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    ISSN 0486-6274 Nmero288

    Revista

    Aeronutica2014

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    2/27

    Armamentodo F-80

    w w w . c a e r . o r g . b r

    rev i s ta@caer .org.br

    As opinies emitidas em entrevistas e em matriasassinadas estaro sujeitas a cortes, no todo ou em parte,a critrio do Conselho Editorial. As matrias so de inteiraresponsabilidade de seus autores, no representando,necessariamente, a opinio da revista. As matrias nosero devolvidas, mesmo que no publicadas.

    DEPARTAMENTOS

    SEDE CENTRAL

    Administrativo/BenecenteCel Av Joo Carlos Gonalves de Sousa

    CulturalCel Av Araken Hipolito da Costa

    Comunicao SocialTen Cel Ana Elisa Jardim de Mattos A. de Melo

    Centro de Tecnologia e Informao CTITen Cel Int Franklin Jos Maribondo da Trindade

    FinanceiroCel Int Jlio Srgio Kistemarcher do Nascimento

    urdicoDr. Francisco Rodrigues da Fonseca

    Patrimonial / Secretaria Geral

    Cap Adm Ivan Alves MoreiraSocialTen Cel Int Jos Pinto Cabral

    SEDE BARRA

    Aerodesportivo Maj Av Helius Ferreira ArajoEsportivoBrig Ar Paulo Roberto de Oliveira Pereira

    Operaes

    Ten Cel Av Jos Carlos da Conceio

    AssessoresCel Av Luiz dos Reis Domingues

    nfraestrutura e Financeiro - Cel Av Paulo Roberto

    Miranda Machado

    Expediente

    Expediente Sede CentralDias: 3 a 6 feira

    Horrio: 9h s 12h e 13h s 17h

    ENDEREOS E TELEFONES

    Sede Central

    Praa Marechal ncora, 15Rio de Janeiro - RJ - CEP 20021-200

    Tel.: (21) 2210-3212

    Fax: (21) 2220-8444

    Sede Barra

    Rua Raquel de Queiroz, s/n

    Rio de Janeiro - RJ - CEP 22793-710

    Tel.: (21)3325-2681Sede Lacustre

    Estrada da Figueira, n I

    Arraial do Cabo - RJ - CEP 28930-000

    Tel.: (22) 2662-1510 Fax: (22) 2662-1049

    REVISTA DO CLUBE DE AERONUTICATel.: (21) 2220-3691

    Diretor e EditorCel Av Araken Hipolito da Costa

    Jornalista ResponsvelJ. Marcos Montebello

    Produo Editorial e Design Grfco

    Rosana Guter NogueiraProduo GrfcaLuiz Ludgerio Pereira da Silva

    RevisoMarcela Maria Almeida

    SecretriasJuliana Helena Abreu LimaGabriela da Hora RangelIsis Ennes Pestana Santos

    2014

    CONSELHO DELIBERATIVOPresidente - Ten Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho

    CONSELHO FISCALPresidente - Maj Brig Int Pedro Norival de Arajo

    PRESIDENTEMaj Brig Ar Marcus Vincius PintoCosta

    Vice-PresidenteBrig Int Helio Gonalves

    2 Vice-PresidenteCel Av Lus Mauro Ferreira Gomes

    SUPERINTENDNCIASede Central

    Cel Av Pedro Bittencourt de Almeida

    ede BarraBrig Ar Paulo Roberto de Oliveira Pereira

    ede Lacustre

    Cel Int Antonio Teixeira Lima

    ISSN 0486-6274

    Jul./Ago./Set.

    4 MENSAGEM DO PRESIDENTEMaj Brig Ar Marcus Vincius Pinto C osta

    16 ARRANJOS E DESARRANJOSDA DEFESA NACIONALAfonso Farias de Souza JniorCel Int

    5 68 ANIVERSRIO DO CLUBEDE AERONUTICARedao

    10 VERDADE E NARRATIVADenis Lerrer RosenfieldFilsofo

    14 RSSIA E CHINADESTACADAS POTNCIAS NOTABULEIRO DO PODER MUNDIALManuel Cambeses JniorCel Av

    22 AS CONTRIBUIES DAPRIMEIRA GUERRA MUNDIALPARA A ARTE DA GUERRAManoel Soriano NetoCel Inf EM

    ndice

    20 O LTIMO BAILE NA ILHA FISCALLus Mauro Ferreira GomesCel Av

    12 VOCAO BOLIVARIANAIves Gandra da Silva MartinsJurista

    32 INSURREIES NO BRASILJoselauro Justa de Almeida SimesCel Inf Ex

    28 DESMORALIZAR AS FORAS ARMADASOlavo Nogueira DellIsolaCel Av

    8 NOTCIAS DO CAERA redao

    30 A VEZ DA CULTURAJeronimo MoscardoEmbaixador

    18 O TIRO DE DESTRUIOE A JUSTIA MILITARMaria Elizabeth Guimares Teixeira RochaMinistra Presidente do STM

    39 DESALOJADOS DA UTOPIACristovam BuarqueSenador

    36 O AVIO DE COMBATE FUTURO:SER ASSIM? E O COMBATENTE...Maj Brig Ar Lauro Ney Menezes

    34 COISAS DO CANBrig Ar Tarso Magnus da Cunha Frota

    40 IMPLANTAO DO GRIPEN: QUEBRDE PARADIGMAS DA FABMiguel dos Santos ClarinoCap Av

    42 DA IMPORTNCIA DO COPILOTO EMCASOS DE DESORIENTAO ESPACIALLuiz Carlos Rodriguez RodriguezCel Av

    44 BERO DA INDSTRIAAUTOMOBILSTICA BRASILEIRA,SO BERNARDO SE PREPARA

    PARA FABRICAR CAASRoberta ScrivanoJornalista

    46 OS CUSTOS DAPROSPERIDADEOzires SilvaCel Av e Engenheiro

    48 A ARTE DE BEM RECEBERTelma PenteadoAssessoria de Comunicao SocialASCOM/DECEA

    50 TRANSFORMER EMGUERRAS DO FUTURO

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    Estimado Associado do Clube de Aeronu tica,

    Temos plena conscincia de que a Diretoria do Clube deve ser totalmente voltada para prestar o melhoratendimento possvel s necessidades dos Scios. Esse atendimento implica a programao

    de atividades culturais e recreativas que contemplem as preferncias dos variados grupos sociais que se selecionampor afinidades e interesses comuns. Uns grupos so maiores, outros nem tanto, mas so todos muito importantes.

    Outro objetivo de grande relevncia continuar proporcionando instalaes confortveis e adequadas s atividadesj referidas, que tornem mais agradvel, ainda, a permanncia daqueles que nos prestigiam com suas presenas.

    Dentro desse esprito, j comeamos a recuperao de algumas facilidades da Sede Central, bem como da Sede Barra da Tijuca.

    Mas, to importantes quanto as atividades culturais e recreativas dos scios a obrigao estatutriade lhes defender os interesses e os direitos, sempre que ameaados.

    Para tanto, o Clube de Aeronutica fez, em julho de 2013, juntamente com os Clubes Naval e Militar, uma representao

    Procuradoria Geral da Repblica (ainda sem soluo, passado mais de um ano), no sentido de que a Comisso Nacionalda Verdade seja obrigada a cumprir a lei que a criou e apure, tambm, as violaes dos direitos humanos cometidas pelosmilitantes de esquerda, durante a extenso de todo o prazo previsto, e no apenas as praticadas pelos agentes do Estado, durante,somente, o perodo da Revoluo Democrtica de 31 de Maro, como se limitaram seus membros, por simples portaria interna.

    Mais uma vez, agora, o Clube de Aeronutica no pode silenciar diante de mais uma arbitrariedade dessa comisso,que, de verdade nada tem, pois procura, unicamente, reescrever a Histria, para tentar desmoralizar as Foras Armadas

    brasileiras e enfraquec-las, atribuindo-lhes as iniquidades que seus prprios correligionrios cometeram, para impedir, assim,que reajam contra o verdadeiro objetivo de rever, unilateralmente, a Lei da Anistia.

    absolutamente inaceitvel o constrangimento que vm impondo a militares idosos e, at mesmo, a vivas de algunsdeles, que vm sofrendo assdio moral impiedoso, mas, tambm, ilegal, intimadas que foram para que

    entreguem os documentos e registros pessoais de seus finados maridos. Documentos e registros esses que no serviriampara elucidar a verdade, mas para ser distorcidos e usados para coonestar a deturpao histrica em curso.

    O Clube de Aeronutica no poupar esforos para a defesa dos brasileiros que cumpriram o seu deverde defender a Ptria e a salvaram de um regime ditatorial sectrio, mas, hoje, tm suas honras

    enxovalhadas por aqueles a quem combateram e venceram.

    Maj Brig Ar Marcus Vinc ius Pinto Costa

    Presidente do Clube de A eronutica

    MENSAGEM DO PRESIDENTENOTCIAS do CAERNOTCIAS do CAER

    68 aniversriodo Clube de Aeronutica

    No dia 9 de agosto de 2014, cele-brou-se, com uma festa alegreno Salo Marechal Ivo Borges,

    na Sede Central, os 68 anos do Clubede Aeronutica. Organizou-se, ento, umbaile muito elogiado por todos, ao qual,alm de drinks e muitos reencontros,no faltou grande animao. Foi umanoite muito especial, em que se deu uma

    comemorao, ao mesmo tempo solenee aconchegante, como ocorre todos osanos, quando se festeja o aniversrio doClube. O salo, completamente cheio,abrigou, aproximadamente, quatrocentaspessoas, que viveram momentos felizes.

    O Presidente do Clube, Maj Brig ArMarcus Vincius, acompanhado de seusVice-Presidentes, o Brig Int Helio Gon-

    alves e Cel Av Lus Mauro, recebeu asilustres autoridades que compareceram comemorao.

    A festa contou com vrias atraespara empolgar os convidados. A orques-tra Tupi ag itou a pl ateia durant e a noiteinteira e as atraes principais, Ronaldodo Cavaquinho e a cantora Eimar Fon-seca, filha de Ademilde Fonseca, cantora

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    muito famosa da velha guarda da MPB,ro uxer am- nos, de vol ta lemb ran a,msicas inesquecveis, particularmente,lssicos chorinhos, que, hoje, no tm

    merecido a ateno que lhes deveria sereservada.

    Compareceram ao baile, para fazer conexo entre o passado e o futuro do

    Clube, seis Cadetes da Aeronutica, trso Exrcito e trs Aspirantes da Marinha,

    tendo sido c onvidad a a Cadete Marcell aKubischewski Dornelles, para partir obolo, em ato cerimonioso marcado porforte simbolismo.

    O evento, sem dvida, ficar namemria de todos, pois tudo ocorreucomo programado e o baile cumpriu oseu papel de congraamento dos con-vidados, enquanto comemoravam o seu68 aniversrio do Clube.

    Da esquerda para a direita:Cel Int Carlos Alberto Leite da Silva,

    Pr-Reitor de Ensino da UNIFA;Fernando Bicudo, Diretor da peraBrasil; Cel Av Lus Mauro Ferreira

    Gomes, 2 Vice-Presidente do CAER

    NOTCIAS do CAERNOTCIAS do CAER

    PERAPalestra proferida pelo artista multi-

    facetado,Fernando Bicudo. economistapela Universidade Estadual do Rio de Ja-neiro (UERJ), com mestrado em BusinessAdministration, no Canad.

    Foi Diretor do Teatro Municipal-RJ,do Teatro Amazonas (Manaus-AM), foio restaurador e Diretor do Teatro ArthurAzevedo (So Luiz-MA). Produziu e dirigiumais de trinta peras, entre elas o recordede pblico Ada, encenada na Quinta daBoa Vista, no Rio de Janeiro.

    Criou o Espao Verstil pera Brasil,projeto cultural de formao de artistasem teatro, dana clssica e popular, artescircenses, msica, etc.

