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Sistema FAEPA Revista do Sistema FAEPA / SENAR / FUNDEPEC / AMAZÔNIA RURAL • MAIO 2012 • AN0 3

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Sistema FAEPA

Revista do Sistema FAEPA / SENAR / FUNDEPEC / AMAZÔNIA RURAL • MAIO 2012 • AN0 3

São Paulo, Tocantins e Rio de Janeiro. Isso mostra que certos movimentos vivem fantasias para o desenvolvimento susten-tável do país, principalmente nos estados da Amazônia.

Cuidados serão necessários sim, com o uso dos defensivos agrícolas. Mas, desde que sejam aplicados dentro das recomen-dações técnicas e obedeçam às normas de segurança, o impacto do uso destes também pode ser minimizado, diminuindo os riscos de contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas, dos ali-mentos e dos trabalhadores.

Vale destacar que o consumo de de-fensivos como os herbicidas, usados nas plantações de arroz, é de somente 2% na região Norte, em comparação com os 39% da região Sul, 22,1% do Sudeste e 29,9% no Centro-Oeste. No Pará, ainda não existe uma base de dados confiável sobre o uso desses produtos nas culturas agrícolas. A Embrapa Amazônia Oriental, Adepará e o Crea-Pa devem estabelecer um convênio para a obtenção de informa-ções e criar uma base de dados confiável e consistente no Estado.

É necessário estabelecer padrões ou limites para cada defensivo agrícola e mo-nitorar a potabilidade da água para o con-sumo humano assim como os indicadores biológicos. Por exemplo: o monitoramento de populações de organismos aquáticos como peixes e crustáceos deve ser usado para avaliação de impactos ambientais, mas são necessários cuidados especiais para saber as causas de uma possível mudança nessas populações, já que elas também podem ser causadas por altera-ções no pH da água, disponibilidade de alimentos e outros.

Na prática, a combinação de indica-dores químicos e biológicos é recomen-dável no monitoramento e avaliação dos impactos causados por herbicidas contra plantas daninhas no cultivo de arroz em

A implantação de um projeto de produ-ção de arroz irrigado, inicialmente em 2 mil hectares, no município de Cachoeira do Arari, abre novas perspectivas para o desenvolvimento do arquipélago do Ma-rajó. A produção será ampliada paulatina-mente, chegando a 65 milhões de quilos de arroz com casca e aproximadamente 43 milhões de quilos de arroz polido bri-lhado e empacotado, além de milhões de quilos de subprodutos como farelo e arroz quebrado, o que deve transformar a região numa das maiores produtoras de arroz do país.

Os impactos no meio ambiente serão minimizados graças às características dos solos férteis de aluvião, onde será im-plantado o projeto, formados pelo depó-sito de matérias orgânicas e inorgânicas deixado pelas águas do rio Amazonas, o que deve diminuir e até evitar o uso de insumos agrícolas, como os adubos quí-micos. A vazão de 200 milhões de metros cúbicos de água por segundo do maior rio do mundo também ajudará a diminuir o impacto ambiental.

Por outro lado, o projeto será implan-tado em equilíbrio com o meio ambiente, na margem direita do Rio Arari, em áreas abertas tipo savanas e campos gerais já naturalmente degradadas, sem necessi-dade de supressão de vegetação. O rio Arari continuará sendo o alimentador e calha principal de drenagem da bacia hi-drográfica da região.

Como se vê, ao contrário do que se propaga, o projeto deverá até ajudar na recuperação dos campos gerais abertos já degradados do arquipélago do Marajó e no possível aumento do número de in-divíduos de espécies nativas a exemplo do que já aconteceu em experiências semelhantes como no Projeto Jari, em Almeirim, onde foram plantados 8 mil hectares de arroz irrigado e onde se ob-servou o aumento da fauna nativa com a proliferação de peixes, jacarés, capivaras, patos do mato, marrecas, garças, quelô-nios, cobras, sucuris, camaleões e até de onças. Esse mesmo fenômeno foi obser-vado também em projetos semelhantes no Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

larga escala. Assim, se tivermos os cuida-dos necessários, podemos transformar a realidade socioeconômica do Marajó, região com o menor Índice de Desenvol-vimento Humano do Estado, dando à sua população uma oportunidade de cons-truir um futuro melhor, a exemplo do que aconteceu com a região de várzeas do Rio Formoso, no Estado de Goiás, onde, tomando como espelho a experiência do projeto Jari, foram plantados 14 mil hec-tares de arroz irrigado. Uma experiência que resultou na abertura de uma fronteira agrícola de 80 mil hectares de terras de várzea, onde hoje se produz arroz, milho, soja, girassol, feijão, melancia, abóbora e outras culturas.

A preocupação é natural, as mudanças sempre causam inquietação. Mas a tec-nologia nos permite avaliar e monitorar. O que não podemos permitir é que a acomo-dação nos leve ao imobilismo que perpe-tuará o baixo desenvolvimento no nosso arquipélago. O Pará tem condições de entrar para o ranking dos Estados produ-tores. O Governo do Estado do Pará reco-nhece a viabilidade econômica do projeto e, estará realizando estudos e acompa-nhamento da produção, através da Secre-taria de Estado de Agricultura (Sagri).

Queremos incentivar pequenos e mé-dios produtores, que devem ser incluídos na cadeia produtiva do arroz, oferecendo incentivo e financiamento, para que essa produção seja tecnificada, moderna e competitiva no mercado. Estou confian-te que essa iniciativa ( de produzir arroz em larga escala) vai fazer o nosso que-rido Marajó recuperar o tempo perdido e assumir o papel que é seu por direito na história econômica do Pará, diminuir a pobreza na região. gerando mais empre-go e renda para a nossa população.

*Secretário Estadual de Agricultura e Presidente do Conselho Regional do Agro-negócio – CONSAGRO/PA

FAEPA

PRESIDENTECarlos Fernandes XavierVICE-PRESIDENTESVilson João Schuber – 1º vice-presidenteJahyr Seixas Gonçalves - 2º vice-presidenteJosaphat Paranhos de Azevedo Filho- 3º vice-presidenteLuciano Guedes - 4º vice-presidenteLuiz Carneiro de Oliveira - 5º vice-presidenteDIRETORESEfetivos:Givaldo Gomes de Araújo - 1º diretor secretárioAgamenon da Silva Menezes - 2º diretor secretárioRubens Nazeazeno Ferreira Britto - 1º diretor tesoureiroJosé Nelson de Araújo - 2º diretor tesoureiroAdinor Batista dos SantosDarlene Maria Pantoja da SilvaFrancisco Alberto de CastroGilberto Nascimento BritoRosângela HanemannSuplentes:Antônio Francisco de AraújoAntônio Miranda SobrinhoArmando Teixeira SoaresBenedito Dutra Luz de SouzaCarlos Batista DadaltGuilherme MinssenJaime Barbosa da SilvaJoel Rodrigues Bitar da CunhaJosé Raimundo Fialho dos SantosLázaro de Deus Vieira NetoMauro Lúcio de Castro CostaPaulo Acatauassú TeixeiraRobson Fernando AguiarToni Alberto FilterVandeir Roberto da SilvaCONSELHO FISCALEfetivos:Alfonso Marcos RiosElias Ralim MifarregJosé Ribamar Rodrigues SizoSuplentes:Fernando Acatauassú NunesJosé Wilson Alves RodriguesSilvério FernandesDELEGADOS REPRESENTANTESEfetivos junto à CNA:Carlos Fernandes XavierVilson João SchuberSuplentes junto a CNA:Paulo Sérgio Botelho SoaresWilliams Went FaracoSENARCONSELHO ADMINISTRATIVO

PRESIDENTECarlos Fernandes XavierEfetivos:Victor Rodrigues Ferreira - Rep. do Senar NacionalHildegardo F. Nunes - Rep. do Governo do EstadoVilson João Schuber - Rep. do Sebrae/ PAAna Benício Ferreira - Rep. da FetagriSuplentes:Daniel Nunes Lopes - Rep. Senar NacionalSuleima Pegado - Rep. do Sebrae/PARaimundo Ferreira Lima Jr. - Rep. da FetagriEliana França Zacca - Rep. do Governo do EstadoCONSELHO FISCALEfetivos:Luiz Américo Amorim - Rep da Faepa - PresidenteJosé Maria de Sousa Melo - Rep. da FetagriJoão Batista da Silva - Rep. do Senar NacionalSuplentes:Walmir Hugo Pontes dos Santos - Rep. do Senar NacionalEuci Ana da Costa Gonçalves - Rep. da Fetagri/PAADMINISTRAÇÃO REGIONAL

