revista elos . março de 2013

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Publicação mensal da Associação Recriar | Ano 01 . nº08 . Março 2013 Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | [email protected] Ruth Honório O Dia do Consumidor Edvar Gimenes Tragédia em Santa Maria Lécio Dornas A renúncia do Papa e os evangélicos

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Publicação da Igreja do RecreioRio de Janeiro . Brazil . Distribuição dirigida ao Recreio e bairros adjacentes

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Publicação mensal da Associação Recriar | Ano 01 . nº08 . Março 2013Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | [email protected]

Ruth Honório

O Dia do ConsumidorEdvar Gimenes

Tragédia em Santa MariaLécio Dornas

A renúncia do Papa e os evangélicos

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 1

Uma publicação mensal da Associação Recriar. É proibida a venda de exemplares. Distribuição gratuita e dirigida.

Diretor executivoWander Ferreira [email protected]

Editor de conteúdoUtahy Caetano dos Santos FilhoMTB [email protected]

PublicidadeCarolina [email protected]

RedaçãoCarolina Carneiro; Marcelo BelchiorDhiego Almeida; Felipe Leão

Colaboraram nesta ediçãoGeorge Heinrichs; Paulo Moura Dercinei Figueiredo; Samuel Rodrigues Rafael Mattos; Lécio Dornas; Josias Bezerra Samuel Rodrigues; Sylvio Macri; Karolyne Reis Marcos Werton; Isaltino Gomes; Raquel Souza Joel Leandro; Wesley Cavalheiro; Edvar Gimenes Ruth Honorio; Paulo Pancote; Joel de BritoJosé Alfredo; William Nogueira

Conselho editorialTamar Souza; Daladier Carlos; Carlos Novaes;Adalberto Sousa; Lília Marianno

Projeto gráficoMarcelo [email protected]

CTP e GráficaEdiouro Gráfica e Editora21. 3882.8230 | [email protected]

Tiragem10.000 exemplaresDistribuição dirigida aos moradores do Recreio,Barra da Tijuca e adjacências

InformaçõesIgreja do RecreioRua Helena Manela, 101 . Recreio21. 2437.3015 Ramais 220 a [email protected]

O conteúdo e informações contidos nas matérias e artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores. É necessária prévia autorização, e devida citação do veículo, para reprodução total ou parcial do conteúdo.

As publicidades veiculadas nesta edição são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes.

. destaques

dest

aque

sElas – o sexo forteUtahy Caetano . Página 26

06 . Kleber Lucas“Meu desejo de servir ao Senhor só aumenta”

14 . Santa MariaEdvar Gimenes | José Alfredo

21 . Morse, Beatles e JesusIsaltino Gomes Coelho Filho

22 . A renúncia do PapaLécio Dornas

25 . Mais vira-latasD. Figueiredo

28 . O lado bom da vidaCinema em casa . Entretenimento

29 . Álcool na adolescênciaRaquel Souza

31 . DesastresKarolyne Reis

35 . Lições do KoheletDercinei Figueiredo

38 . Sobre a solidãoPaulo Pancote

45 . Palavra malditaJosias Bezerra

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2 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Tempo, tempo, tempo...Há pouco mais de um mês, o Brasil foi abalado pela notícia da morte de mais de 200 jovens em uma boate de Santa Maria (RS). Um incêndio causado pela imprudência matou jovens que se divertiam, desafortunadamente, em um alçapão. Muitas imagens foram vistas na televisão, nos jornais e nas revistas. O assunto foi discutido à exaustão país afora. A ira e a indignação dominaram a população brasileira quando se tomou conhecimento da imprevidência (para dizer o mínimo) do dono do estabelecimento, que por não atender normas mínimas de segurança, facilitou a morte de jovens que começavam a viver.

Vi e li muito material jornalístico sobre a tragédia de Santa Maria. Uma foto publicada em Veja, no entanto, me impressionou mais do que todas as outras. A imagem foi captada por um celular às 3h12. 3h15 começou o incêndio que mataria quase todos os capturados na foto. Em três minutos jovens que riam e se divertiam morreriam de forma cruel.

Em Oruro, na Bolívia, um garoto de 14 anos, Kevin Espada, foi ao estádio pela primeira vez. Queria ver seu time, o San José, jogar contra o campeão mundial. Não imaginava que entre o bando de loucos, como a torcida corintiana, orgulhosamente, gosta de se nomear, haveria um doido varrido de verdade. Usando um sinalizador (poderia ser uma bazuca) o torcedor corintiano atinge o garoto e o mata. Minutos antes, o adolescente vibrava com seu time. Logo depois estava morto.

Não temos como saber o que nos acontecerá no minuto seguinte, é bom, por isso mesmo, adotarmos estilo de vida que seja positivo e útil aos que nos cercam.

Cinco lições do kohelet..., de Dercinei Figueiredo é bom texto para lermos e pormos em prática as orientações nele contida. “Aproveitar a vida em boa companhia nos dá a necessária segurança para os dias mais escuros e o privilégio de ter com quem dividir os melhores dias”. Não é um bom toque?

Patrícia Poeta, apresentadora do Jornal Nacional dava entrevista a uma revista. Seu telefone celular tocou. A entrevistadora parou e esperou. Patrícia desligou o telefone e explicou: “Tenho muitas ocupações: sou esposa, mãe, apresentadora e editora do Jornal Nacional. Divido o meu tempo o mais rigidamente que posso para não misturar estações”.

Não somos, todos, pessoas atarefadíssimas. Os que são devem procurar organizar o tempo da melhor forma possível. Família precisa de cuidado, atenção, tempo disponível. A justificativa tola de alguns pais, “estou ganhando dinheiro para dar mais conforto para vocês”, pode custar caríssimo em futuro próximo.

Raquel Souza, também em texto desta revista (Álcool na adolescência: inimigo silencioso), diz: “...ser exposto precocemente a substâncias químicas contribui para o surgimento de doenças emocionais e físicas”. Esta é uma orientação a ser dada pelos pais. Estas orientações não são dadas quando os pais deixam de investir tempo no acompanhamento dos filhos.

Elos chega ao n0 8. Chega bem, cheia de vigor e com muito para mostrar. Leia sua revista com atenção e critique-nos. Aqui não há sensíveis. Diga o que você pensa da revista. Melhoraremos com sua opinião.

Utahy SantosEditor de conteúdo . [email protected]

edito

rial

editorial .

Reprodução internet

Violência contrapoliciaisJ.R. Guzzo escreve na última página de Veja, quinzenalmente. Em 30 de janeiro, Guzzo escreveu sobre violência contra policiais. Um trecho de seu texto:

“Se nada piorar neste ano de 2013, cerca de 250 policiais serão assassinados no Brasil até o próximo dia 31 de dezembro. É uma história de horror, sem paralelo em nenhum país do mundo civilizado. Mas estes foram os números de 2012, com as variações devidas às diferenças nos critérios de contagem, e não há nenhuma razão para imaginar que as coisas fiquem melhores em 2013 – ao contrário, o fato de que um agente de polícia é morto a cada 35 horas por criminosos, em algum lugar do país, é aceito com indiferença cada vez maior pelas autoridades que comandam os policiais e que têm a obrigação de ficar do seu lado. A tendência, assim, é que essa mudança continue sendo considerada a coisa mais natural do mundo – algo que “acontece”, como as chuvas de verão e os engarrafamentos de trânsito todos os dias.

Raramente, hoje em dia, os barões que mandam nos nossos governos, mais as estrelas do mundo intelectual, os meios de comunicação e a sociedade em geral se incomodam em pensar no tamanho desse desastre. Deveriam, todos, estar fazendo justo o contrário, pois o desastre chegou a um extremo incompreensível para qualquer país que não queira ser classificado como selvagem. Na França, para ficar em um exemplo de entendimento rápido, 620 policiais foram assassinados por marginais nos últimos 40 anos.”

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 3

Insidesocal.com

Quando Ronda Rousey tinha 3 anos, seu pai a levou a uma loja de brinquedos para escolher seu presente de aniversário. Ela passou direto pelas estantes de Barbies, princesas e outras coisinhas de menina até achar o que procurava: um boneco do seu tamanho. O brinquedo era uma réplica do lutador americano de wrestling Terrence Gene Bollea, mais conhecido por seu nome artístico Hulk Hogan. Ao chegar em casa, Rondinha socou o Hulk Hogan do jeito que ela tinha visto os meninos nos comerciais da tevê fazerem com o boneco. Pouco tempo depois, ela já havia arrancado o braço do

brinquedo. A maioria dos pais ficaria possessa com o ato de vandalismo, mas não os de Ronda. Sua mãe, AnnMaria, a primeira americana a ganhar um campeonato de judô, em 1984, lembrou de um pequeno truque que resolveu a questão. Ela costurou o braço caído com fio dental, o que foi suficiente para aguentar as novas investidas da pequena Ronda.

Hoje com 25 anos, Ronda é a primeira mulher a fazer parte do plantel do UFC, maior organização de MMA do mundo. Depois de uma carreira de sucesso no judô, inclusive com a medalha de bronze em Pequim, em 2008, ela mudou para o MMA e emplacou uma impressionante série de vitórias. Desde março de 2011, Rousey lutou seis vezes e venceu todos os confrontos por finalização no primeiro round, sempre com chaves de braço, sua marca registrada. A americana costuma tratar cada uma das suas oponentes do jeito que ela tratava o boneco do Hulk Hogan, torcendo e esticando seus braços até deslocá-los ou quebrá-los. “Quando se faz a chave de braço direito, você sente toda a cartilagem, os tendões e os ossos saindo. É bruto, eu sei”, diz ela. (www.revistastatus.com.br/)

350 milhões falando portuguêsAgência Brasil

Português terá 350 milhões de falantes até o final do século, prevê especialista.

Lisboa – Até o final do século 21, os oito países falantes de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) terão uma população de 350 milhões de pessoas – 100 milhões a mais que os atuais cerca de 250 milhões (dos quais mais de 190 milhões são brasileiros).

A conta é de Eugénio Anacoreta Correia, presidente do Conselho de Administração do Observatório da Língua Portuguesa, que funciona em Lisboa. Segundo ele, o número crescente de falantes do idioma é um dos fatores que aumentam o “potencial econômico” da língua.

Em sua opinião, a tendência demográfica – junto com a ascensão econômica de Angola, Brasil e Moçambique, bem como fatores culturais (como a música) e a Copa de Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016 – explicam o “boom do interesse” mundial pelo português, ao falar do aumento da procura por cursos de português em países não lusófonos.

. curta nota

curt

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Mo

re.com

A bela é uma fera

A atriz Audrey Hepburn (1929-1993) foi “ressuscitada” por computação gráfica em um comercial de chocolate da marca Galaxy. A medida reacende a polêmica sobre o uso de celebridades mortas em campanhas publicitárias.

Vinte anos após sua morte, a atriz viaja de ônibus pela costa italiana, enquanto tira um chocolate de sua bolsa e observa

um homem na rua. Como trilha, “Moon River”, música cantada por ela em “Bonequinha de Luxo” (1961).

De acordo com o portal “CBS News”, a autorização do uso da imagem foi dada pelos filhos de Hepburn, que disseram à imprensa norte-americana que a mãe ficaria orgulhosa da campanha, já que “sempre foi uma fã de chocolates”. (www1.folha.uol.com.br)

Comercial ressuscita Audrey Hepburn

4 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Cartas dos leitores [email protected]

Longa vida ao rockMeu nome é Alex Nogueira, sou morador do Recreio e li sobre a matéria referente ao Carnaval. Realmente, o Carnaval é uma festa para desocupados e famintos por dinheiro! Se fosse o Prefeito do Rio de Janeiro, derrubaria aquela zona de encontro de desocupados e não haveria desfile de nada aqui. Não gosto da anarquia promovida por estes bagunceiros. Gostaria de saber o motivo de investir tanta grana em Carnaval? Dinheiro para investir em novas escolas, postos de saúde, consertar o buraco da minha rua que está com vazamento não existe.

[...] O pior é ter que assistir a uma transmissão lixo da Rede Globo, como se entender de Carnaval fosse algo maravilhoso.

Agora, sei o motivo pelo qual os estrangeiros gostam de vir para o Brasil: as mulheres brasileiras. Eles acham que estas mulheres são, em grande maioria, prostitutas. Não faço parte desta palhaçada brasileira, estou preocupado em trabalhar para que meus filhos e netos tenham um bom lugar para viver! O melhor de tudo é que sou fã de Ian Gillan.

Alex [email protected]

Ótima revistaParabéns pela revista! Recebi-a de uma colega de escola. Quando ela me disse que era publicada pela igreja dela só peguei pra não ser maleducado. Guardei a revista na mochila e esqueci.

Minha mãe tem o hábito irritante de olhar minhas coisas, achou a revista e conferiu. Gostou tanto que fiquei curioso. Li e também gostei. Como faço para receber outros números?

Maurício [email protected]

Mudar por quê?Fotografar era complicado, mas prazeroso (Fotografia – arte, profissão e prazer, Elos nº 7, pág. 34). Acreditem, ainda uso máquinas fotográficas de filme. Sei que aos 76 anos é difícil mudar hábitos. Sei usar máquinas digitais, só não tenho interesse.

Adolpho Linhares . Rio de Janeiro

Belo textoMeu nome é Reinaldo, sou católico e catequista de adultos há algumas décadas. Gostaria de parabenizá-lo pelo belo texto produzido pelo senhor sobre a escalada do erotismo (A escalada do erotismo, de Paulo Pancote – Elos 7, pág. 43). Há anos um dos temas que mais procuro enfatizar em minhas aulas com os adultos, chamando a atenção para este tipo de comportamento que a sociedade ocidental, e em especial a nossa, vem tendo, e, as repercussões da infância à vida adulta que o mesmo ocasiona nos homens e principalmente nas mulheres. Devemos enquanto cristãos abordar tal tema com intuito de conscientizar aqueles a quem possamos nos fazer ouvir, e à luz da palavra de Deus resgatar a moral cristã, já tão agredida. Gostaria que o senhor divulgasse seu texto nos mais diversos meios de acesso, facebook, emails, etc, pois vale a pena. Se me autorizar posso colaborar.

A paz de Cristo.

Ronaldo [email protected]

Static diario latercea

Giovanna Chirri, jornalista, é setorista no Vaticano. Normalmente, nada acontece por lá, quando acontece, no entanto...

Chirri cobria uma reunião ordinária que era tão chinfrim que, além dela, só mais três jornalistas estavam presentes.

O ainda papa Bento 16 sacou um pedaço de papel e leu. Anunciava ali a

sua renúncia. Em latim, claro. Quatro jornalistas presentes. Três ficaram com cara de Ahnnn?!?. Giovanna, que entende a língua dos mortos, deu o furo planetário. Virou notícia. Foi a primeira a anunciar a renúncia papal. Conhecia o idioma que ali ainda vive.

Vovó já dizia: “O saber não ocupa lugar”.

Jornalista é notícia

4 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

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carta dos leitores .

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 5

O Dia Mundial dos Direitos do Consumidor é comemorado em 15 de março. Em pensar que tudo começou nos idos dos anos 60, nos Estados Unidos, quando o Presidente John Kennedy reconheceu a importância da proteção dos direitos do consumidor, dentre eles o direito à segurança, à informação e de escolha. No Brasil esses ventos vieram tomar força na Constituição Federal de 1988, reconhecendo a proteção ao consumidor como direito fundamental e princípio da ordem econômica, cabendo ao Estado sua defesa. Este reconhecimento culminou no Código de Defesa do Consumidor - CDC, que entrou em vigor em 1991. Reconhecido internacionalmente como um paradigma na proteção dos consumidores, o CDC estabelece princípios básicos como a proteção da vida e da saúde e da segurança, a educação para o consumo, o direito à informação clara, precisa e adequada, a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva por meio do equilíbrio das relações de consumo.

Mas... o que você tem a ver com isso? Só queremos comprar, não é verdade? Hoje, alguns desses direitos são tão conhecidos por nós que parecem que sempre existiram e

que não há mais nada a mudar. Ao contrário, há muito que exigir, reivindicar. Essa semana tive que solicitar a assistência técnica para conserto de minha máquina de lavar. Depois de um longo desgaste no telefone com a atendente resolvi solicitar que me transferisse para o SAC, ao que me foi respondido: não temos SAC senhora. Inacreditável!

De toda forma o CDC nos proporcionou alguns instrumentos para nossa proteção. Por exemplo, o recall (chamar de volta) é um instrumento apresentado pelo CDC, muito comum ser utilizado em empresas fabricantes de automóveis. O consumidor deve levar o produto defeituoso à loja onde o comprou ou ao representante do fabricante para que seja feita a correção. Quando o problema atingir somente uma peça, o fabricante apenas deve trocar a peça gratuitamente e, se o defeito inutiliza todo o produto, o fornecedor deve substituí-lo por um novo ou simplesmente devolver o dinheiro.

Outra proteção que deu muito que falar foi a do consumidor contra publicidade enganosa e abusiva. É enganosa qualquer publicidade capaz de induzir em erro o consumidor a

respeito da natureza,

características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Um bom exemplo são os panfletos de lançamentos de condomínios apresentando um paisagismo muito bonito que, ao final da obra, simplesmente não existe. Neste caso, cabe ao consumidor o direito que requerer o imóvel conforme lhe foi apresentado na publicidade que o convenceu a comprá-lo. Como você pode ver, essa lei tão nova, 22 anos, reformulou a forma de pensar e de exigir no campo do consumo, valorizando a pessoa do consumidor, mas para tudo isso não se tornar inócuo ou obsoleto é necessário que os consumidores exerçam seus direito de forma consciente e sustentável, ninguém nasce consumista, consumismo é um hábito, elevado a altos níveis afeta não só o consumidor como toda sociedade. Muito consumo, muita utilização dos recursos ambientais, muito lixo, como descartá-lo? Que na celebração do dia do consumidor, cientes dos nossos direitos, possamos utilizá-lo em favor de toda sociedade.

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ruth

mar

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15 de março

Dia do consumidor

Ruth Maria HonorioAdvogada . [email protected]

Devianart.co

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6 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Kleber Lucas ‘Meu desejo de servir ao Senhor só aumenta’

Você nasceu num lar cristão? Como se deu sua conversão?Não nasci num lar cristão, mas minha avó era cristã e alguns tios também. Sempre participávamos de cultos domésticos na casa da avó e sempre que os tios vinham em nossa casa faziam orações.Quando tinha 17 anos, recebi convite de um amigo que havia se convertido. Fui a uma reunião em um lar, na época. Comecei indo ali e logo fui levado pelos jovens à igreja. Foi mais fácil chegar por ali.

