resumão...resumão maio este conteúdo pertence ao descomplica. está vedada a cópia ou a...

31
Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Upload: others

Post on 29-Nov-2020

22 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

ResumãoMaio

Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

Page 2: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

1

Sociologia

Norbert Elias

Resumo

Norbert Elias foi um dos sociólogos mais importantes da contemporaneidade. Alemão, de Breslau (1897 –

1990) e de família judaica, precisou - quando Hitler se tornou chanceler da Alemanha - fugir e exilar-se na

França em 1933, estabelecendo-se posteriormente na Inglaterra onde passou grande parte de sua vida.

Infelizmente, seus trabalhos só tiveram reconhecimento muito tardiamente (apenas após a sua morte). As

obras de Elias destacaram-se por tratar da relação entre poder, comportamento, emoção e educação,

abarcando conhecimento sociológico, psicológico, antropológico e histórico. Suas principais obras são “O

processo civilizador” e “A sociedade dos indivíduos”, onde ele define sua nova forma de compreender a

relação entre os indivíduos e a sociedade.

O sociólogo Norbert Elias tem diversas teorias e conceitos muito interessantes de serem estudados – a

maioria que trata, de forma direta ou indireta, da construção do comportamento dos indivíduos e a relação

deste com o jogo de poder estabelecido nas sociedades contemporâneas e suas problemáticas na formação

dos costumes. No entanto, neste texto, apresenta-se a análise de Elias que mais ganha destaque nos

vestibulares, a saber: Sua teoria sobre a sociedade dos indivíduos. Para tal tarefa, vamos lembrar quais são

as duas teorias clássicas sobre a relação sociedade x indivíduos?

Tradicionalmente, aprendemos sobre duas teorias antagônicas sobre a relação entre a sociedade e os

indivíduos e suas influências nos comportamentos - a que foi criada por Durkheim e valoriza a sociedade e

a que foi criada por Max Weber e define os indivíduos como sendo mais importantes nesse processo. A

primeira, fundamentada por Durkheim, defende que é a sociedade que define o comportamento dos

indivíduos e que os valores culturais são incutidos nos indivíduos desde muito cedo a partir da educação –

com o auxílio das instituições sociais. Durkheim chama esse fenômeno de fato social e alega que suas três

principais características são: ser coercitivo, geral e externo. A segunda teoria que aborda as relações

sociedade x indivíduo x produção do comportamento foi criada por Weber e, ao contrário da de Durkheim,

defende que os costumes são criados no interior de cada indivíduo e que este só ganha sentido quando é

exteriorizado e é percebido que outras várias pessoas pensaram o mesmo, Weber chama esse fenômeno de

ação social.

Para Norbert Elias, ambas as teorias são problemáticas, pois na contemporaneidade essa dicotomia

sociedade x indivíduo já não é mais aceitável, uma vez que um acaba definindo o outro simultaneamente e

de forma proveitosa. O indivíduo que cria a estrutura social e, ao mesmo tempo, o todo dessa estrutura acaba

tendo um papel importante na definição dos comportamentos coletivos e individuais. Na obra: “Sociologia

em movimento” os autores dizem assim: “Neste sentido, o indivíduo elabora estratégias para alcançar

objetivos, mas os objetivos que são socialmente validados pelas estruturas sociais construídas

historicamente. Considere-se o exemplo das leis, que especificam limites para a escolha individual ao

mesmo tempo que também protegem os indivíduos.”

Habitus, teias e configurações

Norbert Elias colabora com o passo seguinte das ciências sociais, que pode ser resumido em tentar resolver

o problema agente x estrutura. O conceito de “Habitus” é criado visando solucionar essa questão. Elias

também colabora na formação desse conceito, afirmando que habitus é uma internalização de componentes

sociais, que permite o surgimento de um “eu” com determinadas características. O sociólogo defende que a

separação de indivíduo e sociedade em entidades diferentes promove uma confusão na compreensão dos

fenômenos sociais. Para Elia. Sociedade e indivíduos são processos. Eles são diferentes, mas indissociáveis.

Page 3: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

2

Sociologia

Elias atribuí a sociedade de corte da Idade Média o início de internalização do habitus típico da sociedade

moderna, de constrangimento e vergonha.

Nesse momento histórico os indivíduos passaram a formar suas consciências e comportamentos a partir

de imposições sociais e culturais. Assim o habitus se constitui como a observação de regras sociais de

maneira inconsciente, que são incutidas nas personalidades dos indivíduos durante sua formação como

seres sociais.

O conceito de habitus está totalmente ligado à como Elias concebe a formação social. Para ele os indivíduos

formam teias de interdependência, relações sociais em que os indivíduos seguem regras de comportamento

e realizam trocas variadas. Essas teias são exemplificadas por Elias como uma dança, sendo os passos o

habitus. Se um indivíduo erra um passo ou muda o planejado, interfere no decorrer da dança. Somando-se

ao conceito de teias de interdependência temos a configuração social. A configuração é a forma como a teia

de interdependência se manifesta, sendo grupos mais tradicionais (famílias, aldeias, cidades etc.) há grupos

considerados inovadores (gangues, turmas etc.). Dentro da configuração ocorrem teias de interdependência

baseadas em habitus que as sustentam. Como podemos observar, além de dinâmica, a teoria sociológica de

Elias é concisa e integrada. Para Elias, a sociedade se forma a partir de relações entre “eu”, “tu”, “nós” e “eles”

e a dependência que temos uns dos outros. Somos indivíduos diferentes que nos tornamos iguais por

dependermos uns dos outros. Não há como conceber indivíduos e a sociedade separados já que os dois são

componentes da nossa existência. Um pensamento inovador por conseguir dar prosseguimento no

desenvolvimento da teoria sociológica.

Page 4: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

3

Sociologia

Exercícios

1. O sociólogo Norbert Elias é hoje uma das grandes referências nas ciências sociais, numa acepção

mais ampla. Em sua obra mais conhecida, O processo civilizador, mostra como lentamente os

costumes vão moldando as condutas, os corpos e os sentimentos dos indivíduos e dos grupos sociais

ao longo dos séculos. Sobre os conceitos e proposições teóricas de Norbert Elias, assinale a

alternativa incorreta:

a) Outra etapa do processo civilizatório se apresenta quando, por força da crescente divisão do

trabalho e acirramento da competição social, o controle externo é substituído pelo controle

interno.

b) Para N. Elias, socialização e individualização de um ser humano são, portanto, nomes diferentes

para o mesmo processo.

c) A sociologia não consiste, ou pelo menos não exclusivamente, no estudo das sociedades

contemporâneas, mas deve dar conta das evoluções de longa, até mesmo de muito longa

duração, as quais permitem compreender, por filiação ou diferença, as realidades do presente.

d) Uma Figuração é uma formação social, cujas dimensões podem ser muito variáveis (os jogadores

de um carteado, a sociedade de um café, uma classe escolar, uma aldeia, uma cidade, uma nação),

em que os indivíduos estão ligados uns aos outros por um modo específico de dependências

recíprocas e cuja reprodução supõe um equilíbrio móvel de tensões.

e) Diferentemente da tecnização o processo civilizador corresponde a um percurso de

aprendizagem involuntária pelo qual passa a humanidade. Começou nos primórdios do gênero

humano e continua em marcha.

2. O conceito de indivíduo adquiriu maior força no século XVI com a Reforma Protestante, A partir da

ideia de que o indivíduo poderia relacionar-se diretamente com Deus, sem o intermédio de outra

pessoa. Com a Revolução Industrial, esta ideia firmou-se definitivamente, pois se colocou a felicidade

individual como objetivo principal da nova sociedade. Para Norbert Elias, o estudo do indivíduo deverá

ser realizado dinamicamente a fim de compreendê-lo dentro do contexto social e, vice-versa. Para

explicar essa relação de interdependência entre indivíduo e sociedade, esse sociólogo utiliza o

conceito de

a) configuração.

b) estrutura social.

c) relação social.

d) ação social

e) fato social

Page 5: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

4

Sociologia

3. Em “A sociedade dos indivíduos”, Norbert Elias discute um problema epistemológico da sociologia,

que se localiza no enviesar dicotômico para leitura dos fenômenos indivíduo e sociedade. De fato, o

autor propõe uma análise do indivíduo e da sociedade na longa cadeia de interdependência,

entrelaçando estrutura social e estrutura psíquica. Leia atentamente o texto. [...] é um processo

contínuo e não planejado, construído nos avanços e recuos do processo civilizador individual no qual

todos os indivíduos, como fruto de um processo civilizador social em construção a longo tempo, são

automaticamente ingressos desde a mais tenra infância, em maior ou menor grau e sucesso. Pois

nenhum ser humano chega civilizado ao mundo, o individual é obrigatoriamente social e vice-versa. ELIAS, N. Introdução à sociologia. Edições 70. Lisboa: Pax, 1980.

