grupo ribadouro - perspetivas · talações, ao criar um novo pólo, na rua bonjardim, contribuiu...

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Fevereiro Edição nº01 Distribuição gratuita com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente. Grupo Ribadouro

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Fevereiro Edição nº01 Distribuição gratuita com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente.

Grupo Ribadouro

2 Perspetivas Fevereiro 2016

Editorial

Portugal e o mundo sob perspetiva

É precisamente fazendo jus à ideia de que uma mesma realidade pode ser capaz de suscitar visões únicas em intervenientes diversos que o “Perspetivas” se apresenta co-mo uma nova plataforma de comu-nicação que não subestima o poten-cial nem a riqueza que o debate jor-nalístico sobre variadas temáticas de interesse público pode vir a tra-zer, quer para o caro leitor em parti-cular, quer para uma comunidade de cidadãos informados em geral.

Propondo-se à missão de comuni-car e divulgar a história, os projetos e a visão de profissionais e instituições de grande sucesso num variado leque de áreas – que vai do Direito à Econo-mia, sem esquecer o Ensino e Forma-ção ou a Saúde –, o “Perspetivas” apre-senta-se como uma publicação rele-vante para todo o país, prometendo – num regime mensal – apresentar o olhar atento, informado e crítico de uma série de intervenientes com uma

palavra a dizer sobre a área onde se tornaram uma referência em Portu-gal e, não raras vezes, também além--fronteiras.

Mais, no entanto, do que dar ape-nas a conhecer os grandes protago-nistas da inovação, do empreende-dorismo ou da investigação, é mis-são do “Perspetivas” servir como ca-talisador para o esclarecimento, a reflexão e o confronto de opiniões nas supracitadas áreas. É, deste mo-do, expectável que mediante a leitu-ra deste suplemento o leitor se veja munido de novos elementos, respos-tas e – porque não? – perguntas so-bre questões tão relevantes e sensí-veis como as alterações legislativas que se verificam na área da Saúde, os novos avanços e implicações da investigação científica, os condicio-nalismos que um clima de instabili-dade fiscal e legislativa acarretam, os desafios profissionais que o mun-do globalizado de hoje proporciona

Diz-nos o Dicionário da Língua Portuguesa que uma definição possível para a palavra “Perspetiva” é o aspeto que um ou mais objetos possuem, em função do lugar através do qual são observados. Uma outra designação, embora já em sentido figurado, remete-nos, entretanto, para o sinónimo “ponto de vista”. Embora diferentes a seu modo, ambas as definições da palavra deixam-nos com a ideia de que subjacente ao aspeto de um determinado elemento estará sempre o ângulo a partir do qual este é observado, podendo ele variar consoante a pessoa que o olha (e mediante o posicionamento com que o faz).

Sede: Rua Augusto Lessa, nº 251 esc. 13 – 4200-100 Porto • Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 • Fax: 22 502 39 08 • Site: www.perspetivas.pt • Email: [email protected] • Gestores de Processos Jornalísticos: José Ferreira e Nuno Sintrão • Periodicidade: Mensal • Distribuição: Gratuita com o Jornal “Público” • Preço Unitário: 4€ / Assinatura Anual: 44€ (11 números)

Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins sem autorização do editor.A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da Revista e o editor não se responsabiliza pelas inserções com erros ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes.

ou os aspetos mais importantes a ter em conta numa área tão impor-tante para os nossos jovens como o Ensino e a Formação.

Uma vez feita a apresentação des-te novo projeto de comunicação, é altura de agradecer a todos os inter-venientes que nos ofereceram inte-ressantes perspetivas sobre maté-rias de inegável interesse atual, bem como a todos os leitores que, na nossa companhia, aceitarem o con-vite de conhecer, pensar e colocar sob perspetiva Portugal e a socieda-de global com que hoje, quotidiana-mente, lidamos. O sucesso, a inova-ção, o empreendedorismo, o conhe-cimento e a adaptação a novos con-textos de que nestas páginas se fala tiveram, na sua génese, uma singu-lar capacidade de visão. Resta-nos, posto isto, uma última questão: que novas, arrojadas e singulares pers-petivas merecerão os próximos tempos?

Fevereiro 2016 Perspetivas 3

Externato RibadouroEnsino

Ensino de excelência, centrado no Aluno

No intuito de aumentar as suas ins-

talações, ao criar um novo pólo, na

Rua Bonjardim, contribuiu para uma

nova dinâmica desta zona da cidade

Invicta.

A sua realidade educativa é heteró-

genea. É um estabelecimento de ensi-

no que recebe alunos oriundos das

mais diversas regiões do país, promo-

vendo uma diversidade cultural deve-

ras enriquecedora ao nível da forma-

ção das suas crianças e jovens. A prá-

tica, a competência e a experiência pe-

dagógica da equipa de professores que

constitui o corpo docente do Externa-

to Ribadouro, são um dos pilares des-

ta praxis educativa que promove os

afetos e as competências cognitivas.

A escola promove o trabalho de

equipa, caracterizando-se pelos seus

projetos inovadores e pelos constan-

tes desafios que coloca a si própria.

Trabalha de uma forma clara e

transparente, informando os Encarre-

gados de Educação sobre as suas prá-

ticas e sobre o percurso individual dos

seus educandos, através de contactos

pessoais e de reuniões de pais regula-

res.

O projeto educativo Ribadouro as-

senta em critérios de eficácia, rigor e

excelência, respeitando as Metas de

Aprendizagem definidas pelo Minis-

tério de Educação e, simultaneamente,

a individualidade de cada Aluno.

O Externato Ribadouro pauta-se

por um Plano Anual de Atividades di-

versificado que procura contribuir pa-

ra uma formação deveras enriquece-

dora dos seus Alunos, pelo que tem

procurado dinamizar atividades cultu-

rais, desportivas, lúdicas e solidárias

que façam sentido no percurso indivi-

dual dos Alunos. Assim, as portas da

sala de aula abrem-se para formar ci-

dadãos do Mundo, que conhecem o

seu país, mas também outras regiões

do globo, numa dinâmica de aprender

a aprender.

É neste contexto que surgem tam-

bém parcerias que procuram valorizar

o conceito de autoavaliação, fomen-

tando a inovação e uma melhoria con-

certada. A Universidade Católica tem

desenvolvido com o Ribadouro um

Plano de Melhoria que visa o aperfei-

çoamento da ação educativa em todas

as suas dimensões pedagógicas.

O Externato Ribadouro assume-se

como um espaço de promoção do ser

humano que tem como nobre desafio

fazer da escola um lugar de Aprendi-

zagem e de Vida.

O Externato Ribadouro é uma escola com um projeto global que vai desde a pré-escolar ao 12º ano. Encontra-se sediado na Rua de Santa Catarina, bem no coração da cidade, no centro histórico do Porto.

4 Perspetivas Fevereiro 2016

EnsinoExternato Camões

Quando o futuro é importante!

A integração no Grupo Ribadou-

ro trouxe ao Externato Camões uma

nova forma de estar no Ensino, na

Educação e na preparação de crian-

ças e jovens, através de um Projeto

Educativo com identidade, valores e

princípios próprios. Proporcionar

aos seus alunos as melhores condi-

ções de aprendizagem para uma for-

mação global e um crescimento har-

monioso, numa escola essencialmen-

te direcionada para o prosseguimen-

to de estudos, é o objetivo primordial

do Externato Camões.

O Projeto Educativo do Externa-

to Camões assenta na sua história

mas aposta no futuro, perspetivando

a melhoria do serviço público que

pretende prestar à comunidade edu-

cativa. A criação de um berçário é

exemplo disso e outros projetos vi-

rão, pensando sempre, e em primeiro

lugar, no bem-estar dos seus alunos,

na procura incessante da inovação

em pedagogia, aceitando e propondo

novos desafios junto da comunidade

escolar.

Criamos condições para que os

seus alunos aprendam num ambien-

te acolhedor, seguro e familiar, esti-

mulante em termos de aprendiza-

gens e desenvolvimento, realizando

todo o percurso de escolaridade

obrigatória com a certeza de que, in-

dependentemente do grau de ensino

que frequentam, estão na companhia

de professores e técnicos dedicados,

competentes e capazes de potenciar

em cada aluno as suas capacidades

intelectuais e humanas.

Em termos físicos, o Externato Ca-

mões sofreu também uma grande re-

modelação, criando novos espaços,

modernos, pensando no conforto e

bem-estar dos alunos, de acordo com

as suas necessidades e de acordo com

cada nível de ensino. A remodelação

do externato é, aliás, um projeto que

ainda não está concluído, esperando-

-se novos projetos e desenvolvimentos

num futuro próximo. Um dos objeti-

vos para os próximos anos é dotar o

colégio de infraestruturas que permi-

tam oferecer aos alunos as melhores

condições para o seu desenvolvimento

integral e global.

Futuro Académico de Sucesso

O prosseguimento de estudos pa-

ra o ensino superior é o objetivo

mais comum aos pais que investem

na educação dos filhos. Mas o cami-

nho tem de ser feito de forma sus-

tentada, consolidada, sem esquecer

as necessidades e características

próprias de cada aluno nas diferen-

tes fases do seu crescimento. Ensi-

nar é uma missão, um trabalho ár-

duo, por vezes, mas aprender tam-

bém é uma tarefa exigente, por isso

o Externato Camões implementa e

aplica um conjunto de estratégias

que vão desde o reforço da carga le-

tiva nas áreas estruturantes, para to-

dos os anos de escolaridade, aulas

em desdobramento para algumas

disciplinas, aulas de apoio e reforço

de competências para alunos com

ritmos diferenciados de trabalho ou

aprendizagem e ainda aulas de pre-

paração para exames. Trabalhar a

autoestima e potenciar as capacida-

des dos alunos é a base do trabalho

dos professores desta instituição,

que constituem uma equipa caracte-

rizada pela estabilidade e dedicação.

Um projeto dinâmicoO colégio desenvolveu parcerias

com instituições de reconhecida

qualidade em áreas que funcionam

extracurricularmente, tais como o

Xadrez, o Ballet, Cursos de Inglês e

Guitarra Clássica. Os planos curri-

culares dos alunos do pré-escolar e

do 1º ciclo, para além do Inglês, inte-

gram atividades como a Expressão

Musical, Oficina d’Artes, TIC, Ex-

pressão Corporal e Expressão Físi-

co-motora. Estas atividades, leciona-

das por professores destas áreas es-

pecíficas, pertencentes ao corpo do-

cente do colégio, têm como objetivo

principal complementar o quadro de

vivências e aprendizagens enrique-

cedoras e determinantes para desen-

volvimento global dos alunos. Todas

estas áreas dão um contributo vital

para a formação da personalidade da

criança, promovendo o autoconheci-

mento, despertando a sua sensibili-

dade e educando para o exercício da

cidadania plena.

Autoavaliação e Certificação de Qualidade

A melhoria das práticas pedagógi-

cas, a certificação da qualidade do

serviço que presta à comunidade

educativa são as constantes preocu-

pações das escolas do Grupo Riba-

douro. Nesse sentido, desde setem-

bro de 2014 que o Externato Ca-

mões participa num projeto de in-

vestigação, em parceria com a

Universidade Católica, no âmbito da

autoavaliação da prática pedagógica

existente, criando instrumentos de

análise e reflexão sobre a mesma, vi-

sando aproximar cada vez mais os

ideais traçados no seu Projeto Edu-

cativo da sua operacionalização.

O futuro dos filhos é o grande projeto

dos pais. O futuro de um país está nas

gerações mais novas.

A prioridade do Externato Camões é dar

importância ao futuro e continuar a me-

recer a confiança da sua comunidade

educativa.

O Externato Camões, situado em Rio Tinto, é cada vez mais uma referência no ensino privado da zona Norte do país.

Fevereiro 2016 Perspetivas 5

Ensino Colégio da Trofa

Ensino privado que tem na sua matriz a busca da excelência

Neste estabelecimento de ensino os

alunos têm acesso a um conjunto di-

versificado de atividades visando enri-

quecer a sua formação integral e har-

moniosa. O xadrez, o mandarim, a

dança, a atividade musical e desporti-

va e as visitas de carácter lúdico-edu-

cativo no país e no estrangeiro são al-

gumas das áreas de enriquecimento

promovidas para além do currículo

normal. Neste quadro, a ênfase dado

ao ensino da língua inglesa desde a

educação infantil é, também, uma es-

tratégia de grande alcance formativo

para os alunos.

Tal como está consagrado no seu

Projeto Educativo, no Colégio da

Trofa promove-se uma ligação muito

estreita com encarregados de educa-

ção, seja por contacto pessoal ou atra-

vés de reuniões, por forma a definir-se

o percurso individual que melhor se

adeque a cada Aluno. Aqui são, tam-

bém, muito estimuladas e valorizadas

as competências adquiridas pelos Alu-

nos decorrentes do seu trabalho diá-

rio, sem deixar de ter em conta a im-

portância dos resultados escolares,

nomeadamente os certificados pelos

exames nacionais e o significado que

representam para a entrada no Ensino

Superior. Deste empenho resulta que

o Colégio da Trofa fique, sistematica-

mente, colocado nos primeiros luga-

res dos Rankings Escolares Nacionais

e seja, por norma e em todos os níveis

de ensino, a primeira escola do conce-

lho da Trofa e dos demais concelhos

vizinhos. Pelo especial significado que

representa, recordamos que o Minis-

tério da Educação, através do Portal

INFOESCOLAS, destacou, no final

do ano letivo de 2014/2015 e no uni-

verso das mais de 600 escolas a nível

nacional, o Colégio da Trofa como a

quarta melhor escola portuguesa do

Ensino Secundário que mais conse-

guiu melhorar os resultados dos alu-

nos entre os exames de Português e

Matemática realizados no 9º ano e os

que realizaram os mesmos alunos no

12º ano!

Mas, enquanto estabelecimento de

ensino privado que tem na sua matriz

a busca da excelência, a responsabili-

dade do Colégio da Trofa torna-se

ainda maior, pelo que para responder

a tais exigências, estabeleceu-se um

contrato de colaboração com a Uni-

versidade Católica, visando aplicar

um processo de avaliação externa so-

bre as práticas e procedimentos ado-

tados, tendo em vista corrigir e me-

lhorar a sua ação educativa e, deste

modo, dar expressão prática aos obje-

tivos e ideais plasmados no respetivo

Projeto Educativo.

Por tudo isto se perceberá por que

no Colégio da Trofa os alunos são jo-

vens responsáveis, motivados e felizes,

justificando-se, uma vez mais, as ele-

vadas expetativas com que se aguar-

dam os resultados escolares do cor-

rente ano letivo.

O Colégio da Trofa disponibiliza uma oferta educativa global desde a educação infantil ao 12º ano de escolaridade, abrangendo toda a formação dos jovens desde o berço até à entrada no Ensino Superior.

6 Perspetivas Fevereiro 2016

Ensino Oporto British School

122 anos a lutar pelo sucesso e a servir

Situada desde 1894 na Foz do Dou-

ro, a Oporto British School é uma das

mais antigas instituições de ensino in-

ternacional e, possivelmente, a escola

britânica há mais tempo em funções

na Europa Continental. Concebida es-

pecificamente, no final do século XIX,

como um espaço de educação e apren-

dizagem para as crianças da comuni-

dade britânica que viviam na cidade

do Porto, o primeiro ano letivo fez-se

com onze alunos, todos do sexo mas-

culino.

Embora no ano de 1914 as portas

da Oporto British School se tivessem

aberto também às raparigas oriundas

de famílias inglesas, o número de

crianças só atingiu uma centena de-

pois da Segunda Guerra Mundial, nu-

ma altura em que o volume de alunos

de nacionalidade portuguesa era já

considerável. O atual número de edu-

candos (cerca de 400), por outro lado,

corresponde a um fenómeno verifica-

do apenas em anos mais recentes, após

o desenrolar de vários acontecimen-

tos internacionais como a adesão de

Portugal à União Europeia.

Paralelamente ao número de estu-

dantes, também a oferta curricular da

Oporto British School foi evoluindo

com o avançar dos anos. Não consti-

tuirá, assim, surpresa que uma esco-

la concebida originalmente para o

ensino primário tenha vindo a ex-

pandir-se, proporcionando atual-

mente uma oferta educativa que per-

mite acompanhar o desenvolvimen-

to de cada criança desde os três anos

de idade até à conclusão do ensino se-

cundário. Outro aspeto que também

evoluiu foi o âmbito dos alunos inte-

grados, sendo agora a grande fatia

destes de nacionalidade portuguesa,

havendo, no entanto, estudantes de di-

versas expressões nacionais na consti-

tuição de um ambiente que se preten-

de multicultural e adaptado à realida-

de presente.

Garantido a qualquer estudante

matriculado nesta instituição está o

acesso a um ensino de primeiríssima

qualidade em língua inglesa – minis-

trado por um corpo docente quase to-

do ele oriundo de países de expressão

anglo-saxónica – bem como a garan-

tia de integração numa turma de pe-

quena dimensão, potenciando-se deste

modo o ambiente mais favorável pos-

sível à aprendizagem e ao desenvolvi-

mento pessoal. A estes elementos

acrescente-se, por outro lado, o am-

biente acolhedor e familiar com que

todo e qualquer aluno é recebido,

aquando da sua entrada e estadia nu-

ma escola exemplar, focada não ape-

nas no bem-estar, como também no

sucesso de todos quanto dela esco-

lhem fazer parte.

A excelência como valor-chave

Fazendo jus à filosofia de excelên-

cia e rigor que sempre a definiu, a

Oporto British School aposta num en-

sino diferenciado e de referência em

Portugal que, em consonância com os

conteúdos programáticos de cada ano

de escolaridade, transmite toda uma

série de valores essenciais à formação

não apenas de meros alunos mas, aci-

ma de tudo, de futuros seres humanos

completos e preparados para os gran-

des desafios do mundo real.

“É muito importante para nós que o

conhecimento seja encarado não como

uma coisa fechada, mas sim como algo

sempre em desenvolvimento”, intro-

duz o diretor da instituição, Tom Mc-

Grath. Concomitantemente, para a

Oporto British School “é também fun-

damental que os alunos compreendam

e reflitam sobre as suas origens e as

dos outros, respeitando e celebrando

as diferenças” existentes entre as pes-

soas, explica o responsável.

Igualmente essencial para formação

de cada aluno é que a sua aprendizagem

seja consumada não de um modo indivi-

dualizado, mas sim “enquanto membro

de uma equipa, de um grupo e de uma

comunidade”, sendo adágio desta escola

que “o que se faz em conjunto é sempre

melhor do que aquilo que fazemos isola-

dos”, defende Tom McGrath. É precisa-

mente como resposta a esta necessidade

especial de interação social e de trabalho

em equipa que muitas das atividades ex-

tracurriculares têm vindo a ser concebi-

das e desempenhadas na Oporto British

School.

Mas num projeto educativo em que

questões como a preocupação social, a

solidariedade, o respeito pelos direitos

humanos, a consciência ecológica ou o

espírito crítico se assumem como fato-

res essenciais, destaca-se também ou-

tro elemento basilar na tipologia de

ensino aqui ministrada. “Queremos

que os nossos alunos sejam bilingues,

ou seja, completamente fluentes em

Português e Inglês”, considera o dire-

tor, antes de salientar que a importân-

cia por detrás do domínio de outros

idiomas está “no gosto profundo que

se desenvolve pelas outras culturas”.

Internacional Baccalaureate: um currículo diferenciador

Outro aspeto que faz da Oporto

British School uma escola de incon-

tornável referência está no facto de o

programa curricular dos alunos que

frequentam o 11º e 12º anos de escola-

ridade ser desenrolado no âmbito do

International Baccalaureate Diploma

Programme (IBDP). Este correspon-

de a um currículo de enorme reconhe-

cimento internacional adotado pelas

escolas mais prestigiadas em todo o

mundo, que se traduz num ensino de

especial rigor e excelência, capaz de

garantir o acesso, por parte de qual-

quer aluno, às mais reputadas univer-

sidades no estrangeiro.

Escusado será dizer, posto isto, que

à frequência de um currículo IB cor-

responde uma série de mais-valias ca-

pazes de fazer dos educandos de hoje

cidadãos de referência para um futuro

mundo em constante evolução. “Uma

das vantagens do programa IB está

no facto de dar aos nossos alunos uma

perspetiva internacional da realida-

de”, argumenta Tom McGrath, porta-

-voz da única escola na região norte

de Portugal dotada deste programa

especial.

Começou como uma escola para crianças inglesas mas, com o passar do tempo, a Oporto British School alargou o seu âmbito a jovens de todas as nacionalidades, oferecendo um ensino diferenciador, assente na elevada qualidade, num ambiente familiar e numa abordagem educativa centrada no desenvolvimento individual e social de cada aluno.