Quando e como foi o início da sua carreira?Comecei cantado num coral de jovens da igreja. Ali descobri meu talento. Fui encorajado pelo maestro, fiz um teste e me integrei em um grupo, do qual participei por 6 anos. Foi quando me senti desafiado a começar um trabalho solo e logo recebi o convite da MK, onde estou desde sempre.

Muitas de suas músicas fizeram grande sucesso. Alguma tem história especial para você?Acho que Deus cuida de mim, que, ao longo dos anos, se tornou não apenas a minha história, mas a história de muitas pessoas que

encontro por onde ando. Agora mesmo, enquanto respondo a esta entrevista, estou na França e acabei de receber uma notícia de alguém que encontrou a Cristo ouvindo esta música.

A MK é sua parceira há muitos anos. Qual a importância da gravadora na sua carreira e para a música gospel nacional?Na minha vida, faz muito tempo que deixou de ser apenas uma gravadora e se tornou grande parceira na viabilização do sonho de Deus para mim. Temos um relacionamento familiar.Sobre a música gospel, é a maior e mais estruturada gravadora da América Latina e bem a frente, no cenário internacional, com mais de 20 anos consolidada, representando um segmento que começou discriminado e hoje é respeitada, chamando a atenção de toda mídia secular, pelo excelente resultado alcançado.

Em termos técnicos, a distância entre o gospel e o secular já não existe. Que distâncias ainda precisam ser vencidas e em quais outros aspectos é saudável que elas se mantenham?

Acredito que no nosso papel social, artístico, nossa relevância cultural é ainda o que temos a avançar e serão esses os novos passos.No entanto, acredito que nossa missão sempre estará relacionada com o senhorio de Cristo na história, o estabelecimento do Reino e a glória de Deus. E sobre isso não há negociação. Não somos um segmento hedonista. “O nosso alvo é Cristo”, não negociamos.

Profeta da Esperança é seu mais novo trabalho. Que novidades ele nos traz? Qual sua marca? Como está sendo sua divulgação?Andei pensando bem sobre tudo que tenho feito ao longo dos anos e vi que a mensagem de esperança está inserida em quase todas as minhas músicas. Esse projeto veio reafirmar o que penso sobre Deus e o Evangelho. Sobre a Igreja enquanto comunidade de esperança. Esse tem sido um momento de muitas agendas, muitas viagens e solicitações. No entanto, estou muito certo de que melhor do que fazer a obra de Deus é fazer a obra de Deus, com Deus. Então, todo dia oro para Deus cuidar da minha agenda e ELE tem cuidado.

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entrevista .

6 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Kleber Lucas é um cantor querido pelo público gospel, mas não somente. Sua obra já transpôs as fronteiras do mundo evangélico e

pessoas de vários segmentos o admiram como o grande artista que é. Características marcantes de Kleber são sua simplicidade e

sinceridade. É cantor que vive a letra de suas músicas e entoa com sincera paixão canções que comovem os corações.

Entrevista concedida por email à nossa Redação

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 7

. entrevista

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“acredito que nossa missão sempre estará relacionada

com o senhorio de Cristo na história, o

estabelecimento do Reino e a glória de Deus

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 7

8 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Como está sua agenda para esse ano?Agenda cheia!

Há novos projetos na pauta?Muito motivado. Tenho planos. Só estou esperando a direção. Por enquanto não dá para pensar em muita coisa fora da agenda, que anda frenética.

Você tem participação muita ativa, também, como compositor e produtor dos colegas de selo e, salvo engano, até mesmo fora da MK. Também é membro bastante presente e disponível na igreja. Como concilia o tempo com a família e amigos?Não tenho a pretensão de fazer tudo. Só faço o que consigo fazer. Tenho minhas prioridades e nelas consigo encaixar minhas funções. Sou organizado e parece que dou conta das minhas coisas (risos).

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entrevista .

8 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Por que escolheu a Igreja do Recreio?Um bom Jantar com dr. Gevaerd, meu amigo. Um almoço com o pr. Wander. Umas conversas com a Yvelise, Arolde e Cristina (risos). A oportunidade de participar de uma igreja histórica, com uma teologia saudável de abordagem contemporânea.A igreja tem sido para mim um jardim de esperança. Meu desejo de servir ao Senhor aumentou. Fui renovado na PIB do Recreio. Vejo-me totalmente encaixado na visão que Deus tem dado para a liderança da nossa comunidade e na participação ativa da igreja. Saber que vou ouvir a voz de Deus a cada ministração é simplesmente motivador. Quero que todos os meus amigos façam parte dessa casa de Deus.

“meu desejo de servir ao Senhor aumentou.

Fui renovado na Igreja do Recreio

Fotos enviadas pela Assessoria de Imprensa do Cantor

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 9

Promocional WSF

Sempre que faço palestras ou dou consultoria sobre finança comportamental, as pessoas invariavelmente me perguntam como posso ajudá-las a melhor lidar com o dinheiro? “Por onde começar?” “Há algum bom livro que possa recomendar?” “Como deveriam agir no preparo dos seus filhos para viverem nesse mundo capitalista?” “Qual é o segredo do sucesso?” “Como obter a liberdade financeira?”

Nessas ocasiões sempre me lembro de um pequeno texto que recebi de um aluno na universidade, que tem como título: Ação e Reação. Veja o que diz:

“A vida é como jogar uma bola na parede: / Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul; / Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde; /Se a bola for jogada fraca, ela voltará

fraca; / Se a bola for jogada com força, ela voltará com força. / Por isso, nunca jogue uma bola na vida, se não estiver pronto para recebê-la. / A vida não dá nem empresta. Não se comove nem tem piedade. / Tudo quanto ela faz é retribuir e devolver aquilo que nós lhe oferecemos.”

Sob a égide das finanças comportamentais, ocorre é que a maioria das pessoas não percebe que o importante na vida não é quanto dinheiro você ganha, mas quanto dinheiro você conserva. Aprender a construir a inteligência financeira ajuda a resolver os problemas relacionados com ganhar, gastar e, principalmente, economizar dinheiro. Já o dinheiro administrado sem inteligência financeira desaparece depressa, pois não há qualquer tipo de controle sobre ele.

Se você quer construir um grande edifício, a primeira coisa a fazer é cavar profundamente o terreno e estabelecer sólidos alicerces. Se você vai edificar uma casa, por exemplo, tudo o que tem a fazer é assentá-la numa laje de concreto de pelo menos 30cm. O que ocorre é que a maioria das pessoas, em sua ânsia de enriquecer rápido, tenta construir um grande edifício sobre uma laje de 30cm. O resultado são pessoas vivendo com dificuldades, gastando mais do que ganham, sem conseguir poupar parte da renda ou constituir qualquer tipo de reserva para o futuro, pela simples falta de planejamento.

No Brasil, infelizmente, a educação financeira não faz parte do universo familiar, muito menos do currículo educacional nas escolas.

joel

lean

dro

. joel leandro

Joel LeandroProfessor, especialista em finanças comportamentais . [email protected]

Dinâmicada vida: ação ou reação?Dinâmicada vida: ação ou reação?

10 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

“o dinheiro administrado sem inteligência

financeira desaparece depressa, pois não

há qualquer tipo de controle sobre ele

joel

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dro

joel leandro .

Também não é comum aos pais se preocuparem em mostrar aos filhos seu planejamento financeiro doméstico. Observo muitos lares serem destruídos pela má administração das finanças na família. Gente que tinha tudo para dar certo que sem perceber entra num processo de autodestruição provocado por uma má gestão da vida financeira, causado pelo descontrole nos gastos e endividamento excessivo.

O sistema escolar atual não atende a essa necessidade imperiosa de oferecer desde cedo uma boa educação financeira às crianças. Parece não fazer parte da nossa cultura ou será que existem forças ocultas que não incentivam esta prática? Os jovens saem da universidade sem qualquer orientação sobre finança comportamental.

Um dia, diante da realidade de lidar com o seu próprio dinheiro, sem qualquer preparo ou orientação, apenas incentivados pelo consumo

desmedido, acabam totalmente endividados. Alguns decidem que a resposta para seus problemas financeiros está em achar um meio de enriquecer rapidamente. Mas como, diante de tantas dívidas, obrigações financeiras e a falta de planejamento de longo prazo?

Ter consciência da necessidade de planejar a vida financeira para lidar com o seu dinheiro, aprendendo a administrá-lo corretamente é o grande desafio das famílias, hoje.

Para alcançar o equilíbrio financeiro

é preciso respirar plenamente,

no sentido das trocas de ideias,

de sentimentos e de uma melhor

relação com o meio ambiente,

cultivando atitudes saudáveis de

integridade moral e compaixão com

os semelhantes, além de desenvolver

a prática da solidariedade. Devemos

prosperar, sim, mas com equilíbrio

e inteligência. A dinâmica da vida

exige ação e não reação.

Perceba que a vida retribui tão

somente aquilo que lhe oferecemos.

Logo, mudar é preciso. Nesta hora,

nossas atitudes e ações é que farão

toda a diferença. Afinal, a felicidade

não depende do que acontece ao

nosso redor, mas do que acontece

dentro de nós. Desafio você, querido

leitor de Elos, a viver a vida na sua

plenitude. Seja feliz!

“A verdadeira perfeição de um

homem está em descobrir sua

própria imperfeição.” Santo Agostinho

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 11

No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas desde 1992, que teve como propósito promover o debate sobre o tema em todas as esferas sociais, ambientais e políticas em todo o mundo. Além do Dia Mundial, em dezembro de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2013 o Ano Internacional da Cooperação pela Água, em virtude da Resolução A/RES/65/154 (disponível no site UNESCO www.unesco.org). Essa campanha é inédita e só vem demonstrar a importância da água em todo o mundo, não apenas de sua preservação, mas também no acesso para aqueles que são mais necessitados e vivem em condições precárias.

A Campanha Cooperação pela Água 2013 terá como foco cinco objetivos estratégicos:

1. Conscientizar sobre a importância, os benefícios e os desafios da cooperação em questões relacionadas à água;

2. Gerar conhecimento e construir capacidades em prol da cooperação pela água;

3. Provocar ações concretas e inovadoras em prol da cooperação pela água;

4. Fomentar parcerias, diálogo e cooperação pela água como prioridades máximas, mesmo após 2013;

5. Fortalecer a cooperação internacional pela água para abrir caminho para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável defendidos por toda a comunidade que trata sobre água e atendendo às necessidades de todas as sociedades.

A água é um bem precioso e mesmo os que não detêm conhecimento científico podem afirmar que sem água não há vida, não há sobrevivência, não há meios de se preservar a nossa espécie. Por esse motivo é necessário refletir sobre o tema e se envolver de verdade na tentativa de se evitar o pior, a falta d’água. Cada cidadão é responsável por administrar esse recurso escasso e de valor incalculável para o ser humano.

Aproveite esse dia para comemorar e conversar sobre esse tema com seus familiares, amigos, colegas de trabalho ou da faculdade. Reflitam sobre a origem da água que consumimos em nossas residências, de que forma ela é tratada, de que forma podemos economizá-la, como ela é descartada após o uso e de que forma podemos reutilizá-la.

Parabéns, dona água!

William NogueiraAdministrador . [email protected]

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Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 11

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12 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Você já deve ter ouvido alguém se referir à Bíblia como Palavra de Deus. O que significa essa expressão?De acordo com Hebreus 4.12, a Palavra de Deus “é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração”. Isso quer dizer que a Bíblia, como mensagem de Deus ao ser humano, tem poder para quebrantar corações, moldar consciências, transformar o caráter, aprofundar a fé e amadurecer o entendimento. Em outras palavras, quando declaramos que a Bíblia é a Palavra de Deus queremos dizer que nela está registrada a vontade divina para as nossas vidas.

Ao definir a Palavra de Deus, o autor com certeza recordava a conhecida profecia de Isaías: “A relva murcha e cai a sua flor, quando o vento do Senhor sopra sobre eles; o povo não passa de relva. A relva murcha, e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre” (40.8). Diante da Palavra de Deus, tudo se torna efêmero e relativo. Porque somente a Palavra do Senhor permanece.

A maior exaltação à Palavra de Deus está nas páginas do saltério. Trata-se do Salmo 119. É lá que você encontra os mais convincentes e verdadeiros argumentos para confiar na Palavra de Deus e obedecê-la. Entre outras coisas, o salmista afirma: “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (105). A grande virtude da Palavra de Deus é, justamente, servir como iluminada orientação para a conduta humana. Bem-aventurados são aqueles que amam e colocam em prática os ensinos das Sagradas Escrituras.

Para compreender melhor porque chamamos a Bíblia de Palavra de Deus é necessário repassar o significado de três palavras: revelação, inspiração e iluminação.

Revelação é um ato divino. Deus se revela para ser conhecido. Sem que Deus se revelasse, não poderíamos conhecê-lo.

Deus já se revelou de diversas maneiras: através da natureza (Salmo 19.1; Romanos 1.20), da história (Êxodo 20.1), da consciência (Romanos 1.32) e dos discursos proféticos (2Pedro 1.21). A revelação mais completa e perfeita de Deus deu-se através de Jesus Cristo (Hebreus 1.1-2). Lemos no Evangelho de João que o Senhor Jesus veio ao mundo como a própria Palavra de Deus encarnada (1.14).

Inspiração é a capacitação divina dada aos autores das Escrituras para que a revelação fosse registrada com fidelidade. Nesse exato sentido, o apóstolo Paulo faz referência à inspiração da Bíblia: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda a boa obra” (2Timóteo 3.16-17).

O que foi revelado pelo Senhor, através dos seus porta-vozes, servos e profetas — e, por último, por meio de Jesus Cristo e dos apóstolos — precisava ser preservado. Para tanto, Deus capacitou vários escritores, de diversas épocas e contextos sociais distintos, para que a mensagem fosse protegida de acréscimos, cortes ou distorções.

Se a revelação aconteceu como ação divina, o registro da revelação — a Bíblia Sagrada — resultou de uma parceria entre Deus, que a inspirou, e os homens, que a escreveram.

Enfim, iluminação é o auxílio que o Espírito Santo dá ao leitor para compreender a mensagem bíblica e aplicá-la à sua realidade. Afinal, não basta ler a Palavra de Deus. É necessário entender o que ela diz e ensina.

Você já deve ter passado pela experiência de ler alguma passagem das Escrituras e sentir que tal texto, em certo momento, acabou servindo como conforto, motivação e orientação. É o Espírito, o Consolador prometido por Jesus em João 14 e 16, ajudando-o a acolher os efeitos da mensagem divina para a sua vida.

Para encerrar, convém levar em conta quatro observações fundamentais a respeito da Bíblia como Palavra de Deus.

Em primeiro lugar, há uma coerência interna na Bíblia, apesar de ter sido escrita por autores muito diferentes em termos de tempo, cultura, ideologia e classe social. Salomão era rei e sábio. Pedro era um modesto pescador. Paulo era teólogo e missionário. Amós era boiadeiro. E mesmo com esse pluralismo de experiências distintas e diversas cosmovisões, a Bíblia mantém uma unidade inviolável.

Em segundo lugar, a Bíblia é um livro de princípios, e por isso permanece até os dias de hoje com admirável atualidade ao abordar as questões humanas. É claro que, por ter sido escrita em épocas e culturas específicas, a Bíblia possui inúmeras referências a hábitos e costumes que, de certa forma, não podem mais ser aplicados à vida das pessoas do mundo moderno. Ninguém vai obrigar os homens a usarem vestes talares ou as mulheres a não falarem dentro das igrejas só porque há referências sobre tais costumes em textos bíblicos. A Palavra de Deus chega a nós por meio de princípios que servem para todas as pessoas em quaisquer circunstâncias socioculturais — como, por exemplo, os que lemos no Sermão do Monte (Mateus 5-7).

Além disso, a Bíblia não é um tratado de história ou de ciências, e sim a revelação da graça de Deus manifestada através de Jesus Cristo. Por isso, não há nenhuma razão para querer encontrar na Bíblia fórmulas científicas ou informações históricas pormenorizadas. Querer diminuir a importância da ciência em relação à Bíblia, utilizando-se do argumento de que as atuais descobertas

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científicas fazem declarações contrárias às narrativas bíblicas, é repetir erros cometidos pelo cristianismo da Idade Média — que chegou a levar Galileu Galilei aos tribunais por ter afirmado que o planeta Terra girava em torno do Sol, e não o contrário, como afirmavam os inflexíveis dogmas eclesiásticos de então. Do mesmo modo, querer menosprezar a Bíblia em relação à ciência porque não há em seus registros claras referências às novas descobertas científicas, como fazem tantos pensadores e pesquisadores quando tentam ridicularizar as Escrituras, é demonstrar desconhecimento dos reais propósitos do texto bíblico.

Carlos NovaesPastor . [email protected]

a Palavra de Deus

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Em quarto e último lugar, o tema principal das Escrituras é a graça de Deus revelada em Jesus Cristo, ou seja, é a mensagem do Evangelho. O Antigo Testamento traz os sinais que apontam para o Evangelho manifestado por meio de Cristo. E o Novo Testamento trata-se da mensagem do Evangelho em si. A essência da Palavra de Deus, no somatório de todos os livros das Escrituras, é a proclamação do Evangelho. Informações históricas ou culturais registradas na Bíblia assumem um segundo plano quando comparadas à importância e à centralidade do ministério e da mensagem de Jesus Cristo.

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“...os jovens já deixaram a sua música. Cessou o gozo de nosso coração; converteu-se em lamentação a nossa dança...” (Lamentações 5.14-15).

As palavras do profeta foram proferidas em contexto diferente, mas os sentimentos despertados por elas são iguais aos que experimento agora. Refiro-me à tragédia que ceifou a vida de 239 jovens, além de deixar mais de uma centena hospitalizada, em Santa Maria (RS).

Poderia ter sido numa “igreja”, afinal, efeitos especiais também são usados em muitas das programações realizadas em templos. Nelas também, em muitas celebrações, a juventude se aglomera, pula, dança, “enlouquece”, sendo diferente, em alguns casos, somente na linguagem usada: numa a linguagem chamada “religiosa”, noutra, “mundana”.

Templos sem alvará de funcionamento ou com alvará

vencido, igrejas realizando atividade com centenas de pessoas em espaço não autorizado para esse fim ou ainda a falta de atenção para medidas básicas de segurança em espaços ou atividades religiosas são comuns em nosso país. A diferença, em alguns casos, é que na “boate” é balada, na igreja, “embalada”; em Santa Maria a festa era chamada de “agromerado”, em alguns templos bem que poderia ser “igremerados”.

