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REVISITANDO A DECISÃO 24: SIGNIFICADO E IMPACTOS DA ESTRATÉGIA ANDINA DE REGULAÇÃO DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
Edna Aparecida da Silva1 RESUMO: O texto trata das disposições do Código Andino de Investimento, no
contexto do debate internacional sobre as instâncias e mecanismos de regulação do
investimento estrangeiro. Destacando o significado da experiência andina de integração,
com criação de um regime comum de investimento estrangeiro e transferência de
tecnologia, o texto considera três aspectos: o impacto das inovações normativas do
Código; o significado político, ao formular uma posição comum em fóruns
multilaterais, e suas implicações para as propostas de regulação internacional do
investimento.
PALAVRAS-CHAVE: investimento estrangeiro, desenvolvimento, integração regional INTRODUÇÃO
Foi no Acordo de Cartagena, o Pacto Andino, acordo de integração sub-regional
que reuniu Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru em 1969, no âmbito da
Associação Latino Americana de Livre Comércio (ALALC), que se verificou uma
experiência inédita de regulação do investimento estrangeiro direto e transferência de
tecnologia, o “Regime comum de tratamento do investimento estrangeiro, marcas,
patentes, licenças e royalties”. A iniciativa andina de integração pretendeu por meio da
constituição de um mecanismo regional de harmonização de suas políticas de
desenvolvimento, econômica e social pretendia constituir mecanismos de cooperação
para superar os obstáculos estruturais para o desenvolvimento econômicos e do ponto
1Mestre em História e Bacharel em Ciências Sociais pela UNESP. Professora Substituta UNESP. Parte
do trabalho de pesquisa já concluída, sobre as negociações multilaterais, organizações internacionais e
regulação de investimento estrangeiro, realizada como bolsista do CNPq, no programa de Doutorado em
Ciência Política/IFCH/UNICAMP. [email protected]
de vista político melhorar sua posição de negociação do grupo em face aos Estados mais
fortes dentro da Associação Latina Americana de Livre Comércio (ALALC) e nas
organizações internacionais, por meio da atuação como bloco no âmbito da ONU
(AVERY, COCHRANE, 1973; TIRONI, 1978, MYTELKA, 1979).
A política comum de tratamento do investimento estrangeiro privado posta
em vigor por meio do Código Andino de Investimento, ou Decisão 24, do Acordo de
Cartagena ocupa lugar de destaque no que se chamou “período de controle” do
investimento, no contexto das experiências de integração latino americanos na década
de 60. No entanto, mais do que controle ou restrição, termos que revelam muito mais da
ótica de análise comprometida com o ponto de vista dos investidores do que sobre a
especificidade do regime andino, o código enunciou mudanças fundamentais na
concepção da regulação do investimento: a abrangência das suas disposições
representou um código compreensivo2 que estabeleceu novos mecanismos regulatórios
para contenção das práticas restritivas utilizados pelas empresas multinacionais ao
mesmo tempo em que definiu um papel para o investimento privado nos processos de
integração e desenvolvimento regional, em particular ao considerar a questão de
transferência de tecnologia. A D24 estabeleceu um sistema comum de tratamento de
capital estrangeiro e de marcas, patentes, licenças e royalties instituindo um regime
uniforme para as empresas multinacionais em que se destacam exigências de entrada, o
desinvestimento e transferência de tecnologia. Enfim, os países andinos definiram um
complexo e refinado conjunto de disposições relativas ao investimento estrangeiro
direto e a atuação das corporações transnacionais para que respondessem aos objetivos e
necessidades de desenvolvimento tal como definidas pelos países membros no âmbito
do processo de integração sub-regional.
2 Código compreensivo refere-se a conjunto de disposições que contemplem questões de admissão,
condições de operação e resolução de controvérsias, abrangendo o conjunto das interações entre o
investimento estrangeiro e os países hospedeiros.
Por que discutir a D24 e a estratégia andina de integração? O olhar para a o
regime comum tratamento dado ao investimento estrangeiro e fluxos de tecnologia
nesse texto é motivado por duas razões: uma, pensar as experiências no que pode ter
significativo em termos das questões que estão postas no debate contemporâneo sobre o
o novo regionalismo pós-liberal, como o tema do desenvolvimento e das estratégias de
integração Sul-Sul , outra, pela natureza dos problemas de integração, como o lugar e
relação das multinacionais e investidores estrangeiros nos processos de integração de
países em desenvolvimento ou periféricos, aos quais a estratégia de harmonização de
políticas tentou responder. Ainda, o objetivo específico dessa comunicação, é
considerar a relevância das políticas de regulação investimento estrangeiro e de
tecnologia tal como desenhada pelo grupo andino no cenário do debate internacional
sobre políticas de investimento, como sobre os códigos de conduta para as
transnacionais.
