revista nosso alho 18 versão final

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  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 1

    Vitria para os produtores de alho do Brasil: tarifa

    antidumping renovada com aumento de 50%!

    Perspectivas para a safra 2014

    XXVI Encontro Nacional dos Produtores de Alho

    Poltica indigenista no Brasil

    Artigos tcnicos sobre alho, tomate e cenoura

    Venda Proibidanmero 18dezembro 2013

  • 2 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Caros Leitores,

    Assumimos a responsabilidade e a incumbncia de jun-to com toda a diretoria coordenarmos os trabalhos da ANAPA para o binio 2014/2015, cientes dos inmeros desafios que temos pela frente para representar, defender e valorizar a classe produtora.

    A manuteno do alho na LETEC (Lista de Excees Tarifa Externa Comum), a concluso do processo da ADPF 177 (Arguio de Descumprimento Fundamen-tal), impedir a triangulao, o subfaturamento e garan-tir o pagamento da taxa antidumping, so alguns dos inmeros desafios e aes da ANAPA para fortalecer a cadeia produtiva do Alho e dessa forma tornar o pas cada vez menos dependente das importaes.

    Para isso, fundamental o apoio e a colaborao de to-dos os produtores. A recente conquista da renovao e aumento da taxa antidumping um exemplo de que as conquistas so obtidas com muito esforo e trabalho conjunto. A produo de alho s ser reconhecida e va-lorizada se cada um cumprir com seu papel.

    De nossa parte e de toda a equipe da ANAPA, no me-diremos esforos para defender a classe produtora nacio-nal. Estaremos sempre disposio para acatar sugestes e idias que venham contribuir para o fortalecimento e a sustentabilidade do setor.

    Nesta edio, alm dos artigos tcnicos sobre hortalias e perspectivas de mercado nacional e internacional, o destaque a renovao da tarifa antidumping, conquista que marcou o ano de 2013 e ser de fundamental im-portncia nos prximos 5 anos.

    Desejamos a todos FelizNatal e Ano Novo.

    Obrigado e tenham uma tima leitura.

    Presidente Olir Schiavenin Presidente de Honra Marco Antnio Lucini Jurdico Jean Gustavo Moiss e Clvis Volpe Tesoureiro Darci Martarello Secretrio Executivo Eduardo Sekita Gerente Cristina Neiva Colaboradores Agnaldo Donizete Ferreira de Carvalho, Clovis Alerto Volpe Filho, Gilvaine Ciavareli Lucas Pereira, Guilherme Del Bianco de Oliveira, Jadir Borges Pinheiro, Jean Gustavo Moiss, Jos A. Portela, Jos Luis Burba, Luiz Eduardo Bassay Blum, Marco Antnio Lucini, Ricardo Borges Pereira, Thiago Gomes de Sousa, Valdir Colatto Arte e Diagramao Rodrigo Rocha Rodrigues Edio Camila Spohr Machry

    Nosso Alho uma publicao da Associao Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA) com uma tiragem de 5.000 exemplares. As concluses dos artigos tcnicos e as opinies so de responsabilidade de seus autores.

    Olir SchiaveninPresidente da ANAPA ex-

  • 04 Curtas

    ARTIGOS

    O que a renovao da tarifa antidumping significa para os produtores de alho e para o Brasil?

    15

    Navegar preciso 18

    Atuao da diretoria jurdica da ANAPA: superaes e desafios

    20

    Poltica indigenista no Brasil 22

    Conservao de alhos para consumo em cmara fria 24

    Transporte frigorfico de alhos para consumo 29

    Nematoide-das-galhas: importante patgeno para a cultura do tomateiro

    35

    Perspectivas para a safra de alho 2013/2014 42

    Situao do mercado de alho no mundo 46

    Queima-das-folhas da cenoura 53

    Uso de Trichoderma Harzianum e condicionador orgnico de solo para controle da Podrido por Sclerotium Rolfsii em alho

    58

    66Agenda

    08 Encontro Nacional

    64 Alho BRS

    Hozan

    Sum

    rio

  • 4 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Curtas

    Reunio com Ministro CrivellaO ex-presidente da Associao Nacional dos

    Produtores de Alho (ANAPA), Rafael Jorge Cor-sino, reuniu-se no dia 02 de setembro com o Mi-nistro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella. O objetivo da reunio foi discutir sobre a expan-so da aquicultura no Centro-Oeste, em represas onde os produtores de hortifrutigranjeiros, ar-mazenam gua para irrigar as lavouras de alho, cebola, tomate.

    Para o ministro tudo que foi falado muito v-lido e ele tomar todas as providncias, com base em suas atribuies. Para Rafael Corsino, Essa integrao pode gerar um ganho adicional aos produ-tores e ainda facilitar a expanso da aquicultura.

    Outro assunto tratado na ocasio foi a criao de uma campanha publicitria, para a utilizao do alho nacional para temperar o peixe. Essa ideia visa valorizar o alho brasileiro que tem mais proprie-dades nutricionais e gastronmicas que o importado chins.

    Audincia final no DECOMEm 5 de setembro de 2013, foi realizada em

    Braslia a audincia final sobre a renovao do direito antidumping aplicado sobre as impor-taes brasileiras de alho originrias da China. O Departamento de Defesa Comercial (DECOM), da SECEX/MDIC, convidou todas as partes inte-ressadas no processo para as manifestaes finais.

    Rafael Corsino, presidente da ANAPA na oca-sio, falou em nome da cadeia produtiva nacio-nal e iniciou sua fala destacando o trabalho de investigao e o comprometimento do DECOM com o processo. Em seu discurso Rafael enfati-zou que mesmo com a tarifa antidumping desde 1996 ainda h dano na produo nacional. Sem o antidumping seria impossvel competir com a importao chinesa. Mesmo com a tarifa, o volu-me das importaes chinesas aumentou mais de 400% entre 2001 a 2012. Rafael tambm rebateu incessantemente o direito a margem individua-lizada que poderia ser concedido a um pequeno grupo de exportadores.

    Na segunda parte de sua fala, o foco foi o pro-dutor brasileiro. Segundo Rafael Corsino Im-portador no produtor. Produtor aquele que acredita na fora do campo, no trabalho digno e

    no progresso do Brasil, gerando empregos, renda, riquezas e impostos. No fcil ser agricultor no Brasil, ainda mais tendo que concorrer de forma desleal com a China. Onde a produo subsidiada e a mo de obra extremamente barata, para no dizer explorada. Rafael enfatizou o po-tencial da cadeia de produo nacional, que pode dobrar a rea plantada nos prximos 10 anos. Mesmo com o antidumping a produo brasileira teve que conviver com liminares, que excluam a obrigao de pagar o direito antidumping, trian-gulao e a confessada prtica do subfaturamen-to. A ANAPA acredita que se no fosse pela per-sistncia e a fora do produtor nacional, a cultura do alho estaria em forte declnio.

    Na ocasio da reunio a renovao era incerta, mas a ANAPA ficou profundamente satisfeita com o andamento da reunio e principalmente com a presena de produtores de alho de todo o pas que surpreendeu a todos e lotou a sala da audincia do departamento. O comparecimento de tantos produtores no serviu apenas como instrumento de presso, mas ressaltou a impor-tncia vital do processo para a continuidade da produo de alho no Brasil.

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 5

    Curtas

    Renovao da Tarifa Antidumping foi tema de discusso na Cmara dos Deputados

    No dia 12 de setembro, realizou-se uma audin-cia pblica na Comisso de Agricultura, Pecu ria, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, para debate sobre as consequncias da renovao da tarifa antidumping para alho importado da Chi-na. Participaram da reunio parlamentares, pro-dutores, importadores, trabalhadores rurais e representantes dos governos brasileiro, chins e argentino. A audincia foi conduzida pelo Depu-tado Federal Roberto Balestra (PP/GO).

    Para os produtores, a polmica maior referia-se possibilidade de tarifas antidumping individua-lizadas. Havia o temor que o governo estabe-lecesse a criao de tarifas diferenciadas por em-presa exportadora chinesa, o que a lei permite, mas nunca foi feito para o setor.

    O presidente da Associao Nacional de Produtores de Alho na ocasio, Rafael Corsino, tambm disse que a tarifa individualizada por pro-dutor seria prejudicial aos agricultores nacionais. Porque isso pode gerar uma srie de outros pontos, como cartel, contratos de exclusividade, um encadeamento de coisas que podem prejudi-car tanto a distribuio quanto os produtores de alho aqui no Brasil, afirmou.

    A audincia na Cmara reuniu as partes envolvidas no processo, chamou a ateno do poder pblico para a catstrofe que seria tanto a no renovao do direito antidumping ou at mesmo a renovao com direito a margem in-dividual para um pequeno grupo de empresas. Diferentemente da audincia realizada na se-mana anterior no Departamento de Defesa Co-mercial (DECOM), nessa sesso na Cmara o representante do Departamento, Felipe Hess, se manifestou e teve que responder os questiona-mentos das partes envolvidas. Nesta audincia ficou clara a necessidade da renovao, fato re-conhecido at mesmo por parte dos importado-res presentes. A ANAPA saiu desta reunio com a certeza de que a produo nacional estaria se-gura com a renovao da tarifa por mais 5 anos. Faltava apenas o parecer do DECOM e o enca-minhamento deste para aprovao da Cmara de Comrcio Exterior (CAMEX).

  • 6 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Curtas

    ANAPA presente na Cmara dos Deputados em Braslia

    No final de novembro foram realizados diversos encontros na Cmara dos Deputados em Braslia. No dia 26 de novembro, Olir Schiavenin, presidente da ANAPA, encontrou com alguns parlamentares para solicitar apoio para a manuteno do alho na Lista de Excees Tarifa Externa Comum (LETEC). No dia seguinte Cristina Neiva, Gerente da associao, e Warley Nasci-mento, Chefe Interino da EMBRAPA Hortalias, solicitaram ver-ba ao Deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e tambm ao Depu-tado Onofre Agustini (PSD-SC) atravs de Emenda Parlamentar para pesquisas para cadeia produtiva do Alho.

    Na ocasio, o Deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) estava lanando o livro A Mfia da Estrela 2 O julgamento e outros parlamentares tambm estavam presentes, dentre eles, o Depu-tado Valdir Colatto (PMDB-SC) que recebeu um ofcio da ANAPA solicitando apoio para uma audincia, junto ao Ministro da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA, Antnio Andrade, e ao Secretrio de Poltica Agrcola, Neri Geller, para manuten-o do alho na Lista de Excees TEC LETEC.

    ANAPA defende desonerao do IPI

    A Desonerao do IPI (Imposto sobre Pro-dutos Industrializados) para embalagens de papelo e sacos de polipropileno, aque-les utilizados por produtores agrcolas para armazenamento de legumes e verduras, foi destaque em audincia entre o deputado republicano Vitor Paulo e a Ministra da Se-cretaria de Relaes Institucionais da Pre-sidncia da Repblica, Ideli Salvatti, no dia 19 de setembro. O parlamentar esteve acompanhado do ex-presidente da ANAPA, Rafael Corsino.