Digo isso porque não vejo como oportuno tirar-se proveito do ocorrido para criticar religiosa ou “moralistamente” o objetivo do evento no qual a tragédia ocorreu em Santa Maria ou discutir os motivos e objetivos dos que lá estavam. Isso é relevante, mas não no contexto de tragédia.

Se alguma crítica deve ser feita e isso no tempo oportuno, que seja pela imprudência dos que teriam permitido a entrada de mais pessoas

do que deveria; pela falta de penalização, por parte dos órgãos públicos, pelo funcionamento com alvará vencido; por extintores de incêndio que não funcionaram ou mesmo pelo uso de pirotecnia de maneira imprudente e ilegal. Reconhecendo, porém, que isso também acontece em templos religiosos, campos de futebol e em quase tudo mais em nosso país.

Lamento pelos jovens que partiram.

Lamento pelo sofrimento de familiares e amigos.

Lamento pelo potencial perdido pelo país.

Lamento porque não aprovamos medidas adequadas e quando aprovamos não as cumprimos nem penalizamos os (ir) responsáveis.

Lamento porque, quando o assunto deixar de render audiência à televisão, tudo cairá no esquecimento e continuaremos na indisciplina, na ilegalidade e na impunidade.

Lamento. Lamento. Lamento.

Edvar GimenesPastor . [email protected]

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No dia 27 de janeiro de 2013, o Brasil acordou com o noticiário sobre uma das maiores tragédias causadas por incêndio da história. Entre 2 e 3 horas da madrugada daquele domingo, mais de duas centenas de jovens haviam perdido suas vidas devido ao incêndio na boate KISS. Segundo investigações da policia, três fatores foram determinantes para que mais de 200 jovens morressem: O artefato pirotécnico; Apenas uma porta de saída; O excesso de pessoas.

Infelizmente, todos estamos sujeitos a perigos inerentes pelo fato de vivermos em sociedade. Quer seja em nosso trabalho, escola, residência, clube, igreja, etc, na maioria das vezes estamos juntos com outras pessoas e “confinados” num mesmo espaço que pode oferecer alguns perigos os quais julgamos pouco prováveis de acontecer. A maioria de nós trabalha, estuda e reside em edificações verticais com mais de 12 andares, próprio das metrópoles.

Entretanto não observamos que estas edificações possuem alguns equipamentos que estão ali para proteger nossas vidas e nos dar a segurança necessária para desocupar a edificação, caso seja necessário.

Seguem algumas dicas que devemos observar sempre que estivermos nessas edificações, quer seja em casa, no trabalho, no shopping ou em qualquer lugar.

Locais públicosObserve sempre onde está a escada de incêndio. Ela é projetada para suportar a população toda do prédio quando a mesma estiver descendo durante 1 hora com o prédio em chamas

Em caso de desocupação do prédio, sempre desça e nunca suba, pois o fogo sempre irá para os andares superiores.

Em prédios com grandes corporações sempre existe a brigada contra incêndio. Obedeça as suas orientações

Em caso de emergência, nunca use os elevadores, sempre as escadas.

Na residênciaVerifique se o seu andar e garagem possuem extintores de incêndio e se estão devidamente sinalizados. Caso não possuam, verifique junto à administração do prédio as providências;

Verifique se existe caixa de incêndio com mangueiras e esguicho. Caso contrário, cobre da administração as providências para equipá-la;

Verifique junto à administração se as bombas de incêndio do prédio estão operacionais. Caso contrário, exija que uma empresa credenciada pelo Corpo de Bombeiro (CBMERJ) faça o reparo;

Verifique se na escada de incêndio as portas fecham totalmente, entretanto as mesmas não podem ter qualquer dispositivo para trancá-las;

Verifique se existe iluminação de emergência autônoma na escada de incêndio.

Por fim, mesmo com todas essas dicas, seu vizinho pode não ser tão previdente, vale a pena pensar também num seguro. Até a próxima.

José Alfredo PinheiroEngenheiro mecânico, gerente de projetos . [email protected]

Fotos sobrepostas: Agência Brasil

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Numa sociedade cada vez mais tecnológica, ouvir a palavra conexão se tornou comum. Mas o que é conexão? Segundo o dicionário Aurélio: é a relação ou união de algo.

Quero usar essa palavra para abordar a relação de filhos (as) adolescentes e pais, mas pode servir também para outras esferas de relacionamento.

Uma conexão se estabelece quando vai além de palavras, pois é mais do que a transmissão de uma mensagem, é quando agregamos valor ao filho ou ao pai, através de demonstrações verbais e não-verbais. Demonstramos que o outro é importante. Estabelece-se quando temos a iniciativa de iniciar uma conversa, por mais difícil que seja; quando nos esforçamos para ser transparentes em nossos pensamentos sem destruir a estima do outro, mais com o objetivo de demonstrar o interesse de estabelecer ou restabelecer uma conexão que certamente nos ajudará a desfrutar melhor dessa relação.

No Brasil, temos cerca de 20 milhões de adolescentes. Convivo com eles e ouço reclamações da parte deles que os pais não investem tempo neles. No entanto, não podemos esquecer, e muito menos deixar de ensinar, que uma conexão se dá através de um esforço mútuo.

Observei que os filhos não são diferentes dos pais. Eles têm dificuldade de abrir mão de um encontro com seus amigos na praia, no shopping ou na igreja para simplesmente curtirem a vida com seus pais, que também almejam essa conexão.

Marcos WertonPastor de Adolescentes . [email protected]

Adolescentes

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uma conexão

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São numerosos os casos de filhos e pais que sofrem pela falta de conexão. Em algumas situações estão dentro da mesma casa, até se comunicam, mas não estabelecem uma conexão.

A parábola contada por Jesus em Lucas 15.11-32 e que se tornou tão conhecida no mundo, através da Bíblia Sagrada, e que inspirou o brilhante pintor Rembrandt Harmenszoon van Rijn, em 1662, a pintar um lindo quadro chamado de o filho pródigo, contém o registro de uma falta de conexão entre filho e pai. Ou melhor, de filhos e pai. O filho mais novo tinha o foco somente em seus desejos e prazeres e o mais velho até se comunicava com seu pai, mas isso não era suficiente para uma conexão. Como consequência, os dois não desfrutaram, em profundidade, do imenso amor daquele pai.

No desenvolvimento dessa linda história, Jesus conta que o comportamento de ambos os filhos

não impediu que o pai: “Suportasse com enorme paciência a tremenda perda de honra, bem como a dor de ter seu amor rejeitado, de ir em direção a seus filhos em diferentes situações. Ao filho mais novo, espera na porta da cidade para recebê-lo de volta. Ao mais velho, convida para o banquete, pois ele estava resistente porque o pai havia perdoado seu irmão mais novo” (O Deus pródigo, de Timothy Keller, best-seller do The New York Times).

É extasiante ver o amor desse pai atuando no desejo de estabelecer e restabelecer uma conexão que certamente vai além de palavras.

Compreendo que da mesma maneira que filhos desconectam-se dos pais, pais desconectam-se dos filhos. Homens e mulheres que ilusoriamente estão em ambiente em que parecem ter o controle de tudo, menos dos impulsos destrutivos da conexão com seus filhos. Enxergam tudo tão bem, menos seus filhos.

Como resultado dessa falta de conexão, deixam seus filhos surdos em relação a suas palavras. E, infelizmente, há o risco de se ver adolescentes enfrentando gravidez precoce e o uso de drogas.

Precisamos que filhos e pais se esforcem para ir em direção uns aos outros com o forte e ardente desejo no coração de irem além da comunicação, a fim de chegarem a uma real conexão. Sem preocupação com débitos e créditos. Simplesmente amor pelo amor.

Somente com uma real conexão entre pais e filhos veremos as ondas do amor, da misericórdia e da compaixão inundarem corações e, como conseqüência, transbordarem na sociedade.

Parafraseando o pastor batista Martin Luther King Jr.: “Eu também tenho um sonho, ver adolescentes e pais estabelecendo fortes conexões baseadas em amor e unidade”.

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Rubem Braga e o texto eleganteAI DE TI, CoPACABANA, Rubem Braga, Editora Record.

No email com o texto de sua colaboração para a edição de março, pr. Sylvio Macri fez uma recomendação: “Sugiro que leia o resto da crônica de Rubem Braga, que se identifica com o padeiro”. Em sua colaboração para a revista, o pr. Macri usou parte da crônica O padeiro, de Braga. O mestre mandou, abri Ai de ti, Copacabana e reli pela enésima vez as crônicas de Rubem Braga.

O pr. Macri me faz reparar uma injustiça. Rubem Braga nasceu em 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim (ES) e eu, desatento, deixei passar a data sem lembrar o centenário do mestre maior de um gênero literário que alguns insistem em considerar menor. Aliás, Rubem Braga acabou com essa impressão errônea. E é justamente considerado um dos maiores escritores do país sem jamais ter escrito um romance.

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Rubem Braga começou em jornal ainda adolescente, viajou pelo mundo, foi correspondente de guerra e fixou-se no Rio de Janeiro. Ai de ti, Copacabana contém crônicas escritas de abril de 1955 a fevereiro de 1960. Originalmente, estas crônicas foram publicadas no Diário de Notícias, Correio da Manhã, O Globo, Manchete e Mundo Ilustrado.

Ler Rubem Braga em 2013 é uma delícia. Crônicas como Os portugueses e o navio nos levam a um Rio de Janeiro que abrigava milhares de portugueses empobrecidos pela ditadura Salazar; A casa é texto sombrio; Romance policial carioca tem construção genial. Todas as crônicas de Rubem Braga encerram um mistério: são rebuscadas, sofisticadas e, ao mesmo tempo, escritas com simplicidade absoluta.

Alexandre Pato, jogador do Corínthians, recebeu um passe longo, em profundidade. Ele corria pela faixa esquerda do gramado, olhou a bola vindo pelo alto em sua direção. Sem voltar a olhar para a pelota e sem diminuir a velocidade da corrida, com o pé direito dominou-a sem deixá-la escapar 1cm. Jogada dificílima de ser executada e ele a fez sem demonstrar a menor dificuldade.

Rubem Braga foi assim: produzia textos geniais sem nunca dar pinta de sua genialidade.

O caderno Prosa, de O Globo, publicou texto muito bom. O crítico Mark O’Connell conta a história da irlandesa Amanda McKittrick Ros, considerada a “pior escritora de todos os tempos”.

Uma mostra do texto de Amanda: “Ela se esforçou para se manter estranha à modesta renda de seu velho pobre pai pelo uso da melhor produção de aço, cujo corte duro observava a cobertura com forte ganância, e oferecia sua flecha afiada às fábricas de tecidos de linho fino sem defeitos”. Esta é uma fala de Delina, um

personagem. O’Connell traduz: “Delina trabalhou como

costureira para não viver à custa do pai”.

Amanda McKittrick Ros escreveu no final do século 19.

Muitos ainda escrevem desta forma. Empolam

as palavras de tal maneira que ninguém entende o que estão escrevendo e têm a convicção de dominar o idioma com maestria.

A pior escritora do mundo

oddbooks.co.uk

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Quem lembra do filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, com Robin Williams? O enredo conta a história de uma sociedade formada por alunos de uma tradicional escola secundária americana. Eles se reuniam, à noite, numa espécie de caverna, para declamar poesias e refletir sobre as suas mensagens. Naquela época, os pais, e em geral a sociedade, não dedicavam atenção especial ao gênero poético, provavelmente por ser maior o clima de racionalidade científica herdada do século dezenove. O estudo de então visava a manter em alta as ciências, as matemáticas e as leis.O resumo do filme revela um ex-aluno, e depois professor convidado, John Keating que, contrariando as expectativas dos pais e dos diretores do estabelecimento, inicia uma pedagogia libertária, envolvendo os alunos no questionamento à cega obediência aos objetivos do ensino. Tal iniciativa lhes fez surgir a capacidade de reflexão e de julgamento responsável quanto aos valores da vida e ao exercício da liberdade, enquanto livres pensadores, em vez de somente reproduzir conteúdos. Neste ponto, eles se viram imersos no mundo da poesia, na máxima aplicação do “Carpe Diem” (aproveite o dia).Esta introdução vem a propósito do Dia Nacional da Poesia, evento comemorado todo ano no Brasil em 14 de março. A definição de poesia pode variar de pessoa para pessoa, dependendo do seu nível de consciência acerca dos fatos gerais, pessoais, enfim, da sua visão particular de mundo. Na verdade, penso que o poeta é um generalista da palavra, ou seja, aquele sujeito para quem toda fala – a própria ou a de um outro sujeito – captura, apreende um significado, traz alguma ideia, dá o sentido a certa emoção, diz algo que para ele tem especial importância, não importa se quem fala é rico ou pobre, tem ou não cultura poética. Essa fala costuma descrever um repertório ora de alegrias, ora de tristezas, ou de expectativas, de enigmas e questionamentos. Nesta variedade de aparências, o poeta define o trânsito da sua trajetória poética, ou seja, o estilo da sua preferência, o que penso ser válido para todas as épocas e todos os poetas.Um poema pode, por exemplo, convidar o leitor a uma

compreensão de sentimentos íntimos, com toques líricos. Aliás, a lira, denominação antiga da harpa, era um instrumento cuja sensibilidade sonora evocava o despojamento da alma, um derramar de si. Os versos também podem tratar da crueza da realidade da existência, percutindo no leitor os tons trágicos do sofrimento, da maldade humana, da indiferença e de tantos outros aspectos. A poesia pode ainda penetrar a realidade política do contrato social, desde a crítica aos infortúnios dos miseráveis à opulência de toda ordem ostentada por poderosos.Em outra dimensão, a Bíblia Sagrada tem exemplos magníficos de pura poesia, tal como encontramos no “Cântico de Débora” (Juízes 5), “Cântico de Moisés” (Êxodo 15). No livro de Eclesiastes, temos uma descrição excepcional e bastante profunda de sabedoria humana em prosa poética, isto é, a descrição livre da experiência de vida e dos sentimentos do autor. Os poetas mais antigos, desde a idade média, e mesmo muito antes, já produziam poesia de variados estilos, tais como a Sátira (espécie de crítica moral dos costumes), a Épica (narrativa dos grandes empreendimentos e da arte da guerra), a Elegíaca (de natureza triste e melancólica), a Pastoral ou Pastoril (cantos rústicos dedicados aos costumes da vida rural). Por outro aspecto, dá-se o nome de Poética ao tratado da versificação, compreendendo isto o conjunto de recursos estilísticos do poema no que diz respeito à técnica do verso (a métrica, a rima, as estrofes) e ainda quanto ao soneto e à trova.Em nossos dias, a poesia é livre das amarras e dos rigores da versificação, talvez sob o argumento de o poeta poder trabalhar os seus sentimentos com mais liberdade. A poesia, finalmente, é literatura, à medida que propõe a narrativa, através de versos, de realidades e de sentimentos humanos. No mundo inteiro e em todas as épocas houve e há poetas notáveis. Apenas para nos deter no caso brasileiro, lembramos de Castro Alves, Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Thiago de Melo, além de muitos outros.Poesia é vida!

Todas as poesias

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Reprodução internet

Daladier CarlosPsicólogo e escritor . [email protected]

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Rubem Braga, inventor da moderna crônica brasileira e um dos maiores escritores brasileiros, escreveu cerca de 15 mil crônicas. Uma das mais famosas é “O padeiro”, da qual transcrevo um trecho: “ (....) enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: – Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? «Então você não é ninguém?» Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: «não é ninguém, não senhora, é o padeiro». Assim ficara sabendo que não era ninguém...”

Fernando Braga da Costa, doutor em Psicologia, trabalhou por anos como gari. Tudo começou com um trabalho de Psicologia Social, que cursava na USP, cuja proposta era assumir uma profissão própria das classes pobres. Ele escolheu ser gari da USP. O que descobriu resultou no livro Homens Invisíveis – Relatos de uma Humilhação Social, em que desenvolve o conceito de “invisibilidade pública”: profissionais como faxineiros, ascensoristas, empacotadores e garis não são “vistos” pela sociedade, que enxerga a função, não a pessoa, num processo de reificação (coisificação).

Ele sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. Com Antônio, colega gari, passou por dentro do prédio do Instituto de Psicologia, onde fazia o seu mestrado, e não foi reconhecido por nenhum dos colegas de classe e professores. “Foi surpreendente. Eu era um uniforme que perambulava: estava invisível, assim como Antônio. Saindo do prédio, estava inquieto; era perturbadora a anestesia dos outros, a percepção social neutralizada”.

Joshua Bell é um dos maiores violinistas do mundo. Convidado por um jornalista do The Washington Post, postou-se no acesso de uma das estações do Metrô de Washington, e por 43 minutos tocou peças de Bach em seu violino Stradivarius de quase US$ 4 milhões. Nesse tempo passaram ali 1.097 pessoas, das quais apenas 7 pararam para ouvi-lo, e só uma o reconheceu. Pela apresentação, arrecadou US$ 52,17. Dois dias antes tinha lotado um teatro em Boston, com ingressos ao preço médio de US$ 100,00.

Mark Johnson e Enzo Buono percorreram as ruas do mundo gravando sempre uma mesma canção com músicos de rua e outros, com a finalidade de inspirar, conectar e trazer paz ao mundo através da música. Revelaram ao mundo músicos de alta qualidade que de outra forma jamais seriam conhecidos além das ruas em que tocavam, como Grandpa Elliot, de Nova Orleans. Assim nasceu o projeto Playing for Change, que virou fundação e já construiu e mantém sete escolas de música para crianças em países pobres.

Maria, hoje membro de uma pequena igreja, pertenceu a uma grande igreja na mesma região. Resolveu transferir-se quando cansou de ser invisível nesta última; só umas poucas pessoas a reconheciam e cumprimentavam. Na nova igreja seus talentos foram descobertos e desenvolvidos, inclusive uma linda voz, e ela agora faz parte da liderança.

Todos temos um certo potencial de invisibilidade (por exemplo, numa festa qualquer não esperamos ser reconhecidos por todos), mas ser visto como uma coisa, um número, uma função, é extremamente perturbador e aniquilador. Segundo Fernando Braga da Costa não são os outros que são invisíveis; nós é que somos cegos por nossos preconceitos, medos, cultura institucional ou conveniência pessoal, e mudar isso compete a cada de um de nós. Olhe em redor e veja quantas pessoas lhe são invisíveis e como você tem sido cego.

