resumo - justo gonzalez - era dos conquistadores

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1 A CONQUISTA DA AMÉRICA 1 Marcos Soares da Silva 2 A conquista do “Novo Mundo” e sua justificação Na época em que a Espanha alcança integridade territorial com a conquista de Granada, aparece um personagem de origem genovesa, Cristóvão Colombo, segundo Gonzalez (1995), de origem obscura, talvez um prisioneiro de guerra ou mesmo um pirata ou corsário. Em contato com cartógrafos e navegantes e após participar de navegações Colombo chega a sua famosa conclusão de que, se o mundo era redondo, navegando sempre para o ocidente poderia se chegar ao Oriente. Seja para explorar uma nova rota ou para explorar o Atlântico ocidental, o projeto de Colombo era audacioso e encontrou resistência para ser aprovado. “As condições que Colombo estabelecia para colocar-se ao serviço da coroa espanhola pareciam muito exageradas aos reis, e por algum tempo o projeto ficou em suspenso. Finalmente em abril de 1492, foram firmadas as Capitulações de Santa Fé, que lhe concediam os títulos de Almirante do Mar Oceânico e Vice-Rei e Governador Geral das terras colonizadas. Além disso, visto que a empresa era principalmente comercial, levada pela esperança de chegar-se as índias, foi outorgado ao Almirante e a seus sucessores a decima parte de todo o comercio que produzisse o empreendimento.” (GONZALEZ, 1995, p. 34, grifo do autor) Colombo ainda teve dificuldades em reunir a tripulação o 1 Texto construído com base, exclusivamente, no livro de Justo L. González (ver referência), capítulos 2, 3, 5 e 8. 2 Acadêmico do 3º ano do curso de História da Universidade Paranaense – UNIPAR.

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História da Conquisata da América

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Page 1: Resumo - Justo Gonzalez - Era Dos Conquistadores

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A CONQUISTA DA AMÉRICA1

Marcos Soares da Silva2

A conquista do “Novo Mundo” e sua justificação

Na época em que a Espanha alcança integridade territorial com a conquista

de Granada, aparece um personagem de origem genovesa, Cristóvão Colombo,

segundo Gonzalez (1995), de origem obscura, talvez um prisioneiro de guerra ou

mesmo um pirata ou corsário. Em contato com cartógrafos e navegantes e após

participar de navegações Colombo chega a sua famosa conclusão de que, se o

mundo era redondo, navegando sempre para o ocidente poderia se chegar ao

Oriente. Seja para explorar uma nova rota ou para explorar o Atlântico ocidental, o

projeto de Colombo era audacioso e encontrou resistência para ser aprovado.

“As condições que Colombo estabelecia para colocar-se ao serviço da

coroa espanhola pareciam muito exageradas aos reis, e por algum tempo o projeto

ficou em suspenso. Finalmente em abril de 1492, foram firmadas as Capitulações de

Santa Fé, que lhe concediam os títulos de Almirante do Mar Oceânico e Vice-Rei e

Governador Geral das terras colonizadas. Além disso, visto que a empresa era

principalmente comercial, levada pela esperança de chegar-se as índias, foi

outorgado ao Almirante e a seus sucessores a decima parte de todo o comercio que

produzisse o empreendimento.” (GONZALEZ, 1995, p. 34, grifo do autor)

Colombo ainda teve dificuldades em reunir a tripulação o que conseguiu

graças ao apoio de um navegante de prestígio, Martin Alonso Pinzón, lançando-se

ao mar em 3 de agosto de 1492. Em 12 de outubro de 1492, os aventureiros

chegaram à ilha de Guanahaní, nas Lucaias, a qual chamou São Salvador, de lá

continuaram até encontrar as terras de Cuba e do Haiti, chamadas de Joana e A

Espanhola, respectivamente. Na Espanhola Colombo construiu o forte Natividade

com a madeira de sua principal caravela, a Santa Maria, que encalhou, lá deixou

alguns homens e seguiu viagem de volta à Espanha levando provas de seus

descobrimentos, inclusive habitantes das terras descobertas, chamados “índios”,

pois pensavam ser originários das Índias.

A partir do retorno de Colombo solicita-se a Roma a bulas necessárias para

o início do processo de colonização e evangelização, assim já na segunda viagem o 1 Texto construído com base, exclusivamente, no livro de Justo L. González (ver referência), capítulos 2, 3, 5 e 8.2 Acadêmico do 3º ano do curso de História da Universidade Paranaense – UNIPAR.

