revista guitarra clássica n0

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  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    1/35

    Guit

    rraClssica

    Nm

    ro0Janeir

    1

    2010

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    2/35

    Guit

    Edit

    12Guit

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    Entr

    Festi

    Entr

    Prob

    Pgi

    Nov

    Equi

    (tod

    rraClssica

    orialnos passaarreando,ramente aortugal,eiossibilida

    ralmente,ntem maido o desero. Paraposiestaguitarra

    ossos agreeNunooprximooRodrigue

    evistacomvaldeGuitvistacomlemasdeascomMsGrava

    a:NunoCa

    saspropos

    dos desda primei

    assuntossestenovesdomunesperamo

    s colaborfio aos letal, bastar

    egmail.co

    deciment

    uedesdenmeroes

    CarloMararradeLeiOscarFlecepertrio

    sica..s

    pos,Joo

    taspublicit

    o aparera revistaguitarrstic

    projectodovirtual. que a esdores, ficitores des o enviosugeste

    .s especiaiCampospe

    Abril!

    hione

    ria

    a

    auloHenriq

    riasdever

    imento d dedicados a surgiueusufru

    e projectndo assie primeirde artigos par

    a Matanlasuaprec

    ues,Matan

    serendere

    i

    ,

    yaiosacolab

    aOphee,R

    adaspara

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    iPinto,Ped

    evistaguita

    aedio.

    roRodrigue

    rra@gmail.

    2

    3811.16.3034

    s

    com)

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    3/35

    GuitarraClssica 3

    EntrevistacomCarloMarchionePorJooPauloHenriques

    Joo Paulo Henriques: Em primeiro lugargostavadeagradeceremnomedaRevistada

    GuitarraClssicaporaceitaronossopedidode

    entrevista.umgrandeprazerparans.Como

    correramosconcertosnaRssia?

    CarloMarchione:ObrigadoporestaentrevistaJoo! Os meus concertos em Moscovo e S.

    Petersburgocorrerammuitobem.Infelizmente

    odiadoconcertoemMoscovocoincidiucomo

    jogode

    futebol

    Eslovnia

    Rssia

    para

    a

    qualificao para o prximo campeonato do

    mundo...como podes imaginar, no havia as

    habituais 900 pessoas no concerto, o que

    normal naquele pas! J agora, foi uma

    experincia pessoal/profissional incrvel e

    enriquecedora,comosempreonaRssia.

    J.P.H:

    A

    minha

    prxima

    pergunta

    sobre

    repertrio. Como escolhe o programa a

    interpretarnumconcerto?

    C.M:Boaquesto!Digamosqueapesardetudo

    o que te dizem durante as chamadas master

    classeseworkshopssobrecomoescolherum

    programanohumamaneiradeescolherum

    programa mas sim uma situao (novamente

    pessoal e/ou profissional) em que tu tens de

    optar.Eurefirome,porexemplo,quandotens

    20 anos e ests no incio da tua carreira tu

    tentas tocarpeasquemostremo teumelhor

    nvel por assim dizer. Se considerarmos que

    nestafasedavidamusical,ummsicoparticipa

    tambm em vrios concursos internacionais,

    com vrias peas obrigatrias e programa

    especificamenterequisitado

    (por

    exemplo

    msicadosculoXXoumsicaespanholaetc.)

    tu consegues perceber facilmente quemuitos

    programas so muito frequentemente um

    resultado de necessidades prticas e de

    objectivos. Em todas estas situaes cada

    msicoescolhepeasquefalemaoseucorao

    e crebro de uma maneira especial. Posso

    dizerte que,nomeu caso, com o chegar dos

    anosmaduroseutentonostocarpeasque

    mostram o meu melhor lado mas acima de

    tudoomelhor ladodamsicaemsi.Portanto,

    tambm as vrias transcries e os vrios

    compositores desconhecidos e peas que um

    indivduo pode ouvir nos meus concertos (eu

    pensoemcompositoresbarrocoscomoRoman,

    que sepodeouvirno Youtube, vonWesthoff,

    Vilsmayer e Paradisi, compositor este que

    toquei um ano atrs em Portugal e

    compositores modernos como Casarini,

    Iannarelli, Vassiliev e por a em diante).

    Digamos que como passardos anos eu sinto

    maisemaisumtipodesentimentodejustia

    para com todos estes compositores que por

    razes alheias qualidade musical tm sido

    deixados de fora (no s no mundo

    guitarrstico) da programao de concertos

    durante tantosanos.Ao fazer istoeu tenhoo

    apoio e inspirao de todos os meus alunos.

    90% do meu repertrio dos ltimos 10 anos

    tem vindo a ser (re)descoberto e estudado

    juntamente com e, muitas vezes, por eles. O

    meu obrigado, vocs so muito importantes

    paraaminhavidamusicalepessoal!Maspor

    favornoseesqueamqueahistriadamsica

    est repleta de compositores incrivelmente

    esquecidos,grandes

    compositores.

    Toda

    gente

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    4/35

    GuitarraClssica 4

    conhece Bach, mas quantos conhecem

    Pisendel, ou Zelenka ou Monn? Toda gente

    conhece Mozart, mas quantos conhecem

    Rosetti, Kraus, Beck ou obras de W.F. Bach?

    Paramim

    no

    s

    uma

    questo

    acadmica,

    eles escreveram msica realmente

    inesquecvel!Bastacomprartudodeleseouvir!

    J.P.H:Achoquedoconhecimentogeralentre

    osguitarristasquefazmuitastranscriespara

    guitarra.Queprocessousaparaarranjaralgo

    para guitarra? Como passa de escolher uma

    pea

    a

    transcrev

    la?

    C.M: Para mim uma transcrio sempre e

    absolutamente uma declarao de amor.

    Muitasvezes,nsaprendemosistonavidareal,

    por causa do amor uma pessoa diz e/ou faz

    coisas estranhas. No mesmo sentido eu

    transcrevovriaspeasspeloamorquetenho

    porelas,semtercuidadocom(aboa)execuo

    ouaracionalidadedaspeas.Eutoqueidurante

    12anoscomumquartetoeduodeguitarras,4

    anoscomumdosmelhorestriosdeguitarrado

    meu pas e tu no consegues imaginar o que

    ns tocamos durante esses anos! (Voltarei a

    este assunto mais tarde). Mas se eu decidir

    acrescentar uma nova transcrio ao meu

    programaaprimeiracoisaqueeu fao fazer

    umflirt

    pea.

    Ao

    decidir,

    por

    exemplo,

    tocar

    o Adagio KV 540 de Mozart (sem dvida a

    transcrio mais difcil de sempre) eu passei

    muitotemposatocaremalgunsbaresaquie

    acol,em vrias tonalidadesdiferentes e com

    afinaes diferentes. Finalmente encontrei a

    essncia da transcrio, ou seja uma

    passagemqueeusomenteconsigotocarnuma

    tonalidadeeafinao

    especfica

    para

    que

    resultedamaneiraqueeuachoquedeverser

    executada.Euchamo istode essnciaporque

    a transcrio feita em sua volta. Esta foi o,

    no isolado, mas um caso muito extremo de

    transcrio.tambm

    muito

    importante

    encontrar um gnero de dicionrio musical

    paraquesepossa traduzirconvincentemente

    paraa linguagemdaguitarra,figurastpicasde

    um outro instrumento. Invertendo adireco:

    comosetocaosRecuerdosde laAlhambrano

    piano?Ouum casode sorte:Astrias (muitos

    guitarristascontinuamaacharqueestapeafoi

    compostapara

    guitarra!

    Mas

    eu

    consigo

    entendlos, apenas perfeitamente

    idiomtico).Ou:comoacrescentarbaixosnuma

    Ciaconnaparaviolinosolo(conseguesimaginar

    a qual me refiro?) Ou: como transcrever o

    basso albertino com linha meldica na parte

    superior? Neste caso, muito interessante

    consultar transcries histricas (Giuliani ou

    Carullipor

    exemplo).

    J agora, eu ouo com muita frequncia de

    colegasmuito estimadosque transcriesno

    devem ser feitas e, se um indivduo no

    consegue na verdade manterse distante

    destas, no devem ser tocadas em concerto

    massomenteemcasaparafinsdeestudo.Eles

    comcertezatmrazoemalgunscasos,maseu

    pensoquesempreumaquestodequalidade

    datranscrio,credibilidadeeoseucontedo.

    Eu no consigo imaginar que algum pudesse

    dizer:Joo,no leiasShakespeareporqueeste

    noescreveuemportugus.Mesmoquealguns

    refinamentos do gnio sejam inevitavelmente

    perdidos, o contedo e a beleza da sua obra

    justifica de certa maneira uma traduo em

    qualquer lngua desta Terra. Por outro lado,

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    GuitarraClssica 5

    ningum no teu pas ir sentir falta de uma

    traduo de uma telenovelajaponesa para a

    linda lnguaqueoportugus.Oquetambm

    esquecido que grande parte do nosso

    repertriooriginal

    nada

    mais

    nada

    menos

    que uma transcrio (caso extremo: Sonata

    Omaggio a Boccherini do Castelnuovo). J

    agora,todagentetemdedecidirporsiprprio

    o que fazer, claro est. Eu considero a

    transcrio, apesar de todos os aspectos

    prticos, um incrvel e til exerccio,

    especialmenteparansguitarristas, enoum

    passono

    omissivo

    na

    nossa

    educao

    musical

    (afimdeseconhecernosacademicamente

    repertrio que no existe para o instrumento

    moderno);ouentosdeveramostocarpeas

    compostas por guitarristascompositores mais

    ou menos do perodo de Trrega (i.e. para a

    guitarramoderna).

    J.P.H:NoquedizrespeitoaosculoXXIeaoseu

    repertrio para guitarra, eu gostaria de lhe

    perguntar quais so as suas preferncias e

    sugestes?

    C.M: Tal como tinha dito anteriormente, eu

    toquei durante 12 anos com um quarteto de

    guitarras.O nosso repertrio era 90%msica

    contempornea e 90% desse repertrio foi

    escritopara

    ns

    (isto

    para

    algumas

    pessoas

    que

    pensam que eu somente gosto e tocomsica

    barroca...).Comopodes imaginarns tocmos

    muitasboaspeas,mastambmpeasqueme

    deixaram perplexo, para pr de umamaneira

    suave. Eu no me importo em que estilo ou

    linguagem musical a pea escrita, se tem

    rudos ou aspiradores na orquestra. Eu adoro

    Stravinskyem

    todos

    os

    seus

    perodos

    (russo,

    neoclssico,dodecafnicoetc.);istoporqueele

    tem uma mensagem forte que eu consigo

    entender e sentir por detrs de todas as

    diferenas tcnicas das peas e do dialecto

    musical.Depois

    disso,

    uma

    pessoa

    pode

    talvez

    entender melhor as minhas preferncias no

    quedizrespeitoaorepertriodosculoXX/XXI.