À pergunta do mestre da lei a Jesus – Quem é o meu próximo? – poderíamos responder: seu próximo é aquele que precisa desesperadamente ser visto por você. Vê-lo é um modo de amá-lo.

Sylvio MacriPastor . [email protected]

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Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 21

Isaltino GomesPastor . [email protected]

Reprodução internet

Quando Samuel Morse inventou o telégrafo, há mais de um século, comentou: “Como Deus deve ter ficado perturbado!”. Hoje, o telégrafo é vencido pelo fax, pelo e-mail e outros. Se Morse fosse vivo, como ficaria perturbado! Sua invenção, que ele julgava tão fantástica, é nula, e Deus segue imperturbável. E o cristianismo cresce, mais que em qualquer época.

Um beatle disse certa vez que eram mais famosos que Jesus e que o cristianismo desapareceria. Há uns dez anos, mencionei os Beatles a um adolescente. Ele me perguntou: “Quem?”.

Morse e os Beatles se foram. Deus e Jesus continuam.

Na obra Quem precisa de Deus?, o rabino Kushner ressalta a singularidade do cristianismo. As demais religiões, diz ele, vêm da mesma situação: havia uma comunidade que desenvolveu ideias para entender e sacralizar o mundo. Elas surgiram como esforço das sociedades em explicar o mundo. Mas diz ele: “O

cristianismo é a mais notável exceção a esta regra: a ideia existia antes da comunidade, e as pessoas tornavam-se cristãs, aceitando-a, razão pela qual as afirmações sobre Deus ficam mais em evidência no cristianismo do que na maior parte das religiões”. Este é o testemunho de um judeu.

Para o rabino, no cristianismo havia uma Pessoa, antes dos fiéis. Eles não criaram a sua fé, mas a Pessoa os ajuntou em uma comunidade. Jesus disse isto: “Quando eu for levantado da terra, todos atrairei a mim” (Jo 12.32). Nossa fé se centra numa pessoa, Jesus de Nazaré, que dividiu o mundo em antes e depois de si. Os Beatles e Morse não fizeram isso. Só sessentões e saudosistas se lembram dos Beatles. Não sei se ainda usam o código Morse. Mas Morse e os Beatles morreram e o mundo continuou o mesmo. Quando Jesus morreu, nunca mais o mundo foi o mesmo. Ele é Único. Os outros não lhe chegam aos pés. É covardia comparar-lhe qualquer um.

Num tempo de tecnologia e de culto à ciência, a fé em Jesus e crença na Bíblia são zombadas. Ateus e céticos se julgam intelectuais e desdenham da fé, dizendo-a tolice, e veem as pessoas religiosas como indigentes mentais. Mas nossa fé não é fé em alguma coisa. É Nele. No Único. Não numa ideologia, mas numa Pessoa que nunca foi superada por alguém, e que permanece para sempre.

O cristianismo não é uma novidade. Tem resistido à hostilidade há dois milênios. Os primeiros cristãos foram perseguidos. Depois, a Igreja se corrompeu ao se ligar ao Estado. Isto desmoralizou o evangelho. Mas nem isto, nem o mau testemunho, nem o grotesco e ganância de alguns grupos, têm diminuído o impacto de Jesus no mundo. O mundo nunca se livrará dele.

Críticos e adversários ficam. Falsos cristãos somem. Jesus continua. Nome algum se ombreia a ele. Vale a pena crer nele.

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Morse, Beatles e Jesus

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 21

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Lécio DornasPastor, educador e autor . [email protected]

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a renúncia doPapa e osevangélicos do Brasil

a renúncia doPapa e osevangélicos do Brasil

Impactos reflexivos da renúncia do Papa Bento XVI nas denominaçõesevangélicas históricas contemporâneas do Brasil

Notícias Terra.com

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a renúncia doPapa e osevangélicos do Brasil

a renúncia doPapa e osevangélicos do Brasil

Aos 85 anos de idade, 7 anos após assumir, o Papa Bento XVI renuncia à liderança da Igreja Católica, obrigando-a a mergulhar numa experiência que só encontra precedente há mais de 500 anos.

A pergunta presente na mídia é: Por que o Papa renunciou? Problemas de saúde? Idade avançada? Crise espiritual? Problemas políticos na estrutura eclesiástica? Disse Bento XVI que renunciou “para o bem da igreja”, ou seja, o fez para provocar o bem, para possibilitar o bem.

A coisa parece pender para a vertente da crise política no Vaticano. A estrutura eclesiástica parece estar ocupando mais as horas do Papa e consumindo mais sua energia do que o cuidado com o rebanho. Perdida no emaranhado das brigas e jogos de poder em Roma, a igreja racha, colocando de um lado os interessados nas pessoas, em sua fé e vida e, de outro, os obstinados pelo poder, com os olhos na hierarquia eclesial.

O distanciamento das pessoas tem sua consequência agravada com o vislubrar da perda da nova geração; milhões de adolescentes e jovens católicos no mundo que, carentes de pastoreio, cada vez mais decepcionados e menos assistidos, vagam em busca de refúgio. Ou Roma muda, se moderniza e se despolui da fumaça escura do poder, da riqueza e da fama ou assiste ao definhar gradativo, moroso, mas cadenciado e ascendente, de sua imagem e de sua influência na história. Isso, sem entrar nas questões de natureza teológica, que já machucam Roma faz tempo.

Diante do perigo iminente, a renúncia papal soa, por um lado, negociada e orquestrada para dar lugar a uma mudança de rumo urgente e necessária. Mas, por outro lado, bradada por um visionário solitário que, não encontrando apoio e suporte para implementar as mudanças que entende necessárias, grita, através do gesto extremo da renúncia, a necessidade premente de mudança na igreja, sob pena de dor angustiante próxima.

Seja como for, a renúncia de Bento XVI obriga a liderança da Igreja a refletir sobre os seus próximos 20 ou 30 anos, que caminhos precisa trilhar e que transformações políticas estruturais e missionais precisa sofrer, para então discernir quem precisa escolher para ocupar o trono da igreja romana.

Assim, renunciando e saindo de cena, Bento XVI pode entrar para a história como o Papa que mais contribuiu para o progresso e o crescimento da igreja católica, posto ter provocado com sua saída as reflexões que, talvez, esteja encontrando resistências terríveis para ensejar enquanto ocupa o trono papal. Normalmente, em qualquer cenário, um líder consegue, renunciando ao poder, o que nunca conseguiria apegando-se a ele.

Sem dúvida que a igreja romana vai levar um tempo para identificar, discernir e interpretar todos os impactos que a renúncia de Bento XVI já provoca e ainda provocará. Mas, e quanto a igreja evangélica histórica, especialmente no

Brasil, sofrerá algum impacto com esta decisão do Papa?

Algumas reflexões emergem, a partir da análise do que a igreja de Roma enfrenta, no que diz respeito à igreja evangélica histórica no Brasil. Questões seríssimas que, sendo encaradas com coragem, oração e piedade, agora, podem evitar dores amargas logo à frente.

Construo a argumentação a partir de algumas relações facilmente verificáveis nos contextos denominacionais: a relação da militância política com a militância pastoral; a relação da sedução e busca pelo poder denominacional, com a liderança de amor e serviço; a relação das assembleias e reuniões ilusórias e irrelevantes com a vida da igreja local, real e relevante; por fim, a relação do foco no agora liderado pelo ontem, com o do amanhã que precisa ser liderado pelo agora.

Iniciemos pela relação da militância política com a militância pastoral. Onde a igreja acontece, nos plenários das assembleias ou nas casas das pessoas, nas ruas por onde andam e nas mesas onde comem? A igreja romana cresceu tanto que a militância política tornou-se a igreja de muitos.

Corremos o mesmo risco como denominações evangélicas históricas. A igreja de muitos, hoje, já não é a vida das pessoas, mas sim a militância política. Do que as pessoas precisam, como se sentem, por onde andam, não é o que importa. Na pauta, está o debate, o parlamento, as discussões sobre as vírgulas e as semânticas dos Estatutos e dos Regimentos.

O amor, o ardor, o interesse e a dedicação com que debatem nos plenários parecem não encontrar paralelo no trabalho com as pessoas, nas igrejas espalhadas pelo país. Quando a militância política empolga mais que a pastoral, é sinal de que precisamos parar para realinhar a nossa praxis com o Evangelho.

Olhemos, agora, a relação da sedução e a busca pelo poder denominacional com a liderança de amor e serviço. Ela relaciona-se com a anterior. A militância política atrai e empolga muito. É o caminho que dará acesso ao poder nas denominações. Ser reconhecido como líder em uma denominação evangélica satisfaz a sede de poder e afaga o fascínio por ele, o que só se alcança através da militância política. O poder papal, ou poder de Roma, tornou-se mais convidativo do que as lágrimas e as feridas do rebanho.

Sendo assim, um cargo na estrutura de uma denominação é mais importante do que a reputação de um irmão. E o obstinado é capaz de denegrir seu próprio irmão na fé para ser o preferido para uma determinada função ou posição. O cargo deixa de ser uma oportunidade para servir em amor e passa a ser uma chance para se projetar, para se lançar como líder. Então pode ocorrer de líderes inexpressivos que, após serem evidenciados pela estrutura denominacional, acabem até na liderança de grandes igrejas ou mesmo no exercício de cargos denominacionais bem remunerados.

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24 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Tal realidade reflete-se também no contexto da igreja local, onde o serviço de amor voluntário vai se tornando escasso, dando lugar ao desejo de ser remunerado, retribuído ou recompensado. O poder traz riqueza e riqueza traz prestígio. E tudo isso adultera as relações de serviço e de abnegação que devem marcar a igreja.

Agora, vejamos a relação das assembleias e reuniões ilusórias e irrelevantes com a vida da igreja, como comunidade local, real e relevante. Também aqui, trata-se de relação que nasce das anteriores. É notório que as reuniões das Convenções, Supremos Concílios, Presbitérios, Sínodos etc, refletem pouco ou nada na realidade da igreja, como comunidade local e, por conseguinte, na vida dos fiéis. A igreja, como uma comunidade local, é real e relevante. Pelo menos tem a oportunidade de ser. Ela altera a vida das pessoas, faz diferença no cotidiano onde está inserida. Ao contrário das assembleias e reuniões formais das denominações, tão distantes das pessoas.

Os debates intermináveis, discussões sem objetivo acerca de assuntos que sequer serão mencionados nas igrejas, acabam ocupando lugar proeminente na vida das pessoas, iludindo-as, fazendo-as crer que vivendo assim contribuem mais para o Reino de Deus. Tiram os pés do chão ministerial e se deixam enredar pelas ilusões dos plenários e das reuniões pseudorrepresentativas.

Convenhamos, quando a ilusão substitui o real e quando o irrelevante toma o lugar do relevante, algo urgente precisa acontecer. Mudanças de qualidade precisam ser provocadas. Assim não pode continuar.

Por fim, e não menos importante, analisemos a relação do foco no agora liderado pelo ontem, com o do amanhã que precisa ser liderado pelo agora. A igreja de cuja liderança Bento XVI acaba de renunciar, parece ter perdido o time. Deixou passar

o tempo e não acompanhou as mudanças que a sociedade sofreu. É uma espécie de igreja de hoje, dirigida por uma ideologia de ontem, correndo o risco de perder a igreja de amanhã.

Quando uma igreja não acompanha as mudança da história, ficando na sua retaguarda, deixa de atender as demandas do seu tempo. E quando isso acontece, mudanças significativas precisam ser empreendidas para a recuperação do tempo perdido.

O risco que as denominações evangélicas históricas no Brasil

correm é o mesmo. A necessidade de valorizar, capacitar e recepcionar a nova geração é premente, tanto para que a mesma deixe de sentir-se alijada, quanto para oxigenar as relações e as estruturas das máquinas denominacionais.

É fundamental passar o bastão. É importantíssimo receber a nova geração, conviver com ela, influenciá-la e deixar que ela assuma o seu papel de protagonista das histórias denominacionais. Ou isso, ou a repetição do bordão de Roma: o ontem liderando o hoje e comprometendo o amanhã.

Como vemos, a renúncia de Bento XVI tem impactos que reverberam para além do muros do Vaticano; chegando mesmo a repercutir na trajetória das denominações históricas ao redor do mundo e, em particular, no Brasil.

Cresce quem aprende com a história e não quem apenas a conhece. Evolui quem lê a história que acontece e não apenas a que aconteceu. Progride quem sabe que, o tempo todo, a história está acontecendo.

Os tempos trouxeram mudanças. Uma das mais importantes é a que estabelece um novo cronômetro para o aprendizado e para as necessárias avaliações. Não aprendemos hoje apenas com o ontem, mas também com o próprio hoje. Não avaliamos mais no depois, mas no durante.

Que a igreja evangélica histórica contemporânea do Brasil, uma vez impactada pelos fatos que acontecem ao seu redor, avalie-se, transforme-se, repagine-se; evitando assim a renúncia, não de um posto ou posição, mas de uma missão: “Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz” (1Pedro 2.9 – NTLH).

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lécio dornas . “saindo de cena, Bento XVI pode entrar para a história como o

Papa que mais contribuiu para o progresso e o

crescimento da igreja

Estadão

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Período Sé VacanteA renúncia do Papa Bento XVI começou a valer oficialmente às 20h de quinta-feira (28) no Vaticano, 16h de Brasília.

Começou assim o período da Sé Vacante, em que a Igreja Católica fica provisoriamente sem líder – geralmente por conta da morte de um Papa e, neste caso excepcional da renúncia.

O pequeno destacamento da Guarda Suíça, em frente à residência papal no Vaticano, fechou a porta dos aposentos papais, que só voltarão a ser ocupados pelo próximo pontífice. A guarnição que acompanhou Bento XVI à residência papal de Castel Gandolfo se retirou do local. O site do Vaticano também registrou a Sé Vacante.

Bento XVI deixou o Vaticano cerca de três horas antes rumo à residência, onde deve ficar cerca de dois meses.

Depois desse período, o agora Papa Emérito, que vai continuar usando o nome de Bento XVI, vai se estabelecer em um mosteiro no Monte do Vaticano. (http://g1.globo.com/mundo/renuncia)

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Último dia do ano. Última corrida do ano. Se você acha que é fácil manter meu corpinho de lutador de sumô, eu o convido a correr comigo seis quilômetros, dia sim, dia não, sem faltar um dia sequer! Corro sozinho, às vezes ouvindo notícia, ora ouvindo música. (Aliás, estou vivendo um momento musical “Tehilim Celtic Rock”.) Entretanto, hoje, tive companhia.

Os bebuns que têm seu lar em um bar na Rua Padre Manoel da Nóbrega, 950, gozam da companhia de um vira-lata que eles alimentam, dessedentam e acarinham. Hoje, entretanto, ele resolveu acompanhar-me. Isso mesmo, passei em frente ao bar e o vira-lata decidiu correr comigo. Ele foi, por 6km, minha fiel e graciosa companhia. Na volta, ao passar novamente em

frente ao bar, ele regressou aos amigos do copo e eu despedi-me agradecido.

Confesso que acordei, com dores não-localizadas, mal-humorado (como sempre) e sem qualquer vontade de levantar, quanto mais de correr. Acho que o vira-lata percebeu que eu precisava de uma mãozinha, digo, patinha, e se compadeceu de mim, que acordei virando latas.

Se os 365 dias de 2013 forem apenas como o último dia de 2012, dar-me-ei por satisfeito. Eu quero a companhia dos vira-latas, destes anjos de pés sujos, inesperados, inspiradores, pelo tempo certo e com gosto de quero mais. Um 2013 cheio de vira-latas para você!

Graça & Força, Sempre!

D. Figueiredo [email protected]

Por mais vira-latas em 2013

Notícias Terra.com

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 25

26 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

A história No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte-americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do

salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres

foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada.

Aproximadamente 130 tecelãs morreram

carbonizadas, num ato totalmente

desumano.

Porém, somente

no ano de

1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas). (www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm)

A evolução Até o final da década de 20 do século passado, mulher não votava. Quase 100 anos depois, o Brasil tem uma presidente do sexo feminino, Dilma Roussef. Chegou à presidência conduzida por Lula, mas...

Disse no primeiro número de Elos: “Não cabe neste espaço detalhar a trajetória da mulher no Brasil, mas recordemos que na entrada do século passado ainda eram comuns os casamentos arranjados. A mulher sequer escolhia seu marido. Mulheres não trabalhavam fora e aquelas que o faziam, ali pelas décadas de 50, 60, não eram bem vistas pela ‘sociedade’. A mulher séria laborava no lar, para marido e filhos. Era incomum mulheres em posição de mando dentro de empresas. Quando acontecia, o preconceito sexista falava alto e grosso e atribuía a conquista feminina a algum envolvimento romântico com alguém poderoso”.

Hoje Daphne, 18 anos, dois filhos de pais diferentes. Trabalha em uma padaria, estuda à noite. A mãe, também sem marido, a ajuda com a criação dos filhos. Daphne, desgostosa com homens, diz que não quer se comprometer mais.

Há alguns anos, eu e minha esposa pegamos um táxi. O taxista, orgulhoso, tinha o automóvel decorado com

fotos do filho, hoje, ator global de sucesso. Na época, dava os primeiros passos, mas já

demonstrava talento. Contracenava com a bela Aline Moraes. O pai nos contou

que o outro filho jogava futebol em Portugal, mas o galã global,

mesmo bom de bola, preferiu ser ator. Um pai orgulhoso e nós o parabenizamos.

Mulher sexo forte

Utahy SantosJornalista . [email protected]

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Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 27

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O tempo passou e li uma entrevista do ator. Ele dizia que só recentemente se acertara com o pai. “Ele nos abandonou e minha mãe nos criou sozinha. Devo tudo a ela”.

A mulher, fisicamente, sempre foi mais resistente do que o homem. Ainda hoje o número de viúvas é bem maior do que o de viúvos. Não cabem mais preconceitos enraizados em nossa tradição machista. Se Graciane Barbosa, esposa do pagodeiro Belo, resolvesse me desafiar para uma luta corporal, eu declinaria. Ela, com certeza, me massacraria.

Sem simplismos, a mulher é hoje mais forte do que era, fisicamente, e, graças às oportunidades que surgiram, disputa ombro a ombro as chances que surgem no mercado.

Não há mais profissões exclusivas de um gênero. Mulheres podiam ser enfermeiras, professoras, secretárias. Isso há apenas 50 anos. Em cinco décadas, as mulheres caminharam muito, e ainda não pararam para descansar.

