revista da abp

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Planetaria Revista da Associação Brasileira de Planetários Planetaria Revista da Associação Brasileira de Planetários Solstício de verão - 2013 O que é mesmo um planetário? Sente-se confortavelmente e embarque nessa viagem CBERS-3 O que você deve saber sobre o fracasso no lançamento do satélite Setestrelo As muitas histórias de um dos aglomerados mais notáveis do céu Associação Brasileira de Planetários DISTRIBUIÇÃO GRATUITA VENDA PROIBIDA Dez/2013 - N o 0 - Vol. 0 OS PIONEIROS Quem foram os primeiros do mundo Número zero E MAIS

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Revista Da ABP - Associação Brasileira de Planetários.

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  • PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    Solstcio de vero - 2013

    O que mesmo um planetrio?Sente-se confortavelmente e embarque nessa viagem

    CBERS-3O que voc deve saber sobre o fracasso no lanamento do satlite

    SetestreloAs muitas histrias de um dos aglomerados mais notveis do cu

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    OS PIONEIROS

    Quem foram os

    primeiros do mundo

    Nmero zero

    E MAIS

  • PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

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    2013

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    mONTEVIDUUruguai abriga o primeiro planetrio da Amrica Latina.16

    PLANETRIO ADLERChicago tem o primeiro planetrio do Ocidente.14

    IBIRAPUERATradicional bairro paulista recebeu o primeiro planetrio do Brasil.20

    SumrioINTRODUO

    O que mesmo um planetrio .......................... 06Sob uma cpula, voc enxerga um cu estrelado e v at alguns corpos celestes de perto - mas voc no est olhando atravs de um telescpio.

    OS PIONEIROS

    O primeiro planetrio moderno ......................... 10O que era para ser um projeto de poucas unidades, talvez apenas uma, se tornou objeto de desejo de muitas cidades no mundo.

    O planetrio Adler ...................................................... 14O primeiro do hemisfrio ocidental ganhou o nome de um empresrio que doou um museu inteiro para a cidade de Chicago.

    O planetrio de Montevidu ................................. 16Mquina de grande preciso e rara beleza, o mais antigo do mundo em funcionamento ininterrupto.

    Um planetrio para So Paulo ............................. 20Sua histria comea anos antes da inaugurao, com um grupo de apaixonados por Astronomia.

    RESENHA

    HIGGS - The Invention and Discovery of the God Particle ................................................................... 23Publicao, ainda indita no Brasil, impressiona por sua atualidade e leveza de estilo.

    O CU

    Setestrelo ........................................................................ 24As muitas histrias de um dos aglomerados estelares mais belos e notveis do cu noturno.

    COLUNA: O ALIENGENA

    O fracasso do CBERS-3 ............................................ 26Lies que os brasileiros ainda precisam aprender sobre o nosso programa espacial.

    PLANETRIO DE JENANa Alemanha Oriental, surge o primeiro planetrio moderno

    I just love it when all the concept comes together

    Em algum lugar, alguma coisa incrvel est esperando para ser encontrada Carl Sagan

    Voc acaba de descobrir uma.

    A Associao Brasileira de Planetrios incentiva e ajuda rgos pblicos e privados na instalao de novos planetrios, promove encontros e atividades para estimular o trabalho dos j existentes

    e divulga a importncia educacional desses espaos - que atingem um pblico de milhares de professores e milhes de jovens pelo pas.

    Anuncie aqui e faa a sua marca se encontrar com esses lugares incrveis. Seja parceiro da PLANETARIA - a revista da ABP.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE PLANETRIOSFale conosco [email protected]

    PlanetariaDez/2013 - No 0 - Vol. 0

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  • PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    Solstcio

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    2013

    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    EditorialA passagem do tempo, em nossa cultura, medida preferencialmente por

    ciclos. Uma rotao, uma lunao, uma revoluo. S para citar os mais corri-queiros e conhecidos E quando no h ciclos, ns os criamos. Antes de Cris-to, depois de Cristo; Era Comum; ab urbe condita e tantos e tantos outros.

    Ciclos nos so importantes.

    Com esta nova edio da revista da Associao Brasileira de Planetrios, ABP, iniciamos um novo ciclo. No esqueam o que foi feito antes, no ig-norem os esforos passados. Mas encarem isso no como a continuao de algo j em andamento, mas sim como o incio de um novo ciclo. Da Diretoria envolvida com a tentativa prvia de fazer uma revista restou apenas um nome. E so os novos nomes que trazem, claro, a novidade. deles o mrito deste trabalho.

    E para marcar o incio de um ciclo, fizemos uma edio de origem. Tudo novo, tudo novidade. A comear pelo nome. Nossa meta ambiciosa, como deveria ser para aqueles que fazem do Universo seu campo de trabalho. Queremos a nova revista da ABP nas mos de todos os nossos associados. Mas queremos mais. Queremos atingir novos pblicos. Queremos estar nas escolas, estimulando os professores a nos visitar em nossas instituies. Queremos estar com os alunos, instigando sua curiosidade. E queremos o pblico geral, nos tornando uma alternativa legtima de publicao em divul-gao cientfica.

    Com isso em mente, o nome Revista da ABP j no nos parece adequa-do. E desta inadequao surgiu a Planetaria, assim mesmo, sem acento, remetendo ao plural, em latim, de planetrio. Mas, claro, trazendo uma liga-o direta ao adjetivo que remete aos planetas em geral e Terra em parti-cular. Quem sabe um dia nossa revista se torne realmente planetria?

    Esperamos que nos prximos nmeros, continuemos trazendo novidades. Queremos tambm que a revista deixe de ser novidade, que faa parte do cotidiano de nossos leitores. Sempre com novidades, mas sem ser uma no-vidade. Esperamos que esta revista seja a primeira de um novo ciclo. Um novo e longo ciclo.

    Aproveitem.

    ALEXANDRE CHERMANDiretor-Presidente da ABP

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE PLANETRIOS

    DIRETOR-PRESIDENTEALEXANDRE CHERMAN

    DIRETOR FINANCEIROBASLIO F. FERNANDEZ

    DIRETOR TCNICO-CIENTFICOSANDRO GOMES

    DIRETOR DE COMUNICAO E MARKETINGJOS ROBERTO V. COSTA

    SEDE E SECRETARIAPlanetrio da Univ. Federal de GoisAv. Contorno No 900, Parque Mutirama Goinia/GO - 74055-140 Fones (62) 3225-8085 e 3225-8028Web: www.planetarios.org.br

    REVISTA PLANETARIA

    EDITOR-CHEFEJOS ROBERTO V. COSTA

    EDITORES ASSOCIADOSALEXANDRE CHERMANSANDRO GOMES

    REDATORJOS ROBERTO V. COSTA

    DESIGN GRFICOSANDRO GOMES JOS ROBERTO V. COSTA

    JORNALISTA RESPONSVELMARCUS NEVES FERNANDES

    COLABORADORES DESTA EDIOFERNANDO VIEIRAMARK WEBBALEJANDRO CASTELARPAULO GOMES VARELLA MARCO TLIO PIRES

    Para colaborar com textos, comentar ou ANUNCIAR entre em contato pelo [email protected]

    Planetaria

    Mensagem do

    PRESIDENTE

    J perdi a conta de quantas revistas da ABP tive o prazer de lanar. Mentira. Frase extremamente hiperblica para causar impacto e tentar angariar a empatia do leitor. Pron-to. Confessei. Esta o terceiro nmero de estreia da revista da ABP...