    Umapeaquegostariadetocarantesdeparar

    semdvidaChoreiquesdeFrancisMiroglio.

    Uma suite dodecafnica em quatro partes

    incrivelmente fortes. No certamente uma

    boapeaparaumafestadecasamentoouum

    concertonuma

    aldeia

    pequena

    nos

    Pirenus,

    masnostiocerto,naocasiocertaecomduas

    palavras de introduo ir tornarse num

    enriquecimentofantsticodonossorepertrio.

    J.P.H: Quais foram as suas principais

    refernciasmusicais durante e depois da sua

    juventude?

    C.M: Tanto quanto me lembra, na minha

    juventude a minha fonte de inspirao era

    Nikolaus Harnoncourt, no tanto pela

    qualidadeestonteantedassuasgravaesmas

    ainda mais pela inextinguvel sede de

    (re)descobrirnovo repertrioeobservandoos

    comolhos, almae crebromuitoabertos (ele

    acabade gravar PorgyandBessaos 80!). Eu

    nuncatentei

    imitar

    asua

    maneira

    de

    tocar/dirigir(nofariasentido)masseeutenho

    hoje em dia a capacidade de oferecer bons

    programas com desempenho compreensvel

    (emrelaoatempos,articulaes,fraseadoe

    umbombalanoentretextoeafectospessoais)

    no somente por causa dos meus grandes

    professores de guitarra mas tambm deste

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    6/35

    GuitarraClssica 6

    gigantedamsicacom80anos.Muitoobrigado

    Maestro!

    J.P.H:Vamosfalarumpouco sobreaguitarra

    emPortugal,

    j

    que

    visitou

    onosso

    pas

    dois

    anos seguidos se no estou enganado. Visto

    seres um dos guitarristas que mais vezes

    convidadoparafestivaisdeguitarraemtodoo

    mundo,gostariadesaberasuaopiniosobreo

    nveldosguitarristasemPortugal.Temalgum

    conselho a dar aos estudantes de guitarra

    clssicaemPortugal?

    C.M:Portugalumdosmeuspasesfavoritos.

    Ocarcterdaspessoas,o tempo,abelezadas

    cidades e natureza, fado, comida...eu adoro

    tudo do fundo do corao. Foi portanto uma

    enorme alegria ser convidado pelo grande

    Maestro Dejan Ivanovic para tocar em Lisboa

    em2008.Desdeessaalturaeuestive tambm

    em Sernancelhe e uma vez mais na cidade

    capital. Grande pblico! As masterclasses

    tambm foram muito boas, o nvel geral da

    guitarra na Europa est a aumentar

    incrivelmente nos ltimos 15 anos e Portugal

    nopoderiaficarparatrsnestamodatambm

    devido presena de grandes professores

    estrangeiros, cujo os quais formaram uma

    gerao fantstica de msicos. Caro Joo,

    perguntasteme

    se

    podia

    dar

    um

    conselho.

    umapergunta traioeira...Portantoeugostaria

    decitarumafrasedePaulDegas,quecombina

    perfeitamente comaminha filosofiacomoser

    humanoemsico:Tertalentotendo25anos

    fantstico. Mas continuar a tlo quando se

    tem50anos,overdadeirodesafiodavida.

    J.P.H: Uma pergunta diferente: Se no fosse

    guitarrista, o que gostaria de ter sido

    profissionalmente?

    C.M:Aos

    20

    anos

    de

    idade

    eu

    pensei

    seriamente em parar de tocar guitarra. Eu

    escrevi tocar porque na verdade naquele

    tempoemItlianohaviaconcertosparatocar.

    Euestavamuitodesmotivado(umamigosalvou

    aminha vidadandome coragem e forapara

    continuarechegarondeestouhoje).Portanto

    eu tinhaum trabalhonuma lojade LP/CD em

    Roma

    e

    tenho

    que

    te

    dizer

    que

    a

    ideia

    de

    trabalhar l no era desagradvel para

    mim...Hoje isso nem seria possvel, a no ser

    que eu abrisse uma loja de CD online...Mas

    neste ltimo caso eu iria sentir a falta do

    contacto com as pessoas, que para mim o

    elemento mais importante do meu trabalho

    (como professor e executante). O sonho

    secreto era de qualquer maneira tornarme

    numjogadordefutebol.Eunoeramau,eaos

    16anostivedeescolherentreoConservatrio

    e os treinos de futebol. Tu sabes o que

    aconteceu...

    J.P.H:Aprximaperguntacomplicada.Como

    aborda uma pea nova que est prestes a

    estudar?Qualoseumtododeestudo?

    C.M: uma pergunta impossvel de

    responder...oprocessomuitofluenteevago,

    algumasvezesmuitolongo,outrasvezesmuito

    curto.Articulao,digitao,fraseado,lealdade

    ao texto e expresso pessoal, estabelecer

    ligaes msica escrita no mesmo perodo,

    circunstnciasda vidado compositor...tudo se

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    7/35

    Guit

    mistu

    dura

    J.P.H:

    Guitaseu t

    pode

    naSa

    Lecci

    Impo

    Carle

    Emc

    deLi

    Arevi

    violin

    Carlo

    rraClssica

    ratornando

    teoconcert

    Mais uma

    rraClssica

    empo e disp

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    laFilarmnic

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    tantes com

    aro,C.Dom

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    bert"(1997),

    p.25,D.795)

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  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    8/35

    GuitarraClssica 8

    IIFestivalInternacionaldeGuitarradeLeiria(2009)porJosMesquitaLopes

    Este Festival teve a sua segunda edio em

    Julhode

    2009,

    no

    entanto

    um

    evento

    que

    vem sendo realizadodesde2004 integradono

    ento Estgio Internacional de Orquestra da

    Regio de Leiria/Ftima. A partir de 2008

    tornouse autnomo, e desde a comeou a

    incluir maisvalias, diversificando a oferta de

    acontecimentos. Isto tornousepossvelgraas

    Direco do OLCA (Orfeo de Leiria

    Conservatriode

    Artes),

    s

    Cmaras

    Municipais

    desta regio, aos seus directores artsticos e

    executivos,osprofessoresJosMesquitaLopes

    e Ilda Coelho, para alm de vrios outros

    colaboradores Direco Pedaggica,

    Associao de Estudantes, secretrios/as,

    jornais, rdios,diversosoutros patrocinadores

    comolojasdemsica,editoras,etc.

    Esteano,oFestivalcomeoucomoIIEncontro

    Nacional de Ensembles de Guitarra (9 e 10),tendo participado em concerto os seguintes

    ensembles: Ens. de Guitarras da Sociedade

    Filarmnica Gualdim Pais (Tomar), com a

    direcodeSrgioMarques;Ens.deGuitarras

    da Guarda, com a direco de Hugo Simes;

    Ens. de Guitarras da Academia de Msica de

    Monte Abrao, com a direco de Ricardo

    Martins;Ens.deGuitarrasdoConservatriode

    Msica D. Dinis (Odivelas) e o Ensemble

    Concertante deGuitarrasdoOrfeode Leiria,

    com a direco de J. Mesquita Lopes. O seu

    repertriovariouentreoperodorenascentista

    eosc.XXI,tendoalgunsdestesgrupostocado

    comalgunsmsicosconvidados,intrpretesde

    outros instrumentoscomoaflauta,ooboeo

    violino.

    Nos dias 11 e 12, seguiuse o II Concurso

    NacionaldeGuitarradeLeiriaquecontoucom

    diversosconcorrentesdevriospontosdopas,

    osquaisforamintegradosem5escales(desde

    oPreparatrio(A)atao7/8graus(E)).

    Ojri incluiuosprofessoresJ.MesquitaLopes,

    IldaCoelho,

    Mrio

    Teixeira,

    Neuza

    Bettencourt,

    PedroRodrigueseRobertoBatista.

    Ospremiados,que tocaramdia12deJulhona

    CasaMunicipaldaCulturadeAlvaizere,foram:

    EscaloA:

    1prmioDiogoAndrMesquitaTeixeira

    2prmioMarceloSantosOliveira

    EscaloB:

    1prmioPauloRenatoGonalvesVieira

    2 prmio (exaequo) Fbio SantosGavina eHugoMiguelLourenoLopes

    3prmioHenriquedeCarvalhoMoreira

    EscaloC:

    1prmioInsSofiaSimesPereira

    2prmioRafaelBatistadosSantos

    3prmioJooPauloSantosLopes

    EscaloD:

    1prmioAndrAlmeidaFerreira

    2prmioTiagoFilipeAntunesMorin

    3prmioBrunoAlmeidaFerreira

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    9/35

    GuitarraClssica 9

    EscaloE:

    1prmioRicardoNunoAlvesPereira

    3prmioJooLusRodriguesRamos

    De

    13

    a

    17

    decorreram

    (com

    um

    n

    elevado

    de

    alunos) as VIMaster Classes orientadas pelos

    professores lvaro Pierri (Uruguay), Toms

    Camacho (Espanha) e Jos Mesquita Lopes

    (Portugal). Ainda dentro destas datas

    decorreram o II Estgio de

    Ensembles/OrquestradeGuitarras,cujosalunos

    tocaram em concertonaGaleriaMunicipalda

    Marinha Grande (Concerto Final de Alunos e

    Ensembles Jnior) e no Concerto Final do

    Curso, no Teatro Cine do Pombal, onde

    interpretaram um arranjo para Orquestra de

    GuitarrasdaCsangSonatinadeFerencFarkas.

    Os professores deste Estgio foram Snia

    Leito (direco), Ilda Coelho (direco) e J.

    MesquitaLopes(direcoearranjos).

    Nodia

    15

    teve

    lugar

    oextraordinrio

    emuito

    aclamado recital do guitarrista lvaro Pierri.

    Este interpretou obras de Jakub Reyes, N.

    Paganini(GranSonata),I.Albniz,LeoBrouwer,

    Heitor VillaLobos (Estudos 4 e 12), Manuel

    Ponce (Sonata n3), e Alberto Ginastera

    (Sonataop.47).O concertoobteve tal sucesso

    que os discos trazidos por este guitarrista

    desapareceramem

    poucos

    minutos.

    No

    final

    do

    concerto j estavam esgotados.O Concerto

    FinaldeAlunostevelugardia17noCineTeatro

    do Pombal, tendo finalizado com uma obra

    para orquestra de guitarras que incluiu a

    maioriadosalunosdoCurso,tendoenchidopor

    completoograndepalco.

    Nodia18tevelugarnoCineTeatrodePortode

    Ms, oVI Concurso Internacional deGuitarra,

    fazendopartedojriDejan Ivanovic (Crocia),

    Toms Camacho (Espanha) e Jos Mesquita

    Lopes (Portugal). Foram premiados os

    seguintesalunosdoCurso:

    1prmioJooPauloHenriques.Interpretou:

    FandangodeJ.Rodrigo,ElegydeA.Rawsthorne

    e Duas Vises Breves (pea obrigatria) de J.