Apesar das conquistas, Gilberto Dimenstein vê a situação da mulher com pessimismo: “Com 18 anos de atraso, o governo lançou o primeiro balanço sobre a situação da mulher no Brasil. O documento é uma prestação de contas à Organização das Nações Unidas sobre os compromissos assumidos pelo país ao ratificar, em 1984, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW). Entre eles, a publicação de relatórios quadrienais (...) Hoje, 40% das trabalhadoras ocupam posições precárias. E uma mulher é espancada a cada 15 segundos. No governo, as mulheres também não estão em pé de igualdade. Embora ocupem 43,8% dos cargos públicos federais, o índice cai para 13% nos cargos comissionados mais importantes.

(...) O relatório brasileiro para a CEDAW foi preparado por 11 organizações não-governamentais e especialistas de diversas entidades. Entre os avanços registrados, os salários femininos, que passaram de 50% da remuneração masculina, em 1993, para 60%, em 1999. Por outro lado, apenas 10% das mães que trabalham têm acesso a creches (...) nem mesmo as funcionárias do Ministério da Justiça têm esse direito assegurado. Embora o país tenha mais de 5,5 mil municípios, só existem 339 delegacias especializadas no atendimento à mulher e 70 abrigos para vítimas de violência. Na Saúde, houve avanços como a redução expressiva da mortalidade materna e o aumento do número de hospitais que realizam o aborto legal”.

Mulheres e homens podem e devem ser parceiros, companheiros. Não se sustenta mais a ideia de um prevalecer sobre o outro. O casal é capaz de conviver harmonicamente e junto construir uma vida satisfatória.

As diferenças anatômicas obrigam a mulher a ter mais cuidado, principalmente quando muito jovem, exatamente a época em que ninguém é cauteloso. A jovem que engravida sabe que o pai irá embora deixando para ela a responsabilidade de criar a criança. Criança para cuidar, grande dificuldade para estudar. Os empregos que conseguir pagarão salário baixíssimo.

Mulheres e homens podem ser fortes ou fracos. Não é o gênero que determina a característica. Por muitos anos a mulher recebeu a pecha de sexo fraco. Nunca foi. Mulheres são fortes e, apesar de não ter sentido a competição homem X mulher, elas já assumiram seu lugar no mundo de hoje.

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pixar films

Cinema em casa

O lado bom da vida (Silver linings playbook, 2012)

Direção: David o. Russell.Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert DeNiro, Jacki Weaver.

SINoPSE: A trama gira em torno de Pat Solatano (Bradley Cooper), um cara que perdeu tudo - sua casa, seu trabalho e sua esposa. Ele agora vive com sua mãe (Jacki Weaver) e o pai (Robert DeNiro), depois de passar oito meses preso. O homem está determinado a reconstruir sua vida e voltar com sua esposa, apesar das circunstâncias difíceis de sua separação. Porém, quando Pat conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma misteriosa e problemática garota, as coisas se complicam. Tiffany se oferece para ajudar Pat a reconquistar sua esposa, mas somente se ele fizer algo muito importante para ela em troca.

Em anúncio da Sky, um homem diz que a partir do momento que assinou a operadora passou a gostar de outras coisas além de esporte. “Documentários, comédias românticas...”, declara, pimpão, para, a seguir, refugar. “Não, comédia romântica, não”.

Eu gosto de comédia romântica. Daquelas com final feliz. Tenho horror a comédia romântica cabeça (exceção a Brilho eterno de uma mente sem lembranças, de Charlie Kaufman, que para mim é, sim, comédia romântica).

Comédia romântica tem cânones que deve seguir. Casal com química (até mesmo os improváveis Meg Ryan e Billy Cristal, em Harry e Sally); história

bem ajustada e, principalmente, elenco de apoio finíssimo (Notting Hill, Pillow Talk, 50 First Dates, etc.).

Assisti a O lado bom da vida, comédia romântica sem pudor. Elenco maravilhoso (Bradley Cooper, Jennifer Lawrence– Oscar de melhor atriz 2013 – e Robert De Niro), direção segura de David O. Russell, história saborosa e um casal químico.

Críticos fizeram restrições ao previsível final feliz. O personagem de Bradley Cooper dá a pista óbvia do final auspicioso ao declarar que detesta finais soturnos.

Ele e eu. Amarga é a vida.

Quem leu o livro, não espere fidelidade ao texto. A versão cinematográfica é diferente. E é bom que assim seja.

As aventuras de Tintim, 2012Direção: Steven SpielbergElenco: Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig

SINoPSE: Tintim (Jamie Bell) é um jovem repórter, que está sempre atrás de boa matéria. Um dia, ele vê à venda na rua o modelo de um galeão antigo e resolve comprá-lo. Logo dois outros interessados o abordam, querendo adquirir o objeto, mas Tintim não o vende. Ele leva o galeão à sua casa, onde o coloca em destaque. Só que a entrada de um gato faz com que Milu,

seu cachorro, o persiga dentro de casa e, por acidente, derrube

o galeão. Ele fica danificado e um pequeno cilindro sai de

seu interior, sem que Tintim perceba. Logo, Tintim e Milu vão à

biblioteca, onde tentam encontrar mais informações sobre o navio

retratado no modelo. Ao retornar percebem que o galeão foi roubado. Tintim vai até a mansão recentemente comprada pelo doutor Sakharine (Daniel Craig), um dos interessados em comprar o modelo, mas nada descobre. Ao retornar ele encontra o cilindro e percebe que, dentro dele, há uma pista para um tesouro perdido.

Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé, criou Tintim em 1929.

Tintim é o herói da série, um jovem repórter e viajante belga. Em suas aventuras ele é auxiliado por seu fiel cão Milu. Começaram em 10 de janeiro de 1929, no Le Petit Vingtième. Mais tarde, o elenco foi expandido com a adição do Capitão Haddock, entre outros personagens pitorescos.

A série alcançou sucesso em semanários e, ao término de cada história, os quadrinhos eram reunidos em livros (23 no total, em 2008). Ela ganhou uma revista própria, de grande tiragem (Le Journal de Tintin) e foi adaptada para versões animadas, para o teatro e também para o cinema. Na TV pode ser vista no Canal Futura.

As Aventuras de Tintim é animação dirigida por Spielberg, que na infância era fã de Tintim. O desenho animado faz parte de uma trilogia. Peter Jackson dirigirá o segundo episódio. A produção será de Spielberg.

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Cerveja, vodca, vinho e uísque. Proibidos para menores de 18 anos, mas muito presentes na rotina dos adolescentes; na prática, a proibição é quase inexistente. “Quase não pedem documento, quando pedem, mostro o falsificado”, 16 anos. “Eles não enxergam a bebida como algo ruim por causa da legalidade e fácil acesso. O que eles não sabem é que o álcool pode causar danos e também é uma porta de entrada para outras drogas”, diz Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e outras Drogas (Abead).

Estudos comprovam que quase metade dos adolescentes experimentou álcool pela primeira vez porque os pais ofereceram. “Quem causa problemas à sua família herdará somente o vento” (Pv 11.29). “Quanto mais precoce o uso do álcool, maior a chance de dependência, pois a droga altera funções cerebrais que predispõem a outros distúrbios comportamentais”, Analice Gigliotti, chefe do setor de dependência química da Santa Casa

de Misericórdia do RJ. “Discipline seu filho, pois nisso há esperança” (Pv 19.18).

Todos sabem que beber em excesso não faz bem, porém, o hábito de beber durante a adolescência é muito mais danoso. “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará dele” (Pv 22.6).

É importante para o adolescente ser aceito, se destacar, controlar a própria vida. “O homem honesto é cauteloso com suas amizades, mas o caminho dos ímpios os leva a perder-se” (Pv 12.26). Porém, ser exposto precocemente a substâncias químicas contribui para o surgimento de doenças emocionais e físicas.

“Um abismo chama outro abismo” (Salmos 42.7). Um convite para uma “social”, open-bar, churrasco, não faltam opções. “Todo mundo vai”. “Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte (Pv 14.12). Som alto, coração batendo no ritmo da música. Galera curtindo,

Raquel SouzaEstudante . [email protected]

álcool na adolescênciainimigo silencioso

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difícil resistir. “A insensatez é pura exibição, sedução e ignorância” (Pv 9.13). Surge um lata aqui, um copo ali, uma garrafa aqui, outra ali. “Na vida real, para ser descolado, todo mundo tem que beber», 16 anos. A questão é que não há como prever o nível de sensibilidade ao álcool e os efeitos são cruéis. Tudo começa com o prazer, bem-estar, euforia. Para os meninos fica mais fácil ser engraçado, chamar atenção, “chegar em alguém”, fazer parte do grupo. Para as meninas que são mais sensíveis aos seus efeitos (VIGITEL 2011 – Ministério da Saúde) a falta de inibição se reflete principalmente na pista de dança, aumenta a sensação de autoconfiança e autoestima.

“No fim, o vinho morde como serpente e envenena como víbora” (Pv 23.32). Em seguida, descontrole, falta de coordenação motora; “seus olhos verão coisas estranhas e sua mente imaginará coisas distorcidas”

(Pv 23.33); alteração do humor seguida por vexames, violência; “você será como quem dorme no meio do mar, e dirá: Espancaram-me, mas eu nada senti” (Pv 23.34 e 35); náusea, vômitos, palavras indevidas; “Quem guarda sua boca guarda sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando” (Pv 13.3); inconsequência, striptease na mesa do bar, acidentes, choro, cadeia e até morte. “Quem bebe é feliz, quem não bebe fica no tédio”, 15 anos. “Quando acordarei para que possa beber mais uma vez?” (Pv 23.35). Mas “mesmo no riso o coração pode sofrer, e a alegria pode terminar em tristeza” (Pv 14.13).

Pergunto-me que felicidade é essa que resulta em filhos egoístas, pais violentos, “o vinho é zombador e a bebida provoca brigas; não é sábio deixar-se dominar por eles” (Pv 20.1); mães ausentes, maridos malandros, esposas mentirosas, namorados que

traem, namoradas que enganam, marcas profundas. “É a insensatez do homem que arruína a sua vida” (Pv 19.3). Mas “como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada à beira de águas correntes: dá fruto no tempo certo e suas folhas nunca murcham. Tudo o que ele faz prospera!” (Salmos 1. 1-3).

Álcool e adolescência nunca poderão caminhar juntos. Adolescência tem a ver com crescimento, um passo em direção à maturidade. Alguns preferem o caminho mais fácil, dançar conforme a música, nadar a favor da maré. Escolhas erradas contribuem para uma maturidade deficiente. “Não se deixem enganar: pois o que o homem plantar, isso também colherá” (Gl 6.7).

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Karolyne ReisEstudante e técnico em turismo . [email protected]

Desastres acontecem em qualquer lugar e destroem tudo o que está ali presente, tanto aquilo que nunca teve um sentido sólido quanto aquilo que tinha um valor muito importante. Muitos deles não acontecem por uma ordem de alguém. Nossas súplicas, previsões e prevenções, às vezes, não são suficientes para impedi-los de atingir um local, ou até pior… atingir um sonho, uma vida.

Nossa mente e nosso coração formam nossos sonhos. Alguns permanecem com um mesmo sonho durante toda a vida, outros vão mudando. Planos de uma carreira profissional com sucesso, de constituir uma família, de ter um bom relacionamento, de transformar lugares e corações, ou qualquer outro em que possamos nos satisfazer, tendo sempre uma base

de exemplo e suporte para servir de direção para nós. Planos e sonhos que sempre possuem um grande valor para quem o tem.

Mas, ao sonhar, não contamos com os desastres. Embora saibamos que eles podem ser evitados, alguns estão fora do nosso controle. Não contamos com que a carreira profissional desejada transforme uma pessoa em alguém alienado, não contamos com relacionamentos rompidos ou quebrados, não contamos com frustrações e com sonhos que, querendo ou não, não poderão se realizar por uma falha ou porque simplesmente não fazem parte de nós. Assim como o desastre, seja ele qual for, ao termos frustrações no que planejamos, entramos em desespero e estado de choque por tudo o que aconteceu.

Mas como todo desastre tem um

fim, nossas frustrações também têm. Porém, eles deixam rastros de que passaram por ali. Tudo fica confuso, bagunçado, fora do lugar e parece que nada vai ser resolvido, que tudo vai ficar assim pra sempre. Enquanto muitos enxergam somente o fim, existem aqueles que olham com olhos de esperança. É difícil encontrar uma resposta para um plano que não saiu como queríamos.

A boa notícia é que há uma solução que limpa todo o cenário destruído e sujo, deixando tudo organizado e no lugar. Talvez, nem tudo volte a ser como antes, mas comece a ser da forma como sempre deveria ter sido. É através dos desastres que Deus pode mostrar um caminho para experiências novas, sonhos novos ou iguais, porém, com adaptações, nos tornando mais humanos e mais maduros.

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Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 31

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rafael mattos .

“Aconteceu que no fim dos tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito?” – Gênesis 4.1-7

Estamos aqui diante de uma das histórias mais intrigantes da Bíblia. História que pertence não apenas ao Cristianismo, mas que se encontra no âmago do próprio Judaísmo. Caim sempre foi conhecido como o primeiro homicida. Qualquer pessoa – cristã ou não – sabe que Caim matou Abel. No entanto, eu gostaria de examinar a história de Caim com mais cuidado e mostrar a você como a vida está repleta de “Cains”.

A Bíblia afirma que Adão teve um filho com sua esposa, Eva. Interessante que mesmo após a Queda, a introdução do pecado na história da humanidade, Eva reconhece que adquiriu aquele filho com o auxílio do SENHOR. O que ela quis dizer com isso? A gravidez foi difícil? O parto foi doloroso? Ela estava tentando ter filhos e não conseguia? Podemos fazer muitas perguntas e apesar de uma exegese e hermenêutica adequadas, ainda assim, ficaremos rodeados por hipóteses.

O que sabemos é que Eva reconheceu que Deus interferiu naquela gestação e que o filho era desejado. Um filho é tão importante na vida de uma mulher que muitas oram a Deus pedindo a bênção de ter filhos, não só fizeram na Bíblia como fazem até hoje. Deus planejou uma história para Caim. Ele era um jovem que estava construindo sua identidade. Iria ter sua família, seus filhos e dar origem a um povo. Sabemos que a identidade de uma pessoa está relacionada com sua atividade profissional, por exemplo. O trabalho é uma atividade estrutural da pessoa porque permite que o ser humano possa produzir cultura e ao mesmo tempo se produzir a si próprio enquanto sujeito social.

O dia que conheci um Caimno século XXI

um assassino de sonhosRafael Mattos

Professor, doutor em Saúde Coletiva . [email protected]

32 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

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Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 33

A identidade de Caim se expressa no trabalho: ele é um lavrador. É um homem que lida com a terra, com o campo, com alimentos. Caim era um jovem responsável por cuidar da terra que Deus criou. A flora humana deveria ser administrada pelo ser humano, apesar do pecado e da saída do Éden. Isso é tão atual que estamos repletos por discursos em torno dos cuidados com o meio ambiente, como a famosa “Rio + 20” que ocorreu em 2012. Caim é um jovem que tinha essa missão. Não era responsável pelos pecados de seus pais, assim como você não é. Caim era um homem com um futuro brilhante.

Contudo, Caim comete um erro grave. Ele oferta ao Senhor aquilo que não é primícia. Ele não dá para o SENHOR o melhor. Ele não consagra ao Senhor à medida que deveria. A Escritura Sagrada é muito clara quando afirma que seu irmão Abel oferta das primícias, do melhor, de coração, da alma. Deus é o criador da vida, da fauna e da flora. Criou todas as coisas e só recebe aquilo que é especial dentro do coração humano. Deus não precisa de ouro ou prata. Ele só deseja o amor verdadeiro. A ligação entre ele e a humanidade. Cristo afirmou que nosso tesouro está onde está nosso coração. O Deus que vê e sonda os corações não se agradou de Caim. Algumas pessoas que conhecem a história de Caim e Abel tendem a afirmar que Deus simplesmente não se agradou da oferta de Caim. Todavia, a Bíblia diz que o SENHOR não se agradou de Caim e posteriormente não se agradou de sua oferta. O caráter de Caim era diferente do caráter de Abel. Havia alguma coisa dentro do coração de Caim, antes mesmo de ofertar ao SENHOR.

E como Caim reagiu? Como uma criança quando lhe é negado um desejo. O semblante de Caim muda. As emoções o modificam. Ele se torna um jovem com raiva, amargura, inveja e com um desejo inadequado. Deus, conhecendo o que se passava no interior daquele jovem, argumenta com ele e lhe diz que se ele proceder bem será aceito, mas se proceder mal dará lugar ao pecado e será consumido pelo próprio desejo.

A Escritura Sagrada afirma que Caim maquina algo contra seu irmão, pois o convida para o campo e neste o mata. O nome Abel significa “sopro” ou “vapor”. A motivação desse nome é incerta. Sua vida foi breve como um sopro. Caim quebra um laço familiar com o pecado do homicídio. Mas Caim não quebra apenas isso. Ele destrói os sonhos e projetos que Deus tinha para a vida dele. Ele sente raiva, rancor, ódio. E se volta contra o próprio Criador. A Escritura Sagrada diz que Caim retirou-se da presença do Senhor. Quantos jovens hoje estão se retirando da presença do senhor? Quantos homens e mulheres estão se retirando da presença do SENHOR? Quantos políticos e líderes dessa nação estão se retirando da presença do SENHOR? Muitos. Quantos jovens assassinam projetos, planos e

desejos de Deus? Muitos. E por isso quero lhe contar a história de um aluno meu, falecido. Vou chamá-lo Evaldo.

Evaldo era um jovem que não nasceu em lar cristão. Não teve a oportunidade de ser criado no evangelho de Cristo desde pequeno. Não recebeu alimento espiritual quando criança. No entanto, aos 18 anos Evaldo se converteu ao SENHOR. Foi tocado pelo Espírito Santo e recebeu a salvação. Mas eu queria dizer a você, leitor, que Evaldo é um Caim contemporâneo. Não! Evaldo não matou seu irmão. Mas Evaldo é o típico jovem que mata sonhos. Mata projetos. Mata amizades. É o assassino de tudo que Deus coloca em suas mãos. Você conhece alguém assim?