    V CURSO DOPENSAMENTOBRASILEIRO

    O PENSAMENTOBRASILEIRO E O

    PODER AEROESPACIALMinistrada pelo Brig Eng Maurcio

    Pazini Brando, professor do InstitutoTecnolgico da Aeronutica (ITA) e sub-

    -diretor do Departamento de Cincia eTecnologia Aeroespacial (DCTA), comgraduao e mestrado em Engenharia Ae-ronutica e Mecnica pelo ITA, doutoradoem Engenharia Aeronutica e Astronuticapela Stanford University (EUA) e Mestradoem Gesto Institucional Estratgica pelaUniversidade Federal Fluminense (UFF).

    Membro da American HelicopterSociety (AHS) e do Conselho de Orien-tao do I nstit uto de Pesqu isas Tecnol -gicas (IPT-SP). Piloto privado de aviese helicpteros.

    Da esquerda para a direita: V AlteRicardo Antnio da Veiga Cabral -

    Presidente da ADESG; Brig Int HelioGonalves - 1 Vice-Presidente do CAER;Maj Brig Ar Marcus Vincius Pinto Costa

    - Presidente do CAER; Cel Av Lus MauroFerreira Gomes - 2 Vice-Presidente

    do CAER; Gen Div Gilberto RodriguesPimentel - Presidente do Clube Militar;

    Ten Brig Ar Paulo Roberto CardosoVilarinho - Presidente do Conselho

    Deliberativo do CAER; Maj Brig Ar RaulBotelho - Comandante do III COMAR;

    e cadetes da FFAA

    POCA DO BARROCONO BRASIL

    O Quarteto de Msica Barroca Bra-sileira ilustrou esse rico perodo artsticodo nosso Pas.

    Os msicos componentes so: Claudio

    Yabrudi (Cravo); Claudio Frydm an (Tra-verso); Mrcia Neves (Soprano) e Ten CelMd Waldo Fonseca Temporal (Violoncelobarroco).

    O Concerto seguiu na seguinte ordem:Se queres saber a causa, de Joaquim Ma-noel da Cmara (modinha imperial brasileirado sculo XIX); Sonata em Sol Maior, deFrederico O Grande, rei da Prssia (Ale-manha, sculo XVIII); Triste cousa deamar s, de Joaquim Manoel da Cmara(modinha imperial brasileira do sculo XIX);New Blumen Ambraflocken, de GeorgeFriedrich Hndel (Alemanha, sculo XVIII).

    O Curso do Pensamento Brasileiro.de 2014 teve incio em 5 de agosto

    e tem previso de trminoem 25 de novembro, coma consequente diplomao

    dos 60 participantes.

    O palestrante Marcus Tadeu Daniel possuiLicenciatura Plena em Educao Artstica com ha-bilitao em Histria da Arte (UERJ); Doutorado emHistria Social (UFRJ); Graduao no Instituto deArtes (UERJ) e Engenharia Civil (UGF).

    Pesquisador e Professor do Patrimnio Histri-co e Artstico Nacional e professor da Histria da ArteSacra na Faculdade Arquidiocesana de Mariana-MG.Coordenador do ensino de Arte no Colgio So Bento,e ainda, Metodologia Cientfica da AMPERJ.

    A ARTE BRASILEIRA NO SEC XIX O TESOUROA SER REVELADO

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    MENSAGEMDOS LEITORES

    Gen Ex Lus Carlos Gomes Mattos Ministrodo STMAgradecendo pela considerao da remessada edio n 287 da Revista Aeronutica ecumprimentando o Diretor Cultural e editordo Peridico pelo excelente trabalho, coma certeza de que ter o merecido sucesso.

    Artur Vidigal de Oliveira Ministro do STMAgradece a gentil oferta do exemplar da RAn 287, cumprimentando pela qualidade dasmatrias publicadas.

    Alte Esq Alvaro Luiz Pinto Ministro do STMAcusa o recebimento de mais uma edioda Revista Aeronutica, a de n 287, ressal-

    tando a importncia da publicao r ecebidae parabenizando pelo esmero de todos osenvolvidos.Gen Ex Odilson Sampaio Benzi Ministrodo STMAgradecendo a gentileza do envio da RA n 287,deseja continuado xito na relevante e exigen-

    te misso do Diretor Cultur al.Ten Brig Ar Jos Amrico dos Santos Ministrodo STMDirige ao seu prezado colega Diretor daRevista Aeronutica a mensagem em queacusa o recebimento do exemplar de n 287,agradecendo a gentileza do envio.Ten Brig Ar Cleonilson Niccio Silva Ministrodo STMAgradece a deferncia da remessa da RA n 287,parabenizando o Diretor Cultural pelo trabalhorealizado.Senador Renan Calheiros Presidente doSenado FederalAcusando o recebimento e agradecendo oenvio da RA n 287.

    Exma. Sra. Aspsia Camargo ProfessoraFixando sentir-se lisonjeada com o ofereci-mento do espao na RA, agradecida quanto oportunidade e esperando que o sucessoda revista cresa a cada dia.

    Ilma. Sra. Renata Fanqueiro Arajo em nome deDaniele Del Giudice Chefe da Diviso deDepsito Legal da Fundao Biblioteca Na-cional do Ministrio da CulturaAcusando o recebimento do material enviado Fundao. Agradecendo, tambm, a im-portante contribuio para a apresentaoe a guarda de produo intelectual nacional.

    NOTA DO EDITORAgradecemos as manifestaes dos leitores,estendendo nossa gratido aos colaboradores,que valorizam as nossas edies, deixando-lhesespao aberto para o envio de textos.

    Um dos principais projetos da cidade doRio de Janeiro para as Olimpadas de2016 deu um passo frente na tarde do dia5 de agosto. Em palestra especial no Clube deAeronutica, o Presidente da Companhia deDesenvolvimento Urbano da Regio do Portodo Rio de Janeiro (CDURP), Alberto Silva,apresentou o projeto para reurbanizaodo entorno da Praa XV, juntamente com oEngenheiro Joo Pedro Backheuser, autor domencionado projeto.

    O evento contou tambm com as ilus-tres presenas do P residente do Clube deAeronutica, Maj Brig do Ar Marcus VinciusPinto Costa, dos Vice-Presidentes Brig IntHelio Gonalves e Cel Av Lus Mauro FerreiraGomes, da Diretora do Museu HistricoNacional, Sr Vera Lcia Bottrel Tostes, doMaj Brig Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho- Presidente do Conselho Deliberativo doCAER e do representante do III COMAR, CelAv Mozart de Oliveira Farias.

    A Operao Urbana Consorciada darea de Especial Interesse Urbanstico daRegio Porturia do Rio de Janeiro tem,como finalidade, promover a reestruturaolocal, por meio da ampliao, articulaoe requalificao dos espaos pblicos daregio, visando melhoria da qualidade devida de seus atuais e futuros moradores e sustentabilidade ambiental e socioeconmicada rea. O projeto abrange uma rea de cincomilhes de metros quadrados, que tem como

    limites as Avenidas Presidente Vargas, Rodri-gues Alves, Rio Branco, e Francisco Bicalho.

    PROJETOPORTO

    MARAVILHANO CAER

    Da esq. p/a a dir., Cel Av Mozart deOliveira Farias; Alberto Silva, Presidente

    da CDURP; e o Maj Brig Ar MarcusVincius Pinto Costa, Presidente do CAER

    CRISTIANISMO,JUDASMO E ISLAMISMO

    Foi proferida pelo Monsenhor AndrSampaio, ordenado sacerdote em 1997,estando incardinado na Arquidiocese deSo Sebastio do Rio de Janeiro, comgrande experincia de Ecumenismo,tendo sido Secr etrio da Fr aternidade deDilogo Judaico-Cristo do Rio de Janeiroe membro do servio diplomtico da SantaS. Atuou na Tailndia, Nigria, Litunia,Letnia, Estnia e Colmbia.

    Atualmente Juiz do Tribunal da Casados Santos para os processos da Arqui-diocese do Rio de Janeiro, Capelo daConfraria de Santiago de Compostela, Pro-

    fessor da PUC-RJ e do Pontifcio Institutode Direito Cannico. Proco da Parquiapessoal de Nossa Senhora da Misericrdia(para a comunidade de lngua inglesa).

    REFLEXES SOBRE AFORMAO DO BRASIL

    Apresentada por Nelson Mello e Souza.Bacharel em Cincias Jurdicas e Sociaispela PUC-RJ, membro fundador da Es-cola Brasileira de Administrao Pblica(EBAP).

    Membro e Chanceler da Academia Bra-sileira de Filosofia, da Academia Brasileirade Cincias da Administrao e da Acade-mia Carioca de Letras. Diretor de RecursosHumanos e Planejamento da Organizao

    dos Estados Americanos (OEA).Conferencista em vrias Universidades

    do exterior e da OEA. Comendador daOrdem do Rio Branco. Conta com quatrolivros publicados.

    MULTICULTURALISMOA palestrante Major Rejane Pinto

    Costa, conta com especializao, tantopedaggica quanto em vrios temas degrande importncia no contexto do Multi-culturalismo. Considerando seu Mestrado,Doutorado, Ps-Doutorado na UFRJ, ,tambm, pesquisadora no Centro de Es-tudos Estratgicos da ESG, tem sido convi-dada a apresentar trabalhos no Brasil e noexterior sobre educao multicultural, naeducao para a paz e no ensino de lnguacom essa caracterstica. conferencistaem instituies civis e militares.

    SE DEUS MORREU,PARAONDE FOI A VERDADE?

    Marcio dAmaral, filsofo. Professormrito da UFRJ, graduado em Cinciasurdicas e Sociais pela PUC/RJ, mestradom Comunicao, Doutor em letras pela

    UFRJ. Fez ps-doutorado na UniversidadeSorbonne (Paris). Publicou 21 livros.

    Concentra-se na anlise das origensa cultura ocidental, herdeira dos para-

    igmas grego e judaico entre razo/f,losofia/cincia e religio.

    VIABILIDADE DO PLANONACIONAL DE EDUCAO

    Proferida pelo Professor Arnaldo Niskier. Jornalista profissional e imortal daAcademia Brasileira Letras. Catedrtico da UERJ; Formado pela Escola Superior de GuerraESG). Foi Secretrio de Estado de Educao-RJ.

    Detentor de vrios prmios, dentre eles, o de Educao e Cultura do ICSS.Bacharel em Matemtica pela Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras (UERJ);

    Bacharel em Pedagogia (Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras (UERJ); Doutor emEducao (UERJ).

    Da esq. p/a dir., Cel Av Lus Mauro,Brig Int Gonalves, Arnaldo Niskier

    e Maj Brig Ar Vincius

    Participantes doV Curso do PensamentoBrasileiro do CAER

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    No filme A conquista da honra, deClint Eastwood, sobre a batalha deIwo Jima, h uma cena admirvel em

    que um ex-soldado, j idoso, narra como elee seus colegas hastearam a clebre bandeiraque veio a figurar como smbolo da vitriaamericana. O filme se desdobra em tornoda veracidade daquela foto, que retratauma segunda bandeira, e no a original. Naverdade, os soldados que hastearam a pri-meira bandeira no foram os celebrizados,pois foram os substitutos que apareceramcomo os verdadeiros protagonistas, em ummomento j tranquilo de batalha.

    Do ponto de vista da opinio pblica,no importa, foram eles que se tornaramheris, embora no tenham cometido

    nenhum ato heroico. A foto, quando publi-cada em todos os jornais da poca, teve umefeito fulminante, suscitando uma adesoaos valores americanos e uma campanhaque, ento, se fortaleceu de arrecadaode fundos de guerra.

    O veredito do velho soldado foi cer-teiro: Naquele dia os EUA vencera m aguerra. Mesmo se os fatos no se encai-xavam na foto, nada disto cont ava, pois omais relevante foi a construo da narrativaque, assim, se imps. O velho soldado foialm e fez outra observao, igualmentecerteira. Na Guerra do Vietn, quando dapublicao pelo mundo afora da foto domilitar vietnamita que estourou os miolosde um guerrilheiro vietcongue, os EUAperderam a guerra.

    No interessa a narrativa militar de queos comunistas no venceram nenhumagrande batalha. O negociador vietnamita dotratado de paz, quando ouviu dos negocia-dores americanos que o Vietnam no teriaganho nenhuma batalha, simplesmenterespondeu que no era isto que importava.Eles venceram, sim, a batalha da opiniopblica. Foi a sua narrativa que prevaleceu.