O texto divide-se em três partes. A primeira situa a formação do grupo andino no
cenário da integração latino americana, destacando aspectos que conduziram a formação
do gruo sub-regional; a segunda analisa as disposições do Código Andino,
especificamente a Decisão24, bem como das disposições 84-89, que trataram do
investimento estrangeiro e fluxos de tecnologia, com ênfase nas disposições específicas
que denotam sua originalidade; e a terceira destaca aspectos significativos da
experiência relativamente às inovações regulatórias apresentadas na regulação andina de
investimento estrangeiro.
I. O PACTO ANDINO NO CENÁRIO DA INTEGRAÇÃO SUL AMERICANA
NA DECADA 60
As disposições do Código Andino de Investimento só podem ser
compreendidas considerando o percurso da experiência de integração latino americana e
o debate sobre desenvolvimento nas décadas de 50 e 60, bem como os processos
políticos que conduziram a formação do grupo andino dentro da Associação Latino
Americana de Livre Comércio (ALAC). Ao longo da década de sessenta verificaram-se
várias iniciativas de integração econômica na América Latina. No ano de 1960 formou-
se o Mercado Comum Centro Americano e a Associação Latino Americana de Livre
Comércio, a ALALC. Em 1968 foi estabelecida a Associação Caribenha de Livre
Comércio, e o Pacto Andino, este no período de 1969-1976.
O Consenso de Viña Del mar de 1969, segundo o qual o comércio e o
desenvolvimento direcionado para os Estados Unido e o investimento do setor privado
estrangeiro tinham poder para, e efetivamente agia como tal, para distorcer e frustrar as
percepções nacionais de quais deveriam ser as prioridades na aplicação dos recursos
nacionais. O artigo 33 do Consenso indicava a postura reativa diante do ajuda externa
para o desenvolvimento e o investimento estrangeiro do setor privado deveria ser
desprezado. A relação entre ajuda externa e expansão do investimento privado dos
Estados Unidos era um elemento central na arquitetura da hegemonia americana desde o
pós-guerra, daí a identificação entre multinacionais e interesses da política externa
americana.
Foi no encontro em Bogotá, quando os presidentes do Chile, Colômbia e
Venezuela e representantes de Equador e Peru, iniciaram discussões para criação do
Mercado Comum Andino. O objetivo era tratar dos problemas econômicos, em
particular os que eram derivados da ALAC. A insatisfação com os resultados da
integração conduziram ao Acordo de Cartagena, em maio de 1969, quando se constituiu
um grupo sub-regional, dentro da Associação Latino Americana de Livre Comércio, o
Pacto Andino.
A integração foi resultado da reação dos países andinos as desvantagens da
integração da ALALC que beneficiava os países mais industrializados enquanto
permanecia restritos a exportação de produtos primários. Esse projeto havia sido
proposto pelos Estados Unidos no contexto da Aliança para o Progresso.
The major weakness was the member nations' extremely diverse representation of levels
of development, ranging from countries with a relatively strong economic base and
sizeable markets, such as Brazil, Argentina and Mexico, to countries like Ecuador and
Bolivia still striving to establish foundations in light industry. It was the fervent hope of
the poorer members that these disparities could be reduced, with some tangible proof
seen by the end of their first decade of cooperation. (Kearns, 1972, p. 228)
Avery e Cochrane (1973: 183-184) indicam fatores apontam razões pelas
quais os países andino decidiram criar o mercado comum (AVERY e COCHRANE, 1973,
p.186) A insatisfação com a distribuição dos benefícios e o medo dos “Três Grandes”,
ABRAMEX (Argentina, Brasil e México) que dominavam o comércio de bens
industrializados e semi-acabados (KEARNS,1972:228). As dificuldades de mudança no
interior da ALALC apesar de várias propostas de líderes políticos como Frei Montalva
do Chile em 1964 e Lleras Restrepo da Colômbia, e nas conferências da Cepal ou
promovidas individualmente pelos países, como Presidente Belaunde Terry do Peru.