Fevereiro 2016 Perspetivas 7

Oporto British School

O currículo IB afirma-se, acima de

tudo, como um programa capaz de alar-

gar horizontes, na medida em que “obri-

ga a que os alunos aprendam pelo me-

nos duas línguas, para além de ter uma

variedade de disciplinas, onde se in-

cluem a Matemática, as Ciências, as Hu-

manidades e também a possibilidade de

seguir outras ligadas à Arte e à Música”,

prossegue o diretor. A estes elementos

acrescentam-se, por seu turno, aulas

que versam sobre as Teorias do Conhe-

cimento – capazes de colocar o educan-

do a refletir e a desenvolver o seu espíri-

to crítico perante a realidade que o en-

volve – e iniciativas que convidam cada

aluno a desenvolver ações de serviço à

sua comunidade.

“Através deste sistema, os estudantes

ficam muito mais preparados para o ní-

vel de exigência das universidades,

aprendem de uma forma mais indepen-

dente e estão preparados para refletir e

questionar o conhecimento, o que se

traduz num melhor desempenho com-

parado com o dos seus colegas”, garante

Tom McGrath. São motivos como este

que fazem dos alunos formados no cur-

rículo IB os preferidos de várias insti-

tuições de ensino superior não apenas

em Portugal, como também no Reino

Unido e nos Estados Unidos da Améri-

ca. Este é, em suma, um programa que

“vai muito bem de encontro à filosofia e

aos valores” que orientam a Oporto Bri-

tish School.

Para além do estudoTão essencial para definir a exce-

lência de uma escola como o seu

projeto educativo é o leque de ativi-

dades extracurriculares que ela pro-

põe aos educandos, possibilitando o

seu desenvolvimento pessoal no

maior leque possível de áreas. Tam-

bém neste âmbito a Oporto British

School passa com distinção, na me-

dida em que proporciona uma série

variada de atividades para as diver-

sas idades.

Em grande destaque está a preocu-

pação desta instituição de ensino com

a expressão musical dos seus educan-

dos. Neste âmbito, e em parceria com

a Escolas das Artes, a Oporto British

School oferece lições de instrumentos

tão variados como o violino, o piano, o

contrabaixo ou a bateria, entre outros,

numa iniciativa que envolve já mais de

“uma centena” de alunos. A acompa-

nhar a sua aprendizagem musical

existem sempre outros desafios, como

as performances ao vivo que se desen-

rolam ao longo do ano letivo.

Como não poderia deixar de ser, e

em paralelo com as atividades desen-

volvidas no âmbito da Educação Físi-

ca, existe uma série de modalidades

desportivas à mercê de cada criança

ou jovem desde, por exemplo, o crí-

quete ao futebol e ao basquetebol. Ga-

rantida a cada ano está a participação

desta instituição em torneios interes-

colares, potenciando-se desta forma a

importância de valores como o “espí-

rito de equipa” e a “entreajuda”.

Mas de entre as atividades extra-

curriculares mais importantes que a

escola proporciona, Tom McGrath

evoca a iniciativa em que os estudan-

tes são convidados a simular uma As-

sembleia das Nações Unidas “deba-

tendo, com grande qualidade e pro-

fundidade, mecanismos de solução pa-

ra os principais problemas mundiais

da atualidade”, refere o nosso interlo-

cutor, como “a fome no mundo, a

questão da Síria, ou os principais pro-

blemas internacionais ligados à saúde

e à higiene”.

Iniciativas deste tipo afiguram-se

de uma importância extrema, na

medida em que, para além de possi-

bilitarem aos educandos o contacto

com jovens de outros países em ci-

meiras escolares, “permitem apren-

der imenso não apenas sobre estas

grandes questões mundiais, mas

também acerca do posicionamento

que os diversos países têm sobre

elas”, traduzindo-se numa possibili-

dade de crescimento e maturidade

concomitantes à filosofia que orien-

ta a Oporto British School.

Uma escola adaptada ao futuro

Com uma longevidade que se esten-

de já da marca dos 120 anos, a Oporto

British School acompanhou, ao longo

da sua existência, uma incontável sé-

rie de evoluções, não apenas no que às

políticas e estratégias de ensino diz

respeito, como também no que aos

acontecimentos culturais e sociais

concerne. Significa tal que esta foi

uma escola sempre capaz de se adap-

tar às novas conjunturas sem nunca

descurar a missão ou os valores que

lhe serviram de base.

Relativamente ao futuro, Tom Mc-

Grath mostra-se, por isso, “otimista e

expectante”. “Em primeiro lugar, gos-

taria de dizer que vislumbro o nosso

futuro aqui, no mesmo local em que

estamos instalados, pois temos uma li-

gação muito emocional para com ele”,

refere o nosso interlocutor, destacan-

do a forma como muitos dos pais que

hoje visitam a escola são, também eles,

ex-alunos da Oporto British School,

portadores de lembranças únicas des-

te mesmo lugar, tão icónico como o

ADN da própria instituição.

Uma das expectativas para os pró-

ximos anos é “ver esta escola a cres-

cer”, possivelmente até à marca dos

500 alunos. O facto de esta ser a única

instituição de ensino dotada com o

currículo IB no Porto e distritos cir-

cundantes leva o diretor a crer que a

procura por este programa de exce-

lência se refletirá num aumento de

inscrições na escola, principalmente

pelas perspetivas de êxito internacio-

nal que este sistema oferece.

Já relativamente ao ensino em ge-

ral, Tom McGrath antecipa “a grande

ênfase da tecnologia na aprendiza-

gem”. “Prevejo que a dimensão de ser-

vir, as perspetivas intencionais e a au-

tonomia dos alunos ganharão uma ên-

fase ainda maior no ensino”, salienta o

porta-voz. Significa tal que “os edu-

candos terão um controlo muito

maior sobre a sua aprendizagem e so-

bre a tecnologia”, antes de assegurar

que as atuais instalações da Oporto

British School estão efetivamente do-

tadas para esta adaptação.

Caso para dizer-se, por isso mesmo,

que “os valores da escola se manterão

os mesmos, embora ela tenha que mu-

dar com o tempo, naquilo que é a nos-

sa marca: a nossa estabilidade, a nossa

tradição e a nossa capacidade para

evoluir”, finaliza o diretor.

8 Perspetivas Fevereiro 2016

Ensino St. Peter’s School

Ensino internacional com rigor e excelência

Logo na altura do seu início, o colégio

arrancou com um currículo bilingue,

com o ensino do Inglês, em regime diá-

rio, a partir dos três anos de idade. Isa-

bel Simão, responsável, conta-nos que,

“com o tempo, este currículo foi-se

adensando, nomeadamente nas línguas

estrangeiras, com a introdução do Espa-

nhol e do Alemão como línguas curricu-

lares”.

Continuando esta evolução da oferta,

o St. Peter’s School veio a conquistar,

mais recentemente, outro grande fator

diferenciador, com a inclusão do Latim.

É também uma língua curricular, que

começou por ser lecionada no 2º ciclo e

anos subsequentes mas que, no ano pas-

sado, foi alargada ao 1º ciclo, iniciando a

partir do 3º ano. Nas palavras de Isabel

Simão, “o projeto do Latim está a ser

muito interessante”. Acrescentando, ex-

plicita que “é um projeto da Universida-

de de Cambridge, que foi procurado por

algumas das melhores universidades

portuguesas mas que, curiosamente, a

Universidade de Cambridge decidiu en-

tregar ao St. Peter’s School. Isto porque,

segundo Cambridge, somos a escola

portuguesa que tem mais alunos a

aprender Latim, com uma população de

mais de 400”.

Esclarecendo-nos também acerca

desta opção, diz-nos que “há um grande

leque de línguas neste colégio mas que,

fundamentalmente, há que apostar na

nossa. É preciso fazer com que estes jo-

vens conheçam a etimologia da língua

portuguesa, numa altura em que estão

criadas todas as condições para que a

língua portuguesa seja completamente

assassinada. Veja-se nas redes sociais ou

na linguagem das SMS’s, em que esta-

mos perante um verdadeiro novo códi-

go linguístico que deita por terra a nos-

sa língua. Se não fizermos qualquer coi-

sa que contrarie este aspeto do mundo

em que eles vivem, eles vão ser uns ile-

trados”.

Daí surge a aposta no Latim, que é

“uma ferramenta de grande utilidade

para um bom domínio do Português e

que, infelizmente, foi totalmente afasta-

da das escolas. Eu, por exemplo, só co-

mecei a perceber a gramática portugue-

sa quando comecei a estudar Latim. Até

aí, eu apenas decorava gramática e só a

partir daí é que comecei a saber inter-

pretar a gramática. É, portanto, um au-

xílio para que se ultrapasse esta barrei-

ra que agora existe, em que as pessoas

estão a falar e a escrever mal, com erros

muito graves, que refletem uma escola-

ridade mal feita. Durante muitos anos,

os alunos eram todos nivelados por bai-

xo e iam todos passando coletivamente

e estas coisas acabam por se pagar. Pe-

rante tudo isto, é um papel fundamental

da escola fazer o possível para que os

alunos tenham um correto domínio da

língua”.

Voltando ao desempenho do colégio

nesta matéria, diz-nos que “o St. Peter’s

está muito envolvido no Latim e é já re-

presentante a nível nacional. Se uma es-

cola situada, por exemplo, no Porto,

quiser introduzir o programa de Latim

da Universidade de Cambridge, somos

nós que somos contactados e que temos

o papel de fornecer os respetivos ele-

mentos. No fundo, funcionamos como

uma delegação nacional de Cambridge

para o Latim e tem havido muita procu-

ra por parte de outras escolas. Contudo,

há que ir com muita calma e com muito

critério”.

IB ProgrammeA introdução do International Bacca-

laureate Programme nesta escola era

uma ambição antiga de Isabel Simão.

Durante estes anos em que pretendeu

aderir ao IB, sentia, contudo, que “na co-

munidade não se sabia o que era o IB e,

por isso, foi preciso fazer um trabalho de

divulgação relativamente ao que era e

sobre quais seriam as suas vantagens”.

A abertura do IB veio no ano letivo

de 2014/2015 e, neste momento, há

duas turmas nesta escola, às quais se irá

juntar uma terceira no próximo. “É mui-

to bom e gratificante para o colégio ver

que a mensagem passou e que os pais

entenderam as vantagens de terem os

filhos a frequentar o IB. O projeto em si

é um projeto que motiva imenso os alu-

nos, que lhes proporciona muito traba-

lho mas também muita autonomia e

muita responsabilidade. Eles gostam de

sentir que lhes é conferida essa respon-

sabilidade e os programas, de facto, são

muito exigentes. Muito mais exigentes

do que os do currículo nacional, inclusi-

ve, significando para eles um trabalho

que é muito denso mas que, por outro

lado, é também muito motivador. Eles

consciencializam-se de que estão na

posse de uma situação fantástica, que

lhes abre portas para que possam estu-

dar em Singapura, em Nova Iorque ou

noutro sítio qualquer pelo facto de te-

rem este diploma”, explica.

Continuando, fala-nos de vantagens

que se verificam também para os que

quiserem prosseguir estudos em Portu-

gal: “Por serem mais exigentes, os pro-

gramas dão-lhes uma bagagem que, em

determinadas disciplinas, é suficiente

para que se sintam à vontade com os

conteúdos do primeiro ano da licencia-

tura. Ao mesmo tempo, há também uma

tendência para que algumas universida-

des comecem a oferecer cursos leciona-

dos em Inglês, estando alguns deles

muito bem cotados a nível internacio-

nal. Um aluno saído do IB está à vonta-

O St. Peter’s School, em Palmela, foi fundado em 1993, preconizando um projeto educativo inovador, que aposta numa formação global e integrada e que resultou, neste último ano letivo, na quinta posição no ranking nacional do Ensino Secundário.

Fevereiro 2016 Perspetivas 9

St. Peter’s School

de num curso desses, que, posterior-

mente, dá-lhe grandes vantagens em

termos de empregabilidade. Eles vão

tendo noção disso e, portanto, estamos a

ter uma adesão muito positiva, com pais

que já estão a acautelar a inscrição dos

filhos para o ano letivo seguinte”.

Uma escola humanistaParalelamente ao esforço que é diri-

gido ao aproveitamento escolar, o St.

Peter’s School é, segundo a diretora,

“uma escola que tem uma missão emi-

nentemente humanista”. Isabel Simão

sublinha que essa é, de facto, “a pedra la-

pidar da escola e que essa é uma mensa-

gem que se procura transmitir aos alu-

nos. Aqui, cada aluno tem um percetor

ou, no caso do IB, um tutor, existindo

uma aproximação muito grande que vai

no sentido de lhes prestar apoio, con-

fiança mas ao mesmo tempo valores

morais. Para além disso, também reali-

zamos assembleias com regularidade e

esses são grandes momentos em que

podemos passar a nossa cultura huma-

nista para a comunidade”.

O humanismo, aliás, está patente na

própria conduta desta direção, que

tem como tarefa o equilíbrio entre a

dimensão do colégio e a familiaridade

que procura manter com a comunida-

de letiva. Isabel Simão diz-nos que

“gosta de receber os pais e de conhe-

cer os alunos” e assume que é uma di-

retora que vê “as grelhas de testes de

todos eles, mesmo apesar de serem

mais de mil”. Declara que é um traba-

lho “muito exaustivo” mas que ela

própria precisa de “ter este nível de

contacto com a realidade”.

Obedecendo ao propósito de oferecer

uma formação verdadeiramente global,

as atividades extracurriculares também

merecem uma grande relevância, com a

disponibilização de um conjunto que ul-

trapassa as 30. Dentro da prática des-

portiva, estão incluídas modalidades co-

mo o rugby, o ténis, o futebol, o cricket,

equitação, esgrima, natação, basquete-

bol, voleibol, judo e karaté. Já a expres-

são artística também está contemplada

de uma forma abrangente, com aulas de

piano, viola, guitarra clássica, coro, can-

to individual ou teatro.

Evidentemente, isto é exigente quan-

to às condições que o colégio tem de

apresentar, podendo dizer-se que há

aqui uma verdadeira “segunda escola a

funcionar em paralelo”. A estrutura en-

volve “meios, espaços e recursos huma-

nos avantajados, pois só assim é possível

harmonizar milhares de participações

semanais. Todas estas atividades con-

tam com imensos alunos e há muitos

que podem estar inscritos, por exemplo,

no piano, no futebol e no judo em simul-

tâneo”.

Uma comunidade diversaPartilhando connosco a caracteriza-

ção que pode ser feita destes alunos, um

aspeto que ressalva é a grande quanti-

dade de discentes estrangeiros. “Para

além dos ingleses ou franceses, também

começa a haver comunidades de russos,

romenos e, sobretudo, chineses, que já

são mais de uma centena, ou seja, cerca

de uma décima parte do nosso total de

estudantes”, indica.

A área geográfica da qual vêm as

crianças e jovens que, diariamente, che-

gam ao St. Peter’s School também é de

uma abrangência assinalável, com mui-

tos que se deslocam de Lisboa, do Riba-

tejo (Samora Correia, Benavente, Coru-

che) e de diferentes zonas da Península

de Setúbal (destaque para a Costa da

Caparica ou para Sesimbra).

Por último, é quando nos fala do des-

tino que estes alunos costumam ter que

Isabel Simão se mostra especialmente

satisfeita: “São muitos os que prosse-

guem estudos no estrangeiro. A maioria

destes casos encontra-se em Inglaterra

mas temos também exemplos de alunos

em Xangai ou nos Estados Unidos, em

pontos como Nova Iorque ou Miami.

O nosso sistema de aconselhamento, em

que seguimos o modelo inglês e faze-

mos um trabalho muito exaustivo de

conversas individualizadas com cada

aluno, ajuda a que consigamos orientar

os jovens para as melhores universida-

des. Isso também se deve, claro está, ao

facto de serem alunos que normalmente

são fortes e, portanto, quando saem da-

qui acabam por ir para bons cursos, em

boas faculdades e conseguem níveis de

empregabilidade muito interessantes”,

conclui

10 Perspetivas Fevereiro 2016

EnsinoDepartamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro

Ensino vocacionado para as exigências do novo mundo

Em diálogo com Carlos Costa, dire-

tor do DEGEIT, aprofundámos o nosso

conhecimento sobre a atual realidade

deste que é “o maior departamento da

Universidade de Aveiro em número de

alunos – 1500 diretos, aos quais se jun-

tam, em determinadas cadeiras, cente-

nas de discentes vindos de outros de-

partamentos”.

Atento à nova realidade do ensino,

cada vez mais global e focada na verten-

te prática, o Departamento tem sido al-

vo de uma “procura muito elevada”, sen-

do que em 2014 foram preenchidas as

185 vagas existentes para um total de

1555 candidatos. Neste panorama, se os

cursos do 1º e 2º Ciclos estão totalmen-

te preenchidos, no que concerne ao 3º

Ciclo, “apesar deste ser um dos mais re-

centes departamentos no universo da

UA”, já se encontra “em terceiro lugar

no ranking da instituição em número de

alunos”.

No total, o Departamento apresenta à

sociedade quatro cursos de 1º Ciclo –

Economia; Engenharia e Gestão Indus-

trial; Gestão; e Turismo –, cinco cursos

de 2º Ciclo – Economia; Engenharia e

Gestão Industrial; Gestão; e Sistemas

Energéticos Sustentáveis (este último

fruto da cooperação tripartida entre o

Departamento de Ambiente e Ordena-

mento, o Departamento de Economia,

Gestão, Engenharia Industrial e Turis-

mo e o Departamento de Engenharia

Mecânica) e cinco cursos de 3º Ciclo –

Contabilidade; Engenharia e Gestão In-

dustrial; Marketing e Estratégia; Turis-

mo; e Sistemas Energéticos e Alterações

Climáticas Sustentáveis (este último fru-

to da cooperação entre o Departamento

de Ambiente e Ordenamento, o Depar-

tamento de Economia, Gestão, Enge-

nharia Industrial e Turismo, o Departa-

mento de Engenharia de Materiais e Ce-

râmica, o Departamento de Engenharia

Civil, e o Departamento de Engenharia

Mecânica).

InternacionalizaçãoCarlos Costa, diretor do DEGEIT

desde 2014, é perentório ao assumir que

este espaço vive dias de grande dinâmi-

ca. Um dos seus pontos fortes é a agre-

gação das áreas de Engenharia e Ciên-

cias Sociais: “Neste ‘novo mundo’ a di-

mensão da Engenharia relaciona-se po-

sitivamente com as Ciências Sociais,

nomeadamente na área das operações

para o Turismo e Saúde, por exemplo.

Existem engenheiros que trabalham no

setor da energia, área fundamental nas

questões da Economia do Ambiente,

Gestão e Turismo. Assim sendo, neste

momento, temos uma combinação de

cursos e de investigação que, já sendo

forte, se perspetiva ir cada vez mais lon-

ge”, assevera.

E ir mais longe passa por apostar for-

temente na internacionalização. Nesta

senda, o Departamento empenha-se em

organizar ou marcar presença em even-

tos de dimensão global: “A título de

exemplo, em 2017 vamos organizar, na

área do Turismo, a INVTUR que mobi-

liza cerca de 700 participantes e mais de

30 países”, revela-nos. Esta dinâmica de

internacionalização consubstancia-se no

número crescente de alunos estrangei-

ros que escolhem o DEGEIT para estu-

dar. Se no cômputo geral 10% dos estu-

dantes da Universidade de Aveiro são de

origem estrangeira, aqui o número as-

cende aos 20%. “Nós estamos fortemen-

te internacionalizados!”, vinca o nosso

interlocutor, dando o exemplo de uma

turma de alunos chineses que está inte-

grada na dinâmica do Departamento, ou

de cinco Bolsas CAPES – bolsas de estu-

do atribuídas a estudantes brasileiros,

equivalentes às da Fundação para a

Ciência e Tecnologia, em Portugal –,

que foram concedidas a alunos neste De-

partamento. “Este é o reconhecimento

internacional do nosso prestígio en-

quanto entidade de ensino com qualida-

de internacional”.

Segundo o diretor, a Universidade,

no seu sentido lato, tem que ir ao encon-

tro de novos alunos, novas ligações e

parcerias com centros de conhecimen-

tos internacionais que permitam o in-

tercâmbio de pessoas, experiências, co-

nhecimentos e culturas. “A nossa plata-

forma não é apenas a da UA, é nacional

e internacional. E o que não faltam são

oportunidades!”, garante Carlos Costa

que não perde a oportunidade para emi-

tir a sua opinião sobre a classe política

portuguesa: “Há um discurso pessimis-

ta, fala-se de crise, desemprego, os polí-

ticos esmifram-nos, mas a verdade é que

o mundo está cheio de oportunidades.

A classe política portuguesa viaja pouco

e tem pouca noção da realidade a uma

escala global. Precisamos de políticos

que comecem a emergir da sociedade,

não apenas das fileiras dos partidos.

Precisamos que os políticos vejam e sin-

tam o ‘novo mundo’”.