    Mas certamente esta a primeira vez que o fao como Presidente desta Associao. O que me d uma grande responsabilidade, certamente, mas tambm me coloca no confortvel assento do passageiro, vendo os esforos her-cleos da dupla Sandro e Jos Roberto (respectivamente o Diretor Tcnico-Cientfico e o Diretor de Comunicao da ABP) para guiar esta iniciativa. Parabns, meus caros. O mrito todo de vocs.

    Especialmente porque na reta final eu sei que fui um colega ausente. Literalmente ausente. Entre agosto e se-tembro tive a oportunidade de viajar para lugares interes-santes, e o que me levou a isso foi o meu trabalho, tanto no Planetrio do Rio quanto como Presidente da ABP.

    Nos dias 9 e 10 de agosto, participei da Reunio de Conselho da IPS (International Planetarium Society), na ci-dade de Bolzano, na Itlia. Entre muitas coisas que foram tratadas nesta reunio, houve a escolha para a sede da Conferncia da IPS em 2016. Entre Toulouse, Edmonton e Varsvia, ganhou a capital da Polnia. (S para lembrar, em 2014 a reunio ser em Beijing.)

    Aproveitei a viagem para tirar frias com a famlia, verdade, mas no deixei os planetrios de lado. Tive a chance de visitar alguns. Entre os que mais me chamaram a ateno, o Planetrio de Roma, com sua programao que oferece 68 sesses distintas (sim, SESSENTA E OITO! Todas ao vivo!) e um planetrio recm-inaugurado na pe-

    quena cidade francesa de Saint Homer, que fica em um

    bunker da poca da Segunda Guerra Mundial.

    Logo depois fui a Hilo, no Hava, para participar do Imi-

    loa Fulldome Film Festival. Em trs dias, assisti a 25 ses-

    ses de planetrio. Ainda bem que eu sou apaixonado por

    isso! (E, claro, enquanto estava l, consegui subir ao topo

    do Mauna Kea para visitar os observatrios. Sonho reali-

    zado, embora eu tenha sofrido bastante com a altitude)

    E enquanto eu fazia tudo isso (sem custos para a ABP,

    bom ressaltar), meus colegas de diretoria tocavam as

    coisas por aqui. E que excelentes colegas! Mais uma vez,

    para eles, meus parabns e um muito obrigado!

    ALEXANDRE CHERMANDiretor-Presidente da ABP

    Pblico alvo

    Revista da Associao Brasileira de Planetrios se destina

    a estudantes, educadores e pessoas interessadas na aplicao de novas

    tecnologias educao.

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    Solstcio

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    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    O que mesmo um

    Planetrio?H quem os confunda com observatrios, mas o que acontece sob aquela cpula pode nos levar muito mais longe no espao e no tempo.

    Sob uma cpula, como uma grande semiesfera emborcada sobre sua cabea, voc v uma mirade de corpos celestes num cu extraordinariamente limpo, sem nuvens e pode at se aproximar de alguns deles, observando em detalhes que voc nem imaginava que existiam. E no. Voc no est olhando atravs de um telescpio.

    Muitos planetrios, assim como os observatrios, se caracterizam externamente pela cpula, mas, note bem, a dos planetrios no se abre para o cu. O espetculo todo acontece l dentro. Dentro de um planetrio muitas vezes tambm h um instrumento complexo, situado bem no meio daquela sala circular. Mas nos planetrios a cpula inteira age como uma tela de projeo. E ao contrrio do observatrio, quer chova l fora ou no, o planetrio funciona, mostrando uma simulao do cu noturno.

    E no uma simulao qualquer. Um planetrio tambm age como uma mquina do tempo, permitindo acelerar ou atrasar os ponteiros do relgio, fazendo com que minutos, horas ou anos passem muito rpido. Tambm pode fazer voc se sentir numa grande nave, que o leva a ver o cu de diferentes lugares da Terra ou do espao sideral.

    Por que Astronomia?

    Os planetrios fazem uso da Astronomia para divulgar cincia. Por que Astronomia? Porque essa cincia possui uma particularidade nica: a Astronomia engloba muitas outras cincias, transformando-se no mais interdisciplinar de todos os ramos do conhecimento humano.

    JOS ROBERTO DE VASCONCELOS COSTADiretor de Comunicao e Marketing da ABP

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    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    na cpula, mas tendo viajado ao tempo dos dinossauros, conhecido o mundo subaqutico ou o estranho universo das clulas e das partculas ainda menores que as compem. Entre inmeras outras possibilidades.

    Incomparvel

    O fato que no importa se voc visita as instalaes de um moderno equipamento digital ou de um modelo clssico. O planetrio um aparelho didtico-pedaggico incomparvel e sua evoluo tecnolgica apenas consolida sua capacidade de percorrer tantas reas do conhecimento humano, preenchendo lacunas da formao tradicional e, sobretudo, inspirando jovens e adultos na busca pelo saber.

    O Brasil ainda est aprendendo a

    reconhecer o valor dos planetrios. Apesar do primeiro deles ter sido inaugurado em 1957 e de percebermos um notvel acrscimo na ltima dcada, eles ainda so relativamente poucos e mal distribudos. Assim como outros espaos para difuso do conhecimento cientfico e tecnolgico.

    A boa notcia que isso est mudando. E se depender de ns, planetaristas (como so chamamos os que trabalham com educao no ambiente dos planetrios) no vai faltar vontade de continuar espalhando esse semente, h muito germinada onde a educao j transformou sociedades para melhor.

    Atravs da Astronomia podemos falar de Fsica, Matemtica, Qumica ou Biologia de forma natural, transitando por cada uma delas sem fronteiras, sem a separao em disciplinas que o ensino tradicional acaba determinando na percepo dos estudantes.

    Isso acontece porque o objeto de estudo da Astronomia o prprio cosmos, ou seja, tudo o que existe. Talvez seja (tambm) por isso que, hoje, os planetrios no mostram mais apenas o cu estrelado. Pouco a pouco eles esto se transformando em teatros de visualizao digital.

