantido semanalmente através de E-mail, whatsapp, torpedos, conver-sas, telefonemas, visita para que o ca-sal se organize com os filhos, trabalho, casa etc. O nome desse casal poderá ser colocado numa rede de whatsapp junto com outros em igual situação, onde semanalmente se enviam men-sagens de esperança e alegria, falan-do bem do Encontro.

Feito isso, poderemos dizer com o Encontro Matrimonial: “Eu já con-videi, e você?”]

Page 25: Revista O Lutador 3874 marco 2016

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Família Julimariana [ Povo de Deus...

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olutador [ março ] 2016 • 23 ]

2016 ano do conviteUm momento especial para casais [2RegIonAl SUl I I I – S ínteSe PE . NIVALDO OLIVEIR A SOUzA

sou missionária, povo de Deus, em Alvarães

“eu quero a Amazônia” – dizia o Servo de Deus, o Padre Júlio Maria De Lombaerde, fundador da Congregação das Ir-

mãs Sacramentinas de Nossa Senho-ra. Assim ele se expressou quando foi enviado para o Brasil em 1912, para a missão em Macapá. Esta voz proféti-ca nos estimulou a optar para assumir a missão em Alvarães, MT, Prelazia de Tefé, no Amazonas.

Chegamos no dia 27 de julho de 2012. Definimos nossa atuação junto das Equipes de Liturgia, Catequese, Pastoral da Juventude, “AJURI” (mu-tirão) da Palavra de Deus, Formação de Lideranças da cidade e Comunida-des Ribeirinhas e, nas atividades so-ciais, tendo em vista o apoio aos Direi-tos Humanos. Planejamos, para 2016, atuar na Pastoral da Saúde, apoiar a Pastoral da Criança e outros Projetos em andamento.

Estamos ao lado do povo em su-as buscas e anseios. As Comunidades Ribeirinhas são distantes. São horas e horas de viagem. O barco nos conduz nas águas abundantes do Rio Solimões. Tudo se torna festa, somos envolvidas

pela energia de uma população jovem e que luta pela vida.

Somos três Irmãs: Maria Apareci-da Fázio, Julimar da Silva Leonardo e Maria Lopes. Nossa casa é um espaço de acolhida, oração, encontro, escuta, diálogo e planejamento. Nossa Paró-quia tem a proteção de São Joaquim. Os festejos dos Padroeiros são opor-tunidades para as manifestações po-pulares de fé, conforme os costumes amazonenses. Aqui está um povo de cultura indígena, contemplativo, pos-suidor de dons musicais e artísticos. Apreciam muito as celebrações alegres, com cantos, música e dança.

Nestes três anos de missão, mui-tas experiências nos tocaram. Desta-camos aqui o 4° Encontro das CEBs na Prelazia de Tefé, de 4 a 8 de março de 2015, em Carauari, AM, com o tema: “Família, guardiã da Palavra a servi-ço da vida” e o lema: “Família, ima-gem de Deus, casa do amor”. Pelo Rio Solimões navegaram seis barcos com mais de 600 representantes e delega-dos das 14 Paróquias da Prelazia de Te-fé, que tem uma extensão de 264.000 km² e aproximadamente 243.000 mil habitantes.

Depois de três a quatro dias nave-gando o Rio Solimões, pessoas de di-versas idades, cheias de animação, en-tusiasmo e disposição iam-se encon-trando com a Comunidade de Caraua-ri. Emocionante estar junto destas li-deranças que enfrentam as distâncias sem perderem a alegria de serem evan-gelizadoras. Todos foram hospedados pelas famílias locais que, com carinho e alegria, colocaram o melhor que ti-nham à disposição de quem chegava. Quatro dias de muito estudo, partilha e dinamismo. Somos gratas a Deus por esta oportunidade.

Alguns jovens expressam o dese-jo de abraçar a vocação sacerdotal e a vida religiosa. Há o que investir e cui-dar destas sementes vocacionais, pois “uma Igreja sem os jovens é uma Igreja sem presente e sem futuro”. (DGAEIB, 76). Algumas jovens sonham ser sa-cramentinas. Isto muito nos alegra! A elas estamos oferecendo tempos de re-flexão, acompanhamento, presença.

A vida em Alvarães exige dedica-ção, coragem, perseverança e capaci-dade de viver nesta região quente. A vi-da e a pastoral tem alto custo. As ofer-tas de trabalho são poucas, e aqui está um povo numeroso. As crianças e jo-vens, alegres e saudáveis, nos falam de um futuro esperançoso.

Deus abençoe o bom povo da região amazônica e nos envie muitos missio-nários/as para a messe do Senhor. “Sou missionário, sou povo de Deus. Sou ín-dio, caboclo, mestiço fazendo da vida missão. Aqui nesta grande tapera da Igreja Amazônica sou mensageiro de um Deus que é irmão.” (Manoel Nerys)]

comunidade Missionária sacramentina

Page 26: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Espiritualidade [ As relações...

[ 24 • olutador [ março ] 2016

Ao olhar para a identidade das pessoas, podemos descobrir que a existên-cia humana apresenta formas diversas de ser. Dizemos que, perante

Deus, somos iguais, todos criados à sua imagem e semelhança. Essa realidade só tem sentido na visão do cumprimen-to do direito e da justiça. Mas a visão, que vem do mundo, é outra. As relações são de poder entre desiguais, que afe-ta cada pessoa na convivência social.

Não é fácil realizar um projeto ba-seado totalmente na justiça e no direito, que evite violência e desarmonia nas relações fundamentais entre os “desi-guais”. O capricho do egoísmo é mas-sacrante e distancia as pessoas, cria isolamento e individualismo. O fecha-mento impede o indivíduo de enxer-gar as necessidades vividas pelos im-possibilitados de relações fraternas, e os nivela por baixo.

Os projetos humanos não deveriam ser diferentes dos que são de Deus. Os fundamentos da Palavra de Deus re-metem para o serviço aos mais neces-sitados. Esse é o caminho que nos tor-na semelhantes ao Criador, porque in-do ao encontro dos mais fragilizados da sociedade,

estaremos indo na direção de deus.

Ele nos acolhe nos pobres e no ser-viço prestado a eles.

O projeto de Deus inclui e une. O mundo tem facilidade para separar ricos de pobres, melhores de piores, fortes de fracos, brancos de negros, ur-banos de rurais etc. Somos desiguais quando privilegiamos alguns e des-prezamos outros, causando uma so-ciedade de desiguais, ou até de ini-migos, de um agredindo outros com práticas violentas.

É lamentável conviver com pre-conceitos humanos, com barreiras que impedem a convivência e fra-gilizam a vivência do amor frater-no. No cume de toda diferença está

a briga pelo poder e pela “prosperi-dade” econômica. A desonestidade passa a ser a alma da desigualdade, porque tira a possibilidade de condi-ções de vida digna para muita gente.

O vírus do poder consegue in-fectar muitos privilegiados. É uma tentação constante e contínua. Is-

so seria saudável se houvesse tam-bém o vírus da fraternidade e da preocupação com a justiça social. Pelo menos criaria possibilidade de igualdade entre as pessoas. Se-ria até bom pensarmos, quais são os nossos preconceitos que geram desigualdade?]

todos iguais DOM PAULO MENDES PEIxOTO - ARceBISpo De UBeR ABA , Mg

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Page 27: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Cadernode CidadaniaANO 13 * Nº 276 * MARÇO * 2016 * BELO HORIZONTE * MG

Novos Tempos

Page 28: Revista O Lutador 3874 marco 2016

[ 2 * olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ]

❝ N OVO S T E M P O S ❞

UANDO mudam as perguntas, temos de encontrar novas respostas. A realidade é sempre dinâmica e sempre maior, mais complexa que a ideia que dela fazemos. Por isso a necessidade de estarmos sem-pre buscando formas de melhor responder aos de-safios que se colocam à nossa frente. Desafios novos

exigem novas atitudes, novas posturas, novos enfrentamentos.Num momento de crise, isto se torna ainda mais

urgente. Os recursos são poucos, as exigências maiores. Nessa hora é preciso ter criatividade e ousadia para alargar os pou-cos recursos que ainda nos restam e encontrar formas alter-nativas, parcerias, meios de somar forças para que a realidade social não se agrave ainda mais.

O Terceiro Setor lida diretamente com pessoas em situação de risco ou de vulnerabilidade social. Fechar um equipamento, deixar de atender a um usuário, acabar com uma oficina ou deixar de executar um programa ou projeto, afeta diretamente as pessoas que deles necessitam. E estas pessoas, na maioria das vezes, não têm como recorrer a ou-tro lugar ou outra instância; na verdade, ficam privadas desse atendimento.

Isto nos leva a ver quão importantes são as ações desenvolvidas pelo Terceiro Setor. E quão necessário é lutar para que suas atividades sejam mantidas, ampliadas e levadas mais a sério.

Aqui vale destacar que grande parte dos serviços são desenvolvidos pelas entidades que, na maioria dos casos, encontram muita dificuldade de subvenção dos órgãos públi-cos. Certos profissionais da assistência parecem olhar para as entidades mais como concorrentes do que como parceiros no serviço da assistência social. Fica, na prática uma pergunta: Somos parceiros, ou não?

Visando melhor o atendimento, vislumbramos no-vos tempos com os esforços de reordenamentos, com novas ini-ciativas, com busca de parcerias. Tudo isso na certeza de que a realidade é sempre maior que a ideia que dela fazemos. Fica aqui um apelo para que os órgãos governamentais de assistência e seus profissionais encarem as entidades verdadeiramente como parceiras do serviço social e lhes favoreçam os meios e convênios justos para a execução de sua missão. Assim, mesmo na crise, os assistidos poderão continuar a ser atendidos...*

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Page 29: Revista O Lutador 3874 marco 2016

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Novos tempos:FUCAM – a caminho da sétima década

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SESSENTA E OITO ANOS já se passaram com mui-tas histórias de vida trans-formadas, mais de oiten-ta mil alunos atendidos e muito fôlego para avançar ainda mais na educação,

cultura, assistência social e profissiona-lização. Esta é a Fundação Educacional Caio Martins – FUCAM, que passou por um “reordenamento” para atender às novas diretrizes da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social -

SEDESE, onde está inserida, e ficar em sintonia com o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Único de Assis-tência Social.

Seguindo a orientação do Secretário de estado de trabalho e desenvolvimento social, o deputado estadual André Quin-tão, a presidenta e ex-professora da FU-CAM Maria Tereza Lara, acompanhada pelo vice-presidente e ex-aluno Gildázio Alves dos Santos, em conjunto com a Di-retoria de Educação e Assistência - DEA, para fazer um diagnóstico completo da Fundação, com o intuito de saber quem são os assistidos da fundação, como me-

lhorar e ampliar os serviços prestados, aliados à nova filosofia do Governo de Minas Gerais de “ouvir para governar”.

Reordenamento da FUCAMConcomitantemente foi criada uma “Co-missão de reordenamento da FUCAM”, através de Resolução conjunta SEDESE/SEE/FUCAM nº 19/2015 de 19 de maio de 2015, publicada no jornal “Minas Ge-rais” em 20/05/2015, que se reuniu pa-ra delimitar as novas ações. O trabalho da Comissão foi realizado a partir de re-uniões setoriais com a Secretaria de Es-tado de Cultura - SEC, Secretaria de Esta-

olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ] * 3 ]

Não deixe o mosquito nascer!O vírus Zika é transmitido por meio da picada do mosquito Aedes aegypti. A principal ação de combate ao mosqui-to é evitar sua reprodução. O Aedes ae-gypti prolifera nos locais onde se acumu-la água. Por isso é importante não deixar recipientes expostos à chuva, além de tampar caixas d’água e piscinas. Reco-menda-se também a instalação de telas de proteção em janelas e portas e o uso de repelentes.

Os sintomas da doença são febre, co-ceira, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo e nas juntas e manchas ver-melhas pelo corpo. Outra grande incer-teza é se o vírus provoca microcefalia e, se for o caso, em qual proporção. O Brasil registrou 4.783 possíveis casos de micro-cefalia até 30 de janeiro, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2 de fevereiro. Faça sua parte!

Page 30: Revista O Lutador 3874 marco 2016

[ 4 * olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ]

[▶ do de Educação - SEE, Subsecretaria de Trabalho e Emprego - SUBTER e a Sub-secretaria de Assistência Social - SUBAS.

Foi realizado um seminário para so-cializar os resultados obtidos pelo reorde-namento. A diretora de educação e assis-tência Deborah Akerman apresentou os dados compilados durante o seminário. O diagnóstico e estudos de casos foram feitos meticulosamente nos seis centros educacionais, localizados nas cidades de Buritizeiro, Esmeraldas, Januária, Juve-nília, Riachinho e São Francisco. Ao todo foram feitos duzentos e quarenta e três estudos de casos, que permitiram uma vi-são detalhada dos assistidos pela FUCAM.

Segundo o secretário André Quin-tão, nos últimos anos da FUCAM hou-ve uma perda de identidade; não havia definição de qual era o verdadeiro pa-pel da Fundação: “Acertei com o gover-nador Fernando Pimentel e vamos fazer um diagnóstico para saber qual é a nova missão e assim transformá-la em uma referência em educação e profissionali-zação”, ressaltou.

Nova articulaçãoO vice-presidente Gidázio Alves dos San-tos disse da sua expectativa sobre os novos tempos da FUCAM e da abertu-ra de novos espaços para formação e melhorias nos serviços já existentes. “Não somos mais uma instituição fecha-da dentro do governo. Somos, a partir de agora, articulados com as políticas de educação, cultura, assistência so-cial e profissionalização. Neste cami-nho vamos nos voltar ainda mais para a juventude em especial aos mais vul-neráveis”, enfatizou.

A presidenta Maria Tereza Lara dis-se que, na história da fundação, o Co-ronel Manoel José de Almeida teve a intenção de criar um espaço para que os jovens das áreas rurais pudessem estudar e se capacitar profissionalmen-te, mas a legislação vigente obriga que haja mudanças: “Temos uma história de sessenta e oito anos de fundação e milhares de alunos assistidos, mas o atual momento social requer novos rumos. O Estatuto da Criança e do Ado-

lescente e as novas normativas do Sis-tema Único de Assistência Social tor-naram o reordenamento essencial. Es-tamos cumprindo uma determinação do secretário da SEDESE, André Quin-tão, e da Secretária-Adjunta Rosilene Rocha, que nos delegaram a missão de fazer um diagnóstico profundo e situar a FUCAM em uma nova reali-dade, adequando à história as novas demandas”, ressaltou.

A secretária de educação Macaé Evaristo também participou do Se-minário de Reordenamento e falou do projeto educacional do Governo do Estado de Minas e como a FUCAM se enquadra neste contexto: “Que-remos uma educação de qualidade e uma mesma matriz de atendimen-to e trabalho. Estamos construindo uma nova perspectiva coletiva que busca um horizonte desejável. Temos de trabalhar para que nossas crianças possam ficar próximas às suas famí-lias em qualquer lugar do nosso Es-tado com boa infraestrutura e com

A cultura é destaque na FUCAM

Page 31: Revista O Lutador 3874 marco 2016

acesso a diferentes campos do co-nhecimento”, pontuou.