    MesquitaLopes.

    2 prmio (exaequo) Andr Ferreira.

    InterpretouIntroduo,TemaeVariaesop.9

    deF.Sor,Preldion3deHeitorVillaLobosea

    peaobrigatria.

    TiagoVicente. Interpretouo1andamentoda

    Sonata n1 de Dusan Bogdanovic, a pea

    obrigatria e Introduo e Capricho de J.

    Regondi.

    MenoHonrosa:RicardoPereira. Interpretou

    Duas Vises Breves de J. Mesquita Lopes,

    Leyenda(Astrias)

    de

    I.Albniz

    eFantasia

    da

    TraviatadeF.Trrega.

    Durante todo o Festival decorreu uma

    exposio de partituras pela AVA MUSICAL

    EDITIONS e uma mostra de guitarras pelo

    luthierBenitoCasaisAquinoqueofereceuuma

    guitarradeconcertonovalorde3000eurosao

    1premiadodoconcursointernacional.

    Para finalizar, este Festival juntouse ao VI

    EstgiodeDirecodeOrquestra,dirigidopor

    JeanSebastienBreau,tendosidointerpretado

    em trsapresentaesoConciertoAndaluzde

    J. Rodrigo para quatro guitarras e orquestra.

    ForamsolistasTomsCamacho(Espanha),Jos

    Mesquita Lopes (Portugal), Srgio Pereira

    (Portugal)eRaphael

    Breau

    (Frana).

    Dia

    24

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    10/35

    GuitarraClssica 10

    emLeiria,naIgrejadaPortelaadirecocoube aLaurenceMaufroyeGabrielBourgoin,nodia

    25dirigiramAlexandreBrancoWefforteGabrielBourgoin,nodia26dirigiuomaestroJeanSebastien

    Breau.

    Para2010

    esperam

    se

    algumas

    novidades

    com

    interesse

    neste

    festival

    que

    se

    tem

    tornado,

    cada

    vez

    mais,umpontodereferncianacional(einternacional)paramuitosmsicos/guitarristas.

    emcima:ConcertoFinalEstgiodeOrquestra,dir.J.M.Lopes

    esquerda: Concerto do VI Estgio Internacional deOrquestra,ConciertoAndaluz,dir.JeanSebastienBrau,sol.TomsCamacho,JosMesquitaLopes,SrgioPereira,RaphaelBrau

    embaixo:EntregaPrmiosVIConcursoInternacionaldeGuitarra,da esq.para dir.: Neuza Bettencourt, Snia Leito, Ilda Coelho,RicardoPereira, TiagoVicente,Andr Ferreira, Toms Camacho,JosMesquitaLopes,DejanIvanovic,BenitoCasaisAquinoeJooPauloHenriques

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    11/35

    GuitarraClssica 11

    EntrevistacomOscarFlechaporPedroRodrigues

    RevistaGuitarra:AprimeiraediodoFestivalInternacionaldeSantoTirsotevelugarem1994

    com um elenco de luxo: Leo Brouwer, Pedro

    Caldeira Cabral, David Russell, Eduardo Isaac,

    RobertoAussel,DuoAssadentreoutros.Como

    surgiu a ideia e oportunidade de realizar um

    eventocomestesnomes?

    Oscar Flecha: A ideia de fazer um festival deguitarra surge aps ter trabalhado uns anos

    como

    professor

    no

    Conservatrio

    Regional

    de

    MsicaCentrodeCulturaMusical(comsede

    nasCaldasda Sade Santo Tirso).Na altura

    no havia muita oferta de concertos ou de

    cursos de guitarra, e queria dinamizar e

    promover a guitarra. Assim surgiu a ideia de

    fazer um festival temtico centrado neste

    instrumento.

    Paratestar

    otipo

    de

    resposta

    que

    podia

    ter

    um

    evento desta dimenso, houve algumas

    experincias prvias com cursos e concertos;

    nomeadamente o primeiro curso orientado

    porDavidRussell foiumgrandesucesso.

    J para 1994 tinha um projecto formalizado

    para realizar o Festival em Santo Tirso, que

    contou sempre comoapoioeopatrocnioda

    CmaraMunicipallocal.

    Assim nesse mesmo ano, um pouco como

    forma de divulgao do Festival, lancei outra

    iniciativa:osEncontrosdeguitarra(Porto),de

    modo que em Fevereiro desse ano foi

    apresentada a informao sobre o Festival de

    SantoTirsonosEncontrosdeGuitarra(nessa

    edio actuouManuel Barrueco pela primeira

    vezemPortugal).

    A escolha dos artistas convidados foi uma

    escolha pessoal, dado que foram alguns dos

    artistas que directamente ou indirectamente

    metinhaminfluenciadomusicalmente.Aminha

    inteno era reunir um grupo de artistas e

    professores e que fossem um catalisador

    cultural para todos os interessados na

    guitarra,

    mas

    sempre

    tendo

    por

    objectivo

    chegaratodososmsicos.

    RG:Os Festivais deGuitarra, tirando algumashonrosas excepes, esto normalmente

    vaticinados a localidades afastadas das

    capitais.Sersimblicodaposiodaguitarra

    nomundomusicalouencontraoutrasrazes?

    OF:A

    guitarra

    tem

    um

    grande

    nmero

    de

    seguidores nos grandes centros urbanos que

    justificaria a realizao destes eventos nesses

    locais,por issonoencontro razesobjectivas

    paraexplicarporquacontece isto,masassim

    acontece.

    RG: O Festival de Santo Tirso teve imensosmomentos marcantes, como por exemplo

    Brouweradirigir

    Yamashita

    em

    4concertos

    para guitarra numa nica noite. Quais os

    momentos mais marcantes para si e qual o

    eventoquegostariadeorganizarnofuturo?

    OF: complicado escolher esses momentos

    paramim,forammuitos!Semdvidaqueesse

    concertofoimarcante,aOrquestradeCrdoba

    dirigidaporLeoBrouwereKazuhitoYamashita

    como solista dos Concertos de Rodrigo,

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    12/35

    Guit

    Yoshi

    todo

    de vi

    um

    outro

    conti

    instru

    conv

    mais

    RG:

    para

    realm

    12 di

    conh

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    rraClssica

    matsu,Fujie

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    onto de co

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    nopanorama

    scarFlechacom

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    enteapossi

    as os melho

    cercolegas

    tivalaposta

    oncertos e

    ada. Em qu

    darizao?

    eCastelnuov

    IVFestivalf

    portante, p

    tacto dos

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    rogostavad

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    LAGQ(daesq.p

    que contrib

    maravilha

    ilidadedee

    es guitarrist

    e todoopa

    umadistribu

    masterclass

    mbito su

    oTedesco.

    idomeupo

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    uitarristas c

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    guitarra co

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    epoderson

    ntemporne

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    doFestival

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    utela) de ul

    concerto

    aaudincia

    se embrion

    maajudade

    ant,OscarFlech

    F: Concordo,

    udadedaq

    tudantesep

    um almoo

    uitar Quartet

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    a,WilliamKane

    lembrome

    elasreuni

    rofessores

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    , Manuel B

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    ctual forma

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    anaparare

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    isto com a

    strutura for

    sico toca p

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    a tentar vi

    ositores.

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    rrueco, etc.,

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    uperar!

    12

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    cisava

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    13/35

    GuitarraClssica 13

    Contudoosparticipantesdos cursosdeixaram

    de ser assduos, tal vez porque seria preciso

    deixar renovar as camadasdeguitarristasque

    necessitassemdeparticipar,eisto,somadoa

    assuntosdo

    foro

    econmico

    levou

    auma

    nova

    estrutura.

    Desde 2000 o festival organizase atravs do

    ConservatrioRegionaldeMsica,eadireco

    artstica partilhada com a direco dessa

    escola.Nessaaltura reestruturmosos cursos.

    Mas, por questes logsticas e tambm

    econmicas, a partir de 2003 os cursos

    passaramasermaiscurtoseadistribuiodos

    concertos passou a ser durante os finsde

    semana.

    Do ponto de vista dos concertos, a nova

    calendarizao beneficiou o festival porque

    fidelizou um pblico de maneira mais eficaz.

    Actualmente o festival tem um pblico de

    guitarristaede

    melmanos

    em

    geral.

    RG: A componente pedaggica do Festivalsemprefoimuitoimportanteenasequnciade

    festivais como Estoril eAveiro, Santo Tirsofoi

    umamaisvaliaparaaevoluodaguitarraem

    Portugal. Que retrato faz destes 16 anos de

    SantoTirsonaeducaomusicalportuguesa?

    OF:Talvez

    no

    deva

    ser

    eu

    afalar

    sobre

    isto,

    masachoqueoFestivalteveuma importncia

    substancialnodesenvolvimentodaguitarraem

    Portugal, porque foi (e continua a ser) uma

    fonte de formao e de informao sobre a

    guitarra, sempre pela mo de professores de

    nvel internacional, oque um facto invulgar

    nopanoramamusicalnacional.Muitosartistas

    e

    professores

    vieram

    pela

    primeira

    vez

    a

    Portugal atravs do Festival. Um nmero

    importantssimo de guitarristas nacionais

    assistiu ao longo destes anos aos cursos e

    concertos do Festival. E hoje, fruto deste

    trabalho,um

    nmero

    significativo

    de

    talentosos

    jovenscontinuaaencontraremSantoTirsoum

    pontodeencontrocomamsicacomguitarra.

    RG:Hque salientar,neste casoagradecer,a

    constantepresenademsicosportuguesesno

    grupodeartistasparticipantenofestival,algo

    que muitas vezes esquecido por outros

    eventos. Como gostaria de encontrar o pas

    musicaldaquiaoutros16anos?

    OF:Estareimuitovelhonaaltura,masgostava

    deencontraristoquehojeemdiacomeaaser

    mais vulgar, mas ainda insuficiente: a

    integraodamsicadeguitarranoroteirodos

    festivais e das temporadas de msica. E

    particularmente penso que ficaria grato com

    mais

    ofertas

    culturais

    onde

    os

    actuais

    estudantes pudessem encontrar no pas mais

    oportunidades de trabalho, especialmente na

    vertenteartstica.

    RG:Falandoagoradeoutroprojecto,quaisos

    objectivos da Legato Associao de Arte e

    GuitarradePortugalpara2010?

    OF:Em

    princpio,

    vamos

    continuar

    com

    a

    terceira edio do ciclo Seis Cordas Seis

    Momentos. Este ciclo tem sido inteiramente

    preenchido com instrumentistas portugueses

    ouresidentesemPortugalenestembitoest

    previstaarealizaodo IVConcursoLegatode

    guitarraclssica.