Ele assassina seus relacionamentos afetivos. Evaldo aos 25 anos namorou uma adolescente de 15. Aos 28 anos namorou uma jovem de 18. Aos 30 namorou uma jovem de 20 e aos 35 namorou uma jovem de 25. Evaldo escolhe moças muito mais jovens a fim de dominá-las. Ele as sufoca e mata cada um dos relacionamentos. E como se destrói um relacionamento? Quando ele está fundamentado em algo diferente do amor. O amor tudo suporta. O amor é paciente. O amor é bondoso. O amor encara doenças, defeitos, dificuldades, fraquezas. Mas Evaldo não sabe o que é amor. Ele não conhece as linguagens do amor. Evaldo é intenso como Caim. Assim como este ofertou a Deus, Evaldo também o faz. No entanto, jamais oferta as primícias. Jamais oferta do coração. Não deixa Deus conduzir os seus relacionamentos e não procura uma companheira idônea da parte de Deus. Evaldo procura uma filha. Uma menina para que ele possa dominar e, nesse processo, suas emoções doentias aparecem com toda força. É ciumento e possessivo. Quando algo não ocorre como ele espera, ele se enraivece. Assim como Caim que ficou irado e teve seu semblante mudado quando Deus se agradou mais da oferta de seu irmão.

Eu disse a você que Caim tinha uma identidade. Era um varão que nasceu com auxílio do Senhor e se tornou um jovem lavrador. Evaldo também nasceu em Cristo, mesmo aos 18 anos, mas sua identidade era deturpada. Qual a profissão de Evaldo? Nenhuma. Um jovem que não trabalhava. Tinha dificuldade de se adaptar a qualquer trabalho. Não porque fosse preguiçoso. Mas porque não estava disposto a entrar em relações sociais como subordinado. Evaldo queria a hierarquia superior. Evaldo era orgulhoso. Estava preso ao desejo de ser exclusivo. Era um Caim. Se alguém o acusasse de ser desempregado, seu semblante mudava. Deus avisou a Caim que ele deveria dominar seu desejo. Caim foi consumido pelo seu desejo alicerçado no pecado da inveja. A inveja de não ser o exclusivo, querido, amado pelo Pai. Evaldo era um Caim do século XXI. Quando seus amigos tentavam arranjar um emprego para ele, sentia-se menosprezado e humilhado pelos amigos.

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Se alguém tinha boas condições financeiras e ele não, invejava.

Caim assassinou Abel em um campo. Veja como a imagem é sugestiva. Talvez Caim tivesse mais familiaridade com o campo do que irmão. Apesar de Abel lidar com ovelhas, não conhecia o campo tão bem como seu irmão que lidava com a terra diariamente. Caim leva seu irmão para o local que ele mais tem familiaridade e o mata. Evaldo fazia a mesma coisa. Evaldo destruía seus relacionamentos, amizades e chances de ter um ministério espiritual dentro de uma Igreja. É na Igreja que Evaldo decepciona. É na Igreja que ele inveja. É na Igreja que ele peca. É na Igreja que ele mata. Num momento se envolvia sexualmente com alguma jovem, noutro entrava em conflito com a liderança.

Algumas vezes contribuía para o surgimento de divisões no seio da Igreja. Até dos pastores Evaldo discordava e os criticava publicamente.

Deus é tão misericordioso que colocou um sinal em Caim para que ele não fosse morto por outras pessoas. Não era o propósito de Deus que ele fosse assassinado por alguém. Deus não desejava uma vingança contra Caim. Algumas hermenêuticas sugerem que o sinal em Caim era uma tatuagem, uma marca. Interessante que Evaldo também tem um sinal, mas a diferença é que ele mesmo não enxerga.

Há muitas pessoas ao nosso redor que não se dão conta que seus nomes são “Caim”. São pessoas que estão matando repetidamente. Eles matam tudo aquilo que Deus

planeja de bênção. Eu não sei se essa é a sua realidade, mas posso lhe garantir que o Deus Eterno tem muito mais para você. Ele tem o melhor. Ele quer lhe dar vida e não morte. Deus tem prazer na vida!

Ele quer abençoar sua família, seu casamento, seu trabalho. Mas, para isso, você precisa se quebrantar diante dele e pedir perdão. O Senhor é aquele que sara todos que têm o coração quebrantado. Peça perdão por tudo que você matou. Não seja um fugitivo como Caim que se afastou da presença de Deus. Mas seja corajoso como o filho pródigo que perdeu tudo, mas retornou à casa do pai. Não seja como Caim, errante pela terra, mas seja humilde como o filho pródigo que reconheceu que havia errado e voltou aos braços do pai.

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Criar um filho até os 23 anoscusta até R$ 2milhõesDo “AGoRA” DE SÃo PAULo

Nos primeiros 23 anos anos de vida de um filho, os pais brasileiros chegam a gastar até R$ 2.086.602 para custear despesas como educação, lazer, saúde e vestuário.

Somente a fatia relacionada aos estudos em todo esse período de crescimento representa 34% desse total, o equivalente a R$ 703.644, segundo pesquisa feita pelo Invent (Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing).

Os dados apontam que os gastos crescem com a idade. Até os quatro anos, por exemplo, o custo/ano vai até R$ 63 mil – dos 20 aos 23 anos chega a R$ 122 mil.

Para o presidente do Invent e responsável pela pesquisa, Adriano Maluf Amui, vale mais a pena usar da melhor maneira possível o que se tem no bolso e construir uma família

organizadamente do que viver de altos e baixos financeiramente.

“Planejar não significa adotar uma postura radical e inflexível, como muitos pensam. Um exemplo simples de planejamento é: se você investir R$ 100 por mês desde o nascimento do seu filho em um investimento que renda 10% ao ano, aos 18 anos terá poupança de R$ 57.670”, afirma.

Lazer custa R$ 421 milOs gastos com o lazer dos filhos (como cinema, clubes, festas de aniversário e viagens) podem chegar a R$ 421 mil em 23 anos, segundo a pesquisa. Esse valor é para a classe A.

As classes B e C gastariam bem menos com lazer (R$ 94,8 mil e R$ 38,8 mil, respectivamente), de acordo com a pesquisa. A classe D reservaria valor mínimo para o lazer dos filhos: R$ 4.800 durante os 23 anos.

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Cinco lições do kohelet, o pregador mais negativo da tanakh, para um viver mais positivo!

“É que Narciso acha feio o que não é espelho.” Caetano Veloso na música “Sampa”, LP “Muito – Dentro da Estrela Azulada”, 1978.

O grande problema do kohelet1, e o nosso, é que buscamos sentido ou significado para nossa existência nas coisas ou nos outros. Experimente: em vez de sair em busca do sentido da vida – o que, ou é inútil, ou é decepcionante, e sempre é cansativo –, dê sentido a sua vida. Tente o seguinte:

1. APRoVEITE oS PRAZERES DA BoA MESA: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho” (9.7a). A ênfase não está em beber vinho ou comer pão, atos cotidianos, mas em fazê-lo com alegria e gostosamente.

2. CUIDE-SE BEM: “Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (9.8). Esqueça esse negócio de unção, aqui o óleo é perfume, esqueça esse negócio de pureza, aqui as roupas brancas são consequência do cuidado.

3. CoNVIVA CoM AS PESSoAS QUE VoCÊ AMA: “Goza a vida com a mulher que amas” (9.9a). Aproveitar a vida em boa companhia nos dá a necessária segurança para os dias mais escuros, o privilégio de ter com quem dividir os melhores dias e a oportunidade de “cair nos pés do vencedor para ser o serviçal de um samurai”2.

4. TRABALHE PARA VIVER: “Esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol” (9.9c). Quem vive para trabalhar, seja por necessidade, seja por ambição, seja doentiamente, não viverá muito (quantitativamente) ou não viverá bem (qualitativamente).

5. ESPIRITUALIZE oS FAZERES, oS SABERES E oS PRAZERES, “pois já Deus se agrada das tuas obras [...] todos os dias da tua vida vã, os quais Ele te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade. [...] Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (9.7b,9b-10a).

Graça & Força, Sempre!

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Dercinei FigueiredoPastor . [email protected] | www.excursos.tumblr.com

Lições do

Kohelet

NoTAS

1 “É certo que há muitas coisas que só aumentam a vaidade, mas que aproveita isto ao homem? Pois quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra?” (6.11-12).

2 “Eu quis lutar Contra o poder do amor Cai nos pés do vencedor Para ser o serviçal De um samurai Mas eu tô tão feliz! Dizem que o amor Atrai…” (Djavan na música “Samurai”, LP “Luz”, 1982).

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De repente, não mais que de repente, me espanto... De repente, sou surpreendido pela notícia, pelo acontecimento, me dou conta do inesperado.

A surpresa encontra-me despreparado e eu acabo tragado por ela.

Nada acontece de repente. Quando percebemos algo súbito este já era gerado e alimentado há algum tempo em um processo similar à geração e nascimento de novas criaturas, sejam do mundo animal ou vegetal.

No mundo corporativo, os elementos que no mundo animal são chamados de embriões e no mundo vegetal, de sementes, são chamados de ‘fatos portadores de futuro’: pequenas ocorrências, insignificantes até, mas com grande potencial em seu desdobramento, seja para o bem ou para o mal.

“Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir

os sinais dos tempos?” (Jesus, o Cristo – Bíblia, RA, Mateus 16.3).

Um colega certa vez comentou que a Bíblia é um livro para ser garimpado. Seus tesouros mais valiosos não estão disponíveis a leitores superficiais e desatentos. Penso que esta frase de Jesus é um destes textos que, se estudados em detalhe, pode nos fornecer um rico material capaz de prover instrumentos para cumprir os papéis que nos são confiados com conhecimento, inteligência e sabedoria.

Quando lida superficialmente é comum ter uma abordagem negativa: questionamento do Mestre; a exortação quanto à falta de fé etc. Entretanto, penso que a frase de Jesus pode ser entendida e estudada sob um aspecto positivo: existem sinais à nossa volta que nos indicam a propensão dos acontecimentos e, assim, nos proporcionam a antecipação de ações apropriadas (com conhecimento, inteligência

e sabedoria) seja para fazer frente a obstáculos, seja para aproveitar oportunidades. Deixar de valer-se desses sinais, é cair no erro apontado por Jesus – e estacionar na abordagem negativa do texto – o que, de certa maneira, é falhar no exercício com excelência dos diversos papéis que exercemos no meio da sociedade.

Uma das maneiras – e um exemplo interessante – do bom uso deste princípio espiritual pode ser visto em Davi, o rei de Israel em 1010 a.C. Diz o relato histórico que “...vieram a Davi... homens armados para a peleja... dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos chefes e todos os seus irmãos sob suas ordens...” (Bíblia, RA, 1Crônicas 12.23-36). Em outras palavras, o estadista, o líder de uma nação, fez o que atualmente se denomina “ouvir peritos” acerca de assuntos de governo. Paulo, o apóstolo, em um de seus discursos

Surpreendidos pelo anunciado

Wesley CavalheiroTreinador comportamental . www.lumen4you.net

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menciona Davi: “Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção” (Bíblia, RA, Atos 13.36). Em suma, Davi, para cumprir o seu papel, buscou conhecer sua época para saber o que deveria fazer, somente “descansando” após ter seu papel cumprido.

Alguns dos processos contemporâneos, dentre os vários existentes, de planejamento estratégico utilizam cenários prospectivos e, para elaborá-los, são consultados peritos de diferentes áreas. Por meio de ferramentas específicas, as opiniões são trabalhadas de modo a fornecerem aos responsáveis pela decisão final as informações relevantes, como: fatos portadores de futuro, probabilidades da ocorrência de eventos, e influência de determinado evento sobre outros.

Em suma, o futuro que desejamos depende de se desenvolver a sabedoria de se discernir o momento que se vive e de se navegar nas ondas que se prenunciam.

Medite: 1) Como podemos identificar sinais de tendências sobre mercado de trabalho, mercado de consumo, profissões, vida conjugal, comportamento de filhos, religiosidade, espiritualidade, situação psicossocial e econômica de uma sociedade ou grupo?

2) Como se antecipar a estas tendências de modo a gerar oportunidades e evitar dissabores?

3) Quais as características que uma pessoa deve ter para desenvolver a percepção de sinais e, sobretudo, para agir conforme os sinais que lhe chegam?

Palavras de sabedoria: “O futuro que desejamos depende de se desenvolver a sabedoria de se discernir o momento que se vive e de se navegar nas ondas que se prenunciam.”

Sabedoria da palavra: “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?” (Jesus, o Cristo – Bíblia, RA, Mateus 16.3).

Mais de 4mil médicos começam a atuar emregiões vulneráveis

Penas do mensalão serão executadas até 1o de julho

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Brasília – 4.392 médicos começaram a atender em 1.407 municípios do Programa de Valorização do Profissional Médico. Eles receberão bolsas de R$ 8 mil mensais, pagas pelo Ministério da Saúde, para atuar em periferias de grandes cidades e em municípios do interior, onde há dificuldade para a contratação de médicos. Os bolsistas irão fazer especialização em saúde da família.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acentua que a preocupação é mudar o perfil da formação médica. “O programa tem como principal intenção influenciar a formação do médico. Nós queremos a experiência do profissional na atenção básica, cuidando das pessoas, entendendo o contexto de onde o paciente mora. Isto tem que ser valorizado na formação do profissional” explicou o ministro.

A atuação dos profissionais nas equipes de atenção básica será supervisionada por instituições de ensino superior. Os médicos vão cumprir 32 horas de atividades práticas e oito horas de atividades teóricas, por semana. Por não terem contrato de dedicação exclusiva, poderão trabalhar em outros locais.

Do total de municípios inscritos para receber profissionais, 49% estão no Nordeste (696), para onde vão 2.494 médicos. O Sudeste tem 25% dos municípios inscritos (357) e vai contar com 1.018 profissionais. O Sul receberá 370 profissionais em 169 cidades. No Norte, que teve o menor número de adesões de municípios, 241 médicos vão atuar em 84 cidades. O Centro-Oeste contará com 269 profissionais em 101 municípios. As periferias das regiões metropolitanas receberão a maior parte dos profissionais (1.724 médicos).

BRASÍLIA – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse que as penas dos 25 condenados no processo do mensalão serão executadas até 10 de julho. Para o processo ser encerrado, ainda é necessária a publicação do acórdão, uma espécie de resumo das decisões tomadas ao longo do julgamento. Depois, os réus

poderão recorrer das decisões e, só depois de julgados os recursos, poderá haver prisão – isto é, se os pedidos de revisão forem todos negados em plenário. A declaração foi dada na quinta-feira (28/2) em entrevista concedida a agências internacionais de notícias.– As ordens de prisão devem ser expedidas antes desta data – afirmou à imprensa estrangeira.

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Reflexão sobre a

solidãoPaulo PancotePastor e escritor . [email protected]

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O pastor Billy Graham declarou, tempos atrás, que “mais gente sofre de solidão do que qualquer outro problema no mundo”. O psicólogo suíço Paul Tournier afirmou que “a solidão é o problema mais devastador da nossa atualidade”. Uma pesquisa realizada anos atrás nos EUA revelou que 70% a 90% dos cidadãos norte-americanos sofriam de solidão crônica. Creio que se nova pesquisa fosse feita atualmente, não haveria mudanças significativas nos resultados a respeito da solitude.

O psicólogo canadense Richard Fleet, escreveu um livro chamado A sedução: verdades e mentiras, no qual ele indica aos solitários como iniciar um relacionamento estável. Em entrevista concedida à revista Seleções do Reader’s Digest, ele falou a respeito de seu livro e, entre várias declarações, afirmou algo que vale a pena ser destacado.

Ele ressaltou em seu texto que com a experiência de sua prática em aconselhamento clínico, concluiu que “a mulher suporta melhor a solidão do que o homem porque, de modo geral, ela possui um círculo amplo de amizades, enquanto o homem que vive só é quase sempre um homem que não está bem”.

Esta é uma realidade que podemos constatar na sociedade em que vivemos. Enquanto, de um modo geral, a mulher tem maior facilidade em construir amizades e laços emocionais com outras pessoas, o homem é mais reservado, estando sujeito mais a uma vida solitária. Quando está com problemas pessoais, o homem geralmente se isola, vivendo uma reclusão a que ele mesmo se impõe.

Basicamente, existem dois tipos de solidão. Há a solidão espacial, que é quando alguém está longe de sua casa e

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de seus familiares; pode ser alguém que está viajando, trabalhando em outra cidade, lutando em uma guerra, em missão diplomática, que se transferiu para outra região ou que emigrou para um novo país.

Existe a solidão emocional, que é causada pela falta de companhia íntima. É a sensação de se sentir inteiramente sozinho, quer estejam ou não outras pessoas por perto. É a famosa “solidão da multidão”, quando a pessoa está cercada de gente, mas apesar disso, sente-se completamente só.

Atualmente, nas cidades de todo o mundo, inclusive no Brasil, existem pessoas que estão vivendo sozinhas, seja por opção própria ou por circunstâncias diversas que as conduziram a esta situação. São os chamados singles, nome em inglês que significa só. Toda uma estrutura tem sido criada e direcionada para eles, desde agências de serviços domésticos a lavanderias, passando por comida congelada, e eletrodomésticos específicos – como freezers, micro-ondas e outras coisas mais, tudo com o propósito de tornar menos árdua a vida daqueles que vivem sozinhos e – é claro – podem pagar por isso.

Existem aquelas pessoas que são cronicamente solitárias. Elas apresentam deficiências no convívio social; são incapazes de se abrirem e estabeleceram relacionamentos mais profundos. Não possuem a compreensão e nem a habilidade para fazer funcionar um relacionamento além do superficial e por isso, acabam se retraindo.

Mas ao contrário dos singles, existem aqueles que detestam a solidão e têm mesmo verdadeiro horror ante a perspectiva de viver sozinho. Para estes, um conhecido ditado não se aplica, fazendo com que eles o modifiquem, dizendo e praticando o contrário – antes mal acompanhado do que só. São pessoas que mesmo a um alto custo emocional, não permanecem – de modo algum – sozinhas.

A Bíblia possui exemplos de pessoas que, em determinado momento da vida, sentiram solidão. O rei Davi (Sl 22.1) e o apóstolo Paulo (1 Tm 4.9-17) são duas delas. Até mesmo Jesus, no jardim do Getsêmani (Mc 14.32-42) sentiu-se solitário e também no momento da crucificação, quando exclamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.35). Mas estas foram situações que não perduraram por muito tempo. Isto significa que é muito provável que alguém se sentirá sozinho em certo momento de sua existência.

