resumo: livro santa teresa d'ávila

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INSTITUTO SANTA TERESA Giovanna Zappa, Júlio Cezar Martins, Maria Júlia Romeiro, Mayra Boncristiano, Orlando Nascimento, Thalita Mendonça Os Santos que abalaram o mundo: Santa Teresa A Santa do Êxtase

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INSTITUTO SANTA TERESA

Maria Tereza Aquino Lorena

2011

Giovanna Zappa, Júlio Cezar Martins, Maria Júlia Romeiro, Mayra Boncristiano, Orlando Nascimento, Thalita Mendonça

Os Santos que abalaram o mundo:

Santa Teresa

A Santa do Êxtase

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Os Santos que abalaram o mundo: Santa Teresa – a Santa do Êxtase

Parte I – por Julio Cezar Martins

Santa Teresa surge no círculo os santos, uma mulher, cuja santidade lhe foi imposta por Deus. Sua experiência de Deus lhe veio num estado de arrebatamento extático e dominou-a com força elemental.

Em Teresa temos por diante uma habitante de dois reinos, tendo como lar o céu e a terra, e constantemente indo e vindo dos confins espaciais duma cidadezinha espanhola e do infinito espaço da eternidade.

Sua verdade era uma antítese de nova verdade da ciência. A percepção dos sentidos era o caminho dos cientistas para a verdade; a razão ponderada servia-lhe de freio; as experiências ofereciam provas. A visão, fora da esfera dos sentidos, era o caminho de Teresa para a certeza; o sentimento sem medidas era seu freio; a experiência mística fornecia provas.

Um mundo de princípios determinados e um mundo de visão defrontavam-se como rivais. Copérnico tinha explorado o universo por meio de seus cálculos astronômicos. Tinha chegado à conclusão de que o solo é o centro do nosso mundo. A terra tinha sido rebaixada. Era um simples satélite e não mais o centro da criação. O homem não era mais o senhor da criação, mas simplesmente o governador da terra.

Santa Teresa tinha explorado o universo da alma, por meio de visões extáticas, e tinha chegado à conclusão de que o derradeiro centro, em redor do qual os sóis e as terras se movem, jaz nas profundezas da alma humana. Rivalizando com a descoberta de Copérnico, de que o sol é o centro da criação, Teresa descobriu a astronomia da alma e encontrou Deus, o criador e sol dos sóis, na alma do homem. O homem era o Alfa e o Ômega de tudo quanto existe.

Para a Igreja daquele tempo, Cristo tinha chegado a ser meramente uma etiqueta alegórica, um objeto de credo e um tópico de disputas teológicas. Por meio de Teresa, a Igreja aprendeu uma vez mais que o Cristo era uma realidade viva, esse Cristo que os discípulos viram na estrada de Emaús, que Saulo de Tarso encontrara no caminho de Damasco, o Cristo em quem a fé da Igreja tinha começado, em cujo espírito fôra ela renovada por S. Francisco de Assis.

Ávila, onde Santa Teresa nasceu em março de 1515, era uma cidadezinha de velha Castela, um daqueles monumentos de pedra que haviam sobrevivido nos tempos modernos, como lembranças do passado.

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Os Santos que abalaram o mundo: Santa Teresa – a Santa do Êxtase

Parte II – por Orlando Nascimento

(...)

Teresa, em sua adolescência sofre com diversas doenças muito graves, mas que a motivava a ter mais idéias, e ser mais otimista.

1. Como disse, o grande poeta Novalis:

“A dor torna-se uma tensão que pode ser aliviada pelo trabalho criador e o fato estranho da doença age como penoso estimulante, não diverso do grão de areia que se introduz dentro da ostra e se torna cause e centro de uma pérola. “

Entende-se que a biografia se quase todo gênio é uma conexão entre o sofrimento e a realização, motivava ao trabalho com idéias e otimismo.

Dostoievski em um de seus livros que os homens saudáveis não poderiam experimentar a sensação de felicidade que uma doença pudesse proporcionar. O pai de Teresa a levou para casa, pensando que La ela melhoraria rápido, porém isso não se concretizou. Seus primos foram trabalhar em outras cidades, enquanto ela ficou triste e solitária, ficava quase o dia inteiro dentro da biblioteca estudando seus livros de devoção.

Seu pai à mandou para a cidade de Castelanos aos cuidados de Maria, uma moça muito caridosa, lá, Teresa se interessou nas cartas de S. Jerônimo, ela ficou perturbada com as ameaças que leu nas cartas.

Depois das ameças de S. Jerônimo, ela toma conta do que é realmente a personalidade e os modos de agir de uma freira e no dia seguinte, acordo como se não tivesse nada.

“O temor do inferno induzira a indecisa moça a escolher entre as alegrias celestiais e as alegrias mundanas”. (...) “Agora, quando a doença a esclarecera sobre a transitoriedade das glórias das glórias do mundo, quando as ameaças do inferno lhe encheram a alma de inexprimível horror, nada podia fazê-la desistir de seu voto”.

Joana, amiga de Teresa, fez todo o encaminhamento de Teresa para as Carmelitas da Encarnação, ela então somente informou seu pai de que iria ingressar no convento, porém seu pai não queria que ela fosse para o convento tão cedo, com 17 anos. Ela ingressou no convento das Carmelitas da Encarnação e seu irmão foi para o Mosteiro de São Tomás. D. Alonso, o pai de Teresa e Antônio logo descobriu para onde o irmão de Teresa havia fugido, quando foi se confessar no Mosteiro de S. Tomás, e o levou de volta pra casa. Já com sua filha Teresa foi diferente, como a ida dela para o convento foi mais bem preparada por Joana, a seu pai cabia somente abençoá-la.

