revista bandeirada f1

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Foto: Divulgação/Red Bull GEPA Images BANDEIRADA f1 O Drama De Robert Kubica Para Tentar Voltar A Correr Na Fórmula 1 GUIA DAS EQUIPES 2012 Nº 01 | ANO 1 | 2012 Luiz Razia As dificuldades para chegar à F1 GP do Brasil Os grandes momentos de Interlagos

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Revista feita por Paulo Feijó, como Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. Conteúdo esportivo, com foco na Fórmula 1.

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BANDEIRADA f1O Drama De Robert Kubica Para Tentar Voltar A Correr Na Fórmula 1

GUIA DAS EQUIPES 2012

Nº 01 | ANO 1 | 2012

Luiz RaziaAs dificuldades para chegar à F1

GP do BrasilOs grandes momentos de Interlagos

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2 BANDEIRADA F1

NO MOMENTO DO CLICK

FERNANDO ALONSO GUIA SOBRE AS ÁGUAS PARA VENCER O GP DA MALÁSIA DE 2012

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NO MOMENTO DO CLICK

PIT STOP DE SEBASTIAN VETTEL NO GP DA AUSTRÁLIA DE 2012

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SUMÁRIO

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O FENôMENO VETTEL

KUBICA VOLTA OU NãO?

UM hEPTACAMPEãO NA F1

ENTREVISTA COM LUIz RAzIA NO FIM DO GRID

GUIA DE EqUIPES 2012

NOVIDADES NA F1

Page 7: Revista Bandeirada F1

29 10 34SENNA NA WILLIAMS A hISTóRIA DE INTERLAGOS

Page 8: Revista Bandeirada F1

Os fãs da Fórmula 1 sempre buscam o máximo de informações sobre esta categoria do automobilis-

mo. No entanto, o mercado oferece poucas revistas especializadas apenas neste assunto. A Bandeirada

F1 chegou para acabar com a falta das matérias especiais sobre a Fórmula 1.

Logo em sua primeira edição, o leitor poderá conferir todos os detalhes dos preparativos das equipes

para o Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2012. A equipe da Bandeirada F1 preparou um guia com as

expectativas de cada escuderia para a temporada deste ano. Assim, você poderá entender melhor como

estão se preparando os times e os pilotos para mais uma disputa.

Além do guia, a Bandeirada F1 também traz uma entrevista exclusiva com o brasileiro Luiz Razia.

Atualmente na GP2, o baiano fala sobre as dificuldades que os pilotos encontram para se tornarem pro-

fissionais e também sobre a falta de patrocínio para conseguir chegar à Fórmula 1.

Bruno Senna também é personagem principal de uma das matérias da revista. A Bandeirada F1 trouxe

uma reportagem especial com a volta de um Senna à Williams. Por falar em volta, a espera para o retor-

no de Robert Kubica às pistas também é um assunto abordado na publicação.

No fim da revista, uma matéria recorda os melhores momentos dos brasileiros no circuito José

Carlos Pace, mais conhecido como Interlagos. A matéria foi buscar no passado as maiores conquistas

no circuito paulista.

Esperamos que gostem das matérias.

Edição e Redação: Paulo Feijó • Revisão: Paulo Feijó • Edição Gráfica: Fabiano Oliveira • Colaborador: Geraldo Lélis • Revisão Final: Marcos Araújo

EXPEDIENTE

BANDEIRADA f1

CARTA DO EDITOR

Page 9: Revista Bandeirada F1

Já parou para pensar em como seria Ayrton Senna em 2012, com 52 anos de idade? Em que ele estaria trabalhando? Seria ele um aposentado afortunado? Ou um cartola da FIA ou da FOM trabalhando ao lado de Bernie Ecclestone? Esta última alternativa

é a mais improvável, dado o caráter do tricampeão, o que o afastaria do grande cartola. Inteligente como era, o maior ídolo brasileiro do automobi-lismo já teria se aventurado bancando uma equipe na Fórmula 1 ou então realmente estaria apenas usufruindo de suas posses, mas sem a Xuxa (até porque ele era inteligente).

Outra pergunta que ronda o subconsciente do brasileiro é: essa idolatria toda em torno do nome de Senna existiria neste mesmo nível se ele ainda estivesse vivo? Dificilmente, pois mesmo as pessoas de boa índole decepcionam, e não seria fácil para ele sustentar por mais 18 anos. Sem contar que sua carreira já não vivia um grande momento e as iminentes derrotas para Michael Schumacher ofuscaria a história estatística do brasileiro.

Sim, estatisticamente falando, o próprio Schumi já bateu inúmeros recordes e hoje em dia tem seu trono ameaçado por Sebastian Vettel. No entanto, ninguém ainda conseguiu superar a habilidade e a inteligência de Ayrton, que fez apresentações fatídicas com carros modestos, coisa que só é lembrada de longe com Fernando Alonso, que consegue, atualmente, chegar ao pódio com a Ferrari que lhe deram.

A última pergunta é exatamente sobre a habilidade. Algum dia, veremos um piloto com postura de campeão como Senna foi? Onde se lê postura de campeão, entende-se honestidade e desportividade, além de competiti-vidade, sabedoria, carisma, etc.

Postura de campeão como a de Senna jamais haverá na Fórmula 1. Pode ser que ocorra com algum esportista de qualquer outro tipo de esporte, mas no automobilismo, se aparecer será um dos sinais do fim do mundo.

Como seria ayrton senna Cinquentão?

Gerlado Lélis é formado pela Faculdade Maurício de Nassau, do Recife. Cobre a Fórmula 1 desde o início da temporada de 2010. Apesar de não ter muitos anos de experiência de campo, conhece bem a história deste esporte e está sempre atualizado sobre tudo que acontece nos bastidores da categoria. Atualmente é repórter da Folha de Pernambuco e Colunista no site F1Team.

Coluna

9ABRIL 2012 |

por Geraldo Lelis • fotos Geraldo Lelis / Divulgação Memorial Ayrton Senna

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BRUNO SENNA

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um noVo senna na WiLLiamsBruno Senna terá mais uma oportunidade como titular na Fórmula 1. Desta vez, o brasileiro quer fazer um grande campeonato e se consolidar na categoria.

11ABRIL 2012 |

Antes mesmo do início da temporada da Fórmula 1, um assunto de bastidores agitou a imprensa internacional e principalmente brasileira. Bruno Senna,

que acabava de sair da Lotus, tentava ficar com a última vaga no time britânico. No entanto, a disputa de Bruno era com outro brasileiro, o veteraníssimo Rubens Barrichello, que guiou o carro da Williams nas últimas duas tempo-radas. Por se tratar de dois pilotos brasileiros,

a imprensa nacional voltou seus olhos para a disputa no time de Grove, já que dali sairia o segundo representante brasileiro na principal categoria do automobilismo mundial.

A disputa foi acirrada e também contou com outro concorrente, Adrian Sutil. O alemão também acabava de perder sua vaga na Force India, que preferiu promover o piloto reserva da equipe, Nico Hulkenberg, ao invés de continuar com Sutil. Sabendo a situação de cada concor-rente, a mídia internacional passou a especular quem ganharia a disputa. Poucos apostavam em Senna, que aparecia como ‘azarão’ na briga para ser o companheiro de Pastor Maldonado.

Mesmo assim, Eike Batista, bilionário que pa-trocina a carreira de Bruno, já dava como certa a contratação do brasileiro pela Williams. Alguns não acreditavam, e apostavam principalmente em Adrian e, em alguns momentos, cogitavam a renovação de Rubinho. No dia 17 de janeiro veio a notícia. Bruno estava contratado pelo time de Frank Williams, e seria o companheiro de Maldonado na escuderia britânica.

Logo após o anuncio, a imprensa brasileira especializada passou a contar vantagem, já que os sites já haviam divulgado que Bruno seria o novo piloto da Williams. Isso tudo aconteceu por conta de Eike, que dias antes anunciava um acordo entre o time britânico e os empresários de Senna.

por Paulo Feijó • fotos Divulgação/Williams

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Para os brasileiros, a contratação trouxe ale-gria por um lado, mas tristeza por outro. A parte triste ficou por conta de Barrichello, que após 19 temporadas deixava a Fórmula 1. O paulista já havia afirmado que, se não continuasse na Williams, não aceitaria um contrato com um time pequeno e também não se tornaria um piloto reserva de qualquer equipe.

Entretanto, o lado mais chamativo ficou por conta da volta de um ‘Senna’ para a Williams. Isso porque foi nesta equipe que Ayrton Senna, tio de Bruno, competiu pela última vez na Fór-mula 1. Também foi com o carro azul e branco que Ayrton acabou batendo na curva Tambu-rello, encerrando a carreira de um dos maiores, se não o maior, ídolo nacional.

Desde o início da carreira de Bruno na F1, ainda na minúscula Hispania, ele era compa-rado ao seu tio. Isso porque desde a morte de Ayrton o público brasileiro ainda não encontrou um piloto que pudesse o chamar de 'grande ídolo'. Assim, a aparência de Bruno passava uma sensação de ‘nostalgia’ para os amantes da Fórmula 1, que viam nele uma oportunidade de rever o seu eterno ídolo de volta as pistas.

Mas isso não era a intenção de Bruno. O jovem piloto sempre deixou claro que queria fazer sucesso pelo seu talento, e não por ser sobrinho de um tricampeão mundial. Tudo que Bruno queria era ter uma oportunidade com um carro competitivo, coisa que ele não encontrou na HRT. Entretanto, Senna já havia ganho a oportunidade de guiar um bom carro no ano passado, quando substituiu Nick Heidfeld na Lotus Renault, mas acabou não obtendo muito

sucesso da equipe francesa.Agora, a expectativa de Senna é de conse-

guir uma sequência na Williams, onde poderá disputar uma temporada completa, sem a pressão de substituir um piloto já conhecido na Fórmula 1, como aconteceu em 2011. Ao lado de Pastor, a expectativa é de que Bruno possa deslanchar em sua carreira. E a tarefa não deve ser fácil, principalmente porque a Williams fez a pior temporada de sua história na F1 em 2011. Mas o que pode animar o piloto é que ‘pior do que está, não pode ficar’.

