revisão de quant
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Resumo de parte do curso de economia quantitativa.TRANSCRIPT
Limites e Conjuntos Abertos
Uma sequência de números reais é uma função �: ℕ → ℝ, ou seja, que atribui a cada número
natural um número real. Logo uma sequência {��, �, ��, … } é formada por números reais �� onde � = 1, … , �, advindos de números naturais, em que ��1� = ��, ��2� = �, … , ���� = ��.
Uma sequência pode ser denotada por {��}���� .
I. Limite de uma Sequência
Existem basicamente três tipos de sequências:
a) Sequências cujos valores se aproximam de um valor limitante, ou seja, TENDEM para
um valor;
b) Sequências que aumentam indefinidamente;
c) Sequências que oscilam em um determinado ponto.
Estamos interessados, nesse caso, no tipo (a) de sequências.
Para definirmos o conceito de limite precisamos definir primeiro o conceito de intervalo cujos
números se encontram próximos uns dos outros.
• Intervalo (��): Seja � um número que se aproxima de �, ����� um pequeno intervalo
em que �, � ∈ ��, e > 0 um número real pequeno: ����� = {� ∈ ℝ: |� − �| < }
Isso significa que |� − �| (distância de � para �) é menor que (número infinitamente
pequeno.
• Limite (definição superficial): Seja {��}���� uma sequência e � ∈ ℝ, dizemos que � é
um limite se ∀ > 0 ∃ ) > 0 tal que ∀� ≥ ), �� ∈ �����.
Isso significa que a partir de certo elemento da sequência {��}���� os elementos que se seguem
se aproximam ou se encontram cada vez mais próximos do elemento limitante (ou seu limite).
• Subsequência: Seja {��}���� uma sequência determinada por �: ℕ → ℝ, tome + um
subconjunto infinito de ℕ igual a {��, �, ��, … }. A partir do subconjunto definimos
uma nova sequência {,-}, onde os elementos pertencentes a essa sequência são: ,- = ��. , / = 1, 2, 3, …
Essa nova sequência {,-}-��� é chamada de subseqüência da sequência original {��}���� .
• �-bola: Seja � um vetor em ℝ1 e seja > 0. A -bola sobre � é: 2���� ≡ {� ∈ ℝ: ‖� − �‖ < }
Isso significa que uma -bola é um conjunto que contém � ∈ ℝ1 onde a distância de � para �
é menor que o raio, ou seja, menor que . Como > 0, 2���� pode ser chamada de bola aberta; se a -bola fosse definida com ≥ 0, 2���� poderia ser chamada de bola fechada.
• Convergência: Uma sequência {��}���� converge para um vetor � se, ∀ > 0 ∃ ) >0 ∈ ℝ tal que ∀ � > ), �� ∈ 2����, isto é: 5���, �� = ‖�� − �‖ <
O vetor � é chamado de limite de uma sequência.
Logo, uma sequência {��}���� converge para um vetor � se, ao selecionarmos um �� desta
sequência, onde � > ), temos que a distância de �� para � é sempre menor que (um número
positivo pequeno), ou seja, �� ∈ 2����. O ), nesse caso, representa certo número da sequência em
que, a partir deste número, a sequência se aproxima de seu limite.
• Ponto de Acumulação: O vetor � é um ponto de acumulação da sequência {��}����
se, ∀ > 0 , existem uma infinidade de números inteiros � tal que ‖�� − �‖ < . O
limite é um caso especial de ponto de acumulação.
II. Conjuntos Abertos
Para entender as definições a seguir é necessário o conhecimento dos pontos anteriores, em
especial os conceitos de bola aberta e bola fechada.
• Conjunto Aberto: Um conjunto 6 em ℝ1 é aberto se para cada � ∈ 6, existe uma -
bola aberta ao redor de � completamente contida em 6: � ∈ 6 ⟹ existe > 0 tal que 2���� ⊂ 6
Um conjunto aberto 6 que contem o ponto � é chamado de vizinhança aberta de �.
A palavra “aberta” possui a conotação de “sem fronteira”, ou seja, qualquer ponto do conjunto
pode se mover uma pequena distância em qualquer direção e ainda estar contido no conjunto.
• Interior: Suponha que 6 seja um subconjunto de ℝ�. Denotaremos como ��9�6� a
união de todos os conjuntos abertos contidos em 6. O conjunto aberto ��9�6� é
chamado de interior de 6.
Por sua definição, o interior de um conjunto pode ser considerado o maior conjunto aberto
contido num conjunto.