    Vitor Paulo explica que a iniciativa vai re-duzir o custo do produtor com a embalagem, e isso ter impacto direto ao consumidor final, que comprar o produto com um preo menor. Atualmente o produtor paga 15% de IPI so-bre cada embalagem que adquire da indstria. O custo com embalagem, para o pequeno produtor, pode chegar a R$ 7.500,00 por hectare (caso da cultura da cenoura), com uma tributao do IPI de R$ 1.125,00, e isso muito alto!, argumenta.

    O parlamentar lembra que vrios produtos da cesta bsica j foram contemplados com a desone-rao de impostos. No caso das embalagens necessrias para transporte desses produtos no deve ser diferente. Batatas, cenouras, alhos, cebolas e vrias outras verduras e legumes fazem parte da cesta bsica do brasileiro, e nada mais justo que contemplar o setor com reduo zero da alquota do IPI sobre suas embalagens.

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 7

    Curtas

    ANAPA pede apoio EMBRAPANo dia 16 de outubro, o ento presidente da

    ANAPA, Rafael Jorge Corsino, esteve presente na Embrapa Hortalias para comemorao do Dia Mundial da Alimentao. Ao final do evento, o presidente da Embrapa, Maurcio Antnio Lopes, recebeu o ex-presidente da ANAPA em uma reunio para discutir as demandas de pes-quisa para a cadeia produtiva de alho. Tambm participaram da reunio Warley Nascimento e talo Guedes, chefe de tecnologia e chefe adjun-to de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Hortalias, respectivamente.

    Rafael Corsino explicou que a cadeia produti-va do alho no pode ser dependente de polticas pblicas de proteo do governo, necessrio maior nmero de pesquisas para o setor se tor-nar mais competitivo. No incio desse ms, a ta-rifa antidumping foi renovada, com aumento de US$ 0,52/kg para US$ 0,78/kg. Essa tarifa estar em vigor para os prximos 5 anos. Mas a ANAPA preocupa-se com o cenrio de longo prazo. A ltima renovao j foi muito difcil, com in-tensa participao do governo chins, empresas exportadoras e tradings de grande poder finan-ceiro e poltico. Com o reconhecimento da Chi-na como economia de mercado em 2016, todo o cenrio de investigao para renovao da tarifa antidumping ser alterado, fato que praticamen-te inviabilizar a continuidade da tarifa para alho importado da China.

    Apesar do antidumping, vigente desde 1996, a cadeia produtiva nacional no competi-tiva por apresentar alto custo de produo, principalmente em relao a sementes. Para competir com a importao de alho chinesa, a cadeia nacional precisa estar bem amparada por pesquisas em alho. Rafael Corsino entregou um ofcio com uma lista de demandas de pesquisa

    para o setor, com destaque para dois temas ur-gentes: alho livre de vrus e vernalizao; ambos para alho nobre, iniciando nos cultivares San Va-lentim e Ito. Rafael no tem dvidas de que com maiores pesquisas nessas reas e disseminao dos resultados para os produtores, a produtivida-de nacional teria um salto de at 50%.

    Rafael Corsino aproveitou a oportunidade para expor uma das estratgias da ANAPA para forta-lecer a cadeia produtiva brasileira. Anualmente o governo federal arrecada cerca de US$ 78 milhes com a tarifa antidumping. Esse valor vai integral-mente pra a conta nica do Tesouro Nacional e investido em projetos diversos. A ANAPA pre-tende buscar alternativas para que parte do valor arrecadado seja revertida para a prpria cadeia, promovendo a sua competitividade por meio de incentivo a pesquisas no setor. A ideia da ANAPA que esse valor seja destinado diretamente Embrapa, desta forma as pesquisas em alho se-riam fomentadas e a cadeia seria fortalecida para competir com o alho importado.

    O presidente da Embrapa, Maurcio Lopes, avaliou as demandas da ANAPA, ressaltou a importncia das mesmas e solicitou a Warley Nascimento, chefe de tecnologia da Embrapa Hortalias, a elaborao de um arranjo de pesqui-sa para atender s solicitaes da ANAPA. talo Guedes, Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvi-mento, informou que um virologista ser contra-tado em breve pela Embrapa, assim ser possvel viabilizar as pesquisas pedidas pela ANAPA.

    Ao encerrar a reunio, Rafael Corsino reafir-mou que o papel da Embrapa fundamental para consolidar a permanncia da cultura de alho e conta com o apoio dos presentes na reunio.

  • 8 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Encontro Nacional

    XXVI Encontro Nacional foi destaque nos jornais locais de Flores da Cunha.

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 9

    Encontro Nacional

    No dia 25 de outubro o municpio de Flores da Cunha recebeu o XXVI Encontro Nacional dos Produtores de Alho. Organizado pela Associao Nacional dos Pro-dutores de Alho (ANAPA), Associao Gacha dos Produtores de Alho (AGAPA) e Sindicato Rural de Flo-res da Cunha/Nova Pdua, o tradicional evento reuniu mais de 500 pessoas, a maioria pequenos produtores de alho do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Produ-tores de outros estados, estudantes, tcnicos, empresas do setor e representantes do governo municipal, esta-dual e nacional tambm estiverampresente.

    Aps a breve cerimnia de abertura, o encontro foi iniciado por uma prestao de contas da ANAPA, apresentada pelo ento presidente Ra-fael Jorge Corsino e Clvis Volpe, diretor jurdico da associao. O professor Chukichi Kurozawa, consultor BASF e Globo Rural, deu se-guimento com uma palestra sobre a Podrido Branca. Para falar sobre conjuntura de mercado, Marco Antnio Lucini (EPAGRI-SC) e Jos Portela (INTA-Argentina) fizeram um painel de mercado com pers-pectivas do mercado brasileiro e internacional para 2014. Finalizando as apresentaes tcnicas, Anderson Feltrim (EPAGRI-SC) falou sobre Curva de Absoro de Nutrientes.

    Com essa variedade de palestras o XXVI Encontro Nacional cum-priu bem o seu objetivo que promover uma maior integrao entre os produtores da hortalia, propagar conhecimentos e apresentar no-vas tecnologias. Para quem no pode estar presente, todas as pales-tras esto disponveis no site da ANAPA (http://www.anapa.com.br/simples/?p=1461)

    Alm das palestras tcnicas o evento teve dois importantes momen-tos polticos: Eleio da diretoria da ANAPA e da AGAPA. Primeiro foi realizada a eleio da associao regional e Olir Schiavenin foi re-eleito. Na eleio da ANAPA a chapa nica inscrita e vencedora por unanimidade foi formada por Olir Schiavenin (presidente), Rafael Corsino (vice-presidente), Darci Martarello (tesoureiro) e Eduardo Sekita(secretrio).

    XXVI Encontro Nacional dos Produtores de Alho

  • 10 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Indiscutivelmente o tema que marcou o XXVI Encontro Nacional dos Produtores de Alho foi a renovao da tarifa antidumping, com aumento de 50% da alquota. Todos os presentes estavam muito satisfeitos com o novo valor de US$ 7,80/caixa e animados para o ano de 2014.

    Ao final do dia era momento de comemorar o magnfico encontro de 2013 e as vitrias desse ano marcado por muita luta no campo polti-co. Oencerramento ocorreu da melhor manei-ra possvel, com um tpico churrasco gacho. A ANAPA deseja que os prximos encontros sejam tambm marcados por comemoraes da cadeia produtiva dealho.

    Pblico

    AutoridadesEncontro Nacional

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 11

    Encontro Nacional

    Palestrantes

    1 - Rafael Corsino - Prestao de Contas ANAPA; 2 - Prestao de Contas ANAPA; 3 - Chukichi Kurozawa - Podrido Branca; 4 - Clvis Volpe - Prestao de Contas ANAPA; 5 - Jos Portela (INTA) - Painel de mercado; 6 - Marco Antnio Lucini (EPAGRI) - Painel de mercado; 7 - Anderson Feltrim - Curva de absoro de nutrientes; 8 - Olir Schiavenin - Prestao de Contas AGAPA; 9 - Elei-o AGAPA; 10 - Eleio AGAPA; 11 - Eleio ANAPA.

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  • 12 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Encontro Nacional

    Confraternizao

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 13

    Silvano MichelonCasa ValdugaBento Gonalves - RSProdutor de uva

    Lauro Andrade Irmos AndradeMonte Mor - SPProdutor de tomate

    Sandro Bley Agrcola Wehrmann Cristalina - GOProdutor de batata

    Albino Bongiolo NetoFischer SA AgroindstriaFraiburgo - SCProdutor de ma

    Eduardo Sekita de Oliveira Diretor AgrcolaSekita Agronegcios So Gotardo - MG

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    www.agro.basf.com.br

    Cabrio Top. Sade para mltiplas culturas,rentabilidade para o agricultor. Melhor classificao da produo. Amplo espectro de controle dos principais fungos. Fcil manuseio e melhor relao custo/benefcio. Mais qualidade, produtividade e rentabilidade Benefcios AgCelence.

    Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros mtodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponveis e apropriados. Uso exclusivamente agrcola. Restries no Estado do Paran para as culturas de alho e cebola, no podendo ser receitado/recomendado. Registro MAPA n 01303.

    O melhor da sualavoura a cada safra.

  • 14 | NossoAlho | Dezembro de 2013

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 15

    Nos ltimos 18 meses a ANAPA no mediu esforos para conse-guir esse xito para a cadeia e garantir a continuidade da cultura no pas. Desde o incio do processo de renovao viu-se que seria uma batalha das mais difceis, onde a ANAPA precisaria vencer adversrios com muito mais influncia poltica e financeira.

    Nesse perodo a mobilizao e a articulao poltica foram intensas. As reunies com parlamentares e entidades do governo eram frequentes para que a causa do produtor de alho nacional fosse reconhecida por todos. A reta final do processo de renovao, especialmente a partir do segundo semestre de 2013, foi marcada por mo-mentos extremamente tensos para a associao e os produtores de alho. Notcias in-fundadas e especulaes sem o menor conhecimento tcnico eram espalhadas sem a maior responsabilidade e um cenrio catico era previsto para o setor. Mas a ANAPA sempre acreditou em sua estratgia, baseada em princpios jurdicos e tcnicos.

    O aumento de US$ 5,20/caixa para US$ 7,80/caixa representa maior segurana para os produtores brasileiros trabalharem nos prximos 5 anos, garante que as 4 mil famlias que dependem da produo de alho continuaro na atividade e no campo e os mais de 100 mil empregos gerados pelo setor sero mantidos. Com esse novo cenrio, podemos arriscar em projees otimistas, com aumento significativo de rea plantada, melhora da competitividade do produtor nacional e consequente aumento de empregos do setor.

    Alm disso, a renovao significa que o mercado brasileiro no ficar refm do alhochins. Ns temos plenas condies de abastecer nosso mercado interno com produto de qualidade e durante todo o ano. As importaes chinesas de alho devem ser complementares produo nacional e no o contrrio. A cadeia produtiva de alho brasileiro no pode ficar a merc da produo chinesa.

