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FRANCISCO BIONDO Iniciativa do Interlegis, Portal Modelo é opção gratuita de ingresso no mundo digital BETH CHEDID Presidente da CM de Bragança Paulista, reflete sobre participação das mulheres na política nacional MILTON JUNG Adote um vereador: é bom pra você, melhor ainda pra sua cidade! REVISTA DAS CÂMARAS MUNICIPAIS PRODUTIVIDADE PUBLICAÇÃO DA FENALEGIS LEGISLATIVA TRANSPARÊNCIA COMUNICAÇÃO MELHOR GESTÃO

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FRANCISCOBIONDOIniciativa do Interlegis, Portal Modelo é opção gratuita de ingresso no mundo digital

BETH CHEDID Presidente da CM de Bragança Paulista, reflete sobre participação das mulheres na política nacional

MILTON JUNGAdote um vereador: é bom pra você, melhor ainda pra sua cidade!

R E V I S T A D A S

CÂMARAS MUNICIPAISP R O D U T I V I D A D E

PUBLICAÇÃO DA FENALEGIS

L E G I S L AT I VA

T R A N S P A R Ê N C I A

C O M U N I C A Ç Ã O

M E L H O R G E S TÃ O

R E V I S TA F E N A L E G I S2

R E V I S TA D A S C Â M A R A S MUNICIPAIS É UMA PUBLICAÇÃO DA FENALEGIS.

OS ARTIGOS DE COLABORADORES NÃO NECESSARIAMENTE REFLETEM A OPINIÃO DA ENTIDADE. A PROPOSTA É UMA VISÃO PLURAL SOBRE OS FATOS E OPINIÕES QUE PODEM FORTALECER E APERFEIÇOAR O SE TOR OS LEGISLATIVOS MUNICIPAIS.

PRESIDENTE FENALEGISANTONIO CARLOS FERNANDES JR.

VICE PRESIDENTEMARCOS BELCHIOR FERRAZ TRINDADE

2° VICE PRESIDENTETADEU EXPEDITO FIGUEIREDO

VICE PRESIDENTESUDESTE - MARCIO TADEU PIRES

VICE PRESIDENTENORDESTE - JACINTA SILVERIO SOUSA VIEIRA

VICE PRESIDENTE SUL EVALDO TRINDADE FERREIRA FILHO

VICE PRESIDENTEREGIÃO NORTE -ROGÉRIO LIMA

VICE PRESIDENTECENTRO-OESTE - JOSEHUMBERTO MARIANO

SECRETÁRIO GERAL CICERO SANTOS SILVA-EDITORSERGIO LERRER

REDAÇÃOLUCAS TORRES

GESTÃOSONIA CORCIOLI

DESIGN E DIAGRAMAÇÃOPAULA TL

CONTATOS:WWW.FENALEGIS.ORG.BR

ÍNDICEELECAMP Criada pela resolução 881, de 13 de Agosto de 2013, a Escola do Legislativo de Campinas - ELECAMP – tem, dentre inúmeras atribuições e objetivos (...) - PÁGINA 4

A I M P O R TÂ N C I A D O P O D E R LEGISLATIVO Artigo escrito por Sebastião Misiara - PÁGINA 6

CÂMARA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA TOMA DECISÃO BUSCANDO MAIS TRANSPARÊNCIA E EFICIÊNCIA A Mesa Diretora da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) determinou que toda mensagem encaminhada (...) - PÁGINA 8

INICIATIVA DO INTERLEGIS, PORTAL MODELO É OPÇÃO GRATUITA DE INGRESSO NO MUNDO DIGITAL Entrevista realizada com Francisco Biondo - PÁGINA 10

ESCOLA DOS LEGISLATIVO Artigo escrito por Roberto Eduardo Lamari - PÁGINA 12

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE POUSO ALEGRE (MG) ADOTA CONSTITUIÇÃO EM MIÚDOS A publicação, que foi realizada e lançada em parceria entre a ABEL e o Senado Federal, se originou em 2014 na Escola da Câmara de Pouso Alegre (MG) - PÁGINA 9

DOMÍNIO “.LEG.BR” A IDENTIDADE DO LEGISLATIVO CRIADA PELO INTERLEGIS Matéra escrita por Francisco Biondo - PÁGINA 15

PRESIDENTE DO IPADE RESPONDE DÚVIDAS CORRIQUEIRAS SOBRE A COMUNICAÇÃO NAS CÂMARAS MUNICIPAIS Entrevista realizada com Karina Kufa - PÁGINA 17

DIREÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOUVEIRA VOLTA A SER OCUPADA PELA SEGUNDA VEZ PELO MESMO PROFISSIONAL Entrevista realizada com Marcelo Souza - PÁGINA 18

“C I DA D E S E M R E D E” E V E N TO REALIZADO PELA CÂMARA DE AGUAÍ EM PARCERIA COM A FENALEGIS O evento ocorreu na noite do dia 6 de abril na Câmara Municipal de Aguaí, com Plenário lotado de (…) - PÁGINA 20

F E NA L E G I S E SE R VIDORES DE CÂMARAS PROPÕEM A CRIAÇÃO DE ESCOLAS LEGISLATIVAS REGIONAIS A iniciativa está lançada e cria excelentes perspectivas para a atuação dos servidores de Câmaras Municipais: a criação de Escolas (...) - PÁGINA 22

QUEM TEM MEDO DE DIVULGAR LICITAÇÕES? A TRANSPARÊNCIA A SERVIÇO DA ECONOMIA NA CÂMARA MUNICIPAL Artigo escrito por Filipi Oliveira e José Lazaro Jr. - PÁGINA 24

R Á D I O S E T V ’S L E G I S L AT I VA S ESTREITAM RELAÇÃO ENTRE CÂMARAS E MUNICÍPIOS Entrevistada realizada com Marcelo Malacriada - PÁGINA 26

QUEM QUER SER UM MIT – MUNICÍPIO DE INTERESSE TURÍSTICO? Artigo escrito por Katherine Silva - PÁGINA 28

P R E S I D E N T E DA A B E L T R AÇ A PANORAMA DAS ESCOLAS DO L E G I S L AT I V O N A S C Â M A R A S MUNICIPAIS BRASILEIRAS Entrevistada realizada com Florian Madruga - PÁGINA 31

ADOTE UM VEREADOR: É BOM PRA VOCÊ, MELHOR AINDA PRA SUA CIDADE! Artigo escrito por Milton Jung - PÁGINA 33

PRESIDENTE DA CM DE BRAGANÇA PAULISTA, BETH CHEDID, REFLETE SOBRE PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA NACIONAL Entrevistada realizada com Beth Chedid - PÁGINA 35

R E V I S TA F E N A L E G I S 3

E D I TO R I A LC

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Antônio Carlos Fernandes Presidente da FENALEGIS

PARLAMENTARES: Retire-se dos melhores administradores públicos o conjunto de leis e paradigmas exarados

dos legislativos e o resultado será um conjunto de governantes desorientados e populações à mercê de

personalismos.

SERVIDORES EFETIVOS: Sejam as Câmaras Municipais do porte de São Paulo, Belo Horizonte e demais grandes

cidades, ou as dos menores municípios brasileiros, como Serra da Saudade - MG e Borá – SP, o papel institucional

e constitucional de todas são os mesmos. Os servidores efetivos são a garantia da continuidade administrativa e

profissionalismo da instituição.

SERVIDORES COMISSIONADOS: Proporcionam a condição política ao exercício parlamentar, são os que mantém

os elos de ligação com suas bases e dão suporte técnico nas áreas de interesse de sua atuação. São os profis-

sionais da necessária confiança pessoal no cumprimento dos projetos para os quais os políticos foram eleitos.

A revista Câmaras Municipais surge com a proposta de disseminar os bons resultados de Legislativos, as coisas

que dão certo, as boas práticas, os equívocos que devem ser evitados e a palavra dos melhores especialistas, para

abordar em profundidade o que a sociedade moderna espera de nós.

Temos graves imperfeições e somos insistentemente avaliados nos últimos lugares nos índices de confiança da

sociedade que nos considera organismos dispensáveis. Mudar esse conceito implica séria e difícil autocrítica,

ações efetivas de mudança de velhos e ultrapassados hábitos e alinhamento com os anseios de um tempo de

comunicação instantânea e reações idem. Precisamos que os cidadãos nos percebam como seus aliados nas

soluções dos graves problemas do Brasil, a começar pelos nossos municípios.

Os parlamentos são a vida da democracia e os vereadores a base de toda a estrutura política da nação.

Precisamos é aproximar ainda mais o cidadão de seu parlamento municipal e existem muitas maneira além das

tradicionais aberturas já existentes. Criar mecanismos de interação com o cidadão, a Escola do Parlamento e a

Ouvidoria, dentre outros, e realizar eventos agregando as diversas Câmaras, seja individualmente seja se

somando a outras, como nas Escolas dos Legislativos Regionais que a Fenalegis fomenta em parceria com a Abel

Associação Brasileira das Escolas dos Legislativos além das atividades com tantos outros parceiros.

Esse também o papel da FENALEGIS e seus sindicatos. Um sindicalismo diferente do tradicional porque atu-

amos com foco no fortalecimento de nossas instituições. Evidente que a defesa dos servidores está no DNA do

sindicalismo mas aliamos a isso crescente profissionalização e aproximação com as organizações sociais, numa

atuação moderna e antenada nos novos tempos. Mais, nos somamos a outras federações de peso na construção

da entidade sindical de grau superior, a Confederação. A CONACATE – Confederação Nacional das Carreiras e

Atividades Típicas de Estado, e todos nos somamos à PÚBLICA, Central do Servidor, completando a organização

das Estruturas Estáveis de Estado, que querem compromisso com a nação, Políticas de Estado, longevas,

alinhadas em harmonia com as Políticas de Governo, designadas pela vontade soberana do voto popular.

Senhoras e senhores parlamentares, servidores efetivos e comissionados juntos, pelo fortalecimento das nossas

instituições, os Legislativos Municipais.

