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Page 1: Resumo livro -  Noronha

Direito das Obrigações por Fernando Noronha

Resumão do CAP. 01

Noção de obrigação equivalente a de dever leva a entender que o sua violação

implica sanções organizadas pelo poder estatal e limita-se a excluir do seu

âmbito os deveres extrajurídicos (religiosos, morais e de trato social).

O conceito de norma baseia-se no de obrigação (compromisso ou imposição

subjacente a toda e qualquer regra de conduta social).

Obrigação é sinônimo de Direito de Crédito.

O acordo entre transportador e transportado na carona não configura contrato,

pois se encontra na esfera das meras relações sociais. A gratuidade não

influencia, até porque existem muitos contratos “jurídicos” gratuitos como os de

empréstimo gratuito (mútuo e comodato – obrigações de restituir coisa incerta e

certa respectivamente).

O Direito das Obrigações disciplina:

1) Obrigações Negociais

2) Obrigações de Responsabilidade Civil

3) Obrigações de Enriquecimento sem Causa

Direito das Obrigações é o ramo do direito que regula o processo social de

produção e de distribuição de bens e de prestação de serviços. Em sentido

técnico, a obrigação faz referência à noção de vínculo jurídico, de situação

jurídica ou de relação jurídica. Este conceito é preferível por ser mais restrito.

Enfim, a obrigação refere-se à totalidade da relação englobando tanto o poder

de exigir (crédito) como o dever de realizar a prestação (débito).

Situação jurídica é toda situação da vida real em que as pessoas se podem

encontrar desde que regulada pelo direito.

Situação Jurídica Plurissubjetivas:

Situação jurídica Unissubjetivas: não interessam ao Direito Empresarial

Instituto jurídico: é constituído pelo conjunto de princípios e normas que

regem uma determinada situação ou relação jurídica.

Obrigação: relação jurídica em que uma pessoa (ou mais de uma) pode exigir

de outra uma prestação debitória que satisfaça um interesse seu.

Vínculo Jurídico: constituído entre duas ou mais pessoas onde uma delas

deve realizar, em benefício de outra, uma prestação que é do interesse desta

última. O seu significado preciso é o de conjunto dos direitos subjetivos e

Page 2: Resumo livro -  Noronha

potestativos, deveres, ônus e sujeições que integram a obrigação, ligam o

credor ao devedor.

Relação obrigacional Simples é sinônimo de obrigação e se contrapõe à

Relação Obrigacional complexa.

Nas operações de crédito, no crédito ao consumidor e nos títulos de crédito,

quem realiza a prestação atual (ou quem faculta a outrem a possibilidade de

dispor agora de valores futuros) fica credor de uma verdadeira e própria

obrigação em sentido técnico.

Elementos constitutivos da relação jurídica:

- Sujeitos: credor e devedor;

- Objeto: prestação debitória;

- Fato Jurídico

- Garantia

Conteúdo da Relação Jurídica: é o vínculo entre os sujeitos (laço entre o

credor e o devedor).

Sujeitos da Obrigação: podem ser tanto pessoas naturais (físicas) quanto

jurídicas. Toda obrigação apresenta pelo menos dois sujeitos, um ativo e

outro passivo. Existem obrigações em que somente o devedor é conhecido

(obrigações de credor indeterminado temporariamente) e existem também

obrigações com pluralidade de credores ou de devedores (destaque às

obrigações solidárias que se contrapõem às conjuntas ou parciárias).

Obrigações parciárias: as quotas-parte de cada devedor e de cada

credor podem ser exigidas e devem ser cumpridas sem considerar as

demais.

Obrigações de solidariedade passiva: qualquer um dos devedores

está sujeito a ter de cumprir a prestação integral, como se fosse devedor

único.

Obrigações de solidariedade ativa: qualquer um dos credores pode

exigir a integralidade da prestação como se fosse credor único.

Partes: as partes são centros de interesse e independem do número de

sujeitos que integre.

Efeito Relativo das Obrigações: a prestação só pode ser exigida pelo credor

que também só pode exigi-la do devedor. Relatividade significa que a ninguém

é permitido criar obrigações a cargo de terceiros, contudo, não impede que a

obrigação produza efeitos a terceiros.

Direito absoluto: pode ser feito valer contra qualquer pessoa, eficácia

erga omnes (contra todos).

Não são ELEMENTOS ESSENCIAIS

Page 3: Resumo livro -  Noronha

Direito relativo: o objeto da prestação só é exigível por parte de

pessoas determinadas, eficácia inter partes.

