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BUSCARCHE Construtivismo russo Racionalismo ideológico Casa da Asa Centro de convenções Ulysses guimarães Residência Oscar Americano

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Page 1: Revista - Análise Crítica, Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo - Camila Nolasco, Diego Dias, Isabella Craveiro, Sabrina Kellen

BUSCARCHEConstrutivismo russo

Racionalismoideológico

Casa da Asa Centro de convençõesUlysses guimarães

Residência OscarAmericano

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Indice

Carta ao Leitor 03 Construtivismo Russo 04 Arquitetura no contexto popular 07Arquitetos Russos - Erich Mendelsohn 08 - Principais Obras: Einstein Tower; Weizmann Tower; The De La Warr Pavilion; Mosehaus 12 - Vladimir Tatlin 24 - Principais obras: Monumento à III Internacional; Corner Counter-Relief; Female Model; Letatlin (Makholet); Komposition (Monat Mai) 28 - Konstantin Melnikov 34 - Principais obras: Casa Melnikov; Svoboda Factory Club; 38Rusakov Workers’ Club; Rusakov Workers’ ClubArquitetos Brasileiros - Sergio Bernardes 50 - Principais obras: Pavilhão de São Cristóvão; Residencia de Lota de Macedo Soares; Mausoleu Castello Branco 54 Cláudio Bernardes 66 - Principais obras: Casa da Asa; Casa da Enseada; Casa das Palmeiras 70 Oswald Bratke 78 - Influências e contribuições 80 - Principais obras: Residência Oscar Americano; Viaduto da Boa Vista; Residência da rua da Luz 84Bibliografia 86

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Carta ao

leitor A revista tem como objetivo tratar de conceitos importantes para o entendimento da arquitetura global, dentre eles o construtivismo soviético no século XX. A definição de construtivismo russo foi possível de ser concebida de forma mais simples graças aos estudos do arquiteto Chernikhov e a outros arquitetos importantes que são retratados, como Erich Mendelsohn, Vladimir Tatlin e Konstantin Melnikov. As obras apresentadas e seus respectivos textos contêm informações que transmitem uma análise do contexto da arquitetura da época, que no caso, tinha a máquina como principal fonte de inspiração e fator que motivaria a revolução. Com a morte de Lênin, Stalin toma posse do governo em 1931 e começa a perseguir os construtivistas com acusações de que a arquitetura deles não teria um propósito. Além disso, durante a Guerra Fria começou um processo

de apagamento das origens e dos traços do construtivismo. Havia também um receio por parte do ditador de que as obras remetiam ao ocidente, o que era considerado inadmissível em tempos de conflitos ideológicos entre socialismo e capitalismo. Ainda que, de certa forma, interrompido pelo governo, o construtivismo acabou influenciando vanguardas que surgiram posteriormente, como a Bauhaus alemã e neoplasticismo holandês.Além de conter conteúdo do lado oriental do mundo, a revista mostra de forma analítica um pouco da vida e das obras dos principais arquitetos brasileiros. São eles Oswaldo Bratke com uma arquitetura elegante, Sérgio Bernardes arquiteto humanista e o autodidata e artesanal Claudio Bernardes.

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Após a crise do socialismo e a morte e Lênin, em 1931 Stalin assume o governo e começa a perseguir os construtivistas, com acusações de inventarem uma forma de arte e arquitetura sem propósito, com a intenção de acabar com as idéias da revolução, de ir contra o moderno e preservar o clássico. Após o começo da Guerra Fria Stalin começou um processo de apagamento das origens e diretrizes do construtivismo, pois o ditador achava que além do clássico elas remetiam ao ocidente também. O construtivismo deixou raízes e serviu de influência para as vanguardas que surgiriam posteriormente como a Bauhaus alemã e o neoplasticismo holandês. Os projetos assumiam a ideia da nova sociedade socialista, enfatizada no fervor revolucionário das massas operárias. A ideia de coletivização predominava, a urgência de adaptação das cidades à nova ordem política dava aos arquitetos uma frente maior e mais espaço para desenvolver a parte mais expressiva do Construtivismo Russo: a edificação. A euforia e motivação para as construções eram grandes. A arquitetura foi uma das formas mais importantes de comunicação do estado, era uma forma de arte que estava nas ruas ao alcance do povo. Embora muitos projetos nem tenham saído do papel apenas a sua contemplação davam alegria ao povo. Era usada como veículo de transformação da terra, era usada para regular as estruturas da convivência humana. Foram tomadas medidas como a nacionalização da terra, a

expropriação dos grandes edifícios os tornando públicos, o estado usa a arquitetura para mostrar a massa operária que estava tomando medidas. Os arquitetos construtivistas se baseiam em diversos estudos e exercícios para iniciar o projeto, testam novos materiais. Partem da análise de máquinas, da composição e complexidade das formas, do estudo entre a harmonia das cores e das linhas, da intersecção dos planos, superfícies e volumes. Analisando o contexto da época vemos que a máquina é a principal fonte de inspiração, ela que motiva a revolução e logo a nova arquitetura do novo estado. Ela integra a criação à reprodução técnica e industrial das formas ou seja possibilita o funcionalismo, um dos principais pilares da arquitetura construtivista. A cor era um dos principais artifícios da arquitetura construtivista, os arquitetos consideravam que o tratamento dos matérias naturais podia enriquecer as superfícies da obra. As cores deviam combinar não somente entre si mas também com os conceitos arquitetônicos empregados. A composição de diversos materiais como o

concreto, o vidro e o aço criavam novas ferramentas para a composição de expressão formais proporcionado à criação de novos ritmos e harmonias. Os arquitetos experimentavam as cores, misturavam-nas, analisavam-nas, novas escalas eram criadas. Chegaram à

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conclusão que cores como o marrom escuro,o vermelho escuro, o cinza e o preto podem deixar o edifício com um ar de pesado e sujo, enquanto cores como o verde, o amarelo, azul-céu e algumas outras cores claras proporcionam a impressão monumentalidade e de glorificação. A forma mais simples que encontramos para definir Construtivismo Russo foram os estudos do arquiteto, também russo, Chernikhov. Segundo o estudioso essa vanguarda trata-se da união de corpos dos mais diversos tipos e formas, sejam eles fluidos ou rígidos. A segunda característica é o enroscamento dos corpos, como se fossem oriundos de uma máquina, ou como se fossem peças de uma máquina.Os elementos se juntam sem modificar seus volumes, formando diversas formas. As leis que regiam o construtivismo eram dividas em 10: A primeira lei: as coisas que são unificadas tem que estar na base dos princípios construtivos, sendo imateriais ou não. Elas tem que estar sempre de modo que o cérebro a grave a primeira vista. Segunda lei: A construção só se torna efetiva

quando pode ser racionalmente justificada. Terceira lei: os elementos têm que estar unidos de modo harmônico, para que possa haver a combinação inteiramente construtiva. Quarta lei: Os elementos só darão forma à construção se tiverem em conjunto, ou alojados, eles precisam mostrar que estão ativos na união. Quinta lei: A construção tem que ter um efeito sentido ou seja a apropriação de todas as formas tem que seguir a mesma ideologia e traduzir o sentido da obra. Sexta lei: Cada nova construção é resultado da investigação humana, e a obra tem que ser inventiva e criativa. Sétima lei: A construção tem que ser bonita e aperfeiçoada constantemente para que fique como contribuição para as culturas futuras. Oitava lei: A coesão dos elementos da obra refletem a concordância e a ideia de coletivismo entre a humanidade. Nona lei: Cada nova ideia construtiva deve seguir fielmente as bases do construtivismo, o idealizador deve ter conhecimento absoluto dos processos pelos quais o projeto irá passar. Décima lei: Antes de ser executada a obra deve passar pelos critérios anteriores e atingir o desenvolvimento que é necessário e possível. O arquiteto precisa ter para seu projeto a necessidade de usar as bases e assim firmar a sua obra no partido do construtivismo. Os principais grupos que fizeram parte do construtivismo

foram: Asnova - Associação de Novos Arquitetos – Surgiu em 1923, procuravam a forma da construção dentro da estética científica que traduzisse as aspirações do novo estado. Vkhutemas - Ateliers Superiores de Arte e Técnica – Surgido em 1920, foi o grupo que mais fez testes e exercícios usando as formas puras, o crescimento e a diminuição da forma dinâmica. OSA - União de Arquitetos Contemporâneos – Surgiu em 1925, com o socialismo em crise, após a morte de Lênin. Lançaram a primeira revista dedicada à incorporação de métodos científicos a prática arquitetônica a Sovremennaya Arkhitekutra. Esse grupo foi atacado por um grupo Pro - Stalin conhecido com VOPRA (Associação dos Arquitetos Proletários – URSS), que condenava o grupo por acharem que seus projetos não seguiam as regras do construtivismo.