Nova fase da FUCAMNesta nova fase da FUCAM, grandes avan-ços vão acontecer como frutos do “reorde-namento”. Um deles é a criação dos Polos de Educação Integral nas cidades de Bu-ritizeiro, Esmeraldas, Januária, Juvenília, Riachinho e São Francisco. Os jovens terão a oportunidade de ampliar as oportunida-des educativas no ensino fundamental com novos conhecimentos, através de oficinas extras e maior permanência na escola.

Até aqui vários profissionais bem su-cedidos foram formados na FUCAM, e mui-tos outros ainda virão. São agentes de se-gurança pública, advogados, mecânicos, médicos, engenheiros e uma infinidade de cidadãos que ajudam na construção de uma sociedade melhor, promovendo o bem e realizando o sonho do saudoso fundador, o Coronel Manoel José de Al-meida que, entre outras coisas, queria dar chances e tornar o jovem um prota-gonista da história.*

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL CAIO MARTINS – GOVERNO DE MINASRod. Prefeito Américo Gianetti, 4001 - Prédio MinasBairro Serra Verde - Belo Horizonte, MG - CEP: 31630-901Fone: (31) 3916-7787 - www.fucam.mg.gov.br - E-mail: [email protected]

CENTRO EDUCACIONAL DE ESMERALDASFazenda Santa Tereza, s/n° - Esmeraldas, MG - CEP: 35740-000 Fone : (31) 3059-1206 - E-mail: [email protected]

CENTRO EDUCACIONAL DE BURITIZEIROPraça Coronel José Geraldo, s/nº - Buritizeiro, MG - CEP 39280-000 Fone: (38) 3742-1166 - E-mail: [email protected]

CENTRO EDUCACIONAL DO CARINHANHARua Professora Helena Antipoff, 163 - Juvenília, MG - CEP 39467-000Fone: (38) 3614-9146 - E-mail: [email protected]

CENTRO EDUCACIONAL DE JANUÁRIAAlameda Coronel Manuel José de Almeida, s/nº - Januária, MG - CEP: 39480-000Fone: (38) 3621.1200 - E-mail: [email protected]

CENTRO EDUCACIONAL DE SÃO FRANCISCOAvenida Presidente Juscelino, s/nº - São Francisco, MG - CEP: 39300-000Fone: (38) 3631.1255 - E-mail: [email protected]

CENTRO EDUCACIONAL DO URUCUIARua Bandeirantes - Vila Conceição,s/nº - Riachinho, MG - CEP: 38640-000Fone: (38) 3681.1057 - E-mail: [email protected]

Nossos endereços

olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ] * 5 ]

Prédio Histórico no Centro Educacional

de Buritizeiro

Protagonismo Jovem

Seminário de Reordenamento da FUCAM

Page 32: Revista O Lutador 3874 marco 2016

[ 6 * olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ]

Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social

Antes só, agora bem acompanhado!

CONTRIBUIR socialmen-te com as próximas gera-ções é um compromis-so assumido por orien-tadores sociais voluntá-rios, cidadãos que dedi-

cam um pouco de seu tempo e sua ex-periência de vida em prol de jovens que, por algum motivo, se envolveram em atos infracionais e receberam a medida socioeducativa de Liberdade Assistida. Para esses meninos e meninas, na fai-xa etária de 12 a 18 anos, ter uma refe-rência e contar com pessoas dispostas a apostarem confiança em sua mudan-ça de postura pode significar um cami-nho novo e promissor.

Como o próprio nome sugere, esse voluntário tem a função de orientar eti-camente os adolescentes que acompa-nha. A iniciativa consiste na promoção de passeios, encontros e muito diálogo en-tre adolescentes e orientadores. O tra-balho é acompanhado por assistentes sociais e psicólogos, técnicos da Prefei-tura de Belo Horizonte, atuantes na Se-cretaria Municipal Adjunta de Assistên-cia Social, que atendem tanto aos ado-lescentes e suas famílias, como também aos orientadores sociais voluntários, dan-do suporte em todo o processo. Esse ti-po de voluntariado ocorre na PBH desde 1998 e já recebeu 1.100 cidadãos que fi-zeram sua parte por uma sociedade mais justa e segura.

É o caso do o servidor público Linde-berg Calixto, que, após ter tido objetos furtados por um adolescente, foi atraí-do pela proposta de contribuir de algu-ma maneira com outros jovens em con-flito com lei. No ano de 2007, ele parti-cipou da iniciativa que marcou sua histó-ria de vida. O primeiro adolescente que acompanhou foi Jonathan Mangabeiras.

O menino, que na época vivia nas ruas de Belo Horizonte, com medo de con-fiar nas pessoas, é hoje é um jovem de-cidido e cheio de planos. “Tornamos-nos bons amigos! O marco da nossa relação foi quando ele falou que queria voltar para a casa da mãe”, lembra-se Calixto.

Essas e outras recordações marca-ram a vida de ambos. Lindeberg e Jona-than se encontravam quase todas as se-manas durante um ano e meio. O prin-cipal ponto de encontro era a Praça da Estação, no centro da Capital. Por meio do seu orientador social, o adolescente conheceu museus, parques, foi a teatros, cinemas, e pôde descobrir uma nova ci-dade. Atualmente ele vive com a com-panheira e atua na área de audiovisual, profissão que descobriu durante o cum-primento da medida.

Depois de Jonathan, Lindeberg orien-tou outros dois adolescentes e continua

como voluntário do Serviço. “Acredito que todos temos que contribuir. É muito fácil ficar em uma posição confortável, recla-mando da violência; temos que nos per-guntar o que cada um de nós tem com is-so”, reflete. Segundo o orientador, o que norteia o acompanhamento é a “busca por um caminho novo para eles (os ado-lescentes)”.

Para a gerente de coordenação das Medidas Socioeducativas Márcia Pas-seado, “o trabalho como orientador so-cial voluntário possibilita o envolvimen-to da sociedade civil no âmbito das po-líticas públicas, além de propiciar a for-mação de uma rede solidária que contri-bui para a mudança de uma concepção acerca do adolescente em conflito com a lei”, pondera.

A técnica de referência da Central para Orientadores Sociais Carolina Fle-cha explica que em nenhuma circuns-tância o voluntário substitui o técnico do serviço, mas que agrega de forma subs-tancial como no caso de Jonathan. “O orientador social auxilia o adolescente a construir novas formas de convivên-cia na cidade, assumindo um lugar de referência ética. Ao caminhar pela cida-de acompanhado por um orientador, o adolescente pode rever seus percursos e vislumbrar novos horizontes para sua vida”, destaca Flecha.

CritériosPara se cadastrar para o trabalho, o in-teressado precisa ter mais de 21 anos, ser morador de Belo Horizonte e se dis-ponibilizar a ser uma referência na vida do adolescente e a acompanhá-lo por aproximadamente duas horas semanais.

Como participarBasta ligar para o telefone: 3277-4420!*

Voluntários apóiam adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa

de liberdade assistida

F/IN

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Page 33: Revista O Lutador 3874 marco 2016

olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ] * 7 ]

MESMO tendo alcançado vá-rios dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milê-nio — estabelecidos pela Or-

ganização das Nações Unidas - ONU, em setembro de 2000 —, o Brasil ainda tem grandes desafios sociais a serem venci-dos. Um deles é o combate ao trabalho infantil, que afeta mais de 3 milhões e 300 mil meninas e meninos no país.

Visando a defender os direitos de crianças e de adolescentes, afastá-los dos inúmeros perigos das ruas e do isolamen-to, bem como protegê-los de toda forma de exploração, a Legião da Boa Vontade - LBV promove diariamente programas socioeducacionais em favor desse públi-co. Por meio da realização de atividades esportivas, culturais, artísticas e educa-tivas, além do oferecimento de alimen-tação balanceada, de ambientes segu-ros em suas unidades de atendimento e de acompanhamento de profissionais de diversas áreas, a Instituição possibi-lita que a garotada consiga superar di-ficuldades e vislumbrar um futuro com melhores oportunidades para si e para a própria família.

A Legião da Boa Vontade mantém ou-tras ações permanentes, entre as quais a campanha Criança Nota 10 — Prote-ger a infância é acreditar no futuro! Por intermédio dessa iniciativa, a LBV bene-ficia com kits de material pedagógico e conjuntos completos de uniformes crian-ças, adolescentes e jovens de famílias de baixa renda em todo o Brasil. A entrega

Iniciativas da LBV contribuem para a proteção de crianças e adolescentes

O esporte inspira a vitória e a educação ensina a vencer

das doações ocorre no início do ano. Em 2016, 15 mil kits chegarão às mãos de es-tudantes das escolas da LBV, de meninas e meninos que participam dos programas nos Centros Comunitários de Assistência Social da Instituição e de atendidos por organizações parceiras dela.

O esporte inspira a vitória e a edu-cação ensina a vencer. Juntos, transfor-mam vidas e ajudam a construir uma

sociedade justa, solidária e, portanto, melhor. Você pode contribuir para a campanha Criança Nota 10 — Prote-ger a infância é acreditar no futuro!, acessando o site:www.lbv.org/nota10 ou ligando para 0800 055 50 99.Siga a LBV no Facebook (LBVBrasil), no Twitter (@LBVBrasil) e no Instagram (@LBVBrasil)

F/LB

V

Page 34: Revista O Lutador 3874 marco 2016

“E DISSE O SENHOR: ‘E não nos deixeis cair em tentação, mas li-

vrai-nos do mal’. Nem sempre consegui-mos perceber os processos da vida, e só assim a vida nos mostra quando caímos em tentações. Ficamos vulneráveis às ten-tações da vida quando desprezamos os ensinamentos da família, nos afastamos dos valores morais, espirituais e éticos.

As escolhas pessoais, quando feitas desprovidas de orientações e conselhos das pessoas que se preocupam com nos-so bem-estar, nos afastam do caminho do bem e nos lançam na marginalidade. A prisão é uma das consequências das más escolhas.

Na prisão, sem nossa família, somos como uma ave pequenina fora do ninho. Longe de nossas famílias, passamos por momentos de tristeza, de cólera, aban-dono e desesperança para a chegada do instante ansiado para tão sonhada liberdade, para beijar e abraçar com toda sau-dade do mundo a família que nos ama como Deus ama cada filho Dele.

A família é o alicerce da vida como o alicerce de uma casa. É força, amor, ale-gria, tristeza, saudade e serenidade. Família, bonito dizer, na organização da vida ou na moradia da alma, saudades, sim, de um ser preso, mas esquecimento nunca.*

expediente *❯ E-mail da Redação [email protected] ❯ E-mail do Caderno [email protected] ❯ Oficina Belo Horizonte, MG, Praça Pe. Júlio Maria, 01, Bairro Planalto - 31730-748, Telefone: (31) 3439-8083, Telefax: (31) 3439-8000 ❯ Diretor-Editor Ir. Denilson Mariano da Silva, SDN ❯ Jornalista Responsável Sebastião Sant`Ana - MG086063P ❯ Equipe Juliana Gonçalves, Cristiane Felipe, frater Henrique Cristiano José Matos, cmm, Ir. Denilson Mariano da Silva, SDN❯ Parcerias SMAAS – Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social, IDH – Instituto Direitos Humanos, APC – Apoio Pastoral Carcerária❯ Revisão Antônio Carlos Santini ❯ Entidade Mantenedora Instituto dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora❯ Tiragem 8.200 exemplares ❯ Impressão e Acabamento Gráfica e Editora O Lutador, Certificada FSC®As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

Gráfica e Editora

Caderno de CidadaniaUm Serviço de Defesa Social da:

www.olutador.org.br

Cidadania na realidade carcerária...

Visite nossos sites e redes sociais:www.csfbh.org.br | www.olutador.org.br | www.facebook.com/GraficaeEditoraOLutador | Twitter:@Olutador_

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[ 8 * olutador [ março ] 2016 [ Caderno de Cidadania ]

CentroSacramentino deFormação

CentroSacramentino deFormação

CentroSacramentino deFormação

CentroSacramentino deFormação

O ato de educar é sustentado pela necessidade de articular as diferenças

A educação não é algo que se confor-ma, mas é algo que se cria. O verda-deiro aprendizado ocorre a partir

das vivências. Freud disse: “Faça sempre o que você acredita que é melhor, sem-pre sabendo que você está fazendo erra-do”. Educador é todo aquele que acredita que erro não é erro, é a possibilidade de recomeço. Para a pedagoga da Peniten-ciária Professor Jason Soares Albergaria, Maria da Pompéia Carneiro, a função da educação no sistema prisional é propor mudanças e ficar à espera do inesperado.P E D A G O G A M A R I A D A P O M P É I A C A R N E I R O

A Penitenciária Professor Jason Soa-res Albergaria desenvolveu, junto à SEDS – Secretaria de Defesa Social, um concurso de redação com o tema: “A importância da família no sistema prisional”. Muitos detentos se interessaram pela proposta e se empenharam.

Foram selecionadas três produções que, dentro dos critérios de classificação predeterminados pela equipe organiza-dora, cumpriram o que foi pedido.

A Unidade ficou satisfeita com a parti-cipação dos detentos e pretende promo-ver novas propostas com o objetivo de re-duzir os impactos do cárcere para os de-tentos que se interessarem.*

S A MU EL A L E X A N D R E - 3 0 A N O S

E não nos deixeis cair

em tentação

Page 35: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Liturgia [ Semear no cimento...

olutador [ março ] 2016 • 25 ]

AtRavés de uma carta com conselhos práticos dirigida aos sacerdotes e diáconos, o Arcebispo de Detroit, EUA,

Dom Allen H. Vigneron, descreveu os tipos de pessoas que assistem à missa e qual é a melhor maneira de pregar para elas. O primeiro conselho: o Pregador

todos iguais DOM PAULO MENDES PEIxOTO - ARceBISpo De UBeR ABA , Mg

é Servo da Palavra de Deus. Recordar que “a chave não está em oferecer co-mentários, mas em ajudar as pessoas que estão nos bancos a entenderem o que acontece no texto e, desta maneira, compreenderem o que está acontecen-do agora e responderem com sua fé”.

Em vez de permitir que as leituras fiquem no nível da teoria, ele indica que os pregadores devem aplicá-las a uma “situação concreta” da comu-nidade e oferecer sugestões para que os fiéis possam colocá-las em prática. Para isto é necessária uma preparação adequada e antecipada da homilia.

Tristemente, lamenta Dom Vigne-ron, muitas pessoas nos bancos já ou-

viram a frase “Deus te ama”, mas não a interiorizaram. “As últimas estatísti-cas revelam que muitos católicos nem sequer acreditam na possibilidade de ter uma amizade com Deus, por isso não sabem que são amados infinita e apaixonadamente por Aquele que tu-do criou. E este amor, o conhecimento deste amor, o encontro com este amor, é o que transforma a vida, é o que nos leva a responder ao seguimento da-quele que entregou sua vida por nós.”