R E V I S TA F E N A L E G I S4

ELECAMP Criada pela resolução 881, de 13 de Agosto de 2013, a Escola do Legislativo de Campinas - ELECAMP – tem, dentre inúmeras atribuições e objetivos, se empenhado em trabalhar para:

- Oferecer aos parlamentares e aos servidores da Câmara Municipal suporte conceitual e treinamento para a elaboração de normas legais e para o exercício do poder de fiscalização;

- Oferecer aos servidores da Câmara Municipal conhecimentos técnicos para o exercício de suas funções, considerando suas lotações e suas atribuições e ampliando a sua formação em assuntos de interesse da instituição;

- Aproximar a Câmara Municipal da sociedade civil, levando informação, conhecimento e conceitos que ajudem a promover sua participação política e a defesa dos direitos fundamentais e constitucionais.

A ELECAMP acredita que a Educação Legislativa se consolida como um segmento essencial nas atividades das Câmaras Municipais, a fim de promover

o aperfeiçoamento das atividades legislativas através de eventos educativos de formação, capacitação e qualificação de agentes políticos e servidores da administração pública.

A partir de 2015, sob a presidência do vereador Rafa Zimbaldi, com elevado destaque no cenário estadual, e sob a direção do sr. Roberto Delphino Junior, a escola legislativa deu um salto de qualidade em todas as atividades desenvolvidas – integração para vereadores, cursos in company, cursos abertos, palestras, participação em eventos, parcerias com universidades e outras organizações, programas de formação cidadã. Grande parte dos eventos tem sido realizado em parceria, sem custos para a administração pública, porém com elevada qualidade e profissionais de notória competência.

Atualmente, a escola conta com o trabalho de quatro servidores e direção do sr. Roberto Delphino Junior, que assumiu o cargo em 2015, e foi, recentemente, nomeado vice-presidente da APEL – Associação Paulista das Escolas do Legislativo.

Curso de NR 35 para servidores – Centro deTreinamentos da 3M do Brasil – Sumaré/SP

R E V I S TA F E N A L E G I S 5

Curso de Informática Básica para Servidores

Curso in company com André Leandro Barbi de Souza (IGAM) – O papel das Comissões no Processo Legislativo e Como elaborar uma lei com qualidade

Presidente da Câmara, Rafa Zimbaldi, e diretor da ELECAMP, Roberto Delphino Junior, entregam ao

tenente Vilela livro de registro do Programa de Formação Cidadã desenvolvido pela ELECAMP na

Junta Militar de Campinas

Evento de Conscientização Outubro Rosa no Plenário da Câmara

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Presidente da Câmara e ELECAMP recebem o Dr. Ivan Capelatto para palestra no Plenário da Cãmara

Programa de Integração para Vereadores (2017-2020) Palestra com o Juiz Eleitoral Dr. Luiz Torrano

Programa de Integração para Vereadores da Legislatura 2017-2020 – palestra de abertura com

Anderson Alarcon (UVB) – participação de Câmaras de toda a região.

Curso in company, Planejamento Estratégico Prof. Pedro Paulo Modenesi M. da Cunha

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Câmara de Campinas promove através da ELECAMP, curso com o Tribunal de Contas do

Estado de São Paulo

Presidente Rafa Zimbaldi recebe chefe da Polícia Federal Paulo Víbrio Júnior para palestra aos jovens do CIEE

Oficina de Cerimonial com Etelvino Francisco Biondo (ILB/ Senado Federal) - para servidores de toda a

região de Campinas

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A IMPORTÂNCIA DO PODER LEGISLATIVO

Sebastião Misiara

Presidente da União dos Vereadores do Estado de SP

Vice-Presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil

A primeira forma de organização política da vida brasileira, no período colonial, foi a Câmara de Vereação.

Antes do Poder Executivo, exercido por lugares-tenentes do rei português, quem decidia no poder local, sobre as questões de infra-estrutura, eram as assembléias de “homens bons”, sucedidas pela forma mais sistêmica das Câmaras de Vereadores, nascidas das Ordenações Afonsinas, a partir de 1521.

Daí, até 1603, quando o domínio espanhol sobre o reino e as colônias impôs novas regras administrativas municipais, o Brasil viveu segundo as decisões de legisladores locais, eleitos pela população de homens livres, sem a necessidade da existência de prefeitos, que só vieram a existir muito mais tarde, e eleitos pelos vereadores.

Essa modalidade de exercício local da autoridade, nascida do reclamo gregário de ordem e governabilidade, impediu que a colônia submergisse na anarquia de seus núcleos iniciais.

As Câmaras Municipais agregavam a suas competências, a ação jurisdicional, tanto que da vereação ou conselho de Vereança, participava obrigatoriamente um juiz, a quem cabia acumular funções de promotor, denunciando crimes e contravenções, e da magistratura julgando e impondo penas.

Todos, vereadores e juízes integrantes das Câmaras, eleitos por um mandato de três anos (sem reeleição), não podiam negar-se ao cumprimento do mandato. Além de não serem pagos pelo exercício do cargo, ainda eram obrigados a assinar compromisso pelo qual, enquanto durasse o mandato, responderiam com seus bens pessoais pelos prejuízos causados por suas decisões, ao interesse coletivo. Era a hipoteca dos bens dos vereadores em garantia. Muitas dessas regras se perderam, infelizmente, com o evoluir dos tempos e dos procedimentos.

De lá para cá, os poderes municipais viram diminuída sua antiga importância, na mesma proporção em que as câmaras municipais deixaram de ser Poder Legislativo.

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Com os governos centralizados, passaram eles a mostrar pouca presença no quadro político-administrativo do país. Os governos federal e estadual se fortalecem à medida que se deu o despojamento e do empobrecimento dos municípios e suas respectivas câmaras municipais. Até porque o executivo, em todas as esferas, sobrepôs-se ao legislativo, e com o presidencialismo extremado vigente, a tendência é agravar-se progressivamente o “status quo”.

No entanto, a ninguém escapa a importância dos governos locais e seus órgãos, de que a vereança é o melhor exemplo. Afinal, o município ainda é a única esfera do Poder Público a que corresponde em concreto, um território, uma população e uma economia. É no município que se nasce, se vive e se morre. Estado e União são ficções jurídicas, que sequer poderiam existir, sem que existissem os municípios.

A partir dessa constatação, todos os serviços básicos de interesse do povo teriam que ser de natureza municipal. Em razão disso, os orçamentos deveriam

adequar-se a tais competências e destinar dinheiro público para a sua consecução.

Mas, falar em modificação na pirâmide tributária, da qual ao município cabe a ínfima migalha de 17%, atualmente é hilário, eis que não só as esferas de poder mais fortes tripudiam sobre a mais fraca, como ainda o mais importante dos poderes, que é o Legislativo, se encolhe intimidado ante um executivo que sobre ele passa como um trator.

No dia primeiro desse mês, prefeitos e vereadores assumiram suas cadeiras e seus compromissos com a cidadania e para a cidadania. O que se espera é que seja criado um governo popular municipalista, com a clarividência necessária para entender que melhorar a vida das pessoas é tornar o município cada vez mais forte.

Em São Paulo as ações estratégicas do prefeito João Dória mostra com clareza incontestável, que ele é hoje o melhor exemplo a ser seguido pelos eleitos em 5568 municípios brasileiros.

O município ainda é a única esfera do Poder Público a que corresponde em concreto, um território, uma população e uma economia.

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CÂMARA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA TOMA DECISÃO BUSCANDO MAIS TRANSPARÊNCIA E EFICIÊNCIAA Mesa Diretora da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) determinou que toda mensagem encaminhada pelo Executivo seja entregue imediatamente nos gabinetes dos 27 vereadores. Com a medida, a Casa ganha em transparência e eficiência, já que todos os parlamentares, independente de bancada, votam os projetos conhecendo profundamente seus conteúdos.

Para o presidente da Casa Napoleão Laureano, vereador Marcos Vinícius (PSDB), a ideia é priorizar “o bom debate” e acabar com os pedidos de vista em plenário, permitindo que o processo Legislativo transcorra com maior velocidade. Pondo um fim no voto às cegas. “Todos os parlamentares têm contato com as matérias na mesma hora e isso favorece o debate democrático na hora de votar uma mensagem”. E completou: “Fizemos ainda um acordo com o colegiado de líderes para que não ocorram pedidos de vista em plenário, já que todos terão tempo suficiente para conhecer os projetos que chegarem a Casa”, disse o presidente.

Atualmente, todas as mensagens encaminhadas pelo Executivo já foram entregues nos gabinetes dos vereadores, que, ao lado de sua equipe técnica, podem analisar sem correria de que se trata cada matéria. Considerando também que outro compromisso da Mesa é manter a pauta sempre em dia, evitando os esforços concentrados, quando centenas de projetos eram votados no final do semestre, a Casa Napoleão Laureano deverá viver o período mais produtivo de sua História.

Mesmo reconhecendo que devido a ampla maioria numérica é possível que o chefe do Executivo encaminhe uma ou outra matéria em regime de urgência e que a liderança busque votar com maior rapidez, Marcos destacou o avanço com o acordo entre as bancadas, o que demonstra, para o presidente, “o momento de maturidade política da Casa”.

Matéria feita pela assessoria do Paraíba.com.br

Imagem da fachada da Câmara Municipal Napoleão Laureano

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REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE POUSO ALEGRE (MG) ADOTA CONSTITUIÇÃO EM MIÚDOSEntre os projetos educacionais desenvolvidos pelas Escolas a ABEL se or-gulha muito da “Constituição em Miúdos”.

A publicação, que foi realizada e lançada em parceria entre a ABEL e o Senado Federal, se originou em 2014 na Escola da Câmara de Pouso Alegre (MG), tendo à frente a diretora Madu Macedo que coordenou o trabalho de interpretação e adaptação do texto original da Constituição Federal para uma linguagem acessível voltada ao público infanto-juvenil. De forma leve os leitores são conduzidos a uma viagem por quase 100 páginas acompanhadas de uma cartilha de atividades para fixação do conteúdo.