    A Comisso da Verdade em nossopas, embora no tenha pro duzido nenhumafoto relevante, est procurando impor asua narrativa do que foi o regime militar. Ocompromisso com a verdade desapareceem proveito de uma estria, que procura

    Verdade enarrativa

    Denis Lerrer Roseneld

    Professor de Filosoada Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    guardar distncia da verdadeira histria.A narrativa que procuram construir a dosderrotados na luta armada que tentam,agora, impor a sua verso, como se averdade pudesse ser um instrumento aser manipulado sob a forma da mentira.

    Os combatentes que tinham o obje-tivo de instalar no Bra sil uma ditadura doproletariado, nome da poca da ditaduracomunista, se tornam os lutadores daliberdade, da democracia, apesar de noterem compromisso nenhum com essesprincpios e valores. O comunismo eraa sua meta. Marighella, um stalinista deestrita observncia, se torna um democra-ta. No h nar rativa verd ica que resist a! como se os brasileiros fossem idiotas!

    Fiel a essa narrativa de cunho ideo-lgico, a Comisso da (In)verdade editoua Resoluo n 2, restringindo o escopode sua investigao aos atos cometidospelos agentes de Estado, principalmenteos militares. como se os guerrilheiros,que assim se chamavam poca, fosseminocentes, meras vtimas, que no teriamcometido nenhum crime. Note-se que a leique criou a Comisso da Verdade estavavoltada, muito justamente, para uma in-vestigao isenta de todos os envolvidosem crimes durante o regime militar. Nomomento em que h essa restrio eunilateralidade, a verdade mesma que deixada de lado. Qual credibilidade pode,ento, ter uma comisso que prima pelaparcialidade e que emprega a verdadesomente enquanto termo que pode sermanipulado ideologicamente?

    A narrativa assim construda temcomo finalidade absolver, a priori, um doslados e condenar o outro. A suspeita selana contra todo o seu trabalho. Evite-mos aqui qualquer mal-entendido, poiso desprezo da verdade faz com que osseus agentes fujam de toda crtica, comose fosse ela a parcial! evidentementenecessrio investigar a tortura, da maiorimportncia que um pas tenha a memriade sua prpria histria.

    Para isto, porm, igualmente neces-srio que tenha iseno, a iseno de uma

    investigao verdadeira, que contempletodos os crimes come tidos pela esquerdaarmada, assim como exponha a sua con-cepo totalitria, de desprezo profundopela democracia e pelas liberdades. Ima-ginem historiadores dentro de 30 anos, porexemplo, fazendo uma verdadeira pesquisa.Ficaro certamente embasbacados com oprimarismo ideolgico desta comisso. Oseu trabalho de nada lhes valer e tero derecorrer s fontes primrias.

    A presso que essa Comisso da (In)verdade est exercendo sobre as ForasArmadas tem a inteno explcita deintimid-las, forando-as a reconhecer a suanarrativa, a sua verdadeira mentira hist-rica. Se as Foras Armadas derem o seu

    aval, a sua narrativa se impor e a esquerdaarmada derrotada sair como a verdadeiravitoriosa. O caminho estaria, ento, abertopara a reviso da Lei da Anistia, objetivoltimo dessa Comisso, embora fuja doslimites; mesmos da lei que a instituiu.

    No esqueamos de que as ForasArmadas, ao bancarem a anistia, tendose tornado guardis de todo o perododemocrtico que se seguiu, fizeram todoum trabalho interno de depurao. A linhadura foi dizimada internamente e carreirasforam prematuramente abreviadas. Se hou-ver uma reviso da Lei da Anistia, todo essetrabalho estar desautorizado. A Comissoda (In)verdade est dando razo aos quepensam que a linha dura tinha razo!

    Note-se, por ltimo, que a insistnciadesta comisso na defesa dos direitoshumanos tem uma finalidade explcita, ade fugir das condies mesmas da Lei daAnistia, baseada numa suposta impres-critibilidade dos crimes de tortura. Estosimplesmente procurando uma brechalegal para agirem margem da legalida-de. Chama ainda mais ateno o fato d e osdireitos humanos serem cada vez maisinstrumentalizados, como se eles servis-sem somente para construir a narrativados derrotados militarmente, porm vivosideologicamente. Ser que as pessoasvitimadas e assassinadas pela esquerdaarmada no eram humanas?n

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    Ives Gandra da Silva Martins

    Advogado

    Professor emritoda Universidade Mackenzie, da ECEME

    e da ESG. presidente do Conselho Superiorde Direito da Fecomercio-SP e fundador

    e presidente honorrio do Centrode Extenso [email protected]

    Aedio do Decreto 8243/14 pelaPresidente Dilma, instituindo Con-selhos junto aos diversos Minist-

    ios, com funes nitidamente de imposi-o s polticas governamentais, est nanha do aparelhamento do Estado, queretende criar uma nova classe dirigenteo estilo denunciado por Djilas na A Nova

    Classe, quando o fantasma soviticoreocupava o mundo ocidental.

    Objetiva tornar o Executivo o verdadei-o e nico poder, reduzindo o Congresso

    Nacional a um organismo aclito.Tive a oportunidade de ler as Consti-

    uies da Venezuel a, Bo lvia e Equado r, pedido da Fundao Alexandre de Gus-

    mo, quando presidida pelo Embaixadorernimo Moscardo, que veiculou o textoe todas as Constituies das Amricas,om estudos de constitucionalistas de

    iversos pases.Impressionou-me a imensa diferenantre os trs textos e o da brasileira, que,o artigo 2, assegura a independnciaos Poderes.

    de se lembrar que o Poder Execut ivo,oliticamente, no representa o povo pornteiro, mas apenas sua maioria e, nosasos em que o Chefe do Executivo foileito em 2 turno, nem a maioria.

    Por outro lado, o Poder Judicirio penas um poder tcnico, sendo a Supre-

    ma Corte escolhida por um homem s, o

    Presidente da Repblica.

    A totalidade da representao popularest no Parlamento, constitudo que por representantes do povo favorveisao governo e daqueles contrrios a seusdetentores. Pode no ser o ideal, masrepresenta a vontade de toda a sociedade.

    Ora, nas trs Constituies boliva-rianas, o Legislativo amesquinhado, aoponto de, na Carta Venezuelana, poderdeclinar de sua competncia, transferindo--a para o chefe do Executivo. Os plebis-citos e referendos, nestas Constituies,podem ser convocados pelo Presidente.

    No Equador, o Presidente pode dissolver

    o Parlamento, mas, se este o destituir,dissolve-se automaticamente. Na Bolvia,a Suprema Corte eleita pelo povo, cujamanipulao pelo Executivo no difcil.

    que tais modelos conformam umsistema poltico de dois poderes princi-pais e trs poderes secundrios, a saber:o Executivo e o povo, os principais, e oJudicirio, Legislativo e Ministrio Pblico,secundrios.

    Ora, como o povo facilmente ma-nipulado, em regimes de Executivo forte,os modelos dos trs pases tm um nico

    Poder, sendo a populao facilmente

    enganada. No se pode esquecer que oculto povo alemo foi envolvido por Hitler,o mesmo acontecendo com o povo italianopor Mussolini, para no falar dos russos,nos tempos de Stlin.

    Ora, o referido decreto pretendesubstituir a democracia das urnas poraquela dirigida pelo Executivo, com seusgrupos enquistados em cada Ministrio.Se o Conselho da Comunicao Socialentender que deve haver controle da mdia,o Executivo, prazerosamente, dir que ofar, pois esta a vontade dos repre-

    sentantes da sociedade civil organizada!

    A veiculao do Decreto, em momentono qual torna-se evidente o clamorosofracasso da poltica econmica do governoDilma, obrigar um futuro Presidente, sesrio e competente, a realizar um forteajuste de contas.

    Se decidir extinguir os Conselhos, po-der ser acusado de estar agindo contra opovo, e, se os mantiver, ter dificuldadesde governar.

    Na eventualidade de ser a Presidentereeleita, poder impor seus sonhos guer-rilheiros, que ficaram claros, quando, em

    atitude de adorao cvica, na recentevisita a Fidel Castro, teve estampada suafotografia com o sangrento ditador cubano.

    isto que me preocupa, em face suapermanente proteo aos falidos governosboliviano, venezuelano e argentino, assimcomo a resistncia em firmar acordosbilaterais com pases desenvolvidos,sobre dar sinais de constante averso

    lucratividade das empresas, seja nas lici-taes, seja atravs de esdrxula polticatributr ia, indecente para um pas co mo oBrasil. Tornou, por exemplo, a Petrobrase a Eletrobras instrumentos de combate inflao pelo caminho equivocado decontrole de preos. Tal poltica sinaliza quedificilmente far os reajustes na esclero-sada mquina administrativa.

    Com os Conselhos criados, sempreque o governo tomar uma medida dema-ggica, poder dizer que a sociedade civilorganizada que a est exigindo.

    Por esta razo, de se compreendero discurso ultrapassado, do sculo XIX,de luta contra as elites, apresentado peloPresidente Lula, preparando o terrenopara medidas a favor do povo e contraos geradores de empregos, que, na suaviso, so os ricos. Por isto, tambm P utin,

    que deseja restaurar o Imprio Sovitico, para a Presidente um parceiro melhorque Obama, representante para ela daoligarquia econmica.

    Como cidado, respeitando a Presi-dente pelo cargo que ocupa em razo deuma eleio democrtica, tenho, todavia,cada vez mais receio de que o eventualrisco de perder o poder l eve seu grupo aser dirigido pelos mais radicais, que seutilizaro dos Conselhos para, definiti-vamente, semear a ciznia, na renascidademocracia brasileiran

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    RSSIA e CHINARSSIA e CHINAAformulao da recente aliana ener-gtica entre dois portentosos pases,China e Rssia, tem acarretado,omo corolrio, uma grande inquietao no

    Ocidente. O acordo para fornecimento des aos chineses, que totaliza quatrocentosilhes de dlares, indubitavelmente o

    maior compromisso da histria da Rssia eonstitui uma impactante resposta estratgicas aspiraes das duas naes.

    Analisando o significativo fato em termos

    eopolticos, este acordo permite aos russosiminuir consideravelmente a dependnciaconmica da Unio Europeia, a cujos paseso direcionadas a maior parte de sua expor-ao de gs. Para os chineses, entretanto,ignifica satisfazer as necessidades bsicascrescentes de sua proviso energtica, queeu fenomenal e acelerado desenvolvimentoconmico demanda. A pretenso da Repbli-a Popular da China abandonar gradualmen-e a utilizao do carvo, sua principal fontee energia, em favor de alternativas menosoluentes e, certamente, mais eficientes.

    Recentemente, em reunio do Conselhoe Segurana das Naes Unidas, os doisases impuseram seus vetos na resoluoendente a condenar o regime d o presidenteBashar Al-Assad, por violaes aos direitosumanos na guerra civil que vem ocorrendoa Sria. Os vetos russo e chins foramontrrios a que o governo de Damasco seja

    evado Corte Penal Internacional onde se

    retende investigar as acusaes concernen-es a crimes de guerra, em um conflito que jonsumiu aproximadamente 150.000 vidas,os ltimos trs anos.

    O crescente isolamento de Moscou porarte do Ocidente, em contrapartida, parecencontrar amplo acolhimento pelo governo de

    Pequim. O acordo elaborado com a China temugar, precisamente, quando a Rssia vistaom preocupao pelos norte-americanos, e,e maneira anloga, com os europeus, devidoescalada da crise que vem ocorrendo na

    Ucrnia. Faz-se mister ressaltar que o repre-entante chins na ONU se absteve de votar

    Manuel Cambeses Jnior

    Cel [email protected]

    Membro emrito do Instituto de Geograa eHistria Militar do Brasil, membro da Academia deHistria Militar Terrestre do Brasil e conselheiro do

    Instituto Histrico-Cultural da Aeronutica

    no pleito que buscava impugnar o referendoindependentista que teve lugar na Crimeia eque determinou, por maioria, a anexao des-sa regio Rssia. Enquanto isso, os chinesesenfrentam o temor de seus vizinhos:o Japo,em especial, se inquieta com a vocao ex-pansionista do regime de Pequim nos maressituados a Leste e Sul da China.

    mu itoprovvel que o mega-acordofirmado pelo presidente Vladimir Putin coma China, no signifique o afastamento da

    Rssia de sua tradicional relao e histricaidentidade (embora parcial), com a Europa. ARssia, entendida como um gigante entre doismundos, certamente continuar a ser brinda-da pelo mandatario chins Xi Jinping com um

    macio apoio sua destacada estatura comoproativa atorano concerto das naes. A ideiada Rssia inacabada, isto , aberta a todosos progressos, parece ser uma constante naesteira de sua evoluo histrica. Convmrecordar que entre os rusos convivem, desdesempre, duas tenses centrais em sua pr-pria perspectiva, em relao ao seu papel nomundo:trata-se de um pas europeu? Ou, emrealidade, uma ponte entre a Europa e a sia?

