revista cidades do rio - edição 01 - 2009

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208 anos Resende 1801 - 2009 CAFÉ Resende é o berço da cultura no Brasil Ano 01 - n°01 / set 09 C C A T PUBLICIDADE Cidades do RIO GOVERNADOR FALA SOBRE RESENDE E A REGIÃO SÉRGIO CABRAL VOLKSWAGEN AGORA É MAN Os novos projetos VOTORANTIM SIDERURGIA Está chegando a hora FOTOS HISTÓRICAS Um painel com fotos antigas de Resende LUIZ PEREIRA BARRETO Um homem à frente do seu tempo JOSÉ MARCO PINESCHI O prefeito visionário MEIO AMBIENTE Os pássaros da região

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Uma revista sobre a história e a cultura das cidades do Estado do Rio de Janeiro.

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Page 1: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

208 anosResende

1801 - 2009

CAFÉResende é o berço da

cultura no Brasil

Ano 01 - n°01 / set 09

CC A T

PUBLICIDADE

Cidadesddo RIO

GOVERNADOR FALA SOBRE RESENDE E A REGIÃOSÉRGIO CABRAL

VOLKSWAGEN AGORA É MANOs novos projetos

VOTORANTIM SIDERURGIAEstá chegando a hora

FOTOS HISTÓRICASUm painel com

fotos antigas de Resende

LUIZ PEREIRA BARRETOUm homem

à frente do seu tempo

JOSÉ MARCO PINESCHIO prefeito visionário

MEIO AMBIENTEOs pássaros da região

Page 2: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Viver Resende é estar presente e participar do dia-a-diados programas culturais, de lazer, sociais e de saúde.É alcançar objetivos com trabalho, agilidade e união.Respeitar as diferenças, dar as mãos e olhar para cima.Se você acredita nisso, você e sua cidade estão pensandoda mesma maneira. Viva Resende. Viva a cidade!

Page 3: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Ao olhar um álbum de família e revivermomentos alegres que passamos ou ao observar-mos em uma foto o belo olhar de alguém que já sefoi, quase sempre somos tomados pela emoção dalembrança. É a nossa vida, é a nossa história.

Nas fotos revemos os amigos de infância, apracinha, a primeira casa, a escola...os filhospequeninos. É o nosso patrimônio histórico. Sãopequenas gotas que se juntam para matar a sededa saudade.

Da mesma maneira, devemos resistir àindiferença pela perda da memória da cidade; énosso dever, como guardiões, preservar para asfuturas gerações tudo o que representa a luta e otrabalho... nosso e dos nossos antepassados.

Quantas batalhas, quantos sacrifícios,quantos momentos de beleza que podem se perderpara sempre porque não preservamos a nossamemória e os prédios que foram testemunhasfísicas de um passado.

Resende cresce mais a cada dia. Novosmoradores chegam diariamente em busca demelhores oportunidades sem imaginar quantaspessoas dedicaram suas vidas em prol de umacidade melhor.

Nesse primeiro número da revista Cidadesdo Rio, a cidade de Resende recebe uma homena-gem, um presente. Uma edição que resgata umpouco de sua história, seus personagens para quea nossa juventude e os “novos resendenses“valorizem a nossa gente, a nossa terra.

Deixo o trecho de uma carta de um dospersonagens da revista, Luiz Pereira Barreto,

escrita em 1864 ao seu professor Pierre Laffitt, omaior expoente do positivismo na França. O texto éuma bela declaração de amor à Resende.

.“

Quanto ao aspecto físico do país, estou

encantado, em êxtase: não se pode achar nada

comparável no mundo, às tantas esmagadoras

belezas naturais! A propriedade campestre de meu

pai, onde estou atualmente, é verdadeiramente de

uma grandeza mágica. Uma imensa cordilheira

azulada, ao longe as nuvens; em baixo, uma vasta

planície verdejante plena de flores de inflorescên-

cia púrpura e rosa; dos dois lados as mais elegan-

tes colinas, cobertas de uma luxuriante vegetação

primitiva, palmeiras... árvores seculares, laranjei-

ras, figueiras, uma quantidade inumerável de

árvores frutíferas de um sabor delicado; enfim é

indescritível, é bom demais para ser reproduzido

ou descrito por frases

Viva Resende!

Celso Dutra

Editorial

Resende é bom demais

ÍNDICEEditorial.................................3Mensagem do Prefeito................5Mensagem do Governador............7Resende, berço do café..............8Maria Benedita........................12Luiz Pereira Barreto.................14A Província de Resende..............18Painel com fotos históricas.........22Resende FC 100 anos.................24Resende FC.......................28200 anos do Ensino Militar...........30A chegada da AMAN..................34

Pássaros da região.......................38O Prefeito visionário....................40Crônica visual de Resende..........44Volkswagen agora é MAN..............46Votorantim...........................48Anglo Americano..........................50

Resende em dados.........................51

EXPEDIENTE:

CAT PUBLICIDADE

:Celso Dutra Moura e Adriana Vilhena

Otacílio [email protected]

[email protected](24) 9821-1048

Criação, Produção e Programação

Edição e Arte

Capa em arte digital sob foto de:

Contatos:

CNPJ 02.330.153/0001-22

Jornalista Responsável:Lélis Dutra Moura

MTB 1027-RJ

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Page 5: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Mensagem do Prefeito

O bem-estar do cidadão

Resende chega aos 208 anos e, nessa data

tão querida para todos nós, podemos afirmar:

apesar do pouco tempo à frente da Prefeitura, a

nossa administração tem muito o que mostrar. Os

resultados positivos do nosso trabalho já estão

ajudando a devolver a alegria de viver em um

município que se desenvolve economicamente,

sem perder uma das suas referências principais: a

qualidadedevida.

Estamos buscando a qualidade de vida de

cada pessoa residente em Resende através,

principalmente, de um novo conceito de gestão

pública que implantamos este ano na área da

saúde: oResendeSaudável.

Isso porque entendemos que o pleno bem-

estar físico e mental do cidadão se alcança não

apenas commaismédicos e postos de saúde. Essas

ações são fundamentais, e conseguimos avanços

importantes. Mas elas devem ser acompanhadas

por outras em todas as áreas do serviço público,

como infra-estrutura, saneamento básico, esporte,

lazer, cultura e programas sociais. Do que adianta,

por exemplo, um paciente ser bem tratado em um

hospital se as ruas do seu bairro não estiverem

pavimentadas? Ele correrá o risco de voltar à sua

residência e ficardoentedenovo.

Neste sentido, as realizações são muitas,

entre as quais podemos destacar as seguintes:

Programa Terceira Idade Ativa; Programa

Segundo Turno, que oferece atividades esportivas

e culturais para estudantes da rede pública;

pavimentação de ruas; início da construção e

reforma de unidades médicas; melhorias nas

escolas municipais; academia de ginástica para

idosos; programas sociais destinados a crianças e

adolescentes, além da assinatura de um decreto

que garante a qualidade no abastecimento de água

potável. Isso sem contar as realizações na área da

cultura, e o nosso trabalho voltado à instalação de

novas empresas. Recentemente, por exemplo,

divulgamos a ampliação da MC Lane, centro

distribuidor de produtos eletrônicos, a maioria

deles fabricadanaZonaFrancadeManaus.

Resende já é uma terra privilegiada por

vocações naturais para o desenvolvimento. Resta

ao Poder Público fazer a sua parte, realizando

obras e serviços a favor do bem-estar do cidadão. É

nesta direção que vamos continuar trabalhando.

Afinal, a gente vive aqui. Por isso, merecemos e

temosodireitoaumavida saudável.

José Rechuan Junior

Prefeito Municipal

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Mensagem do Governador

Resende, cidade parceira do Estado

Resende é uma das cidades quemais cresce

no estado e que tem hoje uma grande vocação

industrial, atraindo a atenção de empresas de

diversas partes do Brasil. Por isso, estamos

fazendo investimentos muito importantes no

município, principalmente nas áreas de

infraestrutura, indústria, turismo e meio

ambiente.

Em agosto, concretizamos na cidade o

Programa de Apoio ao Desenvolvimento dos

Municípios, o Padem. É um investimento de R$ 4

milhões do nosso governo que permitirá à

prefeitura executar obras de drenagem pluvial em

maisde trêsquilômetrosdevias edepavimentação

em28quilômetrosde ruas.

Também levamos, em primeira mao para o

município, o serviço móvel de tomografia

computadorizada, com capacidade para fazer até

2.500 exames por mês, dando mais dignidade no

atendimento à população. E reformamos o prédio

do IML, fechado há quatro anos, enquanto

construiremos, com recursos do estado, a nova

sede, emumterrenocedidopelaprefeitura.

Na área do meio ambiente, estamos

implementando em todo o estado os centros de

tratamento de resíduos sólidos, que são aterros

sanitários modernos e ecológicos. Vamos acabar

comos lixões em até dez anos.Na região doMédio

Paraíba, esse aterro ficará em Resende e atenderá

Itatiaia, Porto Real, Quatis e Visconde de Mauá,

beneficiando 170milhabitantes.

Construímos ainda na cidade um Centro

Vocacional Tecnológico (CVT), que oferece

cursos profissionalizantes gratuitos, formando

mão-de-obraespecializada.

Em outra ponta, estamos investindo na

região deResende e Itatiaia (nas AgulhasNegras),

recursos do Prodetur, um convênio com o governo

do presidente Lula que contempla obras de

infraestruturaeplanejamento turístico.

Portanto, é com enorme alegria que dou os

parabéns a Resende, por mais um ano de vida, e ao

prefeito José Rechuan, que tem sido um grande

parceirodonosso governo.Quemganha com isso é

o povo de Resende. É uma honra ter essa grande

parceria comacidade.

Sérgio Cabral

Governador do Estado do Rio de Janeiro

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Page 8: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Resende, outra vez, torna-se

difusor desta cultura para o

'Oeste' paulista, através da lendá-

ria Caravana Pereira Barreto, que

levou as preciosas mudas do Café

Bourbon, cultivado inicialmente

na Fazenda Monte Alegre, propri-

edade dos Pereira Barreto na

Vargem Grande em Resende.

Resende foi o primeiro

pedaço de terra brasileira onde o

café encontrou acolhida de

elementos que propiciaram o seu

grande desenvolvimento, de

modo a alcançar aquele surto

admirável na nossa balança

econômica. No final do século

XVIII, o café já era cultivado nos

distritos de Resende, por isso o

Vale do Paraíba (fluminense),

teve a prioridade de ser o viveiro

inicial das grandes plantações do

'ouro-rubro'.

A Província do Rio de

Janeiro era rica, feliz e invejada,

uma princesa entre suas irmãs;

que durante oitenta anos concor-

reu decisivamente para a forma-

ção das nossas forças armadas: o

exército e a marinha; fornecendo

abundantes recursos ao governo

para as despesas extraordinárias

da guerra do Paraguai, assim

como para todos os melhoramen-

tos; tais como as estradas de

ferro e de rodagem, edifícios

públicos... etc.

Para ter uma idéia da

opulência da cultura cafeeira

nesta região (São Vicente Ferrer e

Vargem Grande), em 1868 no

auge da produção de café, estes

dois distritos possuíam quase a

metade dos fazendeiros de café

do município que eram em torno

de 560.

Quando em 1927 realizou-

se uma grande exposição come-

morativa do bicentenário da

introdução do café no Brasil, os

organizadores escolheram a

cidade de Resende para inaugura-

ção de um obelisco em homena-

gem ao 'Berço da Grande Lavoura

Cafeeira'. Atualmente encontra-

se esquecido e localizado ao lado

da Fundação Cultural.

AFazenda MonteAlegre em

Vargem Grande, era uma das

grandes produtoras de café e

cereais que num desenvolvimen-

to agrícola assombroso, valoriza-

va a gleba, dando situação de

UMAFAZENDAMODERNA

As primeiras fazendas cafeeiras do país surgiram na Vargem Grande

Por José Eduardo de Oliveira Bruno

O berço do Café no Brasil

8

O distrito de Santo Antônio

da Vargem Grande inicialmente

foi originado de um desmembra-

mento de São Vicente Ferrer

(atual Fumaça) e uma pequena

parte do distrito sede, através de

intervenções constantes do

ilustre resendense Comendador

Fabiano Pereira Barreto.

As divisões administrativas

de 1892 e 1938, conservaram o

distrito sob o nome de Vargem

Grande, mas o Decreto-Lei 1056

de 31 de dezembro de 1943,

substituiu-o, com a troca da

denominação para Ibitigoaia, que

durou pouco tempo, logo depois,

em 1944, passou a denominação

atual de Pedra Selada.

Nesta região resendense,

foi onde surgiram as primeiras

plantações do café no Vale do

Paraíba, introduzidas inicialmen-

te pelo Padre Couto (Antônio do

Couto da Fonseca). Da fazenda de

Antônio Bernardes Bahia em São

Vicente Ferrer, saíram as primei-

ras sementes para o início da

cultura cafeeira em toda a região

meridional fluminense e também

para o Estado de São Paulo,

introduzidas inicialmente em

Bananal e Areias e mais tarde

irradiando-se para a região de

Campinas. No início da decadên-

cia do café no Vale do Paraíba,

Page 9: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

relevo e consagrando-o como o

maior produtor agrícola da

região.

O café 'Bourbon', nasceupor experiência de fecundaçãopor hibridação do café Libériacom o café Comum, realizadapelo Dr. Luiz Pereira Barreto,filho de Fabiano Pereira Barreto,na Fazenda Monte Alegre naVargem Grande em Resende.

Eram plantas lindas, com

as características de excelente

qualidade, e completamente

diferentes do Libéria e dos dema-

is. Com o produto desses cinco

pés, ao cabo de quatro anos, os

Barretos iniciaram a plantação de

regular cafezal de Bourbon,

nome com que foi batizado pelo

Dr. Luiz Pereira Barreto, o novo

café obtido, apesar de aconselha-

do por amigos, para que lhe fosse

dado a denominação de café

'Barreto'.

A preferência foi por se

lembrar o Dr. Barreto de ter

conhecido nas estufas da Univer-

sidade de Bruxelas, uma qualida-

de de café muito semelhante

aquele, conhecido pelo nome de

Bourbon. Daí a história da famosa

variedade conhecida pelo nome

de café Bourbon que se destacou

pela grande produção de seus

arbustos de 2 a 3 metros de

altura, de forma mais ou menos

cilíndrica com folhas verde-

claras e quando maduras ficam

verde escuras, elípticas, leve-

mente coriáceas, com lâmina e

margens mais onduladas do que a

variação Typica.

