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Kofi Anam, 2002 UC Enfermagem ao Idoso Helena Nunes Maria João Nunes CLE 2008/2012

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Page 1: Resumo EI-2

Kofi Anam, 2002

UC Enfermagem ao Idoso

Helena Nunes Maria João Nunes CLE 2008/2012

Page 2: Resumo EI-2

2 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Índice

1 - Processo de envelhecimento e Transição epidemiológica............................................

1.1 - Processo de envelhecimento..................................................................................................

1.2 - Teorias do envelhecimento....................................................................................................

1.3 - Revolução demográfica no mundo e em Portugal.................................................................

1.4 - Aspectos biológicos, psicológicos, cognitivos e sociais do envelhecimento normal..............

1.5 - Crenças, estereótipos e atitudes face à velhice e ao processo de envelhecimento...............

2 - Saúde e Envelhecimento..............................................................................................

2.1 - Envelhecimento activo...........................................................................................................

2.2 - A comunicação........................................................................................................................

2.3 - A expressão da sexualidade....................................................................................................

2.4 - Avaliação multidimensional do Idoso.....................................................................................

2.5 - Principais factores de risco no idoso......................................................................................

2.5.1 - Isolamento....................................................................................................................

2.5.2 - Ambiente......................................................................................................................

2.6 - Indicadores de saúde: globais e específicos...........................................................................

2.7 - Mudanças nas prioridades de saúde: programas e políticas para o envelhecimento............

2.8 - Direitos da pessoa idosa e legislação......................................................................................

3 - Envelhecimento e doença............................................................................................

3.1 - A comorbilidade e polimedicação..........................................................................................

3.2 - Alterações na apresentação típica de algumas doenças........................................................

3.3 - Síndromes geriátricas.............................................................................................................

3.3.1 - A desnutrição e perturbações da alimentação............................................................. 3.3.2 - Alterações da mobilidade, do equilíbrio e quedas.......................................................

3.3.3 - Obstipação, incontinência fecal e urinária...................................................................

3.3.4 - Perturbações do sono...................................................................................................

3.3.5 - Perturbações sensoriais: Défice de visão e audição.....................................................

3.3.6 - Dor persistente.............................................................................................................

3.4 - A patologia epidemiologicamente relevante..........................................................................

3.4.1 - Demências....................................................................................................................

3.4.2 - Depressão.....................................................................................................................

3.4.3 - Delirium........................................................................................................................

3.4.4 - Osteoporose e doenças osteo-articulares....................................................................

3.4.5 - Doenças respiratórias: infecções pulmonares..............................................................

3.4.6 - Doenças cardiovasculares............................................................................................

3.4.7 - Doenças oncológicas....................................................................................................

3.4.8 - Doenças emergentes – HIV/SIDA.................................................................................

3.5 - Independência - Dependência nas actividades de vida..........................................................

4 - Contextos de prestação de cuidados à pessoa idosa.....................................................

4.1 - Cuidados de saúde primários..................................................................................................

4.2 - Cuidados no domicílio.............................................................................................................

4.3 - Hospital e internamento.........................................................................................................

4.3.1 - Cuidados em situação de doença aguda......................................................................

4.3.2 - Cuidados continuados e de reabilitação.......................................................................

4.3.3 - Cuidados em fim de vida..............................................................................................

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4.3.4 - Cuidados de longa duração versus institucionalização................................................

5 - Sofrimento na pessoa idosa.........................................................................................

5.1 - Isolamento, violência e negligência........................................................................................

5.2 - As perdas e luto......................................................................................................................

5.3 - Processo de morrer e morte...................................................................................................

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1.1 - PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Envelhecimento Processo complexo e inevitável que, no ser humano, implica alterações biológicas, psicológicas e sociais, e que ocorre durante toda a vida. Caracteriza-se pela diminuição da capacidade funcional e pela necessidade de uma constante adaptação.

Segundo o Programa Nacional de Saúde para as Pessoas Idosas, corresponde a um “processo de mudança progressivo da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento, se desenvolve ao longo da vida”.

o NORMAL [Primário] – está relacionado com a idade, não sendo afectado pela doença e influências ambientais

o PATOLÓGICO [Secundário] – envelhecimento influenciado pelo ambiente, estilos de vida não saudáveis e pelo processo de doença

Bem Sucedido – envelhecimento activo, sem processos patológicos e mantendo as capacidades cognitiva e funcional normais

Gerontologia Ciência que estuda o processo de envelhecimento no seu aspecto bio-psico-socio-cultural, sendo transdisciplinar. Assim, estuda a vivência do indivíduo que envelhece e interessa-se tanto pelas pessoas saudáveis como doentes.

Geriatria Ramo da medicina que trata dos aspectos médicos, psicológicos e sociais da saúde e da doença nos idosos

Factores que influenciam o processo de envelhecimento:

Factores de Saúde

Factores Genéticos

Factores Dietéticos

Factores Psicossociais

Estilos de vida

...

1.2 - Teorias do Envelhecimento BIOLÓGICAS Teoria Imunológica O sistema imunitário perde capacidade de distinguir as células sãs do

(imunitária) organismo, havendo formação de auto-anticorpos que as destruiriam. Assim, o envelhecimento seria originado pela disfunção gradual do sistema imunitário. Estas transformações podem dever-se a causas genéticas.

