revista dos bancários 02 - nov. 2010

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Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br DOS Bancários Revista Ano I - Nº 2 - Novembro de 2010 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

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Revista mensal editada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco, com as principais notícias sobre os bancos, cultura e lazer.

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Page 1: Revista dos Bancários 02 - nov. 2010

Leia as matérias completas em www.bancariospe.org.br

DOS BancáriosRevista

Ano I - Nº 2 - Novembro de 2010 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Page 2: Revista dos Bancários 02 - nov. 2010

Opinião Editorial

A Campanha Nacional 2010 foi um grande desafio para os bancários no Brasil intei-ro. Afinal de contas, enfren-

tar o poder econômico dos bancos não é tarefa fácil. Mas, para a diretoria do Sindicato dos Bancários de Pernambu-co, o desafio foi maior ainda.

Eleita no final do ano passado com o objetivo de renovar a entida-de, a direção encarou a sua primeira Campanha Nacional. Com muito tra-balho e dedicação, os novos dirigentes tiveram de organizar mais de 10 mil bancários que trabalham em Pernam-buco para fazer o enfrentamento com os bancos.

Só aqui no Estado, trezentas agên-cias paralisaram suas atividades durante a gre-ve. Isso repre-senta cerca de 60% das unida-des bancárias e mais de 6 mil t r aba lhadores que cruzaram os

braços em Pernambuco para pressionar as instituições financeiras.

Depois de quatro meses de orga-nização, dois meses de negociação e quinze dias de greve, a Campanha Nacional acabou com a conquista do melhor acordo dos últimos vinte anos.

Esta vitória renova o ânimo des-ta diretoria e mostra que estamos no caminho certo para enfrentarmos, jun-tos, os novos e velhos desafios que te-mos pela frente.

A DIRETORIA

>>A nova direção do Sindicato encarou sua primeira Campanha e, junto com os bancários, conquistou um acordo histórico

Estreia com garra e vitória

HISTÓRIAEM PERNAMBUCO OS BANCÁRIOS REALIZARAM PASSEATAS, PROTESTOS E MUITAS PARALISAÇÕES PARA PRESSIONAR OS BANCOS

02 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Beto Oliveira/Lumen

A CAMPANHA QUE ENTROU PARA A

Page 3: Revista dos Bancários 02 - nov. 2010

Campanha Nacional Primeira página

HISTÓRIAEM PERNAMBUCO OS BANCÁRIOS REALIZARAM PASSEATAS, PROTESTOS E MUITAS PARALISAÇÕES PARA PRESSIONAR OS BANCOS

REVISTA DOS BANCÁRIOS 03

A CAMPANHA QUE ENTROU PARA A

A partir de agora, quem quiser contar a história dos bancários vai ter de dedicar um espaço todo especial para 2010. Neste ano, a categoria

construiu a maior greve das últimas duas dé-cadas e, com muita luta, conquistou o melhor acordo com os bancos deste período.

Para sair vitoriosos de mais uma cam-panha salarial, chamada pelos bancários de Campanha Nacional, os trabalhadores tive-ram de mostrar muita garra para superar toda sorte de truculência dos bancos. Contingen-ciamentos ilegais, assédio moral e até mesmo a utilização deturpada de instrumentos jurí-dicos foram algumas das armas usadas pelas instituições financeiras para atrapalhar a mo-bilização em Pernambuco.

Mas, depois de quinze dias de uma forte greve, que só aqui no Estado parou 60% das agências e todos os departamentos das insti-tuições financeiras, os bancários puderam co-memorar. A luta da categoria rendeu o maior aumento real de salários dos últimos anos, uma valorização histórica no piso e avanços na PLR (Participação nos Lucros e Resulta-do), além de mecanismos de combate ao as-sédio moral e mais segurança.

Para a presidenta do Sindicato, Jaqueli-ne Mello, o resultado da Campanha conso-lida também a estratégia de unificação da categoria, iniciada em 2004. Naquele ano, os bancários dos bancos públicos e privados decidiram lutar juntos pela mesma pauta de reivindicações. Desde então, toda a catego-ria tem conquistado aumento real de salários, valorizado a PLR e garantido mais direitos.

“Até 2004 nossos reajustes no máximo repunham a inflação nos bancos privados. Nos bancos públicos a situação era pior ain-da, pois os funcionários ficaram praticamente sem aumento nos oito anos de governo FHC, além de perderem muitos direitos. Depois da unidade, todos os bancários têm conquistado os mesmos reajustes, com aumento real, e os empregados dos bancos públicos já recupera-ram a maior parte dos direitos retirados pelos tucanos. Tudo isso porque, juntos, ficamos mais fortes”, afirma Jaqueline.

Page 4: Revista dos Bancários 02 - nov. 2010

04 REVISTA DOS BANCÁRIOS

<<Assim como muitos bancários, a nova diretoria do Sindicato também foi destaque nesta greve, a primeira para a maioria dos dirigentes

Fazendo a diferençaA participação de cada bancário foi fundamental para a greve e para a vitória histórica conquistada nesta Campanha Nacional

Com cerca de 10 mil agências paradas em todo o Brasil, mais da metade dos 470 mil bancários cruzaram os braços e construíram a maior greve que a categoria realizou nos últimos vinte anos. Os números são impressionantes, mas se não fosse a garra e a disposição de luta de cada um, a Campanha

Nacional 2010 não terminaria com esta vitória histórica dos trabalhadores.“Os bancários mostraram mais uma vez que são de luta e cada um que aderiu

à greve fez a diferença nesta campanha. Presenciamos histórias surpreendentes ao longo da mobilização. São pessoas que superaram a pressão dos bancos e contribu-íram de forma decisiva para a nossa vitória”, comenta o secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix.

