revista cnt transporte atual - nov/2010

84
C NT EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT ANO XVI NÚMERO 183 NOVEMBRO 2010 Carga parada TRANSPORTE ATUAL OCTAVIO DOERR, DA CEPAL, FALA SOBRE INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA Caminhoneiros enfrentam dificuldades para transportar mercadorias na fronteira entre Brasil e Argentina. Receita Federal trabalha para melhorar o serviço Caminhoneiros enfrentam dificuldades para transportar mercadorias na fronteira entre Brasil e Argentina. Receita Federal trabalha para melhorar o serviço

Upload: confederacao-nacional-do-transporte

Post on 01-Mar-2016

261 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Caminhões que realizam transporte internacional e precisam cruzar fronteira do Brasil com Argentina passam até 72h no porto seco de Uruguaiana; falta de uniformização nas leis e de integração aduaneira são as principais causas do problema.

TRANSCRIPT

Page 1: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNTEDIÇÃO INFORMATIVADA CNT

ANO XVI NÚMERO 183NOVEMBRO 2010

Carga parada

T R A N S P O R T E A T U A L

OCTAVIO DOERR, DA CEPAL, FALA SOBRE INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA

Caminhoneiros enfrentam dificuldades para transportar mercadorias na fronteira entre Brasil e Argentina. Receita Federal trabalha para melhorar o serviço

Caminhoneiros enfrentam dificuldades para transportar mercadorias na fronteira entre Brasil e Argentina. Receita Federal trabalha para melhorar o serviço

Page 2: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 3: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 4: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 20104

CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho

EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral

[[email protected]]

EDITOR-EXECUTIVO

Americo Ventura

[[email protected]]

FALE COM A REDAÇÃO(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

PUBLICIDADEDelta Publicidade e MarketingJanira Chagas(31) 3262-2990 | 9667-9419

ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:[email protected]ção da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XVI | NÚMERO 183 | NOVEMBRO 2010

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA J. TRIBUNA/URUGUAIANA

Octavio Doerrdefende maisinfraestrutura

PÁGINA 8

ENTREVISTA

Concessionárias formam profissionalpara suprir demanda

PÁGINA 26

FERROVIA

TAM inicia uso decelular em voo emterritório nacional

PÁGINA 32

AVIAÇÃO

Aluno inventafiltro automotivoe ganha prêmio

PÁGINA 19

JOVEM CIENTISTA

CRUZEIRO MARÍTIMO

Guia sanitário daAnvisa quer melhorarcontrole a bordo

PÁGINA36

AR LIMPO • Estados e o DF têm de elaborar Plano de Controle de Poluição Veicular, até 25 de novembro, e podem decidir implantar inspeção ambiental

PÁGINA20

Caminhões que realizam transporte internacional e precisamcruzar fronteira do Brasil com Argentina passam até 72h noporto seco de Uruguaiana; falta de uniformização nas leis ede integração aduaneira são principais causas do problema

Página 44

Page 5: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 5

T R A N S P O R T E A T U A L

Palavra está presentenos projetos dascidades-sede da Copa

PÁGINA 58

MOBILIDADE

SEGURANÇA • Brasil participa de projeto internacional da OMS contra acidentes no trânsito; Ministério da Saúde coordena as ações em cinco capitais brasileiras

PÁGINA54

Alexandre Garcia 6

Humor 7

Mais Transporte 12

Boletins 72

Debate 78

Opinião 81

Cartas 82

SeçõesCONGRESSO SAE BRASIL

As tendências dotransporte de cargas e de passageiros

PÁGINA 64

Veja uma análise apurada dos principais fatos da economia do Brasil e do mundorelacionados ao transporteagora em novo visual. Bastabaixar o arquivo emhttp://migre.me/20FCK.

Profissionais de empresasprivadas e governamentais,consultores, professores ealunos podem se inscreverno seminário Meio Ambiente:Da sustentabilidade àLucratividade, dia 17/11, emSão Gonçalo (RJ), em 24/11em Fortaleza (CE) e no dia1º/12 em Belém (PA).Inscrições gratuitas:www.sestsenat.org.br.

Despoluir• Projeto do programa• Notícias sobre meio ambiente

Canal de Notícias• Textos, fotos e vídeos sobre o setor de transporte no Brasil e no mundo

Escola do Transporte• Conferências• Cursos• Estudos e pesquisas

Sest Senat

• Cursos e palestras• Voluntariado e colocação no mercado de trabalho

INFORME ECONÔMICO

SEMINÁRIO

O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual

E MAIS

Confira fotos da inauguração da terceira unidade no Estado:www.flickr.com/photos/agenciacnt.

www.cnt.org.br

SEST SENAT

Novas unidadesem Três Lagoas,Ijuí e Santa Rosa

PÁGINA 68

NOVA UNIDADE SEST SENAT TRÊS LAGOAS (MS)

Page 6: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

rasília (Alô) – Caríssimos leitores acos-tumados a aceitar todos os desafios notransporte de cargas. Tenho uma pro-vação para vocês: uma carga quevocês não conseguem transportar em

condições de um país normal ou, pelo menos,sentem seu peso de uma forma quase insu-portável e só aceitam carregá-la por umaquestão de sobrevivência. Vocês vivem essedilema: aceitar a carga ou desistir de tudo.Como são fortes e teimosos, vocês topam odesafio todos os dias de seu suado destino.

Primeiro, embarquem o Adicional de Fretepara Renovação da Marinha Mercante, semesquecer a Contribuição à Direção de Portose Costas. Agora, preparem um contêiner paraempilhar as seguintes contribuições: aoFundo Nacional de Desenvolvimento daEducação, ao Funrural, ao Incra – tendo algu-ma atividade rural – ao Seguro Acidente deTrabalho, às contribuições sindicais e confe-derativas laborais e patronais e a indefectívelCide. Arranjem um espaço para aContribuição para Custeio do Serviço deIluminação Pública e a Contribuição SocialAdicional para reposição das PerdasInflacionárias do FGTS.

Agora, confiram o calado ou as molas por-que vem mais peso por aí: a carga da Cofins(Contribuição Social para o Financiamento daSeguridade Social) e da CSLL (ContribuiçãoSocial sobre o Lucro Líquido). Aproveitempara juntar as contribuições aos órgãos de

fiscalização profissional e as de melhoriasurbanas. Agora respirem fundo que vêm osfundos: FGTS, Fundo de Combate à Pobreza,Fundo Aeroviário e todos aqueles que oneramsuas contas de telecomunicações.

Será que esse contêiner é volumoso e sólidoo suficiente para embarcar os impostos? Entãocarreguemos o ICMS, Imposto de Importação,Imposto de Exportação, IPVA, IPTU, ITR, IOF, ISS,Imposto de Renda (física e jurídica), o IPI, maiso PIS e o Pasep e o INSS. Arranjem mais espaço,porque agora vêm as taxas: Taxa deAutorização de Trabalho Estrangeiro, de Coletade Lixo, de Combate a Incêndios, deConservação e Limpeza Pública, de Controle eFiscalização Ambiental, de Controle e fiscaliza-ção de Produtos Químicos, de Emissão deDocumentos, de Fiscalização da CVM, deFiscalização de Produtos Controlados peloExército, de Licenciamento Anual de Veículo, deLicenciamento e Alvará Municipal, de ServiçosAdministrativos da Zona Franca, e, se vocêsestiverem realmente dispostos a carregar tudoisso, ainda a Taxa do Registro na JuntaComercial e a Taxa de Outorga de Serviços deTransportes Terrestres e Aquaviários.

Não foi incluído o imposto da insegurançapública nem o da depreciação rápida nas pés-simas estradas. Alguma coisa ainda vai ficarno depósito. Se fosse feito o manifesto detoda a carga de tributos, teríamos 85 itens.País algum consegue chegar a algum lugarcom uma carga assim sobre os ombros.

B

“Se fosse feito o manifesto da carga de tributos, teríamos 85. País algumconsegue chegar a algum lugar com uma carga assim sobre os ombros”

Peso sem destino

ALEXANDRE GARCIA

Page 7: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 7

Duke

Page 8: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

ENTREVISTA OCTAVIO DOERR

Utilizar o crescimentoda demanda nocenário pós-crise ealocar recursos em

infraestrutura podem serfavoráveis para a expansãoportuária na América Latina eno Caribe. A constatação é doinvestigador da Unidade deServiços de Infraestrutura daDivisão de Recursos Naturais eInfraestrutura de Transporte,Portos e Logística da Cepal(Comissão Econômica paraAmérica Latina e Caribe),órgão das Nações Unidas, comsede em Santiago, no Chile,Octavio Doerr.

De acordo com ele, é funda-mental investir em infraestru-tura para oferecer melhoresserviços e atingir novos pata-mares econômicos. “A recupe-ração do comércio na regiãodemanda uma maior celeridadena execução de reformas e pla-

nos de expansão portuária”,afirma Doerr, que é engenheirocivil e professor daUniversidade Nacional AndrésBello, no Chile.

Nesta entrevista concedidaà CNT Transporte Atual, emoutubro, ele fala do comércioregional, da infraestrutura dosportos, dos cenários de recupe-ração no pós-crise e dos desa-fios para os países da AméricaLatina e do Caribe. Acompanheos principais trechos.

A crise econômica que seinstalou no mundo entre2008 e 2009 também afetoua movimentação de cargasnos portos marítimos. Comoeles se recuperaram?

A economia global está serecuperando lentamente darecessão, a mais severa desde aGrande Depressão (1929). Ossinais de atividade mostram

que as economias do mundotomaram uma trajetória decrescimento, embora em algu-mas regiões isso ainda aconte-ça de forma moderada.

Podemos afirmar que opior já passou?

As previsões para o cresci-mento global em 2010 são posi-tivas, mas as estimativas decrescimento entre 2,1% (OCDE –Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico)e 3,6% (Banco Mundial) indi-cam que há ainda uma grandemargem de incerteza, sempremarcada por expectativas decrescimento entre diferentespaíses.

Qual é o cenário naAmérica Latina e no Caribe?

A Cepal estima que aAmérica Latina e o Caribedevam crescer 5,2% em 2010. A

região se beneficiou da recu-peração do comércio exterior edas boas ligações com as eco-nomias emergentes, especial-mente China e Índia. Para oBrasil, Argentina e Uruguai, aexpectativa de crescimento éde mais de 7% em 2010. Isso sedeve ao forte crescimento namovimentação em alguns por-tos nos primeiros meses de2010. Em Buenos Aires, porexemplo, foram 20%. Os portosdo Brasil tiveram aumentosentre 10% e 100%. O porto deGuayaquil, no Equador, temexperimentado um crescimen-to de 20% e o porto de Callao,no Peru, e vários portos mexi-canos, 30%.

Diante desses números,quais são os principais desa-fios da atividade portuária naAmérica Latina e no Caribe?

Infelizmente, com raras

“A crise continua na pasta de projetos. Ela foi a oportunidade para os portos implementarem odesenvolvimento de negócios e modelos adequados às novas neces sidades de investimentos”

Investir no pós-crisePOR LIVIA CEREZOLI

Page 9: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

OCTAVIO DOERR

“A crise continua na pasta de projetos. Ela foi a oportunidade para os portos implementarem odesenvolvimento de negócios e modelos adequados às novas neces sidades de investimentos”

exceções, não houve investi-mentos significativos na expan-são física da infraestrutura pro-jetada para expandir a capaci-dade ou o desenvolvimento denovos terminais e a construçãode novo acesso aos portos naúltima década. O crescimentoda demanda antes da crise erasuportado apenas pelo aumen-to sustentado da produtividade.Isso provocou aumento do défi-cit de investimento em infraes-trutura. Nessa recuperação, osportos da região enfrentarãouma nova fase de crescimentoda demanda, maior exigênciade produtividade, capacidade eeficiência do que no períodoanterior. Novamente, o setorportuário na região vai servireficazmente à nova demanda,mas isso vai exigir um maiorcusto de envio para o comércioexterior, maiores volumes decarga de navios, maiores

ganhos de produtividade nosterminais e uma melhor conec-tividade das operações portuá-rias para os processos de distri-buição e acesso a partir do inte-rior de cada mercado. Esses sãoos desafios para a agenda dasautoridades portuárias.

Como podem ser avaliadosos planos de investimentosnos portos da região para ospróximos anos?

As autoridades têm promo-vido planos ambiciosos para aconstrução de instalações por-tuárias capazes de lidar commodernos navios de grandeporte, com montantes de inves-timento de várias centenas demilhões de dólares. Porém, osproblemas institucionais, a faltade interesse por esses investi-mentos e os processos têmretardado a implementação damaior parte desses investimen-

tos. Após a ocorrência da crise,em 2008, apenas alguns proje-tos estavam em andamento (deforma geral, aqueles que játinham sido iniciados durante oano anterior). No novo cenáriode incerteza nos mercados, acrise continua na pasta de pro-jetos. Ela foi a oportunidadepara os portos da região abor-darem as tarefas restantes namodernização, dada a dinâmicade novas mudanças institucio-nais, para implementar o desen-volvimento de negócios emodelos adequados às novasnecessidades de investimentose coordenar as melhorias práti-cas e operacionais necessáriasque garantam uma redução sig-nificativa no tempo e no custodos serviços portuários. O pós-crise é a oportunidade de reali-

zar a transformação da AméricaLatina e do Caribe.

A logística utilizada naregião permite uma boa inte-gração entre os mercadosinteriores e a exportaçãomarítima?

O processo de transforma-ção descrito nos portos nãoteve sua contrapartida no res-tante dos serviços de logística,necessário para assegurar umfluxo eficiente de mercadoriasentre mercados nacionais eportos. Há problemas não resol-vidos em infraestrutura deacesso a eles, tanto marinhoscomo terrestres. Os principaisproblemas e desafios do desen-volvimento nos portos daregião, em relação à sua conec-tividade interna, são de presta-

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO

Investir no pós-crise

Page 10: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

ção de serviços logísticos com-plementares, que agregamvalor para o planejamento dacadeia de abastecimento e dis-tribuição de novas áreas,desenvolvimento de centros dedistribuição e de logística, pararesolver conflitos e harmonizara relação entre cidade e porto,especialmente nos casos emque existe concorrência para ouso de áreas, vias urbanas ezonas costeiras adjacentes. Emrelação à cadeia de abasteci-mento do comércio, é importan-te facilitar o desenvolvimentoinstitucional e tecnológico parauma melhor ação das comuni-dades portuárias e de logísticainterna, gerando uma maiorcoordenação entre os proces-sos públicos e privados.

Essa deficiência é regrageral ou existem bons exem-plos logísticos na região?

Infelizmente, não há casosde autoridades portuárias abor-dando essas questões de umaforma completa, mas sim inicia-tivas isoladas para atenuaralgumas restrições e seusimpactos sobre o funcionamen-to do porto e assegurar o bomfluxo de carga nos seus termi-nais. A região apresenta umademora na melhoria sustentadae significativa na infraestruturade acesso marítimo, logística econectividade interna. Em resu-

mo, os principais portos daAmérica Latina e do Caribe pas-sam por uma adaptação àsnovas exigências dos últimosanos, embora ainda exista lenti-dão na conclusão das reformasnecessárias para tornar maiseficiente e sustentável o desen-volvimento para o futuro.

Qual é a importância daintegração entre os portosdos países da AméricaLatina e Caribe? O que deveser feito para tornar issouma realidade?

O ambiente concorrencial nosetor marítimo e portuário naUnião Europeia está mudando enós devemos seguir o exemplo.Para uma economia aberta,como a de vários países daregião (o Brasil é um exemplodisso), a política de transportesé um fator importante para acompetitividade das empresasque operam em mercados inter-nacionais. Concorrência, ouseja, o reforço da capacidadecompetitiva das empresasenvolvidas no transporte sem-pre foi um elemento importantedessas políticas. No setor por-tuário, como em outras áreasda atividade econômica, tam-bém é necessário perguntar sea cooperação pode ser umapolítica mais eficaz para tornaro sistema mais competitivo. Abusca de integração política e

acordos comerciais entre paí-ses mostra que a cooperação jáestá acontecendo. Então, porque não aplicar essa visão paraos nossos portos?

A América Latina temsido apontada como uma dasregiões de maior potencialde crescimento econômico.Portanto, qual é a realnecessidade para a instala-ção de portos concentrado-res na região?

Eu acho que, com exceçãodos portos no Caribe e nos paí-ses que são vizinhos ao Canaldo Panamá, para servir umadas principais rotas comer-ciais do mundo, falar de “hubports” (portos concentrado-res) na América Latina é aindaum assunto que cai no campo

POTENCIAL Canal do Panamá tem investido na instalação de um porto concentrador na região

“Os principaisportos daAmérica Latina e doCaribe passampor uma adaptaçãoàs novas

exigências dosúltimos anos”

Page 11: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

depende de como você desen-volve o equilíbrio do comérciona sub-região da costa oestesul-americana. O Chile, porexemplo, tem um tamanho decomércio que por si só justifi-ca os serviços diretos.

Como a integração entreos países latino-americanospode reduzir o custo das ati-vidades logísticas de trans-porte para eles?

Não se pode ter a desejadaintegração sem reduzir substan-cialmente os custos de logística.Hoje, as estimativas dos custoslogísticos estão entre 18% e 40%do PIB regional. Os principaisfatores que estão por trás dessesvalores são a combinação inefi-ciente de modos de transportemultimodal, a existência de pon-

tos de estrangulamento nas fron-teiras e ineficiência nas alfânde-gas, falta de capacidade e quali-dade das redes rodoviárias, afalta de investimento e regulaçãoinadequada dos portos e dos ser-viços marítimos e estruturas domercado de aviação não compe-titivas. De acordo com um relató-rio da Cepal-BID (Banco Mundial),os custos logísticos são uma res-trição para a integração regionale a competitividade da nossafrente comercial no mundo. Alémdisso, embora os investimentostransnacionais estratégicossejam identificados com opotencial de fortalecer a inte-gração regional, a execuçãopoderia ser acelerada se algunsobstáculos fossem superadosno campo institucional e opera-cional. O documento aponta quecompletar essas lacunas e con-seguir progressos operacionaissignificativos na cooperaçãoregional é um passo crucial parao desenvolvimento da competi-tividade da região.

O governo brasileiro estáadotando um novo sistemanos portos do país, chamadoPorto Sem Papel, para agili-zar a liberação da carga. Essainiciativa pode facilitar ocomércio na América Latina?

Diante das exigências donosso comércio exterior einternacional, é urgente a

necessidade de investir emnovas tecnologias que agilizemas operações de negócios,logística interna e operaçãoportuária. Embora haja gran-des avanços no mundo dosnegócios e de alguns operado-res e portos, a falta de umavisão geral do problema impe-de que as soluções cubram100% das operações. Se oBrasil deu esse passo à frente,seria interessante seguir oexemplo. A utilização dessasferramentas permite melhorara eficiência dos serviços, mini-mizar os tempos de processa-mento documental e carguei-ros, reduzir o custo de proces-samento de documentos emodernizar a gestão dasempresas portuárias. Sabemosque o Brasil é um dos países daAmérica do Sul com alta dispo-nibilidade e competitividadetecnológica, então, eu achocerto as instituições governa-mentais relacionadas aocomércio exterior e as empre-sas privadas aproveitaremesse ambiente para aprovar amudança tecnológica e utilizaro benefício da facilitação docomércio. O bom uso da tecno-logia torna a informação dis-ponível on-line, facilitando oacesso dos vários intervenien-tes na cadeia de abastecimen-to para processar dados detransporte da carga. l

POTENCIAL Canal do Panamá tem investido na instalação de um porto concentrador na região

EMBAIXADA DO PANAMÁ/DIVULGAÇÃO

da especulação. Em algunslocais da América do Sul existeum potencial para o desenvol-vimento de polo regional, oque seria de pequena escalade operações, visando a pres-tação de serviços só paraalguns portos vizinhos daregião. O seu desenvolvimentodependerá, em última análise,da balança comercial a fim dejustificar as principais instala-ções dos portos hub regionale, em seguida, a distribuiçãode carga para regiões debaixo comércio em portosmenores. Esse fenômeno já éuma realidade para a distri-buição de recipientes emalguns portos brasileiros.Além disso, enquanto há essepotencial na Colômbia,Equador e Peru, isso só

“O pós-crise éa oportunidadede realizar atransformaçãoda AméricaLatina e doCaribe”

Page 12: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201012

Revitalização de aeronaves A Japi Aeronaves, especializadaem manutenção de turboélices ejatos executivos, criou um programa de revitalização deaeronaves que inclui remotorização,novos sistemas de navegação e deentretenimento a bordo para aeronaves King Air de diversosmodelos. Em parceria com asempresas Raisbeck, Blackhawk,Altair e Flight Display Systems, o

pacote de serviços promovemelhorias aerodinâmicas com ainstalação de estabilizadores decauda, entradas de ar e a troca de hélices. Segundo a Japi, as aeronaves ganham estabilidade epodem fazer decolagens e pousosmais curtos com maior velocidadede cruzeiro, entre outros benefícios. As mudanças reduzemo consumo de combustível.

ABTI realiza 6º SimercoA 6ª edição do Simerco(Seminário Itinerante doMercosul) será realizada pelaABTI (Associação Brasileira dosTransportadores Internacionais),no dia 18 de novembro, em Foz doIguaçu (PR). O Simerco tem comoobjetivo levar o conhecimento àsempresas, aos colaboradores, àsentidades e aos órgãos públicosdo setor, atuando como um canal

de comunicação entre empresários e órgãos governamentais. O evento, criadoem 2008, aborda temas queabrangem o transporte rodoviáriointernacional, como: resoluções,legislações, infrações, penalidadesno transporte, habilitações, perspectivas do comércio exterior,motivação no ambiente de trabalho e impactos no mercado.

A Bosch fabrica ABS (Sistema Antibloqueio deFrenagem) para motos desde1994, com base na tecnologiadesenvolvida para carros. Aversão apresentada pela empresa em outubro, desenvolvidapelos engenheiros do Centro de Competência da Bosch noJapão, é mais leve e menor, eespecífica para os veículos de

duas rodas. A versão é chamada de geração 9. Deacordo com a Bosch, esse ABSé cerca de 60% mais leve etem a metade do tamanho daprimeira geração, criada nadécada de 90. O tamanho e ocusto reduzido possibilitamque, no futuro, o ABS seja instalado também em motos de pequena cilindrada.

TECNOLOGIA Bosch mostra ABS para motos

EM 2011 Jumbo integrará frota da Lufthansa

ABS para motocicletas

BOSCH/DIVULGAÇÃO

MAIS TRANSPORTE

LUFTHANSA/EGOM/DIVULGAÇÃO

Novo JumboA Lufthansa será a primeiraempresa a ter o novo Jumbo 747-8da Boeing. Com a operação, aempresa torna-se cliente de lançamento da versão de passageiros da aeronave. O grupoencomendou 20 aviões e estuda acompra de outros 20. O primeiro747-8 passará a integrar a frota daLufthansa no fim de 2011. Osdemais serão introduzidos

sucessivamente até 2014. O novoavião será uma alternativa para asrotas de Frankfurt e Buenos Airese para a Cidade do México.Segundo a companhia, será a primeira vez que uma empresatraz uma aeronave gigante para a América Latina. O 747-8 é 16%mais eficiente no consumo decombustível do que o 747-400, já utilizado pela companhia.

Page 13: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 13

Série especialA Troller apresenta este mês asérie especial Expedition para omodelo T4. Oferecida em ediçãolimitada, tem como proposta oferecer atributos de conforto e comodidade, além de itens diferenciados de design.Segundo a montadora, o veículoterá apenas cem unidades ofertadas.O carro traz como itens exclusivos de série bagageiro

grande Expedition, snorkel, peitode aço, protetores nas lanternastraseiras e nos piscas, para-barrosdianteiros e traseiros, capota nacor especial cinza metálico fosco,capa de estepe personalizada eemblemas Expedition, direçãohidráulica, ar-condicionado, capota removível, farol de neblina, relógio digital, conta-giros, entre outros.