Teoria Genética A longevidade das diferentes espécies animais varia de acordo com a constituição genética específica de cada uma e com o estilo de vida partilhado por gerações. A certa altura da vida, as células deixam de se multiplicar, morrendo. Deste modo, o envelhecimento é uma consequência da deterioração da informação genética necessária à formação de proteínas, advindo modificações da molécula de DNA e consequente erro na síntese proteica.

1 - Processo de envelhecimento e Transição epidemiológica

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Teoria do Erro de Síntese Proteica A ocorrência de erros na síntese proteica, nas fases de transcrição e tradução, levaria à formação de proteínas incompetentes e incapazes de desempenhar as suas funções. Segundo esta teoria, esses erros traduzem-se em morte celular e consequente o envelhecimento. No entanto, a programação genética e as alterações da molécula de DNA não podem, por si sós, explicar o envelhecimento celular.

Teoria do Desgaste O organismo assemelha-se a uma máquina cujas parte se deterioram com o uso, provocando anomalias e posterior paragem desse mecanismo. Contudo, outro teórico considerou que o organismo possui mecanismos de auto-reparação, que diminuem os efeitos do envelhecimento por desgaste.

Teoria dos Radicais Livres Segundo esta teoria, o envelhecimento e a morte celular devem-

se a efeitos nefastos causados pela formação de radicais livres. Os radicais livres constituem moléculas instáveis que resultam do processo de oxidação de lípidos, proteínas e hidratos de carbono. São também originados pela poluição ambiental; pelo consumo de tabaco, álcool e gorduras saturadas; stress; aditivos químicos presentes nos alimentos. Os prejuízos causados ao DNA, pelas reacções com os radicais livres, podem levar a mutações e serem directamente responsáveis pelas neoplasias.

Teoria Neuro-endócrina De acordo com esta teoria, o envelhecimento celular e fisiológico é

causado por mudanças das funções neuro-endócrinas. O sistema endócrino é responsável pela coordenação das diferentes funções do organismo. Este sistema funciona a par do sistema nervoso, a fim de manter a homeostase, evitando os processos de retroacção negativa. O controlo endócrino assenta em mensageiros químicos – hormonas. A maior parte das funções neuro-endócrinas parece diminuir com a idade.

PSICOSSOCIAIS

Teoria da actividade Um idoso deve manter-se activo a fim de: - obter a maior satisfação na vida possível - manter a sua auto-estima - conservar a sua saúde A velhice bem sucedida pressupõe a descoberta de novos papéis ou uma organização dos já desempenhados. Esta teoria exclui os factores associados ao estilo de vida e à personalidade como factores que influenciam o índice de satisfação.

Teoria da Desinserção O envelhecimento é acompanhado de uma desinserção recíproca do indivíduo e da sociedade, ou seja, o indivíduo põe termo, de forma gradual, ao seu emprenho e retira-se da sociedade. Quando a desinserção é total, o indivíduo atinge um novo equilíbrio, havendo modificação do seu sistema de valores. Este processo caracteriza-se por perda ao nível das relações inter-pessoais e ao nível do papel que o indivíduo desempenhava. O afastamento do meio físico e social durante o envelhecimento é uma etapa normal do desenvolvimento. Nesta teoria, não é contemplada a personalidade.

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Teoria da Continuidade Segundo esta teoria, o envelhecimento é uma parte integrante do ciclo de vida e não um período final, separado das outras fases. O idoso mantém a continuidade nos seus hábitos de vida, nas suas preferências, experiências e compromissos adquiridos e elaborados durante a vida, fazendo estes parte da sua personalidade.

1.3 - REVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA NO MUNDO E EM PORTUGAL A revolução demográfica ocorreu com o aumento do número e da proporção de pessoas idosas em relação aos outros grupos etários/população total. Factores desencadeantes: Baixos níveis de fecundidade durante um período alargado Ganhos na EMV, particularmente nas idades mais elevadas, contribuíram de modo contínuo para este aumento da população idosa. EMV à nascença na Europa a 25 (incluindo Portugal) – 75 anos para os homens e 81 para as mulheres [2005] O aumento da EMV deve-se a: Progressos tecnológicos Melhoria das condições socioeconómicas Avanços da medicina

1.4 - ASPECTOS BIOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS, COGNITIVOS E SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO NORMAL

Alterações Estruturais

Células e tecidos: ▪ ↓ nº células funcionais no organismo ▪ Núcleo celular altera-se impedindo a multiplicação celular e a reparação dos tecidos ▪ ↓ gradual do nº de hemácias e do seu conteúdo em hemoglobina ▪ ↑ nº de neutrófilos + ↓ nº de linfócitos ▪ ↓ líquido intracelular líquido extracelular = ; < quantidade de líquido corporal total) ▪ ↑ de proteínas fibrosas (ex.: colagénio) na pele, SN, músculo cardíaco Composição global do corpo: ↓ massa muscular ↓ quantidade de líquido corporal total ↑ tecido adiposo (principalmente ao nível do

abdómen e ancas, e menos na face e membros) ↓ tecido adiposo sob a pele

Causas da diminuição do peso corporal

Aspectos Biológicos

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Alterações Funcionais

Sistema Orgânico Alterações fisiológicas Manifestações físicas esperadas Tegumentar*

- Perda de elasticidade da pele - ↓ gordura subcutânea - ↓ glândulas sudoríparas e sebáceas - Perda de melanina - ↓ perfusão sanguínea ao leito ungueal - < terminações nervosas