O bancário Wilson Freitas é uma dessas pessoas. Funcionário da Caixa há 16 anos, ele se empenhou para fechar não só a sua agência, mas muitas outras na região metropolitana do Recife. Todos os dias, ele saia de casa às 5h30 para garantir o sucesso da greve. “A gente tem de estar presente e unidos”, explica.

Seu colega Víctor Gomes de Neto, também funcio-nário da Caixa, foi outro que se destacou nesta Campanha. Bancário há 30 anos, ele usou toda sua experiência adquirida em décadas de greve, principalmente nas grandes mobilizações que marcaram a categoria nos anos de 1980. “Fazer greve não é apenas deixar de comparecer ao trabalho. É, também, ir às portas das agên-cias, conversar com os clientes, participar das assembleias e eventos da Campanha.

Campanha Nacional Primeira página

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REVISTA DOS BANCÁRIOS 05

<<Assim como muitos bancários, a nova diretoria do Sindicato também foi destaque nesta greve, a primeira para a maioria dos dirigentes

Fazendo a diferençaGreve é greve. Não é feriado. É o momento da gente lutar por nossos direitos. É preciso chamar a atenção da população. E isso a gente não vai conseguir se ficar em casa, descansando”, diz Víctor.

Os bancários dos bancos privados também deram uma lição de luta nesta greve. Embora a pressão seja maior, os trabalhadores não se intimidaram e fecharam agências e departamentos do Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC, Citibank.

Uma bancária que prefere não se identificar, tem doze anos de HSBC, e conta que nunca deixou de participar das greves. “Não dá pra gente parar por conta pró-pria. Mas basta o Sindicato chegar e a gente fecha tudo, sem problemas. A gente trabalha bastante e merece conquistar estes direitos”, diz.

Outro trabalhador está no HSBC há apenas dois meses, mas sua vida como bancá-rio é mais longa. “Em outros bancos privados, a dificuldade de obter adesão nas greves é mais difícil, seja pelo número de agências - bem maior, seja pela postura adotada pela empresa. Mas, do ano passado pra cá, a adesão dos bancários à greve nos bancos privados tem crescido, com destaque para os trabalhadores do Santander”, comenta.

No Bradesco do Imperador, um funcionário, que não quis se identificar, co-mentou: “Para nós, é muito difícil participar abertamente da greve. A presença do Sindicato nas agências é muito importante. Serve como álibi para que a gente não sofra represálias”.

Assim como muitos bancários, a diretoria do Sindicato também foi destaque nesta greve. “Foi a nossa primeira Campanha e os dirigentes estavam muito em-polgados. Todos se dedicaram bastante e o resultado conquistado foi a coroação de um trabalho realizado com muito amor”, finaliza Fabiano.

REAJUSTE SALARIAL 7,5% para quem ganha até R$ 5.250 (aumento real de 3,08%). Para quem ganha mais de R$ 5.250 nos bancos privados o reajuste é de R$ 393,75 fixos ou pelo menos 4,29%, o que for mais vantajoso.Para bancários do Banco do Brasil, da Caixa Econô-mica Federal e do BNB o reajuste de 7,5% será para todos os trabalhadores e sem teto.

PISO SALARIALReajuste de 16,33%, passando a valer R$ 1.250 (aumento real 11,54%). No BB, reajuste de 13%, para R$ 1.600 (aumento real de 8,71%, com corre-ção de todo o PCS). Na Caixa, elevação do piso da careira administrativa (PCS de 2008) para R$ 1.600, mediante aplicação de 10,19% sobre o valor da refe-rência 201 de 31/08/2010. No BNB, elevação do piso salarial para R$ 1.600, o que representa um reajuste de 11,81% (aumento real de 7,52%), com correção do PCR – cargos (inclusive VCP).

SEGURANÇASerá obrigatório o registro de boletim de ocorrên-cia, divulgação de estatística semestral do setor e atendimento psicológico no pós-assalto, além da possibilidade de realocação para outra agência ao bancário vítima de sequestro.

PRINCIPAIS CONQUISTAS DOS BANCÁRIOS

ASSÉDIO MORALInclusão de cláusula na Convenção Coletiva para o combate ao assédio moral, com condenação por parte da empresa a qualquer ato de assédio e im-plementação de um canal de denúncias, com prazo para apuração e retorno ao Sindicato.

Campanha Nacional Primeira página

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Entrevista Jaqueline Mello

06 REVISTA DOS BANCÁRIOS

<<“Nossa campanha não é meramente salarial. Chamamos de Campanha Nacional porque temos demandas que vão muito além das questões econômicas”

Vitória daestratégiaConquistas da Campanha Nacionalconsolidam o sucesso da estratégia de unidade entre os bancários dos bancos públicos e privados

Funcionária da Caixa desde 1989, Jaqueline Mello assumiu a presidência do Sindicato dos Bancários de Pernambuco no final do ano pas-sado, depois de vencer uma eleição acirrada

que renovou quase toda a direção da entidade. Oito meses depois da posse, a nova diretoria teve

de encarar o desafio de organizar a categoria no Estado para a primeira campanha salarial desta gestão. Com a empolgação dos novatos, os dirigentes deram conta do recado, construíram a maior greve que os bancários reali-zaram nos últimos vinte anos e, com muita luta, ajudaram os trabalhadores a conquis-tar o melhor acordo com os bancos deste período.