SUPERINTENDENTEWalter Cardoso

COORDENADORESLuiz Carlos de Almeida - Coordenador técnico pedagógicoJosé Fernando Paes de Vasconcelos - Coordenador administrativo financeiroFUNDEPEC

CONSELHO DELIBERATIVO

PRESIDENTECarlos Fernandes XavierVICE-PRESIDENTEJahyr Seixas GonçalvesEfetivos:Ademir Conceição Teixeira - SFA/PAMário Aparecido Moreira - AdeparáHildegardo F. Nunes - Sagri/ PADarcy Dalberto Uliana - SindicarneEdson Brito Ladislau - CRMV/PAJosaphat Paranhos de Azevedo Filho - SindicorteGuilherme Minssen - Sindicato Nacional dos Leiloeiros RuraisDIRETORESAlacid da Silva Nunes Filho – Diretor executivo técnicoJosé Fernando Paes de Vasconcelos – Diretor executivo financeiroCONSELHO FISCALJosé Nelson Araújo- SindicorteWalter Cardoso – SenarSálvio Silva - AdeparáAMAZÔNIA RURAL

CONSELHO ADMINISTRATIVO

PRESIDENTECarlos Fernandes XavierVICE-PRESIDENTEJahyr Seixas GonçalvesEfetivos:Agamenon da Silva Menezes - Rep. do Sindicato dos Pro-dutores Rurais de Novo ProgressoAntônio Miranda Sobrinho - Rep. do Sindicato dos Produ-tores Rurais de MarabáGuilherme Minssen - Rep. do Sindicato dos Produtores Rurais de IpixunaLuciano Guedes - Rep. do Sindicato dos Produtores Ru-rais de RedençãoVilson João Schuber - Rep. do Sindicato dos Produtores Rurais de ItaitubaDIRETORA-PRESIDENTEMaria de Lourdes Martins MinssenCONSELHO FISCALAntônio Francisco de Araújo - Rep. do Sindicato dos Pro-dutores Rurais de ChavesJosaphat Paranhos de Azevedo Filho - Rep. do Sindicato dos Produtores Rurais de Capitão-PoçoRubens Nazeazeno Ferreira Britto - Rep. do Sindicato dos Produtores Rurais de AnanindeuaCONSELHO EDITORIALArmando Teixeira SoaresCarlos Fernandes XavierDilson Augusto Capucho FrazãoFernando Paes de VasconcelosGuilherme MinssenJosaphat Paranhos de Azevedo FilhoLorena DaibesRubens Nazeazeno Ferreira BrittoThiago AraújoWalter Cardoso

PRODUÇÃOAssessoria de Comunicação do Sistema FaepaTrav. Dr. Moraes, 21 – 7º andarEdifício Palácio da AgriculturaNazaré | Belém – ParáCep: 66035-080Telefone: (91) 4008 5333www.faepanet.com.br

REDAÇÃOTextos: Lorena DaibesRevisão: Priscylla KondoFotografia: Arquivo FAEPAColaboração: Antônio José Soares, Marina MorãesImpressão: Gráfica Sagrada Família Tiragem: 2.000

NÚCLEOS REGIONAISALTAMIRA| REGIÃO TRANSAMAZÔNICACoordenador: Francisco Alberto de Castro (Chicão)Endereço: SPR – Rua Anchieta, 2187, Perpetuo Socorro - CEP 68371-190Fone: (93) 3515-1956 E-mail: [email protected]ÉM| REGIÃO MARAJÓ Coordenador: Paulo Acatauassú TeixeiraEndereço: Trav. Dr. Moraes, nº 21, Nazaré Fone: (91) 4008-5383 E-mail: [email protected] CAPANEMA | REGIÃO BRAGANTINACoordenador: José Nelson de AraújoEndereço: Av. Barão de Capanema, 956 Fone: (91) 3462-6077 E-mail: [email protected] CASTANHAL | REGIÃO GUAJARINACoordenador: Gilberto Nascimento BritoEndereço: SPR – Rod. BR-316, Km 69, Parque de ExposiçãoFone: (91) 3721-7300 E-mail: [email protected] | REGIÃO TAPAJÓSCoordenadora: Antonia Lemos GurgelEndereço: Rua Antonio Gomes Bilby, nº 340 – Bela Vista – Itaituba – 68180-170Fone: (93) 3518-1166 E-mail: [email protected] MARABÁ| REGIÃO CARAJÁSCoordenador: Antônio Miranda Sobrinho Endereço: Rod. PA 150 - Km 10 - Parque de Exposição Agropecuária – Marabá - CEP: 68500-000Fone: (94) 3323-4603 E-mail: PARAGOMINAS | REGIÃO NORDESTE PARAENSECoordenador: Luís Carneiro de OliveiraEndereço: Rod. PA - Km 125, s/nº, Parque de Exposições – CEP: 68625-620Fone: (91) 3729-3983E-mail: [email protected]ÉM | REGIÃO BAIXO AMAZONASCoordenador: Adinor Batista dos Santos Sindicatos: Alenquer, Almerim, Belterra, Curuá, Faro, Juruti, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha, Santarém, Terra Santa. (12 Sindicatos) Endereço: Av. Antônio Simões, nº 350 CEP: 68.030-290 93Fone: (93) 3522-1177E-mail: [email protected] REDENÇÃO | REGIÃO SUL DO PARÁCoordenador: Luciano GuedesEndereço: Av. Brasil Leste, 350 – Jardim Cumarú - Parque de Exposição Pantaleão Lourenço Ferreira, Cx. Postal 71 - Re-denção (Pa) – CEP: 68551-240Fone: (94) 3424-2651 E-mail: [email protected] TUCURUÍ | REGIÃO TOCANTINSCoordenador: Jahyr Seixas GonçalvesEndereço: Av. Governador Aloísio Chaves, 295 – Nova Tucuruí – CEP: 68456-590Fone: (94) 3787-2725E-mail: [email protected]

*As opiniões contidas em artigos assinados são de res-ponsabilidade de seus autores, não refletindo necessa-riamente o pensamento do Sistema Faepa.

E x p e d i e n t e

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Diretoria do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do ParáFAEPA / SENAR / FUNDEPEC/ AMAZÔNIA RURAL

Sistema FAEPA

MAIO 20 12 / PARÁ RURAL 3

Secretário de Estado de AgriculturaArroz irrigado é a saída para odesenvolvimentodo Marajó

Por Hildegardo Nunes*

2.000 mm (dois mil milímetros) em qualquer parte da Ilha do Marajó, em média.

Constata-se que nos meses de dezembro a julho ocorrem, em mé-dia, 80% das chuvas na região que culminam com os maiores índices pluviométricos, e vários são os sis-temas meteorológicos atuantes que provocam estas chuvas, como a Alta da Bolívia (AB), Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), Linhas de Insta-bilidades (LI), e a Zona de Convergên-cia Intertropical (ZCIT), entre outros, esses são os principais sistemas me-teorológicos indutores e/ou produto-res de chuvas na Ilha do Marajó.

Notadamente, a maior contribui-ção em abundância de chuvas na Ilha do Marajó é da ZCIT que, em anos normais, atinge sua posição mais extrema ao Sul do Equador durante os meses de março e abril (Hasten-rath e Heller 1977), por outro lado, em anos anômalos pode sofrer influ-ências, favoráveis ou não, de circu-lações tropicais como as Células de Hadley (CH) e Célula de Walker (CW), circulações no sentido meridional e zonal, respectivamente. Entretanto, as condições climáticas podem ser previstas com uma antecedência de até 03 (três) meses, através do que chamamos de PREVISÃO CLIMÁTICA SAZONAL, no qual o meteorologista (ou um grupo de meteorologistas) analisa as condições oceânicas e atmosféricas e com a experiência na climatologia da região consegue antever, até certo ponto, o comporta-mento dos sistemas meteorológicos para um dado período, indicando se este será chuvoso ou seco.

O ciclo de vida do plantio do arroz pode ser dividido em três fases dis-tintas: vegetativa, reprodutiva e ma-turação dos grãos. A fase vegetativa que corresponde ao intervalo entre a germinação e a diferenciação da panícula é a principal responsável pela duração do ciclo total da culti-va, sendo afetada basicamente pela temperatura do ar comprimento do dia (fotoperíodo).