E explica que, assim como o aço deve ser esquentado antes que possa ser moldado ou dobrado, o coração hu-mano deve ser esquentado pelo amor de Deus com o fim de superar o medo e ser moldado pela verdade do Evan-gelho. Sem um encontro com o amor de Cristo,

“a fé simplesmente se vê como um conjunto

de normas e regulamentos”.

Em última instância, os sacerdo-tes e diáconos fomentam um encontro com Deus quando pregam um Cristo crucificado: “a Cruz é a maior prova de amor nunca antes vista. Por isso, aju-dem-nos a entender, a compreender que Deus não nos diz somente que nos ama, mas também nos demonstra isso”.

semear no cimento“Muitas pessoas foram ‘sacramenta-das’ mas nunca evangelizadas”, susten-ta Dom Vigneron. Embora se encon-trem com Cristo através dos sacramen-tos, têm pouco conhecimento destes, portanto, sabem coisas de Deus, mas não O conhecem.

“Infelizmente, devemos admitir nossa parte de responsabilidade nis-to” - continua o Arcebispo - afirman-do que ao pregar o Evangelho a este grupo de pessoas, que pode ser uma maioria durante uma missa dominical, parece que “tentamos plantar semen-tes no cimento: nada crescerá”. Portan-to, a chave está em uma evangelização que promova um encontro com Cristo.

Outro grupo de pessoas presentes à missa são os “ateus práticos”, explica Dom Vigneron. Estas pessoas não rejei-tam diretamente a Deus, mas separam sua fé da sua vida cotidiana e passam a maior parte do tempo em um “mundo do consumo secular”, isto é, vivem co-mo se Deus não existisse ou como se não tivesse significado em suas vidas.

Apesar disso, atualmente muitas pessoas se consideram espirituais. Têm grande fome de “uma paz interior que as ajude de algum modo a obter seus projetos na vida”. Outras pessoas vêm à missa com ideias adquiridas pelos meios de comunicação, pelo entre-tenimento e pelo mundo acadêmico, que lhes dizem que a fé é incompatí-vel com a razão.

Também estão presentes os “que parecem mortos”, ou seja, que chegam tarde e vão embora cedo da missa, que não prestam atenção, não participam e parecem não querer estar ali, assim co-mo “os chateados e os desinteressados”, aqueles que somente viram uma versão “reduzida” de Cristo e do Evangelho.

Mas no fundo, diz Dom Vigneron, todos aqueles que participam da missa querem a mesma coisa: um encontro com Cristo. E esta é responsabilidade do sacerdote: ajudar neste encontro através da sua pregação.]

Fonte: acidigital

para evitar as “homilias chatas”

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Atualidade [ A mensagem nos ensina...

[ 26 • olutador [ março ] 2016

CARLOS SCHEID

UM dos sentidos do verbo “en-golir”, segundo o Aurélio, é “sofrer em segredo, ou sem protesto”. E o mundo está cheio de gente que “não engole”.

Uma rápida incursão pelas redes sociais registra a onda de revolta, de denúncias, de expressões marcadas pelo ódio, pe-la cobrança de punições e represálias.

No polo oposto, o Evangelho de Je-sus Cristo, quando o Mestre ensina aos discípulos: “Não resistais ao mau”. (Mt 5,39.) E não se trata do “mal” abstrato, mas de sua encarnação no “mau” [no grego original, um adjetivo: “ponerô”]. A Bíblia de Jerusalém traduz: “Não resis-tais ao homem mau”. André Chouraqui traduz: “Não se oponha ao criminoso”.

Ouço ao longe um clamor que me acusa de defender a impunidade. Se-rá? Ou a turba que clama pela vingan-ça manifesta seu desespero diante do

o evangelho intragável

Como observa Lev Gillet, “a escolha não está entre combater e não combater, mas entre combater e sofrer – e, pelo so-frimento, vencer. Os combates buscam vitórias aparentes, as quais não são mais que vaidade e ilusão, pois Jesus é a reali-dade suprema. O sofrimento do não-re-sistente proclama esta realidade suprema de Jesus. Assim, ela é a verdadeira vitória”.

Claro que os discípulos não tinham compreendido a lição do Mestre. Daí, a espada de Simão Pedro, que decepou a orelha de Malco no momento da prisão de Jesus. E exatamente ao ser aprisiona-do, Jesus reimplanta a orelha do ferido, isto é, não só impede a reação violenta dos apóstolos, mas transforma em bem o mal praticado. Ora, não será um belo gesto defender o Mestre de seus inimi-gos? A situação não justifica a agressão? Não é uma forma de impedir a injustiça?

Jesus diz que não... Sua mensagem ensina que não se pode obter o bem por meio do mal. Como avalia Gillet, “a não-resistência de que Jesus nos dá o exemplo não é concordância com o mal ou pura passividade. Ela é uma re-ação positiva. É a resposta que o amor – este amor que Jesus encarna – opõe às realizações dos malvados. O resultado imediato parece ser a vitória do mal, mas, a longo prazo, o poder desse amor é o mais forte. A Ressurreição seguiu-se à Paixão. A não-resistência dos márti-res cansou e fascinou os próprios per-seguidores. Foi este sangue derramado que garantiu a difusão do Evangelho”.

Pode parecer um frágil pacifismo. Pode. Mas séculos de reação, condena-ções e vinganças apenas geraram mais conflitos e sedimentaram ódios. O re-médio acentuou a doença.

Afinal, parece que o ódio já faz par-te de nós...]

homem mau, duvidando da possibi-lidade de sua remissão?

Bem sei que o Evangelho é intragá-vel! Sei que o preceito de oferecer a se-

– “Esta eu não engulo!” – gritava o revoltado.

gunda face provoca rugidos ferozes. Tal como a sugestão de entregar o manto a quem nos rouba a túnica, ou de aben-çoar aqueles que nos maldizem. Mas é este o Evangelho, livremente proposto aos homens de boa vontade... Estamos diante da não-resistência evangélica. Assuma-a quem quiser...

Sua mensagem ensina que não se pode

obter o bem por meio do mal

ANTôNIO CARLOS SANTINI

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Page 37: Revista O Lutador 3874 marco 2016

olutador [ março ] 2016 • 27 ]

doismagistérios?

CARLOS SCHEID

MISSA De DoMIngo. Chego bem cedo e te-nho tempo de exami-nar o folheto distribuí-do aos fiéis. É o 10º do-

mingo do tempo comum. O Evange-lho do dia (Mc 3,20-35) mostra os pa-rentes de Jesus preocupados com o seu equilíbrio mental, ao vê-lo seguido por grande multidão.

Com a assinatura de um sacerdote, uma “catequese bíblica” acompanha os textos da liturgia da Igreja. E o au-tor comenta: “Jesus devia mesmo es-tar ‘fora de si ou louco’, na concepção geral da época, ao abolir e quebrar a estrutura familiar de seu tempo”.

Ora, mesmo separando esta obser-vação do contexto geral da matéria, é evidente que se trata de mera opinião do comentarista. Pior: não correspon-de ao magistério da Igreja nem ao re-gistro dos evangelistas. Em nenhum dos evangelhos encontro alguma pro-posta de abolição da família ou de fra-tura das relações familiares.

Em São Lucas, por exemplo, lemos que Jesus era “submisso” a seus pais. “Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era obediente a eles.” (Lc 2,51.) Como judeu praticante, Jesus não dei-xaria de obedecer ao 4º mandamento: “Honrarás teu pai e tua mãe”.

Em sua breve Exortação apostóli-ca sobre São José - a Redemptoris Cus-tos -, o Papa João Paulo II propõe que as famílias se espelhem na família de Nazaré. E afirma que a paternidade de José “expressou-se concretamente [...] em ter usado da autoridade legal, que lhe competia em relação à Sagrada Fa-mília”. Ou seja, nada que possa lembrar alguma “quebra da estrutura familiar de seu tempo”.

Na mesma Exortação (RC, 21), o Papa lembrava que, ao assumir nossa humanidade, o Verbo assumia tam-bém “tudo aquilo que é humano e, em particular, a família, primeira di-mensão da sua existência na terra”. As-sim, ao afirmar que “sua mãe e seus ir-mãos” eram aqueles que fazem a von-tade de Deus (cf. Mc 10,34), de modo algum Jesus excluía Maria e José de sua família; antes, foi em Maria e José que Jesus contemplou, em primeiro lugar, o pleno cumprimento da von-tade divina.

O episcopado latino-americano, reunido em Santo Domingo, seguiria na mesma linha doutrinária: “Por sua [de Jesus] Encarnação e por sua vida em família por Maria e José no lar de Nazaré se constitui um modelo de to-da família”. (SD, 213.)

Um fiel “comum”, depois de ler o comentário anexo ao folheto de mis-sa, pode ter voltado para casa com a impressão de que Jesus tinha para nos propor algo melhor que a estrutura fa-

miliar em que ele nasceu e cresceu: o pequeno mistério do amor do pai e da mãe que acolhem seu filho. E não se trata disso...

Na verdade, essa antiga “estrutu-ra” familiar foi o caldo de cultura para o exercício da fé. Na Encíclica Redemp-toris Mater [A Mãe do Redentor], João Paulo II recordava Maria, que “acredi-ta dia a dia, no meio de todas as pro-vações e contrariedades do período da infância de Jesus e, depois, duran-te os anos da sua vida oculta em Na-zaré, quando ‘lhes era submisso’ (Lc 2,51): submisso a Maria e também a José, porque José, diante dos homens, fazia para ele as vezes de pai; e era por isso que o Filho de Maria era tido pela gente do lugar como ‘o filho do car-pinteiro’ (Mt 13,55)”.

É recorrente a tentativa de mostrar Jesus como um revolucionário de seu tempo. Só que não corresponde à ver-dade. Os revolucionários estão sempre dispostos a matar. E Jesus – ao contrá-rio – se dispôs a morrer por nós...]

[ Missa de domingo...

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Crônica [ Maria

[ 28 • olutador [ março ] 2016

FlOrzINha danada de du-ra! Nasce em qualquer canti-nho seco, em qualquer quebra-dinho de parede...

Meus canteiros, tão singelos, estão pesadinhos das mimosas flores: bran-cas, sem batom na boquinha – outras, para realçar a alvura da pele, usam um

batom vermelhinho no sorriso de flor... há, ainda, as mais moderninhas, de ves-tido cor-de-rosa-cheguei...

ah! Mas ninguém deixa de dar uma paradinha na sua correria, só para ad-mirar uma mulata-da-sala menos mo-desta, sempre vestida de vermelho vivo, não importa a hora: noite e dia, lá está

a florzinha, em toalete soirée - como se estivesse bailando em um salão.

Estão sempre frescas, sorridentes, como se tivessem tomado um banho de orvalho. Então, o batom é mais forte, com-binando com o vestidinho de menina-flor.

E tem outra: ninguém as plantou! Nascem pelo puro prazer de enfeitar o

Mulata-da-sala“Esta crônica é para todos os meus leitores, especialmente para um,

de Belo Horizonte, Pedro Francisco dos Santos, que me dirigiu palavras muito gentis.”

Page 39: Revista O Lutador 3874 marco 2016

olutador [ março ] 2016 • 29 ]

olhar dos passantes. Não pedem água, não exigem adubos nem reclamam das ervas que teimam em lhes tomar o lugar...

Elas querem, apenas, enfeitar um canto qualquer. Elas, apenas, querem suavizar o caminho corrido de todos...

Olho para elas e penso que o mun-do seria bem mais bonito se a gente vi-vesse como uma dessas florezinhas...

ah! Se a gente pudesse transfor-mar-se em flor!... Cada um escolheria seu modelo de mulata-da-sala e arran-jaria um cantinho para morar, suavi-zando, com um sorriso de flor, o cami-nho de quem passasse por nós, espa-lhando amor pelas ruas cheias de gen-te apressada.

Eu tive uma madrinha assim, que foi sempre mulata-da-sala por onde passava. alegre, singela, tinha um no-me tão aristocrático – VEralDINa – que nunca foi usado, a não ser em do-cumentos formais. Também, pensando melhor, VEralDINa não se parecia com ela. Seu apelido pequeno, delica-do, é que se parecia com sua dona: MU-laTINha. Penso que alguma fada viu a menininha recém-nascida e pensou: “essa princesa tem cara de flor, uma flor bem pequena, bem alegre... E foi assim que seu nome foi trocado pelo nomi-nho de minhas flores...

ligeirinha, esperta, dava amor a to-dos que estivessem por perto, sem exi-gir nada, um amor tão natural como o das minhas florezinhas.

Como foi importante para mim, ter uma Madrinha-Flor!

Por isso, todas as vezes que meu olhar alcança uma mulata-da-sala, lembro-me da minha madrinha, sorrindo, ale-grando, dando a mão a quem precisasse.

Bela vida teve a minha madrinha: escreveu sua história de uma maneira tão singela, que bem poderia se chamar: história de uma flor.

Cada um escolhe um jeito de per-petuar seu nome na história da vida: fazendo versos, pintando quadros lin-dos, compondo músicas geniais... Ma-drinha Mulatinha eternizou seu no-me apenas pelo gesto nobre de irra-diar bondade para todos que se colo-cassem ao seu lado, apenas sendo uma florzinha singela...

E é assim que vou tentando, pela vida a fora, ser uma outra mulata-da-sala, que nasce em qualquer cantinho, que vive em qualquer quebradinho de muro.E é assim que vou tentar viver o ano-novo que começou – 2016!

Nele, quero escrever uma história de vida bem igual à história da minha Madrinha Mulatinha, bem igual à his-tória das florezinhas que enfeitam a vi-da, sem esperar recompensas nem agra-decimentos...

Para isso, preciso apenas de um can-tinho de parede, de um quebradinho de muro para crescer...]

Livro indicado

MARIA

FOrMaTO: 15,5x22,5cm, 320p.

R$ 30,00 + Porte

Pedidos0800-940-2377olutador.org.br

[ Uma bela Obra, as crônicas de 'Maria',

publicadas em olutador ]

O livro de crônicas de MarIa

[Maria das dores Caetano Guimarães].Em cada página, a arte da cronista

que extrai do cotidiano o lampejo de uma descoberta.

Em cada crônica, o passado recuperado

com o olhar da infância.Em um só volume,

as páginas saborosas publicadas em O Lutador.

F/R

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Páginas que não passam [ Esperança...

[ 30 • olutador [ março ] 2016

Tu serás sempre um ser dilacerado, pois a espada ocupa o lu-gar que abre o filho

e atravessa a mãe.Enquanto houver uma dor

a ser partilhada no mundo, tu estarás ali, companheira da noite e da dúvida, da vigília e das lágrimas.