Ranking de ônibusO Portal WebPesados, especializadoem classificados on-line demáquinas e veículos pesados,divulgou a lista dos ônibus maisprocurados na Internet. O campeãode acessos é o micro-ônibusurbano Mascarello Agrale MA 7.9.Na segunda e terceira posiçõesdo ranking ficaram os micro-ônibus Comil Bello eMarcopolo Volare W8. O urbano

Ford B-1618 aparece na quartacolocação, entre os 5.000 veículospesados anunciados no site. Emquinto lugar, está o micro-ônibusMarcopolo Fratello XL VW8120 OD,seguido dos modelos rodoviárioVolkswagen 9.150 thunder, micro-ônibus Marcopolo VolareW9 e o rodoviário Volvo B10M. Oranking levou em consideraçãoos acessos de setembro.

EXPEDITION Modelo da Troller terá edição limitada

TROLLER/DIVULGAÇÃO

INNOTRANS 2010

Empresários brasileiros dosetor ferroviário e repre-sentantes do governo

federal marcaram presença naInnoTrans 2010, a maior feiraferroviária do mundo, realizadaentre 21 e 24 de setembro, emBerlim, na Alemanha. Oevento contou com a pre-sença do ministro dosTransportes, Paulo SérgioPassos, e do diretor-geral daANTT (Agência Nacional deTransportes Terrestres),Bernardo Figueiredo.

Neste ano, o Brasil teve par-ticipação recorde no evento.Foram 47 empresas e institui-ções reunidas em um estandecomunitário, apresentando asexperiências e as tecnologiasque têm sido desenvolvidas nopaís. “Ficamos plenamentesatisfeitos com os resultadosnão só potenciais naInnoTrans, mas pela imagemque o estande deixou na feira,

de que somos uma potênciacrescente no sistema metro-ferroviário e que certamenteavançaremos ainda mais rápi-do, a fim de recuperarmosduas décadas de atraso nosetor”, ressaltou RodrigoVilaça, diretor-executivo daANTF (Associação Nacional dosTransportadores Ferroviários).

Para Vicente Abate, presi-dente da Abifer (AssociaçãoBrasileira da IndústriaFerroviária), os dois princi-pais objetivos da associaçãoforam atingidos em Berlim: aapresentação internacionalda indústria ferroviária brasi-leira e o intercâmbio tecnoló-gico. “Fazemos um balançoextremamente favoráveldessa feira. Mostramos aindústria ferroviária brasilei-ra ao mundo, avançamos emcontatos significativos e pro-movemos o intercâmbio deconhecimento.”

Participação é recorde

ALEMANHA Brasil levou 47 representantes

ANTF/DIVULGAÇÃO

Page 14: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201014

MAIS TRANSPORTEAZUL/EGOM/DIVLGAÇÃO

Cartas a um Jovem Economista -Conselhos para seus PlanosEconômicosAutor narra sua trajetória pessoal eprofissional, ensina truques e dá dicaspara iniciantes e iniciados na área.De: Gustavo Franco, Ed. Elsevier, 208págs., R$ 31,90

Ética nos Negócios - Condições,Desafios e RiscosLeitura recomendada para o profissionalda área de negócios e administraçãopreocupado com a ética nos negócios,com a responsabilidade social e com asustentabilidade. De: Roberto Patrus-Pena e Paula P. deCastro, Ed. Atlas, 223 págs., R$ 49

Uma Breve História do BrasilPor meio de uma abordagem precisae rica em detalhes, a historiadorainterpreta os fatos da vida nacionalde forma leve e acessível.De: Mary Del Priore e RenatoVenâncio, Ed. Planeta do Brasil, 320 págs., R$ 25

Construção de navios A Vale assinou em outubrocontrato com as instituiçõesThe Export-Import Bank ofChina e Bank of China Limitedpara o financiamento daconstrução de 12 naviosChinamax. O anúncio do projeto havia sido feito

pela empresa brasileira hádois anos. Segundo a Vale, as entidades financeiras fornecerão uma linha de crédito de até US$ 1,229bilhão, o equivalente a 80%do montante necessário paraa construção dos navios. A

linha de crédito tem umprazo total para pagamentode 13 anos e a multinacionalreceberá os recursos aolongo dos próximos trêsanos, de acordo com o cronograma de concepçãodas embarcações.

A Azul, a Embraer e a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde daMama) uniram-se para uma campanha de prevenção ao câncer de mama. A Azul pintou um jato derosa, cor que simboliza a luta contra a doença, e que será operado por uma tripulação de mulheres.

Campanha preventiva

Page 15: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 15

MERCADO

Completando a sualinha de produtos, aIveco chega ao seg-

mento dos caminhõesmédios com o novo Vertis,um veículo com projetodesenvolvido inteiramenteno Brasil. O lançamento ofi-cial do novo caminhão acon-teceu em outubro, emSalvador, na Bahia.

A primeira versão doIveco Vertis já tinha sidoapresentada ao mercadodurante a Fenatran 2009(Feira Internacional doTransporte), em São Paulo.O projeto, desenvolvido nocentro de produção damontadora em Sete Lagoas(MG), teve custo de R$ 55milhões e 85% de tecnolo-gia brasileira.

Disponíveis nas versões90V16 (9 toneladas e 154cavalos, com cabine sim-ples) e 130V18 (13 toneladase 173 cavalos, com cabinecurta ou estendida), o Vertisé ideal para aplicações emcentros urbanos, facilitandoa ligação entre os centrosde distribuição e os pontosde comércio, além de entre-gas interurbanas de curta emédia distância.

Segundo Marcelo Motta,gerente da plataforma deveículos leves da Iveco, ocaminhão oferece economiade 5% a 10% no consumo decombustível, dependendo

da aplicação, e menor emis-são de poluentes porque oseu motor NEF 4 (utilizadona Europa) já está prepara-do para as normas Euro 5.Durante o lançamento,Motta destacou o cresci-mento econômico do paísnos últimos anos e ressal-tou a necessidade da cria-ção de um produto quepreenchesse uma lacuna demercado. “O Vertis é a res-posta da Iveco para essanova economia do Brasil.”

De acordo com MarcoMazzu, presidente da IvecoLatin América, segundo asprojeções de crescimentoda montadora, a expectativaé alcançar 10% do mercadonacional de médios já em2011, com as vendas doVertis. O primeiro lote de

400 unidades produzidaseste ano já foi inteiramentevendido.

Mazzu também apresen-tou números positivos damontadora nos últimosanos. Segundo ele, entre1997 e 2007, a Iveco vendeu,no Brasil, 30 mil unidades. Amesma quantidade foi ven-dida entre 2007 e 2010 e aexpectativa é que até o anoque vem, outros 30 milcaminhões sejam colocadosnas estradas brasileiras. “OBrasil é o mercado mais pro-missor que temos nestespróximos anos”, afirmou.

O Iveco Vertis chega aomercado ao custo de R$118.500 na versão de 9 tone-ladas e R$ 136.900 na versãode 13 toneladas.

(Livia Cerezoli)

Iveco chega aos caminhões médios

VERTIS Modelo da Iveco foi desenvolvido no Brasil

IVECO/DIVULGAÇÃO

Aeroinvest A edição 2010 do Aeroinvest(Fórum Nacional de Investidoresem Aeroportos), que acontece dia29 de novembro, em São Paulo,contará com a participação deentidades representativas da atividade aérea brasileira, agências de turismo e órgãosinternacionais. Entre os principaistemas a serem discutidos estãoas perspectivas para o futuro dosaeroportos no Brasil, modeloregulatório do setor, concorrência, segurança e entraves ambientais para ampliação e concessões dosaeroportos. A programação completa pode ser conferida nosite www.viex-americas.com.br.

Bolsa virtualA empresa paranaenseTranspon.com acaba de lançaruma novidade no setor de cargasno Brasil. A Bolsa de Transporteoferece serviços de busca eanúncio on-line para quem precisa viajar, mas não sabe sevoltará com o caminhão cheio ouvazio ou se encontrará motoristapara transportar uma carga até o destino final. O interessado poderá anunciar o caminhão disponível naquele trajeto oufechar carregamentos já ofertados no sistema. O serviçopode ser contratado por telefone,e-mail, mensagem SMS ou no sitewww.transpon.com.

Page 16: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201016

MAIS TRANSPORTE

Ensino itineranteA Deb’Maq, empresa que atua na comercialização de máquinas-ferramenta para ossetores plástico e metal-mecânico,promove a formação prática eteórica de jovens e adultos pormeio de sua UMDT (Unidade Móvelde Difusão Tecnológica), criada em2003. A UMDT é um caminhão, cujacarroceria adaptada comportaequipamentos utilizados em usinagem.A unidade percorre todo o Brasil,possibilitando a visitação do

público à infraestrutura de seuinterior. A UMDT oferece ferramentase softwares para a atualizaçãoprática e teórica do profissional. O foco do projeto, de acordo com a Deb’Maq, é promover atransmissão do conhecimento à mão de obra e a centros de ensino, por meio de palestras técnicas e cursos gratuitos sobreusinagem e atividades voltadas àmetal-mecânica, divisão de plástico e corte e conformação. 0RIGINAL Alarme para linha de veículos Volkswagen

Alarme homologadoA Olimpus homologou mais umproduto como equipamento original para veículos Volkswagen.O alarme Click 212 VW Tech foidesenvolvido para as linhas NovoGol, Voyage, Saveiro e Novo Fox. Oequipamento pode ser instaladoem qualquer concessionárioVolkswagen e possui um novo eavançado sistema anticlonagem. O alarme reúne três saídas

auxiliares, incluindo uma comunicaçãoexclusiva com os módulos de conforto dos veículos. Sua instalaçãodispensa o uso de relés adicionais,o que reduz o tempo de montagem. O modelo conta com a possibilidade da inclusão deuma senha personalizada de dois dígitos como adicional de segurança, para ser utilizada emcaso de perda do controle remoto. EDUCAÇÃO Carroceria adaptada percorre todo o Brasil

DEB’MAQ/DIVULGAÇÃO

Ampliação da malha A Trip Linhas Aéreas anunciou a ampliação de sua rota. A malha operadapela companhia passa a contar com dois novos conjuntos de voos:Florianópolis-Curitiba-Confins-PortoVelho-RioBranco e Manaus-Belém-

Salvador-Confins-Manaus. Asrotas entram em operação a partir de novembro. Com a ampliação, a companhia atingirá mais de 80 destinosoperados no Brasil. Para osnovos voos, a Trip utilizaráaeronaves Embraer 175,recém-chegadas à empresa.

OLIMPUS AUTOMOTIVE/DIVULGAÇÃO

A Nestlé vai adesivar toda a frotaoperacional da Azul Linhas AéreasBrasileiras com imagens e mensagens de sua série de chocolates. Os temas escolhidospara estampar as aeronaves são:“Eu Sou Chocolover”; “Suflair” e“Especialidades”. Será a primeiravez no mundo que uma empresa

terá sua marca estampada em 15aeronaves de uma companhiaaérea. Quatro aviões já foram adesivados e podem ser vistosvoando em diversas rotas da Azul. Também estão previstas ações de marketing a serem promovidas pela Nestlé dentro das aeronaves.

Novo layout

Page 17: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 17

GOVERNANÇA Concessionária formalizou migração

A DHB Componentes Automotivosvai fornecer as caixas de direçãohidráulica da nova versão daMontana, caminhonete da General Motors. O acordo prevê ofornecimento de 100% das caixaspara o modelo. A estimativa devenda é comercializar 3.500

unidades mensais no primeiroano de venda da caminhonete. O produto foi desenvolvido emconjunto pelas equipes de engenharia da DHB e da GM do Brasil e garantiu um índice de nacionalização próximo a 100%.

Caixas de direção

ALL no Novo MercadoA ALL formalizou, em outubro,sua entrada no chamado NovoMercado: conjunto de regrassocietárias reconhecidas como o mais alto nível degovernança corporativa daBM&FBovespa. De acordo com a ALL, a empresa conseguiumigrar para o Novo Mercadoem decorrência de recentesmudanças normativas favoráveisa reestruturação do capital,

em agosto deste ano. "Esse é um momento importante para a ALL, pois a migração para o Novo Mercado da Bovespa é a coroação do esforço jáadotado pela empresa desdeque entrou no mercado decapitais. Além disso, nossaestrutura de capital fica maisflexível”, afirma o presidenteda ALL, Paulo Basílio.

ALL/DIVULGAÇÃO

MEIO AMBIENTE

AVolvo Bus LatinAmerica escolheu oBrasil para iniciar uma

série de testes com seu novoônibus híbrido. O veículo, umchassi 7700 Hybrid, fez testespor três semanas em Curitiba(PR) e seguiu para nova ava-liação, em outubro, em SãoPaulo. Segundo a Volvo, estãoprevistos testes do veículotambém no Rio de Janeiro. Afase de avaliação do ônibushíbrido deve se prolongar atéjaneiro de 2011.

O veículo híbrido da Volvotem dois motores: um a diesele outro elétrico. Os motoresfuncionam em paralelo ou deforma independente. O motorelétrico é utilizado para arran-car o ônibus e acelerá-lo atéuma velocidade de, aproxima-damente, 20 quilômetros porhora, e também como geradorde energia durante as frena-gens. Esse novo sistema é

conhecido como híbrido emparalelo. A solução foi desen-volvida pela Volvo e, de acordocom a montadora, não há simi-lares no mercado.

O motor diesel entra emfuncionamento em velocida-des mais altas. A cada vezque se acionam os freios, aenergia de desaceleração éusada para carregar as bate-rias. Quando o veículo estáparado no trânsito, em pon-tos de ônibus ou em semáfo-ros, o motor diesel fica des-ligado. Durante esse tempo,não há emissões de poluen-tes, pois o motor diesel seapaga completamente, oque reduz não somente asemissões de CO2 (gás carbô-nico), como também de NOx(Óxidos de Nitrogênio, res-ponsáveis por alergias eardência nos olhos, porexemplo) e de materiais par-ticulados, como a fumaça.

Ônibus híbrido em teste

HÍBRIDO Volvo escolhe o Brasil para iniciar testes

VOLVO/DIVULGAÇÃO

Page 18: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201018

MAIS TRANSPORTE

EMTRC/MINASTRANSPOR

O14º EMTRC (EncontroMineiro dos Transpor-tadores Rodoviários

de Cargas), organizado bie-nalmente pela Fetcemg(Federação das Empresas deTransportes de Carga doEstado de Minas Gerais), reu-niu durante os dias 27 a 29 deoutubro em Belo Horizonte,autoridades, empresários eprofissionais do setor.Paralelo ao encontro, a feiraMinastranspor apresentouas principais novidades dosegmento, atraindo aosestandes milhares de pes-soas.

As discussões acerca dainfraestrutura rodoviária eda mobilidade urbana con-duziram os debates. Essaedição teve como tema cen-tral “Meio Ambiente, Gestãoe Segurança no transporterodoviário de cargas”, comfoco na sustentabilidade donegócio. Foi realizada aindauma mesa-redonda, que dis-cutiu as relações de traba-lho da atividade.

Uma das palestras maisprestigiadas foi a da jorna-lista Cristiana Lôbo, quecomentou sobre o cenário

político pós-eleições. “Juntocom a diretoria da federaçãoe dentro do espírito das nos-sas entidades maiores, tra-balhamos para melhorar aimagem do transporte rodo-viário de carga”, disse emseu discurso de abertura,Vander Francisco Costa, pre-sidente da Fetcemg.

Delegações regionais de

empresários marcaram presen-ça no EMTRC 2010, como ascomissões do TriânguloMineiro, do sul de Minas e daZona da Mata. Na avaliação deCosta, o encontro e a feiraatenderam as expectativas.“Quem participou das palestraselogiou a oportunidade dostemas e a troca de informaçãopositiva. Quanto à feira, ela

superou as anteriores em visi-tação e em negócios”.

Segundo a Fetcemg, partici-param da Minastranspor 54expositores da cadeia produti-va dos transportes, entre imple-mentos, tecnologia aplicada egrandes montadoras. O 14ºEMTRC e a feira receberam,durante os três dias, mais de 10mil visitantes.

Transporte e sustentabilidade

PRESENÇA Minastranspor contou com a participação de 54 expositores este ano

LEONARDO HORTA/DIVULGAÇÃO

Page 19: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Oestudante do DistritoFederal que criou um fil-tro automotivo separa-dor de poluentes foi o

vencedor do 24º Prêmio JovemCientista, na categoria ensinomédio. Ricardo Castro de Aquino,18, concluiu o projeto em 2009,quando era aluno de uma escolapública da região administrativade Santa Maria, o CEM 404 (Centrode Ensino Médio). O resultado foidivulgado na última semana deoutubro pelo CNPq (ConselhoNacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico).

Os testes realizados em ônibusmostraram que o invento conse-gue reter até 80% dos poluentesemitidos por veículos movidos adiesel. Com aproximadamente 26cm, o filtro de metal tem um feltroespecífico e um gel. Assim, grandeparte dos poluentes da fumaçafica retida.

Em dezembro de 2009, a revis-ta CNT Transporte Atual publicouuma reportagem sobre o filtrodesenvolvido por Aquino. Naépoca, ele havia vencido uma pre-miação da Fundação de Apoio àPesquisa do Distrito Federal. Oestudante contou que a ideia sur-giu nas viagens de ônibus, entre

Santa Maria e o Plano Piloto. Sãomais de 30 km entre o TribunalSuperior do Trabalho, onde faziaestágio, até a escola em SantaMaria. À noite, retornava ao PlanoPiloto para estudar línguas.

“Sou dependente do transpor-te público e sempre me irritei coma fumaça dos ônibus. Passo mui-tas horas no trânsito, no mínimo,quatro por dia. A poluição come-çou a me incomodar e surgiu aideia”, disse o estudante, na épocada primeira premiação.

Aquino nasceu em uma famíliasimples. O pai, Manoel Tavares deAquino, 62, é bombeiro hidráulico,e a mãe, Creusa Castro de Aquino,

52, dona de casa. Ele tem umirmão de 20 anos. Emocionada, amãe disse esperar que o filho con-siga ajuda para continuar esse eoutros projetos e permanecerestudando. “Nossa situação émuito difícil. Não temos condiçõesfinanceiras. E ele é um meninomuito bom, inteligente, humilde,sempre quer ajudar”, disseCreusa. Segundo ela, o filho estu-da direito com uma bolsa parcial.

A reportagem não falou comAquino porque no fechamento daedição ele estava no Rio deJaneiro participando de um even-to relacionado ao prêmio. O paicomentou que o filho quer fazervestibular para engenharia mecâ-nica. “São tantos sonhos. Ele sem-pre fala que, no futuro, quer serembaixador, viajar o mundo epoder oferecer uma condiçãomelhor para a família.”

O Prêmio Jovem Cientista con-templa as categorias graduado,estudante do ensino superior emérito institucional. Os três pri-meiros da categoria ensino médioreceberam computador e impres-sora. Nas outras, há premiação emdinheiro. Neste ano, o tema foi“Energia e Meio Ambiente –Soluções para o futuro”. l

Ricardo Castro de Aquino, aluno do DistritoFederal, vence o Prêmio Jovem Cientista

Talentoreconhecido POR CYNTHIA CASTRO

EDUCAÇÃO

JÚLIO FERN

ANDES/CN

T

Page 20: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

MEIO AMBIENTE

Órgãos de meio ambientede vários Estados dopaís precisam corrercontra o tempo para

conseguir elaborar o PCPV (Planode Controle de Poluição Veicular),dentro do período estipulado naresolução nº 418/2009 doConama (Conselho Nacional deMeio Ambiente). A norma estabe-leceu o prazo de um ano, quevence em 25 de novembro, paraque os 26 Estados, o DistritoFederal e os municípios com maisde 3 milhões de veículos indi-quem quais medidas tomarãopara melhorar a qualidade do ar

Corrida pelaqualidade do ar Estados têm de elaborar Plano de Controle de Poluição Veicularaté 25 de novembro e podem decidir adotar inspeção ambiental

POR CYNTHIA CASTRO

das suas cidades. Entretanto, amaioria deles ainda não concluiuas ações necessárias.

No início de outubro, entre osmais adiantados estavam MinasGerais, Espírito Santo, SantaCatarina, Rio Grande do Sul eSão Paulo, conforme informou apresidente da Abema(Associação Brasileira deEntidades Estaduais de MeioAmbiente) e secretária de MeioAmbiente e Recursos Hídricosdo Espírito Santo, Maria daGlória Brito Abaurre. O Rio deJaneiro também está com asituação mais tranquila, pois já

possui medidas adotadas contraa poluição veicular, como a rea-lização da inspeção ambiental.

“Esses Estados estão maisavançados. Mas uma coisa quenos preocupa é que o cumprimen-to de todos os itens da resoluçãoainda está longe de ser alcançadopela maioria”, disse Maria daGlória. Nos dias 5 e 6 de outubro, aAbema realizou uma reunião emparceria com a CNT, na sede daconfederação em Brasília.Representantes de órgãos ambien-tais dos Estados brasileiros, doMinistério do Meio Ambiente,Denatran (Departamento Nacional

de Trânsito) e dos Detrans(Departamentos Estaduais deTrânsito) participaram.

A resolução estabelece os cri-térios para a elaboração do PCPV.Esse plano precisa definir quaissão as regras de gestão e contro-le da emissão de poluentes e doconsumo de combustível. Deveapontar, de forma clara e objetiva,quais são as alternativas de ações.Se for necessário, pode serimplantado o Programa deInspeção e Manutenção deVeículos em Uso, chamado de I/M.

Conforme a resolução, uminventário sobre as emissões é a

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201020

Page 21: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

ALEXANDRE VIEIRA/FUTURA PRESS

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 21

Page 22: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

base desse plano. Entretanto,segundo a presidente da Abema,muitos Estados ainda não tinhamelaborado os seus inventários atéo início de outubro.

Durante a reunião, o gerentede qualidade do ar do Ministériodo Meio Ambiente, Rudolf deNoronha, afirmou para os repre-sentantes dos Estados presen-tes que o plano a ser entregueem novembro deve ser simplese apontar as ações a seremdesenvolvidas. “Os Estadosconhecem a sua realidade. Têmtudo na mão para fazer umplano simples”, afirmou.

Segundo Noronha, o plano traçaum diagnóstico da situação daqualidade do ar. O órgãoambiental vai dizer como está oar na capital, na região metro-politana e em outras cidades. Apartir daí, devem ser indicadasas medidas a serem desenvolvi-das posteriormente para solu-cionar os problemas.

“Uma coisa é fato, e medidasprecisam ser tomadas: o ar dascidades brasileiras é ruim.Embora tenha se constatadouma diminuição das emissõesde todos os poluentes, nos últi-mos anos, com as medidas do

PRAZOS Rudolf de Noronha, do MMA, diz que houve tempo para a elaboração dos planos

Inspeção requer renovaçãoPROPOSTA

Na avaliação da CNT, apossível implantação nopaís de um programa de ins-peção ambiental, chamadooficialmente de Programade Inspeção e Manutençãode Veículos em Uso – I/M –,deve estar conciliada comum plano nacional de reno-vação de frota e reciclagemde veículos. Do total decaminhões que circulamhoje no Brasil, 45% (oucerca de 600 mil) têm maisde 20 anos de uso.

Com tecnologia defasada,esses veículos poluem muitomais. Mas a maior parte doscaminhões velhos é de pro-priedade dos autônomos,que têm dificuldades deacesso ao crédito para com-prar veículos novos. Por isso,a CNT defende tanto aimplantação de um programaque facilite as condiçõespara que esses caminhonei-ros possam trocar os veícu-los antigos por novos comotambém defende a viabiliza-ção de centros de recicla-gem, permitindo a destina-ção correta para a sucata.