No Convento das Carmelitas, Teresa estava muito alegre, se fez muito solícita as atividades do dia – a – dia. Essa felicidade toda não durou muito tempo, ela se sentiu totalmente presa dentro do Convento, que era um lugar que tinha paredes altas, medievais, separavam o convento do mundo,

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Os Santos que abalaram o mundo: Santa Teresa – a Santa do Êxtase

e as freiras que lá moravam eram modernas e com formas de vidas muito antigas.Elas tinham direito a receber visitas de todo que podiam receber visitas e de vez em quando passar um dia, ou até longos tempos de férias, com a família, amigos.

Ela ficou muito angustiada por ter que morara enclausurada, sem contato com o muno exterior. (...)”Na sua quieta cela Teresa conversava com Deus e sentia-se segura”(...) “Em breve veio a reconhecer que seu coração também era um convento semelhante”(...) “Sua Paz de Espírito desaparecera. Via que estava ainda dentro do alcance dos poderes do inferno”.(...)

Seus verdadeiros desejos dentro do convento ela ainda não podia fazer, pois era apenas uma noviça.

Incrivelmente, depois de ter pronunciado seus votos como freira perpétua, seus antigos ataques reapareceram, com uma força muito maior e descomunal. Não havia uma só parte do seu corpo que não doía, mas mesmo com fortes dores, Teresa se doava cada vez mais a Deus, e queria se tornar a “Santa do Êxtase” sua doença era uma fator a contribuir para o desenvolvimento de sua Santidade.

D. Alonso tirou a filha do convento e chamou os melhores médicos de Castela para que a examinassem e diagnosticasse o que M. Teresa realmente tinha. Os médicos porém não conseguiam explicar o que ela tinha, além dos sintomas não se encaixarem a nenhuma doença, não encontraram defeito orgânico algum em sua corpo.

“Era claramente um caso não previsto nos manuais de medicina e as prescrições, que a análise racional silogística dos doutores parecia invocar, mantinha-se sem efeito.”

Teresa foi para a casa de sua irmã Maria, que morava no campo, porém a viagem foi interrompida quando ela passou pouco tempo na casa de D. Pedro que fez uma mudança decisiva na vida espiritual de Teresa. Ela ganhou de seu tio o livro: “Abecedário do Terceiro”, um livro que ensinava uma forma espiritual de oração silenciosa. Esse livro a fez com que ela caminhasse mais perto de Deus.

Quando chegou a primavera, Teresa viajou para Recedas em busca de cura. A curandeira utilizou de vários artifícios para ajudar M. Teresa:

“Todas as espécies de ervas, vomitivas e purgativas, eram usadas para limpar o corpo.”

Como nenhum método resolveu o que M. Teresa tinha, a curandeira passou a achar que aquilo era um mal demoníaco que havia entrado no corpo da Freira e depois das tentativas da freira, tudo aquilo havia se tornado pior:

"Não sei mesmo como pude suportar aquilo, fiquei três meses naquele lugar, sofrendo as mais terríveis dores. Em dois meses minha vida esteve prestes a findar-se e a severidade da dor em meu coração, para a cura do qual estava eu ali, tornou-se muito mais aguda; parecia-me de vez em quando quê meu coração vinha sendo mordido por agudos dentes. Havia grande perda de força, pois uma excessiva aversão pela comida não me permitia tomar outra coisa que não líquidos. A febre nunca me deixava e aumentou durante o tratamento. Parecia-me que tremenda conflagração ia-me consumindo internamente. Meus nervos começavam a contrair-se. As dores que sofria eram intoleráveis e achava-me tão dominada pela mais profunda tristeza que não tinha descanso, nem de noite, nem de dia. Em resumo, esta cura deixou-me apenas um fraco sopro de vida.”

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Os Santos que abalaram o mundo: Santa Teresa – a Santa do Êxtase

Quando voltou para Ávila, o maior desejo de M. Teresa era morrer, pois não queria sofrer mais. As dores eram intensas a ponte de ela convulsionar e isso se tornar um delírio em dor. Começou a se arranhar, dava gritos de angústia, mordia a língua. Ela caiu em estado de coma e permaneceu fria e imóvel.

“Como se houvesse sido aliviada de todo o sofrimento humano”

“Passaram-se uma noite e um dia, e não havia ainda o mais leve sinal de vida no seu corpo prostrado. Os doutores tentavam tomar-lhe o pulso, mas não conseguiam senti-lo. A mão que pegavam estava sem vida e gelada. O espelho, que colocaram diante de sua boca, permaneceu claro do sopro da vida. "Está morta!", disseram eles, e para eles o caso estava liquidado.

"Minha filha não está morta! — gritou D. Alonso, -- como se houvesse perdido o juízo. Não era possível que Deus quisesse puni-lo tão duramente.

Passou-se uma segunda noite e Teresa não havia ainda recuperado os sentidos. Já era tempo de começar os preparativos para o funeral. O corpo devia ser lavado. Devia ser enrolado em mortalha e era preciso acender velas, à direita e à esquerda, à cabeceira do ataúde.”

No dia seguinte, foi rezada uma missa para a alma de M. Teresa e duas irmãs cavaram a sepultura, de Teresa dentro do Convento. As irmãs insistiam para enterrar M. Teresa e D. Alonso gritava que sua filha não estava morta.