Mineira de Juiz de Fora, Jaqueline chegou ao Recife com 15 anos. Aqui, cons-truiu a sua vida, teve quatro filhos, formou-se médica veterinária e virou bancária. Ingressou no Sindicato em 1997 e desde então passou por diversas secretarias até chegar à presidência da entidade.

Nesta entrevista, Jaqueline fala sobre a Campanha Nacional 2010, sobre a luta dos bancários e faz um ba-lanço do primeiro ano de gestão à frente do Sindicato.

Beto Oliveira/Lumen

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REVISTA – Os bancários encampa-ram no mês passado uma greve histó-rica, considerada a maior dos últimos vinte anos. Qual a sua avaliação sobre a Campanha Nacional 2010 e o acor-do assinado com os bancos?JAQUELINE – Sem dúvida nenhuma, a Campanha deste ano foi vitoriosa para os bancários. Conquistamos, com muita luta, o melhor acordo das últimas duas décadas. Tivemos um aumento de 7,5% nos salários, foi o maior reajuste aci-ma da inflação dos últimos anos. Mas a nossa maior conquista está no piso, que conseguimos aumentar em 16,33%. Isso reflete em toda a carreira. Além dis-so, valorizamos a nossa PLR e conquis-tamos mecanismos de combate ao assé-dio moral e à insegurança nos bancos. Foi um dos melhores acordos que os bancários arrancaram das instituições financeiras na sua história. REVISTA – E esses mecanismos de combate ao assédio moral e à insegu-rança bancária como são?JAQUELINE – Na questão da seguran-ça, os bancos terão de registrar boletim de ocorrência, divulgar as estatística semestral do setor e promover o atendi-mento psicológico no pós-assalto, além de realocar o bancário vítima de seques-tro para outra agência. Sobre o assédio moral, incluímos na Convenção Co-letiva uma cláusula em que os bancos condenam qualquer ato de violência no trabalho e cria um canal de denúncias, com prazo para apuração e retorno ao Sindicato. É por isso que nossa cam-panha não é meramente salarial. Cha-mamos de Campanha Nacional porque temos demandas que vão muito além das questões econômicas, e o combate ao assédio moral e a garantia de mais segurança estão entre elas. Vale lembrar que o tema que o Sindicato trabalhou no pré-campanha foi: “a gente não quer só salário”, em alusão à música dos Titãs.

REVISTA – A Campanha Nacional deste ano foi novamente unificada, com funcionários dos bancos públicos e pri-vados lutando juntos pela mesma pau-ta de reivindicações. Este é realmente o melhor formato para os bancários?JAQUELINE – Claro que sim. Quem tiver dúvidas, basta ver como eram os

resultados da Campanha antes e depois da unificação. Começamos esta unidade em 2004 e de lá para cá conquistamos

aumento real de salários em todos os anos, valorizamos a nossa PLR e in-cluímos uma série de direitos que não tínhamos, como a 13ª cesta alimentação e a extensão dos direitos para os casais do mesmo sexo. Além disso, os bancos públicos passaram a cumprir a Conven-ção Coletiva, garantindo, no mínimo, aqueles direitos. Antes de 2004, tivemos reajustes abaixo da inflação nos bancos privados e nada de aumento nos públi-cos. Com a unidade, ficamos mais for-tes para fazer o enfrentamento com os bancos e ampliamos as conquistas para todos. Isso não quer dizer que as reivin-dicações específicas de cada institui-ção financeira tenham sido deixadas de

lado. Muito pelo contrário. Mantemos mesas de negociação permanentes com cada banco e lá garantimos os avanços específicos pelos quais tanto lutamos. REVISTA – Como foi para a dire-toria do Sindicato organizar a sua primeira Campanha Nacional? A grande maioria dos dirigentes en-trou na entidade agora e estava até outro dia nos bancos. JAQUELINE – Essa Campanha foi muito especial. Foi emocionante ver os colegas da direção na luta para organizar a mobilização e depois a greve. Esta diretoria é marcada pela renovação e isso é ótimo, pois a em-polgação dos diretores foi fundamen-tal para o sucesso da greve. Os diri-gentes se desdobraram para percorrer o maior número possível de agências e departamentos dos bancos. E isso se refletiu na greve, paramos cerca de 300 unidades só em Pernambuco e construímos o maior movimento para-dista das últimas décadas.

REVISTA – Por falar na diretoria, qual o balanço que você faz desses primeiros dez meses de gestão?JAQUELINE – O balanço é extrema-mente positivo, já conseguimos cumprir grande parte dos compromissos que assumimos durante a campanha eleito-ral. Nos candidatamos com a proposta de mudar o Sindicato, queríamos ser diferentes. E estamos sendo. Diminuí-mos nosso mandato em seis meses para que as eleições não coincidissem mais com a Campanha Nacional e reduzimos o teto das mensalidades, entre outras medidas. Mas essas são emblemáticas, pelo seu ineditismo. Quem diminui o seu mandato e reduz mensalidades?