Terceiros: pessoas estranhas a uma relação jurídica (não são partes), mas

que podem vir a ser prejudicadas ou beneficiadas por ela. Não é possível

considerar pessoas a quem a relação seja transmitida como terceiros, por

exemplo, os herdeiros e os cessionários, porque, caso intervenham, ficarão na

condição de parte.

Finalidade da obrigação: é a satisfação de um interesse do credor, mas que

tem de ser legítimo, ou seja, sério e útil. Isso significa que a obrigação não tem

por finalidade realizar unicamente uma finalidade individual, egoística do

credor, pois toda obrigação, na medida em que tem o objeto tutelado

juridicamente, também possui uma finalidade social – toda norma jurídica visa

a “fins sociais” e a atender “exigências do bem comum”.

É preciso considerar legítimo não só o interesse do credor, como também o de

ambas as partes.

Tripartição das obrigações segundo os interesses tutelados:

Se o interesse do credor é suscetível de variações infinitas ele deverá ser

classificado dentre:

a) Interesse na realização das expectativas nascidas de compromissos

assumidos por outra pessoa em negócio jurídico;

b) Interesse na reparação de danos causados por conduta antijurídica,

ainda que não necessariamente ilícita, de outrem, que represente

violação de deveres gerais de não causar danos;

c) Interesse na reversão para o patrimônio de alguém de acréscimos

acontecidos no patrimônio de outrem quando de direito deveriam

pertencer àquele.

1. Obrigações Negociais: o direito vai tutelar a expectativa do credor no

adimplemento das obrigações assumidas pelo devedor, com realização

integral da prestação debitória. A causa dessa relação obrigacional é um

negócio jurídico.

2. Obrigações por Responsabilidade Civil (sentido estrito): o direito vai

tutelar a pretensão do credor à reparação de danos sofridos. A causa

dessas relações obrigacionais é a prática de atos ilícitos ou a ocorrência

de outros atos antijurídicos.

3. Obrigações de Restituição por Enriquecimento sem Causa: o direito

vai assegurar a devolução ao patrimônio do credor daqueles ganhos que

o devedor conseguiu à custa dos bens ou da pessoa do credor. Os

enriquecimentos injustificados têm como causa o aproveitamento de

Page 4: Resumo livro -  Noronha

bens e direitos alheiam e geram a obrigação de restituir o acréscimo

patrimonial indevidamente obtido.

Obrigação cuja prestação não tenha valor econômico será nula: na maioria

das obrigações, o interesse do credor tem natureza patrimonial. A Doutrina

sustenta a nulidade das obrigações que não consistem na realização de

prestações com valor econômico. O interesse do credor pode não ser

patrimonial, mas a prestação deve, necessariamente, ter tal natureza.

Para Noronha, o fundamental para a validade da obrigação não é a prestação

ter conteúdo patrimonial, é o interesse do credor ser merecedor de tutela.

Cabe lembrar que nas obrigações de responsabilidade civil inexiste um

interesse patrimonial, pois elas têm por objeto a reparação da maioria dos

danos chamados pessoais, ou seja, aqueles que afetam valores ligados à

própria pessoa do lesado nos aspectos físico, psíquico e moral.

Existem limites à realização do interesse do credor. O exercício de um direito

de forma contrária ao interesse geral é antijurídico e caracteriza abuso de

direito que é quando o titular de um direito ao exercê-lo excede os limites

impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons

costumes.

Função social da obrigação: é necessário que o interesse do credor possa

ser valorado do ponto de vista social como sério e útil. O interesse fundamental

da questão da função social está em mostrar que a liberdade contratual, a

autonomia privada, portanto, deve cessar quando violar valores maiores da

sociedade, supracontratuais.

A questão dos limites impostos ao interesse do credor é mais importante nas

obrigações negociais do que nas demais.

O direito não tutela obrigações cuja prestação consista em futilidades nem

contratos em que haja desequilíbrio entre prestação e contraprestação.

Objeto imediato ou direito da obrigação: prestação debitória

Objeto mediato ou indireto da obrigação: a coisa ou o fato a serem

prestados.

Obrigações de Prestação de Coisa

a) Específica: de dar coisa certa

b) Genérica: de dar coisa incerta

c) Pecuniária: dar quantia certa

Obrigações de prestação de fato

Page 5: Resumo livro -  Noronha

a) De fazer: positiva

b) De não fazer: negativa

Obrigações de Dar x Obrigações de Fazer: as obrigações de dar têm por

objeto a prestação e uma coisa, o interesse do credor não propriamente está

na atividade do devedor, mas na coisa que deve ser entregue. Já as

obrigações de fazer são relativas à prestação de um fato e a sua essência é a

atividade que deve ser realizada e não a coisa dele resultante.