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2

aventureiro navega com o religioso frei Bernardo Boil. Passaram por várias ilhas,

inclusive por Porto Rico, quando chegaram à Espanhola, encontraram o forte

Natividade destruído pelos índios que se cansaram dos maus tratos praticados pelos

espanhóis. Lá ficaram um frei e um militar: “frei Bernardo, com a responsabilidade de

evangelizar a ilha, junto com o militar Pedro Margarit, com a incumbência de

conquistá-la. Assim começou o que seria tão característico dos empreedimentos

[sic] espanhóis na América, isto é, a união dos interesses de conquista e

colonização com a tarefa evangelizadora.” (GONZALEZ, 1995, p. 38). Colombo

ainda visitou novamente Cuba e certificando-se de que estava em terra firme,

concluiu que havia chegado à Ásia, após isso voltou para a Espanha.

A partir do retorno de sua segunda viagem Colombo percebe que se criaram

alguns empecilhos para novos empreendimentos durante esta viagem, pois algumas

de suas atitudes começaram produzir desconfiança entre as autoridades espanholas

duvidosas quanto as suas aptidões de comando e que não queriam que se tornasse

muito poderoso na América. Neste contexto Colombo zarpa para sua terceira

viagem quando, pela primeira vez chega realmente ao continente americano e

declara que tinha descoberto “outro mundo”, mas, devido à má administração de

seus irmãos Diego e Bartolomeu, perdeu a administração de Espanhola para Nicolás

de Ovando, o que lhe causou grande amargura.

Convencido de que não havia mais o que fazer, intenta lançar-se ao mar

para novo empreendimento, consegue autorização em 1502, desta vez para

procurar uma suposta passagem que haveria entre o Caribe para o Oceano Índico

indo encontrar-se com Vasco da Gama nas Índias. Depois de vários problemas e

sem muito sucesso, retorna a Espanha, depois de dois anos e meio de viagem.

Quando Colombo chega Espanha a rainha, entusiasta das dos empreendimentos

das Índias estava doente e morreu logo em seguida. O Almirante também estava

doente, apesar de tudo ainda tinha recursos financeiros, pois havia trazido um pouco

de ouro de sua quarta viagem, tinha alguns fundos de viagens anteriores e recebia

dez por cento do que a coroa recebia com a exploração das terras. Ficou na corte

uns poucos anos posteriormente viajou para de Segóvia para Salamanca e

Valladolid onde morreu em 1506. As viagens de Colombo foram o princípio do

empreendimento espanhol no Novo Mundo, é principalmente nisto que consiste a

importância de suas aventuras, independente da discussão se ele foi ou não o

primeiro “descobridor” da América.

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Durante a colonização do Novo Mundo, proíbe-se inicialmente a escravidão

dos índios, posteriormente poderiam ser escravizados os prisioneiros de guerra e,

quando os índios se negaram a fazer plantações, foi permitido que se obrigasse o

índio a trabalhar desde que fosse para o bem comum. Tudo isso ocorre não sem

protestos do clero da e dos missionários que eram vistos como obstáculos à

colonização. A coroa interessada na proteção dos novos súditos, mas também no

sucesso do empreendimento vê-se dividida e normalmente responde de forma

ambígua, entretanto, responde com novas leis que limitariam os abusos contra os

índios, infelizmente, como muitas outras que viriam a ser promulgadas

posteriormente, raramente eram cumpridas.

“A tragédia foi então que, com toda sinceridade e em nome de Cristo, se

cometeram os mais horrendos crimes. Aos habitantes destas regiões Ihes

arrebataram suas terras, sua cultura, sua liberdade, e sua dignidade, sob o pretexto

de dar-lhes cultura e religião superiores, dos europeus. Em poucas ocasiões se tem

visto tão claramente como somente a sinceridade não basta para o bem agir, pois o

poder cega os poderosos de tal maneira que podem cometer os mais terríveis

atropelos sem que, pelo que se percebe, suas consciências sejam molestadas.”

