resumo roteiro histórico

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5/17/2018 ResumoRoteiroHistrico-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/resumo-roteiro-historico 1/3 Filosofia do Direito Roteiro Histórico da Filosofia do Direito A partir da formação das primeiras sociedades, surgiram as regras de convivência. Primeiramente, o Direito que se formou era aplicado pelo sistema de vingança privada, pela qual cumpria os particulares a retribuição (pagamentos feitos) do mal. Inicialmente sem critérios definidos, para mais tarde estabelecer a pena de talião (olho por olho, dente por dente). O pai de família ou o rei decidiam a causa das pessoas envolvidas em litígio. Logo, porém, as sentenças eram confiadas à classe dos sacerdotes ou aos juízes, que pacificavam as partes e castigavam os culpados. A partir dessa etapa o Direito começou a se revestir de formas e cerimônias  – as formalidades passaram a atribuir caráter jurídico aos atos praticados. Assim surge a fase da composição “compositio”, pela qual os povos substituem a vingança privada em favor de critérios racionais que beneficiavam tanto o lado da vitima quanto o da comunidade. Através da compositio tem-se a criação do processo judicial, caracterizado pela figura do julgador, existência do litígio e de regras sociais a serem aplicadas. Em sua fase primitiva o Direito foi dominado pela Religião, sob a crença generalizada de que as leis possuíam origem divina e, como tal, não deviam ser reformuladas pela ação humana. O processo de secularização do Direito foi lento e dependeu menos dos estudiosos do que da mentalidade dos povos, cuja fé no absoluto comando da religião foi progressivamente diminuindo por força do advento do pensamento científico. O Direito Positivo não possuía divisões em classe ou ramos. Em sua fase pré-científica sequer se cogitou sobre a diferenciação entre o Direito Público e o Privado, que veio apenas com o Direito Romano. A Filosofia do Direito na Antiguidade Grécia A Filosofia grega atingiu o seu ponto mais alto com as doutrinas de Sócrates, Platão e Aristóteles, que ainda hoje exercem fascínio nos pensadores contemporâneos. Porém a vocação grega para o campo das especulações manifestou-se mais cedo com a Escola Jônica (séc VI a.C.)  – índole materialista,pesquisou o que seria a origem do mundo sensível, sua filosofia foi de natureza cosmológica e concebeu o Direito como fenômeno natural. Com a Escola Eleática (séc VI a V a.C.), manteve-se o período cosmológico, no entanto seus integrantes foram mais profundos em suas reflexões, passando a um plano metafísico ao sustentarem que o ser verdadeiro é uno, imutável e eterno. Para eles, o ser não pode surgir do não-ser. Segundo Parmênides, o Direito seria o fator da imutabilidade do ser, PIS tudo no universo se achava subordinado à justiça, e esta não permitia que algo nascesse ou fosse destruído. A Escola Pitagórica ou Itálica, foi a que desenvolveu noções mais atinentes a disciplina. Pensavam que a filosofia era o meio de purificação interna, idéia que mais tarde influenciou o idealismo ético de Platão. A doutrina dessa escola era definida como um sistema filosófico fundando em números, considerados a essência de todas as coisas. Com o aparecimento dos Sofistas, foram abandonadas as investigações cosmológicas em prol das indagações que se centralizavam no homem, iniciando-se a fase antropológica da Filosofia. (Época da democratização de Atenas). Não chegaram a formar uma escola, pois não adoravam uma linha única de pensamento, sendo-lhes comum a divergência ou contradição de idéias, embora convergissem seu estudo para idêntico alvo: o homem e seus problemas psicológicos, morais e sociais. Foram classificados como individualistas e subjetivistas, além de negadores da ciência, pois entendiam que toda pessoa tem o seu modo próprio de ver as coisas, fato esse que inviabilizaria qualquer ciência, pois nenhuma delas pode constituir-se por meras opiniões isoladas. Admitiram apenas o caráter relativo da justiça e do Direito. O pensamento Socrático Interessado em refletir sobre determinado tema, dirigia pergunta ao seu interlocutor e, de cada resposta, formulava outra indagação, provocando embaraços crescentes para o interrogado. Essa fase do método é denominada ironia. Após seu interlocutor reconhecer o equívoco das respostas, Sócrates demonstrava o que era certo, ocorrendo assim a maiêutica, cujo vocábulo deriva de maia, parto de idéia. Mais tarde a maiêutica foi aperfeiçoada por Platão, que a transformou em sua dialética. Não se interessava pela cosmologia, nem pelas questões políticas, não formulou um sistema sobre o Direito, deixando considerações esparsas sobre o problema da lei e da justiça. Identificou a justiça com a lei: “eu digo que o que é legal é justo”; “quem obedece às leis do Estado obra justamente, que as desobedece, injustamente”. Sócrates orientava no sentido da plena obediência à lei, proclamando ser um ato de injustiça a sua violação, pois a mesma seria uma decorrência de um consentimento dos cidadãos, implicando o desrespeito em quebra de um pacto. Platão Assimilou de Sócrates, seu grande mestre, o método de reflexão por diálogos. 26 diálogos conhecidos, A República, que deveria denominar-se “O Estado”, onde estão reunidas idéias de Ética, Estética, Psicologia, Teologia e Metafísica. Enquanto para Sócrates, a ética possui conotação utilitária, pois identificaria o bem com o útil e o agradável para o homem, Platão é desprovido de condicionamento, pois o bem teria valor em si mesmo. Platão teria se preocupado em conceber o Estado perfeito, que seria governado pelos mais sábios e onde a justiça prevaleceria. No entanto, a preocupação maior do filósofo não era com o Estado em si, pois esse é mostrado apenas como instrumento