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arquitetura

no contexto

social

Os projetos assumiam a perspectiva de uma nova sociedade socialista em evolução, com inspiração derivada do fervor revolucionário das massas trabalhadoras. Algumas propostas somente seriam realizadas 50 anos depois de concebidas. Prevalecia a urgência de coletivização, unida à demandas marxistas de reordenação de todo modo de vida, e estabelecendo uma nova ordem social, cuja busca estética era entusiasmada por uma nova expressão artística. Nos projetos, os arquitetos desejavam desenvolver o “maior” para fazer frente a uma nova sociedade, a um novo jogo de lingüístico na expressão artística. A nova imagem sintetizava formas e significados ideológicos específicos da nova linguagem. A tarefa artística prioritária era trabalhar uma forma condensada que expressasse as mudanças sociais com a criação de novas metáforas e símbolos que fossem compreendidos por todos. Seu impacto acabou por determinar a forma da arquitetura soviética nos anos seguintes. A arquitetura se fez um importante elemento comunicativo, uma forma de arte e agitação popular. Apesar de muitos projetos não terem saído do papel, incentivaram muito do que foi produzido

pela arquitetura na época. Os objetivos mais específicos da arquitetura enquanto veiculo de transformação da terra era a regulação das estruturas dos assentamentos humanos, a reconstrução de um estilo de vida e educação melhor para todos os individuos, num papel direto com a sociedade. Seu caráter heróico recorria a formas urbanas tradicionais da arquitetura. Foram feitas a nacionalização da terra, a expropriação dos grandes edifícios, uma planificação da economia, acarretando a aparição de nova atitude ligada ao uso dos edifícios.

Referencias e o

papel da arte. Neste período houve a retomada de alguns conceitos de tradição clássica: projetos plenos de emoção e sentimento, glorificação do espírito da Revolução através das formas clássicas, acompanhadas de volumes gigantescos, colossais, monumentais. O concurso para Palácio dos Trabalhadores almejava um novo edifício dotado de uma metáfora arquitetônica que introduziria um novo conceito revolucionário. A própria temática de um “palácio” para trabalhadores revelava o desejo de ascenção daquela classe. Tinham como forma-síntese a espiral: uma forma dinâmica e suscetível à combinações.

Em 1918 Lênin lança o Plano de Propaganda Monumental: a arte deveria ser utilizada para agitar as massas utilizando para isso slogans inflamados e uma iconografia evocativa. A arte gráfica veio a

representar um papel importante na difusão das mensagens da Revolução.Ela adquiriu a importância de símbolo. Durante a primeira década dos anos 20, a arquitetura Russa se desenvolveu às margens de qualquer influência externa. Mesmo assim ocorreram paralelismos interessantes entre processos artísticos evolutivos diferentes. Formas dos irmãos Vesnin (inovações derivadas das novas funções sociais) para o Palácio do Trabalho eram parecidas com as de Gropius (novas formas para edifícios de escritório EUA) no Chicago Tribune. A energia criativa não era canalizada somente para projetos de arquitetura; a cenografia assumiu uma característica de laboratório. Alguns artistas eram: Anton Lavinsky autor de Misteria-Buff, em 1921, e Liubov Popova, autor de Le cocu magnifique, em 1922. Nestes o desenho exemplificava graficamente a função simbólica associada à forma técnica. Eram comuns a presença de estruturas metálicas, escadas, pontes, passarelas móveis, elevadores e rodas gigantes. Era a fusão de espaço X movimento. Para uma Rússia assolada por uma Guerra Civil, a tecnologia avançada somente existia no campo dos sonhos e com metas a longo prazo. Incorporavam-se alguns dos experimentos das artes de esquerda, numa representação artística da tecnologia da época. A arte entrava num processo de decomposição analítica, uma tentativa de alcançar fortes tensões expressivas, um caráter dinâmico.

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MENDELSOHNERICH

ARQUITETOS RUSSOS

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MENDELSOHN Mendelsohn Nasceu em 21 de março de 1887 em Allenstein (Olsztyn), na Prússia Oriental. É um arquiteto judeu alemão. Ficou conhecido por sua arquitetura expressionista na década de 1920, bem como para o desenvolvimento de uma dinâmica de funcionalismo em seus projetos para lojas de departamento e cinemas.Em 1906, ele assumiu o estudo da economia nacional na Universidade de Munique. Em 1908 começou a estudar arquitetura na Universidade Técnica de Berlim, dois anos depois ele se transferiu para a Universidade Técnica de Munique, onde se formou em 1912.Em Munique, foi influenciado por Theodor Fischer, também arquiteto. Mendelsohn também fez contato com os membros do Der Blaue Reiter e Die Brücke, dois grupos de artistas expressionistas Trabalhou de 1912 a 1914 como arquiteto independente em Munique. No final de 1918, após o seu regresso da Primeira Guerra Mundial, ele estabeleceu sua prática em Berlim. Já em 1924 produziu um folheto sobre seu trabalho, a Wasmuths Monatshefte für Baukunst (uma série de revistas mensais sobre arquitetura). Nesse mesmo ano, juntamente com Ludwig Mies van der Rohe e Walter Gropius, ele foi um dos fundadores do grupo progressista arquitetônico conhecido como Anel Der.Em 1926, ele comprou uma antiga vila, e em 1928, ele projetou Rupenhorn, quase 4000 m²,

que a família ocupou dois anos depois. Com uma publicação cara sobre sua nova casa, ilustrada por Amédée Ozenfant entre outros, Mendelsohn tornou-se objeto de inveja. Mendelsohn há muito tempo já era amigo de Chaim Weizmann, o presidente de Israel. No início de 1934, ele começou a planejar em nome de Weizmann uma série de projetos na Palestina durante o mandato britânico. Em 1935, abriu um escritório em Jerusalém, influenciando muito a região com suas obras.

Na Palestina, Mendelsohn construiu muitos, agora famosos edifícios: Casa Weizmann e

três laboratórios no Instituto de Ciência Weizmann, um banco em Jerusalém,

Hospital Hadassah, no Monte Scopus, Hospital Rambam, em Haifa e outros.De 1941 até sua morte, Mendelsohn

viveu nos Estados Unidos e lecionou na Universidade da Califórnia, em Berkeley.Em 1945 estabeleceu-

se em São Francisco. Desde então e até sua morte em 1953

empreendeu vários projetos, principalmente para

as comunidades judaicas.

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1917

1921 1926

1926

Einsten Tower

Mossehaus Schaubunne

Red Banner Textile Factory

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1926

1926

1935

1935

1950

1934

Weizmann House

Schocken

Synagogue B’Nai Amoona

De La Warr Pavilion

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PRIN

CIP

AIS

OBRA

S

Einstein Tower

É um observatório astrofísico no Albert Einstein Science Park, em Potsdam, Alemanha, que foi construído 1919-1921. Foi um dos primeiros grandes projetos de Mendelsohn, e também seu mais conhecido. Ele é frequentemente citado como um dos marcos da arquitetura poucos expressionistas. O exterior foi concebido originalmente de concreto, mas devido a dificuldades de construção com o projeto complexo e escassez da Guerra, a parte maior do edifício foi realmente concretizada de tijolos, cobertos com estuque. Pelo fato de o material ter sido alterado durante a sua construção, muitos problemas apareceram posteriormente, como rachaduras e umidade. Trabalhos de reparação extensa foram feitos, apenas cinco anos após ele ficar pronto. Desde então, vem sendo reformado a todo tempo. O projeto, enquanto lógica é perfeitamente suficiente para a sua finalidade, se destacando como uma “nave espacial deselegante” nos subúrbios de Potsdam.A torre é considerada uma peça chave expressionista - suas curvas, formas orgânicas afastam todas as expectativas tradicionais do que uma torre deve ser parecida. O edifício atraiu considerável atenção, principalmente por causa do tratamento plástico da forma, que fez a torre de sete andares parecem fluir para cima de sua base arredondada para seu observatório de cúpula. Esta estrutura tipifica o seu interesse em uma arquitetura do expressionismo abstrato, escultural. Albert Einstein chamou o edifício científico “orgânico”. Em estilo Mendelsohn, os aspectos complexos da tecnologia moderna, matemática e física são representados por intrincadas formas sinuosas e curvas elegantemente flexionadas.