O texto acima define o conceito de:

a) Habitus.

b) Individualização.

c) Civilização.

d) Configuração social.

e) Teia de interdependência

4. Norbert Elias apresenta o sociólogo como destruidor de mitos. Assinale, dentre as seguintes

afirmações, a que NÃO se enquadra em uma introdução à sociologia proposta pelo citado autor:

a) A transição de uma teoria filosófica para uma teoria sociológica do conhecimento, o que Comte

realizou, surge essencialmente como a substituição da pessoa individual, enquanto sujeito de

conhecimento, pela sociedade humana.

b) Por muito diferentes que possam ser a ciência social e a ideologia social, ambas são

manifestações das mesmas transformações da estrutura da sociedade.

c) O poder não é um amuleto que um indivíduo possua e outro não; é uma característica estrutural

das relações humanas – de todas as relações humanas.

d) Podemos obter uma visão mais completa da teoria sociológica se incluirmos as

interdependências pessoais e sobretudo as ligações emocionais entre as pessoas,

considerando-as como agentes unificadores de toda a sociedade.

e) A lei durkheimiana dos três estados foi uma tentativa de estabelecer uma tipologia classificatória

dos estados do desenvolvimento da humanidade.

Page 6: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

5

Sociologia

5. Norbert Elias (1897-1990), alemão de origem judaica, é considerado, na atualidade, um dos mais

importantes representantes da Sociologia. Elias ganhou notoriedade, entre outros motivos, por fazer

análises dos hábitos e costumes sobre o desenrolar do “processo civilizatório”. No que se refere a

esse assunto, é INCORRETO afirmar:

a) Segundo Elias, o termo “civilização” configura-se como um conjunto de hábitos, valores e

costumes internalizados pelos indivíduos que lhes dão o caráter “social” ou “humano”. Os seres

humanos, por natureza, não possuem aspectos civilizados, porém possuem um potencial que

lhes permite adquirir e aprender os modos civilizados de existência.

b) Um aspecto vital da civilização, para Elias, é a autorregulação dos impulsos e pulsões, o

autocontrole das energias instintivas que brotam dos seres humanos. Importante frisar que se

trata de um “autocontrole”, ou seja, diferentemente de coações externas que eram antes

necessárias para a convivência humana.

c) Os modos civilizados de ser têm relação estreita com o refinamento dos costumes, que passam

a caracterizar os indivíduos ocidentais modernos. A limpeza e a higiene pessoal são exemplos

básicos desse refinamento dos costumes.

d) Estudos sobre civilização e cultura não interessam à Sociologia, por ser uma disciplina

acadêmica vinculada apenas aos problemas de gestão do aparato estatal.

e) A formação social produz regras que são internalizadas pelos indivíduos, que interagem com

essas regras cada um a sua forma, gerando um modo de comportamento relativamente

padronizado conhecido como habitus.

6. Leia atentamente o seguinte excerto: “[...] as oportunidades entre as quais a pessoa assim se vê

forçada a optar não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São prescritas e limitadas pela

estrutura específica de sua sociedade e pela natureza das funções que as pessoas exercem dentro

dela”. ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 48.

Considerando o texto acima e as várias possibilidades sociológicas de compreender a sociedade,

assinale a afirmação verdadeira.

a) Para entender o comportamento das pessoas, é bastante estudar a sociedade, pois a sociedade

está acima dos indivíduos.

b) A sociedade e os indivíduos constituem-se por relações de interdependência entre o individual e

o coletivo, configurando, desta forma, uma rede de pessoas que se relacionam e interagem umas

com as outras.

c) O estudo da sociedade mostra que os indivíduos apenas existem em função da sociedade e das

normas impostas pelas instituições sociais.

d) Cada indivíduo é dono do seu destino e de suas escolhas de vida na coletividade.

e) Apesar de seguir regras estipuladas por um consenso do grupo, cada indivíduo é livre para fazer

o que quiser sem assumir riscos e consequências para seu convívio social

Page 7: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

6

Sociologia

7. O homem ocidental nem sempre se comportou da maneira que estamos acostumados a considerar

como típica ou como sinal característico do homem “civilizado”. Se um homem da atual sociedade

civilizada ocidental fosse, de repente, transportado para uma época remota de sua própria sociedade,

tal como o período medievo-feudal, descobriria nele muito do que julga “incivilizado” em outras

sociedades modernas. Sua reação em pouco diferiria da que nele é despertada no presente pelo

comportamento de pessoas que vivem em sociedades feudais fora do Mundo Ocidental. Dependendo

de sua situação e de suas inclinações, sentir-se-ia atraído pela vida mais desregrada, mais

descontraída e aventurosa das classes superiores dessa sociedade ou repelido pelos costumes

“bárbaros”, pela pobreza e rudeza que nele encontraria. E como quer que entendesse sua própria

“civilização”, ele concluiria, da maneira a mais inequívoca, que a sociedade existente nesses tempos

pretéritos da história ocidental não era “civilizada” no mesmo sentido e no mesmo grau que a

sociedade ocidental moderna. (Adaptado de: ELIAS, N. O processo civilizador. v.1. 2.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p.13.)

Com base no texto e nos conhecimentos de Norbert Elias sobre as normas e as emoções

disseminadas nas práticas cotidianas, especialmente no tocante à formação da civilização na

sociedade moderna ocidental, assinale a alternativa correta.

a) A construção social do processo civilizador comprova que este é um fenômeno sem

características evolutivas, dadas as sucessivas rupturas e descontinuidades observadas, por

exemplo, em relação aos controles das funções corporais.

b) Os estudos do processo civilizador comprovam que as emoções são inatas, com origem

primitiva, o que garante a empatia entre indivíduos de diversas sociedades e culturas, bem como

de diferentes classes sociais.

c) Os mecanismos de controle e de vigilância da sociedade sobre as maneiras de gerenciar as

funções corporais correspondem a um aparelho de repressão que se forma na economia política

da sociedade, sendo, portanto, exterior aos indivíduos.

d) O modo de se alimentar, o cuidado de si, a relação com o corpo e as emoções em resposta às

funções corporais são produtos de um processo civilizador, de longa duração, por meio do qual

se transmitem aos indivíduos as regras sociais.

e) O processo civilizador propiciou sucessivas aproximações sociais entre o mundo dos adultos e

o das crianças, favorecendo a transição entre etapas geracionais e reduzindo o embaraço com

temas relativos à sexualidade.

Page 8: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

7

Sociologia

8. A sociedade, com sua regularidade, não é nada externa aos indivíduos; tampouco é simplesmente um “objeto oposto” ao indivíduo; ela é aquilo que todo indivíduo quer dizer quando diz “nós”. Mas esse “nós” não passa a existir porque um grande número de pessoas isoladas que dizem “eu” a si mesmas posteriormente se une e resolve formar uma associação. As funções e as relações interpessoais que expressamos com partículas gramaticais como “eu”, “você”, “ele” e “ela”, “nós” e “eles” são interdependentes. Nenhuma delas existe sem as outras e a função do “nós” inclui todas as demais. Comparado àquilo a que ela se refere, tudo o que podemos chamar “eu”, ou até “você”, é apenas parte.

(ELIAS, N. A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p.57.)

O modo como as diferentes perspectivas teóricas tratam da noção de identidade vincula-se à clássica preocupação das Ciências Sociais com a questão da relação entre indivíduo e sociedade. Com base no texto e nos conhecimentos da sociologia histórica, de Norbert Elias, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a noção de origem do indivíduo e da sociedade.

a) O indivíduo forma-se em seu “eu” interior e todos os outros são externos a ele, seguindo cada um deles o seu caminho autonomamente.

b) A origem do indivíduo encontra-se na racionalidade, conforme a perspectiva cartesiana, segundo a qual “penso, logo existo”.

c) A sociedade origina-se do resultado diretamente perceptível das concepções, planejamentos e criações do somatório de indivíduos ou organismos.

d) A sociedade forma-se a partir da livre decisão de muitos indivíduos, quando racional e deliberadamente decide-se pela elaboração de um contrato social.

e) A sociedade é formada por redes de funções que as pessoas desempenham umas em relação às outras por meio de sucessivos elos.