“Eu sabia do projeto da Câmara dos Deputados sobre o ensino da Constituição das Escolas. Então, numa conversa com o presidente da ABEL, Florian Madruga, falamos sobre o quanto o texto da nossa Constituição é denso, difícil até para os adultos. Aí, propus o desafio de escrever a “Constituição em Miúdos”. Ver as crianças aprendendo seus direitos e deveres constitucionais é a concretização de um sonho. Com a Cartilha de Atividades aliada ao livro,

os educadores podem desenvolver atividades de ensino e aprendizado com mais eficiência.”, diz Madu que hoje anda pelo país divulgando o livro com o apoio de governos e prefeituras locais.

E o projeto foi mais longe. Em março deste ano, a Câmara Municipal de Pouso Alegre (MG) realizou solenidade de entrega do kit (Constituição em Miúdos + Cartilha) a cada Escola da Rede Municipal de Ensino de Pouso Alegre. O material será utilizado por todos os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental.

O presidente da ABEL, Florian Madruga, observa que a Constituição em Miúdos é muito solicitada ao Senado por diversas cidades: “Já foram distribuídos cerca de 60 mil exemplares e vamos distribuir em todas as feiras literárias em que o Senado Federal participa. É a melhor forma de levar cidadania para os jovens. Para nós é motivo de orgulho”.

Entrevista para a TV Câmara,

disponível no Youtube

Sessão Especial de entrega da

Constituição em Miúdos e a

Cartilha de Atividades para

o início da aprendizagem

da Constituição Federal

Matéria da TV Globo sobre a Constituição em Miúdos e a Cartilha de Atividades

Matéria disponível no blog da Escola do Legislativo

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INICIATIVA DO INTERLEGIS, PORTAL MODELO É OPÇÃO GRATUITA DE INGRESSO NO MUNDO DIGITALConforme abordado amplamente por essa publicação, o tema da intensificação da comunicação das câmaras municipais junto à sociedade civil possui relação direta e fundamental para a retomada da representatividade das instituições públicas para com a população brasileira.

Uma das formas mais eficazes de fortalecer esses laços comunicacionais tão importantes consiste em investimento no ambiente digital - sobretudo por meio de portais que contenham dados de transparência de fácil acesso e da utilização das redes sociais como canal direto de interação.

Por mais que a afirmação acima possa parecer óbvia à primeira vista, se observarmos a configuração atual da atuação da totalidade das câmaras municipais brasileiras no ambiente digital chegaremos rapidamente à conclusão de que ainda existe um gap considerável entra o cenário ideal e a realidade das casas legislativas do país.

Um das instituições mais engajadas na resolução dessa problemática, o Interlegis disponibiliza o Portal Modelo - ferramenta de hospedagem e

domínio gratuitos para que câmaras municipais de todo o país, ainda que com poucos recursos, possam obter seus primeiros sites institucionais.

A fim de apresentar os benefícios da adoção do Portal Modelo e conhecer alguns detalhes sobre sua atuação em todo o território brasileiro, a Revista das Câmaras Municipais conversou com o presidente do Interlegis - Francisco Biondo.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Revista das Câmaras Municipais - Quais os benefícios da adoção do portal modelo do Interlegis?

Francisco Biondo - O Portal Modelo fornece um portal completo para uma Casa Legislativa, com arquitetura de informação padronizada e pronto para receber conteúdos. Ele inclui ainda várias ferramentas e funcionalidades que facilitam o trabalho de uma instituição pública e a tornam

aderente a padrões e leis brasileiras, tais como: - TransparênciaO sistema de transparência permite a publicação de dados de prestação de contas exigidos pela Lei da Transparência ou Lei Complementar 131, de 27 de maio de 2009 que alterou a redação da Lei de Responsabilidade Fiscal, exigindo a publicação de informações contábeis e fiscais em tempo real na internet. O que é publicado também fica disponível ao cidadão como dados

Francisco Biondo

R E V I S TA F E N A L E G I S 13

abertos através de uma API em formato JSON. - OuvidoriaO ambiente de ouvidoria permite ao cidadão estabelecer contato com o parlamento e acompanhar a sua solicitação. Esse recurso também atende a Lei de Acesso à informação (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que regulamenta o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas), gerando número de protocolo para acompanhar o trâmite e receber os arquivos e informações solicitadas.

- MultimídiaVídeos e áudios das sessões legislativas podem ser publicados, bem como os principais serviços de multimídia (fotos, vídeos, áudios, streaming) existentes na internet podem ser embutidos e publicados no site. - Mídias SociaisIntegração com as principais de mídias sociais e recursos de interação com os cidadãos também são destaque no Portal Modelo, tornando-o uma excelente ferramenta de comunicação e diálogo com a comunidade local e os cidadãos interessados em participar dos debates e decisões que lhe afetam. - IntranetO Portal Modelo traz inclusa também a Intranet Modelo, uma intranet que pode ser instalada dentro do site e que contém várias ferramentas que facilitam a gestão dos documentos e informação da instituição, facilita a comunicação e a interação entre os funcionários, gerenciamento de projetos e atividades da casa, publicação de informações institucionais úteis e áreas de entretenimento e confraternização, que ajudam a melhorar a organização do trabalho diário de um órgão público. RCM - Cite alguns recursos tecnológicos que existem para melhorar a transparência das instituições legisladoras para o cidadão.

FB - Além das ferramentas de transparência, ouvidoria, multimídia e mídias sociais, ofertadas no Portal Modelo para melhorar a transparência e comunicação das instituições, o Interlegis oferece ainda o SAPL - Sistema de Apoio ao Processo Legislativo, que permite publicar, em tempo real e acessível a todos os cidadãos, as normas jurídicas, as matérias legislativas, a atuação dos parlamentares e o planejamento e realização das sessões plenárias da Casa. RCM - Qual é o avanço necessário no Brasil, em volume, para chegarmos a um cenário em que todas Câmaras Municipais possuirão sites?

FB - Atualmente, o Interlegis atende mais de 1.500 casas legislativas com o Portal Modelo e SAPL, o que presenta mais de 23% de todas as casas legislativas brasileiras. Diversas outras utilizam portais próprios ou de terceiros. Neste momento uma pesquisa em nível nacional está sendo realizada pela nossa Central de Atendimento visando identificar um quadro mais detalhado dessa realidade. Desde o início do ano, o ILB adotou a pesquisa de cenário de exclusão digital por estado com vistas a ofertar os serviços de Portal Modelo conforme identifica as necessidades caso a caso. RCM- Quais são as principais atividades voltadas para as Câmaras Municipais mantidas pelo Interlegis?

FB - O Interlegis fornece ferramentas tecnológicas como o Portal Modelo e o SAPL, que visam melhorar a eficiência administrativa, legislativa e de comunicação das Casas. Além disso, fornece capacitação aos servidores dos legislativos em diversas áreas, como legislativa, parlamentar, administrativa, jurídica e de comunicação. Essa capacitação é ofertada tanto em oficinas presenciais quanto pela modalidade à distância, através do ambiente virtual de aprendizagem do ILB, o Saberes.

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As escolas do legislativo são uma realidade, estão presentes no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, no Tribunal de Contas da União, nas 26 Assembleias Legislativas, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, em Tribunais de Contas Estaduais e em várias Câmaras Municipais, totalizando mais 148 escolas. No entanto, grande parte delas não têm recursos suficientes para implantar seus programas, e seu potencial como agente de aproximação do legislativo com a sociedade ainda não foi percebido.

A Constituição de 1988, no artigo 39, parágrafo 2º, prevê a necessidade de se manter escolas de governo para formação e aperfeiçoamento de servidores públicos. No primeiro momento surgem as escolas de governo nos Executivos; a primeira

escola do legislativo surge em 1992 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, mas graças a um movimento articulado e coordenado pela Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e Contas (Abel) que vem promovendo encontros bianuais, de troca de experiências, é inegável seu papel para o fortalecimento das escolas do legislativo, e tem seguido fielmente seus objetivos:

1. Promover o aperfeiçoamento das atividades legislativas, através de eventos educativos de formação, capacidade e qualificação de servidores, e incentivar o intercâmbio de informações de interesse comum.2. Difundir informações sobre os programas de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas pelas Escolas do Parlamento.3. Estimular, divulgar e fortalecer programas de educação para cidadania desenvolvidas pelas Escolas, como forma de apoio às comunidades e à sociedade civil; 4. Incentivar e orientar parcerias e programas de racionalização e

ESCOLAS DOLEGISLATIVO

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otimização dos recursos alocados às escolas;5. Apoiar as formas de comunicação entre as Escolas, com eventos periódicos, publicações, listas de discussão, videoconferências, dentre outros meios;6. Fomentar e apoiar a criação de Escolas nas Casas Legislativas, em níveis estaduais e municipais, onde estas ainda não existam;7. Defender interesses das Escolas associadas; 8. Apoiar e desenvolver programas para fortalecimento do Poder Legislativo;9. Ser fórum de debates em assuntos de relevância nacional, e de interesse específicos das associadas.As Escolas do Legislativo surgem com intuito de formação e aperfeiçoamento dos servidores públicos, mas rapidamente assumem outras funções, descritas no seus atos de fundação, geralmente Resoluções. Tem como missão a produção e divulgação de conteúdo científico dos Legislativos, a promoção de intercâmbio com outras instituições e a sociedade civil, prestação de assessoria qualificada

a setores da Casa através de seus funcionários ou de seus parceiros e, por fim, a promoção da democracia, mediante a educação política para a cidadania.

Sem dúvida, as Escolas do Legislativo cooperam muito na qualificação do servidor público, e têm um importante trabalho na discussão desse Poder, trabalho que pode ajudar a melhorar a produção legislativa, melhorar os processos administrativos, ajudar na gestão interna, pensar a criação de indicadores de gestão e podem ser importantes centros de inovação legislativa.

