revista maio 2010.p65

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1 l Combatente Junho 2010

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Campo MaiorLargo do Barata, 9C7370-119 Campo MaiorTel: 961 681 206 / 965 102 [email protected]

Castelo BrancoRua de Santa Maria, 1046000-178 Castelo BrancoTel: 272 323 [email protected]

ChavesTerreiro de Cavalaria, 25400-193 Chaves - Tel: 276 351 [email protected]

CoimbraRua da Sofia, 1363000-389 CoimbraTel/Fax: 239 823 376/ 239 833 [email protected]

CovilhãRua do Rodrigo, 656200-188 CovilhãTel e Fax: 275 323 [email protected]/[email protected]

ElvasRua Isabel Maria Picão, 77350-476 ElvasTel: 963 302 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

EntroncamentoVila Nova da BarquinhaRua Eng. Ferreira Mesquita, 12330-152 EntroncamentoTel: 249 719 [email protected]

EspinhoRua 43, 474, 1.º - Sala C4500-801 Espinho – Tel: 227 324 799

EstremozPortas de Sta. Catarina - Prédio Militar 227100-110 EstremozTel: 268 322 [email protected]

ÉvoraRua dos Penedos, 10 - 7000-531 ÉvoraTel: 266 708 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

FaroRua Dr. José de Matos, 115 - B, r/c8000-501 Faro – Tel/Fax: 289 873 [email protected]

Figueira da FozRua Rancho das Cantarinhas, 44, r/cBuarcos 3080-250 Figueira da FozTel: 233 428 [email protected]

FunchalRua Ribeirinho de Baixo, 33 B, 4.º - Dto.9050-447 FunchalTel: 291 220 [email protected]@sapo.pt

Graciosa(Nova delegação de Angra do Heroísmo /Praia da Vitória)Rua do Mercado MunicipalSanta Cruz de Graciosa 9880-373Tel: 295 732 125

GuardaPraça Dr. Francisco Salgado Zenha6300-694 GuardaTel: 271 211 [email protected]

Lagoa/ PortimãoRua Alexandre Herculano, 20 , r/cApartado 2658400-370 LagoaTel: 282 089 169

LagosRua Castelo dos Governadores, 608600-563 LagosTel: 282 768 309

LamegoUrbanização da Urtigosa, Lote 8, Cave - Esq.5100 LamegoTel: 254 613 [email protected]

LeiriaAv. 25 de Abril, Lote 12, r/c - Dto.2400-265 LeiriaTel: 244 001 [email protected]

LisboaRua João Pereira da Rosa, 18, r/c1249-032 LisboaTel/Fax: 213 470 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

LixaRua Dr. António Cerqueira Magro - EdifícioCidade Nova, Bloco 2 - Loja 114615-Lixa

LouléAvª José da Costa Mealha, nº 1508100-501 LouléTel: 289 413 726/91 339 45 [email protected]

MafraPraceta dos Combatentes2640 MafraTlm: 96 738 46 86

ManteigasRua Dr. Pereira de Matos6260 Manteigas – Tel/Fax: 275 981 035

Marinha GrandeRua do Ponto da Boavista, 122430-051 Marinha GrandeTel: 244 550 [email protected]

MatosinhosRua Prof. Rocha Pereira, 1284250-007 Portom –Tels: 224 014 [email protected]

MêdaBairro Senhora das Tábuas6430-110 Mêda

MirandelaRua da Républica, 25, 1.º5370-347 Mirandela

MonçãoRua Dr. Álvares Guerra, 48/52(Apartado 92)4950-433 Monção –Tel: 251 652 521

MontargilTravessa dos Combatentes, 57425-141 MontargilTel: 242 904 624 / 936 910 071

Montemor-o-NovoRua de Aviz, 39/41/437050-088 Montemor-o-NovoTel / Fax:266 896 668/ 266 891 149

MontijoRua Manuel Neves Nunesde Almeida, 32, 1.º - Dto. - 2870 MontijoTel: 212 310 364

MoraRua do Parque, 3 - Apartado 287490-244 MoraTel / Tlm:266 403 247 / 93 852 92 26

Oeiras/CascaisRua Cândido dos Reis, 216, 1.º2780-212 OeirasTel / Fax: 214 430 036 / 214 694 [email protected]

OlhãoRua 18 de Junho, 251/2578700-568 Olhão - Tel: 289 706 [email protected]

Oliveira de AzeméisRua António Alegria, 223, 1.º3720-234 Oliveira de AzeméisTel / Fax: 256 688 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

Oliveira do BairroRua Senhor dos Aflitos, 15-A, r/c3770-102 Oliveira do BairroTel: 234 747 [email protected]

PenafielRua Engenheiro Matos, 20(Antigo Matadouro Municipal)4560-465 Penafiel - Tel: 255 212 [email protected]

PenicheBairro de Santa Maria, Bloco 20 -1.º Esq2520 Peniche

PicoRua do Granel, BR - Madalena do Pico9950-363 Pico

PinhelRua da República - Merc. Municipal, Loja 36400-440 Pinhel – Tlm: 967 397 369

Ponta DelgadaAv. António José de Almeida, 27, 1.º - Dto.9500-053 Ponta DelgadaTels: 296 282 333 / 919 534 [email protected]

PortalegreRua 15 de Maio, 37300-206 PortalegreTel/Fax: 245 202 [email protected]

PortoRua da Alegria, 394000-041 Porto - Tel: 222 006 [email protected]

Póvoa de VarzimRua Latino Coelho, 1007, r/c4490-650 Póvoa de VarzimTel: 252 627 220

QueluzRua Dr. Manuel Arriaga, 64 - A2745-158 Queluz - Tel: 309 909 [email protected]

Núcleos da Liga dos Combatentes no País

e no estrangeiro

AbrantesRua do Arcediago, 162000-399 AbrantesTel: 309 760 454nú[email protected]

Alcácer do SalCalçada 31 de Janeiro, 217580-098 Alcácer do SalTel: 265 081 958 / 968 764 [email protected]

AlcobaçaRua Luís de Camões, 63, r/c - D2460-014 AlcobaçaTel: 262 597 [email protected]

AlmadaPraça Gil Vicente, 13, 4.º - F2800-098 AlmadaTel: 212 751 988

Angra do Heroísmo / Praiada VitóriaLargo da Boa Nova9700-031 Angra do HeroísmoTel: 295 212 [email protected]

AroucaRua Dr. António Casimiro LeãoPimentel (perto do Tribunal)4540-132 Arouca

Aveiras de CimaRua António Amaro dos Santos, 52050-075 Aveiras de CimaTel: 263 476 796

AveiroRua Eng. Von Halfe, 61, 1.º - C3800-177 AveiroTel: 234 427 878

AzambujaRua Boavista Canada, 202050 AzambujaTel: 263 418 160

BatalhaRua Maria Júlia Sales Oliveira ZuqueteMoinho de Vento – Apartado 1042440-901 BatalhaTel: 244 765 [email protected]

BejaPraça da República, 42, 1.º7800-427 BejaTel: 284 322 320

BelmonteEdifício Multiusos - Sala 1Rua Pedro Álvares CabralTel: 96 285 63 226250-086 Belmonte

BragaBêco do Eirado, 13, 1.º4710-237 Braga - Tel: 253 216 [email protected]

BragançaEdif. Principal - Largo General SepúlvedaApartado 76 – 5300-054 BragançaTel: 273 326 [email protected]

Caldas da RainhaPavilhões do Parque D. Carlos I2500-109 Caldas da RainhaTel/Fax: 262 843 [email protected]

Joaquim Chito RodriguesTenente-General

Presidente da Direcção Central

Regu. de MonsarazRua João de Deus, 147200-376 Reguengos de MonsarazTlm: 963 090 [email protected]

Rio MaiorRua João de Deus, 41, r/c2040-287 Rio MaiorTel/Fax: 243 908 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

SantarémTravessa dos Pasteleiros, 162000-043 Santarém - Tel: 243 324 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

São TeotónioRua do Comércio, 67630-620 São TeotónioTel: 914 272 306

SesimbraTravessa Cândido dos Reis, 9, 1.º2970-789 Sesimbra- Tel: 212 280 306

SetúbalRua dos Almocreves, 62, r/c2900-213 SetúbalTel: 265 525 765

SintraRua Dr. António José Soares, 2 - Portela2710-423 Sintra – Tlm: 916 449 632Tel: 219 243 [email protected]

TaviraRua TCor Melo Antunes, 2, r/c - Dto.8800-687 Tavira - Tel: 281 324 108

TomarPraceta Dr. Raul Lopes, 1, r/c2300-446 TomarTel/Fax: 249 313 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

Torres NovasRua Miguel de ArnidePrédio Alvorão, 69-A, r/c - C2350-522 Torres NovasTel: 249 822 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

Torres VedrasApartado 81- [email protected]

ValençaRua José Rodrigues4930 Valença

Valpaços(Delegação de Chaves)Terreiro de Cavalaria, 25400-193 Chaves - Tel: 276 351 [email protected]

Vendas NovasRua General Humberto Delgado, 47 - C7080-167 Vendas NovasTel: 265 087 [email protected]@ligacombatentes.org.pt

Viana do CasteloRua de S. Pedro, 39, 1.º4900-538 Viana do CasteloTel: 258 827 705

Vila Franca de XiraPraça Bartolomeu Dias, 13Quinta da Mina2600-076 V. F. X.Tel: 263 276 [email protected]

Vila Nova Foz Côa(Delegação do Núcleo da Guarda)Sala Anexa do Edificio da EscolaPrimária - Plano Centenário doMunicípio de V. Nova Foz Côa5150 Vila Nova de Foz CôaTel: 279 098 180

Vila Nova S. AndréBairro 678 FogosBanda 5 - Edifício 1, 2.º B7500-170 Vila Nova S. AndréTel/Fax: 269 083 117 / 918 210 [email protected]

Vila RealLargo Conde de Amarante,Edifício do Governo Civil, r/c5000-529 Vila RealTel: 259 324 379

Vila R. de S. AntónioRua Almeida Garrett, 168900-243 Vila Real de Santo AntónioTel/Fax: 281 544 [email protected]

VinhaisLargo dos Combatentes da GrandeGuerra - ArrabaldeCasa da Assistência5320-318 VinhaisTel: 273 106 169

ViseuRua da Prebenda, 3, r/c3500-173 ViseuTel: 232 423 [email protected]

Winnipeg (Canadá)1331 Downying St. Winnipeg,Manitoba, R3E 2R8 – Quebec CanadáTels: 204 772 1760/228 1132

Quebec (Canadá)Cp 42027 – Succ. RoyMontrealQC– H2w1y1– Canadá

Ontário (Canadá)1171 Dundas Street West, TorontoOntário M6J 1x3

Tel: 416 534 75 15Fax: 416 534 31 71

Sallaumines (França)24 Rue de Quimper62430 SallauminesTel: 0033 21677052

S. Vicente/MindeloChã de MarinhaRibeira de Julião - Cabo VerdeC.P. 89A-5VTel: 2329105

ReconhecimentoEm dez de Junho de 2010, uma centena de antigos combatentes, represen-

tando centenas de milhares de combatentes, vivos e mortos, desfilou,integrando a Cerimónia Militar do Dia de Portugal, imediatamente atrás doBloco da Bandeira que serviram. Nada de anormal se não tivesse acontecido,pela primeira vez, trinta e cinco anos após o fim da guerra.

Que significado tem este simples facto? Esperamos que tenha algumsignificado para os portugueses em geral e para alguns portugueses emparticular.

Para os combatentes, embora tardio, representa dada a origem da inicia-tiva e o momento escolhido, um importante factor informador do reconhe-cimento político e público do seu esforço, do seu sacrifício, do seu combateao serviço de Portugal. O Presidente da República, pela primeira vez, deu estesinal aos portugueses, e António Barreto proferiu um histórico e memoráveldiscurso.

“Todo o cidadão é um combatente por Portugal”, já afirmara o SenhorPresidente da República, no Dia do Combatente, na Batalha.

Na verdade, ser combatente, para além de uma condição é um estado deespírito.

Registamos, porém, alguma diferença entre os combatentes de ideias, quecombatem com mais ou menos fôlegos, pelas suas próprias ideias e os que,com sentido do dever, têm de se bater, de armas na mão, quantas vezes porideias que não as suas, mas que outros, que detêm o poder, consideramserem vitais para o País. E juram fazê-lo com o sacrifício da própria vida.

Talvez a uns possamos chamar de combatedores e aos outros de comba-tentes.

Aqueles, os combatedores de ideias, lutam normalmente vivendo o pre-sente perspectivando o futuro. Estes, os Combatentes, preocupados com ofuturo, lutam no presente sem nunca esquecerem ou abandonarem oviolento passado que os marcou, assumindo-o como se assume a História,mantendo-se a ele profundamente ligados e com a esperança de que um diao seu esforço pelo País, tenha o merecido reconhecimento. O Dia 10 de Junhodeu um particular e significativo contributo para esse reconhecimento.

A carga suplementar da chamada “guerra injusta” que alguns insistem emsublinhar, atacando os políticos de então, sem se lembrarem de que atacame amachucam os cidadãos que tiveram na realidade de fazer simplesmentea guerra, fica assim mais leve.

Para além de Reconhecimento, os Combatentes batem-se apenas por maisdois objectivos. Apoio material e apoio médico, psicológico e social adequa-dos.

Hoje sublinhamos o sentimento de regozijo da generalidade dos antigoscombatentes, pela sua visível presença junto das Forças Armadas quetiveram a honra de servir, nas mais difíceis circunstâncias. Não exigindorecursos, importa que se aprofundem eventos de significado semelhante.Uma vez atingido este objectivo moral, mais facilmente serão encarados osobjectivos de ordem material atrás enunciados.

A obtenção de reconhecimento é igualmente um passo importante na lutacontra a vitimização das vítimas e um incentivo para os que hoje se bateme os que continuarão a ter que se bater por Portugal nas Forças Armadas.

“Ser combatente,para além

de uma condiçãoé um estadode espírito”

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CombatenteEdição n.º 352TrimestralJunho 2010

Proprietário e Editor:Liga dos CombatentesRua João Pereira da Rosa, 181249-032 LisboaTel.: 213 468 245Fax: 213 463 [email protected]/NIF 500816905

Director:Presidente da Direcção CentralConselho Editorial:Direcção CentralDirector Executivo:Hélder Freire

Edição online e gestão de informática:Jorge Martins

Secretariado:Anabela [email protected]

Design:Ricardo Nogueira

Execução gráfica:Xis e érre, Lda.Rua José Afonso, 1 - 2.º Dto.Laranjeiro 2810-237 AlmadaTel.: 212 586 046 Fax: 212 586 [email protected]

Revisão:António Costa

Impressão:LisgráficaRua Consiglieri Pedroso, 90Casal de Santa Leopoldina2730-053 BarcarenaTel: 214 345 400 Fax: 214 360 [email protected]

Expedição:Translista, Lda.Rua Miguel Bombarda, 9Queluz de Baixo2745-124 BarcarenaTel: 214 266 886Fax: 214 266 [email protected]

Tiragem:50.000 exemplares

Depósito Legal:210799/04ISSN – 223 582ICS – 101 525

BatalhaDia do combatente 22

Sumário

O «Combatente» reserva-se o direito de não publicar colaboração não solicitada ou queseja contrária ao seu Estatuto Editorial.

Os artigos assinados, são da responsabilidade dos seus autores e podem nãoreflectir a opinião da Direcção.

Os Combatentes dePortugal vivem um grande

dia ao evocarem o 9 deAbril, revendo-se, por

convicção, no símbolo do“Soldado Desconhecido”.

Se uma estátua élembrança dos que

desapareceram, enuncia,na sua nudez, um carisma

provocador

Destaque

Fundo Liga Solidáriado antecedentedo antecedentedo antecedentedo antecedentedo antecedente .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 53.932,7153.932,7153.932,7153.932,7153.932,71

Dra. Maria Virginia Mendes Gregório ..................................................... 125,00

Francisco António Costa ............................................................................... 14,00

Núcleo de Winnipeg (Canadá) ............................................................. 1.000,00

Núcleo de Estremoz ....................................................................................... 7,20

Novabase - SGPS, SA ............................................................................. 3.500,00

Núcleo de Rio Maior .................................................................................. 250,00

Jeremias Francisco Gaudêncio Neves ................................................. 1.000,00

Saldo passa a:Saldo passa a:Saldo passa a:Saldo passa a:Saldo passa a: ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 59.828,9159.828,9159.828,9159.828,9159.828,91

- - - - - Donativos - NIB 0035 0396 0022 0208 9305 8

10 de JunhoFaro e Lisboa18

14 Goa, Damão e Diu

Estóriasda História 30

Homilia no Dia dos Combatentes

«Na Sala do Capítulo, um soldadosem rosto, aponta também para oscombatentes vivos, enquanto ignora-dos quer pela opinião pública em ge-ral, quer por não-poucos detentores daresponsabilidade do bem comum, querpor sensibilidades despreocupadas pe-los motivos injustos que originam con-flitos.

A Liga dos Combatentes e as asso-ciações militares e dos antigos Com-batentes são suporte, no seguimentoe representação dos três ramos dasForças Armadas, duma memória vivae activa. Tem sido seu trajecto o rea-cender dos valores da cidadania e dosão patriotismo, nunca se arrogandoo monopólio da solidariedade e doscombates a favor do País. De igualforma, a construção de uma mentali-dade exigente, plural e fraterna têmtransparecido em acções de apoio a

Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança

situações individuais e familiares degrande carência, pelo país inteiro.