REVISTA DOS BANCÁRIOS 07

<<“A campanha unificada começou em 2004 e de lá para cá conquistamos aumento real de salários em todos os anos, valorizamos a nossa PLR e garantimos mais direitos”

Entrevista Jaqueline Mello

JAQUELINE DURANTE NEGOCIAÇÃO EM SP

Júlio Cesar Costa

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Cidadania Consciência Negra

<<Apenas 2,3% dos bancários são negros e o rendimento médio equivale a 84,1% do que ganham os brancos. Só 4,8% de negros e pardos ocupam cargos de chefia

>>

Consciência da exclusão

Pedro é negro. Funcionário do Bradesco há sete anos, ele conta que nunca sofreu qualquer tipo de discriminação por conta de sua raça. Cita, entre-tanto, que somente 10% dos mais de 100 trabalha-

dores de seu departamento são negros. E acrescenta: “como as promoções são raras para todos, a gente não percebe a diferença”. Mas Maria (nome fictício), depois de 29 anos como bancária, o percebe. Ela veio do Bandepe, quando este ainda era um ban-co estatal. “Como o ingresso era por concurso, havia muito mais ne-gros. Hoje, é uma fe-bre de lou-ras. E as bancárias morenas

pintam os cabelos para parecerem mais brancas”, diz a trabalhadora, que é a única negra em sua agência, do San-tander.

A bancária já sofreu humilhações e assédio. “Houve um tempo em que havia prêmios para quem abrisse mais contas. Uma vez, meu nome estava no quadro entre os que disputavam uma viagem para Hollywood. A gerente fez questão de tirar. Outra vez, estavam distribuindo pingentes de ouro, prata ou bronze, de acordo com o nú-mero de contas abertas. Ela distribuiu os pingentes em uma reunião. Eu não rece-bi. E fui saber, dias depois, pela internet, que deveria ter ganho um de bronze”.

Ela não fala sobre opor-tunidades de ascensão, porque sempre gostou de trabalhar como caixa. Mas, para Eleonora Costa, que também veio do Bandepe e hoje é diretora do Sindicato, a falta de opor-tunidade não foi uma escolha. “Eu via outras pessoas, to-das brancas, serem promovidas. Não existem critérios para promoção. As chefias decidem”, diz a trabalhadora, que está há 21 anos no banco, sempre como caixa.

A desigualdade é evidente. Basta entrar em uma agên-cia e constatar a quase ausência de negros. No ano passa-do, pesquisa realizada pela própria Febraban – Federação Brasileira de Bancos constatou isso. Resultado de muita

pressão dos bancários e da interferência do Ministério Público, a pesquisa mos-

trou que apenas 2,3% dos bancários são negros. Mostrou ainda que o

rendimento médio de negros e pardos equivale a 84,1% do que ganham os brancos, que apenas 4,8% de negros,

incluindo os pardos, ocupam cargos de diretoria e superin-tendência e que 30,3% nunca foram promovidos.

Em pleno século 21, os negros ainda sofrem discriminação, inclusive nos bancos

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Este ano marca, também, os 300 anos da Guerra dos Mascates - mais um reflexo do sentimen-to autonomista e antilusitano dos pernambucanos, que vem desde a luta contra os holandeses. Masca-tes eram comerciantes portugue-ses, que se alojavam no Recife. Contra eles se insurgiram os pro-prietários de engenhos, concen-

trados em Olinda. Com o açúcar em crise e afundados em dívidas contraídas aos comerciantes, eles não aceitaram a emancipação do Recife, que colocaria os masca-tes em condição de superioridade política. A guerra se estendeu até 1711, quando a metrópole inter-viu, prendeu os líderes e elevou Recife à condição de capital.

Cidadania Consciência Negra

REVISTA DOS BANCÁRIOS 09

Símbolo de resistência

Quando a pesquisa da Febraban foi divulgada, em julho de 2009, os bancos anunciaram um Plano de Ação para reduzir as desigualdades. No entanto, mais de um ano depois, os avan-ços são tímidos. Na mais recente reunião da mesa temática de igualdade de oportunidades, os trabalhadores entregaram uma série de propostas. Os bancos sinalizaram com possibilidade de acordo para criação de um programa de sensibilização de exe-cutivos, com participação dos sindicatos. E também aceitaram a inclusão do item orientação sexual na próxima pesquisa.

Os outros pontos, entretanto, continuam pendentes. É o caso das reivindicações por um Plano de Cargos e Salários com cri-

térios transparentes de evolução na carreira ou da democratiza-ção do acesso às promoções através de editais e informativos internos.

Campanha 2010O reajuste de 16,33% no piso dos bancários, conquistado

pela greve nacional da categoria, acabou por beneficiar os ne-gros que, assim como as mulheres, ocupam as funções mais bai-xas da carreira. “Valorizar o piso é importante. Mas nossa luta é para que as oportunidades de ascensão sejam as mesmas, para todos”, afirma o diretor do Sindicato, Geraldo Times.

No dia 20 de novembro de 1695, Zum-bi dos Palmares foi assassinado. Escraviza-do aos seis anos de idade, ele fugiu aos 15 e passou a viver no Quilombo dos Palmares, onde tornou-se símbolo da luta dos negros no Brasil. Por muitos anos, Zumbi não existiu nos livros de história do país. Gra-ças à mobilização dos movimentos sociais, a data de sua morte tornou-se referencial de consciência e tirou da invisibilidade um dos heróis da resistência negra.