Reestruturação e novas apostas

Quando assumiu a direção do DE-

GEIT, Carlos Costa procurou “consoli-

dar o Departamento, torná-lo mais efi-

ciente, eficaz e subir no patamar da qua-

lidade”. Três dos pilares fundamentais

que serviram de base à proliferação des-

tes propósitos foram a reorganização in-

terna em termos funcionais; a criação de

novas áreas de trabalho centrais; e a

aposta em duas pedras basilares para o

crescimento da instituição. A primeira: a

investigação, através da reestruturação

do Centro de Investigação, “que já estan-

do avaliado pela Fundação para a Ciên-

cia e Tecnologia como Muito Bom pas-

sou à classificação de Excelente”. As-

sim, contra a corrente, o DEGEIT

criou “uma unidade de investigação

fortíssima”, nas palavras de Carlos

Costa, que engloba o Departamento

de Economia, Gestão, Engenharia In-

dustrial e Turismo (DEGEIT), o De-

partamento de Ciências Sociais, Políti-

cas e do Território (DCSPT) e o Insti-

tuto Superior de Contabilidade e Ad-

ministração de Aveiro (ISCA). Estas

quatro escolas de Gestão funcionam co-

mo “uma grande escola de Economia e

Gestão centrada em novos temas da

Economia”, revela-nos o diretor. A se–

gunda pedra basilar de todo este proces-

so, e que permitiu ao DEGEIT assumir-

-se como um player respeitado e com a

qualidade essencial em matéria de inves-

tigação e inovação, foi a nova relação

com as empresas, introduzindo pontos

de rotura nas linhas diretivas que vi-

nham sendo assumidas: “Por exemplo,

foram substituídos os trabalhos de dis-

sertação teórica por estágios e projetos

em empresas; com base no esforço do

Departamento, conseguimos montar

uma sala onde decorrem fortes ações de

empreendedorismo num projeto desig-

nado de Learning to Be (aprender para

ser)”. Nesse espaço, ao nível das discipli-

nas do empreendedorismo, em detri-

mento do ensino teórico foram convida-

das empresas a apresentarem casos con-

O Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT) da Universidade de Aveiro (UA) revela-se um pólo de ensino dinâmico e virado para o exterior. As sinergias criadas com outros centros de conhecimento (nacionais e internacionais) e com o mundo empresarial têm permitido a abertura de novas portas de saber e a rentabilização de esforços, beneficiando assim todos os intervenientes.

Fevereiro 2016 Perspetivas 11

Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro

cretos e em torno de mesas de trabalho

“alunos, vindos de diferentes áreas de sa-

ber, aprendem a trabalhar em equipa e a

resolver problemas”. Esse grande desa-

fio presente no Departamento tem o ob-

jetivo claro de melhorar os níveis de em-

pregabilidade, tornar o ensino eficaz e

útil para as empresas e para as organiza-

ções.

As medidas acima mencionadas pro-

moveram uma mudança no modus ope-

randi do DEGEIT. Carlos Costa eviden-

cia ainda a abertura, nos últimos dois

anos, de quatro concursos ao cargo de

professor catedrático, quatro concursos

ao cargo de professor associado e oito

concursos ao cargo de professor auxi-

liar: “Renovámos profundamente os

nossos quadros e contra a corrente dos

últimos anos, contratámos mais gente,

libertando outros profissionais que não

se enquadravam com esta nova fase de

trabalhos”.

Investigação e Desenvolvimento

A UA é reconhecida pelas suas congé-

neres e pelo tecido empresarial como

uma instituição “com um sentido de

orientação prático, detentora de unida-

des de investigação de ponta” que permi-

tem uma relação profícua com as empre-

sas. Para além disso, o DEGEIT, na fi-

gura de Carlos Costa, tem “a real noção

de que a fatia orçamental que é disponi-

bilizada às instituições de ensino supe-

rior é insuficiente para se impulsionar

com qualidade os centros de Investiga-

ção e Desenvolvimento (I&D)”. Segun-

do nos diz “não conseguiremos ir longe,

nem cientificamente, nem amealhar os

rendimentos necessários para frequen-

tar conferências, se não produzirmos re-

ceitas próprias”. Neste sentido, outro

dos módulos introduzidos no Departa-

mento prende-se com a melhoria do vo-

lume das receitas próprias, sendo sugeri-

do a todos os docentes que angariem

projetos para serem desenvolvidos no

seio da instituição – “angariando proje-

tos, os intervenientes ligam-se às empre-

sas, são melhorados os índices de empre-

gabilidade e, através dos fundos gerados

pelo Departamento, são autossuficientes

para adquirirem todos os meios necessá-

rios para o desenvolvimento das suas

ações”.

Esta ligação com as empresas inicia-

-se desde o 1º Ciclo, o projeto Learning

to Be é um exemplo disso, estando a de-

correr ações de reestruturação nos cur-

sos, através da inclusão de programas

de estágio que é objetivo da direção “se-

jam progressivamente incluídos em to-

dos os anos de ensino”. “Os alunos são

incentivados a colocarem em prática os

seus conhecimentos logo no primeiro

ano, dada a necessidade de adquirem

competências profissionais que só o

mercado de trabalho lhes consegue for-

necer, assim como currículo, que se faz

dentro da academia e na relação desta

com as empresas”, refere o diretor que

nos confronta com uma realidade que

ainda persiste em Portugal: o complexo

de trabalhar e estudar em simultâneo.

Porém, “esta realidade tende, lentamen-

te, a mudar dado que os discentes já per-

ceberam que o mero curso superior não

é um passaporte para o mercado de tra-

balho”.

Neste momento, o grande desafio do

Departamento passa por cativar as em-

presas, encontrar soluções para os seus

problemas, através da ação eficiente dos

alunos. “Sendo que as empresas não des-

pendem de fundos, os empresários ao

verificarem que têm no Campus recur-

sos humanos com capacidade para cap-

tar lucros, apostam na contratação des-

ses alunos. Nos últimos dois anos, os ní-

veis de empregabilidade estão a aumen-

tar drasticamente, porque os alunos vão

para os estágios, são acompanhados e

acabam por lá ficar. Estamos assim a in-

verter um ciclo de desemprego que tem

sido dramático na sociedade portugue-

sa”, refere com orgulho o nosso entre-

vistado.

Estudo: Papel das mulheres na sociedade

O ‘novo mundo’, segundo palavras de

Carlos Costa, é um mundo onde as uni-

versidades não conseguem sobreviver

sem as empresas, mas também estas não

conseguem levar os seus propósitos

avante sem os centros de conhecimento.

O sucesso empresarial depende de qua-

dros que consigam ter formação e sensi-

bilidade para responder a problemas vá-

rios, numa cadeia horizontal. Nesse sen-

tido, “as empresas sabem que vêm cá à

procura de novos produtos que as dife-

renciem e lhes permitam dar resposta às

necessidades do consumidor, caso con-

trário não evoluem e caem num ciclo ne-

gativo. É por isso que estamos a avançar

nessas áreas e noutras que social e eco-

nomicamente são centrais, como por

exemplo, o papel das mulheres na eco-

nomia”.

O diretor fala-nos de um projeto que

decorreu nos últimos cinco anos, sendo

a investigação, publicada a nível mun-

dial, já uma referência: “Vai ser lançado

um número especial na nossa revista de

Turismo e Desenvolvimento que abor-

da a posição das mulheres na nova eco-

nomia. Não se trata apenas da questão

democrática da posição das mulheres na

sociedade, mas sim do modo como uma

sociedade como a nossa, que necessita

de crescer, tem que incorporar recursos

humanos que são centrais na economia.

Verificámos que as mulheres ganham

mais bolsas de ensino, tiram melhores

médias, trabalham mais horas, estão

mais disponíveis e têm uma vontade de

trabalhar e de progredir na carreira, di-

ferente dos homens. Com este estudo,

demonstrámos que existem espaços, em

novas economias que estão a surgir, on-

de as mulheres, sem qualquer tipo de es-

tereótipo, têm um bom perfil para pro-

gredirem profissionalmente. Por exem-

plo, quando temos um tecido económico

onde predominam as PME’s, essa ges-

tão exige qualidades como a polivalên-

cia e a visão lateral que as mulheres de-

têm, em detrimento de outras caracte-

rísticas mais masculinas como o ritmo, a

determinação e a visão”. Isto significa,

fundamentalmente, que os dois géneros

se complementam, porém o DEGEIT, à

semelhança da maioria das instituições

de ensino, tendo um número mais eleva-

do de discentes do sexo feminino e sen-

do que as taxas de desemprego conti-

nuam a ser superiores neste género, es-

tá perante uma realidade que natural-

mente preocupa a organização.

Ainda segundo este estudo, as mulhe-

res predominam na gestão das organi-

zações, mas não chegam aos cargos de

topo, por exemplo, por questões ligadas

à maternidade; outra das razões prende-

-se com o facto de a própria sociedade

sempre se ter pautado por comporta-

mentos de visão e gestão a médio/longo

prazo (“e os homens têm características

que lhes permitem posicionar-se muito

bem nessa vertente”); “não podemos

também esquecer que a sociedade é de-

signada machista, mas durante décadas

a educação dos filhos esteve a cargo

principalmente da mulher, logo estas

também têm alguma responsabilidade

na sociedade que criámos”, aponta Car-

los Costa com base no estudo efetuado.

“Estas dimensões culturais de um mo-

mento para o outro podem ser altera-

das, não nos podemos esquecer que nas

últimas eleições presidenciais entre no-

ve candidatos, duas eram mulheres.

E na liderança dos partidos políticos es-

sa realidade também já se verifica. Por

seu turno, os projetos de investimento

da União Europeia apontam para a im-

portância da posição das mulheres. Lo-

go, esta é uma sociedade mais democrá-

tica! É num mundo de diversidade de

culturas, de pensamentos, de credos, que

floresce o progresso. O mesmo se pode

aplicar aos “estrangeiros” expressão

que quase perde o seu sentido numa Eu-

ropa de portas abertas”, reforça.

Novas competências para empresários

Em jeito de conclusão, Carlos Costa

levanta o véu sobre as novidades que

vão ocorrer no Departamento já no

próximo ano letivo, 2016/2017. Em se-

tembro próximo, o DEGEIT vai apre-

sentar à população interessada dois cur-

sos para responder às novas necessida-

des de formação das empresas e das or-

ganizações. Os cursos de Gestão de

PME’s e Gestão da Restauração são

abertos – com duração de um ano, a de-

correr aos fins de semana – e estão dire-

cionados para ativos destas áreas que,

com ou sem qualificação superior, po-

dem adquirir competências que serão

desde logo aplicadas no quotidiano das

suas empresas.

Segundo Carlos Costa, “os restauran-

tes têm que se tornar unidades econó-

micas fortes”. Os cursos vincadamente

práticos visam colocar em prática os co-

nhecimentos adquiridos, nas empresas

dos discentes, “aprofundando novos ca-

minhos, produtos e formas de gestão”.

O objetivo passa por “promover a me-

lhor gestão das organizações, através de

formação teórica e prática aplicada à

realidade das empresas em causa”, con-

clui.

12 Perspetivas Fevereiro 2016

EconomiaOrdem dos Revisores Oficiais de Contas

Presente e futuro dos Revisores Oficiais de Contas

Que retrato faz relativamente ao

atual estado da classe e que tipo de

avaliação merece, a seu ver, o novo

Estatuto da OROC?

O ambiente económico não é o

mais apropriado para a estabilidade

do exercício profissional dos reviso-

res. A crise económica que teima em

perdurar tem impactos no mercado

de auditoria, provocando problemas

de sustentabilidade sobretudo nas

pequenas sociedades e nos revisores

individuais. Também a crise finan-

ceira, com frequentes notícias pouco

abonatórias da forma como algumas

entidades financeiras geriram os

seus negócios, afeta a imagem de to-

dos os agentes envolvidos, incluindo

os auditores, independentemente do

seu nível de responsabilidade nos

atos praticados. O novo estatuto da

Ordem foi, como em todas as Or-

dens, numa primeira fase adaptado

às novas exigências de regulamenta-

ção das Associações Públicas Profis-

sionais, com grande empenho da Or-

dem e com significativa colaboração

com as Entidades Públicas, designa-

damente, Ministério das Finanças,

donde resultou uma versão que se

afigurava muito equilibrada, mas

que foi completamente adulterada

por ajustamentos de última hora, in-

troduzidos por dois grupos parla-

mentares nos quais a Ordem não se

revê, que contestou, mas em vão. Por

esse motivo e porque entendemos

que foram introduzidas normas que

atentam contra os princípios vigen-

tes na Constituição da República

Portuguesa, foi solicitada assessoria

jurídica para se requerer pedido de

inconstitucionalidade de algumas

normas, o que foi concretizado em

30 de dezembro passado, pelo pedi-

do apresentado ao Senhor Provedor

de Justiça, pela sociedade de advoga-

dos Rogério Alves & Associados.

Quais constituem, no seu entender,

as principais implicações que esta

alteração proporciona aos profissio-

nais do setor em geral e às peque-

nas sociedades de Revisores Ofi-

ciais de Contas em particular?

Somos apologistas e a Ordem

sempre defendeu elevados padrões

de qualidade nos trabalhos de audi-

toria realizados pelos seus membros.

Para além dos beneficiários dos ser-

viços dos revisores oficiais das con-

tas, a Ordem é, seguramente e por

defesa de uma profissão, a principal

interessada na excelência na inter-

venção dos revisores e desde muito

cedo implementou mecanismos de

controlo de qualidade antes de os

mesmos serem exigidos por qual-

quer normativo nacional ou comuni-

tário. Ora, o que não se pode confun-

dir é qualidade dos serviços presta-

dos com mecanismos de controlo

que privilegiam excessos de buro-

cracia e exigências para pequenas

sociedades de auditoria que colo-

quem em causa a sua sobrevivência e

que poderão ser desproporcionadas

face à natureza, dimensão e impacto

na sociedade dos trabalhos realiza-

dos. Neste sentido, as grandes impli-

cações irão resultar num processo de

ainda maior concentração e de afas-

tamento dos jovens que pretendam

aceder ao exercício profissional,

pois, pelo escrutínio a que vão estar

sujeitos, poderão não vislumbrar

muitos fatores de interesse para a

sua dedicação a uma causa que nos

parece cada vez mais necessária no

mundo em que vivemos, que é o ri-

gor e a transparência das contas

apresentadas pelas entidades, quer

públicas, quer privadas.

Como encara o papel previsto para a

CMVM, em particular, no novo esta-

tuto da OROC?

Encaro o papel da CMVM com to-

tal normalidade, ou seja, com rigor,

equilíbrio e justeza na sua atuação. O

nosso desacordo de base, quanto ao

modelo de supervisão definido para

Portugal, nada tem a ver com o facto

de ser a CMVM a autoridade de su-

pervisão da auditoria, mas sim pela

simples razão de que essa autoridade

não deveria ser integrada em qualquer

das entidades de supervisão existen-

tes, mas antes ser definida de forma in-

dependente como aconteceu, por

exemplo, com a Alemanha, Espanha e

a generalidade dos Estados Membros,

modelo que, em nosso entender, refor-

ça a eficácia e a independência de ou-

tros processos de supervisão. Desta

forma, é o princípio de base de que

sempre discordámos e não o facto de

ser a CMVM a autoridade de supervi-

são, com a qual existem relações de

boa colaboração mútua e que se têm

efetivamente demonstrado e revelado

nesta fase inicial, que é sempre algo

turbulenta, de adaptação a esta nova

fase organizativa da auditoria e respe-

tiva supervisão.

Que vantagens e condicionalismos acar-

retam, em particular, aspetos como as

novas normas alusivas à rotação obriga-

tória de auditores ou as novas implica-

ções relacionadas com o controlo de

qualidade e as exigências relativamente

a penalidades e sanções?

A Ordem, desde a fase de discussão

do projeto europeu de diretiva e regu-

lamento de auditoria, sempre manifes-

tou o seu pessimismo quanto aos efei-

tos positivos da rotação na qualidade

José Azevedo Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), conversou connosco sobre os temas mais prementes da atualidade da Ordem, abordando também aqueles que considera serem os grandes fatores que estão a condicionar o exercício e a atratividade da profissão.

Fevereiro 2016 Perspetivas 13

Ordem dos Revisores Oficiais de Contas

da auditoria, inclusivamente da inde-

pendência do auditor no momento da

emissão da sua opinião, mas nunca de-

monstrou qualquer oposição a que a

mesma fosse adotada. O tempo irá ser-

vir de prova a esta nossa posição e, não

pretendendo ser futurista, penso que

iremos concluir o que outros países

mais evoluídos nesta área também

concluíram, designadamente os Esta-

dos Unidos. Ora aceite que seja a rota-

ção dos auditores, já é menos tolerável

que as regras nacionais violem as nor-

mas comunitárias que são de aplicação

transversal a todos os Estados Mem-

bros, com claras perdas para as empre-

sas e para os auditores nacionais. Por

se tratar de uma matéria que transcen-

de a jurisdição nacional e, atentas to-

das as sugestões, recomendações e in-

sistências feitas pela Ordem que não

tiveram qualquer acolhimento inter-

no, não nos resta outra alternativa se-

não recorrer à Comissão Europeia, de-

nunciando a distorcida aplicação do

regulamento europeu de auditoria

nesta e noutras áreas, assunto que está

a ser também apreciado por consulto-

res jurídicos.

Que iniciativas e posicionamentos po-

dem os profissionais vir a esperar da

OROC num futuro próximo?

A Ordem pauta a sua atuação pela

defesa da qualidade da auditoria e do

incremento da ação dos seus membros

na sociedade através da intervenção

nas áreas de interesse público relacio-

nadas com a divulgação das contas das

entidades públicas e privadas. Neste

sentido, é simultaneamente exigente

com os seus membros no que concer-

ne aos aspetos relacionados com a sua

ética, profissionalismo e deontologia e

intransigente na defesa da dignidade

dos seus membros quando a mesma

possa estar em risco. É neste equilí-

brio, sem corporativismos e sem libe-

ralismos excessivos que a Ordem tem

procurado atuar e estou convicto de

que assim o continuará a fazer, pois

consideramos que todas as profissões

devem valorizar, incentivar e incre-

mentar as boas práticas e denunciar

iniciativas cujo alcance muitas vezes

não se percebe, que procurem criar

ruídos ou focos de interesse que em

nada contribuem para a melhoria das

condições económicas e sociais.

A formação à distância afigurou-se uma

inicativa/projeto recente digna de desta-

que para os profissionais do setor. Que

balanço podemos fazer relativamente ao

impacto e às vantagens desta medida e

que dados nos pode facultar relativa-

mente à quantidade de profissionais

abrangidos pela iniciativa?

Sim, na realidade foi um projeto

muito acarinhado pela Ordem, face às

vantagens que este tipo de formação

apresenta quando comparada com a

tradicional formação em sala, particu-

larmente para os colegas que se en-

contrem mais afastados dos locais on-

de a mesma é ministrada, normalmen-

te Porto e Lisboa. Contudo, e embora

ainda estejamos em fase inicial, a ade-

são está aquém das nossas expetativas,

talvez porque os revisores oficiais de

contas também encaram a formação

como uma oportunidade de debate de

ideias e opiniões, facto que fica prejudi-

cado neste tipo de formação por ser

bastante mais “solitária”. Até ao mo-

mento, ocorreram cerca de 360 inscri-

ções nos cursos desenvolvidos, o que é

manifestamente insuficiente.

Que perspetivas reserva para o futuro da

profissão?

A Ordem considera que existe uma

desproporção entre o regime de su-

pervisão e sancionatório dos revisores

e as suas responsabilidades como

membros dos órgãos sociais das enti-

dades, o que pode criar entraves à atra-

tividade profissionais para os jovens li-

cenciados. Confunde-se muita vez o

auditor com o decisor, sendo que não

compete ao auditor tomar as boas ou

más decisões de gestão, mas sim asse-

gurar que a informação divulgada pe-

las entidades é verdadeira e apropria-

da, face ao normativo subjacente à sua

preparação. Neste sentido, embora o

revisor se deva pronunciar sobre o

princípio da continuidade, nunca po-

derá assegurar a viabilidade futura

das entidades, sendo, por vezes,

preocupante o nível de responsabili-

dade que se lhe pretende atribuir

neste domínio. O nosso cenário le-

gislativo não é muito consistente

quando se definem as atribuições dos

revisores oficiais de contas, pelo que

seria de lançar mão a um projeto de

harmonização e clarificação, sob pena

de os mais jovens encontrarem vários

pontos de falta de interesse em abraça-

rem uma motivadora carreira profis-

sional. A este facto, acrescem as pers-

petivas pouco otimistas do crescimen-

to económico mundial, com os países

emergentes a mergulharem em crise e

nalguns casos em recessão, condicio-

nando o investimento, a criação de em-

prego e, por conseguinte, a atividade

económica como fator de desenvolvi-

mento interno e externo. São sobre-

tudo estes dois grandes fatores que

afetam o futuro da profissão (1) o cres-

cimento do número e dimensão das

empresas, que em muito depende do

crescimento económico, e (2) o am-

biente legislativo em torno da profis-

são, constituindo um elemento de

atratividade ou de retração do interes-

se dos atuais e futuros profissionais.