Durante a sua apresentação, Bruno já se mostrou muito feliz com a oportunidade que está ganhando, principalmente por se tratar de uma equipe de nome reconhecido no cenário do automobilismo mundial. "Estou feliz em fazer parte de uma equipe com um ótimo histórico. Todos estão muito motivados neste ano, e é muito bom fazer parte disso”, disse Senna em coletiva.

Mesmo empolgado com o novo contrato, Bruno também prefere manter os pés no chão quando o assunto é a temporada 2012. O brasileiro sabe que terá de apresentar um bom desempenho, e também sabe da cobrança que terá ao longo do ano, mas está ciente de que ainda não é possível fazer prognósticos para o campeonato. O que ele garante é que irá fazer o máximo para ter um grande ano. "É difícil traçar objetivos antes do início da temporada, mas pretendo tirar 100% do limite carro", afirmou.

Senna ainda não tem uma carreira histó-rica na Fórmula 1. No entanto, apesar de ter disputado apenas três temporadas na categoria,

o brasileiro é elogiado pelo seu conhecimento técnico dos bólidos. Essa foi uma das razões pela qual Bruno foi contratado. A Williams apos-ta na ‘experiência’ do brasileiro para substituir Barrichello, que era o responsável por ajudar os engenheiros no desenvolvimento do carro.

Porém, não podemos esquecer que o patro-cínio de Eike Batista pesou muito na decisão de Frank Williams de contratar Bruno. Não só a escuderia de Grove, mas a maioria das equipes do grid não conseguem manter em dias as suas contas, o que faz com que elas apostem nos chamados ‘pilotos pagantes’. Estes, ajudam no orçamento da equipe com os patrocinadores que os acompanham. É o caso de Senna e tam-bém de Pastor Maldonado. Ambos contam com grandes patrocinadores, que fazem o dinheiro falar mais alto na hora da contratação.

Olhando mais para a carreira de Bruno Sen-na, vemos que ele já teve ‘lampejos’ de grande piloto. Mesmo na Hispania, o brasileiro já mos-trava que, com um pouco mais de experiência, poderia se tornar um piloto bastante competitivo na Fórmula 1. Até por isso, a Lotus Renault apostou nele para ser o reserva da equipe no ano passado. Na ocasião, ele seria o reserva de Robert Kubica e Vitaly Petrov. Após o acidente de Robert, Bruno chegou a ser cogitado para assumir a vaga de titular, mas só conseguiu o posto no meio da temporada, após a dispensa de Nick Heidfeld, que havia sido contratado para substituir Kubica, mas não se deu bem.

Por falar em sua passagem pela Lotus, Bruno conseguiu um grande desempenho logo no primeiro treino de classificação, na Bélgica. Na ocasião, o até então piloto da Lotus Renault lar-gou na 7° colocação, um grande desempenho, mas acabou errando logo na largada e terminou a prova em 13°. Mesmo assim, a confiança no brasileiro estava grande. Bruno disputou todas as provas que restavam na temporada, mas acabou sendo dispensado no fim do ano.

Hoje, a Williams será a casa de dois antigos rivais das pistas. Bruno Senna e Pastor Maldo-nado já disputaram campeonato na GP2 e agora serão companheiros de equipe, brigando por boas posições e pelo posto de primeiro piloto. O relacionamento não será complicado, já que ambos não têm histórico de confusões. "Pastor é um ótimo piloto. Corri contra ele na GP2 e sempre nos demos bem. Ele foi um oponente duro no passado e será ainda mais duro agora, quando estaremos no mesmo carro. Nós certamente tentaremos bater um ao outro, mas, como colegas, trabalharemos juntos para mover o time adiante", finalizou o brasileiro.

BRUNO SENNA

Page 13: Revista Bandeirada F1

13ABRIL 2012 |

ENTREVISTA

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Luiz

Razia

Bandeirada F1 - A maioria dos pilotos encontra dificuldades para entrar no auto-mobilismo, principalmente por conta do alto custo para praticar esse esporte. Pra você, qual foi a maior dificuldade para entrar no automobilismo?

Luiz Razia - Condição financeira. Hoje em dia os custos são absurdos para quem tem uma situação de classe media no Brasil. Sem um patrocínio, palavra que não existe mais no meu dicionário, será muito difícil iniciar. Ainda que seja um problema antigo, é difícil chegar com uma idéia revolucionaria.

BF1 - Você começou a sua carreira no Au-tocross, categoria bem diferente dos principais campeonatos de automobilismo, principalmente por conta das pistas de barro. Qual a impor-tância desta categoria na sua formação como piloto? Você vê algum diferencial em começar a correr em terrenos mais irregulares?

LR - Lógico, foi muito diferente de todos, e por este motivo eu tenho muita noção de mecânica de motores, amortecedores, chassi e muito mais que um carro como o Autocross tem. A experiência em um terreno escorregadio deu uma noção muito boa de controle do carro e sentir o que o carro está fazendo. Devo muito ao meu início.

BF1 - Aproveitando o questionamento sobre o alto custo do esporte a motor, quanto um jovem piloto precisa gastar para conseguir competir em alto nível nas categorias inferio-res, como por exemplo no kart? Esse dinheiro começa a ser recuperado em que período da carreira do piloto?

LR - O dinheiro é só recuperado através de patrocínio, ou uma contratação por uma equipe que te apoie nas categorias de base. Eu não tenho muita idéia para questões de custos no Kart em 2012, mas na época que eu corria para fazer todos os campeonatos, - Paulista, Centro Oeste, Sul Brasileiro, Brasileiro, Brasiliense - que fui campeão em todos, os custos eram em torno de 240 mil reais.

BF1 - Alguns consideram a Fórmula 1 como um esporte ‘impossível’, ou seja, pouquíssi-mos conseguem competir nela. Como você analisa essa nova visão de algumas equipes sobre ‘pilotos pagantes’?

LR - Impossível nada é na vida. Somos nós que nos limitamos. Mas, apesar da categoria ser caríssima, ainda existem muitas promessas no Brasil. É preciso, hoje, uma publicidade mais agravada para transformar os pilotos em produ-tos dentro do Brasil, pois quem aparece muito, as empresas patrocinam. Veja por exemplo o Futebol no Brasil, tem fila de patrocinadores.

BF1 - Hoje você faz parte da ‘escola de jovens pilotos da Red Bull’, como você está encarando esta oportunidade. Essa nova ‘função’ mudará a sua rotina no automobi-lismo?

LR - Mudei de cidade, agora moro em Milton Keynes, onde esta a fabrica [da Red Bull]. Passo 4 horas por dia em treinamento físico por lá, e também tenho muita instrução técnica além de desenvolver os simuladores. Espero estar no caminho certo para trazer os resultados neces-sários para a GP2.

BF1 - Em sua passagem pela F1, você foi piloto de testes de duas equipes pequenas, a Virgin (Marussia) e a Lotus (Caterham). Você sentiu alguma diferença entre o trabalho de uma em comparação com a outra?

LR - A Lotus deu muito mais atenção para o meu desenvolvimento do que a Virgin, e muito mais oportunidades. Devo muito a eles que abri-ram todas as portas. Eu hoje não estou titular na Formula 1 por falta de patrocínio.

BF1 - Atualmente você está competindo na GP2, onde são reveladas as maiores promes-sas do automobilismo mundial. Além de você,

outro brasileiro também está se destacando na categoria, o Felipe Nasr. Você costuma conversar com ele sobre futuro, dar algumas dicas, já que você já tem uma bagagem maior?

LR - A GP2 é uma categoria muito compe-titiva, o pouco tempo que sobra nos finais de semana, trocamos algumas idéias, lógico. Ele é brasileiro e estou disposto a ajudá-lo fora da pista.

BF1 - Você testou o carro da Lotus (Ca-terham) no treino da sexta do GP do Brasil de 2011. Mesmo não valendo nada, qual a sensa-ção de dirigir um Fórmula 1 em Interlagos?

LR- Muito gratificante, e muito fora de tudo que você possa imaginar na vida. É uma expericencia que para mim, como piloto, foi inesquecivel. As vezes imagino para o publico que sequer testou um Fórmula Ford, que é o mais simples de Fórmulas. Realmente fica dificil em palavras para descrever tamanha felicidade e contemplação.

BF1 - Para concluir, gostaria que você passasse um recado para aqueles jovens que sonham em se tornar um piloto profissional e chegar à F1.

LR - Eu comecei com muito talento, ganhei campeonatos fui bem em muitas categorias que passei, mas a GP2 me ensinou uma coisa muito importante pra minha vida: nos devemos estar preparados para a maior oportunidade de nossas vidas. A moral disso é que devemos incansavelmente procurar o melhor de nós mesmos, trabalhar sem medir esforços. E se é preciso dormir menos, deixar de sair, deixar sua cidade, deixar muitas “regalias” para o melhor da sua carreira, esteja disposto a tudo. Muita fé em Deus, pois é seu alicerce para os momentos difícies, e seu total sentido de felicidade.

Luiz raziaATUALMENTE NA GP2, jOVEM PROMESSA BRASILEIRA FALA SOBRE AS DIFICULDADES PARA SE TORNAR UM PILOTO PROFISSIONAL E SOBRE SUA PASSAGEM PELA F1

Page 14: Revista Bandeirada F1

Guia Das equiPes 2012

14 BANDEIRADA F1

GUIA DAS EQUIPES

A temporada 2012 da Fórmula 1 promete ser muito mais equilibrada do que em 2011. A proibição do difusor aquecido fez com que o grid ficasse mais nivelado, o que trás mais emoção para as corridas. Mesmo assim, a Red Bull ainda entra como favorita ao título mundial, já que continua sendo a melhor equipe do grid. Entretanto, ela não estará so-

berana no campeonato, a McLaren e a Ferrari prometem brigar por vitórias e, consequentemente, pelo o título.

A Bandeirada F1 fez uma análise de cada equipe que disputa o campeonato deste ano. O resultado foi um guia de equipes com todos os detalhes e as expectativas dos times que formam o grid de 2012.

por Paulo Feijó

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Atual bicampeã nos mundiais de pilotos e de construtores, a Red Bull entra em 2012 como favorita a mais um título na Fórmula 1. Todos os integrantes do

time austríaco sabem que a RBR será o alvo de todas as outras equipes do campeonato. Por isso, todos estarão trabalhando duro para alcan-çar o nível da Red Bull, o que poderá complicar a vida dos atuais campeões.