O Acordo de Cartagena previa adoção progressiva de estratégias para o
desenvolvimento sub-regional, com a coordenação dos planos de desenvolvimento em
setores específicos e harmonização de política social e econômica para alcançar um
desenvolvimento integrado nas áreas das ações planejadas3. Essas medidas seriam
simultâneas e coordenadas para à criação de um mercado sub-regional e previam a
criação de um programa de desenvolvimento industrial, agrícola e agroindustrial, de
infraestrutura física bem como programa intrarregional de liberalização de serviços. A
harmonização das políticas fiscal, financeira, monetária e cambial, incluía o tratamento
do capital sub-regional ou estrangeiro, uma política comercial comum em relação a
3 O texto integral do Acordo de Integração Sub-regional Andino, o Acordo de Cartagena, encontra-se em:
http://www.comunidadandina.org/ingles/normativa/ande_trie1.htm
terceiros países, com tarifa externa comum e harmonização dos métodos e técnicas de
planejamento.4
Em fevereiro de 1973, através do Consenso de Lima, a Venezuela passou a fazer
parte enquanto Chile abandonou o Pacto Andino em outubro de 1976. A Decisão 24 do
Pacto Andino foi abolida em maio de 1987, sendo substituída pela Decisão 220 que
permitiu a cada país adotar um regime próprio de investimento. No início dos anos 90, o
Pacto Andino estava efetivamente submetido aos esquemas de integração e cooperação
comercial da América do Sul, dentro no novo contexto de integração e inserção
internacional.
A Decisão 24 do Pacto Andino foi abolida em maio de 1987, sendo trocada pela
Decisão 220 que permitiu a cada país adotar um regime próprio de investimento. No
início dos anos 90, o Pacto Andino estava efetivamente submetido aos esquemas de
integração e cooperação comercial da América do Sul (BREWER, 2000:104-105) e
compartilhou o mesmo destino com outras políticas de cunho desenvolvimentista e de
substituição de importações que tinham norteado o horizonte das políticas econômicas e
estratégias de inserção internacional. Para Sauvant e Aranda
… result of domestic differences, significant divergences soon appeared in national
regimes. Over time, individual countries began to distance themselves from Decision
24, as they became more interested in attracting FDI flows. (SAUVANT e ARANDA,
1994:98-99)
Até então estes países tinham mantido uma posição de abertura relativa ao
investimento estrangeiro, para o qual não existia uma legislação específica. A
nacionalização das empresas extrativas de recursos naturais (petróleo) e de serviços
públicos, o capital externo teve suas áreas de investimento restringidas. O desenho do
código representou uma mudança da atitude em relação ao investimento estrangeiro que
historicamente constitui uma preocupação, especialmente as empresas multinacionais. O
4Uma análise detalhada da rationale econômica das políticas de integração andina encontra-se em
(MYTELKA, 1979) (AVERY, COCHRANE, 1973)
código de investimento ampliava a participação doméstica no controle sobre o conjunto
dos setores da economia, instituiu uma alternativa a dominação econômica do capital
estrangeiro.
O Acordo de Cartagena estabeleceu um amplo arco de disposições. No
Capítulo terceiro, relativo a relações exteriores, previa a criação de uma política externa
comum e formulação da posição do grupo sub-regional nos fóruns e organizações
internacionais. O mercado sub-regional constituía não um fim em si mas um mecanismo
articulado com os objetivos maiores do processo de integração. Na verdade a
liberalização comercial e redução tarifária, bem como as regras de origem, respondiam
ao intento mais amplo.
No Capítulo IV o Acordo dispunha sobre a harmonização de políticas
econômicas e coordenação dos planos de desenvolvimento com a previsão de adoção
progressivamente de estratégias para o desenvolvimento sub-regional (art.53),
coordenação dos planos de desenvolvimento em setores específicos e harmonização de
política social e econômica para alcançar um desenvolvimento integrado nas áreas das
ações planejadas (art. 54). Essas medidas seriam simultâneas e coordenadas com a
criação do mercado sub-regional: programa de desenvolvimento industrial; programas
de desenvolvimento agrícola e agroindustrial; programa de desenvolvimento de infra-
estrutura física, programa intra-regional de liberalização de serviços; harmonização das
políticas fiscal, financeira, monetária e cambial, incluindo o tratamento do capital sub-
regional ou estrangeiro; uma política comercial comum em relação a terceiros países,
com tarifa externa comum e harmonização do planejamento.