No terceiro dia o irmão de Teresa que estava em vigília não resistiu e dormiu pela manhã, ao acordar viu o corpo de Teresa em chamas. Uma vela havia se consumido por inteira e caiu em cima do corpo, mas que logo foi apagado.

Novamente a irmã superiora quando foi a casa de D. Alonso solicitar o corpo de Teresa para ser enterrado, ela se depara com Teresa sentada na cama pedindo para se confessar. Depois de se confessar e comungar a freira sentiu sua alma aliviada.

"Depois daqueles quatro dias, durante os quais estive sem sentidos, tão grande era minha angústia, que só Deus sabe o intolerável sofrimento que eu suportava. Minha língua estava toda mordida; minha garganta estava obstruída por não haver eu tomado coisa alguma e por causa de minha fraqueza, de modo que não podia eu engolir nem mesmo uma gota d’água; todas as minhas juntas pareciam estar desconjuntadas e a desordem na minha cabeça era extrema. Estava eu contorcida como um rolo de cordas — resultado das torturas daqueles dias — incapaz de mover braço, pé, mão ou cabeça, mais do que se estivesse morta, a menos que os outros me movessem... só um dedo, parece-me, da mão d i rata, podia eu mexer. Quanto a tocar-me, era impossível, pois estava eu tão dolorida que não podia tolerá-lo. Costumavam mover-me num lençol, cada uma pegando numa extremidade,"

M. Teresa passou oito meses na enfermaria do convento totalmente paralítica e torturada por dores incessantes. Até que ela começou a se arrastar pelo quarto e foi levada para sua cela, onde passou mais três anos com paralisia parcial. Passados três anos ela melhorou, porém seu estômago continuou muito frágil. A medicina não sabia explicar o que acontecia com m. Teresa. Sempre diziam que era uma perturbação psíquica, ou algo relacionado à puberdade.

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Parte III – por Thalita Mendonça

(...)

No caso de Teresa, a função da doença não se exaure em purificação e mudança de vida, torna seus sentidos e todo seu corpo mais receptivos. Teresa escreve que “às vezes, uma sensação da presença de Deus me dominava, inesperadamente, de modo que não me era possível de maneira alguma duvidar de que Ele estivesse dentro de mim, ou de que estivesse eu inteiramente absorvida por Ele”.

Teresa via o que os olhos não podem ver; ouvia o que os ouvidos não podem ouvir; e compreendia o que o pensamento não pode imaginar.

Quando a doença suspende todas as funções da vida orgânica, segue-se um interregno, que dá origem a uma nova forma de existência. A existência do êxtase, dotada de poderes sobrenaturais. Quando os olhos do corpo estão cegos à luz da natureza criada, porque o impacto da doença cerrou as pálpebras sobre eles, então novo olho se abre, capaz de perceber o esplendor de Deus. Quando a doença ensurdece o ouvido físico, a própria alma tona-se capaz de perceber as palavras inaudíveis que a voz do Criador diz, quando o coração cessa de bater aos ritmos deste mundo, então novo coração surge que bate aos ritmos de Deus.

Teresa estava com quase dezessete anos, quando foi dominada pelo primeiro ataque de sua doença. Tinha quarenta e três anos quando recebeu a graça de seu primeiro arroubo extático. Havia experimentado inúmeras “pequenas mortes” antes que, a santidade pudesse cristalizar-se na doença.

Quase toda sua vida consistia em dias de sofrimento, em noites de dor e letargias semelhantes à morte. No começo, buscou o auxilio dos homens, na sua luta contra a doença. Mas depois de algum tempo, abandonou as remédios dos doutores e passou a confiar na “medicina dos santos”, que não tenta remover as doenças, mas ensina como suportá-la.

O exemplo do sofredor bíblico e, ainda mais, as palavras de Cristo, no evangelho segundo S. Mateus: “E aquele que não tomar a sua cruz e me seguir não é digno de mim”, era a fonte de sua energia.

No ano de 1540, Teresa veio a recobrar a saúde, de um dia para o outro, depois que os doutores haviam dado o seu caso como incurável. Teresa era um exemplo vivo do poder da fé. O convento das Carmelitas era pobre, e se Deus o tinha escolhido como cenário de seu milagre, obviamente Ele queria distinguir por um sinal especial de Sua graça.

O parlatório do convento era um ponto de encontro da vida social de Ávila, tendo como centro Teresa, que a principio ia ao parlatório, em espírito de devota obediência, mas depois de algum tempo, permanecia ali, porque achava difícil resistir ao deleito de ser admirada.

Teresa tinha permanecido firme na tortura e na dor, porém ergueu a bandeira de rendição diante das vãs distrações do mundo. Sua oração espiritual, sua comunhão com Deus, a quietude contemplativa, as visões místicas, decidira sacrificar ao mundo. Teresa escreve que havia se distraído por muitas vaidades, e que se sentia envergonhada de aproximar-se de Deus. Desde então abandonou a oração do silêncio. Mais tarde, escreve ela que o tempo que havia perdido sem oração espiritual, foi a época mais miserável de sua vida. Com isso Barrone aconselhou a retomar sua silenciosa comunhão com Deus, sentindo-se grandemente aliviada.

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Teresa passava de um confessor a outro, todos eles lhe prestavam ouvidos com paternal benevolência, mas nenhum deles a compreendia, pois o que Santa Teresa julgava ser pecado, a Igreja não cogitava de incluir na sua lista de pecados.