(GONZALES, 1995, p. 48)

A partir de questões como esta, buscam-se argumentos para a justificação

do empreendimento para legitimar a empresa conquistadora e por isso apelaram ao

papado. Assim, “todo o empreendimento conquistador se realizou em nome de

Cristo, e a tarefa evangelizadora foi um dos principais argumentos que se

encontraram para justificar a invasão dessas terras.” (GONZALEZ, 1995, p. 51) As

bulas papais foram os primeiros recursos que, com base na análise dos movimentos

das cruzadas, onde se havia declarado guerra os infiéis, poderia se aplicar princípios

semelhantes na América. Quanto a isso Gonzalez (1995, p. 54) afirma que “[...] as

bulas e demais documentos expedidos nessas ocasiões anteriores foram os

modelos que se empregaram nas novas circunstancias.” Gonzalez (1995) também

deixa claro que o Papa Alexandra VI, de origem aragonesa, sempre se mostrava

favorável a Fernando, o católico, principalmente nas questões distantes referentes

ao novo mundo.

Na guerra da legitimação Gonzalez (1995) destaca dois nomes que

discutiram a questão, os freis dominicanos Bartolomeu de Las Casas Francisco de

Vitória. O primeiro, licenciado em leis, teceu argumentos pungentes contra a

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conquista e dominação do Novo Mundo, que não foram bem aceitas, o segundo,

Francisco de Vitoria desenvolveu ideia com maior aceitação ele questiona as razões

consideradas por ele não legítimas e apresenta outras que seriam legítimas.

Questiona a ideia de que o imperador é o dono do mundo, a autoridade universal do

papa em relação às coisas não espirituais, o direito relativo ao descobrimento em si,

pois já havia moradores naquela terra, a questão dos índios serem considerados

infiéis e pecadores dignos de castigos, a eleição voluntária do senhorio espanhol por

parte dos índios e o argumento de que as terras do Novo Mundo seriam uma doação

de deus aos espanhóis a exemplo da terra dos cananeus que foi dada à Israel.

As “justas” razões de Vitória em substituição “injustas” seriam relativas à

livre comunicação, onde os espanhóis tinham o direito de viajar, comercializar e

pregar o evangelho em terras indígenas. O papa poderia designar aos índios novos

senhores se boa parte da população fosse cristã e os espanhóis tinha autoridade

para defender uns aos outros no caso de sacrifícios humanos e antropofagia.

Também poderiam se tornar senhores dos índios se estes assim quisessem,

pedindo ao rei da Espanha que fosse seu soberano. Também deveriam faze

intervenção armada se uma tribo aliada solicitasse ajuda contra outra tribo e por

última e mais duvidoso, o argumento de que os índios poderiam ser governados

pelos espanhóis se mostrassem incapacidade de governar-se a si mesmo.

Por tudo o que escreveu as Novas Leis das Índias, de 1542, levam o selo de

Francisco de Vitória. No entanto na sua tentativa de criticar o empreendimento talvez

tenha sido um dos maiores justificadores deste, conforme afirma Gonzalez:

[...] apesar de ter sido o grande critico dos desmandos dos espanhóis, foi também quem previu justificação jurídica e teológica ao empreendimento de conquista e colonização. Os “justos títulos” se prestaram a enormes injustiças. A moderação de Vitoria, ao mesmo tempo que condenava os crimes dos conquistadores, acabava de justificar o maior dos crimes, que foi a própria conquista [...]. (Gonzalez, 1995, p. 65)

A Serpente Emplumada

A partir da dominação dos primeiros territórios na América, os

conquistadores começaram a tomar novos rumos em busca de mais riqueza, os

próprios índios contribuíram para isso, pois para se livrar dos invasores informavam

sobre grandes reinos nos quais abundava ouro. Nesta busca, em 1517, Francisco de

Córdoba descobriu a península de Yucatán, onde houve forte resistência por parte

dos índios, em seu retorno trouxe informações sobre a rica civilização maia que

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tinha como um de seus deuses a serpente emplumada, Cuculcán. Da mesma forma,

um pouco depois, Juan de Grijalva explorou as costas do México encontrou o

grande e rico império asteca. Isto inspirou Diego Velásquez, governador de Cuba, a

organizar uma expedição de exploração e nomeou o tabelião Hernán Cortés, o havia

acompanhado na conquista de Cuba para dirigir a expedição.

Sabendo da intenção do governador Velásquez em lhe tirar o comando

Cortés, sem esperar permissão, zarpou com seus homens, aproximadamente

quinhentos, e dezesseis cavalos. Chegando a ilha de Cozumel, inicialmente

estimulou os nativos a aceitarem o cristianismo, mas diante da resistência destruiu

seus ídolos e no lugar colocou um a cruz e a imagem da Virgem celebrando um

missa. De Cozumel navegaram a Tabasco, onde lutaram por três dias para vencer

os índios que reconhecendo a derrota enviaram presentes à Cortés, entre os

presentes enviaram vinte mulheres para os chefes da expedição. Uma delas,

Malinche, conhecida entre os espanhóis por dona Marina, servia a Cortes como

interprete, e posteriormente também seria sua concubina. Cortés ficou sabendo da

lenda de Quetzalcoatl, a serpente emplumada, adorada por astecas e também por

Maias sob o nome de Cuculcán.