Rugas, pregas, arqueamento

Pele frágil, seca e fina

Escurecimento e enrugamento da pele em torno das órbitas

Unhas espessas, quebradiças (↓ crescimento)

Diminuição da sensibilidade

↓ geral de pêlos (excepto nariz, sobrancelhas e ouvidos – pode ser quase completa nas axilas, púbis e membros)

Embranquecimento e afinamento dos pêlos

Crescimento de pêlos no queixo e lábio sup nas mulheres (hiperandrogenismo)

Inactivação das células do bulbo capilar – queda de cabelos, calvice

Equimoses, púrpuras, manchas verm

Músculo-esquelético ver 3.3.2

Respiratório

- ↓ elasticidade + ↑ rigidez da parede torácica; calcificação das cartilagens traqueais e brônquicas; atrofia dos músculos respiratórios - ↓ nº + ↑ tamanho dos alvéolos - ↓ função ciliar

↓ capacidade respiratória total

↓ capacidade vital; ↑ volume residual

alguma dispneia de esforço

↓ reflexo da tosse e dos reflexos faríngeos

> risco de aspiração, infecções, atelectasias

Cardiovascular

- Espessamento do endocárdio e das válvulas cardíacas - ↓ elasticidade + ↑ rigidez dos vasos (fibrose, acumulação de cálcio e lípidos, aterosclerose,...) - ↓ força de contractilidade e DC - ↓ aporte sanguíneo a todos os órgãos e circulação nas AC - ↑ resistência periférica

o ↑ ligeiro da PA sistólica o pés e mãos frios o ↓ capacidade de resposta ao esforço

Urinário ver 3.3.3

Gastrointestinal

- Presbiesófago (disfunção motora esofágica); ↑ tempo esvaziamento - Comprometimento da protecção da mucosa gástrica - ↓ secreção salivar - ↓ capacidade de absorção - ↓ produção de lactase

o Xerostomia sensação de boca

seca o ↑ tendência para a indigestão e

obstipação o Intolerância à lactose

Nervoso

- Perda de neurónios (cérebro, coluna vertebral) - ↓ tamanho e peso do cérebro - ↓ fluxo sanguíneo cerebral - ↓ metabolismo - Atrofia dos dendritos - ↑ sono profundo

↓ tempo de resposta e reacção

Necessidade de mais tempo para os processos cognitivos

Dificuldade em adormecer e em continuar a dormir; menos sono

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Visão

- < elasticidade do cristalino - Espessamento do cristalino

o ↓ acuidade visual:

Presbiopia perda progressiva da capacidade de focalização do cristalino

< visão lateral, periférica e nocturna

Percepção diferente das cores (devido ao amarelecimento do cristalino)

↓ diâmetro das pupilas

Opacificação do cristalino (cataratas)

o Ectrópio eversão da pálpebra que provoca o descobrimento de parte do globo ocular

o Arco senil anel opaco esbranquiçado na região periférica da córnea

o ↓ secreção das glândulas lacrimais

Audição

- Degenerescência do nervo do ouvido interno - Deterioração da membrana timpânica (otosclerose) - Espessamento do tímpano - ↓ produção de cerúmen

Presbiacusia < capacidade auditiva relacionada com o envelhecimento

Perda do tom de elevada frequência

↑ tempo de reacção auditiva

Sexu

al

Feminino

- ↓ produção de hormonas - pH vaginal torna-se alcalino - Não existe perda de capacidade de atingir o orgasmo

o Secura vaginal (do canal vaginal - ↓ elasticidade))

o > potencial para infecções vaginais o Seios flácidos o ↓ e atrofia do útero, colo, ovários o Achatamento dos lábios vaginais o Perda da gordura subcutânea e dos

pêlos da vulva

Masculino

- ↑ benigno da próstata - ↓ volume dos testículos (pouco) - < sensibilidade peniana - Não há perda de capacidade física de atingir a erecção e ejaculação

Dificuldade em urinar

↑ período refractário

↓ frequência das relações sexuais

↓ contagem de esperma e de espermatozóides (em alguns)

Possível alteração da libido

*Sinais clássicos do envelhecimento da pele: 1. Aspereza – ↑ espessura da camada córnea da epiderme 2. Enrugamento – ↓ colagénio e elastina na derme, agravado pela desidratação 3. Perda de elasticidade – ↓ tónus para contrariar a gravidade 4. Elastose – “pele de galinha” no pescoço e tórax 5. Pele pálida – vasos sanguíneos mais escassos (aspecto amarelado da pele) 6. Pigmentação irregular – estimulada e, áreas mais escuras *Declínio das funções da pele do idoso: Renovação celular Clearance químico Protecção mecânica Percepção sensorial Cicatrização de feridas

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Resposta imunológica Termorregulação Secreções de sebo e suor Produção de vit. D *Cuidados que o idoso deve ter com a pele: o Não exagerar no nº de banhos, tempo de contacto e temperatura da água o Utilizar sabonete ou gel de banho com pH neutro o Secar a pele depois do banho sem friccionar o Após o banho, aplicar creme hidratante sobre a pele seca o Evitar exposição solar durante as horas de radiação mais intensa o Aplicar protector solar nas zonas de pele expostas (não apenas na praia) o Evitar ambientes demasiados quentes e/ou secos o Inspeccionar regularmente a pele – identificar manchas ou sinais Alterações funcionais no pâncreas: ↓ degradação da insulina ↓ nº de receptores de insulina na membrana celular de tecidos alvo ↓ velocidade de libertação de insulina Alterações funcionais no sistema endócrino: ▪ Dificuldade em metabolizar a glicose – valores no sangue mais altos que os normais

frequentes nos idosos não diabéticos ▪ ↓ ligeira da actividade da tiróide ▪ ↓ metabolismo basal ▪ ↓ gradual na testosterona, estrogénio e progesterona Alterações funcionais no sistema imunitário:

↓ resposta imunológica (> risco de infecção)

↓ tamanho e actividade do timo

↓ actividade da célula T

Manifestações atípicas de inflamação (febre baixa, dor mínima) Alterações funcionais no sistema termorregulador: ↓ temperatura normal do corpo(36-37oC) ↓ capacidade de reacção às temperaturas

frias – vasoconstrição ineficiente, ↓ DC, estremecimento diminuído, ↓ massa muscular e tecido subcutâneo

quentes – mecanismo de suor prejudicado, ↓ DC

Alterações cognitivas:

Inteligência ↓ inteligência fluida (a adquirida por aprendizagem) Manutenção ou melhoria da inteligência cristalizada (adquirida pela experiência e reflexão) ↓ capacidade de conceptualização Manutenção do vocabulário e do raciocínio verbal Manutenção dos conhecimentos adquiridos

Aspectos Cognitivos e Psicológicos

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Tempo de reacção ↓ rapidez de reflexos e da execução dos gestos ↑ tempo de reacção

Aprendizagem Assimilação mais lenta ↓ motivação e ↑ fadiga Atenção excessiva aos estímulos não pertinentes Manutenção da capacidade de aprendizagem Dificuldades acrescidas na organização, armazenamento e utilização da informação

Memória ↓ memória (auditiva + visual, a curto prazo [imediata]) Manutenção da memória a longo prazo (fixação) Dificuldade em organizar e utilizar as informações armazenadas

Resolução de problemas e criatividade Dificuldade em adoptar novas estratégias Pensamento mais concreto do que abstracto > prudência e rigidez Dificuldade na descriminação entre a informação pertinente e não pertinente > redundância na recolha de informação Tendência para manter hábitos antigos ↓ criatividade em alguns domínios (ciências exactas) Alterações Psicológicas:

o Emoções Imagens pouco lisonjeiras dos idosos tristes, difíceis, complicados, irritáveis Podem revelar crises vivenciadas e manifestar-se como sentimentos de inutilidade e impotência

o Motivação Relaciona-se com a capacidade de ter actividades ou de agir Geralmente existe menos vontade para a acção Característica muito influenciada pelo ambiente biopsicossocial

o Personalidade Adaptação à velhice (satisfeitos com a vida) Má adaptação à velhice (idosos zangados que se auto-depreciam) Dependente e passiva

O valor da pessoa idosa: ANTES: posição de primazia na sociedade (bênção de envelhecer) ACTUALIDADE: Papel na sociedade – activo / passivo

Perdas vivenciadas Inactividade, isolamento, miséria, desvalorização

Aspectos Sociais

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Explicar implicações do processo de envelhecimento, que acompanha toda a vida ↑ auto-estima e sentimento de segurança – desenvolver atitudes positivas face à suas capacidades Ajudar a melhorar competência de comunicação e a desenvolver relações sociais ↓ ansiedade e ajudar a encontrar um sentido para a vida Proteger e promover a saúde / Prevenir as complicações do processo patológico Promover manutenção da autonomia e independência Prevenir a deterioração da personalidade

1.5 - CRENÇAS, ESTEREÓTIPOS E ATITUDES FACE À VELHICE E AO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Crenças convicções, certezas que as pessoas têm em relação à sua visão da verdade e que podem ser de natureza filosófica, religiosa ou política. Crenças dos idosos face ao envelhecimento: • Fraqueza • Fadiga • Perda de interesse • Lentidão • Declínio • Reforma • Apatia • Isolamento Valor Forma de crença que dita o comportamento a adoptar ou a evitar orientando a acção do indivíduo. Crenças e valores acerca dos idosos: • São senis ou dementes • Têm perturbações mentais • São infelizes • Não produzem para a sociedade • A maior parte dos idosos ou são doentes ou precisam de ajuda para a satisfação das suas necessidades, sendo por isso dependentes Têm hábitos de vida muito interiorizados e são incapazes de mudar • As pessoas idosas são todas iguais • As pessoas idosas sofrem de solidão e estão isoladas

Outras crenças • As pessoas idosas gostam de depender dos filhos • Tomam muitos medicamentos • Não cuidam da sua aparência • São muito religiosas e rezam muito • São sensíveis e inseguras • Não se interessam pela sexualidade • São demasiado frágeis para aguentar o exercício físico • São pobres

Intervenções de Enfermagem

Estas crenças impedem os idosos de serem precisos em relação aos problemas e de

encontrarem as soluções adequadas.