Atualmente, uma lei sancionada em 2003 obriga o ensino da História da Áfri-ca e da cultura Afro-brasileira nas escolas públicas e privadas no país. Em julho deste

ano, foi sancionado o Estatuto da Igualdade Racial. São 70 artigos e importantes avan-ços, entre os quais a definição de 10% de vagas nos partidos políticos aos candidatos negros, a especialização do Sistema Único de Saúde em doenças mais características da raça negra e a oferta de incentivo fiscal às empresas que tenham ao menos 20% dos funcionários negros.

Algumas reivindicações, entretanto, deixaram de ser contempladas. É o caso da preferência em licitações públicas a empre-sas que promovam ações de igualdade ra-cial e a obrigatoriedade da criação de cotas pra negros nas universidades públicas.

<< Bancários arrancam avanços, mas ainda há muito a fazer

300 anos da Guerra dos MascatesMapa da desigualdadeNo Brasil, negros são 49,7% da população.Nos bancos, negros são 2,3% dos contratados (pardos são 16,7%; brancos são 77,4%; amarelos são 3,3% e índios, 0,3%)Negros e pardos ganham, em média, R$ 2.870 – 84,1% do que ganham os brancos (R$ 3.411)Há apenas 4,8% de negros e pardos em cargos de diretoria e superintendênciaEm cargos de gerência, eles são apenas 14,9% contra 81,7% de brancos.30,3% dos negros nunca foram promovidos. Entre os brancos, este percentual cai para 22,8%A maioria dos negros e pardos (66,5%) tem até três anos de casa

Page 10: Revista dos Bancários 02 - nov. 2010

Cultura Consciência Negra

10 REVISTA DOS BANCÁRIOS

<<Movimento tece uma rede de relações entre comunidades periféricas. “É uma injeção de auto-estima, diz Sérgio - o sociólogo da favela.

É uma sexta-feira à tarde. Jovens, de várias comunidades diferentes, sob a batuta da ONG Pé no Chão, se juntam no centro da cidade para mais uma roda de break, ou dança de rua. Crianças, de menos de dez anos, dão show

de malemolência, girando o corpo no chão e equilibrando-se, de ponta-cabeça, com apenas um ponto de apoio. Os participantes revezam-se e arrancam aplausos dos demais. No som, um jovem DJ dá o ritmo, fundindo músicas e manuseando o equipamento. Eis a nova face da cultura negra do país.

Mas o movimento hip-hop, que já chega a sua terceira gera-ção, tem muito mais a contar. Rodas como essa se multiplicam nas periferias de cada estado. E não faltam histórias de jovens que se desvencilham do crime e das drogas a partir da cultura. “Embora geral-mente não melhore a situação finan-ceira dos participantes, o hip hop é uma injeção de auto-estima, que favorece a sociabilidade, a partir de um movimento que fala de nossa identidade – a cultura das ruas, das periferias”, afirma Sérgio Ricardo, conhecido como sociólogo da favela.

Sérgio é exemplo de superação: perdeu a mãe aos oito anos, perambulou nas ruas, conheceu armas e drogas, entrou na escola apenas aos dez anos, foi criado de mão em mão. Mas formou-se em sociologia, encontrou-se na dança de rua e fez do movimento hip hop sua família. Hoje, cria projetos de educação para outros jo-vens e é secretário-geral da Associação Metropolitana de Hip Hop em Pernambuco (veja box). Embora não seja negro, sua mãe o era. E, para Sérgio – como para outros, o movimento é um encontro com a própria identidade. >>

A nova cara da cultura negraDas butadas eu vim, Zé Brown é meu nome / Não tenho um 38, mas minha arma é o microfone / então se liga pá... rá-tá-tá-tá, rajadas de consciência, não vai dar para se esquivar (…) O nome é Faces do Subúrbio, pretos da nova era / Mensageiros do gueto, representantes da favela / Não estamos pra gracinhas, nem falar lero lero / Falamos a verdade porque somos sinceros / Então se liga bandido no que estou dizendo / Essas palavras são coisas que vêm de dentro (Faces do Subúrbio)

FESTIVAL DE B-BOYS E B-GIRLS REÚNE A MOÇADA DO HIP HOP

DJ BIG: “O HIP HOP NÃO ENTROU EM MINHA VIDA, É MINHA VIDA”.

GABI BRUCE: “O HIP HOP ENSINOU A ME DEFENDER, COMO MULHER E CIDADÔ

Page 11: Revista dos Bancários 02 - nov. 2010

Toda segunda, grafiteiros, DJs, MCs, B-boys e B-girls de vários cantos do Re-cife e Região Metropolitana se reúnem no Sindicato. Eles fazem parte da Associação Metropolitana de Hip Hop de Pernambu-co, que existe desde 2004 e reúne uma média de 40 sócios que, por sua vez, se articulam com outros tantos. Os encontros no Sindicato ocorrem desde 2006 e foram trazidos para cá por intermédio da atual

presidenta Jaqueline Mello, na época se-cretária da Mulher.

“São jovens de várias gerações do movimento, em comunidades como Ibu-ra, Cavaleiro, Setúbal, Coelhos, Coque, Curado, entre outras. Eles se reúnem se-manalmente, às vezes para discutir a or-ganização de torneios e eventos. Mas às vezes para debater políticas públicas e buscar a própria formação”, diz Jaqueline.

Eles discutem, por exemplo, a atuação do movimento dentro do Orçamento Par-ticipativo da Juventude, propõem criação de centros culturais, se inserem nos even-tos promovidos pelos governos estadual e municipais, participam de atividades de formação e se articulam com outros mo-vimentos. “E o Sindicato dos Bancários é parceiro antigo. É quase a nossa casa”, diz Sérgio.