9. TEXTO I O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes.

Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.

TEXTO II

Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo.

ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do

Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a

a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial.

b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos.

c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras.

d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos.

e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira.

Page 9: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

8

Sociologia

10. Em seu clássico estudo “Os Estabelecidos e os Outsiders”, Norbert Elias e John Scotson tomam uma

pequena comunidade, a que deram o nome fictício de Winston Parva, como microcosmo, onde

encontravam questões que lançavam luz sobre problemas da sociedade como um todo. Sobre as

relações entre estabelecidos e outsiders, tal qual definida pelos autores, assinale a alternativa

incorreta.

a) As relações em Winston Parva são tomadas como um paradigma empírico para o estudo geral das relações de poder, uma vez que é recorrente que alguns grupos sociais se considerem como humanamente superiores aos demais.

b) Uma análise microssociológica deve ater-se aos pequenos episódios, e não aos grandes processos. São estes pequenos episódios locais que permitem compreender o movimento de ascensão e declínio dos grupos ao longo do tempo, e, portanto, das relações de poder. Como, por exemplo, nos movimentos de contraestigmatização por parte dos grupos antes estigmatizados.

c) As relações raciais podem ser vistas como relações entre estabelecidos-outsiders de um tipo particular. O emprego da denominação “racial” chama atenção para um aspecto periférico da relação, quando o central é uma divisão desigual de poder, em que um sinal físico serve de símbolo para o valor inferior do grupo.

d) Verifica-se um tabu em torno do contato entre grupos estabelecidos e outsiders, sendo tais relações controladas através de diversos meios. Entre eles, a fofoca, um poderoso instrumento de controle social.

e) As configurações sociais podem ter um caráter tanto agregador quanto excludente, dependendo da situação do indivíduo em relação à teia de interdependência eu se desenha. Os valores mobilizados em seu interior e o habitus que se manifesta no grupo permitirá a entrada de alguns indivíduos, enquanto bloqueia o acesso de outros.

Page 10: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

9

Sociologia

Gabarito

1. E A alternativa e está errada, pois para o sociólogo Norbert Elias o processo civilizador que ocorre nas sociedades contemporâneas não é involuntário, ele é totalmente voluntário e consciente. Para Elias, os indivíduos moldam a sociedade e esta o molda.

2. A

A alternativa correta é a letra (a) porque o conceito de Norbert Elias que afirma a interdependência entre indivíduo e sociedade é justamente o conceito de configuração. Esse conceito pode ser aplicado sempre que se formam conexões de interdependência humana, seja em grupos relativamente pequenos ou em agrupamentos maiores. Portanto, essas cadeias de interdependência dão origens aos mais diversos tipos de configuração, como, por exemplo: família, cidade, aldeia, estado, nação.

3. B O processo mencionado no texto de Norbert Elias é o de individualização. Para Elias o indivíduo consiste numa estrutura que é formada pela internalização das relações sociais históricas. Cada indivíduo já nasce numa sociedade existente pronta e vai aos poucos internalizando as características sociais atuantes no meio social. Portanto, a letra (b) é a alternativa correta.

4. E A alternativa e está errada, pois a teoria dos três estados não foi desenvolvida por Durkheim e sim por Comte

5. D Muito pelo contrário. A Sociologia está imensamente preocupada em compreender a cultura. Na verdade, a discussão sobre cultura só alcançou o estado em que se encontra hoje por conta da colaboração da sociologia para o tema. Como, quando e porque se formam organizações de grupos humanos é um tema central para as ciências sociais.

6. B

Elias defende que a sociedade se forma a partir de relações sociais de necessidades recíprocas que geram teias de interdependência que pressupõem pertencimento e obrigação. Nelas o grupo social depende da ação dos indivíduos e os indivíduos dependem da existência do grupo, demonstrando a interpretação integrada de Elias sobre esses fenômenos. Indivíduo e sociedade não são entidades separadas, mas processos complementares.

7. D

O conceito de habitus em Elias é importante para compreender como formamos nosso comportamento em sociedade. Um conjunto de valores e regras interferem na forma como interpretamos as interações sociais, fazendo com que internalizemos determinados padrões, geralmente passados de geração para geração. Esse padrão de comportamento segue o consenso social em torno dos temas envolvidos (higiene, violência, educação etc.) o que permite afirmar que a mudança comportamental em torno desses temas é lenta, pois a transformação desse consenso é lenta.

8. E

Elias pressupõe que a sociedade e sua organização é um fenômeno externo aos indivíduos e também não admite que o indivíduo seja um fenômeno único e não integrado ao grupo. A formação da sociedade é composta por várias funções e processos aos quais pertencemos e precisamos cumprir. Aquilo de denominamos “eu” é parte disso, assim como “ele” e “nós”. Somos tão interdependentes que não podemos assumir nossa existência em separado, nem pressupor que o outro seria capaz de o fazer.

Page 11: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

10

Sociologia

9. D Cada sociedade desempenha uma trajetória do seu processo civilizacional onde diferentes valores e fenômenos ocorrem, uns com mais frequência e relevância que os outros. No caso do Brasil é notável que a trajetória e dinâmica social privilegia a manifestação e ocorrência de certos tipos de fenômenos, com a violência. Os limites e costumes admitidos pela sociedade brasileira não estão em consonância com a plenitude democrática.

10. B

Uma análise microssociológica não significa se ater a pequenos fenômenos ou eventos, mas os analisar

sob um olhar focal, “de perto”, como através de uma lupa. Tanto grandes eventos quanto pequenos

acontecimentos podem ser analisados dessa forma. O que Elias e Scotson fazem é um estudo

microssociológico porque, a partir da observação das dinâmicas da comunidade em questão,

conseguem analisar fenômenos que atravessam toda a sociedade

Page 12: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

1

Sociologia

Pierre Bourdieu

Resumo

Pierre Bourdieu (1930 - 2002) foi um importante sociólogo francês, que acabou

se tornando um dos pensadores mais importantes do século XX, tendo sido um

dos maiores críticos dos processos de manutenção das desigualdades sociais

nas sociedades capitalistas contemporâneas. Do ponto de vista sociológico,

defendia a utilização de procedimentos metodológicos rigorosos, bem como

técnicas estatísticas e etnográficas, no sentido de fortalecer a Sociologia como

ciência. Em grande medida, uma das questões mais centrais do seu trabalho

sociológico gira em torno da busca de uma explicação para a situação de

dominação entre os grupos sociais, assim como a expressão dessa dominação

no processo educativo desenvolvido pela escola, o que tentaremos esclarecer

na sequência.

Na análise das sociedades capitalistas e suas formas de dominação, Bourdieu se destacou por desenvolver

uma teoria focada nos aspectos simbólicos que determinam as práticas sociais. Sua sociologia privilegia a

análise da reprodução social, ou seja, como acontece a manutenção da situação atual de uma sociedade,

como se perpetua o status quo, hierarquias sociais se mantêm ao longo do tempo.

Poder simbólico

Capital cultural

Bourdieu considerava a análise marxiana limitada, pois desconsiderava as relações simbólicas da sociedade.

Para ele, não se trata apenas de tentar entender o processo de produção da vida material, ou seja, a posse

de bens, acesso à riqueza ou controle dos meios de produção, era importante considerar o prestígio, o status

e a aceitação social, pois esses também influenciam na posição dos indivíduos na sociedade, Além do capital

econômico (acesso e acúmulo de bens e riquezas), é preciso analisar o capital cultural (acúmulo de

conhecimentos reconhecidos socialmente), o capital social (relações sociais) e o capital simbólico

(prestígio). O conceito de capital é expandido no pensamento social de Bourdieu para qualquer recurso ou

poder que se manifesta em uma atividade social. O capital é um ativo social.

Na sua análise sobre a sociedade, Bourdieu considera esses tipos de capital na formação da estrutura social.

Ele entende a estrutura social como fortemente hierarquizada, em que poderes e privilégios determinam-se

tanto pelas relações materiais, quanto pelas relações simbólicas e culturais. Há grupos que pertencem a

camadas distintas dessa estrutura social justamente porque há desigualdade na distribuição de recursos e

poderes para os indivíduos no âmbito de uma sociedade. Bourdieu acredita que a Sociologia, por ser uma

disciplina crítica, ao interpretar os fenômenos sociais, é uma ciência que incomoda, principalmente àquelas

camadas sociais que visam manter o status quo e, consequentemente, os seus próprios privilégios. Nas

palavras do autor: “A sociologia é um esporte de combate”.