A conselheira da CNT noConama, Patrícia Boson, res-saltou também que os custosde investimento e de opera-ção para a inspeção veicular(segurança ou ambiental) sãoelevados. “É necessário que aescolha pela inspeção estejavinculada a locais onde osbenefícios serão factíveis,visíveis e concretos.”

Durante a reunião emBrasília, a CNT colocou à dispo-sição o Despoluir – ProgramaAmbiental do Transporte comoparceiro para colaborar como PCPV nos Estados. ODespoluir é desenvolvidodesde 2007. Um dos projetosde destaque é o de Reduçãode Emissão de Poluentespelos Veículos.

O projeto tem a participa-ção de federações, empre-sas e autônomos. São reali-zadas aferições em cami-nhões e ônibus. Os veículosaprovados recebem o seloDespoluir. Desde o início doprojeto, já foram feitas pelomenos 358 mil aferições.São mais de 12 mil transpor-tadores envolvidos.

GLAUBER FERNANDES

“Falta definir quais ações iremos tomar no sentido de melhorar a qualidade do ar”ALEXSANDER BARROS SILVEIRA, COORDENADOR DO CENTRO SUPERVISOR DE QUALIDADE DO AR DO ESPÍRITO SANTO

Page 23: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Proconve (Programa deControle da Poluição do Ar porVeículos Automotores), o ar dascidades brasileiras é poluído”,reconheceu o representante doMinistério do Meio Ambiente.

Na opinião de Noronha, paraatingir de fato o objetivo demelhorar a qualidade do ar, possi-velmente todos os Estados devemchegar à conclusão de que emalgum momento precisarãoimplantar um programa de inspe-ção ambiental. Ele considera que ainspeção inicial de ônibus e cami-nhões pode ser um caminho efi-caz a ser seguido. “É lógico que

um ônibus que transporta 50 pes-soas é bem melhor do que 50 car-ros com uma pessoa em cada um.Mas esses ônibus têm um grandepotencial de poluição, pelo com-bustível a diesel. Então, se estive-rem bem mantidos, regulados,com motores ajustados, vão emi-tir muito menos”, diz.

Minas Gerais é um dos Estadosbrasileiros que estavam com o seuPlano de Controle de PoluiçãoVeicular adiantado, no início deoutubro. A expectativa é que todoo documento esteja aprovadodentro do prazo estabelecido naresolução, conforme EliseteGomides Dutra, gerente da gestãoda qualidade do ar da Feam(Fundação Estadual de MeioAmbiente).

Entre as propostas apresen-tadas está a implantação de umprograma de inspeção veicularambiental, que terá como frotaalvo inicial os veículos pesadosa diesel de Belo Horizonte,Contagem e Betim. Serão inspe-cionados pelo menos 40 mil veí-culos na capital e outros 10 milem Contagem e 8.000 em Betim.As frotas totais de veículos des-ses municípios são de 1,25milhão, 221 mil e 108 mil, respec-tivamente.

Os Estados que decidiremimplantar a inspeção terão maisum ano e meio depois da entregado PCPV para colocar a medida emprática. De acordo com Elisete,

PRAZOS Rudolf de Noronha, do MMA, diz que houve tempo para a elaboração dos planos

GLAUBER FERNANDES

• É um instrumento de gestão da qualidade do ar do Pronar e do Proconve

• O objetivo é estabelecer regras de gestão e controle da emissão de

poluentes dos veículos e do consumo de combustíveis

• Deve ter como base o inventário de emissões de fontes móveis e o

monitoramento da qualidade do ar

• Deverá caracterizar as alternativas de ações de gestão e controle

da emissão de poluentes e do consumo de combustíveis

• Se for necessário, o PCPV deve incluir um Programa de Inspeção e

Manutenção de Veículos em Uso, o I/M

• Deverá avaliar as diferentes alternativas de controle, justificando

tecnicamente as medidas selecionadas com base no custo e efetividade

em termos de melhoria da qualidade do ar

Se o PCPV indicar a necessidade de I/M, deverão ser estabelecidos:

• Extensão geográfica e as regiões a serem priorizadas

• Frota alvo e embasamentos técnicos e legais

• A frota alvo será definida de forma a abranger os veículos automotores,

motociclos e veículos similares com motor de combustão interna

• Cronograma de implantação

• Forma de vinculação com o sistema estadual de registro e de licenciamento

de trânsito de veículo

• Periodicidade da inspeção

• Análise econômica e a forma de integração, quando for o caso, com

programas de inspeção de segurança veicular e outros similares

• A implementação do I/M só poderá ser feita após a elaboração de um PCPV

SAIBA MAIS SOBRE OS OBJETIVOS DO PCPV

“Falta definir quais ações iremos tomar no sentido de melhorar a qualidade do ar”

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 23

Page 24: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

nessas três cidades de Minas, asinspeções serão realizadas anual-mente e haverá vinculação com osistema de registro e licenciamen-to anual de veículos. No primeiroano, a inspeção será obrigatória enão punitiva. Depois, o licencia-mento do veículo ficará vinculadoà aprovação. Durante a reunião naCNT, foi discutida a necessidadede haver uma integração entreórgãos ambientais e de trânsito.

DetransUma das diretrizes estra-

tégicas do programa mineiroé o estabelecimento de con-

vênio com o Detran para via-bilizar a implantação conjun-ta dos programas I/M e deISV (inspeção de segurançaveicular), ou pelo menos avistoria do veículo. De acor-do com a gerente de qualida-de do ar da Feam, as concen-trações de material particu-lado em Betim são superio-res às registradas emContagem e essas, superio-res às de Belo Horizonte.Algumas possíveis explica-ções são a direção preferen-cial dos ventos, a concentra-ção de indústrias e maior

ABEMA Maria da Glória Abaurre reconhece atraso dos Estados

Rio e São Paulo têm programasEXPERIÊNCIAS

A cidade de São Paulo e oEstado do Rio de Janeiro játêm programas de inspeçãoveicular ambiental implanta-dos. No Rio, a experiênciacomeçou há mais de dez anose, em São Paulo, o projeto émais recente, de 2008. O coor-denador de inspeção veicularda Secretaria Municipal doVerde e do Meio Ambiente deSão Paulo, Márcio Schettino,afirma que para conseguir aadesão da população éimprescindível oferecer umbom atendimento durante oprocesso de agendamento eno dia da inspeção, de formaque o motorista perca omenor tempo possível pararealizar a inspeção.

"É isso que temos buscadofazer em São Paulo. O tempomédio de atendimento decada veículo é de 20 minutos”,afirma. As inspeções sãoagendadas por call center oupelo site da secretaria.Mostrar para a população queum programa de inspeção vei-cular ambiental traz de fatobenefícios para o ar da cidadeé também uma das medidasfundamentais para combatera resistência da população empagar mais uma taxa, na ava-liação de alguns participantesda reunião na sede da CNT.

Em São Paulo, os motoris-tas pagam R$ 56,44 por ano.Segundo Schettino, com a rea-lização do programa na capi-tal paulista, houve um ganhoambiental até agora seme-lhante à retirada de 500 milveículos de circulação. O pro-grama foi implantado na cida-de de forma gradativa. Em2008, começou com toda a

frota a diesel. Em 2009, motose carros movidos a álcool, gásou gasolina registrados entre2003 e 2008 também foraminspecionados.

Neste ano, o programadeve atingir 100% da frota. Háuma estimativa de que a frotada cidade de São Paulo seja de6,5 milhões de veículos, mas aSecretaria do Verde acreditaque o número seja menor, poismuitos carros já devem tersido retirados de circulaçãosem dar baixa no sistema.

No Rio de Janeiro, no iníciode 1997, o Inea (InstitutoEstadual do Ambiente) – anti-ga Feema – e o Detran assina-ram um convênio de coopera-ção técnica para implantar oPrograma de Inspeção eManutenção de Veículos emUso. Todos os veículos doEstado devem passar pela ins-peção. Também é feita a visto-ria visual de segurança.

O Rio de Janeiro contacom 30 estações de monitora-mento de qualidade do ar e 51postos de inspeções. Vintedeles estão na região metro-politana e 31 no interior. Omotorista paga R$ 85,35 parafazer a inspeção, tanto aambiental como a visual desegurança.

O diretor de Informaçãoe Monitoramento Ambiental,Carlos Alberto Fonteles deSouza, também afirmou queo bom atendimento aosmotoristas é fundamentalpara conseguir diminuir aresistência. “No início, foimais difícil. As pessoasreclamavam mais. Masagora a inspeção já fazparte de nossas vidas.”

GLAUBER FERNANDES

Page 25: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

tráfego de veículos pesadosem Contagem e Betim.

Dentro das medidas paramelhorar a qualidade do ar deMinas Gerais, há o compromissode ampliação do sistema de pre-venção e eliminação de focos deincêndio, da preservação eampliação de áreas verdes, eainda o incentivo a programas dereciclagem de veículos e melho-rias do transporte coletivo.

O Espírito Santo também estácom a elaboração do PCPV emfase adiantada. De acordo com ocoordenador do centro supervi-sor de qualidade do ar,

Alexsander Barros Silveira, aexecução do inventário de fon-tes móveis (veículos) e o monito-ramento da qualidade do ar jáforam feitos no Estado. “Temos omonitoramento há mais de dezanos e atualizamos o inventárioem 2010. O que falta agora étomar a decisão. Definir quaisações iremos tomar no sentidode melhorar a qualidade do ar.”

Conforme Silveira, se ficardefinido que haverá inspeçãoambiental no Espírito Santo, afrota alvo deverá ser inicialmentea de uso intensivo: ônibus, cami-nhão e táxi. Depois, seria estendi-

da aos demais. De qualquerforma, ele fez questão de chamara atenção de todos os Estados,dizendo que em algumas situa-ções a inspeção veicular ambien-tal pode não ser a melhor medi-da para conseguir melhorar aqualidade do ar. “É importantelembrar que a resolução fala darelação custo-benefício. Ou seja,a implantação de uma estratégiana qual você investe a menorquantidade de dinheiro para seobter como resposta a melhoriamais efetiva da qualidade do ar.Talvez, essa medida não seja ainspeção”, afirma Silveira, ao

citar, por exemplo, a implantaçãode corredores de BRT (Bus RapidTransit) como uma das ações aserem contempladas no PCPV.

O diretor-geral daSecretaria de Estado doDesenvolvimento EconômicoSustentável de Santa Catarina,Lauro Andrade, apresentou alei que dispõe sobre oPrograma de Inspeção deEmissões e Ruído de Veículosem Uso. Em setembro deste ano,um decreto estadual determinoua regulamentação, tanto para quesejam estabelecidas as diretrizesdo programa de inspeção, que irácontrolar as emissões de poluen-tes e ruídos dos veículos.

As inspeções deverão serrealizadas pelo Estado, por meiode concessão do serviço ou con-sórcio de empresas. De acordocom o decreto, elas devemdemonstrar estar tecnicamentecapacitadas para implantar eoperar os centros de inspeçãopelo prazo de dez anos, prorro-gável por igual período. “É muitoimportante que os Estados con-sigam cumprir esta resoluçãoque chama a atenção para o pro-blema grave da poluição. Os veí-culos respondem por grandeparte da emissão dos gases deefeito estufa, e o PCPV é umdocumento de gestão e planeja-mento, que serve como basepara se monitorar e controlar aqualidade do ar nos Estados”,diz Andrade. l

Objetivo

• Engajar empresas, caminhoneiros autônomos, taxistas, outros trabalhadores

em transporte e a sociedade na conservação do meio ambiente

Participantes

• CNT, Sest Senat, Escola do Transporte, associações, sindicatos e federações

do transporte, entre outros parceiros

Grupos de projetos

• Transporte: visa melhorar o desempenho ambiental do setor, com projetos

de redução de emissão de poluentes, incentivo de uso de energia limpa pelo

transportador e aprimoramento da gestão ambiental nas empresas

• Cidadania para o meio ambiente: pretende transformar agentes do setor

em multiplicadores de educação ambiental, com projetos de premiação

ambiental e capacitação

Conheça mais o Programa Ambiental do Transporte desenvolvido pela CNT

DESPOLUIR

“A inspeção jáfaz parte denossas vidas, e são muitos os ganhos ambientais”

CARLOS ALBERTO FONTELES DE SOUZA, DIRETOR DO INEA/RJ

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 25

Page 26: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Procuram-se profissionais

Concessionárias investem na formação de mão de obra para atender ao crescimento do modal

Concessionárias investem na formação de mão de obra para atender ao crescimento do modal

Page 27: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 27

Omodal ferroviário vive ummomento de plena expansão,com constantes registros decrescimento. De acordo com o

Idet (Índice de Desempenho Econômico doTransporte), publicado mensalmente pelaCNT, o transporte ferroviário de cargasconduziu em julho 5,5% a mais do que omês anterior. No acumulado deste ano, omodal transportou 3% mais toneladas doque no mesmo período do ano passado.Apesar da tendência de superar, em 2010,o total de cargas de 2008, o setor convivecom a falta de mão de obra especializada.A alternativa encontrada pelas concessio-nárias foi investir em centros corporativospara capacitar seus profissionais. Paramudar esse panorama e promover umaformação mais ampla e qualificada para osetor, entidades vêm se mobilizando. Oobjetivo é expandir a grade de cursos ereformular os já existentes.

A ALL Logística mantém em sua sede,em Curitiba (PR), a universidade corpora-tiva da empresa. A instituição é respon-sável pela formação dos colaboradoresnas áreas técnicas, de maquinistas e ope-radores de produção, além de manteruma pós-graduação voltada para a enge-nharia ferroviária. Rodrigo Paupitz,gerente de gente da ALL, afirma que asconcessionárias tiveram de assumir acapacitação dos profissionais, após a pri-vatização da malha. “Quando ocorreu adesestatização da RFFSA (RedeFerroviária Federal S.A.), o setor já sedeparava com um intervalo de dez anos

sem concurso público para a rede.Acredito que houve desinteresse pelomodal e as companhias que adquiriramas concessões sofreram o reflexo disso.”

Para concluir os cursos oferecidos pelaALL, os candidatos passam por um proces-so seletivo com várias etapas. Provas,dinâmicas de grupo e entrevistas indivi-duais estão no programa. “Depois dessasfases, os aprovados concorrem em umpainel regional – uma espécie de finalestadual, para depois seguir para umafinal nacional de seleção”, afirma Paupitz.

Tomar para si a formação dos profis-sionais, segundo o gerente, foi o caminhoencontrado pelas empresas. “Não existehabilitação ferroviária no país fora dasconcessionárias. A ALL promove 100% dacapacitação de maquinistas e engenhei-ros de campo que atuam na companhia.Para suprir a deficiência de mão de obra,ações isoladas foram sendo executadas eas corporações passaram a oferecer aespecialização.” Segundo ele, se não fos-sem as instituições de ensino das empre-sas, não existiriam profissionais paraatuar nas ferrovias.

A escassez de mão de obra especiali-zada é a responsável pelos investimen-tos da MRS Logística em treinamentos eformação profissional. Félix Lopez Cid,diretor de recursos humanos da conces-sionária, afirma que a empresa aplicaráR$ 10 milhões em capacitação para car-gos da operação ferroviária. Cid diz quea deficiência ainda não representou umcolapso porque as empresas se prepara-

POR LETICIA SIMÕES

FERROVIAS

DIVULGAÇÃO

Page 28: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201028

ram. “É um gargalo do setor.Todos os anos, a MRS tem deinvestir em novos funcionáriospara atender ao mercado.”Segundo o diretor, a concessio-nária vai injetar outros R$ 10milhões na preparação de cola-boradores em 2012.

Ele enfatiza que, para a for-mação completa de um maqui-nista, são necessários, aproxima-damente, de dois a três anos.Para iniciar uma operação sim-ples, revela, o formando leva 17meses. “Nesse período, um alunodemanda R$ 8.000. A estimativaé que, em 2012, a MRS receba 500alunos. Este ano, dos 450 profis-sionais que a empresa necessi-tou, somente 76 estavam prontos

CAPACITAÇÃO ALL Logística mantém em sua sede a universidade corporativa, responsável pela formação de profissionais

A falta de mão de obraqualificada não é uma defi-ciência restrita ao modal fer-roviário. Vários segmentos,como engenharia civil, tecno-logia da informação, logística,siderurgia e mineração, entreoutros, passam pelo mesmogargalo. Especialistas emrecursos humanos apontam afalta de planejamento e deinvestimentos para explicar oentrave.

O engenheiro Caio Arnaes,especialista em recrutamentoda Robert Ralph RecursosHumanos, afirma que, entre asdécadas de 1980 e 1990, osetor ferroviário passou poruma fase de estagnação e, aexemplo da construção civil,não era um mercado atrativo.“Isso pode elucidar a causa dafalta de profissionais comexperiência nessas áreasatualmente. Naquela época, osengenheiros migraram paraos bancos porque não haviacanteiros de obras. Estavatudo parado.”

De acordo com Arnaes, háno mercado jovens com gran-de potencial, porém, falta-lhes experiência. “O cresci-mento atual da economia pro-voca esse quadro. O recém-formado aprende muita coisa,mas não há especializaçãopara o setor ferroviário, porexemplo. O engenheiro civilestuda sobre construção derodovias e não de ferrovias.Isso significa que, se houverplanejamento e cursos dire-

cionados para o modal agora,daqui a 10, 15 anos, não have-rá mais o problema da escas-sez de mão de obra.”

Segundo ele, grande partedos clientes da Robert Ralphpercebe a deficiência na espe-cialização profissional ao con-tratar os serviços de seleção.A empresa recruta para asáreas de engenharia, logísticae suprimentos, tecnologia dainformação, jurídica e definanças, entre outras.

Para a psicóloga KarlaMara Alves de Oliveira, consul-tora de planejamento de car-reira da Ricardo XavierRecursos Humanos, a falta dequalificação é um problemageneralizado no Brasil. “Como mercado aquecido, váriossetores da economia estãoem fase de crescimento. Nacontramão desse desenvolvi-mento, estão as empresasque não possuem programasde qualificação. Existe muitaprocura para poucos profis-sionais. As corporações estãoenfrentando gargalos, pois hádiversas vagas no mercadosem preenchimento.”

Karla acredita que, paramudar o quadro, as empresasprecisam se planejar. “Énecessário uma política inter-na de treinamento. Dessemodo, cada empresa se arti-cula com estratégias de curtoprazo, para que, a médio elongo prazo, não tenham quedepender de uma mão de obrainexistente”, diz.

Situação se repete em outras áreas

DEMANDA

“O cenáriomuda com oaumento dademanda. Háuma melhoria

para omodal”

FÉLIX LOPES CID, DIRETOR DE RH DA MRS

Page 29: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 29

ferroviária e treiná-los para a ati-vidade. “Em virtude dessa carên-cia, a ferrovia está se desenvol-vendo mais lentamente queoutros modais. Isso implica emperda de produtividade das con-cessionárias e de oportunidadesde crescimento”, diz.

A deficiência, segundo Frizzo,implica em muitas consequên-cias. “Uma logística hábildemanda modais mais econômi-cos para competir com outraseconomias emergentes. O setorpaga um custo alto pelo fato dea ferrovia não ser prioridade namatriz do transporte. Tendoainda o dispêndio da capacita-ção, dificulta muito.”

A Ferroeste chegou a elabo-

rar um concurso público parapreencher algumas vagas, mas,com a apuração dos gabaritos,nenhum candidato conquistou apontuação mínima exigida.“Hoje, a empresa recorre à ter-ceirização para alguns serviçose, ainda, assim, deixa a dese-jar”, afirma Frizzo.

O gerente de planejamentoda FTC (Ferrovia TerezaCristina), Celso Schurhoff, res-salta que, à época da RFFSA,havia acordos de cooperaçãotécnica para a formação de mãode obra especificamente ferro-viária. “Com a privatização,esses acordos foram encerra-dos. No primeiro período dagestão privada houve o aprovei-

para atuar. O restante, foi forma-do internamente.”

O diretor prevê um novo hori-zonte para a especialização dosetor ferroviário. “O cenário mudacom o aumento da demanda. Háuma melhoria para o modal e asinstituições estão procurandosuprir as carências. Hoje, cadaconcessionária trabalha na forma-ção de acordo com a sua necessi-dade. Com a iniciativa setorial deprover novos cursos, isso tende ase alterar”, afirma.

Neuroci Antônio Frizzo, presi-dente da Ferroeste, afirma que orecurso encontrado pela conces-sionária, ao longo dos anos, foicontratar profissionais compouca ou nenhuma experiência

tamento desses profissionaisem diversas regiões do Brasil.”

Na opinião de Schurhoff,caso medidas mais abrangen-tes não sejam executadas, asituação tende a se agravar.“Prevejo uma saturação com ocrescimento que está sendoesperado e também, pelanecessidade de reposição,devido às aposentadorias emovimentação de colaborado-res. Hoje, esses profissionais jásão disputados entre asempresas ferroviárias.”

Segundo ele, a escassez estáocorrendo principalmente nasfunções ferroviárias mais específi-cas, como maquinistas, operado-res de máquinas especiais, agen-

ALL/DIVULGAÇÃO

CAPACITAÇÃO ALL Logística mantém em sua sede a universidade corporativa, responsável pela formação de profissionais

Evolução de 1997* - 2009Movimentação de carga: crescimento de 56,1%Volume de transporte em TKU (Tonelada Quilômetro Útil):aumento de 77,4%Redução do número de acidentes: 74,3%Trabalhadores diretos e indiretos: crescimento de 119,5%(1997: 16 mil / 2009: 36,6 mil)

*Início das concessõesFonte: ANTF

Perspectiva de crescimento para os próximos anos

SAIBA MAIS

Participaçãona matriz(em %)

Extensão(em mil km)

02010 2023

10

20

3028%

48%

40

50

60

25%

32%

Page 30: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201030

tes de trens, atividades de manu-tenção e engenharia especializa-da. “No caso da FTC, foram estabe-lecidas parcerias com escolas téc-nicas para os profissionais dasáreas especializadas de manuten-ção. Outros foram criados comoos programas de treinamentos,formação, atualização e recicla-gem educacional e de habilidadesgerenciais para melhoria do nívelde ensino, graduação e pós-gra-duação”, diz.

O gerente afirma que a neces-sidade de mão de obra capacitadapode abreviar o período de forma-ção e treinamentos técnicos,especialmente para a classe demaquinistas. “O maior risco estárelacionado à segurança, à baixaeficiência operacional e à qualida-de da operação ferroviária.”

A ANTF, em parceria com asempresas do transporte metroviá-rio CPTM (Companhia Paulista deTrens Metropolitanos) e Trensurb(Empresa de Trens Urbanos dePorto Alegre), projeta a atualiza-

ção e expansão de cursos dirigi-dos ao setor. “A necessidade denovos programas é necessária emvirtude de toda a evolução daindústria ferroviária, como asnovas tecnologias embarcadasnas composições e matérias-pri-mas mais modernas. Isso vai dimi-nuir o custo dos operadores comtreinamentos e capacitação”, afir-ma a ANTF, por meio de seuComitê de Gente.

Para Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da entidade, a recupe-ração do sistema e a necessidadede expansão do setor ferroviáriode carga culminaram na mobili-zação das entidades para umanova formação de mão de obra.“A medida vai minimizar essafalta de profissional capacitado e,automaticamente, vai moderni-zar o currículo desses colabora-dores com as novas tecnologiasaplicadas ao setor. Com isso, omodal poderá adquirir um uni-verso maior de possíveis novosferroviários.” l

Sest Senat mantém parceriasENSINO

O Sest Senat participa daqualificação dos profissio-nais do modal ferroviáriopor meio de parcerias esta-belecidas com as concessio-nárias da malha. A grade decursos para a cooperação éestabelecida conforme anecessidade das empresas.As unidades do Sest Senatde Juiz de Fora (MG) e deSão Vicente, no litoral pau-lista, têm experiência nessetipo de cooperação.