Vão os revisores ser chamados a cus-

tear os encargos adicionais que venham

a ser gerados por este novo modelo de

supervisão da auditoria?

Fomos confrontados com um pro-

jeto de Portaria sobre taxas de su-

pervisão de auditoria, a serem co-

bradas diretamente aos revisores e

sociedades de revisores. Trata-se de

mais um encargo de contexto que

poderá afetar a sustentabilidade so-

bretudo de revisores individuais e

pequenas sociedades de revisores e

que são desmesurados em muitas

circunstâncias quando comparados

com outros países, em particular a

vizinha Espanha. Aliás, países há em

que essa taxa não é suportada pelos

revisores, como é o caso da Alema-

nha, pois estes países entenderam,

efetivamente, que não são os profis-

sionais os beneficiários diretos do

serviço, constituindo, assim, mais

um imposto e menos uma taxa. Cla-

ro que a Ordem apresentou a sua

contestação ao projeto, quer pela

perspetiva de incidência dos seus

membros, quer pela sua dimensão,

proporcionando receitas manifesta-

mente excessivas face à experiência

e aos gastos envolvidos na supervi-

são dos auditores que já era executa-

da pelo CNSA e pela Ordem. Não

colocamos em causa a legitimidade

do financiamento da supervisão, mas

sim as quantias envolvidas e os alvos

de pagamento. A Ordem, como enti-

dade que beneficia, em prol da credi-

bilidade da profissão, de um bom

modelo de supervisão e por isso o

tem melhorado continuamente, está

disponível para contribuir para a co-

bertura desses gastos, mas também

entende que outras entidades benefi-

ciárias de uma melhor auditora de-

veriam ser contribuidoras para o sis-

tema.

Rua do Salitre, 51/53 • 1250-198 Lisboa PORTUGALTel.: +351 21 353 61 58 • Fax: +351 21 353 61 49

www.oroc.pt

14 Perspetivas Fevereiro 2016

EconomiaJoão Cipriano & Associados

Implicações do novo Estatuto da OROC

Começamos com um dos aspetos

que mais polémica têm suscitado, que

é o papel previsto para a CMVM não

só no novo Estatuto “mas também e

sobretudo no novo Regime Jurídico da

Supervisão da Auditoria”. João

Cipriano considera que, “com o novo

enquadramento legal, agravaram-se

as características de um modelo de

supervisão que, através do extinto

Conselho Nacional de Supervisão de

Auditoria, já vinha colocando em

causa o conceito de autoregulação ine-

rente a uma ordem profissional, numa

profissão de interesse público”. A res-

peito disto, chama a atenção para o

facto de que “os ROC são os únicos

profissionais liberais em Portugal que

estão sujeitos a uma dupla jurisdição:

da sua Ordem e, desde o início deste

ano, da CMVM”.

Detalhando aquilo que identifica

como mais problemático, acrescenta

o seguinte: “Embora o alargamento

de competências da CMVM tivesse,

aparentemente, que ver com o tema

do controlo de qualidade dos ROC

nas entidades de interesse público,

observa-se que os poderes conferi-

dos a essa entidade ultrapassam essa

dimensão e sobrepõem-se aos da

OROC em matérias que natural-

mente, seriam apenas atribuições

desta. O papel que legalmente cabe

à CMVM prende-se com a supervi-

são das exigências legais, técnicas e

de qualidade, do exercício de todas

as funções de interesse público, por

todos os ROC, para quaisquer enti-

dades, e não somente para as de inte-

resse público ou grandes emitentes

de valores mobiliários. A nova legis-

lação, que não foi bem acolhida no

seio da profissão, dá amplos poderes

à CMVM e consagra um regime

sancionatório muito duro para todos

os profissionais”. Face a este cenário,

lança o apelo: “Não faz parte do

código genético dos ROC a fuga às

responsabilidades, ou o virar a cara

às exigências, mas espera-se que, da

parte dos responsáveis e agentes da

CMVM, exista ponderação na apli-

cação duma lei manifestamente

excessiva para a realidade, quer dos

escritórios nacionais de auditores,

quer da esmagadora maioria das

próprias empresas clientes, as quais

têm muitas limitações para respon-

der adequadamente aos padrões de

uma full scope audit ao abrigo das

normas internacionais da IFAC”.

Rotação obrigatória e restrição de serviços

Questionado acerca da rotação

obrigatória de auditores, já se mos-

tra mais favorável, embora com

reservas face à sua aplicabilidade no

contexto nacional. Diz-nos que

“o princípio da rotação é, por defini-

ção, um bom princípio, para mais

quando estamos em presença do

exercício de funções com preocupa-

ções de independência, qualidade e

transparência”. Contudo, ressalva

que, “enquanto a estrutura da oferta

de serviços a entidades de interesse

público apresentar altos níveis de

concentração em poucos escritórios,

especialmente de empresas interna-

cionais, os efeitos práticos desses

bons princípios ficam muito aquém

de se verificar”. Existe, assim, “um

importante caminho a percorrer,

também da parte dos escritórios de

menor dimensão, num sentido de

assegurar um número suficiente de

empresas nacionais de auditoria com

massa crítica a operar no mercado,

de molde a efetivar os efeitos benéfi-

cos que a rotação prosseguirá”.

Bom princípio parece-lhe ser tam-

bém o da restrição de serviços com-

plementares: “Independentemente

da opinião que se tenha sobre as res-

trições em causa, parece-me, como

ROC e auditor, absolutamente essen-

cial combater a autorevisão ou a mis-

tura de serviços em condições que,

também, distorcem e desequilibram

o mercado em desfavor de quem está

com elevada seriedade na auditoria e

se recusa a fazer mix enviesados de

honorários junto de um mesmo

cliente. Bem sabemos como, no mer-

cado, existem entidades que, ora

aparecem com o rótulo de auditor,

ora assumem o papel de consultor”.

Para essas situações, o nosso interlo-

cutor “reclama uma maior transpa-

rência e monitorização efetiva em

eventuais situações de mistura inde-

vida dessas atividades”.

Por fim, uma outra característica do

novo estatuto que sublinha, enquanto

exemplo positivo, consiste “no facto de

se ter consagrado a possibilidade de

aceitar em Portugal o registo e o exer-

cício da atividade por parte de colegas

de países terceiros”. Entende que

“mais do que uma porta de entrada de

outros profissionais no nosso espaço,

numa concorrência que é sempre sau-

dável, devemos encarar este facto

como um fator de incremento das

oportunidades de internacionalização

da profissão, o que é favorável, como

sinal de alargamento a outros merca-

dos, e como fonte de enriquecimento

técnico e profissional, num mundo em

que os riscos de auditoria junto dos

nossos clientes estão para além das

nossas fronteiras habituais. Mas, tam-

bém aqui, tudo irá depender do modo

como as regras se vierem a aplicar na

prática, nomeadamente, quanto à efe-

tivação da reciprocidade”.

Mercado da auditoriaReferindo-se também à atualidade

do mercado da auditoria e as suas

expetativas para a sua evolução, João

Cipriano diz-nos que “não são, infeliz-

mente, muito otimistas, pelo menos a

curto prazo”. A panorâmica que nos

oferece aponta para “uma exigui-

dade do mercado interno e uma pre-

valência da prática de honorários

baixos, incompatível com as exigên-

cias da profissão”. Conclui, assim,

que “os riscos crescentes, as penali-

zações que a nova legislação drastica-

mente acentua e a necessidade de ele-

var os padrões de atuação dos profis-

sionais, são tudo fatores que, para se

poder compatibilizar preços com eficiên-

cia e eficácia, conduzirão inevitavel-

mente a movimentos de fusão/agrega-

ção de estruturas profissionais. Fazer

preços baixos, exercer a profissão de

forma individual ou sem os meios ade-

quados, ou uma pretensão de manter

uma atividade numa lógica de part-

-time, são formas de estar que, a meu

ver, têm pouco futuro. A profissão de

ROC só se continuará a afirmar e a

crescer, se investir em maiores níveis

de qualificação, numa maior profissio-

nalização dos serviços prestados e

numa aposta na qualidade global, o

que, por sua vez, impõe e supõe hono-

rários compatíveis”.

João Cipriano, da João Cipriano & Associados, partilha connosco a leitura que faz das novas normas que, desde o início do ano, enquadram o exercício da profissão.

João Cipriano & Associados, SROC, LdaInscrita na OROC sob o nº119

Praça de Alvalade nº6 – 3ºDto • 1600-036 Lisboa • Tel.: 218 166 180 • Fax: 218 166 183E-mail: [email protected] • www.acauditores.pt

Fevereiro 2016 Perspetivas 15

Baker Tilly PortugalEconomia

Resolver o problema da ineficiência

Para o nosso interlocutor, ainda

que cada setor tenha a sua tipologia

de problemas, alguns são transver-

sais, destacando a ineficiência. Em

alguns setores, nomeadamente no

Estado, haverá margem para gran-

des melhorias: “Damos pouca aten-

ção aos processos e à forma como

nos organizamos. O estado, por en-

volver, por norma, grandes organi-

zações, é muitas vezes afetado por

ineficiências organizativas e opera-

cionais. Por definição, uma organiza-

ção tende para a desorganização.

A solução para a eficiência está nos

processos: desenho, implementação,

avaliação e responsabilização. Tra-

balhar por processos permite identi-

ficar atividades duplicadas, formas

alternativas de fazer mais e melhor

com os mesmos recursos. Permite

identificar falhas e perceber as suas

causas e responsáveis. Permite

identificar os colaboradores que

mais contribuem para o seu suces-

so, premiando-os. Maximiza out-

puts, otimizando os recursos. Está

associado ao conceito de que os re-

cursos são escassos e de que há

sempre um custo de oportunidade.

Não convive bem com situações de

défices permanentes. Em áreas co-

mo a saúde e a educação, que en-

volvem grandes estruturas, a bu-

rocracia sobrepõe-se à racionalida-

de que os processos aportam. De-

partamentos sem cultura de

processo estão menos preparados

para negociar bem com terceiros

(privados), muito pressionados na

sua tesouraria e consequentemente,

profissionalizados nos seus proces-

sos de venda”. Acrescentando, diz-

-nos que “o estado sempre teve pes-

soas profissionais, competentes e ho-

nestas, mas que o mundo atual não

se compadece com processos inope-

rativos que não promovam uma per-

manente avaliação dos resultados e

uma cultura de melhoria contínua”.

Dentro do seu entendimento da-

quilo que seria uma oportunidade a

explorar de forma estratégica,

Paulo André aponta como prioritá-

ria a exportação destes serviços

(saúde e educação): “A evolução do

mundo, nomeadamente das indús-

trias de transporte aéreo, lazer e

turismo, fez com que serviços não-

-transacionáveis passassem a sê-lo.

Está na hora de promover a venda

da saúde e do ensino lá fora. O

mercado externo já tem sido iden-

tificado e explorado, concretamen-

te, no caso das universidades. Por

exemplo, as melhores escolas por-

tuguesas de gestão têm aumentado

a percentagem de alunos estran-

geiros. Na saúde, também há proje-

tos em que isso está a ser feito,

aproveitando características que

fazem com que, cada vez mais, os

países do norte procurem Portu-

gal. Temos já centros de excelên-

cia na área da medicina. Há que

melhorar os processos de presta-

ção de serviços, rentabilização de

recursos e sua promoção no exte-

rior”. Em suma, “estas duas áreas

têm que ter este foco na receita e

não só no custo, sem prejuízo da

sua função social, a qual não tem

que ser incompatível com uma ges-

tão ainda mais eficiente de recur-

sos e com a implementação gene-

ralizada de processos de revenue

assurance”.

Clarificando aquilo de que fala

quando faz referência a uma gestão

eficiente dos custos, Paulo André

diz-nos que uma área de prioridade

são os “processos de encomendas/

compras, gestão de inventários e

logística”. Continuando, “a maior

eficiência tem que vir de uma me-

lhor gestão de processos e não de

despedimentos ou de balizar pre-

ços por baixo”. A mensagem aqui

subjacente “não é, de todo, cortar

quantidades mas sim fazer mais

com o mesmo e talvez cortar em

determinados serviços não otimi-

zados para investir mais noutras

áreas”. Dando um exemplo de co-

mo os cortes feitos de forma cega

podem ter efeitos contraproducen-

tes no controlo da despesa, alerta

para o facto de começarmos a ter

equipas menos qualificadas no es-

tado: “Os cortes do estado levaram

a uma drenagem significativa de

profissionais qualificados para o

setor privado e, talvez, hoje esteja-

mos menos bem preparados no es-

tado para gerir bem os recursos.

Há que assegurar níveis de quali-

dade de recursos elevados no esta-

do, sem os quais não será possível

aumentar os seus níveis de gestão”.

Para que se comece, efetivamente,

a responder a este desafio das inefi-

ciências dentro de modelos mais

adequados, a palavra que Paulo An-

dré faz questão de sublinhar é a pala-

vra “processo”. Explicando: “O pro-

cesso é uma ferramenta que devia

ser mais utilizada. Há processos pa-

ra tudo e um processo é, essencial-

mente, um código de como se deve

desenvolver uma atividade. É uma

sequência lógica, ordenada e eficien-

te de executar tarefas, monitorizá-

-las e melhorá-las. Permite recolher

indicadores de gestão, financeiros e

operacionais. Porque está subdividi-

do em sub-processos, permite iden-

tificar onde ocorrem falhas, onde fal-

tam recursos, onde existem duplica-

ções de tarefas. Permite identificar

problemas e responsabilizar. Infeliz-

mente, muitas vezes executamos ta-

refas informalmente e sem processos

sistematizados. Esta postura dificul-

ta a introdução de melhorias”.

Claro está que também reconhe-

ce ser “muito mais fácil falar disto

teoricamente do que aplicar na

prática a departamentos/entida-

des/organizações que por norma

envolvem muitas pessoas”. Acerca

disto, a questão da escala é funda-

mental: “Se a pequena dimensão

representa uma falta de capacidade

para que se façam certas coisas, a

grande dimensão também tem o

problema de conduzir a ineficiên-

cias, pois é menos flexível e mais

lenta em processos de mudança. O

caminho, então, no caso do estado

terá que passar pela criação de vá-

rias novas unidades de gestão, que,

por serem identificáveis, se tornem

mais fáceis de gerir”.

Ao mesmo tempo, ainda que sem

se manifestar interessado em fazer

juízos de valor, Paulo André consi-

dera que “a falta de compromisso da

sociedade política e civil na imple-

mentação de estratégias macroeco-

nómicas sustentáveis e coerentes é

outro fator que não ajuda a eliminar

ineficiências. Esta falta de entendi-

mento promove ziguezagues no ca-

minho a percorrer, desperdiçando

tempo, recursos e esforços. Ou seja,

o estado poucas vezes concretiza

movimentos de melhoria contínua

consistentes, situação que é muito

mais frequente ocorrer nas organi-

zações privadas”, conclui.

Paulo André, managing partner, e Tiago Almeida Veloso, tax partner da Baker Tilly Portugal (auditora e consultora), conversaram connosco a respeito desta matéria, descrevendo-nos as diferentes dimensões do problema e esboçando eventuais caminhos.

Paulo André (Managing Partner) e Tiago Veloso (Tax Partner)

16 Perspetivas Fevereiro 2016

EconomiaIsabel Paiva, Miguel Galvão & Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda

Novos desafios no mercado dos ROC’s

A IPMG existe desde 1989, na al-

tura com a denominação de Luís Ro-

sa & Isabel Paiva, SROC. Manteve-

-se o nome até 7 de dezembro de

2001, quando passa a adotar Isabel

Paiva, Miguel Galvão & Associa-

dos – Sociedade de Revisores Ofi-

ciais de Contas, Lda. Atualmente,

integra seis sócios, sendo cinco de-

les Revisores Oficiais de Contas.

Um dos nossos dois interlocutores

nesta conversa, José Luís Nunes,

diz-nos que “a IPMG tem tido um

comportamento positivo nos últi-

mos anos, durante os quais conse-

guiu crescer, embora não pelos fa-

tores normais de mercado”. A con-

tribuir para este crescimento do seu

volume de negócios esteve “a dinami-

zação do escritório entretanto aberto

em Portalegre, que fez a sociedade

ganhar serviços numa área geográfi-

ca onde não os tinha”.

Conforme nos disse, a evolução po-

sitiva que a IPMG registou não se de-

veu às condições do mercado. Bem pe-

lo contrário já que, como é sabido, “es-

te tem diminuído, sobretudo muito

por via da crise económica e das insol-

vências a que deu origem”. Essa é uma

das condicionantes com as quais estes

profissionais se deparam, a que acres-

cem as exigências do novo Regime Ju-

rídico de Supervisão de Auditoria,

através do qual irão entrar em vigor as

novas normas internacionais: “Julgo

que, através de formações com o pes-

soal e de mais algumas mudanças que

fizemos, estamos preparados para esse

desafio. De qualquer das maneiras, é

um desafio que acarreta mais exigên-

cias, maior ritmo de trabalho e mais

custos, estando prevista uma nova ta-

xa de supervisão que vai trazer uma

nova despesa. No fundo, existe uma

exigência cada vez maior devido a al-

gumas coisas que se fizeram sentir,

nomeadamente no setor bancário, que

vieram aumentar as responsabilidades

de todos os intervenientes, entre os

quais estão os auditores. Tudo isso po-

de estar relacionado com a entrada em

vigor de algumas normas, que lançam

estes novos desafios”. A “grande preo-

cupação”, ainda assim, continua a ser

“o definhamento do mercado”, marca-

do por uma “diminuição do universo

de empresas clientes e uma grande

pressão sobre preços que, por vezes,

não é compatível com a qualidade do

trabalho. Não é fácil diminuir custos e

garantir a qualidade”, alerta.

Esclarecendo-nos acerca do posi-

cionamento que a IPMG ocupa den-

tro deste mercado, Nuno Tavares

diz-nos que a sociedade contacta

com “um leque vasto de setores de

atividade”. A este respeito, enumera

“a banca, o setor público (com Muni-

cípios, Hospitais e algumas empre-

sas públicas) e pequenas e médias

empresas ligadas à indústria, ao se-

tor automóvel, à construção, à agri-

cultura e, com grande peso dentro

deste conjunto, o comércio e servi-

ços em geral”.

Na relação com todos estes par-

ceiros, a conduta desta sociedade

passa por “acrescentar valor à em-

presa em questão com o nosso traba-

lho, fazendo-o, obviamente, sem pôr

em causa as nossas obrigações e as

normas que temos que seguir”. Aqui,

uma vantagem que nos é indicada

por Nuno Tavares tem que ver com

“uma abrangência muito ampla

quanto às realidades que o Revisor

Oficial de Contas conhece, abran-

gência essa que normalmente não

está dentro do acesso do empresário

e, muitas vezes, do próprio Contabi-

lista Certificado. Através desse co-

nhecimento, fruto das muitas reali-

dades com que nos confrontamos to-

dos os dias, conseguimos trazer va-

lor acrescentado ao nosso trabalho e

eu creio que os empresários come-

çam a perceber essa situação”. Já Jo-

sé Luís Nunes acrescenta que, na

IPMG, “o objetivo é fazer as coisas

com qualidade e que essa imagem

que é transmitida dá confiança aos

empresários”. Dentro do referido

trabalho, a maior importância re-

cai, naturalmente, sobre a “base da

sua existência” que é a credibiliza-

ção da informação fornecida: “Ob-

viamente, isso é o mais importante

e cada vez é mais sentido. Nós te-

mos que credibilizar aquela infor-

mação que está lá e eles têm que

perceber que este é um processo que

tem de existir”. Para além disso,

existe “o próprio aconselhamento

que fazemos, o qual permite incor-

porar perspetivas diferentes nas de-

cisões que os empresários tomam to-

dos os dias, que melhoram, em nosso

entender, o planeamento futuro e

procuram salvaguardar riscos de ne-

gócio”. Concluindo: “Temos que ser

vistos como parceiros sempre. So-

bretudo pela maneira como tenta-

mos contribuir para melhorar a ima-

gem deles e o seu futuro”.

José Luís Nunes e Nuno Tavares são dois dos sócios da IPMG (Isabel Paiva, Miguel Galvão & Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda.). Os dois conversaram connosco acerca da atividade da sociedade, abordando igualmente a realidade em que a classe está inserida.

Isabel Paiva, Miguel Galvão & AssociadosSociedade de Revisores O� ciais Contas

LISBOA | ALGARVE | PORTALEGRE | FAIAL (Açores)

www.ipsroc.pt

18 Perspetivas Fevereiro 2016

JustiçaAAMM – Abecasis, Azoia, Moura Marques & Associados – Sociedade de Advogados, RL

Novo paradigma na saúde

A sociedade foi fundada a 1 de outu-

bro de 2012 pelo nosso interlocutor,

por José Filipe Abecasis e por Paulo de

Moura Marques, três advogados reco-

nhecidos. O seu desenvolvimento teve

por base o que os seus fundadores

acreditam ser a chave essencial para

um escritório de advocacia de sucesso:

“foco, serviços jurídicos de excelência

impulsionados pela experiência adqui-

rida através da especialização, proxi-

midade e relacionamento forte com

clientes e um profundo conhecimento

dos mercados de atuação dos clientes”.