A evapotranspiração do arroz ir-rigado por inundação depende da demanda da evaporação da atmos-fera, e a taxa de evapotranspiração está relacionada com a temperatura e umidade do ar, movimento e inten-sidade do vento e a duração da luz solar.

Dessa maneira, concluímos que a Ilha do Marajó é favorável ao plantio do arroz, devido os ventos predomi-nantemente ocorrerem dos quadran-tes leste e nordeste e serem úmidos, oriundos do oceano Atlântico e baía do Marajó, ou seja, o escoamento do ar provém de áreas com bastante água.

Temperatura do ar: é um dos ele-mentos climáticos de maior impor-tância para o crescimento, desenvol-vimento e produtividade da cultura do arroz. Cada fase fenológica tem sua temperatura crítica, ótima, míni-ma e máxima. A temperatura ótima para o desenvolvimento do arroz situa-se entre 20° e 35°C (Yoshida A. Parao, 1976). No Marajó não acon-tecem temperaturas excessivamente baixas ou altas.

Radiação solar global: global é im-portante fonte de energia para a fotos-síntese e para a evapotranspiração. A duração do dia é definida como o in-tervalo entre o nascer e o pôr do sol e é conhecida como fotoperíodo, pelo qual a região do Marajó é considerada ótima por situar-se no intervalo de 09 a 12 horas por dia na maioria dos me-ses de julho a dezembro.

Vento: A velocidade do vento si-tua-se entre 05 a 10m/s, velocidade considerada baixa no período chuvo-so, e no período mais seco ocorrem velocidades relativamente altas na época de julho a dezembro, portanto causa maior perda de água por eva-poração.

Eventos extremos de chuva: De acordo com a Organização Meteo-rológica Mundial (OMM), a chuva é considerada forte se a precipitação for igual ou superior a 60 mm em 1 (uma) hora, ou seja, 1 mm por minu-

A r t i g o

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A r t i g o

é estratégica por desembocar dois grandes rios, a Oeste entre a Ilha do Marajó e o Estado do Amapá, desem-boca o rio Amazonas que tem vazão de aproximados 2.500 metros cúbi-cos de água por segundo, equivalen-te a 2.500.000 milhões de litros de água por segundo, e pelo lado Leste ocorre à foz do rio Tocantins que pos-sui volume de água intenso principal-mente nos meses de janeiro a maio por receber grandes quantidades de água da região do planalto central.

A natureza também favorece a Ilha do Marajó na extrema quantidade de água advinda da atmosfera, pois a ilha serve como portal de entrada de umidade originada no oceano, logo, podemos afirmar com absolu-ta certeza, e os gráficos de registros pluviométricos abaixo possibilitarão a todos analisar que a região norte do Marajó é um dos lugares em que mais ocorrem chuvas no Brasil, fican-do o índice pluviométrico anual su-perior a 3.000 mm (três mil milíme-tros) em média, entretanto existem registros de valores acima de 4.000 mm (quatro mil milímetros), e estes volumes de chuvas tem variação de Norte para Sul, porém o mínimo anual de precipitação fica acima de

O arroz é considerado o produto de maior importância econômica em muitos países em desenvolvimento, constituindo-se alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas. É uma cultura que apresenta grande capacidade de se adaptar a diferen-tes condições de solo e clima.

São considerados dois grandes ecossistemas para a cultura, que são o de várzeas e o de terras altas, englobando todos os sistemas de cultivo de arroz no país, sendo os principais os irrigados por inundação e os de sequeiro. No Brasil, a maior parcela da produção de arroz do país é proveniente do ecossistema de várzeas, onde a orizicultura irrigada é responsável por 75% da produção nacional.

Na região tropical, a área cultivada com arroz irrigado é de 13% apenas, proporcionando cerca de 11% da pro-dução total brasileira no ecossistema de várzeas. No entanto, essa região é considerada uma das mais promis-soras para a expansão da cultura do arroz irrigado, devido à disponibilida-de de várzeas, cujas características dos solos e condições de hidromor-fismo tornam-na apta a orizicultura irrigada.

As condições climáticas da região tropical permitem o cultivo de arroz irrigado por inundação, no período “das águas”, e de espécies de se-queiro mediante o manejo da água dos canais e do lençol freático por subirrigação, na entressafra do arroz.

A Ilha do Marajó, localizada ao Norte do Estado do Pará, situa-se na zona Equatorial e é caracterizada por um clima quente e úmido. Veri-fica-se nas análises dos parâmetros climáticos uma grande variabilidade do tempo e do clima na ilha, notada-mente a precipitação pluviométrica é a principal variável meteorológica a ser considerada na região devido sua grande variabilidade durante o ano.

No Norte e Nordeste da ilha onde estão localizadas as cidades de Afuá, Chaves, Santa Cruz do Arari, Soure e municípios arredores, a precipita-ção excessiva predomina no trimes-tre fevereiro-março-abril, no qual se constatam precipitações acima de 400 mm por mês, e o trimestre setembro-outubro-novembro como é mais seco, os totais mensais são in-feriores a 60 mm.

A posição geográfica da Ilha do Marajó na foz do oceano atlântico

Condições climáticas favoráveis e o cultivo do arroz irrigado na ilha do Marajó

Por: José Raimundo Abreu de Sousa*

to. Este tipo de chuva é menos fre-quente, porém, pode acontecer na Ilha do Marajó, em especial no perí-odo chuvoso dependendo das condi-ções climáticas globais, e é prejudi-cial na fase reprodutiva.

A queda de granizo é de ocorrên-cia muito rara na região, mas pode acontecer. O impacto e o peso do hidrometeoro sólido sobre a planta na fase reprodutiva causam danos consideráveis. Entretanto, essas ocorrências estão limitadas a áreas isoladas, ou seja, em pequenas áre-as, durante alguns poucos segundos e com fraca intensidade.

Seca e veranico: De modo geral, as secas podem ocorrer principal-mente devido ao fenômeno climático El Niño e, como falado anteriormen-te, essas reduções nas chuvas po-dem ser previstas com até 03 me-ses de antecedência. Os veranicos ocorrem com maior frequência nos meses de transição, janeiro e junho. Os produtores de arroz podem entrar em contato com os meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorolo-gia (INMET) que é um órgão do Mi-nistério da Agricultura, para saberem o comportamento das chuvas, em média, em especial no período de semeadura da planta, que depende das chuvas.

Totais anuais de precipitação no Marajó:

Anajás – aproximadamente 3086 mm

Cachoeira do Arari – 2310 mm

Chaves – aproximadamente 2966 mm

Muaná – aproximadamente 2704 mm

Santa Cruz do Arari – 2689 mm

São Sebastião da Boa Vista – 2444 mm

Breves – aproximadamente 2333 mm

Soure – aproximadamente 3216 mm

*Meteorologista Coordenador do INMET 2º DISME

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C a p a C a p a

vo da região pode aumentar ainda mais nossa representatividade. Essa é uma vitória nossa que nos motiva ainda mais a continuar o bom traba-lho que fazemos em prol do produtor rural e da comunidade. Unidos va-mos seguir em frente”, disse.

O presidente do Sindicato dos Tra-balhadores Rurais, Bianor Barbosa, cumprimentou o colega Lauro Loba-to e juntos consolidaram um pacto de ajuda mútua para a geração de emprego e renda no município que venha a beneficiar as classes empre-sária e trabalhadora.

Para representar o município de Cachoeira do Arari, o prefeito, Jai-me Silva, destacou a importância da entidade não só para a cidade, mas também para toda a região. Ele fez questão de falar do papel do Sindica-to, como incentivador da produção, especialmente do agronegócio. “Con-solidamos hoje este belo exemplo de entidade, que para a nossa eco-nomia, será fundamental. Tudo isso graças ao trabalho dos produtores

Foi com grande emoção e alegria que o Sindicato de Produtores Rurais de Cachoeira do Arari inaugurou, no dia 14 de abril, sua sede própria. Cerca de 400 pessoas assistiram ao momento histórico que marca o iní-cio de um novo tempo para a região. Associados e suas famílias, colabora-dores, produtores rurais, imprensa, autoridades locais, estaduais e na-cionais e a comunidade participaram da solenidade que se encerrou com a apresentação da proposta para tor-nar o município “Polo Marajoara de Arroz Irrigado”. O evento contou com a participação dos secretários de Es-tado, que receberam a proposta pelo Governo do Estado. O prédio conta com escritório, sala de treinamentos,

que tiveram um ato de coragem de fazer a transformação da entidade e, consequentemente, da agricultura da nossa região”.