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Filosofia do Direito

Roteiro Histórico da Filosofia do Direito

A partir da formação das primeiras sociedades, surgiram as regras de convivência. Primeiramente, o Direitoque se formou era aplicado pelo sistema de vingança privada, pela qual cumpria os particulares a retribuição(pagamentos feitos) do mal. Inicialmente sem critérios definidos, para mais tarde estabelecer a pena de talião (olho porolho, dente por dente). O pai de família ou o rei decidiam a causa das pessoas envolvidas em litígio. Logo, porém, assentenças eram confiadas à classe dos sacerdotes ou aos juízes, que pacificavam as partes e castigavam os culpados.A partir dessa etapa o Direito começou a se revestir de formas e cerimônias  – as formalidades passaram a atribuircaráter jurídico aos atos praticados. Assim surge a fase da composição “compositio”, pela qual os povos substituem avingança privada em favor de critérios racionais que beneficiavam tanto o lado da vitima quanto o da comunidade.Através da compositio tem-se a criação do processo judicial, caracterizado pela figura do julgador, existência do litígio ede regras sociais a serem aplicadas.

Em sua fase primitiva o Direito foi dominado pela Religião, sob a crença generalizada de que as leispossuíam origem divina e, como tal, não deviam ser reformuladas pela ação humana. O processo de secularização doDireito foi lento e dependeu menos dos estudiosos do que da mentalidade dos povos, cuja fé no absoluto comando dareligião foi progressivamente diminuindo por força do advento do pensamento científico.

O Direito Positivo não possuía divisões em classe ou ramos. Em sua fase pré-científica sequer se cogitousobre a diferenciação entre o Direito Público e o Privado, que veio apenas com o Direito Romano.

A Filosofia do Direito na Antiguidade

Grécia

A Filosofia grega atingiu o seu ponto mais alto com as doutrinas de Sócrates, Platão e Aristóteles, que aindahoje exercem fascínio nos pensadores contemporâneos. Porém a vocação grega para o campo das especulaçõesmanifestou-se mais cedo com a Escola Jônica (séc VI a.C.)  – índole materialista,pesquisou o que seria a origem domundo sensível, sua filosofia foi de natureza cosmológica e concebeu o Direito como fenômeno natural.

Com a Escola Eleática (séc VI a V a.C.), manteve-se o período cosmológico, no entanto seus integrantesforam mais profundos em suas reflexões, passando a um plano metafísico ao sustentarem que o ser verdadeiro é uno,imutável e eterno. Para eles, o ser não pode surgir do não-ser. Segundo Parmênides, o Direito seria o fator daimutabilidade do ser, PIS tudo no universo se achava subordinado à justiça, e esta não permitia que algo nascesse oufosse destruído.

A Escola Pitagórica ou Itálica, foi a que desenvolveu noções mais atinentes a disciplina. Pensavam que afilosofia era o meio de purificação interna, idéia que mais tarde influenciou o idealismo ético de Platão. A doutrina dessaescola era definida como um sistema filosófico fundando em números, considerados a essência de todas as coisas.

Com o aparecimento dos Sofistas, foram abandonadas as investigações cosmológicas em prol dasindagações que se centralizavam no homem, iniciando-se a fase antropológica da Filosofia. (Época da democratizaçãode Atenas). Não chegaram a formar uma escola, pois não adoravam uma linha única de pensamento, sendo-lhescomum a divergência ou contradição de idéias, embora convergissem seu estudo para idêntico alvo: o homem e seusproblemas psicológicos, morais e sociais. Foram classificados como individualistas e subjetivistas, além de negadoresda ciência, pois entendiam que toda pessoa tem o seu modo próprio de ver as coisas, fato esse que inviabilizariaqualquer ciência, pois nenhuma delas pode constituir-se por meras opiniões isoladas. Admitiram apenas o caráterrelativo da justiça e do Direito.