As principais áreas de atuação passam

pelo Direito da Saúde, Direito do Tra-

balho, Direito Público e Direito Fiscal.

Acerca do que distingue a AAMM,

a sua equipa fala-nos de diferentes

dimensões, como a “abordagem real,

sistemática e prática ao negócio do

cliente, em que atua como parceiro; o

conhecimento dos mercados onde os

clientes operam, do seu negócio e

dos seus objetivos; a apresentação de

soluções adaptadas e eficientes e a

excelência nos serviços jurídicos

através da especialização e da expe-

riência de vários anos de envolvi-

mento em casos complexos”. A

AAMM tem vindo a merecer reco-

nhecimento externo (Chambers and

Partners, The Legal 500, Who’s

Who Legal, Euromoney, Legal Me-

dia Group - Women in Business Law

Awards Winner 2015, Client Choice

2016 – International Winner e Ibe-

rian Lawyer).

Convidado a falar acerca das recen-

tes alterações na legislação que enqua-

dra o setor da saúde, Filipe Azoia co-

meça por nos dizer o seguinte: “Em

nossa opinião, as recentes alterações

que mais impacto e implicações têm

acarretado para os profissionais e

agentes do setor da saúde, bem como

para a população em geral, são o De-

creto-Lei n.º 97/2015, de 1 de junho,

que criou o Sistema Nacional de Ava-

liação de Tecnologias de Saúde (Si-

NATS), a Portaria nº 224/2015, de 27

de julho, que estabeleceu o regime ju-

rídico a que obedecem as regras de

prescrição e dispensa de medicamen-

tos, e o Decreto-Lei n.º 238/2015, de

14 de Outubro, que estabeleceu o regi-

me jurídico das práticas de publicidade

no setor da saúde”.

Acerca do SiNATS, explica-nos

que este “marca, tal como se refere

no preâmbulo do Decreto-Lei n.º

97/2015, de 1 de junho, uma mudan-

ça de paradigma no modo de utiliza-

ção e aquisição das tecnologias de

saúde, nomeadamente medicamen-

tos e dispositivos médicos, com o ob-

jetivo de obter ganhos em saúde”.

Continuando, indica que, “através do

SiNATS, procede-se à avaliação téc-

nica, terapêutica e económica das

tecnologias de saúde, suportada

num sistema de informação que re-

colhe e disponibiliza informação pa-

ra todas as entidades que pretendam

decidir da qualidade, economia, efi-

cácia, eficiência e efetividade da utili-

zação de medicamentos e dispositi-

vos médicos ou outras tecnologias

de saúde. A decisão de permitir a sua

utilização no SNS deve depender

não só dos controlos de qualidade,

segurança e eficácia que presidem à

decisão de introdução no mercado,

mas também de um controlo da efi-

ciência e efetividade que permita de-

monstrar que os recursos públicos

destinados à prestação de cuidados

de saúde são utilizados em tecnolo-

gias de saúde que oferecem mais-va-

lias relevantes”.

Já no que diz respeito à Portaria

nº 224/2015, de 27 de julho, refere

que “vem regulamentar a implemen-

tação de todo o circuito da desmate-

rialização da receita médica, vulgar-

mente designada como «Receita sem

Papel», nomeadamente a prescrição,

dispensa e faturação, adicionando,

assim, transparência à prescrição e

dispensa de medicamentos”. Escla-

recendo-nos acerca das suas vanta-

gens, “a desmaterialização da receita

representa diversas vantagens para

o sistema de saúde, como maior co-

modidade para o utente e menor ris-

co de fraude”.

A dispensa eletrónica permite que

“as farmácias passem a ter maior con-

trolo sobre a validade das receitas e

que, através do sistema central, verifi-

quem, em tempo real, possíveis impre-

cisões da receita”. Para além disso, “o

sistema assegura todo o registo de

prescrição e dispensa, bem como in-

formações sobre a venda de medica-

mentos, que ajuda a caracterizar quer

as necessidades e custos associados ao

acesso ao medicamento, de uma forma

em geral, quer aos benefícios inerentes

ao planeamento e gestão dessas mes-

mas necessidades e custos”.

Os benefícios estendem-se igual-

mente aos utentes, havendo “um acrés-

cimo de mobilidade no acesso à tera-

pêutica, uma vez que, com este novo

sistema, o utente poderá agora com-

prar um de vários medicamentos que

lhe foram prescritos numa mesma re-

ceita médica, levantando posterior-

mente outro ou outros, e podendo fa-

zê-lo em diferentes farmácias, ao con-

trário do que acontecia até agora”.

Finalmente, o Decreto-Lei n.º 238/2015,

de 14 de Outubro, “vem concretizar,

no setor da saúde, alguns princípios e

normas já resultantes do Código da

Publicidade e do Regime Jurídico das

Práticas Comerciais Desleais (que

agora se passam a aplicar subsidiaria-

mente), visando, designadamente,

melhorar a informação e o conheci-

mento do sistema de saúde e a trans-

parência da informação em saúde”.

Com efeito, o referido diploma

“estabelece o regime jurídico aplicá-

vel às práticas de publicidade em

saúde desenvolvidas por quaisquer

intervenientes de natureza pública

ou privada, sobre as intervenções

dirigidas à proteção ou manutenção

da saúde ou à prevenção e tratamen-

to de doenças, incluindo oferta de

diagnósticos e quaisquer tratamen-

tos ou terapias, independentemente

da forma ou meios que se propo-

nham utilizar, aplicando-se, ainda,

às práticas de publicidade relativas

a atividade de aplicação de terapêu-

ticas não convencionais. Assim, ape-

nas está excluído do seu âmbito de

aplicação a publicidade a medica-

mentos e dispositivos médicos, a

qual se encontra sujeita a regulação

específica do INFARMED e a publi-

cidade institucional do Estado”.

Filipe Azoia, sócio-fundador da AAMM – Abecasis, Azoia, Moura Marques & Associados – Sociedade de Advogados, RL e também coordenador da área do Direito da Saúde, apresentou-nos as mudanças na legislação com maior impacto nesta área.

Praça Duque de Saldanha, 1Edifício Atrium Saldanha, 8.º E1050-094 Lisboa • PortugalTel.: (+351) 211 940 538Fax: (+351) 211 940 539E-mail: [email protected]

Fevereiro 2016 Perspetivas 19

Santos Pereira & Associados – Sociedade de Advogados, RLJustiça

Liberdade, Independência e Amizade no Direito Processual Penal

Existe um caminho que já vem sen-

do apontado por alguns autores e que,

pese embora não seja uma grande ino-

vação, sobretudo por já existir noutros

Países, seria, em nossa opinião, um

grande passo para a credibilização e

transparência de um sistema proces-

sual penal que se vê, por vezes, mergu-

lhado numa obscuridade latente, que

nos é trazida pelos casos mais mediáti-

cos. Este caminho é a “saída” do Mi-

nistério Público dos Tribunais, dei-

xando de ser uma magistratura, desde

logo por se adequar bem melhor ao

facto de ser uma estrutura hierarqui-

zada e a sua consagração definitiva co-

mo “acusação pública” /Procuradores

Públicos (e não Magistrados).

Esta saída física dos Tribunais tra-

ria uma grande alteração de mentali-

dades e separação, cada vez mais ne-

cessária, do que é o trabalho da Magis-

tratura Judicial, e em concreto dos Juí-

zes, e quais são os objetivos e funções

que na prática o Ministério Público,

através dos seus Procuradores, vem

desenvolvendo nos Tribunais Portu-

gueses. Desde logo, o facto de uns e

outros entrarem e saírem pela mesma

porta na sala de audiências e se senta-

rem lado a lado, contribui para gerar

confusão na cabeça das pessoas. Não é

caso único, que em plena audiência, de-

terminadas testemunhas pensarem

que o Procurador é o Juiz.

Sejamos claros: o facto dos Juízes

e Procuradores terem gabinetes pa-

redes meias uns com os outros, não

abona para a boa realização da Justi-

ça. Se o Juiz julga e decide, o Procu-

rador promove e sustenta a acusa-

ção/pronúncia até final do Julga-

mento, culminando com um pedido

de condenação ou absolvição confor-

me a sua convicção face à prova pro-

duzida.

Alguém que tem um convívio pessoal

diário próximo, que eventualmente al-

moça junto, que partilha ideias do foro

pessoal ou profissional (dos processos

que possuem comummente ou de ou-

tros), é humanamente provável que ga-

nhem uma harmonia tal, que tendam pa-

ra um pensamento único, que será a to-

dos os títulos a evitar. Não será por aca-

so que vemos em alguns processos des-

pachos judiciais que são quase copy/pas-

te das promoções efetuadas pelo Minis-

tério Público.

Hoje em dia, ninguém exige uma vin-

culação do Ministério Público ao princí-

pio da legalidade na vertente da objetivi-

dade. Exige-se, sim, uma vinculação ao

princípio da legalidade, ainda que numa

perspetiva subjetiva da acusação. As

mentalidades já estão preparadas para

vermos o Ministério Público do lado da

acusação tout cour e os Advogados (dos

arguidos) do lado da defesa. Ora, a possi-

bilidade da existência de um caminho de

“pensamento único” partilhado poderá

fazer, no processo penal, com que desa-

pareça o Juiz das liberdades, o juiz im-

parcial, porque poderá já estar “alinha-

do” em termos de convicção, o que tolda-

rá necessariamente a sua imparcialidade,

ainda que de tal não se aperceba.

Estas questões tenderão a ter maior

impacto na primeira instância onde a

experiência é menor e o convívio é

maior, devido a uma prática de maior

trabalho em gabinete do que nos Tri-

bunais Superiores. Poderão surgir difi-

culdades por parte do Juiz em não de-

ferir uma medida de coação promovida

pelo Ministério Público. Veja-se o caso

da prisão preventiva, que é uma medi-

da de última ratio, e que só deverá ser

aplicada quando outras não servirem

os interesses do processo que, quando

promovida pelo Ministério Público,

dificilmente não será decidida favora-

velmente pelo Juiz de primeira instân-

cia, cabendo posteriormente às Rela-

ções (em regra) a sua revogação.

A verdade é que Juiz e Procurador

que tenham muitos casos em conjunto,

devido a fazê-lo nas condições de even-

tual convivência acima descritas, pode-

rão tender a fazer “equipa”, com o risco

de poder faltar a independência e a

transparência, que se pretendem de um

Magistrado Judicial.

Reforce-se a independência e auto-

nomia do Ministério Público, deem-

-se-lhes mais meios, mas retirem-nos

dos Tribunais e que seja alterada a de-

signação de Magistratura. Em simul-

tâneo poderá fazer sentido, em sede de

processo penal, uma maior aproxima-

ção aos Órgãos de Polícia Criminal,

uma maior direção das diligências de

investigação e trabalho de campo.

Obviamente, as alterações que perfi-

lhamos não são pacíficas, aqui D´El Rei,

seria uma tentativa do poder político

cercear o poder judicial através do afas-

tamento do Ministério Público dos Tri-

bunais. Nada disso, antes pelo contrário,

seria um claro reforço de autonomia e

independência relativamente ao poder

Político, eventualmente acompanhado

com uma alteração da escolha da figura

do Procurador-Geral da República, mais

distanciada do poder político e dos seus

órgãos. Quem sabe até por escrutínio

Popular, ou outra forma de eleição e/ou

nomeação. Mas acima de tudo é preciso

colocar este tema na agenda.

O momento que vivemos atualmente,

pelas razões supra-aduzidas, reúne uma

condição fundamental necessária para

esta reforma: a independência da iniciati-

va, pelo facto da Ministra da Justiça ser

oriunda do Ministério Público e, como

tal, insuspeita de levar a cabo uma refor-

ma que propositadamente prejudicasse o

Ministério Público.

Paralelamente a esta reforma, acre-

ditamos que tarda uma alteração na

forma como se ingressa e progride na

Magistratura Judicial. Diziam os anti-

gos: Deus nos livre de paredes velhas e

Juízes novos! Efetivamente, para jul-

gar um pedaço de vida das pessoas não

bastam livros e muita técnica. É preci-

so vida e essa só se adquire vivendo,

não existe outra forma. Não temos na-

da contra aqueles que, saídos dos ban-

cos da escola, prosseguem pelos ban-

cos do Centro de Estudos Judiciários,

vulgo Escola dos Juízes, vão estagiar

um ano, ou pouco mais, para os bancos

dos Tribunais e começam a julgar. Po-

dem ser os melhores técnicos mas fal-

ta-lhes a vida vivida e sentida para

compreender muito daquilo que lhes

passa pela frente e sobre o qual vão ter

que proferir uma decisão.

Seja por eleição (sobretudo para os

Tribunais Superiores), por nomeação,

por convite, ou outra forma que garanta

a mundividência do candidato a Juiz, co-

meça a chegar a altura de criar um novo

modo, ou mais que um, de acesso e pro-

gressão na carreira de Magistrado Judi-

cial. Existem vários modelos diferentes

em diversos Países. Teremos que esco-

lher qual o sistema que melhor servirá

Portugal, e implementá-lo.

Estas duas mudanças de paradigma

urgem e contribuirão para uma pacifica-

ção entre o povo e o Estado e para a rea-

lização de uma melhor Justiça: por um

lado a saída do Ministério Público do

Tribunais e a consequente clarificação

entre entidade acusadora e órgão deci-

sor; por outro através de maior aceitação

das decisões judiciais proferidas por Tri-

bunais compostos por Juízes com mais

“Mundo”!

Miguel dos Santos Pereira

Advogado

O processo penal constitui a parte do Direito que lida com um dos principais direitos fundamentais: a liberdade. Também por isso é que no processo penal se vislumbram algumas das maiores tensões entre o indivíduo e o Estado.

Santos Pereira & Associados – Sociedade de Advogados, RLRua Cova da Moura, nº 2, 2º Direito – Edifício Premium

Infante Santo – 1350-117 Lisboa – PortugalTel.: +351 211 313 450 – Fax: +351 211 313 459

[email protected] – www.spass.pt

20 Perspetivas Fevereiro 2016

SaúdeFederação de Osteopatas de Portugal

Regulamentação das Terapêuticas Não Convencionais: Licenciaturas nesta área, como é possível?

A problemática põe-se muito mais se-

riamente quando a Lei nº. 71/2013, de 2

de setembro, consagrou um regime

transitório destinado a salvaguardar a

situação existente, quer no que respeita

aos profissionais das Terapêuticas Não

Convencionais que já exerçam a ativida-

de, quer no que tange com as institui-

ções que prestam formação nesta área,

onde a Osteopatia está incluída.

No artigo 19.º, nº6, expressa o se-

guinte: “ (…) Para efeitos do disposto no

n.º 1 do artigo 5.º, as instituições de for-

mação/ensino não superior que, à data

da entrada em vigor da presente lei, se

encontrem legalmente constituídas e a

promover formação/ensino na área das

terapêuticas não convencionais legal-

mente reconhecidas, dispõem de um pe-

ríodo não superior a cinco anos para

efeitos de adaptação ao regime jurídico

das instituições de ensino superior, nos

termos a regulamentar pelo Governo

em legislação especial. (…) ”.

Ora, esta remissão dinâmica implica

(no sentido de que não só confirma, mas

também acresce) a necessidade de que a

matéria em causa seja regulada por lei, a

qual não existe. Isto é, não respeita o re-

gime do artigo 19º, nomeadamente, a

proteção às instituições em funciona-

mento que são as escolas que há longos

anos têm vindo a formar estes profissio-

nais das Terapêuticas Não Convencio-

nais. A situação é agravada pela omissão

da legislação de transição que é devida

nos termos do artigo 19º, nº.6.

Nesta temática, há a salientar as exi-

gências normais para os corpos docen-

tes dos respetivos Politécnicos para o

ensino destas Terapêuticas Não Con-

vencionais.

É o próprio Presidente da A3ES -

Agência de Avaliação e Acreditação do

Ensino Superior, Prof. Alberto Amaral,

na sua entrevista ao jornal Expresso de

28/11/2015, que afirma “que não há

corpo docente para arrancar já com os

cursos” e explica qual é o principal obs-

táculo: “a maior dificuldade da acredita-

ção será a existência de um corpo do-

cente devidamente qualificado e espe-

cializado nas áreas em causa”

Isto quer dizer que ainda não há con-

dições para futuras licenciaturas em Os-

teopatia, uma vez que não existe, em

Portugal, corpo docente devidamente

qualificado e especializado em Osteopa-

tia. E nem poderia haver, por duas ra-

zões: primeiro, porque não existia, nem

existe, curso superior oficial de Osteo-

patia em Portugal; segundo, porque

para o pedido de licenciatura ter consis-

tência teria de haver Osteopatas legal-

mente reconhecidos em Portugal, não

só para o corpo docente como também

especialistas para supervisão dos está-

gios.

Não é fácil haver Doutorados em Os-

teopatia em Portugal e mesmo no es-

trangeiro, o que dificulta a formação de

corpos docentes, conforme é regra para

as outras áreas académicas.

Ora, as Terapêuticas Não Convencio-

nais, onde a Osteopatia está incluída, só

tiveram reconhecimento legal a partir

de 4 de Outubro de 2015, data em que

foram distribuídas as primeiras Cédulas

profissionais pela ACSS - Administra-

ção Central do Sistema de Saúde.

Só a partir desta data é que existem

em Portugal profissionais, oficialmente

reconhecidos, destas terapêuticas.

Neste contexto, só a partir de 4 de

Outubro de 2015 é que existem Os-

teopatas legalmente reconhecidos, o

que nos leva a pôr em causa não só

Osteopatas para validarem os Está-

gios exigidos pela A3ES na aprovação

das Licenciaturas, neste caso da Os-

teopatia, como a formação de especia-

listas para a formação de Docentes

exigidos.

A Lei prevê que, para ser especialista,

terá de possuir um curriculum adequa-

do, ter 10 anos de profissão e realizar

exames públicos, o que é impossível pe-

los factos mencionados.

Reforça a nossa posição sobre o pe-

ríodo de transição que as escolas supe-

riores, ao afirmarem ter especialistas

nos quadros docentes, estão a cometer

ilegalidades, pois até à data, pelo que se

sabe, ainda não foram realizados exa-

mes públicos para especialistas, que de-

verão ter regras semelhantes às regras

dos Doutoramentos...

Não pretendemos dizer que estas

Terapêuticas, onde a Osteopatia está

incluída, não tenham de ter base aca-

démica de grau de Licenciatura. Pelo

contrário, como em outros países, os

cursos da Terapêuticas Não Conven-

cionais deverão ser Licenciaturas, que

comprovam a sua vertente académico-

-profissional, que é de interesse geral

para o engrandecimento da saúde em

Portugal.

Só que, pelo que temos vindo a obser-

var nesta regulamentação, vista à luz

dos incontornáveis ditames, o Estado

não segue as regras legais da regula-

mentação.

Importa concluir que a regulamenta-

ção destas Terapêuticas, incluindo a Os-

teopatia, está em causa não só pelo ex-

posto, como também pela restrição de

Direitos, Liberdades e Garantias, ence-

tada em deslegalização violadora do

princípio da inconstitucionalidade,

acrescida ainda de desconformidades ju-

rídicas relacionadas com o não cumpri-

mento de outros limites às restrições,

nomeadamente, por serem, em concre-

to, violadoras da proteção da confiança

devida.

A situação presente justifica a nossa

intervenção em defesa dos presentes e

futuros profissionais de Osteopatia, de

modo a não haver regresso a ilegalida-

des, como tem havido num passado re-

cente, para que os profissionais osteopa-

tas presentes e futuros possam ter uma

profissão legítima, com dignidade e res-

peitada.

A regulamentação, que todos desejamos mas que tem vindo a ser instável na sua essência, está a decorrer de uma forma que merece os nossos comentários.

w w w . o s t e o p a t i a e m p o r t u g a l . c o m . p t

Fevereiro 2016 Perspetivas 21

Saúde ART E APTMN

Associações Profissionais alertam para riscos graves nos cuidados de saúde

Anabela Duarte, presidente da Asso-

ciação dos Técnicos de Radioterapia

(ART) e Luís F. Metello, presidente da

Associação Portuguesa de Técnicos de

Medicina Nuclear (APTMN) alertam

para uma realidade que, se não for modi-

ficada, pode afetar significativamente o

diagnóstico e o tratamento dos doentes

com patologias ao nível cardíaco, neuro-

lógico e oncológico, para citar apenas al-

gumas das mais relevantes.

Sem uma Ordem que represente os in-

teresses de toda a classe, é na qualidade

de presidentes das respetivas Associa-

ções que os nossos interlocutores vêm

uma vez mais a público defender a con-

tinuidade de profissões complexas,

com implicações diretas nas vidas dos

cidadãos que delas necessitem e às

quais, até agora, corresponderam per-

cursos académicos comprovados e re-

conhecidos, assentes em qualidade, rigor

e competência.