A aurora se levantará para os outros; para ti, ela ainda será prematura enquanto houver uma criança mergulhada no coma, e pais desmoronados pa-ra quem o tempo se deteve na cabeceira de um ser já ausente.

Tu serás sempre essa mu-lher sem idade, os olhos de-vorados de prantos na encru-zilhada de todas as paixões, pronta para toda compaixão.

Para ti, chove sobre a es-trada do sol, e tu és aquele ce-go que os carros enlameiam na calçada.

O caminho da felicidade, é preciso atravessá-lo bem de-pressa, sob o risco de ser jo-gado ao chão pelos loucos da vida, tu que só tens olhos para o moribundo abandonado à beira da estrada, do outro la-do do caminho que leva de Je-rusalém a Jericó.

E se alguém te pergunta a razão da esperança que te apressa a agir assim,

tomas a criança morta que estão des-cendo da cruz e tu lhe abres o túmulo de teus braços para que ali, bem aper-

tado em teu seio, ela descan-se e desperte e reviva em tu-as entranhas.

É que diante de ti está essa hora de tristeza, quan-do será preciso dar à luz de novo.

Tu consentiste nisso, mãe das dores, que não cessas de pôr no mundo do Pai esse gran-de corpo de sofrimentos do Filho Primogênito.

Consentiste nisto, e aí está a tua glória que já estremece dentro de ti mesma e libera sobre o mundo o teu “Mag-nificat” na hora exata das tre-vas, quando é preciso ainda que experimentes a ingrati-dão e o ódio e a solidão por onde deverão passar aque-les que te são confiados, pa-ra que tudo seja consumado daquele primeiríssimo “Fiat”, a única palavra-mãe, aque-la que perdura quando a ter-ra passa.

Para ti, não há beatitude plena antes da consumação dos séculos. Está escrito!

É preciso ainda que, de Nazaré ao Gólgota, carregues todas as gerações até o Dia da eterna natividade, quan-

do elas se levantarão e nem uma só delas deixará de te proclamar Bem-aventurada!]

Compaixão CHRISTIAN DE CHERGé*

(a todos aqueles e todas aquelas cujo coração parece feito para sangrar...)

* CHRISTIAN DE CHERGÉ foi um dos sete monges trapistas do mosteiro Nossa Senhora do Atlas (Argélia), degolados por ativistas do

GIA – Grupo Islâmico Armado em 23 de maio de 1996, após um sequestro de dois meses. Christian nasceu em Paris, em 18 de janeiro

de 1937, segundo de oito irmãos. Seminarista, foi convocado para a guerra da Argélia, onde passou 18 meses. Foi ordenado padre em

pleno Vaticano II (março/1964) e cinco anos depois entrou para a Ordem Cisterciense. Em Roma, por dois anos, aprofundou seus co-

nhecimentos do árabe e do Islã, regressando a N. Sra. do Atlas, em Tibhirine, onde fundou um grupo de reflexão que reunião monges,

leigos e muçulmanos. Há filmes e vários livros sobre ele e sua herança espiritual, entre os quais a obra de Bruno Chenu “L’Invincible

Espérance” (Ed. Bayard).

Page 41: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Páginas que não passam [ Esperança...

RoteirosPastoraisRoteirosPastorais

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33Dinâmica para Grupo de Jovens 33 • Catequese 34

O Lutador Kids 36 • Homilética 37

olutador [ março ] 2016 • 31 ]

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Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33Dinâmica para Grupo de Jovens 33 • Catequese 34

O Lutador Kids 36 • Homilética 37

Leitura Orante 32 • Tudo em Família 33Dinâmica para Grupo de Jovens 33 • Catequese 34

O Lutador Kids 36 • Homilética 37

RoteirosPastoraisRoteirosPastorais

Page 42: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Leitura Orante [ Páscoa...

[ 32 • olutador [ março ] 2016

“Vi o senhor”Busca da intimidade com deusProcure um ambiente tranquilo, silencie, invoque a Santíssima Trindade, peça as luzes e faça a oração ao Divino Espírito Santo. Pode cantar um refrão para aju-dar no recolhimento. Sugestão:

– O Senhor ressurgiu! Aleluia! Aleluia! (2x).

a. situando o textoA Páscoa é tempo da novidade maior. Tempo da surpresa de Deus que faz a vida vencer a morte.

Quando parecia que tudo estava acabado, quando os maus e opresso-res pareciam ter calado a voz de Jesus, quando os discípulos e os pobres já cur-vavam a cabeça, desanimados e deso-rientados com os acontecimentos da cruz, quando parecia já não haver es-perança, eis uma grande novidade...

Vamos, com calma e atenção, ou-vir o que o Senhor nos vem falar.

B. o que o texto diz em siLer na Bíblia: João 20,1-23.chave de Leitura:O que os discípulos vêm no túmulo? Qual a reação deles?Quando Maria Madalena reconhece o ressuscitado?Ao se encontrar com os discípulos, o que Jesus diz e faz?Em que momento de sua vida você experimentou mais de perto a força da ressurreição?

c. o que o texto diz para nósO relato bíblico é cheio de detalhes, e estes são fundamentais para captar-mos a importância da ressurreição na vida da comunidade cristã e na nossa

vida. João é o “Evangelho dos sinais”. E sinal não é apenas o que eu vejo, mas é aquilo que me faz ver.

O discípulo que chega primeiro, não entra, mas ele vê os panos dobra-dos e acredita. Ele vê o sinal e acredita (v.8). Este é o apelo para nós.

Devemos ser capazes de ver os si-nais do ressuscitado em nossa vida, em nossa história. Em cada situação que a vida vence a morte, Jesus ressuscitado está presente. E sempre que nos empe-nhamos em defender e socorrer a vi-da, o Ressuscitado está ao nosso lado.

cantando: Jesus Cristo é o Senhor, / o Senhor, o Senhor. / Jesus Cristo é o Se-nhor. / Glória a ti, Senhor!

Maria Madalena, a primeira testemunha da ressurreição, procurava o Senhor des-de antes do amanhecer. Pela sua amizade com o Senhor, talvez ela esperasse que tudo aquilo pudesse ter sido diferente. E sua esperança não foi em vão. Mas ela só reconhece o Senhor quando ele a chama pelo nome (v.16).

O Senhor nos conhece pelo nome e tem amizade por nós. Quando Maria re-conhece Jesus, ela o abraça, sinal de sua amizade e carinho. Também nós deve-mos fazer esta experiência de nos sen-tirmos abraçados pelo ressuscitado. Ele está sempre ao nosso lado. Ele não nos abandona. Não estamos sozinhos...

O Senhor quer que sejamos seus mis-sionários: “Vá a meus irmãos...” (v.17) Ele nos comunica a paz e nos fortalece com o Espírito Santo (v. 20-22), para que sejamos também capazes de perdoar e ajudar o mundo a ser melhor.

Rezando: Da minha vida Ele é o Senhor (3x) / Glória a ti, Senhor!

d. o que o texto nos faz dizer a deus?a) Senhor, que saibamos reconhecer vos-sa presença redentora em toda ação que defende a vida. Rezemos:– Senhor, dai-nos vossa paz!

b) Senhor, que a celebração da Pás-coa renove em nós a força missioná-ria. Rezemos:

c) Senhor, ajudai-nos a não desanimar, confiando na presença do Espírito San-to que sempre nos sustenta. Rezemos:

e. o que o texto sugere para nossos dias?Ao aparecer aos discípulos, Jesus comu-nica sua paz e sopra sobre eles o Espíri-to Santo.

Temo-nos deixado guiar mais pelo Espírito de Deus ou por nossos desejos particulares? Por quê?

F. tarefa concretaViver com intensidade o período pascal. Tempo de alegria, de entusiasmo missio-nário e de levar a sério as propostas que abraçamos durante a Quaresma.

encerramentoRecolher-se no silêncio, procurando per-ceber a presença de Jesus ressuscitado em sua vida, na vida de sua família e de sua comunidade. Pai-Nosso e pedido de bênção a Deus.]

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Page 43: Revista O Lutador 3874 marco 2016

avaliação:1. Quais os momentos que mais nos agradaram?

2. Que ensinamentos podemos tirar para o grupo?]

Fonte: PJ Brasil

Tudo em Família [ 27 – Pensar juntos...

Jornal Falado — dinâmicas para Grupo de Jovens [ 25

Leitura Orante [ Páscoa...

olutador [ março ] 2016 • 33 ]

1. coisas que acontecemO pai de Norma faleceu e a mãe já era bem idosa, com sintomas de Alzheimer. O único irmão morava no exterior e Nor-ma decidiu levar a mãe para casa. Ale-xandre, o marido de Norma, ouviu a pro-posta e silenciou. Quem cala consente? O quartinho da TV foi rearranjado para Dona Guiomar, com uma cama paten-te e o armarinho dos remédios.

Claro, a vida da família mudou bas-tante. Alexandre e os dois filhos senti-ram-se pouco à vontade com a chegada de Dona Guiomar, que exigia a presen-ça de Norma e lhe tomava o tempo. Era a filha quem lhe dava banho, controlava os horários dos medicamentos, cuidava de sua roupa e de sua alimentação. Em suma, os outros membros da família já não podiam contar com a onipresença de Norma, à qual estavam acostumados.

ou ela ou eu...A gota d’água foi o dia em que, du-

rante o almoço, Dona Guiomar esbarrou no prato, que caiu ao chão e se quebrou. Assustada, ela começou a chorar con-vulsivamente. Alexandre e os filhos se levantaram e interromperam a refeição.

À noite, o marido disse à mulher: - “Não aguento mais esta situação... Ou ela ou eu...”

2. Pensando juntos“Não pode ser transcurado pela Igreja o momento da velhice, com todos os seus conteúdos positivos e negativos: de possível aprofundamento do amor conjugal sempre mais purificado e eno-brecido pela longa e sempre contínua fidelidade; de disponibilidade a pôr a serviço dos outros, em forma nova, a bondade e a sabedoria acumuladas e as energias que permanecem; de dura solidão, mais frequentemente psicoló-

gica e afetiva que física, por um aban-dono eventual ou por uma atenção in-suficiente dos filhos e dos parentes; de sofrimento pela doença, pelo progres-sivo declínio das forças, a humilhação de ter que depender de outros, a amar-gura de se sentir talvez um peso para os seus próprios entes queridos.” (Fami-liaris Consortio, 77)

3. Para uma reunião de casais- Você já teve a experiência de acolher em seu lar um parente idoso? Como foi isto?- Conhece algum casal que passou por esta experiência? Enquanto observador, como você avaliou a situação?- Acha justo o ultimato de Alexandre: “Ou ela ou eu?” Como você, esposa, reagiria?- Que faria você se estivesse no lugar de Alexandre?- Conhece casais que se separaram de-vido à chegada de um filho ou paren-te deficiente?- Como você encara a perspectiva da própria velhice e de suas dificuldades?]

objetivos1. Organizar informações sobre um determinado assunto.

2. Desenvolver a expressão oral, o ra-ciocínio, o espírito de cooperação e so-cialização.

3. Sintetizar idéias e fatos.

4. Transmitir idéias com pronúncia adequada e correta.

Passos:1. Formar pequenos grupos.

2. O coordenador apresenta o tema para estudo, pesquisa. [ Por exemplo: Campanha da Fraternidade; Corrup-ção; Combate ao mosquito da dengue; Violência...]

3. Cada grupo pesquisa e estuda o tema.

4. Cada grupo sintetiza as idéias do tema.

5. Elaboração das notícias para apre-sentação, de forma bastante criativa.

6. Apresentação do jornal ao grupão.

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Page 44: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Catequese / Roteiros [ 3 encontros seguindo os Evangelhos dos domingos 13, 20 e 27 de março ]FO

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[ 34 • olutador [ março ] 2016

1. Eu também não te condeno (5º Dom. Quaresma)

Objetivo: Perceber a presença e a im-portância de Jesus na nossa vida.

Material: Bíblia, etiquetas (car-tões) com várias palavras (ver di-nâmica).

1 – VEr (a realidade)

Dinâmica: Escrever em cartões ou etiquetas várias palavras como: amor, perdão, misericórdia, pecado, culpa, pedra, erro, compaixão, arrependimen-to. Colocar dentro de uma caixinha e passar de mão em mão. Ao sinal do (a) catequista, quem está com a cai-xa abre, tira um cartão e comenta so-bre o assunto.

Experiência de vidaComentar o que sentiram quando ti-veram que falar sobre os assuntos. Te-mos coragem de falar o que pensamos? Temos facilidade ou dificuldade em perdoar?

2 – ILuMInAr (Ensinamentos de Jesus)

Canto: para aclamar a Palavra

Leitura: João 8,1-11.

Perguntar:

a) O que as pessoas queriam fazer com a mulher?

b) Qual foi a atitude de Jesus?

c) O que Jesus disse à mulher?

d) O que Jesus espera de nós, hoje?

Para refletirJesus pregava nas cidades e vilas. Muita gente oprimida chegava até ele em busca de vida plena. Ali onde Jesus estava, reuniam-se sofredores que buscavam libertação. Para es-sas pessoas, Jesus ia-se revelando quem ele era.

Há, no meio do grupo, gente que quer desmoralizar esse jeito de Jesus viver. Querem forçar a barra para di-zer que Jesus não segue a Lei. Por is-so trazem o caso dessa mulher que, segundo a Lei, devia ser apedrejada até a morte.

Jesus mostra que o amor é a ple-nitude da lei. Na verdade, todos so-mos pecadores e devemos aprender a perdoar como Jesus, como Deus perdoa. O perdão vence o erro, ven-ce o ódio.

Guardar no coração:– “Eu também não te condeno...”

3 – CELEbrAr

Oração: Fazer um instante de silên-cio. Depois convidar a todos para pe-dir perdão pelas vezes em que magoa-mos ou prejudicamos uns aos outros. Terminar convidando a dar um abra-ço em quem está perto, dizendo um para o outro: “É perdoando que nós somos perdoados”.

Cantar a oração de São Francisco:– “Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz...”

4 – AGIr (a realidade nos convoca para...)

Compromisso: Descobrir as ativi-dades da Semana Santa de sua comu-nidade.

FinalRezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria. Terminar o encontro com um can-to alegre.]

2. Isto é o meu corpo. (Domingo de ramos)

Objetivo: Auxiliar as crianças no cres-cimento da fé e do amor a Jesus na Eu-caristia.

Material: Bíblia, um ou dois pãezi-nhos, cartaz ou faixa: “Isto é o meu cor-po, que é dado por vós”. Para a dinâmi-ca: separar as palavras da frase.

1 – VEr (a realidade)

Dinâmica: O (a) catequista passa o pão para que cada um tire o seu pedaço e coma. Distribui as palavras para que seja feita a montagem da frase: “Isto é o meu corpo que é dado por vós”. Com a frase pronta, comentar.