    Por isso, no podemos nos basear apenas em polticas pblicas, temos que fortale-cer e valorizar a produo nacional. A ltima renovao da tarifa antidumping j foi muito mais difcil do que as anteriores, de 2001 e 2007. Neste processo os chineses se defenderam ativamente e grandes empresas internacionais tentaram usar seu poder financeiro e poltico. Alm disso, a Repblica Popular da China ser reconhecida como Economia de Mercado em 2016. Este fato mudar todo o processo da prxima

    O que a renovao da tarifa antidumping significa

    para os produtores de alho e para o Brasil?

    Por Camila Machry

    Artigo

  • 16 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Artigo

    reviso da tarifa antidumping, tornando-o muito mais difcil do que a renovao de 2013.

    Os produtores de alho e a ANAPA de-vem aproveitar os prximos 5 anos, com a tarifa antidumping a um preo justo, para fortalecer a cadeia nacional com produo de boa qualidade, padronizada e constan-te em todos os meses doano. AANAPA vai trabalhar nos prximos anos na valo-rizao do alho nobre brasileiro, para que o consumidor conhea melhor o produto nacional e no momento da compra es-colha o produto no apenas pelo preo, mas tambm pelos fatores nutricionais egastronmicos.

    Confira a publicao completa da reno-vao da tarifa antidumping:

    http://www.camex.gov.br/legislacao/interna/id/1127

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 17

  • 18 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Navegar preciso

    Ao longo de mais de 6 anos iniciamos um desafio: profissionalizar a ANAPA para que esta pudesse al-canar os objetivos da classe produtora. Para tanto v-rias foram as transformaes; entre elas, as mais vis-veis e importantes dizem respeito estruturao fsica e de pessoal.

    A sede da ANAPA em Braslia representou um marco para esta nova fase, posto que todas as demandas do setor passam, direta ou indire-tamente, pelo centro do poder poltico. Mas, a estrutura fsica, por si s, no possibilitou o xito, pois, somente com uma equipe, orien-tada e comprometida, que se fez possvel construir a representativi-dade da ANAPA diante dos rgos pblicos e privados. Nesse ponto, torna-se imprescindvel agradecer todos aqueles que passaram pela ANAPA, seja como diretores ou como colaboradores, j que todos tiveram (e tm) sua importncia.

    Sem dvida, esta estruturao possibilitou que os desafios fossem encarados e superados. Por acreditar na fora do produtor de alho nacional e na sua capacidade de gerar renda e riqueza, que lutamos para regular o mercado. Lutamos contra Golias, na medida em que cada luta se mostrava diante de ns um ou mais gigantes. Mas a mes-ma fora que move o campo possibilitou que alcanssemos vitrias importantes, como a renovao do antidumping, o controle de limi-nares e a interao com vrios setores do Governo Federal, os quais passaram a ouvir com respeito e credibilidade os anseios da ANAPA.

    Durante toda esta trajetria, alguns contratempos ocorreram, mas eles ajudaram a nos fortalecer, para ser o que somos hoje. Todos sabem da importncia de se olhar para o passado, j que assim compreen demos o presente. Porm, o futuro depende daquilo que fazemos hoje. Assim, a ANAPA tem a cincia de que ainda precisa atuar firmemente para que todos os ideais da cadeia produtiva de alho sejam fortalecidos e conquistados.

    Novos desafios viro, mas navegar preciso. A frase, eternizada pelo poeta Fernando Pessoa, pode ser entendida como necessidade de caminhar, ou seja, como o dever de andar para frente encarando todas as tormentas e desfrutando as bonanas.

    Por isso, nos anos que viro, temos a certeza de que ANAPA tem condies de continuar navegando, j que tem uma nau firme e se-gura, conduzida por marinheiros aguerridos e obstinados.

    Rafael Jorge Corsino

    Presidente ANAPA (2008 2013)

    Artigo

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 19

    Contatos e momentos polticos importantes:

    Artigo

    1-Deputado Federal Valdir Colatto (PMDB-SC); 2-Deputado Federal Afonso Hamm (PP-RS); 3-Deputado Federal Marcos Montes (PSD-MG); 4-Deputado Federal Moreira Mendes (PSD-RO); 5-Deputado Federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS); 6-Senadora Ktia Abreu (PMDB-TO); 7-Vice-presidente Michel Temer e Deputado Federal Valdir Colatto (PMDB-RS); 8-Ministro da Integrao Nacional Fernando Bezerra; 9-MAPA; 10-MDA - Pepe Vargas; 11-CAMEX; 12-EMBRAPA.

    Depois de 3 mandatos frente da presidncia da ANAPA, decidi aceitar outros desafios pessoais e profissionais que no me permitem continuar na presidncia da associao. Mas o meu vice-presi-dente e brao direito nesses 6 anos, Olir Schiave-nin, foi eleito para o prximo binio e seguir com o trabalho iniciado em 2008. Mesmo longe da presidncia da ANAPA, sempre lutarei pela causa dos produtores de alho do Brasil

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  • 20 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Artigo

    Atuao da diretoria jurdica da ANAPA:

    superaes e desafiosQuem supera, vence. Essa frase, cravada pelo escritor e pensador alemo Johann Goethe, reflete em muito a trajetria da ANAPA, principalmente ao longo desses 6 anos. Vrias foram as conquistas, mas todas alcan-adas aps inmeras superaes.

    A Diretoria da ANAPA, aqui destacada na pessoa do Presidente no referido perodo, Rafael Jorge Corsino, que iniciou este novo ciclo da entidade, no s profissionalizou sua atuao, mas conseguiu que os setores, privado e pblico, ouvissem com credibilidade e respeito os anseios e reclamos da classe produtora.

    Em todas as superaes, direta ou indiretamente, a Diretoria Jur-dica atuou, incondicionalmente, para conseguir atingir os objetivos traados. Inmeras foram as atuaes devidamente catalogadas nes-ses 6 anos; dentre todas as metas, destacamos, para o presente artigo duas: combate as liminares e renovao do direito antidumping.

    As aes judiciais interpostas pelos importadores, com o fim de exclurem a aplicao do direito antidumping incidente sobre o alho chins, remontam ao ano de 2001. Desde a Resoluo CAMEX 41/2001 que os importadores pleiteavam a ilcita e injusta iseno do pagamento do direito antidumping. Em 2007, ano da penltima renovao, constatou-se que de todo o valor que deveria ser recolhi-do a ttulo de direito antidumping, apenas 23% foi efetivamente para os cofres pblicos. E a razo era bvia: liminares concedidas pela Justia Federal, especialmente em So Joo do Meriti, So Paulo e So Jos da Bela Vista.

    Um levantamento inicial e preliminar apontou mais de 50 limina-res, que ao final se somaram outras tantas, que impediam a produo nacional de concorrer com o alho importado, j que o direito anti-dumping existia somente no papel.

    A Diretoria Jurdica iniciou um trabalho homrico: ingressar em todos os processos para cassar as liminares concedidas e impedir que novas fossem deferidas. Apesar da vitria em grande parte dos proces-sos, notou-se que a cassao no surtia efeito, haja visto que, quando

    Artigo

    Clovis Alerto Volpe Filho

    Jean Gustavo Moiss

    Guilherme Del Bianco de Oliveira

    Diretoria Jurdica da ANAPA

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 21

    Artigo

    a ANAPA conseguia cassar a deciso, a partida de alho importada j havia sido liberada do porto sem o pagamento do direito antidumping. Ou seja, era preciso impedir que os juzes federais concedessem as liminares.

    Da surgiu a concepo e a elaborao da ADPF (Arguio de Descumprimento de Preceito Funda-mental) n. 177, que tem por objetivo a declarao do Supremo Tribunal Federal sobre os descumpri-mentos Constituio das decises que concedem liminares em favor dos importadores e contra a deciso do Executivo (CAMEX) e a classe produ-tora nacional. Esta ao constitucional, que tem parecer favorvel da Advocacia Geral da Unio e da Procuradoria Geral da Repblica, est pronta para ser julgada, mas, ainda sim, conseguiu um resultado estrondoso, na medida em que fez com que os juzes federais pudessem conhecer melhor a matria, reduzindo drasticamente o nmero de liminaresconcedidas.

    Em relao renovao do direito antidumping foram 18 meses de empenho, estudos, estratgias, composio e, por fim, superao. Mas foi justa-mente por esta somatria de esforos que a vitria se fez presente. O mrito no somente da Direto-ria, ou do Jurdico, mas de toda a classe produtora que apoiou e confiou no planejamento e nas de-cises daqueles que estavam liderando o processo.

    Somente aqueles que de perto acompanharam sabem que a ANAPA manteve-se firme em sua posio, no se intimidando frente ao poderio econmico dos exportadores chineses e de alguns importadores brasileiros, nem mesmo titubeando com os falsos argumentos lanados contra a classe e os dados tcnicos que amparavam a renovao.

    A confiana no Departamento de Defesa Co-mercial (DECOM) se mostrou acertada, j que o parecer tcnico deste rgo acolheu diversas teses da ANAPA e rechaou todos argumentos das par-tes contrrias renovao. Assim, a CAMEX, de forma gil e sbia, deliberou pela prorrogao do direito antidumping aplicado s importaes bra-sileiras de alhos frescos ou refrigerados originrias da China, classificadas nos cdigos 0703.20.10 e 0703.20.90, da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), por at cinco anos, na forma de alquota especfica, no valor de US$ 0,78/kg.

    Mas, embora tenhamos superados estes desafios, outros certamente viro. Temos conhecimento de algumas estratgias dos importadores/exportado-res, mas que em razo da necessidade de sigilo no podemos aqui revelar. Porm, podemos dizer que o ano de 2014 trar a necessidade de manter regu-lado o setor, combatendo novos (e ilcitos) instru-mentos utilizados por aqueles que lucram com a desregulao do mercado.

    O jurdico da ANAPA tem a cincia de que no basta apenas relembrar das conquistas do passado, pois o presente exigir que a cada dia haja uma superao. Assim, o compromisso assumido por ns : fidelidade classe produtora e aos ideais da ANAPA; empenho dirio para a realizao dos objetivos; e atuao eficaz para os novos desafios.

    Se Johann Goethe estiver correto, desejamos que em 2014 todos os produtores de alho se superem, pois assim vencero

  • Poltica indigenista no BrasilA questo indgena no Brasil tem gerado impasses, conflitos e principalmente insegurana para as fa-mlias que vivem em suas pequenas propriedades h muito tempo. A demarcao de muitas delas tem sido feita de forma irresponsvel e, muitas vezes, utilizan-do laudos antropolgicos falsos. Isso tem feito com que os proprietrios rurais que produzem e vivem em suas terras, paguem a conta pelas indecises do Go-verno ao tratar do assunto.

    Frente insegurana jurdica causada pelas expropriaes e as inter-pretaes errneas ao Artigo 231 da Constituio Federal, que trata da demarcao de terras, tm-se gerado conflitos e os agricultores se veem refm da situao.

    importante que se perceba a incoerncia: gasta-se dinheiro para expropriar agricultores em detrimento dos indgenas que no vo produzir e depois ainda necessrio comprar reas de terra para as-sentar esses mesmos agricultores em outro lugar. No seria mais fcil comprar reas de terra e assentar esses ndios que esto l?