2011 foi a melhor temporada da escuderia. O RB7, carro utilizado no ano passado, estava sempre um passo à frente das rivais, o que fez com que a equipe de Milton Keynes não tivesse grandes dificuldades para fechar o ano na frente.

Com a presença do atual bicampeão mundial, Sebastian Vettel, e Mark Webber em seu cockpit, a RBR caminha para mais um grande ano na Fór-mula 1. Tudo isso pode ser somado ao projetista da equipe, Adrian Newey, que vem conseguindo revolucionar os carros rubro taurinos.

Por falar no bicampeão, Vettel entra no campeonato de 2012 da mesma forma que a sua equipe está entrando, como favorito. O jovem alemão já provou o quanto é rápido, e sabe que a responsabilidade agora é maior. Entretanto, a experiência adquirida nos dois

últimos anos, deverá ser o maior diferencial de Sebastian neste campeonato.

Sabendo que seus rivais estão o encarando como ‘’o piloto a ser batido’’, Vettel trabalha para melhorar ainda mais, até porque a concor-rência no campeonato é grande. Além dele, outros cinco campeões também alinharão no grid deste ano, aumentando ainda mais a com-petitividade na F1.

Mesmo não sendo favorito ao título, o companheiro de Vettel, Mark Webber, também entra como um forte candidato ao troféu de 2012. Por possuir um carro igual ao de Seb, o australiano é apontado como ‘único capaz de deter o bicampeão’. Ainda assim, Webber sabe das dificuldades que irá encontrar durante toda a temporada, principalmente porque as rivais prometem acabar com a vantagem da Red Bull.

Apesar de ter dois grandes pilotos, a principal arma da RBR está no carro. O RB8, assim como a maioria dos carros, também apostou no chamado ‘degrau’ no bico. Entretanto, como de costume, a escuderia surpreendeu a todos. Isso porque Adrian Newey resolveu colocar uma espécie de ‘duto’ bem no meio do tal ‘degrau’.

Durante a apresentação do RB8, Webber afirmou que a RBR apostou na continuidade

em seu projeto. ”As características do RB8 que nós estamos procurando são de um carro que seja fácil de guiar, o que significa não só no lado do motor, onde a Renault tem feito um bom trabalho, mas também no aerodinâmico. Precisamos que seja funcional em todos os circuitos, em todas as temperaturas”, disse o australiano.

Já o bicampeão fez questão de manter a cautela, prevendo um campeonato muito mais equilibrado do que em 2011. “Obviamente, nós esperamos que o nosso carro seja melhor que os outros, mas isso vai ser difícil. Eu acho que os carros vão ser bastante similares, e as diferenças vão ser bem menores. Eu acho que teremos um ano disputado e algo diferente disso será uma surpresa”, finalizou Vettel.

RED BULLColocação em 2011: 1º

Pilotos: Sebastian Vettel e Mark Webber

Carro: RB8

Qualidade do carro: Ótimo

Previsão para 2012: 1º

em BusCa Do triCamPeonatoRed Bull aposta na continuidade para tentar vencer terceiro campeonato seguido na Fórmula 1

16 BANDEIRADA F1

GUIA DAS EQUIPES

por Paulo Feijó • foto Divulgação/Red Bull GEPA images

Page 17: Revista Bandeirada F1

Única equipe a ameaçar a Red Bull durante a temporada de 2011, a McLa-ren começa o ano de olho no título mundial. A escuderia britânica está

empolgada com o desenvolvimento do novo carro, o MP4-27, que promete brigar de igual para igual com o RB8.

Este ano, a McLaren promete fazer uma de suas melhores temporadas, principalmente porque a escuderia acredita ter desenvolvido um carro diferenciado. Por sinal, antes mesmo da apresentação do bólido, Martin Whitmarsh, chefe da equipe, já previa algumas contestações ao novo modelo da McLaren. O que não chegou a acontecer.

Assim como a grande maioria dos times que costumam brigar pela ponta, a McLaren também preferiu manter a sua dupla de pilotos titulares. Jenson Button e Lewis Hamilton serão os responsáveis por guiar o MP4-27 durante toda a temporada e de levar a escuderia ao título no fim do ano.

Apesar do equilíbrio fazer parte da disputa dentro da McLaren, Button terminou o campe-onato de 2011 na frente. O campeão de 2009 não começou tão bem a temporada passada, mas fechou o ano em alta, ficando com o vice

campeonato. Em 2012, o inglês deverá voltar a brigar pelas primeiras posições.

O grande diferencial de Jenson Button em 2011 foi a sua capacidade de economizar pneus. Com um toque mais ‘’leve’’ do que a maioria dos pilotos, o britânico consegue des-gastar menos os compostos, o que faz com que ele tenha uma pequena vantagem com relação aos seus rivais.

Situação oposta vive Lewis Hamilton. Campeão em 2008, o britânico começou a tem-porada passada sendo apontado como principal concorrente de Vettel ao título. No fim do ano, a situação era completamente diferente. Lewis se envolveu em vários acidentes e foi bastante contestado por sua agressividade na pista.

Nesta temporada, Hamilton quer apagar a má impressão deixada no ano passado e voltar a ser lembrado pelas suas vitórias e conquistas na Fórmula 1. Para isso, Lewis se inspira em um ídolo brasileiro, Ayrton Senna. Segundo o campeão de 2008, o seu estilo agressivo é inspirado na forma como Senna pilotava.

Sobre o carro, a McLaren foi uma das únicas equipes que apostou em um projeto sem o chamado ‘degrau’ no bico. Por conta disso, o bólido se destacou pela beleza estética. Entre-

tanto, o MP4-27 terá de mostrar que tem força para brigar pelo título e superar os carros com ‘bico de ornitorrinco’.

Em coletiva, Button se mostrou muito feliz com o desenvolvimento do bólido. “Estou muito animado. Este é o momento que nós vemos o quanto todos nós temos trabalhado intensamen-te”, afirmou Button durante a apresentação do carro.

O seu companheiro de equipe, Lewis Ha-milton, também se disse motivado. O britânico fez questão de destacar o design do carro, que o deixou mais ‘bonito’. “Ver o árduo trabalho feito na construção deste carro é inspirador. É o carro mais refinado em termos de aparência que tivemos nos últimos tempos, então estamos bastante ansiosos”, encerrou.

MCLARENColocação em 2011: 2º

Pilotos: Jenson Button e Lewis Hamilton

Carro: MP4-27

Qualidade do carro: Ótimo

Previsão para 2012: 2º

meta É suPerar De Vez a reD BuLLSem o 'degrau' no bico, McLaren aposta na continuidade para ficar com o título de 2012

17ABRIL 2012 |

por Paulo Feijó • foto Divulgação/McLaren

Page 18: Revista Bandeirada F1

FERRARIColocação em 2011: 3º

Pilotos: Fernando Alonso e Felipe Massa

Carro: F2012

Qualidade do carro: Bom

Previsão para 2012: 5º

Para VoLtar a ser "a Ferrari"Scuderia Ferrari vem de um campeonato muito ruim em 2011, e aposta em carro inovador para voltar a brigar pelo títulopor Paulo Feijó • foto Divulgação/Ferrari

Acostumada a estar sempre brigando pelas primeiras posições, a Ferrari não vive uma boa fase na Fórmula 1. A equipe italiana não vence um campe-

onato de pilotos desde a temporada de 2007, quando Kimi Raikkonen ficou com o troféu daquele ano.De lá para cá, foram raras as vezes que vimos a escuderia de Maranello dominando um campeonato, ou até mesmo brigando de igual para igual com a equipe campeã de deter-minada temporada.

Depois de um ano muito ruim, a Ferrari quer aproveitar 2012 para voltar a brigar pelo título. O time italiano terminou a última temporada na terceira colocação no mundial de construtores, atrás da Red Bull e da McLaren. Esse ano, a or-dem é ‘esquecer’ o desempenho ruim de 2011 e focar apenas no campeonato atual.

Para tentar voltar aos dias de glórias na Fórmula 1, a Ferrari aposta na continuidade de sua equipe técnica e do seu corpo de pilotos. Stefano Domenicali continua no comando da es-cuderia, sendo o responsável por toda a equipe técnica. Entre os pilotos, Fernando Alonso e Felipe Massa também estão confirmados para mais um ano no time vermelho.

Por sinal, a dupla da equipe italiana vive

situações opostas. O espanhol está em alta na Fórmula 1. Mesmo com um carro muito ruim no ano passado, Alonso conseguiu ‘tirar leite de pedra’ e terminou o ano na quarta colocação. Provando que continua sendo um dos melhores pilotos da principal categoria do automobilismo mundial.

Já Felipe não goza da mesma confiança de seu companheiro. O brasileiro não passa por uma boa fase na carreira. Desde o seu acidente no GP da Hungria de 2009, Massa não conseguiu mais mostrar o desempenho que o consagrou vice-campeão mundial em 2008. 2012 será o ano crucial para a permanência do piloto na Ferrari, isso porque os presidente do time de Maranello, Luca di Montezemolo, já deu um ultimato para o brasileiro.

É importante lembrar que a Ferrari já vem analisando alguns nomes para substituir Massa. Dentre os mais cogitados estão o de Nico Ros-berg, da Mercedes, e Robert Kubica, que está afastado da Fórmula 1 desde o seu acidente no início do ano passado. Por sinal, o polonês deverá participar de alguns testes no simulador da Ferrari no meio da temporada.

Partindo para o carro italiano, a Ferrari apos-tou em um projeto arrojado. O F2012 já nasceu

‘diferente’ da maioria dos bólidos. Mesmo admitindo o design peculiar do carro, Alonso se mostrou satisfeito com o bólido. “Eu gostei do desenho. É um desenho criativo que vemos neste novo carro. Acho que quando um carro nos surpreende logo de cara é um bom sinal, e eu realmente gosto deste carro. Só espero que seja rápido”, disse o espanhol durante a apresentação do F2012.