    Se voc visitar um deles, possvel que saia sem ter visto uma nica constelao projetada

    As duas cpulas da Fundao Planetrio do Rio de Janeiro, na Gvea. Um terceiro planetrio, no Bairro Santa Cruz, e outro na Escola Naval, fazem do Rio a cidade brasileira com mais planetrios fixos.

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    Os planetrios, como os conhecemos, tm 90 anos de existncia. O primeiro sistema de projeo feito para simular o cu estrelado e demonstrar os movimentos dos astros foi concludo em 1923, como uma nova atrao do Deustches museum, na Alemanha. Naquela poca, no se imaginava o sucesso que faria, nem como essa ideia se espalharia. Hoje, existem mais de 2 mil planetrios pelo mundo. Nesta primeira edio da PLANETARIA, voc vai conhecer as histrias de alguns membros ilustres, e pioneiros, desta comunidade literalmente planetria!

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    Walther Bauersfeld (1879-1959)Foto: Zeiss Optical.

    A ideia de demonstrar os movimentos dos astros sempre ocupou o intelecto humano, mas foi somente com o surgimento do planetrio moderno que a Astronomia se tornou uma cincia realmente popular, atraindo um grande nmero de pessoas para ver as maravilhas celestes e acompanhar em poucos minutos movimentos que na natureza demorariam anos.

    Aquilo que em princpio seria um projeto de poucas unidades, talvez apenas uma, se tornou (graas ao seu estrondoso e inesperado sucesso) um objeto de desejo de muitas cidades no mundo.

    A figura central desse empreendimento foi o engenheiro Walther Bauersfeld que no s concebeu e construiu o projetor como tambm desenvolveu a cpula de projeo, a primeira construo geodsica do mundo.

    O primeiro sistema de projeo construdo para simular o cu estrelado e demonstrar os movimentos do Sol, da Lua e dos

    planetas foi concludo em 1923. Este foi o resultado de mais de 10 anos de trabalho, desde as primeiras concepes.

    A construo do dispositivo teve incio em 1913, quando Oskar von Miller, fundador do Deustches Museum, indagou ao astrnomo Max Wolf se seria possvel projetar um equipamento que demonstrasse o movimento dos astros para vrias pessoas ao mesmo tempo. Desejava ele uma nova atrao para o museu. Wolf sugeriu que se aperfeioasse a ideia das esferas ocas. No mesmo ano a conceituada empresa de ptica

    O PRIMEIRO PLANETRIO MODERNOO desafio de conceber no s o instrumento, mas a cpula para demonstrar o movimento dos astros

    Fragmento do manuscrito do projeto do primeiro planetrio moderno. Foto Zeiss Optical.

    FERNANDO VIEIRADiretor de Astronomia e Cultura

    da Fundao Planetrio da Cidade do Rio de Janeiro

    Zeiss foi contatada para desenvolver o projeto. Em 1914, a ideia da esfera oca foi abandonada e substituda por algum tipo de projetor a ser desenvolvido.

    O projeto foi interrompido pela I Guerra Mundial. Retomado em 1919, coube ao engenheiro Walther Bauersfeld (1879-1959), enfrentar o desafio. Ele sugeriu uma abordagem totalmente nova: um equipamento composto de vrios projetores instalados em uma esfera em cujo centro haveria uma potente lmpada. Motores e engrenagens de reduo permitiriam simular o movimento diurno e anual. Este primeiro planetrio era ajustado para simular somente o cu da latitude 48oN. O projetor deveria ser instalado numa sala circular com teto hemisfrico branco que funcionaria como tela. Desse modo dezenas espectadores poderiam assistir as demonstraes.

    O desenvolvimento do projeto consumiu quatro anos. Em agosto

    de 1923, o planetrio foi concludo e instalado numa cpula de concreto, com 16 m de dimetro, construda no teto da fbrica da Zeiss, na cidade de Jena. As demonstraes causaram um grande impacto indicando o sucesso do empreendimento, evidenciado pela epgrafe A maravilha de Jena.

    Este equipamento, denominado Modelo I, projetava 4900 estrelas, produzidas por slides fotogrficos; nos modelos posteriores seriam empregadas placas de cobre com microperfuraes.

    O planetrio foi instalado no Deustches Museum em uma cpula provisria de 9,8m, enquanto a definitiva era construda. A primeira demonstrao pblica aconteceu em 21 de outubro de 1923. Posteriormente, retornou a Jena para alguns aperfeioamentos, nesse meio tempo era construda no Deustches Museum a cpula definitiva. O planetrio foi instalado nessa cpula em maio de 1925.

    Mas muito se fala deste fantstico e pioneiro projetor de estrelas, negligenciando-se outro desafio, que foi a construo da cpula para abrigar o planetrio. A primeira cpula foi, evidentemente, a instalada na fbrica da Zeiss. Deve-se tambm a Walther Bauersfeld o desenvolvimento daquela que considerada a primeira cpula geodsica do mundo. Com 16 m de dimetro a estrutura consistia de 3480 barras de ao dispostas em um slido com centenas de faces regulares.

    A ideia bsica do projeto consistia em, aps a montagem do esqueleto geodsico, em sua parte interior, preencher por placas de madeira fina, que serviriam de apoio e forma para o cimento que seria aplicado externamente. A camada de cimento era extremamente fina, apenas o suficiente para encobrir as barras de ao. Aps a secagem do cimento as placas de madeira foram retiradas e a cpula foi pintada internamente

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    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

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    com a cor branca.

    Foram produzidos apenas dois planetrios do modelo I. Alm do que foi instalado no Deustches Museum, outro foi enviado, primeiramente para Dusseldorf, em 1926, no ano seguinte foi removido para Liegnitz, tambm na Alemanha, e finalmente, em 1934, para Haia, na Holanda. Infelizmente foi destrudo em 1976 durante um incndio. Este outro Modelo I tinha alguns aperfeioamentos como permitir variao de latitude entre 49oN e 68o N.

    Uma curiosidade que evidencia o impacto que esse planetrio teve sobre o pblico que aps assistir uma apresentao em Haia, em 1936, um jovem decidiu construir o seu prprio planetrio, uma cpia do modelo I que ainda est em funcionamento no Pieterse Planetarium!

    Como eram as primeiras apresentaes? As apresentaes/demonstraes naqueles primeiros anos consistiam em demonstrar os movimentos da Terra, do Sol, da Lua e dos planetas, Sol da Meia

    Noite, identificao das estrelas e constelaes. No havia nenhum outro projetor auxiliar. Naquela poca as imagens astronmicas eram muito pobres e no causavam impacto. O Instrutor operava ao lado do aparelho, no centro e descrevia o que era projetado, eventualmente com alguma trilha sonora de fundo.