    No menos relevante outra evidncia de

    sua histria: lamentavelmente, a Rssia dei-xou escapar de suas mos movimentos comoo Renascimento e a Reforma, quando diversastransformaes, em uma multiplicidade dereas da vida humana, assinalaram o final

    da Idade Mdia e o incio da Idade Moderna.Da, a imperiosa necessidade do surgimentodo benfazejo salto para adian te, sabiamentepreconizado por Pedro O Grande, que abriu asjanelas da Rssia para o mundo, tradicional-mente introvertida e autossuficiente, dandoum passo gigante com a implementao deeficientes aes nas reas poltica, econmi-ca, social, e cultural do pas.

    Convm lembrarmos que a alianarusso-chinesa deve ser lida e entendida em

    perspectiva histrica. Contrariamente ao quese costuma pensar, as duas superpotnciascomunistas estiveram muito prximas de umaconfrontao militar direta. A frico geopo-ltica ocorreu em 1969, com o surgimento de

    um conflito fronteirio, desbordando para umasrie de confrontos armados entre a UnioSovitica e a Repblica Popular da China, queocorreu no znite da ruptura sino-soviticados anos 1960, causada pela competio en-tre os dois modelos de comunismo. A possede uma ilha existente no rio Ussuri, chamadaZhenbao pelos chineses e Damansky pelosoviticos quase levou os dois pases a umaguerra de consequncias imprevisveis.

    A liderana e a viso estratgica de

    estadistas norte-americanos do porte deRichard Nixon e Henry Kissinger permitiramcompreender que a China, temerosa de serengolfada pelo poder do imprio sovitico,constitua, em realidade, um importante ator

    destacadas potncias no tabuleiro do poder mundialcentral no futuro e, desse modo, o governoestadunidense reativou as relaes comPequim, a partir de 1972. A aliana RichardNixon/Henry Kissinger e Mao Ts Tung/ChouEn-Lai, obviamente, tinha por objetivo contero expansionismo sovitico e, felizmente,permitiu alcanar, ao longo da dcada de1970, a dtente entre os Estados Unidos e aUnio Sovitica.

    Na atualidade, os permanentes inte-resses do Ocidente deveriam levar os seus

    prceres a pensar com realismo e buscar,a exemplo de Nixon e Kissinger, as oportu-nidades entre realidades existentes no novocenrio mundial.

    Esta compreenso, deveria partir daconstatao de uma realidade inapelvel:Rssia e China so, em termos histricos,naes que assumem a si mesmas, comograndes potncias e importantes atorescentrais do processo poltico global. Tantoem Moscou como em Pequim, a cpula dospoderes entendem, de forma obstinada, queo papel principal de ambos os governos devolverssuas naes a liderana mundialdo passado.

    A recuperao do orgulho nacional ea grandeza perdida constituem o ponto departida da agenda estratgica dos prceresrussos e chineses. O mundo occidental devecompreender e aceitar o desejo de ambos,como potncias histricas, e, em especial,entender que na atual etapa do capitalismo

    global, a Rssia e a China esto destinadas adesempenhar um papel decisivo no curso dosacontecimentos mundiais. Ou seja, tero obri-gatoriamente de se acostumar ao regresso deambas ao primeiro plano do cenrio mundial.

    Rigorosamente, em termos geopolti-cos, o que mais deveria inquietar o Ocidenteno o impactante avano das potenciasno-ocidentais, e sim o seu prprio retro-cesso, em termos relativos, no tabuleiro dopoder mundial. A Histria, sistematicamente,tende a penalizar aos que no compreendemsuas tendncias mais profundas.

    Historia Magistra Vitaen

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    ARRANJOS E DESARRANJOS DADEFESA NACIONALAfonso Farias de Souza Jnior

    Cel Int / Prof. [email protected] P

    ara ficar somente na Amrica doSul, observe que a Venezuela passapor dificuldades de governana e

    governabilidade. A Argentina esfora-separa no catalisar a crise socioeconmi-ca latente, mas que dificilmente podercont-la. A liberao da venda da maco-nha no Uruguai uma incgnita, quaisefeitos podero advir?

    No Brasil, os problemas da Petrobras(prejuzos/gesto e possveis fraudes) e da

    Eletrobras (prejuzos/gesto) tambm jpreocupam, alm das questes da inflao, ausncia de infraestrutura logstica e sreclamaes direcionadas educao,

    segurana pblica, rea de sade e mobilidade /transporte.

    Como se pode perceber, h incertezascrescendo progressivamente. A Europa eos EUA esto sempre monitorando nossospassos, alinhamentos e tendncias.

    Para estranheza de todos, a DefesaNacional ainda configurada (o discurso de integrao e de uma indstria dual, mas aprtica ainda no confirma isso) como peaisolada no desenvolvimento brasileiro, com

    raras excees. No entanto, a geopolticahodierna, a extenso territorial, as fronteirase a proteo biodiversidade, aos minriose demais riquezas exigem alerta e vigilncia

    continuadas, com talentos e instrumentali-zao oramentria compatveis.

    A Amaznia e o Pr-Sal so preocupa-es concretas. Contingentes das FFAA jforam deslocados para a Regio, mas aindah um abismo logstico e operacional a serimplementado. Quanto ao Pr-Sal, notriaa cobia internacional direcionada explo-rao do combustvel fssil naquela rea.

    Proteo e vigilncia eficazes deman-dam sistemas, equipamentos, materiais

    especficos, talentos, remunerao dosprofissionais e oramento compatvel. OSisfron, o Sivam, o Prosub, o ProgramaFX-2 e outros requerem materiais e equi-

    pamentos sempre atualizados moderni-zados e revitalizados para que o Estadoe a sociedade brasileiros possam contarcom um aparato de Defesa compatvel,mas tambm eficiente e eficaz.

    As FFAA aparelham-se, mas aindamuito aqum daquilo que deveriam sere longe das necessidades especficas eprioritrias, conforme estabelecido nosplanos de cada Fora Singular.

    A eficcia da nossa proteo, em

    termos de Defesa, per passa por pessoaspreparadas, motivadas e satisfeitas coma profisso que escolheram. Atualmente,a educao nas FFAA ainda consideradacomo referncia e de excelncia, no en-tanto, a cada ano fica mais difcil fazer agesto do ensino tcnico-profissional comtamanha escassez de recursos.

    Relativo motivao e satisfao,como permitir que as FFAA continuema manter uma forte evaso de oficiais epraas causadas pela defasagem salarial?O mundo aponta para srios distrbiossocioeconmicos em curto e mdio prazose os militares j vivem essa crise remune-ratria h tempos. Por que no equipararo salrio dos militares aos nveis daquelesj existentes no Poder Executivo?

    Urge dotar o Brasil de poderio militarque desencoraje qualquer iniciativa estran-geira de avanar sobre a costa, o espaoareo ou o territrio brasileiros. Imporrespeito sem entrar em combate dissu-aso. Para isso so necessrios recursossuficientes e continuados e instalaese equipamentos presentes em todos ospontos crticos do territrio (terra e mar),capazes de detectar qualquer alvo hostil eter a possibilidade de rapidamente verificar/

    atingir eventuais aes ilegais/clandestinas.Antigamente, era fundamental ter

    soldados em nmeros superiores ao ini-migo, assim como mais bem equipados etreinados. Hoje, o que impor ta educar etreinar efetivos para que cheguem inst an-taneamente rea de con flito e resolvamcirurgicamente o problema. As novasbatalhas exigem prontido das Forase logstica avanada e moderna parasuport-las nofront. Vale lembrar aqui asdimenses terrestres, areas e costeiras doPas. A tudo isso se acrescente a t elemticae o ciberespao, lcus virtual de combate.

    Finalizando, o Estado deve esforar-se,de imediato, para elevar para 2% doPIB nacional o oramento de Defesa.O Brasil vai precisar desse arranjo or-amentrio-financeiro para estruturaras instituies envolvidas no sentido defacear possveis enfrentamentos quepodero se estabelecer em curto e mdioprazos. A anlise de programas e projetosestratgicos da Marinha, do Exrcito eda Aeronutica, seu papel nos mbitosda Poltica Nacional e da Estratgia Nacio-nal de Defesa, bem como os requerimentospara sua implementao devem acontecerde forma regular e continuada. Os riscos,hoje, so reais. Nada fazer contribuir c omos abutres de planto e com a irrespon-sabilidade daqueles que esto nos cargosmaiores desta Repblican

    O mundo est envoltopor uma mar de

    distrbios nos Estadosnacionais, assim como

    existe uma onda

    de insatisfaes nasdemocracias pouco

    republicanas ou cidads.

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    O TIRO DE DESTRUIOE A JUSTIA MILITAR

    Maria Elizabeth Guimares Teixeira Rocha

    Doutora em Direito Constitucional pelaUniversidade Federal de Minas Gerais. Mestre

    em Cincias Jurdico-Polticas pela UniversidadeCatlica Portuguesa. Ministra-Presidente do

    Superior Tribunal Militar. Professora Universitria.

    [email protected]

    Oabate da aeronave civil da MalaysiaAirlines por um mssil, que matou 298inocentes; grandes eventos que se

    realizaram e sero realizados no Brasil, comoa Copa do Mundo, o encontro dos Brics, aUnasul e as Olimpadas 2016, trouxeram tona uma questo pouco cogitada entre ns:o tiro de destruio, a merecer tratamentoespecfico e aprofundado.

    Situao muito explorada nas produeshollywoodianas, a utilizao de aeronaves parafins diversos do previsto, passou a ser realidade.

    Compreendendo a grave situao de ris-co do espao areo brasileiro, a Lei n 9.614,de 1998, incluiu o pargrafo terceiro ao art.303 do Cdigo Brasileiro de Aeronutica paraindicar hipteses em que aeronaves podemser abatidas.

    A normativa estabeleceu as diretrizespermissivas destruio de avies quedescumprirem as medidas coercitivasdeterminadas previamente pela autoridade.Todavia, o regramento legal no desceu smincias, fazendo-se indispensvel que umdecreto presidencial fosse editado. O Decreton 5.144, de 2004, definiu os procedimentosa serem seguidos com relao a aeronaveshostis ou suspeitas de trfico de substnciasentorpecentes e drogas afins.

    Segundo o Decreto, diante de situaesde ameaa segurana pblica revela-se im-perioso o atendimento do seguinte protocolo:adoo de medidas coercitivas de averigua-o; posteriormente de interveno e, emseguida, de persuaso, de forma progressivae sempre que o ato anterior for incuo.

    Inicialmente busca-se o reconhecimentoda aeronave. Nesse momento, a equipe deinterceptao tenta o contato com o aero-motor suspeito por meio de comunicaovia rdio ou sinais visuais, de acordo comas regras estabelecidas internacionalmentee de conhecimento obrigatrio.

    Caso a aeronave suspeita permaneadesobediente, a equipe de interceptao de-termina a modificao da rota, com o fito deforar o pouso para ser submetida inspeode controle no solo.

    Permanecendo recalcitrante, sero dis-parados tiros de advertncia, com muniotraante, sem, contudo, a ting-la.

    Acaso todo esse trmite reste infrut-fero, o aeromotor ser considerado hostil,

    autorizando-se, como derradeira medida, oabate. Urge assinalar que tal recurso somentepoder ser utilizado como derradeiro, aten-didos todos os procedimentos prvios paratentar prevenir a perda de vi das.