    RG:AsassociaesdeguitarraemPortugaltmum raiodeacoumpouco insular.Noacha

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    14/35

    GuitarraClssica 14

    necessria a criao de uma associao com

    dimensonacional?

    OF:Achoque sim.A Legatodesenvolveo seu

    trabalhoprincipalmentenoNortedopas,mas

    seria interessante poder criar uma rede com

    outrasassociaesdeguitarra,parasensibilizar

    mais eficazmente algumas entidades

    patrocinadoras.

    Umavezquearealidadeeconmicanoajuda,

    ejsabemosqueemtemposdecriseacultura

    sempre penalizada, o associativismo pode

    seruma

    boa

    alternativa

    para

    conseguir

    organizarerealizarprojectosculturais.

    Por exemplo, em 2001 a Legato lanou um

    projecto interessante, que foi incluir nos

    Encontros de guitarra concertos com alunos

    finalistas das Universidades e Escolas

    Superiores. Chegmos a realizar um concerto

    com alguns finalistas de Lisboa e do Porto, e

    quando tencionvamos continuar com outras

    instituies, mais uma vez os cortes nas

    despesas da cultura inviabilizaram a

    continuidadedoprojecto.Umaassociaocom

    delegaes em diversas localidades do pas,

    estrategicamente escolhidas, poderia

    impulsionar esta ideia e organizar digresses

    paraosjovensfinalistasdasuniversidades.

    RG:Queprojectos temdefuturoparaos seus

    concertos e concertos com PortoTango

    Ensemble?

    OF: Continuo a desenvolver algum trabalho

    com formaes invulgares. Acho que a

    msica de cmara frequentemente

    esquecida,porvezesporquedifciloconvvio

    da guitarra com os outros instrumentos e

    tambmporqueanossaliteraturacamerstica

    ainda pequena, no tem crescido ao mesmo

    ritmo que o repertrio solista. Assim, depois

    dosduoscomviolonceloecomfagote,estoua

    explorar a msica em trio com violino e

    violoncelo.

    Nas apresentaes a solo estou a incluir

    algumas improvisaes e com PortoTango

    interpretamos, com uma formao mais

    alargada, msica de Buenos Aires, no s

    Piazzolla tambm outros compositores,

    nomeadamenteTroilo

    eBlzquez.

    O

    ano

    passado gravmoso CD Sin esquinas e este

    ano continuaremos apresentando este

    trabalho,nofimdestemsactuaremosnaCasa

    dasArtesdeVilaNovadeFamalico.

    RG: EstimadoOscar,muito obrigadopela sua

    disponibilidade e votos de constante sucesso

    para sie claroparao Festivalde SantoTirso!

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    15/35

    Guit

    Oscar

    abra

    Form

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    Teatr

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    Lousa

    Musi

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    uenos

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    16/35

    GuitarraClssica 16

    ProblemasdeRepertrioporMatanyaOphee

    Como um empresrio americano, gostaria de

    comear por venderlhe algo. O produto que

    desejo vender, chamase Segurana Laboral

    para Guitarristas. Na minha vida profissional

    comoeditor,vendoigualmenteasferramentas

    do negcio, mas, principalmente, gostaria de

    lhe vender uma ideia. Como de costume,

    prometodarlhealgosobrepensar,algosobre

    oqualestarloucoefalareisobremsica,sobre

    trabalho,ecomasuatolerncia,tambmsobre

    sexo.

    Gostariadepoderescrevere,nesteimportante

    momento,darlheboasnotcias.Infelizmente,o

    que tenho no pode ser descrito como

    optimismo. A guitarra, como disciplina

    intelectualdevotadaprticadaartemusical,

    est em srios problemas. A situao da

    guitarrano

    estrangeiro,

    pode

    lhe

    parecer

    melhordoquenestepas.Podeconsiderarque

    a disponibilidade de cordas, partituras, livros,

    discos,instrumentoseoutrosacessrios,no

    suficiente perante as necessidades imediatas

    de algum e tal servir de justificativo como

    indicador para a sade geral da guitarra.

    Mesmo se possuir o melhor instrumento

    possvel,ter

    apossibilidade

    de

    colocar

    cordas

    novas trs vezes ao dia, ainda necessita do

    elemento crucial para o sucesso de qualquer

    empreendimento musical precisa de um

    pblico.

    Sem um pblico srio e esclarecido, no tem

    futuro comomsicoprofissional.Poder sero

    maiorvirtuoso

    que

    jamais

    pisou

    aTerra,

    mas,

    semumpblico,serobrigadoaexercerasua

    arte inteiramente fora do mainstream da

    actividademusicalnasociedadehumana.

    Poder ainda fazer concertos ao almoo, em

    fbricasehospitais,tocarocasionalmenteuma

    noiteparaoclube localoufestivaldeguitarra,

    e entreter os seus amigos e familiares em

    reunies sociais em casa. Mas as portas das

    grandes salasdeconcertodomundo,ondeos

    grandes violinistas, pianistas e cantores

    aparecem

    com

    sucesso

    repetido,

    permanecero fechadas para si, enquanto a

    msicaqueproportocar,forde interessezero

    paraopblico.

    Poroutraspalavras,oseufuturocomomsico

    depende de dois factores importantes: a sua

    escolha de repertrio e a sua capacidade de

    fornecer

    uma

    interpretao

    convincente.

    Neste artigo, gostaria de lhe dar uma breve

    descriododesenvolvimentodorepertrioda

    guitarra,etentardemonstrarquetemosidona

    direco errada. Talvez esta discusso possa

    tambmsugerirnosalgumasideiassobrecomo

    proceder para atingirmos o nosso legtimo

    lugar,garantindo

    assim

    avida

    artstica,

    esim,

    tambm a sobrevivncia econmica dos

    msicosquetocamguitarra.

    A guitarra hoje no conhece nenhumas

    fronteirasgeogrficasoupolticas.Ela floresce

    onde a beleza e a paixo pela msica so

    permitidas. No entanto, a guitarra nunca

    conseguiuum

    lugar

    de

    honra

    na

    sociedade

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    17/35

    GuitarraClssica 17

    comum da msica. Contrariamente aos

    equvocoscomuns,aguitarranuncaesteveem

    p de igualdade com os instrumentos da

    orquestra e do piano. Qualquer que seja a

    "Idadede

    Ouro",

    que

    tenha

    supostamente

    existido para a guitarra, o seu esplendor foi

    sobretudooprodutododesejopor partedos

    guitarristas,umsentimentoquenopartilham

    comopblicoemgeral.Nopassado comono

    presente, os guitarristas procurarammaneiras

    de alcanar um pblico mais amplo do que

    aquelegarantidopelassociedadesdeguitarrae

    clubes.

    Opreconceitocontraaguitarrasempreexistiu

    eexisteaindahoje,mesmoempasescomoos

    EstadosUnidos,ondeaguitarraensinadaem

    mais de 800 conservatrios e universidades.

    Deixeme citar uma breve passagem de uma

    crtica de concerto de guitarra que ilustra

    claramenteapercepo

    comum

    de

    guitarra

    pelamaioriadosmsicosprofissionais:

    ()Masaquiestuminstrumentoque

    pormuito temponsnoouvimosnosnossos

    concertos,um instrumentoquevoaapartirdo

    ardente sulparaonossodistanteefrionorte,

    um instrumento de Don Giovanni, o Conde

    Almaviva,

    um

    companheiro

    inseparvel

    de

    qualquer espanhol () numa palavra, a

    guitarra,tambm,uminstrumento inadequado

    paraqualquerpalcodeconcertos()Teramos

    gostado de ouvilo sob a janela de uma

    raparigabonitanumanoitetranquiladevero,

    sob uma lua de prata, quando uma leve e

    quente brisa bate na superfcie do rio,

    sussurrando para si pelas rosas ao longo da

    costa()masnoteatro,nomeiodamultido,

    sob um tecto pintado, e com a luz dos

    projectores depalco, a guitarraperde toda a

    sua beleza, toda a sua melodia inerente

    ()(GazetaRepertuar,1839)

    Se pensarmos que este absurdo desprezo de

    incios de sculo XIX um exagero para os

    padres de hoje, s temos que observar que

    mesmo nos conservatrios e universidades

    ondeaguitarraautorizadaaserensinada,

    colocadaaum canto separado,compoucode

    contactocomorestodosalunoseprofessores.

    Achamosque

    necessrio

    aplicar

    ao

    nosso

    instrumento o adjectivo "clssica", com a

    esperanadeque,ao fazlo,dealgummodo

    consigamos transmitir aos nossos colegas que

    no devemos ser confundidos com roqueiros,

    pimbas, ciganos e mariachi. Violinistas e

    pianistas no tm necessidade de usar o

    adjectivo"clssico",mesmoqueopianoainda

    sejaoinstrumento

    de

    eleio

    de

    muitos

    msicos de jazz e no meu pas, podemos

    encontrloemcadabar,cadasaladejantarde

    hotel.Novirardesculo,opianofoitambmo

    instrumento favoritode locaispblicosdeSo

    Francisco, Nova Orleans e St. Louis, e foi

    justamente nesse ambiente que o ragtime

    primeira vez se estabeleceu.O violino uma

    parte

    importante

    do

    Hillbilly,

    msica

    Country,

    e

    usado como um instrumento popular nas

    Ilhas Britnicas, Escandinvia, Frana,Mxico,

    nomundorabe,deMarrocosaoIraque,eem

    muitos outros pases. Contudo, os violinistas

    nuncasepreocuparamcomisso.

    O prprio conceito de instrumento popular

    algo que merece mais ateno. Um

    instrumento, como um artifcio da habilidade

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    18/35

    GuitarraClssica 18

    humana,nopossui atributos intrnsecos a si,

    atquealgumneletoca,adquirindoqualidade

    societria normalmente a ele associada,

    dependendodamsicatocada.Aharpajudaica

    um

    instrumento

    popular

    em

    uso

    por

    todo

    o

    mundo,desdeasmontanhasdonortedaItlia

    at tundra gelada da Sibria. Mas quando

    GeorgAlbrechtsberger,professordeharmonia

    de Beethoven, escreveu um concerto com

    orquestraeste instrumento,no importouque

    o instrumento fosse igualmente tocado por

    pastoresnmadas.

    Amsicapopularmuitasvezesdefinidacomo

    a msica que existe numa tradio oral,

    enquantoaexistnciadaartemusicaldepende

    deumapginaescrita.Amsicapornstocada

    echamadaeruditaparaguitarra,existenasua

    maioria por escrito ou impresso. Alguma foi

    composta por pessoas que no muito

    conhecidasfora

    dos

    crculos

    limitados

    de

    amantes da guitarra. Outra, composta por

    compositores importantes comoPaganini, von

    Weber, Schubert, Berlioz, Castelnuovo

    Tedesco,Ponce,VillaLobos,Stravinsky,Mahler,

    Schnberg, Asafiev, Webern, Hindemith e

    Milhaud. Em temposmais recentes, amsica

    para o nosso instrumento foi escrita por

    Benjamin

    Britten,

    Michael

    Tippett,

    Hans

    Werner Henze, Eliot Carter, Edison Denisov e

    Sofia Gubaidulina. Considerando os

    compositoreseassuasmsicas,aguitarrano

    pode jamais, ser considerada como um

    instrumento popular. No entanto, o

    preconceitocontinua.