Jaime acrescentou que, alicerça-do pelo Sindicato, Cachoeira do Ara-ri tem tido finalmente sua produção rural reconhecida. “O Sindicato é or-gulho para todos nós. Isso graças ao trabalho conjunto e competência dos senhores, fortalecido pelo apoio da FAEPA e órgãos parceiros”, disse.

O prefeito lembrou a luta incansá-vel do presidente Lauro Lobato, jun-tamente com os demais membros da Diretoria do Sindicato para realizar

cursos e reuniões e, a médio e longo prazo, serão apresentadas a Sala do Empreendedor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE no Pará, e a do Banco do Brasil. A banda da Prefeitura entoou o hino nacional e o hino municipal enquanto as autoridades hastearam as bandeiras e depois descerraram a placa inaugurativa.

Dia histórico – Em uma tarde es-pecial, selou-se o sonho da região. Ela começou com a chegada da co-mitiva da capital, que viajou espe-cialmente para prestigiar o evento e, então, a solenidade de inauguração. Para o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Cachoeira do Arari, Lauro Lobato, o momento mar-cou o início de um novo tempo para a região, e destacou cada ação como um passo para um futuro promissor. “O Sindicato dá um passo muito im-portante e pedimos a colaboração de todos para que ele continue a se desenvolver, afinal, temos uma força muito grande e o potencial produti-

as obras da sede, e assim terem um local definitivo para suas atividades. “Vejo no Lauro uma figura exponen-cial que, nos últimos anos, dedicou o melhor dos seus esforços para con-solidar o Sindicato como entidade representativa dos produtores”. Ao presidente da FAEPA, agradeceu e lembrou que “a Federação é espe-lho e tem sido presente em todas as atividades importantes do Sindicato, contribuindo para a sua consolida-ção, enquanto representação dos produtores”, disse Jaime.

Sonho antigo - Em seguida, o presidente do Sistema FAEPA (Fede-

ração da Agricultura e Pecuária do Pará) falou sobre o perfil do sindica-lismo rural no Estado e a importân-cia do sistema para o Brasil. Apontou também a satisfação em estar em um momento tão importante para Cachoeira do Arari. Xavier elogiou o trabalho da diretoria e agradeceu a generosa contribuição da Prefeitura, na pessoa do prefeito Jaime Silva, afirmando que “são poucos os mu-nicípios que atuam dessa maneira, numa parceria tão forte com o setor produtivo. Todos estão de parabéns pela união de esforços, que vem pro-movendo tantos benefícios”, disse.

Cachoeira do Arari: o Futuro do Marajó inicia aquiEmoção marca a inauguração das novas e modernas instalações da sede própria do Sindicato de Produtores Rurais da região

Nº Treinamento Alunos 1. Operação e manutenção de tratores agrícolas 172. Artesanato de sementes, cascas, folhas e flores 163. Avicultura básica (frango de corte) 154. Avicultura básica (frango caipira) 155. Piscicultura básica (tanque rede) 206. Artesanato de materiais recicláveis (garrafas PET) 207. Produção artesanal de produtos de higiene e limpeza 208. Planejamento de cardápios com aproveitamento dos alimentos 179. Inseminação artificial em bovinos e bubalinos 1410. Paisagismo 1511. Construção rural (pedreiro) 1412. Inclusão digital rural (projeto curupira) 2413. Oficinas (educação ambiental e reciclagem) 260

Encerrando os pronunciamentos, cerca de 300 produtores rurais do município de Cachoeira do Arari, na Ilha de Marajó, receberam os certi-ficados dos cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Pará – SENAR-AR/PA, entre eles o Programa Inclusão Digital Ru-ral, desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas – SEBRAE no Pará. Os superintendentes do SENAR, Walter Cardoso, e Vilson Schuber, do SE-BRAE, foram convidados para reali-zar a entrega.

Além do presidente da FAEPA – Carlos Xavier, estiveram também prestigiando o evento, uma comitiva formada pelos secretários de Estado – Hildegardo Nunes (SAGRI) e Sidney Rosa (SEDIP), o deputado estadual Valdir Ganzer, o deputado federal Paulo César Quartiero (RR), o supe-rintendente do Banco do Brasil – Ru-bem Hansen, o coronel da PM – Os-mar Albuquerque, o superintendente federal de agricultura – Ademir Con-ceição Teixeira, além de produtores, jornalistas, diretores e técnicos do INMET, EMBRAPA, ADEPARÁ. Todos foram recebidos por Lauro Lobato – presidente do Sindicato, bem como por Jaime Barbosa – prefeito munici-pal, e Edivaldo Avelar – presidente da Câmara Municipal.

Certificação

13 treinamentos realizados | 467 pessoas beneficiadas

“Queremos tornar a região do Marajó, com 52 mil quilômetros quadrados, dos quais 1/3 constituído de campos naturais, semelhantes aos pampas gaúchos, um dos maiores polos de rizicultura do país”, afirmou. Segundo ele, o cultivo de arroz em larga esca-la tem tudo para se tornar a principal atividade econômica do arquipélago do Marajó.

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O plantio de arroz é uma alterna-tiva econômica viável para a região do Marajó e não representa amea-ças ao ecossistema. A assertiva é do deputado e empresário Paulo César Quartiero, dono da empresa “Bom Gosto”, que está cultivando cerca de 12 mil hectares com plantio de arroz no município de Cachoeira do Arari, no centro do Marajó.

Desde que se transferiu para o Marajó, Paulo Quartiero introduziu a

rizicultura em larga escala em uma área de 12 mil hectares, que foi ad-quirida em 2010, por R$ 4 milhões. Atualmente, o filho Renato Quartie-ro, de 27 anos, comanda o negócio da família.

Ele diz que, em Cachoeira do Arari, utiliza “a mesma tecnologia empregada em todo o mundo”, não havendo risco de contaminação. “Evidente que temos cuidado com o meio ambiente. Todo mundo tem.

Trabalhamos aqui com licença am-biental, usamos produtos autoriza-dos pelo Ministério da Agricultura”, enfatiza Paulo César. O beneficia-mento do arroz do Marajó, ainda de acordo com Quartiero, é feito em Icoaraci. Em seguida, o arroz, que o produtor afirma ser “um dos melho-res do mundo”, é comerciawlizado em cidades paraenses, especial-mente em Belém e Santarém.

A empresa do parlamentar existe

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Pior IDH do Pará - Seria uma es-tratégia de iniciativa particular, mas que já conta com a simpatia do Go-verno do Estado, para reverter o mais baixo Índice de Desenvolvimento Hu-mano (IDH) do Pará (0,627, sendo que o índice máximo é um). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística), 40% da popula-ção dos 437 mil habitantes dos 16 municípios marajoaras vivem abai-xo da linha da pobreza. Uma chaga vergonhosa para uma região poten-cialmente rica. E aí o cultivo de arroz surge literalmente como salvação da lavoura, porque gera muitos empre-gos, não agride significativamente o meio ambiente e aproveita áreas de pastagem abandonadas.

Produção - A rizicultura iniciou na região graças à iniciativa do deputa-do federal por Roraima, Paulo César Quartiero, tradicional arrozeiro. Gaú-cho, ele está há mais de 30 anos na Amazônia, sempre investindo na produção de arroz. Quartiero disse

que, ao chegar ao Marajó, ficou des-lumbrado com a natureza, com os campos naturais, com o clima favo-rável ao cultivo de arroz e, principal-mente, com a receptividade que teve por parte das autoridades municipais e da população. Então, decidiu in-vestir no Marajó, mais precisamente em Cachoeira do Arari, onde adquiriu 12 mil hectares e já plantou dois mil hectares, com uma produtividade se-melhante à do Rio Grande do Sul, que cultiva 1,1 milhão de hectares e é res-ponsável por 80% do abastecimento nacional. Por enquanto, o arroz pro-duzido em Marajó, comercializado com o nome de “acostumado” só é encontrado nas grandes e médias ci-dades do Pará. É do tipo agulhinha, muito apreciado na culinária.

Vantagens - Mas, esse primeiro momento da rizicultura no Marajó já proporciona vantagens positivas que nenhuma outra atividade tradicional local seria capaz. Em primeiro lugar,

a geração de emprego e renda. Quan-do Quartiero comprou a área, a fazen-da que existia lá só empregava seis funcionários – passou, a seguir para cem. Hoje, tem muito mais e, na me-dida em que vai ampliando a lavoura, mais mão-de-obra vai sendo absorvi-da. Como o arroz ainda é beneficiado em Icoaraci, distrito de Belém, os be-nefícios da geração de empregos se espalham por uma área ainda maior.