    O Decreto elenca, outrossim, os con-dicionantes a que a destruio deve sesubmeter: I) emprego dos meios sob controleoperacional do Comando de Defesa Aeroes-pacial Brasileiro- COMDABRA; II) registro emgravao das comunicaes ou imagens daaplicao dos procedimentos; III) execuopor pilotos e controladores de Defesa Areaqualificados, segundo os padres esta-belecidos pelo COMDABRA; IV) execuosobre reas no densamente povoadas erelacionadas com rotas presumivelmenteutilizadas para o trfico de substncias en-

    torpecentes e drogas afins; e V) autori zaodo Presidente da Repblica ou da autoridadepor ele delegada.

    A despeito de o Brasil no possuir qual-quer divergncia poltica ou religiosa quepossa gerar preocupao da ocorrncia deataque semelhante, devemos levar em consi-derao que a globalizao, e o progressivodesenvolvimento ocorrido com o passardos anos, inseriu o pas de maneira maisexpressiva no cenrio poltico-econmicointernacional, passando a ser palco de im-portantes eventos, encontros e reuniesdos quais participam Chefes de Estado e deGovernos diversos, demandando uma maiorpreocupao com a segurana interna danao e de seus visitantes.

    Exemplos recentes foram a Copa doMundo 2014, ocorrida durante os dias12/6/2014 e 13/7/2014, a reunio do Brics(grupo formado pelo Brasil, pela Rssia,ndia, China e frica do Sul), realizado nosdias 14 e 15 de julho, em Fortaleza, e no dia16, em Braslia, e a Reunio de Cpula Brasil--China-Quarteto da Celac-Pases da Amricado Sul-Mxico, onde se reuniram os chefesde Estado e Governo de Antgua Barbuda,da Argentina, da Bolvia, de Cuba, do Chile,da Colmbia, de Costa Rica, do Equador, daGuiana, do Mxico, do Paraguai, do Peru, doSuriname, do Uruguai e da Venezuela.

    Na oportunidade, no s devido im-portncia dos eventos e dos participantesenvolvidos, mas, principalmente, em funoda necessidade de uma atuao especializada

    para a garantia da segurana, a presidenteDilma Rousseff, pelo Decreto n 8.265, de11 de junho de 2014, sem revogar o Decreton 5.144/2004, delegou ao Comandante daAeronutica, uma vez mais, a competnciapara autorizar a aplicao do tiro de des-truio de aeronave prevista no 2 do art .303 do Cdigo Brasileiro de Aeronutica,asseverando, ainda, que uma Portaria daqueleComando regulamentaria os procedimentos aserem adotados para a hiptese de abate, noperodo de 12 de junho a 17 de julho de 2014.

    Para tanto, a Portaria n 941-T/GC3, de12 de junho de 2014, com vigncia excep-cional e temporria, oriunda do Comando daAeronutica, reforou os passos a serem se-guidos com relao s aeronaves suspeitasou hostis, j previstos pelo Decreto. Estavam

    elas sujeitas s mesmas medidas coercitivasde averiguao, interveno e persuasoestabelecidas pelo Decreto n 5.144/2004e reiteradas na mencionada Portaria.

    Dessa forma, a aeronave seria consi-derada hostil e estaria, por consequncia,sujeita destruio somente quando ascoercitivas mostrarem-se impraticveis,em razo do contexto e da ameaa. Cumpreesclarecer que, diferentemente do que assi-nala o Decreto 5.144/2004, que autorizava aexecuo somente em locais desabitados, oabate, durante o Mundial, passou a ser per-mitido tambm sobre reas densamente po-voadas, observando-se o dever de proteo.

    Por ltimo, a competncia para julgaros crimes dolosos contra a vida cometidoscontra civis em aes militares relacionadas abordagem e eventual abate de aeronavespassou para o foro castrense, cabendo, desdeento, Justia Militar da Unio, process-lose julg-los a teor da Lei 12.432/2011.

    Neste panorama, conclui-se pela realnecessidade de a matria ser analisada porrgo judicante especializado, o que ocasio-nou a alterao legal, anteriormente deferidapara Justia criminal comum.

    Nesses termos, diante do atual contextosocial, h de se ressaltar a essencialidade d aJustia Militar que, a despeito de ser a maisantiga do Brasil, mostra-se adequada na tra-tativa de casos atualssi mos e hoje a maisespecializada e preparada para o resguardoda regular atuao das Foras Armadas na

    defesa da soberania e segurana nacionais n

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    Quem, do privilegiado deque do Clubeda Aeronutica, distraidamente,vir, entre um aperitivo e outro, o

    elssimo castelo edificado na Ilha Fiscal,ificilmente se lembrar das pessoas,gualmente alegres, que, bailando emeus sales, no perceberam as nuvensegras que se formavam sob os cus do

    mprio. Da mesma forma, o squito deoo Goulart, na sua farra subversiva, noe deu conta dos indcios agourentos que

    he prenunciavam a derrocada.Passados cinquenta anos, nova leva

    e traidores e agitadores subversivos, pro-motores do caos, destruidores de valores,urtadores dos bens pblicos e privados,surpadores do poder, disseminadores da

    misria e da escravido de seu povo, noislumbram que se esgotou o seu tempo.

    Nunca a quadrilha que assaltou o governo assalta o Brasil esteve to perto de ser

    Lus Mauro Ferreira Gomes

    Cel Av

    2 Vice-Presidente do Clube de Aeronutica

    Membro da Academia Brasileira de Defesa

    defenestrada do poder, pela via eleitoral,como agora.

    Apesar disso, as coisas no so tofceis. A capacidade de manipulao dosagentes do governo ilimitada. Infiltram-sepor toda a administrao do Estado e tmcontrole sobre quase todos os agentes dostrs poderes, em todos os nveis. Condicio-nam, tambm, os meios de comunicao,os institutos de pesquisa e, at mesmo, osempresrios que, por medo ou em trocade facilidades imediatas, financiam oscomissrios que os destruiro e os subs-

    tituiro quando deles no mais precisarem.Quem no viu a forma como, recente-mente, fraudaram as pesquisas eleitorais?Primeiramente, inflacionaram as intenesde voto da candidata Marina Silva e criaramuma aparente polarizao entre as duaspostulantes, com fortes indcios de queMarina estaria tecnicamente empatadano primeiro e venceria no segundo turno.Com isso, pretendiam desidratar a candi-datura de Acio Neves, pela migrao dealguns de seus eleitores para a opo que,supostamente, se figurava mais vivel, de-

    sesperados que estavam por se livrarem daadministrao predatria do PT. Ainda quepertena a outra gerao de mente maisaberta, a contaminao de sua candidaturapela rejeio de seus correligionrios, ospetistas de gravata, Fernando Henrique eJos Serra, facilitou o sucesso da manobra.

    Logrado o intento, mais uma vez,lograriam os eleitores. Com Acio Nevesconsiderado fora da disputa por quase to-dos, era preciso diminuir o mpeto da can-didatura de Marina, para privilegiar quemlhes compra as pesquisas com o dinheiro

    do contribuinte. Sem nenhum fato polticoque pudesse explic-lo, as avaliaes po-sitivas do governo comearam a crescer,acompanhadas da subida das intenesde voto da candidata Dilma Vana Rousseffe a queda daquelas de Marina, apesar defatos recentes, como o aumento da taxade desemprego noticiada pelo IBGE e orebaixamento da classificao de risco danossa economia pelo Moodys InvestorsService, ademais de todos os ndiceseconmicos que no param de piorar.

    altamente sugestivo que as indica-

    es do crescimento da candidatura deDilma e de que, agora, ela se aproxima davitria no segundo turno tm por objetivocapturar os eleitores (maus eleitores) quegostam de sufragar os vencedores, e, maisadiante, coonestar eventuais fraudes noprocesso eleitoral.

    E no nos venham dizer que as urnasso inviolveis. No so! Alm de tudoo que se fala sobre elas, todos sabemosque a fraude existe em todos os serviosbancrios eletrnicos e que os melhoresservios de informaes do mundo soinvadidos por hackers amadores, apesarde, nesses casos, no se medirem esforospara imped-lo. Por que, somente as nossasurnas eletrnicas seriam imunes?

    E o que dizer da Justia Eleitoralde um Pas, em que o Tribunal de maiselevado grau, suposto guardio da lisuradas eleies, presidido por um militantepoltico, de formao profissional e isen-o sabidamente duvidosas, para dizer omnimo, oriundo das hostes partidrias dogoverno? A sabedoria popular, to valori-zada pelos polticos governistas, o definecomo colocar a raposa para tomar contado galinheiro.

    O que mais nos causa estranheza queningum fala sobre isso. Parece que todosaceitam no sabemos se por medo, con-venincia ou outras razes inconfessveis os maiores absurdos sem reao, comose fossem inevitveis.

    Mas irrelevante se a candidata Dilmavence ou perde as eleies. O encanto quecegou os brasileiros menos lcidos durantetanto tempo desapareceu. Oatual reinadodo PT terminou. Mas o fantasma que nostem assombrado no foi definitivament eexorcismado.

    Perdido o apoio popular e poltico, elestentaro re tomar o poder por o utras vias.

    Se forem derrotados, incendiaroo Pas com seus braos armados, e ogoverno eleito ter de munir-se de poderesextraordinrios para combater as aesterr oris tas que desen volv ero comono se cansam de ameaar sob penade no conseguirem governar e seremsimplesmente depostos. Depostos? Para

    qu? Para a volta arrasadora do PT, coma implantao de uma ditadura de viscomunista, no interessa o nome que lhevenha a ser dado.

    Em caso de vitria, as dificuldades queo governo petista enfrentar aumentaro,exponencialmente, em funo da criseeconmica que se avizinha, da manifestaincompetncia de seus quadros partidriospara administrar o Pas, da crescente difi-culdade de comprar apoio poltico, com amaior ateno da sociedade aos desviosde dinheiro pblico e corrupo de modogeral e, sobretudo, da grande descrenapopular nos governantes petistas. Tudoindica que seria tentado, ento, um golpe deEstado para a implantao de uma ditadura

    como descrito acima, para recuperarem agovernabilidade perdida.

    Resumidamente, seja qual for o re-sultado das eleies, o PT perder podere tentar impor o objetivo to sonhado, enunca esquecido por eles, a implantaode uma extempornea ditadura do prole-tariado, embora teimem em cham- la d edemocracia, por haver eleies, sempreviciadas, e, sobretudo, muitas consultaspopulares, manipuladas pelo seu popu-lismo institucional. Lula disse que haviaexcesso de democracia na Venezuela deHugo Chvez, o leitor h de se lembrar.

    Se, por alguma razo, no consegui-rem obter, rapidamente, os poderes ditato-riais pretendidos, a subverso gramscista

    continuar e o processo levar um poucomais de tempo.

    No podemos permitir que tenhamsucesso. Confiamos em que aqueles quepodem impediro que, findo o ciclo, falsa-mente democrtico, do PT, o partido, qualFnix, ressurja das cinzas e volte a nosinfernizar por qualquer das vias.

    Vimos esperando por esta oportunidadeh 20 anos. J desperdiamos algumas con-dies favorveis por omisso de uns e preva-lncia dos interesses mesquinhos de outros.