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12 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Fé É uma crença absoluta nalguma coisa ou em alguém e que pode dar sentido espiritual a determinada experiência de vida. Religião Forma de expressar as crenças e valores espirituais. Tem ritos, regras e cerimónias próprias. Espiritualidade É a relação com o transcendente, entre uma pessoa e um Ser superior e que ajuda a compreender o infinito. Moral São as regras e valores que orientam o comportamento em sociedade, e que se inspiram em muitas sociedades na religião ou espiritualidade dominante. O Envelhecimento visto pelos idosos: • Perda de autonomia • Perda de saúde • Ausência de sexualidade • Podem conformar-se ou identificar-se com este fenómeno ou pelo contrário • Considerar o envelhecimento um processo natural • Encontrar sentido para esta fase da vida (sentir felicidade) • Estarem integrados na sociedade e no seu meio ambiente Vantagens desta fase da vida visto pelos idosos • Diminuição da responsabilidade em relação ao trabalho • Ausência de competição • Abertura de espírito • Valores estáveis • Capacidade de julgamento • Experiência de vida que podem partilhar • Elementos que influenciam a imagem da pessoa idosa • A alteração da aparência física • A proximidade da morte • A dependência • O comportamento lentificado • A imagem positiva ou negativa transmitida pelos media Mitos e estereótipos dos enfermeiros: • Não aceitar as pessoas como diferentes umas das outras • Risco de não planear intervenções individualizadas • Visão dos idosos como rígida e intransigente ou passiva • Não lhes pedir a sua opinião e participação • Visão dos idosos como incapazes de mudar • Não permitir tentar novas formas • Negação do poder de decisão • Impossibilidade de estimular a autonomia Atitudes dos enfermeiros face ao envelhecimento: • Uma visão realista dos problemas • Uma visão que nega os efeitos do envelhecimento • Ansiedade face ao processo de envelhecimento • Um aumento de responsabilidade face aos idosos • Uma responsabilidade social mais do que individual • Presença de estereótipos

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2.1 - ENVELHECIMENTO ACTIVO

“É um processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança,

para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem.” (OMS 2002) Pilares da estrutura política para o envelhecimento activo Processo de envelhecimento em que há uma participação continuada a nível social,

económico, cultural, espiritual e cívico e não apenas actividade física ou laboral.

É essencial que o idoso seja activo, não só fisicamente mas também participando continuamente nas questões sociais, económicas, culturais, espirituais e políticas. Desta forma, tornam-se necessárias políticas e programas de envelhecimento activo para permitir que as pessoas continuem a trabalhar de acordo com suas capacidades e preferências à medida que envelhecem, contribuindo para a sua auto-realização, e para prevenir e retardar incapacidades e doenças crónicas, que acarretam também custos elevados para os indivíduos, famílias e sistemas de saúde. Essas políticas e programas devem ter em conta ainda a promoção do auto--cuidado, responsabilizando os indivíduos pela sua saúde.

O envelhecimento activo aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais e visa então melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas que estão a envelhecer, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados. Essa qualidade de vida é influenciada pelas vivências de cada um, ou seja, pelos riscos e oportunidades que experimentaram durante a vida, e também pela ajuda e apoio oferecidos pelas gerações posteriores, quando necessário.

Quando políticas sociais de saúde, mercado de trabalho, emprego e educação apoiarem o envelhecimento activo, teremos muito provavelmente:

menos mortes prematuras em estágios da vida altamente produtivos;

menos deficiências associadas às doenças crónicas na terceira Idade;

mais pessoas com uma melhor qualidade de vida à medida que envelhecem;

à medida que envelhecem, mais indivíduos participando activamente nos aspectos sociais, culturais, económicos e políticos da sociedade, em actividades remuneradas ou não, e na vida doméstica, familiar e comunitária; menos gastos com tratamentos médicos e serviços de assistência médica.

2 - Saúde e Envelhecimento

Interdependência e solidariedade entre gerações

Envelhecimento Activo

Saúde

Segurança Participação

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14 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Determinantes do Envelhecimento Activo: Cultura Género Cultura:

A cultura, que abrange todas as pessoas e populações, modela a nossa forma de envelhecer, pois influencia todos os outros factores determinantes do envelhecimento activo. Os valores culturais e as tradições determinam muito como uma sociedade encara as pessoas idosas e o processo de envelhecimento. Quando as sociedades atribuem sintomas de doença ao processo de envelhecimento, elas têm menor probabilidade de oferecer serviços de prevenção, detecção precoce e tratamento apropriado.

Género:

O sexo da pessoa também influencia o envelhecimento. Ex: Em muitas sociedades, as mulheres jovens e adultas têm um estatuto social inferior e

acesso mais restrito a alimentos nutritivos, educação, trabalho significativo e cuidados de saúde. O papel tradicional das mulheres como responsáveis pelos cuidados com a família também pode contribuir para um aumento da pobreza e de problemas de saúde quando ficam mais velhas. Algumas mulheres são forçadas a largar o trabalho remunerado para assumir os cuidados com a família. Outras nunca têm acesso ao trabalho remunerado, já que cuidam de filhos, pais idosos, cônjuges e netos a tempo inteiro.

Por outro lado, homens jovens e adultos estão mais sujeitos a lesões incapacitantes ou morte devido à violência, aos riscos ocupacionais e ao suicídio. Também assumem comportamentos de maior risco, como fumar, consumir bebidas alcoólicas e drogas e se exporem desnecessariamente ao risco de lesões. Serviços Sociais e de Saúde:

Para promover o envelhecimento activo, os sistemas de saúde necessitam que sejam implementadas medidas que visem a promoção da saúde, prevenção de doenças e acesso equitativo a cuidado primário e de longo prazo de qualidade.