A unidade de Juiz deFora oferece vários treina-mentos. De acordo com odiretor Washington Almeida,os cursos são voltadospara profissionais que jáatuam nas concessionárias– conhecidos como recicla-gem – e também para fun-cionários que estão emprocesso de admissão. Aparceria é estabelecidacom a MRS Logística, quetem sua sede na mesmacidade. “São diversos cur-sos, entre eles direçãodefensiva e primeirossocorros, condutores deveículos de transporte deprodutos perigosos, opera-dores de empilhadeira, deguindauto, de guindaste ede ponte rolante, manuten-ção defensiva, operadorferroviário e transporteferroviário de produtosperigosos”, afirmaAlmeida.

Segundo ele, o balançode 2010 tem sido positivo.“Aproximadamente 850

colaboradores, entre anti-gos e novos, foram capaci-tados até outubro.” A parce-ria com a MRS existe desde2006. “A unidade tem minis-trado treinamentos todos osmeses. Este ano, o crono-grama de cursos vai até ofinal de dezembro. Para 2011,estamos discutindo o con-trato que irá abranger umnúmero ainda maior de tra-balhadores da rede ferroviá-ria”, afirma Almeida.

Outros cursos ofereci-dos pelo Sest Senat de Juizde Fora, confirma o diretor,também podem ser aplica-dos aos profissionais domodal, como brigada deincêndio, comissão internade prevenção de acidentes,gestão do tempo, entreoutros.

São Vicente capacitouentre 2005 e 2006 mais de60 profissionais para ocurso de formação deoperadores ferroviários,dentro da parceria firma-da com a empresaPortofer. O diretor SérgioLuis Pereira afirma que oSest Senat de São Vicentecontinua aberto a novascooperações para o setorferroviário. “Os cursos sãoprogramados conforme ademanda da empresa quenos contatar. Estamos àdisposição de qualquercompanhia do setor ferro-viário que queira reciclarou capacitar seus colabo-radores.”

INVESTIMENTO MRS aplicará R$ 10 mi em capacitação

ARQUIVO CNT

Page 31: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 32: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201032

ConexãoliberadaTAM inicia uso de celulares em seus voos.

Passageiros também poderão acessar InternetPOR LETICIA SIMÕES

AVIAÇÃO

Aaviação civil nacionalentra em uma novaera. A Anac (AgênciaNacional de Aviação

Civil) validou a certificação paraque a TAM libere o uso de celula-res a bordo. A Anatel (AgênciaNacional de Telecomunicações),por sua vez, autorizou o inícioda oferta de acesso ao SMP(Serviço Móvel Pessoal) durantevoos, em aeronaves registradasno Brasil. A TAM iniciou os testesno dia 28 de outubro, em umAirbus A321, que faz as rotasentre Guarulhos, Recife, Natal,Fortaleza e Porto Alegre.

O A321 inaugurou o serviço detelefonia a bordo da TAM, às 7h50.A aeronave decolou de Guarulhoscom destino a Porto Alegre. Porora, a única companhia aérea dopaís a solicitar o serviço às auto-ridades competentes foi a TAM. Osistema a ser utilizado pelaempresa foi desenvolvido pelaOnAir, joint-venture da Airbus eda Sita, organização que desen-volve tecnologia de ponta paraaviação. A parceria entre as cor-porações foi firmada em outubrode 2008. A OnAir desenvolve pro-jetos para o uso de telefonesmóveis em voos desde 2005.

Além do A321, o sistema seráinstalado em outras três aerona-ves do modelo Airbus, equipadascom a tecnologia para testar ouso do serviço e sua aprovaçãopelos passageiros. De acordocom a assessoria de imprensa daTAM, a tarifa será definida pelaoperadora usada pelo cliente, e ocusto das ligações a bordo,cobrado diretamente na conta detelefone do cidadão. Segundoinformações veiculadas naimprensa no dia 29 de outubro, opassageiro pagará tarifa de roa-ming internacional. A assessoriada companhia confirma que a

OnAir é a responsável pelas par-cerias com as operadoras de tele-fonia e que todas aquelas queatuam no Brasil já fecharam coma joint-venture. O tempo das liga-ções não foi confirmado pelacompanhia.

A fase inicial de testes teráduração de quatro anos. A TAMadianta que o sistema será tes-tado em voos domésticos e emvários trechos diferentes. Oobjetivo é avaliar o interessedos passageiros de todo o paíspela tecnologia.

Dino Ishikura, superintendentede aeronavegabilidade da Anac,

Page 33: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 33

ISTOCKPHOTO

afirma que o pedido de validaçãoda certificação para o uso de tele-fones a bordo foi feito pela Airbusno início de 2009. “A Anac deta-lhou o que seria necessário paraque a fabricante legitimasse a cer-tificação no Brasil. Levamos emconsideração as leis de aeronave-gabilidade e regulamentos brasi-leiros”. Ele enfatiza que, durante operíodo de testes, os equipamen-tos instalados para permitir o usoda tecnologia estarão sujeitos afiscalizações da Anac.

Segundo Ishikura, as aerona-ves aprovadas na Europa foramtestadas por meio de uma pro-

posta de ensaio definida pelaEasa, autoridade europeia desegurança aeroviária. “A Anacavaliou os testes realizados eaprovados e propôs outros, deforma a complementar e atenderparticularidades específicas dosaviões que vão operar aqui, comopor exemplo, os ensaios de inter-ferência eletromagnética.”

Os testes foram realizados pelaAirbus em uma aeronave comconfiguração idêntica à dosaviões que operam no Brasil. “Osexames foram aprovados pelaEasa e todos os relatórios foramsubmetidos à Anac para aprova-

ção”, diz o superintendente. O pro-cedimento de certificação levoupouco mais de um ano. Procuradapela reportagem, a Anatel não semanifestou quanto aos processosavaliados pela instituição para aaprovação do novo serviço.

A TAM ressalta que será permi-tido o uso simultâneo de oito celu-lares. O sistema da OnAir permiteo funcionamento de celularesGSM, troca de mensagens por SMS,envio de dados por smartphones euso de Internet (em laptops equi-pados com modem). “A tecnologiaé bastante parecida com a con-vencional usada por estaçõesrádio-base terrestres, sendo que adiferença mais significativa estána própria célula (estação) insta-lada na aeronave. Ela possui umlink por satélite com o solo. Alémdisso, o sistema tem uma funçãopara reduzir as emissões de rádiodos celulares a bordo, de forma asuavizar a ocorrência de interfe-rências com os demais sistemasda aeronave”, explica Ishikura.

De acordo com ele, o passa-geiro vai operar o celular nor-malmente. “O sinal do telefone édetectado pela estação internado avião que o transforma e oretransmite para um satélite. Dosatélite, o sinal é enviado parauma estação em terra, que o dis-tribui para os operadores detelefonia. O uso da Internet será

“O uso decelulares nasaeronavescertificadasnão oferecenenhum risco operacional”

DINO ISHIKURA, SUPERINTENDENTE DA ANAC

Page 34: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

da mesma maneira. O limite deoito celulares simultâneos foiescolha da TAM e limitado pelosistema de tecnologia instaladopela OnAir.”

Durante pousos e decola-gens, os passageiros vão conti-nuar recebendo orientação paradesligar os aparelhos eletrôni-cos. Segundo a TAM, o sistemapassa a fornecer sinal quando aaeronave atinge 4.000 metrosde altitude, o que garante umserviço de qualidade e evitaqualquer interferência na infra-estrutura das operadoras insta-ladas em terra. Mesmo que per-maneçam ligados todo o tempo(inclusive em pousos e decola-gens), informa a empresa, osaparelhos não vão interferir no

sistema de controle do avião,pois ele já está preparado paralidar com tal situação. A Anaccorrobora com a companhia. “Ouso de celulares nas aeronavescertificadas não oferecenenhum risco operacional”,afirma Ishikura.

Para Respício do Espírito SantoJúnior, professor adjunto doDepartamento de Engenharia deTransportes da Escola Politécnicada UFRJ (Universidade Federal doRio de Janeiro) e presidente doInstituto Cepta (InstitutoBrasileiro de Estudos Estratégicose de Políticas Públicas emTransporte Aéreo), a ação da TAMtem por finalidade acompanhartendências das empresas aéreasdo exterior. “Ao mesmo tempo,

ESTREIA TAM iniciou o serviço em outubro, em um Airbus A321, que faz as rotas entre Guarulhos, Recife, Natal, Fortaleza e Porto Alegre

Dicas para o uso docelular em avião

ETIQUETA EM VOO

• Evite usar o celular dentro

do avião, a menos que seja

realmente muito importante

• Deixe o aparelho no silencioso

durante toda a viagem

• Fale com o comissário antes

de fazer as ligações

• Fale o mais baixo possível

durante as ligações

• Privilegie torpedos e e-mails

• Tenha cuidado com o que fala

Questão de bom senso

EDUCAÇÃO NO AR

Assegurar privacidadeem um espaço coletivo nãoé empreitada das maisfáceis. Com a permissãopara o uso de celulares abordo, as viagens da TAMprometem por a tarefa àprova. A companhia confir-ma que será permitido ouso de oito aparelhossimultaneamente. Falar aocelular sem incomodaroutros passageiros seráum desafio para os clientesda empresa. Consultoresde etiqueta dizem que, emuma situação dessas, amelhor dica é usar o bomsenso.

A professora de boasmaneiras e consultora de eti-queta Sofia Rossi foi comissá-ria de bordo por 27 anos. Eladiz que, durante as ligações,o ideal é falar com tom de vozbaixo e, de preferência, sóusar o celular quando forimprescindível. “O serviçoestá aí para ser usufruídopelos clientes, mas há situa-ções em que se pode perfei-tamente aguardar o aviãopousar. A melhor atitude éevitar usar o celular durantea viagem.”

Ela afirma que osmomentos de descansodos passageiros ficarãocomprometidos com onovo serviço. “A liberdadede alguém termina ondecomeça a do outro.Brasileiros falam alto aocelular e, dentro do avião,vai causar eco. Em vooscurtos, não custa esperar opouso.” Sofia acredita que,para evitar tumultosdurante a viagem, os pas-

sageiros devem conversarcom o comissário antes deusar o telefone. “As tripula-ções já são treinadas paraevitar desordem, mas,como é novidade, muitaspessoas vão querer usarao mesmo tempo. Creioque por meio de uma circu-lar, a TAM deverá orientarseus clientes. Essa é amaneira mais comum paranortear os passageirosdentro do avião.”

A antropóloga LígiaMarques é consultora deetiqueta desde 1995. Ela dizque o correto é que os celu-lares permaneçam nomodo silencioso durantetodo o voo. Para asseguraruma viagem tranquila,assuntos de cunho pessoaltambém estão vetados. “Omais aconselhável seriaatendê-lo longe dos outros,o que dentro de uma aero-nave fica impossível. Aalternativa é avisar a quemligar que não é o momentopara tais conversas. Usartorpedos é uma dica.”

Para Lígia, ser breve nasligações pode evitar incômo-dos, ao mesmo tempo emque configura respeito aosdemais passageiros quetambém vão usar o celular.“O mais sensato é evitar ouso do aparelho dentro doavião, a menos que seja real-mente muito importante;falar o mais baixo possível;optar por se comunicar portorpedos ou por e-mails, evi-tando o uso da voz e ter cui-dado com o que se fala, sãobons caminhos para lidarcom o novo serviço.”

Page 35: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 35

existe um cunho institucionalmuito grande, pois a companhiase tornará a primeira corporaçãoaérea nacional a colocar o serviçoem operação.”

Ele vê a iniciativa da TAM comreservas. “Algumas empresas jápermitem o uso de laptop duranteos voos para enviar e receber e-mails, mas não implementaram ouso de celulares. Acredito que issoserá incômodo para os passagei-ros, principalmente em viagens delongo curso.”

O professor acredita que aTAM terá dificuldades para con-trolar o número de ligaçõessimultâneas. “A companhia teráde estudar muito bem comofazer esse comando. Talvez,essa seja a parte mais difícil de

todo o processo.” Questionadasobre como o número de celula-res em uso será averiguado ecomo as orientações serãorepassadas aos passageiros, aTAM não respondeu à reporta-gem. O controle da quantidadede celulares em uso será feitopelo próprio sistema, que sóaceitará oito ligações aomesmo tempo.

A assessoria de imprensada companhia aérea ratificaque a empresa é a primeiradas Américas a oferecer o sis-tema de telefonia a bordo paraseus passageiros. Atualmente,o serviço está em uso em paí-ses da Europa, da Ásia e doOriente Médio. A tecnologiacomeça a ser adotada também

na Oceania. Já nos EstadosUnidos, o uso de celulares abordo é proibido. Júnior acre-dita que a proibição norte-americana seja uma estratégiade segurança. “Também podeser em virtude da mobilizaçãode grupos da sociedade orga-nizada, que reivindicam aquestão da privacidade. Isso émuito comum nos EstadosUnidos”, diz.

Ishikura, da Anac, acreditaque o interesse tardio de umacompanhia aérea nacional paraoferecer o uso de celulares abordo se deve ao pouco tempode implantação da tecnologia emtodo o mundo. Os empecilhospara o serviço, diz ele, estão nopróprio procedimento a serempregado. “A aeronave deve terum equipamento próprio parapermitir o uso seguro do serviço.No Brasil, até a presente data,apenas as aeronaves Airbus, daTAM, têm a capacidade operacio-nal de utilizar esse emprego.”

A TAM dispõe atualmente deoutra aeronave pronta parareceber o sistema: um AirbusA320, com 174 assentos. A asses-soria informa que, ainda esteano, a companhia deve recebermais dois aviões já preparadospara o novo controle.

Segundo dados da Anatel, oBrasil conta hoje com mais de170 milhões de aparelhos celula-res habilitados. l

DNS FOTOGRAFIA DIGITAL/DIVULGAÇÃO

ESTREIA TAM iniciou o serviço em outubro, em um Airbus A321, que faz as rotas entre Guarulhos, Recife, Natal, Fortaleza e Porto Alegre

“Acredito que isso seráincômodopara os

passageirosem viagensde longocurso”

RESPÍCIO DO ESPÍRITO SANTO, PRESIDENTE DO CEPTA

Page 36: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Osonho de fazer umasofisticada viagemde navio, com todabeleza e glamour

dos cruzeiros, pode ser frus-trado a bordo caso algumaocorrência de saúde aconte-ça, mesmo que seja uma gripeaparentemente simples. Asempresas que operam naviosna costa brasileira têm agidopara oferecer mais segurançaaos passageiros. Mas oaumento da atividade levou aAnvisa (Agência Nacional deVigilância Sanitária) a criarestratégias para melhorar afiscalização e a interação comas empresas de cruzeiros,para que assim as viagenspossam estar sempre maisseguras.

Neste ano, está sendo con-cluído o Guia Sanitário paraNavios de Cruzeiros, que pre-tende padronizar procedi-mentos de controle sanitário,melhorar a notificação e aresposta para os casos regis-trados nas embarcações. Odocumento contém medidas aserem respeitadas em relaçãoà água e manipulação de ali-mentos, por exemplo, e define

a configuração de possíveissurtos comuns nessas via-gens, como a chamada DDA(doença diarreica aguda) e aSG (síndrome gripal).

A apresentação oficial doesboço desse guia sanitárioocorreu no início de outubro,na sede da CNT, em Brasília,na reunião final da tempora-da 2009/2010 de navios decruzeiro no Brasil. Durante

cerca de 60 dias, as empresaspoderão fazer sugestões, e aprevisão da Anvisa é que atéo final do primeiro semestrede 2011 o documento estejafinalizado.

O diretor–executivo daFenamar (Federação Nacionaldas Agências de NavegaçãoMarítima), André Zanin, consi-dera que o manual será “muitobenéfico”, pois vai padronizar

as ações, garantindo maissegurança e proporcionandomaior agilidade durante as ins-peções nos navios. “O guiadeve uniformizar a comunica-ção entre as partes. O armador(dono do navio) também pode-rá realizar uma autoavaliação ecorrigir o que for necessário.Assim, haverá ainda um ganhona agilidade da liberação dosnavios”, disse Zanin, que tam-

TURISMO MARÍTIMO

Com o aumento de cruzeiros na costa brasileira, Anvi sa elabora guia sanitário e busca melhorar controle

Mais vigilân cia a bordo

POR CYNTHIA CASTRO

Page 37: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

bém é diretor da CNT. Ovice–presidente da CNT, MetonSoares, presidente da Fenavega(Federação Nacional dasEmpresas de NavegaçãoMarítima, Fluvial, Lacustre e deTráfego Portuário), ressaltou aimportância de reuniões comoessa, entre órgãos públicos esetor privado. “É uma oportu-nidade de todos os lados colo-carem suas dificuldades e pen-

sarem em soluções para osproblemas.” Representantesde empresas que operamnavios de cruzeiro no Brasil eno exterior – tanto brasileiroscomo da Alemanha, EstadosUnidos e Espanha – estiverampresentes na sede da CNT.

MovimentoO aumento do número de

viajantes que escolhem pas-

sar as férias sobre o marreforça a preocupação sobreo controle sanitário, confor-me a Anvisa. Na temporada2009/2010, 720.621 pessoasfizeram cruzeiros no Brasil, e46 navios estiveram na costabrasileira, 18 deles em via-gens específicas no Brasil. Orestante veio de outro país.Estava de passagem, mas pre-cisou ser fiscalizado.

Aglomeração de pessoasem um espaço físico limitado,grande quantidade de alimen-tos e refeições, intensa pro-dução de resíduos sólidos eambientes climatizados artifi-cialmente são fatores quecontribuem para aumentar orisco de surto de doenças,especialmente gastrintesti-nais e respiratórias, segundoKarla Baeta, ex-gerente deOrientação e ControleSanitário de Viajantes daAnvisa e, desde outubro,coordenadora de VigilânciaSanitária em Portos,Aeroportos e Fronteiras dePernambuco.

“Há navios com 5.000 pes-soas a bordo, entre passagei-ros e tripulação. Tem cidadecom essa população”, afirmouKarla, “e os riscos aumentamdevido às escalas em váriospontos turísticos durante oscruzeiros”. Segundo ela,grande parte das medidascontidas no guia já é exigidapela Anvisa e está contempla-da em normas internacionais.

Mas a ideia agora é reuniras informações para facilitaro entendimento e cumprimen-to, aproximar agência e arma-dores. O documento traz novi-

Com o aumento de cruzeiros na costa brasileira, Anvi sa elabora guia sanitário e busca melhorar controle

Mais vigilân cia a bordoCVC/DIVU

LGAÇÃO

Page 38: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201038

das ações de controle, confor-me a Anvisa.

De acordo com Karla, a fis-calização tem observado umamelhora gradativa na situa-ção sanitária das embarca-ções que fazem cruzeiros noBrasil. “Notamos melhoria naacessibilidade de notificaçãodos eventos de saúde a bordotambém. E essa notificação émuito importante porque nosdá a oportunidade de intervirem um momento capaz dediminuir ou barrar um surto.Há uma tendência de que con-tinue aumentando o controlesanitário dos navios.”

Karla lembra que essamelhoria sanitária é impor-

Navios terão ranking sanitárioNOTAS

Uma medida que vemsendo desenvolvida pelaAnvisa há três anos e que temprevisão de ser concluída nospróximos dois anos é o ran-king dos navios de cruzeiroque circulam pelo Brasil. Elesvão receber notas, conformeo perfil sanitário.

A ideia é estimular asempresas a trabalharem paraatingirem uma boa coloca-ção, sempre obedecendo aospadrões estabelecidos. Comessa escala de classificação,a Anvisa também estará dis-ponibilizando para os usuá-rios informações que podemajudar na escolha pelo navioa se fazer um cruzeiro.

Nos últimos três anos, ascompanhias foram avaliadas,

mas, por enquanto, nenhumresultado foi divulgado ofi-cialmente. Isso só será feito,conforme a Anvisa, quando ametodologia desenvolvidafor capaz de oferecer umresultado bem confiável, apartir de procedimentos padro-nizados, para que nenhumaempresa seja exposta de formaincorreta.

“Esperamos ter uma basemaior de dados para tornarisso público”, disse KarlaBaeta, da Anvisa. Na últimatemporada, a maior parte dosnavios “teve situação tranqui-la em relação ao risco sanitá-rio”. A Anvisa constatou queos maiores navios ou os maisantigos apresentam maiortendência de risco de surtos.

REUNIÃO Anvisa apresentou na CNT proposta do Guia Sanitário para Navios de Cruzeiros

dades e estabelece as diretri-zes para que os profissionaisresponsáveis pela saúde esegurança dos viajantes pos-sam lidar melhor com a sus-peita ou confirmação de ocor-rência de eventos a bordo.“Se o manual for seguidopasso a passo, a chance deencontrar algum problemaserá muito pequena”, afirmouKarla.

Uma das medidas é anecessidade de se notificarcom a Anvisa, o mais rapida-mente possível, ocorrênciasde saúde registradas nonavio. A resposta rápida aoproblema é uma das estraté-gias que garantem o sucesso

CRUZEIROS NO BRASILCruzeiristas2008/2009 521.9832009/2010 720.6212010/2011 quase 900 mil (expectativa)

Saídas de navios2008/2009 2512009/2010 4072010/2011 414

Quantidade de navios2008/2009 162009/2010 18 2010/2011 20

Fonte: Abremar

Page 39: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 39

tante tanto para a questão desaúde pública como para opróprio negócio da empresado mercado de cruzeiro. “Arepercussão negativa de umproblema coloca em risco umtrabalho de vários anos. Aempresa tem interesse emque nada de errado aconteça.”

O especialista em regula-ção sanitária da Anvisa, FábioRocha, destacou que asempresas que operam noBrasil têm demonstrado cadavez mais a preocupação ematender às questões sanitá-rias. Mas ele afirmou que ohistórico dos navios de cru-zeiro em todo o mundo mos-tra que “é praticamente

impossível evitar a ocorrênciade um surto de diarreia, porexemplo, em algum momentoda temporada”, em algumnavio.

É importante, segundo ele,haver a detecção precoce e ocontrole rápido desse ou deoutros problemas. “A condi-ção da aglomeração de pes-soas a bordo, em um espaçoconfinado por muitos dias,eleva o risco em qualquerambiente. E os navios de cru-zeiro têm essa característica.As pessoas também abusamda alimentação, da bebida,baixando a imunidade e setornando mais propensas. Ascompanhias têm toda a com-

petência, mas as condiçõesde um navio de cruzeiro sãofavoráveis para alguma ocor-rência, como a doença diar-reica”, afirmou.

Por isso, orientam osrepresentantes da AgênciaNacional de VigilânciaSanitária: quem decidir fazeruma viagem de navio precisaredobrar os cuidados com ahigiene pessoal. Lavar asmãos constantemente, princi-palmente antes e depois dequalquer refeição e quandoutilizar o banheiro, é umamedida simples, mas valiosa.Usar álcool em gel tambémajuda na prevenção.

“Muitos agentes etiológi-

Atividade em forte expansãoMERCADO

O mercado de cruzeirostem se expandido no Brasil,especialmente nos últimosdez anos. A maior oferta denavios estrangeiros que che-gam à costa brasileira e ofe-recem preços cada vez maisacessíveis, com facilidadesde pagamento, tem atraídoum número crescente de via-jantes e impulsionado a ativi-dade turística.