Experiência de VidaComentar sobre a importância do pão, do alimento para o sustento da vida. Dialogar: O que é a vida? (a ca-da sugestão de pergunta deixar que as crianças falem). De onde vem a vida? Para que vivemos? Jesus quer que te-nhamos vida plena, isto é, repleta de felicidade, amor, paz e fraternidade. Para que tenhamos vida, Ele se entre-gou por nós.

A Eucaristia é o Pão da Vida. É o pão que nos dá força para amar, fazer o bem e ser feliz.

2 – ILuMInAr (Ensinamentos de Jesus)

Canto de aclamação:

Leitura: Lucas 22,14-22.

Perguntar:a) Quais as primeiras palavras de Je-sus à mesa com os discípulos?

Page 45: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Catequese / Roteiros [ 3 encontros seguindo os Evangelhos dos domingos 13, 20 e 27 de março ]

olutador [ março ] 2016 • 35 ]

b) O que Jesus diz ao pegar o pão?

c) O que ele diz sobre o cálice?

d) Para que as pessoas buscam a co-munhão na Igreja?

Para refletirJesus desejou ardentemente celebrar com seus discípulos. A Eucaristia nas-ce desse desejo do coração de Jesus. A Eucaristia é um gesto do grande amor de Jesus por todos nós. Porque Ele nos ama, Ele aceita enfrentar o sofrimen-to, a cruz e morte para que nós possa-mos ter mais vida.

Jesus entrega sua vida para defen-der a vida. Seu corpo machucado e seu sangue derramado denunciam a vio-lência dos maus que exploravam o po-vo. Jesus é injustamente condenado à morte. Todos os que são a favor da vi-da, estão do lado de Jesus.

Guardar no coração:– “Fazei isto em memória de mim!”

3 – Celebrar

Oração: (de joelhos diante do crucifixo)Eis-me aqui, meu bom e doce Je-

sus! Humildemente prostrado em vossa presença, vos peço e suplico com todo o fervor de minha alma, que vos digneis gravar no meu coração os mais vivos sentimentos de fé, esperança e carida-de e de verdadeiro arrependimento de meus pecados, e o firme propósito de emendar-me.Rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria.

4 – AGIrCompromisso: Participar das cele-brações da Semana Santa e convidar também os pais e familiares a parti-ciparem.

FinalCanto apropriado: “Vem, Senhor, / vem nos salvar. / Com teu povo vem caminhar.”]

3. Jesus ressuscitou (Domingo de Páscoa)

Objetivo: Motivar a fé na ressurrei-ção de Jesus.

Material: Bíblia, velas, banco com lençol branco, caixa grande (para di-nâmica) algo para partilhar (doces ou bolachas).

1 – VEr (a realidade)

Dinâmica: Sem que o grupo saiba, pre-parar uma caixa como se fosse um pre-sente. (Pode-se optar por outra manei-ra, como esconder-se debaixo de uma mesa com toalha etc.). Dentro da cai-xa fica um participante. Nas vestes do participante há tiras de papel com as palavras: vida, paz, esperança, fé, parti-lha, ressurreição, alegria, luz, amor etc.

Motivar o grupo para abrir a caixa. Quem está dentro salta fora da caixa com alegria e abraça a todos. Distribui as palavras que traz consigo.

Experiência de VidaDialogar com o grupo sobre momentos de alegria e felicidade. Cada um relata o seu momento de grande felicidade. Hoje é o dia de maior alegria para os cristãos: a Páscoa. Jesus ressuscitou, venceu a morte e está vivo entre nós! Como foi isso?

2 – ILuMInAr (Ensinamentos de Jesus)

Canto de aclamaçãoLeitura: João 20,1-9.

Perguntar:a) O que aconteceu no primeiro dia da semana, depois da morte de Jesus?

b) Quando Madalena viu o túmulo, o que ela fez?

c) O que ela disse aos discípulos?

d) O que fizeram Pedro e João ao rece-berem a notícia?

Para refletirJesus ressuscitou. Ele está vivo, ven-ceu a morte por amor. Os dois discí-pulos correram em busca de Cristo vi-vo ressuscitado e creram naquilo que aconteceu.

Assim nós devemos correr ao en-contro de Jesus ressuscitado, que nos quer dar a vida nova. Ele quer que res-suscitemos cada dia, pois ressuscitar é sair de situações difíceis. Sair da mal-dade e caminhar para a luz que é Cris-to. É passar para uma vida melhor, ter paz no coração, amar a todos. Isto acon-tece com a força viva do Ressuscitado que está dentro de nós.

Para os cristãos que amam e têm fé, inicia-se com a ressurreição uma nova Criação, uma nova vida, nasci-da da morte e ressurreição de Jesus.

Guardar no coração:– “Cristo ressuscitou, venceu a morte com amor.”

3 – CELEbrArOração: Todos ao redor do banco co-berto com lençol branco, com velas ace-sas. Motivar, falando que Jesus não está morto. O túmulo está vazio. Jesus es-tá vivo no meio do povo, iluminando a vida das pessoas, dando forças para viver como cristãos.

Pode-se rever os sinais de ressurrei-ção nas palavras da dinâmica do início do encontro e acrescentar outros sinais.

4 – AGIr (a realidade nos convoca para...)

Compromisso: Escolher uma frase do Evangelho para viver durante a se-mana em família.

FinalEncerrar o encontro com o Pai-Nos-so, a Ave Maria e um canto de Páscoa animado.]

Page 46: Revista O Lutador 3874 marco 2016

O Lutador Kids [ Fraternidade... Um espaço descontraído e alegre que leva os

pequenos ao despertar

da fé e ao encantamento

com Jesus

[ 36 • olutador [ março ] 2016

Domingode Ramos

e Paixão

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2. Para colorir e aprender...

Ler na Bíblia: João 20,19-23 e colorir

o desenho

Cruzadinha da Fraternidade

1. Período do sofrimento de Cristo2. Dia que antecede a Páscoa3. Ele morreu para nos...4. Estavam reunidos de portas fechadas5. Quando Jesus apareceu, ele não estava com os outros6. Jesus na forma de pão

PArA COlOrir e APrender...

Os Símbolos da Páscoaler nA BíBliA: JOãO 20,19-23 e COlOrir O deSenhO

ReSPOStaS: 1. Paixão, 2. Sábado, 3. Salvar, 4. Discípulos, 5. Tomé, 6. Eucaristia

Page 47: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Homilética [ 20•03•2016

Leituras da semana [ dia 21: Is 42,1-7; Sl 26[27],1-3.13-14; Jo 12,1-11[ dia 22: Is 49,1-6; Sl 70[71],1-4a.5-6ab.15.17; Jo 13,21-33.36-38[ dia 23: Is 50,4-9a; Sl 68[69],8-10.21bcd-22.31.33-34; Mt 26,14-25[ dia 24: Ex 12,1-8.11-14; Sl 115[116B],12-13.15-16bc.17-18; 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15[ dia 25: Is 52,13 - 53,12; Sl 30[31],2.6.12-13.15-17.25; hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1–19,42[ dia 26: Gn 1,1 – 2,2; Ex 14,15 – 15,1; Is 55,1-11; rm 6,3-11; Sl 117[118],1-2.16ab-17.22-23; lc 24,1-12

[Comentários de: dom emanuel messias de oliveira

Bispo Diocesano de CaratingaFone Cúria: (33) 3321-4600

[email protected]]

O Lutador Kids [ Fraternidade...

olutador [ março ] 2016 • 37 ]

Domingode Ramos

e Paixão

“Se és o rei dos judeus,

salva-te a ti mesmo!”

[Lc 23,37]

Leituras: Is 50,4-7; Sl 21[22]; Fl 2, 6-11; Lc 22,14-23,56

1. O Servo sofredor. Este é o 3º cânti-co do Servo sofredor. Quem é este per-sonagem misterioso? Poderia ser o povo de Israel, uma pessoa anônima, talvez até mesmo o profeta, ou quem sabe, simboli-zaria o Israel messiânico, o Messias futuro.

O certo é que o Novo Testamento vê, claramente em Jesus, a realização perfeita dos quatro cânticos do Servo de Javé. Je-sus é o Servo humilhado pelos homens e exaltado por Deus. a missão do Servo é “mostrar à custa das ofensas recebidas que o amor de Jesus é perene. Os exilados não precisam lamentar o aparente abandono de Javé, pois seu amor é eterno”.

Javé dá ao Servo a capacidade de falar para levar o conforto ao povo. abre-lhe os ouvidos, para que, aprendendo como dis-cípulo, possa transmitir ao povo os ensina-mentos de Deus. a atitude do Servo fiel é de impressionante humildade, resigna-ção e entrega total. Não oferece resistên-cia àqueles que o torturam (dá as costas); submete-se à profunda humilhação, en-tregando seu rosto aos ultrajes e cuspidas.

a ignomínia não derruba o Servo. Ele conserva o rosto duro: para manter sua função de fiel discípulo e cumpridor de sua missão, ele não leva em conta as numerosas ofensas recebidas. Ele tem certeza de que o Senhor lhe presta auxílio e não sairá frustrado.

Diante de tudo o que aconteceu com Jesus, nossa certeza e nossa esperança são inabaláveis. São estes os seus sentimentos de cristão diante do sofrimento?

2. O Filho glorificado. Este hino sinte-tiza a história de Jesus: o mistério de sua encarnação, morte e glorificação. Vemos primeiro um movimento descendente (vv. 6-8). É o gesto radical do Filho, seu mer-

gulho nas águas sujas da miséria humana. Jesus assumiu a condição dos mais excluí-dos: deixou sua condição divina, seu mo-do glorioso de vida (v. 6) e, praticamente, tornou-se um nada (aniquilou-se a si mes-mo). É o mistério da encarnação. Por soli-dariedade com os mais excluídos, assumiu a condição de Servo, homem a serviço, ho-mem sofredor (v. 7), obediente até à morte e morte violenta, injusta, assassina (v.8).

Depois, um movimento ascenden-te. O Pai exalta o Filho, glorifica-o, dá-lhe o Nome que está acima de todo o no-me, restitui-lhe a condição divina e glo-rifica também sua humanidade (v. 9). a ele, todos devem a honra e a adoração; os que estão nas alturas celestes, os que estão sobre a terra e os que estão debai-xo da terra. Todos os seres criados es-tão submetidos ao nome de Jesus (v. 10).

Jesus, glorificado pelo Pai, tornou-se Senhor de tudo e de todos. Por isso toda a língua, quer dizer, todo mundo deve con-fessar o senhorio de Jesus (v. 11). Paulo nos convida a ter os mesmos sentimentos de Jesus (v. 5): desapego, humildade, obediên-cia e entrega total a serviço dos excluídos.

3. Para a salvação de todos. Em Jesus se realiza a profecia do Servo sofredor, o aniquilamento total do Filho de Deus (Fl 2,6-8). O alto do Calvário é o ponto mais baixo que Jesus alcançou em seu mergu-lho na miséria humana. É seu encontro solidário com os mais excluídos. Depois do Calvário começa o movimento ascen-dente (Fl 2,8-11) daquele que desceu para resgatar os excluídos. Seu êxodo termina na casa do Pai como Senhor glorificado.

a paixão começa com a Eucaristia (vv. 14ss), quando Jesus se doa antecipa-damente no pão e no vinho consagrados. ali, Jesus ensina que o maior é aquele que serve, que faz o que Ele está fazendo, capaz de doar a própria vida (Fl 2,7-8). Jesus tem consciência de sua morte na cruz (vv. 35ss).

Em seguida Jesus se dirige para o Mon-te das Oliveiras e se põe a rezar, mas está pronto a realizar a vontade do Pai. Jesus estava angustiado. Ele começa a realizar em pormenores a profecia do Servo Sofredor.

Pela manhã, foi levado ao tribunal judeu (Sinédrio), onde se revela o Filho de Deus (vv. 63-71). Depois é condu-zido a Pilatos, onde o enchem de acu-sações e, em seguida, a herodes, mas ali permanece em silêncio (23,1-12). É reenviado a Pilatos, que o declara ino-cente, mas os judeus pedem a sua mor-te e Pilatos acaba cedendo (23,13-25).

Jesus leva sua cruz ao Calvário e é cru-cificado. Às quinze horas, Jesus morre para a salvação de todos. representando os po-vos pagãos, um oficial romano reconhece que Jesus era justo. Por fim, Jesus é sepul-tado por José de arimateia. Eis o drama do Servo Sofredor e redentor dos homens.]

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Page 48: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Homilética [ 25•03•2016

Paixão e Morte de Nosso Senhor

[ 38 • olutador [ março ] 2016

“Tudo está consumado.”

[Jo 19,30]

Leituras: Is 52,13-53,12; Sl 30[31],2.6.12-13.15-17.25; Hb 4,14-16;5,7-9; Jo 18, 1-19,42

1. Do sofrimento à glória. Javé convida o povo a olhar a figura do Servo sofredor. Mas pede que o povo olhe mais longe, além das aparências. Muitos ficaram aterrori-zados ao verem o estado subumano a que o servo foi reduzido, mas Deus o exaltará.

Um grupo não entende o significado da paixão dolorosa do Servo (53,1-10), olha apenas a aparência do Servo, ho-mem de dores, a tal ponto que ninguém fazia caso dele.

Ele sofre inocentemente. Sofre por causa das enfermidades, culpas e pecados do povo. Seu sofrimento, aceito com humildade e sem reclamações, traz a salvação para o povo.

O leitor está convidado a comparar a vida dolorosa do Servo com a paixão de Jesus. Fica claro que a Comunidade Cristã pri-mitiva viu em Jesus a realização plena desse personagem misterioso do servo de Javé.

Javé glorificará o servo (53,11-12). Muitas vezes desprezamos os desfigu-rados, empobrecidos e marginalizados, mas Deus, embora não pareça, está mais junto deles do que de nós. Eles são uma instância crítica da nossa solidariedade, justiça e caridade.

2. Jesus, vítima e sacerdote. a pri-meira parte do texto quer mostrar Jesus como sumo sacerdote que intercede por nós, não como os outros da antiga lei, através do sacrifício de animais. Ele é mais capaz do que os outros de se compade-cer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com ex-ceção do pecado. Ele mesmo foi a vítima oferecida por nós.

O tema principal da Carta aos he-breus é o Sacerdócio de Cristo. a Car-

ta aos hebreus insiste em que Jesus era um ser humano totalmente semelhante a nós e experimentou profundamente nossa condição humana, menos o pecado, pois Jesus não deixou de ser Deus ao fazer-se homem. Podemos afirmar que Jesus ex-perimentou todas as consequências do pecado sem nunca ter pecado.

Jesus rezou ao Pai “com clamor e lá-grimas para que o Pai o salvasse da morte”. É uma referência à agonia de Jesus no Jar-dim das Oliveiras. E ele foi atendido por causa do seu profundo respeito ao Pai. No fundo, ele reconheceu que a vontade do Pai é que deveria realizar-se, e não a sua.