Porém, um acontecimento

que não podemos deixar cair no

esquecimento, pela sua real

importância na historiografia da

cafeicultura em nosso país, foi o

da "Caravana Pereira Barreto",

que no ano de 1876, numa verda-

ACARAVANA

deira expedição conquistadora

saiu da fazenda Monte Alegre,

constituída em sua liderança pelo

clã dos Barretos, homens de

recursos, ativos sertanistas e

grandes empreendedores, lidera-

dos pelo médico, cientista e

filósofo Dr. Luiz Pereira Barreto, e

por seu irmão José Pereira Barre-

to, acompanhados pelos outros

irmãos: Cândido Pereira Barreto,

Francisco Pereira Barreto, Rodri-

go Pereira Barreto e Miguel

Pereira Barreto, juntamente com

alguns filhos, sobrinhos, parentes

e amigos etc., saíram de Resende

para procurar em outras regiões,

campo mais produtivo, em vez

das constantes tentativas infrutí-

feras de reanimar os velhos

cafezais, cansados de tanto

produzir.

Portanto a lendária carava-

na, capitaneada por José Pereira

Barreto e seus irmãos e mais 60

escravos em carretas e troles,

inicialmente até Cachoeira

9

A lendária Fazenda Monte Alegre

Page 10: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Paulista, onde era naquela oca-

sião ponto terminal da Estrada de

Ferro D. Pedro II, depois passando

por Jacareí, sempre margeando o

rio Paraíba do Sul, e numa outra

etapa, até Casa Branca em via-

gem áspera e longa, cruzando a

Serra da Mantiqueira em Minas

Gerais, passando por Camandu-

caia e percorrendo os vastos

campos até atingirem Ouro Fino,

Pinhal, Casa Branca, São Simão,

Cravinhos e finalmente, Ribeirão

Preto...

O fluminense e resendense

Luiz Pereira Barreto, foi o intro-

dutor do café Bourbon, no 'Oeste'

paulista, que como todos sabe-

mos, foi o elemento principal, e a

causa primordial do grande

desenvolvimento e progresso de

São Paulo no cenário brasileiro.

Com a intensa propaganda

que então fizeram em prol da

'terra roxa' do Oeste Paulista,

O ÊXODO

provocaram autêntico êxodo,

especialmente nos municípios de

Resende, Barra Mansa, Areias,

Silveira e outros do Vale do Paraí-

ba, (paulista e fluminense).

A somatória desses fatores

marcou o período sombrio da

decadência dos fazendeiros de

Resende e região limítrofe, que

viram vicejar enormes cafezais e

sentindo-se desamparados e

desesperançosos de um ressurgi-

mento, vendiam as fazendas

desvalorizadas por preços ínfimos

e irrisórios, apesar do aspecto

visual de suas grandezas do

passado.

Constrangedora situação,que só foi superada, em parte,com a vinda dos mineiros quecompraram estas fazendas desva-lorizadas e implantaram a pecuá-ria leiteira no município e emtodo o Vale do Paraíba.

Ainda não estavam termi-nados os funerais da grandelavoura cafeeira fluminense, ecomeçou a segunda descida dos

mineiros. Antes, quando o valeera uma imensa floresta, vierameles para a exploração do café,desiludidos da garimpagem doouro e do diamante; agora, seriapara aproveitar na 'bacia dasalmas', a aquisição de boas ter-ras, cansadas embora, mas pró-prias para a criação de gado,exploração dos laticínios, àsportas da Capital Federal,então...!

As grandes fazendas de

café, providas de excelente

maquinário de amplos terreiros

de pedra cal, de vastas senzalas,

desapareceram do cenário, por

completo. Caíram as 'Casas

Grandes', com a transformação

das lavouras de café para centros

de pastoreio de gado, pois a ruína

e a destruição de muitas delas,

foram exigidas por esta última

exploração, do gado, sendo assim

O FIM DAS GRANDES

FAZENDAS

Secagem do café. Marc Ferrez. 1885. Coleção Gilberto Ferrez. IMS

10

Page 11: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

necessárias extensas glebas,

impondo-se a necessidade de

incorporação de duas ou mais

fazendas em uma só, ficando

inúteis os casarios das que se

unificavam eram então abando-

nadas ou destruídas para o apro-

veitamento de pastos.

As lavouras cafeeiras

atingiram o maior desenvolvi-

mento, até a década de 1860 /

70, depois Resende e região,

sofreram um colapso angustian-

te, uma fulminação de desorgani-

zação do trabalho agrário, com

fazendas abandonadas devido ao

desgaste e a esterilidade das

terras, cansadas de tanto produ-

zir. Os caprichos da natureza

reservaram aos fazendeiros a

queda da opulência que se desfez

como um sonho, que se dissipou

como uma miragem.

A Escravidão e o Café eram

os dois poderosos fatores vitali-

zantes de todas as regiões produ-

toras e a eliminação de um e a

decadência progressiva do outro,

determinaram o desalento que

arruinou as fazendas do Vale do

Paraíba, que torturou municípios

e entristeceu cidades...

Monteiro Lobato quando

ocupava o cargo de promotor

público em Areias - SP (1906),

cidade limítrofe com Resende,

espantado com a decadência

econômica da região, escreveu

seu primeiro livro denominado

“Cidades Mortas”:

Há uma correspondência,

inequívoca, entre a força da

província fluminense com o seu

poderio econômico, alicerçado

no café, e a força do Império dos

Braganças, pois, enquanto a

província foi poderosa o Império

brilhou e quando a província

enfraquece o Império acaba.

Não tinha esse, o flumi-

nense, nem o orgulho do paulis-

ta, nem o democratismo do

mineiro. Era mais fino, mais

polido, mais socialmente culto

pela proximidade, convívio e

hegemonia da Corte, cuja ação o

Feitor observando o trabalho.

Christiano Júnior.1885.

Coleção Particular.

absorve. O polimento urbano lhe

corrigiu a rusticidade e pela

finura, pelo senso do meio-

termo, acabou por desempenhar,

no Sul, o papel dos atenienses da

política e das letras.

A fazenda de café fora

indispensável àquele resultado

de elegância espiritual e poli-

mento urbano. Dos meados dos

oitocentos, sobressaem já os

proprietários enriquecidos pela

lavoura cafeeira. Eram palacetes

cercados por jardins, prados à

entrada, com pequenos lagos

com renques de palmeiras impe-

riais soberbas que conduziam os

visitantes à porta do solar Olivei-

ra Viana.

Bibliografia:

"Família Pereira Barreto" - NotasGenealógicas (Itamar Bopp/São Paulo-1983)

O Vale do Paraíba, Eloy de Andra-de (Real Rio Gráfica e Editora Ltda. /RJ-1989)

“Luiz Pereira Barretto e o CaféBourbon" ("O Estado de São Paulo"-15/10/1937)

C.A.Krug / Instituto Agronômicode Campinas

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Page 16: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Barretto, resendense e figura de

maior projeção no cenário político

e social do município, alcançando

todos os mais importantes postos

da representação política local.

Sua mãe chamava-se Francisca de

Salles Barretto, prima de seu pai, e

de tradicional família de Guaratin-

guetá – SP. Em Resende, aprendeu

as primeiras letras, fazendo ainda

parte de seus preparatórios no

Colégio Brasil, de Joaquim Pinto

Brasil, depois concluindo seus

estudos no Colégio João Carlos em

São Paulo.

Posteriormente seguiu para

Bélgica com o objetivo de estudar

medicina. Em 1864 doutorou-se

com “grande distinção”. Entretan-

to, saudoso de sua pátria, que não

visitava há muito tempo, Barretto,

mesmo pensando em continuar na

Bélgica, quis vir antes ao Brasil,

onde seus planos seriam modifica-

dos e sua vida tomaria outros

rumos.

Em 1865, revalidou seu

diploma na Faculdade de Medicina

do Rio de Janeiro clinicando em

Resende até 1869, quando se

transferiu para Jacareí, onde se

casou com Carolina Peixoto, aos 28

anos de idade.

Positivista ortodoxo, inicial-

mente, pois durante sua perma-

nência na Bélgica, o jovem estu-

O POSITIVISMO

dante transformar-se-ia em um

discípulo apaixonado das doutrinas

de Augusto Comte, tornando-se um

positivista integral. O positivismo é

uma filosofia materialista, mas

empírica, que propõe respeitar os

passos do homem como inventor e

herdeiro da história. Essa filosofia

está intimamente ligada à moral

cristã ortodoxa.

E isso marcou a formação de

Luiz Barreto. Chegou a publicar

algumas importantes obras de

cunho positivista, tais como: As

Três Filosofias; Soluções Positivas

da Política Brasileira; Positivismo e

Teologia, que muito influenciaram

a intelectualidade da época. O

Positivismo, no final do século

passado e início do XX, exerceu

forte influência não só na intelec-

tualidade, mas também entre a

classe política e militar, pois o lema

de nossa bandeira “Ordem e Pro-

gresso”, foi fundamentado no

preceito positivista “Amor como

princípio, Ordem como base e

Progresso como fim”.

Em 1876, Pereira Barretto

pressentindo que o café no Vale do

Paraíba estava com os seus dias

contados, começou a publicar uma

série de artigos na imprensa de São

Paulo sobre a “terra roxa” do

“Oeste” paulista que com sua

fertilidade maravilhosa seria o

O DESCOBRIDOR DO OESTE

PAULISTA

Um homem à frente do seu tempo

Por José Eduardo de Oliveira Bruno

Luiz Pereira Barretto

14

É u m a

árdua tarefa

poder sintetizar a

vida de Pereira

Barretto, pois ele

cuidou de tudo, ou

quase tudo: medicina,

filosofia, educação, imprensa,

cafeicultura, pecuária, sociologia,

vitivicultura, política, geologia,

etc. No entanto, de tudo que

tratou, sempre fez com muito

discernimento, segurança e sabe-

doria, conquistando as credenciais

de sábio, com que passou para

história. E é como sábio, como um

cidadão onisciente, que dominou

com lucidez todos os problemas do

homem, que podemos, sem nenhu-

ma sombra de dúvida, dizer em

uma só palavra, desta forma sinte-

tizando todas as suas qualidades,

que ele foi acima de tudo, um

Humanista.

Dr. Luiz Pereira Barretto é

uma das mais significativas figuras

do pensamento nacional. Viveu

oitenta e três anos, nascendo em

Resende-RJ à 11 de janeiro de 1840

e falecendo em São Paulo à 11 de

janeiro de 1923.

Desde 1864, quando retor-

nou ao Brasil, após graduar-se,

começou a desempenhar um

importante papel na vida científica

e intelectual brasileira. Filho do

Comendador Fabiano Pereira

AORIGEM

Page 17: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

novo campo de ação da cafeicultu-

ra brasileira. Considerado o primei-

ro agrônomo do Brasil, ele escreveu

uma série de artigos sobre as

causas do declínio da cultura do

café em terras fluminenses – em

sua opinião, principalmente pela

falta de adubação – e sobre as

vantagens da “terra roxa”, publi-

cados no jornal “A Província de S.

Paulo.

Inicialmente, são os “Bar-

rettos”, homens de recursos,

ativos, sertanistas e inteligentes

que lançaram diversas lavouras

naquela região, disseminando

princípios racionais de agricultura

num meio até então considerado

inóspito. Introduziram o café

Bourbon que se espalhou vertigino-

samente por todo o “Oeste” paulis-

ta, desta forma trazendo a riqueza

e a prosperidade que tomariam

conta da economia da região e

fariam Ribeirão Preto se tornar o

novo “Eldorado do Café”.

Ribeirão Preto no início do

século tinha sua população consti-

tuída de 2/3 de fluminenses, sendo

Resende o ponto em que a migra-

ção se revelou em maior amplitu-

de.

Assim, em janeiro de 1876, o

coronel José Pereira Barretto,

irmão de Luiz, seu filho Fabiano, o

'Bizinho', seu sobrinho Antônio de

Paulo Barreto Ramos e seus irmãos

Miguel Pedroso Barretto e Francis-

co Pereira Barretto, saíram em

expedição para conhecer as terras

do então, “Oeste” paulista. Da

Estrada de Ferro Pedro II, hoje

Central do Brasil, seguindo até

Cachoeira Paulista, ponto então

terminal dessa via férrea. Ali

chegados, em janeiro de 1876,

acompanhados de escravos pajens,

transportando enormes cargueiros,

que haviam partido antes pela

estrada de rodagem, margeando a

várzea do Paraíba, prosseguiram

ACARAVANA

até Jacareí, onde os aguardava o

Dr. Luiz Pereira Barretto, pronto

para acompanhá-los às plagas tão

faladas do “Oeste paulista”. Depois

de uma demora de alguns dias em

Jacareí, para descanso das fadigas

que lhes trouxera a grande cami-

nhada ao longo do Vale do Paraíba,

os ilustres Barrettos, seguros no

feliz êxito da aventura a que iam

entregar-se, puseram-se de novo a

caminho do “Oeste paulista”,

através da expedição que integra-

vam, depois conhecida como a

“Caravana Pereira Barretto”.

Partindo de Jacareí, os

Barrettos passaram por Camandu-

caia e Ouro Fino, em Minas Gerais e

Espírito Santo do Pinhal, já na

província de São Paulo. Depois

chegaram a Casa Branca. A partir

daí, foram guiados pelo coronel

Hipólito de Carvalho, que conhece-

ram naquela cidade. O entusiasmo

para com as terras paulistas era tão

notório que o Dr. Luiz disse ao guia

Hipólito, enquanto descansavam

num hotel: “Estamos maravilha-

dos... São Paulo dentro de poucos

anos será o maior empório cafeeiro

do mundo. Para isso, só lhe faltam

fáceis meios de transporte. Feliz-

mente o paulista é inteligente e

empreendedor e, em breve, fará

com que estradas de ferro rasguem

todos os seus sertões. Assim, a

imigração virá!”.

De Casa Branca, os Pereira

Barretto chegaram à Fazenda

Cravinhos, de 800 alqueires, que

foi comprada de Antônio Caetano

por Luiz Pereira Barreto, por

36:000$000 (trinta e seis mil contos

de réis), algo em torno de 150 ou

200 mil dólares atualmente. Nesse

período, embora existissem outras

propriedades na região, inicia-se a

formação da cidade de Cravinhos.

O local onde hoje se encontra a

A ORIGEM DA CIDADE DE

CRAVINHOS E OS NOVOS TEMPOS

PARARIBEIRÃO PRETO

cidade foi a Fazenda Cantagallo, de

80 alqueires, também comprada

por Luiz Pereira Barreto, de Domin-

gos Borges, ao valor de 600$000

(seiscentos mil réis).