    Lideranas indgenas kaingangues do oeste catarinense j se mani-festaram contra a forma da Fundao Nacional do ndio (Funai) em questes como a de ampliao de terras indgenas. Eles foram claros ao dizer que no querem mais terras, querem o que de direito e mais respeito. Querem, sim, qualidade de vida. Os ndios querem polticas pblicas para sobreviver exercitando o livre arbtrio como brasileiros que so. O que urgente dar condies de sade, edu-cao, moradia de qualidade e a garantia de sustento para os povos indgenas. No ser contra os indgenas, mas sim lutar para fazer valer o direito de propriedade e o que rege a Constituio Brasileira.

    Artigo

    Valdir Colatto

    Deputado Federal pelo PMDB/SCMembro da Frente Parlamentar

    da Agropecuria.

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 23

    Os debates sobre a questo indgena tm avan-ado. Recentemente avanou-se na criao da Co-misso Especial que discutir a Proposta de Emen-da Constituio (PEC) 215/2000. Esta PEC inclui dentre as competncias exclusivas do Con-gresso Nacional a aprovao de demarcao das terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios e a ratificao das demarcaes j homologadas; estabelecendo que os critrios e procedimentos de demarcao sejam regulamentados por lei.

    Atravs dessa Comisso Especial, ser discutido esse problema indgena no Brasil, a questo do direito de propriedade, criar uma poltica indige-nista para o Brasil, para que os mesmos no sejam usados. O objetivo que se tenha, enfim, uma dis-cusso aberta com a sociedade brasileira sobre o tema. A sociedade ter que decidir o que fazer e o Congresso Nacional tem a misso de encontrar uma soluo legislativa que ser tratada nos meios judiciais sobre essa questo que afeta todo o Brasil. Esperamos que no haja manipulao e que no sejam usados para questes eleitoreiras ou no inte-resse de poucos.

    Os dados impressionam e so um alerta a todos. O Brasil tem 12,7% do territrio com reas ind-genas para um universo de aproximadamente 817 mil ndios. Os 5,2 milhes estabelecimentos rurais do pas ocupam 38,8% do Brasil. Os ndios repre-sentam 0,43% da populao e a Funai pretende a criao de mais 611 reservas, aumentando ain-da mais a rea pertencente aos ndios, chegando a 25% das terras brasileiras. So 423 reas ind-genas regularizadas no pas, 38 reservas indgenas, 30 reas delimitadas, 48 reas declaradas, 15 reas homologadas e 123 reas em estudo. Em Santa Catarina so 26 reas que esto em processo de

    estudo e ocupao. Em SC, dados do Censo 2010, do IBGE, apontam que habitam 16 mil indgenas. Se considerar a ampliao pretendida, o Estado chegaria a ter 1,8 milho de hectares de rea ind-gena, ou seja, 20% de SC.

    claro, notrio e errneo o trabalho de algu-mas ONGs (nacionais e internacionais) e tambm dos rgos como o Conselho Indigenista Mis-sionrio (Cimi), Conselho Mundial Indigenista (CNI) e Conferncia Nacional dos Bispos do Bra-sil (CNBB). Esses organismos e instituies fazem apologia de que, no Brasil, todas as terras so dos ndios. O problema no terra e sim a falta de uma poltica indigenista eficiente, que d condi-es para o ndio viver e no perambular pelas ci-dades, pelas ruas, como pedintes. Hoje, 65% dos indgenas recebem o bolsa-famlia.

    No se questiona que as terras indgenas, de que trata a Constituio de 1988, pertenam a eles. Entretanto, em relao quelas que so dos pro-dutores, h que ser aplicado o mesmo direito e a legitimidade, preservando o direito de proprieda-de de ambos.

    de fundamental importncia essa discusso sobre a questo indgena e que a mesma seja con-duzida da forma como foi feita com o Cdigo Flo-restal Brasileiro. No incio ningum sabia o que era rea de Preservao Permanente e Reserva Legal. Discutiu-se abertamente e foi aprovado o que hoje a Lei n 12.651, de 2012, o novo Cdigo Florestal Brasileiro. imprescindvel que se apro-ve uma poltica indigenista para que o Brasil e os brasileiros, quer sejam os agricultores ou os ndios, tenham os mesmos direitos e a garantia do direito de propriedade.

    Artigo

  • 24 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Conservao de alhos para consumo em cmara fria*

    Geralmente os galpes de armazenamento e os comer-ciantes de alho no exploram corretamente o poten-cial de comercializar alhos nobres durante longos perodos espera de melhores preos.

    Na maioria das vezes, a comercializao do produto concentrada em pouco tempo e logo aps a colheita, sem nenhum ou pouco valor agregado de conservao. Esta pressa para vender, muitas vezes implica na crise do mercado em funo da oferta excessiva de alho.

    Costuma-se comercializar alhos muito frescos e sem o manejo ade-quado de ps-colheita disponvel. Uma tecnologia indicada a de conservao em cmara fria.

    A conservao em cmara fria de alho para consumo permite man-ter a vida til do produto durante um longo perodo (entre 8 ou 9 meses, ou at mais dependendo da variedade), entretanto o manejo inadequado do produto e das cmaras frias provoca muitas vezes aspectos no desejados.

    Manejo do produto

    Da mesma forma que muitos produtos tm uma determinada vida til, o mesmo ocorre com o alho. Para que o consumidor logo dis-frute de todas suas propriedades gastronmicas e neutracuticas, possvel verificar a vida til do produto fazendo um corte longitudi-nal no dente. Se a brotao ocupar mais de do bulbilho, o dente se prepara como semente para dar lugar a uma nova planta.

    A vida til do alho nas gndolas e prateleiras pode ser medida. Aconsistncia, dada por um adequado estado de hidratao dos den-tes, e o comprimento da brotao em seu interior so parmetroteis.

    Esta comparao se mede atravs do ndice Visual de Dormncia (IVD), que, como mostra a Figura 1, no deve superar os 75% no momento da comercializao atacadista nem os 100% no momento do consumo.

    O ponto de colheita, o ponto de corte dos bulbos para exportao, a variedade, as condies ambientais, a oportunidade de armazena-mento em cmara fria, a preciso no controle de umidade e a tem-

    Jos Luis Burba

    INTA [email protected]

    *Traduzido por Camila Spohr Machry

    Artigo

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 25

    peratura das cmaras frias so os principais fatores a serem levados em conta para obter xito na con-servao em cmara fria.

    Os bulbos cortados sem descascar devem entrar na cmara fria quando o ndice Visual de Dormn-cia (IVD) no passar de 10%. Se os dentes entram na cmara quando com um ndice maior, a conser-vao ocorre por um tempo muito curto e quando se rompe a cadeia de frio o resultado desastroso.

    Cada variedade tem sua prpria capacidade de conservao, por isso nem todas elas tero uma passagem exitosa pela cmara fria.

    Enquanto o alho est na cmara fria, o brotamen-to cresce muito lentamente, no entanto, quando se rompe a cadeia de frio, cresce rapidamente, espe-cialmente quanto mais tarde for. (Figura 2).

    Isto implica que a vida til para comercializar alho fora da cadeia de frio pode ser de vrias sema-nas quando o alho retirado cedo da cmara ou de poucos dias, quando retirado muito tarde.

    Os bulbos submetidos a baixas temperaturas e umidade no sofrem desidratao durante o tra-tamento. A perda de gua nos tecidos dos bulbos ocorre fundamentalmente por transpirao, o que depender de fatores internos e externos que ocondicionam.

    Quando os bulbos possuem maior umidade que o ambiente, sofrem o processo de desidra-tao. Quanto mais baixa for a umidade do am-biente, mais brusca ser a desidratao do bulbo.

    Artigo

    Figura 1 Dente de alho cortado longitudinalmente mostrando o estado limite para consumo

    Figura 2 Efeito da ruptura da cadeia de fria em uma variedade de alho roxo

    Figura 3 - Efeitos de condensao e desidratao sobre os bulbos

    Casoocorra o contrrio, isto , a umidade do am-biente for superior a dos bulbos, eles ficam mais midos, particularmente nas catfilas.

    Os bulbos possuem uma determinada Presso de Vapor de gua (PV) e o ambiente tambm tem sua PV. Se a PV do produto for maior haver de-sidratao, se a PV do ambiente for maior haver condensao. Estes fenmenos esto representados na Figura 3.

    O tipo de tecido afeta tanto a perda de gua quanto a sua capacidade de recuperao. Assim as catfilas externas perdem gua mais facilmente que a pele dos dentes e estes, por sua vez, mais rpido que da polpa dos mesmos. A capacidade de recuperao segue essa mesma ordem. A presena de ceras nas folhas que envolvem o alho um fator positivo na reduo de perda de peso do mesmo. Um bulbo pelado se desidrata muito mais rpido que um bulbo vestido.

  • 26 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    A desidratao diferente em funo do tamanho do bulbo, devido relao entre o peso e a superf-cie do mesmo. Quanto maior a relao superfcie/volume, maior ser a perda de gua. Os bulbos pe-quenos se desidratam mais rapidamente do que os grandes, por que possuem maior superfcie exposta para o mesmo volume.

    O grau de maturao dos tecidos tambm in-fluencia as perdas. Os bulbos frescos (tecidos imatu-ros) perdem mais gua do que os bulbos secos, por isso a importncia de controlar a umidade relativa das cmaras quando se colocam bulbos excessiva-mente frescos.

    Manejo das cmaras frigorficas

    Para uma adequada conservao de alho para con-sumo rpido se recomendam temperaturas entre 0 e 0,5C. Mas esta deve ser a temperatura do ar que circula prximo aos bulbos e no do termmetro da cmara, que acusa a temperatura do lugar onde se colocou o sensor.

    No necessrio furar os bulbos na polpa, nem baixar a temperatura de 0C. Valores abaixo de zero com bulbos de colheita recente (muito midos) po-dem significar a formao de gelo no interior das clulas e consequente morte do tecido.

    Os valores de Umidade Relativa do ambiente ideais para alho de consumo fresco oscilam entre 60 a 70%. Se a Umidade Relativa for superior a esse nvel, podero aparecer fungos e promover a emis-so de razes nos bulbos conservados durante algum tempo. Abaixo desse valor, haver desidratao e perda de consistncia.

    O movimento do ar provocar maior desidratao enquanto a velocidade de circulao for maior, sen-

    do mais grave quanto menor seja a umidaderelativa.

    As paredes, o teto e o piso da cmara frigorfica, cujo principal requisito o isolamento do produto, devem assegurar uma boa distribuio do frio, pro-movendo a circulao do ar no ambiente com velo-cidade baixa com objetivo de evitar bruscas perdas de umidade.

    O uso adequado de sensores de temperatura, umi-dade e ventilao (fixo e porttil), o clculo de Pres-so de Vapor (com sua correta interpretao) e os espaos livres para conhecer o comportamento das cmaras, contribuem para o xito da empresa que ir utiliz-las.