Duas missões das Escolas de Legislativo chamam a atenção, uma é a de trazer, para o Legislativo, as instituições públicas ou privadas e a sociedade civil organizada para participar do processo legislativo, qualificando o debate, legitimando esse processo; a outra é a educação para a cidadania ou democracia, que tem como objetivo principal oferecer ao cidadão educação política, formação para exercício pleno

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da cidadania – este, a nosso ver, é a tarefa mais importante das escolas do legislativo, e por que não dizer – a tarefa mais importante do Poder Legislativo, que deveria assumir a educação para a democracia como sua nova função. A educação para a cidadania é o meio mais fácil de estimular a participação política; um homem do povo, que tem cultura política e é conhecedor dos seus direitos, é um cidadão; a formação de cidadãos é a garantia de uma qualidade melhor de eleitor, e por efeito de eleitos, é a certeza de um Poder Legislativo forte, porque todos conhecem sua importância para a manutenção do Estado Democrático de Direito.

Na organização das atividades das Escolas do Legislativo alguns procedimentos asseguram a solidez da escola, tornando-a perene. São procedimentos de capital importância: o Projeto Pedagógico (conteúdo programático), o Regimento Interno e a Lei/Resolução de Pagamento de Professores. No que concerne ao conteúdo programático, o planejamento é desenvolvido a fim de se tornar adequado ao público-alvo: Capacitação Profissional, Capacitação de Agentes Políticos, Formação Cidadã, etc. Para o atendimento dês suas finalidades as escolas devem criar programas de atuação como o de capacitação profissional, capacitação de agentes políticos e comunitários

e de formação para a cidadania, de aproximação dos legislativos aos Ensinos fundamental e médio, programa de parceria com instituições de ensino superior e pesquisa, programa de intercâmbio com casas legislativas, programa de difusão cultural, programa de pós graduação, programa de ensino à distância

As disposições sobre o Regimento Interno de cada Escola do Legislativo -- após aprovadas pela Casa Legislativa -- são promulgadas por uma Resolução, a qual contempla, entre outros, o recrutamento, contratação e pagamento de professores, palestrantes, conferencistas e instrutores. Em linhas gerais, o recrutamento é de caráter temporário, e a remuneração dos serviços prestados pelos professores, palestrantes, conferencistas e instrutores é processada de acordo com a tabela de valores previamente aprovada.

A criação de Escolas do Legislativos, é talvez a mais nova forma de comunicação do Poder Legislativo com a sociedade, e de aprimoramento de suas competências com o intuito de bem servir o cidadão. É certamente uma inovação que deve estar na mente dos novos vereadores eleitos em 2016, com o intuito de valorizar as Casas Legislativas

Roberto Eduardo Lamari

Vice Presidente ABEL - Associação Brasileira das Escolas do Legislativo

Diretor da Escola do Parlamento da Câmara Municipal de Itapevi

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DOMÍNIO “.LEG.BR”A IDENTIDADE DO LEGISLATIVO CRIADA PELO INTERLEGIS

O Poder Legislativo brasileiro é formado por elevado número de instituições em todo o Brasil, integrado por volumosos quadros de pessoal, além de complexa rede de representações políticas. Para o cumprimento de sua missão que é a formulação do arcabouço legal, que rege o Estado brasileiro, as instituições que compõem o Poder Legislativo – Congresso Nacional, Assembleias Estaduais, Câmara Legislativa do Distrito Federal e Câmaras Municipais – necessitam, prioritariamente, assegurar padrões elevados de desempenho gerencial, técnico e administrativo. Simultaneamente, precisam manter processos e instrumentos permanentes de

articulação, capazes de promover, em níveis crescentes, a comunicação institucional de forma abrangente, ampla e flexível.

Tendo em vista a complexidade deste contexto, foi criado o Programa Interlegis, no âmbito do Senado Federal. Desde o seu início, vinte anos atrás, este programa inovador e pioneiro teve por objetivo apoiar o processo de modernização do Poder Legislativo brasileiro, em suas instâncias federal, estadual e municipal, buscando melhorar a comunicação e o fluxo de informação entre os legisladores, aumentar a eficiência e competência das Casas Legislativas, e promover a participação cidadã nos processos legislativos.

Francisco Etelvino Biondo

Coordenador de Planejamento e Relações Institucionais

Senado Federal | ILB | COPER

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A atuação do programa destacou-se por importantes ações que têm mantido um crescente aprimoramento dos processos e instrumentos de articulação e comunicação institucionais nas casas legislativas.

Dentre elas, destaca-se a elaboração de projeto técnico, em 2011, com o objetivo de viabilizar a criação e a adoção por todo o Legislativo brasileiro, do domínio .leg.br para os endereços da internet. O projeto foi desenvolvido pelos técnicos do Interlegis. Seu lançamento oficial ocorreu em 2012 pelos dirigentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas. A primeira Assembleia a usar o novo domínio foi a do Amapá e, entre as Câmaras Municipais, a pioneira foi a de Catanduva (SP). Hoje 1683 casas legislativas adotam o domínio.

A mudança além de trazer padronização evita os

problemas que muitas casas legislativas enfrentam para obtenção dos domínios. Muitas câmaras pagam para a sua obtenção – sendo que o Interlegis oferece o Portal Modelo (ferramenta que permite a criação de sites próprios para as casas legislativas) e a hospedagem sem custos (Portal Modelo e outros sistemas mantidos no datacenter do Interlegis). A adoção do .leg.br elimina, por sua vez, o problema de dependência em relação aos órgãos do executivo que fazem a gestão dos domínios, que as vezes criam dificuldades – e até cobram por isso.

Outro aspecto que deve ser considerado é político, de definição de esferas de Poder. O governo é o Executivo. Legislativo e Judiciário são poderes autônomos. Natural que cada um tenha – inclusive na internet – a sua identidade.

A solicitação do domínio .leg pela casa legislativa é simples e fácil. Basta acessar o site www.interlegis.leg.br e baixar o ofício de solicitação a ser assinado pelo Presidente do órgão solicitante (assembleias legislativas, câmaras municipais, tribunais de contas dos estados e dos municípios) e encaminhado, pelos correios, ao ILB.

ACESSE INTERLEGIS.LEG.BR

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PRESIDENTE DO IPADE RESPONDE DÚVIDAS CORRIQUEIRAS SOBRE A COMUNICAÇÃO NAS CÂMARAS MUNICIPAIS

Karina Kufa

Presidente IPADE

Instituto Paulista Direito Eleitoral

Os esforços das câmaras municipais em se comunicar com a população têm se intensificado ao longo dos últimos anos - a partir do aumento da demanda da sociedade civil por não apenas se inteirar acerca das pautas discutidas pelos legisladores do município, mas também por poder se sentir ouvida e poder contribuir com sugestões de seu interesse.

Nesse cenário, um dos principais fatores de dificuldade para a atividade comunicacional das câmaras brasileiras está no fato de que a maioria das equipes de comunicação ainda convivem com dúvidas diárias em relação à publicização de seu conteúdo - tanto no âmbito das redes sociais, quanto em veículos tradicionais de comunicação como jornal impresso, por exemplo.

Com o objetivo de tornar mais claros alguns dos procedimentos comunicacionais das câmaras brasileiras, entrevistamos especialista em direito administrativo e eleitoral e presidente do Instituto Paulista de Direito Eleitoral (IPADE), Karina Kufa.

Revista das Câmaras Municipais - Até recentemente, as prefeituras eram as responsáveis por fazer licitação de agência de propaganda. Hoje é recomendável que as Câmaras Municipais também façam?

Karina Kufa - Tanto as prefeituras com as câmaras municipais devem seguir as mesmas regras uma vez que são entes públicos. No caso específico de contratação de agência de publicidade as regras utilizadas são as previstas na

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Lei nº 12.232/10.Para saber quando utilizar esse regramento deve-se considerar serviços de publicidade o conjunto de atividades realizadas integradamente que tenham por objetivo o estudo, o planejamento, a conceituação, a concepção, a criação, a execução interna, a intermediação e a supervisão da execução externa e a distribuição de publicidade aos veículos e demais meios de divulgação, com o objetivo de promover a venda de bens ou serviços de qualquer natureza, difundir ideias ou informar o público em geral.

RCM - Para veiculação de conteúdo em mídias sociais protagonistas como Google e Facebook, é necessário licitação? Como pode ser realizado esse processo?

KK - As prefeituras e câmaras podem ter servidores com funções atribuídas para gerenciar as redes sociais ou terceirizar esse serviço. No segundo caso, poderá, sem dificuldades, incluir a contratação de links patrocinados, sem o risco da despesa ser questionada pelos órgãos de controle, já que todo o procedimento será realizado pela contratada desde que previsto em edital e contrato.

RCM - Para veiculação em jornais locais, em pequenos municípios onde - muitas vezes - existe apenas uma rádio e no máximo dois jornais impressos. O que é recomendável para se ter um caráter de interesse público e lisura na contratação de anúncios?

KK - No caso de haver apenas um veículo de comunicação não deverá haver licitação em razão da inviabilidade de disputa. Abrir procedimento licitatório, nesse caso, vai contra o princípio da economicidade, já que somente um licitante participará, até porque também não haveria o alcance da finalidade abrir para veículos que circulem em outros municípios.

RCM - Ações de interesse público de serviços da câmara municipal, tal como sites participativos, ouvidoria e escolas do legislativo, podem ter campanhas publicitárias?

KK - Qualquer órgão público pode ter campanha publicitária, inclusive é dever apresentar à sociedade uma prestação de contas das atividades realizadas, podendo, inclusive, também divulgar serviços de interesse da sociedade.

DIREÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOUVEIRA VOLTA A SER OCUPADA PELA SEGUNDA VEZ PELO MESMO PROFISSIONALJá estando à frente da direção da Câmara de Municipal de Louveira por uma gestão, o advogado especializado em direito público, político e eleitoral Marcelo Souza foi recentemente convidado para uma segunda gestão - confirmando o caráter diferencial de profissionais dotados de especializações em gestão legislativa.Personagens como Souza, que entendem à fundo a mecânica de uma câmara municipal, são capazes de melhorar as competências legislativas e administrativas da casa ao passo que a produtividade do mandato de um vereador é diretamente dependente de toda uma estrutura-suporte.

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Revista das Câmaras Municipais - Como se sente na experiência de assumir pela segunda vez o cargo de Diretor Geral da Câmara Municipal de Louveira?