Como sabemos, para Bourdieu, os recursos econômicos desempenham um papel importante, mas não

exclusivo nas relações de poder e dominação. De maneira geral, ter um carro de luxo é diferente de ter três

carros comuns, apesar do custo material ser o mesmo. Outro fator determinante pode ser um título de pós-

graduação ou o reconhecimento por um grande feito como ser o arquiteto de um edifício notável ou um

medalhista olímpico. Esses eventos constituem poder, mesmo que não sejam poder material. Bourdieu

dedica boa parte de seu trabalho para pensar a relação desses capitais com a instituição escolar. Para ele a

escola é um instrumento de perpetuação da desigualdade social, atuando na reprodução social. Ela é uma

Page 13: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

2

Sociologia

instituição especializada em transmitir aos estudantes a forma de conhecimento das classes dominantes.

Seu efeito mais cruel é dar a essa hierarquia uma aparência de neutralidade. É como se o conhecimento

escolar fosse oficial porque é “natural”, “normal” e “certo”.

Educação e violência simbólica

Quando um indivíduo entra na escola, ele já tem uma carga de conhecimento adquirido. Esse acesso é

desigual porque os indivíduos se encontram em diferentes condições socioeconômicas. Além disso, como

a escola seleciona aquilo que é certo e o que é errado (e convenientemente o certo é o conhecimento da

classe dominante), um indivíduo que tenha uma vida rica de experiência e saberes pode, mesmo assim, estar

uma posição subalterna na hierarquia social, já que ele pode estar cheio de saberes “errados”. Isso tudo

influencia o desempenho dos indivíduos em diferentes esferas da vida. Os indivíduos que internalizaram os

saberes escolares antes mesmo da sua entrada na escola (pela sua vivência como membro da classe

dominante) estão em vantagem.

Segundo o sociólogo francês, em sociedades hierarquizadas e desiguais como a nossa, não são todas as

famílias que dispõe de uma bagagem cultural que lhes possibilite uma identificação com os ensinamentos

desenvolvidos no ambiente escolar. Isso gera um descompasso educacional na medida em que os grupos

sociais mais privilegiados se identificam os saberes ensinados na escola - como, por exemplo, as artes

eruditas - mas os grupos sociais menos privilegiados, por sua vez, não possuem esses conhecimentos

prévios. A escola parece ser isenta e imparcial nas suas exigências, mas a verdade é que alguns iniciam a

vida escolar melhor preparados que outros, graças a desigualdade social. No final das contas, a escola serve

como um instrumento de confirmação de desempenho daqueles que já estão familiarizados com sua forma

de conhecimento, legitimando e reproduzindo a hierarquia social. O sistema de ensino cobra igualmente de

todos os alunos aquilo que nem todos podem oferecer, não levando em consideração as diferenças sociais

fundamentais presentes na sociedade. Trata-se de uma violência simbólica, quando a escola impõe o

reconhecimento de uma única forma de cultura, desconsiderando os aspectos culturais referentes às

camadas mais populares da sociedade.

Campo Simbólico e Habitus

Um dos temas com o qual se ocupou o sociólogo francês diz respeito à produção do gosto nas sociedades.

Após uma longa pesquisa qualitativa e quantitativa nas décadas de 60 e 70 do século XX sobre as diferenças

de gosto que pode ser observada entre diferentes grupos sociais de uma mesma sociedade, Bourdieu afirma

que o gosto cultural é um produto de processos educativos que são ambientados, sobretudo, na família e na

escola. Em linhas gerais, portanto, o gosto cultural, assim como o estilo de vida, é explicado pela trajetória

social experimentada por cada indivíduo. Isso significa ir contra a ideia comum de que os gostos e estilos

de vida nos remeteriam diretamente ao foro íntimo de cada indivíduo. Ao contrário, eles são o resultado de

relações de poder que se efetuam principalmente nas instituições da família e da escola.

O campo é um conceito que representa o espaço simbólico onde circulam os símbolos e ocorrem as disputas

entre os agentes para afirmar quais símbolos são importantes e quais não. Nele há a validação, determinação

e legitimação de representações simbólicas. Essa disputa instituí o poder simbólico. Esse campo sustenta

signos classificados como adequados e compatíveis com um código de valores. Um dos melhores exemplos

dados por Bourdieu é o campo simbólico da arte, onde a disputa simbólica define o que é arte e como

classificar uma obra de arte, definindo o que é erudito, popular ou pertencente à indústria cultural. Essa luta

determina também quais valores e quais rituais de consagração as constituem. O campo goza de relativa

autonomia e os indivíduos que seguem seus valores e rituais são considerados seus membros, sendo as

“autoridades” do campo os dotados com maior volume de capital.

Page 14: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

3

Sociologia

O habitus é um importante componente do campo. Ele define a relação entre a trajetória do indivíduo e a

estrutura social em que ele está inserido. O habitus se constitui como um padrão social, um jeito de ser e

estar. Ele está ligado à sensibilidade e ao comportamento que orienta a ação dos indivíduos. Como sabemos,

Bourdieu está inserido no grupo de sociólogos que tenta conciliar o impasse agente x estrutura. Retomando

Weber, toda ação social é orientada por ações sociais de outras pessoas e pela expectativa de como a ação

individual será acolhida. Bourdieu aponta para a importância do conjunto de situações e experiências prévias

que orientam as escolhas e motivações dos indivíduos (a ação social), mesmo que de forma inconsciente.

Elas estão relacionadas com as possibilidades e limitações dos sujeitos na sociedade, ou seja, com as

estruturas que os indivíduos já encontram quando interagem socialmente e a distribuição de poder que é

desigual e forma uma hierarquia. Vemos como a teoria social weberiana é articulada com o pensamento

durkheimiano.

As práticas sociais dos indivíduos não são tanto escolhas racionais e deliberadas, mas estão relacionadas

ao habitus interiorizado de sua posição social. Comportamentos que nos parecem banais, como a forma de

usar os talheres, de se expressar em público ou de se vestir, na realidade são resultado da internalização de

padrões aprendidos desde a infância. Essas práticas influenciam na maneira como o indivíduo é visto por

outros, o que em determinados contextos pode lhe render vantagens ou não.

Hey, como você está nesse período de quarentena? É um pouco complicado, né?! Mas não desiste não,

vamos juntos que você vai arrasar no vestibular! Aliás, você vai prestar o vestibular da Uerj? Que tal um

curso específico? Basta clicar aqui para saber mais!

Page 15: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

4

Sociologia

Exercícios

1. (Uel 2017) no pensamento sociológico clássico e contemporâneo, as dimensões igualdade, diferença

e diversidade assumem importância para estudos relacionados à questão das desigualdades sociais.

Com base nos conhecimentos sobre as perspectivas sociológicas que explicam a desigualdade social,

no cotidiano das sociedades capitalistas, assinale a alternativa correta.

a) A sociologia weberiana, quando analisa as modernas sociedades ocidentais, demonstra que os

fatores econômicos e os antagonismos entre as classes determinam as hierarquias de poder e os

tipos de dominação.

b) as análises de Marx defendem a ideia de que as mudanças mais recentes na ordem mundial

capitalista alteraram a preeminência das classes na explicação das assimetrias sociais e

diversidades culturais.

c) na sociologia de Bourdieu, os fatores econômicos, simbólicos e culturais, a exemplo da renda, do

prestígio e dos saberes, incorporados pelos agentes em seu cotidiano e em sua trajetória de vida,

são responsáveis pela diferenciação de posições nos campos sociais.

d) no pensamento funcionalista, a origem da desigualdade social encontra-se nas contradições

econômicas e políticas entre os agrupamentos, que mantêm relações uns com os outros para

produzir e reproduzir a estrutura social.

e) para os pensadores críticos do neoliberalismo, a mobilidade dos indivíduos de um estrato social

para outro, no Brasil, é acompanhada igualmente por mudanças na estrutura de classes sociais,

na medida em que pobres e ricos se aproximam.

2. (Ebmsp 2016)

O termo desigualdades sociais se refere a disparidades existentes entre indivíduos nas chances de

acesso a bens e recursos sociais escassos e disputados. Tais bens e recursos podem ser de vários

tipos e variam historicamente. BERTONCELO, Edison Ricardo E. A teoria do capital de Bourdieu. Grandes temas do conhecimento Sociologia. São Paulo:

Mythos, a. 1, n.1, p. 42-46. Adaptado.