Contextualizando, em fevereiro de

2014 “veio a público um relatório desen-

volvido, secreta e misteriosamente, à re-

velia e sem envolvimento das Associa-

ções Profissionais ou sequer peritos nal-

gumas destas áreas, mas que foi legiti-

mado pela Agência de Avaliação e

Acreditação do Ensino Superior

(A3ES)”, que sugeria a necessidade de

adaptação dos planos de estudos de al-

guns cursos de licenciatura que davam

origem a Técnicos de Diagnóstico e Te-

rapêutica para um plano único, de natu-

reza mista.

No caso das presentes Associações, o

recente curso, sob a designação de “Ima-

gem Médica e Radioterapia”, agregaria

as licenciaturas autónomas, de Radiolo-

gia, Medicina Nuclear e Radioterapia, al-

go que ambos consideram “incompreen-

sível”, dado que “com a formação que

era ministrada (quatro anos dedicados,

sendo o último de estágio prático), se

garantia um desempenho mínimo ao

nível do recomendado pelas Sociedades

Europeias e Agência Internacional de

Energia Atómica. Neste momento, estão

a tentar convencer-nos de que é possível

fazer, no mesmo espaço de tempo, uma

formação que habilitaria à ação em três

áreas completamente distintas, manten-

do-se o mesmo nível de desempenho, de

qualidade e de segurança”. Recorde-se

que se o quarto ano era totalmente dedi-

cado ao estágio em contexto real de tra-

balho por imperativo legal, para garantir

a qualidade e a segurança na prática

exercida após o final do curso, nesta no-

va formação tal torna-se impossível, da-

do que em apenas dois semestres terá

que ser realizado um estágio em três

áreas.

Quando os mais recentes comunica-

dos e tendências internacionais “apelam

à especialização”, a ideia de cursos “ban-

da larga” na saúde, de uma forma geral,

“e, particularmente, nestas Tecnologias

de Diagnóstico e Terapêutica é perigo-

síssima”, vinca Luís F. Metello. “Os pro-

fissionais no terreno reconhecem, con-

sensualmente, que pensar que este perfil

de formação está adequado à realidade da

prática clínica é de extrema irresponsa-

bilidade e máxima periculosidade”, reite-

ra Anabela Duarte.

De referir ainda por Anabela Duarte

“que no caso da Radioterapia, os profis-

sionais, estando integrados numa equi-

pa multidisciplinar, seguem diretivas

internacionais que não foram de todo

consideradas nesta alteração. Ou há

uma sensibilização adequada e uma

ação urgente e este ciclo é bloqueado,

ou existe um perigo imenso, porque um

posicionamento errado, um planeamento

errado, um tratamento errado, coloca-

-nos perante um doente oncológico que

corre risco de vida”.

Luís F. Metello acrescenta que na sua

especialidade, “os técnicos de Medicina

Nuclear trabalham com produtos radioa-

tivos e têm que gerir, quotidianamente,

questões ambientais e de radioproteção a

todos os níveis. Para se tratar esta ques-

tão – absoluta e obviamente fundamental

– é necessária formação adequada, o que

não é de todo compatível com o que exis-

te neste novo curso, nem pode ser, por-

que não há tempo suficiente alocado,

nem sequer para os temas e assuntos di-

retamente relacionados com os doentes,

o que fará com os restantes aspetos”.

Se a tendência dos diversos países tem

sido a da especialização “e nós estamos a

receber regularmente missões – vindas

de países como a Bélgica, Irlanda, Dina-

marca, etc. – que vêm em busca do co-

nhecimento do método como se forma e

treina em Portugal”, “aqui, esta realidade

vai regredir cerca de 30 anos”. Interna-

cionalmente, “passámos de modelos a se-

guir, para nem sequer sermos reconheci-

dos pelas referências máximas interna-

cionais nas áreas de Radioterapia e de

Medicina Nuclear”. Anabela Duarte

alerta que a ESTRO (European Society

for Radiotherapy & Oncology) deixou de

considerar equivalentes estes novos li-

cenciados, declarando formalmente não

lhes reconhecer o direito ao exercício

profissional ao nível internacional.

De forma perentória afirmou-se que

“os cerca de 1000 alunos envolvidos na

nova formação e as respetivas famílias

estão a ser enganados, pois são induzidos

em erro ao pensarem que vão ter acesso

a três profissões quando, por mera apli-

cação do contexto legal vigente, não de-

verão ter acesso a nenhuma”.

Recorrendo ao publicado em Diário

da República, Luís F. Metello mostra-se

indignado com o facto de “instituições

idóneas, foram enganadas, e agora enga-

nam, publicitando estes cursos como ga-

rantia de acesso a três profissões distin-

tas, o que não é nem pode ser verdade,

pois que se tratam de profissões certifica-

das e protegidas, que exigem a obtenção

prévia de formação, treino e diplomas es-

pecíficos aqui não garantidos”.

Sem especialização e sem cédula pro-

fissional, estes alunos estarão destinados

ao desemprego, sem perspetivas de futu-

ro e sem especialização ou acreditação

suficiente para serem reconhecidos como

uma mais-valia para qualquer sistema de

saúde, público ou privado, seja em Portu-

gal, seja no exterior.

As Associações em causa interpuse-

ram uma providência cautelar, “que não

foi aceite, por o juiz considerar não exis-

tirem critérios de urgência”. Decorre por

isso uma ação em tribunal que, “perante

a realidade factual do nosso país, pode

gerar consequências gravíssimas, dados

os prazos – habitualmente longos – ex-

pectáveis para a resolução”.

Considerando “obrigatório reverter

esta situação com um máximo de urgên-

cia, as Associações prometem não baixar

os braços e consideram que se deve apro-

veitar o esforço de agregação para aque-

les conteúdos básicos transversais às

três profissões. É de extrema importân-

cia, e de acordo com as referências inter-

nacionais já mencionadas, que pelo me-

nos cinco semestres de formação e treino

sejam dedicados a cada especialidade, só

assim se garantindo o cumprimento dos

requisitos de competência, qualidade e

segurança no desempenho profissional.”

Afirmaram que, assim, todas as três as-

sociações envolvidas e os sindicatos rele-

vantes estarão de acordo em que seja

concedida a respetiva cédula profissio-

nal, findando as respetivas declarações.

Fruto do trabalho e do estudo dos seus profissionais, Portugal é hoje reconhecido como uma referência internacional na formação, investigação e desempenho na área das Tecnologias de Diagnóstico e Terapêutica. Porém, nalgumas áreas específicas, tudo corre o risco de vir a ser alterado se o apelo das Associações e dos Sindicatos do setor não for posto, urgentemente, em prática.

22 Perspetivas Fevereiro 2016

SaúdeServiço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta

Um serviço pioneiro que se mantém na vanguarda

Começando por nos dar uma breve

definição daquele que é o seu trabalho

de uma vida, diz-nos que a Angiologia

e Cirurgia Vascular “é uma especiali-

dade médico-cirúrgica, que estuda os

vasos sanguíneos e linfáticos, fazendo

o diagnóstico das doenças que lhes di-

zem respeito e tratando-as, procuran-

do a recuperação dos doentes com pa-

tologias da circulação arterial, venosa

e linfática”.

Em 18 de junho de 1973, esta es-

pecialidade autonomizou-se da Ci-

rurgia Geral, nascendo neste serviço

onde o nosso entrevistado nos rece-

beu. Como refere, “foi este o primei-

ro serviço em Portugal com instala-

ções próprias e quadro próprio, quer

médico quer de enfermagem. O seu

primeiro diretor foi o Dr. Mendes

Fagundes, que foi o grande impul-

sionador do serviço, ao qual se se-

guiu o Dr. Armando Farrajota e,

mais tarde, o Dr. Santos Carvalho,

sendo eu o quarto diretor da sua his-

tória”.

Luís Mota Capitão ingressou

aqui, no internato de Angiologia,

corria o ano de 1978. Foi o quinto

interno da especialidade a aparecer e

orgulha-se de o ter feito num servi-

ço “com um enorme peso histórico”,

com “grande tradição no tratamento

destas doenças e também na forma-

ção de profissionais quer na área mé-

dica quer na área da enfermagem”.

Acerca desse peso histórico, convém

lembrar que, nas décadas que se se-

guiram, o serviço do Hospital de

Santa Marta manteve a responsabi-

lidade de ser um dos muito poucos

existentes no país. “Só nos últimos

dez anos é que esta especialidade,

que é altamente diferenciada, deixou

de ser praticada apenas em Lisboa,

Porto e Coimbra, tendo começado a

haver uma abertura para unidades

mais pequenas ”, indica.

A perceção que pôde ter ao longo

deste tempo resulta num testemunho

de inegável importância quanto à evo-

lução da prática da Cirurgia Vascular:

“Está muito distante da que existia na

altura. Está menos agressiva, mais ex-

pandida e a qualidade é muito diferen-

te mas temos que nos colocar no papel

dos pioneiros, aos quais devemos

imenso. Penso que deve ter sido muito

difícil, para quatro jovens médicos, ini-

ciarem uma especialidade oficial, so-

bretudo tratando-se de uma especiali-

dade de enorme complexidade, com

cirurgias muito difíceis, em que os re-

sultados por vezes não eram os espe-

rados. Se nos colocarmos no papel de-

les, percebemos que foram uns gran-

des heróis, muito corajosos e arroja-

dos, tal como foram também os

pioneiros no Porto e em Coimbra”.

Continuando, conta que, “ao assistir a

toda a evolução da Cirurgia Vascular”,

assistiu também “a cirurgias cada vez

mais arrojadas, feitas de uma maneira

menos agressiva”. De tal forma que,

“hoje, num serviço moderno como es-

te, 60% das cirurgias é por via endo-

vascular”.

Contudo, e relembrando que se tra-

ta de “uma especialidade médico-ci-

rúrgica”, afirma que o objetivo é “tra-

tar os doentes de maneira a não ter-

mos de os operar”. Para esse fim, “a te-

rapêutica médica das doenças

vasculares, nomeadamente arteriais,

também não tem nada a ver com o que

era, muito por via de um enorme de-

senvolvimento do ponto de vista da

indústria farmacêutica”. Outro fator

que concorre para tal tem sido “a pre-

venção dos fatores de risco (como o ta-

baco, a hipertensão e o consumo do

sal, a diabetes, a obesidade ou o seden-

tarismo) que, ao fim de 20 ou 30 anos,

modificou o panorama das doenças,

nomeadamente na arterioesclerose, e,

portanto, as lesões que hoje são trata-

das não são as mesmas da altura”.

“Nós sabemos fazer tudo”Como se conclui do que já nos foi di-

to, “hoje existe, de facto, uma compo-

nente endovascular da capacidade téc-

nica dos cirurgiões que não havia há

30 anos e que lhes permite resolver os

problemas de uma maneira menos in-

vasiva”. Respondendo adequadamente

à prática atual desta cirurgia, o serviço

do Hospital de Santa Marta mantém-

-se versátil: “Há serviços que não têm

a parte endovascular e há outros que

não têm a parte clássica. Nós aqui sa-

bemos oferecer tudo; se é para fazer

por via convencional, por via endovas-

cular ou por via híbrida, nós sabemos

como fazer e, portanto, oferecemos ao

doente aquilo que é o melhor para o

seu caso”.

Também na atividade de diagnósti-

co o serviço foi pioneiro, fazendo-o,

atualmente, tanto por meios não inva-

sivos (ecodoppler) como invasivos (ca-

teterismo). “Não perdemos controlo

dos diagnósticos das doenças vascula-

res quer arteriais, venosas ou linfáti-

cas”, diz, reforçando novamente que,

sendo uma especialidade medico-ci-

rúrgica, implica um acompanhamento

do doente em que “somos nós que o te-

mos na consulta, que fazemos o diag-

nóstico não-invasivo ou invasivo, que

operamos ou não e somos nós que fica-

mos com ele para o resto da vida”.

Quanto à estrutura que este traba-

lho pressupõe, o diretor faz-nos a se-

guinte descrição: “Em termos de capa-

cidade instalada, este é o maior serviço

da especialidade a nível nacional, sen-

do que, em recursos humanos, é equi-

valente aos do Santa Maria, do São

João e do Santo António. Temos uma

enfermaria de 34 camas, uma unidade

de cuidados intermédios vasculares

com quatro camas (para doentes com

uma necessidade de monitorização

quer operatória quer pós-operatória

mais vigilante) e uma unidade de dor

vascular também com quatro camas.

Temos também um bloco operatório

específico para a Cirurgia Vascular

(1500 a 2000 cirurgias por ano), com

duas salas que funcionam das 8 da ma-

nhã às 8 da noite, sendo que uma delas

recebe doentes urgentes sempre que

for necessário. A nossa urgência é re-

ferenciada, a única do país, e tenho

aqui dois médicos em permanência fí-

sica, 24 horas por dia, para a urgência

vascular. Para além disso, temos uma

consulta diária, que todos os nossos

O Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta foi o berço desta especialidade na medicina nacional. O diretor, Luís Mota Capitão, tem acompanhado a sua evolução desde há quase 40 anos e apresentou-nos o seu balanço.

Fevereiro 2016 Perspetivas 23

Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta

médicos fazem, a começar no diretor e

a acabar no interno do 4º ano. Faze-

mos cerca de 14 mil consultas por ano,

distribuídas por consultas de Cirurgia

Vascular Geral, consulta protocolada

de Úlcera Venosa da Perna, de follow-

-up de endopróteses, de tratamento de

aneurismas da aorta TEVAR/EVAR,

de acessos vasculares para hemodiáli-

se e também para malformações vas-

culares. Depois, dispomos também de

um Laboratório de ecodoppler, em que

realizamos cerca de 6500 exames por

ano, e, dois dias por semana (quarta e

sexta), temos uma sala de Hemodinâ-

mica partilhada em que fazemos cate-

terismos (350 por ano)”.

Todo este trabalho passa por Luís

Mota Capitão e pelos dois chefes de

serviço, João Albuquerque e Castro e

Maria Emília Ferreira, estando o ser-

viço dividido em duas equipas. Ao to-

do, o pessoal médico é composto por

19 profissionais, em que, para além

dos três já mencionados, contam-se

cinco assistentes hospitalares gradua-

dos, cinco assistentes hospitalares e

seis internos. Há ainda dois técnicos

de Cardiopneumologia e o quadro de

enfermagem, chefiado, na parte do in-

ternamento e consulta, por Paula Pi-

nheiro e, no bloco operatório, por Ana-

bela Madaleno. “Temos um corpo de

enfermagem que trabalha connosco

há bastante tempo e que é, de facto,

uma equipa impecável”, sublinha.

Papel formativoAcerca da atividade formativa que

aqui é desenvolvida, divide-se em pré-

-graduada e pós-graduada. Na última,

o serviço acolhe um interno por ano,

merecendo este elemento uma espe-

cial atenção: “Queremos que saiam da-

qui com uma capacidade de interven-

ção profissional muito alta e, de facto,

quando saem daqui, ficam sempre em

primeiro ou segundo lugar dos con-

cursos nacionais da especialidade. São

muito bem formados e é ponto de hon-

ra desta casa que toda a gente tenha

esse cuidado com eles”. Continuando a

esclarecer-nos acerca do trabalho que

é feito com os internos, explica que

“rodam entre as duas equipas que

compõem o serviço, ficando na equipa

em que está o respetivo tutor no últi-

mo ano. Todos os anos, os internos fa-

zem um exame que é semelhante ao de

um concurso de saída”.

A atividade pré-graduada passa pe-

las “aulas práticas e teóricas aos alu-

nos do 2º e 4º ano do Mestrado Inte-

grado em Medicina (cadeiras de In-

trodução à Prática Clínica e de Espe-

cialidades Cirúrgicas, respetivamente)

da Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Nova de Lisboa, que

passam aqui uma semana”. Esta parte

é “coordenada por mim, pelo Profes-

sor Frederico Gonçalves, que é o nos-

so primeiro doutorado, pelo Dr. Gon-

çalo Alves e pela Dra. Rita Ferreira”.

Quanto à investigação, é um serviço

que “tem uma tradição de fazer inves-

tigação já de longa data, ainda que nos

últimos anos esse trabalho tenha sido,

de facto, intenso, quer na investigação

clínica quer para programas de douto-

ramento”. É uma parte “muito acari-

nhada” junto deste grupo, estando fo-

cado em conseguir fazer parte de gru-

pos de investigação internacionais e a

contribuir com guidelines e ensaios

clínicos.

Constante atualizaçãoRetomando a ênfase já colocada na

importância deste serviço, Luís Mota

Capitão vinca que “só há um serviço

de Angiologia e Cirurgia Vascular no

Centro Hospitalar de Lisboa Central,

que é este. Há, portanto, uma enorme

responsabilidade porque este é um dos

grandes centros hospitalares do país e

porque temos que responder não só ao

Hospital de Santa Marta, como tam-

bém a São José, D. Estefânia, Capu-

chos e Curry Cabral”.

Atendendo a isso, aqui faz-se “tudo

quanto é do campo da Angiologia e

Cirurgia Vascular que se pratica na

Europa e no Mundo, porque houve

sempre a capacidade de estarmos na

crista da onda do que se faz a nível in-

ternacional”. Algo que já é genético

neste serviço é o facto de todos os in-

ternos, no fim do internato, irem para

o estrangeiro (o nosso interlocutor,

por exemplo, esteve em Londres). “No

4º ou 5º ano, vamos para centros que

evidenciem uma excelência prática em

determinadas áreas que nós queremos

trazer para Portugal. Todos nós te-

mos essa preocupação e é isto que to-

dos os internos fazem, durante alguns

meses. Acaba por ser algo que nos per-

mite não só ter uma visão aberta da es-

pecialidade, sobre como está a correr

no mundo, como também nos permite

ter laços de amizade com outros cirur-

giões estrangeiros, o que é importan-

te. Com isso, ganhamos conexões,

oportunidades para trabalho de inves-

tigação em grupo, parcerias, trocas de

impressões quanto a casos mais com-

plexos e temos pareceres de líderes de

opinião mundiais com muita facilida-

de”, elucida.

Panorama atualPartilhando connosco a maneira co-

mo observa a realidade da Angiologia

e Cirurgia Vascular, diz-nos que “a es-

pecialidade já não está naquela muta-

ção em que se encontrava há sete ou

oito anos, dado que a parte endovascu-

lar já está muito afirmada. Não há, de

facto, nenhum sítio da árvore circula-

tória onde não se consiga ir por via en-

dovascular”.

O que teme é, precisamente, que se

perca qualidade na abordagem con-

vencional, deixando o alerta: “As gera-

ções que vêm a seguir à minha não po-

dem perder a parte da cirurgia pesada

e clássica, porque continua a aplicar-

-se. Os riscos que há nesta especialida-

de é que as gerações futuras só façam

cirurgia endovascular. Depois, quando

é preciso usar uma técnica clássica têm

mais dificuldade, o que é o contrário

do que acontecia há 15 ou 20 anos. Lá

fora, há serviços que só fazem uma

coisa ou outra e o que é difícil é conse-

guir manter o equilíbrio nestes servi-

ços formadores. É daqui que saem es-

pecialistas para todo o lado, assim co-

mo acontece no Santa Maria, em

Coimbra, no São João ou no Santo An-

tónio, e, portanto, eles têm que sair da-

qui a saber atender de todas as manei-

ras. No nosso serviço, temos a particu-

laridade de dar capacidade formativa

em cirurgia clássica e em endovascu-

lar, assim como também na híbrida.”

Quanto à parte médica, está “con-

victo de que vai continuar a progre-

dir, por via da capacidade da indús-

tria farmacêutica para desenvolver

novas moléculas para o tratamento

de doenças como a arterioescleróti-

ca”. Também na componente pre-

ventiva, nota que, hoje, “toda a gen-

te percebe que os fatores de risco

cardiovasculares são verdadeiros.

Percebe que o tabaco é gravíssimo

não só a nível oncológico como tam-

bém cardiovascular; que a hiperten-

são destrói vários órgãos e que é

uma condicionante da circulação que

tem que ser controlada, daí que a

restrição de sal seja muito importan-

te; que a diabetes é uma pandemia e

que o seu controlo é vital para a so-

brevivência da humanidade”.

Continuando, vinca que, “felizmen-

te, os cirurgiões vasculares, apesar de

serem cirurgiões, perceberam muito

cedo que a doença vascular tinha uma

componente médica que era funda-

mental e nunca abriram mão disso”.

Encontrando, no seu serviço, um

exemplo de como isso se traduziu

num êxito, conclui a nossa entrevista

com os seguintes resultados: “Temos

14 mil doentes para consulta e só ope-

ramos dois mil, ou seja, não são mais

de 13% os doentes que nos chegam às

mãos para cirurgia”.