No livro Planeta Single (Ed. Mundo Cristão), o escritor norte-americano Norman Wright aborda a questão da solidão do ponto de vista cristão. Ele afirma no livro que “a solidão é um sentimento de isolamento, de estar afastado dos outros; que a solidão é um sentimento de vazio, de perda; é um desejo intenso de intimidade”.

Wright mostra em seu livro que a solidão tem cura. Ele dá orientações sobre como todos podem combater a solidão. A primeira dica é restabelecer a amizade com Deus; isso acontece através da aceitação de Cristo como Salvador ou, caso isso já tenha ocorrido antes, a questão deverá ser a de renovar esse relacionamento, pois fazendo parte ativa da “família de Deus”, a pessoa nunca mais estará sozinha. A outra dica é reexaminar os relacionamentos com as pessoas; muitas vezes, é preciso fazer concessões e corrigir posturas em nossas amizades, para que elas realmente funcionem e sejam mutuamente abençoadoras.

O evangelista de Porto Rico Nick Cruz, escreveu um livro com o interessante título – Solitário, mas nunca sozinho, onde ele trata da questão da solidão, porém ressaltando que o cristão pode ser solitário em sua vida afetiva, mas que ele nunca ficará totalmente só, pois a promessa bíblica de Hebreus 13.5 é: “Deus mesmo disse: nunca o deixarei, nunca o abandonarei.”

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Paulo MouraPastor e Psicólogo . [email protected]

Vá para a cruz

Os Evangelhos mostram, em detalhes, o acontecimento mais brutal e covarde da história – a crucificação de Jesus e quando lemos ou ouvimos falar nesse assunto o que vem à nossa mente é, sem dúvida, a imagem da cruz. Talvez não exista símbolo mais evidente e relevante para a Igreja do que a cruz. Ela é a mais forte imagem horizontal e vertical. É onde o humano e o divino, o terreno e o celestial, o limitado e o Ilimitado se cruzam. O homem e Deus se encontram na cruz.

Hoje, tenho percebido que algumas pessoas já se esqueceram do que realmente representa a cruz. Entender e viver a sua mensagem vai muito além de carregá-la nos ombros, fixá-la na parede da casa ou do escritório, pendurá-la no peito ou no retrovisor de um carro. É muito mais do que prendê-la no alto de um monte, na frente ou no interior de um templo. Cruzes já existem em abundância, mas quando a sua essência será, efetivamente, compreendida e principalmente praticada?

Um templo sem a cruz pode até existir, mas uma igreja sem a cruz, jamais. Uma casa sem a cruz pode até existir, mas uma família sem a cruz, jamais. Um casamento sem a cruz pode até existir, mas uma aliança sem a cruz, jamais. Não existe fé cristã sem a cruz. Não existe vitória sem a cruz. Não existe salvação sem a cruz. Não existe vida sem a cruz. Não existem libertação e restauração do corpo nem da alma sem a cruz. O cristianismo nasceu e permanece vivo até hoje por causa da cruz. Foi nela que Deus revelou o Seu amor incondicional, enviando o Seu próprio Filho para morrer em nosso lugar. A fé viva que temos teve a sua origem na cruz e não podemos abrir mão nem negar a sua relevância.

Creio que todo o sofrimento de Cristo representa o próprio Deus tomando o nosso lugar de pecadores, morrendo a nossa morte, a fim de que pudéssemos ser restaurados e adotados por Ele. Chegamos à cruz e quero convidar você a mergulhar comigo

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Reprodução de internet

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na sua mensagem. O que ela nos transmite? Por que o sofrimento de um homem trouxe tantos benefícios para a humanidade? O que encontramos na cruz que é de tanto valor?

CRUZ É LUGAR DE MoRTE: A crucificação era o método mais cruel e espetacular de execução. Foi usada pelos romanos como pena de morte a todo tipo de transgressor da lei. Era uma forma de punição destinada aos criminosos mais perigosos e odiados pela sociedade. O processo da crucificação começava com a confirmação da condenação, logo após iniciava-se a tortura. O condenado tinha as suas roupas quase que totalmente arrancadas e então era fortemente açoitado. Muitos réus eram mortos durante o açoitamento – tamanha a violência do castigo, depois recebia uma cruz e deveria carregá-la até o local da execução, geralmente fora dos limites da cidade. Era comum ser colocada por cima da cabeça, presa à madeira, uma inscrição com os crimes cometidos. O malfeitor era pregado à cruz, a mesma era erguida, e ali ficava durante horas e às vezes dias aguardando a morte, geralmente lenta e sofredora. O corpo exposto era alvo fácil de aves e animais ferozes. Para aumentar o sofrimento e apressar o óbito, alguns soldados costumavam quebrar as pernas dos condenados ou atear fogo ao pé da cruz.

Jesus, sem cometer mal algum, foi condenado à morte de cruz no lugar de Barrabás, um criminoso subversivo, acusado inclusive de assassinato. Jesus foi à cruz e assim como Ele, devemos ir também, não no sentido literal, é óbvio. Precisamos fazer morrer, na cruz de Cristo, a natureza corrompida e contaminada, o egoísmo, as velhas manias e murmurações, os azedumes e amarguras, os vícios e compulsões, os sentimentos de culpa e todo o tipo de pecado que atormenta. Eu e você precisamos ir para a cruz, todos os dias. Precisamos morrer, pois cruz é lugar de morte.

CRUZ É LUGAR DE PERDÃo: Seguindo a cena da crucificação, o corpo de Jesus foi erguido, daí Ele olhou em direção a multidão e num gesto de extrema compaixão declarou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. Realmente a multidão não sabia mesmo o que estava fazendo. Parte daquele grupo, alguns dias antes, saudava Jesus quando entrava em Jerusalém. Agora aquelas pessoas estavam ali assistindo e aguardando a morte dAquele que estava sendo condenado apenas por amar demais. Somente Jesus conseguiria agir assim, mesmo depois de tanto sofrimento, Ele ainda tinha forças para perdoar. Mesmo insultado, contrariado e diante de tamanha dor física, Ele ainda era capaz de sentir compaixão e amor.

Somente Jesus, o Filho de Deus e igualmente Deus, tem poder para perdoar pecados. O perdão de Cristo na cruz revela o coração misericordioso de Deus diante do pecador, que Ele ama infinita e incondicionalmente. Tem muita gente que não sabe lidar com o perdão, mas creia que quando reconhecemos nossas falhas e pedimos perdão ou

quando liberamos perdão a alguém que nos magoou, é como se tirássemos um peso de sobre os ombros. Se Deus lhe perdoa, você é capaz de perdoar as pessoas que lhe têm ofendido? Mesmo sofrendo traições ou sendo atacado, você também é capaz de perdoar? O perdão é um grande combustível para a saúde emocional e uma das principais consequências da fé em Cristo. A cruz nos ensina a perdoar.

CRUZ É LUGAR DE TENTAÇÃo: Jesus foi tentado a não ir à cruz, mas foi. Ele foi tentado a não experimentar o sofrimento, mas experimentou. Ele foi tentado a descer da cruz, mas não desceu. Tudo porque tinha a certeza da missão que recebeu do Pai – amar o mundo de forma mais intensa possível. Nenhum ser humano experimentou tentações tão difíceis como as de Jesus nos momentos que antecederam a Sua morte e na própria cruz. Ele sofreu as mesmas tentações que nós sofremos, mas nunca cedeu a nenhuma delas. Quando estudamos a doutrina da pessoa de Cristo entendemos claramente que Ele possuía duas naturezas, uma divina e uma humana e cada uma delas era real e perfeita. Jesus foi 100% Deus e 100% homem e não experimentou pecado algum.

Cruz também é lugar de tentação. Eu e você seremos tentados a trair, a burlar e a fraudar. Seremos tentados a prejudicar e a falar mal do próximo. Seremos tentados a negociar os valores que defendemos e a própria fé. Seremos tentados a não fazer o bem. Seremos tentados o tempo todo, mas não podemos ceder, como fez Jesus. A cruz leva-nos também às tentações deste mundo, mas, principalmente, ao livramento e ao escape de todas elas.

CRUZ É LUGAR DE HUMILHAÇÃo: Você sabe quem é o cúmulo da humilhação? JESUS. A morte de cruz era o pior castigo que uma pessoa poderia receber. Os estágios da humilhação de Jesus começaram primeiramente quando o Verbo se fez carne, o Deus encarnado tornou-se um de nós. Deus se fez homem em Jesus. Em segundo lugar, durante o tempo da Sua submissão às leis humanas. Jesus, o próprio Deus, submeteu-se aos ditames e às regras da cultura do seu tempo. Ele também possuía elementos essenciais da natureza humana, isto é, um corpo natural e uma alma racional. Ele tinha características que pertenciam a qualquer pessoa (sentia sede, fome, frio, cansaço, ficava irritado, se entristecia, se alegrava, etc.). Ele estava sujeito às leis naturais de desenvolvimento e, finalmente, na cruz, padeceu e morreu. Quer humilhação maior para um ser que era o próprio Deus?

A humildade de Jesus é algo que impressiona e contagia. Na cruz, enquanto padecia dores, as autoridades e alguns judeus O ridicularizavam. Os soldados romanos começaram a fazer o mesmo. Finalmente, até um dos criminosos também o insultou. Ainda colocaram uma placa acima dEle com os dizeres: “ESTE É O REI DOS JUDEUS”. Quanta humilhação Jesus teve que suportar e não reagiu a nenhum dos insultos que sofreu. Somos convidados a sermos igualmente humildes. A cruz é o nosso lugar. Vá para a cruz e humilhe-se.

42 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

CRUZ É LUGAR DE TESTEMUNHo: Um dos ladrões que ladeava Jesus no momento da crucificação testemunhou acerca dEle da seguinte forma: “Nós merecemos estar aqui, mas este homem nada fez”. Para esse homem, chamado comumente de “o bom ladrão”, dizer o que disse era realmente muito importante. Igualmente na cruz, sendo justamente crucificado, ainda assim conseguiu dizer boas e verdadeiras palavras sobre Jesus. Um militar romano, logo após a morte de Jesus, também afirmou: “Certamente este homem era justo”. A reputação de Jesus era a melhor possível. Mesmo aqueles que O condenaram, no fundo, sabiam que era inocente.

Cruz é lugar de testemunho, de bom testemunho. Você já está na cruz? Como você é visto entre os seus vizinhos, amigos, colegas e, principalmente, na sua família? Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas após a sua morte, o que vão dizer de você? Deixe o Senhor transformar o seu caráter, atitudes, pensamento, fala. Será que há mudanças que você precisa fazer para alterar a maneira como as pessoas lhe veem? Faça um levantamento sincero, uma autoanálise e observe com atenção o que as pessoas falam de você. Que tipo de imagem você passa? Que transformações ainda precisam acontecer para que você dê um bom testemunho na sociedade? A solução está na cruz. Olhe para a cruz e deixe o Senhor lhe transformar.

CRUZ É LUGAR DE SALVAÇÃo: Na cruz de Cristo também houve espaço para a salvação de um homem pecador. O “bom ladrão” pediu: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”. Nos instantes finais da sua vida, reconheceu Jesus como Senhor e Salvador e foi salvo.

Somente quem garante salvação é Jesus. Ele veio buscar e salvar o que estava perdido. A religião não

garante a salvação, a igreja não garante a salvação, as boas obras também não garantem a salvação. Diz a Bíblia que somente pela fé em Cristo somos salvos. Só Deus sabe quanto tempo você vai viver. Vá para a cruz, reconheça seus pecados, entregue sua vida a Jesus e Ele garante a você, ainda hoje, um lugar no paraíso. Você sabe o que isso significa? Só os salvos podem ter essa certeza. Você já entregou sua vida a Ele?

CRUZ É LUGAR DE ESPERANÇA: Por volta do meio-dia até as três horas da tarde, as trevas cobriram toda a terra daquele que foi o mais terrível dia da história. Jesus estava morto. O corpo foi retirado da cruz e sepultado numa gruta. Ocorreram a seguir momentos de extrema dor, angústia e aflição para os discípulos e as mulheres que também acompanhavam a crucificação. Mas havia uma esperança no coração daquelas pessoas. Antes de morrer, Jesus prometeu que voltaria e cumpriu a promessa. O domingo chegou! A cruz não foi o fim, mas o início de todas as coisas, pois ela está vazia, Jesus está vivo, ressuscitou!

Há esperança, pois Ele venceu a morte! Somente Jesus teve o poder de vencer o pior inimigo de todos. Há esperança para você, porque a cruz está vazia. Há esperança para a sua família e para o seu casamento, porque a cruz está vazia. Há esperança para a sua alma aflita e sofredora, porque a cruz está vazia. Há esperança para os seus negócios e futuro, porque a cruz está vazia. Jesus está vivo!

Definitivamente, afirmo que a cruz é o nosso lugar. Ela só se ergueu por causa dos nossos pecados. Se a sua vida ainda não está na cruz, quero convidá-lo, neste momento de leitura, a tomar a melhor decisão – entregue o seu coração a Jesus, confesse a Ele seus erros e temores e reconheça-O como seu Senhor e Salvador. Vá para a cruz, pois lá é o seu lugar.

Dentro de alguns dias vamos celebrar a ressurreição de Jesus. Feliz Páscoa e alegre-se, Jesus está vivo!

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paulo moura .

Maura Rute Carvalho AntunesEducadora Religiosa [email protected]

“Por que buscais entre os mortos aquele que vive? Não está aqui, mas ressuscitou.” (Lucas 24.5,6)

Consumara-se o plano dos fariseus e dos sacerdotes. A fraqueza moral de Pilatos permitiu-lhes levar à cruz o Filho de Deus. Podiam, agora, entregar-se despreocupadamente às festividades da Páscoa, porque Jesus, morto e esquecido, jazia no túmulo, num jardim solitário, sob a farda de soldados romanos.

Na ocasião, Jerusalém estava lotada, e os que saudaram Jesus como Rei que entrava de maneira triunfal na cidade, nem ao menos pareciam lembrar-se dele.

Os discípulos, por sua vez, com o mais doloroso pesar, amargavam a triste decepção de verem desfeitos os seus sonhos. Para eles, a morte do Mestre foi o ponto final de suas esperanças. O sepulcro em que puseram Jesus seria o jazigo perpétuo do cristianismo. Não entenderam, quando seu Mestre lhes falara, em diversas ocasiões, que as coisas aconteceriam precisamente como aconteceram e ao terceiro dia, ressuscitaria.

De repente, surge a notícia da ressurreição de Jesus. As mulheres que foram ao sepulcro, encontraram a pedra da entrada removida e um anjo à porta que lhes disse: “Por que buscai entre os mortos aquele que vive? Não está aqui, mas ressuscitou”. Ao mesmo tempo temerosas e alegres, correram para anunciar aos discípulos a boa notícia. Estes comprovaram o acontecimento e entenderam que a mão da morte não podia reter o Senhor da vida.

Ficaríamos sem salvação no mundo em que a cruz fosse a resposta final da história de Jesus. Ao contrário, a ressurreição assina e coroa a história do cristianismo genuíno, firmado na fé viva no Salvador, que foi morto pela maldade, mas que pelo poder de Deus ressuscitou e vive para sempre!

Feliz Páscoa!

A ressurreição deJesus

Revista Elos | Edição 08 . Março 2013 | 43

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brito

A mídia, quase todo dia, e de há muito tempo, nos dá notícias de falcatruas e escândalos que revelam a falta de ética por parte das pessoas envolvidas, no Brasil e no mundo. A ação individual, muitas vezes, gera uma atitude que coopta diversas outras pessoas.

Mais recentemente, vimo-nos diante de uma situação para a qual quedamos impotentes, qual seja, a eleição dos principais dirigentes da Câmara de Deputados e do Senado Federal. Não obstante os fatos passados denunciados envolvendo os então candidatos, sobejamente tratados pela imprensa, seus pares os elegeram presidentes e nada pudemos fazer, a não ser pensar e desejar que, na próxima eleição, e em seus estados de origem, eles não sejam sufragados e reeleitos, o que acho difícil. Enquanto isso, temos que aturar tais pessoas, falando, inclusive de ética, e agindo sem que tenhamos confiança em suas ações no exercício dos cargos para os quais foram eleitos. Para um deles, ética é meio e não fim, o que lá isso possa significar exatamente. Talvez nem ele mesmo o saiba.

Nós, do povo, neste momento, nos vemos com um amargor na boca e, inconformados, tomamos conhecimento, aqui e ali, de manifestações contrárias a tais eleições, como esta que você está lendo. Registro meu protesto e meu inconformismo. A verdade é que eu e você, caro leitor, percebemos: o que acontece é falta de ética e ética é princípio.

O prezado leitor não vê falta de ética num aluno que cola na escola; num empregado que furta objetos na empresa em que trabalha; num necessitado que recebe doação da ação social de uma igreja ou outra entidade e vende para comprar cigarro, bebida alcoólica; num pastor que se apropria de bens e dinheiro da igreja; numa filha que mata os pais para herdar imediatamente seus bens; num jogador de futebol que simula em campo para possibilitar que seu time ganhe de qualquer forma, etc? Muitos acham ser atitudes naturais. Todo mundo faz...

Ética, segundo os dicionários, e num resumo, é ciência de costumes; é a ciência que tem por objeto o julgamento de apreciação enquanto ele se aplica à distinção do bem e do mal; é a ciência da moral.

Moral é o corpo de preceitos e regras para dirigir as ações do homem, segundo a justiça e equidade natural. É o porte ou o modo de proceder das pessoas.

O pastor Carlos Novaes, em artigo nesta mesma Revista ELOS, em sua edição de no 5 – dezembro 2012, diz entre outras coisas a respeito de ética: “numa definição clássica, trata-se de um dos ramos dos estudos filosóficos que tenta

estabelecer o que é certo e errado, no propósito de criar padrões de postura e comportamento para a vida em sociedade. O lícito e o ilícito, o justo e o injusto, o aceitável e o inaceitável são determinados à luz dessas reflexões...”.

Quero, então, a esta altura, lhes falar a respeito da ética cristã, com base na Bíblia e que deve nortear o viver das pessoas neste mundo, dizendo, ainda, que o termo ética se deriva do vocábulo grego ethos. Tem a ver com bons costumes. Encontramos esta ideia no texto de 1Coríntios 15.33 – “Não se deixem enganar: ‘As más companhias corrompem os bons costumes.’” A ética, então, se refere à maneira de vida ou de conduta. Em 2Pedro 3.11, o apóstolo indaga: “que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam?”

Aliás, é com este tipo de conflito que nos defrontamos no nosso viver: que tipo de pessoa nos somos? Éticas?