“Segundo a tradição, cujos detalhes não estão de todo claros, Quetzalcoatl

tinha partido para o oriente numa embarcação feita de serpentes, dizendo que tinha

que regressar a seu senhor, e que algum dia voltaria para as terras mexicanas, a fim

de reclama-las para si e para seu senhor. A lenda dizia que esse regresso teria lugar

no ano designado no calendário mexicano como ce acatl, “uma cana”. Para sorte de

Cortes, seu desembarque tinha ocorrido precisamente no tal ano, e assim o

conquistador decidiu explorar a lenda fazendo correr a noticia de que ele era

Quetzalcoatl que regressava reclamando suas possessões.” (GONZALEZ, 1995, p.

80).

Montezuma, imperador asteca que estava em Tenochtitlán já sabendo da

marcha de Cortés enviou-lhe várias embaixadas solicitando que não continuasse a

marcha para a capital de seu império, mas não se atreveu a dar a ordem que

acabaria com a expedição, pois temia se tratar realmente de Quetzalcoatl. Cortés,

por outro lado tinha que obter sucesso, pois caso contrário, poderia ser punido como

rebelde por sair sem a permissão Velásquez.

Chegando à capital asteca o conquistador foi recebido como visitante, mas

as ações de desrespeito dos espanhóis para com as deidades astecas foram

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criando uma situação insustentável entre astecas e espanhóis. Os espanhóis, vendo

que a situação se agravava cada vez mais tentaram fugir da cidade na noite de 30

de junho de 1520, noite que ficou conhecida como La Noche Triste, quando boa

parte dos soldados e cavalos espanhóis foram mortos. Cortéz conseguiu escapar

com alguns homens e, alidado aos tlascaltecas, se reorganizou para reiniciar a

conquista. Após a derrocada de Montezuma e da grande cidade de Tenochtitlán os

caciques do México, temendo que lhes acontecesse o mesmo se renderam aos

espanhóis tornando-se seus vassalos.

Após a conquista Cortés solicita um reforço no contingente de religiosos

para evangelizar os povos do império. O trabalho dos religiosos não foi fácil devido

ao ressentimento que se criou entre índios e espanhóis devido à cruenta conquista

de Cortéz, no entanto o triunfo dos cristãos parecia demonstrar a superioridade do

Deus cristão, o que se constituiu como incentivo aos índios para aceitarem a fé

cristã.

A partir da consolidação da conquista do império asteca os espanhóis

lançaram-se a exploração da América mais ao norte, movidos pela esperança de

encontrar uma passagem marítima entre o Pacífico e o Atlântico. Outra motivação

era a de encontrar as cidades míticas, as “Sete Cidades de Outro”, que ouviram

algum índio dizer que existiam. Moveram-se na direção do Novo México e, mais

tarde, a ameaça Francesa na Luisiana e dos Russos na Califórnia os levou a

estabelecer bases e missões no Texas e avançar ainda mais sobre o território da

Califórnia. Ao sul da Nova Espanha avançaram para os territórios maias de Yucatán,

Guatemala e Honduras. Neste movimento de expansão também se avançou para as

Filipinas, mas diferente das outras regiões, as expedições não tinham o objetivo de

encontrar riquezas e ouro mais estabelecer uma base par o comércio com o Oriente

e para as missões nessa região.

OS FILHOS DO SOL

O império inca era uma dos mais vastos conhecidos, se estendia desde as

fronteiras da atual Colômbia ate adentrar-se bastante no Chile, e para o leste incluía

boa parte do que hoje e a Bolívia, e uma porção da Argentina. Um império jovem

que fundado, segundo a lenda, por Manco Capac e sua irmã e esposa Mama Ocllo,

criados pelo Sol, e por isso seus descendentes diretos, são os únicos aos quais se

aplicava verdadeiramente o nome de “incas”. Desta forma, para se manter um

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sangue “divino” puro eles se casavam com seus irmãos e somente os filhos desta

união oficial é que poderiam ser chamados incas — “filhos do sol”.