    Caractersticas dos containers

    O container tem influncia sobre as perdas de gua dos bulbos. Os impermeveis gua (caixa, gavetas, big bags, etc) embora reduzam a perda por desidratao, podem provocar condensaes quan-do ocorrem oscilaes de temperatura e umidade. Os materiais porosos (madeira) podem causar a desidratao, j que os bulbos perdem gua, mui-tas vezes aconselhvel umedec-los previamente.

    A relao peso/volume dos containers (Quadro 1) deve ser aproximadamente de 500kg de alho seco cortado por cada m e a condutividade trmica do material tambm deve ser levada em conta.

    Carga da cmara e de pr-resfriamento

    O resfriamento brusco de bulbos quentes deve ser evitado para que no haja mudana severa de temperatura e no ocorram danos por condensao. Por isso, o pr-resfriamento deve ser utilizado.

    Devemos ter em conta que um bulbo um or-ganismo vivo (a menos que tenham sido aplica-

    Artigo

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 27

    dos antibrotantes) e, por isso, respira e transpira. O calor produzido pela respirao, chamado calor vital, deve ser rapidamente removido j que o au-mento da temperatura poder causar srias dete-rioraes, que sero maiores quanto mais alta for atemperatura.

    Sada da cmara e secagem

    As preocupaes que devem ser levadas em conta no momento da sada do alho da cmara fria so to ou mais importantes do que os cuidados da entrada da mesma. Qualquer descuido no mane-jo nesta etapa implica em condensaes indesej-veis que, se no controladas, podem terminar com manchas ou eventuais apodrecimentos.

    Tanto para operaes de carga e descarga da c-mara, o encarregado poder medir a temperatura e a umidade relativa das embalagens que armaze-nam os bulbos e do ambiente no qual entraro ou sairo os mesmos.

    Com a ajuda de clculos que estabelecem a re-lao entre temperatura e a Presso do Vapor de gua, ser possvel calcular com preciso se sob es-sas condies haver desidratao ou condensao e dessa mesma maneira modificar algum parmetro para evitar ou minimizar estas consequncias.

    Tempo de permanncia na cmara

    Como j foi explicado, o tempo de durao do alho em cmara fria, sem perder qualidade, depen-de de muitos fatores. Um dos mais importantes a variedade, isto , a resposta gentica da mesma de acordo com o resfriamento.

    H variedades de excelente qualidade que no se adaptam a conservao em cmaras frias enquanto

    Artigo

    Container Dimenses (cm) Peso (Kg) Volume (m3)

    Caixa plstica 47 x 31 x 24 18 0,035

    Caixa bin 114 x 100 x 50 285 0,570

    Big-Bag (pequeno) 80 x 80 x 80 255 0,510

    Big-Bag (grande) 80 x 80 x 110 350 0,700

    Quadro 1 Relao peso/volume de containers plsticos para cmaras frias

    Figura 4 Relao entre a temperatura e a presso de vapor de gua a 100% de umidade relativa

  • 28 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    outras podem ser mantidas por mais de 9 meses em perfeitas condies.

    A Figura 5 mostra as situaes contrastantes de duas variedades de alhos roxo logo depois de 9 meses de armazenamento na temperatura am-biente e na cmara fria.

    A Figura 6 mostra o efeito do tempo de conser-vao frigorfica sobre o ndice Visual de Dormn-cia (IVD), manifestado atravs do comprimento do brotamento e sua cor.

    Quando o armazenamento em cmara fria est alinhado com aplicao de antibrotantes autoriza-dos como o caso da Hidracida Maleica (Sal Po-tsica), a qualidade do tratamento ainda maior, como pode ser observado na Figura 7.

    10 MANDAMENTOS PARA A CONSERVAO DE ALHO

    EM CMARA FRIA

    1. evite leses sobre os bulbos durante a colheita e o empacotamento, j que estas sero responsveis pela perda de peso e vida comercial dos mesmos.

    2. armazene os bulbos classificados por calibre a granel cortados (folha e raiz) e sem descascar.

    3. lembre-se que quanto menores as manipulaes nos bulbos, menores sero os riscos de danos.

    4. os bulbos devem entrar na cmara (0c e 70% de umidade relativa) quando o ivd ainda inferior a 10%.

    5. evite a presena de outros produtos vegetais na mesma cmara fria j que o alho s admite a presena da cebola.

    6. rompa a cadeia do frio na data mais prxima possvel da venda ao consumidor.

    7. lembre-se de que quanto mais tarde a cadeia de frio rompida, menos tempo de vida til os bulbos tero.

    8. considere que o consumidor no deveria adquirir um alho cujo ivd seja superior a 75%.

    9. calcule que por cada dia de atraso na entrada do alho na cmara fria, a vida til dos bulbos 4 dias menor.

    10. organize a sada da cmara fria das distintas variedades tendo em conta que a vida til de cada uma delas.

    Artigo

    Figura 5 Corte transversal das variedades Sureo (esquerda), y Gran Fuego (direita). Na parte superior, armazenadas a temperatura ambiente entre janeiro e setembro. Na parte inferior, as mesmas variedades armaze-nadas em cmara fria durante o mesmo tempo.

    Figura 6 Corte longitudinal de dentes armazenados em cmara fria

    Figura 7 Qualidade comercial (escala 0/10), de alhos Colorados quando h combinao de uso de antibrotantes (HM) a 0, 4 y 8 kg/ha, com a conservao em cmaras frias.

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 29

    Transporte frigorfico de alhos para consumoNo faz muito sentido do ponto de vista comercial, resfriar alhos para prolongar sua vida til e depois transport-los em temperatura ambiente, rompendo a cadeia de frio.

    O transporte feito no mercado interno da Argentina por meio de duasmodalidades:

    Transporte em caminhes de carga a granel ou paletizada e consolidada em cmaras frigorficas no destino.

    Transporte em containers refrigerados (reefer), comcargas paletizadas consolidadas na origem.

    O manejo inadequado generalizado destes containers um dos pontos crticos na cadeia de frio do produto e principal causa de problemas que ocasionam a perda parcial ou total da qualidade do produto e, consequentemente, do negcio. Por esta razo, devemos enfatizar nos erros mais frequentes cometidos e buscar resolv-los.

    Devemos partir da premissa de que um container frigorfico no foi desenhado como uma geladeira para resfriar e sim como uma

    garrafa trmica para manter a temperatura, por isso fica claro que suas cargas e temperaturas devem ser controladas.

    Da mesma maneira que na cmara fria, trs parmetros so decisi-vos para decidir o futuro da carga: a temperatura, a umidade relativa e a ventilao. Se estes fatores so alterados durante o transporte dos alhos, os problemas de perda de qualidade sero srios.

    Uma carga refrigerada de alhos deve manter-se com:

    Temperatura: 0C no interior das embalagens Umidade Relativa: 70% Circulao do ar: 15 m3/hora

    Este tringulo gera combinaes desejveis e indesejveis, como mostra a Figura 8. As variaes e combinaes destes poder gerar alteraes nos bulbos (brotaes, podrido, desidratao, manchas cinzas ou parlisis cerosa), enquanto que tambm podero alterar as condies das embalagens (amolecimento das caixas e colapso dos paletes, molhando as etiquetas).

    Artigo

  • 30 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    O transporte refrigerado no ser capaz de me-lhorar as condies do produto. Todas as etapas anteriores ao carregamento (produo no campo, envase e conservao em cmaras frias) sero res-ponsveis por criar qualidade, enquanto que o transporte frigorfico ser capaz apenas de manter a qualidade.

    Descrio do container refrigerado

    Os containers refrigerados mais utilizados para o transporte martimo de alho so os de 40 ps cbicos, com uma carga til de aproximadamente 28.000kg (2.200 caixas paletizadas de 10kg de alho), que corresponde a 66m, com 2 compressores, fonte de alimentao de 380v/50 Hz com controle e registros de umidade e reciclagem do ar.

    Para transportar alho a longas distncias, ne-cessrio contar com geradores de corrente a com-bustvel lquido (genset), com autonomia de at 5 dias, que estejam na parte anterior e posterior do container para fornecer energia durante o trecho terrestre da viagem (Figura 9).

    Os containers devero assegurar a circulao do ar (para distribuio do frio), que dever ser im-pulsionada desde a base do container e ventilao (para remoo de gases de respirao e oxigenao da carga junto com os processos de transpirao da mesma), como mostra a Figura 10.

    Manejo do container refrigerado

    Um transporte refrigerado de alho de sucesso de-pender de boas condies de manejo de:

    Colheita e ps-colheita; Galpo de embalagem; Cmara frigorfica pr-transporte; Embarque no ponto de origem; Transporte frigorfico; Trasbordos em pontos intermedirios; Desembarque no ponto de destino.

    Figura 9 Vista frontal de container refrigerado

    Figura 10 Vista do corte longitudinal do container refrigerado

    Caso ocorram falhas ou se cometa erros somente em um elo desta cadeia ser suficiente para com-prometer seriamente a qualidade do alho e de todo o negcio (ainda que as companhias seguradoras paguem parte do prejuzo).

    Um dos erros mais frequentes o pr-resfria-mento do container e carreg-lo com alho a tem-peratura ambiente ou com temperatura superior a selecionada para transporte. Com isso, quando as portas do container se abrem para o carregamento, o ar do ambiente mais quente causar condensa-es de gua nas paredes e teto do container.

    Figura 8Relao entre variveis de ajuste e os resultados da carga de refrigerao de alho

    Artigo

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 31

    Esta gua livre (muitas vezes uma virtual chuva dentro do container), causar danos nas caixas e etiquetas e dever ser logo eliminada atravs da bo-bina do evaporador que forma gelo e que o equipa-mento dever eliminar (descongelamento), redu-zindo a capacidade de esfriamento do equipamento.

    Os paletes com alho devero ser pr-resfriados antes de serem carregados no container que deve chegar ao local de descarga a temperatura ambiente. Somente se poder resfriar o container quando a carga esteja a mesma da temperatura do mesmo.

    Vejamos um exemplo: uma carga de alho paleti-zada em um galpo de embalagem que no tenha cmara fria, com temperatura de 25C, emum am-biente cuja umidade relativa seja de 90%, que in-gressa diretamente no container refrigerado a 0C e 70% de umidade relativa implica na desidratao brusca do produto j que tambm foram bruscas as variaes que os bulbos sofreram.

    Vejamos o que ocorre quando a carga pr-resfriada em uma cmara a 10C e 70% de umidade relati-va antes de passar ao container a 0C. Nestecaso, haver um mnimo de desidratao, quando com-parado com o que aconteceu com a carga introdu-zida diretamente a partir de um ambiente de 25 C e 90% de umidade relativa para o outro a 0 C e70% de umidade relativa.

    Se as temperaturas do pr-resfriamento fossem menores, o ganho de peso vivo (GPV) tenderia a zero e no haveria desidratao.

    Caractersticas dos parmetros do container

    Antes e durante o carregamento deve-se ter em conta uma srie de itens com suas correspondentes comprovaes:

    Temperatura tima da carga: 0C; Umidade relativa tima da carga: 70%; Recirculao de ar da carga: 15 m3/hora; Volume e tempo de translado; Caractersticas das embalagens e lacres; Tipo de paletes recomendados

    (tamanhos, pesos e dimenses) Documentao de viagem

    Manejo do produto

    Os bulbos de alho que sero transportados em containers refrigerados devem cumprir alguns re-quisitos que garantam a qualidade nos pontos de destino. Devero estar secos em suas coberturas externas, o que implica em menos de 20 a 24 dias de secagem, com um corte que no exale com a presso dos dedos nem mostre parte do talo floral (naquelas variedades que o possuam).