Por sua vez, Massa confessou que achou o bico estranho. Entretanto, o desempenho do carro deverá compensar a ‘falta de beleza’. “Nós ainda temos que nos acostumar ao bico, que parece muito estranho devido às regras para ele, mas o F2012 é muito agressivo e bom”, concluiu o brasileiro.

18 BANDEIRADA F1

GUIA DAS EQUIPES

Page 19: Revista Bandeirada F1

em BusCa De aFirmaÇãoMercedes aposta em nova asa dianteira para tentar superar rivais na temporada 2012

A Mercedes entra no campeonato de 2012 disposta a ganhar uma posi-ção no mundial. O time de Stuttgart terminou as duas últimas temporadas

na quarta colocação do campeonato, e aposta suas fichas em um bom carro para tentar supe-rar a Ferrari neste ano. A maior arma da equipe está em uma novidade do W03. Uma nova asa dianteira promete dar mais estabilidade e velocidade ao bólido, o que deverá melhorar o desempenho da equipe nas corridas.

O time alemão foi um dos últimos a apresentar o seu bólido. A Mercedes optou por realizar os primeiros treinos da pré-temporada, em Jerez de la Frontera, com o carro do ano passado. A inten-ção era dar mais tempo para que os engenheiros pudessem desenvolver o novo carro. A iniciativa também serviu para que a equipe pudesse observar as rivais, podendo ‘copiar’ algumas ideias dos outros carros.

Assim como em 2011, a Mercedes disputará mais um ano com a dupla alemã composta por Michael Schumacher e Nico Rosberg. Ambos ainda não conseguiram levar a escuderia a uma vitória nos últimos anos. Mas a Mercedes mantém a confiança nos dois.

Schumacher não tem mais nada para provar

para ninguém. Com sete títulos mundiais na Fórmu-la 1, Michael é o piloto mais vitorioso da categoria, com 91 vitórias em toda a sua carreira. Entretanto, desde que voltou de sua aposentadoria, no início de 2010, Schumi ainda não conseguiu reeditar o desempenho que o consagrou heptacampeão. Mesmo assim, o alemão já mostrou que ainda tem condições de brigar por boas posições no grid.

Se por um lado, a Mercedes tem um grande campeão, por outro a equipe conta com um piloto que ainda não deslanchou na carreira. Nico Rosberg é filho do ex-piloto Keke Rosberg, campeão na tem-porada de 1982 da Fórmula 1. Mesmo mostrando um bom desempenho em algumas corridas, o jovem piloto alemão ainda não conseguiu vencer na principal categoria do automobilismo mundial. Ainda assim, Rosberg não tem a sua vaga ameaçada na Mercedes, pelo contrário, ele é cogitado para as-sumir o lugar de Felipe Massa na Ferrari.

Sabendo que na Fórmula 1 o carro faz a diferença, a Mercedes apostou em um projeto inovador. O W03 foi lançado no dia 21 de fevereiro, pouco antes do início da segunda bateria de testes, no circuito da Catalunha, em Barcelona. Para superar as principais rivais do grid, o novo bólido trouxe uma novidade em sua asa dianteira, o chamado ‘duto w’.

Quando está sendo utilizado, o ‘duto W’ dire-ciona o ar de modo que dê mais estabilidade ao W03 nas retas, fazendo com que o bólido ganhe mais velocidade e facilitando as ultrapassagens. É importante destacar que o novo dispositivo foi questionado por algumas equipes, mas a FIA o considerou legal.

Durante a apresentação do W03, o presidente e diretor esportivo da Mercedes, Norbert Haug, destacou o sentimento positivo que corre na equipe. “Estamos no processo de construção. Nós fomos duas vezes o quarto colocado nos últimos dois anos e nosso principal objetivo é subir a escada rumo ao primeiro lugar. Leva tempo e muito esforço, mas estamos trabal-hando duro e, finalmente, podemos conseguir”, concluiu o dirigente.

MERCEDESColocação em 2011: 3º

Pilotos: Michael Schumacher e Nico Rosberg

Carro: W03

Qualidade do carro: Muito Bom

Previsão para 2012: 4º

por Paulo Feijó • foto Divulgação/Mercedes

19ABRIL 2012 |

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ProJeto amBiCiosoLotus quer subir dois degraus na tabela de classificação e fechar o ano em terceiro nos construtores

O ano na fábrica de Enstone começou diferente. A equipe que utiliza as instalações britânicas estava mudando de nome. Até a temporada passada, a

equipe era conhecida como Renault, mas em 2012 o time será chamado de Lotus. Uma briga que foi vencida após um ano, já que a equipe tentava usar o nome lendário desde o ano passado. Agora, de nome novo, o time anglo--francês quer fazer bonito na Fórmula 1.

A expectativa é de que a Lotus F1 Team possa dar o que falar na categoria em 2012. Para isso, a equipe aposta uma reformulação total e em um bólido competitivo para tentar alcançar os seus objetivos. As metas para a temporada são ambi-ciosas. O time, que terminou o último campeo-nato na quinta colocação, está querendo superar duas rivais ao mesmo tempo e fechar o ano em terceiro. Tarefa difícil, mas não falta confiança para cumprir com o prometido.

A reformulação na antiga Renault começou logo em seu corpo de pilotos. Para este ano, a equipe apostou em um velho conhecido da F1, Kimi Raikkonen, e em uma jovem promessa francesa, Romain Grosjean, para guiarem o carro da equipe nesta difícil temporada que tem pela frente.

Por falar em Kimi Raikkonen, o finlandês está de volta à Fórmula 1 após passar dois anos dis-putando campeonatos de Rali. Kimi já levantou a taça de campeão mundial uma vez, em 2007, quando competia pela Ferrari. Esta experiência de já ter saído vitorioso de uma temporada foi o que mais pesou na hora da contratação do piloto. A Lotus acredita que Raikkonen será capaz de desenvolver um bom carro junto com os engenheiros e, de quebra, auxiliar Romain Grosjean, que tem pouca experiência na cate-goria.

Grosjean que, por sinal, acaba de sair vito-rioso da GP2. O francês dominou o campeonato 2011 da categoria e levantou o troféu com folga na tabela. É importante ressaltar que Romain já passou pela Fórmula 1. Em 2009, após a saída conturbada de Nelsinho Piquet da Renault, o jovem francês assumiu a vaga de titular, mas não conquistou nenhum ponto. Este ano, a expectativa é de que Grosjean possa deslanchar na carreira e ganhar força na Fórmula 1.

Apesar de contar com dois grandes pilotos, a Lotus não esqueceu de focar no desenvolvi-mento do carro. O E20 foi lançado sem grandes inovações, mas trazendo a esperança de ser bastante competitivo. Assim como a grande

maioria das equipes, a Lotus também trouxe o ‘degrau no bico’, ou ‘bico de ornitorrinco’, como uma saída para as novas regras da categoria, que proíbem que os bicos tenham mais de 55cm de altura.

Sobre o E20, Kimi Raikkonen se mostrou bastante otimista. Segundo ele, a equipe tem potencial para desenvolver um grande carro, o que ajudou na hora da criação do novo modelo preto e dourado. “Eu acho que essa gente sabe construir um bom carro. E mesmo os maio-res times não conseguem produzir um carro vencedor todo ano. Eles são pessoas muito capazes, têm um bom ‘feeling’ sobre as coisas e eles estão trabalhando duro para termos bons resultados”, afirmou o piloto.

LOTUSColocação em 2011: 5º

Pilotos: Kimi Raikkonen e Romain Grosjean

Carro: E20

Qualidade do carro: Muito Bom

Previsão para 2012: 3º

por Paulo Feijó • foto Divulgação/Lotus

20 BANDEIRADA F1

GUIA DAS EQUIPES

Page 21: Revista Bandeirada F1

FORCE INDIA

Depois de se afirmar na Fór-mula 1, a Force India quer dar os primeiros passos rumo a elite.

Desde a sua criação, em 2006, quando ainda era chamada de Spyker, a Force India vem crescen-do a cada ano. Em 2011, a equipe consolidou-se definitivamente no pelotão intermediário da Fórmula 1. Por sinal, o time de Vijay Mallya (dono da equipe) foi a melhor escu-deria do meio do grid, terminando a temporada 2011 na sexta coloca-ção, atrás apenas das principais equipes do campeonato. Para 2012, a meta é tentar alcançar a Lotus e, quem sabe, superá-la.

Visando brigar pela quinta colo-cação no mundial de construtores,

a Force India resolveu promover o seu piloto reserva. Agora, Nico Hulkenberg fará dupla com Paul Di Resta no time indiano. É neles que estão depositadas as chances da Force India de ter o melhor ano de sua história na F1. Em comum, Hulk e Di Resta têm o rótulo de grandes promessas, mas contam com certa inexperiência, já que ainda não conquistaram títulos na F1.

Para esta temporada, a Force India terá o VJM05 como maior alia-do dos pilotos. O bólido foi lançado antes do início da pré-temporada e também conta com o ‘bico de orni-torrinco’. Entretanto, o ponto mais forte do carro não está na parte de fora e sim no interior do bólido. Com motor Mercedes e o câmbio da McLaren, o VJM05 promete ser um dos carros mais competitivos do campeonato.

SAUBER

Em 2011 a Sauber já dava sinais de que estava evoluindo em seus projetos. O C30 viveu altos e baixos

nas corridas do ano passado, mas apresentava um desempenho muito bom em determinadas etapas do mundial. E foi com base no último carro que a equipe de Peter Sauber criou o mais novo modelo da escu-deria suíça, o C31.

O bólido da Sauber é a maior esperança da equipe para conseguir superar os times intermediários da Fórmula 1. Não é por menos, já que o C31 é apontado pela imprensa mundial como o carro com melhor

desenho aerodinâmico. Além da aerodinâmica, o modelo também conta com um ‘coração vermelho’. Isso porque o carro tem um motor Ferrari, que trás mais confiança para a equipe.

Além de ter um bom equipa-mento, a Sauber também conta com dois pilotos muito rápidos. Kamui Kobayashi e Sergio Perez já provaram que podem ser titulares de grandes equipes da Fórmula 1. O primeiro é o melhor japonês que já competiu na história da categoria, e trás a experiência de ter disputado três temporadas na F1. Já Perez é ‘novato’, mas já é cogitado para uma possível vaga na Ferrari. O mexicano já tem o seu talento reconhecido e tentará fazer bonito nesta temporada.