Quando o Canal l da Rádio TelevisãoPortuguesa deu conta, há dias, doscasos limites de dois antigos comba-tentes, a viverem em condição desem-abrigo, mal iria a Pátria, se ajustiça e a visão da dignidade do“outro”, não lhes fossem prestadas,como foi o caso.

Mas haverá ainda outros em aberto.A convicção de que os sofredores

têm ou teriam de ter o primeiro lugarna nossa missão, põe-me à consciên-cia esta interrogação, a qual há umasemana partilhei na Igreja Memória,com todos os padres capelães, naMissa Crismal, a propósito da partilhapecuniária organizada durante a Qua-resma a favor de tantos desemprega-dos no nosso País. E a interrogação éesta: enquanto prosseguimos a luta

Contrato com aInforma-se os nossos associados, que continua em vigor, o novo contrato de fornecimento de combustíveis com

a GALP.Trata-se da aquisição de vantagens significativas (6 cent. para o utente e 1 cent. para a Liga= 7 cent.) para os

subscritores deste contrato, pelo que os interessados devem inscrever-se junto dos seus Núcleos.

pela justiça, não será possível pôr emprática uma grande e conjugada pla-taforma de solidariedade entre todosnós, crentes e descrentes, em ordema quem nada ou pouco tem?

Diante de desmandos, de que sãoculpados objectivamente, de forma la-mentável, sacerdotes da Igreja Católi-ca, em alguns países, dever-se-á cadavez mais enunciar este princípio basilarda ética: “É preciso defender as vítimas,desarmando o agressor”. Este ordena-mento é alicerce único do princípio danão-indiferença, e por consequência,da clássica ingerência humanitária.

Conforme os Actos dos Apóstolos(4, 13-21): “Não podemos calar o quevimos e ouvimos”: O Senhor ressusci-tou (Mc., 16, 9-15).

Teve razão S. Paulo ao resumir suavida nesta fórmula tão simples: “Comba-ti o bom combate. Conservei a fé”».

Novas vantagens(Até 7 cent.)

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actual Núcleos

Campo Maior

No acto inaugural, disse o generalChito Rodrigues:

«Ao reassumir a memória e o com-promisso de solidariedade para comos combatentes mortos e vivos, sejaqual tenha sido o seu tempo históri-co, passado ou actual, o Núcleo deCampo Maior que hoje relançamos,junta-se aos 85 Núcleos da Liga dosCombatentes com igual finalidade,espalhados pelo País e pelo estran-geiro e constitutivos de uma rede desentimentos patrióticos e humanitá-rios sem paralelo».

Dizendo da sua satisfação, por poderproceder a este relançamento do Nú-cleo de Campo Maior, o general ChitoRodrigues afirmou, mais adiante:

«Somos de facto uma InstituiçãoParticular de Solidariedade Social háquase um século. É momento paracontinuarmos a gritar bem alto quenos devem considerar como tal e aonível de quaisquer outras».

Depois de historiar os diferentesprogramas estruturantes em que aLiga está envolvida, disse o Presiden-te da Direcção Central:

«As autoridades locais através donosso Núcleo devem sentir face às ac-tividades que desenvolvemos, que so-mos uma Instituição útil, que ajuda aresolver problemas do passado e dopresente nos mais variados sectores deinteresse da sociedade e que rejuve-

Mais um Núcleo que se junta a nós

Campo Maior já tem umNúcleo da Liga dos

Combatentes. À festa dainauguração, compareceram o

general Chito Rodrigues,Presidente da Direcção

Central, o coronel TravassosFernandes, Secretário-Geral da

Liga e o Comendador ManuelNabeiro

Presidente: João José Carixas Silveirinha, MajorSecretário: José Manuel Raposo Rosinha, Sargento-morTesoureiro: João Carlos da Encarnação Restolho, Sargento-ajudante1.º Vogal: José Francisco Coutinho Trindade, Sargento-chefe2.º Vogal: Rui Alface Gouveia, Sargento-ajudante

nesce cada dia que passa, com novosmembros de cidadãos e de militaresque se revêem nos nossos objectivos ecom novos combatentes dos conflitosem que Portugal na defesa dos seusinteresses vitais, se vê envolvido».

De seguida, o general Chito Rodri-gues garantiu todo o empenho daLiga e do novo Núcleo na ajuda aoscombatentes da região.

Mas esta é uma tarefa que nãopode ser desenvolvida somente pelaLiga. A este propósito, disse o generalChito Rodrigues:

«Talvez hoje para além dos apoiosque solicitamos ao senhor Presidenteda Câmara, para este jovem Núcleo,solicitando que este actue de formaactiva na vida da comunidade de Cam-po Maior;

Aos comandantes militares e dasforças de segurança presentes, nomínimo para que incentivem os cida-dãos e militares para que se tornemmembros desta Instituição;

Sentimos que a palavra solidarie-dade e apoio mútuo sejam concei-tos especialmente sentidos pela po-pulação de Campo Maior pois aquise situa o coração e alma de umagrande empresa cuja política e for-ma de estar e actuar se situa paraalém das meras relações comerciaisaprofundando relações humanas esolidárias reconhecidas a nível na-cional. Os verdadeiros responsáveismesmo, por em Portugal e logotambém na Liga dos Combatentesespalhada por todo o País, tomarcafé, não seja apenas um momentoagradável, mas um estilo de vidaencontra-se em Campo Maior.

É pois com muita honra que hojetemos entre nós o seu mais altoresponsável, o senhor ComendadorManuel Nabeiro de quem como énatural esperamos o apoio à Ligados Combatentes como um todo eao Núcleo de Campo Maior em par-ticular…».

Corpos Directivos

Destaque

Liga em movimento

Assinados protocolos com o MDN

Na ocasião, usaram da palavra oPresidente da Direcção Central,

general Chito Rodrigues, que, refe-riu, a dado passo: «Os ProgramasEstruturantes que hoje aqui apresen-tamos, são sem qualquer dúvida asartérias que transportam em si todaa vitalidade da Liga dos Combaten-tes e que são pois Programas simul-taneamente Estratégicos e Estrutu-rantes com os quais se materializamos objectivos enunciados e sem osquais, face à sua abrangência, não hávida que valha a pena ser vivida naLiga dos Combatentes».

Depois de caracterizar o estado deexecução em que se encontram osvários programas concluiu o generalChito Rodrigues:

«Assinalo que definimos recente-mente um sexto Programa Estraté-gico Estruturante. Que denominá-mos de Passagem do Testemunho eque estamos a estruturar por forma,a que as acções a desenvolver se-jam a garantia do conceito por maisque uma vez já expresso por nós deque a perenidade da Liga dos Com-batentes é um facto histórico e temque ser continuado. Temos que con-tinuar a passar o testemunho aoscombatentes das Operações de Paze Humanitárias mas de uma formaestruturada e sistemática aprofun-dando os resultados que já obtive-mos até aqui».

Com a presença do Secretáriode Estado da Defesa e

Assuntos do Mar, dr. MarcosPerestrello, decorreu, na sede

da Liga dos Combatentes, aassinatura de vários

protocolos, referentes aosprogramas estruturantes

da Liga

No mesmo tom, foi a intervençãodo dr. Marcos Perestrello, que enfati-zou o apoio que o Governo está a daraos programas destinados aos com-batentes, nomeadamente, na conser-vação das memórias, no apoio à saú-de, na inovação e modernização dosmais de 80 núcleos da Liga, na cultu-ra, cidadania e defesa e no apoio à

construção de lares para idosos e ca-renciados.

Relatório e contas

Mais tarde realizou-se a Assem-bleia Geral da Liga, em que foi dis-cutido e aprovado por unanimidadeo relatório e contas de 2009.

Foi também ratificado o novoPresidente do Conselho Supremoda Liga, almirante Vieira Matias,por indisponibilidade do anteriorPresidente general Altino de Ma-galhães.

Novo Presidente do Supremo

A Direcção da Liga recebeu o Secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar

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Havendo duas vagas no Conselho Supremo, foram aprovados eeleitos, o vice-almirante Lopes Carvalheira e o dr. António Pires daSilva, para os lugares em aberto.

General Altino Magalhães Almirante Vieira Matias

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No âmbito das Comemorações do Cen-tenário da República de 1910/2010

levadas a efeito pela Câmara Municipalde Sesimbra foi prestada homenagemaos Militares Sesimbrenses, no dia 9 deAbril, junto ao seu Monumento, em Se-simbra, que fizeram parte do Corpo Expe-dicionário Português, na 1.ª Grande Guer-ra, em França. Na cerimónia estiverampresentes o Presidente da Câmara Muni-cipal, Arqt.º Augusto Pólvora, a Vereadorada Cultura, Dr.ª Felícia Costa, uma Secçãoe um Terno de Clarins pertencentes aosFuzileiros Navais, da Marinha de GuerraPortuguesa assim como algumas pes-soas. Depois da alocução proferida peloPresidente do Núcleo dos Combatentesde Sesimbra, Comte. Manuel Henriques,referida à 1.ª Grande Guerra e à Batalhade La Lys, em França, com a triste referên-cia sobre a morte e os feridos dos MilitaresPortugueses na batalha, falou o Presiden-te Augusto Pólvora também sobre aquele

Oeiras

tema – Grande Guerra – e fez uma referên-cia especial pela contribuição do Núcleo edos Fuzileiros Navais na cerimónia. Emseguida foi colocada uma coroa de flo-res, pelos dois Presidentes, junto aoMonumento tendo em seguida sido pres-tado o minuto de silêncio em homena-gem aos heróis Sesimbrenses mortosnaquela Guerra com os Fuzileiros Navais

Sesimbra

e o Terno de Clarins, respectivamente,apresentando armas e tocou os acordesem sua memória. Terminada a cerimó-nia a Câmara Municipal ofereceu umalmoço aos Militares da Marinha de Guer-ra. Uma palavra ainda, de felicitações,aos Drs. Luís Ferreira e João Ventura e àDr.ª Susana Jeremias pela sua contribui-ção em prol da cerimónia.

Veja mais informaçõesno site da Liga

www.ligacombatentes.org.pt

Dia do Combatente, pelas 9H00este Núcleo deu início à comemo-ração do Dia Nacional do Comba-tente com a cerimónia do içar doEstandarte.

Seguiu-se em romagem, com-posta por membros dos ÓrgãosSociais do Núcleo e outros Com-batentes, até junto ao Monumen-to aos Mortos pela Pátria onde foicolocado um ramo de flores, nabase do Monumento, e guardadoum minuto de silêncio. Na altura,o Presidente da Direcção do Nú-cleo pronunciou algumas palavrasalusivas à efeméride.

Mosteiro da BatalhaUma representação da Direcção

deste Núcleo, esteve presente,acompanhado do seu Guião, nasComemorações do Dia Nacionaldo Combatente, 92.º Aniversárioda Batalha de La Lys no Mosteiroda Batalha no dia 10 de Abril de2010.

Esteve igualmente presente naSala do Capítulo e participou tam-bém da Romagem ao túmulo doSoldado Desconhecido.

Cedência de Talhão

Satisfazendo uma solicitaçãodeste Núcleo de Setúbal, a Câma-ra Municipal de Palmela, comuni-cou em 25Abr2010, pelo Of.º 8634a atribuição de talhão privativopar uso exclusivo da Liga dos Com-batentes, com capacidade para12 sepulturas, aprovada por vota-ção em reunião pública em23Set2009.

Setúbal

O Núcleo da Liga dos Combatentesde Angra do Heroísmo/PV, em

colaboração com a Delegação da Ligana Graciosa e Câmara Municipal daIlha da Graciosa, organizou no dia 11de Abril de 2010, na Ilha da Graciosa,Freguesia de Nossa Senhora da Luz, acerimónia de homenagem aos anti-gos combatentes mortos na guerrado ultramar e inauguração do memo-rial ao ex-combatente leone Frutuoso

GraciosaPicanço, falecido a 16 de Agosto de1967, na província de Moçambique.

Assistiram ao acto, a Exm.ª Vice--Presidente da Câmara Municipal daGraciosa, Maria da Conceição de SousaLuz Cordeiro, do representante do Ge-neral Comando Operacional dos Aço-res, Capitão de Fragata, Paulo JorgeOliveira Inácio e representante do Pre-sidente do Núcleo da Liga dos Comba-tentes de Angra do Heroísmo/PV tcor,

ram associar directamente ao acon-tecimento.

Participaram nas cerimónias ForçasMilitares constituídas por uma Secçãodo Regimento de Guarnição N.º 1,uma Secção da Marinha Portuguesa epor uma fanfarra do Regimento deGuarnição N.º 1.

Foi descerrada a lápide do monu-mento, pelo Vice-Presidente da Câ-mara Municipal da Graciosa.

Depositaram flores junto ao Monu-mento dos Combatentes, o represen-tante do Presidente do Núcleo da Ligados Combatentes de AHPV, o Vice--Presidente da Câmara Municipal daGraciosa e o membro da AssembleiaMunicipal da Câmara Municipal daGraciosa.

Usaram da palavra, o Tcor José Pe-reira Rodrigues do Núcleo de Angra doHeroísmo/PV e Vice-Presidente daCâmara Municipal da Graciosa, Mariada Conceição de Sousa Luz Cordeiro.

José Pereira Rodri-gues.

A cerimónia con-tou ainda, com a pre-sença de ex-comba-tentes e diversas en-tidades convidadas,civis, religiosas e mi-litares, como tam-bém com a partici-pação espontâneade muito povo anó-nimo que se quise-

Pelas 12h30 teve lugar oalmoço/convívio no pavi-

lhão multiusos de Vila Boim,com elevada participação desócios e respectivas famílias ediversos convidados oficiais,Vereador da Câmara Munici-pal de Elvas em representa-ção do Presidente da edilida-de, o Director do Museu Mili-tar, representante do Coman-dante do Regimento de Cavalaria N.º 3, o Comandante dos Bombeiros Voluntários deElvas, o Comandante do Posto da GNR de Vila Boim, o Presidente da ARPIELVAS, oPresidente da Freguesia de Caia e São Pedro e uma delegação da Associação deFuzileiros.

Pelas 15h00 tiveram lugar junto ao monumento ao Combatente do Ultramar emVila Boim as cerimónias militares, com deposição de flores pelas entidades convida-das, tendo uma força militar do RC3 prestado as honras militares, momento alto dacerimónia e de comoção dos Combatentes.

Pelas 16h00 decorreu idêntica cerimónia em Elvas, junto ao monumento aosCombatentes do Ultramar. Iniciou-se com a entrega do medalhão da Liga ao 1SARAntónio Ganchinho, como reconhecimento pelos serviços prestados na direcção doNúcleo, de seguida usou da palavra o Presidente do Núcleo que evocou a efeméride,fez um balanço da actividade do Núcleo, perspectivas para o futuro e terminou como grito da Liga dos Combatentes. Prosseguiu-se com a deposição de flores pelasentidades convidadas, e com a prestação de honras militares pela força do RC3.

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Em Oeiras, a cerimónia decorreu naPraça do Ultramar, junto ao monu-

mento aos Combatentes e foi presididapelo Presidente da D.C., TGen ChitoRodrigues. Em Cascais a cerimónia de-correu no jardim Visconde da Luz, juntodo monumento aos mortos da G.G.

Em ambas as cerimónias estiverampresentes os respectivos presidentes dasCâmaras, Oficiais Generais, Cmdts e re-

presentantes dos Comandos e UnidadesMilitares e das Forças de Segurança sedia-das nos Concelhos, presidentes de Juntasde Freguesias, Associações de Combaten-tes, sócios da LC e público em geral.

As cerimónias constaram de alocuçãopelo presidente do Núcleo, deposiçãode coroas de flores e de honras milita-res, prestadas por uma força com fan-farra do RAA1.

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Torres VedrasReactivação do Núcleo

Em 18 de Fevereiro de 2010 aDirecção Central da Liga dos Com-

batentes aprovou a constituição deuma Comissão Administrativa paraa reactivação do Núcleo de TorresVedras, composta por três sócioscombatentes: José Costa Pereira,Miguel Silva Machado e António DiasRodrigues.

Entre Mafra e Caldas da Rainha háuma enorme área onde não existiaqualquer Núcleo a funcionar, estandoassim esta comissão desde já: a fazer olevantamento documental dos antigoscombatentes aqui residentes, em para-lelo procura-se uma sede e tão brevequanto possível será lançada uma cam-panha de recolha de associados.

Uma primeira acção concreta estáno entanto em marcha, conferir adignidade perdida ao Talhão dosCombatentes no cemitério da Louri-nhã. Tendo em consideração o esta-do de degradação a que o referidotalhão chegou, a Liga dos Comba-tente está neste momento a reco-lher os fundos, já orçamentados,para dar às campas daqueles anti-gos associados que lutaram por Por-

tugal, a maioria nos campos de ba-talha da 1.ª Guerra Mundial, a digni-dade que se exige.

ses de boa vontade foi em 2002 quetal obra, onde se perpetua a memó-ria dos naturais do concelho ali fale-cidos, viu a luz do dia. Bem Hajam! ONúcleo de Torres Vedras da Liga dosCombatentes pretende agora con-gregar as vontades disponíveis parapoder não só continuar a honrar, re-gularmente, os conterrâneos mortosem combate, mas também apoiaraqueles que vivendo na região ne-cessitam de algum tipo de ajuda.