    Se fracassarmos novamente, somenterestar o atraso, a misria e a escravido,para os nossos filhos, e, para ns, o arre-pendimento, a vergonha, e a condenaoda Histria e dos nossos netos n

    Transporte dos convidados Ilha Fiscal tendo, ao centro,a belssima Galeota D. Joo VI, embarcao a remo construda em

    1808, e utilizada pela famlia real portuguesa e brasileira em seusdeslocamentos pela baa da Guanabara. exemplar nico na Amrica

    e, atualmente, est em exposio no Espao Cultural da Marinha-RJ

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    Breve recorrncia histricaA 1 Guerra Mundial (I GM), tambmchamada, at a ecloso da II GM, de

    Grande Guerra, Guerra das Guerras,Guerra para Acabar com Todas as Guer-as, Guerra de Trincheiras e Guerra de

    Posies, teve incio em 1914, h cemnos, portanto, e, neste ano de 2014, estendo bastante revisitada por peridicos

    miditicos, especialmente jornais e revis-as. Tudo comeou com o assassinato, emSarajevo (capital da provncia austraca

    a Bsnia Herzegovina), do arquiduque herdeiro do Imprio Austro-Hngaro,rancisco Ferdinando e de sua esposa, auquesa Sofia, por um jovem nacionalista

    srvio, em 28 de junho de 1914. Tal fatofez com que o dito Imprio enviasse uminaceitvel ultimato Srvia, acusada demandante dos assassinatos, pas a quemdeclarou guerra e tentou invad-lo, em 29de julho, sendo repelido. Vrios outrosultimatos em cadeia (todos consideradosdescabidos e no aceitos) foram enviados,de pas a pas, no ms de julho, chamadode estgio de pr-beliger ncia. Em 30 dejulho, a Rssia aliada da Srvia, mximepelo sentimento do pan-eslavismo ,decreta a mobilizao militar. Dois diasdepois, em 1 de agosto, os alemes decla-ram guerra Rssia e, no dia 3, Frana,dando incio s operaes militares. No dia

    As contribuies daManoel Soriano Neto

    Cel Inf EM

    [email protected]

    4, a Alemanha invade a Blgica, um pasneutro, e, por isso, o Imprio Britnico sejunta aos Aliados, entrando no conflito.Em 23 de agosto, a vez de o Japodeclarar guerra Alemanha. No dia 1de novembro, o Imprio Turco-Otomanoalia-se ao Imprio Alemo (propugnadordo pan-germanismo) e ao Imprio Aus-tro-Hngar o. Posteriormente, em 1917, osEUA vm a participar da beligerncia, aolado dos Aliados, o que d dimensesplanetrias guerra, que, ipso facto ,se chamou de Mundial, at porque sealastrou pelas colnias dos Imprios, emoutros continentes. Assim, se formaramdois blocos ou coalizes: de um lado, os

    Aliados, integrantes da Trplice Ententeou Entente Cordiale (coalizo inicialmenteformada por Inglaterra, Rssia e Frana)e depois o Japo; posteriormente, a Itlia(em 1915) e os Estados Unidos (em1917)e mais 18 pases de menor expresso,entre eles o Brasil, se juntam TrpliceEntente. E do outro, a Trplice Alianaou Imprios Centrais: o Imprio Alemo,o Imprio Austro-Hngaro e a Itlia (que,em 1915, muda de bloco, e declara guerraao Imprio Austro-Hngaro), o ImprioOtomano e a Bulgria. Relembre-se queo Brasil, inicialmente neutro, tambmdeclarou guerra aos Imprios Centrais,em 26 de outubro de 1917, motivado peloafundamento, em guas internacionais,de vrios navios mercantes. Enviamos Europa, passando por Dakar, uma DivisoNaval de Operaes de Guerra (DNOG),uma Misso Mdica, um grupo de oficiaisobservadores e um outro, de aviadores.

    A guerra (que teve a durao de quatroanos, de 1914 a 1918) deixou um trgicosaldo de mais de 8,5 milhes de mortos,21,2 milhes de feridos e 7,7 milhes deprisioneiros de guerra e desaparecidos (da-

    dos dos relatrios dos Aliados, havendodivergncias numricas, de pouca monta,com outros apresentados por historiadoresde tomo).

    Ressalte-se, para melhor entendimen-to deste Trabalho, a grande import nciapara a conflagrao mundial (de propor-es totais e globais), ora em comento, dachamada 2 Revoluo Industria l, que seiniciou na dcada de 1880, quando ocorreu

    o amplo emprego de novas tecnologias, daeletricidade e do vapor, alm da industria-lizao do ferro, do ao e das ligas metli-cas, fato de exponencial relevncia para aindstria de material blico dos litigantes.

    Objetivo deste EstudoNo escopo deste sinttico Estudo,

    a anlise dos antecedentes, das causas econsequncias da guerra, de seu fasea-mento, dos teatros de operao, das prin-cipais frentes e manobras, das batalhas,de seus comandantes, etc, etc, tantos j ofizeram de forma percuciente e fidedigna.Desejo, to somente, trazer considera-o dos leitores, de maneira perfunctria,aspectos/fatores estritamente militaresda I GM, que muito contriburam para aevoluo da Arte da Guerra.

    Quando, h pouco, revirava os meusalfarrbios dos tempos em que fui instru-

    tor/professor de Histria M ilitar na AM AN(de 1983/87), encontrei um minuciosoe robusto plano de aula acerca da I GM,que continha excelentes registros. Estaguerra se constituiu em um magnficocampo de inovaes e provas em relaoa todas as guerras at ento travadas pelahumanidade. Ela trouxe relevantssimascontribuies para a expresso militar doPoder Nacional de todos os pases e produ-

    ziu inigualvel gama de material blico. Porisso que decidi sintetizar o referido planode sesso, a fim de repassar os principaisensinamentos para a Arte da Guerra, ori-ginados daquele conflito (um verdadeiroestgio entre a Guerra de Secesso Nor-te-Americ ana e a II GM), particular mentepara os militares. A matria ficou divididaem quatro partes: 1) Introduo; 2) Rele-vantes Aspectos Militares da Guerra; 3)Contribuies para a Evoluo da Arteda Guerra e 4) Apreciaes Finais, todasbastante imbricadas.

    Relevantes AspectosMilitares da Guerra

    a.Utilizao ampla do transporte fer-rovirio, em especial pela Alemanha, comvistas mobilizao do pas, e, posterior-mente, em operaes de guerra.

    b.Uso do transporte automvel (mo-

    PRIMEIRAGUERRAMUNDIALpara a arte da guerra

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    torizado) em complemento ao ferrovir io,avultando de importncia o emprego docaminho.

    c.Mobilizao muito bem preparada,com minucioso e prvio planejamento elarga utilizao do transporte ferrovirio,particularmente na Alemanha.

    d. Intensivos e constantes trabalhosde judiciosa preparao e ocupao doterreno (chamados, no jargo militar, deOrganizao do Terreno (OT): trinchei-ras, sapas, abrigos, posies de tiro, etc,agravados pelo uso do cimento armado,redes de arame farpado, obstculos, etc,caracterizando a prevalncia das opera-es defensivas. Da a expresso, assazutilizada, de que a I GM foi uma guerra

    de trincheiras, guerra de posies ouguerra das metralhadoras, do aramefarpado e do cimento armado. A vida nastrinch eiras, constr udas inicialm ente deforma muito rudimentar (com adobe e ga-lhos de rvore entrelaados para a escoradas paredes) ocasionou o surgimento deserssimos problemas mdico-sanitrios(que perduraram, mesmo depois que taisconstrues se aperfeioaram com oemprego do cimento armado), como o pde trincheira, por causa do frio, da lamae dos frequentes alagamentos pelas chu-vas. Elas, as trincheiras, eram infestadasde ratos e insetos peonhentos e vriasdoenas proliferavam, como o tifo cujomaior transmissor eram os piolhos , emface, principalmente, da falta de higiene,em particular nos primeiros anos da guerra,o que redundava na remoo para a reade retaguarda, de inmeros combatentes.Com o passar do tempo, as trincheiras setransformara m em sofisticadas posiesdefensivas, com a existncia de refgios(pequenos espaos para finalidades diver-sas), corredores em ziguezague, posies retaguarda, em decorrncia da concen-trao de tr opas e do t iro d e Ar tilharia emorteiros, depsitos para suprimentos emunio, setores de tiro bem instaladose com espaldes em diferentes nveis dealtitude para a realizao eficaz dos fogos(eram os chamados degraus de tiro),

    etc, etc. A maior parte dessas formidveisposies, j a partir do segundo ano doconflito, proporcionava relativas condiesde vida, havendo, nos refgios, exguosalojamentos, salas de reunio, etc. Diga-seque entre as linhas de trincheiras dos beli-gerantes havia uma grande faixa do terreno,tomada po r obstc ulos de toda nat ureza,como minas terrestres, abatizes, gigan-tescas crat eras, ext ensas linhas de redesde arame farpado, etc, e batida por fogos,em especial das metralhadoras, chamadaterra de ningum, s ultrapassada, comsangrentos sacrifcios, nas raras manobrasofensivas que os dois lados empreendiam,com a finalidade de ruptura do sistemadefensivo do inimigo.

    A Frana chegou a construir, como auxlio das engenharias civil e militar,um poderoso e muito extenso sistema defortificaes, em uma enorme frente queenglobava vrias posies fortificadas,no eixo Belfort-Epinal-Nancy-Toul-Verdun.

    e.O emprego das operaes noturnas,nas aes tticas de infiltrao.

    f.O uso intensivo, nas operaes,de meios de telecomunicaes, como ostelefones e a radiotelegra fia, alm da foto-grafia facilitada pelo emprego do avio, intensificando-se as ligaes entreos comandantes e suas tropas. Acrescen-te-se qu e por causa d os bomba rdeios sferrovias e estradas, que ocasionavam adestruio das linhas telegrficas e tele-fnicas, os pombos-correio ainda eramamide empregados.

    g.Relevncia da utilizao das metra-lhadoras, que foram incorporadas s pe-quenas fraes da Infantaria para as aesofensivas de combate (fogo, movimento eao de choque), a defesa das trincheiras, avarredura pelo fogo, da terra de ningume para as operaes de ruptura das linhasdo inimigo. Consigne-se, por ilustrao,que essas armas automticas foramempregadas, inicialmente, na Guerra deSecesso dos EEUU (1861/65) e consagra-das na Guerra Russo-Japo nesa (1904/05).Imprescindveis no curso da guerra, comoressaltam todos os historiadores militares,

    foram aperfeioadas, juntamente com osfuzis, quanto preciso, alcance e rapidezdos tiros.

    h.A utilizao sistemtica da granadade mo (inventada em 1904 e provadana Guerra Russo-Japonesa de 1904/05),artefato, poca, bastante avanado paraemprego em combate (diga-se que aps1915, muitas delas eram recheadas degases venenosos: eram as granadas degs, ou qumicas). As granadas no eramapenas as de mo: elas tambm foramacopladas aos fuzis, aumentando o seualcance de lanamento.

    i.Emprego, em larga escala e comlongas preparaes de tiro, da ArtilhariaPesada (material de grosso calibre, como

    o obuseiro de 210 mm, raiado e de car-regamento pela culatra), proporcionandoa supremacia de fogos. Foi buscada umamaior ligao da Artilharia com as Armasde Infantaria e Cavalaria. Houve a neces-sidade de aprimoramento do tiro indiretode Artilharia e dos morteiros, com a judi-ciosa utilizao de observatrios e postosde observao (PO) e o uso sistemt ico demeios radiotelegrficos de ligao/comu-nicao; e do avio, para a conduo, porvia area, dos fogos longos e profundos.Tambm advieram as Artilharias Antiareae Anticarro para se contrapor ao ainda in-cipiente emprego dos avies e dos carrosde combate (tanques) depois de seusurgimento nos campos de batalha, nosanos de 1916 e 1917.

    j.O avio, j testado de forma pioneira,como arma de guerra, na Guerra talo-Tur-ca, de 1911, foi utilizado na I GM, basica-mente, nos reconhecimentos, mapeamentodo terreno, na observao e conduo dostiros de Artil haria e na fotogra fia area.Os Aliados constituram os Corpos deAviadores que muito contriburam parao xito das operaes, mormente no finalda guerra, contra as trincheiras e posiesdefensivas fortificadas. Diga-se que nosprimeiros momentos do confronto, osdirigveis que lanavam bombas sobre asgrandes cidades; somente nos anos finaisda conflagrao, que o avio foi usado,

    de forma eficaz, nas operaes (aviaode caa e bombardeio).

    k. As operaes ofensivas forambuscadas, principalmente nos dois ltimosanos da guerra, requerendo entre outrasprovidncias, uma meticulosa mobilizao,a utilizao dos transportes ferrovirio eautomvel (como os caminhes e veculos

    menores), a disperso dos combatentes eas imprescindveis ligaes Infantaria-Ar-tilharia-Aviao. Mas mandat rio que seassinale, que a metralhadora foi oprimus

    inter paresdas armas da guerra, em es-pecial nas ofensivas do final do conflito.