O artigo 55 previa a criação de um sistema comum de tratamento de capital
estrangeiro e de marcas, patentes, licenças e royalties e o art. 56 a instituição de um
regime uniforme para as empresas multinacionais andinas.
O comércio ficava submetido aos objetivos políticos e ao programa de
desenvolvimento com harmonização de políticas e consideração das diferenças entre os
membros o que deu viabilidade política ao Acordo. A estratégia de negociação,
comércio e investimento, reconhecia que estes não geram resultados per si para as
economias hospedeiras e seria necessário evitar que os investidores burlassem os
mecanismos de integração. O que explica a concepção do Pacto em particular o desenho
ao tratamento do investimento estrangeiro.
O Acordo com vigência a partir de 1972 buscou harmonização, não
uniformização, preservando diferenças nacionais no cumprimento das disposições do
Acordo. O modo como o arranjo de integração andino contemplou as divergências
internas do Grupo, no âmbito dos Estados, com a criação de um mecanismo
supranacional, a Junta e o espaço de debate e articulação com os setores privados
nacionais constituem aspectos originais no curso da integração naquela quadra histórica.
A concepção de desenvolvimento e o papel do investimento estrangeiro privado
pressupostos no projeto de integração são destacados por Olivey (1972: 769). O
desenvolvimento e integração exigiam continua e significativa transferência de
tecnologia e capital dos países desenvolvidos. Nessa visão o investimento privado
estrangeiro e o know-how preencheria o gap causado pelo suprimento insuficiente de
capitais e tecnologias locais e a assistência ao desenvolvimento do setor público. Os
efeitos negativos associados à presença do investimento de propriedade estrangeira
deveriam ser regulados em conformidade com as necessidades dos Estados, bem como
interferências com o crescimento do setor privado nacional e perda da capacidade
efetiva das nações para fazer e executar políticas nacionais. Aspectos que foram
incorporados nas disposições que colmataram o projeto de integração andina.
Do conjunto de questões colocadas pelo grupo andino que levaram a criação do
bloco sub-regional, podemos destacar aspectos importantes para discussão: assimetrias
produtivas em experiência, papel do investimento estrangeiro e modo de inserção
internacional dos países membros, estratégias política internacional e natureza dos
regimes domésticos e consideração de interesses estratégicos...fim do pacto e busca de
alternativas nacionais diante de inflexões determinadas pela mudança do cenário
internacional e orientação da política domésticas.
2. O CÓDIGO ANDINO DE INVESTIMENTO, A DECISÃO 24
O que há de inédito no Código Andino? Várias interpretações do Código e
da experiência andina de integração destacam sua peculiaridade e ineditismo porque foi
a primeira experiência de política intergovernamental para regulação das empresas
multinacionais, considerando a influência que o capital internacional poderia exercer
sobre a distribuição dos benefícios advindos do processo de integração5. Essa posição
tinha sido manifestada em 1966 na “Declaração de Bogotá” quando os presidentes de
Colômbia, Chile, Equador, Peru e Venezuela indicaram as bases doutrinárias do Acordo
de Cartagena, afirmando:
Consideramos que el capital privado extranjero puede realizar un aporte
considerable al desarrollo de América Latina, siempre que estimule a capitalización
del país onde radique; facilite la participación amplia del capital nacional en ese
proceso y no cree obstáculos para la integración regional. (TIRONI, 1978: 73)
Nesse sentido, em função da alta prioridade atribuída a formulação de uma
política comum face ao capital estrangeiro, o “Regime comum de tratamento de capital
estrangeiro e tecnologia” a Decisão 24 abrangia dois grandes conjuntos de medidas,
uma relativa ao investimento estrangeiro direto e outro, a regulação de transferência de
tecnologia. Confira, portanto, um conjunto de as disposições fundamentais de uma
política tecnológica sub-regional com vistas ao desenvolvimento de tecnologia local
(Decisão 84) e as regulações para aplicação as regras de propriedade industrial (Decisão
85). Como explica Berrios (1981) definiu uma política para fluxos de tecnologia através
de investimento estrangeiro direto e para o tratamento do comércio de tecnologia, no
5 Outra tentativa de adoção de política comum para o capital estrangeiro entre países em desenvolvimento
foi a dos membros da East African Community (AVERY; COCHRANE, 1973:198)
sentido de mudar as condições de operação das empresas no espaço econômica gerado
pelo processo de integração.
Um aspecto importante, destacado por Tironi, foi sua natureza de política global.