Seu destino obrigava-a a ser mais rigorosa do que as regras do convento, mais santa do que a Igreja, mais piedosa do que o mais piedoso dos pios.

Em um dia, o sino do convento estava dando a hora do parlatório. Chamaram a freira Teresa mesmo mais tentadoramente do que de costume, para fora de sua cela, a fim de que mergulhasse na atmosfera da mundanidade, pois alguém, a quem ela gostaria grandemente ter de novo, estava esperando ali por ela. Seu amor dos homens tingia-se da franqueza que marca todo humano amor.

Assim que o horário de visita terminou, estava ela ainda de pé, atrás da grade do parlatório, rígida e imóvel. Este incidente aconteceu em 1542, e durou apenas uma hora. Teresa voltou a si rapidamente.

Em uma procissão, Teresa de Cepeda cai de joelhos, estava “fora de si”, via o que nenhuma das outras freiras podia ver. Em lugar da imagem via o Próprio Redentor, em toda a Sua divindade. Escreveu ela que aquela visão a comovia de tal maneira que seu coração se despedaçava. Quão mal retribuía aquelas feridas.

Numa manhã do ano 1558, a feira Teresa, juntamente com as outras freiras, absortas em oração na capela da Encarnação. O criador, que tudo ouve, ouvia o cântico das freiras, ouvia-lhe Ele o chamado e respondia e descia ao tempo, descia à terra, Libertava a alma de Teresa de seu corpo.

O corpo de Teresa, com todas suas funções naturais e todos os seus órgãos e sentidos, tivesse permanecido em baixo, enquanto sua alma estava subindo ao céu. Naquele momento de êxtase o destino de Teresa se cumpria. Depois sua alma voltou a seu corpo, todos os seus sentidos lhe eram restituídos. Somente uma coisa o Senhor tinha retido no céu: sua vontade.

O Padre Baltazar Alvárez tomou a direção espiritual de Teresa. Sua tarefa era completar as investigações do caso insólito que ela representava.

Teresa sofreu muito sob direção de Alvárez e, lamentosamente, se submetia às mortificações que ele lhe impunha. Era tão rigoroso nas suas perguntas e exigências, que a fraca e madura freira achava difícil suportá-lo.

As visões de Teresa haviam-se tornado o assunto de conversa da cidade e toda ela estava dividida em dois campos. Uns viam Teresa uma santa, outros, que eram a maioria, viam como impostora que enganava seu confessor e deveria ser julgada pela Inquisição.

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Parte IV – por Maria Julia Romeiro

(...)

Uma mulher da Espanha do século XVI, vivendo numa idade onde o País cujas tradições e convenções excluíam as mulheres da participação em todas as atividades públicas. Uma freira da ordem carmelita da regra mitigada era bastante audez para romper com formas monásticas que, desde seu inicio, graças ao Papa Eusébio, havia um século e estabeleceu como costumes consagrados. Santa Tereza confirmou que era pura verdade.Mais Alvárez pensou que era fantasia da Santa quando ela afirmou sobre a visão: ‘nada receis minha filha,sou eu”.Alvárez mergulhou em livros da Santa Tereza para compreender a visão que ela tinha mais ninguém acreditava na Freira,existia muita desconfiança ao seu redor.Mas Alvarez passou a ser o seu defensor depois ter lido tudo sobre as suas visões.

Quando Alvarez estava pronto para sair a publica com a sua defesa de Teresa, foi enviado um Locum Tenem onde tomou seu lugar.

O momento tanto esperado aconteceu por Daza e seu grupo. Não teria dificuldade de intimidar o confessor substituto. Eram apoiados pela posição hierarquia da igreja.Foi exigido que exorcizasse a freira e sua alucinações.Foi ordenado que a Santa Teresa fosse próxima aparição com um gesto desdenhoso e ofensivo.

Santa Teresa obedeceu às ordens com muita tristeza, mas logo teve outra visão foi o senhor padecente, não acreditava que fosse o demônio, mas uma penitencia pesada.

Quando Alvarez voltou a Ávila toda a cidade estava em fermentação por causa das visões de Teresa. As ultimas amigas que ainda lhe restavam, exceto D. Guiomir haviam abandonado. O escândalo já ultrapassava os muros de Ávila toda a Espanha estava discutindo as visões de Teresa, o publico exigia cada vez mais insistentemente o caso da Carmelita fosse investigado pela inquisição.

Poucos passos de S. Gil ocupado pelos jesuítas erguiam-se o mosteiro dominicano de S. Tomas onde jazia sepultado o corpo do grande Inquisitor Torquemada.

O maquinismo da inquisição continuava da Espanha as piras ardiam sobre as quais heréticos e feiticeiros purgavam seus crimes com a morte.

Todos que queriam ver Teresa entregue as mãos da inquisição, começaram a mencionar o nome Alvarez. Seu padre confessor ouvia a confissão de sua alma, mas não confiava nela. Como podia deixar de compreender que as palavras que ela transmitia tinha sido transmitida por aquele que havia ordenado.