A observação da charge, associada ao texto, permite afirmar:

a) nas últimas décadas, as transformações ocorridas no sistema capitalista asseguraram grande

mobilidade na sociedade global, gerando uma nova ordem social no espaço geográfico.

b) as diferenças entre as classes sociais no mundo periférico só são visíveis pelo padrão de consumo.

c) os marcadores das diferenças sociais aparecem isolados e não estão articulados com as

experiências dos indivíduos e nem com o espaço onde eles vivem.

d) As diferenças e as desigualdades entre os homens são construídas socialmente e precisam ser

contextualizadas no tempo e no espaço.

e) os mecanismos de legitimação das desigualdades sociais no sistema capitalista facilitam a

percepção de que são indevidas.

Page 16: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

5

Sociologia

3. (Unioeste 2013) Pierre Bourdieu trata da cultura no sentido antropológico recorrendo a outro conceito,

o “habitus”. Em sua obra O Sentido Prático, ele explica mais detalhadamente sua concepção do

“habitus”. “Os habitus são sistemas de disposições duráveis e transponíveis, estruturas estruturadas

predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, isto é, a funcionar como princípios geradores

e organizadores de práticas e de representações que podem ser objetivamente adaptadas a seu

objetivo sem supor que se tenham em mira conscientemente estes fins e o controle das operações

necessárias para obtê-los. ” BOURDIEU, O Sentido Prático, 1980, p.88.

Sobre o conceito de habitus é INCORRETO afirmar que

a) o habitus não é interiorizado pelos indivíduos, implica em consciência dos indivíduos para ser eficaz.

b) o habitus funciona como a materialização da memória coletiva, que reproduz para os sucessores as aquisições dos precursores.

c) o habitus é o que caracteriza uma classe ou um grupo social em relação aos outros que não compartilham das mesmas condições sociais.

d) o habitus explica porque os membros de uma mesma classe agem frequentemente de maneira semelhante sem ter necessidade de entrar em acordo para isso.

e) o habitus é o que permite aos indivíduos se orientarem em seu espaço social e adotarem práticas que estão de acordo com sua vinculação social. Ele torna possível para o indivíduo a elaboração de estratégias antecipadoras, que são guiadas por esquemas inconscientes, esquemas de percepção, de pensamento e de ação.

4. (Interbits 2013) Como estamos incluídos, como homem ou mulher, no próprio objeto que nos

esforçamos por apreender, incorporamos, sob a forma de esquemas inconscientes de percepção e de

apreciação, as estruturas históricas da ordem masculina; arriscamo-nos, pois, a recorrer, para pensar

a dominação masculina, a modos de pensamento que são eles próprios produto da dominação. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, p. 31.

O texto acima diz respeito a um conceito criado por Pierre Bourdieu para tentar compreender as formas de dominação na nossa sociedade. Quando Bourdieu fala sobre “esquemas inconscientes de percepção e apreciação”, ele está fazendo referência à teoria de qual autor clássico da sociologia?

a) À forma como Durkheim compreende as formas de classificação da sociedade.

b) ao modelo capitalista de exploração do trabalho estudado por Marx.

c) aos tipos de dominação apresentados por Max Weber.

d) aos estados de evolução da sociedade evocados por Auguste Comte.

e) ao regime disciplinar estudado por Michel Foucault em Vigiar e Punir.

Page 17: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

6

Sociologia

5. Para Pierre Bourdieu, a escola é um espaço de produção de capital cultural, com diversos agentes e valores sociais envolvidos nesse processo. As opções a seguir consideram a escola a partir do quadro conceitual oferecido pelo sociólogo, à exceção de uma. Assinale–a.

a) A escola é uma ferramenta de poder, que reproduz desigualdades, ao perpetuar de forma implícita

hierarquias e constrangimentos.

b) na escola se desenvolvem lutas pela obtenção e manutenção do poder simbólico, produzindo

valores que acabam sendo aceitos pelo senso comum.

c) A escola é um espaço de socialização que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos,

tendo em vista que somos produtores e produtos do meio em que vivemos.

d) O aluno é um ator social ligado à engrenagem da produção simbólica, dela participando como

herdeiro e transmissor inconsciente de valores.

e) A escola é um artifício de reafirmação de poderes, onde estruturas sociais diferentes convivem e

se enfrentam com seus variados estilos de vida.

6. A violência não está ligada somente à criminalidade. Analisar unicamente uma dimensão, significa

permanecer apenas nas aparências da questão. A violência encontra-se nas diferentes relações

interpessoais, entre indivíduos e instituições, nas práticas repressivas do Estado, em tempos de crise,

nos movimentos sociais, nos meios de comunicação, entre outros. Pierre Bourdieu, sociólogo francês

(1930-2002), ao estudar os mecanismos que se configuram como forma de dominação, humilhação

e exclusão social, utilizados por pessoas, grupos ou instituições, os denominou de:

a) Violência Casual.

b) Violência Simbólica.

c) Violência Patrimonial.

d) Violência Urbana.

e) Violência Psicológica

7. (IF-RS/2015) A noção de habitus cumpre um papel central na teoria de Pierre Bourdieu quanto à análise das desigualdades sociais. A este conceito pode-se associar todas as perspectivas abaixo, EXCETO:

a) Na medida em que se trata de princípios geradores de práticas distintas e distintivas entre as

classes sociais, o habitus está expresso, por exemplo, no que se come e na maneira de comer,

bem como no esporte que se pratica e na forma de praticá-lo.

b) O habitus, como um sistema de disposições incorporadas, está ligado aos esquemas

inconscientes da cultura, uma vez que a teoria de Bourdieu privilegia em suas análises as

dimensões subjetivas do gosto e da estética dos grupos sociais.

c) O habitus se apresenta, ao mesmo tempo, como social e individual, de modo que a pessoa, em

suas experiências de vida, vai construindo um habitus individual próprio, ainda que indissociável

do primário.

d) O habitus é estruturado por meio das instituições de socialização dos agentes, que impõem aos

indivíduos certos princípios classificatórios, de visão de mundo e divisão de gostos.

e) A partir do habitus, se estabelece o que é bom e o que é mau, o que é distinto e o que é vulgar, o

que é valorizado e o que é desvalorizado em dado segmento social.

Page 18: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

7

Sociologia

8. (IF-MT/2016) Bourdieu e Passeron, na obra “A Reprodução”, consideram que toda ação pedagógica é

objetivamente resultante de relações de dominação, de imposições, de um poder arbitrário, de um

arbitrário cultural, ou seja, de violência simbólica. Como esses autores definem violência simbólica?

a) é um termo usado para designar ataques relativamente sérios à lei e à ordem pública que veem a violência se exprimir em diferentes sociedades.

b) é a imposição legítima e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante. O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima desse processo. Ocorre uma naturalização da violência.

c) é uma ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra um indivíduo; é um ato violento.

d) é um ato de violação dos direitos civis (liberdade, privacidade), sociais (saúde, educação, segurança), econômicos (emprego e salário).

e) A violência simbólica está sempre ligada a oposição e resistência do oprimido. Apesar de não ser física, ela acontece da maneira aberta e explícita.

9. (ENADE, 2008 – Ciências Sociais – ADAPTADA) A noção de campo desenvolvida por Pierre Bourdieu

propõe -se a resolver um dilema teórico. Até então, para explicar os produtos culturais – arte,

literatura, religião, ideologia –, escolhia-se entre duas vias exclusivas: o estruturalismo e o marxismo.

Em síntese, isso significava o confronto entre duas tradições, em que se privilegiavam os produtos

dotados de coerência interna, subtraindo-se os determinantes externos ou, então, caracterizavam -se

tais produtos pelas funções sociais que eles exerciam, notadamente as funções ideológicas de

justificação dos interesses da classe s dominantes. Segundo esse autor, a noção de campo:

a) Considera língua, mito, arte e religião como estruturas estruturantes, ou seja, objetivas, atribuindo-

lhes papel ativo.

b) Pressupõe que mito, religião e arte, apesar de forte presença simbólica, não cumprem nenhum

papel político no jogo da dominação.

c) Nenhuma das alternativas é completamente verdadeira.

d) Consiste na separação entre o poder e a violência.

e) Sintetiza o mundo subjetivo e o mundo objetivo, articulando a ordem do simbólico em uma

realidade complexa, em que a cooperação entre ambos transforma forças contrárias em aliados

que agem graças ao seu embate e não apesar dele.