III. Conjuntos Fechados
Segue-se a definição de um conjunto fechado:
• Conjunto Fechado: Um conjunto 6 em ℝ1 é fechado se, para toda sequência {��}���� convergente completamente contida em 6, seu limite também está contido em 6.
Consequentemente, da definição, os conjuntos fechados devem conter suas “fronteiras”,
exatamente o oposto dos conjuntos abertos.
• Fecho ou Aderência: Suponha que 6 seja um subconjunto de ℝ�. Denotaremos como :; a interseção de todos os conjuntos fechados que contém 6. O conjunto fechado :; é
chamado de fecho ou aderência de 6.
Assim, o fecho de um conjunto 6 é o menor conjunto fechado que contém 6.
• Fronteira: Um ponto � está na fronteira de um conjunto 6 se toda bola aberta sobre �
contém ambos os pontos em 6 e pontos no complemento de 6.
Isso significa que um ponto � está na fronteira de um conjunto 6 se há pontos dentro de 6
arbitrariamente próximos de � (ou tendendo a �) e pontos fora de 6 (complemento de 6)
arbitrariamente próximos de � (ou tendendo a �).
IV. Conjunto Compacto
Para o conceito de conjunto compacto (relativamente simples) precisamos definir o que é um
conjunto limitado.
• Conjunto Limitado: Um conjunto 6 em ℝ� é limitado se existe um número 2 tal que ‖�‖ ≤ 2, ∀ � ∈ 6, isto é, se 6 está contido em alguma bola em ℝ�.
• Conjunto Compacto: Um conjunto 6 em ℝ� é compacto se, e somente se, ele é
fechado e limitado.
Uma característica interessante dos conjuntos compactos é que qualquer sequência
definida num conjunto compacto contém uma subseqüência convergente, um
resultado conhecido como Teorema de Bolzano-Weierstrass.
Funções de Várias Variáveis
Aqui serão expostas apenas as definições mais importantes das funções. Conceitos mais
comuns – como imagem, domínio e contradomínio – serão considerados como conhecidos e não serão
tratados nessa revisão.
I. Tipos Especiais de Funções
1. Função Linear em ℝ=
• Definição: Uma função linear de ℝ= para ℝ1 é uma função � que preserva a
estrutura de espaço vetorial: ��� + ,� = ���� + ��,� e ����� = �����
Para todo � e , em ℝ= e todos os escalares �. Funções lineares também são
chamadas de transformações lineares.
Funções lineares em ℝ= podem ser associadas com um vetor único ? ∈ ℝ=,
logo:
���� = ? ∙ � = �?� ⋯ ?=� B��⋮�=D
Portanto, vale o Teorema:
Seja uma função linear �: ℝ= → ℝ1. Então, existe uma matriz E1×=
tal que ���� = E�, ∀ � ∈ ℝ=.
2. Forma Quadrática
• Definição: Uma forma quadrática em ℝ= é uma função real de forma:
G���, … , �=� = H ?�-���-�
�,-��
As curvas de nível das formas quadráticas recebem o nome de seções cônicas.
Uma observação importante pode ser feita a partir de um Teorema:
A função quadrática padrão:
G���, … , �=� = H ?�-���-�
�,-��
Pode ser escrita como:
��� � ⋯ ���IJJK
?�� �?��?� ?⋯⋯
�?���?�⋮ ⋮ ⋱ ⋮�?�� �?� ⋯ ?�� MNNO B���⋮��
D
Isto é: �PE�, onde E é uma matriz simétrica. Similarmente, se E é
uma matriz simétrica então a função real G��� = �PE� é uma forma
quadrática.
3. Polinômio
Para se definir um polinômio precisamos tomar conhecimento dos monômios:
• Definição: Uma função �: ℝ= → ℝ� é um monômio se pode ser escrita como: ����, … , �=� = Q��RS�RT ⋯ �=RU
Onde Q é um escalar e os expoentes ?�, … , ?= são números não negativos. A
soma dos expoentes é chamado de grau do monômio.
Agora podemos discutir acerca do conceito de polinômio:
• Definição: Uma função �: ℝ= → ℝ� é chamada de polinômio se � é uma
soma finita de monômios em ℝ=. O grau mais alto que ocorre entre esses
monômios é chamado de grau do polinômio. Uma função �: ℝ= → ℝ1 é
chamada de polinômio se cada uma das funções que o compõe é um
polinômio real.
II. Função Contínua
• Definição: Seja � uma função de �: ℝ= → ℝ1. Seja �V um vetor em ℝ= e , = ���V� sua
imagem. A função � é contínua em �V se, toda vez que alguma sequência {��}���� em ℝ=
convergir para �V, então a sequência {�����}���� em ℝ1 convergirá para ���V�. A função
é dita contínua se é contínua em todo ponto de seu domínio.