Pelos menos duas mil pessoas já trabalham hoje, direta e indiretamen-te, em função do arroz. No Rio Grande do Sul, a rizicultura emprega 240 mil pessoas, segundo dados do Governo daquele Estado. Além do emprego, a população carente de Cachoeira do Arari está se beneficiando com os subprodutos do arroz, que possibili-tam a criação de galinhas, patos, pe-rus, porcos, ovinos e caprinos, a um custo bem menor do que se tivesse que comprar farelos e outras rações.

O arquipélago do Marajó, conheci-do por ser um lugar repleto de belezas naturais que encanta a todos aqueles que passam pela área, composto por cerca de três mil ilhas, abrigando 16 municípios, está prestes a se tornar o maior Polo Produtivo Marajoara de Arroz Irrigado.

Foi com esse objetivo que, repre-sentantes do Sindicato dos Produto-res Rurais de Cachoeira do Arari, do Sindicato dos Trabalhadores e Traba-lhadoras Rurais de Cachoeira do Ara-ri, do Núcleo de Sindicatos dos Produ-tores Rurais do Marajó, da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, da Câmara Municipal de Cachoeira do Arari, da Prefeitura Municipal de Ca-choeira do Arari e da Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará, apresentaram ao Governo do Estado, na presença do Secretário Especial de Estado de Desenvolvi-

mento Econômico e Incentivo à Pro-dução, Sidney Rosa, e do Secretário de Estado de Agricultura, Hildegardo Nunes, uma Carta Proposta visando o desenvolvimento de um “Polo de Grãos” no arquipélago do Marajó em uma superfície representativa equi-valente a 300.000 hectares de área cultivada, tendo no arroz irrigado o carro-chefe de sua cultura e a possi-bilidade de produzir na entressafra culturas do milho, feijão caupi, soja e cana-de-açúcar. A proposta está sen-do avaliada pela Câmara Setorial de Grãos do Conselho Estadual do Agro-negócio (CONSAGRO).

O presidente da FAEPA, Carlos Xavier, explica a possibilidade de o Marajó plantar pelo menos 300 mil hectares de arroz irrigado – menos de um terço do que hoje é cultivado no Rio Grande do Sul, com 1,1 milhão de hectares –, tornando-se o segun-do maior produtor brasileiro. Além de atingir a autossuficiência, poderá também abastecer com o excedente o Nordeste e o Centro-Oeste, que não são grandes produtores desse cereal.

Marajó será Polo Produtivo de Arroz IrrigadoProposta foi apresentada ao Governo do Estado

Rizicultura, alternativa econômica para o Marajó“Transformar o município de Cachoeira

do Arari em um grande polo produtivo Marajoara vai permitir avanços signi-ficativos para a região, além de garan-tir aos marajoaras mais renda e mais emprego. Tal proposta é um marco norteador para as futuras ações nesta importante região, contribuindo para os avanços qualitativos desejados para Cachoeira do Arari, para a Ilha de Ma-rajó, e para o povo do Pará”.

Carlos Fernandes Xavier Presidente da FAEPA

Desenvolver um “Polo de Grãos” no Arquipélago do Marajó, em uma superfície representantiva equivalente a 300.000 hectares de área cultivada é o objetivo da proposta

damente”, disse o especialista. O chefe do INMET, José Raimundo, por sua vez, disse que, na região do Ma-rajó, o regime de chuvas independe de fatores como desmatamento, porque recebe influência direta do oceano Atlântico, por meio das cha-madas zonas de convergência inter-tropicais, que produzem os fenôme-nos El Niño e La Niña. Mas, na pior das hipóteses, chega a chover de 60 a 80 mm por mês na região. Na ou-tra ponta, as precipitações podem alcançar 300 mm/mês, em média. Ainda de acordo com José Raimun-do, esse volume de água, mesmo no período mais seco, é o bastante para dissipar qualquer concentra-ção ameaçadora à vida aquática ou silvestre. Além disso, o principal rio da região, o Arari, sofre influência das marés, ou seja, enche e vaza de seis em seis horas, o que elimi-na qualquer possibilidade de con-centração de produtos tóxicos que eventualmente sejam despejados em suas águas.

Os técnicos Austrelino Silveira Filho e Roni Azevedo, da EMBRA-PA, fizeram uma longa explanação a respeito da cultura do arroz que é praticada em nosso país, de Norte a

Sul. O Pará não assegura o consu-mo de todo ano e, por isso, exporta-mos os grãos do Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro. Austrelino reconheceu que a fertilidade conti-da em nossas águas diminui o con-sumo de adubo e que elimina com facilidade os defensivos pelo efeito das marés. Disse que a região tem potencial para duas safras anuais, o que aumentaria muito a produtivida-de. Reconheceu que o uso intensivo da área vai causar a proliferação de fungos, lagartos e pulgões que irão demandar investimentos e a utili-zação de variedades de sementes mais resistentes e de boa qualida-de. Ele informou que a EMBRAPA mantém pesquisas com os grãos denominados jaçanã, tropical e rorá, com excelentes resultados, além de outras 16 variedades sendo testa-das para aumentar a qualidade do produto e sua produtividade. “O Bra-sil e o Pará devem alimentar o mun-do de grãos, entre eles o arroz de várzea e de áreas secas”, destacou ao encerrar sua fala.

No Rio Grande do Sul, a rizicultu-ra só tem evoluído. A Planície Cos-teira Externa plantou 138.276 hec-tares; a chamada Depressão Central plantou 171.675 hectares; a região de Campanha, 187.355; a Zona Sul,

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há 35 anos na Amazônia. Quartiero garante que não usa agrotóxicos na produção. “As moléculas que nós usamos aqui são usadas nos remé-dios vendidos nas farmácias que as pessoas compram sem receita. Temos um controle extraordinário. Utilizamos água do rio Arari, que é barrenta e quando sai da lavoura volta limpa”, afirma.

O plantio no Pará começou há cerca de um ano e meio, em Ca-choeira do Arari, mas já se estende por Santa Cruz e Muaná. Há outros municípios, como Ponta de Pedras, interessados em participar do pro-jeto. Quartiero considera o plantio de arroz uma alternativa econômica para a região e que não represen-tará ameaças ao ecossistema. “Eu estou plantando, não estou levando uma bomba atômica”. Ele informou que a área já plantada é de dois mil hectares e a intenção é ampliar. “O mercado é grande, o Marajó tem um grande potencial”.

Antes da inauguração da sede do Sindicato Rural de Cachoeira do Ara-ri, o prefeito local, Jaime Barbosa, e o presidente da Câmara Municipal, Adivaldo Avelar, presidiram audiên-cia pública durante a qual técnicos da ADEPARÁ (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) e INMET (Instituto Nacional de Mete-orologia) apresentaram dados que desqualificam as denúncias contra o cultivo de arroz no Marajó.

O técnico Luiz Carlos Guamá, che-fe da fiscalização de defensivos agrí-colas da ADEPARÁ, disse que a sua equipe fez uma vistoria rigorosa na área de Quartiero, em outubro pas-sado, concluindo que os produtos usados na plantação para evitar o aparecimento de pragas, são apro-vados pela ANVISA e são os mes-mos utilizados em outros cultivos do Brasil, como no Rio Grande do Sul; e que as proporções utilizadas estão de acordo com as recomendações do Governo Federal, assim como a manipulação e o armazenamento. “Até as embalagens dos produtos estão sendo armazenadas adequa-

185.923. O Censo da Lavoura Arro-zeira de 2006 já apontava a criação de 37 mil postos de trabalho nessa atividade, no Rio Grande do Sul. A pesquisa confirma a importância so-cial da cultura e determina o estágio de desenvolvimento das regiões ori-zícolas estaduais.

No Rio Grande do Sul, 133 municí-pios cultivam arroz em 9.032 proprie-dades, em áreas que vão de 100 a 500 hectares, sendo que 75,6% dos produtores são financiados pelo Ban-co do Brasil. Com isso, a frota de trato-res gaúcha chegou a 25.422, ou seja, um trator para cada 40,71 hectares de lavoura de arroz. São 8.302 colhei-tadeiras, ou seja, uma máquina para cada 124,65 hectares plantados.