    Ainda em 1924 o chefe da diviso de astronomia da Zeiss, Walter Villiger sugeriu que no modelo seguinte fossem empregados duas esferas,

    uma para cada hemisfrio celeste. O que daria origem ao tradicional forma de halter dos projetores. Alm disso, o Modelo II, como passou a ser conhecido, apresentava muitos outros aperfeioamentos, como, por exemplo, o movimento de precesso, a variao de latitude sem limite e, graas a microfuros em placas de cobre, uma maior preciso das imagens estelares. Entre 1926 e 1939 foram comercializados pela Zeiss 25 projetores modelo II.

    Fragmento do manuscrito do projeto do primeiro planetrio moderno. Foto Zeiss Optical.

    Cpula da fbrica da Zeiss em trs fases de construo. direita, o esqueleto geodsico, ao centro, concluso da aplicao do cimento e sem seguida, j com o revestimento por placas de cobre. Fotos: Zeiss Optical.

    O primeiro planetrio, Modelo I, num dos primeiros diagramas ( direita). Ao centro a aparncia real da mquina, atualmente em exposio permanente no Deustches Museum (foto esquerda). Fotos: Zeiss Optical.

    Projetor eletromecnico da Zeiss, com sua caracterstica forma de alter, no planetrio de Montreal.Foto: Wikimedia Commons.

  • PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

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    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    O Adler foi o primeiro planetrio do hemisfrio ocidental. Seu nome uma homenagem a Max Adler, um importante empresrio de Chicago que doou o museu e sua coleo original de artefatos cientficos para a cidade. Max Adler declarou: A concepo popular do Universo muito limitada; os planetas e as estrelas esto muito distantes do conhecimento generalizado. O Planetrio Adler foi fundado com a misso de inspirar a explorao e o maior entendimento do Universo. Hoje, 83 anos depois, j tendo sofrido duas grandes expanses e vrias intervenes menores, sua misso de inspirar os visitantes e lev-los a um melhor entendimento do Universo no se alterou.

    Atualmente o Adler recebe 470.000 visitantes por ano. O museu abre todos os dias, exceto no dia de Natal e no feriado americano de Ao de Graas. O Adler tem duas cpulas de projeo: o Definiti Space Theater, com 17m de dimetro, e o Grainger Sky Theater (21m). A quantidade de sesses dirias vaira entre 12 e 18, dependendo da poca do ano, totalizando mais de 5.000 apresentaes em um ano. Alm das cpulas, o Adler possui uma sala de projeo 3D, com uma tela gigante, que realiza outras 2.500 apresentaes em um ano.

    Em 1970, um equipamento Zeiss Mark VI substituiu o projetor Zeiss

    O PLANETRIO ADLERL DER NA EDUCAO PARA CINCIAS ESPACIAIS NOS EUA

    original de 1930. O Definiti Space Theater (originalmente chamado de StarRider Theater) foi inaugurado em 8 de janeiro de 1999, como a jia da coroa de uma grande expanso do museu. Esta foi a primeira sala fulldome interativa 100% digital. Nos dias atuais, o Definiti Theater exibe uma gama de programas pr-gravados e ao vivo incluindo a produo original de 2008 One World, One Sky: Big Birds Adventure.

    Em 2010, a sala de projeo original do Adler passou, pela primeira vez, por uma reforma completa. O projetor Zeiss de 1970 foi desmontado e guardado. Tudo o mais foi retirado, at que sobrassem somente as paredes da sala. Uma cpula de projeo Nanoseam, da Spitz, foi instalada, em conjunto com um sistema de projeo digital de altssimo contraste e alta reoluo 8.143 pixels ao longo de um arco de 180. Este planetrio para o sculo XXI foi rebatizado de Grainger Sky Theater e apresenta sesses ao vivo que usam as ferramentas Uniview, Digital Sky II e World Wide Telescope.

    O Adler abriga tambm vrias exposies sobre cincia e explorao especial, e a coleo de instrumentos astronmicos antigos, mapas, cartas celestes e livros de astronomia mais importante do mundo. Esta coleo inclui a Esfera Atwood e a cpsula especial Gemini XII. O Planetrio Adler reconhecidamente um lder na rea da educao para as cincias espaciais. O Planetrio Adler tem orgulho de sediar a equipe responsvel pela criao do Zooniverse, o site que promove a participao de qualquer pessoa em projetos cientficos de verdade.

    Traduzido por Alexandre ChermanLeia o artigo original em www.planetarios.org.br/adler

    MARK WEBBDiretor de Operaes das cpulas do Adler Planetarium

    Max Adler (ao centro) durante visita ao Deutsches Museum, na Alemanha. direita, inagurao do Planetrio Adler, em 12 de maio de 1930.

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  • O Planetrio de montevidu

    Mais antigo do mundo em funcionamento, ele foi tambm o primeiro instalado na Amrica Latina

    A construo do Planetrio de montevidu, obra do arquiteto Juan Antonio Scasso o mesmo que projetou o Estdio Centenrio, atraiu interesse internacional, como visto na revista Sky & Telescope, que dedicou a capa e um artigo nas pginas centrais da edio de julho de 1954.

    ALEJANDRO CASTELARCoordenador Docente do Planetario de

    Montevideo Agrim. Germn Barbato

    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    Solstcio

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    PlanetariaRevista da Associao Brasileira de Planetrios

    Pouco tempo depois de se tornar

    prefeito de Montevidu, em fevereiro

    de 1948, Germn Barbato submetia

    ao Conselho Departamental de

    Montevidu um plano sexagenal de

    obras. Em sua terceira fase, para o

    ano de 1950, previa-se a Construo

    e Instalao do Museu Municipal de

    Cincia no Parque Pereyra Rosell

    Dolores.

    O Planetrio Municipal Agrimensor

    Germn Barbato resultado desse

    projeto inicial, muito mais ambicioso.

    Inaugurado em 11 de fevereiro de

    1955, foi o primeiro na Amrica

    Latina.

    O comeo

    A inaugurao mostrou que o

    pblico de Montevidu aguardava

    com grande expectativa a instalao

    do planetrio. Nas palavras de

    Nigel Wolff (primeiro diretor do

    Planetrio de Montevidu, e tcnico

    dos Laboratrios Spitz, empresa

    que fabricou o equipamento):

    O entusiasmo que Montevidu

    est mostrando por seu planetrio

    tremendo. Pelo grande interesse

    que a cincia e cultura desperta

    nesta cidade, eu havia antecipado

    o xito para este planetrio, mas

    certamente no a ponto de precisar

    de esquadres da polcia montada

    para controlar a multido que

    demanda seu acesso! A reao do

    pblico prova que este novssimo

    planetrio deve ser tambm o mais

    popular do mundo.