Para esta temporada (deoutubro de 2010 a maio de2011), há uma expectativa deaumento na demanda de pas-sageiros em torno de 23%,conforme a Abremar. O núme-ro de leitos oferecidos nosnavios e o número de passa-geiros que buscam esse tipode turismo têm crescido ano

a ano. Na temporada2008/2009, foram 540.496 lei-tos e 521.983 passageiros. Naúltima, 2009/2010, a Abremarcontabilizou 866.169 leitos e720.621 passageiros. E paraesta, serão 884.937 leitos e 20navios.

A atividade gera resulta-dos positivos também para aseconomias locais, diz o vice-presidente-executivo daAbremar, André Pousada. Eleestima que cada turista decruzeiro gasta em média R$200 quando desce do naviopara visitar uma cidade.

Nos últimos dez anos,houve um aumento de 825%no número de saídas de cru-zeiros no Brasil. Na tempo-rada 2000/2001, foram 44 e

nessa última, 407. Para atemporada de 2010/2011,devem ser registradas 414saídas. No mundo, o merca-do de cruzeiros tambémestá em crescente expan-são, e a expectativa daAbremar é que o número depassageiros anuais cheguea 14,3 milhões.

Atualmente, conforme ovice-presidente-executivo,há mais de 200 navios nomundo construídos especi-ficamente para operaremnos cruzeiros. Piscinas,salas de ginástica, de mas-sagem, restaurantes, bares,boates e até cassino sãoalgumas atrações dessesgrandes hotéis de luxo flu-tuantes.

REUNIÃO Anvisa apresentou na CNT proposta do Guia Sanitário para Navios de Cruzeiros

GLAUBER FERNANDES

“Queremos que toda temporadapasse isenta de qualquer ocorrência”

ANDRÉ POUSADA, VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO DA ABREMAR

Page 40: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201040

Segurança é prioridade EMPRESAS

Oferecer total seguran-ça a bordo para os passa-geiros, inclusive sob oponto de vista sanitário, éprioridade do trabalho dasempresas internacionaisde cruzeiros marítimos queatuam no Brasil. A garantiaé da Abremar (AssociaçãoBrasileira de CruzeirosMarítimos).

“Queremos que todatemporada passe isenta dequalquer ocorrência. Porisso, sempre fazemos omáximo para que tudoaconteça da forma maistranquila possível”, afirmao vice-presidente-executi-vo da Abremar, AndréPousada.

Ele fez questão de lem-brar que os navios que vêmpara a costa brasileirafazem cruzeiros em outrasregiões do mundo, como os

países da Europa, EstadosUnidos. Nesses locais, tam-bém há normas rígidas decontrole sanitário que sãoseguidas. “As empresas sepreocupam em cumprirtudo aquilo que leva segu-rança para os cruzeiristas.Garantir segurança e saúdeé fundamental nessa ativi-dade”, diz Pousada.

O vice-presidente-exe-cutivo da Abremar desta-cou a iniciativa da Anvisade discutir com as empre-sas a elaboração do guiasanitário, antes de concluiro documento. Segundo ele,a discussão é importantepara que os dois lados pos-sam ser ouvidos. “O setorde cruzeiros é poucoconhecido por diversosorganismos. É importantecriar um espaço dinâmicode discussão.”

SAIBA MAISVeja algumas informações sobre o manual para as embarcações

Justificativa

• Ambiente confinado, grande oferta de alimentos e algumas atividades de lazer dos navios proporcionam maior probabilidade de ocorrência deeventos a bordo

• Há uma crescente expansão do turismo náutico no litoral brasileiro

Estratégia

• Reforçar a comunicação de risco • Reforçar medidas de prevenção e proteção• Definir padrões de detecção e resposta• Promover a vigilância ativa e contínua• Facilitar interlocução das autoridades• Identificar fatores de risco para a saúde dos viajantes

Objetivos

• Proporcionar a notificação de eventos de saúde e resposta rápida• Orientar ações para investigação e diagnóstico laboratorial oportuno• Facilitar o monitoramento de casos suspeitos de doenças transmissíveis• Padronizar os procedimentos de controle sanitário

Definição de surtos

• Doença diarreica aguda em navios: número de casos deve atingir ou ultrapassar 2% do total de passageiros ou de tripulantes

• Síndrome gripal: pelo menos três casos suspeitos a bordo, com intervalo de até cinco dias entre as datas de início de sintomas

Fonte: Anvisa

cos de navios se transmitempor toque, por meio de umcorrimão, por exemplo. Oscuidados precisam mesmo serredobrados”, disse Rocha.Segundo ele, é importantíssi-mo que o viajante que sentiralgo estranho em relação àsaúde procure a assistênciamédica, tanto para passar poratendimento como tambémporque a equipe de saúde

deverá fazer a comunicaçãocom os órgãos de vigilânciasanitária.

Karla Baeta destacou que aequipe de saúde dos cruzei-ros precisa estar atenta aoperfil dos viajantes de cadanavio. Há cruzeiros mistos,com crianças, adultos e ido-sos. Outros direcionadossomente ao público jovem ouà terceira idade. Cada perfil

deve ser observado previa-mente porque os cuidadosprecisam ser diferentes. “Noscruzeiros onde há pessoasmais idosas, há maior proba-bilidade de ocorrência dedoenças crônicas ou degene-rativas. As crianças estãoexpostas a mais riscos tam-bém, devido à baixa imunida-de”, disse a representante daAnvisa. “As instalações de

“Os cuidadosprecisammesmo serredobrados”

FÁBIO ROCHA, ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO SANITÁRIA DA ANVISA

Page 41: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Ministério quer navio o ano todoPROPOSTA

O Ministério do Turismoquer trazer navios de cruzei-ro para a costa brasileira aolongo de todo o ano.Atualmente, a temporadacomeça em outubro e termi-na em maio. De acordo como diretor do Departamentode Estruturação, Avaliação eOrdenamento Turístico, RicardoMoesch, o Brasil tem condi-ções meteorológicas paraisso e também muitos desti-nos a oferecer.

Moesch sugere que aextensão da temporadapoderia começar com naviosmenores, de 500 passagei-ros. “Estamos procurandosensibilizar os armadores(donos das embarcações)sobre o potencial que oBrasil oferece para a utiliza-ção dos navios ao longo detodo o ano.”

O diretor do Ministériodo Turismo afirmou quenão há como definir prazospara que isso aconteça,mas reconheceu a necessi-dade de o Brasil melhorar asua infraestrutura portuá-ria para permitir a amplia-ção das operações.

O governo brasileiro já

anunciou a intenção de queos navios de cruzeiro pos-sam hospedar turistasdurante a Copa do Mundode 2014. A ideia é que osnavios possam auxiliar arede hoteleira de algumascidades-sede.

Durante a reunião nasede da CNT em Brasília, ovice-presidente-executivoda Abremar, André Pousada,citou que cidades comoSydney (Austrália) eAtenas (Grécia) utilizaramessa estratégia nasOlimpíadas de 2000 e2004. Entretanto, ele res-saltou que o período deCopa do Mundo é alta tem-porada na Europa. Então,as empresas irão analisarse é favorável ou não virpara o Brasil.

Segundo o representantedo Ministério do Turismo,devem ser concedidas algu-mas condições especiais.“Pode ser tanto na questãotributária como na de segu-rança, de se garantir ummínimo de ocupação donavio, para que não hajaincerteza por parte do arma-dor”, afirmou.

GLAMOUR Cruzeiros oferecem luxo; demanda deve crescer 23%

assistência à saúde dos cru-zeiros, com médicos e enfer-meiros, precisam sempre sercompatíveis com o tamanhode cada cruzeiro.”

Foram detectados na últimatemporada sete surtos (deDDA, da gripe H1N1 e de menin-gite). O guia sanitário que estásendo elaborado define o quedeve ser considerado surtopara as principais doenças. A

mais comum delas, a doençadiarreica aguda, precisa de 2%dos passageiros com os sinto-mas para se caracterizar umsurto. Já para a meningite,basta apenas um caso. Nessaúltima temporada, de 4.441problemas notificados pelosnavios, 4.285 foram de doençadiarreica aguda.

O diretor da Anvisa, JoséAgenor Álvares, garantiu que

o manual não pretende res-tringir a ação das operadorasde navios, e sim fazer comque todas tenham mais clare-za sobre as regras e possamcada vez mais melhorar aqualidade dos serviços. “Essesegmento tem crescido muito,e precisamos ter certeza deque esse turismo será providopara a população de formasegura.”

Segundo Álvares, as suges-tões de aperfeiçoamento, porparte das empresas de cruzei-ros serão analisadas. Osarmadores ou operadores quequiserem se informar ousugerir medidas podementrar em contato pelo [email protected]. A população em geral tam-bém pode utilizar essa via decomunicação. l

CVC/DIVULGAÇÃO

Page 42: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 43: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 44: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

REPORTAGEM DE CAPA

Receita Federal trabalha na implanta ção de novos procedimentos para reduzir o tempo de espera na fron teira entre Argentina e Brasil

Desa fogoFRONTEIRA NAARGENTINA

Page 45: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Receita Federal trabalha na implanta ção de novos procedimentos para reduzir o tempo de espera na fron teira entre Argentina e Brasil

Desa fogoFRONTEIRANO BRASIL

MERCOVIA/DIVULGAÇÃO

Page 46: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Quando a reportagem daCNT Transporte Atualencontrou o motoristaSílvio Fernandes, 36

anos de profissão, no porto secode Uruguaiana (RS), no dia 30 desetembro, na fronteira com acidade argentina de Paso de losLibres, ele estava há cinco diasaguardando a liberação da cargaque transportava de BuenosAires para São Paulo.

A viagem de Fernandes, que emmédia duraria 72 horas, devido àburocracia nos trâmites aduanei-ros, já completava 156 horas.Felizmente, naquele mesmo dia, ocaminhoneiro recebeu a notícia deque poderia seguir viagem.

A história de Fernandes ésemelhante à dos outros 800caminhoneiros que lotavam oporto seco de Uruguaiana naque-la quinta-feira. O fluxo diário decaminhões no local chega a 1.400veículos entre entradas e saídas.O porto rodoviário é o maior daAmérica Latina e o terceiro maiordo mundo em fluxo de cargas.Somente no mês de agosto desteano, 18.896 caminhões cruzaram afronteira por Uruguaiana. Foramtransportadas 310,6 mil tonela-das, um volume 21% maior do queo transportado no mesmo perío-

do do ano anterior. O valor dosprodutos comercializados chegoua US$ 753 milhões.

Mas toda essa movimentaçãopode estar ameaçada, uma vezque o tempo médio de permanên-cia dos caminhões parados nafronteira brasileira até que sejamconcluídos os trâmites de libera-ção da carga chega a 72 horas.Essa demora representa um forteentrave para a agilidade no comér-cio internacional e impede que opaís assuma uma posição de des-taque no cenário mundial docomércio exterior.

Segundo José Carlos Becker,presidente da ABTI (Associação

Brasileira de TransportadoresInternacionais), por ano, 5% das600 empresas que atuam no trans-porte internacional de cargas dei-xam de trabalhar no setor devidoaos problemas gerados pela buro-cracia na travessia das fronteiras.

Cálculos da associação revelamque, de cada 30 dias de trabalho,um caminhão permanece paradonas aduanas, em média, por dezdias, gerando um prejuízo para asempresas em torno de US$ 500 aUS$ 800. “Isso gera um atraso nocrescimento dos países daAmérica do Sul e eleva o chamadocusto Brasil. Quem paga essaconta é o consumidor”, afirma ele.

Motoristasesperam até

72hpara a cargaser liberada

INSPEÇÃO Todas as cargas de almentos passam por verificação no porto seco de São Borja

POR LIVIA CEREZOLI

Page 47: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 47

Risco de assalto é iminenteSEGURANÇA

Além de longos dias aguar-dando a liberação das cargas,motoristas ainda convivemcom o risco de assaltos narodovia que dá acesso aoporto seco de Uruguaiana.

De acordo com Jorge LuizFrizzo, presidente doSindimercosul, o problemaacontece quando o pátio estácheio e motoristas formamfilas para entrar no local. “Nãotemos do que reclamar dasegurança dentro do porto. Elaé realmente excelente. Porém,nossos motoristas ficam des-protegidos quando estão nasestradas”, conta ele. Frizzoafirma que na maioria doscasos de assalto são levadosobjetos de uso pessoal edinheiro. “Como sempre temum caminhão atrás, a carganão é violada.”

Para evitar que esse tipo deproblema prejudique aindamais o trabalho dos motoris-tas na fronteira, oSindimercosul, em parceriacom a ABTI, o Sdaergs e outrosórgãos que atuam na região,contratou uma patrulha adua-neira. Diariamente, quatroseguranças realizam a rondanas imediações do porto e dafronteira.

Mas os problemas não aca-

bam por aí. Além do risco deassalto, os motoristas tambémalertam para a discriminaçãoque sofrem nas estradasargentinas. Segundo Frizzo,falta uma maior organizaçãoentre os órgãos governamen-tais do país vizinho. “As dife-rentes estruturas da políciaargentina não se entendem eisso prejudica o nosso traba-lho. A fiscalização é feita deforma desordenada e com umrigor excessivo”, afirma ele.

O motorista RobertoEdemir Zílio sabe bem o queé isso. Com 30 anos de pro-fissão, dos quais oito sãodedicados ao transporte demercadorias entre o Brasil, aArgentina, o Uruguai e oChile, ele afirma que o trata-mento recebido em cada umdesses países é diferente. “Apolícia argentina, muitasvezes, parece não entendero que falamos. O tratamentoé mais fácil no Uruguai. Elessão mais atenciosos e aces-síveis”, diz.

A reportagem encontroucom Zílio no porto seco deUruguaiana. O motorista esta-va há uma semana aguardan-do a liberação da carga quelevava de São Paulo para aArgentina.

A falta de integração aduanei-ra e de uniformização da legisla-ção entre os países, além dacarência de estrutura, material,recursos humanos e de clarezanos procedimentos pelos órgãosintervenientes (Receita Federal,Ministério da Agricultura ePecuária do Brasil, Anvisa(Agência Nacional de VigilânciaSanitária), Ibama (InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis),entre outros) são apontadoscomo os principais fatores nademora da liberação das cargas.

Em Uruguaiana, para um cami-nhão sair ou entrar no Brasil, ele

O fluxodiário noporto de

Uruguaianachega a

1.400caminhões

INSPEÇÃO Todas as cargas de almentos passam por verificação no porto seco de São Borja

MERCOVIA/DIVULGAÇÃO

RAIO X DO PORTODE SÃO BORJA

Área total• 80 mil m2

Capacidade• 650 caminhõesestacionados/dia (32 vagas exclusivas para inspeção física)

Trânsito• 8.000 caminhões ao mês

Fluxo de cargas• Argentina e Chile

Principais cargas transportadas• Peças automotivas e veículosmontados

Administração• Mercovia S.A.

Infraestrutura de apoio• Sanitários, vestiários, restaurante e auditório para reuniões

Novos projetos• Ampliação da capacidade de estacionamento com mais 150 vagas

Fonte: Mercovia

Page 48: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

antecipada, na origem, para evitarque caminhões fiquem paradosnos portos aguardando a libera-ção”, ressalta Becker, da ABTI.

De acordo com ele, mesmotendo completado 19 anos, oMercosul (Mercado Comum do Sul),bloco formado por Brasil,Argentina, Uruguai e Paraguai,ainda tem muito o que avançar.Para Becker, a integração aduanei-ra proposta no acordo não saiu dopapel. “Os países do bloco reali-zam grandes acordos comerciais,mas não transferem essa capaci-

precisa passar pelo procedimen-to de liberação de cargas duasvezes. Na exportação, a fiscaliza-ção é realizada primeiramente naaduana brasileira e depois, nova-mente, na aduana argentina. Naimportação, o mesmo processo,só que de forma inversa, tambémé realizado.

E a papelada só começa a circu-lar entre os órgãos responsáveisquando a carga é apresentada nafronteira. “É isso que precisa sermudado. O despacho das mercado-rias precisa ser feito de forma

dade para as aduanas. Não existelivre comércio por aqui.”

O presidente do Sdaergs(Sindicatos dos DespachantesAduaneiros do Estado do RioGrande do Sul), Lauri Kotz, tambémdefende o despacho antecipado demercadorias. “Acreditamos nanecessidade imediata de modifica-ção no Siscomex (SistemaIntegrado de Comércio Exterior),principalmente na importação. Odespacho deve ser feito e conferi-do com antecedência. Quando ocaminhão chega com a mercado-

AMOSTRA Funcionário retira feijão para análise, em São Borja

O Brasilpossui

31postos

aduaneiros

O transporte internacio-nal também é prejudicadopelas resoluções diferentesnos países latino-america-nos. Uma das principais rei-vindicações das empresasde transporte de cargasbrasileiras é a unificação daaltura máxima permitidaaos caminhões.

Desde 2007, um acordoentre os países do Mercosul– Brasil, Uruguai, Argentinae Paraguai – definiu que aaltura passaria dos atuais4,10 metros para 4,30metros. Porém, a legislaçãopassou a valer apenas esteano na Argentina.

Segundo a ABTI, a dife-

rença nas dimensõesgerava custos extras paraas empresas que atuam notransporte internacionalporque muitas delas opta-vam por pagar a multa jáque usavam os mesmoscaminhões que realizavamo transporte para outrospaíses.

A resolução que tratade pesos e dimensões deveículos de cargas e pas-sageiros que trafegam notransporte internacional,anunciada e publicada noBoletim Oficial daArgentina em setembrodeste ano, está em vigordesde outubro.

ARGENTINA

País amplia altura de caminhões

“A polícia argentina, muitas vezes, parece não entender o que falamos”ROBERTO EDEMIR ZÍLIO, MOTORISTA

LIVIA CEREZOLI/CNT

LIVIA CEREZOLI/CNT

Page 49: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 49

AMOSTRA Funcionário retira feijão para análise, em São Borja

FRONTEIRAS BRASILEIRAS

Veja onde estão localizados os postos de fronteiras no país

Fonte: Sindireceita

Assis Brasil (AC)

Bagé (RS)

Barra do Quarai (RS)*

Bela Vista (MS)

Bonfim (RR)

Brasiléia (AC)

Capanema (PR)

Chuí (RS)

Corumbá (MS)

Cáceres (MT)

Dionísio Cerqueira (SC)

Foz do Iguaçu (PR)

Guajará-Mirim (RO)

Guaíra (PR)

Itaqui (RS)

Jaguarão (RS)

Mundo Novo (MS)

Oiapoque (AP)

Paracaíma (RR)

Plácido de Castro (AC)

Ponta Porã (MS)

Porto Lucena (RS)*

Porto Mauá (RS)

Porto Murtinho (MS)*

Porto Xavier (RS)

Quaraí (RS)

Santa Helena (PR)

Santana do Livramento (RS)

Santo Antônio do Sudoeste (PR)

São Borja (RS)

São Miguel do Oeste (SC)

Tabatinga (AM)

Três Passos (RS)

Uruguaiana (RS)

Legenda

* Região de fronteira onde não há unidade da Receita Federal

CapitaisRodovia federaisHidrografia

Page 50: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Falta pessoal nas fronteirasFRAGILIDADE

Os pontos de fronteirado país também convivemcom a insegurança devido àfalta de profissionais,segundo um estudo realizadopelo Sindireceita (SindicatoNacional dos AnalistasTributários da Receita Federaldo Brasil).

O levantamento revela quenos 31 postos aduaneiros dis-tribuídos pelos Estados do RioGrande do Sul, Santa Catarina,Paraná, Mato Grosso do Sul,Mato Grosso, Acre, Rondônia,Amazonas, Amapá e Roraima,o efetivo de servidores é de596 funcionários, quando oideal seriam 1.032 servidores.

Durante dez meses – deagosto de 2009 a junho de2010 –, uma equipe do sindica-to percorreu mais de 15 milquilômetros de rodovias fede-rais e estaduais, estradas vici-nais e rios que marcam afronteira do Brasil com oUruguai, Argentina, Paraguai,Bolívia, Peru, Colômbia,Venezuela, Guiana, Surinamee Guiana Francesa.

De acordo com o estudo,intitulado “Fronteiras

Abertas”, a falta de vigilân-cia e fiscalização nas fron-teiras do país criou verda-deiros corredores para aentrada de armas, drogas,munições e produtos pira-tas e contrabandeados,além de facilitar a entrada esaída de criminosos e aremessa ilegal de dinheiroque abastece toda umarede de ilegalidades.

O levantamento destacaainda que, sem um reforçoefetivo no quadro de servi-dores e, principalmente,sem tratar a aduana comouma prioridade, o Brasil nãoconseguirá vencer a guerracontra o crime organizadoque se aproveita dessa fra-gilidade para se abastecerde drogas e armas.

O trabalho foi apresenta-do no final de outubro pararepresentantes do governofederal e dos Estados fron-teiriços, parlamentares,autoridades das áreas desegurança pública, comércioexterior e representantes desetores produtivos da eco-nomia nacional.

COMÉRCIO EXTERIOR Movimentação de caminhões no porto seco de Uruguaiana, o maior em volume de cargas da América Latina

ria no porto, é só realizar o examefísico, se necessário”, diz.

A mesma cobrança é feita pelosmotoristas. O caminhoneiro argen-tino Mário Secchiali, 37 anos deprofissão, passa cerca de um diaparado no porto de Uruguaianaaguardando a liberação da cargade semente de arroz que transpor-ta semanalmente entre o Brasil e aArgentina, por um percurso de 100km. “É uma viagem curta, mas quedemora muito pelo tempo que ficoaqui parado. Entendo a necessida-de da fiscalização, mas se fossemais rápida seria melhor para todomundo”, diz ele.

A delegacia da Receita Federalem Uruguaiana reconhece a

necessidade de agilizar os proces-sos de liberação de carga e afirmajá estar trabalhando para isso.Segundo o delegado Jorge LuizHergessel, apesar de a Receitacontar com apenas 75% da mão deobra ideal para o atendimento nafronteira, a contratação de umanova equipe de fiscais nos últimosmeses já desafogou, em partes, oatendimento. Além disso,Hergessel sinaliza que, no próximoano, duas medidas devem ser ado-tadas pelo órgão para tornar maiságil o processo de liberação decargas na fronteira.

A primeira delas é o manifestode carga eletrônico, um docu-mento com os principais dados da

“Entendo a necessidade da fiscalização, mas se fosse mais rápida seria melhor para todo mundo”MÁRIO SECCHIALI, CAMINHONEIRO

LIVIA CEREZOLI/CNT

Page 51: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

COMÉRCIO EXTERIOR Movimentação de caminhões no porto seco de Uruguaiana, o maior em volume de cargas da América Latina

mercadoria, do veículo e do trans-portador, que deverá ser emitidona origem do produto. “Nossaideia é permitir que todos osórgãos intervenientes fiquemsabendo do registro da cargaantes mesmo dessa chegar aoporto”, afirma o delegado.

O segundo processo a serimplantado é o OEA (OperadorEconômico Autorizado), uma espé-cie de tratamento especial ofereci-do aos transportadores considera-dos idôneos. De acordo com odelegado, se a empresa apresentarum bom histórico, ela poderá pas-sar pela fiscalização sem serencaixada em nenhum canal deparametrização (sistema de fiscali-

zação utilizado nos portos). O pro-jeto prevê a análise de alguns itenscomo patrimônio líquido daempresa e valor da exportação.

Hoje, a Receita Federal trabalhacom três canais de parametriza-ção para a conferência de cargas.As mercadorias que caem no canalverde são liberadas sem nenhumtipo de conferência, as do canalamarelo sofrem conferência docu-mental e as do canal vermelhopassam por conferência física edocumental.