Os Barrettos não esmorece-

ram, plantaram o cafezal na

região, em sua maioria, o excelen-

te 'Bourbon', garantidor da prima-

zia cafeeira paulista, das sementes

trazidas cuidadosamente de Resen-

de, como 'pepitas de ouro', quando

da mudança deles para a região das

terras roxas “encaracoladas”,

também vulgarmente conhecidas

por “sangue de tatu”.

Luiz Pereira Barretto,

vibrante de fé e entusiasmo,

inoculou em todos, em memorável

campanha de propaganda, a confi-

ança necessária para o prossegui-

mento e consolidação desta nova

grande lavoura cafeeira e foi assim

que Ribeirão Preto depois de

poucos anos, trabalhados e lavra-

dos inicialmente pelo braço escra-

vo e caboclo, e posteriormente

pelos braços dos imigrantes,

tornou-se o maior centro cafeeiro

do mundo.

Entretanto em 1885, Pereira

Barretto abandona a lavoura

cafeeira, tornando-se vitivicultor,

pois achava que seríamos capazes

de produzir, não só café e borracha,

como país tropical, mas também

poderíamos produzir o vinho que

seria a única forma de atrair o

colono europeu em emigração

voluntária.

O PAI DA VITIVINICULTURA

NACIONAL

15

Cravinhos em 1903

Page 18: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Dizia: “A vinha é vista pelo

europeu, não como um arbusto

qualquer, mas como uma verdadei-

ra pessoa, um membro da família,

uma segunda companheira que

sempre amou e adorou”. Dispôs-se

a cultivar a “Vitis vinifera” em

Pirituba, nos arredores de São

Paulo, em uma verdadeira estação

experimental agrícola, aonde

chegou a reunir mais de 400 varie-

dades de uvas vindas da França,

Portugal, Itália, Egito, Síria... etc.

Colaborou durante 12 anos

na imprensa européia, e em especi-

al na francesa, dando lições aos

viticultores europeus. O sucesso

das videiras do Dr. Barreto foi

publicamente apresentado à

sociedade paulistana em de 1897,

na “Exposição das Uvas”. O evento

foi patrocinado pela veneranda e

de tradicional família paulistana

Dona Veridiana Prado.

Nessa festa aconteceu um

interessante encontro de sábios. O

poeta Olavo Bilac, de passagem

pela cidade, escreveu uma ode

espirituosa sobre o evento:

“Já não há mais vinho que

nos envergonhe;

Não beberemos Verde, nem

Colares,

Nem Bordeaux, nem Marsa-

la, nem Bourgogne,

Vindos de além dos mares!

(...)

E em prantos de ventura me

derreto,

Vendo-te, oh Baco, naturali-

zado,

Graças ao Gênio do Dr.

Barretto,

Graças à Dona Veridiana

Prado!”

Dizia Barretto: “O caminho

que o presente nos aponta e que o

futuro exigirá de nós é o da policul-

tura. É preciso que se abandone o

velho lema 'o café dá para tudo'; é

preciso compreender que a ciência

permite fazer deste país uma

maravilha; todas as culturas são

aqui possíveis; podemos exportar

tudo”.

Pereira Barretto, como

grande cientista que era, se lança-

ra na grande campanha contra a

febre amarela, pois achava que o

saneamento não era só um dever de

humanidade para a medicina, mas

também uma medida de extrema

importância política, pois a obten-

ção de uvas européias no Brasil,

provava a fertilidade de nosso solo

e a excelência de nosso clima.

Portanto a extinção das

moléstias epidêmicas que nos

assolavam, provaria sua salubrida-

de e seria um estímulo e conse-

qüentemente um convite aos

imigrantes europeus. Barretto,

mais uma vez dá uma grande

contribuição para a ciência, cau-

sando uma enorme polêmica

quando afirma que a febre amarela

não era contagiosa e sim um pro-

blema de saúde pública devido à

contaminação das águas.

Então publica uma série de

artigos na imprensa em defesa de

sua tese, que acabou prevalecen-

do. Num desses artigos, ele cita o

exemplo de Resende: “Em Resen-

de, sobretudo, o problema se

apresenta em sua maior simplifica-

ção. A cidade está dividida em duas

partes pelo rio Paraíba, achando-se

uma em colina e abastecida de

excelente água canalizada, e a

outra em planície não dispondo

senão de água de poço. Ora, ao

passo que esta última está sendo

flagelada pela febre amarela, a

outra permanece completamente

indene”.

Posteriormente em Havana

O CIENTISTA

foi descoberto o transmissor, que

era um mosquito denominado na

ocasião de “stegomya”, e hoje

conhecido como ”Aedes aegypti”.

Logo após, começou-se a

combater o mosquito através da

pulverização com inseticidas, por

iniciativa e campanhas coordena-

das pelo Dr. Oswaldo Cruz no Rio de

Janeiro.

Pereira Barretto foi também

o introdutor da cerveja em nosso

país. Em 1885, foi organizada em

São Paulo a Cia. Antárctica com a

finalidade de produzir presuntos e

outros artigos congêneres. Os

cálculos falharam, pois logo após a

instalação da grande fábrica, a

matéria prima começou a escasse-

ar, devido ao avassalamento da

lavoura de café que se espalhava

por todo o interior. A cultura do

café extinguindo a fonte de produ-

ção de porcos, desfechou um golpe

mortal sobre a nova indústria

nascente. As custosas e magníficas

instalações, não tinham mais razão

de ser; não restava à utilissima

empresa, outro recurso senão

fechar as suas portas.

Entretanto, Pereira Barretto

mais uma vez entra em ação,

propondo aos diretores e acionistas

que aproveitassem os excelentes

aparelhos de fabricação de gelo de

que dispunha a Antárctica, passan-

do a companhia a fabricar cerveja.

Portanto, no dia da assembléia

geral que seria para extinção da

empresa, Pereira Barretto faz uma

explanação da viabilidade de se

transformar aquelas magníficas

instalações em uma fábrica de

cerveja.Até então ninguém acredi-

tava na possibilidade de se fabricar

cerveja no Brasil, pois o nosso

clima parecia a todos um obstáculo

insuperável.

Contudo, uma grande

indústria constituiu-se, os acionis-

ACERVEJANO BRASIL

16

Page 19: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

tas se enriqueceram, a empresa

tornou-se milionária e a cerveja

pioneira da Antárctica derramou-

se por todo o país, desta forma

cessando a importação desta

bebida, afirmando-se a nossa

emancipação em um domínio que

até então fôramos inteiramente

tributários.

Como se não bastasse, este

cientista, foi também o descobri-

dor dos benefícios que o guaraná

traz a vida do homem. Foi o pionei-

ro nos estudos científicos e na

realização de experiências com o

propósito de produzir uma bebida

refrigerante industrializável, com

base no guaraná, criando um

método de processamento desse

fruto, que deu origem ao xarope do

guaraná, utilizado até hoje na

fabricação do refrigerante.

Roque Spencer Maciel de

Barros em seu livro: “A Evolução do

Pensamento de Pereira Barretto”

diz: “Chamaram-no de o médico do

Vale do Paraíba, muitas vezes, 'o

sábio Dr. Barretto'. Parece-nos mais

exato – e mais nobre mesmo –

chamá-lo 'o educador Pereira

Barretto'. Por que, que é, senão

educador, o homem que anela

despertar o seu país, erguê-lo e

dar-lhe consciência de si próprio,

para que este cumpra o papel

histórico reservado a todos no

estado positivo da mentalidade

humana?

O GUARANÁ

NOTADO EDITOR 1

‘Luiz Pereira Barreto, o

patrono da cadeira Nº 1 e funda-

dor da Academia de Medicina de

São Paulo.

Data de 24 de novembro de

1881 o decreto que criaria, em

São Paulo, uma Academia de

Medicina, Cirurgia e Farmácia, a

qual, entretanto, não vingou.

Esse decreto, certamente teve a

influência direta de Luiz Pereira

Barreto, considerando que era

líder da Medicina paulista, e

nessa área nada acontecia de

importante que não tivesse a sua

especial providência.

Seis anos antes (final de1894, início de 1895), havia sidodeflagrada campanha difamató-ria contra os médicos paulistas,que eram acusados da prática deapresentar contas exorbitantes aser cobradas quando do inventá-rio de pacientes ricos falecidos.Revoltados com a difamação quelhes recai, os médicos preparamuma reunião de desagravo, naqual estava Pereira Barreto.Nesse dia surgiu a idéia da cria-ção de uma, a primeira, entidademédica de São Paulo. Avençaramencontro para o dia 24 de fevere-iro de 1895, à Rua São Bento, 23,consultório de SérgioMeira.

Neste dia ocorreu a prime-ira reunião preparatória. Presen-tes as mais importantes expres-sões da Medicina, como ArnaldoVieira de Carvalho, TeodoroReichert, Matias Valadão, Candi-do Espinheira, Amarante Cruz,Carlos Botelho, Luiz PereiraBarreto. Logo a seguir, aos 7 demarço do mesmo ano, com maisvinte e oito nomes unidos emtorno do mesmo ideal, deu-se asegunda reunião preparatória,quando foram aprovados osEstatutos da agremiação, estabe-lecendo-se, assim, aquela datacomo a da fundação da Sociedadede Medicina e Cirurgia de SãoPaulo, depois mudado paraAcademia de Medicina de São

Paulo.

Uma semana depois, aos 15de março de 1895, houve a insta-lação solene da “Casa de PereiraBarreto”, no edifício da Faculda-de de Direito de São Paulo, asArcadas do Convento Francisca-no, gentilmente cedido pelo seudiretor, Barão de Ramalho.’

‘Iniciou a vida políticaainda no Império como DeputadoGeral por São Paulo. Renunciouao mandato em 1877, por não serpaulista nato.

Com a Proclamação deRepública, foi o 2° Vice-Governador do Estado (1889/90),nomeado pelo Marechal Deodoroda Fonseca.

Elegeu-se Senador Estadu-

al pelo Partido Republicano

Paulista (PRP), tendo presidido o

primeiro Congresso Constituinte

Estadual, em 1891. Em seguida,

foi eleito Presidente do Senado

Estadual, exercendo o cargo

entre 15 de julho de 1891 e 29 de

janeiro de 1892.

Elegeu-se ainda, Deputado

Federal para o período 1891/93.

Foi membro fundador da

Academia Paulista de Letras e do

Instituto Histórico e Geográfico

de São Paulo.’

Autor: Guido Arturo Palom-ba. Fonte: Academia de Medicinade São Paulo.

Fonte: Assembléia Legisla-

tiva de São Paulo.

Em alguns documentos a

grafia de “Barreto“ aparece com

uma letra “t“ e, em outros, com

duas letras “t“. Então, iremos

considerar as duas grafias corre-

tas.

NOTADO EDITOR 2

NOTADO EDITOR 3

17

Page 20: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

A crise culminou em 6 de

abril de 1831 com uma grande

manifestação popular no Rio de

Janeiro, à qual aderiu a guarni-

ção da cidade, comandada pelo

brigadeiro Francisco de Lima e

Silva.

Na madrugada do dia

seguinte, 7 de abril, Dom Pedro I

abdicou do trono brasileiro em

nome de seu filho de cinco anos,

Pedro de Alcântara. Neste turbi-

lhão de idéias liberais onde o

separatismo, a independência

econômica e política são tônicas

recorrentes é que se dá a 4 de

agosto de 1829 uma Seção Extra-

ordinária da Câmara da Vila de

Resende, conclamando varias

vilas a criação de uma nova

província do Império do Brasil,

uma vez que os signatários desta

idéia, formavam já a base econô-

mica daquilo que se conheceria a

frente como o “Império do Café”.

O café, desde o final do

século XVIII, transformara-se em

produto de luxo que aos poucos se

tornava cada vez mais consumi-

do. Os mercados internacionais

estavam favoráveis ao café.

Nestas condições é que se

dá o auge da cafeicultura resen-

dense bem como dos outros

municípios a seu entorno, ou

seja, na virada da década de 1840

para 1850.

Mas ao final da década de

1820 um episódio grande relevân-

cia ocorre na história de Resende

envolvendo a câmara Municipal e

a população de toda região do

Médio Paraíba. Foi a idéia da

criação de uma nova província

para o Império do Brasil, provín-

cia esta movida pela força e

poder econômico do café. E

assim, quem melhor nos relata tal

momento é João Maia:

"

."

À época do período da

independência, havia municípios

pertencentes a três províncias,

com cidades prósperas, que

mantinham íntimas relações

comerciais entre si. Na Província

do Rio de Janeiro tínhamos

Resende, Valença, Parati, S.João

Príncipe e Ilha Grande; Campa-

nha e Baependi, na de Minas

Gerais, e Areias, Lorena, Cunha e

Desde 1829, concebeu a

câmara municipal de Resende,

uma idéia grandiosa que por ser

arrojada e não terem sido previs-

tos os obstáculos que a deviam

malograr, não teve o sucesso que

estava nos desígnos[sic] dessa

corporação animada do mais

elevado patriotismo e de intuitos

progressistas sem igual em

outras municipalidades desse

tempo

As primeiras fazendas cafeeiras do país surgiram na Vargem Grande

Por Júlio Cesar Fidélis Soares

A Província de Resende

18

Nosso estudo inicia-se no

período em que se processa a

Abdicação de Dom Pedro I, pois o

imperador procurou atenuar a

hostilidade da Câmara organizan-

do um novo ministério chefiado

pelo marquês de Barbacena, que

contava com a simpatia dos

políticos do Partido Brasileiro.

A queda desse gabinete, a

repercussão dos ideais liberais na

Europa com repercussões nas

principais províncias do Brasil,

fez ferver os ânimos dos liberais.

No Rio de Janeiro, violentas lutas

de rua entre brasileiros e portu-

gueses colocaram em evidência a

impopularidade do imperador.

Novo ministério de tendências

liberais foi substituído em segui-

da pelo Ministério dos Marqueses,

de tendências absolutistas.

Dom Pedro I

Page 21: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Guaratinguetá, na de São Paulo.

Por relações comerciais e

facilidades de transporte, de

acordo com os recursos da época,

tais cidades estavam intimamen-

te ligadas por laços de parentesco

de seus habitantes e também,

inspiradas no interesse comum

desses municípios, que como o de

Resende, tinham grande dificul-

dade de transporte em relação às

vias de ligação, tendo de percor-

rer grandes distâncias e péssimos

caminhos para irem às capitais

respectivas o que demandou

atitudes que pudessem resolver

sua necessidades locais com mais

velocidade e presteza, no caso a

abertura de caminhos alternati-

vos para escoamento da produ-

ção, sobretudo, o café.