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Weizmann House

Foi construída durante 1935 e 1937. Foi a residência particular do Dr. Chaim Weizmann, o primeiro presidente do Estado de Israel, que também passou a ser amigo de Mendelsohn. Abrange uma área de 1.000 metros quadrados e está rodeado por um jardim de 10 acres. Foi construída em estilo modernista internacional e referido na linguagem popular como “o palácio”, devido à sua localização no topo e seu tamanho. O projeto da casa, influenciado por Le Corbusier com sua Villa Savoye, combina uma série de princípios internacionais do estilo com elementos de design e materiais que, a pedido de Weizmann, eram locais, como os pisos de pedra Hebron. Do alto de uma colina, a casa tem uma vista impressionante da planície costeira, a principal consideração no planejamento da casa. A forma da estrutura é simples e é concebido para proporções exatas, as quais são realçadas através do uso de formas limpas. A estrutura é organizada em torno de uma escada cilíndrica, metade de

frente para o pátio da casa com uma piscina no centro. Embora pátios fechados em quatro lados serem de uma tipologia arquitetônica, neste caso, a fachada dianteira da casa beira a fronteira entre o interior da casa e o meio ambiente natural, tanto por causa desta abertura para a paisagem e o espaço livre por cima através da cobertura. No centro da casa há uma escada, projetada como uma torre com vista para o horizonte. Suas bases são três: dois retângulos, semelhantes em estrutura e tamanho, servindo como a biblioteca e sala de desenho, e o retângulo central está fora – em um pátio de colunas contendo uma piscina. Os quartos têm inúmeras portas que abrem para o pátio central. As paredes da casa são particularmente grossas e compostas por várias camadas isolantes: tijolos, cortiça, serragem e gesso. No alto das paredes há pequenas janelas redondas semelhantes às vigias de um navio, que deixam entrar a luz suave, evitando o superaquecimento. Um esforço especial foi feito para adaptar a estrutura de seu ambiente físico, cultura e clima. Ela era conhecida como uma casa moderna, aristocrática, em harmonia com os seus

arredores, bem adequada para a sua finalidade, totalmente expressando a alma de seus proprietários, e, como eles, um tesouro nacional.

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THE DE LA

WARR PAVILION

Foi construído em 1935 e está localizado em Bexhill on Sea, East Sussex, na costa sul da Inglaterra. Foi o primeiro prédio público do Reino Unido, construído em estilo modernista, e é considerado uma expressão perfeita do Estilo Internacional. O Pavilhão ilustra a transição de Art Decò para o pós-modernismo Decò, combinando formas curvilíneas e motivos marinhos, arquitetura com a construção de concreto e aço e interiores espaçosos e arejados que tanto influenciaram Mies Van Der Rohe. Entre as características mais inovadoras do edifício, está

o uso de uma construção soldada com estrutura de aço, iniciada pelo engenheiro estrutural Felix Samuely. O edifício continha um hall de entretenimento para banco, pelo menos 1500 pessoas, um restaurante com 200 lugares, uma sala de leitura e um lounge.O prédio era uma loja de departamento com um estilo moderno em um contexto urbano. Ele foi construído de tijolo e concreto. A área de compras no interior do edifício teve mobília de madeira e, principalmente, na ausência de ar condicionado, um grande número de janelas. Mais uma vez, devido à ausência de ar condicionado, a sala de refeições foi situada no porão. A loja de departamento constituiu um conjunto impressionante de arquitetura moderna.

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Mossehaus

Mossehaus é um edifício de escritórios em Schützenstrasse, Berlim, renovado e com uma parte projetada por Erich Mendelsohn em 1921-1923.O edifício original, Mosse alojava a imprensa e escritórios dos jornais de propriedade de Rudolf Mosse , principalmente jornais liberais, como o Berliner Tageblatt . O arenito com fachada de edifício historicista 1901 pela Cremer & Wolffenstein foi gravemente danificada, em 1919, durante a revolta Espartaquista, cerco realizado pelos rebeldes, foi recolocada por tropas do governo. Em 1921, com a força de sua Torre Einstein , Mendelsohn foi contratado para adicionar andares extras e uma nova entrada para o edifício. A fachada do novo feito teve uso proeminente de

alumínio e tipografia moderna , e os novos andares superiores foram feitos de ferro-concreto . A natureza experimental da estrutura levou a um desastre durante a construção, em 1923, quando uma das lajes da nova extensão caiu nas redações de jornais que ainda estavam em uso, matando 14 pessoas. A utilização de fitas e elementos esculpidos na fenestração deu-lhe uma dinâmica e forma futurista, enfatizada pelo contraste com o estilo Wilhelmine que havia abaixo. Foi talvez o primeiro exemplo de uma construção simplificada e, portanto, tendo uma grande influência sobre Streamline Moderne. O efeito sobre a arquitetura americana é talvez pouco surpreendente, com a parceira de Mendelsohn na Mossehaus eo designer de interiores foi Richard Neutra. O edifício foi construído muito perto do muro de Berlim, por isso tornou-se dilapidado

após a Segunda Guerra Mundial. Embora Mossehaus era ao mesmo tempo o mais alto edifício da igreja não em Berlim, é agora imediatamente diminuído tanto pelos blocos de torre Fischerinsel , no lado leste e os edifícios no Ocidente anterior. O prédio foi restaurado na década de 1990.

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TATLINVLADIMIR

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TATLIN Pintor, escultor e arquiteto russo nascido em Kharkov, Rússia, hoje Ucrânia (1885-1953), primeiro teórico do construtivismo soviético e grande incentivador do movimento. Estudou na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou, graduou-se na Academia de Belas-Artes de Moscou (1910) e começou a carreira produzindo quadros em estilo figurativo. Pintor, escultor e arquiteto russo nascido em Kharkov, Rússia, hoje Ucrânia (1885-1953), primeiro teórico do construtivismo soviético e grande incentivador do movimento. Estudou na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou, graduou-se na Academia de Belas-Artes de Moscou (1910) e começou a carreira produzindo quadros em estilo figurativo. Viajou a Paris (1913), onde é influenciado pelas construções tridimensionais de Picasso, em papel, madeira e outros materiais. Retornou a Moscou e integrou-se a um grupo de pintores e escritores russos vanguardistas de Moscou, Odessa e São Petersburgo. Nesse período desenhou para o teatro e participou de diversas exposições. Tatlin criou os chamados contra-relevos, assemblages abstratas de metal industrializado, arame, madeira, plástico, com superposição de fios, vidro, alcatrão e outros materiais, numa técnica semelhante à colagem cubista. Para o artista, os contra-relevos ficavam numa zona intermediária entre a pintura e a escultura porque fugiam da estabilidade dos pedestais ou das paredes, ficando muitas vezes suspensos por arames estendidos de diversas maneiras no encontro de duas paredes. Ele dava muito mais ênfase ao espaço, do que com a matéria, e isso o fazia revolucionário.. É a partir destas obras que Tatlin funda o Construtivismo, movimento que associaria vários artistas como do Aleksandr Rodchenko