    Em 1950, os Laboratrios Spitz

    comearam os estudos que levariam

    construo de um novo modelo de

    planetrio. Trs fatores os levaram a

    tomar esta resoluo:

    a) Havia uma demanda cont-

    nua por este tipo de instrumento.

    b) A empresa Carl Zeiss tinha

    interrompido a produo, como con-

    sequncia da II Guerra Mundial.

    c) Se impunha desenvolver um

    instrumento de acordo com os avan-

    os feitos at o momento.

    Na mesma poca, Germn Barbato

    tomou a iniciativa de dar cidade um

    planetrio. Um pouco depois, o Prof

    Dr. Felix Cernuschi se incorporava

    ao projeto como assessor tcnico

    para o projeto e, dada a sua

    relao com os astrnomos norte-

    americanos, entrou em contato com

    os Laboratrios Spitz.

    Aps um ano de investigaes

    detalhadas, realizadas a fim de

    determinar se o instrumento

    desenvolvido pela Spitz reunia as

    condies exigidas pela Prefeitura de

    Montevidu, foi firmado o contrato

    para a construo e posterior

    instalao em Villa Dolores, no que

    viria a ser chamado Centro Municipal

    de Divulgao Cientfica.

    Em outubro de 1953, aps dois

    anos de estudo e construo do

    chamado Modelo B, a primeira

    apresentao ocorreu diante de

    um pblico seleto, nas prprias

    instalaes dos Laboratrios Spitz,

    na Filadlfia, EUA.

    Caractersticas

    Assim que os espectadores

    entraram na sala do planetrio,

    puderam apreciar as diferenas

    significativas entre o Spitz e os

    aparelhos Zeiss. Para comear, o

    instrumento Spitz era suspenso

    a partir do teto, em vez de

    instalado sobre um suporte no

    cho. Este mtodo de suspenso

    eliminava quase completamente

    um defeito dos instrumentos Zeiss

    que causava, em certas posies,

    graves ocultaes na projeo. E a

    suspenso s era possvel devido ao

    peso consideravelmente menor do

    equipamento Spitz.

    De fato, o peso do instrumento Spitz era inferior a 500 kg (menos de 1/4 do peso de um planetrio Zeiss da poca), em grande parte porque era fabricado com metais leves. Cabos estabilizadores iam desde os braos de suspenso at o cho, e l se conectavam os fios eltricos que ligavam o instrumento ao console.

    O comprimento total de cerca de 3 metros, incluindo as esferas contendo projetores de estrelas em ambas as extremidades. Essas esferas de estrelas so hemisfrios com 91,5 cm de dimetro a partir dos quais so projetadas 3083 imagens individuais de estrelas. As estrelas mais fracas, de magnitude de 5,8, so produzidas por orifcios de 0,34 milmetros de dimetro.

    Todas as estrelas de magnitude 2,0 so produzidas por 54 sistemas de lentes individuais, para que se pudesse mostrar com seu brilho

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    relativo adequado, sem aumentar excessivamente o dimetro de suas imagens na cpula. As estrelas mais luminosas aparecem mais brilhantes que as de brilho mais fraco, sem parecer maiores. A imagem mais brilhante, a da estrela Sirius, um ponto com menos de 3,2 cm de dimetro em uma cpula de 18,3 m.

    Os projetores de constelaes e estrelas variveis esto em anis prximos aos hemisfrios de estrelas. Entre eles e as gaiolas dos planetas, nas extremidades do instrumento, esto as engrenagens para mover os hemisfrios de estrelas em torno do plo da eclptica, de modo a reproduzir o ciclo de precesso de 25.800 anos. Com este movimento, a gaiola planetria e outras partes centrais do instrumento no se movem.

    Dispositivos especiais foram includos, partes integrantes do prprio projetor, para mostrar os movimentos prprios de alguns grupos de estrelas. No instrumento de Montevidu, os movimentos prprios das estrelas do Cruzeiro do Sul podem ser exibidos para um perodo de 40 mil anos.

    O instrumento est montado em um eixo leste-oeste, para proporcionar o movimento de latitude; o espectador pode viajar de norte a sul e circundar a Terra vontade em qualquer direo. A pea central inclui um motor de movimento de latitude, as engrenagens e os eixos do movimento diurno, que esto ligados s extremidades do instrumento, alm dos anis condutores e conexes eltricas e o trem mecnico que reproduz o movimento anual do Sol, da Lua e dos planetas.

    Os planetas so manipulados por sistemas individuais especialmente concebidos, que usam

    correias dentadas e polias especiais para reproduzir seu movimento aparente, tal e como se v desde a Terra em movimento. Isto , evidentemente, uma das caractersticas mais importantes de um grande instrumento planetrio: os movimentos diretos e retrgrados dos planetas podem ser exibidos ao pblico, de uma maneira que no pode ser observada na natureza em tempo real.

    Como caractersticas especiais esto os interruptores silenciosos, variao de intensidade de luz dos planetas, Sol, Lua, projetores auxiliares e controles de velocidade semelhantes aos de um avio. Os movimentos diurno ou anual, para o futuro ou o passado, podem ser configurados para qualquer velocidade, variando facilmente desde virtualmente zero at velocidades de um dia em um minuto, ou um ano em 12 segundos.

    A suave acelerao destes controles eletrnicos no s preservam a iluso do cu em seu movimento aparente, mas tambm revelam a tenso do instrumento mecnico. O console possui uma memria eletrnica de reestabelecimento do dispositivo de precesso, para que o planetarista possa tocar num boto e automaticamente restaurar o planetrio poca atual, sem chamar ateno por isso.

    Melhorias e perspectivas

    Ao longo dos anos, alm da manuteno realizada para o projetor, foram feitas melhorias nos sistemas de projeo e particularmente na tecnologia das lmpadas das estrelas, desde as lmpadas originais de filamento atual tecnologia LED.

    Finalmente, vale ressaltar que a Spitz construiu

    apenas trs dispositivos Modelo B. O nico atualmente em operao o de Montevidu. Os outros dois so de propriedade da Academia da Fora Area, em Colorado Springs, e o Planetrio Robert T. Longway, em Flint, Michigan.

    Sob a cpula de 18 metros de dimetro fica a sala de projeo com capacidade atual para 250 espectadores. Antes, a capacidade da sala era de 320 lugares dispostos de forma concntrica. Desde o incio da dcada de 1990 foi feita uma reorientao para gerar um espao livre de modo a permitir a realizao de apresentaes musicais e teatrais, com a consequente reduo do nmero de lugares.

    O planetrio ainda mantm a silhueta original da cidade de Montevidu no horizonte de projeo de toda a cpula. Ela permaneceu por razes de patrimnio histrico, preservando o aspecto caracterstico da cidade como era h quarenta anos.