Núcleo de Torres Vedras(Comissão Administrativa)

Presidente: Tenente-Coronel JoséJoão da Costa Pereira;

Secretário: Tenente-Coronel Mi-guel António Gabriel da Silva Ma-chado;

Tesoureiro: Capitão António Ma-nuel Dias Rodrigues.

Torres Vedras, tem um dos maissignificativos monumentos feitos emPortugal aos mortos no antigo Ultra-mar. Graças a um grupo de torrien-

Contactos do Núcleo:Liga dos Combatentes, Apartado 81,

2564-909 Torres [email protected]

O Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Chito Rodrigues recebe na sede nacional a Comissão Administrativa doNúcleo de Torres Vedras.

Inaugurado em 2002, o Monumento aos Torrienses Mortos no Ultramar, da autoria de José Núncio, é sem dúvida um dos maissignificativos e originais de Portugal.

Migu

el Ma

chad

oBraga

EstremozPor todo o lado onde háNúcleos da Liga dos

Combatentes, realizaram-secerimónias evocativas da

batalha de La Lys ehomenagearam-se os

soldados portugueses mortosem combate nos diferentesteatros de guerra em que a

Nação esteve envolvida.Na impossibilidade de darmos

maior destaque individual atodos, aqui ficam os registos

que nos chegaram.

Dia do Combatente comemorado de norte a sul

Data comemorada emFafe, com o descerramentode uma lápide com os no-mes dos 15 militares de Fafemortos na Grande Guerra.

De registar a presença dedeputados à AssembleiaMunicipal, de vereadores daCâmara local e de outras Câ-maras do Distrito, do Chefedo Centro de Recrutamento

de Braga, de representantes das Forças de Segurança locais e distritais, edo Presidente da Delegação Distrital de Braga da CVP.

Presidiu ao acto o Presidente de Hon-ra do Núcleo, Major General António

Francisco Martins Marquilhas.Cerimónias muito dignas, na opi-

nião de todos os presentes, destacan-do-se a imposição da Medalha deMérito da Liga, com louvor da Direc-ção Central, ao Sargento-ajudante JoãoJosé Pereira que há mais de um quar-to de século desempenha as funçõesde tesoureiro do Núcleo.

Seguiu-se um almoço num dos Restau-rantes da cidade que contou com cerca de400 pessoas e que decorreu num ambi-ente de alegria e boa disposição, poistratou-se do Dia do Combatente.

PASSEIO CULTURALPASSEIO CULTURALPASSEIO CULTURALPASSEIO CULTURALPASSEIO CULTURAL

Num autocarro cedido pela Câma-ra Municipal de Estremoz, ao abrigodo protocolo estabelecido com oNúcleo, um grupo de sócios, de am-bos os sexos, acompanhados por al-guns elementos da Direcção, deslo-caram-se a Lisboa no dia 18 de Abril,a fim de visitarem a exposição que seencontra patente no Museu da Esco-la Politécnica e, em seguida, ao fortedo Bom Sucesso. Foi, sem sombra dedúvida, um autêntico passeio cultu-ral. Todos os presentes admiraram aexposição, muito bem conseguida,sobre a I Grande Guerra, provandoque, com reduzidos recursos, se po-dem fazer coisas interessantíssimas;o trabalho desenvolvido no Forte doBom Sucesso surpreendeu todo ogrupo que, após ter depositado umramo de flores junto ao Monumentoaos Combatentes e guardado umminuto de respeitoso silêncio juntoàquele local onde se encontram gra-vados na pedra fria do mármore cer-ca de 10.000 nomes que deram avida pela Pátria, visitou, devidamen-te acompanhado pela guia que de-sempenhou cabalmente a sua mis-são, todo o espaço do Forte que,durante muitos anos, esteve com-pletamente abandonado.

As cerimónias comemorativas docentenário do nascimento do Mare-chal António Sebastião Ribeiro deSpínola, realizadas nesta cidadeonde nasceu o ilustre militar no dia11 de Abril de 1910, foram presidi-das pelo Chefe do Estado Maior doExército, esteve presente a Liga dosCombatentes representada peloVice-Presidente da Direcção Central,Major-General Fernando Aguda, oPresidente de Honra do Núcleo deEstremoz, Major-General AntónioMarquilhas e o Presidente da Direc-ção do mesmo Núcleo, Major VelezCorreia.

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Lisboa

Guarda

Decorreu na cidade da Guarda, junto ao monumento dos Combatentesda Grande Guerra, uma cerimónia simples, mas de um grande significadoe elevado sentido patriótico, cerimónia que contou com a presença de SuaEx.ª o Governador Civil da Guarda, o Ex.mo Sr. Vereador da CâmaraMunicipal, o representante da Junta de Freguesia de S. Vicente e algunsSócios do Núcleo. No decorrer desta simples cerimónia, o presidente doNúcleo, convidou as entidades presentes a colocar as coroas de flores,junto ao monumento, tendo sido uma delas, oferecida por Sua Ex.ª o Sr.Governador Civil desta cidade.

«Decorreu no dia 27 de Maio a cerimónia deentrega dos processos individuais dos sócios doNúcleo de Lisboa que foram transferidos para orecém-criado Núcleo de Winnipeg, Canadá. Na fotoo Presidente do Núcleo de Lisboa Cor. Eurico Mar-melo da Luz entrega os processos ao Presidente doNúcleo de Winnipeg, Sr. Pedro Correia».

À Missa de sufrágio pelos Comba-tentes falecidos, celebrada na Igrejadas Carmelitas, seguiu-se a cerimó-nia militar que constou da deposiçãode coroas de flores e Homenagemaos Combatentes. Este acto solenefoi presidido pelo Comandante doPessoal do Exército, TenGeneral Eduar-do Lima Pinto e contou com a partici-pação de Autoridades Civis, Militares,Diplomáticas, Antigos Combatentes ePúblico.

Foz Côa

Porto

Com a presença do Senhor Tenente-Coronel PiresMartins, em representação do Presidente da DirecçãoCentral da Liga dos Combatentes, a Delegação, comemo-rou o seu 1.º aniversário.

A cerimónia foi presidida pelo Ex.mo Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa.

O Presidente da Delegação, Fernando Augusto Pires,agradeceu a todos aqueles que contribuíram para que odia 20 de Março fosse possível, enumerando o apoiodado pelo executivo Camarário, Direcção Central e Nú-cleo da Guarda.

Neste 92.º aniversário, mais uma vez a cerimónia decorreujunto ao Monumento de Homenagem aos Mortos da GrandeGuerra. Após a cerimónia de homenagem no Talhão do Núcleode Chaves, reuniram-se todos nas instalações do Teatro Expe-rimental Flaviense (TEF) onde tomaram um café e brindaramcom um Porto de Honra. O Presidente do Núcleo – Mário Piresda Silva fez uma breve intervenção onde fez menção às obrasrecentes de reparação do talhão, levadas a cabo devido àintensa chuva que se fez sentir durante o passado Inverno.

Chaves

Faro

Lagos

O Núcleo de Farocomemorou o 92.ºAniversário da Bata-lha de La Lys, pela 1.ªvez, junto do Monu-mento aos Comba-tentes no Largo de S.Francisco, Faro. Pre-sidiu à cerimónia oPresidente da Câma-

Nas cerimónias estiveram presen-tes várias entidades civis (Vereadorda Câmara Municipal de Viseu, e re-presentante do Governo Civil e osSecretários das Juntas de Freguesiade São José e Santa Maria) e militares(Comandante do Regimento de Infan-taria 14), Presidente da ADFA de Viseue Presidente da Delegação Regional daAssociação de Comandos, vários asso-ciados e população local.

A iniciativa contou com a presença das associações locaisde Comandos e de Pára-quedistas do Alto Minho e compre-endeu a deposição de uma coroa de flores junto do Monu-mento dos Combatentes, no Largo 9 de Abril, a que se seguiuuma Missa na Igreja de São Domingos, em sufrágio damemória dos Combatentes de todas as guerras, já falecidos.

Na cerimónia estiveram presentes, várias individualidades,entre as quais o Presidente da Autarquia.

Viseu

ra Municipal de Faro, Eng.º Macário Correia. Esteve presente uma Guardade Honra constituída por um pelotão do RI 1 (de Tavira). Usaram dapalavra o Presidente da Direcção do Núcleo, Major Henrique Oliveira, eo Presidente da Câmara Municipal. Seguiu-se a prestação de honrasmilitares, com os toques de trompete pela Maestrina, Dawn Woodhurstda Associação Filarmónica de Faro, com colocação de flores em home-nagem aos combatentes, e toda a cerimónia protocolar.

Nestas come-morações, usou dapalavra o Presi-dente do Núcleode Lagos da Ligados Combatentes,seguindo-se ashonras militares

Viana do Castelo

prestadas por um pelotão de militares do Regimentode Infantaria n.º 1 de Tavira, e deposição de flores noPadrão evocativo aos mortos na Grande Guerra.

Os combatentes seguiram até ao cemitério, ondedepois de respeitado um minuto de silêncio, foramdepostas flores em todas as campas dos militaresfalecidos.

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Destaque

Revisitar Goa, Damão e DiuA Liga dos Combatentes,

acaba de editar o livro«Revisitar Goa, Damão e Diu»,

obra coordenada por ManuelBarão da Cunha, Manuel

Bernardo e Lucas Hilário, ereúne as conferências

apresentadas no I Ciclo deConferências da Cooperativa

Militar. O lançamento do livrorealizou-se na Fundação

Gulbenkian

Fez o lançamento da obra, o Presidenteda Liga dos Combatentes, general Chi-

to Rodrigues, tendo a sua apresentação,ficado a cargo do antigo Presidente daRepública, general Ramalho Eanes.

Começando por historiar o surgimentodeste livro, o general Chito Rodrigues disseque, correspondendo a um sonho do coro-nel Taborda e Silva, a Liga dos Combaten-tes aceitou transformar o sonho em reali-dade, garantindo desde logo a responsabi-lidade da sua publicação.

«Revisitar Goa, Damão e Diu», só pelofacto de ter existido já encorajou e inspi-rou novos e importantes testemunhos jápublicados como é o caso de «Enquantose esperam as naus do reino».

Gostaríamos de obter com estas confe-rências um conjunto de dados inéditos queuma vez trabalhados cientificamente comoutros contribuam para a verdade históri-ca sobre Goa, Damão e Diu.

Antes de agradecer o esforço dos auto-res, o Presidente da Direcção Central daLiga, disse:

«Quis o destino que embora tivessefeito uma Comissão no Oriente, Macau,não fiz nenhuma Comissão na Índia, mashá sete anos a esta parte, como Presiden-te da Liga dos Combatentes, tenho convi-vido diariamente com aqueles que sofre-ram aquele dia na Índia e consequente-mente a ANPG, cuja Sede é com muitogosto um espaço na Sede da LC, com eles

evocando sempre as suas datas maissignificativas.

Não seria de estranhar pois que a Ligados Combatentes apoiasse este projectodesde o seu início.

A nossa missão e o nosso compromissoforam cumpridos».

Por seu turno, na apresentação que fezdo livro, o general Ramalho Eanes referiu,a dado passo da sua intervenção:

«O comportamento do poder políticono «caso de Goa» marca o alvor de umtempo novo, o da comunicação, descon-fiante, entre os militares e o sistema degoverno e o regime. Desconfiança quereemergiria e alastraria no meio militar,logo que conhecimento houve da confi-dência de Marcelo Caetano a António deSpínola, a propósito da Guiné: preferívelseria perdê-la militarmente, com honra,que entregá-la ao PAIGC por via negocial.Desconfiança e repúdio que, aliás, iriam«motorizar», acessoriamente é certo, oMovimento de Abril».

Referindo-se, de seguida à controvér-sia sobre o que deve ser o Exército mo-derno, o general Eanes continuou:

«Conduz-nos, esta obra – aqui, hoje,apresentada – através de estudos históri-cos, bem interessantes, à chegada dosnossos antepassados a Goa e à complexasituação com que se depararam.

Explica-nos porque não aplicámos a Goao tão distintivo paradigma colonial portu-

guês, que tanto êxito proporcionou nasoutras paragens descobertas: o de “umpacífico trato comercial com os senhoresda terra, baseado na amizade e no provei-to mútuo”. E conta, interpretativa, nos dádos erros políticos então cometidos porVasco da Gama, e, com sóbria descrição,conta nos dá, também, da reversão dasituação pela acção genial de Afonso deAlbuquerque, militar tão brilhante quantoinsigne diplomata e político».

E, mais adiante:«Salazar poderia ter sido o autor desse

diferente e inovador destino. Oportunida-de teve de fazer de Goa um novo Brasil,o «Brasil do Oriente». Na verdade, aseguir ao termo da guerra de 1939-45,todas as condições internas e internacio-nais teve para meter ombros a essepropósito. Infelizmente, não soube ouviro desejo político – o justo desejo político– de parte significativa da elite goesa...».

Noutro passo, referiu o general Eanes:«Mas, a acusação a António Salazar,

factualmente alicerçada, não deixa delevantar perplexidades. Mal se percebeque, ele, um homem superior, inteligentee de comprovado talento político, se en-redasse num maquiavelismo sem génio,sem brilho.

Às Forças Armadas atribui a missão deresistirem “ao menos oito dias, períodonecessário para o governo mobilizar, emúltimo recuso, as instâncias internacio-

nais”. E prescreveu-lhes, taxativamente,em ordem telegráfica: “apenas poderiahaver soldados e marinheiros vitoriososou mortos”...».

«É para mim, ainda hoje, talvez mes-mo, hoje ainda mais, inconcebível que oPresidente do Conselho e Ministro daDefesa, informado por tanto chefe militarde sua escolha e confiança, não soubesse,preto no branco, que a força militar por-tuguesa do Estado da Índia mal chegavapara responder à ameaça que os “Satya-graha” representavam.

Não foi Salazar quem aprovou a reco-mendação do Sub-Secretário de Estadodo Exército, tenente-coronel Costa Go-mes, para reduzir drasticamente os efec-tivos empenhados no Estado Portuguêsda Índia.

Será que Salazar não perguntou – e senão perguntou, por que é que não o fez –ao competente Costa Gomes se o efecti-vo residual deixado em Goa “seria útil, etalvez suficiente, [para] que o pacíficoNehru soubesse que tinha um preço apagar”? – Se tivesse perguntado, se tives-se querido responsavelmente saber,Costa Gomes ter-lhe-ia, seguramente,respondido que só forças especiais, es-pecialmente treinadas e armadas,aguentam moral e operacionalmente fi-car isoladas, sem comunicações, com trau-mático sentimento de impotência peran-te uma artilharia que se não vê, mas cujosrebentamentos lavram a terra e lavramos corpos, dos impotentes defensores,perante uma aviação, que sem medo deanti-aéreas desce a alturas que ensurde-cem os combatentes, os vulnerabilizam,os matam, com revoltante impotência enatural desespero.

Será que Salazar desconhecia o relató-rio de Barros Rodrigues, da inspecção àstropas e serviços militares em Outubro,em que se afirma que “a defesa serámeramente simbólica e, salve num ounoutro ponto, a sua duração será de horas(…) nunca estaremos em condições deenfrentar a hipótese mais perigosa”?

Será que Salazar desconhecia o teorlancinante das cartas que Lobo da Costaescreve ao pai, Santos Costa, nas véspe-ras da invasão – “A situação presente éfrancamente má (…) Não há qualquerespécie de possibilidades e o massacre

será total. A nossa tropa está arrasadafísica e moralmente (…) O espírito dosmilitares é francamente mau pois, devidoaos reduzidos efectivos de que dispomos,não nos permite fazer nada, se algumacoisa houver. Deus queira que não, poisserá um fracasso enorme para o prestígiodo nosso Exército”?

E desconhecia o conteúdo da carta deSantos Costa a Mário Silva (Ministro doExército) – “É preciso atender imediata-mente à Índia, o Fernando, meu filho,escreve de lá a dizer que as poucas forças láexistentes estão quase impossibilitadas deactuar por carência de condições de bomfuncionamento de armas e viaturas. Espe-ram lá, a todo o momento, um ataque”?

Como se tudo isto não bastasse, parasalvar as aparências, e enganar a Nação,se encenou, com a manifesta conivênciadas chefias militares, a farsa, a farsa trági-ca, do chamado apuramento de responsa-bilidades aos militares em serviço em Goa,aquando da sua fragorosa queda.

Uma atitude de «faz-de-conta», emque nada, nem ninguém, se respeita, emque a verdade é manipulatoriamenteusada sem decoro, atropelo, em que seatenta, mesmo, contra a fidelidade àInstituição Militar, que pressupõe e exi-ge, sempre, ser exemplo de verdade edignidade, pois sem elas a confiançainterinstitucional militar fenece e cadu-ca, a ideologia formal das Forças Arma-

das, de quaisquer Forças Armadas (ahierarquia, a unidade e a disciplina) fere-aoperacionalmente.

Responsáveis, obviamente em grausdiferentes, foram também muitos dosmilitares em funções superiores de co-mando e direcção.