<< Sindicato dos Bancários, um parceiro de longa data

Cultura Consciência Negra

Para a socióloga Silvia Gonçalves, “a apropriação do hip-hop por parte dos jo-vens brasileiros é um modo de ressignificação da identidade negra”. Em sua disser-tação de mestrado, ela defende que, contra uma construção discursiva que reforça a mestiçagem e invisibiliza o racismo, os jovens da periferia foram buscar nos guetos negros dos Estados Unidos um referencial que lhes desse voz.

E essa é uma história que eles fazem questão de repetir. Os militantes do hip hop costumam citar os precursores norte-americanos, a exemplo de Africa Bam-baata. Contam que o movimento surgiu em um contexto de briga de gangues nas periferias. E uniu quatro elementos que já existiam, mas dispersos: o grafite, a dança de rua, o MC e o DJ. O MC, ou Mestre de Cerimônia, é a voz do movimento: o rapper, o improvisador. O DJ dá o tom, a partir de mixagens, fusão de músicas e outros efeitos sonoros. O grafite é o visual e a dança, o movimento. “A estes se juntou um quinto elemento, o conhecimento”, diz Sérgio.

Múltiplas identidadesNo Brasil, o hip hop tece uma teia de relações entre as comunidades peri-

féricas, que ajuda a dar voz a quem costuma ser excluído. Torna-se não apenas

REVISTA DOS BANCÁRIOS 11

um referencial para a identidade negra, mas para múltiplas identidades. Gabi Bruce, por exemplo, começou como aluna de uma ONG em Água Fria e passou a pintar na rua. Por identificação, acabou buscando outras mulheres grafiteiras, criou vín-culos e tornou-se militante. “O hip hop me deu voz. Ensinou a me defender, enquanto mulher e cidadã”, diz Gabi, que hoje faz parte do coletivo Flores Crew, que junta gente, sobretudo mulheres, de Recife, Lajedo e Garanhuns.

O envolvimento de vários participantes do movimento com as ONGs contribuiu no processo de formação política e elevação do nível de cons-ciência dos participantes. DJ Big é um dos que atuam junto às organizações não governamentais. Há oito anos, ele faz parte da ONG Pé no Chão para ajudar a formar jovens em uma arte que ele começou a aprender em casa, sozinho, manusean-do uma velha radiola.

“Uma vez passou um pessoal, escutou meu som e me chamou para um encontro de DJs. E aí não parei mais. Botávamos um som na frente de casa, depois passamos a ser chamados em outras festas de rua, festivais, e nos articular com o mo-vimento. O hip hop surgiu em um momento em que eu estava começando a criar uma ideologia, uma identidade. Por isso eu digo que ele não en-trou na minha vida. Ele é minha vida”, diz Big, que fala comigo ao mesmo tempo em que resolve as broncas da produção de mais um ato periférico: apresentação de rua que acontece quinzenalmente, em algum lugar da cidade.

DJ BIG: “O HIP HOP NÃO ENTROU EM MINHA VIDA, É MINHA VIDA”.

GABI BRUCE: “O HIP HOP ENSINOU A ME DEFENDER, COMO MULHER E CIDADÔ

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Fliporto em OlindaLITERATURA

Em dezembro é a vez da FreeportoA paródia é do grupo literário

Urros Masculinos que, no ano passado, resolveu fazer sua ver-são da Festa Literária. Deu cer-to. Resultado: tem bis este ano, de 3 a 5 de dezembro.

Entre os convidados, Mário Prata, Ronaldo Correia de Brito, Marcelino Freire, Bruna Beber e Nicolas Behr. A irreverência dos

jovens poetas começa pela forma de arrecadar fundos.

O Recife Antigo, rebatizado de Nova Bulgária, foi simboli-camente arrendado para escri-tores donatários, que fizeram doações.

Confira tudo sobre a Free-porto e dê boas risadas no site freeporto.wordpress.com

A Festa da Literatura sai de Porto de Galinhas para movimentar a cidade de Olinda. De 12 a 15 de novembro, estarão lá cerca de 40 escritores convidados, como Contardo Calligaris, Moacyr Scliar, Mark Dery e Ricardo Piglia. A homenageada é a escritora Clarice Lispector. E a programação é ampla. Acesse: www.fliporto.net

MAPA DO RECIFE ANTIGO, A NOVA BULGÁRIA

12 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Cultura Dicas

Batalha dos GuararapesDe 12 a 15 de novembro, às 20h, nos Montes

Guararapes, 50 atores e 230 figurantes estão na Batalha dos Guararapes. O evento é da Métron Produções e o texto e direção é de José Pimentel. Acesse: www.batalhadosguararapes.com.br .

Menino sonhadorPara a meninada, vale a pena dar uma pas-

sada no Teatro Marco Camarotti - Sesc Santo Amaro para ver “O Menino Sonhador”, de Didha Pereira. Uma forma poética de falar do meio-am-biente. Sábados e domingos, 16:30horas

Artes cênicasRECOMENDADOS

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Lazer Clube de Campo

Campeonato de Futebol a um passo da decisãoFalta pouco para que se saiba quem são os cam-

peões na disputa de futebol dos bancários. A final acontece nos dias 27 e 28 de novembro.