O governador gaúcho Tarso Genro (PT), destaca a relevância do arroz na base econômica do Estado, as-sim como a função social da cultura. “O arroz está na origem do desenvol-vimento agrícola do Rio Grande do Sul, tem uma função de agregação social e de distribuição de renda”, aponta o governador. Tarso reforçou a manutenção de uma grande unida-de do Governo e entidades em torno de questões relativas ao setor arro-zeiro. “Vamos fazer uma articulação que coloque o arroz e o Rio Grande do Sul em primeiro lugar. Agora é a vez do arroz entrar na pauta das po-líticas estruturantes”, reforça Tarso.

lembra que o Marajó já foi o prin-cipal centro agropecuário do Pará, responsável pelo abastecimento de Belém, Macapá e outras cidades médias e pequenas. Com o advento da Belém-Brasília, a pecuária pros-perou mais nas novas fronteiras, até porque faltou investimento no Ma-rajó, e o arquipélago foi perdendo a competitividade, a ponto de che-gar a comprar arroz produzido no Rio Grande do Sul mais barato que o local. “Estou confiante que essa iniciativa (de produzir arroz em lar-ga escala) vai fazer o nosso querido Marajó recuperar o tempo perdido e assumir o papel que é seu por direi-to na história econômica do Pará”, disse otimista.

A região do Marajó aos poucos vai tornando-se mais um polo de plantação de arroz irrigado no Es-tado, com grandes perspectivas de crescimento. Com dois mil hectares plantados, que já produzem uma média de 112 sacas por hectare, a prospecção do Secretário Especial de Estado de Desenvolvimento Eco-nômico e Incentivo à Produção é, em pouco tempo, alcançar uma produ-ção aproximada à do Rio Grande do Sul, com até 140 sacas por hectare. Sidney Rosa tirou essa conclusão ao visitar, em Cachoeira do Arari, algu-mas áreas de plantio.

Segundo Sidney Rosa, a região já concentra toda a atenção do Gover-no do Estado para que se possam melhorar os índices de vida no Ma-rajó. “É preciso levar atividades eco-nômicas que possam representar oportunidade de emprego e renda pro Marajó. Não tenho dúvida que o arroz irrigado é uma delas”, diz. “É uma prioridade levar ao Mara-jó aquilo que pudermos chamar de políticas econômicas sustentáveis”, completa o Secretário.

O Secretário de Agricultura, Hilde-gardo Nunes, de origem marajoara,

Baixo impacto ambiental

Sustentabilidade e tecnologia na rizicultura Experiência que deu certo

Governo do Pará apoia iniciativa

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O Marajó apresenta grande potencial agrícola, condições de solo, condições ambientais e disponibilidade de água, altamente favoráveis para a cultura do arroz irrigado

Com o Polo Marajoara surgirão novas oportunidades para o desenvolvimento dos 16 municípios da região com a geração de emprego e melhoria da qualidade de vida da população

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“A Polícia Militar do Pará desempenha o relevante papel da pre-servação da ordem pública em todo o território paraense, através do policiamento ostensivo permanente e contínuo, atividade esta outor-gada por força da Carta Política Nacional de 1988, estando presente em todos os 145 municípios paraenses. Neste contexto o Comando de Policiamento Regional XI (CPR XI), sob o meu comando, coordena e implementa todas as ações de Segurança Pública e Defesa Social afetas à Polícia Militar em todos os 16 (dezesseis) municípios do arqui-pélago do Marajó, que são: Afuá, Anajás, Breves, Bagre, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure.

A articulação operacional do efetivo alocado no arquipélago do Ma-rajó está subordinada ao CPR XI através de duas unidades operacio-nais, sendo o 8º Batalhão de Polícia Militar (8º BPM) operando ações preventivas e proativas na região Oriental, com sede no município de Soure, e o 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) atuando nas ações de policiamento ostensivo na região Ocidental do arquipélago, com sede no município de Breves.

Várias ações de Segurança Pública vêm sendo desencadeadas a Comando do CPR XI em toda a área do arquipélago, no sentido de fazer frente às principais demandas na área criminal e assistencial. As ações

são planejadas pelas unidades locais e levadas até o Centro Estratégi-co do CPR XI para aprovação e a devida articulação com demais órgãos integrantes do Sistema de Segurança Pública do Pará. Apenas no pri-meiro trimestre de 2012, o arquipélago do Marajó já foi alvo de mais de 90 (noventa) operações policiais articuladas nos diversos municípios, tendo como principal objeto a repressão ao tráfico ilícito de drogas, tráfico de seres humanos, descaminho, porte ilegal de armas, roubo de gado e ação de piratas nos rios marajoaras.

O Comando do CPR XI tem priorizado as ações policiais militares que visam contribuir com a expansão do polo de produção arrozeiro no Marajó, através da intensificação do policiamento no Destacamen-to Policial do Retiro Grande, patrulhamento constante nas rodovias de acesso a Salvaterra, Camará e Cachoeira do Arari, instalação da Zona de Policiamento (ZPOL) de Salvaterra, implementação das bases fluviais que atenderão à demanda de Cachoeira do Arari, Furo da Tar-taruga e Ponta Negra e, por fim, com a assinatura do termo de coo-peração com a FAEPA e ADEPARÁ, o qual viabilizou o fornecimento de duas embarcações para atendimento do Lago do Arari na prevenção e repressão ao roubo e furto de gado e pirataria na região.

O objetivo das ações e operações policiais militares desencadeadas pelo CPR XI é trazer tranquilidade à sociedade marajoara, de forma a somar esforços com os órgãos que potencializam o comércio local, inserindo o Aparelho Policial na grande rede que alavanca o desenvol-vimento do arquipélago do Marajó”.

José Osmar de Albuquerque Rocha NetoCoronel da Polícia Militar

“O município de Cachoeira do Arari vive uma grande expectativa de desenvolvimento econômico e social, a partir da implantação do cultivo de arroz nas terras do município. O projeto, que já é uma reali-dade, tem proporcionado ao município uma presença mais veemente

nos debates sobre o agronegócio no Estado do Pará. Impõe-se agora uma nova discussão sobre o crescimento do Marajó, a partir da che-gada da rizicultura em Cachoeira do Arari, onde a produtividade de ar-roz tem surpreendido positivamente, graças à boa qualidade da área plantada e do método de irrigação aplicado. Por fim, faz-se necessária a participação dos poderes constituídos, empresários e sociedade civil organizada, para, em parceria, aprimorarmos cada vez mais este novo modelo de desenvolvimento de Cachoeira do Arari e do Marajó”.

Jaime da Silva BarbosaPrefeito de Cachoeira do Arari

PREFEITURA EM PARCERIACOM SENAR E SINDICATO

“Os campos do Marajó há muito carecem de uma maior atenção por parte do poder público e de iniciativas que fomentem os bons ne-gócios para a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Nesse sentido, a proposta para o desenvolvimento de um “Polo de Grãos” no arquipélago do Marajó é muito salutar, e vem preencher uma lacuna que há muito tempo se faz necessária. A união dos sindicatos de produtores e trabalhadores rurais, Federação da Agricultura do Estado do Pará, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e o poder público do município de Cachoeira do Arari estão de parabéns ao propor tão desafiadora e oportuna proposta ao Governo do Estado.

A cultura do arroz irrigado, que na proposta é apresentada como o carro-chefe do polo de grãos, encontra no solo marajoara condições muito favoráveis como o clima, a umidade, temperatura, luminosidade e disponibilidade de água. Vale ressaltar que, na entressafra, ainda se pode cultivar outras culturas.

O Sebrae no Pará apoia mais essa empreitada, a exemplo de ou-

tras parcerias com a Federação da Agricultura do Estado do Pará. Apostamos na proposta pelo fato de Cachoeira do Arari ser uma das áreas de interesse de novas fronteiras agrícolas para a produção de grãos e cereais do Norte do Marajó, assim como Santa Cruz do Arari, Ponta de Pedras e Salvaterra, onde se pretende otimizar 300 mil hec-tares de cultura do arroz integrado.

Essa proposta é um dos exemplos que vem a estreitar ainda mais os laços com a Faepa/Senar. É por acreditar no desenvolvimento social com base nas boas práticas e na agricultura como vetor das ações, que firmamos sempre nossas parcerias com a Federação da Agricultura/Senar, a exemplo do programa Negócio Certo Rural, que atende um público de 20 municípios paraenses e o de Inclusão Digital no Marajó - onde a comunidade de produtores é atendida através da unidade móvel (curupira) com laboratório de informática, que desde 2007 percorre os municípios paraenses. Ressalta-se ainda que, ou-tros projetos em parceria com o Senar são realizados através de nos-sas Regionais do Sebrae, como o projeto da bacia leiteira em Marabá, todas com o suporte da nossa Unidade de Agronegócios.