A este propósito, importa recordar aafirmação de Fausto Brito de Abreu, co-mandante da lancha de fiscalização Anta-res: “Das más experiências, a que primei-ro me impressionou foi a pusilanimidadee a incompetência manifestadas pelo altocomando da Marinha de Goa, sempre queestava em causa uma decisão que envol-vesse qualquer espécie de risco”.

Assim, criticável não pode deixar de sero governador e comandante-chefe, ge-neral Vassalo e Silva. Não podia ele, comochefe militar que era, não saber que asituação militar, qualquer que fosse aresistência militar oferecida, rapidamen-te se esboroaria dada a diferença numé-rica das forças, da sua preparação, e demeios em presença. Incompreensível é,pois, que tivesse comunicado a Salazar“a esperança de controlar a situação”.

E necessário é acrescentar que respon-sáveis fomos todos nós, pois, como muitobem disse Gregorio Marañon, em Psicolo-gia do gesto, “a grande lição que a histó-ria nos dá cada dia, e que nós nuncaqueremos aprender, é que nunca existiutirania que não a hajam merecido os quea sofrem. Na realidade, o tirano é sempreo vingador das nossas próprias culpas”.

Por tudo o que o livro refere, e tambémpelas dúvidas que suscita e as perguntas,sem resposta, que expressa ou, implicita-mente, formula e justifica, deixar de se-cundar se não pode o apelo – apelo quedeve ser exigência – com que o coronelPereira Pinto termina a sua intervenção:“que se faça um estudo em relação àscampanhas militares na Índia, tal comotem sido feito em relação às campanhasmilitares em África” porque muito sepode aprender sobre os erros do passadoe, acrescento eu, sobre os males da ma-nipulação política, sobretudo quando opoder político, o não-democrático emespecial, tudo coloniza e infantiliza, mes-mo a verdade que sempre uma Pátria e osseus cidadãos têm o irrecusável direito deter e o irrecusável dever de exigir».

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O casal Eanes à chegada à Gulbenkian

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A Europa precisa de um exército?

Participaram o general Loureirodos Santos , a Dr.ª Isabel Meireles,

Presidente da Associação dos Auditoresde Defesa, a Dr.ª Paula Pereira, investi-gadora do Instituto de Defesa Nacionale, por parte dos promotores, a Liga dosCombatentes, o general Fernando Agu-da, vice-presidente da Liga.

Integrados na NATO, os países euro-peus, precisarão de um Exército, ou,como salientou o general Aguda, pre-cisarão de umas Forças Armadas?

Esta questão, suscitada pelo vice-presidente da Liga, recolheu opiniõespositivas por parte de todos os parti-cipantes. Posto isto, levantaram-sealgumas dúvidas, sobre os custos detal empreendimento, sobre o âmbitoda sua actuação e sobre a forma comocada país contribuiria para a força.

Fronteiras da defesa podem serbem longe de Portugal

Segundo o vice-presidente da Liga, ageopolítica obriga a que os Exércitos,hoje em dia, sejam obrigados, muitasvezes, a defenderem os objectivos dosseus países, muito longe das suas fron-teiras naturais. Para tal as forças ten-dem a ser, cada vez mais reduzidas,mas melhor equipadas, armadas e trei-nadas, o que leva ao risco – digamosassim – de poder surgir – se é que nãosurgiu já – um núcleo duro, constituído

No âmbito da série«Sociedade Civil», da RTP, a

Liga dos Combatentespromoveu mais um

programa, onde foramanalisadas a necessidade,

vantagens e inconvenientesde um Exército europeu

pela França, Alemanha, Bélgica, Ho-landa e Itália a que se juntarão, pon-tualmente os restantes países da EU,na medida das suas disponibilidades,sobretudo financeiras. Mas há aindaum longo caminho a percorrer.

«Seja como for – disse o generalFernando Aguda – se a Europa quer teralgum protagonismo, na cena inter-nacional, não pode deixar de ter uma

força deste tipo, capaz de actuar quan-do e se for necessário».

Os participantes neste debate con-cordaram em que as tarefas cometi-das à NATO, não têm de colidir, neces-sariamente, com um Exército euro-peu. Aliás – foi considerado – já existeuma PESC, na União Europeia, e opróprio Tratado de Lisboa, já indiciauma política europeia de defesa.

Daria a vida por umas ForçasArmadas europeias

Ponto alto deste programa em que sedebateram as vantagens de um ExércitoEuropeu, aconteceu quando o vice-pre-sidente da Direcção Central da Liga dosCombatentes, garantiu que, «se houverumas Forças Armadas europeias, eu sin-to-me capaz de morrer por elas».

Exposições permanentes

Eventos

Reuniões

Convívios

Apresentações

N ã o d e i x e d e n o s v i s i t a r j u n t o à T o r r e d e B e l é m

Forte do Bom Sucesso – Museu do Combatente (Lisboa)

General Fernando Aguda Vice-Presidente da L.C.

Destaque

Nas instalações do Instituto Supe-rior de Línguas e Administração

(ISLA) – Lisboa, em 11 de Junho aconvite da Direcção do Instituto, aLiga dos Combatentes apresentou aosauditores do curso de Pós – Graduaçãoem Geriatria/ISLA, uma palestra su-bordinada ao tema: “Percurso Históri-co da Liga dos Combatentes – Realida-de Actual da Liga”.

Na oportunidade, o MGen FernandoAguda – V/PR da Direcção Central daLC, proporcionou aos auditores umasíntese do percurso histórico e dosEstatutos da LC, objectivos e finalida-de da Liga, detalhando os diferentesprogramas estruturantes que marcamactualmente a sua actividade e pers-pectivando algumas das concretiza-ções que se aguardam para o futuroimediato.

A Liga ontem, hoje e amanhã

A dissertação efectuada, com a du-ração de duas horas e meia – em trêshoras disponíveis, foi sustentada pelaapresentação de um Power Point a

que se seguiu um “slide show” sobreo programa estruturante “Conserva-ção das Memórias” – referindo activi-dades desenvolvidas em Portugal eno estrangeiro.

As perguntas efectuadas e a partici-pação interessada dos auditores nodesenvolvimento da palestra, tornou-anum ainda mais agradável “colóquio” –elucidando e elaborando sobre aspec-tos da vida da Liga, sobretudo no quese refere ao CEAMPS e aos CAMPS, osquais em particular muito interessa-ram os auditores, a par do interessevotado a muitas das outras áreas abor-dadas e questionadas.

A Liga dos Combatentes agradece ohonroso convite que lhe foi endereçadopelo ISLA e pode, afirmar, consciente-mente, que de si deixou um testemunhoinformativo do agrado dos auditores.

Actual

Contracapa ............................. 1.400 €Verso da capa ....................... 1.200 €Verso da contracapa ............ 1.100 €Página dupla ......................... 1.000 €Página inteira ............................ 500 €Meia página dupla ................... 500 €Meia página ............................... 250 €Terço de página ........................ 150 €Quarto de página ..................... 100 €Rodapé ....................................... 100 €IVA à taxa legal

Tabela de Publicidade

No passado dia 17 de Março oCAMPS de Lisboa iniciou o 3.º

Grupo de Auto-ajuda para mulheresde Combatentes da guerra do Ultra-mar. As sessões realizam-se quinze-nalmente, às Quartas-feiras, das14H30 às 16H00, com a ajuda de doistécnicos. Este grupo conta tambémcom a presença de uma estagiária deServiço Social.

A Liga dos Combatentes do CAMPSNorte foi integrada na estratégia na-cional dos combatentes sem-abrigo.

No dia 14 de Abril de 2010 o CAMPSNorte representado pela Assistente So-cial Dr.ª Sandra Horta e um elemento daDirecção do Núcleo do Porto participa-ram numa reunião com a coordenadorado projecto dos sem-abrigo da região doPorto no âmbito da Estratégia Nacionaldas Pessoas Sem-Abrigo. A reunião tevecomo objectivo a adesão da Liga dos

Combatentes na região Norte ao par-tenariado do projecto nacional dos sem--abrigo e actualização da lista de parceri-as, com a integração da Liga dos Comba-tentes. A coordenadora do projecto reco-nheceu que a Liga dos Combatentes,através dos técnicos do CAMPS do Norte,tem competências para efectuar a tria-gem, diagnóstico e o acompanhamentodos combatentes que se enquadrem nasituação de sem-abrigo. Foi reconhecidotambém a capacidade da intervenção aonível da gestão de caso dos combaten-tes sem-abrigo e o acompanhamento detodo o processo.

Participação em Tese de Doutoramen-to. Um agradecimento a todos os comba-tentes de Lisboa, Rio Maior e Sesimbraque participaram no Estudo da Recolha detestemunhos com a Dr.ª Ana Figueiredoda Faculdade de Psicologia e Ciências daEducação da Universidade de Coimbra.

No dia 28 de Maio os Núcleos daRegião Centro reuniram no Núcleo deCoimbra no âmbito do CAMPS. Nessemesmo dia foi assinado um Protocolode Cooperação entre a Liga dos Comba-tentes e a Faculdade de Psicologia eCiências da Educação da Universidadede Coimbra.

NOTÍCIAS CEAMPS

Grupo de Auto-ajuda para mulheresde Combatentes

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10 de Junho em Faro

Começou a fazer-se justiça

Em boa hora o Presidente da Repú-blica convidou os antigos combaten-

tes, das várias frentes onde Portugalesteve e está envolvido, para desfilaremjuntamente com os seus camaradas noactivo.

Esta iniciativa do professor Cavaco Sil-va, calou bem fundo, no coração doshomens que deram à Pátria o melhor desi, e seria o pontapé de saída para o quese espera seja o início da justiça que osantigos combatentes merecem e queficou bem espelhada no memorável dis-curso de António Barreto, na cerimónia decondecoração das personalidades agra-ciadas pelo Presidente da República.

Na cerimónia militar, depois de elogiara eficácia das missões militares portu-guesas, numa “conjuntura difícil e exi-gente”, o Presidente sublinhou a respon-sabilidade de Portugal nas missões desegurança internacionais, nomeadamen-te, no Afeganistão.

O Presidente da República chamou aatenção para o facto de a redução dacapacidade das Forças Armadas podersignificar «o aumento das vulnerabilida-des nacionais e o enfraquecimento davoz de Portugal no concerto das nações,como Estado soberano e independente.

Por isso, prosseguiu o Presidente daRepública, deve-se valorizar o potencialdo País em várias frentes, incluindo amilitar».

A grande novidade deste anonas comemorações do 10 de

Junho, residiu na fortepresença no desfile, de

antigos combatentes, e nosdiscursos do Presidente da

República e do Presidente daComissão das Comemorações,

dr. António Barreto

As desigualdades sociaispersistem para além do aceitável

António Barreto, por seu turno, deu-nosuma fabulosa lição de sociologia.

Depois de caracterizar a essência dadata e do que se comemorava, disse,mais adiante:

«Não é possível passar este dia semolharmos para nós. Mas podemos fazê-locom consciência. E simplicidade.

As comemorações nacionais têm afrequente tentação de sublinhar ou in-ventar o excepcional. O carácter único deum povo. A sua glória. Mas todos senti-mos, hoje, os limites dessa receita nacio-nalista. Na verdade, comemorar Portugale festejar os Portugueses pode ser actode lucidez e consciência. No nosso pas-sado, personificado em Camões, o que

mais impressiona é a desproporção en-tre o povo e os feitos, entre a dimensãoe a obra. Assim como esta extraordináriacapacidade de resistir, base da “persis-tência da nacionalidade”, como disseOrlando Ribeiro. Mas que isso não apa-gue ou esbata o resto. Festejar Camõesnão é partilhar o sentido épico que elesoube dar à sua obra maior, mas éperceber o homem, a sua liberdade e asua criatividade. Como também é perce-ber o que fizemos de bem e o quefizemos de mal. Descobrimos mundos,mas fizemos a guerra, por vezes injusta.Civilizámos, mas também colonizámossem humanidade. Soubemos encontrara liberdade, mas perdemos anos comguerras e ditaduras.

Fizemos a democracia, mas não so-mos capazes de organizar a justiça. Alar-

gámos a educação, mas ainda não sou-bemos dar uma boa instrução. Fizemosbem e mal. Soubemos abandonar amitologia absurda do país excepcional,único, a fim de nos transformarmos numpaís como os outros. Mas que é o nosso.Por isso, temos de nos ocupar dele. Paraque não sejam outros a fazê-lo.

As mulheres já fizeramum país diferente

Há mais de trinta anos, neste dia, Jorgede Sena deixou palavras que ecoam.Trouxe-nos um Camões humano, sabe-dor, contraditório, irreverente, subversi-vo mesmo.

Desde então, muito mudou. O regimedemocrático consolidou-se. Recheadode defeitos, é certo. Ainda a viver com

muita crispação, com certeza. Mas comregras de vida em liberdade.

Evoluiu a situação das mulheres, a suapresença na sociedade. Invisíveis duran-te tanto tempo, submissas ainda hápouco, as mulheres já fizeram um paísdiferente.

Mudou até a constituição do povo. Asociedade plural em que vivemos hoje,com vários deuses e credos, com doissexos iguais, com diversas línguas emuitos costumes, com os partidos e asassociações que se queira, seria irreco-nhecível aos nossos próximos antepas-sados.

A sociedade e o país abriram-se aomundo. No emprego, no comércio, noestudo, nas viagens, nas relações indivi-duais e até no casamento, a sociedadeaberta é uma novidade recente.

Não usemos os nossos heróispara nos desculpar

A pertença à União Europeia, timida-mente desejada há três décadas, nemsequer por todos, é um facto consumado.

A estes trinta anos pertence também oEstado de protecção social, com especialrelevo para o Serviço Nacional de Saúde,a segurança social universal e a escolari-zação da população jovem. É certamenteuma das realizações maiores.

Estas transformações são motivo deregozijo. Mas este não deve iludir o queainda precisa de mudança. O que não foipossível fazer progredir. E a mudançaque correu mal.

A Sociedade e o Estado são aindaexcessivamente centralizados. As desi-gualdades sociais persistem para alémdo aceitável. A injustiça é perene. A faltade justiça também. O favor ainda vencevezes de mais o mérito. O endividamen-to de todos, país, Estado, empresas efamílias é excessivo e hipoteca a próxi-ma geração. A nossa pertença à UniãoEuropeia não é claramente discutida enão provoca um pensamento sério so-bre o nosso futuro como nacionalidadeindependente.

Há poucos dias, a eleição europeiaconfirmou situações e diagnósticos co-nhecidos. A elevadíssima abstençãomostrou uma vez mais a permanenteMemorável o discurso de António Barreto

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No site da Liga dos Combatentes encontra-se disponível um FÓRUM ondetem a possibilidade de expor as suas ideias, de dialogar connosco e com osseus amigos. REGISTE-SE E PARTICIPE. É um espaço de discussão pública ondegeralmente são colocadas questões, reflexões ou opiniões que podem sercomentadas. Todas as mensagens estão organizadas em páginas com apergunta e todas as respostas em baixo. A aparência do sistema é semelhan-te à caixa de e-mails. É necessário registar-se para poder enviar ou responderàs mensagens no Fórum.

Visite o site www.ligacombatentes.org.pt

R e g i s t e - s e e pa r t i c i p e n o F ó r u m

DestaqueDestaque

crise de legitimidade e de representati-vidade das instituições europeias. A ci-dadania europeia é uma noção vaga eincerta. É um conceito inventado porpolíticos e juristas, não é uma realidadevivida e percebida pelos povos. É umpretexto de Estado, não um sentimentodos povos. A pertença à Europa é, para oscidadãos, uma metafísica sem tradiçãocultural, espiritual ou política. Os Estadose os povos europeus deveriam pensarde novo, uma, duas, três vezes, antes deprosseguir caminhos sem saída ou falsospercursos que terminam mal. E nós faze-mos parte desse número de Estados epovos que têm a obrigação de pensarmelhor o seu futuro, o futuro dos portu-gueses que vêm a seguir.

É a pensar nessas gerações que deve-mos aproveitar uma comemoração eum herói para melhor ligar o passadocom o futuro.

Não usemos os nossos heróis para nosdesculpar. Usemo-los como exemplos.Porque o exemplo tem efeitos mais durá-veis do que qualquer ensino voluntarista.

Pela justiça e pela tolerância, os portu-gueses precisam mais de exemplo doque de lições morais.

Pela honestidade e contra a corrup-ção, os portugueses necessitam de exem-plo, bem mais do que de sermões.

Pela eficácia, pela pontualidade, peloatendimento público e pela civilidadedos costumes, os portugueses serão maissensíveis ao exemplo do que à ameaçaou ao desprezo.

Os portugueses precisamde exemplo

Pela liberdade e pelo respeito devidoaos outros, os portugueses aprenderãomais com o exemplo do que com decla-rações solenes.

Contra a decadência moral e cívica, osportugueses terão mais a ganhar com oexemplo do que com discursos pompo-sos.

Pela recompensa ao mérito e a puni-ção do favoritismo, os portugueses se-guirão o exemplo com mais elevadosentido de justiça.

Mais do que tudo, os portugueses pre-cisam de exemplo. Exemplo dos seusmaiores e dos seus melhores. O exemplodos seus heróis, mas também dos seusdirigentes. Dos afortunados, cujas res-ponsabilidades deveriam ultrapassar oslimites da sua fortuna. Dos sabedores,cuja primeira preocupação deveria ser ade divulgar o seu saber. Dos poderosos,que deveriam olhar mais para quem lhesdeu o poder. Dos que têm mais responsa-

Em Lisboa, o 10 de Junho realizou--se junto ao monumento aos com-

batentes mortos no Ultramar.A cerimónia foi marcada pela evoca-

ção do segundo-tenente Oliveira eCarmo, comandante da lancha Vega,que morreu “de forma heróica”, aolargo de Diu, contra a aviação indiana.A evocação daquele herói militar con-tou com a presença da sua viúva,Maria Oliveira e Carmo.