e sua mulher Stepanova.Com o triunfo da revolução soviética (1917), passou a trabalhar usando a arte como instrumento de educação para o povo. Os construtivistas acreditavam que a arte deveria refletir o novo mundo industrial e adaptar formas, materiais e técnicas da moderna tecnologia, encarnando a ideia do artista-engenheiro empenhado na construção de objetos úteis.Exemplo desta fase criativa é o “Relevo de esquina complexo”, de 1915, em aço, alumínio, zinco e madeira. Peças de metal e de madeira são justapostas e suspensas da esquina de uma sala, pretendendo acentuar valores de contraste entre formas, materiais e texturas. Muitas construções, como o Monumento da 3ª Internacional (1919), criado por Tatlin, são protótipos para arquitetura, cenários ou desenho industrial. Depois da Revolução Bolchevique de 1917, os artistas construtivistas ganharam poder político e isso causou um desacordo entre aqueles interessados numa arte pessoal e aqueles ocupados em fazer um design utilitário para as massas. Por essa razão alguns deles como Naum Gabo, Pevsner, o pintor Vassily Kandinsky e outros deixaram a União Soviética; alguns foram para a Alemanha, para a escola Bauhaus de arte e design, assegurando a expansão dos princípios do Construtivismo através da Europa e mais tarde nos Estados Unidos. Tatlin foi um dos artistas que se mantiveram na Rússia após este desinteresse político pela arte experimentalista, sendo obrigado, no fim da vida, a retomar a pintura figurativa que caracterizou a arte do regime de Stalin. Morreu em 1953.

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1910

1911

1911

1914

Female Sailor

FishmongerCorner

Counter-relief

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1911

1914 1916

1916 1917

1932

Komposition (Monat Mai)

Study for Board No. 1

Letatlin (Makholet)

Monumento a III Internacional

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Monumento aIII Internacional

A Torre Tatlin foi construída a partir de materiais industriais: vidro, ferro e aço. Em materiais, forma e função, ela foi vista como um símbolo imponente da modernidade. A forma principal da torre era uma hélice dupla em espiral, com cerca de 400 metros de altura, em torno da qual os visitantes seriam transportados com a ajuda de vários dispositivos mecânicos. O principal quadro conteria quatro grandes estruturas geométricas suspensas. Estas estruturas girariam em diferentes taxas de velocidade. A base da estrutura é um cubo, que foi concebido como um espaço para palestras, conferências e reuniões legislativas, e isso iria completar uma rotação no espaço de um ano. Acima do cubo há uma pirâmide menor para atividades executivas e de habitação e completa uma rotação uma vez por mês. Mais acima há um cilindro, para abrigar um centro de informações, emissão de boletins de notícias e manifestos via telégrafo, rádio e alto-falante, e completa uma rotação uma vez por dia. Na parte superior, há um hemisfério para o equipamento de rádio. Foi também planejado instalar uma tela gigantesca ao ar livre no cilindro, e ainda um projetor, capaz de lançar mensagens através das nuvens em qualquer dia nublado. O monumento é geralmente considerado como a expressão que define o construtivismo arquitetônico , ao invés de um projeto edificável. Mesmo estando a gigantesca quantidade de aço necessária disponível na Rússia revolucionária, no contexto de falta de moradia e turbulência política, persistem sérias dúvidas sobre sua viabilidade estrutural. Simbolicamente, a torre foi feita para representar as aspirações do país de origem de Tatlin e um desafio a Torre Eiffel como o símbolo mais importante da modernidade. O crítico soviético Viktor Shklovsky disse ter chamado um monumento “feito de aço, vidro e revolução”. P

RIN

CIP

AIS

OBRA

S

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Corner Counter-Relief

Female Model

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Letatlin (Makholet)

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Komposition (Monat Mai)

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MELNIKOVKONSTANTIN

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MELNIKOV Konstantin Mélnikov nasceu em uma família de classe operária em Hay Lodge, um bairro suburbano de Moscou. De 1910 a 1914 estudou pintura na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou. De 1914 a 1917 foi um estudiante de arquitetura. Seu primeiro trabalho, para a Fábrica AMO de automóveis em Moscou, onde esteve trabalhando durante a revolução de Outubro, é clássico, conservador e acadêmico. Depois de freqüentar a Escola do Estado de Moscou, em 1923 o estilo de Mélnikov mudou radicalmente. Começando com um pavilhão para a Exposição da agricultura e artesanato de todas as Rússias (1923), Melnikov procura seguir uma linha mais inovadora e de alto nível: o túmulo no Mausoléu de Lenin em 1924 e o Pavilhão Soviético na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas em Paris (1925). O edifício de Paris atraiu a atenção internacional e foi visto como um dos mais progressistas edifícios da feira. Em Paris, para onde viajou a fim de dirigir as obras de construção do pavilhão, teve a oportunidade de contactar com alguns dos autores da arquitetura de vanguarda centro-européia. Conheceu Le Corbusier, que lhe mostrou algumas de suas obras em um passeio de automóvel do arquiteto suíço. E fez amizade com Mallet Stevens. Sua esposa e seus dois filhos juntaram-se a ele em Paris no verão de 1925. Recebeu uma encomenda da prefeitura de Paris para realizar uma proposta de estacionamento para 1000 automóveis. Do que Mélnikov realizou uma primeira versão sobre o rio Sena e uma segunda versão, que desenvolveu em período de férias junto de sua família em San Juán de Luz, contida em um prisma regular de 50 metros de lado. Finalmente nenhuma delas despertou o interesse das autoridades municipais. Depois da Revolução Russa de 1917, Mélnikov desenvolveu um novo plano urbano para Moscou. De 1921 a 1923 dedicou um tempo parcial a sua antiga escola, agora chamada deVkhutemas. A principal parte de seu trabalho, nesse período, consistia inteiramente em desenhar clubes para operários fora de Moscou. O estilo de Mélnikov é difícil de categorizar. Em seus experimentais usos de materiais e formas mais sua atenção à funcionalidade, tem algo em comum com os auto-denominados Expressionistas anteriores à Primeira Guerra Mundial, arquitetura dos

alemães Eric Mendelsohn e Bruno Taut, ambos trabalharon brevemente na Rússia nessa época. É frequentemente referido como Construtivista porque a influência em Mélnikov de Vladimir Tatlin e porque o desejo de Mélnikov era que seus edifícios pudessem expressar os valores sociais soviéticos revolucionários, ainda que ao mesmo tempo defendia publicamente em numerosas ocasiões o direito e a necessidade da expressão pessoal, que reivindicou como única fonte do desenho delicado. Um dos melhores exemplos existentes do trabalho de Melnikov é sua própria residência em Moscou, que data de 1929, consiste em duas torres cilíndricas decoradas com um padrão de janelas hexagonais. Estas torres possuem um revestimento externo no desenho de grades feito com ladrilhos. Melnikov saiu dos favores políticos em 1937, quando foi selecionado pela união de arquitetos como um arquiteto “formalista” (um epíteto prejudicial muito usado em seu tempo) e separado do ensino ou da prática. Sobreviveu às purgações estalinistas mas, rechaçado ao admitir as falsas acusações, nunca foi rehabilitado. Viveu em reclusão em sua casa, de onde trabalhava como um pintor de retratos por encomenda até a sua morte em 1974. Este grande silêncio foi quebrado unicamente por um único pavilhão para a Expo deMontreal em 1967. O filho de Melnikov, Viktor, assim como seu pai, era pintor, também vivia e trabalhava nessa casa, e lutou para preservá-la como museu até sua morte em fevereiro de 2006. A casa ainda contém uma importante parte do arquivo de Konstantin S. Melnikov. Um arquivo disputado durante anos por seus dois herfeiros, do que existem fotografias realizadas pelo fotógrafo Igor Palmín tiradas na década de 1960.