É por isso que sustentamos nossa esperança no desenvolvimento do homem do campo e, como fomentadores dos bons negócios, esta-mos sempre abertos a novas e desafiadoras parcerias.”

Vilson SchuberDiretor Superintendente do Sebrae no Pará

“A inauguração da sede do Sindicato dos Produtores Rurais de Ca-choeira do Arari constitui um marco para a história daquele município. Na ocasião, o Sistema FAEPA/SENAR teve a oportunidade de reafirmar o quanto a organização sindical é importante. À frente das ações dos Sindicatos e evidentemente fortalecendo a presença do SENAR nos municípios, estas ações tornam-se representações importantes para o agronegócio.

A região do Marajó, particularmente, precisa de mais alternativas para que a população tenha condições efetivas de crescer economica-mente e socialmente. O SENAR esteve presente neste evento e pôde perceber o quanto as comunidades realmente necessitam da presença do poder público.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, embora não seja o po-der público, pôde desenvolver naquele momento, uma ação de certi-ficação de 12 cursos com mais de 200 participantes, que receberam seus certificados em diversas áreas, inclusive na área da inclusão di-gital rural que é uma importante ferramenta para levar o bom conhe-cimento, as boas informações para que os produtores rurais possam desenvolver com sucesso o seu empreendimento.

O SENAR notou a satisfação e a alegria transmitidas pelas pessoas que participavam do evento. A presença da Federação da Agricultura do Pará (FAEPA), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Banco do Brasil, Secretaria de Agricultura do Estado do Pará (Sagri), entre outras instituições, foi uma demonstração efetiva de que há um perfeito entrosamento entre os diversos níveis de governo. Isso realmente demonstrou o quanto aquela população almeja a presença de órgãos governamentais para fortalecer o desen-volvimento regional.

O SENAR está presente com suas ações, que serão incrementadas, não só no município de Cachoeira do Arari, mas em toda a região do Marajó, onde já possui atuação e desempenha o importante papel de levar o saber e o bom conhecimento para a região. Com isso, a ideia é contribuir para que população possa crescer e ter caminhos de renda e alternativas de sucesso também na área econômica.

Como Superintendente do SENAR no Pará, fico muito feliz em per-ceber os números cada vez maiores de ações que o SENAR desenvolve no Estado, e na região do Marajó não será diferente. Temos a perspec-tiva de continuar trilhando o caminho do sucesso em prol do desenvol-vimento da região do Marajó.

Vejo na cultura do arroz irrigado uma perspectiva muito marcante. O projeto que está sendo desenvolvido pelo produtor rural Paulo Quar-tiero já é mais do que uma tentativa, já é um resultado concreto das potencialidades, para que aquela região possa crescer e se desenvol-ver economicamente.

É importante destacar a parceria que o SENAR está desenvolvendo com o Serviço de Apoio às às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE no Pará, que está possibilitando a capacidade de ampliar de forma mais efetiva a atuação do SENAR em todo o Estado do Pará.

Em Cachoeira do Arari houve a possibilidade concreta de se fazer presente os dois ônibus, Curupira e Campo Legal, nos quais desenvol-vemos ações de cidadania, cujos veículos foram objetos de parceria com o SEBRAE.

Essa parceria, que já se desenvolve em quase todos os municípios do Estado, é uma demonstração de que os dois órgãos estão bem re-lacionados. Certamente é uma sociedade que ainda contribuirá para outros programas, a exemplo do programa Empreendedor Rural, que o SENAR e o SEBRAE já executam com muito sucesso, além dos Progra-mas Negócio Certo Rural e Com Licença vou a Luta. Essas são sinaliza-ções muito concretas para que o Sistema S possa, de forma integrada e participativa, continuar trilhando os caminhos do desenvolvimento sustentável”.

Walter CardosoSuperintendente do SENAR-AR/PA

SEBRAE E SENAR, PARCERIA QUE VEM DANDO CERTO

Futuro: O Marajó que queremos

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SEGURANÇA GARANTE CONDIÇÕES PARA PRODUÇÃO

SENAR E SINDICATO RURAL: PARCERIA QUE QUALIFICA PESSOAS

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“Tendo sua economia assentada basicamente na exploração pecuária extensiva e semiextensiva de gado bovino e bubalino aproveitando seus campos naturais, o Marajó, com a produtividade de 6.720 kg/ha obtida no cultivo de arroz irrigado em 2.000 ha em Cachoeira do Arari, a perspectiva de elevar essa produtividade para 8,400 kg/ha e a possibilidade de obter duas safras/ano, deu um grande passo no sentido de se transformar em um polo arrozeiro no Estado, com cerca de 300.000 ha plantados nos próximos anos.

A consolidação do polo lastreada em políticas públicas, aí inclu-ída a segurança jurídica dos produtores no aspecto fundiário, pos-sibilitará a inclusão de pequenos e médios produtores no sistema produtivo do Estado, funcionando como fator de fixação do homem

no campo, constituindo-se também em alternativa econômica de atividade agrícola sustentável da região.

No aspecto ambiental, informações técnicas dão conta de que é possível sustentar a produção em longo prazo, com o mínimo de degradação do meio ambiente.

O interesse manifestado em Carta Proposta apresentada ao se-nhor Secretário Especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção pelos produtores locais, por intermédio das entidades representativas das classes produtora e trabalhadora, com o apoio do executivo e legislativo municipal, as características físicas e climáticas favoráveis e sua extensão territorial, não deixam dúvidas quanto ao potencial produtivo do Marajó.”

Max Ney Gonçalves de Lima Engenheiro Agrônomo, representante do ITERPA na reunião

realizada na Câmara Municipal de Cachoeira do Arari

IMPORTÂNCIA DO CULTIVO DO ARROZ IRRIGADO NO MARAJÓ

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“A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, FAEPA, em parce-ria com outras instituições, apresentou ao Governo do Estado do Pará, proposta para o desenvolvimento de polo produtor de arroz irrigado na Ilha do Marajó, com o objetivo de alavancar o seu desenvolvimento, estagnado há muitos anos, em razão de sua produção pecuária não ter acompanhado o desenvolvimento de outras regiões produtoras do Estado, perdendo assim, o Marajó, o status de grande produtor de gado bovino.

A economia Marajoara precisa crescer urgentemente para que se-jam gerados emprego e renda a sua sofrida população, e o cultivo de arroz irrigado aparece como uma alternativa que deve ser considerada, visto que oferece um retorno bem mais rápido do que a produção pecu-ária extremamente prejudicada pela falta de tecnologias.

Segundo especialistas, o cultivo do arroz irrigado na Ilha é viável dependendo da área escolhida, entretanto, o sucesso somente será alcançado se houver o emprego de tecnologias adequadas no preparo da área e utilização de insumos (sementes, corretivo de solo, adubo químico e agrotóxicos) indispensáveis à obtenção de produtividade que

“O Marajó, através dos tempos, vem sofrendo um processo de desertificação em algumas áreas, onde observamos verões cada vez mais fortes e grande escassez de água. Com a cultura do arroz, além de tornarmos o solo mais produtivo e fértil, a necessidade de irrigação da cultura e os canais que são necessários para transportar a água dos furos às plantações, são a solução para combater este processo de desertificação em que está atravessando o Marajó.

Sempre alimentei o conceito de que a solução para o incremento da base produtiva do arquipélago do Marajó deveria estar alicerçada prin-cipalmente na criação de búfalos, na piscicultura e no aproveitamento das áreas que podiam ser destinadas para as culturas do açaí e do coco. Com o advento do arroz, completamos esta base produtiva, pois

“O projeto de arroz no Marajó é uma boa iniciativa para divulgar o município de Cachoeira do Arari e toda a região do Marajó, já que é a primeira vez que temos a proposta de um projeto como este. A esperança do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município é que o arroz irrigado, que poderá ser desenvolvido na área ao lado da cidade de Cachoeira, possa atingir e ajudar os pequenos produtores das áreas rurais mais afastadas do centro da cidade.

viabilize o empreendimento, seja de qual tamanho for: agricultura fami-liar ou grande empreendimento.

Ainda faltam pesquisas que gerem informações a respeito da me-lhor utilização desses insumos, seus benefícios e os impactos que porventura possam vir a causar no ecossistema da Ilha, entretanto, neste texto tomaremos como base a lavoura do Sr. Paulo Quartiero, que produziu com sucesso arroz irrigado no município de Cachoeira do Arari nos anos de 2010 e 2011 com tecnologia usada no Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz irrigado do Brasil.