O papel da famíliano apoio aos militares

O almirante Vidal Abreu, presi-dente da comissão organizadora,realçou o papel da família, “um dospilares essenciais de uma socieda-de de princípios e valores” dizendo,a certo passo: «Pelo 17.º ano conse-

combatentes, disse, a dada altura ereferindo-se ao marido: «Um ho-mem que, além de fiel aos valorestranscendentes que justificam des-de tempos imemoriais “morrer pelapátria”, era também filho, pai emarido.

É nesta perspectiva que quero aqui,com a memória da minha história,dirigir-me às Famílias, sobretudo àsMães e Mulheres que, como eu,vêem a vida bruscamente, brutal edefinitivamente mudada.

A angústiados que ficaram

Somos as mulheres e as famílias,dos que escolhem o ofício de serviro País pelas armas; as que temosque viver uma angústia diária, silen-ciosa e discreta quando eles partempara missões de risco. Eles contamconnosco, pensam em nós, e tam-bém servem por nós».

Combatentes evocam herói do Oriente

bilidades, cujo “ethos” deveria ser o deservir.

Dê-se o exemplo e esse gesto seráfértil! Não vale a pena, para usar umafrase feita, dar “sinais de esperança” ou“mensagens de confiança”. Quem assimage, tem apenas a fórmula e a retórica.Dê-se o exemplo de um poder firme,mas flexível, e a democracia melhorará.Dê-se o exemplo de honestidade e ver-dade, e a corrupção diminuirá. Dê-se oexemplo de tratamento humano e justoe a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exem-plo de trabalho, de poupança e de inves-timento e a economia sentirá os seusefeitos.

Políticos, empresários, sindicalistas efuncionários: tenham consciência de que,em tempos de excesso de informação ede propaganda, as vossas palavras sãocada vez mais vazias e inúteis e de queo vosso exemplo é cada vez mais deci-sivo. Se tiverem consideração por quemtrabalha, poderão melhor atravessar ascrises. Se forem verdadeiros, serão res-peitados, mesmo em tempos difíceis.

Em momentos de crise económica, deabaixamento dos critérios morais no exer-cício de funções empresariais ou políticas,o bom exemplo pode ser a chave, nãopara as soluções milagrosas, mas para oesforço de recuperação do País.

10 de Junho em Lisboa

cutivo, num verdadeiro exercício decidadania, encontramo-nos junto aeste monumento para comemorar odia de Portugal. Porque a forma maisnobre de o fazer será homenageartodos quantos, ao longo da nossahistória, chamados um dia a ServirPortugal, tombaram no campo dahonra, em qualquer época ou pontodo globo. E não se julgue que estessacrifícios terminaram. Já se comba-teu para alargar fronteiras, já secombateu para manter fronteiras,hoje combate-se para defender prin-cípios civilizacionais, para garantir aliberdade. Por isso estas homena-gens fazem sentido e devem conti-nuar a ser feitas. Homenagear oscombatentes no Dia de Portugal émostrar que temos orgulho na nos-sa História e em sermos portugue-ses».

Por seu turno, a viúva do segun-do-tenete Oliveira e Carmo, dirigin-do-se, sobretudo, às mulheres dos

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Destaque

Cada português tem de serum combatente por Portugal

A 09 de Abril de 1918, maisde sete mil soldados

portugueses morreram nabatalha de La Lys. A

Alemanha lançou na Flandresuma derradeira tentativa para

vencer a Primeira GuerraMundial. Mas perdeu-a

Desde então, anualmente, reali-zam-se, em todos os países in-

tervenientes, um conjunto de inicia-tivas de onde se destaca a homena-gem, em Portugal, ao soldado desco-nhecido, no Mosteiro da Batalha, queeste ano teve a presença do Presi-dente da República e do Ministro daDefesa.

A cerimónia, foi da responsabilidadeda Liga dos Combatentes e, na oportu-nidade, disse o Presidente da DirecçãoCentral, general Chito Rodrigues:

«Preside V.ª Ex.ª hoje às comemora-ções do Dia do Combatente.

Permita que, na pessoa de V.ª Ex.ª,me dirija a Sua Ex.ª o Presidente daRepública, mas também ao Coman-

dante Supremo das Forças Armadase ainda ao Presidente de Honra doConselho Supremo da Liga dos Com-batentes e também ao cidadão-sol-dado que, em determinado tempoda sua vida, foi mobilizado para, nocumprimento do seu dever, servirPortugal num teatro de operaçõesem África.

Situação ímpar, irrepetível noutrosambientes e só repetível entre nóscombatentes, o que constituindo umasubida honra, constitui igualmente opor-tunidade para uma partilha de senti-mentos comuns.

Digna-se V.ª Ex.ª presidir a uma ceri-mónia do mais alto significado para os

que serviram e servem Portugal nasForças Armadas.

A presença do Comandante Supre-mo das Forças Armadas num dia emque se evocam os Combatentes dePortugal, nomeadamente aquelesque, conhecidos ou desconhecidos,caíram no campo da honra, teste-munha o seu reconhecimento pes-soal e permite que o acontecimentose projecte no imaginário de toda apopulação portuguesa, através dosinestimáveis canais da comunica-ção social.

Comemoramos hoje mais um Diado Combatente. A Liga dos Comba-tentes fá-lo tal como o fez durantedécadas, com o apoio dos Chefes deEstado Maior dos Ramos das ForçasArmadas a que se juntaram desde2003 a generalidade das Associa-ções de Combatentes.

Significa isso que evocamos o ho-mem português, os seus feitos esuas dificuldades, sempre que foichamado a construir Portugal e adefendê-lo.

Nos primeiros três séculos, saindode Guimarães consolidou nos Algar-ves a conquista do seu “PrimeiroImpério”, a que chamou e ainda hojechama, Portugal.

No século XV e por um período decinco séculos, construiu e desenvol-veu o seu “Segundo Império” a quechamou de Ultramar.

Quis a História que aos combaten-tes do século vinte fosse em perma-nência solicitado, pelo poder político,para que defendessem o “SegundoImpério”.

Disso a Liga dos Combatentes étestemunha ocular e vivente.

Assim foi nomeadamente na pri-meira Guerra Mundial.

Assim foi na Guerra do Ultramar, atéque as circunstâncias os conduziram aparticiparem activamente no fim des-se mesmo “Segundo Império”.

Reconduzidos à primeira condição,ambicionam agora que se lhe apre-sentem solicitações para participa-rem na construção de algo de novo,agora em comunhão com os seusamigos e aliados.

É espectável que possam agora sersolicitados a participarem na constru-ção de um “Novo Império”:

- O Império do Desenvolvimento, daDemocracia e da Paz.

Tudo indica que esse “Novo Império”,em construção com a participação docidadão e combatente português, sechame Europa.

De facto, não faz parte da nossaidiossincrasia, não sabemos, nem po-demos ficar olhando apenas para o quese passa junto a nós ou para além domonte.

Temos que, como sempre, conhecere preocuparmo-nos com o que estápara além do horizonte.

Foi com esse olhar que construímos aprimeira aldeia global e mudámos oMundo.

É esse olhar e conhecimento profun-do, do espaço e do tempo, que deveajudar-nos a reconstruir o futuro, rejubi-lando com sucessos e ultrapassandocrises.

É atribuída a Camões a frase: “Morromas morro com a Pátria”. Camões foi onosso maior poeta mas não o nossomaior profeta. Quinhentos anos depoisaqui continuamos nós, evocando a nos-sa e sua ditosa Pátria.

A estrada da História marcou-nos, anós, gerações do século vinte, atirando--nos para terras africanas à procura dosinteresses vitais do País, com o sacrifí-cio e o sangue que só essa Pátria tem odireito de exigir.

Não vimos hoje aqui, porém, evocar,celebrar ou comemorar a guerra oualimentar o “Mito da experiência deGuerra”.

Mas sublinhamos e damos relevo ànecessidade de uma conservação econstrução memorial que quer a 1.ªRepública quer a Ditadura, a seu modo,menosprezaram e que só a existênciade Instituições como a Liga dos Comba-tentes, nos permitiram trazer até hoje.

Lembramos a trilogia que nos reúneneste dia: - No Quadro das Comemora-ções do Centenário da Primeira Repú-blica, evocamos em especial o Comba-tente Português na Primeira GuerraMundial, na Guerra do Ultramar e nasOperações de Paz e Humanitárias.

Condecoraçãodo Regimento

de Artilharia de Leiria

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O século vinte acaba por criar, porforça da força dos combatentes parti-cipantes naqueles conflitos, uma es-pécie de religião cívica, com base emsímbolos universalizantes, no espaçoe no tempo, e que passam:

- Pelas datas comemorativas do 9de Abril, 10 de Junho e 11 de Novem-bro, celebrados há quase um século;Para além do 5 de Outubro e do 25 deAbril;

- Pelos mortos dignificados em ta-lhões militares em Portugal e noestrangeiro;

-Pelas centenas de monumentoserguidos, mais pela força e senti-mento populares, de famílias e decombatentes, do que pela assunçãodos governos;

- Pelas cerimónias evocativas dasvitórias conseguidas e derrotas so-fridas.

A cerimónia de hoje, conjugando aomais alto nível, a memória oficial coma memória pública, é mais um mo-mento com significado histórico, poisaproxima os Homens, rejuvenesce aassunção da História, fortalece a me-mória colectiva e trás aos combaten-tes o reconfortante e quantas vezesilusório sentimento, de que nuncaestiveram, nem estão sós.

Se é importante preocuparmo-nosem conhecer o que está para além dohorizonte, não deixa de ser importan-te e mesmo fundamental dominar osproblemas que se encontram noambiente que nos envolve.

Por isso, no que nos diz respeito, aresolução dos problemas e a dignificaçãodos que servem ou serviram as ForçasArmadas é uma preocupação permanen-te das Associações de Combatentes.

Sentimos que os combatentes e seusproblemas não devem ser utilizadoscomo arma de propaganda política.

Nem os vivos, nem os mortos…Estes, os mortos, também não supor-

tam demagogia e requerem dignidade.É esse o sentido das difíceis acções

que a Liga dos Combatentes vem de-senvolvendo em África e no Mundo.

repousam com dignidade há mais de90 anos, 1878 soldados de Portugal,caídos na primeira guerra da Repú-blica.

Lutamos igualmente pela dignida-de dos combatentes vivos.

Neste dia, ao evocarmos as nossasvitórias e nossas derrotas que sãovitórias e derrotas de Portugal, nãopodemos deixar de recordar e sinte-tizar as necessidades de reconheci-mento e de apoio do Estado que taisvitórias e derrotas acarretam para oscombatentes e suas famílias:

- apoio à sua saúde física e mental;- apoio social e à inclusão social;- apoio à cultura da cidadania, se-

gurança e espírito de defesa dos por-tugueses.

Muito tem sido feito.Muito resta por fazer em apoio de

combatentes deficientes, traumati-zados física e mentalmente, idosos,carenciados, excluídos socialmente.

logo, mais um soldado desconheci-do. O representante dos soldadosdesconhecidos dessa Guerra e forammuitos os que recentemente encon-trámos pelas terras de África.

A pedra que os cobre hoje deixaráde ser apenas de evocação aos Sol-dados Desconhecidos da I.ª GrandeGuerra, para se tornar num monu-mento de evocação dos SoldadosDesconhecidos de Portugal.

Termino, evocando no quadro doCentenário da República Portuguesatodos os soldados de Portugal.

Eles confundem-se conforme as cir-cunstâncias, entre os da espada, dogládio e os do arado.

Não encontro melhor síntese queilumine as circunstâncias do cida-dão-soldado e a cultura da cidada-nia, segurança e espírito de defesa,do que a poesia de António Gedeão,que o próprio titulou de “Poema deTerra Adubada”.

Sentimos queos combatentese seus problemasnão devem serutilizados como armade propaganda política

Há precisamente 89 anos que aeste lugar chegava um cortejo presi-dido pelo Presidente da Repúblicaacompanhando dois soldados desco-nhecidos, um caído em Moçambiqueoutro na Flandres durante a 1.ª Guer-ra Mundial.

Desde essa data a Liga dos Comba-tentes e desde alguns anos a estaparte outras Associações de Comba-tentes, aqui têm vindo todos os anos,em romagem e evocação.

Neste lugar sagrado, cruzam-se empermanência memórias históricas euma tradição patriótica, humanista ecosmopolita, escritas por homens –soldados, com suor e sangue portu-guês, na lama europeia da Flandres,nas florestas e capins de Angola,Moçambique e Guiné ou nas monta-nhas da Bósnia e Afeganistão.

No próximo ano perfazem-se 50anos sobre o começo da Guerra doUltramar. A 2.ª Guerra da República.

“As árvores são belas com os troncos douradosSão boas e largas para esconder soldados

Não é o vento que rumoreja nas folhasNão é o vento, nãoSão os corpos dos soldados rastejando no chão.

O brilho súbito não o é dos limbos das folhas reluzentesÉ das lâminas das facas que os soldados apertam entre os dentes

As rubras flores vermelhas não são papoilas, nãoÉ o sangue dos soldados que está vertido no chão

Não são vespas, nem besoiros, nem pássaros a assobiarSão os silvos das balas cortando a espessura do ar.

Depois os lavradoresRasgarão a terra com a lâmina aguda dos aradosE a terra dará vinho e pão e floresAdubada com os corpos dos soldados.”

A demagogia ofende a memóriade todos, em particular dos mortosde Richebourg, Boulogne-sur Mer,Antuérpia e Londres e Salomé onde

Eles vivem em crise permanente.A crise temporária que nos afecta a

todos, não pode justificar um menorapoio à sua crise permanente.

Os combatentes não o esquecerãoe irão evocar esse acontecimento.

Em nosso espírito estará na salado capítulo deste Mosteiro, desde

Neste Dia do Combatente, sairemosdaqui serenamente convictos de ter-mos mais uma vez reforçado a memó-ria imaterial do Povo Português.

Homenagem ao soldado desconhecido

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De facto, a identidade nacional, con-substanciada numa Pátria e numa His-tória seculares, tendo expressão no sen-timento colectivo e materializada emsímbolos, cuja existência e visibilidade,estão aqui bem presentes, reforçam anossa identidade como povo e teste-munham a grandeza da nossa MemóriaImaterial.

A nossa razão de ser.Por isso vale a pena continuarmos a

honrar os combatentes mortos e a lutarpela garantia da dignidade dos comba-tentes vivos.

Contamos com o apoio de V.as Ex.as

Contamos com o apoio e compreen-são dos portugueses.»

Testemunho vivode amor pátrio

Por seu turno, o Presidente da Repú-blica disse:

«Neste local do maior significado paraos combatentes portugueses, o Mostei-ro de Santa Maria da Vitória, celebra-mos hoje o Dia do Combatente e evoca-mos, em simultâneo, a memória daBatalha de La Lys ocorrida há precisa-mente 92 anos.

A cerimónia que aqui tem lugar é umtestemunho vivo de amor pátrio e decoesão nacional, expressos numa co-munhão de sentimentos de orgulho porum passado que nos une e pelos valo-res que nos fizeram erguer Portugal

como Nação livre, soberana e indepen-dente.

A presença de todos nós aqui, nestelocal, é também uma afirmação devontade inquebrantável de continuarPortugal. De expressar de forma claraque devemos abraçar com respeito anossa história, acolhendo as lições queela nos deu e valorizando os nossosheróis, o muito que demos ao Mundo ea matriz de valores humanistas quedifundimos.

Mas hoje, e acima de tudo, trata-sede um preito de homenagem aos com-batentes, a todos os que deram, e dão,o melhor de si, até a própria vida, poresta Pátria que amamos. Curvamo-nosperante o seu esforço, a sua coragem eo seu sacrifício.

Sendo a ocorrência de conflitos e deguerras uma constante da história, de-vemos reconhecer o papel dos comba-tentes e ter presente que, a par daglória dos vencedores e das suas conse-quências políticas e sociais, a guerra éfeita de sacrifícios e dor, onde muitossublimam as suas capacidades e so-frem no corpo e na alma o preço pelodever cumprido. Aqueles que se dis-põem a combater ao serviço de Portu-gal devem merecer de todos nós omaior respeito e admiração.

Paradoxalmente, comemoramos oDia do Combatente numa data queassinala uma das maiores derrotas mi-litares envolvendo tropas portuguesas:

a Batalha de La Lys. Ali se perderamcerca de 7.500 homens, entre mortos,feridos, desaparecidos e prisioneiros.Mais de um terço dos efectivos portu-gueses na Flandres. Uma derrota que,todavia, se traduziu num contributo sig-nificativo para o sucesso do esforçoaliado em contrariar a ofensiva alemã.

gem de militares que, praticamente es-quecidos nos lamaçais das trincheiras daFlandres, escolheram honrar Portugalnaquele que foi um dos mais dramáticoshinos à capacidade de sofrimento e deamor à Pátria do Soldado Português.