    As embalagens utilizadas para a descarga dos alhos refrigerados depender da data de expedio, que depender por sua vez da data de colheita e secagem e o tipo de alho que se trata. Contudo, em todos os casos se dever assegurar uma boa circula-o de ar, da base at a parte superior (Figura 11).

    As embalagens de madeira geralmente tem a van-tagem de ser mais resistentes aos movimentos de carga e no h colapso por mais que se umedeam com o vapor de gua da transpirao dos bulbos. Aumidade da madeira seca desde os bulbos mi-dos e parcialmente retornada para a carga quando as condies se invertem. Esse tipo de embalagem tem a desvantagem de que geralmente no assegu-ram um bom movimento vertical do ar frio.

    As embalagens de papelo que geralmente garan-tem um bom movimento de ar vertical, mas so sensveis a batidas em funo do excesso de orif-cios laterais, pela pequena espessura e resistncia do material com que foram construdas, ou por fal-ta de resistncia quando as paredes se umedecem a partir da transpirao dos bulbos.

    Assim os alhos descarregados muito cedo (alta taxa respiratria e transpiratria) requerem emba-lagens de madeira, enquanto alhos despachados mais tarde podem ser transportados em embala-gens de papelo sem riscos.

    Devemos recordar que somente se podero mis-turar em um mesmo container, alhos e cebolas, j que estes so produtos que pertencem ao grupo C das RMPFR (Regras de Misturas de Produtos Fres-cos Refrigerados).

    Artigo

  • 32 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Figura 11 (1) Alinhamento de caixas, (2) Ponto de resistncia das caixas (3), Apoio correto das caixas

    Carga ou container

    Os paletes devero ser um bloco nico sem es-paos entre as cargas e as paredes do container. Todoespao livre do piso dever estar coberto com papelo grosso e o espao entre as paredes e a car-ga dever ser preenchido com espuma, papelo ou bolsas inflveis, permitindo a orientao do ar frio entre as embalagens. Devemos lembrar sempre que o ar circula pela via de menor resistncia.

    A carga no poder superar uma altura de 2,40m para deixar espao de circulao do ar superior (linha vermelha) e os materiais devero suportar seu peso sem sofrer danos (Figura 12).

    Exemplos de m acomodao onde se produzem quatro erros frequentes de cargas paletizadas:

    Espaos vazios entre os paletes; Cargas pela metade (container incompleto); Carregamentos dos paletes cobrindo-os

    com lminas impermeveis ao ar; Carregamentos sem respeitar

    a linha vermelha.

    Outros modelos de acomodao podem ser visu-alizados na Figura 12, com erros e acertos. Oserros esto caracterizados por no cobrir os setores do piso vazio.

    Uma vez completada a carga, deve-se assegurar que no ocorram movimentos que comprometam a estabilidade dos paletes. Isto possvel atravs de blocos de madeira que fixem os paletes.

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  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 33www.lindsay.com.br

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    10 MANDAMENTOS PARA O TRANSPORTE

    REFRIGERADO DE ALHO

    1. no opere o sistema de refrigerao com as portas traseiras abertas.

    2. verifique que o piso esteja limpo.

    3. verifique o peso total da carga.

    4. desenhe o layout da carga em funo da dimenso do palete e use cargas inteiras (container completo).

    5. respeite a altura dos paletes, no mais de 2,40m (linha vermelha).

    6. programe a temperatura de transporte tima (0c).

    7. verifique o funcionamento do equipamento de resfriamento e gerador auxiliar porttil.

    8. verifique o funcionamento e a posio dos controladores de temperatura e umidade relativa.

    9. assegure que a recirculao do ar seja de 15 m/hora.

    10. no deixe espaos livres no piso e nem nas paredes.

    Artigo

    Figura 12 Vista do corte transversal posterior de um container refrigerado

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 35

    Nematoide-das-galhas: importante patgeno para

    a cultura do tomateiroIntroduo

    Os nematoides-das-galhas, Meloidogyne incognita, M. javanica, M.arenaria e M. hapla so as espcies com maior distribuio em to-mateiro. Elas podem ocorrer em vrios tipos de solo, mas causam pre-juzos econmicos com maior intensidade em regies quentes e que apresentam solos arenosos e com baixos teores de matria orgnica.

    Outra espcie de nematoide-das-galhas que tem causado problemas em vrias culturas no Brasil e no mundo, inclusive na cultura do tomateiro Meloidogyne enterolobii Yang & Eisenback (sin: M.maya-guensis Rammah & Hirschmann). No Brasil, em hortalias, M. en-terolobii foi detectado pela primeira vez no Estado de So Paulo em plantas de tomateiro e pimento resistentes a outras espcies de Me-loidogyne (Carneiro et al. 2006). Desde ento, esta espcie vem cau-sando perdas nessas hortalias em diversos municpios do pas.

    Fatores como temperatura, umidade, textura do solo e nvel de re-sistncia ou suscetibilidade de cultivares influenciam na dinmica po-pulacional dos nematoides. Os danos causados por qualquer espcie de nematoide dependem da densidade populacional deste fitoparasita em relao massa de razes e tambm do vigor da planta de tomatei-ro em tolerar altas populaes. O estresse induzido pelo parasitismo de nematoides pode influenciar direta ou indiretamente o rendimen-to e a sobrevivncia de plantas de tomateiro, uma vez que as razes so danificadas e o tamanho e vigor das plantas so reduzidos, colocando desta forma plantas parasitadas em desvantagem em relao s plantas adjacentes na disputa por gua, nutrientes e luz.

    Sintomas

    Com sua atividade de penetrao nas razes das plantas os nematoi-des-das-galhas estimulam uma resposta da planta, com aumento no tamanho e na quantidade das clulas que ocorrem nas razes invadi-das pelos juvenis de segundo estdio (J2), formando desta maneira as galhas. Aps vrias invases nas razes, por inmeros juvenis, as galhas formadas apresentam forma alongada e com aspecto de incha-os ao longo do sistema radicular (Figura 1). Tambm, o transporte de nutrientes e sais minerais das razes para a parte area das plan-tas afetado, resultando em murchas e deficincias nutricionais. Os

    Jadir Borges Pinheiro

    Pesquisador Dr. em FitopatologiaEmbrapa Hortalias

    Ricardo Borges Pereira

    Pesquisador Dr. em FitopatologiaEmbrapa Hortalias

    Artigo

  • 36 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    sintomas no campo podem apresentar-se na forma de reboleiras (Figura 2) de formato irregular com plantas raquticas, murchas e amarelecidas.

    FIGURA 1. Galhas causadas pelo ataque do nema-toide-das-galhas (Meloidogyne spp.) em razes de tomateiro. (Foto: Jadir Borges Pinheiro)

    FIGURA 2. Reboleira observada em campo de produo de tomate devido a infestao pelo nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.). (Foto: Ailton Reis)

    Biologia e Epidemiologia do nematoide-das-galhas

    Meloidogyne tem uma ampla gama de hospe-deiros entre as plantas cultivadas. Na entressafra, se as condies ambientais forem favorveis, ele pode sobreviver em muitas plantas infestantes, como arrebenta cavalo (Solanum aculeatissimum), melo-de-So-Caetano (Momordica charantia), en-treoutras.

    O nematoide apresenta atividade durante todo o ano em climas quentes e solos midos, j em climas mais frios o ciclo de vida mais longo. As espcies do nematoide-das-galhas so parasitas obrigatrios de razes e de caules subterrneos. So mveis no solo, e os estdios de desenvolvimento vermiformes ou juvenis de segundo estdio (J2) so as formas de vida que infectam as razes de tomateiro encontra-das no solo.

    As fmeas de Meloidogyne (Figura 3) encontram-se parcialmente ou completamente imersas nas razes, onde depositam uma massa de ovos unicelulares en-voltas por uma mucilagem que os une e protege da dessecao e de outras condiesadversas.

    FIGURA 3. Fmea de Meloidogyne sp. com formato de cabaa. (Foto: Frederick M. Aguiar)

    Uma massa de ovos (Figura 4) pode conter de 100 a mais de 1.000 ovos. O desenvolvimento do juvenil no interior dos ovos comea dentro de al-gumas horas aps a sua deposio.

    FIGURA 4. Massa de ovos (pontos pretos) na super-fcie das galhas em razes de tomateiro parasitadas por Meloidogyne sp. (Foto: Jadir B. Pinheiro)

    Artigo

  • Dentro do ovo h a formao do primeiro ju-venil (J1). Depois de uma ecdise, ainda dentro do ovo, so formados juvenis de segundo est-dio (J2). Em seguida, ocorre a ecloso dos J2 e estes se movem dentro da massa de ovos ou migram para o solo at encontrar uma ponta de raiz nova, orientados por exsudados liberados pelas razes. Os juvenis penetram na raiz, ge-ralmente pela regio da coifa, e migram intra e intercelularmente atravs do crtex da raiz. Ao chegar a um local de alimentao, tornam-se se-dentrios e iniciam a formao de clulas gigan-tes multinucleadas, das quais iro se alimentar. Os nematoides desenvolvem, e passam por mais trs sucessivas ecdises, at o estdio adulto.

    Em geral, os danos causados pelo nematoide--das-galhas so mais graves em solos de textura arenosa em comparao aos solos argilosos. O ciclo de vida (Figura 5) varia em torno de 21 a 45 dias, dependendo das condies climticas e da espcie de nematoide envolvida. Os J2 e os ovos so estdios de sobrevivncia para estas espcies e podem sobreviver no solo com umi-dade adequada e plantas hospedeiras favorveis. Tambm entram em estado de dormncia em condies desfavorveis, ou seja, principal-mente quando o solo estiver seco e sem plan-tas hospedeiras de tomateiro ou outras esp-ciesvegetais.

    Dependendo da poca do plantio e tempera-tura, mais de uma gerao por estao de culti-vo podem ser produzidas. Exemplo, em climas quentes, quatro ou cinco geraes do nematoi-de podem se desenvolver em uma nica estao de crescimento da cultura.

    FIGURA 5. Ciclo de vida de Meloidogyne em razes de tomateiro. (Adaptado de Agrios, 2005. Arte: Ricardo Borges Pereira)

    Devido ao fato dos nematoides se moverem len-tamente no solo, onde a distncia percorrida por eles durante o ano provavelmente seja de pouca importncia, sua principal forma de disseminao a passiva, dada pela movimentao do solo, gua, implementos agrcolas contaminados, homem e animais nas reas de cultivo e, principalmente, por mudas de tomateiro contaminadas. Esta ltima responsvel pela contaminao de reas a lon-gasdistncias.