Ou seja, não pretendia apenas padronizar as políticas nacionais dos países membros,
pois, na condição de política comum mínima, preservava espaço de discrição para os
países membros, o que significava, como se explicita abaixo, certo grau de flexibilidade
no âmbito nacional ou mesmo o estabelecimento de normas mais estritas. Isto porque,
como explica o autor, a política “uniforme” em relação aos setores mais “relacionado”
com a integração, deixava outras áreas, como mineração, petróleo e recursos naturais a
critério das políticas de cada país. (TIRONI, 1978)
As várias medidas previstas no Código, de modo abrangente, visavam atender a
diversos objetivos. Dentre estes se destacavam a intenção de estimular a formação de
capital nos países receptores de investimento estrangeiro direto, favorecer a participação
do capital nacional no processo de integração, impedir que os investimentos externos
criassem dificuldades para a integração, coordenar o investimento para serem
consoantes as estratégias dos países membros, dar acesso a tecnologias modernas, sem
as limitações de distribuição e venda de produtos em que estas estejam incorporadas;
conferir estabilidade ao investimento que gerasse contribuições positivas ao
desenvolvimento do país hospedeiro e colaborar com uma distribuição “equitativa” dos
ganhos da integração, em particular no caso dos países andino menos desenvolvidos.
(TIRONI, 1978:74) (THARP, 1976)
Dos compromissos estabelecidos no acordo sub-regional para harmonização e
coordenação de políticas em diferentes áreas como política econômica, social, fiscal e
cambial bem como planejamento da agricultura, a mais importante foi a que se referiu
ao tratamento do investimento estrangeiro. A Decisão 24, no seu texto básico, foi
adotada em 31 de dezembro de 1970, chamada de “Regime comum para tratamento do
capital estrangeiro, marcas, patentes licenças e royalties”, resultado de estudos de grupo
de especialistas. Várias pesquisas tinham sido realizados sobre práticas de produção,
acordos jurídicos e financeiros de corporações em cada país participante, por autores
como Constantine Vaitsos6 e Miguel S.Wionczek, sendo este último quem redigiu o
primeiro esboço do Código, bem como publicaram importantes trabalhos e relatórios
sobre as questões implicadas no regime andino de regulação.
Do ponto de vista do seu conteúdo substancial, do Código Andino estabeleceram
as medidas regulatórias e disposições prevendo mecanismo de supervisão da execução
no âmbito da Junta, bem como a criação de agências nacionais para registro e
monitoramento, em especial em relação a transferência de tecnologia7. (MYTELKA,
1979)
Um aspecto central da D24 é a classificação do investimento considerando as
distinções entre propriedade e controle acionário em virtude do qual as empresas eram
consideradas: nacionais, mistas ou estrangeiras. A empresa que pretendesse usufruir das
vantagens da integração como baixas tarifas no mercado andino, deveria converter-se
em mista ou nacional. Na empresa mista 49% do controle acionários seria de
estrangeiros e 51% de nacionais e na empresa nacional, a participação estrangeira seria
no máximo de 19% e a nacional de no mínimo 81%, Outra seria a empresa
multinacional regional em que o percentual de propriedade estrangeira seria de até 40%.
As empresas teriam8 um prazo de 15 anos, 20 no caso de Bolívia e Equador, para
adaptarem-se as novas regulações.
6 Vaitsos foi diretor do grupo de Política de Ciência e Tecnologia do Acordo de Cartagena. Em Vaitsos
(1976) o autor trata do debate sobre a revisão do sistema internacional de patentes sob a perspectiva do
informou as posições assumidas na integração andina.
7 Cabe destacar que a criação de agência para monitoramento do investimento estrangeiro e da avaliação
de seus “benefícios líquidos” para a economia nacional foram usados no Canadá como a Foreign
Investment Review Agency (FIRA), que tinha como foco a participação do investimento oriundo dos
estados Unidos. Nos EUA, em 70, também foi criado o Committe on Foreign Investment in United
States(CFIUS), com a tarefa de supervisionar as fusões e aquisições, em especial aquelas que podem dar
acesso á tecnologias sensíveis a empresas e investidores estrangeiros. (SILVA, 2011)
8 As empresas que autuavam nos setor extrativismo seriam isentas das regulações de propriedade embora
devessem operar sob contratos de concessão submetidos ás diretriezes do mercado comum andino.