    Consegui juntar um lxico considervel de

    ideias antiguitarra de diferentes pases e

    pocas. Faltamepoder explicarporqueque

    detodososinstrumentosmusicais,aguitarra,o

    instrumento que faz parte integrante do

    renascimentomusicaleuropeudosculoXVI,

    apontadapor

    outros

    msicos

    para

    oridculo

    e

    escrnio. Tenho algumas teorias sobre o

    assunto, contudo no so apropriadas a uma

    discussonanossasociedadeeducada.Ofacto

    que temos um problema, e se queremos

    continuar comanossavidamusical, temosde

    tentareencontrarumasada.

    Aguitarra,

    como

    aconhecemos

    hoje,

    alcanou

    asua formaactualduranteaprimeirametade

    dosculoXIX.Muitasvezesouvimosdiscusses

    de que a tcnica e pedagogia da guitarra

    actualmentemuito superiorna sua concepo

    doqueeranosculoXIX.Porestarazo,somos

    informados, de que os artistas de hoje so

    muito melhores. Deve no entanto ser

    observado,de

    que

    no

    temos

    maneira

    possvel

    de comparar a actual gerao de intrpretes

    com aqueles que faleceram antes do advento

    dos meios gravao de som. Eliot Fisk

    "melhor guitarrista" do que Giulio Regondi?

    Wolfgang Lendle mais musical do que

    Fernando Sor? Oscar Ghiglia "melhor"

    pedagogo que Ferdinando Carulli? Nunca

    saberemos,

    mesmo

    que

    pudssemos

    chegar

    a

    acordo sobre o significado das palavras

    "melhor" e "musical".O historiador cauteloso

    deve tentar separar facto da fico ao

    determinar o que realmente novo e

    revolucionrio, e o que so velhos dogmas

    envoltos no brilho pomposo de novas

    terminologias.Aocontrriode lendascomuns,

    a tcnicaeapedagogiado instrumento foram

    muito bem definidas em 1843, altura emque

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    19/35

    GuitarraClssica 19

    DionisioAguadopublicouoseultimomtodo

    conhecido, e muito pouco de facto mudou

    desdeento.

    Poroutro

    lado,

    aforma

    econtedo

    dos

    programasdeconcertoforaobjectodediversas

    metamorfoses desde o incio do sculo XIX.

    Duranteessetempo,aideiadoconcertoasolo

    noqualumartista,ouensembledemsicade

    camra ocupar todo o programa, no era

    aceitvel. Com excepo, naturalmente, das

    produesteatrais,taiscomopera.Oformato

    tpicode

    um

    concerto

    dado

    para

    aprojeco

    de

    um determinado artista, comearia com uma

    sinfonia de Haydn para orquestra, algumas

    rias de peras populares de ento, cantado

    por uma soprano conhecida, alguns nmeros

    instrumentaisdeoutrosartistas,edeseguida,

    le coupdersistance, interpretado pelo

    artista principal do concerto, muito

    provavelmentetocando

    uma

    composio

    de

    sua autoriaparao seu instrumento.Nove em

    cadadezvezes,a composioemquestoera

    um conjunto de variaes virtuossticas sobre

    um tema de uma pera popular. A segunda

    metadedoconcertoseriaconstrudadamesma

    forma, encerrando talvez a noite com uma

    sinfonia de Beethoven. Esse foi o formato

    institudo

    pela

    maioria

    dos

    concertos

    pblicos

    por violinistas, pianistas, violoncelistas,

    cantoresetambmguitarristas.

    Umconcertodesteformatoeraumeventocaro

    de se organizar, desde a participao de um

    grande nmero de intrpretes, o que reduzia

    drasticamente o rendimento lquido do

    empresrio.Almdisso,omsicoviajante,teria

    derecorreraostalentosdisponveisemcidades

    distantes,nemsempredonvelartsticoporele

    preferido.

    O recital dado exclusivamente por um

    intrprete,geralmente

    associado

    com

    as

    tournesdeconcertosdeFranzLisztnosfinais

    da dcada de 30 do sculo XIX. O termo

    "recital" foiusadoprimeiramentepor Lisztno

    seuconcertodeLondresem1840.Oprograma

    interpretado foimsica composta e arranjada

    pelo intrprete. Poucos eram os guitarristas

    que viajavam em meados do sculo XIX, e

    informaesprecisas

    sobre

    os

    seus

    programas

    de concerto no esto sempre disponveis.

    Podemos supor, porm, que a escolha do

    material estaria conforme o gosto popular. A

    msica popular comeou a ser considerada

    comouma entidade separadada artemusical

    durante a ltima parte do sculo XIX. Por

    excluso, o que no era "popular" ficou

    conhecidocomo

    "clssica",

    que

    no

    um

    termoprecisoosuficientedemodoapoderser

    aplicado indistintamentea todasas formasde

    artemusicaldetodasaseras.Otermo"guitarra

    clssica", tambm remonta aproximadamente

    aomesmoperodo,embora tenhaentradono

    vocabulriocorrenteapenasduranteadcada

    de1930.

    Qual a estrutura dos recitais de guitarra

    naquelesdias?

    UmprogramatpicodadoporFranciscoTrrega

    em 1888, dividido em trs partes. No

    primeiro,ouvimosarranjosdemsicadeVerdi,

    Arrieta,eGottschalk,comumacomposiodo

    prprio artista.Na segunda parte, um arranjo

    deumagavotteporArditi,umapolonaisepor

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    20/35

    GuitarraClssica 20

    Arcas e variaes sobre o "Carnaval de

    Veneza", o que em si, uma adaptao de

    outrapeadeArcas.Naterceiraparte,Trrega

    tocou dois arranjos de msica para piano de

    PrudenteeThalberg,

    edois

    pot

    pourris

    de

    melodiaspopularesespanholasqueeleprprio

    arranjou.

    Oquenotvelnesteprograma,o factode

    no conter nenhuma msica de Sor, Giuliani,

    Aguado, Carulli, Carcassi ou outros da Europa

    Ocidental e, em particular, os guitarristas

    espanhisda

    gerao

    anterior.

    Nos

    anos

    seguintes, Trrega comeou a adicionar a

    msica de Bach,Albeniz eGranados aos seus

    programas,mas,naessncia,asuaescolhado

    materialfoifeitoparasatisfazerogostodeum

    pblico bastante pouco sofisticado algumas

    composies prprias, sucessos de ento

    pertencentes ao repertriode piano e umou

    doisarranjos

    com

    origem

    na

    pera.

    No

    sabemos se este tipo de programao foi o

    factor que contribuiu para incapacidade de

    Trrega, durante a sua vida, atingir novos

    pblicosparaalmdas fronteirasdaEspanha.

    Nonosesqueamosdeque,senofossemos

    esforosdosseusalunosMiguelLlobet,Pascual

    Roch,EmilioPujol, JosefinaRobledo,Domingo

    Prat

    e

    outros,

    ns

    nunca

    saberamos

    quem

    foi

    Trrega.

    Os ltimos anos do sculo XIX revelaram o

    surgir de uma grande onda de actividade

    guitarrstica por todo o mundo, com

    importantes centros na Alemanha, Rssia,

    Estados Unidos, Inglaterra, Frana, Itlia e,

    claro, na Amrica Latina, normalmente sob a

    formade sociedadesdeguitarra e clubes, em

    prxima ligao com os clubes de banjo e

    bandolim. Tal como nos dias de hoje, estes

    clubes providenciavam maioria dos

    guitarristas um palco disponvel para

    apresentao,e,

    omaterial

    por

    seleccionado,

    estava intimamente relacionado com os

    desarticulados gostos dedoutores,militares e

    pequenoburgueses que formavam a espinha

    dorsal destes clubes. Apenas com o surgir de

    artistas do calibre de Llobet e Segovia,

    comeamos a ver algum interesse srio em

    ultrapassar os limites estreitos impostos pelo

    clubede

    guitarra

    eum

    esforo

    para

    atingir

    um

    pblicomaisvasto.

    A influncia de Llobet foi, tal como a sua

    prpriavida,decurtadurao.Paramelhorou

    para pior, a fora principal que determinou a

    sortedaguitarra,nosculoXX,foioguitarrista

    espanholAndrsSegovia.Atrecentemente,a

    nossaimagem

    deste

    homem

    era

    formada

    por

    uma crena ceganopoderoso simbolismodas

    suasalegaesdetercriadoaguitarra,sozinho,

    na suaprpria imagem,edea ter finalmente

    colocadoemprimeiroplano,comooviolinoe

    opiano.As falsidadespropagandsticasdessas

    alegaes tinham o efeito de criar uma sub

    cultura Segovianica entre os guitarristas, e,

    com

    frequncia,

    com

    uma

    conotao

    quase

    religiosa.Amaioriadasinformaesdisponveis

    no Ocidente sobre a carreira de Segovia, foi

    material cuidadosamente planeado para

    projectar uma imagem como a que acabo de

    descrever,eparaesconderalgunsfactosmuito

    desagradveisaseurespeito.

    Algunsanosatrs,publiqueiotextointegralde

    129 cartas escritas por Segovia para o

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    21/35

    GuitarraClssica 21

    compositormexicano Manuel Ponce, desde o

    seuprimeiroencontroem1923,atmortede

    Ponce em1948. Essas cartas,um testemunho

    pessoal, retratam uma imagem totalmente

    diferentede

    Segvia

    daquela

    que

    conhecamos

    anteriormente. Segvia pertenceu direita

    reaccionria e apoiou activamente o lado de

    Franco na guerra civil espanhola. A verdade

    sobre a expulso de Segvia de Barcelona a

    meio da guerra, como o prprio Segovia

    descreve,deveseperseguioporpartidrios

    da ala esquerda, eno pelos fascistas,jque

    elemesmo

    era

    um

    simpatizante

    confesso

    da

    fora fascista. Segvia foi um autodeclarado

    antisemita, e isso, juntamente com suas

    conexes polticas com Franco, garantiu que

    fossebanidodospalcosnosEstadosUnidos,de

    1937 at depois da Segunda GuerraMundial,

    quando as antigas queixas da opinio pblica

    americanaforamesquecidas.