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1925

19271920

1927

Shukov Radio Tower

Rusakov Workers Club

Russia PavillionSvoboda Factory

Club

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1927 1936

1929 1971

Kauchuk Factory Club

Gosplan Garage

Casa MelnikovSukharevskaya

Farmers

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Casa Melnikov

Dois cilindros interseccionados abrigam uma residência e um estúdio de arquitetura. O primeiro, ligeiramente mais baixo que o outro, recebe a fachada de entrada: um grande pano de vidro que corta o volume cilíndrico. O segundo, posterior ao primeiro, cria a fachada emblemática da casa: uma composição de janelas hexagonais na parede curva de tijolos. As cerca de 60 aberturas são resultado direto da estrutura utilizada. Uma estrutura que remete a um favo de mel construída com tijolo local –sistema semelhante ao método iniciado por Vladimir Shukhov em 1896 com metal. Método que garante o uso mínimo de material, assegurando uma estrutura eficiente e rígida. Sem a necessidade de qualquer tipo de quadro, as aberturas hexagonais compõe a fachada e iluminam abundantemente o interior. O espaço interior é livre de elementos estruturais, já que a estrutura perimetral recebe todas as cargas da construção, além de um sistema de revestimento de reforço com pranchas de madeira.A configuração interior funciona com a maioria dos espaços de vida, tais como cozinha e banheiro, alocados no pavimento principal. Um movimento espiral ascendente expõe a diversidade de espaços através de um jogo de alturas, passando de um pé-direito simples, para um espaço de dupla altura. Uma escada em caracol leva ao segundo andar, onde os quartos e sala de estar estão localizados. Os quartos localizados na porção posterior não estão totalmente separados um do outro. Paredes parciais delimitam o espaço. Definem-se as áreas específicas, mantendo um plano quase aberto, que permite que a luz solar inunde o interior. O terceiro andar recebe o estúdio, com uma zona de pé direito duplo no cilindro posterior. Visualmente diferente dos outros, este espaço de altura dupla é penetrado pela luz que passa pelas inúmeras janelas hexagonais.P

RIN

CIP

AIS

OBRA

S

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Foi um milagre que a casa de 1929 foi construída por completo – não somente fez Melnikov de alguma maneira conservar sua terra depois que Lenin tomou o poder, mas também conseguiu a aprovação dos planejadores da cidade para realizar o projeto pouco convencional. Hoje em dia, é apreciado pelos arquitetos devido aos seus volumes cilíndricos incomuns entrelaçados e sua estrutura de colmeia (que formam as 60 janelas hexagonais da casa e que permitem que o interior se banhe de luz). Clementine Cecil, uma das fundadoras da Sociedade de Preservação da Arquitetura de Moscou, considera a construção um dos edifícios mais importantes da cidade. Disse ao The Independent: “É escandaloso que a situação tenha chegado a esse ponto [...] O construtivismo é geralmente considerado o melhor período arquitetônico que a Rússia produziu e Melnikov é um dos mais importantes arquitetos do século 20”. Então, o que está impedindo a preservação da residência? Uma

complicada rede de interesses privados. Após a morte do filho de Konstantin Melnikov, metade da propriedade foi adquirida pelo desenvolvedor bilionário Sergey Gordeyev, que acusou a Sra. Karinskaya de “ocupação ilegal” da casa. Embora Gordeyev, desde então, tenha doado sua parte da casa ao Museu de Arquitetura de Moscou, a Sra. Karinskaya (a neta) permanece na dúvida sobre suas intenções. Karinskaya sustenta que ela não vai sair de casa até que possa estar segura de que se converterá em um museu administrado pelo governo russo – não pela fundação privada de Gordeyev. Infelizmente, apesar das cartas de Karinskaya ao prefeito de Moscou (e até ao presidente Vladimir Putin), o governo se fez de surdo. E, enquanto isso, as fundações da residência de Melnikov seguem desmoronando.

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Svoboda Factory Club

Svoboda Factory Clube, concebida como Químicos Sindical Clube, também conhecida como Maxim Gorky Palácio da Cultura, é um memorial em Moscou, na Rússia, projetada em 1927 e concluída em 1929. Ela está localizado na 41A, Vyatskaya Street, no Distrito de Savyolovskyo.Após o seu regresso de Paris , em 1925, Melnikov participou de uma corrida de comissões de sindicatos, que lançaram uma campanha a nível nacional para construir o clube dos trabalhadores em 1926. Após negociações com os Sindicatos dos Trabalhadores comuns, que aceitaram o seu conceito para Rusakov Trabalhadores Club, Melnikov foi contratado pelo Sindicato dos Químicos, que pretendia construir um grande (Fábrica Svoboda) e uma pequena (fábrica Frunze) fábrica. O maior projeto foi criado em um bairro de classe operária remoto não muito longe

do local de nascimento de Melnikov em Hay.O conceito inicial para Svoboda Club foi um apartamento em tubo elíptico elevado acima do piso térreo, com pilotis. A entrada principal no interior do tubo pode ser utilizada como uma arena única ou dividida em duas salas independentes (500 lugares cada). Cada extremidade do tubo termina num bloco de mecanismos de habitação cúbica de palco e salas mais pequenas. A estrutura foi perfeitamente simétrica centrada visualmente com duas escadas curvilíneas que ligam a sala principal levantando-a para o chão. A partir de março de 2007, Svoboda Factory Club está em ótimas condições em seu exterior. O edifício está pintado para seu esquema de cor original branco-vermelho. A única diferença das fotografias de 1920 é a falta de uma cor em torno do final do bloco de janelas (originalmente, havia uma terceira cor - um tom mais claro de vermelho). No entanto, a rua foi alargada consideravelmente; árvores, gramados e passarelas para pedestres da década de 1920 foram substituídos com a rua de asfalto .

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Rusakov Workers’ Club

O Rusakov Club, localizado em Moscou é um exemplo notável da arquitetura construtivista. Desenhado por Konstantin Melnikov , foi construído em 1927-28. O clube é construído sobre um plano em forma de leque, com três áreas de estar suspensas concretas subindo acima da base. Cada um desses volumes pode ser usado como um auditório separados ou combinados, obtendo assim capacidade de mais de 1.000 pessoas. Na parte traseira do edifício há escritórios mais convencionais. Os únicos materiais visíveis usados em sua construção são de concreto , tijolo e vidro.

A função do edifício é, em certa medida expressa no exterior, que Melnikov descreveu como um “músculo tenso“. O edifício foi incluído no 1998 World Monuments Watchs pelo World Monuments Fund para chamar a atenção para a sua condição muito pobre. Segundo o Fundo, o telhado e as fundações haviam enfraquecido, as colunas estavam precisando ser reforçadas, e paredes de tijolos estavam rachando. Tudo foi reformado, tendo seu projeto sido supervisionado pelo Comitê de Moscou para Proteção de Monumentos, que disponibilizou recursos adicionais. Em 2005, uma moeda comemorativa (3 rublo, prata) foi emitida pelo Banco Central da Rússia , com a foto do Rusakov Club.

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BERNARDESSERGIO

ARQUITETOSBRASILEIROS

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BERNARDES Arquiteto brasileiro nascido no Rio de Janeiro, um dos gênios da arquitetura e urbanismo modernos e contemporâneos no Brasil e que conseguiu projeção internacional criando novos materiais e inovando as aplicações dos já existentes. Realizou seu primeiro projeto, uma casa, aos 15 anos e formou-se (1948) na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ainda estudante, desenvolveu vários projetos de arquitetura e de interiores, chegando a desenhar um planador, e logo seus trabalhos passaram a chamar a atenção pela originalidade e praticidade (1950). Discípulo de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, foi autor de obras representativas tanto no âmbito nacional como internacional. Ganhou o Prêmio Internacional de Arte Sacra, em Darmstadt, Alemanha, pelo projeto da igreja de São Domingos, em São Paulo (1952), o Prêmio Internacional de Habitação da II Bienal de São Paulo (1953) e o de habitação individual na Trienal de Veneza (1954). O sucesso no exterior continuou com a conquista da estrela de ouro pelo projeto do pavilhão do Brasil na Feira Internacional de Bruxelas (1958). Dentre sua vasta obra destaca-se o grande número de projetos encomendados por órgãos públicos, mas foi nos projetos residenciais que Sérgio se destacou. São dele os projetos de casas de muitos famosos, como a residência de Lota de Macedo Soares, em Petrópolis-RJ (1951), que lhe deu o 1º

Prêmio na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, a sua própria casa (1960), no Rio de Janeiro, e a do famoso cirurgião-plástico brasileiro Ivo Pitanguy. Entre seus mais destacados projetos criou Pavilhão da CSN, construída sobre o lago Ibirapuera, em São Paulo (1954), o Pavilhão de São Cristóvão (1957-1960), o plano-diretor para as favelas cariocas (1960), e vários outros projetos importantes como o Hotel Tambaú, em João Pessoa, PB (1966), o plano de integração de Salvador e do Recôncavo baiano e, em Brasília, a rede hospitalar, o hotel do lago, o Centro de Convenções de Brasília e o mastro com 100 m de altura, da bandeira nacional, na praça dos Três Poderes (1972). Também são representativos os seus projetos não realizados, como o do Aeroporto de Brasília (1960), do Hotel Tropical de Manaus (1968) e do Instituto Brasileiro do Café, o antigo IBC, em Brasília (1972). No primeiro, elaborou um esquema de circulação e distribuição de passageiros, cargas e serviços baseado no esquema funcional de um porta-aviões. Vítima de um derrame cerebral, viveu seus últimos dois anos, com seus movimentos limitados, mas mesmo assim, nunca parou de produzir. Morreu em sua casa, no Rio de Janeiro, na manhã do dia 15 de junho, com 83 anos, e teve um filho também reconhecido como grande arquiteto, Cláudio Bernardes.