Marcelo Souza - Vejo como outro grande desafio, tendo em vista que o momento político do país impõe uma nova dinâmica na administração público, a começar pelo aperfeiçoamento dos mecanismos de controle. O controle social dos órgãos públicos está a cada dia mais presente e exige do administrador respostas efetivas. Também, acredito que seja o reconhecimento do trabalho desenvolvido na primeira passagem.

RCM - Acredita que hoje em dia a administração está mais difícil pelo aumento do controle externo?

MS - Não é uma questão de dificuldade. O controle externo está previsto na constituição de 1988 e vem se aprimoramento com o passar do tempo. A tecnologia contribui para o aumento deste controle, vejo isto como uma forma de aumentar nossa vontade de sempre acertar. RCM - O que nesta gestão são os principais objetivos legislativos?

MS - O fomento da participação popular.RCM - Municípios em geral perderam arrecadação. Esse fato está atingindo também as Câmaras Municipais ? De que forma?

MS - Louveira vive uma situação atípica do restante do país, a queda da arrecadação não impactou o orçamento do legislativo, porém, acredito que os demais municípios, em especial os da nossa região, não vivem a mesma realidade. RCM - Qual a importância de uma equipe legislativa com conhecimento técnico para os resultados ?

MS - A Câmara de Louveira tem um corpo técnica de grande valia, historicamente, e nisto não tem relação com a minha primeira passagem, a Câmara sempre teve servidores dedicados e qualificados. Acredito que o conhecimento técnico e essencial para qualquer atividade do conhecimento e não é diferente dentro do poder legislativo. RCM - Escola Legislativa e Comunicação Legislativa hoje tem dia tem um papel mais relevante para a Câmara Municipal alcançar a sociedade ?

MS - A Câmara de Louveira tem diversos mecanismos visando a participação da sociedade. A Comunicação e a Escola do Legislativo são braços deste processo.

O papel do diretor de câmara municipal é criar um ambiente em que todos os mecanismos existentes nessa estrutura, bem como toda a equipe de trabalho, possam colaborar nessa direção - a fim de gerar a chamada ‘produtividade legislativa’.

O retorno de Marcelo Souza à direção da câmara de Louveira é - antes de tudo, uma testamento de que

toda a estrutura pública necessita de profissionais especializados, dotados de entendimento e imersão nos valores de determinado poder público para operar no sua melhor capacidade.Em entrevista concedida à Revista das Câmaras Municipais, Souza contou alguns dos principais objetivos de seu segundo mandato.

Marcelo Souza, mais umavez diretor da CâmaraMunicipal de Louveira

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“CIDADES EM REDE”

EVENTO REALIZADO

PELA CÂMARA DE AGUAÍ

EM PARCERIA COM A

FENALEGIS

O evento ocorreu na noite do dia 6 de abril na Câmara Municipal de Aguaí, com Plenário lotado de jovens, ativistas e Sociedade em geral, curiosos pelo tema proposto pela iniciativa. A ideia da Câmara Municipal e da Fenalegis era dar um primeiro passo para a formação de uma Escola Legislativa local. Para isso o evento mostrou o quanto o espaço legislativo pode ser facilitador para a formação e desenvolvimento dos cidadãos. Só a presença de dezenas de jovens provou o quanto as novas gerações podem ser atraidas para as estruturas públicas, desde que com temas atrativos e estimulantes para sua realidade.O evento foi prestigiado pela totalidade dos Vereadores da casa e também pelo Prefeito José Alexandre Araújo.

O primeiro palestrante da noite foi Tiago Melo, Community Manager da Associação Brasileira de Startups, que fez uma exposição da transição de um modelo de sociedade que tinha valores somente de sobrevivência e competição, para novos paradigmas da sociedade digital que tem como mote redes

colaborativas e idealização de soluções boas para quem empreende e para a vida de todos. Incentivou o empreendedorismo e as novas tecnologias como elementos de dinamização econômica para um novo ecossistema de prosperidade.

O segundo palestrante foi George Winnik, um dos coordenadores da Rede Nossa São Paulo, que apresentou o programa de ação “Metas Urbanas”, que visa induzir as cidades a terem governança criativa para o desenvolvimento sustentável e baseada em eficiência e qualidade de vida.

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Depoimento do Presidente da Câmara Municipal de Aguaí

Depoimento do Secretário da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Aguaí

Depoimento do Palestrante Tiago Melo, da ABStartups

Depoimento do Presidente da Câmara Municipal de Aguaí

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FENALEGIS E SERVIDORES DE CÂMARAS PROPÕEM A CRIAÇÃO DE ESCOLAS LEGISLATIVAS REGIONAIS

A iniciativa está lançada e cria excelentes perspectivas para a atuação dos servidores de Câmaras Municipais: a criação de Escolas Legislativas Regionais.

A decisão fez parte das decisões tomadas no Encontro de Servidores de Câmaras Municipais ocorrido em 15 de dezembro, em São João da Boa Vista. Presentes representantes das casas legislativas do entorno geográfico, refletiram sobre a necessidade de os servidores tam

A visão é de que, de forma geral, os legislativos municipais precisam reaproximar-se de expectativas da sociedade. É preciso melhorar a produtividade legislativa e ao mesmo tempo abrir mais as casas para a freqüência dos cidadãos e o debate mais assíduo sobre as cidades e seus problemas.

A Escola Legislativa RegionalA idéia da Escola Legislativa Regional visa suprir a ausência de condições de a maior parte das Câmaras Municipais terem suas próprias Escolas. Seja pelo fato de boa parte dos legislativos terem estruturas pequenas, quadros mínimos de recursos humanos, ou mesmo falta de condições financeiras e de colaboradores.

E o desafio de um Legislativo Municipal mais atuante é de todos e não apenas individual.

Muitas ações que podem ser feitas, sejam eventos, seminários ou cursos, para os quadros internos ou para a sociedade de forma aberta, raramente se viabilizam ou obtém sucesso sendo realizados em apenas um município. São muitos esforços, materializados apenas de tempos em tempos,com resultados esparsos.

A idéia leva em consideração também, o fato de que os problemas de cidadania e urbanos e sociais, cada vez são mais regionais e não exclusivamente locais. Podendo essa articulação intermunicipal, via escolas legislativas regionais, tornar-se núcleo de ação e inteligência na discussão de soluções.

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Convênios para Professores, Palestrantes e ApoiadoresCom a liderança da FENALEGIS, será montado um Menu de acordos de suporte e apoio para criação de um Banco em comum de Palestrantes, Professores e especialistas para participarem do evento e contribuírem para as ações de debates e pedagógicas.

Serão realizados convênios com Universidades, Institutos, Entidades Sindicais e Empresariais, e também com Escolas de Parlamento das grandes capitais, Assembleias, Câmara dos Deputados, Senado Federal e instituições de pesquisas, como IPEA, IBGE e outras.

A articulação conjunta permitirá uma programação intensa e rica de conteúdo, com mínimos custos.

A Escola Legislativa Regional Um

A iniciativa abrangerá tanto as Câmaras Municipais sem Escola Legislativa, como as que já possuem, mas desejem participar. Visto que entre as 150 existentes hoje no país, uma parte razoável tem dificuldades de montar sua programação de forma isolada ou individual, ou carece de equipe de trabalho.

A primeira Escola Legislativa Regional Um reunirá de 8 a 12 municípios do entorno de São João da Boa Vista. Serão municípios localizados próximos geograficamente, criando um calendário de eventos em comum.No primeiro momento está sendo idealizado um CICLO DE DEBATES de seis etapas, tendo Câmaras Municipais diferentes como sede a cada evento, discutindo temas de interesse público, e realizado em parceria com diferentes entidades representativas da sociedade civil.

Já está sendo elaborada uma agenda de reuniões de preparação, com um servidor representando cada Câmara Municipal, formando uma grande equipe de trabalho em comum e com interesse único e na mesma direção. A Escola Regional começa informalmente, como um Programa de Atividades conjunto, podendo tornar-se mais adiante em um convênio ou consórcio.

Mais informações sobre a formação de ESCOLAS LEGISLATIVAS REGIONAIS – Ligue para a FENALEGIS - Fone: 11 31059476 – [email protected]

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QUEM TEM MEDO DE DIVULGAR LICITAÇÕES? A TRANSPARÊNCIA A SERVIÇO DA ECONOMIA NA CÂMARA MUNICIPAL

Quando se fala em licitação no Brasil, os primeiros pensamentos que vêm à cabeça das pessoas é superfaturamento, desvio de dinheiro, jeitinho, esquema, enfim, tudo de pior que pode ocorrer no Poder Público. Em 2011, a Câmara Municipal de Curitiba enfrentou uma denúncia de corrupção nos contratos de publicidade da Casa, que envolveu funcionários e vereadores. O caso foi desmembrado em mais de 50 processos pelo Tribunal de Contas do Estado. Assim, todos os meses tínhamos alguma notícia negativa a respeito das licitações da Câmara.

Objetivos e açõesEm maio de 2015, a Diretoria de Comunicação da Câmara de Curitiba passa a noticiar, por iniciativa própria, todas as licitações do Legislativo, com reportagens, fotografias e postagens nas redes sociais em três momentos – na publicação do edital em jornal de grande circulação, na semana do pregão presencial ou eletrônico e na cobertura in loco do pregão com detalhes de preços ofertados pelas empresas.

FILIPI OLIVEIRA E JOSÉ LAZARO JR

Comunicação da Câmara Municipal de Curitiba

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Essas licitações já eram disponibilizadas no Portal da Transparência, mas não costumavam obter destaque no jornalismo legislativo praticado pela instituição. O impacto foi duplamente positivo: 1) Desde então, não houve nenhuma denúncia contra os processos licitatórios. Situação de gerenciamento de crise. Destaque para o pilar da Transparência via Jornalismo. 2) De acordo com um levantamento da Diretoria de Licitações, mais empresas passaram a se interessar pelos certames do que antes das divulgações jornalísticas, possibilitando maior concorrência e, consequentemente, baixando o preço dos produtos e serviços contratados. Destaque para o pilar da economia do órgão público.

ResultadosA primeira experiência realizada pela Comunicação da Câmara foi no processo licitatório de locação de veículos. O release foi publicado em todos os jornais, veiculado nas principais rádios e em algumas TVs.