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WILLIAMS

Após desempenho pífio em 2011, a Williams aposta suas fichas no FW34 e na juventude de Senna e Mal-

donado para tentar ressurgir na F1.2011 foi uma temporada para

ser esquecida em Grove. A Williams teve o pior desempenho da história da equipe na Fórmula 1. Por conta disso, a escuderia britânica resolveu mudar. A troca no comando técnico foi definida ainda na temporada passada. Mike Coughlan assumiu a chefia da equipe, enquanto Rubens Barrichello não teve o seu contrato renovado.

A mudança não parou por ai. Para que o FW34 fosse um carro

competitivo de verdade, a equipe também resolveu trocar o fornece-dor de motor. A Cosworth deixou o time de Grove, dando lugar para a Renault. A reformulação trouxe mais motivação na Williams, que agora tem a certeza de que conta com um motor forte, já que é o mesmo motor da atual bicampeã mundial, a Red Bull.

Com a saída de Rubens Bar-richello, a vaga de companheiro de Pastor Maldonado ficou aberta. Para o lugar, a escuderia apostou em Bruno Senna, que tinha acabado de deixar a Renault Lotus. O brasileiro se juntará ao venezuelano para ten-tar apagar a má impressão deixada pela Williams no ano passado. O alento é de que as coisas ‘não podem piorar’.

TORO ROSSO

Para a próxima temporada, a Toro Rosso confirma o rótulo de ‘time B’ da Red Bull. A equipe italiana foi

criada pela escuderia dos energéti-cos para dar oportunidade para os pilotos da ‘Escola de Jovens Pilotos da Red Bull’. Assim como fez com Sebastien Buemi e com Jaime Alguersuari há três anos, a STR dará oportunidade para mais dois novatos na principal categoria do automobilismo mundial.

Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne ainda não têm a experiência necessária para serem campe-ões na F1, mas contam com um talento acima da média. O primeiro surgiu para a F1 há dois anos. Nos

bastidores, Ricciardo é chamado de ‘novo Vettel’, o que já mostra a ex-pectativa que é criada sobre ele. Já Vergne apareceu para a Fórmula 1 no fim do ano passado, após liderar todas as sessões nos testes para jovens pilotos. A atuação lhe rendeu uma vaga na Toro Rosso, que cos-tuma desenvolver bons carros.

O equipamento dos dois pilotos será o STR7, uma evolução do STR6, que fui utilizado em 2011 pela escuderia de Faenza. Além de contar com algumas características do carro da Red Bull, o STR7 também conta com um motor Ferrari, que fala mais alto na hora das ultrapassagens durante as corridas. A única novida-de no carro é com relação ao bico, que seguiu a tendência das principais equipes com o ‘degrau’.

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CATERhAM

Considerada a equipe mais séria dentre as pequenas, a Caterham entra em 2012 querendo se afirmar na principal catego-ria do automobilismo mundial. Na última temporada, quando ainda era conhecida como Lotus, a equipe comprovou a sua seriedade com os trabalhos na F1. Sob o comando de Tony Fernandes, o time malaio sonha em alcançar o pelotão intermediário e marcar pontos durante a próxima temporada.

Para alcançar o seu objetivo a Caterham apostou na troca de um dos seus pilotos. Jarno Trulli deixou a equipe e deu lugar para Vitaly Petrov, que disputou as últimas temporadas pela Renault Lotus. O russo fará companhia para Heikki Kovalainen, que é considerado o melhor piloto da equipe. Além disso, o finlandês é um dos que mais elogiam o time malaio, um exemplo de piloto que ‘veste a camisa’.

hISPANIA

A Hispania é uma das equipes que tem menos potencial na Fórmula 1. Apesar disso, a escuderia continua investindo para tentar se consolidar na categoria. Neste ano, o time está se mudando para Madrid. A escuderia ocupará o ‘Cubo Mágico de Madrid’, um complexo esportivo na capital espanhola.

Apesar de ter poucos abandonos na temporada passada, a HRT não costuma se aproximar do pelotão intermediário da F1. O carro é muito mais lento que os demais, impossibi-litando a marcação de pontos. Para a próxima temporada, a Hispania aposta na experiência do ex-piloto reserva da McLa-ren, Pedro De La Rosa. O espanhol fará companhia a Narain Karthikeyan, que já estava na equipe desde o ano passado.

MARUSSIA

A Marussia é uma daquelas equipes que não bri-gam por nada no campeonato. Até o ano passado, a equipe ainda era chamada de Virgin. Para esta temporada, o time russo resolveu mudar de nome, passando a se chamar Marussia. Neste campeona-to, a escuderia terá como maior adversária a equipe da HRT.

Em seu corpo de pilotos, apenas Timo GLock é ‘conhecido’ no cenário da F1. O alemão já correu pela extinta Toyota, e hoje briga pelas últimas posições do grid. Ao seu lado, Timo terá o novato Charles Pic, que estreia na Fórmula 1 este ano.

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no Fim Do GriD, trÊs times BriGam Para se manter na F1Sempre nas últimas posições do grid, Caterham, Hispania e Marussia lutam pelo direito de continuar competindo na F1

por Paulo Feijó • fotos Divulgação/Caterham - Hispania - Marussia

24 BANDEIRADA F1

NO FIM DO GRID

Desde a temporada 2010, muito se fala sobre o desempenho das três equipes pequenas da Fórmula 1. A Marussia Racing, a Caterham e a Hispania

Racing Team vêm sendo as piores equipes do grid da principal categoria do automobilismo mundial. Por conta do ritmo muito ruim dos seus bólidos, todos se perguntam o motivo pelo qual as três não são excluídas da categoria. Mo-tivos não faltam, mas há alguns pontos que não podem ser descartados. E é nestes pontos que a FIA e o chefão da categoria, Bernie Ecclesto-ne, se apegam na hora de definir a permanência destes três times na F1.

O maior argumento, e que se torna prati-camente o único, é que estes times acabam por dar oportunidades para jovens talentos que ainda não têm vaga em grandes equipes. Este foi o caso do brasileiro Bruno Senna, que hoje está pilotando o carro da Williams. Bruno estreou na Fórmula 1 com o carro da minúscula Hispania, em 2010. Mesmo sem ter marcado nenhum ponto durante toda a temporada, Senna nunca escondeu de ninguém que a HRT foi um grande aprendizado para ele. Isso tudo porque o

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piloto teve a oportunidade de sentar no cockpit de um Fórmula 1 e entender como funciona todo o bólido.

Esta experiência que nos referimos, só a F1 pode proporcionar para um piloto. Voltando ao assunto das equipes menores, estas podem abrir as suas portas para os jovens pilotos. Deste modo, os novatos podem mostrar o seu valor e, ao mesmo tempo, podem ganhar uma bagagem na categoria. A passagem por um time pequeno, é uma espécie de estágio para os jovens pilotos que pretendem chegar ao auge de sua carreira no automobilismo.

Vale ressaltar que, para estes pilotos chega-rem aos times menores, eles precisam passar por uma espécie de vestibular. O pior, para conseguir garantir a sua inscrição na prova, o candidato precisa ter uma boa passagem nas categorias de base, além de ter um patrocina-dor forte. Este patrocinador é uma das peças chave para que o piloto consiga uma vaga. Isso porque as equipes menores ainda não têm verba suficiente para se manterem. Deste modo, os patrocinadores dos pilotos são os responsáveis por mantê-las na F1.

Além de Bruno Senna, que passou por uma equipe pequena na temporada de 2010, Daniel Ricciardo também é um nome que pode ser citado no assunto em que estamos abordando. O australiano é considerado o "novo Vettel" pela

STR, caso eles não fossem bem na temporada. Para diminuir a pressão sobre os pilotos da Toro Rosso, a RBR decidiu emprestar o australiano para a Hispania.

Neste ano, a Red Bull resolveu dar uma chan-ce para as suas promessas. A equipe confirmou a presença de Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne, que também participa da escola de jovens pilotos da Red Bull, como titulares da Toro Rosso. Agora, a expectativa é de que os dois possam deslanchar na F1.

Depois entender a importância das equipes pequenas para a Fórmula 1, conheça um pouco dos três times que ainda dão o que falar na principal categoria do automobilismo mundial.

Red Bull, equipe que o piloto tem contrato. Por sinal, o time austríaco vem investindo forte no desenvolvimento do garoto. Com 22 anos, o piloto já estava correndo pela F1. Nas últimas corridas do ano passado, ele foi emprestado para a Hispania, onde ganhou experiência.

No entanto, a chegada de Daniel na F1 foi um pouco antes. No início de 2011, Ricciardo foi anunciado como piloto reserva da Toro Rosso. O time italiano é uma espécie de "filial" da Red Bull. Mesmo com a confirmação de Jaime Al-guersuari e de Sebastien Buemi como titulares, Daniel vinha assustando os seus companheiros. Isso porque o piloto estava tendo o seu nome cogitado para assumir a vaga de um dos dois na

NO FIM DO GRID

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CATERhAMConsiderada a equipe mais séria

dentre as menores, a Caterham foi criada pelo malaio Tony Fernandes. Mesmo sendo a melhor das piores equipes, a Caterham passou a ser lembrada pela batalha judicial contra o Grupo Lotus, que perdurou durante toda a temporada de 2011.

Tudo aconteceu por conta do lendário nome Lotus, que a equipe usava até a última temporada. Tony havia adquirido o direito de utilizar a marca e o nome em seus carros. Entretanto, após um ano muito ruim em 2010, o Grupo Lotus decidiu comprar a Renault e

transformá-la em Lotus. Essa de-cisão acabou irritando Fernandes que acionou a suprema corte de Londres, que deu ganho de causa para a Team Lotus (Caterham), mas liberou o uso do nome pelas duas equipes.