“Mesmo sendo filho, aprendeu a obe-diência pelo sofrimento”. Muitas vezes

Jesus é levado a anás e a Caifás, chefe dos sacerdotes. Depois, Jesus é levado ao palácio do governador Pilatos; já de ma-nhã. Continua o interrogatório, e Jesus confirma ser o rei, mas não deste mundo.

Os chefes dos sacerdotes aderem ao sistema político que mata Jesus. Eles per-tencem a César, não a Deus. Pilatos, para manter seu status, entrega Jesus à morte, mesmo sabendo que ele é inocente. Je-sus carrega a cruz até o Calvário, onde é crucificado entre dois ladrões. O letreiro afirmava que Jesus era o rei dos judeus. lá estavam algumas mulheres, a mãe de Jesus e o discípulo que Jesus amava. Jesus declara Maria como mãe da Igreja, repre-sentada pelo discípulo que Jesus amava.

a hora da morte e da glória che-gou. Inclinando a cabeça, Jesus entrega seu espírito à Igreja. Morre Jesus, nasce a Igreja. aqui, com a expressão “entre-gou o seu Espírito”, o evangelista pare-ce usar um duplo sentido: a morte e o Pentecostes.

Jesus morre no dia da preparação pa-ra a Páscoa, quando os judeus matavam o cordeiro pascal. O verdadeiro Cordei-ro Pascal, que tira o pecado do mundo, é Jesus. Ele substitui assim todos os sacrifí-cios do antigo Testamento. Os soldados atravessaram seu lado com a lança e saiu sangue e água, símbolos dos sacramentos da Igreja: Eucaristia e Batismo. É Jesus com sua morte a gerar vida para a Igreja.

José de arimateia e Nicodemos se encarregaram de tirar o corpo de Jesus da cruz e o colocaram num túmulo novo. O “jardim” é lembrado no início e no fim. É uma alusão ao Jardim do Éden. lá, o ser humano rejeitou a vontade de Deus, bus-cando egoisticamente a vida, e encontrou a morte. aqui, Jesus, atendendo à vonta-de de Deus, entregou-se caridosamente à morte, gerando vida.]

pensamos que não devemos sofrer, pois somos bons, somos filhos de Deus, so-mos religiosos, de comunhão diária! E Deus não salvou Jesus da morte, mas o salvou na morte, através da morte, com a ressurreição. Pois Jesus de fato morreu, mas Deus o ressuscitou.

3. Vida que nasce da morte. Um gru-po armado vai ao jardim, onde Jesus re-zava, e o prende. Quando Jesus se identi-fica: “Sou eu”, os soldados caem por terra. a expressão “sou eu” relembra que Jesus é Deus. Foi assim que Javé se apresen-tou a Moisés no Sinai. Jesus repreende a violência de Pedro e aceita o cálice que o Pai lhe deu.

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[Comentários de: dom emanuel messias de oliveira

Bispo Diocesano de Caratinga

Homilética [ 26•03•2016“Não

está aqui. Ressuscitou!”

[Lc 24,6]

Sábado Santo – Vigília Pascal

olutador [ março ] 2016 • 39 ]

Leituras: Gn 1,1.26-31a; Ex 14,15-15,1; Is 55,1-11; Sl 117[118]; Rm 6,3-11; Lc 24,1-12

Vamos dar uma idéia geral das leitu-ras de hoje. a quantidade não per-mite aprofundamento. as leituras de hoje querem mostrar a caminhada de Deus com seu povo, trazendo liber-tação e vida.

1. Tudo era bom. aqui temos a Cria-ção do céu, da terra, do homem e da mulher. Deus criou o homem e a mu-lher à sua imagem e semelhança, ou se-ja, com traços divinos. Deu-lhes com sua benção o poder da fecundidade, o poder de multiplicar-se e adminis-trar a criação. E o que Deus fez era muito bom.

2. Da escravidão à liberdade. Este tre-cho narra a libertação do povo da escravi-dão egípcia, através da passagem do Mar Vermelho. É Deus vindo ao encontro do seu povo escravizado e trazendo-lhe a li-bertação através de Moisés.

Os egípcios reconhecem a ação de Deus nesta frase: “Vamos fugir de Israel, pois o Senhor combate a favor deles, con-tra os egípcios”.

Tudo isto prefigura a vitória de Cris-to sobre a escravidão do pecado, trazendo libertação e vida para todos os que crêem.

3. A vida, dom de Deus. O povo, de no-vo, se afastou de Deus com seu pecado. Mas só em Deus o povo encontra abun-dância de vida. O profeta anuncia aqui a vida gratuita oferecida por Deus.

Para isso é preciso apenas escutar a sua voz, e buscá-lo através de uma mu-dança de vida, pois Deus é generoso no perdão. Seus pensamentos, seus cami-nhos e misericórdia são totalmente di-ferentes dos pensamentos, caminhos e misericórdia do homem.

é a entrada na água (morte) e a saída da água (vida nova).

a libertação que Cristo alcançou pa-ra nós através da cruz, nós a acolhemos através do batismo.

5. O túmulo vazio. Dia de Domingo. as mulheres vão ao túmulo preparar o cor-po de Jesus ungindo-o com perfumes e bálsamos, que prepararam na 6a feira (cf. lc 23,56), pois o corpo de Jesus havia si-do sepultado às pressas.

Estamos percebendo muito amor, mas pouca fé, pois Jesus havia anuncia-do sua ressurreição ao 3o dia. De fato não encontraram o corpo do Senhor e ficaram sem saber o que estava acon-tecendo.

Dois anjos aparecem e anunciam-lhes que Jesus está vivo, ressuscitou, se-gundo o que ele mesmo havia anun-ciado na Galileia. Elas anunciam esta “boa nova” aos onze apóstolos e a to-dos os outros discípulos, mas eles não acreditam nelas.

Pedro, porém, na mesma hora foi ao túmulo. Viu apenas os lençóis de linho. Isto significa que o corpo de Jesus não fora roubado. “Então Pedro voltou para casa, admirado com o que havia acon-tecido”.

Pedro ficou admirado, mas o texto não fala que ele tenha acreditado. É cla-ro que ele acredita depois que Jesus apa-rece a ele sozinho (v. 34) e junto com os outros apóstolos (vv. 35ss), quando Jesus até mesmo comeu um pedaço de peixe com eles (v. 43).

Todo Domingo celebramos a res-surreição do Senhor. Qual é a vibração da sua fé?]

Sua palavra fecunda e salvadora é comparada com a chuva e a neve que fe-cundam a terra. a Palavra de Deus sem-pre cumpre a sua missão.

4. A vida nova no batismo. O apóstolo Paulo explica o significado da vida no-va através do batismo. O batismo, mer-gulho na água, simboliza a morte para o pecado. Se com Cristo fomos sepultados na morte, com ele também devemos res-suscitar para uma vida nova.

O sair da água, simboliza a ressur-reição, a vida nova. Batizar jogando água sobre a cabeça da criança não deixa trans-parecer com tanta clareza este aspecto fundamental do batismo-mergulho, que

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[Comentários de: dom emanuel messias de oliveira

Bispo Diocesano de Caratinga

[ 40 • olutador [ março ] 2016

Homilética [ 27•03•2016

Leituras da semana [ dia 28: at 2,14.22-33; Sl 15[16],1-2a.5.7-11; Mt 28,8-15[ dia 29: at 2,36-41; Sl 32[33],4-5.18-20.22; Jo 20,11-18[ dia 30: at 3,1-10; Sl 104[105],1-4.6-9; lc 24,13-35[ dia 31: at 3,11-26; Sl 8,2a.5-9; lc 24,35-48[ dia 1º: at 4,1-12; Sl 117[118],1-2.4.22-27a; Jo 21,1-14[ dia 2: at 4,13-21; Sl 117[118],1.14-21; Mc 16,9-15

Domingo da Ressurreição

2º Domingoda Páscoa

“Entrou também,

viu e creu.” [Jo 20,8]

Leituras: - At 10,34a.37-43; Sl 117[118]; Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

1. A abertura aos pagãos. a Igreja de Jerusalém corria o risco de esclerosar-se, fechada em Jerusalém e bitolada ao judaísmo. havia necessidade urgente de abertura. Pedro rompe com o esquema, abrindo a Boa Nova aos pagãos. O texto da liturgia de hoje salienta parte do ser-mão de Pedro: seu anúncio sobre Jesus Cristo aos pagãos. Em resumo, anuncia a atividade de Jesus de Nazaré a partir do batismo pregado por João.

Pedro apresenta o itinerário de Je-sus que, depois do batismo de João, par-tiu da Galileia e percorreu toda a Judeia. Deus ungiu Jesus com o Espírito Santo e com poder. O v. 38 sintetiza sua vida: “Ele andou por toda a parte, e curando a todos os que estavam dominados pe-lo diabo, porque Deus estava com Jesus”.

Que significa curar os que estavam dominados pelo diabo? Se levarmos em conta que o diabo está diretamente rela-cionado com tudo o que divide, discrimi-na, oprime, com tudo o que é mentira, er-ro e pecado, com todo tipo de doença, fí-sica e mental, então começamos a enten-der toda a atividade de Jesus. O que Jesus queria era uma sociedade justa e fraterna com homens livres, respeitosos da digni-dade uns dos outros.

Pedro e os apóstolos testemunham três atividades: a de Jesus a favor do povo; a dos judeus contra Jesus; a de Deus em favor de Jesus. a ação de Jesus foi men-cionada acima. Os judeus mataram Jesus, suspendendo-o numa cruz, mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e lhe concedeu aparecer às suas testemunhas e tomar re-feições com elas.

Em seguida, Pedro fala sobre a missão que Jesus deu aos apóstolos: pregar e tes-

temunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos. E termina anuncian-do o que todos os pregadores (= profetas) testemunham: a necessidade da fé em Je-sus, para receber o perdão dos pecados.

O que Jesus quer da sua Igreja hoje? Expulsão de demônios, no sentido lite-ral, como fazem diversas seitas, ou a luta pela implantação do reino com a expul-são do demônio da opressão, da injustiça, da alienação, da exclusão, enfim, de toda a forma de pecado?

2. Ressuscitados com Cristo. No capí-tulo 2º, Paulo falou do batismo, pelo qual o cristão participa da morte e ressurrei-ção de Cristo. Como Cristo morreu e foi

Que cristão é este, que tem a obri-gação de viver como se já estivesse res-suscitado? Esse cristão é você, sou eu, so-mos todos nós. Que estamos esperando para viver em profundidade o sentido do nosso batismo?

3. O túmulo vazio. No 1o dia da semana, o domingo – dia da nova Criação, Mada-lena vai ao túmulo para visitar o cadáver de Jesus. Ela simboliza a comunidade sem fé, caminhando ainda no escuro. E acha que roubaram o corpo de Jesus. Quem não tem fé busca explicações racionais para tudo: houve um roubo. É isso que ela transmite a Pedro e ao discípulo que Jesus amava.

Por falta de fé, a comunidade não es-tava reunida. Os dois discípulos correm ao túmulo. O discípulo que Jesus amava chega primeiro, não apenas porque é mais jovem, mas por causa do amor. Quem ama chega rápido, entende mais, acolhe mais, aceita mais.

Por respeito, João não entra, apenas se inclina e vê os panos de linho esten-didos. Simbolicamente, o túmulo é pa-ra João a cama nupcial, não um lugar de morte, mas de encontro com o Senhor da vida, com a comunidade-esposa. Pedro chega, olha e vê tudo: os panos de linho estendidos, o sudário dobrado à parte. ladrões não teriam este cuidado de dei-xar as coisas arrumadinhas. O corpo de Jesus, portanto, não foi roubado.

Mas Pedro não chega a conclusões maiores. Nesse momento, como Maria Ma-dalena, ele representa a comunidade ainda incrédula. Então, o outro discípulo entrou também. Ele viu e acreditou. Quem ama tem intenções profundas e vai mais lon-ge. O discípulo que Jesus amava percebeu claramente que Jesus tinha ressuscitado.]

sepultado, também o cristão, coberto pe-la água do batismo, morre para o mundo do pecado. Como Cristo ressuscitou pa-ra uma vida nova, também o cristão res-suscita para uma vida nova com Cristo.

aqui, Paulo conclui o seu raciocínio. Se os cristãos ressuscitaram com Cristo, não pertencem mais a este mundo de pecado. Eles têm agora um compromisso novo; não pecar nem buscar mais as coisas da terra, mas as coisas do céu, de onde Cristo reina.

a vida do cristão é Cristo; sua vida está escondida em Cristo no céu. Para as coisas do mundo, o cristão já está mor-to. a vida do cristão só aparecerá glorio-sa quando Cristo, que é sua vida, apare-cer na sua glória.

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[Comentários de: dom emanuel messias de oliveira

Bispo Diocesano de Caratinga

olutador [ março ] 2016 • 41 ]

Homilética [ 03•04•2016

Leituras da semana [ dia 4: Is 7,10-14; 8,10; Sl 39[40],7-11; hb 10,4-10; lc 1,26-38[ dia 5: at 4,32-37; Sl 92[93],1ab.1c.2.5; Jo 3,7b-15[ dia 6: at 5,17-26; Sl 33[34],2-9; Jo 3,16-21[ dia 7: at 5,27-33; Sl 33[34],2.9.17-20; Jo 3,31-36[ dia 8: at 5,34-42; Sl 26[27],1.4.13-14; Jo 6,1-15[ dia 9: at 6,1-7; Sl 32[33],1-2.4-5.18-19; Jo 6,16-21

“A paz esteja convosco!”

[Jo 20,19c]

2º Domingoda Páscoa

Leituras: At 5,12-16; Sl 117[118], 2-4.22-27a; Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31

1. A comunidade ideal. No texto de ho-je, lucas mostra, a partir dos fatos, o ideal da comunidade. Eles se reuniam em gru-po. hoje temos diversos grupos, grupos da liturgia eucarística, inúmeros grupos de oração e reflexão da Palavra de Deus e as diversas pastorais. O importante é a união.

lucas fala da oração e da partilha do pão e comunhão entre eles (cf. 2,42ss). O testemunho suscita adesão em massa. a comunidade não se fechava. Vemos, aqui, um modelo alternativo de comunidade em contraposição à sociedade egoísta (ana-nias e Safira) e competitiva.

Do lado de fora, ou para fora, os após-tolos realizam sinais e prodígios. a comu-nidade é elogiada pelos de fora, mas alguns de fora reagem e perseguem a comunidade.

O povo trazia doentes para as praças em esteiras e camas em busca de mila-gres. Como no deserto, Deus protegia o povo com sua sombra. aqui até a sombra de Pedro realiza prodígios. até doentes e endemoninhados de cidades vizinhas procuravam os apóstolos e eram curados. Percebemos que a Igreja continua, na pes-soa dos apóstolos, a atividade de Jesus. a Igreja se tornou vida para os excluídos.

O que a Igreja faz de maravilhoso para o povo, principalmente, para os excluídos?