    Manejo do nematoide-das-galhas

    Para o controle do nematoide-das-galhas, de grande importncia a integrao de vrias prticas que vo desde a produo das mudas at a esco-

    Artigo

  • 38 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    lha da rea de plantio. Dentre essas, as principais so: a preveno, rotao de culturas, alqueive, uso de plantas antagonistas, uso de matria orgnica, eliminao de restos culturais, solarizao e o plan-tio de variedades resistentes.

    Preveno

    A preveno a melhor forma de controle de pa-tgenos de solo, em especial os nematoides. Aideia manter a rea de cultivo livre desses patgenos, uma vez que introduzidos na propriedade, o pro-dutor ter que conviver com o problema, j que sua erradicao praticamente impossvel. Desta for-ma, o plantio de mudas livres de nematoides fito-parasitas em solos no contaminados reduz a possi-bilidade de se introduzir estes patgenos nalavoura.

    Deve-se tambm ter o cuidado de desinfestar ferramentas, mquinas e implementos agrcolas que possam disseminar nematoides juntamente com partculas de solo aderidas aos pneus e de-mais partes do maquinrio para reas de cultivo nocontaminadas.

    Outra medida preventiva que deve ser considera-da o cuidado com a gua de irrigao. Deve-seevi-

    tar a utilizao de gua de mananciais existentes em baixadas onde h o escoamento de gua contami-nada de outras lavouras.

    Rotao de culturas

    Essa prtica, apesar de bastante utilizada e eficaz, deve ser realizada com muito critrio, pois Meloi-dogyne incognita e M. javanica apresentam mais de 1.000 espcies de plantas hospedeiras conhe-cidas. A existncia de raas para algumas espcies de Meloidogyne com gama de hospedeiras diver-sas tem dificultado o emprego dessa tcnica, o que geralmente tem limitado a escolha de plantas para o esquema de rotao e inviabilizado a ado-o desta prtica. Assim, em reas infestadas pelo nematoide-das-galhas, recomenda-se a rotao com mamona, Crotalaria spectabilis, algumas variedades de milheto e cultivares de milho resistente a esta espcie. Aalternncia destas plantas nos esquemas de rotao pode melhorar a eficincia destaprtica.

    Geralmente a rotao de culturas com plantas no hospedeiras como gramneas reduz eficiente-mente as populaes do nematoide-das-galhas.

    Artigo

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    Alqueive

    O alqueive consiste em manter o terreno limpo sem a presena de culturas ou plantas invasoras que possam hospedar os nematoides. O solo permane-ce sem vegetao com prticas de capinas manuais, araes e gradagens peridicas em intervalos geral-mente de 20 dias e/ou com o emprego de herbici-das, por um perodo de trs meses. O alqueive reduz a populao dos nematoides pela ao dessecante do sol e ventos. Este mtodo bastante promissor para regies quentes e de baixa precipitao. Porm, apresenta como desvantagens o custo da manuten-o do solo limpo e o favorecimento da eroso em regies com altas precipitaes.

    Consequentemente, essa prtica deve ser planeja-da de modo a reduzir a populao dos nematoides e, concomitantemente, reduzir os impactos causados pela exposio ao sol e chuvas ao solo sem vegetao.

    Plantas antagonistas

    A utilizao de plantas antagonistas prtica que, na ltima dcada, tem mostrado resultados expressivos na reduo dos nveis populacionais de nematoides em diferentes culturas. Crotalrias

    (Crotalariaspectabilis, C. juncea), cravo-de-defunto (Tagetes patula, T. minuta, T.erecta) e mucunas (Esti-zolobium spp.) so exemplos de plantas antagonistas utilizadas com sucesso no controle denematoides. A mucuna-preta (Mucuna aterrima) destaca-se por comportar-se como hospedeira desfavorvel para M.incognita e M. javanica, ou seja, permite peque-na reproduo dessas espcies, porm podem au-mentar as densidades populacionais quando as con-dies ambientais forem favorveis ao nematoide. As plantas antagonistas podem permitir a invaso de nematoides, porm no permitem seu desenvol-vimento at a fase adulta. o caso das crotalrias, que em um primeiro momento funcionam como hospedeiras atraindo os nematoides para as razes; entretanto, numa segunda fase, oferecem repelncia aos nematoides que penetram ou que esto prximos srazes. Assim,no ocorre a formao das clulas gigantes ou clulas nutridoras (clulas responsveis pela alimentao dos nematoides, formadas aps a penetrao e estabelecimento do stio de infeco destes organismos no interior das razes), com ini-bio do desenvolvimento dejuvenis. Ascrotalrias produzem substncias txicas, como a monocrotali-na, que inibe o movimento dos juvenis. No caso do

    Artigo

  • cravo-de-defunto, ocorre liberao de substncias com ao txica sobre os nematoides, denomina-daalfatertienil. As plantas antagonistas, crotalrias e mucunas, podem ser utilizadas como cultura de cobertura ou incorporadas ao solo na forma de adubo verde, com melhoria tambm nas condies fsicas e qumicas do solo.

    Matria orgnica

    A utilizao de matria orgnica funciona como condicionador do solo, favorecendo suas proprie-dades fsicas, alm de contribuir com fornecimen-to de determinados nutrientes, como nitrognio. Asplantas so favorecidas em relao ao ataque dos nematoides pelo seu crescimento mais vigoroso. Almdisso, a matria orgnica estimula o aumento da populao de microrganismos de solo, em espe-cial de inimigos naturais dos nematoides, alm de liberar substncias txicas com sua decomposio que contribuem para a mortalidade destes.

    O esterco de gado ou de galinha, tortas oleaginosas, palha de caf, bagao de cana e torta de mamona so exemplos de materiais orgnicos.

    Eliminao de restos culturais

    Restos de razes que permanecem nos canteiros mantm as populaes de nematoides por longos perodos, pois estes permanecem alojados em seus tecidos e tornam-se protegidos de agentes fsicos e biolgicos de controle. Portanto, a destruio de res-tos de culturas com o arranquio e a queima consti-tui uma medida simples e eficiente de controle, pois reduz a populao de nematoides presentes para a prxima estao de cultivo. Assim,no recomen-dada a incorporao de restos culturais infectados por nematoides na rea cultivada, considerando que os nematoides alojados em tecidos de restos

    culturais com massa de ovos na superfcie dessas razes possam sobreviver no solo e infectar novas plantas nos prximos ciclos decultivos.

    Solarizao

    A solarizao tem sido empregada na desinfesta-o de solos com altas populaes de nematoides, principalmente em regies quentes e de alta radiao solar. Esta prtica consiste em cobrir o solo mido com uma camada de lona transparente, geralmente de polietileno (25 a 50 m), permitindo a entra-da dos raios solares que promovem o aquecimento do solo nas camadas mais superficiais. Este aque-cimento reduz significativamente a populao dos nematoides e de outros patgenos do solo, alm de promover um controle parcial de plantas daninhas. Aeficincia e a temperatura do solo reduzem com a profundidade, mas efeitos positivos so obtidos com a cobertura do solo por um perodo de trs a oito semanas, condies em que a temperatura do solo chega a atingir de 35 a 50C at os 30 centme-tros de profundidade, dependendo do tipo desolo.

    Resistncia

    A utilizao de variedades resistentes constitui, juntamente com as prticas culturais citadas acima, uma prtica de grande relevncia para o controle dos nematoides, e tem como vantagens no ofe-recer riscos sade humana, ser de custo relati-vamente baixo e no poluir o ambiente. Assim, o melhoramento de tomateiro visando resistncia a nematoides tem papel importante no seu manejo.

    Cultivares de tomateiro portadoras do gene Mi com resistncia a M. incognita, M. javanica e M. arenaria devem ser utilizadas sempre que dis-ponvel, pois este gene limita a reproduo de Meloidogyne spp. em plantas de tomateiro e em

    Artigo

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 41

    outras espcies cultivadas. Contudo, essa resistn-cia pode ser ineficaz em temperaturas elevadas do solo (acima de 30 C), e muitas vezes no conferem resistncia a populaes geograficamente isoladas donematoide.

    Um dos principais mecanismos de resistncia de-sencadeado em plantas portadoras do gene Mi a reao de hipersensibilidade (HR), que provoca mudanas histolgicas, como a morte celular pr-xima ao stio de infeco do juvenil de segundo es-tdio de Meloidogyne spp. (Dropkin, 1969).

    Apesar de a maioria das variedades e hbridos de tomateiro atualmente no mercado, apresenta-rem resistncia ao nematoide-das-galhas, o relato de problemas em reas de cultivo de tomateiro presente, devido a infestao por outras espcies de Meloidogyne e/ou outros isolados de regies geogrficas diferentes. Desta maneira, a Embrapa Hortalias tem avaliado gentipos do banco de germoplasma da Unidade para reao a espcies de nematoide-das-galhas que infectam tomateiro no pas e com resultados positivos e perspectivas de descobertas de novos genes (ou alelos) de resistn-cia em Solanum (seco Lycopersicon).

    Vale lembrar que juntamente ao uso de cultivares resistentes, a enxertia tem sido utilizada em hortali-as no Brasil, principalmente em plantas da famlia Solanaceae como o tomate.

    Neste enfoque, plantas silvestres pertencentes famlia Solanaceae tm sido estudadas na Embrapa Hortalias em relao resistncia a M. javanica, M. incognita e M. enterolobii e os resultados so bas-tante promissores com perspectivas futuras sobre a utilizao em enxertia no tomateiro.

    importante salientar que a utilizao de apenas uma me-dida de controle dificilmente trar resultados satisfatrios. A integrao das diferentes prti-cas certamente levar o tomati-cultor a obter alta produtivida-de, com vantagens econmicas e com respeito ao consumidor e ao meio ambiente.

    Amostragem para o correto diagnstico

    Na coleta de amostras para anlise, peque-nas pores de solo, em torno de 200 g e algu-mas razes devero compor cada amostra simples. Recomenda-se coletar em torno de 15-20 amostras simples (subamostras) por hectare. medida que se caminha em zig-zag pela rea suspeita, as suba-mostras de solo devero ser coletadas em profun-didade de 20-30 cm ao redor das plantas e poste-riormente homogeneizadas (Figura 6). Emseguida, a amostra composta formada adicionando-se em saco de polietileno cerca de 400-500g de solo ho-mogeneizado e 200-300 gramas de razes coletadas aleatoriamente. A amostra composta deve ser iden-tificada e enviada para um laboratrioespecializa-do. Para reas extensas e irregulares, recomendvel sua diviso em quadrantes e retirar uma amostra composta porquadrante.

    FIGURA 6. Esquema de amostragem em reas culti-vadas com tomate suspeitas de contaminao por fitonematoides. (Arte: Ricardo Borges Pereira)

    Artigo

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AGRIOS, G.N. Plant Pathology. Boston: Elsevier, 2005. 921p.

    CARNEIRO, R.M.D.G.; ALMEIDA, M.R.A.; BRAGA, R.S.; ALMEIDA, C.A.; GIORIA, R. Pri-meiro registro de Meloidogyne mayaguensis parasitando plantas de tomate e pimento resistentes Meloidoginose no Estado de So Paulo. Nematologia Brasileira, v.30, n.1, p. 81-86, 2006.