Os ex-combatentes que lutaram naFlandres já não se encontram entre nós,mas estão nos nossos corações. Dirijouma palavra de reconhecimento e desaudade aos seus familiares, pelo imen-so sacrifício que realizaram por Portugal.

Como Comandante Supremo das For-ças Armadas, permitam-me recordar deforma especial os bravos de La Lys. Ofilho de um Tenente de Infantaria que alicombateu ofereceu-me recentementeum livro, escrito pelo seu pai, que retrataa vida nas trincheiras. Lendo-o, maisvivos se tornam os sentimentos de res-peito e de admiração por todos aquelesque, com um desprendimento e comuma simplicidade heróicos, se dispuse-ram a enfrentar o destruidor ataquealemão sabendo que iam morrer.

Em sentida homenagem aos seus sol-dados nas trincheiras o Tenente Pina deMorais escreve: “É aqui o nosso lugar deespera — esperamos.

(…) É o nosso dever. Sinto correr umsuor frio pelo corpo. Eu sei que ninguémrecuará — todos se batem.”

E, numa saudação final, dedica estaspalavras aos seus homens:

(…) Escrevo-vos apenas para deixaraos nossos mortos – a nossa lembrança.Aos nossos mortos, que ficaram nascampinas dolorosas da Flandres nevo-enta. Caíram (…) levando (…) no cora-ção um sentimento de grandeza que

A responsabilidadede enviar militarespara a guerra implicaque se lhes proporcioneas melhores condiçõespara o sucesso

Sendo certo que na guerra não se ven-cem todas as batalhas, interessa retirar asilações que nos permitam melhorar eevitar futuros desaires. Nesta perspectiva,merecem particular reflexão algumas cir-cunstâncias que marcaram a participaçãode Portugal na I Grande Guerra:

- Em primeiro lugar, o chamado “mila-gre de Tancos”, com a preparação de umCorpo de Exército para a Guerra numprazo de 3 meses. O instrumento militarobriga a uma preparação complexa, pro-longada e exigente em termos de quali-dade dos seus quadros e de equipamen-to, que não se compadece com soluçõesmilagrosas de curto prazo;

- Em segundo lugar, o abandono a quefoi votado o Corpo Expedicionário Portu-guês no teatro de guerra, a braços comfortes dificuldades de apoio logístico,com a inexistência de reforços e com oprolongar excessivo das unidades naFlandres.

A responsabilidade de enviar militarespara a guerra implica que se lhes propor-cione as melhores condições para o su-cesso. Impõe-se uma unidade de esforçona acção política e uma retaguarda mili-tar sólida, sem as quais o emprego dasForças Armadas não é eficaz, nem de-mocraticamente aceitável.

Importa, pois, lembrar La Lys como umsério alerta para que Portugal apoie sem-pre de forma coesa os seus soldados nocumprimento das missões que lhes sãoatribuídas.

La Lys foi um testemunho sublime epungente de determinação e de cora-

ninguém igualará. Nas suas campas deacaso, à beira de aldeias, nos ermos, sobas árvores (…) – eles terão sempre comouma prece a nossa lembrança, comocarinho o nosso triunfo, como saudade anossa admiração.

(…) Todos poderão esquecê-los me-nos nós (…) temos de nos curvar aorespeito que infundem os que ficaramnessa cruzada do nosso século. Quedescansem – os heróis mortos.”

Dirijo hoje, também, a minha saudaçãoaos antigos combatentes que lutaramnos diversos teatros de guerra a queforam enviados em nome de Portugal. Oscombates na Índia, em Angola, em Mo-çambique e na Guiné-Bissau materializa-ram o fim violento de um ciclo nacional,mas que deixou, nas picadas sangrentasentão trilhadas, honra militar capaz deabrir o caminho a uma cooperação frater-na e frutuosa, que hoje existe.

Foi com homens desta estirpe que sefez Portugal, trilhando um caminho ár-duo, feito com honra e nobreza, comsacrifício e entrega, com coragem e bra-vura. Por isso os combatentes são umpilar essencial da reserva moral da nação.

Temos, contudo, de ser mais ambicio-sos. Nas dificuldades que vivemos, nãopodemos deixar de mobilizar estas ca-pacidades e qualidades, activos que tãoimportantes podem ser para as ultrapas-sar. Combatemos em múltiplas trinchei-ras: pelos ideais da paz e da liberdade;pela justiça e pelos mais desfavorecidos;pela soberania e pela independência;pelo progresso e pelo bem-estar dosPortugueses; pelo nosso futuro indivi-dual e colectivo.

Temos de reconhecer que a felicida-de de cada um, tão exaustivamenteprocurada, está muito dependente dacapacidade de nos realizarmos comogrupo, de forma solidária.

É preciso, sobretudo, criar um ambien-te de responsabilidade individual e soci-al assente em valores como os da ho-nestidade, do reconhecimento do mérito,da verdade e, em especial, da honra.

Importa erguer Portugal com sentidode inclusão, sem esquecer ninguém,sem deixar ninguém para trás. Os com-batentes têm este espírito bem incul-cado no seu carácter. Importa quesejam capazes de o disseminar nanossa sociedade e que estejamos to-dos disponíveis para o absorver.

É tempo de nos unirmos e identificar-mos o que podemos e devemos fazerpor Portugal. O espírito de serviço e deluta pelo bem comum, tão queridos aoscombatentes, têm de ser prosseguidospor todos os portugueses.

Cada português tem de ser um com-batente por Portugal. Só assim fará sen-tido o sacrifício de tantos combatentesque nos precederam e que hoje, aqui,homenageamos.

Bem hajam.»Depois dos discursos e da condecora-

ção do estandarte do Regimento deArtilharia n.º 4, de Leiria, o Presidente daRepública e restantes convidados, dirigi-ram-se ao interior do Mosteiro de SantaMaria da Vitória, onde assinou o livro dehonra da Liga dos Combatentes.

Foi com homens destaestirpe que se fezPortugal

Quero ainda saudar os militares e osantigos militares que, mais recentemen-te, foram chamados a participar emmissões em teatros de operações longedo território nacional. As característicasdas operações militares em que estive-ram ou estão envolvidos comportam,em muitos casos, acções de elevadorisco e grande importância na defesada paz e dos interesses de Portugal.Estes são os nossos actuais combaten-tes, briosos e dignos representantesda tradição militar nacional.

O encontro com Alpoím Galvão

Visita ao Museu da Liga dos Combatentes

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Monumento aos mortos da guerra do Ultramar

TCORPILAV (REF.)JOÃO JOSÉ BRANDÃO FERREIRA

A propósito da edificação deum monumento em

homenagem aos mortoscombatentes, um grupo de

entusiastas realizou no Portoum jantar de angariação de

fundos e de impulso paraesta nobre tarefa.

Convidado a proferir umaalocução, o Tenente CoronelBrandão Ferreira, apelou ao

patriotismo de todos,recorrendo há história

recente

As últimas campanhas militares ultra-marinas portuguesas, tiveram início

no Estado Português da Índia, em 1954,quando se reforçou aquele território mi-litarmente, por a ameaça assim o justifi-car; continuaram em Angola com o defla-grar do terrorismo, em 1961, e na Guinée Moçambique, respectivamente em 1963e 1964, com o início da guerrilha.

A soberania portuguesa terminou deforma dramática em Goa, Damão e Diu,em 19 de Dezembro de 1961, apósocupação “manu militari” do nosso terri-tório, por parte da União Indiana.

A luta nas restantes frentes desenro-lou-se, vitoriosamente, em termos deguerra de guerrilha de baixa intensidade,até que os acontecimentos ocorridos emLisboa, em 25 de Abril de 1974, quebra-ram psicologicamente a vontade de con-tinuar a luta.

A incompetência e ingenuidade comque os autores do golpe de Estado entãoocorrido, actuaram, fez com que rapida-mente o poder caísse na rua; lançou oPaís no caos político, económico, social e

financeiro, quebrou a disciplina e a con-fiança nas FAs e fez desmoronar todo oaparelho político/militar nas quatro par-tes do mundo onde flutuava a bandeiradas quinas.

Na parte europeia de Portugal, chegou--se nesse ano às portas da guerra civil,evitada “in extremis” por alturas de 25 deNovembro. Timor ficou ainda a pairarcomo uma chaga viva na consciêncianacional, durante os anos que durou aocupação indonésia, ocupação essa deque nós fomos, senão os únicos, pelomenos os principais responsáveis. O quese passou por causa disso, na sociedadeportuguesa assemelhou-se a uma catar-se de expiação de culpas, colectiva.

Uma debandada de pé descalço – comolhe chamou o insuspeito António JoséSaraiva.

A Nação dos portugueses não mereciaque as coisas se tivessem passado destamaneira.

Muito menos o cerca de milhão dehomens que combateram abnegadamen-te nos quatro continentes e mares em que

o território nacional de então, se espalha-va e que carinhosamente foram apelida-dos de os “melhores de todos nós”.

Não mereciam estes, nem os anterio-res que lutaram por ideias e interessesque fazem parte da matriz nacional por-tuguesa desde a I Dinastia e, objectiva-mente, combateram durante 600 anos –tantos quanto durou a diáspora portugue-sa. Esta é a primeira reflexão que vosproponho: nós não andávamos nisto hámeia dúzia de dias, não o fizemos deânimo leve e tal nunca teve a ver comregimes, pessoas, interesses de grupo ousistemas políticos.

“Ventos da História”

A segunda reflexão que vos queria pro-por tem a ver com a escala dos ataquesexteriores de que Portugal foi sujeito, quedesembocaram nestas companhias, e quemodernamente foram explicados pela fa-lácia dos “Ventos da História”.

Basicamente desde o início da Nacio-nalidade até à perda da independência,

em 1580, Portugal contou apenas comdois inimigos que se podem classificar declássicos: a Moirama e Castela; tendo dese fazer ainda frente, a partir do século XVà guerra de corso movida principalmentepor franceses e ingleses.

Porém, a partir do domínio filipino Por-tugal veio a herdar todos os inimigos dacoroa espanhola, foi assim que passámosa ser atacados por povos do centro enorte da Europa. Os judeus, que tinhamsido bem tratados em Portugal até D.Manuel I, passaram a guardar inimizade aPortugal após a sua expulsão, em 1496 eposterior perseguição pela Inquisição. Noséculo XX, a URSS tornou-se nossa inimigapolítica, por razões ideológicas e nuncaperdoou ao estado português o facto deter ajudado a derrotar as forças republica-nas durante a guerra civil espanhola. Aeste desiderato juntaram-se os EUA, a fimde tentarem subtrair os novos estados aocontrolo da União Soviética, ganharemacesso a fontes de matérias-primas e porpreconceito político/social, já que elespróprios tinham sido uma colónia.

Chamaram a isto os “Ventos da Histó-ria”. Portugal tinha, ao tempo em quecomeçaram a ocorrer os eventos quedescrevemos, poder efectivo – político,diplomático, económico, financeiro, psi-cológico e militar; vivia uma paz social edispunha de uma liderança forte, patrió-tica e competente, que se dispôs, altanei-ra, a defender as suas gentes e patrimó-nio e a vender cara a pele. E foi assim quecerca de um milhão de homens foi ocuparsucessivamente os seus postos de com-bate, naquilo que constituiu, sem sombrade dúvidas, a melhor campanha efectua-da desde os tempos do sr. D. Afonso deAlbuquerque, chegando-se a combatersimultaneamente em três teatros de ope-rações de uma extensão enorme, separa-dos entre eles e a Metrópole – que era abase logística principal – por milhares dequilómetros.

Homenagem à mulher portuguesa

Neste âmbito há que fazer uma men-ção especial às mulheres portuguesas.

Se é certo que aos expedicionários cabiasofrer as agruras da campanha, que nãopoucas vezes lhes causavam ferimentosou a própria morte, foi a mulher portugue-sa que desde a expedição a Ceuta, em1415, aguentou a retaguarda, tratou dacasa, criou os filhos e passou toda a sortede infortúnios para que a gesta se cumpris-se. É ela que verdadeiramente cria e justi-fica a palavra “saudade” e foram a suaslágrimas que salgaram o mar português.

Algumas se destacam: mulheres comoFilipa de Vilhena e Mariana deLencastre,que armaram elas próprias,osfilhos cavaleiros e os incentivaram a de-fender a Pátria; as mulheres de Diu, queatrás das pedras da fortaleza, obraramprodígios, ajudaram a aguentar dois ter-ríveis cercos, tratando dos feridos, trans-portando armas e munições, municiandoespingardas, etc; como as mulheres de S.Aleixo da Restauração, que mesmo cor-rendo o risco de ficarem sepultadas de-baixo dos escombros da igreja, motiva-ram os homens a resistir.

Para elas vai a minha homenagem!Em boa hora, pois, um grupo de cida-

dãos patriotas pretende erigir um monu-mento que perpetue a memória dos com-

Opinião Opinião

batentes, na segunda cidade do País, 35anos depois das campanhas terem termi-nado e os centuriões regressado a casa.

E esta é a última reflexão que vos querocolocar, porquê só 35 anos depois?

A resposta sendo triste e dolorosa ésimples de dar. Mas eu tenho de a dar.

A Pátria não se tem mostrado agrade-cida porque está de mal com ela pró-pria...

As forças políticas que saíram vitorio-sas daquilo que era para ser um golpe deestado e virou revolução sem lei nemroque, fizeram seu, o ideário políticodos, até então inimigos, da nação portu-guesa – fazendo crer que eram apenasinimigos do estado português – sanea-ram quem se lhes opunha e intimidarama restante população. Depois iniciaramum processo de lavagem ao cérebroonde participaram muitos desertores,repatriados e refugiados políticos, demodo a fazer crer que a acção dos por-tugueses tinha sido criminosa; que oscombatentes andaram a defender o im-perialismo, o fascismo, o colonialismo eoutros “ismos”, que eles tinham metidosna cabeça mas colados com cuspo, arru-mando-os na prateleira da ignomíniahistórica.

Um vento mau assolou o País e, porquenão dizê-lo, uma onda de cobardia tam-bém o varreu.

Este monumento, que queremos rapi-damente ver erigido, é um momentodesta reacção. E é preciso gritar bem altoque os combatentes portugueses de en-tão, o merecem, que fizeram uma guerraforam, generalizadamente, humanos eusufruindo de meios materiais pouco so-fisticados.

Caros compatriotas, os “Ventos daHistória”não foram erradicados e podemvoltar a soprar contra nós, de novo; nãosei até, se o deixaram de fazer... Há queestar preparado e nunca, mas nunca,baixar as guardas! Lembro apenas que,presentemente, nos querem esbulhar donosso mar, da nossa ZEE.

Curvando-me comovido e grato peran-te a memória dos nossos combatentes,apenas posso solicitar um grande e mere-cido viva para os soldados, marinheiros eaviadores da nossa terra, e um grandeviva a Portugal.

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Todo este material era completadopor um par de botas reluzentes e um

camuflado ainda mais brilhante e queteimava em não se adaptar ao corpo detão novo que era e que os “velhinhos”reconheciam ao longe como sendo deum Mike (maçarico), até o próprio bonéde tanta goma que tinha ficava encar-rapitado na cabeça deixando ver a pelebranca da cara, pele inconfundível deum Mike, que mesmo os quinze dias delicença de mobilização passados naspraias da Caparica, não conseguiramdisfarçar e fazer passar à cor bronzeadaque caracterizava um velhinho dasmatas de Angola.

O M.V.L. (Movimento de Viaturas Lo-gísticas) partiu às 4 horas da manhã, aazáfama foi grande durante toda a noi-te e provavelmente também o haviasido nos últimos dias.

Ultimaram-se os preparativos para apartida dessa imensa coluna de deze-nas e dezenas de camiões, uns civisfretados pelo exército, outros militaresque partiam habitualmente de 15 em15 dias, levando o apoio logístico, rumo

Mike

ao norte, pela chamada “estrada docafé“, que se internava pelos “Dembos”até à capital da guerra, “Nambuangon-go”, onde esta enorme serpente sedividia, seguindo uma coluna mais paranorte, pelo interior da densa selva até“Quipedro” e outra em direcção ao pôr--do-sol até “Zala”, percorrendo a pica-da, que passava pela curva do “bico depato”.

As viaturas iam ficando pelos respec-tivos aquartelamentos onde eram des-carregadas e esperavam novamentepelo regresso da coluna que ia engros-sando de novo de volta a Luanda.

Dirigi-me ao comandante da escolta,dizendo-lhe que tinha ordens para meapresentar em Nambuangongo. Esteapontando com o dedo, disse:

Pode-se ir acomodando naquela “ber-liett” – dirigi-me para lá.

Sentado ao lado do condutor encon-trava-se um soldado armado até aosdentes. Ele era só fitas de balas egranadas penduradas por todo o corpo.Pensei para comigo, aqui devo ir segu-ro, e disse-lhe:

- Bom dia.O condutor mandou-me seguir para a

caixa de carga, lá dentro já se encontra-vam duas mulheres da tribo “Quicon-go”, cada uma delas continha uma trou-xa feita de pano muito colorido igual aoque habitualmente este tipo de mulhe-res enrolava na cintura até à altura dosseios.

Seguia também connosco um solda-do, o completo oposto de mim, penseipara comigo, um “velhinho” pela certa.