Prestação debitória é a ação ou a omissão a que o devedor fica adstrito e que

o credor tem o direito de exigir.

Requisitos da prestação debitória:

a) A prestação deve ter conteúdo patrimonial ****;

b) A prestação deve ser determinada (ou determinável);

c) A prestação deve ser possível;

d) A prestação deve ser lícita.

**** A doutrina contemporânea entende que não é qualquer interesse

extrapatrimonial que merece tutela jurídica, somente aqueles que possam ser

socialmente valorados como sérios e úteis, sejam eles de conteúdo

econômico ou não poderão sustentar obrigações válidas.

Crédito: é o direito do credor à prestação, é o poder de exigir a realização da

prestação debitória. Ele é típico direito subjetivo, também chamado de direito

pessoal. Os créditos são direitos relativos, e não absolutos.

Os direitos relativos são as prerrogativas que se dirigem contra pessoas

determinadas, só delas podendo ser exigida a sua realização, isto é, são

direitos cujos sujeitos passivos são determinados: por isso se diz que a sua

eficácia é apenas inter partes.

Débito: é a dívida, é o dever de realizar a prestação a que o sujeito passivo

está obrigado, sob pena de, em caso de recusa, poderem ser usados os meios

coercitivos dispostos pelo ordenamento jurídico. O débito é o reverso do crédito

(dois pólos de um mesmo vínculo jurídico) e corresponde à obrigação em

sentido técnico, o sujeito passivo tem necessidade de agir de determinada

maneira para satisfazer o interesse do credor.

Ônus Jurídicos: visam satisfazer interesses da própria pessoa sobre quem

incidem. O ônus jurídico é o comportamento que uma pessoa livre de adotar ou

não deve observar a fim de evitar a perda de um direito ou de alcançar alguma

situação jurídica vantajosa.

Posição Jurídica: é constituída pelo conjunto dos direitos subjetivos em

sentido estrito, direitos potestativos, simples expectativas de direitos, deveres

Page 6: Resumo livro -  Noronha

jurídicos, ônus jurídicos... que uma pessoa tem numa determinada situação

jurídica.

Deveres Primários (principais): são as prestações nucleares aquelas que

satisfazem diretamente o interesse do credor. Os deveres principais são a

razão de ser da obrigação que sem eles não existiria.

Deveres Secundários (acessórios): são autonomamente exigíveis, não se

confundem com as obrigações acessórias, uma vez que estas são relações

obrigacionais completas enquanto aqueles são meros deveres de prestação

dentro de uma única relação obrigacional. Exemplo: a indenização por

inadimplemento, a obrigação de pagar juros de mora por inadimplemento...

Deveres Fiduciários (anexos): apontam os procedimentos legítimos

esperados por parte de quem se encontra no âmbito de um relacionamento

obrigacional. São deveres de cooperação com a parte que refletem o princípio

de boa fé contratual.

O princípio de boa fé contratual ultrapassa o âmbito contratual revelando sua

importância na responsabilidade civil geral.

Boa fé objetiva: regra de conduta, dever de agir conforme os padrões

socialmente recomendados de lealdade, correção, lisura, nas relações

estabelecidas com outras pessoas.

A violação de deveres fiduciários implica sempre a obrigação de reparar danos

que tenham sido causados. Além disso, pode ainda constituir fundamento para

a invalidação do negocio celebrado ou para a sua resolução.

Espécies de deveres fiduciários:

a) Deveres de Cuidado: são os de proteção ou de segurança em que

cada parte deve cuidar para a outra não sofrer lesões nem em sua

pessoa nem em seu patrimônio.

b) Deveres de Informação: são de suma importância e podem ser

divididos em deveres de esclarecimento, de conselho e de advertência

quanto a riscos possíveis. Os deveres de informação são aqueles que

dizem que as partes devem se informar mutuamente de todos os

aspectos que sejam importantes para a realização do negócio em causa.

c) Deveres de Lealdade: aqueles que obrigam as partes a se absterem de

ações que possam falsear o objetivo do negócio ou desequilibrar o jogo

das prestações por elas consignado. A lealdade exige das partes

condutas que impõem o não rompimento injustificado das negociações,

a não divulgação de informações obtidas em razão dessas tratativas ou

em razão da relação contratual já estabelecida.

d) Deveres de Assistência: se assemelham aos deveres de cuidado, pois

são aqueles em que a parte deve prestar auxílio à contraparte a

Page 7: Resumo livro -  Noronha

instruindo sobre como resolver problemas que surjam ou assegurando o

fornecimento de peças de reposição.