O pensamento Socrático

Interessado em refletir sobre determinado tema, dirigia pergunta ao seu interlocutor e, de cada resposta,formulava outra indagação, provocando embaraços crescentes para o interrogado. Essa fase do método é denominadaironia. Após seu interlocutor reconhecer o equívoco das respostas, Sócrates demonstrava o que era certo, ocorrendoassim a maiêutica, cujo vocábulo deriva de maia, parto de idéia. Mais tarde a maiêutica foi aperfeiçoada por Platão,que a transformou em sua dialética. Não se interessava pela cosmologia, nem pelas questões políticas, não formulouum sistema sobre o Direito, deixando considerações esparsas sobre o problema da lei e da justiça. Identificou a justiçacom a lei: “eu digo que o que é legal é justo”; “quem obedece às leis do Estado obra justamente, que as desobedece,injustamente”. Sócrates orientava no sentido da plena obediência à lei, proclamando ser um ato de injustiça a suaviolação, pois a mesma seria uma decorrência de um consentimento dos cidadãos, implicando o desrespeito emquebra de um pacto.

Platão

Assimilou de Sócrates, seu grande mestre, o método de reflexão por diálogos. 26 diálogos conhecidos, ARepública, que deveria denominar-se “O Estado”, onde estão reunidas idéias de Ética, Estética, Psicologia, Teologia eMetafísica. Enquanto para Sócrates, a ética possui conotação utilitária, pois identificaria o bem com o útil e o agradável

para o homem, Platão é desprovido de condicionamento, pois o bem teria valor em si mesmo. Platão teria sepreocupado em conceber o Estado perfeito, que seria governado pelos mais sábios e onde a justiça prevaleceria. Noentanto, a preocupação maior do filósofo não era com o Estado em si, pois esse é mostrado apenas como instrumento

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de realização da mais completa justiça, na verdade, para ele, o Estado era apenas um processo de adaptação criadopelo homem para suprir as suas deficiências.

Aristóteles

De todos os filósofos da Antiguidade, foi Aristóteles quem desenvolveu mais extensamente os temas ligadosà Filosofia Jurídica. Para ele, o Estado constituía a expressão mais feliz da comunidade humana e o seu vínculo com ohomem era de natureza orgânica. Ligava-se mais aos fatos empíricos, na contemplação dos fenômenos sociais.Apesar de desenvolver amplamente a reflexão sobre a justiça, considerou legítimo o regime da escravidão, pois a vida,ao mesmo tempo que requeria a atividade intelectual da classe dirigente, necessitava de mão de obra dos agricultorese artífices. Em sua Ética a Nicômaco, o Estagirita (Aristóteles) formulou a teorização da justiça e equidade,considerando-as sob o prisma da lei e do Direito. Tão bem elaborado o seu estudo que se pode afirmar que muitopouco se acrescentou, até os nossos dias, àquele pensamento original. Aprovando a assertiva de Teógnis, para quem“na justiça estão compreendidas todas as virtudes”, o filósofo considera justo o homem respeitador da lei e injusto osem lei. Ao elaborar a sua noção de justiça, Aristóteles assimilou dos pitagóricos as medidas igualdade eproporcionalidade. A justiça não implicaria apenas em igualdade, tomada esta como proporção aritmética, mas tambémem proporcionalidade, que “é uma igualdade de razões”. Classificou a justiça m duas espécies básicas: distributiva,que denominou proporcional, e comutativa, por ele chamada de retificadora ou corretiva. A distributiva se configurariacom a distribuição proporcional ao mérito de cada pessoa, de bens, recompensas, honras. A comutativa ocorreria nasrelações de troca, consistindo na igualdade entre o quinhão que se dá e o que se recebe. Ela poderia ser voluntária,como nos contratos, e involuntária, como nos delitos. Na ultima hipótese caberia ao juiz “igualar as coisas med iantepenas”, aspecto que levou Del Vecchio a tratá-la por justiça judicial.

A noção de equidade (imparcialidade) foi exposta por Aristóteles como “uma correção da lei quando ela é

deficiente em razão de sua universalidade”. O filósofo comparou a equidade à régua de lesbos que, por ser de chumbo,possuía flexibilidade suficiente para se adaptar à forma da pedra. Analogamente o juiz deveria proceder, adaptando alei aos fatos concretos.

A genialidade do Estagirita luziu também nos domínios do Direito Comparado, ao elaborar comentários sobreinúmeras constituições de sua época, chegando aos nossos dias, porém, apenas os referentes à ConstituiçãoAteniense. Foi original, ainda, ao preconizar a célebre divisão dos 3 poderes do Estado, teoria essa, muitos séculosdepois, estudada por Montesquieu.

Roma

Roma não chegou a desenvolver uma filosofia inovadora, foram inspiradas em fontes gregas, porém foramextraordinários da elaboração do seu jus positum.

Corrente filosofias

Estoicismo: Foi a que obteve maior penetração, sobretudo com as obras de Cícero, Sêneca, Marco Aurélio e Epíteto.

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