    Alm do projetor principal, a sala abriga uma srie de projetores auxiliares e dois grandes projetores multimdia, que complementam a projeo do cu estrelado.

    O instrumento planetrio que a instituio possui , neste momento, o mais antigo do mundo em funcionamento. Esses mais de 58 anos de uso intenso e ininterrupto necessariamente foram sentidos no instrumento, de tal modo que algumas de suas funes originais j no esto operacionais.

    Como se trata de um artefato antigo, tambm no existem peas disposio. Por isso a manuteno

    um trabalho delicado que s possvel com a experincia e dedicao dos tcnicos da instituio e as bondades do dispositivo.

    Em particular, durante o ano de 2011, foram realizados importantes trabalhos de manuteno e melhorias significativas em todo o seu sistema eltrico. No entanto, a forte exigncia a que submetido o projetor (at 8 sesses dirias), e sua idade, so fatores que questionam seriamente a continuidade do funcionamento deste equipamento histrico, podendo ocorrer falhas irreparveis num futuro prximo.

    Diante deste quadro atual e da tendncia converso s novas tecnologias que esto acontecendo nos planetrios, prope-se a instalao de um sistema digital que coexista com atual projetor Spitz.

    Instalar um sistema digital no nico planetrio fixo do pas abrir um leque de infinitas possibilidades, tanto no plano de divulgao quanto no turismo e entretenimento. Como em outras cidades onde iniciativas similares se concretizaram, a instalao de um sistema de projeo digital pode transformar novamente o planetrio de Montevidu no que ele foi em suas origens: um inquestionvel cone de sua cidade.

    Traduzido por Jos Roberto V. CostaLeia o artigo original em

    www.planetarios.org.br/montevideu

    Fotos: Raul Suarez

    Vista parcial do Planetrio de Montevidu, em foto extrada do site www.montevideo.gub.uy/planetario18 19

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    Curiosamente, a histria do Planetrio de So Paulo comeou alguns anos antes de sua inaugurao, em 18 de novembro de 1949, quando um grupo de nove aficcionados por Astronomia reuniu-se no laboratrio de Fsica da Faculdade de Farmcia e Odontologia da Universidade de So Paulo, com o intuito de fundar uma associao com a finalidade de cultivar e estimular o estudo da Astronomia e cincias correlatas.

    Por votao foi escolhido o nome da Instituio: Associao de Amadores de Astronomia de So Paulo.

    Em 1951 constituam-se grupos de trabalho na Administrao Municipal com a finalidade de organizar os eventos comemorativos do IV Centenrio da Cidade de So Paulo, que ocorreria em 25 de janeiro de 1954. Por sugesto do Prof. Aristteles Orsini, Diretor Cientfico da Associao, foi enviada Comisso do IV Centenrio, uma srie de documentos informativos sobre os planetrios j existentes no mundo e era lanada a idia da construo de um planetrio para So Paulo, cuja inaugurao comporia os festejos dos 400 anos da cidade.

    Felizmente a semente germinou e o projetor Zeiss modelo III foi, ento, comprado em 1952. Nesse mesmo ano, o Prof. Orsini foi comissionado junto Prefeitura de So Paulo, a fim de proceder os estudos necessrios instalao do futuro planetrio da cidade. Ainda em 1952, ele viajou para a Europa para realizar um estgio no Planetrio do Palais de la Dcouverte, na cidade de Paris, Frana.

    Em 1954, finalmente, o projetor Zeiss havia sido liberado pela alfndega e encontrava-se encaixotado no Parque do Ibirapuera, aguardando a construo do edifcio.

    UM PLANETRIO PARA SO PAULO

    Em 1956 chegava fase final a construo do prdio do Planetrio, com quase trs anos de atraso em relao ao cronograma inicial. Em 26 de janeiro de 1957 foi finalmente inaugurado o Planetrio Municipal de So Paulo, sendo que sua apresentao inaugural foi proferida pelo Prof. Orsini.

    A partir de ento, o prof. Orsini permaneceu frente dos trabalhos at 1980, quando se aposentou compulsoriamente. Para substitu-lo, indica o Prof. Irineu Gomes Varella, que dirigiu a Instituio at 2002.

    No final da dcada de 1950, os cursos ministrados no prdio do planetrio apresentavam um bom volume de inscritos, mas no contavam com instalaes adequadas para a sua realizao. A grande afluncia de interessados nestes primeiros anos da histria do planetrio no se prendeu, exclusivamente, ao fato de So Paulo possuir um excelente equipamento cultural recm inaugurado. Mas,

    tambm, inexistncia de matria especializada nos currculos escolares que versasse sobre a Astronomia, problema este intensificado a partir da dcada de 1940 com a retirada dos currculos da nica disciplina que abrangia as noes de Astronomia: a Cosmografia.

    Comeava, assim, o processo de solicitao para a ampliao das instalaes do Planetrio que culminaria com a criao da Escola Municipal de Astrofsica, inaugurada em 25 de janeiro de 1961, onde os cursos e outras atividades cientficas passaram a ocorrer.

    medida que os anos iam passando, como resultado da revitalizao da Instituio na gesto do Prof. Irineu Gomes Varella, o Planetrio recebia uma grande afluncia de pblico. Suas apresentaes funcionavam lotadas, os cursos tinham incio com todas as vagas preenchidas, enfim, funcionvamos na capacidade mxima na maior parte das atividades. Ao final de praticamente 30 anos de atividades, em 1987, So Paulo permanecia com seu nico Planetrio, mas assistiu a multiplicao de seus habitantes.

    PAULO GOMES VARELLAProfessor do Planetrio e Escola Municipal de Astrofsica Prof. Aristteles Orsini

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    Tomou corpo, ento, a idia de ao invs de simplesmente substituir o equipamento do Planetrio, j desgastado pelo intenso uso, por um novo, que o antigo projetor do Ibirapuera fosse reformado e montado em outro parque da cidade, aumentando, assim, a oferta de lazer e cultura aos paulistanos. Essa idia foi apresentada pelo Prof. Irineu em vrias ocasies e em 1991 foi constituda a primeira comisso que realizaria os estudos necessrios implantao do segundo Planetrio. Novamente, como em 1951, a semente germinou. Esta comisso, encabeada pelo Prof. Irineu, realizou todos os estudos necessrios e aguardava-se, apenas, a verba para a compra do projetor. Finalmente, em 1995, o projetor Zeiss Universarium modelo VIII foi adquirido.

    Devemos, ento, a existncia do Planetrio do Ibirapuera atuao do Prof. Aristteles Orsini e ao Prof. Irineu Gomes Varella, o Planetrio do Carmo.