Mas Teresa era uma das eleitas. Suas decisões eram tomadas no céu, seu saber lhe vinha pela revelação, sua forca era conquistada em êxtase, seu pesar era partilhado pelo senhor. Quando o céu baixava a terra nas suas visões, o senhor lhe falava na sua revelação os seu sofrimentos tornava aparente.Teresa quando estava de joelhos em oração na casa de D.Guiomar um anjo apareceu ao seu lado que conhecia como Querubins.A Santa Teresa não haviam melhorado, todo o mundo estava contra ela, mas a graça do céu estava com ela.Quando agitação em Ávila avia atingido o auge e todas chamavam a uma só voz :”levem-na a inquisição! A inquisição!”.Frei Pedro de Alcântara chegou em Ávila era famoso em toda a Espanha.Alcântara voltou para Espanha para encontrar a Teresa e defender de todos os ataques que sofria naquele

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momento.E também trouxe novos amigos entre os quais Frei Pedro de Ibáñez,prior do mosteiro dominicano de São Tomás e Gaspar de Salazar, reitor de São Gil a nova casa dos jesuítas.Os protestos de Alcântara convenceu os inimigos de Teresa, o desconfiado Daza, da divindade das suas visões.Teresa foi escoltada para dentro com as devidas cerimônias elevada ao quarto.Ali jazia cercada de seus parentes profundamente consternados, que vigiavam ansiosos qualquer contração do seu rosto,qualquer suspiro de seus lábios.A volta de Teresa a Ávila coincidiu com a chegada da carta de Roma.Trazia a respostas da Santa Sé e era uma bula papal na qual Pio IV dava sua permissão para o convento de Teresa(...).

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Parte V – por Mayra Boncristiano

(...)

Por ocasião da fundação do novo convento, as freiras do parlatório da Encarnação sentiram-se enganadas por Teresa e queriam castigá-la e para isso a obrigaram a usar sapatos e o traje branco da ordem, comer no refeitório, enfim conservá-la encadeada à vida fácil e confortável do convento, pois este seria o seu pior castigo, uma vez que qualquer outra punição mais drástica e dura, só lhe traria maior proximidade com o céu. Teresa era tida como uma monja renitente que teve a coragem de fundar um convento reformado contrariando as autoridades locais, que se uniram e esqueceram as rivalidades para se empenhar na luta contra Teresa.

O fiasco da polícia, que enviou quatro de seus homens de inteira confiança para tomarem conta das quatro freiras, entre elas Teresa, e não conseguiram, só serviu para aumentar a cólera da cidade que não conseguiu se livrar do convento, sendo a única solução possível decretar o fechamento de S. José. Solução que foi aplaudida. Mas, quando o representante do mosteiro dominicano de S. Tomás Frei Domingos Banes falou, suas palavras caíram martelando com sarcástica precisão sobre o ódio que reinava naquela cidade. O discurso foi curto, mas prejudicou o plano do fechamento do convento. As decisões foram se adiando até ser esquecido.

As quatro freiras em S. José andavam descalças, rezavam e jejuavam. Mas, o provincial das Carmelitas mantinha-se inabalável na sua decisão de que Teresa deveria ser mantida no convento da Encarnação. Mas, Teresa consegue demovê-lo de sua posição e conseguiu voltar para seu convento (S. José) e ainda levar consigo quatro outras freiras que tinham vindo para seguir suas opiniões.

Numa manhã de inverno de 1563, Teresa de Cepeda volta para seu convento junto com as outras monjas e tornou-se a partir Teresa de Jesus. Várias outras jovens engrossavam as fileiras das freiras descalças até uma linda e popular jovem, chamada Maria Dávila, que convidou todos os seus admiradores para a acompanharem numa parada. Todos em suas lindas carruagens a acompanharam. A jovem ocupava a 15ª carruagem. Todos tinham esperança que um deles seria o escolhido. Mas, para supresa de todos, ela abrindo seus lábios carnudos, disse: “Adeus, adeus!” Mundo, adeus! Os cavaleiros não tiveram tempo de se recuperarem da surpresa, antes que a jovem batesse à porta do convento, onde desapareceu para nunca mais voltar. No dia seguinte, o rico e respeitado José Dávila recebeu uma trouxa com as coisas pertencentes à jovem que se tornou um dos pilares mais seguros da reforma descalça, que passou a chamar-se Maria de Santa Jerônima, filha da madre de S. José.

O sonho de Teresa havia tornado-se realidade. A casa do silêncio era real. A caridade era o único patrono do convento. Três pontos norteavam o convento: a pobreza, a privação e a disciplina. Os donativos eram colocados num disco giratório, chamado torno. O que se colocava ali era o alimento das freiras. Havia dias que esse torno não recebia absolutamente nada. O que não conseguiam ganhar tinha que ser provido por meio dos trabalhos de fiação e de agulha. Não se tinha preço. O preço era dado pelo comprador , que via os trabalhos expostos do lado de fora do portão do convento, mas, mesmo assim as doze freiras viviam felizes no convento, sob a direção da alegre superiora, Teresa, que dizia que uma freira triste é uma má freira.

Em S. José, Teresa, encontrou seu verdadeiro lar. Durante cinco anos viveu feliz na serena tranqüilidade de seu convento. Mas, uma vida missionária a esperava.

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João Batista Rubeo, o geral carmelitano, que inspecionava os mosteiros e conventos de toda a Espanha, ficou surpreso, pois em encontro no convento de S. José, todas as reformas que vinha em vão tentando promover. Santa Teresa havia-se antecipado aos decretos do Concílio de Trento. Antes de partir, deu permissão para que outras casas fossem fundadas e encorajou Teresa a estender suas atividades.