A partir dessa classificação estabeleceram as demais disposições do código: -
determinação de condições para entrada de novo investimento estrangeiro direto,
chamadas de condições pré-estabelecimento ou restrições de entrada; - criação das
agências nacionais para o registro e revisão dos contratos de investimento (Art. 5-6); -
proibição de novos investimentos em vários setores, tais como serviços públicos,
seguros, comércio bancário e financeiro, transporte, setores de comunicação e
publicidade9 (art. 41-44); - regulação da repatriação do capital investido e de remessa de
lucros anual de 14% do capital registrado (art.37); - exigência de desinvestimento para
diminuir para níveis minoritários o controle sobre as empresas; assim todas as empresas
já estabelecidas de propriedade estrangeira parcial ou integralmente bem como os novas
empresas estrangeiras que desejassem usufruir das benesses da liberalização tarifária
intra-regional deveriam assumir obrigações de desinvestimento num determinado tempo
(art. 27-29, 30); - limitava o acesso das empresas estrangeiras ao crédito local de médio
e longo prazo (art.17); - proibia o re-investimento por empresas estrangeiras de mais de
5% dos lucros anualmente, sem revisão e aprovação (art. 13) e impunha aos membros a
criação de uma rede para troca de informações relevantes sobre o investimento
estrangeiro direto e transferência de tecnologia incluindo os dados sobre os preços de
produtos intermediários (art. 6, 48); - criação de agência nacional para registro e revisão
de todos os contratos de transferência de tecnologia (art.18); - exige a identificação do
valor de cada elemento nos pacotes de tecnologia importados (art.19); - proibia as
cláusulas restritivas anteriormente incorporadas nos contratos de tecnologia (art.20-25);
- programa para desenvolvimento de tecnologia apropriada à sub-região. (art.23)
(MYTELKA, 1979)
A transformação de empresas estrangeiras em empresas mistas ou nacionais, as
exigências de desinvestimento é um dos aspectos mais polêmicos da D24 e tinha um
papel central na lógica da política comum. As empresas que não desejassem desinvestir
poderiam exportar para países fora do grupo; as que optassem pelo desinvestimento
9 Importante observar que aplicavam as mesmas restrições que vigoravam nos Estados Unidos.
poderiam remeter os valores recebidos pela venda das ações. Essas operações de
financiamento dos grupos nacionais para aquisição de ações, no processo de
desenvolvimento dos setores privilegiados no programa da integração, seriam realizadas
pela Corporação Andina de Fomento (CAF). Para Fernandez e Ocampo (1975), esse
processo intensificou a dependência dos Estados em relação aos mecanismos
financeiros internacionais e constitui, segundo o autor, um dos problemas desse
processo.
Outro conjunto de medidas remete a questão do mercado de tecnologia. O
objetivo era impedir a continuidade das estratégias das empresas cujos contratos de
obrigavam “ao recebedor a comprar equipamentos, matérias primas, componentes de
compradores determinados, filiais ou matrizes. Conhecidas como práticas restritivas,
impunham obstáculos para o uso de tecnologia, como restrições de produção que
limitavam o volume de produção de produtos licenciados, restrições para uso de
tecnologias competitivas, pacotes que impediam o recebedor de utilizar a tecnologia em
projetos de desenvolvimento, exigência de pagamento de royalties sobre patentes não
usadas em pacotes de tecnologia, bem como de exportação de produtos produzidos com
as licenças. Enfim, a D24 , como explica Mytelka, fortaleceu a posição de negociação
das empresas nacionais “requiring the renegotiation of their technology contracts with
foreign firms as to reduce royalty payment, eliminate restrictive clauses, and
institutionalize procedures for divestiment and the registration of foreign investment.”
(MYTELKA, 1979:64)
3. SIGNIFICADO E IMPACTOS DO CODIGO ANDINO DE INVESTIMENTO
O jurista americano Covey T. Oliver10 destaca a importância do Código,
destacando que foi a primeira iniciativa mundial multi-estatal ou de sistema regional de
restrições prévias sobre a entrada de investimento estrangeiro no setor privado por parte
de investidores externos aos “territórios combinados”, e do ponto de vista jurídico,
elogiava o refinamento das categorias utilizadas pelos formuladores da Decisão 24.