Do lado de lá da fronteira, naArgentina, medidas também estãosendo adotadas para melhorar osistema. De acordo com JavierBach, administrador da aduana de

Paso de los Libres, no início de 2011,um novo terminal de cargas deveser inaugurado, o que vai desafo-gar o porto de Uruguaiana e gerarum aumento no fluxo de cargasentre 15% e 20%. “Estamos empe-nhados em melhorar o serviço.Sabemos que a agilidade é essen-cial para reduzir custos e permitiro crescimento da competitividadeentre os países. Porém, é precisomanter a segurança na fiscaliza-ção e a arrecadação tributária”,afirma.

Bach acredita que 250 milcaminhões devam cruzar a frontei-ra somente este ano no posto dePaso de los Libres. Em 2009, o totalfoi de 215 mil veículos, volume

“A demoraatrasa o

crescimentodos países daAmérica doSul e eleva ochamado

custo Brasil”

JOSÉ CARLOS BECKER, PRESIDENTE DA ABTI

“Entendo a necessidade da fiscalização, mas se fosse mais rápida seria melhor para todo mundo”

EADI SUL/DIVULGAÇÃO

POR DENTRO DO PORTO SECO DE URUGUAIANA

Criação• 1977 (com estrutura atual, em 1994)

Administração• Eadi Sul (porto público com gestão privada)

Área total• 167 mil m2

Área construída• 12 mil m2 (6.000 m2 de armazéns)

Capacidade• 800 caminhões estacionados/dia (43 vagas exclusivas para produtos químicos)

Trânsito• Média de 1.400 caminhões/dia entre ingressos e liberações

Fluxo de cargas• Argentina, Chile, Uruguai

Principais cargas transportadas• Produtos químicos, veículos, peças automotivas, fertilizantes, plásticos ederivados, papéis, produtos alimentícios, bebidas e produtos siderúrgicos

Funcionamento• De segunda a sexta, das 8h às 21h; aos sábados e feriados, das 8h às 14h

Equipamentos• Dois scanners para cargas, duas balanças rodoviárias, 12 empilhadeiras

Infraestrutura de apoio• Área de lazer, sanitários

Novos projetos• Construção de uma nova portaria e mais 250 vagas para caminhões até 2011

Fontes: Eadi Sul e Delegacia da Receita Federal

Page 52: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

ENTENDA O SISTEMA DE FISCALIZAÇÃO

PARAMETRIZAÇÃODefinição do tipo de fiscalização ao qual determinada carga vai ser submetidaNa exportação, é realizada a cada 30 minutosNa importação, a cada 4 horas

CANAIS DE PARAMETRIZAÇÃO• VerdeDesembaraço automático da mercadoria, sem conferência documental ou física da carga

• AmareloExame apenas documental da carga

• VermelhoConferência documental e física da carga

INCIDÊNCIA DOS CANAIS (% das cargas)Importação Exportação

Canal verde 70 a 80 90Canal amarelo 10 a 15 5Canal vermelho 5 10 a 15

TEMPO MÉDIO PARA LIBERAÇÃO NOS CANAISVerde 2 horasAmarelo Em até 24 horasVermelho Em até 48 horas

Fonte: Receita FederalINTEGRAÇÃO Porto de São Borja mantém placas de sinalização em dois idiomas

oferece condições mínimas deinfraestrutura e segurança para osmotoristas que passam de cinco asete dias aguardando a liberaçãoda carga”, conta o dirigente.

Por mês, 1.200 caminhões cru-zam a fronteira em DionísioCerqueira, rumo ao Chile, transpor-tando produtos frigorificados.Durante o trajeto, os mesmos trâ-mites aduaneiros são realizadosno mínimo quatro vezes: na saídado Brasil, na entrada e na saída daArgentina e na entrada do Chile.

menor que os 232 mil de 2008,devido à crise econômica.

Para o presidente da ABTI, JoséCarlos Becker, as medidas sãoimportantes, mas paliativas. Nainterpretação da associação, oBrasil, por meio da Receita Federal,deveria ser o grande gestor de todoo processo. “Somos o maior país dobloco, precisamos tomar frente eexigir algumas coisas. É importante,por exemplo, que exista uma fiscali-zação maior nos tempos dos despa-chos.” Becker defende que o tempo

médio de espera nos portos nãoultrapasse cinco horas.

Mas o problema não é localiza-do. Outros pontos de fronteira dopaís também sofrem com atrasos.Em Dionísio Cerqueira, na divisa deSanta Catarina com a Argentina, asituação é ainda mais precária,segundo Pedro Lopes, diretor daCNT e presidente da Fetrancesc(Federação das Empresas deTransportes de Cargas no Estadode Santa Catarina). “Além da faltade unificação, nosso porto não

O bom exemplo vem do portoseco de São Borja (RS), na frontei-ra com a cidade de Santo Tomé, naArgentina. O chamado CUF (CentroUnificado de Fronteira) reúne nomesmo local os órgãos responsá-veis pela fiscalização e liberaçãoda carga de ambos os países.Quando um caminhão dá entrada,a atuação de brasileiros e argenti-nos é conjunta. “Se uma carga pre-cisa de conferência física, os res-ponsáveis dos dois países fazemisso no mesmo momento”, explica

”Durante a viagem, o processo aduaneiro é o que mais demora”SÍLVIO FERNANDES, MOTORISTA

Page 53: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 53

INTEGRAÇÃO Porto de São Borja mantém placas de sinalização em dois idiomas ESPERA Caminhoneiros preparam almoço enquanto aguardam liberação de carga

Josefina Maseras, encarregada derelações institucionais daMercovia, concessionária queadministra o porto.

De acordo com ela, o tempomédio para despacho das cargas éde oito horas. “Com esse sistemaunificado, conseguimos reduzir ematé 40% o tempo de espera doscaminhões. O porto tem caracte-rísticas únicas e foi planejado,desde o início, para oferecer umserviço ágil. Nosso modelo de ges-tão permite um aproveitamento

melhor do tempo e do espaço, oque reduz os custos do transpor-te”, afirma ela.

O porto, com área de 80 milmetros quadrados, tem capacida-de para 650 caminhões estacio-nados em vagas numeradas, alémde infraestrutura de sanitários,vestiários, restaurante e auditóriopara reuniões. O trânsito de cami-nhões ao mês chega a 8.000 veí-culos. As principais cargas trans-portadas são peças automotivase veículos montados.

Na visão dos dos trabalhado-res em transporte, o CUF deve-ria servir de modelo. “É oembarcador quem escolhe oporto de saída ou entrada deum país. E é claro que ele vaiescolher o mais eficiente.Estamos dia a dia perdendoserviços em Uruguaiana paraSão Borja”, afirma Jorge LuizFrizzo, presidente doSindimercosul (Sindicato dosTrabalhadores Rodoviários emTransporte Internacional. l

“É precisomanter a

segurança nafiscalização e a arrecadaçãotributária ”JORGE LUIZ HERGESSEL, DELEGADO DA

RECEITA FEDERAL

”Durante a viagem, o processo aduaneiro é o que mais demora” FOTOS LIVIA CEREZOLI/CNT

Page 54: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201054

OBrasil amarga umatriste estatística demortes no trânsito(pelo menos 35 mil

por ano) que contribuiu paraque o país fosse convidado pelaOMS (Organização Mundial daSaúde) para participar de umprojeto internacional. Cincocapitais de diferentes regiões –Belo Horizonte (MG), CampoGrande (MS), Teresina (PI),Curitiba (PR) e Palmas (TO) –estão preparando seus planosde ações para reduzir os aci-

dentes, dentro da proposta cha-mada Vida no Trânsito. Excessode velocidade e álcool ao volan-te são os dois focos principais aserem atacados.

No mundo, outros nove paí-ses também foram convidados:Rússia, Turquia, China, Egito,Índia, Camboja, Quênia, México eVietnã. Todos irão receber recur-sos da Bloomberg Filantropia,uma fundação internacional depromoção de atividades na áreasocial. Deverá haver tambémrecursos do governo federal,

dos municípios, entre outrosparceiros.

No Brasil, há uma comissãointerministerial coordenadapelo Ministério da Saúde. Sãoesses dez países participantesque concentram cerca da meta-de das mortes por acidentes detrânsito em todo o mundo, con-forme informou o diretor doDepartamento de Análise deSituação de Saúde do Ministérioda Saúde, Otaliba Libânio deMorais Neto.

“Esse é um problema de

Mobilizaçãopela vida

POR CYNTHIA CASTRO

Cinco capitais do Brasil participam de projeto internacional da OMS; Ministério da Saúde

coordena ações nessas cidades

TRÂNSITO

Page 55: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 55

PITON/ACIDADE/FUTURA PRESS

Page 56: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201056

por motocicletas. Em BeloHorizonte, que apresenta amenor taxa de mortes no trânsi-to das cinco capitais (16,7 por100 mil), o percentual de motoci-cletas é de 13,2%. No Brasil, ataxa de mortalidade por aciden-tes terrestres é de 18 por 100 mil.

Morais explicou que no Norte,capitais como Porto Velho (RO) eBoa Vista (RR) apresentam taxasmais elevadas de mortalidadedo que Palmas. Entretanto, acapital do Tocantins foi esco-lhida na região por apresentarmaior capacidade de interven-ção. O número da frota de veí-culos também influencia nos

recem maiores condições para odesenvolvimento de ações deprevenção. O Ministério daSaúde, órgãos de trânsito eoutros parceiros fizeram umlevantamento sobre a situaçãodessas cidades.

Uma das constatações éque há uma forte relação entreo número de motocicletas e aviolência no trânsito. Palmas,por exemplo, tem a mais altataxa de mortalidade por aci-dente das cinco capitais. São31,2 óbitos por ano a cada 100mil habitantes.

Na capital do Tocantins, 38%da frota de veículos é formada

Grande parte das multasestá relacionada ao excessode velocidade. SegundoMorais, não dá para estimar opercentual em relação aototal de infrações, mas nodecorrer do projeto deve serfeita essa estimativa. E sobreo álcool ao volante, ele afirmaque a Lei Seca trouxe benefí-cios, mas esse comportamen-to de risco ainda é um dosmais preocupantes no país.

A escolha das cinco cidadesbrasileiras se deu por dois fato-res. São municípios que apre-sentam altas taxas de mortali-dade no trânsito e também ofe-

saúde pública. As mortes notrânsito só estão atrás dos óbi-tos por doenças cardiovascula-res, câncer e homicídios. Mas napopulação jovem masculina, de19 a 39 anos, já é a principalcausa, junto dos homicídios. Emalgumas regiões, superam oshomicídios”, diz Morais.

Foram definidos pela OMScinco fatores potenciais de riscode acidentes: excesso de veloci-dade, álcool e direção, não uso decapacete, falta de cadeirinhapara crianças e infraestruturaviária inadequada. O Brasil esco-lheu os dois primeiros paraserem trabalhados.

Sest Senat ajuda na prevençãoPARTICIPAÇÃO

O Sest Senat vai partici-par de algumas ações doprojeto Vida no Trânsito.Em Teresina, foi realizadaem outubro a primeira reu-nião de planejamento doplano de ação, com a parti-cipação da instituição.

Segundo o instrutor detrânsito Francisco SandroRodrigues da Costa, o SestSenat vai atuar na área detreinamento e educaçãono trânsito, desenvolven-do também ações conjun-tas com o Detran, PolíciaRodoviária Federal,Secretaria Municipal deSaúde, entre outros par-ceiros. “O espaço em salade aula também é muitoimportante para conscien-tizar o motorista. Já faze-mos esse trabalho cons-tante e vamos reforçar

agora com a adesão aoprojeto Vida no Trânsito”,diz o instrutor.

Em Campo Grande, aunidade do Sest Senattambém está mobilizadapara participar do projeto.A coordenadora do Senat,Ronilda Maria de Rezende,destacou a importância deações que já são desen-volvidas para conscienti-zar o motorista e, assim,melhorar a segurança notrânsito.

Ronilda citou, por exem-plo, o projeto Comandos deSaúde, que acontece nasrodovias em parceria coma Polícia RodoviáriaFederal, e o Ciclo dePalestras, que abordatemas como álcool evolante, direção segura,entre outros.

RISCO Motocicletas contribuem para au mentar os acidentes graves nas cidades

Page 57: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 57

acidentes. Em Curitiba e BeloHorizonte, a frota ultrapassa1,2 milhão de veículos (emcada uma).

O projeto Vida no Trânsitotem duas etapas. Por enquanto,as cidades começam a elaboraros seus planos, em que serãodefinidas quais medidas adota-rão para oferecer mais segu-rança. Há uma expectativa deque até o final de novembroesses planos estejam concluí-dos e no início de 2011 começaa implantação.

A primeira fase se estendeaté 2012, e os resultados obti-dos serão avaliados por uma

da fiscalização e ações educa-tivas para tentar, mais umavez, conscientizar o motoristado risco da direção em altavelocidade, da mistura álcool evolante e de outros comporta-mentos inadequados.

“Podem ser implantadasmelhorias das vias urbanas,mais colocação de radares”,diz Moraes, do Departamentode Análise de Situação deSaúde. Ele cita que a maiorrapidez ao atendimento devítimas pode ajudar a reduziras mortes e reforça a necessi-dade de serem definidos pla-nos com metas. l

comissão externa. Dependendoda análise, o projeto partepara a segunda fase de inves-timentos, até 2014. Nos doisprimeiros anos, está previstoo investimento internacionalde US$ 3 milhões no Brasil,fora os recursos do governofederal e prefeituras.

Dois grandes desafios,nesse primeiro momento,será decidir com precisãoquais as ações poderão sereficazes e estipular metas. “Éimportante que o grupo queparticipa das ações em cadamunicípio tenha coragem dedefinir qual será o percentual

RISCO Motocicletas contribuem para au mentar os acidentes graves nas cidades

CRISTIANO NOVAIS/FUTURA PRESS

de redução de acidentes emortes ”, disse o consultortécnico do Ministério daSaúde, Luiz Otávio MacielMiranda.

Em setembro, Miranda apre-sentou o projeto Vida no Trânsitono edifício sede da CNT, duranteum seminário sobre segurança notransporte de cargas realizadopela NTC&Logística (AssociaçãoNacional do Transporte de Cargase Logística).

As várias medidas quepoderão ser implantadasenvolvem alterações no plane-jamento de tráfego para ofere-cer maior segurança, aumento

O RISCO EM NÚMEROS

Confira o perfil das cinco cidades do projeto Vida no Trânsito

Cidade Taxa de mortalidade* Frota % de automóveis % de motos

Palmas 31, 2 99.785 42,5 38

Campo Grande 29 378.760 52 28,8

Teresina 23,8 256.461 47,8 35,7

Curitiba 21,4 1.210.507 71,6 11

Belo Horizonte 16,7 1.253.773 70,7 13,2

* Taxa de mortalidade por acidente terrestre compreende óbitos por 100 mil habitantes (dados de 2008)

Fonte: Ministério da Saúde

Page 58: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201058

Saiba qual a importância do termo, presentenos projetos das cidades-sede da Copa-2014

A palavra émobilidade

POR LETICIA SIMÕES

Direito de ir e vir aliado aouso e ocupação ordena-dos dos espaços urba-nos. Poderia ser essa

uma definição para o termo mobi-lidade, porém, há muito mais coi-sas envolvidas nele. Os modos detransporte das cidades e comosão empregados, a estrutura ofe-recida para o deslocamento, tudoestá envolvido na questão damobilidade. Com a realização daCopa de 2014 no Brasil, muito temse discutido acerca do assunto.Investimentos em novos meiospara as cidades-sede estão previs-tos e um dos carros-chefes dopacote para proporcionar melho-res condições de mobilidade é oBRT (Ônibus de Trânsito Rápido, nasigla em inglês) – corredores deônibus dotados de vias de trans-posição e bilheterias para a vendade passagens, que proporcionammaior velocidade e eficiência aotransporte urbano.

No conceito de mobilidade,também está inserida a intermo-dalidade. Ralph Lima Terra, vice-presidente da Abdib (AssociaçãoBrasileira da Infraestrutura eIndústria de Base), diz que o termoabrange soluções como ciclovias,corredores de ônibus, trens,

metrôs, aeroportos e carros parti-culares. “A distribuição de poloscomerciais e regiões dormitóriosnas mais diversas regiões dascidades é importante tambémpara distribuir e reduzir a deman-da por mobilidade. Assim, garan-tem-se a fluidez na movimentaçãourbana e a consequente reduçãodos trajetos.”

Para ele, as grandes cidadesbrasileiras estão em processoacelerado de congestionamentoe redução da fluidez. “A ausênciade mobilidade reduz o potencialeconômico e de negócios nascidades e diminui o convívioentre as pessoas. O comércio, oentretenimento e atividadesesportivas e culturais perdem

como o conjunto de atividadesrelacionadas com tudo que semovimenta com tecnologia, comoautomóveis, caminhões, ônibus,aviões, trens, navios e demaismodos do transporte. Segundoele, a mobilidade é uma das liber-dades individuais que o brasilei-ro mais preza. “O acesso ao auto-móvel e à motocicleta, comomeios de transporte individuais,e a disponibilidade de transportecoletivo, como ônibus e trens,além do número crescente depassageiros aéreos e por embar-cações, são exemplos de como amobilidade do brasileiro estáentre as mais importantes con-quistas de nossa sociedade.”

Item de pesquisas que avaliam

audiência, pois as pessoas nãoconseguem ou desistem de secomprometer com determinadoseventos. Tudo isso diminui o PIB(Produto Interno Bruto) potencialde uma cidade”, afirma.

Na opinião de Terra, “a mobili-dade urbana raramente foi alvo deprogramas estruturantes deinvestimentos nas últimas déca-das.” Até o fechamento desta edi-ção, a Semob (Secretaria Nacionalde Transporte e da MobilidadeUrbana), autarquia ligada aoMinistério das Cidades, não haviase manifestado.

O gerente de relações institu-cionais da SAE Brasil (Sociedadede Engenheiros da Mobilidade),Fábio Braga, define mobilidade

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Page 59: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

o índice da qualidade de vida doscidadãos, a mobilidade, analisadapor esse prisma, adquire aindamais relevância. “A qualidade devida de uma pessoa está intima-mente ligada com a liberdade de ire vir. Essa liberdade inclui osmeios de transporte, tanto indivi-duais como coletivos, ou seja,inclui a mobilidade”, diz Braga.

Paula Santoro, urbanista doInstituto Pólis, ONG dedicada aoestudo e formulação de políticaspúblicas municipais e estratégiasde desenvolvimento local, afirmaque a mobilidade “pensa” emcomo se organiza o uso e a ocupa-ção da cidade para o deslocamen-to de pessoas e dos modos dotransporte. “Como a mobilidade é

uma interação entre pessoas eespaço, ela envolve qualidade devida. Se o cidadão tem uma péssi-ma mobilidade, ele tem, conse-quentemente, um transporte ruimou um modo de deslocamento nãosatisfatório.”

Paula acredita que o Brasildeixa a desejar no quesito mobili-dade. “O que o país possui é umaoferta de transporte. As cidadestêm vários portes populacionais.Aquelas com mais de 60 mil habi-tantes oferecem transporte públi-co. Municípios abaixo desse índicetêm seu deslocamento baseadoem opções privadas, com meiosde transporte particulares.” Noentanto, ela afirma que a criaçãodo Ministério das Cidades, em

2003, proporcionou uma discus-são mais ampla para as políticasurbanas. “O ministério, com aSemob, trabalha para montar umsistema de transporte com aarticulação de subsídios. O Brasilestá caminhando para ofereceruma mobilidade urbana melhor.É preciso regular o transportepúblico. Além disso, criar regraspara a mobilidade urbana é fun-damental.”

A urbanista acredita que oBrasil oferece meios eficientes dedeslocamento, como o metrô. “Opaís não está totalmente atrasa-do no quesito mobilidade urbana.Em São Paulo, por exemplo, apopulação tem metrô de 1 em 1minuto. É preciso que essa efi-

ciência de deslocamento sejaexpandida para uma gama maiorde cidadãos.”

Para Terra, da Abdib, é neces-sário um planejamento maisabrangente para desafogar o trân-sito nos centros urbanos e melho-rar as condições de mobilidadenas cidades. “Esse programa pre-cisa prever o financiamento e oinvestimento conjunto do poderpúblico e da iniciativa privada,envolvendo governos federal,estaduais e municipais e asempresas particulares."

Braga afirma que o Brasilpossui uma indústria capaz deatender às demandas necessá-rias para prover o país de umamobilidade urbana mais eficien-

BRT Ônibus de Trânsito Rápido facilita o deslocamento de pessoas nas grandes cidades, reduzindo os congestionamentos

JOEL ROCHA/SMCS/DIVULGAÇÃO

Page 60: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

te. “Por outro lado, a infraestru-tura necessária para a circula-ção adequada deixa muito adesejar. Estradas com o mínimode segurança e conforto para osusuários, maior oferta de ruas,avenidas, viadutos e túneis nascidades para permitir a circula-ção apropriada de veículos esistemas de transporte coletivoseguros e confortáveis aindasão deficientes. Falta planeja-mento e investimento em infra-estrutura urbana de transportee movimentação dos cidadãos.”

A realização da Copa-14 noBrasil tem movimentado entidadesligadas à infraestrutura das cida-

des. A mobilidade, como não podiadeixar de ser, entra no debatecomo um dos desafios a seremsuperados pelas cidades-sede. OSinaenco (Sindicato Nacional dasEmpresas de Arquitetura eEngenharia Consultiva) criou oPortal 201, que traz notícias sobreos projetos. Além do portal, oSinaenco elaborou um estudo inti-tulado “PAC da Copa do Mundo2014 – Arena e Mobilidade Urbana.”Trata-se de um compilado dedados e avaliações da entidade emrelação ao conjunto de investi-mentos a serem feitos no Brasilpara o Mundial.

Segundo o estudo, o governo

CHINA Sistema criado em Curitiba foi adotado em outros países

Exemplos mundo aforaPLANEJAMENTO

Um exemplo nacional deque é possível oferecer mobili-dade urbana com eficiência é otransporte coletivo de Curitiba.Planejado de forma integradaao projeto de desenvolvimentoe zoneamento da capital para-naense, o modelo já foi expor-tado para mais de 80 cidades.O sistema BRT é tido como ogrande responsável pelo êxitodo modelo.

“É preciso mudar a culturade que a cidade foi feita paraos carros. Acredito que omodelo de Curitiba priorizouo coletivo e por isso deucerto”, afirma RonaldoBalassiano, professor deengenharia de transportes doCoppe/RJ. A RIT (RedeIntegrada de Transportes deCuritiba) possui sete linhasque integram toda a regiãometropolitana da capital.

O projeto londrino de desa-fogar o trânsito na área centralda metrópole inglesa tambémé conhecido como uma refe-rência para a mobilidade urba-na. “Londres levou mais de 20anos para implantar o pedágiourbano. Parlamento e comuni-dade não queriam a cobrançae exigiam condições melhores.Nesse tempo, houve muita dis-cussão entre os planejadores ea sociedade, mas o pedágio foiimplantado e houve melhoriasconsideráveis para a cidade”,diz Balassiano. O pedágio urba-no londrino restringiu o uso deveículos particulares na áreacentral e impulsionou o siste-ma coletivo de ônibus e trens.“O que é arrecadado com opedágio é revertido para proje-tos de transporte coletivo. Aárea central teve o tráfego de

veículos particulares reduzidoem 30%.” O êxito do pedágiourbano de Londres poderá serconferido em 2012, quando acidade recebe a Olimpíada.

Paula Santoro, urbanistado Instituto Pólis, citaBogotá, capital colombiana,como bom exemplo de mobi-lidade. “Bogotá é uma cida-de organizada entre cordi-lheiras, tem um desenhocomprido. O grande méritodo sistema coletivo foiimplantar um corredorexclusivo que conecta o sule o norte, aproveitando ageografia do lugar.” De acor-do com Paula, o sistema BRT,batizado como TransMilênio,preocupou-se em oferecermobilidade também noentorno do corredor. “Ogoverno fez áreas livrespúblicas, ciclovias interliga-das a parques. Existe cone-xão entre os bairros e oTransMilênio. Isso é desen-volvimento urbano.”