Os interesses e aspirações

comuns, as dificuldades para

entendimentos com os presiden-

tes das respectivas províncias,

geraram no espírito dos muníci-

pes a grande conveniência da

nova organização, com os citados

municípios, de uma nova provín-

cia destacada das de São Paulo,

Rio e Minas.

A idéia não tardou a ser

aceita com entusiasmo pelos

donos poder de tais cidades,

transformando-se numa verdade-

ira aspiração da maioria de seus

habitantes. Houve entendimen-

tos entre representantes dos

vários municípios, no intuito de

tornar realidade esta aspiração

de seus munícipes, pois existiam

pequenas dúvidas e ligeiras

rusgas, oriundas de interesses

locais específicos que acabariam

sendo resolvidas num contexto

geral.

Mas em Baependi, guartel

general dos "Nogueira", exigia-se

as honras de capital da nova

província. Contudo, Resende

também almejava esta primazia

e tal pretensão era justificada

pela sua melhor posição geográfi-

ca em relação ao plano proposto,

situação esta que Zaluar comenta

em sua obra nos idos de 1860:

”três artérias magnaimportância comunicam Resendecom as outras províncias irmãs:pela estrada Presidente Pedrei-ra, da Barra Mansa ao Picu,estáela em contato com o grande

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Page 22: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

centro da capital; pela estradachamada da Bocaina comunicacom a Província de Minas; e pelaestrada do Ariró, com a de SãoPaulo , parte de cujo territórioatravessa.”

Não se chegou a um acordoa respeito da denominação danova província. A questão dadenominação da nova provínciaestava ainda em pauta , quando oimpetuoso vereador da CâmaraMunicipal de Resende, o padreJosé Marques da Motta, inabil-mente precipitou os aconteci-mentos, fechando questão quan-to a capital e o nome da novaprovíncia que deveria adotar amesma denominação da entãoVila de Resende, ou Província deResende.

Tal gesto impetuoso dopadre provocou grande polêmica,discussões, discordâncias eposicionamento regionalistasentre os outros municípios,sobretudo Baependi, tendogerado um retrocesso nas negoci-ações, até então já consumadas eacertadas com todos da necessi-

dade da criação de uma novaordem administrativa. O quepodemos ver é a força do podereconômico da região, principal-mente a liderança de Resende,por sua pujança em termos deligações políticas e de poder,mostrando toda a força dospequenos e médios produtoresem se unirem em prol de interes-ses comuns sejam eles ligadosgeograficamente e administrati-vamente a outras Províncias.

O documento inicial quepropõe a idéia da nova provínciafoi a ata da Sessão de 7 de julhode 1829. Nela tratou-se de diver-so assuntos como nomeação deJuiz Ordinário para vila , a nome-ação de um carcereiro paraCadeia Pública e uma série deoutros assuntos administrativo daVila de Resende. Mais o trechoque nos interessa está registradona página 27 da ata citada anteri-ormente e assim foi registrado :

“ O Senhor Motta propôs oseguinte. Havendo considerado aquanto fosse útil aos povos deSerra Acima a Criação de huma

nova Província que compreendeesta Villa , a de Areias, Sam Joãodo Príncipe , Valença, de Lorena ,Guaratinguetha, Cunha e outrasdas Província de Minas proponhoa esta Câmara que Convide asMunicipalidades das dittas Villaspara se reunirem a esta Câmarana representação que se houverde fazer a Assembléia Legislativa.... em Seção de sete de julho demil e oitocentos e vinte nove.Motta que foi apoiado Remetidoa Comissão dos Officios para dar(Apreciação) na Seção de três deAgosto.”

Assim pelo que vimos, tal

sessão só se realizou em verdade

no dia 4 a de Agosto de 1829,

conforme registrado em Ata de

Seção Extraordinária. Segundo o

historiador local, Dr. João Maia,

somente em 7 de abril de 1831

esta idéia volta a despertar

interesse e alguma esperança,

talvez quem sabe algum padrinho

político pudesse ajudar tão

arrojado ideal.

Poderíamos imaginar a

20

O café trouxe riqueza para a cidade

Page 23: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

hipótese de que este padrinho

pudesse ser o Imperador, que via

nesta nossa região uma grande

base de apoio ao poder uma vez

que sabemos que o ano 1831 é um

período muito difícil na gestão do

império, mas fato é se este era o

padrinho, foi neste 7 de Abril que

Sua Majestade renuncia ao trono

brasileiro, pois viu que não tinha

sustentação política, abdicando

em favor de seu filho.

O que observamos então, é

a força do poder econômico da

região, sobretudo da liderança de

Resende, por sua pujança em

termos de ligações políticas e de

poder, mostrando toda sua força

na representação dos pequenos e

médios produtores de café em se

unirem em prol de interesses

comuns, sejam eles geografica-

mente ou administrativamente a

outras províncias como São Paulo

e Minas.

Vemos neste momento quea hegemonia de poder e influên-cia de relações se transferegradativamente para estes pro-dutores de café, seja ele peque-no, médio ou grande (os Barõesdo Café). Assistimos, a partir deações precursoras como a estuda-da, que as províncias do Rio deJaneiro, São Paulo e Minas,representadas por nossa micro-região, passam a conformar-senum novo laço de relações depoder dentro de seus interessesno Brasil Independente do Segun-do Reinado.

O Padre José Marques daMotta veio para Resende em 1826vindo São João Del Rey. Presidiu aCâmara Municipal em 1829, foi oidealizador da criação do ProjetoProvíncia de Resende. Em 1831funda o primeiro jornal de Resen-de e terceiro da Província do Riode Janeiro – que se denominou OGênio Brasileiro (1831). Em 25 de

NOTADOAUTOR

março de 1830, o Pe. Marquesconvida o ilustre visitante oCapitão Eleutério da Silva Prado,membro da família Prado de SãoPaulo, ao terminar uma SessãoSolene do aniversário do jura-mento da Constituição, para ver orecém inaugurado quadro dafigura do Imperador o que faz daseguinte maneira: “Queres ver oretrato de um mono?” o queobteve de resposta do visitante –“Não vejo bem esse macaco defardão, chega-lhe a luz maisperto.”

Segundo João Maia , é

neste momento que impeliu a

mão do padre fazer arder o qua-

dro da imagem de Sua Majestade

Imperial. E em 1º de Julho de

1830 é mandado abrir um inquéri-

to por Crime de Lesa-Majestade

com punição de pena de morte.

Maia, João de Azevedo Carneiro.

Do Descobrimento do Campo

Alegre À Criação da Vila de Resen-

de. [ S.Ed] , 1891 p.182

Dom Pedro II, em 7 de abril de 1831, com a abdicação do pai, foi aclamado segundo imperador

do Brasil, aos cinco anos de idade. José Bonifácio de Andrada e Silva,

tutor do menino,apresentou-o ao povo de uma janela do paço da Cidade.

21

Page 24: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Fotos Históricas

22

Resende Shopping em construção

Getúlio Vargas na AMAN

Baile no CCRRAstolpho VillaçaEleição na década de 20

Boulevard Albino de Almeida Rua Alfredo Whately

Enchente vista pela Ponte VelhaIgreja Matriz - 1920

Hypódromo RezendenseConstrução da Resende /Riachelo

Page 25: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Desfile Cívico na Praça Oliveira Botelho. Foto: Flávio Maia

23

Construção da Cidade Alegria

Colégio João Maia

Ponte Velha

Hotel Central visto da MatrizPonto de ônibus ao lado da Matriz

Page 26: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

O futebol chegou à Resen-

de no início do século XX. Claro

que era um futebol muito ama-

dor, sem regras, ainda em organi-

zação. O primeiro clube de fute-

bol foi o Fluminense F. C., poste-

riormente transformado em

Resende F. C., com as cores preta

e branca. Seu famoso 1º time era

respeitado em disputas com

cidades vizinhas do Vale do Paraí-

ba. Jogaram nessa época – Dico

Novais no gol; Lindo Constantino

e Tato Anechino na zaga; Chico

Soares e Barbosa na linha média;

Mário Gambá, Filhinho Veloso,

Rodolfo Peline, Jezer Brasileiro e

Lecyr Lobato, no ataque.

Pos te r i o rmente , por

influência de Noel de Carvalho,

presidente do Bangu A. C., o

Resende jogava quase sempre,

contra Barra Mansa, Cruzeiro,

Guará e outras cidades vizinhas,

com alguns jogadores do Bangu e

que se denominavam “enxertos”.

Com a vinda para cá do

Fiscal do Imposto de Consumo,

Dr. Pedro Rocha, muito ligado ao

Botafogo F. C., pois era irmão de

Carlito Rocha, integrando-se no

movimento esportivo da cidade,

foi eleito presidente do Resende;

murou o campo, lançou a pedra

fundamental das arquibancadas,

e, mais ainda, conscientizou o

clube de que deveria formar seus

quadros de futebol com os própri-

os atletas daqui.

Conseguiu, portanto,

formar um dos melhores grupos

de jogadores que Resende já

possuiu: Mendonça, Wadyh e

Gumercindo; Mineiro ou Villaça,

Castorino e Silva Sapateiro, Mário

Gambá, Nelson, Jezer, Silveira e

Joaquim Fernandes.

Em 1930 havia muitos

praticantes, mas somente o

Resende F. C. como clube organi-

zado; havia também o Aventurei-

ro F. C., de Campos Elíseos, e o

Juvenil, de onde saiu safra extra-

ordinária de jogadores, tais

como: Walter Pato Manco, Élmio,

Orfeu, Basoca, Ismael, Ismar,

Morelzinho e Manoel do Morel,

entre outros.

O Resende, por seu presi-

dente, Pedro Braile Neto, organi-

zou torneio com quatro equipes

capitaneadas por Castorino de

Carvalho, Augusto de Carvalho,

Mário Villaça e Waldeberto Taran-

to.

O referido torneio propor-

cionava assistência numerosa às

partidas realizadas no campo do

Resende, e revelou série enorme

e bons jogadores, que a seu

término atingiram o 1º quadro do

Resende. Era esse o quadro

principal: Waldemar Padre,

Walter Pato Manco e Augusto –

Gal, Élmio e Orfeu; Sabininho,

Marino, Ismael, Basoca e Ismar.

Havia, porém, um fato

extraordinário no futebol resen-

Fundado em 1909, o Resende Futebol Clube é o protagonistada história do futebol na cidade

Por Eitel César Fernandes, publicado em fevereiro de 1987 pela revista ACIAR

Futebol em Resende

100 anos

24

Page 27: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

dense; não era propriamente um

clube, nem mesmo um time, pois

não jogava contra ninguém, era

um aglomerado de jogadores,

aliás, muitos deles bons, que

apenas treinavam aos domingos,

de 8 às 13 horas.

Era o “Charuto”. E Charuto

era o apelido de um crioulo bom,

querido por todos e que era dono

da bola. Do Charuto saíram

grandes jogadores como Miguel

do Leofrídio, Ilídio, Eldino,

Pacuera e tantos outros.

Posteriormente, o Charu-

to, com o advento da Liga Despor-

tiva de Resende, se transformou

no Cruzeiro do Sul F. C. que, aliás,

teve vida muito curta.

Falamos de Resende, mas o

futebol se desenvolveu também

nos distritos; em Itatiaia havia o

Campo Belo F. C., com o Macha-

do, Goiabinha, Nascimento,

irmãos Nunes e outros. Enfrenta-

va o Resende de igual para igual.

Em Porto Real havia o Colônia

onde pontificavam os irmãos

Tupinambá e muitos outros. O

Engenheiro Passos, de onde veio o

extraordinário Filhinho Bojudo.

Com a construção da

Escola Militar e com o afluxo de

população adventícia, surgiram

novos clubes, e, organizada a

Liga Desportiva de Resende,

conforme determinação do

Conselho Nacional de Desportos.

O esporte resendense tomou

outra feição com o Campeonato

Municipal, disputado por clubes

da cidade, Campos Elíseos,

Itatiaia, Eng. Passos e Porto Real.

Na AMAN surgiu um extra-

ordinário quadro de futebol

composto de cadetes: Assump-

ção, Lucena, Bürman, Narizinho,

Dória, Amílcar, Hamilton, Etche-

pare, Graxaim, Batista, Caminha,

Ney e muitos outros.

Surgiram o Tabajaras,

Campos Elíseos,Alambari, Ordem

e Progresso, Lavapés, Flamengui-

nho, Nacional de Itatiaia, Agulhas

Negras etc.

Posteriormente surgiu o

Paraíso F. C. que possui hoje

ótima praça de esportes.

Com o advento da Rodovia

Presidente Dutra e do Maracanã,

ficou fácil sair após o almoço para

assistir jogos do Campeonato

Carioca e voltar no mesmo dia.

Com isso, nossos campeonatos

locais se tornaram desinteressan-

tes. Houve época em que os jogos

do Rio eram televisionados; ora,

quem iria ao campo do Alambari

assistir Vila Araújo contra Itapu-

ca, se a televisão proporcionava

Flamengo x Botafogo?

Qualquer praticante hoje,

juvenil, procura um clube maior

para experiência e possibilidade

de fazer carreira profissional, e

com isso o futebol do interior vai

perdendo potencialidade. E

Resende não foge à regra...

Produziu Resende, nestes

quase 80 anos de futebol muitos

atletas de renome; explica-se: -

não havia lazer para criançada a

não ser jogar bola e nadar no

Alambari; surgiram praticantes

em quase todas as famílias, e,

famílias onde surgiram muitos

jogadores; tais como: família

Pinheiro e Carvalho, com Frederi-

co (tio), Fred (primo), Augusto,

João e Noel; a família Nascimen-

to, com Irineu, Ismael e Ismar; a

família Brasileiro, com Irineu,

Ismael e Ismar; a família Brasilei-

ro, com Jezer, Negrinho e Basoca;

a família Bruno, com Felipe,

Jefferson e Sérgio; a família

Veloso, com filhinho, Nelson,

Walter e Milton; a família Pelini,

com Rodolfo, Xisto e Rodolfo

Filho; a família Alves Almeida,

com Antonio Morel, Morelzinho e

Manoel; a família Siqueira, com

Sabininho, Walter e Manequinho;

a família Gomes, com Zé Gomes e

Nininho; a família Santos, com

Waldyr e Oscar; família Fernan-

des, com Joaquim e Tuninho; a

família Villaça, com Mário Gam-

bá; a família do Leofrídio Cartei-

ro com Miguel e Nenê Frutinha; a

família do Emídio Sacristão, com

Otacílio, Zé Nunes e Otavinho; a

família Carvalho, com Ninico e os

filhos Tião e Ubirajara e muitas

outras.