É importante observar que os defensivos agrícolas utilizados são registrados no MAPA (ANVISA e IBAMA) para a cultura do arroz, cadas-trados na ADEPARÁ para uso no Estado do Pará e recomendados pela Associação Arroz do Rio Grande do Sul composta por entomologistas, fitopatologistas e pesquisadores de plantas daninhas.

Entendemos também que os defensivos agrícolas são insumos im-portantes nos sistemas produtivos de arroz irrigado em qualquer lugar do mundo, entretanto, devem ser usados com extrema responsabilida-de pelos produtores, que devem cumprir rigorosamente as disposições legais estabelecidas na legislação federal e estadual em vigor, e o poder público deve estabelecer fiscalizações rotineiras do uso desses produ-tos nas propriedades produtoras, assim como realizar monitoramento da qualidade da água dos rios próximos às lavouras e da fauna local.;”

Ivaldo SantanaDiretor Técnico da ADEPARÁ

esta cultura beneficia as demais cadeias, em um sistema integrado de produção, além de não atingir as culturas do açaí e do coco, que são culturas que aproveitam as áreas localizadas às margens dos furos em total conformidade com o meio ambiente.

No dia da inauguração da sede do Sindicato Rural de Cachoeira do Arari, aquele antigo sonho começou a se tornar realidade ao visualizar a cultura do arroz implantada no Marajó e participar do lançamento da proposta encabeçada pela FAEPA e apoiada por várias outras entida-des representativas da sociedade, da criação do Polo de Arroz do Ma-rajó, com uma área destinada a cultura em torno de 300 mil hectares.

Esta proposta não é apenas a solução econômica da Ilha de Mara-jó. Ela representa de forma totalmente sustentável a solução ambiental do ecossistema, de geração de trabalho e renda dos seus moradores e mudança da realidade hoje evidenciada pelos municípios marajoaras que são detentores dos piores índices de IDH do Brasil.”

Mario Antonio Martins JrDiretor da FAMEP - Federação dos Municípios do Estado do Pará

O nosso Sindicato trabalha pela melhoria da qualidade de vida dos pequenos produtores na agricultura familiar. Atualmente esta-mos com o objetivo de abastecer a merenda escolar do município através do nosso trabalho e se, essa proposta do arroz irrigado for desenvolvida, nós torceremos pela parceria para o fornecimento de sementes e mudas para que se trabalhe na agricultura e possamos desenvolver a ideia com a parceria do SEBRAE e SENAR.

O projeto de arroz irrigado no Marajó é, portanto, a esperança de crescimento econômico e social para quem vive e trabalha pela melhoria da qualidade de vida nessa região.”

Bianor do Nascimento Barboza Presidente do Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Cachoeira do Arari

PROJETO DE ARROZ IRRIGADO É ESPERANÇA DE CRESCIMENTO

USO DE INSUMOS EMPLANTIOS DE ARROZ IRRIGADO NO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ

ARROZ NO MARAJÓ: UM SONHO POSSÍVEL

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tivares recomendadas para várzea (BRS Jaçanã e BRS Tropical), insumos adequa-dos, manejo integrado de pragas, tratos culturais necessários etc.

Vários trabalhos de pesquisa (ensaio de valor de cultivo e uso – VCU) vêm sendo realizados no ambiente de várzea do Estado do Pará, principalmente nos municípios de Belém, Bragança e Salva-terra, e, nesta última safra, também em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, onde teve início o cultivo de arroz irrigado em larga escala (Figura 1). Estes traba-lhos visam avaliar o comportamento de diferentes genótipos (cultivares) de arroz irrigado em relação à duração de ciclo de desenvolvimento, acamamento, inci-dência de insetos praga e doenças, qua-lidade dos grãos e produtividade. Alguns resultados de produtividade obtidos em Unidades de Demonstração de cultivares já lançadas no mercado e recomendadas para o Estado do Pará, encontram-se na Tabela 1. Com isto, observa-se que exis-te potencial para a produção de arroz irrigado, desde que sejam utilizadas as tecnologias disponíveis e obedecidas as legislações vigentes, tendo como objetivo a produção de alimentos de forma sus-tentável, gerando emprego e renda com conservação ambiental.

O arroz (Oryza sativa L.) é originário do Sudeste da Ásia e África Ocidental (ano 3.000 a.C.) e seu cultivo no Brasil apresenta grande importância econômi-ca e social, sendo cultivados no país no ano 2011, 2.747.329 ha de arroz (IBGE, 2012). A produção ocorre em ambiente de várzea (arroz irrigado), principalmen-te nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e em terras altas (arroz de sequeiro), nas demais regiões produtoras de arroz do Brasil.

Historicamente segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA, 2010), o culti-vo do arroz no Brasil iniciou-se no Estado do Maranhão em 1745, em Pernambuco em 1750, no Pará em 1772, no Rio Gran-de do Sul em 1824 (sequeiro) e em 1904 (produção no sistema irrigado mecanica-mente), em grandes lavouras. Ou seja, o Estado do Pará foi um dos precursores no cultivo desta espécie, porém, não houve evolução e ampliação da área e quantida-de produzida, pois na safra 2011, foram cultivados somente 102.797 ha com ar-roz, com uma produtividade relativamen-te baixa de 2.038 kg/ha (IBGE, 2012). No Pará, o cultivo de arroz ocorre principal-mente em terras altas, mas, em algumas várzeas existe o cultivo de arroz irrigado, que segundo estimativas, representa so-mente cerca de 5% do total produzido. Apesar de existir o estuário amazônico no Pará, com extensas áreas de planícies, vários rios e suas várzeas adjacentes, além de excelente quantidade e qualida-de de água, este potencial não está sendo aproveitado para o cultivo de arroz irriga-do. Este cultivo poderia constituir fonte de emprego e renda para pequenos, médios e grandes orizicultores, sendo que os pe-quenos produtores poderiam usar a inter-ferência da maré para cultivar arroz em áreas inundadas (áreas de várzea), sem muitas vezes haver custos com bombas de sucção de água e canais de irrigação e drenagem.

Em relação ao mercado consumidor, atualmente o Pará necessita que haja

abastecimento de arroz proveniente de outros Estados produtores. Ou seja, existe demanda por arroz, com preços competi-tivos e, consequentemente, há possibili-dade de produção e comercialização do arroz no próprio Estado. Tecnicamente, existe a possibilidade de produzir arroz no Estado do Pará, pois as condições climáti-cas são favoráveis (temperatura e precipi-tações pluviométricas), e muitas várzeas sofrem influência das marés, sofrendo inundações, fazendo com que os custos com irrigação mecanizada (motores die-sel ou elétricos) sejam reduzidos. Além de haver possibilidade de produção de duas safras por ano, dependendo dos cuidados e tecnologia empregada. Cabe ressaltar também que deve haver a conscientiza-ção dos agricultores e cuidados com a legislação vigente, em relação aos locais de produção (distância de rios e matas ci-liares) e tratos culturais usados no arroz.

Qualquer cultura a ser cultivada de modo econômico e com menor impacto ambiental possível necessita de tecno-logias e assistência técnica, para que sejam cultivadas com cuidados para seu correto desenvolvimento e obtenção de produtividades e qualidade. Para tanto, a Embrapa disponibiliza tecnologias para produção de arroz, encontrando-se cul-

Aspectos técnicos do arroz irrigado no Estado do Pará: Ilha do Marajó

Por Roni de Azevedo* e Austrelino Silveira Filho**

Ano Local Cultivar Produtividade (Kg/ha)2010 Belém – PA BRS Jaçanã 5.850

BRS Tropical 4.0002011 Belém – PA BRS Jaçanã 8.400

BRS Tropical 8.2002012 Belém – PA BRS Jaçanã 4.778

BRS Tropical 5.6672012 Cachoeira do Arari – PA BRS Jaçanã 5.867

BRS Tropical 4.133

Tabela 1. Produtividades obtidas em Unidades Demonstrativas das cultivares de arroz irrigado BRS Jaçanã e BRS Tropical, instaladas em condições de várzea, nos municípios de Belém e Cachoeira do Arari, nos anos 2010 a 2012.

*Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, EMBRAPA Amazônia Oriental

** Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, EMBRAPA Amazônia Oriental

Referências BibliográficasIBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. http://www.ibge.gov.br. 2012.IRGA. O Arroz no Rio Grande do Sul. Lavoura arrozeira, v. 58, n. 452, 2010. 44p.

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