Apenas no fim da temporada as partes entraram em acordo. Em 2012 a Team Lotus passou a se chamar Caterham e a Renault passou a ser a única equipe com o nome de Lotus no grid. Atualmente, Heikki Kovalainen e Vitaly Petrov são os responsáveis por guiar o carro da equipe malaia em todas as corridas.

hISPANIAA Hispania Racing Team é uma

equipe espanhola que também entrou na Fórmula 1 em 2010. Antes de estrear na categoria, o time era conhecido por Campos, já que havia sido criado pelo ex-piloto Adrian Campos. Entretanto, o time foi comprado por José Ramon Carabante, que alterou o nome da escuderia.

A equipe começou a temporada de 2011 em meio a uma crise financeira. Funcionários chegaram a afirmar que faltavam peças nos boxes e os salários estariam atrasados. Mesmo assim, o time abriu as portas e confirmou a sua presença no mundial de F1. A

HRT foi a única equipe que fechou os testes de pré-temporada sem testar o carro que seria utilizado na temporada 2011. Com um ritmo muito ruim, a equipe ficou ameaçada de não participar de nenhuma corrida, por conta da regra dos 107%.

Hoje, com um ritmo um pouco melhor, a Hispania é presença garantida na maioria das etapas da F1. Mesmo assim, ainda há uma grande distância entre o seu rendimento e o dos carros da parte de cima do grid. Atualmente, Pedro de la Rosa, ex piloto da McLaren, e Narain Karthikeyan são os respon-sáveis por guiar o F112 durante as provas.

MARUSSIA RACINGA Marussia é uma equipe Russa,

mas que tem sua sede instalada na cidade de Dinnington, na Inglaterra. O time estreou na Fórmula 1 em 2010, mas não conseguiu marcar nenhum ponto. A equipe terminou sua tempo-rada de estréia na última colocação, ficando atrás das outras duas equipes estreantes. Mesmo assim, o time teve forças para se manter na categoria e voltou a disputar o mundial em 2011.

Em 2010, a Marussia, que ainda se chamava Virgin, contava com o brasileiro Lucas Di Grassi e o alemão Timo Glock. Lucas ainda não tinha nenhuma experiência na Fórmula 1, mas havia conseguido

bons resultados na categoria de base, o que acabou o credenciando a vaga. Entretanto, Di Grassi acabou dispensado ao fim da temporada. O seu companheiro de equipe, Glock, acabou permanecendo na equipe e hoje faz companhia a Charles Pic.

A partir desta temporada [2012], a Virgin passou a se chamar Marus-sia. Isso porque a fabricante russa fechou uma parceria com o time, e irá controlar a equipe até o fim da temporada de 2014. Desde o meio da temporada de 2011, a Virgin vem sendo chamada de Marussia Virgin, mas, a reunião do Conselho Mundial, autorizou a mudança no nome da escuderia na próxima temporada.

Page 28: Revista Bandeirada F1

A Renault vive um dilema neste fim de temporada. Isso porque a equipe francesa ainda não tem a confirmação de Robert Kubica para a próxima temporada. O polonês já chegou a afirmar que não estaria pronto para retornar em 2012, mas a equipe ainda acredita na volta do piloto, seja no início do ano, ou no meio da temporada.

Kubica sofreu um acidente no início do ano [2011], quando disputava o Rali De Andora, na região de Gênova, no norte da Itália. O piloto vinha muito rápido e perdeu o controle do carro na saída de uma curva. Robert acabou batendo no guard rail, que se soltou. O choque fez com que Kubica ficasse preso nas ferragens, preci-sando de cerca de 90 minutos para ser retirado.

Este acidente afetou todo o lado direito do corpo do piloto, ficando paralisado por um tem-po. Entretanto, após algumas cirurgias, Kubica voltou a conseguir mexer os braços e as pernas,

mas com dificuldades. Hoje o polonês ainda está fazendo fisioterapia para tentar retornar às pistas o mais rápido possível.

No entanto, a pergunta que vem sendo feita pelos fãs da Fórmula 1 é ‘quando Kubica voltará a correr?’ Este questionamento também vem sendo feito por vários dirigentes da Renault. Por sinal, a equipe já confirmou a presença de Kimi Raikkonen para a próxima temporada. O finlandês deverá ser o responsável por auxiliar os engenheiros no projeto do novo bólido da equipe.

Com relação a volta de Kubica, podemos considerá-la com chances remotas. Isso porque o piloto ainda não conseguiu começar a fazer treinamentos físicos, o que dificulta ainda mais o seu retorno.

Mesmo assim, o chefe da Renault, Eric Boullier, continua otimista em contar com o piloto. Entretanto, Robert já confirmou que não deverá reunir condições de voltar antes do início da próxima temporada. Com isso, abre-se uma grande oportunidade para outros pilotos serem confirmados como companheiros de Raikkonen.

A lista de concorrentes é grande, mas é importante saber que Vitaly Petrov ainda tem contrato com a Renault até o fim da próxi-ma temporada [2012]. Mas informações de bastidores dão conta de que o patrocinador do russo não está honrando os seus compromis-sos. O próprio empresário de Petrov revelou que terá até o início de dezembro para resolver a situação do piloto.

Caso Petrov não permaneça na Renault, exis-tem alguns nomes que podem ficar com a vaga. São eles: Bruno Senna, Rubens Barrichello, Heikki Kovalainen e Romain Grosjean. Estes são os nomes que estão na pauta da Renault para a próxima temporada.

Ainda assim, Eric Boullier continua esperan-çoso em contar com Robert Kubica. Mas, a esta altura, o dirigente já cogita a volta do polonês no meio da temporada.

por Paulo Feijó • fotos Divulgação/Renault

KuBiCa VoLta ou não?Após grave acidente, Robert Kubica ainda se recupera das lesões, mas continua sendo cogitado pela equipe Renault

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KUBICA

Page 29: Revista Bandeirada F1

por Paulo Feijó • fotos Divulgação / Lotus Renault / STR

aJuDanDo a uLtraPassar

Desde o ano passado, a FIA resolveu dar uma 'ajudinha' aos pilotos na hora de ultrapassar os seus adversários

29ABRIL 2012 |

REGRAS

A falta de ultrapassagens durante as corridas levaram os fãs da Fórmula 1 a reclamarem da monotonia de algumas corridas do calendário. Para os espec-

tadores da principal categoria do automobilismo mundial, os GP’s começaram a ‘perder a graça’ por não ter um disputa intensa por posições durante as provas. Tentando aumentar o número de ultrapassagens na F1, a FIA, juntamente com Bernie Ecclestone, decidiu implantar alguns dispositivos que aumentassem o número de ultrapassagens na pista.

A temporada de 2011 começou com a implantação do DRS, do KERS e a chegada dos novos pneus Pirelli. Logo no início, apenas o DRS e o KERS eram vistos como facilitador de ultrapassagens. Entretanto, nos treinos da pré-temporada, percebeu-se que os compostos italianos também seriam determinantes para os resultados nas corridas.

A Bandeirada F1 foi a campo para com-preender melhor estes novos dispositivos e explicá-los para os seus leitores.

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30 BANDEIRADA F1

REGRAS

OS PNEUS PIRELLIApesar a importância do KERS e do DRS nas ultrapassagens nas corridas, o pneus Pirelli podem ser considerados os

principais responsáveis pelas estratégias das equipes. Isso vem ocorrendo por conta do alto desgaste dos compostos durante as provas, que faz com que os times tenham de desenvolver estratégias para não perder desempenho e, consequentemente, posições na pista.

Vale ressaltar que estes compostos foram desenvolvidos com este pensamento de ter um alto desgaste. Este foi um pedido de Bernie Ecclestone, visando a volta das paradas estratégicas. Entretanto, o início da temporada foi um pouco conturbado para a fabricante italiana, que ouvia várias críticas das equipes. Estas, não estavam nada satisfeitas com a perda de desempenho que pneus tinham com tempo de uso.

Hoje, nós vemos que a estratégia de Bernie está sendo um sucesso. Os pilotos e as equipes pararam de criticar os compos-tos italianos e passaram a considerá-los fundamentais na disputa da Fórmula 1. Todos os times do grid buscam uma estratégia diferente das rivais, tentando surpreender durante as corridas e conquistar o máximo de pontos.

O KERSO KERS não pode ser considerado um novo dispositivo. O aparelho já foi utilizado na temporada 2009, por algumas equipes.

Entretanto, por conta do alto custo para adquirir e manter o dispositivo, ele acabou sendo proibido pela FIA durante a temporada seguinte.

Em inglês, o seu nome significa Sistema de Recuperação de Energia Cinética. Com base na tradução do seu nome, podemos começar a entender o que ele faz. O KERS captura a energia dissipada nas frenagens e armazena-as em uma bateria. Esta ener-gia é reutilizada para dar mais potência ao motor. Durante o acionamento do dispositivo, o carro ganha a força de 80 cavalos por cerca de sete segundos.

O DRSEsta é a mais nova ideia para ter mais ultrapassagens durante as corridas. A sigla significa Sistema de Redução de Arrasto,

que faz com que o carro ganhe velocidade durante as retas. Esta foi uma das saídas encontradas pela FIA e, hoje, é considerada uma das principais responsáveis pelo aumento no número de ultrapassagens na Fórmula 1.

O mecanismo consiste em um movimento na asa traseira dos bólidos. Por conta disso, o DRS é mais conhecido como a ‘asa traseira móvel’. Ao acionar o dispositivo, os carros ‘abrem a asa’ e, com isso, diminuem o arrasto do ar. Este dispositivo faz com que os bólidos ganhem mais velocidade e possam ultrapassar os rivais com mais facilidade.

No entanto, o DRS não pode ser utilizado a qualquer hora. Durante as corridas, a FIA delimita uma ‘zona de ativação’, que normalmente fica na maior reta do circuito. Além disso, os pilotos só podem acionar a asa quando estão a menos de um segun-do do carro que vai à sua frente. Desta forma, apenas o ‘carro de trás’ pode acionar a asa.