(OLIVEY, 1972:777)
A iniciativa andina teve efeitos importantes no decurso do tratamento do
investimento estrangeiro em múltiplas arenas. Conforme Sauvant e Aranda, a Decisão
24 delineou um modelo para muitos países em desenvolvimento que se inspiraram nessa
formula para padrões globais e nacionais para as atividades das corporações
transnacionais, tanto nas negociações no Código de Conduta da ONU para as empresas
quanto na OCDE que decidiu formular seus próprios padrões para as atividades das
corporações transnacionais e ao mesmo tempo, reforçar sua posição negociadora nas
questões relativas às multinacionais no nível multilateral em geral (SAUVANT,
ARANDA, 1974). Essa sua influência político-normativa, pode ainda ser identificada na
elaboração do esboço de Estatuto para o Tratamento de Investimento Estrangeiro, das
Corporações Transnacionais e Transferência de Tecnologia, pelo Comitê de
Especialistas em Investimento Externo Privado dos países não–alinhados,nas
Orientações de Comportamento para as empresas multinacionais, submetidos pelo
Grupo Latino Americano à Organização dos Estados Americanos em 1975. Neste
documento havia disposições parecidas coma Decisão 24 e indicavam o papel de
liderança dos países da América Latina na discussão sobre códigos internacionais para
regulação das empresas multinacionais.
10 O artigo de Covey Oliver é citado na literatura como a mais completa análise legal do código de
investimento andino. Olivey (1913-2007) foi professor de direito internacional e serviu como diplomata
dos Estados Unidos. Na Segunda Guerra foi membro do U.S. Board of Economic Warfare; serviu no
Departamento de Estado até 1949; foi nomeado por Kennedy em 1962 para o Comitê Jurídico Inter-
Americano da OEA; embaixador dos Estados Unidos na Colômbia por dois anos. In 1967 foi secretário
de Estado para os assuntos interamericanos e coordenador na Aliança para o Progresso. Ocupou a
presidência da American Society of International Law e foi editor do American Journal of International
Law bem como membro do Council of Foreign Relations, entre outros.
Segundo Olivey (1972) o código andino, do ponto de vista jurídico, marcou o
início de uma nova fase. Até então os países exportadores de capital haviam tentado
estabelecer códigos de investimento como direito positivo, mas seus esforços foram
ignorados pelos países em desenvolvimento, como demonstra a analise das negociações
multilaterais ao longo do século XX, da Organização Internacional de Comércio (OIC)
e nos debates sobre códigos de conduta para transnacionais na ONU (CHUDSON,1996)
. Os países desenvolvidos pretendiam formular um código universalista, baseado nos
princípios do direito internacional público, enquanto o Código Andino era parte das
obrigações legais assumidas pelos membros sob o Acordo de Cartagena, e deveriam
efetivar-se nas legislações nacionais, portanto no âmbito do exercício soberano de
formulação de políticas.
..new phase, one in which direct investment-receiving , or host, countries, organized
into groups or regional arrangements, compact among themselves that a comprehensive
normative system shall prevail in each of them as to the legal relationships between
foreign investors and each of the those countries. Although foreign investment codes for
particular states, including systems of prior restraints on entry in some developed
countries, are not new, the Andean Foreign investment Code is, indeed, a new juristic
phenomenon. (OLIVEY, 1972, 763)
Um aspecto importante do Código foi é ausência de referência aos padrões
internacionais mínimos para o tratamento dos interesses econômicos dos estrangeiros,
que havia sido tão debatido nas décadas anteriores. Divergindo das análises
ideologicamente orientadas, a análise do jurista observa que não há no texto nenhum
princípio conflitante com os princípios gerais do Direito Internacional. Olivey (1972)
destaca que traços importantes do Código como as restrições de entrada, não são ilegais,
o controle informações seriam apenas o exercício do poder de política, e o
desinvestimento não é forçado, apenas induzida e a venda de ações transferindo
propriedade para o governo ou mercado privado nacional é prevista.
Outro aspecto remete ao conceito de tratamento nacional, central no arcabouço
dos princípios do sistema de negociações comerciais do Acordo Geral de Tarifas e
Comercio (GATT). O artigo 50 afirmava que os países membros não concederão aos
investidores estrangeiros tratamento mais favorável do que o concedido aos investidores
nacionais. Ou seja, retomando a Cláusula Calvo, derivada da Doutrina Calvo, segundo a
qual o melhor tratamento a que um estrangeiro poderia aspirar em outro país é um
tratamento igual ao dos nacionais, portanto submetido à jurisdição do Estado e sem
direito a privilégios que derivem de sua condição de estrangeiro.
Vaitos (1976) observa que a aprovação da legislação de propriedade industrial
foi fortemente criticada pelas empresas estrangeiras e seus representantes locais.