    DROPKIN, V.H. The necrotic reaction of tomatoes and other hosts resistant to Meloidogyne: rever-sal by temperature. Phytopathology, v.59, n.11, p.1632-1637, 1969.

    RAMMAH, A.; HIRSCHMANN, H. Meloidogyne mayaguensis n. sp. (Meloidogynidae), a root--knot nematode from Puerto Rico. Journal of Nematology, v. 20, p.58-69, 1988.

    YANG, B.; EISENBACK, J.D. Meloidogyne enterolobii n. sp. (Meloidogynidae), a root-knot ne-matode parasitising pacara earpod tree in China. Journal of Nematology, v.15, p. 381-391, 1983.

  • 42 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Perspectivas para a safra de alho 2013/2014

    No dia 25 de outubro, foi realizado o XXVI Encontro Nacional dos Produtores de Alho em Flores da Cunha-RS, com a participao de quinhentos produtores de todo o pas. Na ocasio, o painel de mercado confirmou as boas perspectivas para a safra de alho de 2013/2014.

    O Brasil um grande consumidor de alho e no ano de 2013 o con-sumo estimado foi de 28 milhes de caixas de dez quilos, das quais 60-65% importadas da China e Argentina. A oferta nacional repre-sentou apenas 35-40% do nosso consumo, hoje calculado em 1,4 Kg/habitante/ano. O consumo aparente tem crescido anualmente como pode ser visto abaixo, nos grficos 1 e 2.

    Grfico 1. Evoluo do consumo aparente de alho no Brasil

    Fonte: IBGE, Aliceweb, Anapa | Elaborao: Marco Antnio Lucini

    Marco Antnio Lucini

    Engenheiro AgrnomoEpagri/Curitibanos.

    [email protected]

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  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 43

    O consumo mensal nacional de 2,33 milhes de caixas e as importaes chinesas chegaram a casa de 1,80 milhes nos meses de setembro e outubro, com isso o mercado esfriou e caram os preos praticados elo excesso de oferta. No ano de 2013 a oferta mdia mensal da China ficar perto de um milho de caixas de dez quilos por ms.

    Grfico 2: Consumo aparente: Nacional X importado desde 2002

    Fonte: IBGE, Aliceweb, Anapa | Elaborao: Marco Antnio Lucini

    A China domina o mercado nacional h duas d-cadas e dita o preo do alho no Brasil. Por meio de informaes da poca do plantio do alho sabia-se que a China tinha produzido 25% a mais que na safra anterior e que os preos praticados estavam 50% mais baratos que os de 2012/13. Por isso as expectativas eram pessimistas a partir das pri-meiras entradas do alho novo chins, podendo ser boas se a taxa de antidumping fosse renovada por um valor superior aos US$ 5,20 por caixa vigente. A evoluo das importaes de alho procedente da China pode ser vista no Grfico 3.

    Grfico 3. Evoluo das importaes de alho da China 2002/2013

    Fonte: Aliceweb | Elaborao: Marco Antnio Lucini

    *Os dados de novembro/dezembro 2013 foram estimados.

    Ainda com relao ao alho da China, aps as vendas iniciais da safra nova a US$ 9,00 por caixa, o preo caiu para US$ 6,80 no perodo de julho/agosto. Esse alho custou para o importador apenas R$ 42,00/caixa. Em outubro/novembro o alho chi-ns foi vendido em mdia de US$ 12,00 por caixa Fob/China custando para o importador R$ 62,00 por caixa j com a nova taxa de antidumping.

    O impacto negativo da entrada do alho chins no mercado nacional no foi tanto pelo baixo pre-o Fob/China praticado em julho/agosto, massim pelo volume exagerado que entrou desse alho ba-rato nos meses de setembro e outubro de 2013, como pode ser visto abaixo no grfico 4.

    Grfico 4. Importaes mensais de alho chins jan/2012 a out/2013

    Fonte: Aliceweb | Elaborao: Marco Antnio Lucini

    Com relao Argentina, nos-so segundo fornecedor, os n-meros indicam diminuio nas reas de plantio e dessa forma tero menos alho a ofertar no mercado internacional. Todo ano a Argentina manda para o Brasil entre 5,5 a 6,0 milhes de caixas de dez quilos. A oferta se concentra nos meses de dezem-bro a maro como pode ser vis-to no grfico 5. Mesmo com a reduo drstica no plantio, de 50%, de2011 para 2013, a ofer-

    Artigo

  • 44 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    ta de alhos dos Hermanos no dever ser inferior a cinco mi-lhes de caixas, j que o Brasil seu principal parceiro comercial.

    A notcia do ano que vale por cinco de incio de outubro, que a taxa de antidumping foi re-novada por US$ 7,80 por caixa, correspondendo a 50% a mais que a anterior. Essa sem dvi-da uma tima informao para o setor, j que o alho importa-do da China chegar mais caro aqui no Brasil. Essa conquista da ANAPA deu um alvio ao se-tor produtivo que estava apreen-sivo e preocupado com o desfecho do processo de renovao da taxa de antidumping.

    Alm da taxa de antidumping sobre o alho chins todo alho importado do pas asitico, atualmente h a cobrana do imposto de importao de 35%, que no caso do alho a LETEC (Lista de Exceo Tarifa Externa Comum). A ANAPA j entrou com um processo junto ao Governo Federal para que permanea nesse patamar definitivamente, uma vez que a taxa de antidumping no suficiente para frear a entrada do alho chins em solo brasileiro.

    A oferta nacional de alhos na safra de 2013/14 ser de doze milhes de caixas. O Cerrado responsvel pela oferta de 8,8 milhes de caixas e o sul com 3,2 milhes de caixas. 70% do alho ver-nalizado j foi comercializado e o resultado econ-mico at agora muito bom, j que nos meses de julho, agosto at meados de setembro o mercado operou em alta. Prev-se um mercado frio, travado de novembro a meados de fevereiro devido ao ex-cesso de oferta dos alhos importados, perodo em que a Argentina tambm entra no mercado.

    A safra de alho da regio sul do Brasil ser uma das melhores dos ltimos anos. O inverno foi mui-to frio, a diferenciao (formao dos dentes) do alho foi muito boa e a expectativa de um alho de tnica externa branca e dentes roxos, como deseja o mercado. A colheita foi iniciada em meados de no-vembro e se estender at o final doano. Comrela-

    o ao mercado para os alhos do sul, espera-se um incio com excesso de ofertas e preos inferiores ao ano passado e um final de safra com melhora tan-to na procura como nos preos praticados junto aos produtores, especialmente nos meses de abril a meados de julho.

    O resumo das perspectivas do mercado do alho em 2013/14 so essas:

    Houve aumento do preo do alho Fob/China nos meses de outubro/novembro e dessa forma o alho chins chegar mais caro aqui no Brasil a partir de dezembro;

    Ocorreu a renovao da taxa de antidumping de US$ 7,80 por caixa;

    Houve diminuio da produo de alho na Ar-gentina e a oferta para o Brasil poder ser um pouco menor que ano anterior;

    O Cerrado colheu uma excelente safra e conse-guiu comercializar mais da metade da produo a preos similares ao ano anterior que foiexcelente;

    Ser melhor a qualidade do alho produzido no sul do Brasil;

    Por isso, se prev hoje no mais uma boa safra, mas sim uma safra muito boa! Maspara isso necessrio que o nosso produtor, em especial o do sul do pas, faa o dever de casa: preparar bem o alho, vender padro e qualidade de forma orga-nizada e escalonada.

    Artigo

    Grfico 5. Importaes mensais da Argentina de janeiro de 2012 a outubro de 2013.

    Fonte: Aliceweb | Elaborao: Marco Antnio Lucini

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  • 46 | NossoAlho | Dezembro de 2013

    Situao do mercado de alho no mundo*1

    A situao atual do alho no mundo gera grande incerteza e medo entre os produtores e comer-ciantes da Amrica do Sul. Principalmente, os do Brasil e da Argentina, que integram o maior siste-ma de produo e fornecimento de alho da regio.

    No contexto internacional, h duas tendncias que ocorrem de forma mais acentuada: o aumento da incerteza sobre o que acontece nos principais pases produtores e a crescente ateno situao local de cada pas ou regio, antes do que ao contex-toglobal.

    Para caracterizar o atual contexto internacional de alho, deve se considerar que no mundo existem dois tipos principais de mercados: os Hemisfricos, com fornecimento de alho fresco dentro do mesmo hemisfrio, norte ou sul, de acordo com a correspondente colheita, e os mercados de Contra-estao, com fornecimento entre hemisfrios, complementando a falta de alho fresco quando as novas culturas ainda esto se desenvol-vendo (inverno).

    Em termos de pases fornecedores, o primeiro China, com uma estratgia de abastecimento global, vendendo para vrios destinos em todos os continentes, em mercados hemisfricos e de contra-estao, oferecendo alhos frescos ou refrigerados. At recentemente, a Argentina estava em segundo lugar, com estra-tgia tanto hemisfrica (50% no Brasil) como de contra-estao (25% para a UE, 15% para o Mxico e Estados Unidos), mas principalmente com base em alho fresco, ou tratado com anti-brotante (hidracida maleica).

    Hoje, o segundo lugar comea a ser disputado pela ndia, que aparece como novo ator internacional, basicamente orientado

    Jos A.Portela

    INTA [email protected]

    1 Palestra conferida no XXVI Encontro Nacional dos Produtores de Alho, realizado em Flores da Cunha/RS, no dia 25/10/2013.

    *Traduzido por Camila Spohr Machry

    Artigo

  • Dezembro de 2013 | NossoAlho | 47

    para atender a seus vizinhos asiticos. A Espanha, por sua vez, continua a ser o principal exportador europeu, com uma estratgia essencialmente he-misfrica (UE e pases associados), oferecendo tan-to alho fresco comorefrigerado.

    Neste contexto internacional, duas grandes ten-dncias so observadas. A primeira que crescem as incertezas no mercado de alho em funo da divul-gao de informaes contraditrias. Por exemplo, de acordo com a fonte consultada, a Espanha esta-ria aumentando suas plantaes deste ano, porque ainda tem muito alho restante da temporada ante-rior2, mas ao mesmo tempo sua inteno seria re-duzir a rea cultivada, porque os preos esto muito baixos3. Qual ento a verdade em tudo isso?

    Mas h outra razo para que o mercado se tor-nasse mais incerto: o avano de formas mais infor-mais de marketing. Este o caso da propagao do

    e-commerce de alho na China4, que est gerando alta volatilidade de preos e contribui para que o quadro geral de operaes seja menos transparente.

    A outra tendncia que se observa no mercado glo-bal de alho que as questes locais em cada pas ou regio esto ganhando importncia, independen-temente do que est definido no contexto global. Existem vrias razes para que isso ocorra: a forte retrao das economias centrais; a falta de liquidez nesses mercados; a necessidade de empregar a mo de obra ociosa. Em suma, em cada pas, o foco a superao de restries locais, embora seja possvel obter alho mais barato no mercado internacional. Exemplos disso so: aumento da produo acom-panhado por crescentes restries entrada de alho chins, na Austrlia e na Indonsia; a emergncia da ndia e da frica do Sul como novos operadores em suas respectivas regies;