    Contribuies para aEvoluo da Arte da Guerra

    a. O emprego em massa, de gasestxicos, ditos gases de combate ou ga-ses qumicos, como o gs-lacrimogneo,o gs-mostarda, o gs-ciandrico e outros,alm de agentes como o cloro e o fosgnio,visando ruptura dos dispositivos inimi-gos. Os alemes usaram os gases contraos franceses, nas duas primeiras batalhasde Yprs (batalhas de Flandres), na Blgica,em 1914 e 1915, sendo fabricadas, emconsequncia, por franceses e ingleses,as primeiras mscaras contra gases parahomens e animais. Outrossim, teve incioa evoluo tcnica da Guerra Qumica,Bacteriolgica e Radiolgica (Guerra QBR),de grande importncia futura.

    b.O advento dos carros de combate(tanques de guerra), inventados e emprega-dos, precursoramente, pelos ingleses, nasbatalhas do Somme e de Cambrai, ambasem territrio francs, nos anos de 1916 e1917, respectivamente (nesta ltima bata-lha, os carros atacaram em massa, massem uma prvia preparao de Artilharia...).

    Anote-se, por mera ilustrao, que os pri-meiros CC foram chamados pelos inglesesde tanks (tanques), um veculo blindadoque transportava gua, a fim de iludir osinimigos e a espionagem. Os primeiros tan-ques eram apelidados de machos quandoarmados com canhes e de fmeas, osque somente possuam metralhadoras e

    eram mais lentos e vulnerveis. No Brasil,foi adotada a nomenclatura francesa (charde combat, ou seja, carro de com bate, osnossos CC). Tal formidvel arma de guerra,usada nas aes ofensivas, juntamentecom a Infantaria (o binrio Infantaria-Carros) visava romper e ultrapassar astrincheiras e posies fortificadas, sem serimobilizada, particularmente pelo fogo dasmetralhadoras e pelas minas terrestres,merc de sua blindagem, mobilidade earmamento. Apesar de sua eficcia noter sido imediata, aps as batalhas citadas,com o decorrer do tempo e na medida

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    m que as blindagens se tornaram maisesistentes, o fim da guerra de trinchei-as foi decretado e, na II GM, a notvelombinao da aviao com os carros deombate foi fundamental para o sucesso dalitzkriegalem. Os carros de combate e oslindados, hodiernamente, possuem umautonomia mpar nos campos de batalha.

    c. O surgimento do lana-chamas,mpregado pelos alemes, em 1916, naatalha de Verdun, na Frana. Arma terrvelor seus efeitos destruidores e incendi-os, cujo completo xito s seria obtidouando da II GM.

    d. O advento das chamadas guerrassubmarina, com o uso dos torpedosavais, e area. O submarino foi testado,

    nicialmente, na Guerra de Secesso dosEUU (1861/65) e o avio, como arma deombate, na Guerra talo-Turca, de 1911.

    e.Ampla utilizao dos transporteserrovirio e motorizado, este em menor es-ala, conforme abordado no item 2, anterior.

    f.Racional Organizao dos escalesDiviso de Infantaria (DI), com a finalidade

    de concentrao de esforos de todas as Ar-mas; Corpo de Exrcito (CEx) e Exrcito (Ex).

    g.Instituio de um escalo de com-bate, internacional, o Grupo de Exrcitos(GEx), em face do envolvimento nasoperaes, de elevados contingentes devrias naes coligadas, visando a umcoordenado e eficiente emprego de seusGrandes Comandos. Tal escalo teve ca-pital importncia quando da II GM.

    h. Modernizao e intensa atividadedos Estados-Maiores (EM) para o plane-jamento das aes. Notveis foram a efi-cincia, eficcia e efetividade dos trabalhosdos EM francs e alemo. Anote-se que oExrcito Brasileiro muito se beneficiou comos ensinamentos trazidos pela Misso Mili-

    tar Francesa (MMF), logo aps o trmino daguerra, duran te 20 anos (de 1920 a 1940).

    i.Criao de novas tticas para ospequenos escales de combate. Destarte,foram constitudas as Companhias de Me-tralhadoras (Cia Mtr), no s Regimentos d eInfantaria (RI); surgiu o Grupo de Combate(GC), dotado de uma arma automtica,

    Bibliografia e RefernciasArte da Guerra (Ensaio) Da RevoluoFrancesa Era Nuclear; Ruas Santos,Francisco; AMAN, Editora Acadmica, 1963.Dicionrio Histrico-M ilitar, vol 61, 70 e 74;Rodrigues, Jos Wasth, publicao avulsa,sem data; Biblioteca do CDoc Ex.Seis Sculos de Artilharia; Alves, J. V.Portella; Bibliex , 1959.Doutrina Milita r (Da Antiguidade II GM);AMAN, Editora Acadmica, 1979.Planos de Aula de Histria Mili tar, do autor;Seo de Ensino A Histria Militar,AMAN (1983/87).

    tendo em vista, basicamen te, a ruptur adas linhas inimigas e as operaes de in-filtrao diurnas e noturnas; e os Pelotesde Infantaria foram reforados com peasde morteiros leves de acompanhamento.

    j.O grande avano da medicina mi-litar que tantos benefcios tem trazido,de h muito, para a cincia mdica e paraa humanidade. poca, no existiam osantibiticos, para o combate aos vrus ebactrias, as vacinas essenciais, nem umadequado saneamento bsico. Os Aliadoscriaram, ento, as Brigadas Sanitrias,com o viso de solucionar ou minimizar osgravssimos problemas provocados pelasdoenas e endemias que assolavam os queviviam nas trincheiras (ps de trinchei-

    ra, tifo, febres, disenteria, etc, alm dagripe espanhola, que grassou como umapandemia, a par tir de 1918). Tais Brigadas,aquarteladas retaguarda das posiesdefensivas, dispunham de hospitais decampanha, salas de cirurgia, banheiros,cozinhas, lavanderias, postos de desin-feco, etc, e eram integradas por pessoal

    altamente especializado em diversas reasde sade, inclusive a psiquitrica. Novosconceitos e tratamentos para problemaspsiquitricos e psicolgicos foram estabe-lecidos, como os relativos s neuroses e aoestresse ps-traumtico. Digna de nota foia incorporao de inmeros barbeiros nascitadas Brigadas, para o corte peridicodos cabelos dos combatentes e a raspa-gem de todos os pelos dos acometidospelos piolhos; eles tambm auxiliavam osenfermeiros em atividades paramdicas.Em suma, as mencionadas Brigadas fo-ram responsveis pelo fato de as baixasem combate, considerando-se apenas osAliados, superassem, pela primeira vez naHistria Militar, as motivadas por doenas

    (consoante dados levantados pelo ExrcitoFrancs) e assaz contriburam para a ma-nuteno do moral das tropas.

    l.A utilizao massiva da propaganda,em especial nas grandes cidades dos con-tendores (assinale-se, que o nacionalismoera extremamente exacerbado nos pasesem beligerncia), uma verdadeira arma deguerra, que, na II GM e posteriormen te, setornou imprescindvel para as a tividadesdas chamadas guerra psicolgica e re-volucionria/ideolgica, que reforam omoral da populao e das tropas amigas etentam minar o do inimigo. A propag anda,na I GM, tinha por objetivo maior, a sensi-bilizao da opinio pblica e dos cidados,em particular, para o alistamento militar:era a chamada conquista dos espritosou comprao das mentes, com o usorepetitivo de inteligentes e apelativos slo-gans, motes e canes militares de cunhopatritico, em que os alto-falantes foramfundamentais. Aduza-se que os mtodosusados eram to somente propagandsti-cos, bem diferentes dos adotados, na Guer-ra da Coria, pelos comunistas chineses,na cruel e desumana lavagem cerebral.

    Apreciaes Finaisa.Na I GM, que seria a guerra para

    acabar com todas as guerras, a defensivae o fogo predominaram sobre a ofensivae o movimento, surgindo a necessidade

    de modernizao dos trabalhos de Esta-do-Maior e de criao de novos escalesde combate, como anteriormente salien-tado, como o Gru po de Exrcito s (GEx).A guerra, em quase toda a sua durao,foi bastante esttica, com longos perodos

    de estabilizao das frentes, limitando-seos movimentos/deslocamentos obtenode brechas ou ao desbordamento dastrincheiras. A bat alha era linear, proc uradas brechas, da, repita-se, ser chamadade guerra de trincheiras ou de posies,sem a execuo de grandes desborda-mentos ou envolvimentos. O pensamentoalemo, segundo princpios de Clausewitz,era o do trmino da conflagrao por meiode uma batalha decisiva; a concepoestratgica francesa, cujo corifeu foi oGeneral Ptain, era defensivista,depoischamada de mentalidade Maginot, emvista da construo pelos franceses, dalinha Maginot ici on ne passera pas,aqui no se passar , ao que, maisadiante, se oporia o general De Gaulle,defensor das aes ofensivas.

    b.A I GM sofreu forte influncia de trsconflitos anteriores: a Guerra de Secessodos EEUU (1861/65), a Guerra Russo-Ja-ponesa (1904/05) e a Guerra talo-Turca,de 1911. Ela, alm d e Mundial, envolven dopases de vrios continentes, tambm foiTotal e Global. Como a Guerra de SecessoNorte-Americana, a I GM foi uma guerraTotal (alm de militar, tambm diplom-tica , econ mica , pol tica , psico lg ica,etc), abrangendo todas as expresses oucampos do Poder Nacional das naes embeligerncia e as suas populaes civis;e, outrossim, Global, no sentido espacial,

    pois foi tridimensional (terrestre, martima de superfcie e submarina , e area).

    c.Novas modalidades tticas provie-ram do conflito, em decorrncia de petre-chos de guerra nele empregados, como oscarros de combate (t anques), os avies,

    os submarinos e os torpedos, a Art ilhariade maior calibre, inclusive antiarea e anti-carro, os gases txicos, os lana-chamas,as granadas de mo, as metralhadoras,etc, alm das redes de arame farpado edo cimento armado, como j descrito,abrindo novos horizontes para a Arte daGuerra. Igualmente, de fundamental rele-vncia, foram as aes benemerentes ede misericrdia, das Brigadas Sanit rias,tra zen do sig nif ica tiv o ava no par a amedicina militar e a cincia mdica e asintensas atividades de Propaganda.

    d. Como arremate, gostaria de citaro notvel historiador britnico, ArnoldToynbee, que sintetizou, em uma afirma-o, qual foi a incontestvel mudanageopoltica advinda da I GM: O maioralcance da I GM foi a transferncia doPoder, da Europa, para os Estados Unidosda Amrican

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    DESMORALIZAR AS FORAS ARMADASE

    m meu artigo, intitulado Comissoda Verdade ou s Retaliao? euafirmei: ...Se os membros, desig-

    nados para compor a Comisso Nacionalda Verdade, buscarem, de fato, a verdade,eles iro cumprir muito bem a sua honrosamisso. E a Ptria, certamente, ficaragradecida.... As Foras Armadas doBrasil tm tradio de tratar com dignidadeseus eventuais prisioneiros, como j pre-

    conizava Caxias, o general dos generais. Atortur a inaceitvel em qualquer situao.Ao contrrio das sangrentas revoluesocorridas na Argentina, no Chile, em Cubae em outras partes do mundo, a revoluode 31 de maro de 1964, por exemplo,quando o General Carlos Lus Guedes,quebrando a disciplina e a hierarquia,mas cumprindo seu sagrado juramentode defender a Ptria com o sacrifcio daprpria vida, e sem pleitear nada para si,liderou o movimento para a destituiodo Presidente Joo Goulart, que vinhaadotando medidas contrrias s tradiesdo Brasil, no houve uma execuo sequer,feito, certamente, indito na Histria dospovos. Mortes ocorreram posteriormente,quando pequenos grupos, de ideologiacontrria aos governos militares que entose sucederam, e por isso, insatisfeitos, serebelaram.

    Moos e moas, jovens e estudantesem sua maioria, certamente bem-intencio-nados em sua tica particular afetada porextremo fanatismo, abandonaram seus la-res, suas escolas, seus amigos, adotaramfalsas identidades e, na clandestinidade,ignorados at por suas prprias famlias,comearam a afrontar o Governo comatos de sabotagem, seqestros, assaltose atentados.