Envergava um camuflado coçado,com um forte bigode preto, estavadeitado com a cabeça em cima do seusaco, igual ao meu, só que muito maisvelho e sujo, cinturão com 4 carrega-dores e a arma G3 que jazia ao seulado, voltei a dizer bom dia, mas elefingindo passar pelas brasas nem merespondeu.

Os ”unimogues” com a tropa daprotecção começaram a tomar posi-ção, também chegaram alguns“chaimites” dos “Dragões” que sedistribuíram estrategicamente pelacoluna.

Rapidamente saímos de Luanda, de-pois de uma breve paragem no ‘’con-trole”, assim se chamavam as entradase saídas da capital, que nessa altura se

encontrava cercada por uma rede dearame farpado.

Continuamos a rodar bem até para ládo “Caxito” onde terminou a estradaalcatroada e começou a picada, os sola-vancos da camioneta atiravam com omeu companheiro de um lado para ooutro o que o obrigou a sentar-se, abriunovamente os olhos e mirou tudo à suavolta, pegou na G3, passou-lhe um pano,puxou a culatra duas ou três vezes parase certificar que estava em condições,meteu uma bala na câmara, colocou apatilha em posição de segurança e aper-tou-a entre os braços contra o peitomantendo o cano virado para a picada.

As horas passaram, pelo meio damanhã, depois de algumas paragenstécnicas para que a coluna não sedesmembrá-se muito, o meu compa-nheiro abriu a boca pela primeira veze dirigindo-se às mulheres, que pro-vavelmente não o entendiam.

- Estão a ver estes dois grandes “em-bondeiros”, são conhecidos como asportas da guerra, daqui para a frente,todo o cuidado é pouco. Compreendiimediatamente que a mensagem erapara mim.

A partir desse momento fiquei a ma-gicar naquelas palavras e nessas duasenormes árvores.

Desperto destes pensamentos comum salto enorme da “Berliett” num dosvários buracos da picada, que me fezsaltar das mãos a G3, que eu apertavacom imensa força.

Nesse momento, oiço a voz do meucicerone, que continuava a narrar oslocais por onde íamos passando, sem-pre sem olhar para mim, mas eu sabiaque era para mim que ele falava.

- Esta é a curva “mata alferes” – econtou: os turras deixaram uma cartano meio da picada, o que levou acoluna a parar, um soldado recolheu acarta e entregou-a ao seu superior. Nocimo daquele morro encontrava-se umatirador furtivo que disparou certeira-mente, matando de imediato aqueleque tinha recebido a carta.

Passados alguns momentos ouvem--se tiros na frente da coluna e o meucicerone comenta: Não há problemas,são só o raio dos “Mikes”que nos vão aproteger, a fazer fogo de reconheci-mento. Mas os turras são espertos emesmo que lá estejam emboscadosnão respondem, portanto, quando pas-sarmos por debaixo do morro, temosque estar alerta. – E continuou a falar –aqui nesta curva o meu grupo de com-bate, que na altura fazia protecção aoM. V. L. teve duas baixas e eu fiquei

MANUEL ALDEIAS

Às três horas da manhã já eu meencontrava ao portão da M.M.

(Manutenção Militar), ataviado com umcinturão e respectivos carregadores,

arma G3, um saco verde enorme quefazia de mochila e que continha dentro

tudo o que eu fisicamente possuíanaquele momento: esferográficas,

cartas, fotos e pouco mais

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com este estilhaço no joelho, os gajosno Hospital Militar de Luanda não oquiseram tirar.

O dia ia passando e a paisagem luxu-riante e exuberante que vislumbravaera a da selva em toda a sua grandezae plenitude, por vezes passávamos porflorestas completamente fechadas equase impenetráveis, em que a estreitapicada parecia uma linha de comboio aentrar num apertado túnel, com osramos das árvores a bater-nos na cara.

Entretanto o dia acabou por dar lugarà noite, naquelas latitudes o anoitecer émuito rápido e a escuridão é como breu.Deu-se então uma nova paragem dasviaturas.

- Talvez seja alguma avaria ou pior –alvitra o meu companheiro – alguma“abatiz” (árvore grossa cortada peloI.N. e atravessada na picada). Estesmotoristas são teimosos, sabem quetêm que apagar as luzes, mas nãofazem caso, se os turras nos descobremnesta mata infernal, estamos feitos,enquanto eu tiver balas a mim não melevam eles.

Mais algumas pequenas paragens ede repente, do meio do nada, apare-cem algumas luzes mortiças em círculo.

- Chegamos à “Beira Baixa” – escla-rece o cicerone – eu fico por aqui, mastenham cuidado com a curva da morte,se fosse eu fazia-a a pé, sempre a pisaro rodado dos camiões por causa de

alguma mina – dito isto saltou com osaco às costas e a G3 na mão dirigin-do-se para dentro do recinto vedadocom arame farpado do aquartelamento.

- Ainda falta muito para chegarmos aNambuangongo? Este olhou-me de alto abaixo e gritou para o motorista - Olha pá!Temos aqui um “Mike” - o condutor sorriue convidou-me a sentar junto deles.

Estava eu a acabar de me instalarquando o motorista aponta para umasluzinhas, lá num alto, muito ténues aalguns Kms.

-Ali está Nambuangongo, a Capital daGuerra, vamos poder descansar umashoras debaixo da viatura e lá para omeio da manhã seguimos para Zala quefica a mais uns oitenta Kms.

Para mim, tinha chegado ao fimesta primeira viajem pelas matas an-golanas, de cerca de 200Kms e quedurara mais de 20 horas a uma médiade cerca de l OKms horários. À entradade Nambuangongo, perto do posto derádio, tendo ao lado esquerdo a cape-la, saltei da “berliet” com o saco àscostas e a G3 na mão. E para meugrande espanto, os meus futuros co-

As duas mulheres saíram umas deze-nas de Kms mais à frente no “Onzo”.

Dei então por mim sozinho no estra-do da “berliet”, só nos bancos da frenteseguiam o motorista e o tal soldadofortemente armado.

Enchi-me então de coragem e che-guei-me à frente da “berliet”, bati nascostas do soldado que estava forte-mente armado e humildemente per-guntei-lhe:

legas de transmissões, que já tinhamrecebido uma mensagem de rádio acomunicar a minha chegada, parasubstituir uma baixa que tinham sofri-do pouco tempo antes, mas que nun-ca me tinham visto, reconheceram--me logo entre todos os soldados queassim como eu também saltavam dasviaturas. Não havia dúvidas, eu eraum Mike, em toda a plenitude dapalavra.

Partida de um navio cheio de Mikes

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O meu nome é Luís G. M. da Silva. Vivo na Áfricado Sul desde 1972. Fiz parte do Batalhão de Caça-dores 1877/CCS (onde eu era o Sacristão do Bata-lhão) que partiu do Regimento de Infantaria 15 deTomar, para a Guiné em Fevereiro de 1966, regres-sando em Outubro de 1967. Gostaria imenso deentrar em contacto com alguém que tenha feitoparte dessa Unidade para fins de convívio. ContactoElectrónico: [email protected]

Eu, José Marques Viegas procuro os camaradasque restam do D.E.I. Destacamento de Engenhariada Índia: Rádio Telegrafistas (da Rede do Comando)chegados à Índia em 1960, que queiram reunir-seem confraternização e convívio, escrevam paraApartado 30209 – 1400-901 Lisboa ou para oE-mail: [email protected] / josé[email protected]/ josé[email protected]

Guilherme Joaquim Mendes Pereira, procuracamaradas que estiveram em CÔMA/ANGOLA noano de 1963 na Comp.Art.419; Ou se pertenceste àC.Caç. 2676 (Abril 1970) que esteve em CÔMA edepois Mamarosa/Angola, por favor contacta:Pereira 96 963 19 56.

José Alberto Coito Machado, procura camara-das do Pelotão de Morteiros 4570 / 72 que prestouserviço em Angola, para futuro convívio. Contacta:ex-cabo Machado 96 935 64 69.

António do Nascimento Vaz, procura ex-cama-radas das:

Companhias de Engenharia 1447 e 1448 (Angola1965 a 1967) e 1665 (Angola 1967 a 1969);

Companhias de Cavalaria 1482, 1483, 1484 e1485 (Guiné 1965 a 1967);

Companhias da Polícia Militar 1750 (Angola 1967a 1969) 1751 (Guiné 1967 a 1969) 1752 e 1753(Moçambique 1967 a 1969);

Companhias de Artilharia 2522 (São Tomé ePríncipe de 1969 a 1971) e 6553 (Angola 1973 a1975);

E todos os ex-combatentes de todas as Compa-nhias, Pelotões e Rendições Individuais que estive-ram em S. Tomé e Príncipe desde 1961 até 1975e que ainda não contactaram com os organizado-res dos respectivos Convívios anuais o façam para96 644 44 49 ou E-mail [email protected]

Adriano Manuel, procura pelo Pai Manuel Joa-quim, ex-furriel em Santo António do Zaire, hojeSoyo, esteve destacado nas unidades do Benza,Pedra do Feitiço e Quêlo. Nunca mais teve informa-ções, dados nem fotos do seu Pai. A sua Mãe é Rosa

João Celestina, filha de João da Costa e de CelestinaOlo, naturais da povoação do Nenga.

Procura-o apenas para o conhecer, nada mais.Tem emprego, trabalha há mais de 20 anos emAngola, portanto só quer conhecê-lo.

Deixa aqui todos os seus contactos de Angola,para quem tiver conhecimento do seu Pai o informepara: 00244 923 602753 ou 00244 912 513321 oupelo E-mail: [email protected]

Júlio Fernandes Dias, procura camaradas doPelotão de Reconhecimento “DAIMLER” que estevena Guiné de 1968 a 1970. Contacto da Austrália(9,00 horas de diferença) 00612 956 072 39.

Fernando Cepa procura camaradas que comba-teram em Cabinda – Angola com o soldado GastãoVaz Saleiro de Lima, natural de Mar – Esposende eque nasceu a 01-01-1942. Fez parte da CC 552 / RI15. Embarcou em Lisboa a 5-12-1963. Desembar-cou em Cabinda a 14-12-1963. Faleceu em comba-te a 12-05-1964. Ficou sepultado em Cabinda.Contactos 96 405 68 89 ou E-mail [email protected]

Spínola numa rua de Lisboa

Actual

vai acontecer

Manuel Joaquim Rodrigues Dias, informaque o 3.º Encontro/Convívio dos “Ex-militaresde Forjães que estiveram em Moçambique”vai realizar-se em 06 de Agosto de 2010, emForjães – Esposende. Contacta: Zé Mina 253871 321; Manuel da Rua 253 877 051; Fernan-do Laranjeira 253 871 032; Manuel Joaquim253 871 290.

No dia em que secomemoraram os cem

anos do nascimentodo marechal Spínola,

foi atribuído, pelaCâmara Municipal de

Lisboa, o nome doantigo Presidente daRepública, a uma rua

de Lisboa, noprolongamento da

Avenida dos EstadosUnidos da América,

em direcção a Chelas

Na cerimónia estiveram presen-tes o presidente da Câmara Mu-

nicipal de Lisboa, António Costa, oministro da Defesa, Augusto SantosSilva, o antigo presidente da Repú-blica Ramalho Eanes, o Presidenteda Direcção Central da Liga dos Com-batentes, general Chito Rodrigues,os chefes de Estado Maior do Exérci-to e da Armada e o antigo ministroda Defesa e da Educação, Veiga Si-mão, o director nacional da PSP,

Oliveira Pereira e o padre Vítor Me-lícias.

Na oportunidade, o Presidente daRepública referiu-se ao marechal Spí-nola como «um patriota e um ho-mem de grande coragem que lutoupor um Portugal verdadeiramentedemocrático.»

O Presidente da República adiantouainda, noutro ponto que Spínola «lu-tou pela construção de um Estado deDireito», tendo acrescentado:

«A homenagem que hoje presta-mos à sua memória, é, sem dúvida,um acto de justiça. Mas, muito paraalém das homenagens dos homens,será o juízo do tempo que se encarre-gará de lhe reservar na História olugar que merece. O seu lugar naHistória é o lugar de um portuguêsque amava o Portugal onde nasceu,um oficial de Cavalaria que prestigioua sua Arma, um Presidente da Repú-blica que conduziu os destinos do Paísnum tempo de grandes esperanças,mas também de graves crises.»

Na cerimónia discursaram ainda oPresidente da Câmara de Lisboa, ogeneral Chito Rodrigues, o embaixa-dor Nunes Barata e o sobrinho domarechal, Fernando Spínola.

No local será erguida mais tarde,uma estátua em homenagem aomarechal.

No cemitério do Alto de S. João, foiainda prestada uma outra homena-gem, promovida pela Liga dos Com-batentes, na qual participou o Presi-dente da Direcção Central, generalChito Rodrigues. 35

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Na cripta da Liga dos Combatentes no Cemitério do Alto de São João, a homenagem do presidente da Liga, e do chefe da CasaMilitar do Presidente da Répública

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Batalhão de Caçadores 141Furriel Gonçalves Vilaça, informa que os militares do

Batalhão de Caçadores 141 (Angola 1961/1963), CCS / CC142 / CC 144 e Pelotão Morteiros 21, realizaram o seuhabitual Almoço/Convívio com familiares, na Praia deQuiaios – Figueira da Foz, no dia 05 de Junho de 2010, noComplexo Turístico “Rosa Náutica”. No próximo ano, acomemoração do 50.º aniversário vai-se realizar em To-mar. Contactos: Furriel Vilaça 96 402 74 25 / FurrielHenrique Teixeira CC 143 96 802 11 29 / Furriel Jorge CC142 96 329 38 50.

Batalhão 2850Joaquim Manuel Caramelo Cardoso, informa que se

realizou mais um encontro num Almoço/Convívio dosantigos Combatentes da CCS do BAT. 2850 (Moçambi-que), que contou com a presença de trinta e oitocompanheiros, no ano em que comemoraram quarentaanos do seu regresso.

Apelo, se algum companheiro que ainda não tenha idoaos encontros e o queira fazer é favor contactar:

Cardoso 96 552 81 25.

Companhia de Construções 1708Artur da Silva, informa que o Almoço/Convívio entre os

ex-companheiros de Armas da Companhia de Construções1708 (Angola 1967/1969) se realizou em Vagos no dia 6 deJunho de 2010. Este dia será recordado pelo regresso dacompanhia a Portugal. Contactos: 234 083 920/96 657 27 17

Batalhão de Caçadores 5010António Mourato, informa que o 7.º Encontro da 3.ª Comp.

do B.Caç. 5010, realizou-se na cidade de Vila Nova deFamalicão, no dia 29 de Maio de 2010, que cumpriu missãoem Angola, nas zonas de Maquela do Zombo e Luanda entre1974 e 1975, organizado pelo ex-soldado Manuel Leal.Contactos: E-mail [email protected] / TM: 961 180 192 ou968 171 705. Mais informação sobre o encontro no site doBatalhão em http://pcbc5010.com.sapo.pt

Ex-Combatentes de Freixo-de-Espada-à-Cinta Num movimento espontâneo de pura camaradagem,

ainda que com o apoio da respectiva Câmara Municipal,reuniram-se em Freixo-de-Espada-à-Cinta os ex-comba-tentes do concelho, num jantar convívio que primou pelasimplicidade e boa disposição. Face às várias comemo-rações realizadas por todo o País, a Direcção Central daLiga dos Combatentes, fez-se representar por dois ele-mentos da Direcção do Núcleo de Pinhel, Srs. AntónioCorreia da Cruz e Luís Videira Poço.

Companhia de Caçadores2777António Francisco Caetano Horta, informa que o 34.º

Almoço/Convívio da C.Caç. 2777 “Os Patos Bravos” doBat. Caç. 2926, realizou-se no dia 17 de Abril de 2010, noRestaurante “O Chefe” na Moita – Anadia.

Batalhão de Caçadores 774Aníbal Mariano Fonseca, Fernando Joaquim Ferreira, José

Augusto Caldeira e José Rodrigues Cortêz, informam que o 43.ºEncontro do Bat.Caç. 774 (Comp. 771 / 772 / 773 e CCS) queestiveram em Angola 1965/1967, organizaram um Almoço/Convívio no dia 05 de Junho 2010, no Restaurante “Dom Fininho”no centro de Cantanhede. Contactos: 965 476 712 / 229 014 579/ 919 832 560 / 967 543 695

Companhia de Caçadores 1430Abílio Guerra Coelho, informa que o Almoço/Convívio da

C.Caç. 1430, que esteve em Angola 1965/1967, realizou-seno dia 06 de Junho, no Restaurante ”Flor do Paraíso” emGulpilhares - Vila Nova de Gaia. Contacto: Abílio GuerraCoelho, TM 93 322 90 49 ou E-mail [email protected]

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Tele objectiva

Respeito pelos ex-combatentes

Parabéns a Cavaco Silva e a Antó-nio Barreto: os nossos ex-comba-tentes já mereciam este sinal derespeito há muito tempo. São ho-mens, são portugueses. Não são“fascistas” ou “colonizadores”.

I. Portugal prestou, finalmente,homenagem aos nossos homens quecombateram nas guerras africanas.E António Barreto disse tudo sobreeste assunto: Portugal tem de termaturidade democrática para res-peitar aqueles ex-soldados, quederam tudo pelo seu país . Ou seja,Barreto deixou uma mensagem cla-ra, e que é rara na cultura políticaportuguesa: o país está antes dosregimes. Os regimes vão e vêm,mas o país fica. Sim, o regime sala-zarista era autoritário e estava forado tempo. Sim, aquela guerra foiuma idiotice política. Mas estas aná-lises políticas não podem pôr emcausa a dignidade dos portuguesesque lá combateram.

