resumo o segredo dos girassÓis
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Eu era apenas uma jovem romântica e
sonhadora, cuja única companhia
eram os livros que me acompanharam
desde a minha mais tenra infância.
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Toda a minha história escrevi em um
diário, para que assim fosse perpetuada.
Não vivi muito, mas o pouco que vivi foi
mais do que a existência de muitos.
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Aprendi que nem tudo na vida é lenda, e que
toda lenda tem um fundo de verdade. Por
causa de meus sonhos constantes, fui iniciada
nos caminhos da magia. Por causa dessa
escolha, fui condenada à prisão perpétua,
encerrando os meus dias em um calabouço
frio e escuro, de onde lhes escrevo minha
história de vida.
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Todos os meus sonhos e pesadelos eram com o
mosteiro de San Francisco, na Espanha - onde, por
ironia do destino, fui condenada a permanecer até o
resto dos meus dias. Porém, uma única coisa
deixava-me intrigada: aquele monge misterioso,
que sempre aparecia romanticamente em meus
sonhos e jogava-se de um despenhadeiro no final.
Mais intrigante era saber que ele sabia o meu nome
- Shaara!31/01/20121 5
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O fato é que desenvolvi por aquele monge
misterioso uma espécie de amor platônico e
obsessivo. Onde quer que fosse, sua imagem
sempre vinha-me à cabeça e sua voz ecoava em
meus ouvidos, trazida pelo som do vento.
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Através dos caminhos da magia, fiz minha
primeira viagem astral. Nela pude descobrir que
o monge era o meu amor de outras vidas. Mas
também descobri que ele era o inquisidor que
me condenou à fogueira em minha vida passada.
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Descobri que fui uma grande e poderosa bruxa,
e que por anos vivi refugiada com meu filho em
uma floresta . Acolhi muitas pessoas que me
procuravam, pessoas que a Inquisição perseguiu
também. Mas, no dia em que fui capturada, vi
na minha frente o ódio e o desprezo nos olhos
delas, pois julgavam que eu era culpada pelo
grande extermínio que houve naquela floresta.
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Vi mulheres serem torturadas e crianças serem
esmagadas e devoradas vivas por cães famintos.
Em instantes, a beleza daquela floresta
transformou-se no pânico vermelho que saía dos
corpos daqueles inocentes. Porém, nada pude
fazer porque não estava ali pessoalmente -
somente o meu periespírito estava. Presenciei
dor, decepção e o medo nos olhos de minha
ancestral. Mas, mesmo no meio de tanta
barbárie, ela se manteve esguia e não baixou a
guarda. Shaara era uma mulher forte e
destemida, muito além do seu tempo e dos
conceitos machistas.
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Shaara foi julgada por pessoas que se
acreditavam acima do bem e do mal. Seus
argumentos de nada valeram. Permaneceu
em cativeiro por muitos anos, até o fatídico
dia de sua morte.
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Shaara foi levada à praça pública para ser mais
humilhada e, depois, queimada viva. Antes de
morrer, Shaara chamou por seu amor, Edward,
e ele respondeu no meio da multidão com um
grito que ecoou por toda a cidade. Os gritos do
capitão foram levados com Shaara, junto com os
seus últimos pensamentos – os quais nunca
saberemos...
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Quando retornei da minha viagem astral, fui
muito bem acolhida por minhas irmãs e irmãos
da tradição da serpente. Voltei mais madura e
segura de mim, e também mais preparada
para enfrentar o meu destino.
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Da tradição da serpente à dura realidade de
ter que voltar ao mundo real... Passei por
diversos obstáculos, até que finalmente
também fui posta diante do meu destino: fui
trancada em um convento, onde por fim pude
conhecer o monge, cujo ancestral era Edward.
Depois de ter-lhe contado sobre quem eu era,
também me surpreendi em saber que ele
pertencia a uma tradição.
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O meu grande amor era um cavaleiro da
ordem dos templários e seu nome era
Ângelo Wallejo Morales.
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Às vezes nos encontrávamos na cozinha do
mosteiro, outras na sacristia... Às vezes, pois
eram tão raros nossos encontros...!
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Quando estávamos juntos, era perfeito. Se o
mundo acabasse, não nos faria a menor
diferença. Nosso amor foi muito maior que o
preconceito e a maldade da Inquisição. Nosso
amor atravessou as barreiras do tempo para
que nós nos encontrássemos novamente.
Esse amor viverá para sempre!
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Acabei os meus tristes dias em uma masmorra
sombria e úmida. Mas, mesmo separada do meu
grande amor, nunca deixei de pensar nele - a
lembrança de seu rosto foi o que me sustentou de
pé por muito tempo.
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O lugar para onde fui era muito distante e
desconhecido da mente humana. E, por
muito tempo, vaguei por entre as trevas.
Até que, finalmente, quis aceitar a luz.
Depois de muita resignação, tive permissão
de voltar e visitar Wallejo. Senti o
sofrimento no coração do meu grande
amor e presenciei o seu assassinato.
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E ainda hoje o vento silva no alto do
despenhadeiro, clamando por justiça e
verdade. Por isso, conto-lhes esta história.
Meu amor precisava que soubessem que ele
nunca assassinou ninguém. E que também
não era um suicida. Wallejo ficou por anos
vagando em desespero, sem querer confiar
nos irmãos. Era um espírito revoltado e sem
luz. Aceitou reencarnar, mas não nos
encontramos em outra vida tão
rapidamente. Também reencarnei algumas
vezes, mas nunca fui feliz no amor, porque
estava presa a uma jura.
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Ainda hoje os girassóis bailam com o vento,
guardando para sempre o meu segredo.
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“Às vezes, cometemos erros dos quais
nunca nos perdoaremos. Não existe
uma forma de voltarmos atrás. O
melhor é pensar antes de seguir com as
ideias e vontades. O ser humano é
frágil e fraco, porque sucumbe às
vontades do aparelho. Não se preocupa
com o mal que faz ao espírito. Essas
consequências podem levar a várias
encarnações para que este espírito
aprenda a controlar as emoções e
cresça - o que pode atrasar a sua
evolução. Pense nisso. Muita paz e
muita luz”.
(Padre Ângelo Wallejo Moralles - 1795 a