Essa definição diz que � é contínua em �V se é possível prever a imagem de � em �V apenas
conhecendo as imagens de todos os �’s próximos de �V.
Cálculo de Várias Variáveis
Para aplicar o cálculo em funções de várias variáveis trabalhamos a partir do conceito mais
simples, isto é, mudamos uma variável por vez, mantendo todas as outras constantes. Esse método é
conhecido como derivada parcial, pois, realizando esse procedimento, não demonstramos interesse
na variação total da função, apenas na variação parcial.
I. Derivada Parcial
• Definição: Seja �: ℝ� → ℝ. Então para cada variável �� em cada ponto �V = ���V, … , ��V�
no domínio de � W�W�� ���V, … , ��V� = lim[→V �\��V, … , ��V + ℎ, … , ��V^ − �\��V, … , ��V, … , ��V^ℎ
se esse limite existe. Apenas a �-ésima variável muda, enquanto as outras são tratadas
como constantes.
Observe que na definição apenas a �-ésima variável muda ���V + ℎ�, enquanto as outras não
sofrem alteração do ℎ.
II. Derivada Total
Considere a função _��, ,� de duas variáveis na vizinhança de um dado ponto ��∗, ,∗�, se
mantermos , fixo em ,∗ e mudarmos �∗ para �∗ + ∆�, então:
_��∗ + ∆�, ,∗� − _��∗, ,∗� ≈ W_W� ��∗, ,∗�∆�
Isso implica dizer que, similarmente à interpretação de derivadas de uma variável, cdce ��∗, ,∗�
mede como uma mudança ∆� em � afeta ,.
Similarmente podemos aplicar uma mudança ,∗ + ∆, em ,∗:
_��∗, ,∗ + ∆,� − _��∗, ,∗� ≈ W_W, ��∗, ,∗�∆,
O efeito dessa variação combinada é, basicamente, a soma dos efeitos de cada mudança
individual nas variáveis:
_��∗ + ∆�, ,∗ + ∆,� − _��∗, ,∗� ≈ W_W� ��∗, ,∗�∆� + W_W, ��∗, ,∗�∆,
Podendo ser escrita como:
_��∗ + ∆�, ,∗ + ∆,� ≈ _��∗, ,∗� + W_W� ��∗, ,∗�∆� + W_W, ��∗, ,∗�∆,
1. Aproximação Linear
Podemos interpretar a equação acima dizendo que a mudança
_��∗ + ∆�, ,∗ + ∆,� − _��∗, ,∗�
Pode ser aproximada pelo mapeamento linear
�∆�, ∆,� ⟼ W_W� ��∗, ,∗�∆� + W_W, ��∗, ,∗�∆,
Que pode ser escrito em forma de matriz como
gW_W� ��∗, ,∗� W_W, ��∗, ,∗�h g∆�∆,h
Consideramos agora a matriz
gW_W� ��∗, ,∗� W_W, ��∗, ,∗�h
Como representante do mapeamento linear de _ ao redor de ��∗, ,∗�. Nesse sentido,
nós chamamos esse mapa linear e a matriz que o representa de derivada de _ em ��∗, ,∗� e
escrevemos como:
i_��∗, ,∗� = i_�e∗,j∗� = gW_W� ��∗, ,∗� W_W, ��∗, ,∗�h
Essa discussão é importante, pois, além de ser comum formar matrizes cujos
elementos são derivadas parciais, o mapeamento que essa matriz representa é a aproximação
linear de _ em ��∗, ,∗�.
Notação. No caso em que avaliamos o plano tangente ao gráfico de uma função _ no
ponto ��∗, ,∗�, utilizaremos 5�, 5, e 5_ para denotar o diferencial:
5� = ∆�, 5, = ∆, k 5_ = W_W� ��∗, ,∗�5� + W_W, ��∗, ,∗�5,
Assim como é feito para funções de uma variável. A expressão acima para 5_ em
termos de 5� e 5, é chamada de diferencial total de _ em ��∗, ,∗�.
III. Regra da Cadeia
1. Curvas
• Definição: Uma curva em ℝ� é uma �-upla de funções contínuas ��9� = ����9�, … , ���9��
Onde cada �� mapeia de ℝ a ℝ. As funções ���9� são chamadas de funções
coordenadas e 9 é o parâmetro que descreve a curva. A �-upla ����9�, … , ���9��
descreve as coordenadas da curva no ponto aonde o valor do parâmetro é 9.
Para esclarecer essa definição pense no parâmetro 9 como sendo a variável tempo,
então ��9� = ����9�, … , ���9�� seria a posição de um ponto em sua trajetória no ℝ� no
instante 9.