    A Inveno da Partcula de Deus. Com o livro praticamente pronto, houve o anncio da descoberta e ele s precisou acrescentar as informaes pertinentes. O anncio da descoberta foi feito em 4 de julho de 2012. A introduo assinada pelo fsico Steve Weinberg de 6 de julho!

    (O simples fato de um ganhador de Prmio Nobel assinar a introduo j diz muito sobre a obra...)

    Temos aqui a viso de um outsider. Jim Baggott um escritor freelancer especializado em assuntos cientficos. Possui um doutorado em Fsico-Qumica pela Universidade de Oxford e era professor da Universidade de Reading at deixar o mundo acadmico em busca de uma carreira na indstria. Aps 11 anos trabalhando em uma multinacional do ramo petrolfero, promoveu mais uma virada em sua carreira e tornou-se consultor e escritor. J escreveu vrios livros.

    O autor definitivamente no faz parte do mundo acadmico, embora domine com bastante fluncia o assunto. Por estar acompanhando a histria por fora, ele se cerca de grande cuidado e uma rica lista de referncias para construir sua

    narrativa. Sua experincia como escritor e seu distanciamento da academia fazem de seu estilo algo fluido e natural, ideal para se propagar fatos e idias complexas.

    Para quem quer entender mais sobre esta fascinante descoberta recente, fica a dica (por enquanto, s em ingls).

    HIGGS The Invention and Discovery of the God Particle

    Jim Bagott304 pginasISBN 978-0199603497

    O livro ainda no tem nome oficial em portugus. No original, chama-se HIGGS The Invention and Discovery of the God Particle. Escrito por Jim Baggott, foi lanado nos EUA no final de 2012. Ser lanado no Brasil no prximo ano. Mas o assunto to urgente e to premente, to importante e to relevante, que decidi me antecipar ao lanamento nacional e sugerir a leitura.

    HIGGS impressiona por sua atualidade. Em um caso espantoso de sincronicidade, o autor explica, em seu prefcio, que estava, desde 2010, escrevendo um livro sobre o bson de Higgs, que se chamaria

    Resenha

    HIGGS - The Invention and Discovery of the God Particle

    Por ALEXANDRE CHERMAN

    Faa as coisas da forma mais simples possvel, mas no mais simples Albert Einstein

    Planetrios so mquinas sofisticadas, de grande preciso e alta tecnologia. mas no so feitas para trabalhar sozinhas. O elemento humano, bem preparado e comprometido com a misso de inspirar para o conhecimento, definitivamente essencial. A ABP reconhece essa importncia e reune a expertise de profissionais com longa experincia em planetrios, para repartir saberes,

    debater estratgias e dar suporte a iniciantes. Venha descobrir mais sobre este fascinante universo.Filie-se Associao Brasileira de Planetrios.

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    O CU

    As Pliades ficam na constelao do Touro. Toda vez que destacamos um grupo de estrelas dentro de uma constelao dizemos tratar-se de um asterismo. As Trs Marias so um asterismo da constelao de rion. As Pliades, ou Setestrelo, so um dos asterismos de mais fcil identificao do cu.

    Mitologias

    Para os ndios brasileiros, seu aparecimento antes do nascer do Sol indicava que a primavera estava prxima. O Setestrelo, que muitos de nossos indgenas denominavam Ceiuci, a principal evidncia do conhecimento astronmico dos habitantes originais do Brasil.

    A tribo Sioux, da Amrica do Norte, tambm o associava com a histria de sete garotas ndias que colhiam flores tranquilamente quando foram surpreendidas por um urso gigante. Elas rapidamente subiram um grande rochedo, mas o animal ps-se a afiar suas garras na pedra, em sinal de ameaa.

    Como no tinham sada, suplicaram ao Grande Esprito da floresta, que as transformou no asterismo. A montanha arranhada pelo urso conhecida hoje como Torre do Diabo, famosa por causa das aparies constantes no filme Contatos Imediatos do 3o Grau (1977), de Steven Spielberg.

    Pelo mundo afora no faltam lendas sobre as Pliades, denominao alis, que na mitologia greco-romana o mesmo que Atlntidas, as sete filhas do gigante Atlas e de Pleine. So elas: Maia, Electra, Taget, Estrope, Mrope, Alcione e Celeno. Nomes pelos quais essas estrelas so conhecidas oficialmente na Astronomia.

    As Pliades foram imortalizadas no cu por Jpiter. O deus do Olimpo apiedou-se das splicas das Sete Irms (nome popular no hemisfrio Norte), que j no suportavam mais a perseguio implacvel do caador rion.

    Maia, Electra e Taget foram amadas por Jpiter. Alcione e Celeno tiveram o amor de Netuno e Estrope de Marte. Apenas Mrope s teve o amor de um mortal e por isso brilha menos que as outras.

    Estrelas para calibrao

    Apesar de sempre nos referirmos a sete estrelas, esse apenas o nmero visvel a olho nu. O aglomerado estelar das Pliades formado por milhares de estrelas nascidas nos ltimos 100 milhes de anos. A maioria azuis, muito quentes, das quais se conhecem entre 250 e 500.

    O aglomerado est em mdia a 440 anos-luz da Terra (um ano-luz vale cerca de 9,5 trilhes de quilmetros). Valor cuja determinao envolveu diferentes mtodos, que so considerados passos importantes para a calibrao das escalas de distncia usadas pelos astrnomos para medir todo o Universo.

    Subaru, no Japo; Makara, para os aborgines australianos; Kimah, na China; ou a representao da deusa Neith, para os egpcios. Esse belo asterismo rodeado por intrincados filamentos de luz azul uma das muitas jias celestes, num cantinho apertado de uma das 88 maravilhas do cu as constelaes.

    Ceiuci era uma ndia virgem, me de Jurupari, ndio mgico concebido pelo sumo do curara-do-mato que um dia escorreu pelo ventre da jovem. Jurupari fora incumbido por um agente do Sol para corrigir os males do mundo em particular a dominao das ndias sobre os ndios.

    Depois de acabar com a influncia das mulheres ndias, Jurupari estabeleceu uma srie de rituais proibidos participao de qualquer pessoa do sexo feminino, sob pena de morte. Mesmo sabendo do perigo, Ceiuci desobedeceu ao filho e espreitou um desses cultos pagando com a vida pela ousadia.

    Como no podia trazer a me de volta, Jurupari a levou para o cu, onde Ceiuci se transformou num conjunto de sete estrelas bem prximas entre si: o Setestrelo ou Pliades.