    Curiosamente, rejeitando os pre-sidentes militares do Brasil, inegavel-

    mente patriotas, honestos, dedicados ebem-intencionados, os jovens rebeldesbrasileiros nutriam, ao mesmo tempo,excepcional admirao por Fidel Castro eno desaprovavam sua sangrenta ditadura.Reprimidos nas grandes cidades, os rebel-des comearam a se reagrupar, mais tarde,na regio do Araguaia. Possivelmente,pretendiam criar no serto um territriolivre, certamente com o apoio de pases

    comunistas, onde pudessem se fortalecere estabelecer uma fora de libertao.Mais uma vez as Foras Armadas e, prin-cipalmente o Exrcito, foram acionadas.Preparados prioritariamente para a defesado Pas contra inimigos externos, os mili-tares brasileir os no gostam de com baterseus irmos. Contudo, no lhes permitidaescolha. Tm de cumprir o dever. Na regiodo Araguaia, a desproporo de foraspoderia dar a impresso de que a tarefados militares seria fcil. Entretanto, em-bora em menor nmero, os rebeldes eramdispostos devido a seu fanatismo. Semexpor seus homens, as Foras Armadaspoderiam empregar avies, bombardearmaciamente a regio e aniquilar os rebel-des rapidamente. Contudo, para no atingira populao inocente e nem os rebeldes,no o fizeram. Os militares optaram porcombater nas mesmas condies dosrebeldes, com armas convencionais,localiz-los e captur-los. Por isso, aoperao se desenvolveu mais lentamentee com mais riscos para os militares. Aofinal, como no poderia deixar de ser, asForas Armadas desalojaram os rebeldes,mas, lamentavelmente, ao custo de muitasvidas, de ambos os lados.

    Finda a guerrilha do Araguaia, ensa-rilhadas as armas, ainda sob o governomilitar decretada a Lei da Anistia que,em muito maior proporo, atende aos

    ex-rebeldes que, asilados ou vivendo naclandestinidade, ou presos, passam adesfrutar de total liberdade, sem nenhumarestrio. Restabelecida a plena democra-cia no Pas, eis que surgem grupos inte-ressados, inicialmente, em obter do Estadoo reconhecimento de que determinadosrebeldes, considerados desaparecidos,que, por ltimo estiveram presos, detidosou conduzidos sob a responsabilidade do

    Governo, foram mortos, e de que seusfamiliares fazem jus a indenizaes. Nemos familiares dos pracinhas da FEB, mortosem ao na Itlia, haviam sido contem-plados! Como pode algum que, delibe-radamente, infringiu as leis vigentes e foipreso, e que supostamente morreu quandose encontrava sob a responsabilidade doEstado, merecer indenizao? Curiosa elamentavelmente, essa comisso, supos-tamente de alto nvel e im parcial, em seuperseverante esforo de busca de novosnomes, ignora, deliberadamente, nomesde militares e de policiais que, no cumpri-mento do dever, foram, comprovadamente,mortos por rebeldes. Essa comisso,tambm, ignor a nomes de civis inocentesque, acidentalmente, foram mortos ematentados terroristas.

    Quanto aos membros da ComissoNacional da Verdade, lamentavelmente elesno agem com iseno. Constantemente,fazem gravssimas acusaes a militares,da prtica de atos de torturas e de assas-sinatos, no devidamente comprovados.Tais acusaes, publicadas com destaquepela imprensa em geral, criam em todosos jovens brasileiros, civis ou militares,um sentimento de repdio a todos os in-tegrantes, da ativa ou na inatividade, da sForas Armadas do Brasil. Parece que talComisso tem, como nico objetivo, tentardesmoralizar as Foras Armadasn

    Olavo Nogueira DellIsola

    Cel [email protected]

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    H 40 anos, quando iniciei minhaparticipao nos trabalhos da entoAlalc (Associao Latino-america-

    na de Livre Comrcio), como secretrio

    da delegao do Brasil, pude observar umentusiasmo integracionista somente entretcnicos int ernacionais e os membros dealgumas delegaes.

    Hoje, o panorama muito distinto.Os governos parecem empenhados e pro-fundamente comprometidos no trabalhointegracionista, dispondo de calendrio edata para a culminao do processo. Masno vislumbro, no vejo, nem perceboentusiasmo pela integrao por parte denossos povos, de nossa cidadania, dehomens e mulheres, em Montevidu, emBraslia, ou So Paulo, ou Rio de Janeiro,em Buenos Aires, ou em Assuno.

    A que atribuir essa falta de entusias-mo? Em certos pases ou regies h, oque pior, temor ou at pnico em rela-o aos compromissos integracionistas.

    Fala-se da necessidade de mercado,e no de naes, de consumidores, e node cidados. As preocupaes, at opresente, tm sido estratgico-militarese econmicas. O homem tem sido vistosomente como soldado ou como diplo-mata na rea clssica da guerra e dapaz, ou como consumidor de produ tos eservios na esfera da economia.

    Se assim no mbito de cada nao,com muito mais razo verificamos no ter-reno da integrao dos pases. O exemplomais acabado da integrao na Europaocidental no mais que aparncia.

    No podemos deixar de reconhecerque as motivaes mais profundas daComunidade Europeia do Carvo e doAo, no princpio da segunda metade do

    sculo passado e ao finalizar a SegundaGuerra Mundial, foram conter a possibi-lidade de, uma vez mais, afirm ar-se umaAlemanha poderosamente solitria.

    E o que temos como realidade hoje,mais de 50 anos depois? Uma Alema-nha reunificada e que constitui o centrovital e influente do organismo integradoeuropeu.

    O insucesso da integrao europeiafoi reconhecido por um dos fundadoresda Comunidade Europeia do Carvo e doAo: Jean Monnet (1888-1979). No finaldos seus dias, Monnet lamentava o fatode haver a Unio Europeia comeado pelaComunidade Europeia do Carvo e doAo. Ele afirmava ento: Se tivesse quecomear de novo a construo europeia,o ponto de partida seria a cultura.

    Com isso, no teria chegado a horade pensar seriamente na formulao deum projeto cultural e civilizatrio para oBrasil e a Amrica Lat ina? Dir-se-ia tratarde utopia diante do descaso com que asburocracias vm abordando a cultura noBrasil. Ainda assim, h razes de otimis-mo, se levarmos em considerao algunsepisdios de nossa histria recente.Seno vejamos:

    1) A refundao da AcademiaBrasileira de Letras em pleno regimemilitar sob a liderana de Austregsilode Athayde, que obteve sustentao

    material e autonomia financeira paraa instituio, transformando-a em umverdadeiro parlamento cultural nacional;

    2) A criao de mecanismo de

    fomento do audiovisual durante o go-verno Itamar Franco, com o decreton 974, de 8 de novembro de 1993. Aassinatura desse decreto foi obtida juntoao presidente Itamar por intermdio deuma ampla mobilizao de cineastase intelectuais sob a liderana de LuizCarlos Barreto;

    3) Quanto ao projeto de fazer dacultura um vetor no processo de desen-volvimento do Brasil, caberia evocar otest emun ho de Rena to Jani ne Ribe iro(revista Bravo, fevereiro de 2003):Quando um ministro da Cultura Jeroni-mo Moscardo, no governo Itamar Franco afirmou o carter essencial da cultura,e props que 5% do Oramento da Uniolhe fossem destinados, cem vezes maisdo que os 0,05% da poca, ningum lhedeu importncia, e ele foi ejetado do cargosob presso daqueles que logo fariam oPlano Real.

    Os economistas contriburam, posi-tivam ente, para a r ealiza o do proje toBrasil com o Plano Real, do presidenteItamar Franco. No momento, assistimosao esgotamento dessa receita. As novascircunstncias pedem viso de futuro.

    Ser que nossos intelectuais tmalgo a contribuir para que o Brasil volte,realmente, a fazer histria, ou lhe estar iareservado o papel de imenso mercado eenorme marginalidade geogrfica?n

    Jeronimo MoscardoMinistro da Cultura no governo Itamar Franco

    e Embaixador na Unesco

    jeronimo.moscardo@g mail.com

    A VEZ DA CULTURA

  • 8/10/2019 rev 288.pdf

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    Em pocas passadas, a nossa ptriafoi sacudida por rebelies e revoltasque se transformaram em verdadei-

    as guerras insurrecionais.As causas foram as mais diversas,

    om consequncias funestas, chegandoo cmulo de enforcamentos, garrotea-

    mentos, fuzilamentos, prises e at osecursos de seus participantes haveremido degredados.

    Os movimentos libertrios tinham cunhoativista, separatista, republicano, racial,beral, popular, econmico, anarquista,

    messinico, religioso, conservador e atdeolgico.

    Participaram as elites, a aristocracia

    da poca, os ndios, os negros, os po-pulares, os oprimidos, os eclesisticose os maons, cada um em busca dosseus objetivos e com suas formas depensamento.

    Em certas ocasies receberam influn-cias externas, pela importao de ideias daRevoluo Francesa e da Independnciados EUA. Tinha chegado o momento dalibertao dos povos contra potncias es-trangeiras e contra a opresso Liberdade,Igualdade e Fraternidade.

    Muitos brasileiros filhos das elites iamestudar na Europa e traziam novas ideias

    para o Brasil.O marco inicial das insurreies acon-

    teceu no nordes te brasil eiro com a In-surreio Pernambucana, movimentonativista que culminou com a expulsodos Holandeses.

    Mais adiante os brasileiros natos deramo brado contra a explorao econmicaportuguesa que dilapidava as nossasriquezas.

    Os princpios iluministas, liberais elibertrios penetraram no clero e na ma-onaria, entidade essa que sempre lutoupela libertao dos povos.

    A revoluo de 1817 em Pernambuco foichamada de revoluo dos padres.

    Digna de nota foi a unio dos brasileirosdo nordeste na ecloso da Confederaodo Equador.

    O pensamento brasileiro da criaode um ser realmente nacional surgiu nonordeste brasileiro.

    O tempo foi um construtor de runascom relao aos nascidos na terra deCames, que nada mais significavam paraos nativos da Terra Brasilis.

    Em toda a insurreio fundamentalo surgimento de lideres e de ideias-foravitais para a sustentao do movimento.

    Os ideais da poca fizeram surgir ho-mens determinados e corajosos que setornaram figuras destacadas em nossa his-tria, mesmo sabendo estes que poderiam

    ser massacrados, enforcados, degredadose at espingardeados pelos poderosos.

    Nos foi deixada uma lio: que os maisfracos podem derrotar os mais fortes pelaadoo de emboscadas, guerras de mo-vimento e pelo traado de uma estratgiade resistncia, tudo fruto do poder dacriatividade de nossa gente.

    Surgiramslogansnas insurreies combastantes significados, Independncia,Unio, Liberdade e Religio, na bandeira daConfederao do Equador. Na guerra gua-rantica, essa terra tem dono de autoriade Sep Tiaraju. Na Inconfidncia Mineira,

    Libertas quae ser tamemna bandeira deMinas Gerais. A inscrio do NEGO nabandeira do estado da Paraba, aps aRevoluo de 1930.

    No podemos nos esquecer dos atores

    que marcavam os seus nomes na nossahistria:

    Matias de Albuquerque, Andr Vidal deNegreiros, Henrique Dias e Felipe Camaro O ndio Pot, na expulso dos ho landeses;

    Zumbi, filho de Ganga Zumba, naResistncia Negra;

    Nas revolues de 1817 e 1824 nonordeste destacaram-se:

    Jos Incio de Abreu Lima o padreRoma;

    Joaquim do Amor Divino Rabelo eCaneca frei Caneca;

    Miguel Joaquim de Almeida Castro o

    padre Miguelinho; Jos Martiniano de Alencar (semina-

    rista) pai de Jos de Alencar; Capito Jos de Barros Lima o Leo

    Coroado.Podemos ainda considerar: Felipe do Santos na revoluo de Vila

    Rica, antiga capital de Minas; Jos Joaquim da Silva Xavier o T ira-

    dentes na Inconfidncia Mineira; Antnio Vicente Mendes Maciel

    vulgo Antnio Conselheiro, em Canudos; Migue