10. No que diz respeito à visão de Pierre Bourdieu sobre a instituição escolar, é possível afirmar que:

a) O sistema escolar reforça e reproduz as desigualdades sociais.

b) predomina uma função transformadora da educação em suas análises.

c) na escola não ocorrem transferências de capitais entre gerações.

d) A dominação e a reprodução de valores estão fora dos ambientes escolares.

e) na escola não ocorrem transferências de capitais entre gerações e a dominação e a reprodução

de valores estão fora dos ambientes escolares.

Page 19: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

8

Sociologia

Gabarito

1. C

Existem várias teorias que explicam a desigualdade social. No caso da presente questão, a única que apresenta uma explicação correta é a [C]. A teoria de Bourdieu explica a desigualdade relacionando estrutura social e simbólica com os comportamentos individuais, que sempre ocorrem em determinado campo social.

2. D As desigualdades sociais, tal como afirma o texto da questão, variam historicamente e socialmente. Assim, qualquer compreensão desse tema deve partir de uma interpretação mais ampla de como funciona a sociedade em questão. Por exemplo, a desigualdade na sociedade indiana é diferente da desigualdade brasileira e cada uma deve ser compreendida nas suas próprias características.

3. A Por exclusão, o aluno pode ser capaz de perceber que somente a alternativa [A] está incorreta. Por ser inconsciente e interiorizado pelos indivíduos, o habitus se torna extremamente útil na forma como o indivíduo se insere no campo social, carregando esquemas de percepções e conduzindo a forma de pensar e de agir dos indivíduos.

4. A Pierre Bourdieu retoma a abordagem durkheimiana sobre as categorias de classificação da sociedade, ao estudar a dominação masculina que ocorre em “modos de pensamento”. Assim, somente a alternativa [A] está correta.

5. C De acordo com Bourdieu, a escola não proporciona desenvolvimento integral, pelo contrário, ela é palco da acentuação das desigualdades e lutas por poder simbólico.

6. B

A violência simbólica é uma forma de dominação e controle legitimada. Ela é a imposição legítima e dissimulada, com a interiorização da cultura dominante. O dominado não se opõe ao seu opressor, já que não se percebe como vítima desse processo. Ocorre uma naturalização da violência. O “certo” e o “adequado” é a forma de ser e estar da elite, modo de vida e de conhecimento que se torna a meta dos subalternizados.

7. C O habitus não se apresenta como individual, apenas como social. É definido como um conjunto de capitais e a capacidade que os indivíduos dentro de uma determinada classe tem de incorporar tais capitais. Os capitais não são individuais, mas sim coletivos, da mesma forma que o habitus.

8. B A violência simbólica é a imposição, muitas vezes sutil, da cultura dominante e apreciada pelo senso comum. O dominado não se opõe justamente pela sutileza e naturalização das imposições, que por sua vez, passam a ser integradas à vida do dominado.

9. E No contexto da obra de Bourdieu, o campo exerce, sobre os agentes que o integram, uma ação pedagógica que visa fazer com que eles adquiram formas de perceber, avaliar e agir no mundo (habitus) que são necessárias à sua inserção apropriada no campo.

Page 20: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

9

Sociologia

10. A A teoria de Bourdieu, o sistema educacional está baseado em sistemas de conservação e reprodução de desigualdades sociais.

Page 21: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

1

Sociologia

Escola de Frankfurt: Adorno e Horkheimer

Resumo

A Escola de Frankfurt

A escola de Frankfurt (Frankfurter Schule, em alemão) foi um movimento intelectual criado por filósofos e

cientistas sociais de orientação marxista em 1924, na Alemanha, que ficou caracterizado por uma análise

crítica da sociedade contemporânea. Vários dos seus integrantes foram perseguidos e tiveram que fugir do

regime nazista, e uma de suas mais importantes contribuições para a teoria crítica da sociedade ocorreu

através do conceito de indústria cultural ou cultura de massas. Entre seus principais representantes

podemos citar Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich

Fromm, Jürgen Habermas, entre outros.

A principal preocupação dos autores de Escola de Frankfurt era sua abordagem abrangente da vida social,

alcançando aspectos variados. Mesmo com grandes diferenças em seus pensamentos, todos produziram

uma teoria crítica da sociedade.

A referência da Escola de Frankfurt foi o pensamento marxista, mas numa leitura original do autor,

adequando sua produção às circunstâncias sociais do novo século. Além disso, Freud foi uma grande

inspiração para pensar as relações sociais. Hegel, Kant e Weber são outros pensadores que formaram esse

arcabouço teórico que agrupou investigações nos campos da economia, da psicologia, da história e da

antropologia.

Sociedade de Massas

Os dos principais conceitos da Escola de Frankfurt é o de sociedade de massas que designa uma sociedade

em que o avanço tecnológico está submetido à reprodução da logica capitalista. Nela, a lógica

mercadológica avançou sobre outros aspectos da vida, como lazer, arte e cultura em geral. A sociedade em

que viveram, e vivemos, é essa sociedade de massas, onde o consumo e a diversão são utilizados como

forma de garantir a estabilidade social ocultando as contradições do sistema capitalista e diluindo seus

problemas.

Um dos principais temas abordados dentro dessa crítica é a questão da razão. Adorno e Horkheimer

percebem que a proposta de emancipação humana da razão iluminista foi subvertida na dominação do

homem pelo homem através do desenvolvimento tecnológico. Essa razão orientada ao fim é a razão

instrumental, apontada como uma razão controladora que sempre se expressa como uma dominação sobre

a natureza e o ser humano. Para Horkheimer o avanço tecnológico se dá numa relação inversamente

proporcional. Quanto mais o pensamento humano é expandido, mas sua autonomia enquanto indivíduo

decai, pela sua incapacidade de se opor a mecanismos de manipulação e dominação tão desenvolvidos. O

resultado é uma desumanização dos indivíduos.

Apesar de outros pensadores da Escola de Frankfurt criticarem a razão iluminista, Adorno e Horkheimer são

os que lhe dirigem as mais duras análises. Para eles, a razão iluminista resultou numa forma de razão

instrumental que considera o propósito e o objetivo muito maiores que os meios e consequências para os

alcançar. É uma hipertrofia do fim, onde o “como fazer” e “porque fazer” são ignorados. Diante da assimilação

do proletariado pelo capitalismo e de sua falta de consciência revolucionária resultante da alienação

produzida pela indústria cultural e enfraquecida pelas conquistas trabalhistas alcançadas, o tom geral da

Escola de Frankfurt é de desesperança.

Page 22: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

2

Sociologia

A crítica à razão iluminista se estende a noção de progresso, esse movido pela razão instrumental. E Em vez

de ser a expressão do avanço do ser humano e da civilização, o progresso era visto como uma catástrofe,

como aponta Walter Benjamin sobre a “Angelus Novus” de Paul Klee:

“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.

Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que

ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua

boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter

esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós

vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe

única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as

dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar

os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra

do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele

não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele

irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas,

enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa

tempestade é o que chamamos progresso” BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de História.1940.

Cultura de massa e Indústria Cultural

Ao abordar as relações entre cultura e política, a Sociologia busca uma compreensão acerca do modo como

uma sociedade reproduz ou contesta as relações de poder nela vigentes. No caso específico da teoria crítica

desenvolvida por Adorno e Horkheimer em 1947, o conceito de cultura de massas - intrinsecamente

relacionado com a noção de indústria cultural - visava explicar o papel fundamental que a massificação

cultural desempenhou para que fosse possível a manutenção do domínio sobre as classes trabalhadoras na

Alemanha nazista, tão importante quanto o próprio totalitarismo político adotado pelo regime de Hitler. O

nazismo impedia a manifestação e a organização da classe trabalhadora e se aproveitou da produção de

bens culturais voltados para a grande massa para manter o seu domínio, exatamente porque esses produtos

culturais, veiculados pelos meios de comunicação, levavam ao conformismo, ao mero divertimento, e não a

uma reflexão crítica sobre a realidade.