Por dia, são realizadas maisde 1,6 milhão de viagens pelosistema, que ainda recebeinvestimentos e será expandi-do. Desde a implantação doTransMilênio, Bogotá registrou80% de queda no número deacidentes de trânsito e a emis-são de poluentes foi reduzidaem 33%.

Para Fábio Braga, gerentede relações institucionais daSAE Brasil, há bons exemplosmundo afora. “Diversas cida-des europeias e dos EstadosUnidos, no que se refere aestruturas viárias, rodoanéis edisponibilidade de transportecoletivo, são grandes modelosa serem seguidos.”

Page 61: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

decidiu não apoiar obras metroviá-rias para a Copa. Do total de R$11,461 bilhões que serão investidosem mobilidade, a maior parte (R$4,628 bilhões, 40% do total) serádestinada a BRTs. Ainda de acordocom o documento, R$ 1,507 bilhãoserá destinado a corredores deônibus, totalizando mais de 60%de aplicações em grandes siste-mas sobre pneus. O Sinaenco afir-ma que os recursos em BRT cons-tituem em uma ação que visamodernizar e integrar o sistemade transporte público.

O engenheiro de transporteRonaldo Balassiano, professor deengenharia de transportes do

Coppe/RJ (Instituto Alberto LuizCoimbra de Pós-graduação ePesquisa de Engenharia), afirmaque o Brasil não está preparadopara sediar um evento como aCopa do Mundo, justamente pornão oferecer uma mobilidadesatisfatória. “Os deslocamentosde longa distância durante oevento para os estádios pode-riam oferecer opções como otransporte ferroviário, aéreo erodoviário. Mas a realidade é quehoje o país não consegue com-portar sua própria demandainterna. É urgente trabalhar paragarantir que os deslocamentosentre as cidades-sede se façam

de forma regular e adequada.Além disso, medidas especiaiscomo prover alguns voos charter(fretados) para delegações emídia seriam uma alternativa.”

Balassiano espera que a novainfraestrutura prevista para ascidades responda pelo aumentode demanda previsto para a Copa.“Será um ponto de virada namobilidade do país, caso tenha-mos um melhor sistema de trans-porte coletivo. Se o planejamentonão for bem executado, corremossério risco de, com o aumentoacelerado da frota particular,enfrentar congestionamentos emtodas as sedes.”

Segundo o professor, os pro-gramas de mobilidade devempriorizar a melhoria da circulaçãoe do fluxo de veículos e de pes-soas, desestimular o uso do carroe incentivar o uso do transportecoletivo, promover a integraçãocom outros modos de transporteexistentes nas cidades, regula-mentá-los e fiscalizá-los adequa-damente. “O projeto deve ser efi-ciente e oferecer um transportepúblico de qualidade. As pessoasque vivem nas cidades devemconhecer o sistema que será ofe-recido. Do contrário, corre-se orisco de implantar a infraestrutu-ra e não funcionar.” l

CHINA Sistema criado em Curitiba foi adotado em outros países

Circulação eficiente é exigênciaCOPA-2014

Além de projetos que visam aconstrução ou reforma para queas arenas estejam adequadaspara a prática do futebol, confor-táveis e com disponibilidade deserviços como restaurantes, aFifa (entidade que administra ofutebol no mundo) exige que opaís-sede da Copa do Mundo ofe-reça mobilidade e infraestruturapara a realização do evento.Uma das premissas é a circula-ção eficiente de pessoas e veícu-los, bem como uma adequadaestrutura de terminais querecepcionarão delegações,imprensa e torcedores, comoaeroportos e portos.

OBrasil lançou em janeiro de2010 o PAC da MobilidadeUrbana para a Copa-14. Nodocumento, estão definidas asobras de transporte públicoprioritárias das 12 cidades-sedepara o Mundial. De acordo como Portal 2014, elaborado peloSinaenco, o programa investiráR$ 11,48 bilhões em 47 projetosdestinados a agilizar a circula-

ção de pessoas e veículos nascapitais. Dentre eles, 20 siste-mas BRT estão listados. Ascidades-sede têm até dezem-bro para iniciar as obras.

Na última Copa do Mundo,realizada este ano na África doSul, uma das apostas para viabi-lizar a mobilidade foi justamenteo BRT. Ronaldo Balassiano, pro-fessor de engenharia de trans-portes da Coppe/RJ, afirma queo projeto foi mal planejado. “Ossul-africanos estão habituadoscom o transporte por vans. Nãohouve o cuidado de repassar àpopulação o funcionamento dosistema e seus benefícios. O ser-viço foi negligenciado porque oscidadãos não tinham as devidasinformações.”

Outro problema da mobilida-de na África do Sul, apontadopor Balassiano, foi o acesso aosestádios. Com um trânsito caóti-co, torcedores demoravammuito ou não conseguiam che-gar aos estádios. O desenvolvi-mento da malha rodoviária do

país não estava concluído até arealização do Mundial.

A Copa de 2006, naAlemanha, teve como destaquea organização e arenas queimpressionaram pela arquitetu-ra e pelo conforto. O país inves-tiu na ampliação de autoestra-das, em sistemas de operaçãodo trânsito até os estádios e emmelhorias das estações ferroviá-rias e metroviárias. Durante aCopa, os ingressos valeramcomo bilhete de passagem notransporte público nas sedes e,também, como entrada paravisitar atrações turísticas nosarredores. A Copa do Mundo daAlemanha recebeu 2 milhões deestrangeiros. “Quero acreditarque os projetos para a Copa noBrasil estejam contemplandotambém os entornos, a acessibi-lidade e a integração entre otransporte e o espaço. Não bastaapenas implantar a infraestrutu-ra. É preciso criar uma verdadei-ra mobilidade para o evento”,afirma Balassiano.

NTU/DIVULGAÇÃO

Page 62: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 63: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 64: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201064

A19ª edição doCongresso SAEBrasil, realizadopela Sociedade de

Engenheiros da Mobilidadeentre os dias 5 e 7 de outubro,em São Paulo, discutiu o tema“Competências da EngenhariaBrasileira para a Mobilidadedo Futuro”. Foram 20 painéistemáticos para abordar oassunto. Um dos debates cen-trais tratou de medidas dedesafogo nos grandes centrosurbanos. O evento, que supe-rou as expectativas de públi-

co da organização, contoucom 89 empresas na tradicio-nal Exposição Tecnológica,que acontece em paralelo àconferência.

Proposto pelo Comitê deCaminhões e Ônibus da SAE, opainel “Tendências do Transportede Carga e Passageiros nasMetrópoles”, dirigido pelo enge-nheiro Márcio Schettino, dire-tor da comissão, apontou osaltos custos da atividade nosgrandes centros e os prejuízoscausados ao meio ambiente, àsaúde da população e à econo-

mia do país. “É urgente anecessidade de ações eficien-tes para reverter ou amenizaro processo, desafogar as vias epermitir crescimento sustentá-vel”, afirma Schettino.

Como exemplo, foi apre-sentado o projeto daSecretaria dos Transportesdo Estado de São Paulo, deno-minado PDDT (Plano Diretorde Desenvolvimento deTransportes). Milton Xavier,assessor da área de planeja-mento da secretaria, mostrouo “Plano de Transporte para a

Região Metropolitana de SãoPaulo” para os próximosanos. O governo paulista pre-tende modificar a atual estru-tura de todo o aparelho rodo-viário, redirecionando-o paraoutros modais. “O programada secretaria presume redis-tribuir o sistema de maneiramais inteligente e otimizada.O transporte de cargas degrande porte está sendoreestruturado, e São Paulocomeça a projetar um cenáriode distribuições de carga.Acredito que seja uma ten-

Exigências das metrópolesEvento debate mobilidade nos grandes centros urbanos etendências do transporte de cargas e de passageiros

POR LETICIA SIMÕES

CONGRESSO SAE BRASIL

Page 65: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 65

dência e o governo mostrou,durante o congresso, queestá se mobilizando”, dizSchettino.

Uma das propostas dasecretaria é reduzir os atuais90% de utilização do sistemarodoviário para 70%, seminterferir ou prejudicar oaumento da frota. “O planeja-mento prevê que o percen-tual seja transferido para otransporte ferroviário. Oganho seria, principalmente,em tonelagem transportada.Também é estudada a criação

de terminais intermodais queliguem cada sistema detransporte. As medidas dogoverno também podem ser-vir de base para criação dealternativas em outrasregiões metropolitanas afeta-das pelo tráfego”, diz o dire-tor. O PDDT vem sendo desen-volvido desde 2000 pelogoverno paulista. Os investi-mentos previstos seguirãoum cronograma estabelecido,a princípio, até 2020.

Schettino afirma que asnecessidades andam mais

rápido do que a capacidade deimplantação das soluções,principalmente, quando asações são focadas para alogística do transporte.“Existem leis, discussõespúblicas e todos os trâmitespara os projetos de infraestru-tura. Isso demanda maistempo do que devia. Contudo, apresença da Secretaria dosTransportes no debate mostrouque as ações estão sendo fei-tas. A construção do Rodoanelé um ótimo exemplo.”

Para ele, as discussões

permitiram aos presentesconcluir que, com projetosflexíveis, o setor pode seadaptar às leis estabelecidas.O diretor cita como exemploas restrições de carga e des-carga nas cidades. “Foi impor-tante observar a necessidadedos operadores logísticos emse adequar às novidades daatividade. Tudo isso cria umademanda na indústria para oajuste do sistema. Ações bemestruturadas vão permitir queos agentes realizem a ativida-de da maneira mais otimizada

DIVULGAÇÃO

Page 66: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201066

Inexistem combustíveis alternativosAVIAÇÃO

Seguindo os debates quantoà mobilidade do futuro, oComitê Aeroespacial discutiu asnovas tecnologias em desen-volvimento e, também, os cená-rios que impactam as estraté-gias do setor. José FernandoDavid Farat, diretor da seção,afirma que o painel foi umsucesso. “A comissão teve umaplateia diversificada, com a pre-sença da mídia técnica e geral.O mais significativo nessa edi-ção foi que o público interagiucom as apresentações.” O comi-tê teve três exposições: comoas tendências econômicaspodem influenciar o transporteaéreo mundial e no Brasil, aero-naves não tripuladas e combus-tíveis alternativos para aviões.

Para o modal aeroviário, dizFarat, ainda não há no merca-do combustíveis diferentesque possam contribuir com aeficiência das aeronaves ecom a diminuição das emis-sões. “Vários estudos estão

sendo feitos no Brasil, EstadosUnidos e Europa a fim de sechegar a um combustívelalternativo. Atualmente, nãoexiste nenhum do tipo quepudesse ter sua aplicação ime-diata. Essa solução tem deconservar as característicasde operação do avião, produ-zindo algo similar. Talvez, porisso, ainda não se tenha che-gado a um projeto conclusivo”,afirma o engenheiro. Segundoele, o setor prevê que já em2012 algumas experiênciascom novos combustíveissejam executadas no Brasil.

Quanto às aeronaves nãotripuladas, o debate revelouque aviões do tipo surgemcomo uma tendência para algu-mas atividades, não ficandorestritos ao uso militar. “Existeuma série de aplicações civispara o tipo. Pulverização daágua em focos de incêndio e deinseticidas nas grandes planta-ções; monitoramento do fluxo

de trânsito nos centros urba-nos de maior porte e patrulha-mento em regiões hostis ou dedifícil acesso, entre outras”,afirma Farat. Segundo ele, anavegabilidade seria via con-trole remoto.

O grande impedimento paraas aplicações, de acordo com odiretor, é a inexistência deregulamentação para a utiliza-ção de aeronaves não tripula-das no espaço aéreo combina-do (onde atuam diversas rotas).“Qualquer companhia aéreadeve cumprir uma série derequisitos de operação, e nãoexiste uma estrutura para essetipo de voo. A discussão cha-mou a atenção para isso. É pre-ciso uma revisão para que atecnologia em desenvolvimen-to consiga ser aplicada.” Eleressalta que os Estados Unidosjá trabalham em estudos paradefinir quais seriam os requisi-tos para a ação conjunta deaeronaves não tripuladas.

ros híbridos e elétricos sãouma tendência da indústriaautomotiva, mas, em termosnacionais, essa realidade sóvingará ao longo prazo. “Odebate permitiu essa conclu-são. Há um número baixo deveículos elétricos rodando noBrasil. Existem empresas queinvestem em frota cativa de 50a 100 carros do tipo, porém,são ações isoladas.”

Ele acredita que a indústria

temas estão na agenda dasempresas e indústrias dosetor. Houve extremo interes-se pelas discussões. Existemprogramas em desenvolvi-mento, como materiais quereduzem o peso do veículo,sistemas que permitem aoscarros terem menos consumode combustível e projetos quevisam motores mais limpos,entre outros.”

Ferreira afirma que os car-

possível, com ganhos para ascidades e para o segmento.”

O Comitê de Veículos Levesda SAE debateu a evolução datecnologia para eletrificaçãodo carro, da redução de con-sumo e de emissões e dasevoluções tecnológicas dosautomóveis para reduzir oimpacto ambiental. O enge-nheiro Fábio Ferreira, diretorda comissão, faz uma avalia-ção positiva do encontro. “Os

brasileira tende a investir emmelhorias nos sistemas veicu-lares atuais. “No próximo ano,alguns modelos híbridosimportados devem aportar noBrasil. Essa tecnologia vai con-viver por muito tempo com oscarros recentes melhorados.Confio na predominância dosmotores de hoje, com engenha-ria cada vez mais avançada. Jáveículos híbridos e elétricosexistirão em números bastante

Page 67: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 67

NO LIMITEMetrópoles precisam encontrar soluções para reduzir os congestionamentos e melhorar o fluxo de veículos

ALEXANDRE VIEIRA/FUTURA PRESS

razoáveis, devido ao seu custoelevado.”

Na opinião de Ferreira, éjustamente o desenvolvimentotecnológico que permitirá oavanço contínuo da indústriaautomotiva nacional. “Há evo-luções em materiais, motorese softwares. Tudo isso, emconjunto, leva o segmentopara frente. Todos os modelostendem a evoluir e alguns vãopredominar.”

Vagner Galeote, vice-presi-dente da SAE Brasil, consideraa realização do Congresso 2010uma vitória para a entidade. “ASAE teve dificuldades após acrise de 2008, que repercutiuna edição do ano seguinte. Doponto de vista administrativo,foi muito difícil o pós-crise,pois todo o setor foi afetado e,consequentemente, eventos einvestimentos. Em 2010, entra-mos mais enxutos no planeja-

mento, mas com acertos nareação da economia, com umano mais promissor no atendi-mento ao congresso. Isso seconfirmou, já que a ediçãosuperou as expectativas.”

A 19 ª edição do CongressoSAE Brasil bateu o recorde depúblico do evento. Durante ostrês dias, mais de 11 mil visitan-tes participaram dos debates eda Exposição Tecnológica. Comisso, Galeote estima ultrapas-

sar os números de agora. “Em2011, a SAE comemora 20 anosde congresso. Será um eventomarcante, com o crescimentodo mercado da mobilidade, emduas rodas, automobilístico,caminhões e implementos. Ovolume de vendas que afetama economia do Brasil foi muitogrande e esperamos contribuircom esse ‘bolo’. A proposta éde sempre canalizar as infor-mações do setor e agregar pes-soas para o desenvolvimentode tecnologias nacionais”, afir-ma o dirigente.

Ao todo, foram 140 apre-sentações técnicas dentrodos 20 painéis temáticos deveículos de passageiros ecomerciais, manufatura, tec-nologia da informação, ges-tão, educação, aeroespacial,máquinas agrícolas e de cons-trução, duas rodas e ferroviá-rio. Oitenta e nove empresas,entre nacionais e internacio-nais, estiveram presentes naExposição Tecnológica, 14delas inéditas. “Tivemos aoportunidade de conhecer astecnologias, muitas em seuestado da arte, das principaisempresas do setor e quaisseus projetos para resolveros problemas que afetamnossa mobilidade, segurança,conforto e meio ambiente”,diz Besaliel Botelho, presi-dente da SAE Brasil. l

Page 68: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201068

Três novas unidades doSest Senat (ServiçoSocial do Transportee Serviço Nacional de

Aprendizagem do Transporte)foram entregues às comuni-dades de Santa Rosa e Ijuí, noRio Grande do Sul, e TrêsLagoas, no Mato Grosso doSul, em outubro.

Nas três sedes, serão ofe-recidos atendimentos médi-

cos e odontológicos para ostrabalhadores em transportee a população em geral, alémde capacitação profissional eatividades de lazer. Com astrês novas estruturas, o SestSenat passa a contar com 137unidades em atividade emtodas as regiões do país.

Durante as cerimônias deinauguração no sul, o presi-dente do Conselho Nacional

do Sest Senat e da CNT, ClésioAndrade, ressaltou a impor-tância do setor transportadorpara o desenvolvimento dequalquer atividade econômi-ca no país e reafirmou aimportância do trabalhodesenvolvido pelo Sest Senat.

“Qualificar o transporta-dor autônomo, o caminhonei-ro, o taxista e especializarainda mais o transporte em

todo o país é a nossa missão.O Sest Senat é o símbolo doempresariado brasileiro, cons-ciente de suas responsabilida-des sociais e políticas e aten-to para a necessidade de con-quistar novos padrões devida, de trabalho e de produti-vidade.”

No Rio Grande do Sul, asnovas unidades estão locali-zadas em uma região dinâmi-

Ampliaçãoda rede

POR CYNTHIA CASTRO E LIVIA CEREZOLI

SEST SENAT

Estados do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul inauguraram no mês de outubro as três novas unidades do Sest Senat

SANTA ROSA O presidente da CNT, Clésio Andrade, e autoridades locais e estaduais prestigiam a inauguração de unidade no interior do Rio Grande do Sul

Page 69: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 69

ca economicamente, comintensa atividade agroindus-trial e agrícola, com destaquepara soja, milho e trigo, eindustrial, com polo metal-mecânico e siderúrgico.Ambas as cidades têm umsetor transportador bastanteativo.

No Estado, 12 cidades con-tam com unidades do SestSenat: Porto Alegre, Caxias do

Sul, Uruguaiana, BentoGonçalves, Carazinho, Lajeado,Passo Fundo, Pelotas, RioGrande, Santa Maria, SantaRosa e Ijuí.

Para Paulo Vicente Caleffi,presidente do ConselhoRegional do Sest Senat e daFetransul (Federação dasEmpresas de Transporte deCargas do Rio Grande do Sul),o apoio de várias esferas da

comunidade foi fundamentalpara a ampliação do SestSenat. “Nós só fizemos essasobras porque contamos com aunião das entidades, o com-promisso de líderes e a con-fiança da comunidade.”

O presidente do Sintralog(Sindicato das Empresas deTransporte de Carga eLogística de Santa Rosa),Valdir Turra Carpenedo, foi

um dos idealizadores da ins-talação do Sest Senat emSanta Rosa. “Esse novoempreendimento vai trazerbenefícios para uma micro-rregião que é berço de gran-des transportadores. Por isso,lutamos tanto, acreditamos eagora entregamos para acidade essa obra.”

No Mato Grosso do Sul, anova unidade do Sest Senat

FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT

SANTA ROSA O presidente da CNT, Clésio Andrade, e autoridades locais e estaduais prestigiam a inauguração de unidade no interior do Rio Grande do Sul

Page 70: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201070

mais de 20 mil metros quadra-dos, foi doado pela prefeitura.

Durante a solenidade, opresidente do ConselhoRegional do Sest SenatCentro-Oeste 2 (que com-preende os Estados de MatoGrosso, Mato Grosso do Sul eRondônia), João RezendeFilho, destacou que a missãoda unidade de Três Lagoas équalificar o transportadorautônomo, os caminhoneirosdas empresas e os taxistas,além de especializar aindamais o transporte da região.

Lagoas, como empresário docomércio e na vida social epolítica.

A prefeita Márcia Mouraafirmou que “a família dotransporte de Três Lagoas deuum passo grande e importantecom a inauguração”. Ela des-tacou que o espaço da unida-de vai contribuir não só paramelhorar a qualificação pro-fissional e a saúde do traba-lhador em transporte, mastambém para a valorização dafamília, que poderá usufruirdos serviços. O terreno, de

da Petrobras e da EldoradoPapel e Celulose.

“Essa unidade do SestSenat veio em um momentooportuno. A cidade cresceuvoltada para a industrializa-ção e muitas empresas detransporte vieram para cá”,disse Simone Tebet, vice-governadora eleita. A novaunidade foi batizada como onome do avô de Simone,Taufic Tebet. O homenagea-do, pai do senador RamezTebet, morto em 2006, teveforte atuação em Três

em Três Lagoas vai atenderuma região geograficamenteprivilegiada e com amplocrescimento econômico. Opotencial do município, locali-zado no leste do Estado, tematraído investimentos. Nostrês distritos industriais, hámais de 30 empresas instala-das. Entre as que se desta-cam, estão a Fibria, que pro-duz celulose, e a IP -International Paper (fabrican-te de papel). Há uma grandeexpectativa com a implanta-ção da fábrica de fertilizantes

CONHEÇA ASNOVAS UNIDADESSANTA ROSA (RS)

Rodovia RS-344, bBairro

Timbaúva

Telefone: (55) 3511-8080

IJUÍ (RS)

Avenida Porto Alegre, s/nº

Anexo ao Posto Cotrijuí,

Distrito Industrial

Telefones: (55) 3332-4692/(55)

3332-4752

TRÊS LAGOAS (MS)

Avenida Ponta Porã, 2.640,

Jardim Alvorada

Telefone: (67) 2105-5300IJUÍ Unidade gaúcha vai atender a um grande número de motoristas em trânsito

Page 71: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 71

Rezende também é presi-dente da Fetramar (Federaçãodas Empresas de TransporteRodoviário de Passageirosdos Estados do Mato Grosso,Mato Grosso do Sul eRondônia). Ele lembrou queoutros trabalhadores dotransporte serão atendidospelo Sest Senat, e não só osmotoristas. “Temos curso, porexemplo, de operador deempilhadeira, na área demecânica, entre outros.”

Desde a sua criação, emsetembro de 1993, o Sest Senat

atua na qualificação e recicla-gem profissional e na melhoriada qualidade de vida de traba-lhadores do setor de transpor-te, oferecendo atendimentosem saúde, atividades de lazer,esporte, recreação e cultura.

Em 17 anos, foram atendi-dos 3 milhões de trabalhado-res em transporte e realiza-dos aproximadamente 100milhões de atendimentos nasdiversas especialidades deserviços médicos e odontoló-gicos e nos diferentes cursosde qualificação profissional,

que abrangem inúmerasáreas do transporte.

As unidades de Santa Rosae Três Lagoas têm infraestru-tura para a realização de cur-sos com sete salas de aulas eum laboratório de informáticacada uma. Para atendimentoem saúde, há sala de fisiote-rapia, clínica psicológica, con-sultório oftalmológico e declínica geral e seis cadeirasodontológicas.

Em cada uma das cidades, oSest Senat tem capacidade men-sal aproximada para 1.500 aten-

dimentos médicos, 1.800 odonto-lógicos e vagas para 600 alunosnos cursos de qualificação, alémde cursos externos e on-line.