II. Os nossos ex-soldados incomo-dam muita gente. É natural. Inco-modam uma esquerda que fez umadescolonização desastrosa. Incomo-dam uma direita que defendeu aideia do Portugal pluricontinental.E, depois, fazem relembrar o assun-to dos retornados, que continua aser um tema tabu em Portugal. Sim,são incómodos, mas estes homensnão podem ser desprezados. Esteshomens merecem a nossa conside-ração. E não, não estou a falar desubsídios. Estou a falar da moedamais forte: o respeito.

III. Sobre este assunto, convémver o filme “20.13”, e convém ler olivro “As guerras coloniais portu-guesas e a invenção da História”(ICS), de Luís Quintais. Se a minhamemória não me falha, este livrofoi o primeiro contacto académicocom o mundo dos ex-combatentes

Henrique RaposoSexta-feira, 11 de Junho de 2010

Um Dia de Portugal diferente

1. Vou ser politicamente incorrecto:não costumo perder tempo com ascomemorações oficiais do Dia de Por-tugal. As cerimónias são aborrecidas,apenas privilegiam o institucional enão me lembro de lhes ver qualquerdimensão popular. Cá fora, nas ruas,as pessoas divorciaram-se da liturgia.O negócio das bandeiras faz-se à con-ta dos jogos da selecção de futebol.Os discursos costumam ser enfado-nhos, inexpugnáveis, dirigidos a umapequena elite. Assisti uma vez ao vivoe sei do que falo. Assim, habituei-mea ver curtíssimos resumos desse tédioe nunca me dei por mal informado oumau português.

Era isto mesmo que ia voltar a fazereste ano, mas por mero acaso liguei oaparelho de televisão na Quinta-feirade manhã. Começava a falar AntónioBarreto. Decidi, pelo respeito intelec-tual devido ao novo Presidente dasComemorações, ouvir as primeiraspalavras. Surpreso, fiquei até ao fim,relembrando, inclusive, a minha jádistante infância com duas etapas emÁfrica (Angola e Moçambique), filhode uma família de militar. Testemu-nhei em directo um notável acto decidadania e de justiça: o tributo aosex-combatentes, que pela primeiravez desfilaram na cerimónia militaroficial.

2. O discurso de António Barretoteve, e tem, vários méritos. É justo, écorajoso, é oportuno. E é o discurso deum verdadeiro intelectual, aquele quesabe olhar para a comunidade estu-dando fenómenos e identificando ne-cessidades.

Barreto verbalizou um facto: duran-te 36 anos, os antigos combatentesde Portugal têm sido vítimas de dis-criminações. Sobretudo depois do 25de Abril, corporizaram a culpa comque a maioria da sociedade portugue-sa, de repente, decidiu olhar para aGuerra Colonial. E teria sido pior se ogolpe que depôs o regime do Estado

Novo e devolveu a liberdade de ex-pressão e política ao País não tivessenascido a propósito de reivindicaçõesmilitares.

Já era tempo, pois, de alguém ter odesassombro intelectual de dizer, emnome do Estado [e o Presidente dasComemorações representa-o], aquiloque António Barreto disse, a todos e acada um de nós – porque o esqueci-mento de que fala o discurso é a somade todos os esquecimentos e vergo-nhas individuais, remete-nos até parao oportunismo de uma sociedade que,reciclada à pressa depois do dia 25 deAbril de 1974, plantou democratas damais pura estirpe onde antes haviaapenas colaboracionistas tementes.

3. Os combatentes, todos os com-batentes, foram, e serão, no feliz di-zer de Barreto, “soldados de Portu-gal” e não podem ser tratados como“colonialistas”, “fascistas” ou “revo-lucionários”. São homens que um diapartiram para uma guerra, ou conti-nuam a partir para missões interna-cionais, simplesmente porque o seuPaís assim o determina. E eles fo-ram, e eles vão, e eles irão, arriscan-do a vida, sacrificando famílias, por-que o País, representado por homenscomo eles, e independentemente dosregimes do momento, lhes pede essagenerosidade.

Os nossos soldados não têm de tervergonha por serem leais à Pátria(mesmo quando ela tenha sido repre-sentada por homens menores e tenhaperseguido propósitos injustos) maso Estado faz bem em assumir a vergo-nha de ter tido vergonha.

Um país é pobre quando apenaspossui decisores, gestores, gentemuito rica, e até políticos determina-dos ou obstinados. Mas pode ser rico,mesmo em tempo de crise, quandono meio de tanta miséria intelectualsobressaem homens que, como Antó-nio Barreto, sabem pensar e derramaro bálsamo da palavra sobre feridassociais que urgem ser cicatrizadas. E épara isto que também serve o Dia dePortugal.

Por João MarcelinoSábado, 12 de Junho 2010

15% de desconto sobre todos os programas e actividades (cruzeiros) - Desconto adicional de 5% nas 2.as e 3.as viagens e ainda um adicional de 10% (a juntar aos 15% iniciais), a partir do 4.º cruzeiro.

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Tome nota

João Serigado, foi Sargento-Mor pa-raquedista. Fez quatro comissões de

serviço em África e é detentor da Cruzde Guerra de 1.ª Classe. Hoje, reforma-do e portador da doença de Parkison,uma vez mais não se deixou vencer.

Com 64 anos de idade, trabalha emcasa assiduamente. Faz cerâmica ar-tesanal, única no mercado que vai dapeça pequena até peças com ummetro e tal, em barro vermelho emaltas temperaturas.

Por isso estamos a divulgar, na nos-sa revista, a todos os combatentes eex-combatentes, que um doente deParkinson e deficiente das F.A., tam-bém faz arte linda e que deseja dá-laa conhecer a todos. Se o interesse for

João Serigado

Não se deixa venceradquiri-la à mesma será feito umdesconto especial.

Contactos: [email protected]: 91 722 77 01 - 96 426 83 35Tel/Fax: 262 989 058Morada: Apartado 24 - 2461-071

S. Martinho do Porto - Salir do PortoSócio da Liga dos Combatentes

n.º 159.125 do Núcleo das Caldasda Rainha.

A grande parte deste trabalho estáexposto e em stock à venda no seuatelier, em Salir do Porto, onde oespera um desconto especial de 30%na época natalícia a todos os nossoscamaradas. Fora desta época há 25%basta apresentar o cartão da Liga.

Posta Restante

“Missões de Paz, Um Olhar de Flash”,uma exposição de fotografia comsuporte de meios audiovisuais, emparceria com o CAVE (Centro deAudiovisuais do Exército), que foiinaugurada no dia 16 de Abril, noForte do Bom Sucesso, e que estápatente ao público até 18 de Julho.Considerando um dos seus finsestatutários, a Liga criou conjunta-mente com o CAVE a exposiçãoMissões de Paz, Um Olhar de Flash,objectivando dar a conhecer porme-nores da participação de Portugaldesde a década de 90, nas forças deimplementação de Paz.Esta exposição é essencialmente umflash, fotográfico, com suporteaudiovisual onde se pode ver eapreciar particularidades das realida-des e operacionalidade das ForçasArmadas Portuguesas, que de certezaestão preservadas na memóriapatriótica de cada português.O trabalho apresentado surge deacções desenvolvidas junto dasForças portuguesas em missão desde1993 até ao século XXI. Todas asintervenções e participações dePortugal nas Missões de Paz eHumanitárias a cargo da ONU (Organi-zação das Nações Unidas). Desde oscomplexos processos de descoloniza-ção de alguns Países Africanos deLíngua Oficial Portuguesa, Angola(1995); passando pela Bósnia eKosovo (1999), até à recente missãode paz em Timor (1999). Estaexposição fotográfica demonstra nãosó a presença de Portugal nas ForçasInternacionais sob a égide das NaçõesUnidas, como a integração e relacio-namento das Forças Portuguesas comas populações locais.

Exposição de Fotografia,Missões de Paz, Um Olhar de Flash

Hilário Teixeira Lopes é um pintor inquieto,passando por períodos estéticos diversos,desde a abstracção à figuração, doexpressionismo à nova-figuração, tendosempre presente um forte sentidogeométrico nas suas composições.Quando em 1965, ganha o PrémioAmadeo de Souza-Cardoso – o maisimportante prémio de pintura instituído emPortugal na altura – a sua obra começa aevoluir num sentido cromático pleno deintensidade expressiva, em que osvolumes são rigidamente definidos emcores planas e o movimento é dado pormúltiplas dicotomias, entre planos eespaços.Esta evolução culmina em 1969, quando oquadro “Futebol USA”, conquista o PrimeiroPrémio de Pintura na II Bienal Internacionalde Desporto em Belas Artes (Madrid).Nessa ocasião, toda a crítica madrilena foiunânime em reconhecer a justiça doprémio e em verificar que o pintorportuguês era incontestavelmente um doscasos mais promissores da pinturacontemporânea.No ano em que comemora 66 anos decarreira, Hilário Teixeira Lopes conta já coma realização de quase 40 exposiçõesindividuais e mais de 550 participações emexposições colectivas, estando representa-do em diversas colecções nacionais einternacionais, das quais se destaca acolecção da Assembleia da República.As suas telas tornam-se um depósito, umtesouro de instantes e de formas, revelan-do-se como espaços diversificados,capazes de preservar a memória deacontecimentos múltiplos, a memória dostempos.

Da colatura multi-direccionalmenteexpansivaForte do Bom Sucesso até 8 de Set.

Exposições permanentes

O Combatente Português do séc. XX.Esta exposição tem como finalidadetraçar um percurso museológico querevele a evolução histórica da figura doCombatente Português, percorrendonesse sentido, uma linha temporal demais de 80 anos (desde a I Guerra

Armamento e Equipamento dos trêsramos das Forças Armadas

Todo o espaço ao ar livre do Forte doBom Sucesso e Museu do Combatenteapresenta equipamento e armamentomilitar dos três ramos das Forças Ar-madas. Respectivamente — Marinha,Exército e Força Aérea.

Mundial, até à Guerra do Ultramar).A exposição mostra apontamentosque vão desde o fardamento aoequipamento, armamento,alojamento, cuidados de saúde,moral, operações e por fim, um lugarreservado à fundação e evolução dahistória da Liga dos Combatentes.

AAssociação Nacional dos Prisionei-ros de Guerra levou a efeito no

Entroncamento/Vila Nova da Barquinhao seu 8.º Encontro Nacional na“Quinta daPonte da Pedra” convívio ao qual estive-ram presentes cerca de 270 pessoas.

Pelo Vice-Presidente, Sr. Fausto Dia-binho foram dadas as boas vindas ex-pressas da seguinte forma:

«É com bastante mágoa constatar-mos a ausência do nosso Presidente daDirecção Montez Coelho, que por moti-vos de saúde não pode estar entre nós.

O Montez Coelho é uma figura bas-tante carismática dentro da nossa Asso-ciação e não só.

É a ele e a mais 3 ou 4 camaradas quedevemos tudo o que se conseguiu atéhoje da parte do Poder Político.»

E, mais adiante:«Quero também relembrar os cama-

radas que foi publicada no D. R. de 13 deJaneiro de 2009 a Lei N.º 3/2009, quevem regular os efeitos jurídicos dos pe-

Convívio de prisioneirosde guerra

ríodos de prestação de Serviço Militar deAntigos Combatentes para efeitos deatribuição dos benefícios previstos nasLeis 9/2002 e 21/2004. Contudo, aindanão foi desta que se conseguiu que anossa proposta fosse aceite pelo Gover-no para alteração da alínea b) do artigo1.º da Lei 9/2002, para que fossemabrangidos os Militares que prestaramserviço na Índia no período de Agosto de1954 até ao fim da comissão, em virtudede na altura já ser considerada zona de50% de perigosidade. Como sabeis a nósPrisioneiros de Guerra só conta o tempoa partir de 19 de Dezembro de 1961 atéà nossa libertação.»

De seguida falou o Tenente GeneralAníbal Flambó, dizendo que se encon-trava em representação do Director Geralda DG Pessoal e Recrutamento Militar emais afirmou que é com muita honraque estava presente e que os Prisionei-ros de Guerra eram merecedores detudo o que o MDN já fez por eles.

Interessante...”O Combatente tem artigos in-

teressantes, como é o caso da ope-ração sobre os mortos na Guiné.

Gostei especialmente do seueditorial com que estou comple-tamente de acordo.“

Marques Júnior (deputado)

Brilho…«com amizade agradeço o

convite para as cerimónias do Diado Combatente, na Batalha, e fe-licito pelo brilho que as mesmastiveram, destacando as oportunasintervenções orais».

Domingos Américo Pires Tavares(General)

Excelente…«Agradeço sensibilizado o en-

vio da excelente revista Comba-tente que muito apreciei.»

José Lello (Deputado)

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4 sugestões de leitura

MORTE NA PICADAAutor: Antunes FerreiraEdição: Via OccidentalisContactos: Av.ª do Brasil, n.º 88

4.º Esq. 1700-073 Lisboawww.via-occidentalis.blogs.sapo.pt

Antunes Ferreira, Henriques, Jornalistanasceu em Lisboa.

“Os enredos de Antunes Ferreira sãodominados por uma urgência vital feitade sexo ou de sangue (muitas vezes deambos), tratando-se quase sempre daobsessiva ausência de um e da opressivapresença de outro, com personagensapanhadas, de ambos os lados do confli-to, por uma trama de que não são respon-sáveis mas a que não conseguem fugir.Muito se tem discutido sobre a verdadeiradesignação deste conflito: guerra colonial,guerra de África ou guerra do ultramar. Oautor propõe-nos um outro conceito: guer-ra civil. Os que se batem são irmãosdesavindos, com mais a uni-los do que asepará-los, pesem embora as diferentestonalidades da pele.

Luís Oeiras, nasceu em Vila Real deSanto António. Em 1967, foi incorporadono Serviço Militar Obrigatório, na EscolaPrática de Infantaria, em Mafra. Embar-cou com o seu Batalhão, como AlferesMiliciano Atirador de Artilharia, em Maiode 1968 e chegou a Mueda, no norte deMoçambique, em Junho. Cerca de umano nessa zona de guerra a 100%, par-ticipou em todas as missões possíveis:patrulhas, picagens, desminagens, es-coltas, emboscadas e operações de pe-quena e grande envergadura.

“Mais tarde, essas lembranças dos cor-pos estirados e abandonados, insepulta-dos a ao sabor das chuvas, iriam decom-por-se lentamente e aflorar de novo àsconsciências, no Minho, nas Beiras ou emLisboa, nos pesadelos dos pais de famíliaque nunca contaram nada aos seus filhos;que nunca disseram a ninguém o medoda morte, a crueldade.

MUEDA LUAAutor: Luís OeirasEdição: Roma EditoraTel.: 217 975 379www.roma-editora.pt

o Estado Novo por figuras como Gomes daCosta, Carmona, Galvão, Delgado, CostaGomes e Spínola – e a sociedade civil (ondepontificaram os oposicionistas João e MárioSoares, António Sérgio e Cunha Leal) àvolta dos destinos do regime e da Nação.

A ESPADA DE DOIS GUMESAutor: David MarteloEdição: Publicações Europa – Amé[email protected]

David Martelo é oficial do Exército(Coronel) na reserva. Nascido em Vi-seu, tem os cursos de Infantaria daAcademia Militar, de «Infantry OfficerAdvanced Course» de Fort Bennig (USA)e de Estado-Maior. Participou em duascomissões de serviço em Angola e de-sempenhou funções de comando naBrigada das Forças Especiais.

Nesta sua obra, David Martelo analisaa importância e influência decisivas dosmilitares na vida política, institucional egovernativa do Portugal de 1928 a 1974.

O presente estudo documenta magnifi-camente o debate entre a classe militar –representada, durante a Ditadura Militar e

COPING E STRESS TRAUMÁTICOEM COMBATENTES

Autor: Carlos AnunciaçãoEdição: Liga dos Combatentes / CE-

AMPS – Centro de Estudos e Apoio Mé-dico, Psicológico e Social.

Prefácio do Presidente da Liga dosCombatentes TenGeneral Joaquim Chi-to Rodrigues

Contactos: Liga dos Combatentes –Rua João Pereira da Rosa, 18

1249-032 LisboaTel.:21 346 82 45/[email protected] Preço: 17,00•euros

Carlos Manuel Magro Anunciação éOficial do Exército. Licenciado em Psico-logia (ramo de Psicologia Clínica) peloInstituto Superior de Psicologia Aplicada.Mestre (pré-Bolonha) em Psicologia –área de especialização em “Stress eBem-estar: Intervenção na Família, naEscola e no Trabalho” pela Faculdade dePsicologia e de Ciências da Educação daUniversidade de Lisboa. Na área da Psi-cologia da Saúde, desempenha há váriosanos funções de Psicólogo Clínico, noNúcleo de Stress do Serviço de Psiquia-tria do Hospital Militar Principal. Actual-mente colabora com a Liga dos Comba-tentes na qualidade de Psicólogo e In-vestigador, respectivamente no CAMPS(Centro de Apoio Médico, Psicológico eSocial) e no CEAMPS (Centro de Estudose Apoio Médico, Psicológico e Social). ÉSócio da Ordem dos Psicólogos.

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