E, poderíamos formar uma

seleção dos melhores em todos os

tempos com: Batataes, Eros e

Eldino; Pacuera, Frederico e

Orfeu; - Mário Gambá, Bazóca,

Ismael, Átila e Ismar.

25

Page 28: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

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Page 29: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Fundado em 1909, o tradi-

cional Resende Futebol Clube é

um dos times mais antigos do

Brasil, sempre atuante e presen-

te na evolução histórica do muni-

cípio.

Seu estádio começou a ser

erguido no ano de 1916, durante

os festejos da visita de Santos

Dumont, o “Pai da Aviação”, à

cidade. Localizado no centro

urbano, hoje cercado de prédios,

o Estádio dos Eucaliptos e a sua

sede social, além da prática do

futebol do time profissional

vencedor, agasalhou e ainda

recebe atividades sociais, recre-

ativas e educacionais com grande

participação na vida dos cidadãos

de Resende.

AVOLTAPOR CIMA

Em agosto de 2006, após anos de paralisação, o Resende Futebol

Clube celebrou parceria com a empresa Gol de Placa e iniciou a parti-

cipação no Campeonato da 3ª. Divisão de Profissionais do Estado do Rio

de Janeiro, classificando-se para o da 2ª Divisão em 2007.

Em 2008, numa ascensão meteórica, o Resende Futebol Clube

conquistou o título de Campeão da 2ª Divisão de Profissionais de 2007,

credenciando-se a disputar em 2008 a 1ª Divisão do Campeonato

Estadual.

Em 2009, sagrou-se Vice-Campeão da Taça Guanabara da 1ª.

Divisão do Campeonato Estadual, chegando à decisão após vencer o

Flamengo, nas semifinais, em pleno Maracanã.

Os novos tempos. Clube conquista vice-campeonato da Taça Guanabarae planeja moderno Centro de Treinamento

Por Eitel César Fernandes, publicado em fevereiro de 1987 pela revista ACIAR

Resende FC

28

Em sua estreia o quadro doResende Foot Ball Club:

Antenor Ferreira, Pedro Ferreira,João de Souza Leal, João PinheiroGuimarães, Chico Soares, Antonio

Pontes, José Domingos dos Santos,Artur Martins, Mário Guimarães,Francisco Maia e Felipe Bruno.

Fo

tos:

Go

l de

Pla

ca

Do site www.resendefc.com.br

Page 30: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

29

NOVOS PROJETOS

O clube planeja a construção de um Centro de Treinamento (CT) com a previsão de seis campos

oficiais, um campo reduzido, butique, concentração, uma escola para os atletas e ainda um estádio para 20

mil pessoas, com três mil vagas de estacionamento, 15 cabines de Rádio e TV e 13 camarotes.

PROJETO ESTRELA

Além disso, o Resende Futebol Clube é um clube que pretende ser mais do que um time de futebol, e

para isso criou o PROJETO ESTRELA- um projeto que tem como fator de atração a massificação do esporte e

a educação como base.

A ideia é gradativamente fazer o Resende FC crescer no cenário esportivo nacional, e ao mesmo

tempo mudar a vida de jovens da região, incluindo-os direta ou indiretamente no MUNDO DO ESPORTE.

Aessência do projeto é a formação integral dos seus participantes, oferecendo:

(práticas esportivas diversas, inicialmente o futebol); (assistência médica garanti-

da); (profissionalização direta ou indiretamente no esporte);

; (escola / curso técnico / universidade / curso de idiomas / responsabilidade sócio-

ambiental); (entretenimento), (cultura / envolvendo música, dança, pintura, entre outros).

Esporte Saúde

Trabalho Ressocialização dos portadores de

deficiência Educação

Lazer Arte

Page 31: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

então destinada a formar para a

Colônia oficiais de Infantaria,

Cavalaria, Artilharia e Engenhei-

ros militares e civis, consagran-

do-se historicamente como o

Berço do Ensino Militar Acadêmi-

co nas Américas e do Ensino

Superior Civil no Brasil, com a

formação de engenheiros civis e

militares, pois a Academia Militar

de West Point só foi criada pelo

Congresso dos EUAem 1802.

e instalada na Casa do

Trem, em 23 de abril de 1811,

aproveitando a estrutura de

Ensino da Real Academia que ali

funcionara por 19 anos, de 1792 a

1811.

A Academia Real Militar

foi criada por Dom João VI, por

Carta de Lei de 4 de dezembro

de 1810

De 1812 a 1858, a Acade-

mia Militar funcionou no

Largo do São Francisco, local hoje

considerado o Santuário da

Engenharia Civil e Militar do

Brasil.

E a dirigiu por largo perío-

do, desde a Casa do Trem, o

Tenente General Augusto Napion,

atual Patrono do Serviço de

Material Bélico do Exército. No

Largo do São Francisco (Largo

Real da Sé Nova) ela funcionou

como Academia Militar da Corte,

1832/38 e Escola Militar,

1839/58.

NestaAcademia estudaram

os oficiais que lutaram nas guer-

ras da Independência (1822/24),

na Guerra Cisplatina (1825/27),

na Guerra contra Oribe e Rosas

(1851/52), na Guerra contra

Aguirre (1864) e Guerra do Para-

guai (1865/70).

E entre eles os patronos no

Exército: Duque de Caxias –

Patrono do Exército, Marechal

Emílio Luiz Mallet – Patrono da

Artilharia e Ten Cel. João Carlos

Vilagran Cabrita – Patrono da

Arma de Engenharia.

Esta arma, centenária em

2008, foi criada pelo General

Hermes Ernesto da Fonseca no

contexto da centenária e grande

Real

Da Academia Real Militar à Academia Militar das Agulhas Negras

Por Claudio Moreira Bento

200 anos de Ensino Militar

30

O Príncipe Regente D.

João, decorridos quase dois anos

de sua chegada no Brasil, criou a

Academia Real Militar destinada à

formação de oficiais do Exército

de Portugal para todo o Reino.

Ela foi instalada na Casa do

Trem, atual local do Museu Histó-

rico Nacional, aonde vinha funci-

onando a Real Academia de

Artilharia, Fortificação e Dese-

nho, fundada pelo Vice-Rei Conde

de Resende em 17 de dezembro

de 1792, aniversário da Rainha D.

Maria I. O mesmo Vice-Rei que

criara a atual cidade e município

de Resende em 1801, cidade que

levou o seu nome e onde juntas

convivem, a AMAN e cidade de

Resende, há 65 anos.

Real Academia Militar até

A Academia Real Militar inicialmente

instalada na Casa do Trem,

1810 - 2010

Page 32: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Reforma do Exército que ele

promoveu em 1908 na qual foram

criadas as Brigadas Estratégicas,

as raízes históricas de muitas

Grandes Unidades que comemo-

ram 100 anos, sem se esquecer o

centenário dos velhos fuzis

Mauser 1908 que tão assinalados

serviços prestaram à Defesa

Nacional.

Foi aí professor Fortifica-

ções e Mecânica o Visconde de Rio

Branco que foi Ministro da Guerra

1858-59. Segundo Mario Barata,

"poucos edifícios são tão queridos

no Rio quanto ele", que foi o

primeiro, segundo Paulo Pardal,

“a ser construído especialmente

para abrigar uma Escola de Nível

Superior”.

Em 1939 o Marechal José

Pessoa escreveu na Revista da

Escola Militar do Realengo a

História do Espadim de Caxias

que havia sido instituído por sua

proposta como arma privativa dos

Cadetes do Exército.

E declarou que assim

procedia para não acontecer o

que havia acontecido com a

Academia Real Militar que então

apenas se sabe que existira.

E novos elementos foram

sendo descobertos ou achados

sobre a sua História.

O falecido patrono de

cadeira na AHIMTB, General

Francisco de Paula Azevedo

Pondé, pesquisando, descobriu

em dependências do Largo do São

Francisco os livros de Registros da

Academia Real e divulgou várias

matérias sobre o tema nos Anais

do Sesquicentenário da Indepen-

dência, publicados pelo Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro.

O ESPADIM DACAXIAS

Cedidos estes exemplares

por empréstimo ao Arquivo

Histórico do Exército foram

microfilmados e organizado um

Instrumento de Trabalho do

historiador com os nomes e

alterações de todos os seus

alunos. Mais tarde, o professor

Paulo Pardal resgatou grande

parte da Real Academia de Arti-

lharia, Fortificação e Desenho,

demonstrando que seu nome

camuflava a sua finalidade maior,

a de formar oficiais de Infantaria,

Cavalaria, Artilharia e Engenhei-

ros militares e civis para a Colônia

Brasil.

Entre seus ex-alunos

encontravam-se os pais de Duque

de Caxias e de seu amigo Miguel

Frias.

As matérias previstas no 1º

ano Matemático da Academia

Real eram Aritmética, Álgebra

(equação 3º, e 4º graus), Geome-

tria, Trigonometria Retilínea e

noções de Esférica e Desenho.

Eram indicadas obras específicas

dos seguintes autores franceses:

Sylvestre François Lacroix (1765-

1843) – Matemático,Adrien Marye

La Gendre (1752-1834) – Geome-

tria, Jean Baptista J. Delambre

(1759-1808) – Astrônomo e Euler

Leonard (1707-1783) - Geômetra

(suíço). Conhecido por Eulero.

No 2º Ano Matemático da

Academia Militar Real as matérias

previstas eram Resoluções de

Equações, Analítica, Cálculo

Diferencial e Integral, Descritiva

e Desenho.

A Carta de Lei indicativa as

obras específicas dos seguintes

mestres franceses: Sylvestre

François Lacroix (1765-1843)

Matemático e Gaspar Monge

(1746-1818) Geometria

No 3º Ano Matemático da

Academia Militar as matérias

previstas eram Mecânica (Estáti-

ca e Dinâmica); Hidráulica (Hi-

drodinâmica e Hidrostática);

Balística e Desenho. Foram

indicados os seguintes autores

franceses e dois ingleses: Louis

Benjamin Fracoeur Mecânica,

Gaspard Clair François M. Prony

(1755-1839)-Hidráulica, Olinthus

Gilbert Gregory (1774-1841)

Mecânica, (inglês), Jean Antoine

Fabre (1749-1834) – Engenheiro,

Adabe Charles Bossut (1730-

1814) Matemático, Etienne

Bezout (1730-1783) – Matemáti-

co, Benjamin Robins (1707-1751)

Matemático (inglês) e Leonard

Euler (1707-1783) - Geômetra

(conhecido como Eulero)

O 1º Ano Militar Academia

Real Militar era atribuído a dois

professores. O primeiro lecionava

Tática, Estratégia, Castramenta-

ção (Arte de Acampar), Fortifica-

ção de Campanha e Reconheci-

mento de Terrenos. O segundo

professor lecionava Químico.

Para assuntos militares

devia-se atentar no que de

importante havia aparecido

sobre a matéria e, em especial,

nos escritos dos seguintes gene-

rais franceses:

O Barão Simon François Gaide Vernon (1760-1822). Haviasido capitão de Engenheiros em

OS GENERAIS FRANCESES

31

Desenhos de Wasth Rodrigues

Page 33: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

1790 e servido com distinção noExército do Reno (1792-93).Como major-general no Exércitodo Norte ele fez aceitar o planode campanha de que resultou asbatalhas Honds, Choote e Menin ea libertação de Dunkerque.Integrou a direção da EscolaPolitécnica - 1798-1811. Fez acampanha de 1812 e dirigiu, em1813, a defesa de Torgau. Era oautor de duas obras notáveissobre Fortificações de Campa-nha.

O Conde de Cessac, JeanGirard Lacuée (1752-1841),Capitão em 1785. Integrou em1789, o Comitê instituído pelaAssembléia Francesa para reorga-nizar o Exército da França. Gene-ral de Brigada, em 1793, encarre-

gado de organizar a defesa daFronteira dos Pirineus. Dirigiu oBureau de Guerra em 1795.Presidente de Seção de Guerra doConselho de Estado, em 1803.Ministro da Guerra em 1808,Inspetor Geral de Infantaria1814.

Curiosidade, D. João,

obrigado por Napoleão a transfe-

rir-se para o Brasil com a Família

Real estruturou o ensino Matemá-

tico na Real Academia com base

em cientistas franceses e o ensino

militar em obras de dois generais

franceses que se destacaram na

formulação da Doutrina Militar da

Revolução Francesa que foi

abordada pela Cadeira de Histó-

ria da Academia Militar e de

forma sintética na obra: AMAN -

História da Doutrina Militar na

Antigüidade a II GM. Barra Mansa,

Gazetilha. 1979 - p.79-83.

O brasileiro General Abreu

e Lima que foi general de Bolívar

foi Lima o único dos libertadores

da América Espanhola que havia

sido formado numa Academia

Militar estudou nestas obras em

1815 e o futuro Duque de Caxias

AINFLUÊNCIAFRANCESA

em 1819.

Aênfase dada a Engenharia

na Real Academia e Academia

Real demonstram que elas foram

estabelecidas para prioritaria-

mente construírem o Brasil, o que

perdurou até a Revolução Indus-

trial que obrigou a um preparo

mais sofisticado da Infantaria,

Cavalaria e Artilharia para sobre-

viverem num campo de batalha

coberto por grande intensidade

de projéteis de armas leves e de

Artilharia forçando os Exércitos a

procurarem a proteção em forti-

ficações e trincheiras.

Decreto nº 1718 de 17 de

junho 1937. Considerou a Escola

Militar atual AMAN como tendo

por raiz histórica aAcademia Real

Militar. Esta raiz histórica oficiali-

zada por Decreto Presidencial,

mas não raiz histórica, a qual, em

realidade é a Real Academia de

1792, fundada pelo Conde de

Resende, o criador do município

de Resende em 29 de setembro de

1801. A Real Academia Militar foi

criada 10 anos antes do que a

Academia de West Point, criada

em 1802 pelo Congresso dos EUA.

O DECRETO

Em 1812 a Academia Real Militar

muda-se aproveitando a estrutura

da Real Academia Militar criada

pelo Vice-Rei em 1792

Page 34: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009
Page 35: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

cem anos.