Serviço de Angiologia e Cirurgia Vasculardo Hospital Santa Marta do Centro Hospitalar Lisboa Central

Rua de Santa Marta, 50 • 1169-124 Lisboa • Tel. 213 594 000

Saúde

24 Perspetivas Fevereiro 2016

Clínica de Doentes Pulmonares

Maior atenção às doenças respiratórias

O conjunto das doenças respirató-

rias inclui várias diferentes patolo-

gias mas, atualmente, a grande pre-

valência é representada pela Doença

Pulmonar Obstrutiva Crónica

(DPOC). Esta define-se como uma

doença que provoca o estreitamento

das vias aéreas respiratórias, pouco

reversível, e uma destruição do teci-

do pulmonar. Os sintomas mais fre-

quentes são a tosse, expetoração e

dificuldade na respiração, tendo esta

doença origem em fatores como a

poluição e o fumo do tabaco.

De acordo com os dados de que dis-

pomos, a Doença Pulmonar Obstruti-

va Crónica (DPOC) atinge no nosso

país cerca de 14% das pessoas com

mais de 40 anos de idade, sendo que

esta percentagem aumenta à medida

que a idade vai progredindo. Dentro

destes 14%, José Reis Ferreira estima

que mais de metade esteja situada no

nível 1 de gravidade, estando o restan-

te deste universo distribuído por

graus de maior expressão da doença.

Segundo nos diz, “é importante en-

contrarmos os doentes ainda nas pri-

meiras duas fases, uma vez que, se

conseguirmos fazer com que fujam do

tabaco e do sedentarismo, já se evita

que haja uma progressão para as ou-

tras duas etapas”.

Os problemas respiratórios têm,

efetivamente, “um grande impacto na

sociedade”, perspetivando-se, segundo

a Organização Mundial de Saúde, que

a DPOC venha a ser a terceira maior

causa de mortalidade em 2030. Contu-

do, ainda não existe um grau de cons-

ciencialização que corresponda à gra-

vidade do problema. “As pessoas não

têm a consciência de que têm pulmão

até que ele começa a falir. A falta de

consciência é maior do que em relação

a outros órgãos como o coração, o es-

tômago ou o rim. Estamos a falar de

um órgão com grande reserva, que

pode já estar muito afetado sem que a

pessoa note nada. O resultado é que só

quando, entretanto, já se estragou

grande parte do pulmão é que o doen-

te vem ter connosco”, explica. Acres-

centando, alerta também que “esta é

uma doença de declínio, em que quan-

do se perde uma parte da funcionalida-

de esta já não se recupera facilmente”.

Resulta daí que seja especialmente

importante que seja detetada preco-

cemente. Para que tal aconteça, José

Reis Ferreira defende que “o ideal

era que houvesse uma ligação ade-

quada entre nós, que fazemos os

exames, e o médico de Medicina Ge-

ral e Familiar, que é quem está na li-

nha da frente, é quem está junto das

famílias e é quem pode até saber, se-

cundariamente, que o filho ou o ma-

rido de uma paciente sua é fumador

e que pode já ter sido algumas vezes

afetado por demoradas constipações.

Uma situação destas é um exemplo

de possível DPOC e, como tal, um

fator para que uma pessoa venha fa-

zer um exame”. Continuando, lem-

bra que, a nível da clínica geral, “já

se conseguiram resultados muito

bons para a diabetes, para a hiper-

tensão ou para a doença reumatis-

mal, mas que, infelizmente, a parte

respiratória fica ainda um pouco es-

quecida”.

Sublinhando que “é uma afeção invi-

sível até ao momento em que os teci-

dos se encontram já destruídos”, José

Reis Ferreira reforça que há que divul-

gar perante o público o quanto esta é

“uma questão importante”. À seme-

lhança do que acontece com outras pa-

tologias, seria então necessário “ter

gente do desporto, das artes ou da mo-

da a falar junto da sociedade sobre os

problemas respiratórios”. Ao mesmo

tempo, ainda há um caminho a percor-

rer nas medidas de saúde pública diri-

gidas ao problema do tabagismo,

apontado como causa de 85% dos ca-

sos de DPOC: “Já devíamos estar mais

avançados nesse aspeto. Se fizermos

bem as contas, este tipo de prevenção é

uma solução muito mais abrangente

nos seus efeitos e também muito mais

económica.”

Referência na áreaO nosso interlocutor nesta conver-

sa desempenha, como já foi referido, o

papel de diretor-clínico da Clínica de

Doentes Pulmonares, em Lisboa.

Contextualizando-nos acerca deste

espaço, fala-nos de “uma história que

surge em 1984, com a iniciativa do

Professor Doutor António Couto, que

entendeu que faltava uma instituição

privada que trabalhasse com exames

acessíveis a quem cá viesse ou fosse re-

ferenciado (para isso estabelecemos

um acordo com a ARS) e que traba-

lhasse também de uma forma comple-

ta, já que ele desconfiava muito dos

exames elementares, que nem sempre

exploram as possibilidades completas

desta tecnologia”.

José Reis Ferreira associou-se a

esta equipa logo nos seus primór-

José Reis Ferreira, médico pneumologista e diretor-clínico da Clínica de Doentes Pulmonares, defende que ainda há muito por fazer para que o público esteja devidamente consciencializado acerca deste problema.

Fevereiro 2016 Perspetivas 25

Clínica de Doentes Pulmonares

dios, em 1985, e lidera, atualmente,

uma estrutura completamente em-

penhada na promoção da saúde res-

piratória, cujo trabalho é uma refe-

rência nacional para os estudiosos

da matéria. Uma evidente caracte-

rística diferenciadora é a especializa-

ção nesta área da saúde, ainda que

com uma abordagem interdiscipli-

nar e complementar. Para além do

diretor-clínico, a equipa que preen-

che este conjunto de atividades é

composta por outros três médicos

especialistas de Pneumologia, uma

especialista em Imunoalergologia e

técnicos de função respiratória.

A atividade de diagnóstico e pre-

venção que é aqui realizada centra-se

no estudo funcional respiratório, com

um leque de exames cuja base é a espi-

rometria, podendo incluir também a

oscilometria de impulso, testes de

broncodilatação e de provocação brôn-

quica, difusão alveolocapilar, mecânica

ventilatória, compliance pulmonar, ga-

sometria arterial, pressões máximas e

oxiergometria. Todo este conjunto de

provas tem por objetivo avaliar a res-

piração em comparação com os valo-

res tidos como os normais, ou de refe-

rência. A informação resultante destas

provas permite perceber como está o

indivíduo quanto à obstrução das vias

aéreas, se o pulmão dispõe de capaci-

dade adequada ou ainda se o oxigénio

está a ser devidamente captado para o

sangue. O médico garante que estes

testes são simples e que não provocam

incómodo nem desconforto para o pa-

ciente, exigindo apenas que sejam se-

guidas as indicações do examinador

quanto às manobras de respiração, ne-

cessárias a cada procedimento.

Além da avaliação da função res-

piratória, estão disponíveis tam-

bém os exames de alergia, em que

é avaliada a resposta do utente a

vários produtos inaláveis ou de

origem alimentar; outro serviço

importante aqui desempenhado

prende-se com o apoio à cessação

tabágica. Conforme nos explica Jo-

sé Reis Ferreira, é um trabalho que

funciona com base “no diálogo e na

avaliação da pessoa e da dependên-

cia. O importante, nas consultas de

tabagismo, é mesmo esse diálogo e

o estabelecimento de uma relação

de confiança. Não é uma consulta

complexa mas é sempre para in-

centivo da motivação e exige, por

isso, uma excelente relação entre

nós e o utente. Aquilo que faz com

que o possamos ajudar é o facto de

colecionarmos uma série de expe-

riências anteriores, que nos permi-

tem perceber como é que havemos

de responder aos problemas con-

cretos daquela pessoa”.

Falar de confiança na relação com

o utente e de individualização na

abordagem ao seu caso pressupõe

um ambiente de confiança e empatia,

sendo que essa é, de facto, uma ca-

racterística que a Clínica dos Doen-

tes Pulmonares sempre promoveu.

Em simultâneo, a própria pneumolo-

gia é uma área em permanente evo-

lução, que também exige, da parte

dos seus profissionais, uma contínua

adaptação dos seus meios e procedi-

mentos. É, precisamente, olhando

para esse desafio que José Reis Fer-

reira conclui a nossa entrevista, dei-

xando a garantia de que, interna-

mente, “vai haver sempre um esforço

por nos atualizarmos, sempre com as

condições técnicas que melhor res-

pondam ao que se faça atualmente”.

Clínica de Doentes PulmonaresProvas de Função Respiratória

Pneumologia AlergologiaCampo Grande 4, 4º • 1700-092 LISBOA • Tel. 217 996 480 • Fax 217 996 489

email: [email protected] • www.clinicapulmonar.pt

26 Perspetivas Fevereiro 2016

SaúdeInstituto Português de Oncologia do Porto

Acompanhamento multidisciplinar caracteriza a ação do IPO-Porto

O IPO-Porto tem por base o tra-

tamento centrado no doente, nesse

sentido o ambulatório está organi-

zado por clínicas de diferentes pa-

tologias, de modo a que todas as es-

pecialidades que abordam as distin-

tas vertentes do diagnóstico e tra-

tamento do doente oncológico

estejam centradas num único local.

Esta organização proporciona

maior conforto ao utente, respei-

tando o seu espaço e permitindo

que este encare e assimile a vivên-

cia com os cuidados de saúde de

“forma menos agressiva”, permi-

tindo que se gere um ambiente, on-

de os profissionais e os doentes

convivam numa esfera mais reser-

vada, facultando uma relação de

maior proximidade.

Em Portugal são detetados 4 mil no-

vos casos de cancro do pulmão por ano,

sendo que à Clínica do Pulmão, no

IPO-Porto, são referenciados aproxi-

madamente 400. Para dar resposta a

todos os casos, nos seus diversos está-

dios, a Clínica do Pulmão faz uma

abordagem multidisciplinar.

Nesse sentido, todo o corpo clínico

está estruturado de modo a proporcio-

nar o melhor acompanhamento em to-

das as fases do processo de diagnóstico

e tratamento.

Dentro da ação da Clínica do Pul-

mão está integrada a Cirurgia Toráci-

ca; a Pneumologia, a Oncologia Médi-

ca, responsável pelo tratamento médi-

co; e a Radio Oncologia que abordam o

tratamento do doente em Consulta de

Grupo Multidisciplinar. Tem também

assistentes sociais, psicólogos, psiquia-

tras que prestam todo o apoio necessá-

rio para que o doente conviva da me-

lhor forma com a sua situação. A equi-

pa é igualmente composta por profis-

sionais de enfermagem que operam

tanto na componente das técnicas, co-

mo nas consultas médicas e medidas

auxiliares, servindo de apoio à equipa

médica.

O Serviço de Radioterapia do IPO-

-Porto está dotado dos melhores equi-

pamentos e proporciona aos doentes as

técnicas de tratamento mais adequadas

e inovadoras nesta área.

No decurso da sua apresentação,

Marta Soares salienta igualmente a

importância da consulta de cessação

tabágica: “A todos os doentes fumado-

res, numa primeira consulta, é-lhes

proposto a presença em consultas de

apoio que os auxiliem na tentativa de

deixar de fumar”, refere a especialista.

Cancro do PulmãoHabitualmente associa-se a neo-

plasia do aparelho respiratório, mais

comummente designado por cancro

do pulmão, à população fumadora,

mas segundo a coordenadora, Marta

Soares, “neste momento, verifica-se

uma percentagem relativamente ele-

vada de doentes não fumadores”.

Embora o consumo de tabaco não te-

nha diminuído tanto quanto seria de-

sejável, existe uma percentagem

(sensivelmente 30% de doentes) que

nunca fumaram, mas são vítimas do

tumor no pulmão, “alvo de questões

ambientais, nomeadamente a exposi-

ção a poluentes que contribuem para

o surgimento destes tumores”. No

que concerne ao número de fumado-

res por género, se nos homens se ve-

rifica um decréscimo, já no sexo fe-

minino a tendência tem sido de cres-

cimento.

Ao contrário do que se possa pen-

sar, a médica especialista desmonta a

ideia estereotipada de que este can-

cro surge numa faixa etária superior:

“Não é necessariamente assim, espe-

cialmente os não fumadores são

doentes mais jovens, numa faixa etá-

ria entre os 40 a 50 anos”. Nestes ca-

sos a questão genética está compro-

vada, não no sentido em que a doen-

ça é hereditária, “mas sabemos que

nos tumores que surgem em não fu-

madores, as células tumorais têm

(num número relevante dos casos)

uma alteração genética própria, a

mutação de um gene, e naturalmente

exigem uma terapêutica dirigida a

esta alteração”. Para estas alterações

surgiram novos fármacos “falamos

de terapêuticas orais, com uma taxa

de resposta superior, dado que os

avanços científicos nesta área permi-

tiram a conceção de fármacos que es-

tão dirigidos a essa alteração mole-

cular”.

Ao contrário da Quimioterapia que

destrói não só as células tumorais, co-

mo tudo o que as envolve, neste tipo de

“terapêutica alvo”, assim designada, o

tratamento é direcionado para um alvo

molecular que está alterado e por isso

os efeitos colaterais são menores, face

aos verificados nos tratamentos com

base na Quimioterapia convencional.

EstádioAtualmente, ainda não existe um

rastreio de cancro do pulmão que se te-

nha mostrado minimamente eficaz e

que se possa aplicar numa base popula-

cional, no entanto há algumas reco-

mendações para que o designado

‘grande fumador’ – pessoa que fuma

mais que um maço de cigarros por dia,

há mais de 10 anos – faça um Raio X do

tórax ou uma TAC (Tomografia Axial

Computorizada) de modo a verificar se

existe alguma lesão.

Todas as doenças do foro oncológi-

co são estratificadas por estádios que

no cancro do pulmão que se inicia na

doença localizada (Estádio I, Estádio

II), passando pela doença localmente

avançada (Estádio III), até à doença

metastizada (Estádio IV).

A doença localizada é, habitualmen-

te, tratada com cirurgia que pode, ou

não, ser complementada com Quimio-

terapia ou Radioterapia. A doença lo-

calmente avançada é tratada com Qui-

mioterapia e Radioterapia. Por fim, a

doença metastizada é alvo da ação de

tratamentos de Quimioterapia ou no-

vas terapêuticas, nomeadamente, as já

referidas “terapêuticas alvo” e, mais re-

centemente, a Imunoterapia.

O prolongamento da vida do doente,

com qualidade, depende muito das ca-

racterísticas do tumor e do seu estádio

de desenvolvimento ao diagnóstico.

No caso das terapêuticas mais dirigi-

das, a taxa de sucesso aumentou para

sobrevivências médias de cerca de 16 a

18 meses, “quando há uns anos se fixa-

vam sobrevivências que rondavam se-

manas, chegando aos seis meses com a

Quimioterapia”.

Mais recentemente, com a introdu-

ção da Imunoterapia verifica-se o de-

O Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto) tem desenvolvido um trabalho reconhecido pelos seus pares e pelos milhares de utentes que recorrem aos serviços desta Instituição, inserida no Sistema Nacional de Saúde. Nesta edição do Perspetivas, estivemos à conversa com a médica oncologista e coordenadora da Clínica do Pulmão do IPO-Porto, Marta Soares.

Fevereiro 2016 Perspetivas 27

Instituto Português de Oncologia do Porto

senvolvimento de uma outra situação:

“Numa percentagem de cerca de 20%

dos doentes, conseguimos que a res-

posta obtida com a terapêutica seja

mais sustentada no tempo, ou seja, os

doentes que respondem positivamente

sobrevivem ao fim de três a quatro

anos”, revela a médica oncologista.

Diagnóstico e SintomasO único tratamento curativo no can-

cro pulmão é o tratamento cirúrgico,

mas para isso a doença tem que estar

confinada ao pulmão. “Se for possível

detetar a doença nessa fase, o impacto

na sobrevivência do doente será efeti-

vamente superior” (Estádio I, Estádio

II), denota Marta Soares.

Porém, a maioria dos casos que sur-

gem na Clínica do Pulmão do IPO do

Porto – um centro de referência regio-

nal, sem urgência aberta ao exterior –

surgem já num estado muito avançado

e em fase de metastização, sendo nor-

malmente referenciados pelos médicos

de família ou outros hospitais.

A que se deve esta noção tardia da

convivência com a doença? Questioná-

mos. Marta Soares aponta os sintomas

tardios e “camuflados” como a principal

causa: “Os sinais e sintomas do cancro

do pulmão são pouco específicos e no

doente fumador, a tosse, a expetoração,

já são habituais, não sendo por isso va-

lorizadas as pequenas alterações que

vão surgindo (tosse mais frequente, ex-

petoração com sangue, por exemplo).

Nesse sentido, quando os doentes re-

correm ao médico é porque surgiu algo

de alarmante como a dor ao nível ósseo,

o sangue na expetoração, até mesmo al-

terações neurológicas e nesses casos,

habitualmente o tumor já não está no

pulmão, está metastizado no osso ou no

cérebro, por exemplo, por isso o sinal

que leva a ida ao médico é já um sinal de

uma metastização (Estádio IV).

Para prevenir este estado o acompa-

nhamento do médico de Medicina Ge-

ral e Familiar é fundamental, dado que

é ele quem acompanha o histórico do

utente em grande parte da sua vida.

Atualmente, já existem Centros de

Saúde com sessões de cessação tabági-

ca, para as quais o médico pode direcio-

nar os seus utentes, a par da pedagogia

dada nas consultas regulares e na valo-

rização dos sintomas do doente.

A Clínica do Pulmão não descarta

a sua importância formativa promo-

vendo ações de sensibilização juntos

dos Centros de Saúde: “O diagnóstico

precoce é fundamental e é a única si-

tuação que pode ajudar os médicos,

muito mais que a terapêutica, a dete-

tar as situações numa fase que possa

ser potencialmente curável”, alerta a

nossa interlocutora.

PrevençãoMarta Soares considera que as cam-

panhas antitabágicas têm surgido com

regularidade e que “toda a população

sabe que fumar tem implicações graves

para a saúde”. Porém não se assumem

hábitos de vida saudáveis, as pessoas

“recusam-se a pensar nas consequên-

cias e, socialmente, continua a ser acei-

tável que se fume; as normas legislati-

vas aprovadas e que, terminantemente

proíbem fumar em espaços fechados

que não cumpram certos requisitos,

não estão a ser efetivamente aplicadas

em todos os locais, nomeadamente em

espaços frequentados por faixas etárias

mais jovens”.

Apesar desta realidade, a profissio-

nal considera positiva a ação de certas

associações, “nomeadamente a Liga

Portuguesa contra o Cancro e a Pul-

monale, que têm feito excelentes cam-

panhas de sensibilização anuais que es-

tão a chegar ao público alvo. Mas é ne-

cessário que da parte do cidadão haja a

consciência de que de facto não deve

começar a fumar e que este hábito não

potencia somente o surgimento do

cancro do pulmão, como também ou-

tras patologias, dado que estes doentes

têm doença pulmonar obstrutiva cró-

nica (DPOC) que lhes vai provocar

muitos mais sintomas, degradando a

sua qualidade de vida”.

Investigação e Desenvolvimento

A investigação básica e clínica é um

dos pilares importantes do IPO-Porto.

O Centro de Investigação do IPO-Por-

to é uma unidade de investigação reco-

nhecida pela Fundação para a Ciência e

a Tecnologia, desde 2004, que tem co-

mo objetivo principal a compreensão

dos mecanismos patobiológicos do

cancro que possibilitem a prevenção, o

diagnóstico precoce, a correta avalia-

ção do prognóstico e o desenvolvimen-

to de terapias mais eficazes. É compos-

ta por diversos grupos: Grupo de On-

cogenética, Epigenética, Oncologia

Molecular e Patologia Viral, Patologia

e Terapêutica Experimental, Física

Médica, Radiobiologia e Proteção Ra-

diológica e Unidade de Investigação

Clínica.

Na Unidade de Investigação Clínica

são incluídos doentes e diferentes em

diversos protocolos de investigação em

distintas fases da doença, que facilitam

o acesso a novas drogas numa fase

mais precoce do seu desenvolvimento.

“Essa é no fundo a investigação clínica

mais avançada”.

A Unidade de Investigação Clínica,

criada no início de 2006, tem desenvol-

vido um trabalho excecional, suporta-

do por uma equipa profissionalizada,

registando um crescimento progressi-

vo e sustentado do número de Ensaios

Clínicos e de doentes recrutados, redu-

zindo-se o respetivo tempo de imple-

mentação, com o consequente ganho

em competitividade. Por estas razões, o

IPO-Porto é atualmente um centro de

referência para os Ensaios Clínicos

realizados em Portugal na esmagadora

maioria das patologias tratadas na ins-

tituição, nomeadamente na área do

Pulmão. A Unidade de Investigação

Clínica espera manter nos próximos

anos o crescimento sustentado do de-

sempenho e fomentar a participação

em Ensaios Clínicos de fases ainda

mais precoces (Fase I e II). Existe a

possibilidade de referenciação de doen-

tes para ensaios clínicos específicos.