    Colocando tudo isto de lado, no podemos

    negarque a influnciade Segovia foio factor

    dominante para a estrutura e teor dos

    contedosdosrecitaisdeguitarradurantesua

    vida,ehojeaindapodemosverosseus traos

    emmuitosprogramasdeconcerto.Aquiesto

    programadeumconcertodadoporSegoviaem

    Barcelona,

    em

    Dezembro

    de

    1916,

    aquando

    do

    inciodasuacarreiraconcertstica:

    Primeiraparte:1.FranciscoTrrega CaprichoArab

    ScherzoGavotta

    2.FernandoSor MinuettoinE

    EstudioinBflat

    3.NapolonCoste AllegroinA

    4.MiguelLlobet ElMestre

    SegundaParte:1.J.S.Bach Gavotta

    2.Haydn Minuetto

    3.Mendelssohn Romanza

    Canzonetta

    4.Chopin MazurkaOp.33N4

    Nocturno

    Terceiraparte:1.IsaacAlbniz Granada

    Sevillanas

    2.EnriqueGranados LaMajadeGoya

    DanzainE

    DanzainG

    3.PiotrTchaikowski Mazurca

    Comopodemos ver,o formatodeste recital

    muito prximo do modelo de Trrega. A

    principal diferena, o reconhecimento por

    Segoviada

    existncia

    de

    guitarristas

    como

    Sor

    e

    Coste e ramificou a sua escolha para fora do

    campo limitado da msica popular espanhola

    em que Trrega estivera refm. Os ltimos

    concertos de Segovia geralmente comeavam

    com uma pea ou duas por Gaspar Sanz,

    algumas transcries da literatura de alade,

    alguns dos pastiches em nome de Sylvius

    LeopoldWeiss

    eAlessandro

    Scarlatti

    que

    Manuel Ponce escreveu para ele, e,

    naturalmente, as obras por Ponce, Torroba,

    Turina e outros compositores de segundo

    escalo,queescreverammsicaparaele.

    Um factor importantenodesenvolvimentodo

    repertrio de Segvia, foi a sua adopo

    gradualda

    msica

    de

    Johann

    Sebastian

    Bach.

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    22/35

    GuitarraClssica 22

    Comovimosnoprogramade1916,o interesse

    de Segvia na msica de Bach foi,

    provavelmente, baseada na preocupao

    limitadadeTrregacomela.Duranteadcada

    de1920,

    aps

    ter

    descoberto

    arecente

    publicaoporHansDagobertBrugerdaobra

    completadeBachparaalade, Segovia revela

    um grande interesse por esta msica,

    comeandoimediatamente, ainclulanosseus

    programas republicando algumas partes em

    seu nome. Mesmo o prprio arranjo da

    Chaconne por Segvia no foi uma ideia

    original.Um

    arranjo

    da

    Chaconne

    pelo

    ArgentinoAntonio Sinopoli fora publicado em

    BuenosAiresem1922(n.t.AediodeSegovia

    foi publicada em 1934 e apresentada em

    concertoduranteoanode1935emParis).

    A utilizao por parte de Segovia da conexo

    com Bach em geral e da Chaconne em

    particular,fazia

    parte

    da

    sua

    campanha

    de

    relaes pblicas e dos seus esforos

    constantes para arranjar concertos. Com

    frequncia, resultoumuitobem epromotores

    deconcertosficavamfelizescomosresultados.

    Crticosdemsica,poroutrolado,muitasvezes

    eram corteses com Segovia, no sendo no

    entanto, completamente capazes de esconder

    seus

    verdadeiros

    sentimentos

    sobre

    a

    guitarra.

    LeiaseoartigodeAnatoliiLunacharsky,escrito

    em1926no"Izvestia",Algumaspalavrassobre

    nosso convidadoSegovia,durante aprimeira

    visitadomsicoUnioSovitica:

    () quando se fala de um concerto de

    guitarra, vem imediatamente menteque tal

    evento ter que ver com alguns truques de

    carcterdecididamentemenor.Aguitarraum

    instrumentoformoso,masgeralmenteaceite

    que pobre em recursos e sobretudo

    adequadoparaacompanhamento()

    A

    linguagem

    diferente,

    mas

    a

    condescendncia semelhante que foi

    expressa em 1839 na Gazetta de Moscovo

    "Repertuar." O programa interpretado por

    Segovia, emMoscovo, em 1926 foi publicado

    por Miron Vaisbord. A ltima vez que ouvi

    Segoviaaovivo,foiem1982,emBoston.Com

    umaouduasexcepes, tocouexactamenteo

    mesmoprograma.

    AtomomentoemqueSegoviacomeouater

    uma segunda gerao de seguidores e

    discpulos,oseulugarcomoorbitroabsoluto

    do gosto de programao para guitarristas

    tornaraseinquestionvel.Asraraspessoasque

    desafiaramapreeminnciadeSegvia,pessoas

    comoEmilio

    Pujol,

    Regino

    Sainz

    de

    la

    Maza,

    Luise Walker, Maria Luisa Anido, Benvenuto

    Terzi, JulioMartinezOyanguren,Karl Scheit,e

    alguns outros, tentaram construir programas

    baseados em algo que no o repertrio de

    Segovia. Em alguns momentos, conseguiram

    lograr os seus esforos de forma totalmente

    inesperadaporSegovia.Mas,emgeral,apesar

    de

    uma

    tremenda

    exploso

    na

    actividade

    guitarrsticadosltimos trintaanos,aguitarra

    ainda encarado como um parente pobre,

    raramentebemvindomesadejantar.

    Gostaria de sugerir que a razo para que tal

    acontea ainda hoje, apesar de no mundo

    ocidental o repertrio de Segovia ser

    escassamentetocado,deleaprendemosalguns

    maushbitos.Aquiestoalguns:

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    23/35

    GuitarraClssica 23

    Primeiro: Tocar sempre o mesmo repertrio.

    No h necessidade de aprender

    constantemente novas obras, se as antigas

    funcionambem.

    NotempodeSegovia,osmsicosqueviajavam

    com frequncia no tinhamque se preocupar

    tanto como actualmente com a repetio de

    programa. A probabilidade do pblico ouvir a

    mesma obra duas vezes era extremamente

    remota. Hoje em dia, com o advento da

    tecnologia,este

    facto

    torna

    se

    um

    problema,

    particularmente para aqueles de ns que

    viajam constantemente entre os centros de

    actividadesguitarrsticas.cansativoouvirum

    msicoquerepeteconstantementeasmesmas

    obras.Istopoderesultarbemparaosfanticos

    da guitarra, mas o pblico srio s poder

    aguentar obras de segunda categoria

    repetidasad

    nauseam

    at

    certo

    ponto.

    Eventualmente, o pblico trocar o concerto

    pelapera.

    Segundo: se todavia deseja aprender novas

    obras,nopresteatenoaqualquerquesto

    relacionada com a qualidade musical. O

    essencial para os guitarristas tocar peas

    popularizadas

    pelas

    vedetas

    da

    guitarra.

    No

    interessa que a msica em si seja de m

    qualidade.Os guitarristas, que so tambm a

    maior parte do pblico, nunca notaro a

    diferena. Se suficientemente bom

    paraSegovia,suficientementebomparamim.

    Oproblemaaquiapresentadoqueaesttica

    eaintelignciatemmuitopoucoquevercoma

    escolha de repertrio feito por muitos

    guitarristas. O culto da personalidade e o

    instintoderebanhocomandamestasaces.

    o suficiente para algum como JohnWilliams

    tocaralgo

    de

    Tsutskin,

    elogo

    toda

    gente

    de

    Londres a Nova Iorque aLos Angeles e at

    Hong Kong e Austrlia comea a tocar o

    mesmo.

    Terceiro: Tocar sempre sozinho. A guitarra

    uma orquestra pequena e no tem a

    necessidade de colaborar com outros

    instrumentos.No

    interessa

    que

    no

    tenhamos

    anoodecomodirigirumaorquestra.

    Quarto: Existe a crena contnua de que a

    guitarra de seis cordas um instrumento de

    origem espanhola, e que toda a boa msica

    escrita para esta a composta por

    compositoresespanhis.

    Istoum

    enorme

    equvoco,

    do

    qual

    ainda

    sofremoshojeemdia.Aprovaqueaguitarra

    talcomoaconhecemosnoum instrumento

    de origem hispnica no pertence

    propriamente a este artigo. O que aqui

    pertence o exame da presuno auxiliar

    recorrentemente expressa que a msica

    espanholaparaguitarra,nosafontecomo

    a

    verdadeira

    raison

    detre

    do

    repertrio

    guitarrstico.

    A razoprincipalparaestepontodevistao

    simples factodequeosguitarristasespanhis

    dominaramomundodaguitarraentreasduas

    grandes guerras mundiais. Foi a predileco

    pessoal deLlobet, Segovia, Pujol, Fortea,

    SainzdelaMaza,eanosmaistarde, Yepes,que

    estabeleceram a noo do que de facto a

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    24/35

    GuitarraClssica 24

    msica espanhola. A msica espanhola, salvo

    rarasexcepes, tantoasobrasoriginaiscomo

    as transcries, pertencem ao tipo demsica

    cuja funo a de causar entusiasmo e

    estimulo.Obras

    essas

    que

    contm

    ritmos

    acoplados, melodias exuberantes, sonoridade

    domodofrgio,oszapateados,osfandangos,as

    leyendas.

    O fascnio causado por esta msica dentro e

    fora da pennsula ibrica, claro est, data da

    era das Guerras Napolenicas. Grupos dos

    exrcitosbritnicos

    efrancs

    desceram

    por

    este miservel pais dentro em apoio militar

    activodestaoudaquelapotnciaespanhola.E

    enquantoosanguecorria,osrapazesinglesese

    amoagrcolafrancesaqueformaramoncleo

    deste exrcito, tiveram tambm a

    oportunidadedevereouvirasdanasemsica

    espanhola.

    Onome

    Octave

    Levavaseur

    provavelmente

    no

    vos diz nada. Para pr este soldado francs

    numa perspectiva guitarrstica, deixeme

    apenas dizer que ele foi o pai de Charlotte

    Beslay,nomedenascimentoLevavaseur,aluna

    de piano de Fernando Sor, cujo guitarrista

    catalo dedicou a sua famosa Fantaisie

    ElegiaqueOp.59.OctaveLevavaseurparticipou

    nas

    Guerras

    Peninsulares

    como

    ajudante

    de

    campodoMarechalNey,umdosmaisilustrese

    tambmumadasfigurasmaiscontroversasda

    altura.Nasuamemria,Levavaseurdescrevea

    reaco dos Franceses em relao natureza

    tentadora da msica e dana espanhola. As

    tropasestavamestacionadasemSantiago.Nas

    suas actividades de lazer incluemse idas

    pera trs vezes por semana. Durante o

    intervalo, eram apresentadas danas

    espanholas com o acompanhamento de

    castanholas.Levavaseurcontanos:

    ...Ns estvamos particularmente

    impressionadoscom

    oFandango

    ecom

    a

    extremaliberdadedosseusmovimentos.Talvez

    pelo facto de as danarinas exagerarem os

    gestos.Umdiativemosoconhecimentodeque

    existia um outro tipo de dana, ainda mais

    ousado, chamado oZorongo, e pedimolo.