Para as atividades de lazer eesportivas, o Sest Senat man-tém ginásio, duas quadras,campo de futebol, parque infan-til e churrasqueiras. Além disso,as unidades ainda têm auditóriopara 150 pessoas. Em Ijuí, a uni-dade conta com consultóriomédico, consultório odontológi-co, sala de aula e sala de jogospara a recreação de motoristasem trânsito. l

TRÊS LAGOAS Unidade é estratégica no leste do Mato Grosso do Sul, que tem atraído indústrias nos últimos anos

Page 72: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201072

IDET

Em setembro, o modalrodoviário de cargasmanteve-se estável,crescendo apenas 0,3%

em relação ao mês anterior.Avaliando a evolução trimestral,observa-se que o transporte decargas está crescendo. Este ter-ceiro trimestre (julho-setembro)movimentou 4,9% e 2,3% maistoneladas do que o primeiro e osegundo trimestres do ano.Além disso, o terceiro trimestrede 2010 realizou 5,3% maismovimentações que o mesmotrimestre de 2009.

A estabilidade no transporterodoviário de cargas este mêsdeveu-se tanto ao transporterodoviário de cargas industriaispor terceiros quanto ao transpor-te de cargas agrícolas e outrascargas. O primeiro cresceu apenas0,2% em volume movimentado,mantendo-se no patamar de 48mil toneladas transportadas. Já asegunda modalidade, cargas agrí-colas e outras cargas, transportouem setembro 0,4% toneladas a

mais que em agosto. É importantenotar que o transporte de outrascargas este ano continua superiorà movimentação de anos anterio-res, representando um crescimen-to de 6,4% e 4,2% para o períodode janeiro a setembro em relaçãoao mesmo período de 2008 e2009, respectivamente.

O transporte coletivo urbanocaiu 3,1% no total movimentadode setembro, frente a agosto,ficando novamente abaixo dacasa de um bilhão de passageiros.Comparativamente ao ano ante-rior, setembro apresentou cresci-mento na movimentação de 2,2%.Além disso, também houveaumento no nível de emprego dosetor, de 1,16% em relação aomesmo mês de 2009.

O transporte rodoviário inter-municipal apresentou queda emsetembro, movimentando 2,8%menos passageiros que emagosto. Apesar da queda, o totalmovimentado no mês foi maiorem 4,9% e 3,2% que o mesmomês de 2009 e 2008.

Transporte rodoviáriode cargas estável

Tendência é de crescimento no longo prazo

Já o transporte interestadualde passageiros apresentou quedade 1,3% no total de passageirostransportados no mês, no entanto,continua a movimentar mais doque em 2008 e 2009. O acumuladode passageiro nos primeiros novemeses do ano é 9,3% e 5,8% supe-rior ao acumulado no mesmoperíodo para os anos de 2008 e2009, respectivamente.

O transporte ferroviário decarga sofreu retrocesso no mêsde agosto caindo 0,8% no totalmovimentado em relação aomês anterior. Desta forma, omodal transportou neste mês0,6% menos que em agosto de2008, mantendo-se estável emrelação ao período anterior àcrise econômica. Os próximosmeses demonstrarão sua recu-peração, caso mantenha-semovimentando no patamar de44 mil toneladas/mês.

Caindo apenas 0,5%, o modalaquaviário de cargas manteve-seestável em agosto. A leve ten-dência de queda apresentada

sinaliza o fim do período demaior atividade do setor, que vaide abril a setembro. No entanto,este ano, o total movimentadono mês foi 11,2% e 4,8% maiorque no mesmo mês de 2009 e2008, respectivamente.

Pelo terceiro mês consecutivo,a movimentação de passageirospelo modal aéreo mantevese nopatamar dos 5,6 milhões de passa-geiros. Em setembro o modaltransportou 0,5% menos passa-geiros que em agosto, mas movi-mentou 23,4% e 54,3% a mais queno mês de setembro de 2009 e2008, mostrando que o setor estáem plena atividade.

O Idet CNT/Fipe-USP é um indi-cador mensal do nível de ativida-de econômica do setor de trans-porte no Brasil. l

8

Para a versão completa daanálise, acesse www.cnt.org.br.Para o download dos dados,www.fipe.org.br

Page 73: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 73

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP

ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO

Transporte Rodoviário de Cargas - Total

Milhões de Toneladas

110

90

95

100

105

85

80

jan fev mar abr mai jun jul

2008 2009 2010

ago set out nov dez

Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano

Milhões de Passageiro

s

1050

990

930

870

810

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Rodoviário de CargasIndustriais por Terceiros

Milhões de to

neladas

55

50

40

45

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Rodoviário Interestadual dePassageiros

Milhões de Passageiro

s

8

7

5

6

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Ferroviário de Cargas

Milhões de Toneladas

50

30

35

40

45

25

20

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Transporte Aquaviário de Cargas

Milhões de Toneladas

80

60

70

40

50

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2008 2009 2010 2008 2009 2010

2008 2009 2010

2008 2009 2010

2008 2009 2010

Page 74: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201074

BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 61.920 13.775 75.695 Estadual Coincidente 17.197 6.224 23.421 Estadual 111.375 111.474 222.849 Municipal 27.342 1.236.128 1.263.470Total 217.834 1.367.601 1.585.435

Malha rodoviária concessionada 15.809Adminstrada por concessionárias privadas* 14.745Administrada por operadoras estaduais 1.064

FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADESCaminhão 2.016.493Cavalo mecânico 363.717Reboque 674.451Semirreboque 584.083Ônibus interestaduais 13.907Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000

Nº de Terminais Rodoviários 173

INFRAESTRUTURA - UNIDADES

Terminais de uso privativo 42

Portos 40

FROTA MERCANTE - UNIDADES

Embarcações de cabotagem e longo curso 141

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA

Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148

AQUAVIÁRIO

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM*

Total Nacional* 29.817Total Concedida* 28.314Concessionárias 11Malhas concedidas 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMCompanhia Vale do Rio Doce/FCA 9.863MRS Logística S.A. 1.674ALL do Brasil S.A. 7.304Outras 9.473Total 28.314

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 87.150Locomotivas 2.624 Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.273Críticas 2.611

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

AEROVIÁRIO

AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 33Domésticos 33Pequenos e aeródromos 2.498

AERONAVES - UNIDADESA jato 820 Turboélice 1.700Pistão 9.354Total 11.874

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS

MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100

Page 75: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 75

BOLETIM ECONÔMICO

Orçamento de InvestimentosMinistério dos Transportes

(Setembro/2010)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - SETEMBRO/2010

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Autorizado Investimento liquidado Total pagoObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.

Arrecadação Acumulada

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001.Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 373,0 BILHÕES(PLANO CNT DE LOGÍSTICA - 2010)

Investimento Pago Acumulado

14,012,0

8,06,04,0

R$ bilhões

2,00,0

16,0

20,018,0

10,0

4,0

16,4

8,9

60

403020R

$ bilhões

100

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

70

50

25,9

8

2009 acumuladoem 2010

últimos12 meses

Expectativapara 2010

62,3

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*

Valores Pagos (CIDE)

Não Utilizado

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Outros

R$ 2.980,9(73,3%)

R$ 975,2(24,0%)

R$ 68,7(1,7%)

R$ 40,1(1,0%)

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

PIB (% cresc a.a.) -0,2 8,88(1) 9,0(1) 7,34

Selic (% a.a.) 8,75 10,75(2) 10,75

IPCA (%) 4,31 3,60(3) 4,70(3) 5,07

Balança Comercial(4) 25,3 12,77(4) 16,87(4) 15,00Reservas Internacionais

239,64(5) 275,83(5) - -

Câmbio (R$/US$) 1,74 1,72(6) 1,77

Observações:

1 - Taxa de Crescimento do PIB para o 1º semestre 2010 e acumulada em 12 meses até setembro/2010

2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 20/10/2010

3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até setembro/2010

4 - Balança comercial acumulada no ano e em 12 meses até setembro/2010

5 - Posição dezembro/2009 e outubro/2010 em US$ bilhões

6 - Câmbio de fim de período setembro/2010, média entre compra e venda.

Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (setembro/2010), IBGE e

Focus - Relatório de Mercado 01/10/10), Banco Central do Brasil.

Investimentos da União por Modalacumulados no ano até Setembro/2010(R$ 4.064,9 milhões) - Liquidados

(em R$ milhões)

CIDE (R$ Milhões)Arrecadação no mês Setembro/2010 683,0

Arrecadação no ano (2010) 5.695,0

Investimentos em transportes pagos (2010) 2.781,9

CIDE não utilizada em transportes (2010) 2.913,1

Total Acumulado CIDE (desde 2002) 62.306,0

Page 76: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201076

BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO

* Em partes por milhão de S - ppm de S

Estrutura do Despoluir

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - SETEMBRO 2010

AL AM

% NC

AP BA CE DF ES GO MA

MG MS

MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Brasil

6,6

1,90,8

3,0 4,

2

0,4 2,

2

1,4 1,7

2,5

1,8

1,3

3,3

3,6

AC

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - SETEMBRO 2010

0

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

0,5

11,0

3,9

1,4

2,1

4,1

2,3

13

10

8

0

3

15

5 3,0

2,0

Corante 0.4%0.8%

4.8%

Aspecto 40.8%

Pt. Fulgor 12.4%

Enxofre 4.8%

Teor de Biodiesel 40.8%Outros 0.8%

40.8% 40.8%

12.4%

0.4%

1,7

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DASEMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

NÚMEROS DE AFERIÇÕES

228.866 107.346 12.869 349.081

85,63% 89,22% 89,77% 86,90%

Federações participantes 21Unidades de atendimento 70Empresas atendidas 5.641Caminhoneiros autônomos atendidos 6.288

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*

Japão 10 ppm de SEUA 15 ppm de SEuropa 50 ppm de S

Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, BeloHorizonte e Salvador. Regiões metropolitanasde São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano (grandes centros urbanos)

Diesel interior (substituição de 11% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)

Brasil

1.800 ppm de S

500 ppm de S

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 1.202,13 76,30Transporte 136,15 8,60Industrial 114,62 7,30Outros setores 47,78 3,12Energia 48,45 3,10Processos industriais 25,43 1,60Total 1.574,56 100

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 123,17 90,46Aéreo 7,68 5,65Outros meios 5,29 3,88Total 136,15 100

VEÍCULO CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Caminhões 36,65 44Veículos leves 32,49 39Comerciais leves - Diesel 8,33 10Ônibus 5,83 7Total 83,30 100

50 ppm de S

MODAL MILHÕES DE m3 PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 32,71 96,6Ferroviário 0,69 2Hidroviário 0,48 1,4Total 33,88 100

TIPO 2006 2007 2008 2009 2010(ATÉ JULHO)

Diesel 39,01 41,56 44,76 44,29 27,67Gasolina 24,01 24,32 25,17 25,40 16,95Álcool 6,19 9,37 13,29 16,47 7,97

9,8

9,7

ATÉ AGOSTO SETEMBRO20102007 A 2009 TOTAL

Aprovação no período

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE

CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

9,9

Page 77: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 78: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

Os principais desa-fios para a introdu-ção de veículos elé-tricos e híbridos no

mercado brasileiro são aadequação do parque indus-trial, capacitação da mão deobra, adequação da infraes-trutura de redes de abasteci-mento e/ou de intercâmbiode baterias, além da adequa-ção da rede elétrica já insta-lada à nova demanda.

Porém, como nossa matrizenergética é primordialmentehidroelétrica, o uso de VEH(Veículo Elétrico Híbrido) nomercado brasileiro faz maissentido do que em paísesdesenvolvidos, sendo um fortefator motivador que justifica-ria os incentivos fiscais essen-ciais para a primeira fase deintrodução. E a adoção do sis-tema “Vehicle to Grid” (quehabilita a conexão dos VEHs àrede elétrica, permitindo oretorno da carga excedentedas baterias à rede ou para ali-mentar cargas diversas) redu-ziria investimentos em gera-ção de energia.

O ideal seria passarmospor fases gradativas de intro-dução tecnológica, iniciando-

RONALDO MAZARÁ JUNIOR

se pelo híbrido “plug-in”, atéatingirmos o veículo pura-mente elétrico, minimizandoassim investimentos em infra-estrutura. E como possuímosa tecnologia Flex, é lógicopensarmos em híbridos commotores a combustão Flex,que poderiam tanto operar emparalelo ao motor elétrico napropulsão do veículo, ouserem otimizados para regimeestacionário para geração deenergia elétrica, reduzindoainda mais os níveis de emis-sões comparando-se com aoperação para propulsão.

Essa tecnologia dominaria a“fase intermediária” por longoperíodo de tempo e com muitosucesso, garantindo ao usuárioo poder de escolha pela fontede energia mais adequada aseu uso e região.

Veículos puramente elétri-cos podem ser introduzidos emnichos específicos onde fazemmais sentido econômico, esti-mulando assim seu aprimora-mento para uma produção emescala futura com custos maisatrativos.

Quanto ao material huma-no, recursos para desenvolvi-mentos locais, produção local

ou comercialização de produ-tos estrangeiros com suportelocal, já demos grandes pas-sos nesse sentido. Já existeuma gama considerável deprojetos desenvolvidos local-mente por empresas e profis-sionais brasileiros de altogabarito com produtos já dis-poníveis no mercado.

Além disso, temos a presen-ça local de fornecedores decomponentes e sistemas que jáfornecem para VEHs em outrospaíses, sem contar os projetosdas matrizes de montadorasinstaladas no Brasil que podemser introduzidos no mercadonacional rapidamente.

Portanto, acredito que játemos os ingredientes técni-cos para iniciarmos umaescalada gradativa de inves-timentos, desenvolvimentose produções locais. Mas, paratal, é fundamental a partici-pação do governo com incen-tivos fiscais e/ou subsídiosao desenvolvimento e com-pra do produto final, pararomper as barreiras iniciaisinerentes a toda introduçãode novas tecnologias, alémdos investimentos necessá-rios em infraestrutura.

DEBATE O Brasil está pronto para produzir carros elétricos?

RONALDO MAZARÁ JUNIORCoordenador do Comitê Técnico de Veículos Híbridos e Elétricos da SAE BRASIL

Incentivos fiscais e/ou subsídios são fundamentais

“Acredito que já temos os ingredientes técnicos para iniciarmosuma escalada gradativa de investimentos e desenvolvimentos”

Page 79: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

O Brasil está pronto para produzir carros elétricos?

Veículos elétricos já sãouma realidade e vêm setornando cada vez maisnecessários, principal-

mente em áreas densamenteurbanizadas. Quando atingirãouma parcela significativa do mer-cado brasileiro e quando serãofabricados no país são perguntasfrequentes, que demonstram ocrescente interesse que tem des-pertado em potenciais usuários,fabricantes, empresas de energiae autoridades governamentais.

Carros elétricos, que há umséculo constituíam cerca de umterço da frota mundial, recome-çaram a ser fabricados há poucomais de uma década e hoje sãoresponsáveis por aproximada-mente 3% das vendas nos EUA eJapão, a maioria do tipo híbrido.Em diversos países, os ônibusurbanos e táxis estão sendo gra-dualmente substituídos por elé-tricos híbridos. Embora consu-mam combustíveis, suas emis-sões de monóxido carbônico,materiais particulados e outrosefluentes nocivos são muito infe-riores às de veículos convencio-nais de mesmo porte, e seu con-sumo de combustível por kmrodado tem sido de 20% a 50%inferior ao de seus similares.

penetração dos VEs no mercadomundial. Mais difícil é particulari-zá-la para o Brasil, onde não hádefinição de políticas para oemprego desses veículos e acarga fiscal é maior do que a dosconvencionais. A competitividadedos VEs depende não só dos cus-tos das baterias e sistemas decontrole, mas também dos pre-ços dos combustíveis. Apesar dasincertezas, já começou a impor-tação de carros elétricos.

Provavelmente será mais viá-vel iniciar a produção nacionalde carros elétricos em indústriasjá estabelecidas no país.Entretanto, será oportuno utili-zar a capacidade e a experiênciaformada no país com a produçãoe operação de veículos híbridospesados, em particular ônibus.Além da sua viabilidade técnica eeconomia de combustível, ôni-bus e caminhões híbridos desti-nados a usos urbanos apresen-tam vantagem ambiental, pelaredução de emissões e custosoperacionais. Sua utilizaçãodependerá, pelo menos inicial-mente, de condições de financia-mento, entre outros fatores,dado que seus custos iniciais sãomais elevados do que os de seussimilares convencionais.

PIETRO ERBERDiretor-presidente da ABVE(Associação Brasileira do Veículo Elétrico)

Empresas já convertemconvencionais em elétricos

“Além da sua viabilidade técnica e economia de combustível,ônibus e caminhões híbridos apresentam vantagem ambiental”

As vendas de carros elétricosa bateria, que armazenam ener-gia recebida da rede elétrica,ainda dependem de incentivosque compensem o elevado custodesse equipamento e de seu sis-tema de controle. Mas os custoscontinuarão a diminuir. Carros abateria começam a ser fabrica-dos em série. No Brasil, diversasempresas vêm convertendo car-ros convencionais em elétricos. Atendência, no momento, é de pro-duzir carros pequenos e leves, demodo a reduzir a necessidade deempregar baterias de maiorcapacidade de acumulação paraassegurar maior autonomia.

A indústria de automóveisrequer pesados investimentos nosuprimento de componentes,linhas de montagem e manuten-ção de redes nacionais de assis-tência técnica e depende signifi-cativamente de economias deescala. Já veículos pesados,como ônibus e caminhões,podem ser fabricados sob enco-menda, com menores investi-mentos e, na modalidade híbrida,podem utilizar baterias de chum-bo, mais baratas do que as demaior capacidade de acumula-ção por unidade de peso.

Há grande incerteza quanto à

PIETRO ERBER

Page 80: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

OPINIÃO

Page 81: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 2010 81

CLÉSIO ANDRADEOPINIÃO

mpensável que, 20 anos após a criação do Mercosul,a integração do transporte entre os países membrostenha pouco avançado, a ponto de um caminhoneiropermanecer na fronteira por até seis dias à espera deliberação de autorização para seguir viagem.

Todo o projeto de aumento das exportaçõespara as nações vizinhas começa a esbarrar em exces-so de burocracia no transporte. Do lado brasileiro dafronteira, o problema vem se tornando um gargalo,com graves consequências para a sociedade e espe-cialmente para o transportador.

À falta de integração aduaneira e de uniformiza-ção da legislação entre os países juntam-se, donosso lado da fronteira, a falta de estrutura, de pes-soal e de clareza nos procedimentos e exigênciasadotados pelos órgãos responsáveis.

Somado a esse problema burocrático, a seguran-ça dos caminhoneiros é outro drama vivido na fron-teira. Os registros de assalto a motoristas têm sidofrequentes, bem mais do que o roubo de carga. Nãopodemos admitir que os profissionais estejamexpostos a essa violência enquanto aguardam a libe-ração para seguir viagem.

O transporte de carga no Mercosul é um desafio paraos transportadores. O número de empresas brasileirasdo setor que abandona o transporte internacional pordificuldades na fronteira vem se tornando expressivo.Anualmente, 5% das 600 empresas que atuam nessaatividade têm fechado as portas, o que representamenos emprego e menos divisas para o país.

A ausência de cooperação entre as autoridadesaduaneiras dos países interessados deve ser resolvi-da com ações diretas dos governos e com medidaslegisladoras comuns aos países, medidas essas queprecisam ser engendradas, urgentemente, interna eindividualmente em cada país, com o respaldo doParlasul (Parlamento do Mercosul).

Uma das soluções propostas pelos transportadores éa liberação antecipada da carga na origem, permitindoque o transporte se inicie com todas as autorizações.Assim, a fronteira passa a ser um ponto de controle depassagem da carga, sem retenções para fiscalização enem filas absurdas de espera das autorizações.

Da parte do Executivo brasileiro, houve um inques-tionável e positivo aquecimento das relações com osdemais países. Como resultado, há um incremento eco-nômico que, em tese, justificaria a expansão das ativida-des das empresas que fazem esse tipo de transporte.Porém, a melhora das relações políticas e econômicasnão representou menos dificuldades na fronteira, e simo paradoxo de desistência de se atuar no ramo.

A CNT entende que o tema deve ser tratado comoprioridade pelo novo governo brasileiro, na pauta doMercosul, em tratativas exclusivas com os demaisgovernos dos países participantes. A CNT considera oassunto de urgência máxima para a adoção de solu-ções. Para os transportadores, o Mercosul somentepassa a existir quando atravessar as fronteiras dospaíses membros não representar retenção por alémdo tempo máximo razoável.

IA integração do

transporte no Mercosul

“Número de empresas que abandona o transporte internacional por dificuldades na fronteira é expressivo”

Page 82: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010

CNT TRANSPORTE ATUAL NOVEMBRO 201082

PIRATARIA

A reportagem “Pirataria na estrada” está excelente. O transporte clandestino traz prejuízo principalmenteaos passageiros, pois pontualidade, segurança e conforto são direitos do viajante que os responsáveis por esse tipo de transporte não respeitam. Na verdade, o passageiro abre mão de todos os seus direitosquando viaja em um ônibus pirata.

Zélia MendonçaTeresina/PI

PESQUISA CNT DERODOVIAS

A CNT está de parabéns pela revista e pela Pesquisa de Rodovias 2010. Achei muito boa a relação com oranking das dez melhores e das dez piores ligações rodoviárias publicado nareportagem de capa da edição 182. As condições das rodovias brasileiras melhoraram muito, mas elas precisam de mais investimentos para que o país possa continuar crescendo.

Angélica MartinsAraraquara/SP

ESTOCOLMO

A revista abordou um tema muito importante nareportagem “Exemplo que vemda Suécia”, na edição 182. Oexemplo da cidade deEstocolmo mostra claramenteque esforços são necessários,mesmo que isso dure 50 anospara acontecer. E para que essesonho vire realidade no Brasilserá preciso o envolvimento dosetor público, dos empresáriose das organizações da sociedade civil.

Márcio CavalcanteSão Paulo/SP

PESCADORES

Muito interessante a reportagem publicada na edição 182 da CNT TransporteAtual sobre os pescadoresartesanais. Acho que o GPS éum equipamento necessárionas pequenas embarcaçõespara a segurança, daqueles que se arriscam em alto-mar.

Natanael dos SantosBelém/PA

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

[email protected]

CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTE Clésio Andrade

PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio GulinTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiAntônio Pereira de SiqueiraTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay

Hernani Goulart Fortuna

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça

TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou

José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)

David Lopes de Oliveira

Éder Dal’lago

Luiz Maldonado Marthos

José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)

Waldemar Araújo

André Luiz Zanin de Oliveira

José Veronez

DIRETORIA

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe

Alfredo José Bezerra Leite

Jacob Barata Filho

José Augusto Pinheiro

Marcus Vinícius Gravina

Tarcísio Schettino Ribeiro

José Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJosé Nolar SchedlerMário Martins

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini

Eduardo Ferreira Rebuzzi

Paulo Brondani

Irani Bertolini

Pedro José de Oliveira Lopes

Oswaldo Dias de Castro

Daniel Luís Carvalho

Augusto Emílio Dalçóquio

Geraldo Aguiar Brito Viana

Augusto Dalçóquio Neto

Euclides Haiss

Paulo Vicente Caleffi

Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa

José Alexandrino Ferreira Neto

José Percides Rodrigues

Luiz Maldonado Marthos

Sandoval Geraldino dos Santos

Dirceu Efigenio Reis

Éder Dal’ Lago

André Luiz Costa

José da Fonseca Lopes

Claudinei Natal Pelegrini

Getúlio Vargas de Moura Braatz

Nilton Noel da Rocha

Neirman Moreira da Silva

Moacir da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

José Carlos Ribeiro Gomes

Paulo Sergio de Mello Cotta

Marcelino José Lobato Nascimento

Ronaldo Mattos de Oliveira Lima

José Eduardo Lopes

Fernando Ferreira Becker

Pedro Henrique Garcia de Jesus

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Eclésio da Silva

Page 83: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010
Page 84: Revista CNT Transporte Atual - Nov/2010