O edital foi procurado no Portal da Transparência da Câmara por 67 pessoas de todo o Brasil, sendo que 17 empresas participaram do pregão presencial. Para se ter uma ideia da diferença, na última licitação realizada para locação de veículos, em 2011, 6 interessados retiraram o edital e apenas uma participou do pregão – a vencedora, sem concorrência.

Mesmo contratando dois carros a menos, num momento de crise da economia global, com o aumento do valor venal do setor automobilístico, a Câmara acabou pagando, em dois anos, R$ 1 milhão a menos, graças à estratégia de “ampla divulgação”. Essa economia expressiva garantiu a continuidade da divulgação de todas as licitações da Câmara Municipal. O projeto “Quem tem medo de divulgar licitações? A transparência a serviço da economia na Câmara Municipal” foi finalista do 10º Prêmio Sangue Bom do Jornalismo Paranaense, na categoria Assessoria de Comunicação.

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RÁDIOS E T V’S LEGISLATIVAS ESTREITAM RELAÇÃO ENTRE CÂMARAS E MUNICÍPIOSUma relação de transparência cada vez maior dos órgãos publicos com a sociedade civil tem se tornado um princípio cada vez mais fundamental desde a explosão das manifestações populares em junho de 2013.

A fim de atender essa demanda, as mais variadas instituições representativas do país passaram a tornar mais intensas as buscas por uma aproximação com o cidadão.

Nesse sentido, algumas Câmaras Municipais brasileiras apostaram em canais de comunicação próprios como Rádio e TV para não apenas comunicar as pautas diárias da atividade legislativa para a população, senão também - e talvez principalmente - para dar voz e espaço aos assuntos de interesse público que surgem do cotidiano dos moradores.

Para discutir a importância desses canais e a imperatividade de suas integrações com o ambiente da internet, conversamos com o Diretor de Comunicação da Câmara Municipal de Bauru-SP - município que é referência nacional no tema, Marcelo Malacrida.

Marcelo Malacrida, diretor de Comunicação da Câmara Municipal de Bauru-SP.

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1 - Qual o diferencial de uma Câmara Municipal possuir - ou não - Rádio e TV legislativa? O que esses veículos de comunicação primordialmente agregam?

O grande diferencial é, sem dúvida, o fato do poder legislativo produzir e difundir conteúdo e informação. É importante ressaltar também a garantia de transparência total a tudo que acontece no legislativo, sem cortes nem edição, afinal, todo o trabalho legislativo - sessões, audiências e reuniões públicas - é transmitido ao vivo, inclusive pela internet.

2 - O fato de a internet estar predominando como meio de informação nos dias atuais exige que TV’s e Rádios de Câmaras Municipais façam adaptação para o ambiente virtural?

A internet está incorporada às rotinas das emissoras legislativas, isso já é uma realidade. Tanto o Youtube quanto as redes sociais são utilizadas no dia a dia dos canais legislativos. Não se pensa mais comunicação sem a internet e suas ferramentas e nada mais natural que tv e rádio se apropriem delas.

3 - De que maneira os veículos de comunicação citados atuam na aproximação da Câmara Municipal com a sociedade?Na medida em que as demandas da sociedade vão

chegando às casas legislativas, os canais acabam se apropriando e, por mais óbvio que pareça, acaba aproximando a sociedade dos veículos. Os canais de comunicação abrem espaço ao cidadão que não tem voz nem vez em veículos comerciais.

4 - Na sua opinião, a política ideal de conteúdo é se fazer uma programação exclusiva sobre assuntos internos da Câmara Municipal ou também veicular um conteúdo prestador de serviço com assuntos da cidade como um todo?

Na minha opinião o conteúdo dos canais tem que priorizar o interesse público. São veículos do parlamento, portanto, assuntos que afetem a vida do cidadão tem que estar nas pautas das emissoras.

5 - Atualmente qual o investimento médio para se montar uma Rádio e/ou uma TV em uma Câmara Municipal?

O custo depende de uma série de fatores, portanto falar em valores pode ser perigoso. Porém, para dar um exemplo ao leitor posso citar o investimento feito em Bauru para a instalação da Rádio Câmara. A câmara de Bauru investiu R$ 600.000,00 na montagem da emissora. Esse valor remete ao custo da estruturas de estúdio e transmissão.

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QUEM QUER SER UM MIT – MUNICÍPIO DE INTERESSE TURÍSTICO?

Katherine Silva

Diretora da Identidade Consultoria em Turismo, Hospitalidade e Gestão Pública

Professora Universitária, há 15 anos, nos Cursos de Turismo, Hotelaria, Eventos, Gestão Pública

As notícias atuais de Turismo destacam: “...140 cidades paulistas irão receber o título de Município de Interesse Turístico...”, ou então “...o Estado de São Paulo destinará mais de meio milhão de reais às cidades de Interesse Turístico...”

É extremamente tentador às cidades pequenas e médias, com menos de 200 mil habitantes, receberem esse incentivo financeiro para investir no setor de Turismo. Até porque, para muitas destas, essa seria a única verba disponível a ser aplicada para o desenvolvimento da atividade.

Entretanto, o que tem gerado muitas dúvidas e alguns equívocos em torno do assunto não é somente QUEM pode ser tornar um “MIT”, mas acima de tudo COMO?

E é exatamente sobre isso que se propõe este artigo. Desde que a PEC 11/13 e o PLC 32/2012 foram aprovados, originando a Lei Complementar nº 1261, de 29 de abril de 2015 e a Emenda Constitucional nº 40 /2015 , respectivamente, os Municípios Paulistas considerados Turísticos passaram a contar com novas formas de classificação para assim disporem de aporte financeiro pela política pública de fomento e destinação de recursos do Tesouro do Estado, através do Fundo de Melhoria dos Municípios Turísticos do DADETUR – Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos.

Pela Lei Complementar, as 70 Estâncias classificadas desde 1947, como climáticas, balneárias, hidrominerais ou turísticas, passam a enquadrar como Turísticas apenas e a compor o grupo de Municípios Turísticos juntamente com os novos MITs - Municípios de Interesse Turístico.

Além disso, foram estabelecidos alguns critérios de classificação e reavaliação periódica, de modo a estimular que aquelas cidades que já foram classificadas, mantenham crescentes os investimentos e o desenvolvimento com relação à Qualidade do Setor de Turismo, a fim de, através de um ranking de pontuação, ocupem melhores posições, de modo a manterem o título.

Já aquelas menos pontuadas, em tese, deixarão de dispor da categoria de “Estância” e passarão a integrar o grupo de MIT. Vulgarmente falando, seriam enquadradas à ‘segunda divisão’ nesta disputa.

É importante destacar que, de forma analógica, mencionar primeira e segunda divisão neste artigo, não deprecia os municípios que compõem um grupo ou outro, mas sim objetiva transmitir ao leitor, a compreensão de que aqueles municípios denominados Estâncias, são considerados destinos turísticos mais evoluídos estruturalmente, já consolidados no mercado turístico, com poder motivador de deslocamentos e estadas de

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fluxo  permanente de visitante, além de possuírem expressivos atrativos turísticos de uso público  e caráter permanente, naturais, culturais ou artificiais, que identifiquem a sua vocação voltada para algum ou alguns dos segmentos turísticos detectados.

Em outras palavras, são as cidades que possuem mais elementos desenvolvidos no contexto da atividade turística, mais organizados, com qualidade e com fluxos de demanda mensuráveis, oferta estruturada e enquadrada nos preceitos de mercado entre outros em relação àqueles do grupo Mit, que se encontram em estágio inicial de desenvolvimento e planejamento governamental do Turismo.

Outro fator relacionado à Lei nº 1261/15 é adoção de um PRAZO pelo Governo do Estado de São Paulo para a classificação, que irá até abril de 2018. Logo, cotas, prazos e processos provocam a largada na corrida da Classificação Turística pelos Municípios Paulistas.

É sobre este aspecto que vamos tratar com mais detalhes.

A última consulta às bases de proposições da Assembleia Legislativa de São Paulo - ALESP, considerando o recorte do período de dezembro de 2016 a maio de 2017, evidenciamos alguns números curiosos. Mais de 150 cidades pleitearam através de diversos Deputados Estaduais o título de Interesse Turístico. Destes, até então, apenas 13% obtiveram êxito nas proposituras.

Agudos, Barretos, Brodowski, Buritama, Espírito Santo do Pinhal, Guararema, Iacanga, Jundiaí, Martinópolis, Monte Alto, Pedreira, Piedade, Rifaina, Rubinéia, Sabino, Sales, Santa Isabel, Santo Antonio da Alegria, Tapiraí, Tatuí foram as primeiras 20 cidades classificadas como Interesse Turístico até a data deste artigo, 30 de maio de 2017.

Agora, perguntamo-nos, e as demais?Porque permanecem em análise nas Comissões

da ALESP, ou foram devolvidas aos Deputados propositores ou ainda arquivadas?O cerne da questão mostra-nos ser referente aos requisitos documentais, necessários para o pleito, não apresentarem-se em conformidade ao Artigo 5º da Lei em pauta, o qual exige que a apresentação por qualquer Deputado deverá dotar, em síntese, dos seguintes documentos técnicos:

a) Estudo da Demanda Turística do ano anterior à apresentação do projeto

b) Inventário Turístico (Atrativos Naturais e Culturais, equipamentos  e serviços turísticos, serviços de apoio - atendimento médico  emergencial e de infraestrutura básica, porém essenciais à atividade turística)

c) Plano Diretor Municipal de Turismo - PDMT, aprovado pela municipalidade

d) Atas das  6 (seis) últimas reuniões do Conselho Municipal de Turismo, devidamente registradas em cartório, demonstrando sua atuação.

e) Ofício Requerimento do Prefeito, solicitando ao Parlamentar a classificação de MIT.