A Revista dos Bancários foi fechada na véspera das rodadas que definiriam os semifinalistas. Itaú e Apcef ocupavam a liderança de suas chaves. Mas não havia nada definido, sobretudo no Grupo E, onde o Itaú liderava por conta do saldo de gols, mas era seguido de perto pelo Bradesco.

Os jogos são realizados no Clube de Campo dos Bancários e você pode acompanhar todos os resulta-dos em www.bancariospe.org.br

A criançada invadiu o Clube de Campo dos Bancários no do-mingo, 24 de outubro. Uma grande e divertida festa marcou a come-moração do Dia das Crianças do Sindicato.

Teve pula-pula, piscina de bola, cama elástica, tobogã, palha-ços, pipoca, bombons, picolés e algodão doce. Sem falar no parque aquático, bicas, parque infantil e toda a estrutura do clube. Nem a chuva que insistiu em cair durante parte do dia, tirou o brilho da festa. Com água ou sem água, a menina-da não deu tréguas à brincadeira.

Os mais sortudos levaram para casa presentes especiais: foram sor-teadas três bicicletas e um patinete.

Para o secretário de Espor-tes, Cultura e Lazer do Sindicato,

Adeílton Filho, a Festa do Dia das Crianças do Sindicato já virou uma tradição. “Os filhos e parentes dos bancários adoram essa festa e se divertem muito. E o bancário não fica atrás. Com monitores que cui-dam das crianças, os pais ficam tranquilos para aproveitar o dia, descansar ou se confraternizar com os colegas da trabalho”, afirma Adeílton.

Até a Chapeuzinho Vermelho e o Homem-aranha, entre outros personagens, resolveram dar uma passadinha por lá. Os recreadores, contratados pelo Sindicato, alegra-ram as crianças com muitas brinca-deiras, fizeram pinturas nos rostos e arte com bolas de sopro. Para os adultos, o grupo Som Brasil, co-mandou a animação.

CriançaFELIZ

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AGORA É COM ELAA CUT e os trabalhadores comemoram a eleição de Dilma. Mas, passada a euforia, o movimento sindical já pensa no próximo governo e na pauta que quer garantir

Foto: Ricardo Stuckert

A partir de janeiro, o Brasil terá, pela primeira vez, uma mulher na presidência da Repú-blica. Dilma Rousseff (PT) assume o cargo com a missão de garantir a continuidade

dos avanços do governo Lula, que deixa o comando da nação com índices de aprovação nunca vistos na história deste país.

A vitória de Dilma nas urnas confere ao Partido dos Trabalhadores seu terceiro mandato presidencial consecutivo. Diferentemente das eleições passadas, a candidatura petista contou com o apoio não só da CUT, mas de praticamente todas as centrais sindi-cais e dos movimentos sociais.

Esse apoio sem precedentes deve-se à percepção de que havia nesta eleição algo muito importante em jogo: a possibilidade de avançar no caminho de mu-danças que melhorou a qualidade de vida dos brasilei-ros, principalmente os mais pobres, ou voltar no tempo e retroceder com as políticas conservadoras do PSDB, que poderiam culminar no fim das políticas sociais e na retirada de direito dos trabalhadores. É por isso que a candidatura tucana foi apoiada massivamente pela

grande imprensa e por outros setores oligárquicos.A CUT e os trabalhadores comemoram – e muito – a eleição de Dil-

ma. Mas, passada a euforia, o movimento sindical já pensa no próximo governo e na pauta que quer garantir.

Além da defesa dos direitos dos trabalhadores, os sindicatos cutis-tas querem que Dilma mantenha as conquistas dos últimos anos, entre elas, a geração de milhões de empregos com carteira assinada, com-bate ao trabalho escravo, legalização das centrais, fortalecimento do poder público.

Os sindicatos também vão lutar para garantir as reivindicações que não foram atendidas pelo governo Lula, como a reforma agrária, a extinção do fator previdenciário e a recomposição do poder aquisitivo das aposentadorias e pensões superiores ao salário mínimo.

Outras pautas centrais do movimento sindical são a redução da jor-nada sem redução de salário, fim das demissões imotivadas (aprovação, pelo Congresso, da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, conforme projeto enviado por Lula) e respeito à atuação dos sindicatos no interior das empresas.

Como se vê, a eleição de Dilma não encerra a batalha dos trabalha-dores e muito menos põe fim à luta de classes. Mas, com um governo democrático e que respeita os sindicatos, fica mais fácil negociar e buscar o diálogo.

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Eleição 2010 Brasil

A eleição da primeira mulher para a presidência do Brasil pode ser um divisor de águas na luta pelo fim da desigualdade entre os gêneros no país. Embora nas últimas décadas as mulheres tenham conquistado avanços importantes nesta batalha, ainda há um lon-

go caminho a percorrer.Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está em 80º

lugar num ranking de 138 países que avalia a disparidade de oportunidades entre homens e mulheres. O indicador considera a mortalidade materna, a taxa de fertilidade na ado-lescência, o percentual de lugares ocupados por mulheres no parlamento, as diferenças de escola-ridade e a inserção no mercado de trabalho.

A participação da mulher na política, por exemplo, ainda é bastante reduzida no Brasil se comparada com Argentina e Suécia (ambos com cerca de 40% de participação feminina). No par-lamento brasileiro, apenas 9,4% das cadeiras são ocupadas por mulheres.