    Todosnoauditrioapoiaramonossopedidoe

    comearam a aplaudir sonoramente. Com o

    observardos

    passos

    egestos

    das

    danarinas,

    ficamos surpreendidos que tais danas

    pudessem ser executadas em pblico. Na

    apresentaoseguinteoauditrioencontrava

    secheioeosjovensoficiaispediramoutravez

    oZorongo. O oficial em comando, o

    GeneralMarcognet, estava tambm presente.

    Este achou que era necessrio transmitir as

    suasideias

    eproibir

    as

    danarinas

    de

    executar

    oZorongo.

    Aclara impressodestahistriaadequeas

    insinuaes sexualmente pecaminosas

    doZorongono poderiam ser ignoradas. Era

    moralmentepermissvelomassacreaosvilos

    e asmais horrveis e indignas provocaes s

    suas

    mulheres

    e

    crianas,

    contudo

    no

    poderia

    ser permitido que os corpos voluptuosos das

    suasmulherespolussemosprincpios cristos

    das tropas. A natureza lasciva deste tipo de

    msica espanhola, no foi descontinuada por

    compositoresestrangeirosqueanosmaistarde

    entraramemcontactocomestegnero.

    MikhailGlinkafoioprimeiro aempregarestas

    Espanholadas com grande sucesso. De

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

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    GuitarraClssica 25

    seguida outros compositores comoRimski

    Korsakov, Georges Bizet, Franz Liszt,

    LouisMorreauGottschalk, EmanuelChabrier,

    entre outros, seguiram os seus passos. Estes

    msicoscriaram

    uma

    certa

    ideia

    da

    msica

    espanhola que se tornou amplamente aceite.

    Quandoosinstrumentistasvirtuososespanhis

    se aventuraram fora da Pennsula Ibrica nos

    ltimosanosdosculodezanove,erefiromea

    figuras como RicardoVies, PabloSarasate,

    EnriqueGranadose IsaacAlbniz, o pblico

    europeu e americano estava j condicionado

    numadireco

    especfica,

    ade

    ltima

    seduo,

    o torso msculo com calas apertadas at

    caixa torcica, as castanholas, e os

    espampanantesrasgueadosdaguitarra.

    Os Espanhis sabendo que isto venderia,

    fizeramno. Os guitarristas que se seguiram

    tiveram de imitar este modelo de msica se

    quisessemter

    sucesso.

    Etiveram

    no.

    As

    implicaessubconscientesdasensualidadeda

    msica espanhola persistem ainda emmuitos

    crculos da guitarra.Acho extraordinrio ouvir

    guitarristaspolacostocandoarranjosdemsica

    popularcatal.Comaminhavastaexperincia

    neste domnio, no me recordo de ouvir

    guitarristas catales tocando arranjos de

    msica

    popular

    polaca.

    Pela

    mesma

    razo,

    no

    meutempoeucostumavaserumaficionadode

    msica flamenco. Nos ltimos anos, o meu

    interessemudou.Contudo,euseiquemuito

    difcil um guitarrista no espanhol chegar

    misteriosa aliana potica com o bater do

    coraoqueamsicarequer.

    Tentar fazlo fora da tradio em que foi

    criado, uma m imitao anacrnica.

    Infelizmente,arealidadedomercadotalque

    ainda se consegue vender esta msica aos

    aficionados da guitarra. No espere ser

    convidadoparaparticiparnum grande festival

    demsica,

    se

    tudo

    oque

    consegue

    fazer

    so

    trivialidades irrelevantes tais como estas,e se

    notiveracapacidadebsicadesesentarcom

    outrosmsicosefazermsicajuntos.

    H vrios aspectos do legado deSegoviaque

    possodiscutir,maseuachoquealturapara

    fazer um ponto de situao: O sucesso ou a

    falha

    de

    qualquer

    performance

    musical

    depende principalmente da habilidade que o

    msicotemdeestabelecerumcontactodirecto

    com as necessidades que o pblico tem em

    termos de gratificao musical. Se o pblico

    querumdoce,e seos seuspadresestticos

    noforemdeencontrocomodopblico,ento

    adevedarlhesumdoce.

    Segoviaprovounos que de facto possvel

    fazer um largo nmero de pessoas felizes ao

    ouvir msica bonita mas no muito

    significativa.Masseavossa ideiademsica

    algo mais que o doce mel escorrendo sob a

    janela de uma rapariga bonita numa noite

    tranquila de vero, sob uma lua de prata,

    quando

    uma

    leve

    e

    quente

    brisa

    bate

    na

    superfcie do rio, sussurrando para si mesma

    pelas rosasao longodacosta,entomelhor

    comearemaprocuraroutropblico.Quando?

    Ecomo?

    Estas so questes difceis de responder de

    uma maneira global. As condies variam

    consoante o local, o temperamento pessoal,

    energia, e o que pode ser possvel para uma

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

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    GuitarraClssica 26

    pessoa num determinado local, pode no ser

    possvelporoutronumoutrolocal.

    Contudo, gostaria de dar algumas ideias para

    pensar nisso. Voltemos s intenes de

    Segoviaem

    elevar

    aguitarra

    ao

    mesmo

    nvel

    do violino, piano e violoncelo.Esta uma

    tarefa importanteparans,emparticularpara

    aquelesentrensquecontemplamem levara

    vida como concertistasde guitarra.

    importante no s por ser uma questo de

    orgulhononossoprprioinstrumentoedoseu

    patrimnio. tambm uma questo de

    sobrevivncia.Sobrevivncia

    econmica

    Os

    pianistaseviolinistasqueganharemoprimeiro

    prmionumconcursointernacionalimportante

    comooConcursoTchaikovskyemMoscovotm

    praticamente assegurado um caminho fcil

    paraacena internacionaldeconcertos,ecom

    grande exposio. Tournesem pases

    estrangeiros,contratosdegravaoeassimpor

    diante.Existem

    muitos

    guitarristas

    jovens

    hoje

    emdiaemmuitaspartesdomundo,etambm

    no Mxico, que esto certamente ao mesmo

    nvel de desenvolvimento artstico, como

    algunsvencedoresrecentesdoTchaikovsky.

    Seriabomseumguitarrista fosseautorizadoa

    participar. Mas este apenas um sonho,

    enquanto

    o

    preconceito

    contra

    a

    guitarra

    por

    msicos de primeira linha continua. Assim, a

    tarefaprincipaldeumguitarristainteligentea

    escolha do seu repertrio, e fazlo de uma

    forma que s possa trazer respeito e

    apreciao.Nodopblico,oquequerqueisto

    signifique,masde outros colegasmsicos.Os

    vossos colegas na escola, os professores, os

    crticos de msica, os funcionrios das

    organizaesartsticaseassimpordiante.Esta

    no uma questo de contribuir de forma

    altrusta para o bemestar geral desta rea.

    uma questo de sobrevivncia pessoal do

    guitarristaindividual.Sepudesseseroprimeiro

    aser

    levado

    asrio

    como

    msico

    pela

    comunidade em geral de msica, a sua vida

    como msico profissional seria muito mais

    gratificante.

    Mas temos um problema. A maioria dos

    msicosque tocamosprincipais instrumentos

    da arte musicalso aqueles que tocam os

    instrumentosda

    orquestra.

    A

    guitarra

    no

    faz

    parte da orquestra e nunca far. O mesmo

    pode ser dito sobre o piano. Ento porque

    queopianoumdosprincipaispilaresdaarte

    musical,pelomenosnosdoiscltimossculose

    meio,eaguitarrano?

    Arespostahistricaaestaperguntabastante

    longa,mas,

    em

    resumo,

    penso

    que

    esta

    tem

    poucoquevercomofactodeopianotersido

    sempremaispoderosoqueaguitarraaonvel

    dadinmica.Apopularidadedopianonoincio

    dosculoXIX,operodoemqueoseudomnio

    foiestabelecidoparaalmdequalquerdvida,

    para todos os tempos, foi gerada, em grande

    medidapelosempreendimentoscomerciaisdos

    fabricantes

    de

    piano.

    Eram

    eles

    que

    financiavam astournes dos

    grandesconcertistasdaaltura.Financiavamat

    violinistas e guitarristas. Foi bom para o

    negcio.Opianotambmtinhaavantagemde

    ser uma pea decorativa demobilirio, o que

    permitiuaclassemdiateracessoacoisasque

    no sculo anterior eram estritamente

    reservadosnobreza.

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    27/35

    GuitarraClssica 27

    A guitarra era mais barata, mas o piano era

    mais fcildeaprendera tocar,pelomenosno

    incio.Anvelprofissional,oquedeterminouo

    domniodopiano,foiosimplesfactodemuitos

    dosgrandes

    compositores

    comearam

    asua

    educao musical ao piano, com a possvel

    excepo de Berlioz. Eles no s escreveram

    msica para pianosolo, como tambm o

    incorporaram em conjuntos de cmara, com

    outrosinstrumentos,paraosprazeresprivados

    de amadores iluminados que estivessem

    dispostos a pagar dinheiro por este prazer.

    Claro,na

    mesma

    poca,

    havia

    tambm

    uma

    tradio paralela de msica de cmara com

    guitarra, e temos hojemuitos bons exemplos

    dogneroAquantidadedemsicadecmara

    com guitarra, nunca esteve perto da

    quantidadedemsicadecmaracompiano,e

    os catlogos dos editores da altura so um

    testemunhovivodisso.

    Eventualmente, o piano tornouse uma parte

    importantedorepertriodemsicadecmara,

    um facto que contribuiu para o seu

    estabelecimento como ponto central da vida

    musical.Aguitarra,apesardeumnmerono

    negligencivel de boas obras de msica de

    cmara, foi deixada para trs. Msica de

    cmara

    o

    dispositivo

    pelo

    qual

    os

    msicos

    forjam as alianas pessoais que permanecem

    comelesatrestodassuasvidas.Tornasefcil

    demitirummsicoquenopertenceaocrculo

    ntimodeamigosquecomeouadesenvolver

    senaescolaecomosquaisteveoprazernico

    derespiraremconjuntona leituradealgumas

    pginasdeliciosasdeBrahmsouTchaikovsky.

    Recentemente alguns guitarristas descobriram

    osimplesfactodeque,sevocquiseremprego

    estvel, melhor entrar na carruagem da

    msicadecmara.DavidStarobin,claro,tem

    nofeito

    com

    sucesso

    por

    mais

    de

    vinte

    ecinco

    anos. Como que deve fazlo?O lugar para

    comear, pareceme, na escola. Em ltima

    anlise,no importamuitoseasuapedagogia

    se baseia emCarlevaro, Pujol, Manuel Lopez

    RamosouJoeBlow.Noimportasevocusao

    ladoesquerdooudoladodireitodaunhaouse

    vocsabecomofazercorrectamenteapoiando.