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Residência LotaMacedo Soares

Pavilhão brasileiro na Feira Mundial da Bélgica

Pavilhão de São Cristóvão

Mausoléu do ex-General Castello Branco

1951

1958

1958

1972

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Hotel TropicalTambaú

Centro de Convençõesde Brasília

Aeroporto Internacional Presidente Castro Pinto

Hotel Tropical de Manaus

19961972

1980

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PRIN

CIP

AIS

OBRA

S

Pavilhao de Sao Cristovao

O Pavilhão de São Cristovão foi projetado pelo Arquiteto Sérgio Bernardes, um, um dos projetos que muitos dos admiradores deste ousado arquiteto talvez considerem à beira da genialidade. Após concluído, o pavilhão abrigou muitos eventos ao longo dos anos. O Arquiteto Sérgio Bernardes, já falecido, sempre se destacou como inovador e pesquisador de arquitetura, sempre inovando em seus projetos, com uma boa harmonia entre forma e função, apresentando soluções integradas entre estrutura, função, estética e forma. O pavilhão parece ter tido como referência o projeto e construção de um pavilhão na Carolina do Norte nos EUA, hoje chamado Dorton Arena, projeto do Arquiteto Matthew Nowicki, inaugurado em 1952. Parece ser impossível negar esta referência. Entretanto é uma referência que pretendeu ser bem articulada e que produziu na época um dos maiores vão cobertos do mundo.O pavilhão projetado por Sérgio Bernardes, foi inaugurado no início dos anos 1960. Era uma iniciativa particular e a partir dos anos 1980 passou a pertencer à uma empresa estatal de Turismo. O pavilhão ao longo da década de 1960 abrigou algumas feiras, com Salão do Automóvel, Feiras Industriais, e Expositec no início dos anos de 1970. Em 1977 for inaugurado o Rio Centro, um enorme pavilhão e centro de convenções que tomou o lugar do pavilhão de São Cristovão como local de grandes feiras. Por volta de 1988, um forte vendaval destruiu pela segunda vez a cobertura do pavilhão. A partir desta data o pavilhão ficou fechado e em desuso por longos anos, até que em 2003 passou a ser utilizado pela Feira de São Cristóvão.

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Residencia de Lota

de Macedo Soares

O projeto da residência de Lota de Macedo Soares, Fazenda Samambaia, Petropólis (Rio de Janeiro - Brasil), é de autoria do arquiteto brasileiro Sergio Bernardes (1919 - 2002), ganhou o 1º Prêmio na 2ª Bienal Internacional em 1954.Com espacialidade dilatada, a desdobrar-se em todas as direções, a circulação, a rampa e suas extensões são os elementos primordiais do projeto. A casa esta dividida em cinco zonas bem definidas: galeria e circulação; cozinha e jantar; ala íntima; dependências de hóspedes e de empregados. Mais uma sala de estar, esta disposta perpendicularmente ao corpo principal. Tal arranjo confere à casa um perímetro de recorte irregular, e clareza a setorização dos ambientes: social no centro, serviço ao fundo e duas zonas íntimas nas extremidades. Em planta, o projeto executado se permite uma única “subversão” ortogonal: a linha oblíqua que separa as dependências de hóspedes e de empregados (ambas, com dois quartos, banheiro e hall).

Sua arquitetura não aceitou restrições, não se preocupou com a pequenez de estilos e linguagens, apenas com a grandeza do espetáculo da vida. Amplos panos de vidro, potencializando o espaço que a envolve e oferecendo ao mesmo tempo o máximo de contato com a luz. Um dos extremos da casa o bloco de pedra serve de apoio ao balanceamento dos quartos sobre um pequeno açude. Utilizou cobertura de sapé por cima de telhas de alumínio, evidenciando a intenção de integrar a construção com o entorno. As treliças foram montadas no canteiro de obras a partir da dobragem de longarinas de vergalhões de aço empregados como estrutura interna das estruturas de concreto armado. Os vergalhões foram soldados em “zig-zag”, entre as compridas peças laterais. No acabamento final essas últimas foram pintadas de preto enquanto os trechos intermediários, em ”v”, eram brancos. Levou cinco anos para ser terminada (1950 a 1955), quando da premiação, ainda estava em fase de conclusão.

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Mausoleu Castello

Branco

O Centro Administrativo do Governo do Ceará é composto pelo conjunto do Palácio da Abolição. As edificações ocupam uma área de aproximadamente 4.000 m² englobando quase três quadras com frente para a Avenida Barão de Studart em Fortaleza. Compõe-se de quatro blocos

distintos, separados um dos outros por grandes recuos, formados pelo Palácio de Despachos e a residência oficial do governador, o bloco anexo com serviço administrativos, o Mausoléu Castelo Branco e a Capela. O projeto é do arquiteto carioca Sérgio Bernardes, jardins concebidos por Roberto Burle Marx e a construção ficou a cargo dos engenheiros José Alberto Cabral e Rui Filgueiras lima. De todo este conjunto, o Mausoléu Castelo Branco chama atenção pelo arrojo da sua estrutura. Esta edificação foi construída em Fortaleza logo após o falecimento do Marechal Castelo Branco, primeiro presidente da República durante a ditadura militar de 1964. A inauguração foi em 1972, ano do sesquicentenário da independência, em homenagem ao ex-presidente Humberto Castelo Branco. Trata-se de uma interessante obra de arquitetura moderna, com uma grande estrutura em balanço que pousa sobre um espelho d’àgua. Abaixo, existe ainda uma praça onde o piso é composto por antigos dormentes de trem. A obra chama atenção pela sua enorme estrutura em balanço de quase 30 metros. Por isso, existe um controle do número de visitantes como será explicado mais adiante. Outras características importantes são o concreto aparente e a integração interior/exterior proporcionada pelas enormes fachadas em vidro. Características que são encontradas em vários projetos do arquiteto responsável.

A concepção do projeto, como estudante de arquitetura e um ex-futuro-militar, leva-me a crer que Sérgio

Bernandes buscou incorporar a perspicácia de um dos militares que mais se destacaram no cenário nacional. Além disso, a construção arrebata o observador com a lembrança de um dos comandantes da nação, ainda que em período da Ditadura. Vale lembrar que o Marechal Humberto Castelo Branco foi o primeiro presidente do regime militar que durou de 1965 à 1985. Esta obra constitui um cartão postal de Fortaleza e é sempre visitada por turistas, que se surpreendem com a ousadia da construção. O monumento é constituído por uma viga central de 4,20 m de altura e 9 módulos longitudinais de 4,20 m, em forma de duplo T com mesa superior variável de 1,10 m de altura até 12 cm, com duplo balanço de 4,11 m. Destes 9 módulos, 7 constituem a parte em balanço de 28,40 m.Como era de se esperar, o número de visitantes que acessam a estrutura em balanço em um mesmo intervalo de tempo é controlado para o peso final ser sempre menor que o peso da caixa de balanço e assim evitar o colapso da estrutura. Porém, até por questões de circulação e mantimento da ordem em um Mausoléu, os grupos que acessam a estrutura são sempre em número reduzido de pessoas. Não há dúvidas que, ao produzir-se arquitetura, cria-se um sentido. A obra criada, tendo a intenção ou não do autor, exprime através da sua composição uma sensação aos olhos de quem vê. Avaliado sob a ótica dos três elementos principais da arquitetura de Kate Nesbitt, que derivam da tríade vitruviana: o tipo, a tectônica (estrutura) e a função, o Mausoléu Castelo Branco pode ser observado da seguinte forma:o tipo, no que se refere a uma obra arrojada, busca comunicar uma linguagem arquitetônica irônica. Sua intenção, particularmente, exprime o conceito de poder e robustês dignos de um Mausoléu para um Marechal. Isso ressalta a idéia arqueótipa formando a idéia inteligível consciente ou inconsciente para cada observador. Através da sua essência, Bernardes transforma isso em uma elegante estrutura de 30 metros em balanço que intriga qualquer observador por mais entendido no assunto que seja.