A desigualdade de salários entre os gêneros também persiste no Brasil. Segundo a diretora do Sindicato, Suzineide Rodri-gues, no caso da categoria bancária essa diferença é gritante. “O preconceito que a mulher sofre no mercado de trabalho ainda é muito grande e isso se reflete também nos bancos. As bancárias ganham menos que os homens, ocupam os cargos mais baixos nos bancos e têm mais dificuldades para crescer na carreira. Temos lutado muito pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e, apesar dos avanços, as diferenças ainda são grandes”, comenta Suzi.

No caso da categoria bancária, as mulheres ganham em média 78,6% do salário dos homens. A diferença é registrada mesmo quando se considera cargos iguais, em todos os níveis. Dos cargos mais baixos, 53,3% são preenchidos pelas mulheres, enquanto as diretorias e superintendências dos bancos são com-postas por 81% de homens.

“Estamos cobrando garantias dos bancos para que a mulher tenha a mes-

>>O Brasil está em 80º lugar num ranking de 138 países que avalia a disparidade de oportunidades entre homens e mulheres, segundo a ONU

ma oportunidade que os homens na carreira. É uma luta muito grande, pois temos de enfrentar uma questão cultural que está en-raizada na sociedade brasileira. O machismo e o preconceito ainda são muito grandes, mas espera-mos que a eleição de Dilma aju-de a quebrar barreiras”, afirma a secretária da Mulher do Sindicato, Sandra Albuquerque.

Ela destaca que a entidade tem feito a sua parte para quebrar essas barreiras. “O Sindicato dos Bancá-rios de Pernambuco foi o primeiro a criar uma secretaria voltada para a mulher. Também somos uma das primeiras categorias a garantir uma cláusula sobre o assunto na conven-ção coletiva. Hoje, grande parte da direção do Sindicato é composta por mulher e temos uma, inclusive, na presidência”, diz.

Para quem não tinha sequer di-reito ao voto até 78 anos atrás, as mulheres conquistaram muito. A eleição de Dilma é uma grande re-presentação simbólica destas con-quistas e serve de referência para que as mulheres garantam, cada vez mais, a tão sonhada igualdade de oportunidades.

<< Uma eleição para quebrar tabus

Foto: Ricardo Stuckert

Bancários comemoram a eleição de DilmaSe os trabalhadores comemoraram a vitória de Dil-

ma, os bancários ficaram ainda mais satisfeitos. Isso porque, o governo do PT e do PSDB foram completa-mente diferentes para a categoria.

Nos oito anos em que os tucanos ficaram no poder o número de bancários foi reduzido em 20%, os salários sofreram o maior arrocho de sua história e os funcioná-rios dos bancos públicos perderam direitos e os planos

de cargos e salários conquistados com muita luta. Já sob o comando dos petistas, a categoria bancária vol-

tou a crescer com mais contratações, os salários foram rea-justados acima da inflação todos os anos e os trabalhadores conquistaram mais direitos. Nos bancos públicos, o funcio-nalismo ainda recuperou quase todos os direitos retirados por FHC e, de forna inédita, BB, Caixa e BNB passaram a cumprir a Convenção Coletiva dos Bancários.

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Turismo Conheça Pernambuco

O ÉDEN É AQUI

COMO CHEGARPela PE-076, entre em Tamandaré e siga até o centro. Dobre à esquerda na avenida José Bezerra e vá em frente até o final da via. Lá, vire mais uma vez à esquerda e aí é só seguir as placas

Qualquer guia de turismo do Brasil coloca a praia dos Carneiros, em Pernambuco, entre as dez mais belas do país. Cenário típico dos posteres que estampam as pa-

redes das agências de turismo, a praia é ainda mais surpreendente para quem a conhece ao vivo e à cores. Não há foto que faça jus à sua beleza...

Localizada em Tamandaré, a cinco quilômetros da cidade, a praia dos Carneiros é um verdadeiro paraíso na terra. Cercada de coqueiros que margeiam toda a

sua extensão, a água é límpida e morna. O estuário do Rio Formoso e o paredão de arrecifes de um quilômetro de extensão completam o cenário.

Todas essas belezas, no entanto, não superam as pis-cinas naturais e os bancos de areia que se formam quan-do a maré está baixa, garantindo um espetáculo inigua-lável de cores.

Para completar, como se não bastasse, a igrejinha dos Carneiros chama a atenção dos turistas e já foi cenário para várias novelas e programas de televisão.

Enfim, a praia dos Carneiros é um paraíso na Terra, mais precisamente em Pernambuco. Pertinho da gente, esse sonho de lugar merece ser visitado. Principalmen-te pelos bancários sindicalizados, que têm desconto de 15% em todas as diárias e pacotes na Pousada Praia dos Carneiros, que recentemente fechou convênio com o Sindicato.

Para mais informações, ligue (81) 9245-9606 ou acesse www.pousadapraiadoscarneiros.com.br

PRAIA DOS CARNEIROS

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00Fone: 3316.4233 / 3316.4221Correio eletrônico: [email protected]ítio na rede: www.bancariospe.org.br

Presidenta: Jaqueline MelloSecretária de Comunicação: Anabele SilvaJornalista responsável: Fábio Jammal MakhoulConselho editorial: Anabele silva, Dileã Raposo, Geraldo Times e Jaqueline MelloRedação: Fábio Jammal, Fabiana Coelho e Wellington CorreiaProjeto visual e diagramação: Libório MeloImpressão: AGN GráficaTiragem: 10.000 exemplares

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