A ética bíblica diz respeito ao modo de vida que a Bíblia prescreve e aprova e nunca pode ser desassociada das disposições que se expressam em comportamento necessário na vida em sociedade. A ética bíblica diz respeito ao coração do homem. “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Provérbios 4.23). “Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece o coração de vocês” (Jesus Cristo – Lucas 16.15).

Assim pensando, podemos perceber uma evolução na apreciação da ética bíblica: a) o fato e a significação progressiva de uma revelação da vontade de Deus;b) a prática atual dos homens, inclusive, algumas vezes, infelizmente, de crentes, não deve ser equiparada com a ética bíblica; c) a queda do homem afetou materialmente o conteúdo da ética que governa a conduta do homem; d) a redenção operada por Jesus Cristo tem seu efeito sobre a história da humanidade.

Por outro lado, os dez mandamentos (Êxodo 20.1-17) são o cerne da ética bíblica. E praticamente são uma compilação do que já vinha sendo ordenado por Deus até à sua edição.

Ética, então, é princípio e precisa nortear todos os nossos passos nesta vida. Talvez você esteja indagando: como podemos viver eticamente, de conformidade com os princípios bíblicos? Resposta: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2). Só com Jesus Cristo. Só com a vida realmente transformada. Só com contínua santificação.

Ética é princípioJoel de Brito SoaresPastor, advogado . [email protected]

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George HeinrichsPastor . [email protected]

Estamos sendo surpreendidos há anos por movimentos incomuns, desde tsunamis que matam muita gente, a meteoros que, caindo, ferem tantos outros. Terremotos, maremotos, guerras, corrupção, impiedade... é o mundo em que vivemos. Quando a natureza apresenta alguma novidade desperta o pânico interior nos seres humanos, parece que no imaginário popular há uma insegurança extrema de que a qualquer momento em qualquer lugar algo de muito ruim vai acontecer, o mundo vai acabar. Pois bem, se por um momento, pudéssemos imaginar que, de fato, a qualquer momento algo poderia acontecer e pôr fim a este mundo, isto mudaria algo na sua vida? Se você soubesse que, amanhã, seus planos, dinheiro, família e tudo de material que possui já não lhe servissem, porque o que conhecemos como mundo já não existisse mais, qual seria seu estado de espírito?

Todo ser humano terá que se deparar um dia com a razão da sua existência e encontrar nela, ou não, a sua suficiência. A questão relevante é: A zão que motiva sua vida é suficiente?

Não posso deixar de mencionar aqui meu luto e pesar pelos tantos

que morreram na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Levantou-se, finalmente, a questão da segurança nas boates e casas noturnas, no entanto, falhamos como governo no cumprimento de um dos primeiros deveres da constituição brasileira: “...promover o bem de todos (...)”. Nenhum governante deveria dormir em paz sabendo que seu dever não foi cumprido.

O que faz tantos jovens, homens e mulheres buscarem a satisfação em um lugar que logo em seguida trará sua própria morte? Será que como eu, você, leitor, também não pensa: este mundo está virado de ponta-cabeça!

Talvez alguém entenda que estou levantando bandeira contra as casas noturnas e as boates. Não! Estou levantando bandeira contra as tragédias anunciadas, o “lazer” da morte.

O meteoro que caiu na Rússia poderia ter caído em qualquer lugar. Filmes já foram produzidos contando esta história, mas a pergunta é: Será que estamos seguros? Lendo vários livros, inclusive a Bíblia, percebo que é possível estar seguro! Deixe-me expressar algumas passagens da literatura sagrada para que você possa concluir sobre a sua segurança, também.

Em Hebreus 11.3 lemos: “...o universo foi formado pela palavra de Deus...”, então existe um grande idealizador por trás de tudo, que conhece todos os detalhes do projeto, outros também relataram que como uma gota que sobra dentro de um balde (Isaías 40.15), são todas as nações diante da grandeza deste Deus. Não apenas o criador de todas as coisas, mas também dono, pois Salmos 24.1 diz: “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem”. Ele não é um ser humano cujas falhas tendem a dominá-lo, ele é eterno e o Salmo 90.2 diz que sua existência é de eternidade a eternidade.

Uau, diante disto, podemos dizer que ele de fato tem poder. Portanto, é Deus quem sustenta o universo em suas mãos. Então, caro leitor, quero lhe dizer que, caso Deus desejasse, a terra não existiria mais, nem eu e você. Se Deus ainda nos poupa no meio deste caos, o que isto quer dizer?

Cada pessoa sobre a face da terra recebeu de Deus o seu amor. Cabe a cada um desenvolvê-lo ou não. Vivemos num país onde a maioria crê que Deus existe. Alguns acham que ele não está muito preocupado

Sxc.hu

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O meteoro caiu. E aí, vaificar indiferente?

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com o que está acontecendo. Enganam-se, ele deseja interagir com cada indivíduo, dar-lhe o prazer de viver e a certeza de estar guardado na melhor de todas as “seguradoras”: as mãos do próprio Deus.

A Bíblia é um manual de instruções, cujas passagens e histórias ilustram passado, presente e também fala sobre o futuro. Muitos não gostam de manuais. Lembramo-nos do manual apenas quando alguma coisa sai dos eixos. Na vida não pode ser assim, precisamos entender o que Deus fez e dar-lhe o louvor e a glória. Devemos aproveitar o amor dele e nos render a uma vida espiritual equilibrada. Estamos ensinando sobre como tê-la aqui na Igreja do Recreio, que é uma comunidade de pessoas que descobriram a grandeza deste Deus e a segurança de suas mãos.

Quero lhe desafiar a nos visitar. Venha num domingo, às 10h30 ou 19h30, e aprenda mais como estar seguro nas mãos de Deus.

O meteoro caiu, a boate pegou fogo, você vai ficar indiferente? Venha para perto de Deus e deixe-o guiá-lo. Não espere um meteoro cair sobre sua cabeça! Desejo sucesso!

Cuidado com o que diz aos outros sobre você mesmo: desejos, resoluções, decisões, expectativas, etc.

Quando você afirma algo, sua palavra cria um mundo na mente da outra pessoa. Ela pode passar a ver você pelas lentes daquela sua afirmação. Ela cria novos conceitos a seu respeito, de acordo com a interpretação que terá construído em cima do que você falou.

Lá adiante, para sua surpresa, ela menciona um conceito sobre você que tem ligação direta com a sua fala do passado. Ela interpretou sua palavra de acordo com o mapa interno que carrega. Se esse mapa é ético, sublinhado de valores nobres, menos mal, você não caiu na boca do povo. Se não, é tarde, o conceito negativo que ela construiu a seu respeito, a partir daquela afirmação sua, já se espalhou e ganhou o mundo.

De repente, você se vê dentro de uma nova configuração funcional naquele “espaço vital” em que sempre transitou. Tudo por causa de um conceito fabricado com a matéria-prima de sua fala, que colou na comunidade. Não era bem aquilo, mas você deixou escapar um suspiro, um sonho transitório, uma expectativa de futuro ou uma frustração de ocasião. “E agora José?”

Agora, não adianta correr atrás de voltar atrás. Paciência! Seu mundo não é mais o mesmo: foi moldado por aquela afirmação. Irremediável? Talvez, não. Mas, certas dilatações são permanentes; não voltam à posição original.

Algumas atitudes, entretanto, podem transformar o que é negativo em algo benéfico e produtivo. Seguem algumas sugestões:

1. Identifique o que pode ser celebrado. Nenhuma situação é de todo ruim. Mantenha sempre na memória o que lhe pode dar esperança.

2. Trabalhe com o que você tem hoje, com o que sobrou do estrago. Pouco a pouco, passo a passo, construa um novo espaço de influência e produção. O universo é bem maior do que aquele universozinho que você adotou como seu, como sua impermeável zona de conforto.

3. Sempre que possível, promova mudanças, se necessário, até de ambiente. Deixar para trás certos espaços que não mais comunicam relevância, pode ser afetiva e politicamente difícil, mas, talvez, seja o caminho para um novo tempo. O risco de ficar pior sempre existe, mas quem tem pânico do risco permanece estancado ou atolado em areia movediça.

4. Avalie bem o risco de cada decisão para não prejudicar pessoas que você ama: esposa e filhos, sobretudo. Às vezes, é melhor permanecer na zona de desconforto, buscando preservá-los, que lutar por realização pessoal, desmontando a realização deles.

5. Confie em Deus, mas não deixe de fazer alguma coisa. Peça orientação ao céu, mas não fique de braços cruzados. No caso de não saber o que fazer, leia um bom livro, escreva um artigo, capine o quintal de casa, enfim, faça alguma coisa produtiva. Sua mente agradecerá.

Um homem sábio uma vez me disse: “A melhor resposta que você pode dar a eles é o seu trabalho e sua integridade.”

Josias BezerraPastor . [email protected]

A força da palavra (mal)ditaA força da palavra (mal)dita

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Onarts.net

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samuel rodrigues .

Quando vejo um idoso, enxergo um museu vivo, de contos, soluções, sobrevivência, saúde e do meu próprio futuro. Mas, muitos ficaram indignados com o ministro japonês Taro Aso, de 72 anos, que causou polêmica ao dizer que idosos devem “se apressar e morrer”, pois a população idosa é dreno desnecessário nas finanças do Japão e deveriam “morrer” para poupar gastos do governo com a saúde pública. “O problema não será resolvido a não ser que você deixe que eles se apressem e morram.” O ministro disse que recusaria qualquer tratamento médico para prolongar a própria vida. “Eu não preciso desse tipo de tratamento”, afirmou Aso, acrescentando que escreveu uma carta aos seus familiares informando-os dessa escolha.

Samuel Rodrigues de SouzaGerontólogo . [email protected]

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ajuanna.com

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No Japão, quase 25% dos 128 milhões de habitantes têm mais de 60 anos. A proporção aumenta para 40% ao considerar a população com mais de 50 anos. As declarações de Aso foram consideradas um problema para o novo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. Após muitas críticas, Aso tentou se retratar e reconheceu que seus comentários foram “inapropriados” e que suas declarações somente refletiam uma opinião pessoal e não eram uma sugestão para o governo.

Infelizmente, essa opinião se alastra pelo mundo, quando muitos querem tomar o lugar de Deus, que é o autor

46 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Viver ou morrer, eis a questão!Viver ou morrer, eis a questão!

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Cães nadam à procura do donoARAÇATUBA - Dois cães labradores procuram pelo seu dono que morreu afogado numa lagoa de Araçatuba (SP). O casal de cães volta ao lago duas vezes por dia para nadar justamente na região onde seu dono, o vigilante Luís de Almeida, 46 anos, morreu afogado em 17 de fevereiro. Ao saírem da água, eles farejam o local onde Almeida foi colocado deitado após ser resgatado, já sem vida, pelos amigos.

A história de Max e Lua ganhou as redes sociais e fez os internautas se lembrarem do cão Hashiko, que ficou conhecido no Japão no início do século ao esperar pelo seu dono numa estação de trem. A história foi retratada no filme “Sempre ao seu lado”, lançado no país em 2009.

O lago fica a 500 metros da chácara onde Almeida e a família costumavam passar os fins de semana, no bairro Traitu, periferia de Araçatuba. “Temos a chácara há oito anos e nunca meu marido tinha ido nadar nessa lagoa”, diz a cabeleireira Analiete Almeida. “Os cães também nunca tinham ido até lá, com exceção daquele domingo em que meu marido os levou para o lago para se divertir com dois amigos depois de um churrasco”, diz.

Segundo ela, dois dias após a morte de Almeida, os cães abriram um buraco no alambrado de proteção da chácara para chegarem ao lago. “Eles vão lá de manhã e à tarde e ficam nadando e procurando meu marido”, diz. Segundo Analiete, quem notou a mudança do comportamento dos animais foi a vizinha da chácara, Edmaura de Souza, que mora nas proximidades e fotografou os cães e postou as fotos nas redes sociais. (estadao.com.br/noticias/cidades)

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da vida e da morte, e somente Ele pode determinar a hora que devemos chegar ao fim de nossas existências.

No entanto, tudo está se encaminhando para que as pessoas já deixem por escrito um documento em poder de seus familiares, para que não permitam que fiquem vegetando sob o controle de aparelhos em tratamentos intermináveis e que deixam as famílias sem ação.

Por outro lado, devemos estar atentos, pois a terceira idade nas igrejas, por exemplo, não deve funcionar como gueto, separada dos demais, podendo ter seus próprios e especializados empreendimentos e misturando-se também com outras faixas etárias em projetos de apoio espiritual a carentes e problemáticos, intercâmbios, churrascos, jantares, etc.

Destacando a trajetória histórica da questão da velhice, Callis (1996) procura demarcar as diferenças culturais nas formas de encarar o envelhecimento e de tratar os idosos. Remete-se às civilizações diferenciadas, como os esquimós, que são incitados ao suicídio, enquanto entre os hotentores, na África, só são respeitados os idosos lúcidos e descartados aqueles que perderam a lucidez. Cita, também, o ritual de antigas aldeias japonesas que conduziam os velhos para as “montanhas da morte“.

Situação inversa vivem os idosos na cultura dos Yahgans, na Terra do Fogo, que são respeitados como detentores do saber e fazem parte do “Conselho dos Velhos“, instância deliberativa máxima da comunidade. Na China há uma filosofia que valoriza os idosos, respaldada em Confúcio e em Lao-Tsé, segundo o qual “é aos 60 anos que o homem se torna capaz de se libertar de seu corpo e de se tornar santo“ (1996:24).

A escritora americana Pearl Buck, que viveu muitos anos na China, afirma em seu livro “Minha vida”, que uma civilização só tem força se tratar bem de seus desvalidos. Buck presenciou a mudança que melhorou a situação

dos idosos norte-americanos após a II Guerra Mundial e cita Hitler, que começou a cair ao iniciar sua perseguição aos velhos.

A Bíblia assinala que “Os cabelos brancos são uma coroa de honra“. No caso do Brasil, verifica-se que a sociedade brasileira vem apresentando mudanças em sua pirâmide etária, revelando-se nos últimos 30 anos uma participação crescente da população idosa. Mais importante do que acrescentar anos à vida é, ao nosso entender, dar qualidade a esse tempo para que ele realmente valha a pena ser vivido.

A exclusão da quase totalidade da população idosa no processo produtivo dinâmico tende a acirrar a marginalização dos velhos. As instituições de assistência à população idosa oferecem atividades que podem preencher o tempo ocioso de sua clientela.

Tais atividades, com o escopo de fazê-los participantes e integrados à vida social, muitas vezes constituem-se elementos de acirramento da marginalização. É o caso de atividades que infantilizam e/ou ridicularizam os idosos.

Espaços de convivência compartilhados exclusivamente por idosos empobrecem o convívio social com outras gerações, tornando os grupos verdadeiros “guetos” de velhos.

A situação da população idosa é duplamente penosa: no aspecto quantitativo, à medida que o aumento do segmento não foi acompanhado pelo aumento dos serviços. Já no qualitativo, o acesso à informação e os avanços tecnológicos tende a ser concedido às faixas mais jovens que se inserem na força de trabalho.

Idosos, na sociedade, família e igreja não se devem deixar manipular, mas existir primando por ser sujeito de sua história e nunca objeto de outros, devem unir suas forças para lutar por seus direitos, pois a cada dia os salários dos aposentados são mais achatados e não acompanham o aumento das demais classes.

Sxc.hu

48 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Não aprendemos sozinhos. Há sempre alguém para nos ensinar e, algumas vezes, não é pensando em nosso bem. Aprendemos com nossos pais, nossos avós, nossos parentes, nossos amigos. Nem todos estão preparados para nos ensinar a trilhar caminhos corretos.

Um rapaz me procurou e disse-me com raiva: “Não suporto nem meu pai nem minha mãe”. Surpreendi-me. Eu era um pouco mais velho do que ele, crescemos juntos. Seus pais eram gente comum, simples. O que me contou dos pais me deixou estarrecido. Ele me disse: “Meu avô é o meu pai. Todos os dias converso com ele. Serei homem como ele”.

Quem tem a responsabilidade de nos ensinar, em algumas circunstâncias, não está capacitado. Às vezes por ignorância, outras por ter um caráter distorcido.

Não podemos desconsiderar que há indivíduos com valores tortos e não veem nenhum problema em repassar esses maus hábitos àqueles que estão sob sua influência. Há irmãos mais velhos que enveredam por sendas tenebrosas e não se acanham em levar com eles seus irmãos menores. Os presídios têm vários casos assim.

A figura do mestre, do mentor, é fundamental para se construir uma vida bem alicerçada. Como é precioso ouvir bons conselhos. Vidas são salvas graças à intervenção de “bons anjos” que cruzam nosso caminho.

Outra história antiga de que me lembro, foi-me contada

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Wander GomesDiretor de Elos, pastor e mestre em Psicologia Social . [email protected]

Mestres e discípulospor uma amiga. Um rapaz, noivo, casamento marcado, interessou-se por uma menina. O irmão, amigo do rapaz, serviu de alcoviteiro e tentou convencer a menina a sair com o rapaz comprometido. A menina vacilou, mas conversou com sua professora da escola. A professora mostrou-lhe o rumo errado que tomaria se se deixasse convencer pelo rapaz e o irmão. Disse mais: “O rapaz não gosta de você e sabemos o que ele quer; mas mais perigoso é seu irmão que também não a estima e não consigo atinar com as intenções dele”. A menina ouviu a professora e, um ano depois, precisou sair de casa por causa da perseguição do irmão.

Não aprendemos sozinhos, mas além de nossos pais precisamos saber escolher aqueles a quem daremos ouvido. Discernir o bom professor, o bom amigo, o bom confidente é

bem mais complexo do que podemos imaginar.

Na igreja temos um mestre: Jesus Cristo. Somos seus discípulos sem reserva. Podemos saber exatamente o que ele deseja para nossa vida esquadrinhando a Bíblia Sagrada. Muitos servos de Deus, a começar pelos pastores, dedicam-se a ensinar como saber a vontade de Deus para nossas vidas.

A igreja põe à sua disposição várias formas de aprender a conhecer a Bíblia: a Escola Dominical, os cultos, os Pequenos Grupos, as uniões de treinamento... Além das estruturas montadas pela igreja, há várias pessoas prontas para ensinar a desvendar os “segredos” da Bíblia.

Quer ser um discípulo de Jesus (o verdadeiro mestre)? Venha à PIB Recreio. Vamos nos sentir muito felizes em recebê-lo e orientá-lo.

48 | Edição 08 . Março 2013 | Revista Elos

Sxc.hu