Avanços na investigaçãoOs avanços da investigação sobre o

cancro do pulmão têm sido notáveis na

última década, “neste momento, exis-

tem inúmeras moléculas em estudo, no

âmbito da Imunoterapia, da Angiogé-

nese e das Terapêuticas alvo, que se

perspetiva apresentem bons resultados

e que tentem, dentro do possível, tor-

nar esta uma doença crónica, em que

não quando não se perspetiva a cura, se

possa prolongar a vida do doente com

qualidade”, termina Marta Soares.

Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 4200-072 Porto • Telefone: +351 225 084 000 • Fax: +351 225 084 001

28 Perspetivas Fevereiro 2016

SaúdeAssociação Enfermagem Oncológica Portuguesa

AEOP: 9 anos de atividade científica ao serviço da enfermagem oncológica

Em conversa com o Perspetivas, Elisa-

bete Valério começa por apresentar o pla-

no estratégico para os próximos dois

anos, definido “tendo em conta a relação

da AEOP com os stakeholders, através

do bom relacionamento institucional com

os nossos parceiros internacionais de en-

fermagem oncológica (especificamente a

Sociedade Europeia e a Sociedade Inter-

nacional - ISNCC), com grupos de doen-

tes e familiares e com todas as outras or-

ganizações com atividade em oncologia,

assim como organizações nacionais de re-

levo científico em Oncologia.”.

Em destaque neste plano estratégico

está a intenção de “desenvolver os conhe-

cimentos em oncologia” e “determinar as

necessidades educacionais” dos membros

da associação. Uma vez feito esse levanta-

mento, a AEOP propõe-se promover “os

recursos e acessos a programas educacio-

nais, avaliando o seu impacto”, explica a

nossa interlocutora.

Importa referir, neste âmbito, o papel

que a associação tem vindo a desempe-

nhar através de plataformas como a sua

página web ou a revista científica Onco.

News, as quais se assumem como “um

meio de divulgação de trabalhos científi-

cos” que tem vindo a melhorar “o conhe-

cimento e a capacidade crítica dos pares,

sempre com o objetivo comum da melho-

ria de cuidados de Enfermagem ao doen-

te Oncológico”, argumenta Elisabete Va-

lério.

Também assumida para os próximos

anos está a proposta de permitir que os

enfermeiros em oncologia assumam a

gestão terapêutica dos seus pacientes, au-

mentando “a capacidade de intervenção

na gestão terapêutica do doente, incluin-

do o representante de cuidados”. Significa

isto que é intenção da AEOP “desenvol-

ver a capacidade de intervenção da enfer-

magem oncológica nos contextos das

práticas, assegurando simultaneamente a

sustentabilidade da organização da

AEOP através de um plano de sucessão

adequado”, explica a presidente.

Bolsas AEOP 2016Entre as novidades que a associação

proporciona este ano inclui-se o apoio fi-

nanceiro à participação dos seus mem-

bros em eventos de enfermagem oncoló-

gica. Foram criadas, neste âmbito, duas

bolsas para reuniões internacionais com

programa de Enfermagem e quatro para

reuniões científicas nacionais. “Pensamos

assim dinamizar a possibilidade de parti-

cipação e intervenção dos enfermeiros

oncologistas portugueses em programas

de enfermagem fora do âmbito nacional,

aumentando a partilha de conhecimentos

e a sua capacidade crítica, perante novas

realidades estruturais e culturais”, expli-

ca a porta-voz. Já disponibilizado na pági-

na da AEOP para acesso dos seus mem-

bros está o regulamento de candidaturas.

Grupos de trabalho para formar

Inerentes à filosofia da AEOP são os

grupos de trabalho das práticas clínicas.

Estes são “constituídos por membros da

associação que, de forma voluntariosa, se

inscrevem, sendo promotores e mentores

de discussão nacional de boas práticas en-

tendidas na Enfermagem oncológica e

publicadas como Linhas de Consenso na-

cionais”, explica Elisabete Valério, antes

de acrescentar que “são também o supor-

te para as várias reuniões científicas em

que participamos, fazendo parte dos pro-

gramas”. Na base destes grupos está “a

vontade de atingir um objetivo comum,

na criação de algo novo ou na melhoria de

um procedimento, discutido por enfer-

meiros que trabalham em várias institui-

ções com doentes oncológicos”.

Uma Reunião para todo o setor

Anualmente, a AEOP organiza uma

Reunião Nacional, convidando mem-

bros e colegas na procura de “um pro-

grama científico inovador, com uma vi-

são de futuro para a Enfermagem On-

cológica”. Tendo como epicentro os

dias 27 e 28 de maio, a nona edição do

evento terá lugar no Hotel dos Templá-

rios, em Tomar, esperando-se uma

“partilha de saberes e experiências” ca-

paz de agregar cerca de 300 profissio-

nais do setor. Uma novidade é a digita-

lização da Reunião Nacional, que possi-

bilitará, “através de uma plataforma in-

terativa”, uma “maior proximidade com

os presentes e os membros da AEOP”.

Confirmada no programa científico do

evento está a promoção de dois cursos

pré-congresso, intitulados “Como escre-

ver um artigo científico” e “Estratégias de

liderança na gestão da terapêutica imu-

nológica”. Já no que às sessões temáticas

concerne, o destaque será para as patolo-

gias do cancro do pulmão, cancro da ma-

ma, melanomas, linfomas e cancro diges-

tivo. Paralelemente à realização de “vá-

rios simpósios”, destaque para a presença

de Lena Sharp, do Institute Karolinska de

Estocolmo, numa conferência internacio-

nal sobre segurança do doente.

Acima de tudo, é desejo da AEOP

que “os enfermeiros adiram ainda em

maior número à nossa reunião”, enfati-

zando a importância “da proximidade

que este momento permite”, agregando

profissionais “que trabalham em dife-

rentes hospitais, em contextos práticos

diferentes mas com os mesmos objeti-

vos que a AEOP tem proporcionado”.

Paralelamente, existe uma última am-

bição: “que a nossa atividade vá de en-

contro às necessidades dos nossos

doentes, das suas famílias e comunidade

científica”.

A Associação Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP) está no seu 9º ano de atividade com a sua terceira Presidente para o novo mandato. Falámos com ela sobre as propostas e projetos desta organização que representa mais de 600 enfermeiros oncologistas em Portugal.

Fevereiro 2016 Perspetivas 29

Neurobios – Instituto de NeurociênciasSaúde

As Neurociências ao serviço da clínica

O Neurobios – Instituto de Neuro-

ciências presta serviços em diversas

áreas ligadas às Neurociências. Sendo

uma referência nesta temática do co-

nhecimento científico, o instituto está

organizado em três grandes setores: a

formação, a investigação e a clínica.

Sempre atento ao desenvolvimento

das áreas abordadas, no Neurobios a

formação estende-se pelos campos clí-

nico e das organizações. Por outro lado,

a investigação desenvolvida no seio da

instituição centra-se nos domínios da

Eletrofisiologia Cerebral e da Cognição

Fundamental aplicada quer à clínica,

quer ao mundo empresarial.

No espaço da Clínica são abordadas

todas as áreas ligadas à Neuropsiquia-

tria, à Neuroterapia, à Neuropsicotera-

pia e à Neurocognição quer na vertente

normal, quer na vertente patológica.

Desta forma, o Neurobios distingue-

-se por oferecer um plano integrado de

avaliação e de tratamento para os diver-

sos problemas do comportamento, nor-

mal ou patológico. Graças a esse plano

é possível atender de maneira integral,

coordenada, continuada e personaliza-

da os grandes desafios que podem re-

querer estas pessoas e as suas famílias.

Ao longo destes oito anos de reco-

nhecido trabalho, o crescimento do

Neurobios deveu-se quer à investigação

aplicada, quer à experiência clínica dos

seus técnicos, “e foi o reconhecimento

das necessidades assistenciais dos doen-

tes que nos levou a gerar novos proje-

tos. Desde as avaliações personalizadas

da cognição em geral e da memória em

particular (Clínica da Memória), até aos

programas de Neurofeedback e de rein-

tegração social, o Neurobios oferece um

conjunto integrado de tratamentos”.

No plano da investigação este Insti-

tuto de Neurociências tem desenvolvido

protocolos com instituições universitá-

rias e centros de conhecimento, nomea-

damente com o Laboratório de Neurop-

sicofisiologia da Universidade do Porto.

Desta colaboração nasceram vários pro-

jetos de investigação que sustentam os

programas aplicados à Clínica.

Serviço de diagnósticoO Neurobios aplica um modelo de

avaliação assente em dois grandes veto-

res, a saber: a Avaliação Clínica e a Ava-

liação Instrumental.

A Avaliação Clínica centra-se na

Avaliação Neuropsiquiátrica que visa

determinar as condicionantes neuroló-

gicas e psíquicas das alterações do com-

portamento. A Avaliação Instrumental

divide-se em dois grandes domínios: a

Avaliação Neuropsicológica e a Avalia-

ção Eletrofisiológica.

Esta primeira (Avaliação Neuropsi-

cológica) assenta no seguinte racional:

aplicação de uma bateria compreensiva

de testes neuropsicológicos, adaptada

aos dados clínicos individuais, com vis-

ta a definir o perfil do desempenho cog-

nitivo dos examinados. A segunda

(Avaliação Eletrofisiológica) é um com-

plemento das restantes avaliações, con-

sistindo na avaliação por eletroencefa-

lografia quantitativa (qEEG) como ele-

mento-chave para a orientação das in-

tervenções por Neurofeedback.

O relatório final está organizado de

modo a emitir um parecer com uma des-

crição clínico-compreensiva das bases

Neuropsiquiátricas, Neuropsicológicas,

Psicossimbólicas e Psicossociais que

ajudam a compreender as alterações do

comportamento e a definir um plano de

intervenção centrado naquele racional.

Serviço de reabilitaçãoO Neurobios tem em curso progra-

mas de reabilitação dos problemas do

comportamento em geral, dos défices

cognitivos e da cognição social, bem co-

mo dos défices de aprendizagem. Esses

programas têm o formato individual e

de grupo, conforme indicação clínica e

estão integrados em três laboratórios.

No Laboratório da Cognição preten-

de-se promover a remediação cognitiva

para doentes com neuropatologia e/ou

défices cognitivos graves; a estimulação

cognitiva para doentes com défices cog-

nitivos minor; a estimulação cognitiva

para doentes com défices cognitivos fo-

cais; e a estimulação cognitiva para pes-

soas com défices de aprendizagem.

O Laboratório da Cognição Social vi-

sa a estimulação laboratorial da cogni-

ção social; a estimulação da cognição

social em pequenos grupos; e a reabili-

tação psicossocial.

Por último, o Laboratório de Neuro-

feedback permite o treino de Neurofeed-

back para problemas do comportamento

e/ou para otimização do desempenho.

Centro referenciado no âmbito das Neurociências, o Neurobios – Instituto de Neurociências, criado em 2008, desenvolve uma ação fulcral na investigação e tratamento das doenças ligadas ao foro psiquiátrico. João Marques Teixeira, diretor clínico da instituição, psiquiatra e docente da Universidade do Porto, faz-se acompanhar por uma equipa multidisciplinar de profissionais altamente credenciados, que têm desenvolvido um trabalho meritório neste campo.

EqUIPa TEraPêUTICaPSIqUIaTraS

J. Marques-Teixeira

Luisa Ramos

Rosa Gonçalves

Miguel Martins

NEUrOPSICÓLOGOS

Hugo Sousa

PSICÓLOGOS DE JOVENS

E aDULTOS

Sara Costa

Joana Costa

Catarina Ribeiro

PSICÓLOGOS DE CrIaNÇaS

Sandra Teixeira

PSICÓLOGOS FOrENSES

Sónia Martins

PSICOTEraPEUTaS

José Miguez

Piedade Vieitas

Joana Soares

Teresa Espassandim

Catarina Mota

Sónia Meire

Manuel Machado

Sara Marinheiro

NEUrOTEraPEUTaS

POr NEUrOFEEDBaCK

Francisco Marques Teixeira

Joana Melo e Castro

Ana Aguiar Monteiro

EqUIPa aDMINISTraTIVaSECrETarIaDO Da GESTÃO

Paula Montenegro

rECECIONISTaS

Ana Barbosa

Vânia Faria

RUA AGOSTINHO DE CAMPOS, 1734200-017 PORTO – TEL. 225101874

Neurobios – iNstituto de NeurociêNcias, diagNóstico e reabilitação iNtegrada, lda

30 Perspetivas Fevereiro 2016

Prof. Dr. Borges de Sousa – Osteopata Saúde

O impacto da Osteopatia na crise Portuguesa, no contexto socioeconómico da saúde para um Envelhecimento Saudável.

Um dos grandes êxitos do século XX

foi o aumento da longevidade, devido

aos benefícios médico-sociais, económi-

cos, políticos e culturais que favorece-

ram o bem-estar social e a qualidade de

vida das populações. Uma longevidade

que, no século presente, chega a uma es-

perança de vida em média de 70 a 80

anos, contribuindo também para uma

mudança demográfica.

Ao analisar-se a evolução da população

idosa em Portugal nos próximos 34 anos e

o seu impacto na sociedade portuguesa,

segundo os dados do INE, em 2013, a po-

pulação portuguesa em geral era de

10.640855 habitantes. Segundo os dados

do Eurostat, Portugal será um dos países

da União Europeia com maior percenta-

gem de idosos e menor percentagem de

população ativa em 2050.

Isto demonstra o aumento dos idosos

na população portuguesa, o que se tra-

duz num maior número de problemas

de longa duração e com frequentes dis-

pêndios económicos de intervenção, en-

volvendo tecnologia complexa para um

cuidado adequado. Segundo estudos efe-

tuados, a Osteoartrose afeta três mi-

lhões de portugueses, ou seja, um terço

da população portuguesa.

Esta é uma preocupação do Estado,

como também dos responsáveis da saúde,

investigadores e profissionais e basta sa-

ber as conclusões do relatório “O estado

da reumatologia em Portugal”, que afirma

que as doenças reumáticas são o principal

motivo de dor e incapacidade, são as que

originam o maior número de consultas

médicas e as que representam o mais avul-

tado dispêndio terapêutico, são as que lide-

ram as causas de ausência esporádica ou

definitiva do trabalho e que importa aler-

tar a sociedade acerca desta situação, de

modo a que os doentes vejam as suas

doenças melhor diagnosticadas e tratadas.

O Estudo Epidemiológico das Doen-

ças Reumáticas em Portugal (EpiReu-

maPT), de 22 de setembro de 2014, con-

clui que as Lombalgias, Artroses e a pa-

tologia Periarticular fazem parte das

principais queixas dos doentes, repre-

sentando 70% das queixas que levam os

utentes ao médico de família. Segundo o

estudo de Raquel Lucas, juntamente

com Maria Teresa Monjardino, “O Es-

tado da Reumatologia em Portugal”, ve-

rificam-se as seguintes percentagens:

Artrite Reumatóide com 3%, Espondili-

te Anquilosante com 3%, Fibrmialgia

com 2%, Osteoartrose do joelho com

3,8%, Osteoartrose da anca com 1,3%,

Cervicalgias e lombalgias com 10% e

Raquialgias com 8%.

O Prof. Paul Emery, Presidente da

Liga Europeia contra o Reumatismo -

EULAR, afirmou que as doenças reu-

máticas e músculo-esqueléticas deve-

riam ser reconhecidas como um dos

mais importantes desafios de saúde pú-

blica, devido à enorme sobrecarga que

estas doenças acarretam para a vida das

pessoas, para os sistemas sociais e de saú-

de e, consequentemente, para toda a eco-

nomia, uma vez que provocam um encar-

go económico superior a 240 biliões de eu-

ros por ano aos orçamentos dos Estados

Membros da U.E. Isto demonstra bem

que as doenças osteomusculares são as

patologias crónicas que, além de terem

um maior impacto negativo na qualida-

de de vida do indivíduo, são a primeira

causa de consumo de cuidados de saúde

e de incapacidade nos indivíduos com

maior longevidade. Elas afetam o dia-a-

-dia em cerca de 80% dos doentes que

vão à consulta externa.

Estes números são inegáveis e os ido-

sos são potenciais consumidores de gas-

tos de saúde. Assim, Portugal terá de

procurar outras formas de tratamento

eficaz para estas patologias, como afir-

ma o Prof. Doutor José António Pereira

da Silva, Chefe dos Serviços de Reuma-

tologia dos Hospitais da Universidade

de Coimbra: “Uma vez que o envelheci-

mento da população contribui para o de-

senvolvimento de mais doenças cróni-

cas, são necessários tratamentos mais

eficazes”, o que quer dizer que há que

oferecer aos idosos a possibilidade de re-

correrem a outros tratamentos, de

modo a proporcionar o melhor bem-es-

tar. Ou seja, terapias que atuem no me-

canismo osteomuscular degenerado e

que sejam menos agressivas e mais efi-

cazes do que os tratamentos convencio-

nais.

Importa não confundir envelheci-

mento com doenças que podem ocorrer

na velhice, conforme salienta o Prof.

Doutor L.R. Stigler Marczyk: “A distin-

ção é extremamente importante para

não cometermos o erro de atribuir ao

envelhecimento todo o tipo de alteração

encontrada do idoso, impedindo o diag-

nóstico de patologias passíveis de cura e,

ao outro extremo, confundirmos altera-

ções normais do desenvolvimento como

patologias, levando a exames e trata-

mentos desnecessários.”

Neste Contexto, a Osteopatia ofere-

ce uma mais-valia, na medida em que

o seu objetivo no ser humano é imple-

mentar a prevenção e o retardamento

das degenerações osteomusculares de

origem mecânica. O tratamento Os-

teopático, diferente de qualquer outra

terapia, sendo menos agressivo e me-

lhor tolerado, visa melhorar a quali-

dade de vida das pessoas com os se-

guintes benefícios: aplicação em qual-

quer idade, melhoria da postura, re-

tardamento dos sistemas de desgaste

articular, eliminação da dor nos pro-

blemas osteomusculares de origem

mecânica, melhoria da mobilidade ar-

ticular e estímulo à força e à flexibili-

dade.

As técnicas Osteopáticas não têm

efeitos secundários, são bastantes efi-

cazes, conforme tem vindo a ser de-

monstrado por estudos, e são muito

mais económicas porque não usam

consumíveis. Num estudo efectuado

por Stanno, citado por A.R.White e

colaboradores, foram analisados os re-

gistos computadorizados de paga-

mentos feitos por Companhias Segu-

radoras a médicos dos Estados Uni-

dos, para o tratamento de dores lom-

bares durante um período de 1 ano

(cerca de 400 mil casos). Verificou-se

que os doentes com dores lombares

tratados pelos meios convencionais

custaram em média mais mil dólares

por cada doente do que os tratados

por manipulações. O estudo de Mea-

dle e colegas revelou uma poupança

de 8 milhões de Libras esterlinas ao

Serviço Nacional de Saúde Britânico,

na utilização das manipulações osteo-

páticas e dieta alimentar, aos doentes

com dores lombares. Outros estudos

efetuados por entidades oficiais de

países da União Europeia e dos Esta-

dos Unidos têm demonstrado não só

os resultados positivos em relação ao

tratamento osteopático, como uma re-

dução de custos na utilização desta te-

rapêutica para determinadas patolo-

gias osteomusculares, patologias

identificadas em 80% dos idosos em

Portugal.

A Ordem dos Médicos de Portugal,

na sua revista editada: out/nov/dezem-

bro de 2002 de 22 de agosto, num arti-

go sobre “Projetos de Diplomas Regu-

ladores do Exercício de “Medicinas Não

Convencionais”, afirma: “A ciência médi-

ca aceita como boas algumas terapêuti-

cas que são praticadas por não médicos,

como é o caso da… ou de técnicas de

manipulação que os osteopatas execu-

tam.” Desde 1996 que também a própria

Organização Mundial de Saúde (OMS)

tem vindo a apelar ao uso de terapias

não convencionais por serem eficazes,

mais económicas e menos agressivas,

conforme diretiva. (WHOM, Março/

Abril de 1996).

Esta temática torna-se mais comple-

xa se pensarmos nos componentes que

constituem os cuidados de saúde – Pre-

ço e Qualidade –, além de que a Osteo-

patia é um método terapêutico bastante

económico. Por recorrer a testes osteo-

páticos simples como meio de diagnósti-

co, não utiliza consumíveis (medicamen-

tos, injetáveis, vacinas etc.) e usa como

tratamento as mãos como instrumento

de trabalho.

Ao considerarmos que a saúde, em ter-

mos absolutos, está ligada a dois grandes

pilares fundamentais – a economia e o se-

tor sócio-educacional -, consideramos

também que qualquer projeto de futuro

deve ter em conta a evolução dos factores

que nos conduzem a uma necessidade do

enquadramento da Osteopatia, isenta de

IVA como os outros profissionais de saúde

em Portugal, para se tornar num modelo

de cuidados de saúde que ofereça mais

bem-estar em beneficio da saúde pública,

melhorando assim a equidade desse pri-

mordial princípio que é a saúde para todos

os portugueses.

Prof. Dr. Borges de Sousa

Osteopata - Cédula Profissional de

Osteopata emitida pela ACSS -

Administração Central do Sistema de Saúde

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