Embora em toda a sua obra

ele jamais se refira a Resende – que

naquela época erradamente se

grafava com Z – a descrição da

monotonia, da ausência completa

de novidades, um dia igualzinho ao

precedente e ao seguinte, no

mesmo ramerrão - uma pesquisa

muito simples revela que, salvo os

nomes próprios, as cenas e os

cenários eram iguais, seja em

Queluz, seja em São José do Barrei-

ro, seja em Bananal, seja em

Resende. Enfim, em todo o médio

Vale do Paraíba de então.

O reinado do café, aqui

iniciado nos primórdios do século

XIX, chegando ao auge por volta da

década de 1840, havia exaurido as

terras e quase nada deixara como

marca de sua passagem, a não ser

“pastos ensapezados e ensamam-

baiados, velhos e esqueléticos

casarões coloniais e nada mais”. E

seguira, ávido de terras férteis e

virgens, rumo ao oeste paulista.

Mas não servira nem mesmo

para abrir estradas, tanto que a

Rio-S. Paulo da década de 1940 era

a mesma pela qual passara D.

Pedro, em 1822, na viagem a S.

Paulo que culminou com a Procla-

mação da Independência. Getúlio

Vargas e sua comitiva, quando aqui

esteve, em 1938, para o lançamen-

to da pedra fundamental do Con-

junto Principal, teve que vir por

Barra Mansa, Bananal, Formoso

numa viagem de mais de oito horas,

por um caminho pouco mais do que

carroçável.

A notícia da Proclamação da

Independência levou quarenta e

oito horas para chegar a Resende,

pelo correio a cavalo. A da Abolição

da Escravatura arribou no dia

seguinte porque já existia o telé-

grafo da Estrada de Ferro Dom

Pedro II. A atual rodovia Presidente

Por Nei Paulo Panizzutti*

A Vinda da Escola Militar

para Resende

*O texto de 2004 é de

autoria de um gaúcho apaixonado

por Resende e pela AMAN. O

nosso Coronel Panizzutti deixou

para todos o seu exemplo de

dignidade e grandeza de espírito.

Fica a nossa homenagem.

Não é fácil, hoje, imaginar

as dificuldades que tiveram de ser

vencidas pela Comissão de Obras

para construir a nova Escola Militar

de Rezende. O melhor, para se

tomar pulso da situação, seria

começar lendo uma obra pouco

citada de Monteiro Lobato: Cidades

Mortas. Para escrevê-la, José

Bento Monteiro Lobato, aproveitou

os anos iniciais do século XX,

quando começava sua carreira

jurídica como promotor, em Areias,

SP. Com sua invulgar aptidão para

captar a realidade cotidiana,

obteve ele notáveis quadros vivos

do dia-a-dia de uma cidade peque-

na do Vale do Paraíba há cerca de

34

Page 36: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Dutra só viria a ser inaugurada em

1952, quatorze anos mais tarde.

Há que se levar em conta

que, em 1944, pouco antes da

chegada dos primeiros cadetes,

que viriam ocupar as instalações

ainda em final de obras, havia, em

Resende apenas 15 automóveis de

passeio. Em todo o município, que

incluía a imensidão de terras desde

Engenheiro Passos até Barra Mansa.

Neste território, contavam-se 97

caminhões, 43 charretes, 51 carro-

ças, 4 ônibus, uma ambulância

militar, do Sanatório Militar de

Itatiaia (atual CRI).

A vida social da cidade

resumia-se aos bailes no CCRR, às

sessões de cinema no Cine Theatro

Central, na Praça Oliveira Botelho,

e à chegada do “expressinho”, o

trem de passageiros vindo do Rio de

Janeiro, que atraía a mocidade

namoradeira e as pessoas interes-

sadas em adquirir os jornais com as

últimas notícias da Capital Federal,

do País e do mundo.

Por estes motivos, a plata-

forma da estação ferroviária ficava

pequena para tanta gente, no

horário matinal do trem, especial-

mente nas manhãs domingueiras.

Foi num trem, exatamente em

1944, março, que chegaram os

quase seiscentos cadetes que iriam

inaugurar a nova Escola Militar.

Resende nunca mais seria a mesma.

Antes ainda da conclusão

das obras da Escola Militar, o Prefe-

ito de Resende resolveu nomear

uma comissão encarregada da

modernização da cidade. Dela

faziam parte vários oficiais enge-

nheiros e planejadores da Comis-

são de Obras da Escola Militar de

Rezende. Sua missão inicial foi

empreender a reconstrução da

Matriz de Nossa Senhora da Concei-

ção, quase totalmente consumida

por um formidável incêndio, em

1945. Monsenhor Sandrup, vigário

da Matriz, teve nesta Comissão o

principal apoio para que, em dois

anos, pudesse reerguê-la e nela

rezar Missa de Ação de Graças de

re-inauguração, em 1947.

Os planejamentos desta

Comissão foram detalhados e

amplos. A atual Avenida Saturnino

Braga – que liga o túnel da AMAN à

residência do Comandante da

AMAN – por exemplo, foi traçada

naquela época. Outro item desse

plano incluía um porto fluvial no

Paraíba, baseado na tradição

histórica do trânsito de barcaças

pelo rio, entre Santana dos Tocos e

Barra do Piraí, muito utilizado

entre as décadas de 1850 e 1870,

para levar o café deste trecho do

Vale do Paraíba ao porto do Rio de

Janeiro, com grande economia de

frete e de tempo. Resende deixava

de ser uma “cidade-morta”.

A vinda da Banda de Música

da Escola Militar para cá, além de

abrilhantar os eventos civis e

militares maiores, criou uma

tradição muito grata a todos os que

foram cadetes, bem como aos mais

sensíveis corações resendenses: no

coreto da Praça Oliveira Botelho,

todos os sábados, ao anoitecer,

espalhavam-se por entre as copas

das árvores, os acordes inesquecí-

veis das retretas da Banda Sinfôni-

ca. A velha Praça regurgitava de

jovens, moças, rapazes, civis e

militares, aguardando que tocasse

a campainha avisando que ia ter

início a sessão de cinema do Cine-

Theatro Central. Ao som das can-

ções executadas com maestria,

pela Banda de Música... Quem

viveu aqueles tempos dourados

jamais os esquecerá. Anos verda-

deiramente dourados...

Uma das atividades que mais

se desenvolveu, na cidade, com a

vinda da Escola Militar foi o ensino.

A Escola dispunha de um notável

corpo docente formado por concur-

so público de provas e títulos. Estes

professores, aqui chegados, foram

autorizados pelo General Souza

Dantas – Comandante da Escola

Militar - a lecionar também nos

colégios civis. Com isto, a qualida-

de do ensino melhorou tanto que os

alunos, ao terminarem o curso

médio – hoje chamado segundo

grau – saíam do Colégio Dom Bosco

e do Santa Ângela, para prestar

vestibular às faculdades de S. Paulo

e do Rio de Janeiro, sem ter de

cursar “os preparatórios”, como

então se nomeavam os cursinhos

35

Os desfiles cívicos no Centro Histórico eram um grande acontecimento

Page 37: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

pré-vestibulares. E eram aprova-

dos. Aliás, muitos deles prestaram

concurso diretamente para a

Escola Militar, conforme permitia o

Regulamento da época, foram

aprovados e tornaram-se brilhan-

tes oficiais do Exército Brasileiro.

Há ainda inúmeros remanescentes

vivos, em Resende, das muitas

gerações que, nos colégios civis,

foram educados por professores

militares. Este é um dos aspectos

que melhores elos de amizade e

respeito criaram, nesta cidade,

entre civis e militares.

Quando o café perdeu

realmente a relevância no orça-

mento resendense, houve mais

uma migração de mineiros, prove-

nientes de lugares do alto da Serra

da Mantiqueira, que adquiriram as

terras a preço baixo e aqui inicia-

ram a pecuária com gado de leite.

Assim, Resende produziu, em 1944,

mais de dez milhões de litros de

leite, além de açúcar, álcool e

aguardente, sobretudo na Açucare-

ira Porto Real. Mas, a cidade conti-

nuava a marcar passo em seu

desenvolvimento.

Levantando as possibilida-des de obter os materiais básicospara a grande obra, a ComissãoEspecial de Obras verificou queteria de erguer uma olaria própria,para fabricar os tijolos furados.Além disto, teria também demontar uma pedreira, cujo terrenoadquiriu de Francisco Fortes, paranele instalar as britadeiras capazes

de atender à demanda de pedrabritada para a enorme quantidadede concreto utilizada não só nasconstruções, como no piso internodos pátios e arruamentos da EscolaMilitar.

Inegavelmente, apenas o

início dos trabalhos de construção,

em 1938, já mudara muita coisa.

Nesse período, a população de

Campos Elíseos duplicou, pelo que

se depreende do censo de 1940.

Pela primeira vez, desde o censo de

1874, a população da cidade real-

cançou o nível de habitantes

daquele distante censo.

Sim, pois Resende, que

tinha, então perto de 23 mil habi-

tantes, perdeu mais da metade

com a Abolição da Escravatura e a

migração de famílias inteiras de

fazendeiros, e dos ex-escravos,

para o oeste paulista, sobretudo

para Cravinhos e Ribeirão Preto.

Agora, com a demanda enorme de

mão-de-obra, houve uma grande

afluência de operários especializa-

dos, além dos militares e funcioná-

rios advenientes do Rio de Janeiro.

À vista destes argumentos,

parece ficar fácil entender que a

transferência da Escola Militar para

Resende tenha representado um

verdadeiro vento de progresso a

sacudir toda a estrutura social do

antigo vilarejo decorrente da

povoação de Nossa Senhora da

Conceição do Campo Alegre da

Paraíba Nova. Problemas que só

muitos anos depois viriam à tona,

como o da poluição, foram tratados

com cuidados só concebíveis meio

século mais tarde: a estação de

tratamento de esgotos, construída

dentro dos mais apurados meios da

época, devolvia a água ao Alambari

em forma potável.

A estação de tratamento da

água obedeceu a tamanhos parâ-

metros de concepção e grandeza

que hoje, sessenta anos passados,

ainda fornece água potável para os

bairros civis do Paraíso, Alambari e

Campos Elíseos.

Um outro aspecto que não

deve ser olvidado no que tange à

alta qualidade com que foi conce-

bida a Escola Militar de Rezende foi

o do paisagismo. Como foi levado

extremamente a sério, acabou

antecipando, por alguns decênios,

o cuidado com a rearborização,

utilizando essências naturais desta

região. Quem tiver a paciência de

cotejar as árvores e arbustos dos

jardins acadêmicos notará que o

planejamento tocou as raias do

detalhe, ao cuidar de que, nas

cores florais predominasse o

verde/amarelo símbolo nacional.

Para os cadetes, também

constituiu notável evolução.

Saíram eles do Realengo, onde era

fácil arrebanhá-los para qualquer

movimento político que degeneras-

se em levante. Se o levante tivesse

êxito, tudo bem. Mas, em caso

contrário, a punição mais comum

era, no dia do Aspirantado, mandar

o cadete passar um ano como

soldado num corpo de tropa da

fronteira. E só receber sua espada e

estrela de Aspirante um ano depo-

is. Digamos que o ambiente resen-

dense tenha sido, através dos anos,

A Comissão de Obras

visita ao canteiro de contrução

Os Bailes na Academia

36

Page 38: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

mais propício à formação do oficial. Embora esta enorme mudança se tenha dado e passado durante a Segunda

Guerra Mundial, a formação do oficial do Exército Brasileiro não sofreu solução de continuidade.

Ainda dentro da ótica do cadete, obviamente a nova Escola oferecia bem mais conforto. Para os licencia-

mentos, havia, nos primeiros anos, a previsão, pela Estrada de Ferro Central do Brasil, de composições ferroviá-

rias especiais, para o Rio de Janeiro e, algumas vezes, para São Paulo. Já em meados da década de 1950, chegou

a hora e vez dos ônibus especiais. Hoje, nos grandes licenciamentos e nas férias, a Sociedade Acadêmica Militar

freta ônibus para o extremo sul e para o nordeste. Sinal dos tempos...

A Casa do Laranjeira ganhou foros de órgão oficial do Corpo de Cadetes, já no final da década de 1950. O

cadete tinha, desde 1944, entrada franca no CCRR, e estes fatos elevaram cada vez mais o seu status social.

Ao fim e ao cabo, Resende passou a representar a cidade dos cadetes. Em contrapartida, os Aspirantes-a-

Oficiais aqui formados levam carinhosamente o nome de Resende a todos os recantos deste país-continente.

As relações entre as famílias dos militares provenientes do Realengo e as famílias resendenses sempre,

desde o início, foram extremamente cordiais. De idêntica forma, com os cadetes. Nestes sessenta anos de

convivência, foram muitos os casamentos de oficiais egressos da Academia com moças das famílias de Resende.

Obviamente, para tal muito concorreram as olimpíadas, as competições, as festas das Armas, a Entrega de

Espadins e a de Espadas e respectivos bailes. Desde sua chegada à cidade, o relacionamento entre os cadetes e as

famílias locais foi marcado pela simpatia e pelo bom acolhimento. Marcas registradas do povo resendense desde

os recuados tempos de Simão da Cunha Gago quando estas plagas tinham designação longa e poética: Nossa

Senhora da Conceição do CampoAlegre da Paraíba Nova.

O Coronel Travassos, primeiro Comandante

da Escola Militar, lê o Boletim nº 01

Cadetes no Refeitório da Academia

O primeiro

claviculário da

Escola Militar

em 1944.

O aluno mais

novo de cada

turma recebe as

chaves do

Portão Principal

e abre

oficialmente as

portas da

instituição.

Uma tradição

até hoje

conservada.

37

Page 39: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

38

Brejão da Kodak

Ali, pertinho da Via Dutra, um santuário ecológico.Ao divulgarmos essas belas imagens do fotógrafo

Luiz Carlos Ribenboim, chamamos a atenção para aimportância da preservação de

habitats naturais de pássaros e animais.

Freirinha Falcão de coleirakm 298 da Via Dutra

Falcão de coleira

Tesoura do brejo Mergulhão pequeno Chopim do brejo

Polícia inglesa do sulCanário do campoJapacanim

Page 40: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

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Serrinha

A Área de Proteção Ambiental da Serrinha do Alambari, emResende/RJ, situa-se na encosta leste do Parque Nacional do Itatiaia,

Serra da Mantiqueira, a oeste da estrada para Visconde de Mauá.Abrange as comunidades de Serrinha e Capelinha, protegendoa parte alta das microbacias dos rios Alambari e Pirapitinga.