O regime dos incas baseava-se numa autocracia paternalista e as terras

pertenciam ao império, sendo distribuídas periodicamente ao povo para cultivo. A

produção era dividida em três partes, uma para as necessidades imediatas dos

lavradores, uma para os deuses e outra para o inca. Uma sociedade altamente

organizada de religião politeísta, e se davam alguns casos de sacrifícios humanos,

ainda que não na frequência com que ocorriam no México. O deus criador era

Viracocha, que segundo a lenda tinha criado a humanidade em Tiahuanaco, uma

cidade em ruinas no altiplano boliviano cujas origens os próprios incas

desconheciam. O sol era o principal objeto de adoração para os incas, pois dele

vinha toda a vida e o calor necessário para a subsistência naquelas altas terras

andinas. Como filho do Sol, o inca era também seu supremo sacerdote e

representante na terra.

Movido pela ambição pelo ouro é que, em 1524, Diego Almagro e Francisco

Pizarro, em sociedade, decidem explorar a o litoral. As duas primeiras expedições

não foram muito bem sucedidas e a segunda acabou com um desentendimento

entre os sócios. Durante a segunda expedição Pizarro encontrou um índio conhecido

como Felipinho que foi seu intérprete na conquista do Peru. Em 1531 partir para a

terceira expedição, neste período se dava uma guerra civil onde disputavam o poder

Huáscar e Atahualpa. Huáscar era filho de Huayna Cápac e sua irmã, por isso era o

legítimo herdeiro do trono, mas seu pai havia separado parte do reino e entregue

Atahualpa, seu outro filho, esta situação não contentou a nenhum dos dois e deu

origem a uma disputa que não favoreceu nem um dos dois, mas a Pizarro que se

aproveitou da situação.

Da mesma forma que Cortés, Pizarro aproveitou-se de uma profecia antiga

que dizia que alguns homens viriam do ocidente para salvar o país em momentos de

grave crise, estes seriam os “viracochas” e o conquistador, percebendo a

oportunidade fez de tudo para que os nativos entendessem que eles eram os tais.

Os partidários de Huáscar, mais tradicionais, chamavam Pizarro e os que com ele

estavam de “viracochas”, mas Atahualpa, descrente, chamava-os de “sungasapa”,

que quer dizer barbudos. Ao mesmo tempo em que suas tropas venciam Huáscar,

Atahualpa vai ao encontro de Pizarro com poucos homens e a maioria sem armas,

confiado no seu poder, após rejeitar a proposta dos espanhóis para que fosse

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vassalo do rei da Espanha, foi feito prisioneiro. Huáscar foi morto por comandados

de Atahualpa e este foi morto pelos espanhóis.

Manco Inca, outro dos filhos de Huayna Cápac aliou-se aos espanhóis

crendo que eram “viracochas”, mas não demorou a perceber a verdade e tornou-se

o principal chefe da resistência inca contra os invasores. “Pouco a pouco, sem

duvida, os partidários de Manco Inca iam possuindo os conhecimentos bélicos dos

invasores. E logo se viu o próprio Manco montado em um cavalo. Depois

começaram a soar tiros de arcabuz do lado dos índios.” (GONZALEZ, 1995, p. 144).

Após a morte de Diego Almagro, por Pizarro e a morte do próprio Pizarro,

Manco Inca foi morto por Almagristas, mas a resistência, mesmo que reduzida a

guerrilhas, permaneceu viva em seu filho Tupac Amaru, que foi capturado e morto.

Posteriormente José Gabriel Condorcanqui, sob o nome de Tupac Amaru II,

conseguindo reunir mestiços, negros e os brancos pobres sob mesma bandeira — a

luta contra a opressão, injustiças e espanhóis corruptos, empreendeu, em fins de

1780, uma rebelião tal que foi necessário enviar 17 mil homens de Buenos Aires

para conter o levante. Quando Tupac Amaru II foi preso e levado a Jose Antonio de

Areche, um dos principais exploradores, e este o inquiriu sobre seus cúmplices,

antes de ser executado, deu a seguinte resposta: “Nos somos os únicos

conspiradores. Vossa mercê, por ter afogado o pais com taxações insuportáveis. E

eu, por ter querido libertar o povo de semelhante tirania.” (GONZALEZ, 1995, p. 149)

REFERÊNCIAS

Gonzalez, J. L. E até aos confins da terra: uma história ilustrada do cristianismo. v. 7 (A era dos conquistadores). São Paulo: Vida Nova, 1995.