Protocolado pelo Deputado, a propositura seguirá para as comissões responsáveis da ALESP, incumbidas de apreciar e encaminhar o Projeto de Lei com  os referidos documentos à Secretaria de Estado  de Turismo, para manifestação quanto ao cumprimento dos requisitos estabelecidos  na lei complementar, com posterior devolução à ALESP para seguir o rito necessário, e prosseguimento ao Governo do Estado para sanção e efetiva classificação.Diante deste trâmite, a grande maioria dos municípios que solicitaram aos Deputados para se tornarem MITs, não dispunham de todos os requisitos documentais necessários, ou não foram apresentados em conformidade técnica. Por estes motivos, foram devolvidos ou arquivados logo na primeira etapa processual.

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Detectadas as razões, destaquemos então a questão dos documentos necessários ao pleito de MIT:

O artigo 5º mensura também que o PDT seja realizado pela  Prefeitura Municipal em convênio com órgão público estadual,  federal, instituição de ensino superior ou entidade especializada, essa observação se deve ao fato de que o Plano Diretor de Turismo é um instrumento legal de planejamento governamental da atividade turística de um município e, para tanto, deve seguir uma metodologia científica validada de elaboração.

Detém de um processo metodológico de Inventariação, hierarquização de atrativos turísticos, pesquisas de demanda e opinião pública, audiências públicas, consultas ao Plano Diretor da Cidade e às Leis municipais relacionadas à atividade, diagnósticos e prognósticos, os quais, os especialistas de Turismo e Hospitalidade devem estar aptos a realizar para, inclusive, assinar as laudas técnicas decorrentes.

Todos esses elementos do processo de planejamento turístico permitirão diagnosticar e evidenciar os aspectos indispensáveis para classificação que trata o Artigo 4º do capitulo III, como por exemplo:

O(s) potencial(s) turístico (s) conforme a(s) segmentação(ões) (Turismo Social; Ecoturismo; Turismo Cultural; Turismo Religioso; Turismo de Estudos e de Intercâmbio; Turismo de Esportes; Turismo de Pesca; Turismo Náutico; Turismo de Aventura; Turismo de Sol e Praia;Turismo de Negócios e Eventos; Turismo Rural; Turismo de Saúde),

Um conjunto mínimo de serviço médico emergencial, equipamentos e serviços turísticos (meios de hospedagem  no local ou na região, serviços de alimentação e serviço de  informação turística, e suas características),

Dispor de infraestrutura básica capaz de atender a população local e a de visitantes no que se refere a abastecimento de água potável e coleta de resíduos sólidos, e outros. Além disso, baseando-se nos aspectos de

elaboração participativa, considerada a ideal, a municipalidade precisa dar a devida publicidade, transparência e promover meios para envolver a sociedade local e a iniciativa privada no processo, de modo que a construção do PDT seja a mais fiel face às necessidades de desenvolvimento daquela destinação.

Por outro lado, como é necessária a existência de um COMTUR - Conselho de Turismo e atuante, é fundamental engajar e estimular a participação dos conselheiros nas etapas de desenvolvimento do plano diretor de turismo para que, em consonância, promovam discussões e deliberações em suas sessões mensais, de modo que, sendo no contexto do coletivo, sejam consideradas no planejamento.

Neste momento, audiências, fóruns, seminários, oficinas e discussões em grupos sobre o instrumento em si deverão ser promovidas, para que os cidadãos tenham diversas oportunidades de participação. Posteriormente, esse instrumento deverá ser submetido à apreciação do COMTUR para aprovação e seguir para o Poder Legislativo, para aprovação da Edilidade.

Tramitado a contento, a prefeitura, juntará os demais quesitos e encaminhará para a ALESP, como elucidado inicialmente, a fim de tramitar o então desejado pleito de MIT.

Sendo assim, Municípios Paulistas, avancem na jornada rumo à conquista do Título de Município de Interesse Turístico!

Mas acima de tudo, elaborem o Plano Diretor de Turismo de forma participativa e em conformidade com as demandas locais, não se esquecendo de traçar fielmente as estratégias de desenvolvimento baseadas na sustentabilidade econômica, social e ambiental da municipalidade, permitindo o desenvolvimento econômico da localidade, a valorização e conservação de suas riquezas naturais e culturais, a valorização da Identidade do Destino e o engajamento dos cidadãos em todo o processo, já que as cidades são para os cidadãos, deste modo, sucesso a todos!

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PRESIDENTE DA ABEL TRAÇA PANORAMA DAS ESCOLAS DO LEGISLATIVO NAS CÂMARAS MUNICIPAIS BRASILEIRASFundada no ano de 2003 a Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas (ABEL) se consolidou como um dos principais agentes de promoção de aperfeiçoamento das atividades legislativas por meio da realização de eventos educativos de formação, capacitação e qualificação dos servidores da administração pública nacional.

Com o agravamento da crise de representatividade de nossas instituições junto à sociedade civil, o já importante trabalho desenvolvido pela ABEL tem tomado dimensões cada vez fundamentais ao passo que orienta o servidor das casas legislativas a atuar como um verdadeiro guardião dos interesses do cidadão em processos e operações diárias, além educa-lo sobre formas de utilizar as mais variadas formas de comunicação no fortalecimento do elo entre a chamada ‘casa do povo’, ou seja - as casas legislativas, e a população.

A fim conhecer detalhes sobre a atuação das escolas do legislativo nas câmaras municipais ao redor do Brasil, seus diferenciais e ações futuras, conversamos com o presidente da ABEL, Florian Madruga.

Florian Madruga, presidente da ABEL

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Revista das Câmaras Municipais: Hoje, qual a receptividade da abertura de escolas do legislativo em câmaras municipais. Quantas existem atualmente?

Florian Madruga: O processo de abertura de Escolas do Legislativo e de Contas no Brasil tem sido gradual e constante desde a fundação da ABEL em 2003. Hoje temos Escolas em todas as Assembleias Legislativas, em todos Tribunais de Contas. Em Câmaras Municipais, temos cerca de cem. Poderíamos ter mais? Sim, mas a consolidação da cidadania e do ordenamento democrático não é tão rápido quanto gostaríamos que fosse, mas os legisladores municipais estão sensíveis à necessidade de investir em Educação

RCM: Que diferença a Escola do Legislativo pode fazer para os quadros internos? De que forma ela atua?

FM: Uma Câmara que tenha uma Escola ativa e que investe em treinamento e qualificação, certamente é muito mais eficiente e comprometida com a qualidade do processo legislativo, com o assessoramento aos parlamentares e com os serviços prestados à comunidade.

RCM: Muitas escolas legislativas estão se dedicando a fazer eventos abertos para a sociedade - nas áreas de política, liderança e formação. Isso pode ser considerado uma tendência?

FM: Não há modismos ou tendências quando o assunto é educação. A expansão das atividades das Escolas das Câmaras é um movimento natural de aproximação da comunidade.

RCM: As escolas legislativas vão manter a atuação estritamente presencial ou pouco a pouco devem

entrar também na modalidade EaD?

FM: Muitas Escolas já investem há bastante tempo em EaD. As modalidades de ensino devem ser utilizadas em conjunto ou separadamente a partir do projeto pedagógico de cada Escola.

RCM: Troca de legislatura - novos vereadores e deputados - é momento fundamental de participação das escolas do legislativo?

FM: Sim. Também faz parte das atribuições das Escolas dar suporte aos novos quadros que chegam às Casa Legislativas, sejam parlamentares, sejam assessores.

RCM: Quais são os temas que podem fazer a diferença nas atividades das Escolas do Legislativo?

FM: Qualquer tema que foque na construção da cidadania e na evolução política dos parlamentos faz a diferença.

RCM: A Abel possui algum banco de ações, formatos de eventos e cursos que as escolas podem acessar?

FM: Anualmente a ABEL promove dois eventos de âmbito nacional para promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências entras as Escolas associadas. O primeiro evento do ano é sempre realizado em parceria com a União Nacional dos Legisladores – Unale, a exemplo do XXIX Encontro que vamos promover agora em junho em Foz do Iguaçu. A ABEL também tem um papel essencial na construção de parcerias entre as Escolas e outras instituições que reconhecidamente ofereçam técnicas, ferramentas e outras bases educacionais

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ADOTE UM VEREADOR: É BOM PRA VOCÊ, MELHOR AINDA PRA SUA CIDADE!

Fazia frio. Muito mais frio do que qualquer outro sábado dos muitos que já nos serviram de abrigo para as reuniões mensais do Adote um Vereador, em São Paulo. E lá no Pateo do Collegio, centro da cidade, nosso ponto de encontro, o café é do lado de fora, voltado para o vale. A nos proteger por um lado, havia a parede histórica, de 1585, a que restou das primeiras construções dos jesuítas, e de outro, três lonas brancas estendidas de alto a baixo. O restante era a nossa cara e coragem. E isso nunca fez falta à turma do Adote.

Desde que iniciamos o projeto, quase que por acaso, em 2008, foi sempre uma luta e esta de enfrentar o frio, como na última reunião que fizemos, podemos garantir, é a mais fácil de ser vencida. Um bom café

preto, acompanhando do Pão do Padre e um pouco de manteiga, são suficientes para a reunião seguir em frente. O calor vem da animação de cada um dos participantes - uma gente disposta a contar novidades, expor sua indignação e arriscar palpites de como podemos ajudar nossa cidade e nossa política serem melhores.

Em torno da mesa do café, nem todos são integrantes do Adote um Vereador. Muitos atuam em associações de bairro, conselhos de segurança, de parques ou das prefeituras regionais. Um pessoal que vai até lá para compartilhar o que pensa e aprender com a experiência dos outros. Com certeza, nós aprendemos muito mais com eles, até porque somos poucos, apesar de existirmos há nove

Milton Jung

Jornalista idealizador da Plataforma “Adote um Vereador”

Âncora do jornalismo matutino da Rádio CBN

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anos. Nesse tempo todo, tivemos mais ou menos adesões, alguns persistiram, outros mudaram sua forma de atuar e houve quem desapareceu, tendo ou não deixado alguma saudade.