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BERNARDESCLAUDIO

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BERNARDES Cláudio Bernardes, nasceu em 1949. Filho do também arquiteto, Sérgio Bernardes, teve contato com a arquitetura desde seus 11 anos, quando seu pai mudou-se para a casa da avenida Niemeyer, onde também funcionava seu escritório. Seus primeiros trabalhos são em seu quarto, na casa de seu pai. Seu projeto da casa da Ilha das Palmeiras(1973), desenhada quando ele tinha 24 anos, marcou o início de sua independência como projetista. Um ano depois, Paulo Jacobsen, com quem trabalhou por 27 anos, começou a trabalhar em seu escritório, tornando-se seu sócio em 1979, parceria essas que só acabou com a morte de Cláudio em 24/10/2001, em um acidente de automóvel. A obra de Cláudio e Jacobsen é de difícil classificação, mas há uma certa unidade apresentada. Grosso modo as casas possuem partido Palladiano, ou seja são implantadas tais como objetos, na maioria das vezes simétricos e regulares, e se comportam como ponto focal.O que

reforça esse estilo é a estrutura , quase sempre aparente, seja em aço, concreto ou madeira. Há de se notar também preferência por materiais semi-industrializados construídos em lugares ermos. Outra característica do conjunto é a forma como o espaço interno é arranjado, normalmente seus projetos são de dentro para fora, com atenção especial para às salas de estar, que, na maioria das vezes possui pé direito duplo.Sempre com grande entusiasmo, criatividade e competência, os projetos de Claudio Bernardes causavam uma grande impressão por onde passavam. Procuravam sempre fazer os cálculos e detalhamentos técnicos respeitando a sua arquitetura regional e dando soluções satisfatórias aos encontros de madeira-madeira, como era imaginado. Abaixo, Claudio Bernardes ladeado pelo pai Sérgio (esquerda) e o irmão Tiago Bernardes.

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Casa da Ilha das Palmeiras

Casa da Varanda

Casa da Luz

1973

1989

1992

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House Garden

Casa da Asa

Casa da Enseada

1992

1995

2000

2000

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PRIN

CIP

AIS

OBRA

S

Casa da Asa Implantada em forma de V, entre o final de um cul-de-sac e a praia. Quase sempre são volumes puros. Se não forem, são derivações que, vistas da fachada tida como a mais importante do projeto - em geral, a aberta para a área de lazer -, aparentam volume puro. O que reforça essa expressão palladiana é a estrutura: quase sempre ela está aparente, seja em aço, concreto ou madeira. Nesse caso também há de se notar uma preferência para materiais semi-industrializados: construídas em lugares ermos, a ideia era facilitar a construção. Outro mote da maioria dos projetos é a maneira como os vão entre as estruturas são fechados.

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Casa da Enseada Com visual de tirar o fôlego, a Casa da Enseada (2000) fica em Angra dos Reis (RJ). O material utilizado nela vai do aço ao sapé. O conjunto da obra dá ares high-tech.

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Casa das Palmeiras

O projeto da Casa da Ilha das Palmeiras (1973) de Claúdio Bernardes, foi desenhado quando ele tinha 24 anos, marcou o início de sua independência como

projetista. A casa está localizada na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.

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BRATKEOSWALD

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BRATKE

Bratke nasceu no interior de São Paulo na cidade de Botucatu, em 1907. Mudou-se com a família em 1914 para São Paulo, onde mais tardecursou Engenharia na Escola Mackenzie, formando-se em 1931. Ainda criança gostava muito de fazer desenhos à mão, vários de seus projetos temperspectivas, são humanizados e de alguma maneira se integram com a paisagem. 1929, antes mesmo de terminar o curso já trabalhava como engenheiro-arquiteto, sendo que seu primeiro escritório, na época de topografia, foi em sociedade com Oscar Americano, Eduardo Kneese de Melo e Clóvis Silveira. Com Oscar Americano desenvolveu vários projetos,tanto que foi Oswaldo Bratke que projetou a casa de Oscar Americano, uma de suas obras reconhecidas, que veremos em breve. Em 1930 ganhou seu 1º. Concurso, com o projeto do Viaduto Boa Vista que foi inaugurado em 1932, projeto que teve influência da artdéco. Dedicou-se à construção civil por conta própria, mas nãodurou muito tempo, em 1933 formava outra sociedade, agora com Carlos Botti. O período de sociedade durou entre 8 e 9 anos, pouco tempo devido àmorte prematura de Botti, construíram casas ecléticas nos Bairros-Jardins em São Paulo, quase 500 projetos que foram muito importantes para seu crescimento na construção. Depois da morte de seu sócio dedicou-se à vida de arquiteto autônomo. Podemos considerar que Bratke passou por 3 períodos em sua vida como arquiteto. O primeiro foi o

eclético (período de sociedade com Carlos Botti), segundo período de transição (onde se sobressaiu em projetos de residências) e terceiro período moderno. No período de transição, São Paulo tinha residências isoladas, e foi onde Bratke obteve grande sucesso, com princípios racionalistas defendia a cobertura plana e aossatura exposta. Também em 1940, se envolveu em projetos urbanísticos em Campos do Jordão e São Vicente na Ilha Porchat onde começou a despertar sua visão modernista. Na residência da Ilha de Porchat, adotou telhado plano e adaptou à construção ao terreno com ajuda de muros de pedras. Ajudou na urbanização do Jardim do Embaixador, ondeprojetou um bar, o restaurante, um hotel e algumas residências. Entre essas r e s i d ê n c i a s projetou uma casa para família Bratke freqüentar no inverno.Em 1945 projetou uma residência isolada na Rua Sofia em São Paulo. Com o passar dos anos se distancia do canteiro de obras, concentrando-se em projetos residenciais - ao mesmo tempo em que se concentra em métodos mais modernos. Nessa década projeta alguns edifícios em São Paulo, entre os quais está o Jaçatuba, 1942. No ano de 1949 usa outra técnica inovadora, curtain-wall¹, e projeta o prédio ABC. Em sua terceira fase (fim da década de 40, início da década de 50) em visita à Costa Oeste dos Estados Unidos, Bratke conhece de perto obras de Wright e Richard Neutra. Mais influenciado e trabalhando na urbanização do bairro Paineiras

no Morumbi em 1950, resolve projetar para si uma residência,1951, numa gleba comprada junto com Oscar Americano. Uma obra-prima foi construída, um clássico na arquitetura, movido por modulações e técnicas inovadoras (menção especial na Exposição Internacional de Arquitetura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo). Em 1952 Americano solicitou ao amigo o projeto de sua residência, outra obra-prima na arquitetura que remete o modernismo, o partido das duas residências é semelhante, porém a residência de Americano tem proporções maiores, a relação com a topografia e o meio natural. Duas obras que se tornam referencia devido à suas coberturas planas e a integração com a paisagem usando pérgulas, elementos vazados. É eleito presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo, por ter participado do júri de arquitetura da 2ª Bienal Internacional de São Paulo, e do 4º Congresso Brasileiro de Arquitetos, e ainda se torna membro da comissão do 4º Centenário de São Paulo.Faleceu em 1997.