Medina Del Campo foi o destino da primeira caravana. Para lá se dirigiram algumas freiras, lideradas pela Madre Teresa que falava com os moleiros como uma mãe fala aos seus filhos, pois a viagem era difícil e longa. Não tiveram boa acolhida, pois os monges carmelitas e agostinianos, já estabelecidos no local, olharam com desconfiança aquela caravana de pobreza, contrastante com a vida de piedade confortável que tinham na cidade. Foi cedido para Teresa um velho prédio arruinado, de telhado esburacado e rachaduras nas paredes. Mas, Teresa e suas freiras venceram esse obstáculo. Ao passar dos dias, marteladas eram ouvidas, operários haviam começado a tarefa de reparar os buracos do telhado e de tapar as fendas das paredes. A caridade foi a responsável pelos móveis e bancos conseguidos. O povo de Medina ficou do lado das freiras, mas os monges persistiam na sua hostilidade.

Um dia Teresa recebeu a visita de dois monges. Era o prior dos carmelitas, homem já maduro, robusto e o outro era jovem com porte bem delgado e delicado, Frei João. O prior, Antonio de Heredia, falou em nome dos dois. Queriam conhecer as regras vigorantes naquele local e pediam para que Teresa ajudasse-os a estabelecer um mosteiro de descalços. Teresa não esperava por isso nem nos seus mais audaciosos sonhos. Mas, com seu senso de humor, agradeceu a Deus pelo frade e meio que teria para a sua fundação, uma vez que Frei João era muito pequeno. Mas, este meio frade era o enviado por Deus e tornar-se-ia seu igual como sócio na obra de sua vida, pois Frei João era nada menos do que o frade carmelita, a quem a história dos santos festeja como S. João da Cruz, um dos mais bem dotados e imaculados poetas místicos da literatura mundial.

Teresa e João eram de diferente linhagem mundana, de sexo diferente e de idade diferente; contudo eram ambos da mesma linhagem espiritual, do mesmo sexo espiritual e tinham a mesma maturidade espiritual. Eram ambos místicos, poetas e santos e faziam do silêncio e da visão uma realidade terrestre. Teresa com seus momentos estáticos e João com suas visões que salteavam durante passeios pelas florestas e campos.

O primeiro mosteiro tinha uma estrutura semelhante a um calabouço, sendo sua mobília duas pedras e dois feixes de feno, quer serviam de travesseiros e camas foram estabelecidas em Duruelo, não distante de Salamanca. O primeiro prior do mosteiro descalço foi Antonio de Jesus, antigo prior dos Carmelitas Calçados, Antonio de Heredia.

Medina Del Campo foi o primeiro palco da obra reformadora de Teresa. Significava algo que nunca fora ouvido antes, o êxito e a fama para uma mulher espanhola, inclusive pelo fato ser a fundadora duma instituição masculina, da qual participaram homens de todas as idades e de todas as nações.

E assim foram surgindo outros conventos sem maiores dificuldades. De toda parte recebia cartas pedindo que honrasse aquele lugar com a fundação dum convento descalço e casas eram oferecidas para que suas freiras pudessem viver sua vida de piedosa contemplação. Isto chegou até a corte de Filipe II, que não quis ficar de fora, mas mostrava-se ávida em tomar parte na reforma. A primeira dentre os ricos e nobres a doar uma casa foi a velha conhecida de Teresa, a inconsolável viúva Luisa de La Cerda que tinha como rival a princesa Ana Eboli, que não

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querendo ficar atrás da viúva, decidiu também não somente por seus bens à disposição da santa reformadora, mas tomar o véu e retirar-se ela mesma para o convento da pobreza. Santa Teresa estava ocupada com a organização dum novo convento em Alba de Tormes, quando foi informada do que se passava em Pastrana, pela sua prioresa, dos atos ridículos da princesa Eboli, regressou imediatamente à cidade, e fez com que ela visse que ali era a” casa do Senhor e que as Suas ordens fossem obedecidas”. A princesa retirou-se levando consigo suas camareiras e seus baús e jurou vingança contra as freiras ingratas. Teresa tinha provado que sabia não só como fundar uma ordem de pobreza, mas também como defendê-la.

As outras freiras carmelitas observavam a movimentação de madre Teresa. Os conventos, das freiras descalças, aumentavam. A reforma proposta por Teresa tinha atingido também o ramo masculino carmelitano. Agora, era a ordem toda dos carmelitas que estava em perigo e Madre Teresa ainda se encontrava sob a jurisdição (regras) da ordem. Não era possível fazê-la voltar ao antigo convento da Encarnação, mas podiam paralisar-lhe a obra, dando-lhe uma posição de honra no convento central. As freiras do antigo convento sabiam como preparar-lhe uma armadilha, e ela foi feita a prioresa do convento da Encarnação pelo provincial carmelitano. Mas, ao mesmo tempo, que pode demonstrar sua habilidade de organizadora e de ter sido colocada como prioresa das freiras que antes a haviam julgado, foi afastada durante três anos inteiros de sua obra reformadora. Teresa percebia a intriga que se ocultava sob a honraria que acabava de receber para ser a prioresa dum convento onde as freiras estavam em protesto contra sua designação. Mas, se tinha realmente resolvido servir a Deus, devia servi-lo também na armadilha de seus inimigos, com ardor nunca diminuído. E nesse novo posto, só uma coisa interessava que era reconduzir as freiras da Encarnação ao verdadeiro caminho que leva a Deus. Nomeou como confessor deste convento S. João da Cruz.

Madre Teresa foi recebida com muita hostilidade, com insultos e acusações, no convento da Encarnação. Mas, depois a cólera das freiras mudou-se em apreensão, temiam retaliação da nova superiora, que já no primeiro dia demonstrou sua verdadeira santidade em surpreender suas freiras apontando para uma imagem de Nossa Senhora, que ocupava o lugar destinado a Madre Teresa, dizendo-lhes que ela é que era a nova prioresa e que todas, inclusive ela, deveriam obedecer as suas ordens.