Nos serviços sociais, não deve haver discriminação de idade no acesso a esses serviços e todas as pessoas devem ser tratadas com dignidade e respeito.

Os modelos dos sistemas de saúde actuais são inadequados para responder às necessidades de populações que estão a envelhecer rapidamente.

Determinantes Comportamentais: Tabagismo É um factor de risco modificável que pode provocar doenças como o cancro do pulmão e doenças que conduzam à diminuição da capacidade funcional. ex: Fumar acelera a taxa de diminuição da densidade óssea, da força muscular e da função respiratória.

ex: emprego_ _ _ _ _ _ _ _

Determinantes Transversais

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15 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Actividade Física A participação em actividades físicas regulares e moderadas pode retardar declínios funcionais, além de diminuir o aparecimento de doenças crónicas como cardiopatias.

Uma vida activa melhora a saúde mental e frequentemente promove contactos sociais. A actividade pode ajudar pessoas idosas a ficarem independentes o máximo possível, por um período de tempo mais longo. Além disso, pode reduzir o risco de quedas. Portanto, há importantes benefícios económicos quando os idosos são fisicamente activos. Os custos médicos são significativamente menores para as pessoas idosas activas (OMS, 1998).

Apesar de todos esses benefícios, uma grande proporção de idosos leva uma vida sedentária na maioria dos países. As populações com baixa renda, minorias étnicas e pessoas idosas com deficiências são inactivas. As políticas e programas deveriam estimular pessoas inactivas a se tornarem mais activas à medida que envelhecem, e garantir oportunidade para tal. É especialmente importante propiciar áreas seguras para caminhadas e apoiar actividades comunitárias culturalmente apropriadas que incentivem a actividade física e que sejam organizadas e lideradas pelos próprios idosos.

Nos países menos desenvolvidos, pode ocorrer o problema contrário, uma vez que os indivíduos executam frequentemente trabalho físico árduo e tarefas que podem acarretar deficiências, causar lesões, e agravar doenças existentes, especialmente à medida que se aproximam da 3ª idade. Essas tarefas podem incluir muita responsabilidade como cuidadores de parentes doentes e terminais. Os idosos que praticam regularmente actividades físicas vigorosas precisam de oportunidades para o descanso e a recreação. Alimentação Saudável Os problemas de alimentação em todas as idades incluem tanto a desnutrição (mais frequente, mas não exclusivamente, nos países menos desenvolvidos) como o consumo excessivo de calorias. Nos idosos, a desnutrição pode ser causada pelo acesso limitado a alimentos, dificuldades sócio-económicas, falta de informação e conhecimento sobre nutrição, escolhas erradas de alimentos (alimentos ricos em gordura, por exemplo), doenças e uso de medicamentos, perda de dentes, isolamento social, deficiências cognitivas ou físicas que inibem a capacidade de comprar comida e prepará-la, situações de emergência e falta de actividade física.

O consumo excessivo de calorias aumenta muito o risco de obesidade, doenças crónicas e deficiências durante o processo de envelhecimento.

O cálcio e a vitamina D em quantidade insuficiente estão associados à perda na densidade óssea durante a velhice, e consequentemente, a aumento de fracturas que causam dor, têm custo elevado e debilitam, em especial nas mulheres idosas.

Em populações com uma alta incidência de fracturas, pode-se reduzir os riscos através do consumo adequado de cálcio e vitamina D. Álcool As alterações no metabolismo decorrentes do próprio processo de envelhecimento aumentam a susceptibilidade dos mais velhos a doenças relacionadas com o álcool, como a desnutrição e doenças do pâncreas, estômago e fígado. As pessoas idosas apresentam maior risco de lesões e quedas devido ao consumo de álcool, assim como riscos potenciais associados à mistura do álcool com medicamentos.

Medicamentos Como as pessoas idosas frequentemente têm problemas crónicos, necessitam utilizar mais medicamentos – tradicionais, adquiridos sem receita médica e receitados – que pessoas mais jovens. Na maioria dos países, os idosos de classe baixa têm pouco ou nenhum acesso a subsídios para medicamentos. Assim, muitos deixam de comprar ou gastam uma grande parte do rendimento já escasso em remédios.

Em contrapartida, os medicamentos são às vezes prescritos em demasia aos idosos (especialmente às mulheres) que possuem seguros ou meios de os pagar. Reacções adversas e quedas associadas ao uso de medicamentos (especialmente para dormir e tranquilizantes) provocam sofrimento pessoal e internamentos hospitalares dispendiosos e evitáveis.

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Iatrogenia Problemas de saúde induzidos por diagnósticos ou tratamentos e causados pelo uso de medicamentos são comuns na 3ª idade, devido à interacção medicamentosa, dosagens inadequadas e maior frequência de reacções imprevisíveis através de mecanismos desconhecidos. Com o aparecimento de muitas terapias novas, há uma maior necessidade de se estabelecer sistemas para prevenir reacções medicamentosas adversas e informar tanto os profissionais da saúde como o público idoso sobre os riscos e benefícios das terapias modernas. Determinantes Pessoais:

Biologia e Genética Têm uma grande influência sobre o processo de envelhecimento pois traduzem-se numa maior ou menor propensão de cada indivíduo a adquirir uma determinada doença, como Alzheimer, diabetes, e certos cancros.

Factores Psicológicos Incluem a inteligência e a capacidade cognitiva, de que é exemplo a capacidade de resolver problemas e de se adaptar a mudanças e perdas, e são fortes indicadores de envelhecimento activo e de longevidade.

Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas (inclusive a rapidez de aprendizagem e memória) diminuem, naturalmente, com a idade. Entretanto, essas perdas podem ser compensadas por ganhos em sabedoria, conhecimento e experiência. Frequentemente, o declínio no funcionamento cognitivo é provocado pelo desuso (falta de prática), doenças (como depressão), factores comportamentais (como consumo de álcool e medicamentos), factores psicológicos (por exemplo, falta de motivação, de confiança e baixas expectativas), e factores sociais (como a solidão e o envelhecimento), mais do que o envelhecimento em si.

Saber superar adversidades determina o nível de adaptação a mudanças (como a reforma) e a crises do processo de envelhecimento (a privação e o surgimento de doenças).

Determinantes Ambientais: Pessoas idosas que moram em ambientes ou áreas de risco com múltiplas barreiras físicas

saem, provavelmente, com menos frequência, e, por isto, estão mais propensas ao isolamento, depressão, menor capacidade física e mais problemas de mobilidade (< da independência).

no domicílio – devido à sua familiaridade pode tornar-se um ambiente de risco (> imprudência) ex: - piso irregular ou escorregadio - tapetes soltos - objectos na área de circulação - escadas - deficiente iluminação - vestuário e calçado inadequado - móveis inapropriados - inexistência de corrimão (sobretudo na banheira)

no exterior ex: infra-estruturas não adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida como os idosos - escadas sem corrimão - piso irregular - inexistência de rampas e elevadores - deficiente iluminação - …

Condições da habitação

Barreiras físicas Ambiente Físico

condicionam Risco de queda

Instabilidade postural ou Incapacidade de manutenção do equilíbrio

As quedas motivam a perda de capacidade funcional, comprometendo as faculdades físicas e mentais necessárias para a realização das AVD’s e AIVD’s.

Perda de autonomia e independência (mesmo que a curto prazo)

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Deve-se investir no melhoramento das condições das infra-estruturas, dos espaços urbanos e do acesso aos transportes públicos, tendo em vista este último à diminuição do isolamento por motivos de incapacidade dos idosos se deslocarem.

Determinantes Sociais:

Apoio social

Violência e maus-tratos

Educação e alfabetização

Determinantes Económicos:

Rendimento

Protecção social – Em todo o mundo, as famílias providenciam a maior parte do auxílio para

idosos que precisam de ajuda. Contudo, à medida que as sociedades se desenvolvem e a

tradição de convivência entre as gerações no mesmo ambiente começa a mudar, os países

são cada vez mais chamados a desenvolverem mecanismos que dêem protecção social a

idosos incapazes de ganhar a vida e que estejam sozinhos e vulneráveis.

Trabalho

Estratégias de Intervenção: 1) Promover um envelhecimento activo Recomendações para a acção: - Informar e formar as pessoas idosas sobre:

a) Actividade física moderada e regular e as melhores formas de a praticar; b) Estimulação das funções cognitivas; c) Gestão do ritmo sono - vigília; d) Nutrição, hidratação, alimentação e eliminação; e) Manutenção de um envelhecimento activo, nomeadamente na fase de reforma.

2) Adequar os cuidados às necessidades das pessoas idosas Recomendações para a acção: - Identificar:

a) Os determinantes da saúde da população idosa; b) As dificuldades mais frequentes no acesso da população idosa aos serviços e cuidados de

saúde; - Rastrear os critérios de fragilidade, através do Exame Periódico de Saúde (EPS); - Informar a população idosa e famílias sobre:

a) Utilização correcta dos recursos necessários à saúde; b) Abordagem das situações mais frequentes de dependência, nomeadamente por défices motores, sensoriais, cognitivos, ambientais e socio-familiares; c) Abordagem das situações demenciais, nomeadamente da doença de Alzheimer, assim como sobre a prevenção da depressão e do luto patológico; d) Abordagem da incontinência; e) Promoção e recuperação da saúde oral; f) Prevenção dos efeitos adversos da automedicação e polimedicação; g) Prestação de cuidados domiciliários a pessoas idosas doentes ou com dependência;

- Orientar tecnicamente os prestadores de cuidados sobre: a) Tipos e adequação de ajudas técnicas;

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b) Abordagem da patologia incapacitante mais frequente nas pessoas idosas, nomeadamente fracturas, incontinência, perturbações do sono, perturbações ligadas à sexualidade, perturbações da memória, demências, nomeadamente doença de Alzheimer, doença de Parkinson, problemas auditivos, visuais, de comunicação e da fala; c) Melhoria da acessibilidade à informação sobre medicamentos; d) Adequação da prescrição medicamentosa às pessoas idosas; e) Abordagem da fase final de vida; f) Abordagem do luto; g) Programação, organização, prestação e avaliação de cuidados de saúde no domicílio; h) Abordagem multidisciplinar e intersectorial da saúde e da independência das pessoas idosas.

3) Promover o desenvolvimento de ambientes capacitadores Recomendações para a acção: - Informar as pessoas idosas sobre:

a) Detecção e eliminação de barreiras arquitectónicas, assim como sobre tecnologias e serviços disponíveis favorecedores da sua segurança e independência, como, por exemplo, o serviço de tele-alarme; b) Prevenção de acidentes domésticos e de lazer; c) Utilização, em segurança, dos transportes rodoviários;

- Orientar tecnicamente os prestadores de cuidados sobre: a) Prevenção de acidentes domésticos, de lazer e rodoviários; b) Detecção e encaminhamento de casos de violência, abuso ou negligência em pessoas idosas.