• Definição: Uma curva ����9�, … , ���9�� é regular se, e somente se, todo ��′�9� é
contínua em 9 e ����9�, … , ���9�� ≠ �0, … , 0�.
• Definição: Uma função �: ℝ� → ℝ é continuamente diferenciável (ou n�) em
um conjunto aberto o ⊂ ℝ� se, e somente se, para todo �, cpceq ��� existe para todo � em o e é contínua em �. Similarmente, a curva �: �?, r� → ℝ� é continuamente
diferenciável (ou n�) se cada componente da função ���9� é continuamente
diferenciável.
Teorema – Regra da Cadeia I
Seja ��9� = ����9�, … , ���9�� uma curva n� em um intervalo sobre 9V e �
uma função n� em uma bola sobre ��9V�, então s�9� ≡ �����9�, … , ���9�� é uma
função n� em 9V e 5s59 �9V� = W�W�� \��9V�^��t �9V� + ⋯ + W�W�� \��9V�^��t �9V�
Algumas vezes a Regra da Cadeia pode ser denotada por:
5�59 = W�W�� ∙ 5��59 + ⋯ + W�W�� ∙ 5��59
Teorema – Regra da Cadeia II
Considere uma função u: ℝv → ℝ�, u�9� = �u��9�, ⋯ , 9v�, u�9�, ⋯ , 9v�, … , u��9�, ⋯ , 9v��.
Então, para qualquer função �: ℝ� → ℝ�, a função composta s�9�, … , 9v� ≡ �\u��9�, u�9�, … , u��9�^
é uma função de ℝv para ℝ�. Diferenciamos essa função variando um 9� de cada
vez, mantendo os outros fixos WsW9� �9� = W�W�� \u�9�^ ∙ Wu�W9� �9� + ⋯ + W�W�� \u�9�^ ∙ Wu�W9� �9�
2. Derivadas Direcionais
As derivadas direcionais denotam como a Regra da Cadeia nos permite computar a
taxa em que uma função _���, … , ��� muda em certo ponto �∗ e em certa direção w =�w�, … , w��. Para isso, parametrizamos a direção (vetor) w em relação ao ponto �∗ escrevendo
a equação parametrizada da reta que passa por �∗ na direção w:
� = �∗ + 9w
A função _ passa ser avaliada junto a essa reta e é denotada por:
s�9� ≡ _��∗ + 9w� = _���∗ + 9w�, … , ��∗ + 9w��
Para analisarmos como _ varia ao longo dessa reta, usamos a Regra da Cadeia para
derivar s em 9 = 0:
st�0� = W_W�� ��∗�w� + ⋯ + W_W�� ��∗�w�
ou em notação matricial
g W_W�� ��∗� ⋯ W_W�� ��∗�h xw�⋮w�y = i_e∗ ∙ w
Essa expressão é chamada de derivada de z em {∗ na direção |. Outras notações
equivalentes são: cdc} ��∗� e i}_��∗�
3. Vetor Gradiente
O vetor gradiente indica o sentido e a direção de maior alteração no valor de uma
quantidade por unidade de espaço. Vimos que a derivada direcional permite que computemos
a taxa em que uma função muda em certo ponto dada certa direção, essa é uma das aplicações
do vetor gradiente que pode ser denotado por:
∇_��∗� =IJK
W_W�� ��∗�⋮W_W�� ��∗�MNO
Assim podemos pensar nesse vetor-coluna como sendo um vetor em ℝ� com a sua
calda em �∗. As características importantes de um vetor são seu comprimento e sua direção.
Observe que a derivada direcional de _ em � na direção w, i_��∗�, pode ser representado
pelo produto interno dos vetores ∇_��∗� e w:
∇_��∗� ∙ w =IJK
W_W�� ��∗�⋮W_W�� ��∗�MNO ∙ xw�⋮w�y = H W_W�� ��∗��
��� w�
Note que nos concentramos apenas na direção w, ignorando o comprimento ‖w‖. Para
enfatizar ainda mais essa ideia, trabalharemos apenas com ‖w‖ = 1.
Utilizando as propriedades de produto interno na equação acima podemos obter:
∇_��∗� ∙ w = ‖∇_��∗�‖‖w‖ cos �
Como consideramos ‖w‖ = 1:
∇_��∗� ∙ w = ‖∇_��∗�‖ cos �
Onde � é o ângulo entre os vetores ∇_��∗� e w com base no ponto �∗
Otimização
I. Formas Quadráticas e Matrizes Definidas
Uma forma quadrática sempre assume o valor zero no ponto � = 0.