Adorno e Horkheimer perceberam a relevância que os

meios de comunicação de massas (como tv, internet,

radio…) tem na difusão da ideologia da classe

dominante nas sociedades capitalistas

contemporâneas, perpetuando o capitalismo como um

sistema político inabalável, hegemônico. De acordo

com eles, há uma degeneração da cultura operada pela

sociedade industrial, que acaba por substituir as obras

de arte mais originais e que levam ao pensamento

crítico por fórmulas repetitivas e superficiais que, no

entanto, possuem um alto valor de mercado. A cultura

torna-se um produto que pode ser vendido para um

Angelus Novus de Paul Klee., 1920. Domínio público

Obra de Pop Art. Típica do séc. XX a Pop Art surge em um contexto de profundas transformações no “como fazer” da

arte.

Page 23: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

3

Sociologia

grande número de pessoas e uma importante ferramenta para a manutenção das relações de poder nas

sociedades capitalistas.

Em suma, a Indústria cultural é um conceito sociológico que nos remete às sociedades capitalistas

contemporâneas, em que a classe dominante - aquela que domina os meios de comunicação de massas -

transforma o lazer em um momento de pura passividade. As possibilidades de produção de cultura e

momentos de lazer são vendidas como mercadorias, num processo de alienação, reificação e fetichização

que afasta o indivíduo da realidade assim como ocorre na produção da vida material. Tal qual ser alienado

do resultado do nosso trabalho nos desumaniza, ser afastado da produção dos símbolos, sentidos e valores

que guiarão a organização da vida pela cultura nos torna indivíduos rasos e incompletos. A sociedade de

massas é, como o próprio nome já indica, uma sociedade manipulável, moldável, em que se consegue

capturar o lazer dos indivíduos com produtos culturais que ajudam a manter a distorção da realidade, a

manipulação e a alienação sofrida pelas pessoas. Nessa sociedade, tudo é capturado pelo mercado, tudo

se transforma em mercadoria para consumo em larga escala, até mesmo os bens culturais, como filmes,

séries, livros, obras de arte, etc.

Os principais tipos de obras de arte apropriados

pela indústria cultural, segundo Adorno e

Horkheimer, foram o cinema e a música. Ainda

hoje observamos uma grande predominância, por

exemplo, nos cinemas nacionais, de filmes de

ação e de comédia, geralmente americanos, que

ajudam a compor o cenário de alienação a que as

pessoas estão submetidas, não exercendo o seu

papel - enquanto obra de arte - de levar à reflexão

e ao pensamento crítico. Dessa maneira,

percebemos como o conceito de Indústria Cultural

e o de cultura de massas ainda se aplicam à nossa

realidade social, bem como a das outras

sociedades industriais contemporâneas.

Broadway St. Nova Yorque. Bens, serviços e produtos culturais são oferecidos como mercadoria.

Page 24: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

4

Sociologia

Exercícios

1. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários,

que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para

dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres

para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete

sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é

sempre a mesma coisa. ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)

a) legado social.

b) patrimônio político.

c) produto da moralidade.

d) conquista da humanidade.

e) ilusão da contemporaneidade.

2. Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório.

Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação das massas”. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado.

O tema abordado pelo texto refere-se

a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa.

b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa.

c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais.

d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo.

e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento.

Page 25: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

5

Sociologia

3. Leia:

Quinze minutos de fama Mais um pros comerciais Quinze minutos de fama Depois descanse em paz O gênio da última hora É o idiota do ano seguinte O último novo-rico É o mais novo pedinte Não importa contradição O que importa é televisão Dizem que não há nada que você não se acostume Cala a boca e aumenta o volume então

A melhor banda de todos os tempos da última semana – Sérgio Britto/Branco Mello (Titãs) (adaptado)

A música acima, interpretada pela banda Titãs, faz uma crítica a qual característica da televisão contemporânea?

a) Ao caráter elitista das transmissões televisivas.

b) À sua inserção comprometida com a transformação social e com as mudanças de paradigmas culturais.

c) À grande quantidade de comerciais existentes nos programas televisivos, que prejudicam a qualidade dos programas de domingo.

d) Às contradições próprias de qualquer tipo de instrumento cultural urbano.

e) À forma como ela se apresenta como um produto da indústria cultural, servindo de instrumento de alienação.

4. Segundo Adorno e Horkheimer, “a indústria cultural pode se ufanar de ter levado a cabo com energia

e de ter erigido em princípio a transferência muitas vezes desejada da arte para a esfera do consumo,

de ter despido a diversão de suas ingenuidades inoportunas e de ter aperfeiçoado o feitio das

mercadorias”. (ADORNO, T. ; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar,

1985. p. 126.)

Com base nessa passagem e nos conhecimentos sobre indústria cultural em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:

a) A indústria cultural excita nossos desejos com nomes e imagens cheios de brilho a fim de que possamos, por contraste, criticar nosso cinzento cotidiano.

b) A fusão entre cultura e entretenimento é uma forma de valorizar a cultura e espiritualizar espontaneamente a diversão.

c) A diversão permite aos indivíduos um momento de ruptura com as condições do trabalho sob o capitalismo tardio.

d) Os consumidores têm suas necessidades produzidas, dirigidas e disciplinadas mais firmemente quanto mais se consolida a indústria cultural.

e) A indústria cultural procura evitar que a arte séria seja absorvida pela arte leve.

Page 26: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

6

Sociologia

5. Observe a charge a seguir.

(Disponível em: <http://framos.wordpress.com/2008/03/06/reflexoes-imageticas-1/>. Acesso em: 21 ago. 2008.)

De acordo com a charge:

a) populações menos desenvolvidas intelectual e culturalmente são mais felizes quando dominadas por aqueles com maior poderio militar.

b) indivíduos de países socialmente atrasados temem a ingerência estrangeira em seus territórios por não compreenderem o seu caráter civilizador e humanitário.

c) os novos mecanismos de dominação de um país sobre o outro combinam violência com consentimento, pelo uso, também, de diversos instrumentos ideológicos.

d) as intervenções militares representam o melhor caminho para a garantia da liberdade de pensamento e o princípio de autodeterminação dos povos.

e) é inviável, no mundo moderno, a implantação de regimes democráticos sem o uso da força bruta, praticada, em geral, com moderação, por parte da nação que se apossa de determinado território.

6. “Adorno e Horkheimer (os primeiros, na década de 1940, a utilizar a expressão ‘indústria cultural’ tal como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria desempenha as mesmas funções de um Estado fascista (...) na medida em que o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, transformando-se em mero joguete e em simples produto alimentador do sistema que o envolve.”

(COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado)

Adorno e Horkheimer consideram que a indústria cultural e o Estado fascista têm funções similares, pois em ambos ocorre

a) um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao alcance das massas, o que possibilita sua conscientização.

b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar o valor das obras artísticas e bens culturais, assim como de conviver em harmonia com seus semelhantes.

c) o aprimoramento do gosto estético por meio da indústria do entretenimento, em detrimento da capacidade de reflexão.

d) um processo de alienação do homem, que leva o indivíduo a perder ou a não formar uma imagem de si e da sociedade em que vive.

e) o aprimoramento da formação cultural do indivíduo e a melhoria do seu convívio social pela inculcação de valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na medida em que este produz divergências no âmbito da sociedade.

Page 27: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

7

Sociologia

7. Analise a charge a seguir

(Disponível em: <https://sociologiareflexaoeacao.files. wordpress.com/2015/07/cena-cotidiana-autor-

desconhecidofacebook.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2016.)

As reações mais íntimas das pessoas estão tão completamente reificadas para elas próprias que a ideia de algo peculiar a elas só perdura na mais extrema abstração: personality significa para elas pouco mais que possuir dentes deslumbrantemente brancos e estar livres do suor nas axilas e das emoções. Eis aí o triunfo da publicidade na Indústria Cultural.

ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

1985. p. 138.

A respeito da relação entre Indústria Cultural, esvaziamento do sentido da experiência e superficialização da personalidade, assinale a alternativa correta.

a) A abstração a respeito da própria personalidade é uma capacidade por meio da qual o sentido da

experiência, esvaziado pela Indústria Cultural, pode ser reconfigurado e ressignificado.

b) A superficialização da personalidade e o esvaziamento do sentido da experiência são efeitos

secundários da Indústria Cultural, decorrentes dos exageros da publicidade.

c) A superficialização da personalidade resulta da ação por meio da qual a Indústria Cultural esvazia

o sentido da experiência ao concebê-la como um sistema de coisas.

d) O esvaziamento do sentido da experiência criado pela Indústria Cultural atesta a superficialidade

inerente à personalidade na medida em que ela é uma abstração.

e) O poder de reificação exercido pela Indústria Cultural sobre a personalidade consiste em criar um

equilíbrio entre sensibilidade (emoções) e pensamento (máxima abstração).