2. Jesus, Senhor da história. O autor se considera irmão e companheiro, participan-te da mesma Igreja sofredora, perseguida. Encontra-se exilado na Ilha de Patmos, porque anunciou a Palavra de resistência à opressão e ao mal e deu testemunho de Jesus.

O autor relata a experiência que ele teve no dia do Senhor, isto é, no dia de

Domingo (v. 10). Seu escrito deve ser lido pela Igreja na sua universalidade. “Sete”, aqui, significa todas as comunidades cristãs.

O autor vê sete candelabros de ouro, que representam a Igreja, preciosa aos olhos de Deus. O Filho do homem está agin-do no meio dos candelabros. Isto significa que Jesus está atuando dentro da Igreja. Ele não se esqueceu dos que sofrem. Os vv. 13ss descrevem, simbolicamente, Jesus ressus-citado. Ele é o rei que carrega, antecipada-mente, a vitória sobre os exércitos do mal. Como rei, ele exerce também o julgamen-to sobre as potências contrárias ao reino.

João reage caindo aos pés da divinda-de, mas Jesus o conforta e encoraja. Quem tem fé não precisa ter medo, pois Jesus é

seu corpo ressuscitado, Jesus entra assim mesmo e tranquiliza os discípulos, tra-zendo-lhes a paz daquele que é o Senhor da vida. Os discípulos recobram a alegria ao verem Jesus.

Nos vv. 21-23 temos o envio missio-nário. Os discípulos devem continuar a missão de Jesus sob a garantia do Espí-rito Santo. Para isso Jesus faz uma no-va Criação. O sopro de Jesus relembra o sopro de Deus ao criar o homem. Sopro significa ar, vento, espírito, hálito vital. É o Pentecostes acontecendo no Evan-gelho de João. Os discípulos recebem o Espírito Santo.

O projeto de Deus iniciado por Je-sus deve ser continuado. Eis a síntese do projeto de Jesus: Os pecados daqueles a quem vocês perdoarem serão perdoados. Para João, pecado, no singular, significa aderir à sociedade injusta que matou Je-sus e continua excluindo e oprimindo os filhos de Deus. “Pecados”, no plural, são atos concretos daqueles que estão no pe-cado de uma opção por um modo injus-to de viver, contrário ao projeto de Deus.

Quem quiser aderir ao projeto de Je-sus pode receber, através dos apóstolos e seus sucessores, o perdão dos pecados. In-felizmente não é todo mundo que topa. Estes permanecem no seu pecado.

O episódio de Tomé ensina que ver Jesus pessoalmente não é o mais impor-tante, pois muitos viram e não acredita-ram. Importante é a fé. as testemunhas oculares não estão num plano superior, em relação aos que não viram Jesus pessoal-mente. Feliz não é quem viu, mas quem, aqui e agora, acredita em Jesus e adere ao seu projeto de vida, que inclui todos os excluídos.]

o Senhor da história (o primeiro e o últi-mo). Ele é o Vivente, que ressuscitou pa-ra viver para sempre e exercer o domínio sobre a mansão dos mortos.

a experiência que você tem de Jesus o encoraja na luta por um mundo melhor?

3. A missão continua. Com sua vitória sobre a morte, Jesus inaugura uma nova era. Percebe-se um contexto de celebração eu-carística. É o 1o dia da semana, o Domin-go. “ao anoitecer” lembra o costume dos cristãos celebrarem a eucaristia na tarde de Domingo. a presença de Jesus no meio da comunidade alude à presença eucarística.

Os discípulos ainda estão com me-do, por isso as portas estão fechadas. Com

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Boloinguês

Ingredientes250g de margarina; 2 xícaras de açú-car; 5 ovos; 3 xícaras de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de fermen-to; 1 colher (café) de sal; 1 xícara de passas polvilhadas em farinha de trigo.

Modo de FazerBater demoradamente a margarina e o açúcar. Juntar 5 ovos, um a um. Acrescentar a farinha, o fermento, o sal e, por último, as passas. Levar ao forno em forma untada e polvi-lhada.]

Do livro “Cozinhando sem Mistério”,

de Léa Raemy Rangel &

Maria Helena M. de Noronha Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG

Pedidos pelo Novo NÚMeRo

0800-940-2377

Variedades [ Dicas de português

[ Não Tropece na língua[ seMPRe os PoRQuÊs

[ 42 • olutador [ março ] 2016

1) usa-se PoR Que (preposição + pronome relativo) em perguntas di-retas e indiretas; observe-se o acento circunflexo no “que” antes do ponto de interrogação:– Você pode nos dizer por que não de-vemos tirar proveito da boa pontuação?– Por que as mulheres ocupam tão pou-cos cargos políticos?– Brizola não aceitou o cargo por quê?– Por que quando se fala em inclusão social feminina se fala também em aces-so ao mundo digital?– Nós, sim, temos o dever de pergun-tar por que não lhes deram opção de vida.

* * *

2) usa-se PoR Que em frases afirma-tivas/negativas, como complemento (objeto direto) de verbos como mos-trar, justificar, saber, explicar, enten-der e outros:– Ninguém explica por que os preços não caem.– Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Eco-nomia, encantou plateias e mostrou por que provoca calafrios nos buro-cratas de Washington.– Não entendo por que os eletricitá-rios vão entrar em greve.– Este mês a revista Motor revela por que vale a pena comprar um carro 1.6.– Gostaria de saber por que seu filho faltou à aula ontem.

* * *

3) usa-se PoR Que como complemen-to das expressões EIS, DAÍ, NÃO HÁ:– Eis por que resolvemos fazer a pa-ralisação.– Não pude me preparar, daí por que desisti do concurso.

– “Não há por que temer mudanças. Esse Brasil já tem regras”, disse o pre-sidente da Valisère.

Nesses três casos está sempre implí-cita a palavra motivo:– Por que (motivo) as mulheres ocu-pam tão poucos cargos políticos?– Não entendo por que (motivo) os eletricitários entrarão em greve.– Gostaria de saber por que (motivo) seu filho faltou à aula.– Eis por que (motivo) resolvemos fa-zer a paralisação.

* * *

4) usa-se PoRQue para iniciar ora-ções explicativas e causais; em tais afirmações e respostas temos uma conjunção, que equivale a POIS (já que, uma vez que, pelo fato de que, como):– É preciso alfabetizar as pessoas di-gitalmente junto com a superação do analfabetismo básico, porque não dá tempo de fazer uma coisa antes da outra.– Hoje, a comunidade se assenta em torno do desmatamento porque es-sa é a única oportunidade de empre-go e de renda.– Muitas crianças simplesmente não conseguem aprender porque estão subnutridas.– A agenda social é a praia das mulhe-res, porque são elas que têm filhos e cuidam da família.

Nos casos em que se aplica a regra do item 4 pode-se colocar uma vírgula antes do “porque”, a indicar o início de uma oração. Já no tocante aos itens 1, 2 e 3 a colocação da vírgula é total-mente imprópria, para não dizer im-possível.]

inúmeros leitores têm perguntado a respeito do uso graficamente correto dos porquês brasileiros. digo “brasileiros” pelo fato de no Brasil termos uma grafia um pouco diferente da de Portugal nesse ponto. vamos então rever o esquema de uso dos porquês em nosso país.

Page 53: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Variedades [ Dicas de português Mensagens [ Poesia & Sabedoria... [ P a L a v R a d e s a B e d o R i a

olutador [ março ] 2016 • 43 ]

[PoeMa PaRa o MÊs de MaRço

a mão enorme

JORGE DE LIMA

Dentro da noite, da tempestade,a nau misteriosa lá vai.

o tempo passa, a maré cresce,o vento uiva.

A nau misteriosa lá vai.Acima dela

que mão é essa maior que o mar?Mão de piloto?

Mão de quem é?A nau mergulha,o mar é escuro,o tempo passa.

Acima da naua mão enorme

sangrando está.A nau lá vai.

o mar transborda,as terras somem,

caem estrelas.A nau lá vai.acima dela

a mão eternalá está.

“Um homem não pode defender

a verdade o tempo todo;é preciso que também

haja um tempo para que possa alimentar-se dela.”

c. s . l e w i sFOTOS/REPRODUÇãO

Page 54: Revista O Lutador 3874 marco 2016

Sociedade [ entre diversos males, leva à predisposição ao suicídio...

[ 44 • olutador [ março ] 2016

JOãO PERES E MORITI NETO

diFíciL acReditaR que o solo de onde an-tes só brotava fumo, ho-je dê morangos tão sa-borosos. Nem é neces-sário açúcar: basta co-

lher e experimentar o fruto saído dire-to da terra. Isso é apenas parte do traba-lho liderado por um rapaz de 20 anos – e que aparenta ter menos idade. O nome é Anderson Rodrigo, membro da famí-lia Richter. A ascendência é alemã, algo que fica expresso no sotaque.

Os antepassados chegaram ao Bra-sil durante o grande fluxo imigratório de alemães no século XIX, caso da maioria das pessoas que mora na região do Vale do Rio Pardo, no interior do Rio Grande do Sul, especialmente nos municípios de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. Os dois são uma espécie de capital in-formal da produção de fumo do Brasil, sede das principais empresas do setor. Venâncio, com pelo menos 3,7 mil fa-mílias envolvidas na cultura, segundo estimativas da prefeitura da cidade, é conhecido também por ser a capital da erva-mate e carrega ainda o incômodo posto de ser um dos líderes de suicídios no país. [...]

Anderson não escapou a essa heran-ça. Conta que, quando se deu por gen-te, estava cercado por tabaco. “Nem vi acontecer. Quando eu nasci, já era assim fazia muito”, conta. E foi com a presença intensa desse monocultivo que ele cres-ceu. Ao lado dos pais, Heitor e Marilei, auxiliou no plantio até os 14 anos, em 2009. Foi então que começou a virada.

Naquele ano, começou os estudos de agroecologia na Escola Família Agrí-cola de Santa Cruz do Sul - EFASC, on-

NO RASTRO DE UMA PLANTA CULTIVADA COM VOLUMES BRUTAIS DE AGROTóxICOS, UMA MULTIDãO DE LESADOS E SUICIDAS. Há ESPERANÇA: PARTE DOS AGRICULTORES DESCOBRE A AGRICULTURA ORGâNICA DE FRUTAS.

os MaLes IGNORADOS do taBacode se formou, em 2011. Atualmente es-tudante do curso superior de Tecnolo-gia em Agroecologia na Horticultura, na Universidade do Estado do Rio Grande do Sul - UERGS, o rapaz fez uma aposta para escapar à cultura do tabaco e aos agrotóxicos. [...]

“Lembro de olhar em volta quan-do era pequeno e só ver folhas de fumo. Não só na propriedade da minha famí-lia, mas nas que estão no entorno. Tinha uma sensação de opressão por isso”, ex-plica Anderson.

Hoje, as terras dos Richter não têm um só pé de fumo. Os jovens produzem morango, hortaliças, temperos. Entregam em feiras e para iniciativas de compras públicas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Na busca por diversificar receitas, também ven-dem a professores da UERGS. O ester-co de suas vacas e porcos é a fonte para o adubo, em que aplicam um composto que reduz a presença de metais pesados.

“o começo foi duro, mas a gen-te se libertou com isso. tiramos os agrotóxicos das nossas vidas e das vidas das pessoas que compram nos-sos produtos. e saímos da cultura do fumo, que tira a autonomia do agricultor, desconsidera o saber dele. a empresa fumageira que faz contrato com ele decide tudo. o agricultor não é dono do processo que pratica na própria terra. ele é só mão de obra”, critica anderson Rodrigo. [...]

Anderson se refere à figura do orien-tador das fumageiras, que, na realidade, é quem dita as regras de como o plantio tem de ser durante todo o ciclo produti-vo. “É esse cara que chega e diz ao agri-cultor: ‘Por que você vai plantar horta, se você pode plantar fumo naquele pe-

daço de terra?’ E aí, quando você vê, já não faz nada de diferente do que a em-presa manda fazer e outras culturas são abandonadas”, comenta. [...]

Para mudar de verdade, são funda-mentais a paciência e a persistência, o que garantiria uma boa transição. “Claro que não é fácil, tem que modificar hábi-tos, aperfeiçoar a terra, mas dá para me-lhorar a qualidade de vida e também, com o tempo, ganhar melhor do que com o fumo, posso garantir. As pessoas que plantam no sistema oferecido pelas fu-mageiras são acostumadas a trabalhar com o corpo e não com a mente. A em-presa traz tudo pronto. Quer sair? Então, o agricultor tem que pensar sua produ-ção”, argumenta Anderson.

a doença do suicídioDelicada de tocar, faltava abordar uma questão com os Richter. Eles teriam in-formações dos suicídios de agriculto-res em Venâncio Aires? A resposta vem demolidora, nas palavras de Anderson: “Meu bisavô se suicidou em junho, aqui

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Sociedade [ entre diversos males, leva à predisposição ao suicídio...

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NO RASTRO DE UMA PLANTA CULTIVADA COM VOLUMES BRUTAIS DE AGROTóxICOS, UMA MULTIDãO DE LESADOS E SUICIDAS. Há ESPERANÇA: PARTE DOS AGRICULTORES DESCOBRE A AGRICULTURA ORGâNICA DE FRUTAS.

os MaLes IGNORADOS do taBacopertinho, nas terras dele”. Waldemar Ri-chter plantou fumo praticamente a vi-da toda. Fazia tempo, era vítima da de-pressão. Matou-se por enforcamento, aos 85 anos.

Anderson crê que o suicídio do bi-savô se deu por dois motivos: dívidas e uma longa vida lidando com agrotó-xicos. “O veneno te leva para o preci-pício e o endividamento te dá o ultimo chute”, diz, encerrando com um aler-ta: “Na comunidade, tem outros casos de suicídio, também com plantadores de tabaco”.

O Rio Grande do Sul é um dos esta-dos que reúnem os melhores indicado-res sociais no Brasil. Na contramão dis-so, está à frente também em suicídios, causa de tragédias familiares e debates efervescentes entre pesquisadores. As estatísticas do povo gaúcho atingem o dobro da média nacional. Entre 2007 e 2011, o Estado teve 10,2 mortes por suicí-dio a cada 100 mil habitantes. Dados do Ministério da Saúde mostram que nove das vinte cidades acima de 50 mil habi-tantes que tiveram mais casos propor-cionais estavam no Rio Grande do Sul. A maioria, no Vale do Rio Pardo.

Apesar de estar entre os municípios mais ricos do Estado, Venâncio Aires, com 69 mil habitantes, teve 79 casos em cinco anos, o que equivale a 23,1 para cada 100 mil habitantes, na média ex-traída do período pesquisado pelo mi-nistério. Isso deixa a cidade numa preo-cupante e mórbida segunda colocação na contagem dos suicídios no país e na primeira em solo gaúcho. [...]