Page 31: Revista Bandeirada F1

a Carreira meteÓriCa De seBastian VetteLCom apenas 24 anos, Vettel já é bicampeão da Fórmula 1, um reflexo da carreira vitoriosa desde as categorias de base do automobilismo

O alemão Sebastian Vettel vem tirando o sono dos pilotos da Fórmula 1. Reconhecido como o piloto mais jovem a conquistar um título mundial e o

mais jovem a se tornar bicampeão, Vettel vem roubando a cena na principal categoria do au-tomobilismo mundial. Com milhares de fãs pelo mundo, o bicampeão vem sendo considerado o melhor piloto da F1 atual, chegando a ser com-parado até com o seu compatriota heptacam-peão mundial, Michael Schumacher. No entanto, poucas pessoas conhecem a carreira meteórica do jovem piloto da Red Bull Racing. Reviramos o baú do automobilismo para saber como surgiu esse fenômeno.

O INíCIO DA CARREIRAA carreira do alemão no automobilismo

começou em 1995. Com apenas 8 anos de idade, Seb competiu pela primeira vez em um Kart. Mal sabia que aquilo era apenas o início de

uma grande carreira. Três ano depois, em 1998, Vettel já conquistava o seu primeiro título, sendo campeão do Kartclub Kerpen-Manhein.

O talento de Sebastian começou a ser obser-vado pelo mundo nos anos 2000. Em 2001 o alemão conquistou o seu primeiro campeonato importante. Naquele ano, Vettel levantava a taça de campeão do ICA Junior de Kart, uma espécie de campeonato alemão de Kart Junior. Dois anos depois, Seb já estava na Fórmula BMW, ficando com o vice-campeonato logo em sua temporada de estréia, o que lhe rendeu o prêmio de melhor ''roockie''.

Em 2004, em seu segundo ano na Fórmula BMW, o jovem piloto já conquistava o título daquela temporada. Por sinal, ele quebrou um recorde da categoria, após vencer 18 corridas das 20 disputadas. Um ano depois, Vettel já conseguiu um espaço na principal categoria do automobilismo mundial. Daí por diante, a sua carreira começou a decolar.

31ABRIL 2012 |

SEBASTIAN VETTEL

por Paulo Feijó • fotos Divulgação/RedBull GEPA images

Page 32: Revista Bandeirada F1

VETTEL NA FóRMULA 1

2005Depois de passar, com sucesso, pelas

categorias de base do automobilismo mundial, Sebastian Vettel teve a sua primeira chance de pilotar um carro de Fórmula 1. Frank Williams foi o primeiro a abrir as portas para o alemão prodí-gio, em 2005. O britânico trouxe-o para a equipe de Grove para que Seb pudesse conhecer mais sobre um F1. Por conta do seu grande sucesso na F3, Vettel sentou no carro da Williams para realizar um teste. Os seus resultados já começa-vam a surpreender, provando que era a grande promessa do automobilismo.

2006No ano seguinte, Sebastian ganhou uma

oportunidade de conviver dentro da Fórmula 1. Desta vez, a chance foi dada por Peter Sauber, dono da equipe que leva o seu sobrenome. Após um inicio de temporada muito abaixo do esperado, Jacques Villeneuve acabou sendo demitido da equipe. Robert Kubica, então tercei-ro piloto do time, foi promovido a condição de companheiro de Nick Heidfeld. Com a promoção do polonês, abriu-se a vaga de terceiro piloto. Vettel foi chamado e assinou contrato para se tornar o piloto de testes do time suíço, partici-pando dos treinos livres para o GP da Turquia.

2007No ano seguinte, Seb participou da sua

primeira corrida na Fórmula 1. Por conta de um acidente, Kubica não teve condições de participar do GP dos EUA. Surgia aí a primei-ra oportunidade para que o alemão pudesse competir. Naquela ocasião, Vettel terminou a corrida na oitava posição, se tornando o piloto mais jovem a pontuar em sua corrida de estréia. Três provas depois, Sebastian teve seu nome confirmado como piloto titular da Toro Rosso, após a demissão de Scott Speed.

2008O ano de 2008 foi um dos anos mais mar-

cantes na carreira do piloto alemão. Na primeira temporada em que começava como titular de uma equipe, Vettel conquistou a primeira vitória na carreira. Após uma corrida espetacular em Monza, Seb conseguiu chegar ao ponto mais alto do pódio. Com a vitória, Sebastian se tornou o piloto mais jovem a conquistar uma corrida. Vale ressaltar que Vettel não competia por uma equipe

de ponta. A Toro Rosso era considerada um time intermediário, com pouquíssimas chances de che-gar ao pódio em alguma prova. Por isso, a vitória de Vettel marcou a história da equipe italiana.

2009Neste ano, começava o auge da carreira

de Sebastian Vettel. Isso porque em 2009 o alemão assinou contrato para ser titular da Red Bull, equipe em ascensão no grid da Fórmula 1. Coincidências a parte, após a chegada do alemão, a equipe austríaca começou a se destacar na categoria. Neste ano, o campeonato foi dominado pela Brawn GP, equipe novata, mas que contava com uma aerodinâmica invejável. Mesmo assim, Sebastian chegou a conquistar quatro vitórias, fechando a temporada com o vice-campeonato. Era apenas uma prévia do que estava por vir.

2010Em 2010, a Fórmula 1 teve uma de suas

temporada mais equilibradas. Naquele ano, Se-bastian Vettel, Fernando Alonso e Mark Webber travaram uma disputa acirrada pelo título mun-dial. Por sinal, o campeonato só foi decidido na última corrida do ano, em Abu Dhabi. Sebastian, que até então era o terceiro colocado, venceu a prova e contou com as dificuldades de Alonso e do seu companheiro de equipe, Webber, para ficar com o título, tornando-se o piloto mais jovem a conquistar um campeonato de F1.

2011Com mais experiência e com um carro muito

superior aos rivais, Seb teve o seu ano mais tranquilo na Fórmula 1. Das 19 corridas dispu-tadas, Vettel venceu 11 delas. O resultado foi que o alemão levantou a taça de campeão com 4 corridas de antecedência, no GP do Japão, disputado em Suzuka. Mais um vez, o alemão quebrou um recorde, tornando-se o piloto mais jovem a se tornar bicampeão mundial.

Pelos resultados obtidos na pista, estamos presenciando a carreira de mais um gênio do automobilismo. Caso continue neste ritmo, Vettel caminha para superar a marca de seu maior ídolo, o heptacampeão mundial Michael Schumacher. Entretanto, o jovem piloto da RBR ainda não pensa nisso. O que ele mais quer é comemorar a boa fase, e batalhar por mais con-quistas na principal categoria do automobilismo mundial. Resta aos seus rivais, tentar superar este gênio.

32 BANDEIRADA F1

SEBASTIAN VETTEL

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um HePtaCamPeão no GriDMesmo sem um carro competitivo o bastante para brigar por títulos, Schumacher ainda mostra ter forças para se manter na F1 por alguns anos

Depois de fazer uma análise do campeonato, chegamos a conclusão que o heptacampeão é rápido, mas não é, nem de longe, o mesmo Schumcher que conquistou cinco títulos seguidos na Fórmula 1. Entretanto, pelo rendimento que o alemão vem mostrando nas corridas, ele prova que ainda tem potencial para ter uma vaga na F1. Isso porque, mesmo com um carro com um desempenho abaixo das principais equipes, Schumi ainda é capaz de fazer belas manobras e apresentar um bom ritmo de corrida.

Quando comparamos o currículo de Michael com o de qualquer outro piloto da categoria, identificamos um abismo entre ele e seus concorrentes. O hepta-campeão começou na Fórmula 1 na temporada de 1991, quando foi convidado para fazer uma corrida pela Jordan. Por seu bom desempenho, Schuma-cher foi chamado para terminar a temporada corren-do pela Benetton. Na época, Schumi era apenas um novato no meio de muitas feras. Basta lembrar que Ayrton Senna e Alain Prost eram os principais pilotos da época, além de que o alemão tinha Nelson Piquet como companheiro de equipe. Mesmo assim, Mi-chael tinha um potencial extraordinário, chegando a mostrar um bom desempenho logo no seu primeiro ano de F1, terminando a temporada em 14°.

O seu primeiro título só veio em 94, também pela Benetton. No entanto, a maior marca de Schumacher ficou para os anos 2000. Quando o alemão conquis-tou cinco títulos seguidos pelo time de Maranello, a Ferrari. A hegemonia de Michael só foi quebrada por Fernando Alonso, em 2005. Um ano depois Schumi

anunciou a sua aposentadoria.No fim de 2009, para a alegria dos fãs do

automobilismo, a Mercedes anunciou a contratação do heptacampeão. Schumacher voltaria as pistas da Fórmula 1 na temporada seguinte. Por ficar atrás de seu companheiro de equipe em grande parte das corridas, o potencial de Michael passou a ser contestados por todos na F1.

Entretanto, o desenrolar da temporada de 2011 provou que o alemão ainda tem muito para contribuir para a categoria. Podemos selecionar duas corridas em que ele lembrou o velho ‘Michael Schumacher’. No GP do Canadá, em junho, e na corrida realizada no circuito de Monza, na Itália.

Em Montreal, a chuva atrapalhou quase toda a corrida. Mas Schumacher mostrou que não existe di-ficuldades para ele. Em uma prova caótica, o alemão foi ganhando posições até chegar ao segundo lugar. Por ter um carro inferior aos bólidos da Red Bull e da McLaren, o heptacampeão acabou perdendo duas posições, para Webber e Button, terminando a prova em quarto lugar. Foi o primeiro indício de que Schumacher poderia voltar a brilhar no campeonato.

Já no GP da Itália, Michael fez uma das suas me-lhores apresentações no ano. Olhando o resultado final, não aparenta que o piloto tenha ido tão bem, já que ele largou em oitavo e terminou em quinto. No entanto, a disputa durante a corrida fez lembrar os velhos tempos de Schumi na Ferrari. O alemão segurou Lewis Hamilton por cerca de 28 voltas. Vale ressaltar que o carro de Hamilton é muito superior ao W02 da Mercedes.

Analisando toda a história de Michael Schumacher e colocando na mesa toda a temporada do hepta-campeão, chegamos a conclusão de que ele tem totais condições de continuar na categoria. Isso vem sendo provado nas especulações de renovações, que estão surgindo no fim da temporada atual. Schumi é o nome mais lembrado nestas especulações. Além de ouvir a imprensa querendo que ele renove o seu vínculo com a Mercedes, os dirigentes do time alemão também estão com a intenção de renovar. Mesmo assim, Schumi mantém a cautela e afirma que não é a hora para pensar em renovação, afirman-do que só falará sobre isso no fim de 2012.