Todo o temor, indignação e ódio, desapareceram como que por magia dos corações das freiras que em pouco tempo modelaram suas vidas cada vez mais pelas regras das freiras descalças. Teresa tinha, agora, ao seu lado freiras calçadas que viviam no espírito da reforma descalça. Suas adversárias não sossegavam e persuadiram o geral da ordem, o monge Rubeo, a mudar o pensar sobre ela e começaram a minar a reputação de Teresa de Jesus, na Espanha, criando calúnias sobre ela. Emissários eram enviados a Roma para influir no Papa e visitadores favoráveis a Madre Teresa eram substituídos.

Passados os três anos, quando ela saiu da Encarnação, teve que enfrentar sólidas barreiras da oposição. Teresa gozava reputação de santa e esta reputação tinha de ser derrubada. Se não havia fatos que pudessem prejudicá-la, a calúnia faria isto e o fez muito bem. Quando chegava para fundar novas casas, boatos já a precediam e esperavam por ela às portas da cidade, caluniando-a de que Pe. Gracian, era o seu amado. Pois ninguém entendia porque ela se apegava tanto a esse Padre, sendo que ele havia cometido graves despropósitos e não era destituído de seu posto.

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Quando se dirigia a Sevilha junto com dez de suas freiras e Padre Gracian adoeceu, atormentada pela sede e pela fadiga. Homens embriagados ridicularizaram as freiras e ameaçavam atacá-las, quando um bando de cavaleiros de espadas desembainhadas apareceu em cena e libertou-as. Depois de muitas dificuldades conseguiram chegar a Sevilha, considerada a cidade do ouro, onde navios do México e do Peru chegavam com suas preciosas cargas, o ouro, que era o principal interesse daquele povo. Toda Sevilha estava contra Teresa, até mesmo o velho arcebispo o bom e piedoso cristão, estava tão prevenido contra ela que, não somente retirou sua dispensa para novo convento da reforma, mas até recusou-se conceder-lhe uma audiência. Sua simples presença em Sevilha era um escândalo e o arcebispo tinha que ordenar para que Teresa deixasse a cidade imediatamente. Mas, o arcebispo reconheceu a santa que havia nela, quando ela já se dirigia para abandonar a cidade. O arcebispo lembrou-se de quando foi consagrado o convento de S.José de Sevilha, que ele compareceu pessoalmente, à frente de solene procissão. Juntamente com o arcebispo grande número de fiéis de Sevilha passou-se para o lado de Teresa e muita filha de comerciante rico abandonou o lar confortável, para buscar refúgio no convento de pobreza das freiras descalças.

Esta reviravolta despertou a cólera das carmelitas calçadas, que aprontaram novo golpe em Teresa. Espalharam por meio de uma noviça “descalça” que se contrabandeou para as freiras calçadas, que Madre Teresa as açoitava e ouvia-as em confissão. Acusação esta muito grave aos olhos da Inquisição. A inquisição não poupou esforços, reexaminando todas as acusações anteriores, inclusive as horrendas acusações da princesa Eboli, para decidir de uma vez se Teresa era uma reformadora, no espírito das resoluções do Concílio de Trento, ou uma infame herética. Ela foi absolvida pela Inquisição. Mas, Teresa foi proibida de continuar sua obra pelo delegado das carmelitas chamado Tostado, um português, que lhe ordenou que se retirasse para um convento e se abstivesse de fundar novas casas da reforma. Ela escolheu o convento de S. José de Toledo. Após a morte repentina do núncio papal na Espanha, chamado Ormaneto, as carmelitas calçadas conseguiram induzir o Papa a nomear para o seu lugar, Sega bispo de Piacenza, que era contrário a Madre Teresa e apoiava tudo que o delegado Tostado propunha contra ela.

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Parte VI – por Giovanna Zappa

(...)

Ao se retirar para Toledo, havia panfletos contra Teresa, que encarava friamente, já estando acostumada com as angústias e desaponto, apenas dizia: “Deus perdoe essa gente! Contudo, é melhor que façam tantas acusações de uma só vez, assim ninguém pode acreditar em todas elas”.

Mas aconteceu algo que a obrigou tomar uma atitude: as carmelitas calçadas esconderam S. João da Cruz, o separando dela, mesmo que se esforçando para encontrá-lo.

Com os panfletos a difamando, Teresa teve dificuldades de encontrar alguém que quisesse ajudá-la, recorrendo ao Rei Felipe II, “o homem mais poderoso da cristandade” daquele tempo.

Escreveu-lhe uma carta, explicando as intrigas contra a reforma, entre as carmelitas e o seqüestro de seu amigo, implorando ao rei, ajuda. Ele respondeu rapidamente, pedindo que fosse a uma audiência. Ele conhecia a vida de Teresa e tinha seu exemplar de VIDA, que o ajudou muitas vezes em suas dificuldades, aliviando-o.

Teresa chegou a Madrid em dezembro de 1577. Ela logo leu os panfletos com os dizeres sobre ela e o indagou se acreditava neles. A resposta do rei foi, com as próprias palavras da santa, “inclinação mais cortês que já vira na vida” e ainda prometeu ajudá-la.