    SetestreloJOS ROBERTO V. COSTADiretor de Comunicao e Marketing da ABP

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    Localizao do aglomerado estelar das Pliades em relao a constelao de rion e as Trs Marias. Crdito: Stellarium.24 25

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    CBERS-3

    O Programa Espacial Brasileiro viveu um episdio triste no dia 9 de dezembro com o fracasso do lanamento do satlite CBERS-3. A sonda daria ao Brasil mais autonomia no monitoramento da Amaznia, que hoje depende de imagens cedidas pela Nasa e por outras fontes nem to benevolentes.

    Triste tambm foram as duras e rasas crticas que sofreu a comunidade cientfica e tecnolgica responsvel pela construo do satlite. Muitos argumentam que o Brasil deveria procurar parcerias mais vantajosas, com pases consagrados na rea espacial, como Estados Unidos e Frana. Zombaram da parceria sino-brasileira, remetendo m qualidade das famosas bugigangas made in China.

    e dar um passo para trs para no cair no velho complexo de vira-lata. Primeiro, porque no havia qualquer motivo para duvidar do confivel foguete Longa Marcha 4B utilizado no lanamento. Ele j havia subido 36 vezes sem falhar uma vez sequer. Mesmo os foguetes mais confiveis so passveis de fracassar. A fatalidade est no fato de que isso acontecesse justamente com um satlite de um pas como o Brasil, carente de vitrias na rea espacial. Segundo, a China vai muito bem, obrigado, quando

    o assunto espao. Os chineses formam a terceira nao na histria a construir uma estao espacial, atrs de Estados Unidos e Unio Sovitica, que tinham a Guerra Fria para alimentar seus interesses polticos e ideolgicos.

    A China tambm se juntou ao restrito grupo de pases que j colocou seres humanos no espao e no vai parar por a. Logo, logo, vo colocar a humanidade novamente na Lua. preciso entender que empreendimentos espaciais custam

    regio muito estratgica. A natureza foi boa com a gente. Quase no temos terremotos, h recursos naturais em abundncia, temos vistas para o Atlntico Norte e Sul e podemos lanar foguetes a partir da Linha do Equador, economizando dinheiro e aumentando as chances de sucesso do lanamento. Um pas como o nosso no pode ser refm de nenhum outro programa espacial. Precisamos construir nossos foguetes, lan-los a partir do nosso solo, com satlites construdos e controlados pelos nossos cientistas. S assim teremos autonomia e soberania sobre tantas qualidades.

    Ocorre que a proliferao de tecnologia de mssil o que mais seria um foguete? esvaiu-se com o fim da Guerra Fria. EUA e Unio Sovitica armaram seus aliados e trocaram informaes valiosssimas sobre a cincia dos foguetes. Apesar do pano de fundo poltico tenebroso, foi uma poca de intenso e vibrante aprendizado cientfico. Os signatrios do tratado de no-proliferao nuclear, do ps-segunda guerra, comprometeram-se a no passar o conhecimento adiante, incluindo foguetes. Quem quiser t-los, ter que se virar sem a ajuda dos que j sabem. No do interesse desses pases abrigar mais fabricantes na indstria blica de alta tecnologia, muito menos no bilionrio mercado de lanamento de satlites e sondas espaciais.

    As coisas ficam mais difceis ainda porque quem persegue a tecnologia de foguete sofre embargos no mercado internacional de peas e materiais aeroespaciais. Se construir um foguete e satlites! j difcil, da a expresso rocket science, em ingls, imagine sem qualquer ajuda. O Brasil s receberia auxlio dos EUA, com troca intensa

    infortnios polticos e financeiros, o Brasil foi ficando para trs. Um dos bons frutos dessa parceria o CBERS, um programa de satlites que teve bastante sucesso at aqui, apesar do lamentvel fracasso no ltimo lanamento. Gradativamente, cada CBERS que sai do forno tem mais tecnologia brasileira. O CBERS-3 possua 50% de esforo nacional, o CBERS-4 ter mais.

    fcil comparar o foguete chins s bugigangas made in China, quando no se concebe o quo complicado empreender na rea espacial. Muitos gostariam que o Brasil tivesse seguido o mesmo caminho da Argentina, por exemplo, que possui acordos de troca de tecnologia com os Estados Unidos. O que poucos entendem que o preo que se paga para assinar um termo de cooperao com esses pases alto demais para as aspiraes que um pas do nvel do Brasil tem e precisa ter.

    O Brasil um pas de propores continentais, que abriga a maior parte da Amaznia, local da maior biodiversidade em floresta tropical do mundo. Est posicionado em uma

    preciso respirar fundo rios de dinheiro e so muito difceis de encontrarem sucesso sem diversidade intelectual. No toa que vrias naes se unem para explorar o espao. A Estao Espacial Internacional est a para quem quiser ver.

    Isso quer dizer que a China uma excelente parceira espacial. Mas no s pela envergadura tecnolgica que adquiriram em pouqussimo tempo. Brasil e China so parceiros de longa data em projetos siderais. Comearam em p de igualdade na dcada de 1980, trocando conhecimento e aprendendo juntos e, por

    de tecnologia para a construo de satlites, se abrisse mo de construir um foguete. E isso, pelo que o Brasil representa, no pode e nem deve acontecer. O Brasil precisa de ser soberano em suas aspiraes espaciais.

    a que entram os chineses, nossos parceiros de longa data. Obviamente eles no podem nos entregar de bandeja como se faz um foguete para alcanar a rbita da Terra, mas so muito mais flexveis em relao s trocas de conhecimento na construo de satlites. O Brasil ganha muito em t-los como parceiros, principalmente quando se considera que eles podem se tornar a maior potncia espacial em pouco tempo. Isso bom para as aspiraes espaciais do Brasil, faz total sentido no que diz respeito ao mrito. Deixemos a execuo do Programa Espacial Brasileiro para outro dia.

    Alm de tudo isso, o fracasso do lanamento do CBERS-3 no pode deixar de ser visto sob a perspectiva dos profissionais brasileiros envolvidos. Cientistas que dedicaram anos de suas vidas para ver o sucesso do lanamento. Empreender na rea espacial (principalmente no Brasil) tem um gosto meio-amargo. Muitas vezes completamente amargo. No temos um histrico de investimentos governamentais nessa rea. A chance grande de se perder muito dinheiro, talvez tudo que se tenha construdo na vida. Em tristes e lamentveis momentos, perdemos vidas. Quem entra nessa rea faz por que gosta, e muito, em primeiro lugar. Em segundo, porque ainda h neste pas ainda bem! quem faz a sua parte e acredita que podemos ser grandes. Ou ser que ainda se pensa que chegaremos l no alto sem sairmos daqui de baixo?

    MARCO TLIO PIRESEngenheiro e jornalista com

    ps-graduao em Michigan e Georgetown. Trabalhou na TV Globo e em VEJA como reprter de cincia, cobrindo principalmente Astronomia e programas

    espaciais pelo mundo

    COLUNA: O ALIENGENA

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