No início da temporada de 2011, muitos contestavam a permanência de Michael Schumacher na Fórmula 1. Isso porque o piloto não tinha apresentado o mes-

mo desempenho que o consagrou heptacam-peão mundial. Mas será que Schumi ainda tem potencial para estar na Fórmula 1? É a pergunta mais ouvida entre todos os fãs da categoria durante a temporada.

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SCHUMACHER

por Paulo Feijó • fotos Divulgação/Mercedes

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interLaGos: um CirCuito, muitas HistÓriasMuitos sabem que o circuito de Interlagos recebe a Fórmula 1 todos os anos. No entanto, poucos conhecem as grandes conquistas brasileiras na pista paulista

Desde a sua primeira corrida, o GP do Brasil é realizado no circuito de Interlagos, que fica em São Paulo, com exceção das provas da década de 80.

Mas você conhece a história da pista paulista? Poucos brasileiros conhecem as glórias na-cionais que foram vividas naquele circuito. Por isso, a revista Bandeirada F1 entrou na máquina do tempo e foi pesquisar tudo que já se passou na histórica pista de Interlagos.

O autódromo José Carlos Pace foi inaugura-do em 12 de maio de 1940. Na época, houve a primeira corrida de automóveis, que foi vencida por Arthur Nascimento Júnior, pilotando um Alfa Romeo 3.500cc. São poucos os registros da-quela corrida, mas foi dali que o Brasil passou conhecer o automobilismo.

Mesmo construído, Interlagos ainda demorou mais de 30 anos para receber a principal categoria do automobilismo mundial, a Fórmula 1. A primeira corrida de F1 disputada no país aconteceu só em 1972, mas não valia nada. A prova foi feita só para homologação do circuito e foi vencida por Emerson Fittipaldi. Vale ressaltar um fato curioso desta prova. Segundo relatos do jornalista da Lemyr Martins, a torcida estava eufórica nas arquibancadas e, quando Jackie Stewart saiu dos boxes, ela começou a gritar: “1,2,3, Stewart é freguês”. De imediato o escocês não entendeu o que estavam falando, mas assim que o explicaram, ele tirou o boné e reverenciou a torcida brasileira.

No ano seguinte, os maiores pilotos da época desembarcaram em São Paulo para o primeiro GP do Brasil, que já fazia parte do calendário oficial da Fórmula 1. A corrida de 73 também foi marcada pela primeira vitória brasileira ‘em casa’, pela Fórmula 1. Depois de vencer o GP da Argentina, a primeira prova daquela tempora-da, Emerson Fittipaldi chegou a São Paulo com

toda confiança e era um dos favoritos para a vitória. O piloto largou na segunda colocação, mas assumiu a liderança logo no início da prova, o que animou ainda mais os brasileiros. Fittipaldi venceu aquela prova e se tornou um ídolo nacional, além de um dos nomes de referência no automobilismo brasileiro.

Emerson ainda voltaria a vencer o GP Brasil de 1974. Esta corrida foi marcada pela sorte do brasileiro. Emerson largou na pole position, mas acabou perdendo duas posições logo na larga-da. Foi daí que começou a sorte do piloto da McLaren. Ronnie Peterson teve o pneu de sua Lotus furado. Além disso, Carlos Reutemann encontrou problemas na aderência dos pneus. Devido a esses dois acontecimentos, Fittipaldi assumiu a ponta da corrida e não largou mais. Fechando a sua terceira (segunda oficial) e última vitória no GP do Brasil.

No ano seguinte (1975), Emerson voltou ao pódio, mas em segundo lugar, já que a vitória ficou com o, também brasileiro, José Carlos Pace. Posteriormente, Pace seria homenageado e deu nome ao circuito de Interlagos. Fechando a decada de 70, podemos destacar a corrida de 77. Como de costume, o nome da corrida foi Emerson Fittipaldi. O brasileiro largou em 16°, mas, depois de uma corrida impressionante, terminou em 4° lugar.

Na decada de 80, não tivemos brasileiros vencendo em Interlagos, já que o circuito passa-va por reformas, impossibilitando-o de receber a F1. Entretanto, Nelson Piquet chegou a vencer duas provas no Brasil, em 83 e 86, mas as duas corridas foram realizadas no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Entretanto, a década foi marcada pela estreia do maior ídolo nacional, Ayrton Senna.

Mesmo se tornando campeão mundial em 1988, Senna só conseguiu sua primeira vitória

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GP DO BRASIL

por Paulo Feijó • fotos Divulgação / Ferrari / Lotus Renault

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interLaGos: um CirCuito, muitas HistÓrias

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‘em casa’ em 1991. Essa foi a história mais emocionante da história do circuito. Ayrton precisou ‘fazer milagre’ para conquistar a vitória naquela ocasião. Depois de largar na pole position, o Senna tinha tudo para vencer a corrida, mas a sua McLaren acabou quebrando a terceira e a quinta marcha.

Foi daí que começou o drama de Senna. Mesmo estando bem na corrida, o problema da marcha poderia afetar no seu desempenho. Mas tudo que está ruim pode piorar. A quarta marcha também quebrou. Senna passou a ter que levar o carro ‘no braço’ até o fim da prova. O que não foi nada fácil.

Nas últimas voltas, a Williams de Riccardo Patrese começou a se aproximar de Senna, colocando em risco a sua vitória. A torcida brasileira passou a ficar apreensiva com a situação. Mas Senna provou ser um ‘gênio do automobilismo’ e se manteve na frente, apenas com a sexta marcha. Ao final, o brasileiro não conteve as lágrimas e caiu no choro. Senna ainda precisou da ajuda dos comissários para conseguir deixar o bólido. Já no pódio, o piloto teve dificuldades para erguer o troféu.

Dois anos depois, Senna voltaria a vencer ‘em casa’. O campeonato de 93 foi domina-do pelos carros da Williams, que contavam com a tecnologia para fazer os seus bólidos mais rápidos e mais confiáveis. Entretanto, a superioridade do time britânico não prevaleceu em Interlagos. Isso porque uma ‘velha amiga de Ayrton’, a chuva, deu o ar da graça e fez com que o líder da prova, Alain Prost, perdesse o controle do carro e abandonasse a corrida.

Poucos imaginavam que aquela seria a segunda e a última vitória de Senna em solo brasileiro. Um ano depois, o ídolo nacional

acabou perdendo a vida durante o GP da Itália de Fórmula 1. Um fim de semana que abalou o automobilismo mundial e, principalmente, todos os fãs brasileiros.

Apesar das várias alegrias vividas no GP do Brasil, um ano se destacou por uma grande de-cepção para os fãs que lotavam as arquibanca-das de Interlagos. Em 1999, Rubens Barrichello era apontado como a maior promessa brasileira no grid da F1. Entretanto, Rubinho ainda não tinha conseguido ‘despontar’ como um grande piloto.

Naquele ano, Rubens pilotava o modesto carro da Stewart. Não havia como esperar um grande resultado daquele carro, mas muitos acreditavam no talento de Barrichello para ter mais um fim de semana postivo. Por sinal, o Brasil vivia uma semana de alegria, já estava em plena ‘ressaca de carnaval’. A empolgação aumentou quando Rubinho conseguiu o terceiro lugar no grid, após o treino classificatório.

Esta empolgação aumentaria durante a

corrida, quando o brasileiro chegou a liderar por 20 voltas. Logo depois, Barrichello caiu para a quarta posição, após uma passagem nos boxes. Mesmo assim, o jovem não perdeu as esperanças e partiu para cima dos líderes. Daí veio a decepção. Quando parecia que Rubens poderia ultrapassar alguns rivais, o motor Ford estoura, frustrando os brasileiros. A cena mais marcante veio quando Barrichello desceu do carro. Lembrando as vitórias de Senna em Interlagos, Rubinho tirou uma bandeira do Brasil do bolso e caiu em lágrimas.

Toda a decepção causada pela quebra do carro de Rubinho durou por mais de 6 anos. Até que outro brasileiro chegou ao alto do pódio em Interlagos. Felipe Massa. Naquele ano, o GP do Brasil marcou a ‘despedida’ de Michael Schumacher da F1, que acabaria por retornar a categoria em 2010. Na ocasião, Massa fez a pole position e não encontrou nenhuma dificul-dade durante toda a corrida.

O resultado foi que o brasileiro venceu de

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GP DO BRASIL

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ponta a ponta. Para a imprensa mundial, o GP do Brasil de 2006 ficou marcado pelo segundo título de Fernando Alonso. Entretanto, para os brasi-leiros, o que ficou marcado foi a vitória de um brasileiro em Interlagos, após 13 anos de jejum.

Fechamos a retrospectiva com o ‘quase título’ de Felipe Massa em 2008. Isso mesmo, ‘quase título’. O paulista não se tornou campeão mundial por conta de ''uma curva''. Por sinal, esta corrida foi uma das mais emocionantes da história. Felipe e Lewis Hamilton disputavam o título daquela temporada. O brasileiro precisava vencer a corrida e torcer para que Hamilton ficasse no máximo em sexto lugar.

A corrida de Felipe foi ‘irretocável’. Liderou toda a prova, com maestria e competência para ficar com a taça de campeão mundial. Enquanto Lewis lutava para ganhar posições na parte de trás do grid. Tudo se encaminhava para o título do brasileiro quando a chuva apertou no fim da prova. Quando Massa cruzou a linha de chega-da, a comemoração foi grande nas arquibanca-

das, já que Hamilton estava na sexta colocação. Entretanto, poucos imaginavam que Timo Glock, que até então era o quinto, perderia a posição para o britânico na última curva.

Felipe venceu e convenceu, mas não ficou com o troféu daquele ano. No pódio, um choro de decepção do brasileiro, mas ali ele mostrava que tinha experiência e maturidade suficiente para ser campeão mundial.

O GP do Brasil de 2012 voltará a ser a última prova da temporada. A expectativa é de que os pilotos voltem a brigar pelo título mundial em solo brasileiro. Ficaremos na torcida para que outros grandes momentos venham a acontecer no circuito de Interlagos.

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