Ele falou com o representante do Papa, disse-lha que estava ciente das intrigas e das oposições perante a reforma, que isto lhe parece mal, pois “as descalças levam uma vida austera de perfeição. Tratai de favorecer a virtude, pois me disseram que não sois amigos dos descalços.” Com a ajuda do rei, as acusações lhe foram tiradas, as carmelitas descalças ganharam uma ordem, tendo independência das calçadas.

S. João da Cruz sobreviveu a nove meses de prisão em um quarto (seis pés de largura e dez de comprimento) comendo apenas duas ou três crostas de pães diariamente, (após certo tempo, apenas duas vezes por semana) e durante dezessete noites foi levado ao refeitório para que lhe batessem com clavas e varas até que perdesse a consciência, pois ainda mantinha-se firme na fé com a ideia da reforma.

Quando estava mais morto que vivo, uma fonte de vida lhe atingia e foram essas noites que deram inspiração para as dezessete estrofes do “Cântico Espiritual”, o mais sublime e apaixonado hino místico da literatura universal.

Ele conseguiu fugir da prisão com a ajuda da Virgem Maria, chegando à casa das freiras descalças. Reencontrou Teresa.

Ela, que já tinha sessenta e três anos. Os problemas em sua juventude foram agravados na sua velhice. Fora dominada num desmaio extático, caindo da escada, quebrando o braço. Não conseguia se vestir sozinha, ficou um tempo paralítica e quando se levantou, só andava com bengala. Seu estomago não agüentava qualquer alimento e tinha freqüentes ataques cardíacos, mantendo-a no leito.

Entretanto, continuou a viajar, sempre corajosa e pronta para desafios. Sempre trabalhando, visitava suas antigas fundações, examinava, corrigia e melhorava. Fundou novas casas. Redigiu uma constituição para sua ordem e um primeiro capítulo para as carmelitas descalças.

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Na Málaga, teve um ataque de paralisia e melhorando um pouco, continuou viajando. Em Toledo teve outro ataque. Foi para Segoria, depois Valladorid, seguiu para Salamanca e voltou para Ávila. Teve um grave ataque cardíaco, mesmo assim só admitiu estar mal na Palência, quando prosseguiu para estabelecer uma nova casa. Mesmo com as advertências dos amigos, seguiu para Burgos, onde queria fundar um convento.

Superou as dores e partiu com os muleteiros. Muitas chuvas inundaram a estrada e tiveram que prosseguir a pé. Passaram pela lama (com a animação de Teresa), mas chegado o rio, muitas freiras perderam a coragem. Foram incentivadas pela santa, que disse: “O Senhor nos ajudou a livrar-nos da lama, também nos ajudará a cruzar o rio”. Então a acompanharam, mas Teresa escorregou e foi pega por uma onda, apenas rogou: “Oh! Senhor, por que pusestes tais dificuldades no caminho?” Então ele apareceu sobre a água e disse-lhe: “É assim que trato meus amigos” e ela, sempre humorada, nunca perdendo uma resposta: “Ah! Meu Senhor, é por isso que tendes tão poucos.”

As freiras ficaram sem auxílio, até que avistaram Teresa na outra margem, acenando animadas e as chamando-as. Na mesma noite chegaram em Burgos. O novo e ultimo convento foi estabelecido: “Gloriosa S. José de Burgos.”

Estava confiante que sobreviveria a mais uma viagem: Alba de Tormes.

Uma hemorragia nos pulmões a forçou a descansar. Depois de seguir com os tratamentos, realizava suas tarefas até que reconheceu estar preparando para triunfar na morte. Ela estava feliz, pois sabia que voltaria para seu lugar. Já tinha experiências com o Senhor, com o Paraíso, nada temia e se alegrava.

Morreu entre nove e dez horas da noite, no dia 4 de outubro de 1582, Alba e fora enterrada em Alba. Mas Ávila queria que a enterrasse lá e roubaram o corpo em segredo. Assim que chegou em Ávila, milagres aconteceram e sua mão estava estendida sobre a cidade, abençoando-a. O corpo foi levado de novo para Alba, mas ainda sim, a sepultura foi aberta várias vezes para conferirem se seu corpo realmente não entrava em decomposição.

Seu exemplar de VIDA foi incrementado com suas obras, a pedido do Grande Inquisidor Francisco Soto y Salazar. A história de Teresa, de sua obra, está dividida em uma trilogia e orienta as freiras, com as discussões das suas visões.

Castelo Interior foi escrito a pedido de Padre Gracian. Disse Teresa: “Vou passando esses dias como bêbado aos ziguezagues.” Por conta dos êxtases. Também deixou claro que se houvesse perfeições em suas obras, o credito não era dela: “por que quereis que escreva? Deixai que os homens sábios escrevam o que estudaram, pois sou maluca e não sei o que estou dizendo...” Sempre humilde e obediente, mesmo quando teve que interromper, retomou com muita facilidade a obra, muito elogiada, justificando seu titulo de doutora.

Foi declarada pelo Papa como padroeira da Espanha, junto com S. Tiago. Seu processo de beatificação estava adiantado, em 1614 foi entregue. Depois de oito anos, quarenta anos após sua morte, foi canonizada junto com Inácio de Loyola e Francisco Xavier.

A verdade de seus ensinamentos não foi abalada por séculos de pensamentos científicos. Numerosos filhos espirituais, entre eles, as filhas descalças, papas, teólogos, poetas, pensadores. Mãe seráfica não apenas por conhecer o caminho, mas por segui-lo sendo um guia amoroso e maternal, encorajando outros a passar por ele.

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