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Inf uencias e contribuicoes

Bratke teve influencia de Wright no começo de sua carreira, o que é bastante compreensível, pois nesta época, anos 1940 e1950, Wright tinha muito prestígio e influencia entre os arquitetos paulistas. Fora Warchavchik e Rino Levi, todos os arquitetos ali formados foram sensíveis a essa influência. Bratke fez uso do conceito de integração da arquitetura ao sítio urbano, muito mais do que das características estilísticas de Wright. No Termas de Lindóia, em sua concepçãoarquitetônica toma partido das características do terreno e da paisagem circundante, respeitando a depressão natural. Oswaldo Bratke projetava residências com máxima simplicidade, não enchia seus interiores de compartimentos, tudo era feito com grandes salas e compartimentados com mobília. Preferia o corpo da casa à mostra, e formava

molduras na parte exterior. A elevação da casaem relação ao lote também foi marco de sua arquitetura. Bratke também foi influência em sua vida, sua produção extensa e consistente, criou uma legião de estagiários que inclui nomes como Vilanova Artigas, Carlos Lemos e Sérgio Pileggi. Seu alinhamento com a arquitetura moderna ocorreu por meio do hábito de valorizar o programa como requisito funcional a ser satisfeito. O interesse pelo funcionamento daarquitetura conduziu-o para experiências com pré-fabricação, para obras de arquitetos como Marcel Breuer, Walter Gropius e, em especial, as experiências inovadoras da costa oeste norte-americana. Como fruto dessa experiência surgiu a revista Arts & Architecture, dirigida por John Entenza de 1938 a 1962 - uma publicação que influenciou a arquitetura moderna de forma global. A primeira obra latino-americana apresentada seria a residência-ateliê em madeira de Bratke na Rua Avanhandava, em 1948.

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Viaduto Boa Vista

Edifício ABCRestaurante no Jardim do Embaixador

Edifício Jaçatuba

1932

1942 1949

1942

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Residencia Oscar Americano

Residência do arquiteto

Edifício residencialTermas de Lindóia

1949

1942

1952

1952 1954

1965

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PRIN

CIP

AIS

OBRA

S

Residencia Oscar

Americano A residência Oscar Americano foi construída em 1953 pelo engenheiro-arquiteto Oswaldo Bratke no então inóspito bairro do Morumbi, onde havia recém construído um casa de características muito similares para sua família. A modulação estrutural, em pilares, vigas e lajes de concreto armado, é chave para o entendimento do projeto. Ao mesmo tempo que dá unidade visual ao edifício, a fixação de uma modulação permite um jogo de recuos, avances, aberturas e vazios, criando um contraste harmônico entre rigidez e ordem estrutural e liberdade volumétrica, espacial e material. Além de reforçar a presença da arquitetura em meio ao parque no qual está localizado, mas permitindo que ela adentre seus espaços. A fachada principal está divida em oito módulos. O primeiro, à esquerda, é ocupado pela sala de vestir do dormitório principal, recuada em relação à estrutura modular, criando uma varanda. Suas paredes externas são de tijolos maciços aparentes. O segundo módulo é o dormitório em si, alinhado à estrutura. É frontalmente fechado por uma grande esquadria de venezianas de madeira pintadas de branco, e lateralmente por paredes cegas, originalmente revestidas de

pastilhas, mas que posteriormente foram substituídas por mármore. Os seguintes três módulos formam um alpendre aberto de mesma largura que a varanda da sala de vestir, e separa o exterior da casa do pátio que avança sobre seu interior. O alpendre avança sobre os demais três módulos, mas já sem a presença do pátio, tornando-se a varanda do escritório, que se abre completamente sob um pano de vidro. O acesso principal à residência se dá através de uma escada paralela, não frontal, e despregada do alinhamento da fachada. A partir dela um corredor transversal, que ocupa a metade do sexto módulo da fachada, avança pelo edifício, lateralmente ao pátio. Termina numa parede de tijolos maciços espaçados, atuando como cobogós. O escritório, desse modo, ocupa um módulo e meio da fachada. No ultimo módulo está a cozinha, porém suas aberturas estão na fachada lateral. Este módulo é, assim, completamente fechado por paredes revestidas de pastilhas. O pátio, além de aberto zenitalmente, aproveita o desnível do terreno e permeia todo o nível inferior do edifício, chegando até a fachada posterior. Neste nível, estão as áreas de convivência íntima, salão de jogos e áreas de serviço, sempre recuados em relação ao volume superior.

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Viaduto da Boa

Vista Este pequeno e belo viaduto foi inaugurado poucos dias antes da Revolução de 1932 e é o grande marco da gestão do Prefeito Goffredo Telles, que só governou a cidade naquele fatídico ano. A importância desta obra viária não pode ser medida pelo seu tamanho, mas sim pela enorme praticidade que sua construção trouxe para a locomoção de pessoas, bondes e automóveis no centro de São Paulo a partir daquele ano. Ao ser construído ele resolveu o grande problema que era ir da região das ruas Florêncio de Abreu e Santa Ifigênia até o então Palácio do Governo que ficava na Praça João Pessoa (atualmente Páteo do Colégio), pois a Ladeira General Carneiro, dificultava a ligação. Para isso, ele foi construído deixando a conhecida ladeira intacta por baixo do viaduto. A obra começou a ser planejada em 1914 e só ira começar a ser construída em 1928. Como a construção viria a receber um intenso tráfego de bondes e veículos, era bastante importante que o viaduto fosse uma construção bastante robusta. Para evitar

problemas futuros, inúmeros testes de resistência da estrutura foram realizados, todos eles com bastante sucesso, permitindo assim a inauguração do viaduto no dia 24 de junho de 1932, sendo anunciando com bastante galhardia pelos principais jornais paulistanos à época. A obra trouxe profundas transformações viárias na região central da cidade. O novo viaduto iria desafogar completamente o já saturado trânsito da rua 15 de novembro, que até então era o elo de ligação entre a Praça da Sé até o Vale do Anhangabaú. Além disso, o novo caminho do centro iria impulsionar uma série de novos edifícios na região, como o atual vizinho ao viaduto pertencente à Associação Comercial de São Paulo. E o viaduto não bastava sem funcional, precisava ser uma bela obra arquitetônica pois estava localizado ao lado do então Palácio do Governo. E mesmo sendo uma obra de apenas poucos metros o engenheiro francês Gaucherry projetou uma bela construção em art déco, cujos traços podem ser observados com mais detalhe na parte inferior do viaduto e nos detalhes de suas grades de ferro.

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RESIDENCIA NA

RUA DA LUZ

Neste projetoem um lote fronteiroao Golf Club, Oswaldo Bratke, retomaas suas idéias de agenciamento deespaços tão bem explicitados em seusprojetos no dos anos 40/50. Usando um elemento recorrente em sua obra – a elevação da casa em relação ao lote – ele resolve o projeto em dois pavimentos, sendo que o nível onde se encontram os espaços técnicos e de serviços fica semi-enterrado, possibilitando com isso que a casa “flutue” em relação ao gramado do Golf Club, para onde se abrem as principais visuais. E é no tratamento que se dá às áreas de convívio que se encontram a principal característica do projeto. A sala de estar se comunica com um pátio interno e com um terraço que, graças a grandes portas de correr pode ou não se comunicar com ogeneroso espaço externo oferecido pelo clube. A relação com o externo se dá de formas bastante distintas. Para a Rua das Mangueiras, a casa é totalmente isolada por um alto muro branco e para o clube

ficam voltados sem nenhuma barreira física, com exceção à diferença de nível, a piscina e o grande terraço. Os pátios também têm tratamentos distintos: o da sala é aberto com um jardim de inspiração japonesa, enquanto o dos dormitórios oferece uma luz mais suave, filtrada por pergolados. Os materiais empregados são simples: laje de concreto impermeabilizada, paredes de alvenaria totalmente pintadas de branco e caixilharia pintada de azul. Sem grandes esforços construtivos, a residência se qualifica pelo seu corretoagenciamento de espaços, pela sua sensível volumetria, que antes de interferirbruscamente com a paisagem, dela se cumplicia, criando uma atmosfera de totalliberdade de utilização.

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