Page 28: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

8

Sociologia

8. Com o desenvolvimento do capitalismo, também a arte passa a ser cada vez mais regida por princípios de mercado. Em um sentido bem preciso: o formato mercadoria passa a determinar a própria forma de produção da arte. A ideia fundamental é a de que há padrões, "standards" de produção da arte que têm de ser respeitados se quem produz arte quiser ter sucesso”

Marcos Nobre, Folha de São Paulo, coluna opinião. 16/12/2008.

Nos anos quarenta do século passado, dois filósofos e sociólogos alemães, da chamada Escola de Frankfurt, Max Horkheimer e Theodor Adorno, pensando a questão da arte e da cultura no mundo capitalista cunharam uma expressão que, desde então, passou a ser sistematicamente utilizada para designar a forma de produzir e consumir cultura nas sociedades industrializadas. Que expressão é essa?

a) Cultura industrial.

b) Cultura mercantilizada.

c) Indústria cultural.

d) Mercantilização cultural.

e) Fabricação cultural.

9. “A indústria cultural, com suas vantagens e desvantagens, pode ser caracterizada pela transformação da cultura em mercadoria, com produção em série e de baixo custo, para que todos possam ter acesso. É uma indústria como qualquer outra, que deseja o lucro e que trabalha para conquistar o seu cliente, vendendo imagens, seduzindo o seu público a ter necessidades que antes não tinham”.

(PARANÁ. Livro didático de Sociologia. Curitiba, 2006, p.156).

Assinale a alternativa correta.

a) A indústria Cultural não é uma característica da sociedade contemporânea ela é um produto natural em qualquer sociedade.

b) A indústria Cultural é responsável por criar no indivíduo necessidades que ele não tinha e transformar a cultura em mercadoria.

c) A Indústria Cultural não influência nas necessidades do indivíduo com a sua produção em série e de baixo custo.

d) A indústria cultural faz com que o indivíduo reflita sobre o que necessita, não desejando lucro.

e) A Indústria Cultural prioriza a heterogeneidade de cada cultura.

Page 29: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

9

Sociologia

10. Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos [...] paralisam essas capacidades em virtude de sua própria constituição objetiva.”

HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p.119.

Assinale a alternativa incorreta:

a) A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente.

b) A indústria cultural, enquanto negócio, tem que seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais.

c) A indústria cultural não tem o condão de produzir necessidades no homem.

d) A indústria cultural degenera a arte que a antítese da sociedade selvagem produzida pelo desenvolvimento do capitalismo.

e) A indústria cultural tem como guia a racionalidade técnica esclarecida, o consumidor de cultura não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher.

Page 30: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

10

Sociologia

Gabarito

1. E Theodor Adorno e Max Horkheimer apontam para o aspecto dialético do esclarecimento alcançado na sociedade contemporânea: a liberdade vivenciada pelo indivíduo apresenta-se como uma ilusão, uma mistificação, visto que a liberdade real não chega a ser experienciada pelas pessoas.

2. E Somente a alternativa [E] está correta. Padronizar as produções culturais no sentido de torná-las aprazíveis e massificadas é transformar a cultura em mero entretenimento. Adorno e Horkheimer desenvolvem o termo indústria cultural para mostrar como esse processo ocorre.

3. E Somente a alternativa [E] está correta. A televisão acaba por massificar e banalizar as produções artísticas, fazendo-as perder a sua aura e contribuindo para a alienação e acomodação das pessoas.

4. D

a) Incorreta. A indústria cultural excita nossos desejos para que consumamos mais e mais, e sem questionamentos.

b) Incorreta. A fusão entre cultura e entretenimento empobrece a cultura e a torna consumível.

c) Incorreta. A diversão permite uma ruptura, mas a diversão oferecida pela indústria cultural escraviza o indivíduo no trabalho, pois sem dinheiro não há como se divertir, dentro de sua lógica de consumo.

d) Correta. Os indivíduos não são os autores de suas necessidades, suas necessidades são produzidas, dirigidas e disciplinadas pela indústria cultural, por meio dos veículos de comunicação de massa.

e) Incorreta. A indústria cultural não tem essa preocupação. Tudo se torna produto para consumo.

5. C A indústria cultural é um importante instrumento de dominação dos países desenvolvidos sobre os mais pobres, na busca de suas riquezas (principalmente naturais) e de seu apoio estratégico. Sendo um forte (e pacífico) mecanismo de dominação ideológica, a inserção cultural das ideias predominantes em sociedades mais desenvolvidas acaba por justificar junto às populações locais a dominação militar que porventura venha a acontecer na sequência, como foi muito comum na política americana em relação aos países da América Central ao longo do século XX. Junto a isso, os próprios produtos do capitalismo também desempenham esse papel de dominação. A charge mostra isso claramente ao usar personagens da Disney como soldados do exército, dominando uma ilha de feição típica centro-americana. Outros ícones significativos do capitalismo também aparecem, como a Coca-Cola, a Texaco, a IBM etc. e por fim a televisão como meio difusor dos conteúdos.

6. D

A afirmativa A está incorreta, porque na indústria cultural a produção é posta à disposição da sociedade, mas de forma alienante, que não permite que ela possua real significado artístico. Além disso, neste contexto, a arte se torna mercadoria, e seu valor mercadológico se sobrepõe ao seu real valor cultural. A afirmativa B está incorreta, porque a capacidade de julgamento sobre a arte é diminuída no contexto da indústria cultural, assim como as representações de sociabilidade que ela poderia sugerir. A afirmativa C está incorreta, porque, além de não haver um aprimoramento do gosto estético (embotado no meio de tantas ofertas), há uma perda de capacidade de reflexão sobre a arte e seu significado. A afirmativa E está incorreta, pois mistura vários conceitos e os apresenta de forma errada. Na indústria cultural não há aprimoramento da formação do indivíduo. Os valores ficam mais dispersos e cria-se uma atitude conformista, pois não se percebem realmente os significados artísticos; assim, faltam elementos para o debate

Page 31: Resumão...Resumão Maio Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1

11

Sociologia

7. C O texto se refere à noção de “indústria cultural”. Esta está relacionada com a forma de se produzir e consumir os produtos culturais de forma massificada e acrítica, seguindo a lógica fetichizada do mercado.

8. A

a) Correta. Para Adorno, o poder crítico da música é destruído quando ela se torna produto de consumo.

Isso pode ser identificado no fato de que a condição para o sucesso da "música de consumo" é a

recusa do exercício racional exigido pela música crítica. Assim, a música de massa, caracterizada

pela desconcentração, encobre o poder crítico da música que consiste na audição concentrada e na

concentração atenta.

b) Incorreta. Adorno insiste na relação intrínseca entre arte e sociedade, não sendo possível dissociá-

las. Adorno entende que até mesmo o jogo da imaginação é marcado pelos condicionamentos

sociais; mesmo na particularidade da obra de arte musical, identifica-se a presença de motivações

sociais.

c) Incorreta. Para Adorno, o próprio termo "música de massa" aparece como a negação do poder crítico

da arte musical, expressando a impossibilidade de manifestar conteúdos racionais. Assim, há uma

disjunção entre "música de massa", por um lado, e racionalidade e criticidade, por outro.

d) Incorreta. A tensão é uma disposição necessária para uma música que não se converteu em

mercadoria. Para Adorno, a manutenção da tensão revela que a música não é produto de

entretenimento, pois a tensão representa a disposição de apreender os elementos musicais

enquanto constituídos de racionalidade.

e) Incorreta. Para Adorno, a mera repetição não significa audição concentrada. Audição concentrada

refere-se a uma determinada capacidade perceptiva do indivíduo, possibilitada por uma música que

possui, na sua própria estrutura formal, uma organização que exige atenção.

9. B De acordo com Adorno e Horkheimer, a indústria cultural transforma a cultura em mercadoria a ser vendida e consumida, além de gerar nas pessoas necessidades que elas não possuíam anteriormente a partir do estímulo ao consumo.

10. C A indústria cultural age produzindo necessidades nos homens, construindo, segundo a lógica de mercado, a percepção artística das pessoas, massificando a cultura e reproduzindo a lógica de dominação capitalista. Todas as alternativas estão de acordo com essa definição, com exceção da [C], a única incorreta.