    Noimporta

    se

    estreou

    amais

    recente

    obra

    musical do seu heri favorito da msica

    contempornea, e quem que se importa se

    voc numera os seusScarlattiscom um L ou

    umKouumF?

    Se voc quiser fazer uma vida nesta rea, se

    querensinaraosseusalunosdequefeitoem

    grandeescala

    omundo

    da

    msica,

    se

    voc

    quer

    queeucompreumbilheteparaoseuconcerto,

    eueasvastasmultidesamantesdemsicade

    cmara l fora, melhor aprender como

    violinistas, pianistas e violoncelistas esto

    fazendo isso.Olhe em seu redor. Sem dvida

    queasatitudesmudaramnosltimosdezanos.

    Hmaisespectculosdemsicadecmaracom

    guitarra

    hoje.

    Ouso

    dizer,

    porm,

    que

    esta

    actividade,aindano resultounumamudana

    deperspectivadopblicoemgeral.

    Eu li muitas opinies pessoais em relao

    msica de cmara com guitarra em muitas

    entrevistas com guitarristas. Estes so,na sua

    maior parte, irrelevantes. No reconheo

    nenhumguitarristadetopodehojequeesteja

    disposto e que seja capaz de sustentar uma

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

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    GuitarraClssica 28

    carreiraquesededicamsicadecmara.No

    h conjuntos activos de msica de cmara

    profissional, que consistam em mais de dois

    cnjugesequeincluamguitarra.

    No meu pas, existem cerca de 800 festivais

    cada verodedicados msicade cmara. L

    voc pode ver nomes como ItzhakPerlman,

    YoYoMa, MstislavRostropovich,

    PinchasZukerman, SerkinRudolf,

    MurrayPerahia, e dezenas de outros

    instrumentistasecantoresdetopo.Eununcavi

    lonome

    de

    Andrs

    Segovia,

    Julian

    Bream,

    John Williams ou Alexander Lagoya. Este

    lamentvelfactonodeveimpedirosprincipais

    guitarristasdelaparecercomregularidade.

    Apergunta inevitvel:oquequeosnossos

    virtuosos tm para oferecer aos msicos e a

    umaaudinciaquetmsidohabituadadurante

    vriasgeraes

    auma

    dieta

    constante

    dos

    quartetosde cordasdeBeethoven,oquinteto

    para clarinete de Brahms, Mendelssohn e os

    trios para piano, para no falar demsica de

    cmaradeMozart,Haydn,SchuberteDvorak?

    Antes de tentar responder a isso, temos que

    esquecerqualquercomplexodeinferioridadea

    respeito

    do

    nosso

    repertrio

    e

    perceber

    que,

    embora os grandes mestres da msica de

    cmaranoteremescritoparaaguitarra,ainda

    temos um grande e valioso contributo para

    fazer.Naavaliaodamsicade cmarapara

    guitarra,temosdeevitarjulglasomentepela

    refernciadapartedaguitarra.Oque importa

    na msica de cmara o valor artstico da

    composio como um todo, e NO o mrito

    relativo da parte da guitarra. So poucos os

    guitarristas capazes de ler uma partitura de

    msicadecmara,esopoucasaspublicaes

    de msica de cmara com guitarra,

    particularmente aquelas que datam da poca

    deHeinrich

    Albert,

    para

    no

    mencionar

    asrie

    maisrecentedachamada"facsmiles,"quena

    verdade possuem a todas as vozes impressas

    emsimultneo.

    Um guitarrista que pretenda enveredar por

    uma carreira de fazer msica em pblico, e

    pretendaobteralgocoisacomoaseguranado

    empregooferecido

    por

    profissionais

    como

    arquitectos, engenheiros, mdicos, pilotos de

    avio ou professores universitrios, seria

    melhoraprenderos truquesdocomrcio.No

    amemorizao,mas leituraprimeiravista,

    anlisedapontuao,bemcomoacapacidade

    de respirao em conjunto, por vezes com

    desconhecidos.

    Procure as obras que iriam oferecer aos seus

    futuros colegas e a si mesmo algo novo e

    excitante.Mesmoqueissosignifiquequetenha

    de fazer tunchacha durante algum tempo.

    Issotambmpoderserumcontributovalioso

    e rentvel para a sua prpria sobrevivncia

    econmica e para o futuro da guitarra como

    uma

    disciplina

    musical

    vivel.

    Sequeremosrealmentefuncionar"noprimeiro

    nvel, como o violino, piano e violoncelo,"

    temos que romper com omolde restritivo do

    recital a solo, a masterclasse de guitarra, o

    concursonofestivaldeguitarraeimpulsionaro

    nossocaminhoparaasociedadedemsicaem

    geral.

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    29/35

    GuitarraClssica 29

    No posso deixar esta discusso sem antes

    proferiralgumaspalavrassobreaprogramao

    utilizadapormuitosguitarristasdehojequando

    tocam recitais solo. O velho tipo de

    programaoTrrega

    /Segovia

    foi

    substitudo,

    paramelhorouparapior,comumnovotipode

    programao que emprega principalmente a

    msicabaseadanofenmenodecrossover,ou

    seja,composiesnovascombasenosgneros

    populares do jazz, ragtime, tango, countrye

    msicaocidental.Assim,almdeleyendaseas

    peas deVillaLobos, tambm ter

    osKoyunbabas,

    os

    Sunbursts,

    as

    UsherWalses

    e

    aspeasdePiazzolla.Emprincpio,todasessas

    peassorealmentemuitoboas.

    Mas o nmero de vezes que voc comea a

    ouvilosnodecorrerdeumfestivaldeguitarra,

    flas banal, pirolitos sem imaginao que

    podercausarumaboareacodeumaplateia

    deguitarra,

    epode

    mesmo

    agradar

    geralmente

    a audincias pblicas mais vastas. Muitos

    msicos de primeira linha fazem o mesmo.

    Assim, voc tem um violoncelista comoYo

    YoMa tocando Piazzolla. Mas devemos

    observar que os msicos de primeira linha

    fazemcrossover, alm do seu repertrio

    normal. Os guitarristas fazemno em vez do

    repertrio

    srio.

    Tenhoobservadoque,nasltimasdcadas,os

    guitarristasquechegaramaotopodaprofisso

    rapidamente, foramaquelesqueentraramem

    cena com um repertrio totalmente novo,

    evitando totalmente as obrasmais tocadas, o

    velhoeonovo.Huma lioa seraprendida

    aqui, e esta: a questo principal que o

    guitarristadevecolocardiantedesinooque

    tocar.na

    realidade,

    oque

    no

    tocar.

    Pense

    nisso.

    Vou encerrar este artigo com as palavras do

    meu amigo, o conhecido compositor

    italianoAngeloGilardino:

    Aquitemosamaisclaraefieldescriodirecta

    doactual

    estado

    da

    arte

    da

    guitarra

    clssica,

    de

    umrepertrionotvel sobretudonosculo20

    e, entre a legio super populosa de

    guitarristas, so poucas as pessoas que esto

    conscientes disso e que esto seriamente

    empenhadasemfazeropblicocientedanica

    riqueza de qualquer instrumento, o seu

    repertrio.Esteumproblemamuitogravee

    tambmaprincipal

    causa

    do

    facto

    de

    concertos

    deguitarraserem toraramenteprogramados

    pelas instituies de msica acima de tudo

    muitos msicos no conhecem bem o

    repertriodoinstrumentoeagemcomtimidez,

    porque os concertos de guitarra, geralmente

    oferecem obras compostaspor amadoresque

    acreditamsercompositores,obrasincrveisso

    tocadas

    sem

    vergonha

    e

    de

    uma

    maneira

    pomposacomosedemsicasetratasse.Estas

    nosomsica,massimaimagemdaguitarra

    oferecidaaomundoporguitarristas.

    Fimdecitao.Fimdeartigo.Muitoobrigado.

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    30/35

    GuitarraClssica 30

    PginascomMsicaIntroductionparaguitarrasoloNunoGuedesdeCampos

    Sobreaobra:

    umapeaserenaedistendida,comcarctermeditativo,evocandoumcaminhar

    silenciosoecontemplativopelanossaintimidademaisprofunda.

    Sobreocompositor:

    NunoGuedesdeCamposnasceuemLisboa,em1971,emudousecomasuafamliaparaoBrasilem

    1975,donderegressouem1991.

    Em 1985, no Rio de Janeiro, iniciou os estudos de msica no Conservatrio Brasileiro de Msica,

    prosseguidos em Braslia em 1987, na Academia Franz Schubert e na Escola deMsica de Braslia.

    DuranteasuaestadianoBrasilestudouguitarraclssicaepopularbrasileira,tendocomoprofessores

    CzarVillarinho,PauloAndrTavareseEustquioGrilo,alemdoprestigiadoguitarristaLulaGalvo.Em

    Braslia,formou

    um

    duo

    de

    guitarra

    com

    Marcel

    Carvalho,

    que

    se

    apresentou

    em

    vrios

    concertos,

    designadamente na Grande Loja Manica de Braslia, na Escola de Msica de Braslia e na UnB

    (UniversidadedeBraslia).Paralelamente, participouemvrias formaesduranteopercursomusical

    noBrasilpassandoporvariadosestilostaiscomoorock,ofunk,aMPBeoflamenco.

    formadoemComposiopelaEscolaSuperiordeMsicadeLisboa(ESML)desde1996efez,nosanos

    de 1999 a 2002, o curso integrado de aperfeioamento em composio, arranjo e orquestrao do

    InstitutdeFormationInternationaleMusiqueetMultimdiaCentredInformationsMusicales(INFIM

    CIM),emParis,tendoobtidoodiplomadeArrangementetOrchestrationetendotidoDenisBioteaue

    FrdricFavarelcomoprofessoresprincipais.Jem2008,concluiaLicenciaturatendoLusTinococomo

    professor.

    FrequentouSeminriosdeComposiodeEmanuelNunes,GilbertAmi,RobertSharlawJohnson,Henry

    Martineoutros.

    Comoguitarristaingressounabanda"SoulMusic",fazendoapresentaesmltiplasemLisboaevrios

    pontos do pas. Em 1998, acompanhou o pianista Bernardo Sassetti no Teatro Rivoli no Porto e na

    Culturgestem

    Lisboa.

    Em

    2001,

    j

    em

    Paris,

    formou

    um

    duo

    de

    guitarra

    com

    Pierre

    Perchaud.

  • 7/23/2019 Revista Guitarra Clssica n0

    31/35

    Guit

    Em 2

    edi

    Com

    LbanEndle

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    Harm

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    ede

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    Actua

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    odoConcor

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