Tiê sangue Sabiá unaCanário da terra verdadeiro

Pica-pau rei Beija-flor de peito azul Saíra viúva

Saíra douradinhaPapa-moscas estrelaSaí azul

www.resende.rj.gov.br

Beija-flor de papo branco

Page 41: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

O Prefeito que em dois anosmudou o destino de Resende

Texto extraído do jornal Ponte Velha publicado em setembro de 2009.

Os entrevistadores foram Gustavo Praça, Joel Pereira, Marcos Halpern e Raimundo Luis Pereira.

José Marco Pineschi

40

GUSTAVO: Foi seu pai que veio da Itália? Ou seu avô?

PINESCHI: Meu avô. Marco Pineschi. Meu pai, João Archimedes Pineschi, já nasceu no Brasil.

GUSTAVO: Bem, Pineschi, o Joel, o Marcos e o Luis estão aqui pra me ajudar nessa conversa com você. Eu

sou sobrinho do Augusto de Carvalho, sou filho do Frederico, não sei se você lembra dele.

PINESCHI: Lembro bem deles todos.

JOEL: O Augusto gostava muito do Pineschi. Dizia que ele parecia um lenhador, porque era grande e forte.

Vocês eram amigos apesar de não serem da mesma política.

PINESCHI: Ah, mas isso não faz diferença... Nem sei de que lado ele era...

GUSTAVO: E isso dele dizer que você parecia um lenhador, procede? Você pegou no pesado?

PINESCHI: Ah, peguei... A vida pra mim foi difícil, viu. Tive que começar muito cedo. Órfão de pai. Fiquei

órfão aos seis anos.

LUIS: No dia do aniversário dele, quando ele fez seis anos, o pai dele faleceu.

PINESCHI: É duro. Logo cedo eu tive que partir para a luta. No início lidando com gado no retiro, não é?

Buscava o gado, tirava o leite. Depois eu trabalhei na casa da família Morgante, que era dona da Açucarei-

ra de Porto Real (que depois virou a Coca-Cola). Eu trabalhava na casa e no jardim. Fazia de tudo ali; tinha

muita coisa pra gente tomar conta. Aí a vida foi crescendo, a gente vai evoluindo.

JOEL: Você estudou o quê, Pineschi? Porque você é um excelente administrador. Todo mundo fala que o que

você administrou você administrou muito bem. Onde você aprendeu?

PINESCHI: Não estudei nada. A vida é que ensina. O maior professor do homem é a vida. Se eu fiz bem acho

que foi pela minha vivência. Logo cedo sempre na luta... O importante é você trazer para você aquilo que

você pode ir adquirindo na sua experiência. Desse meu trabalho, ainda menino, na casa dos Morgante, o

velho Morgante me levou para trabalhar na Açucareira Porto Real. Lá eu fiz de tudo, até carregar os trens,

levar os sacos de açúcar nas costas pra colocar no alto dos vagões. Eram 166 sacos em cada vagão. Cada

saco pesando 60 quilos. Eu era alto e forte e então colocava os sacos do alto, os últimos, que eram mais

difíceis. Tinha que encaixotar bem e depois encher a área do meio.

GUSTAVO: Ia só para o Rio e pra São Paulo.

PINESCHI: Pro Rio e pra São Paulo. E pra onde tivesse chance de vender. Não é Marcos?

MARCOS: A minha maior alegria é poder estar aqui hoje vendo você conceder essa entrevista.

LUIS: Conta como foi que você se tornou o gerente geral da Açucareira.

PINESCHI: Acho que o Renato Monteiro já tinha comprado ela, não é não? Aí um dia o Melo Morgante, que

gerenciava, se demitiu, não sei bem por que, acho que estava meio adoentado. O Renato ficou nervoso

com aquilo, pediu para ele ficar mais um tempo até mandar vir outra pessoa, do Rio, e o Melo disse assim:

“não precisa, o senhor tem o homem certo aqui dentro mesmo, ele entende tudo da usina, até de lavou-

ra...”. Era eu, não é...

JOEL: E quando foi que você entrou na política? Foi com o Aarão?

PINESCHI: Foi o Aarão que me empurrou na política. Eu estava um dia na

casa dele e ele disse: “Pineschi, você vai ser o meu candidato.” Eu até me surpreendi. Eu trabalhava no

serviço de água da Prefeitura. Mas antes disso eu já tinha sido vereador em Resende, por Porto Real.

JOEL: Naquele tempo a Câmara não tinha remuneração, o Luis está lembrando aqui; era puro idealismo.

Page 42: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

41

PINESCHI: Nem cafezinho tinha...

MARCOS: Mas a dona Cora fazia o cafezinho pra você levar.

PINESCHI: Cora, coitada... Foi há tanto tempo... Fiz 87 anos agora... E estou vivendo... Enquanto tiver

força nós vamos...

GUSTAVO: E como é que está a vida nessa idade, Pineschi. O pessoal reclama muito da velhice.

PINESCHI: Olha, eu acho que reclamar não adianta. Você tem que tocar a vida como ela é. Vai em frente.

Tudo é aquilo que você tem na cabeça. A cabeça é que manda.

LUIS: Mas ele está bem assessorado. A família tem o maior carinho por ele. A dona Cora morreu vai fazer

uns quatro anos.

PINESCHI: Nós fomos casados 58 anos. Ela era da colônia também. Família Siriati. Tivemos cinco filhos. O

João Marcos hoje é advogado do grupo da Coca-Cola; a Ilka tem academia; a Kátia se aposentou como

professora, mas tem uma pequena indústria de congelados; o Márcio tem fazenda em Barra Mansa. E tive-

mos uma filha que faleceu. E tem um outro filho que nós adotamos quando criança, que é o Ari, que é

gerente de uma das lojas do Correio no Rio de Janeiro.

GUSTAVO: Nós estávamos falando que você foi vereador no tempo em que não se ganhava nada. Hoje, o

sujeito se elege e fica rico rápido.

PINESCHI: É verdade. Que coisa, não é? Hoje eu acho que a política é mais financeira. Antigamente o

sujeito entrava com vontade de ajudar alguma coisa.

GUSTAVO: E a sua eleição para prefeito foi difícil?

PINESCHI: Pelo contrário. Eu ganhei com 86% dos votos.

JOEL: Eu lembro bem que o slogan da sua campanha era: primeiro Aarão, depois Pineschi, e depois Aarão. E

foi exatamente isso que aconteceu.

GUSTAVO: O Joel diz que, embora o senhor só tenha governado dois anos, fez o melhor governo de Resen-

de.

PINESCHI: Eu fiz o que pude. O importante é você ser honesto, não tenha dúvida. E o Aarão foi um dos

prefeitos mais honestos que eu conheci.

JOEL: E o Pineschi, além de ser bom administrador, ainda deu sorte. Porque a sorte, pra mim, não é aquela

coisa mística, que o camarada fica sentado e ela acontece. A sorte em geral ajuda as pessoas que traba-

lham. Então, a prefeitura tinha umas ações que ele conseguiu que a Câmara aprovasse a venda e assim

pôde ter verba.

PINESCHI: Eram ações da Petrobrás. Com aquele dinheiro nós fizemos a segunda ponte para carros sobre o

Paraíba, ponte que sai ali em frente ao Royal, e duas pontes sobre o Sesmaria - uma próximo a onde é hoje

a faculdade da Estácio e outra próxima ao INSS. E ainda deu pra gente comprar aquela área onde foram

construídos depois o SESI, o SENAI, o Corpo de Bombeiros e a nova sede da Prefeitura.

JOEL: O Pineschi comprou tudo da família do Carlinhos Pinto.

PINESCHI: O Carlinhos chegou lá um dia e disse: - “Pineschi, vim te vender um terreno”. Eu abri o mapa lá,

vi que interessava, era bom, e perguntei quando ele queria. E comprei, na bucha.

JOEL: Quanto que ele pediu?

PINESCHI: Duzentos mil cruzeiros. Eu fui ver com o Secretário da Fazenda se tinha o dinheiro pra comprar

na hora.

Ponte Tácito Viana Rodrigues quase pronta. A Ponte Velha ainda inteira.

Page 43: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

LUIS: Quem era o Secretário da Fazenda.

PINESCHI: O Mauro Mariante.

JOEL: O Pineschi se cercou de muita gente boa. O coronel Mariante, o Doutor Virgílio como vice, o Tácito

Vianna Rodrigues...

PINESCHI: Naquele tempo a gente podia escolher. Hoje eu não sei se é a mesma coisa...

MARCOS: O Mariante ajudou muito ao Pineschi e a Resende.

PINESCHI: Era um homem muito amigo e muito sério. Naquela ocasião ele viu que tinha recursos e nós

compramos o terreno.

GUSTAVO: O senhor regateou?

PINESCHI: Não. Paguei duzentos e dez, porque eu achava que valia muito mais.

GUSTAVO: E o senhor imaginava fazer o quê lá?

PINESCHI: Bem, a área era muito boa, não é? Eu tinha uma idéia de que no futuro as coisas ligadas à Prefei-

tura pudessem ficar próximas ali. Aí eu disse ao Mariante para fazer o cheque logo, com dez mil a mais.

JOEL: Hoje, além do que nós já citamos, tem ali ainda o Fórum, o Hospital, o Parque das Águas...

GUSTAVO: Isso é bonito na política: um trabalho que prepara o outro. O Noel de Carvalho - acho que princi-

palmente ele - completou bem essa preparação do Pineschi. Tipo no futebol, um cara faz a assistência e o

outro o gol.

JOEL: E outra coisa: eu acho que Resende deve muito para a família Pinto, porque se não fosse essa área

que o Carlinhos vendeu a cidade não seria o que é hoje.

MARCOS: Mas se não fosse o Pineschi...

JOEL: Eu sei... Estou pegando uma carona na entrevista dele para ressaltar o desprendimento do Carlinhos

Pinto.

MARCOS: Se bem que o Carlinhos queria mais um pouco depois...

PINESCHI: É... Eles vendem e depois se arrependem, não é?

GUSTAVO: Outra coisa que o senhor apoiou muito foi a primeira faculdade de Resende.

PINESCHI: Foi, a Dom Bosco. Ajudei o máximo que pude ao Coronel Esteves... Olha: eu só trabalhei, a

verdade foi essa.

MARCOS: Ele fez muita coisa por baixo da terra.

PINESCHI: Ih, o que eu fiz de esgoto... Aquela zona ali, como é que chama mesmo? Alegria, não é? Aquilo

está tudo canalizado por baixo. Aqueles tubos de plástico, não é?

LUIS: Ele canalizou também Porto Real, e fez aquele dique que tem atrás da Volkswagen. Lutou pela obra e

conseguiu que ela fosse realizada quando foi vereador. Dali pra cá, Porto Real nunca mais foi inundada.

PINESCHI: Isso para mim era muito importante. Para vocês terem uma idéia, no dia em que eu saí da casa

para me casar tive que ir pisando no charco.

JOEL: Eu acho que foi importante o Pineschi ter sido vereador antes de ser Prefeito, porque ele teve uma

relação muito boa com a Câmara, e com os dois presidentes da Câmara no seu mandato, que foram o

Toninho Capitão e o João Luis Gomes. Eles tinham uma união em torno de propostas para a cidade, uma

coisa bacana pra chuchu, um negócio difícil de você ver hoje.

GUSTAVO: Nesse tempo ainda não tinha arrecadação boa das indústrias.

PINESCHI: Não tinha, por isso foi importante vender as ações da Petrobrás.

LUIS: E por falar em indústria, a Xerox veio com ele.

PINESCHI: A Galvasud também?

LUIS: Não, a Galvasud foi depois.

GUSTAVO: Na época em que o senhor fez a ponte o trânsito já precisava?

PINESCHI: Não, o trânsito fluía tranquilo. Mas a gente tinha o dinheiro e eu achei que aquilo ia ser uma

coisa bem feita, que ia ser preciso mesmo mais adiante. Aí chamei o Tácito (Tácito Viana Rodrigues), que

era especialista em ponte, já tinha feito pontes por esse Brasil a fora.

JOEL: E ele deve ter feito um preço camarada porque era a cidade dele.

PINESCHI: E ele tinha uma tia que morava ali onde é hoje o Royal e que dizia assim: “Você vai fazer essa

ponte, mas tem que ser aqui!”. Queria que saísse perto da casa dela. E era o melhor lugar mesmo; ela

acertou...

JOEL: É importante observar que as duas pontes sobre o Sesmaria desafogaram o trânsito e prepararam a

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Page 44: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

cidade para o futuro, junto com a do Royal. E que esta última o Pineschi projetou e construiu em dois anos.

Uma obra difícil, haja visto o Acesso Oeste que ficou aí dois governos para ser planejado e construído.

GUSTAVO: Mais até. O projeto do Acesso Oeste é do tempo do Augusto Leivas.

LUIS: Quem foi o Ministro que veio ver o senhor fazendo a ponte? (Pineschi puxa pela memória e Luis

ajuda). Foi o Andreazza. Ele perguntou o que o senhor precisava e o senhor disse que era uma outra ponte

para o lado oeste da cidade. Ele aí falou: o senhor me mande o projeto que eu mando o dinheiro.

PINESCHI: Eu mandei?

LUIS: O senhor fez o projeto e passou para o Aarão, mas a coisa ficou esquecida.

JOEL: Nesse tempo houve um comentário na cidade sobre o Andreazza ter comentado com um assessor que

eles precisavam de um Pineschi no Ministério.

GUSTAVO: Pineschi, o que você achou desse processo de emancipação municipal. Resende se dividiu; Porto

Real, por exemplo, ficou rico.

PINESCHI: Esse dinheiro da indústria é muito importante, porque o município não consegue viver só de

IPTU. O dinheiro da indústria é uma coisa certa: vendeu, a Prefeitura arrecadou. Mas eu acho que a união

era melhor, não é? Tudo o que você divide, alguma coisa enfraquece. Eu acho que se ficasse um município

só a gente se fortalecia. Pegava esse dinheiro dessas indústrias todas e jogava num monte só. O importante

era distribuir bem depois.

GUSTAVO: E teríamos uma Câmara só! Já pensou que beleza!

JOEL: Qual foi a sua maior alegria como Prefeito, Pineschi?

PINESCHI: Olha, ter feito a ponte sobre o Paraíba foi muito bom. No dia da inauguração eu chamei a minha

esposa e a esposa do Aarão. Elas cortaram a fita e atravessaram a ponte a pé, com a gente atrás junto com

a população.

MARCOS: Ele entrou na Prefeitura com a roupa dele e saiu com a roupa dele.

GUSTAVO: Pineschi, o que você pensa desse nosso tempo. A humanidade vai suicidar? Vai destruir a natureza

toda.