Especificamente o artigo 28 da Decisão 85 que proibia a garantia de privilégios de
patentes sobre importações e direitos exclusivos era limitado a produção local. Os
“spokemen for foreign enterprises commenting of this article indicated that, in effect, it
abolished patent protection for most of the cases where patents are granted in the
Andean Pact.”(Vaitsos, 1976:88).
Berrios considera que a experiência andina marcou uma transformação na
política em relação ao lugar do Investimento estrangeiro no debate sobre o
desenvolvimento.
“Hacia fines de 1960 y a comienzos de los 70, la emergencia del nacionalismo
económico en los países andinos trajo una significante modificación en la política hacia
la inversión extranjera. Las actitudes nacionalistas que surgieron de la teoría da
dependencia, no significaron toral oposición al capital foráneo sino que simplemente
quisieron cambiar la naturaleza de la inversión extranjera. Las políticas nacionalistas
no son incompatibles con una mayor integración en la economía mundial, ya sea a
través del mercado o un acercamiento más intenso a las empresas transnacionales.
(BERRIOS, 1981:119)
Consideramos que o Código Andino definitivamente não pode ser chamado de
“romântico”, pois o deslocamento dO foco do debate de restrição do investimento para
o desenho de políticas que consideraram questões como a natureza do mercado de
tecnologia, competitividade e estratégias de desenvolvimento relacionadas com
investimento e comércio que se colocaram no cenário da política internacional nos anos
90 são indicativos de uma cenário muito fértil para reflexão.
Ainda, como explica Mytelka, as disposições não pretenderam impedir o fluxo
de investimento direto ou transferência de tecnologia, mas regular de modo a considerar
as possibilidades de desenvolvimento a partir de certos mecanismos de política
econômica. Os dados sobre o volume de investimento nos países andinos no período de
19710-1976 mostrados por Tironi (1978:100-107) indicam que não houve redução do
investimento, apesar das críticas e resistência, em especial dos investidores norte-
americano.
Em síntese, consideramos que o impacto das inovações normativas do Código
criou novos elementos para o debate regulatório articulando investimento,
desenvolvimento e comércio; tem relevante significado político, na medida em que
exerceu um papel no debate sobre os códigos de conduta das empresas multinacionais
na ONU através de uma posição comum para as instâncias de negociação internacional
dos países membros e implicações no desenho dos projetos de regulação dos países
desenvolvidos, especificamente as propostas da OCDE que foram desenhadas
reativamente as proposições do Código e que ganharam cena internacional a partir das
discussões do Acordo Multilateral de Investimento e no Capítulo 11 do NAFTA
(BREWER, 2000).
As negociações de investimento que ocorreram ao longo da Rodada Doha da
Organização Mundial do Comércio (OMC) e a trajetória conflitiva do Acordo
Multilateral do Investimento envolveram concepções regulatórias e disposições
normativas que resultaram de uma proposição reativa dos países desenvolvidos ao
modelo constituído na experiência andina de integração. O texto destaca o protagonismo
das iniciativas latino-americanas na política internacional no que tange à capacidade de
proposições alternativas, e, em particular no campo da regulação do investimento
estrangeiro, sua influência na determinação dos projetos regulatórios que emergiram na
década de noventa sob o desenho liberal.
O debate contemporâneo sobre o regionalismo pós-liberal (BASTOS, 2012)
certamente pode localizar questões significativas para as quais será preciso ensejar
novas respostas, como indagações sobre o lugar das políticas de investimento
estrangeiro nos processo de integração, a compreensão das estratégias das empresas
multinacionais no espaço econômico que emerge da integração, e as possibilidades
relativas a políticas de inovação e competitividades nas estratégias de integração
regional de países dependentes (IZERROUGENE, 2007) (BIERSTEKER, 1980).
O Código Andino de Investimento, apesar de suas limitações e dos
condicionantes históricos que marcaram o seu percurso, representou um momento muito
significativo, do ponto de vista dos países periféricos, no longo e conflitivo percurso de
debates e negociações internacionais sobre o investimento estrangeiro e sobre a natureza
dos institutos normativos de regulação da atividade econômica que permitam aos
Estados garantir efetividade de suas escolhas de políticas de desenvolvimento e
estratégias de inserção internacional sem limitar ou condicionar políticas públicas aos
interesses ou lógica dos investidores internacionais, seja na vertente produtiva ou
financeira.
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