Uma das nossas lutas é fazer o cidadão entender que o Adote não é uma associação com estatuto e regras a serem cumpridas. Ou uma organização não-governamental que promove campanhas e controla a atuação de seus representantes. O Adote é, por assim dizer, uma não-organização não- governamental. Somos apenas uma ideia que queremos espalhar entre os cidadãos para que eles se entusiasmem e passem a prestar atenção na forma como a política é feita na Câmara Municipal. E essa tem sido talvez nossa principal conquista, pois, a partir da ideia lançada em São Paulo, outras cidades têm desenvolvido ações com o mesmo nome ou com nome próprio, e o mesmo objetivo: fiscalizar o trabalho dos vereadores.

A Adote surgiu ao percebermos que o eleitor paulistano não se identificava com os vereadores que tinham acabado de ser eleito, lá em 2008. Não os reconheciam como seus representantes porque não tinham votado neles. Fácil de entender: levando em consideração os eleitores que votaram nulo ou em branco, foram às urnas mas não elegeram o seu candidato ou não compareceram, chega-se a um resultado preocupante: somente três de cada 10 paulistanos votaram num candidato e o elegeram. Este cenário pode ficar pior: imagine que parte dos que votaram e elegeram, o fizeram a pedido de um amigo ou porque eram obrigados. Sequer sabiam quem era aquele cara que apareceu na tela da urna eletrônica.

O problema é que, goste ou não, o vereador eleito passa a ser nosso representante. Ele faz ou aprova leis que podem impactar a nossa vida. E o faz usando dinheiro público, o nosso dinheiro. Diante disso, temos o dever de acompanhar de perto o que aquela turma está fazendo lá na Câmara, o que eles estão propondo, discutindo, votando e gastando.

Assim, se você não tem um vereador eleito, adote um. Sim, escolha um dos eleitos e se comprometa a acompanhar o mandato dele. A escolha é aleatória, pode ser um vereador do seu bairro, um que trate de assuntos que você considere importante, alguém que você não goste e decida ficar no pé dele.

A partir dessa sua escolha, preste atenção no trabalho que o vereador adotado está realizando. No site das câmaras municipais, na maioria das cidades brasileiras, é possível saber quais os projetos de lei que ele apresenta, como ele votou nos diferentes temas discutidos, se ele comparece as sessões ou nas comissões e, até mesmo, quanto ele gasta para manter o seu mandato. Se o site da câmara na sua cidade não tem isso, você já tem aí uma boa briga. Para que outras pessoas possam se beneficiar desse seu trabalho, publique essas informações em blog, site ou em redes sociais. Publique exercendo seu pensamento crítico, apoiando, sugerindo ou criticando as informações que você apurou.

Das muitas lutas no nosso caminho, além de convencer o cidadão que ele tem o dever de fiscalizar, monitorar e controlar o trabalho do vereador, está a de fazer os parlamentares entenderem que eles têm a obrigação de tornar transparentes seus atos e os da Câmara. Tornar transparentes não é publicar informação. É publicar informação de maneira acessível, sem as barreiras da tecnologia ou da burocracia. É facilitar a vida do cidadão oferecendo a ele informações de maneira simples, direta e objetiva. Percebe-se que em alguns casos até existe a boa intenção de servidores e legisladores, mas o desconhecimento torna complexa uma operação que precisa ser simplificada. Por isso, se você é vereador ou trabalha na câmara municipal em vez de se distanciar daqueles que se propõem a fiscalizar o legislativo, abra seus ouvidos, entenda as demandas e experiências deles e aplique este conhecimento no seu serviço ou mandato.

Vai ser bom pra você; melhor ainda para a nossa cidade!

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PRESIDENTE DA CM DE BRAGANÇA PAULISTA, BETH CHEDID, REFLETE SOBRE PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA NACIONALO empoderamento feminino e a luta das mulheres por uma condição mais igualitária está ganhando destaque nos mais variados setores da sociedade ocidental.

No Brasil essa tentativa de mudança de paradigma é também uma das principais preocupações no mundo político. Embora no ano de 2010 o país tenha elegido sua primeira presidente, a representatividade da mulher nos cargos de poder - sobretudo no âmbito do legislativo, ainda é ínfima quando comparada ao número de homens que atualmente ocupam essas posições.

Não por acaso, entidades representativas e personalidades do direito tem discutido cotas diversificadas que possam impulsionar o ingresso das mulheres nos cargos eletivos da política.

Um desses exemplos é a obrigação de que 30% dos candidatos sejam do sexo feminino, estabelecida na Lei das Eleições (Lei 9.504/1997), que aumentou em apenas três pontos percentuais a participação

delas na Câmara e no Senado (de 7% em 1997 para 9,9% em 2015), conforme aponta pesquisa da União Inter-Parlamentar.

Mesmo com esse avanço gradual, o Brasil ainda ocupa o preocupante 116º posto no ranking de representação feminina no legislativo, ficando atrás de países que restringem direitos de mulheres como Arábia Saudita, Somália e Jordânia.

Uma das exceções à esse cenário ‘patriarcal’, a Presidente da Câmara Municipal de Bragança Paulista - Beth Chedid, conversou com a reportagem da revista das câmaras municipais, opinando sobre algumas formas de melhoria desse cenário, os próximos passos das mulheres na política tupiniquim e o desafio de presidir uma câmara municipal de modo geral.

Além disso, Beth comentou sobre os resultados do recente congresso legislativo que reuniu cerca de 600 mil cidadãos dos 16 municípios integrantes da região bragantina.

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1) São muitos os desafios atualmente quando se ocupa o cargo de presidente de câmara municipal? Sim, são muitos. Penso que o principal é ter a responsabilidade, diante da sociedade, da defesa da instituição, especialmente diante desse período de crise política nacional. A credibilidade dos políticos está abalada. Outra dificuldade é estar à frente de uma Câmara com um número considerável de vereadores. Em Bragança somos 19, ao todo. Ter um consenso e ordenar o funcionamento da Casa de forma democrática, unindo situação e oposição para ter um diálogo proveitoso em prol da cidade sem dúvida é duro. Temos que lutar para que as diversidades de ideologias sejam unificadas na contribuição para o desenvolvimento da cidade, na busca pelo interesse público. Esses são alguns dos dilemas que a função de presidente traz.

2) Como uma mesa diretora nova pode fazer a diferença na gestão legislativa para sua cidade?Particularmente, na Câmara de Bragança Paulista, pela primeira vez a Mesa Diretora é presidida por uma mulher. Esse é um grande desafio. A política ainda é um universo machista. Estar tomando a frente de decisões que repercutem dentro do

parlamento e fora dele mostra como a mulher pode fazer a diferença onde estiver.

3) Recentemente foi feito um congresso legislativo na região cujo o anfitrião foi a câmara de Bragança Paulista, qual sua avaliação sobre esse evento? O evento foi muito produtivo. Nesta oportunidade abrimos as portas de nossa Casa para cerca de 600 mil cidadãos, que são o total de habitantes que compõem os 16 municípios da Região Bragantina. Tivemos presença maciça da região, municípios do entorno e outros até um pouco mais distantes. Discutimos questões intrínsecas ao Poder Legislativo, como controle e fiscalização. Na oportunidade também pudemos firmar o papel de Bragança como sede de região, o que foi muito valioso.

4) Acredita que a função de vereador está um pouco subestimada no momento, sobretudo por conta do desgaste de representatividade nos últimos anos? Qual sua avaliação sobre esse cenário? Como mudá-lo? Realmente o momento é muito delicado. A credibilidade política está seriamente abalada. Durante o congresso realizado em nossa Câmara tivemos a

Beth Chedid, presidente da Câmara Municipal de Bragança Paulista.

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oportunidade de estar instalando aqui a Escola do Parlamento. Sem dúvidas, esse será um instrumento muito útil para aproximar o eleitor do eleito, o cidadão e a Câmara. Com a Escola poderemos motivar o cidadão a conhecer mais sobre o papel da Câmara e até mesmo fiscalizá-la de uma forma melhor. Entender o que o cidadão pode fazer para cobrar o vereador, quais reivindicações pode apresentar para cidade. Logicamente que o valor do vereador está subestimado, mas muito pouco se fez para superestimá-lo.

5) A mulher na política ocupa o espaço devido ou precisa ganhar mais espaço? Como fazer com que elas ocupem um número cada vez de cargos públicos? A mulher não ocupa o espaço merecido, ainda precisa ganhar mais destaque. Temos hoje, por exemplo, as cotas partidárias. No meu entendimento, esta é uma alternativa válida. Porque obrigam os partidos a buscarem na comunidade, nas associações de bairro, nas entidades, mulheres que possam vir a fazer a diferença. Acho que a mulher tem um olhar mais cuidadoso sobre as questões éticas e morais. Pelo papel que desempenha como mãe, muitas vezes também como chefe de família, as mulheres acabam desenvolvendo um olhar diferente, de responsabilidade, seriedade e afinado com a população. Aos poucos vamos ganhando espaço. As cotas são sim um começo, uma abertura de possibilidades, mas ainda somos um número

tímido. As questões éticas e de corrupção assustam muito a mulher. Há ainda o medo de entrar na política e ser taxada como corrupta ou antiética. Só participando é que poderemos mudar esse quadro. Temos que, através do nosso trabalho, dar força para que outras mulheres possam se interessar. Vejo aqui a possibilidade de abrir caminho para que depois de mim venham outras e outras presidentes de câmara mulheres, para que possam mostrar seu trabalho digno e força moral.

6) O que, na sua condição de mulher protagonista, você acredita que pode ser feito diferente na política para amenizar um sistema considerado tão antiquado quanto o brasileiro? A mulher precisa aprender a demonstrar a força do seu trabalho, sua competência nas ações de gerência, direção e coordenação. Através desse trabalho e dos resultados vindos dele poderemos atrair mais mulheres. Temos que demonstrar que uma mulher na condição de chefia/direção pode ser respeitada pelo que desempenhou. Vemos hoje as mulheres ganhando menos e desempenhando os mesmos trabalhos que os homens. Há muito que se discutir em torno de tudo isso, mas só conseguiremos esse diálogo através de trabalho, do exercício do poder, do desempenho da função. Através de nós mulheres, que mesmo em pequeno número já conseguimos essa mudança, temos que mostrar para as outras que vamos fazer a diferença e mudar a sociedade que aí está.

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