PINESCHI: A evolução do homem vai trazendo experiência e soluções. Não vai acabar nada, não.

O Parque das Águas, o Sesi, Senai, Senac, o Estádio do Trabalhador,

o Hospital de Emergência, o Fórum, a Delegacia, Bombeiros, a Prefeitura...tudo está

em um terreno adquirido pelo Prefeito José Marco Pineschi. Visão do futuro.

43

Page 45: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Crônica Visual

de Resende

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Otacílio Rodrigues, um cronista visual de Resende.Registra de tudo um pouco: alterações urbanísticas,

momentos históricos, imagens cotidianas,paisagens deslumbrantes e cenas familiares.

Ao enxergar Resende pela ótica do fotodocumentarismo revelanovos pontos de vista e, ao mesmo tempo, perpetua

registros importantes para as próximas gerações.

Page 46: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

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Page 47: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

VolkswagenCaminhões e Ônibusagora éMAN Latin America

Page 48: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

A MAN Latin America foi

criada em 16 de março de 2009

após a aquisição da Volkswagen

Caminhões e Ônibus pela MAN SE.

Com uma capacidade deprodução estimada em 58.000unidades ao ano em dois turnos detrabalho, a empresa é a maiorfabricante de caminhões daAmérica do Sul, e a segundacolocada em chassis de ônibus. Osprodutos são montados no Brasil,no México e na África do Sul – afábrica brasileira instalada emResende (RJ) é ainda um Centrode Engenharia.

Soluções de transporte sobmedida e com a melhor relaçãocusto-benefício são as principaisexigências dos consumidores noBrasil. E isso tem assegurado àMAN Latin America a liderançalocal em vendas de caminhões e

ônibus há seis anosconsecutivos, com umaparticipação de mercadoacima de 30%.

O C o n s ó r c i oModular, investimentode US$ 250 milhões, trazpara dentro da fábrica,certificada segundo asnormas ISO TS e ISO14000, os principaisfornecedores para amontagem de veículos. A linha demontagem foi construída emapenas 153 dias, e ocupa umaárea de 1 milhão de metrosquadrados, com 110 mil metrosquadrados de prédios.

A empresa emprega 4.500pessoas, noventa e dois por centoda região. A produção diária é de178 veículos dividida em doisturnos de trabalho.

Treze anos após suainauguração, a unidade baterecordes de produção. Em 2008, afábrica de Resende produziu56.000 caminhões e ônibus, umvolume 19% superior ao de 2007.

A unidade oferece aindauma linha completa de produtos,com mais de 40 modelos decaminhões e ônibus vendidos em30 países da América Latina,África e Oriente Médio.

Page 49: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Uma comunidade não se desenvolve apenas com geração de empregos

Por Alberto Cunha, Gerente Geral da Unidade de Resende da Votorantim Siderurgia

Resende e Votorantim Siderurgia

O atual cenário mundial tem nos mostrado que já não é mais possível pensar em crescimento econômico

desalinhado ao desenvolvimento sustentável, considerando os investimentos ambientais e sociais. Cada vez

mais, as empresas vêm se preocupando com as comunidades onde atuam.As últimas décadas foram marcadas por

discussões em várias esferas da sociedade sobre a responsabilidade social empresarial e o apoio a causas socio-

ambientais.

A cidade de Resende, com seus diversos empreendimentos industriais, é um pólo empregatício que

movimenta a economia do Estado. Este ano, a chegada da Votorantim Siderurgia aumentará o número de postos

de trabalho e tornará a cidade referência em siderurgia. Porém, o investimento na economia local não para por

aí. A empresa traz para a região sul-fluminense toda a experiência em gestão de projetos socioambientais

desenvolvida pelo Grupo Votorantim e aplicada em mais de 300 municípios brasileiros.

Uma comunidade não se desenvolve apenas com geração de empregos. É preciso investir no capital

humano. O conceito de crescimento compartilhado já é uma realidade nas empresas modernas e responsáveis.

Seguindo este princípio, a política de investimento social privado da Votorantim Siderurgia visa direcionar

recursos, monitorar ações e colher resultados no âmbito do desenvolvimento comunitário.

Toda a atuação social da Votorantim Siderurgia segue as diretrizes e políticas de investimentos traçadas

pelo Instituto Votorantim. Algumas práticas da empresa demonstram o compromisso com o desenvolvimento da

cidade. No campo da geração de emprego e inserção no mercado de trabalho, o principal destaque é o programa

Page 50: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Futuro em Nossas Mãos. A iniciati-

va capacita jovens para trabalhar

na área de siderurgia e começou

em Resende no ano de 2007, ano

que a Pedra Fundamental foi

lançada. O projeto já formou

mais de 138 jovens no município

durante estes dois anos.

Ainda no campo do traba-

lho e inserção do jovem no

mercado de trabalho, a empresa

t a m b é m i m p l e m e n t o u o

Programa Oportunidade de Aço.

Com o apoio do Serviço Nacional

de Aprendizagem Industrial

(SENAI), 140 moradores do

município de Resende e região

participaram do módulo básico de

Operação em Siderurgia, em

2008. Com o conhecimento

adquirido durante o curso, os

jovens terão mais oportunidades

de ingressar no mercado de

trabalho da região.

Já o Projeto Conecta,

realizado em parceria com a

organização não-governamental

Comitê para a Democratização da

Informática – CDI, oferece cursos

de informática básica a jovens em

quat ro núc leos .

Somente no bairro de

Cidade Alegria, onde

a nova fábrica está

i n s t a l a d a , s ã o

atendidos atualmen-

te 310 jovens.

N a á r e a

a m b i e n t a l , a

V o t o r a n t i m

Siderurgia também é

pioneira. A nova

f á b r i c a t e m a

sustentab i l idade

como princípio de

atuação e foi plane-

jada com diversas

tecnologias baseadas

no conce i to de

produção mais limpa. O projeto

da usina conta com os mais

modernos e seguros processos

existentes no mundo no que diz

respeito ao controle de poluição

e monitoramento da qualidade

do ar, controle acústico, coleta

seletiva e gestão de águas. Por

exemplo, o sistema de despoei-

ramento utiliza a mais moderna

e avançada tecnologia empre-

gada na siderurgia mundial.

Outro destaque na área

ambiental é o Programa de

Reflorestamento. Atualmente,

está sendo plantando um

cinturão verde que abrange 38%

da área total da nova Unidade

Resende, que possui 4,3 milhões

de metros quadrados. Somente

em 2008, foram plantadas 180

mil mudas de espécies nativas, e

esse número deverá chegar a

mais de 250 mil.

Por meio do Programa de

Educação Ambiental (PEA), a

Votorantim visa despertar a

consciência para preservação

dos recursos naturais entre

funcionários e própria comuni-

dade de Resende. O PEA

envolve educadores da rede

pública, colaboradores e a

população em uma série de

ações, que seguem uma agenda

anual de atividades de sensibi-

lização ambiental.

Outra prática considera-

da referência no setor é o

monitoramento da qualidade

do ar e das águas do Rio Paraíba

do Sul. Em Barra Mansa,

Resende e Itatiaia a Votorantim

Siderurgia mantém cinco

estações que fazem o monito-

ramento da qualidade do ar nas

áreas de influência direta. Os

dados obtidos pelos equipa-

mentos, em tempo real e com

tecnologia de ponta, são

enviados diretamente ao órgão

ambiental estadual. No Rio

Paraíba do Sul, a empresa

mantém um monitoramento

mensal, em parceria com a

F u n d a ç ã o E s t a d u a l d e

Engenharia do Meio Ambiente

(Feema) e a UFRJ (Universida-

de Federal do Rio de Janeiro).

Os dados demonstraram que o

trecho Funil-Resende apresen-

ta uma boa qualidade de água

em relação à maioria dos outros

trechos.

O caminho para o desen-

volvimento sustentável em

Resende está sendo traçado por

meio de uma sólida parceria

entre setor público, privado e

sociedade. A Votorantim

Siderurgia espera, com sua

chegada, contribuir constante-

mente para o crescimento da

cidade e para a construção de

uma sociedade mais consciente

e justa.

49

Page 51: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Preocupados com a exi-

gência de idiomas no mercado

de trabalho, muitos pais brasile-

iros decidem optar por escolas

bilíngues. Quanto mais cedo a

criança for exposta a uma língua

estrangeira, mais facilidade terá

para aprender.

Até os quatro anos, o

aprendizado de uma segunda

língua é mais rápido. "A língua é

ensinada sem cobranças e os

pequenos estão mais acessíveis

à construção do desenvolvimen-

to de aprendizagem. Durante a

infância, as crianças estão mais

dispostas a aprender outra

língua com mais naturalidade”,

afirma Angélica Mereb, diretora

do Colégio Anglo-Americano -

Unidade de Resende.

Além da preocupação com

o ensino de uma língua estran-

geira, os pais brasileiros veem

nas escolas bilíngues uma porta

de entrada para o mundo globa-

lizado. O convívio com o multi-

culturalismo também é visto

como vantagem.

E por isso, o Anglo-

Americano chegou a Resende

como a primeira instituição

bilíngüe da cidade para formar

alunos em Português e Inglês, da

Educação Infantil ao Ensino

Médio. O Programa Bilíngüe

pretende dar ao aluno fluência

oral, escrita e na leitura, em

Português e Inglês.

O programa acontece da

seguinte forma: da Educação

Infantil ao Ensino Fundamental I

(até o 5º ano), os alunos terão

pelo menos duas horas de Inglês

por dia, por meio de contato

exploratório com foco na desco-

berta.

Dessa forma, irão adquirir

as habilidades necessárias para

leitura e escrita, podendo

transferir tal conhecimento para

a Língua Inglesa, de forma

gradual e natural, possibilitando

a alfabetização em Inglês no 2º

ano do Ensino Fundamental. A

partir do 6º ano do Ensino Fun-

damental até o Ensino Médio, os

alunos têm 1 hora de Inglês por

dia, sendo reagrupados por

níveis de conhecimento. Com

esse novo projeto, temos como

objetivo o desenvolvimento

pleno do potencial de nossos

alunos. Para aqueles que de-

monstrarem dificuldades, o

programa oferecerá atividades

opcionais complementares em

horário extra-classe, tendo em

vista a melhor adaptação desses

alunos”, explica Angélica,

enfatizamos que não haverá

taxa adicional com o bilinguis-

mo.

A escola proporciona

tempo livre, mantém a identida-

de cultural brasileira e respeita

o calendário do nosso país, bem

como as tradições e a cultura de

nossa Pátria (a Língua Inglesa é

a segunda língua).

Vale ressaltar, que além

de oferecer o ensino bilíngue, a

nova Unidade possui biblioteca

totalmente informatizada, com

acervo atualizado, laboratórios

de informática de última gera-

ção, além dos melhores docen-

tes da região.

50

Resende de olho no mundo

A cidade já tem escola bilíngue

Texto de Ana Rosado, Assessoria de Imprensa do Colégio Anglo Americano

Arte

em

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Page 52: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

Resende em númerosA cidade de Resende está está localizada no Rio de Janeiro às margens da Rodovia Presidente Dutra. Seu município éo último do Estado do Rio percorrido pela rodovia antes da divisa com São Paulo.

O relevo do município é típico de vale. É cortado pelo rio Paraíba do Sul em uma planície próximo às suas margens.Conforme nos afastamos delas encontramos um planalto, com leves colinas achatadas. E, mais longe, o Maciço doItatiaia, que compreende uma escarpa da Serra da Mantiqueira.

É tropical de altitude, a temperatura média anual é de 26°C, com mínima de 7ºC, em julho e máxima de39°C, em janeiro. As maiores precipitações são no período de novembro a março.

Mesorregião Sul: FluminenseMicrorregião:Vale do Paraíba FluminenseÁrea: 1.098 Km2 (IBGE)Áreas planas e drenadas: 40 milhões de m²Pólo Industrial: 23 milhões de m²Altitude: de 394,6m (Centro Urbano)População: 118.547 (contagem populacional IBGE – novembro/2007)População urbana: 94,01% = 111.439 habitantesPopulação rural: 5,99% = 7.108 habitantesPopulação economicamente ativa: 57,84% = 67.899 habitantesClima:

Índice pluviométrico: Média Anual: 1.500 mm³DDD: 24Cep: 27500-000Voltagem elétrica utilizada: 127v / 220vHorário comercial: das 8:30h às 18:30h; Horário bancário: das 11h às 16hNúmero de eleitores: 71.852 (CIDE – 2003)Veículos emplacados: 32.301 (Detran – RJ/dez – 2006)Consumidores de energia elétrica: 32.461 (AMPLA – 2000)Renda per capita: R$ 365,45 (2000 – IBGE)Distritos: 1º Centro; 2º Agulhas Negras; 3º Bulhões; 4º Visconde de Mauá; 5º Pedra Selada;6º Fumaça; 7º Engenheiro PassosLimites: Norte: Estado de Minas Gerais (Itamonte e Bocaina de Minas); Sul: Estado de São Paulo (São José doBarreiro, Formoso, Arapeí e Bananal); Leste: Estado do Rio de Janeiro (Barra Mansa, Porto Real e Quatis); Oeste:Estado de São Paulo (Queluz e Areias)Distância dos principais portos: Angra dos Reis (85km); Sepetiba (120km); Rio de Janeiro (180km); São Sebastião(280km) e Santos (350km)Distância dos municípios vizinhos e capitais: Itatiaia (16km); Porto Real (15km); Quatis (21km); Barra Mansa (34km);Volta Redonda (41km); Queluz (39km); Cachoeira Paulista (75km); Rio de Janeiro (143km); São Paulo (250km) e BeloHorizonte (350km)Municípios limítrofes: Barra Mansa, Itatiaia, Porto Real, Quatis, Areias (SP), Queluz (SP), São José do Barreiro (SP),Bananal (SP), Arapeí (SP), Bocaina de Minas (MG), Passa Quatro (MG), Itamonte (MG), Itanhandu (MG)e Passa-Vinte (MG

Esperança de Vida ao Nascer (em anos) = 70,002Taxa alfabetização adultos (%) = 93,107Taxa bruta frequência escolar (%) = 89,129Renda per capita (R$) = 365,45Índice esperança de vida IDHM - L = 0,750Índice de Educação IDHM - E = 0,918Índice do PIB IDHM - R = 0,758IDHM = 0,809Rankng no Brasil = 401

FONTE: Prefeitura de Resende

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - IDH – 2000

FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano

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Page 53: Revista Cidades do Rio - edição 01 - 2009

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