“Em 2013, o tabaco representou 1,3% do total das exportações brasilei-ras, com US$ 3,27 bilhões embarcados. Da produção de mais de 700 mil tone-ladas, mais de 85% foram destinados ao

mercado externo. Para o Sul do país, a cultura é uma das atividades agroindus-triais mais significativas. No Rio Grande do Sul, a participação do tabaco repre-sentou 9,3% no total das exportações; em Santa Catarina, 10,2%.” O Brasil é o maior exportador de fumo, posto dis-putado palmo a palmo com a Índia há duas décadas. Quase 90% da produção é enviada a uma centena de países, Chi-na à frente. [...]

O engenheiro agrônomo e florestal Sebastião Pinheiro, hoje aposentado do cargo de professor da UFGRS, mas ainda ativo no Núcleo de Economia Alternati-va da universidade foi um dos responsá-veis pela pesquisa, divulgada em 1996, que já avaliava a relação entre o índice de suicídios, o cultivo de fumo em Ve-nâncio Aires e os agrotóxicos. Pinheiro diz que novos estudos não chegaram a nenhuma conclusão porque “destoam da realidade”. O pesquisador diz que a causa do aumento de casos de suicídio e depressão na região é clara: “as pes-soas, adultas ou não, colhem fumo com as mãos e carregam as folhas embaixo dos braços, o veneno en-tra no corpo e provoca depressão. depois, a doença se agrava e vêm os suicídios”.

Após essa pesquisa, o Conselho Na-cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq financiou um novo estudo, com médicos e pesquisadores, mas Pinheiro não participou. Alguns le-vantamentos foram feitos, mas restaram inconclusivos. “Suicídio não tem uma origem única e direta. Pode ter uma sé-rie de fatores. Assim, um grupo de médi-cos não tem condições de analisar alte-rações no campo eletromagnético (pe-quenos campos magnéticos que dão es-tabilidade e equilíbrio às moléculas do

corpo humano) de pessoas expostas a praguicidas ou agrotóxicos e, se eles não têm capacidade de avaliar isso, o resul-tado do trabalho destoa da realidade”, sentencia Sebastião Pinheiro.

De acordo com o engenheiro, a maio-ria dos agrotóxicos é responsável por al-terações no comportamento das pes-soas, o que, entre diversos males, leva à predisposição ao suicídio. [...]

Nas andanças pela região, Sebas-tião descobriu também que crianças em idade escolar, no município vizinho de Santa Cruz do Sul, onde se concentram as sedes das fumageiras, chegaram, nos anos 1990, a tomar medicamentos for-necidos pela prefeitura para conter os efeitos da depressão. “Como as lavou-ras envolvem toda a família na produ-ção, porque o cultivo é muito trabalho-so, as crianças também participam e fi-cam expostas”, explica o agrônomo. Se-gundo Pinheiro, o trabalho com o fumo é algo que necessita de muito esmero do agricultor. “O agricultor que culti-va o fumo tem uma mão de obra mui-to qualificada, mas é mal remunerado e fica exposto a doenças terríveis. Au-tor do livro “Fumo: servidão moderna e violação de direitos humanos” (Terra de Direitos, 2005). [...]

Sebastião Pinheiro lembra que o grau de toxidade dos agrotóxicos utilizados no país não é medido corretamente. “A classificação é enganosa para atender aos interesses da indústria do veneno. Assim, a periculosidade e a insalubri-dade a que estão expostos os agriculto-res não têm tamanho no Brasil, literal-mente. E os mais vulneráveis são os que não podem mecanizar a produção, co-mo os que trabalham com as folhas de tabaco”, enfatiza.]

Fonte: Pública, apud outras Palavras

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Mundo [ Mais ricos, mais pobres...

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transnacional da indústria com sede em Tóquio e planta em Estocolmo [Toyo-ta], uma desenvolvedora de aplicati-vos para Internet [Filimundus] e a ad-ministradora de uma casa de repouso para idosos [Svartedalens] -, o texto re-vela que as reduções de jornada estão se espalhando por todos os setores da economia sueca. As mudanças com-portamentais decorrentes são notáveis e diversas. Mas uma conclusão geral se impõe: a ideia calvinista de que traba-lhar mais horas resulta em maior bem-estar tornou-se, hoje, totalmente falsa.

Na “Filimundus”, inserida no setor emergente da Tecnologia de Informa-ção, o próprio presidente, Linus Fel-dt, reconhece: “Queremos passar mais tempo com nossas famílias, aprender coisas novas ou nos exercitar mais. […] Acho que a jornada de 8 horas não é tão efetiva quanto pensávamos”. A redu-ção do tempo diário de trabalho, que foi adotada sem mexer nos salários, te-ve outro tipo de contrapartida. Reco-mendou-se, com sucesso (porém sem imposições), que os trabalhadores dis-persassem menos tempo nas redes so-ciais. “Minha impressão é de que é mais fácil focar-se de modo mais intenso no trabalho se você sabe que terá ener-gia quando sair da empresa”, diz Feldt.

Na filial sueca da Toyota, a jornada de 6 horas diárias já completou 13 anos. Os próprios administradores admitem

que os trabalhadores estão mais felizes, há muito menos perdas com demis-sões e a empresa tornou-se capaz de atrair os jovens suecos mais habilidosos.

O exemplo da Svartedalens com o cuidado de idosos parece igualmente notável. Ele já inspirou empreendimen-tos similares — um hospital ortopédi-co na Universidade de Gotemburgo e a enfermaria de dois hospitais no nor-te do país — a reduzir em duas horas o tempo diário de trabalho.

As experiências relatadas pelo Inde-pendent limitam-se às relações capita-listas. Em todos os casos, empresas cujo objetivo central é o lucro — e não a satis-fação dos desejos humanos — ganha-ram quando se afastaram da ortodoxia que comanda o sistema, onde ele é mais primitivo. Vale perguntar: até onde será possível chegar, se formos capazes de mudar de lógica, substituindo a expecta-tiva banal do lucro pela busca, compar-tilhada e consciente, de novas formas de estar no mundo e transformá-lo?]

Fonte: outros Quinhentos

Tapa na cara de quem acredita em “austeridade” e “sacrifícios”: até empresas concluem que trabalhar menos, mantendo o salário, amplia as horas de ócio sem reduzir a produtividade

suécia ensaia a jornada de 6 horas de trabalho

ANTONIO MARTINS

síMBoLos, nos anos 1960 a 80, do Estado de Bem-Estar Social em sua versão mais igualitária, os países do Norte da Europa regrediram muito,

neste século. A Suécia tem um gover-no conservador que colabora estrei-tamente com os EUA no esforço pa-ra manter Julian Assange encarcerado na minúscula embaixada do Equador em Londres. A Finlândia figurou, jun-to com a Alemanha, na linha de fren-te dos Estados que impuseram à Gré-cia, há meses, um recuo humilhante na negociação com seus credores. E, no entanto, algo da antiga tradição dis-tributivista e anti-aristocrática resiste.

Um sinal são os crescentes acordos que estão reduzindo substancialmen-te, na Suécia, as jornadas de trabalho. Não se trata de mudanças cosméticas: as reduções do tempo laboral para 30 horas semanais (apenas 6 horas traba-lhadas, de segunda a sexta) estão se tor-nando frequentes. Surpresa reveladora: em muitos casos, as empresas aceitam de bom grado a mudança. Ao fazê-lo, revelam na prática como são atrasadas as concepções segundo as quais é pre-ciso “sacrificar-se” em tempos de crise.

Uma matéria publicada no “Inde-pendent” inglês explica a lógica. To-mando por base três empresas — uma

F/REPRODUÇãO

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Mundo [ Mais ricos, mais pobres...

olutador [ março ] 2016 • 47 ]

CyNAR A MENEzES

com a desigualdade cada vez maior nos Estados Unidos, a pobreza infantil cresce jun-to. Enquanto a riqueza do país aumentou 60% nos úl-

timos seis anos, acima de 30 trilhões de dólares, o número de crianças sem teto também cresceu 60% no mesmo perío-do. A cada ano, 2,5 milhões de crianças – uma em 30 – vão dormir sem um lar para chamar de seu na nação mais rica do mundo. Estão abrigadas tempora-riamente em abrigos, igrejas ou motéis.

Segundo um relatório recente da organização “Crianças Sem Teto da América”, as razões para haver tanta criança sem moradia por lá são, basi-camente: a alta taxa de pobreza; a fal-ta de habitação a preços acessíveis; os impactos contínuos da grande reces-são; as disparidades raciais; os desafios para as mulheres de criarem filhos so-zinhas; e as experiências traumáticas, especialmente a violência doméstica. O número de crianças sem-teto cres-ceu em 31 estados e há meninos e me-ninas nesta situação em cada cidade. Em todo o país, o crescimento foi de 8% apenas entre 2012 e 2013.

“Crianças que experimentam a vida sem um lar são mais frequentemente famintas, doentes e preocupadas sobre onde serão sua próxima refeição e ca-

ma; elas se perguntam se terão um te-to à noite e o que acontecerá com suas famílias. As crianças nestas condições desenvolvem-se mais lentamente. Mui-tas têm problemas na escola, têm faltas, repetem o ano e até mesmo abandonam a escola completamente”, diz o relatório.

Símbolo-mor do “sucesso” do ca-pitalismo e tida como a “terra das opor-tunidades”, os EUA têm atualmente um dos maiores índices relativos de pobre-za infantil do mundo desenvolvido. No último informe do Unicef sobre bem-estar infantil, de 2013, os Estados Uni-dos apareciam em 26º lugar em uma lista de 29 países. Só ganhavam da Li-tuânia, Letônia e Romênia. A Holan-da aparecia em primeiro lugar, ao la-do de quatro países nórdicos.

Aproximadamente metade de todos os vales-refeição [food stamps] conce-didos pelo governo dos EUA são para crianças. Em 2007, 12 entre 100 crian-ças estavam vivendo de vales-refeição. Hoje são 20 entre 100. O fotógrafo Craig Blankenhorn dedica-se a fotografar fa-mílias sem teto EUA afora. As imagens são melancólicas e desoladoras, sobre-tudo quando se sabe que não se trata de um país do “terceiro mundo”, mas da maior economia do planeta.

Em janeiro deste ano, 138 mil crian-ças estavam casa. É o mesmo número de famílias que aumentaram suas for-tunas em 10 milhões de dólares por ano

desde a recessão. O país também pati-na na pré-escola. Enquanto numerosos estudos demonstram que a pré-escola ajuda as crianças a aprender e a fazer de forma mais tranquila a transição para a fase adulta, os EUA estão indo na dire-ção oposta de outros países desenvol-vidos e cortando recursos para o setor.

O mais chocante é descobrir que somente duas nações do mundo deixa-ram de ratificar a convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança: Su-dão do Sul e Estados Unidos. Significa.

Retrato de um país cada vez mais segregado. Riqueza nacional cresceu 60% em seis anos; número de crianças sem-teto, também. Uma em cinco vive de vale-refeição

eua: quanto mais ricos, mais pobres

O que será que a direita propõe para acabar com a pobreza infantil no país mais rico do mundo? Meritocracia? Se eles defendem que um menino de 16 anos pode ir para a cadeia junto com adultos, com que idade acham que po-dem começar a trabalhar?]

Fonte: outros Quinhentos

F/R

EPR

OD

ãO

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A Associação de Dirigentes Cris-tãos de Empresa – ADCE MG recebeu associados e demais convidados para a cerimônia

de entrega da quarta edição do Prêmio ADCE de Responsabilidade Social Em-presarial. O agraciado foi o engenheiro Milton Vianna Dias, fundador do Gru-po Precon. O evento foi realizado no PIC Cidade, em Belo Horizonte, com um jantar de Confraternização.

Nascido em Santa Bárbara, Sul de Minas Gerais, “Sr. Milton”, como é cari-nhosamente chamado por seus cola-boradores, formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Mi-nas Gerais. Fundou em 1963 a Precon Industrial S.A, produzindo as primei-ras peças pré-fabricadas em concreto protendido do Estado. A empresa tor-nou-se um renomado Grupo que atua nacionalmente, do qual fazem parte as empresas Precon Material de Constru-ção e Precon Engenharia.

Em 2001, Milton entregou a presi-dência do Grupo para seu filho Bruno Simões Dias. “Foi um processo natu-ral, uma vez que o Bruno acompanhou todo o crescimento e desenvolvimen-to da empresa, desde os quatro anos”, explica. De acordo com Milton, essa transição foi importante para dar ainda mais força e reconhecimento à marca.

Para Milton, a homenagem conce-dida pela ADCE reforça o compromis-so social da Precon com as comunida-des onde atua. “Me sinto envaidecido por receber um reconhecimento como este. Esta premiação é o maior atesta-do de que fazemos a diferença e que realizamos um trabalho social justo e, também, intenso na promoção da cul-tura e educação. Em mais de 50 anos de mercado, crescemos e nos tornamos

4º Prêmio ADCE de Responsabilidade Social Empresarial premiou em 2015 o fundador do Grupo Precon

referência no nosso segmento, e Pedro Leopoldo é parte fundamental da nos-sa história. Investir em projetos que in-centivam a formação dos jovens desta cidade é apostar num futuro melhor para toda a comunidade”, afirma Dias.

Atualmente, a empresa está engajada no projeto de incentivo à leitura “Encontro Marcado com Fernando Sabino”, que leva às crianças mineiras, matriculadas na rede escolar pública de Pedro Leopoldo, a vida e a obra do escritor mineiro, e no programa “Novas Linguagens no Cine Marajá”, realizado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. A iniciativa reforça a importância do cinema como meio de pensar e de se expressar, utilizando a diversidade das produções cinematográficas contemporâneas.

O Prêmio ADCE Minas, criado em 2012, é uma homenagem que visa a prestar um tributo aos dirigentes de empre-sas que enaltecem os valores da AD-CE e que dignificam as relações em-presariais em todos os níveis; sempre preocupados com a centralidade do ser humano, como protagonista da so-ciedade. Para o presidente da ADCE Minas, Sérgio Frade, o 4º Prêmio AD-CE Minas de Responsabilidade Social

Empresarial não poderia estar em me-lhores mãos, pelo renovado trabalho e ativo compromisso empresarial e so-cial do executivo Milton Viana Dias.

“As boas decisões nos negócios, quando se pautam pelos princípios éticos, com respeito ao ser humano e à sua dignidade, se traduzem em uma visão da empresa como uma comuni-dade de pessoas a serviço do bem co-mum. Acreditamos firmemente que os líderes empresariais que se guiam pelos princípios ético-sociais, vividos através de virtudes e pelos fundamentos cristãos, se tornam bem sucedidos nos negócios, e se transformam em agen-tes multiplicadores das boas práticas de gestão e da valorização da pessoa humana”, destaca Frade.]

WEsLEy FIGuEIrEDO AssEssOrIA DE IMPrEnsA (31) 3211.7532 | (31) 9147.8152Av. Luiz Paulo Franco, 385 | BelvedereBelo Horizonte, MGwww.interfacecomunicacao.com.br

Responsabilidade [ Social Empresarial

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