2.2 - A COMUNICAÇÃO Processo dinâmico verbal e não verbal que permite que as pessoas interajam entre si,

partilhando sentimentos, opiniões, experiências e informações. Dimensões que interferem na comunicação: Factores Fisiológicos Integridade dos órgãos e sentidos Integridade do aparelho locomotor Doenças crónicas

- Doenças do foro respiratório Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) - Doenças neurológicas

Tacto – ↓ sensações de calor, frio, pressão e dor Ouvido – ↓ acuidade auditiva

↓ débito verbal discurso inaudível

AVC Disartria Afasia Alzheimer Parkinson Demências

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Factores Psicológicos

- Inteligência - Percepções - Emoções - Personalidade

Factores Sociológicos - Ambiente e estímulos exteriores motivam a pessoa a comunicar

Factores Culturais e Espirituais

- Educação - Cultura - Estatuto social - Auto-estima

Avaliação… … da visão, audição, tacto e olfacto (percepção através dos órgãos dos sentidos) … do estado mental (funções cognitivas)

- Memória - Raciocínio - Juízo crítico - Obedecer a ordens simples - Orientação no espaço, tempo e pessoa

Observação… … das interacções com o ambiente … da expressão da sexualidade Estratégias facilitadoras da comunicação com o idoso • Conseguir a atenção da pessoa

-estabelecer contacto visual - usar o toque (mãos ou ombros) e deixar que o idoso o toque

• Tom de voz adequado e com informações precisas • Dar tempo para as respostas • Atenção ao não verbal (sorriso, aceno de cabeça) • Descodificar as mensagens se forem confusas • Repetir o que compreendeu ou a emoção que lhe transmitiu

2.3 - A EXPRESSÃO DA SEXUALIDADE … “a sexualidade é o processo de ser em que expressamos através das nossas manifestações de ser homem ou mulher, masculino ou feminino; é a forma como pensamos, sentimos e expressamos a cerca do nosso género, dos nossos órgãos sexuais, do nosso corpo, das nossas auto-imagens e das nossas preferências”. A sexualidade é algo inerente ao nosso ser.

excesso de estimulação influência positiva na comunicação ausência de estimulação influência negativa na comunicação

Interferem nas atitudes e comportamentos dos idosos

Podem favorecer ou dificultar a comunicação

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A sexualidade está mediatizada por tudo o que somos como pessoa, e que por sua vez influi na forma como pensamos sentimos e nos comportamos. Sexualidade no Ser Humano Considera-se ser de particular relevância para a compreensão da totalidade do sujeito, ou seja, é uma das dimensões de cada indivíduo, influenciando o seu comportamento e percepção do que o rodeia. Mitos sobre a Sexualidade nos Idosos • Os idosos não têm interesses sexuais; • Os idosos que se interessam pelo sexo são perversos; • O coito e a emissão de sémen são debilitantes e provocam o envelhecimento e a morte; • A vida pode ser prolongada pela abstinência na juventude e pela inactividade mais tarde; • A masturbação é uma actividade infantil que deve ser posta de parte quando se atinge a

idade adulta. Só é praticada por pessoas idosas se estas estiverem seriamente perturbadas; • As idosas que continuam a apreciar o sexo foram provavelmente ninfomaníacas quando

jovens; • A maioria dos homens idosos perde o desejo e a capacidade para ter relações sexuais; • As pessoas idosas com doenças crónicas ou deficiências físicas devem cessar completamente

a sua actividade sexual; • A capacidade de execução sexual mantém-se sempre igual ao longo da vida; • As pessoas idosas que estão vários anos sem ter relações sexuais não mais poderão vir a tê-

las no futuro. • A satisfação na relação sexual diminui consideravelmente depois da menopausa; • Os homens velhos são particularmente vulneráveis a desvios tais como o exibicionismo e as

parafilias (padrão de comportamento sexual em que há desvio da actividade sexual tradicional, como

no desvio do objecto de desejo sexual); Factores médicos que podem influenciar negativamente a sexualidade: A doença pode afectar a sexualidade; Diminuição da resposta em resultado de: Condição médica como a doença cardíaca,

diabetes, AVC, doença oncológica, cirurgia; [ex: colostomia em que há encerramento do ânus] Efeitos secundários de medicação ou tratamentos; Dor ou doença crónica. Factores que influenciam a mudança de comportamento sexual nos idosos: Durante o processo de envelhecimento do Ser Humano ocorrem alterações a diversos níveis:

biológico, psicológico e sócio-cultural. Estas alterações são factores determinantes para a expressão comportamental da

sexualidade Factores associados ao envelhecimento: • Diminuição do vigor físico e psíquico; • Menor capacidade de trabalho; • Aumento da incidência dos problemas de saúde, designadamente doenças de evolução para

a cronicidade; • Potencialização dos efeitos negativos de determinados estilos de vida, como o stress,

excessos alimentares, alcoolismo, tabagismo e sedentarismo; • Polimedicação e respectivos efeitos iatrogénicos; • Alterações endócrinas, formatadas em torno daquilo que se convencionou designar como

menopausa e andropausa.

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Quadros clínicos que podem implicar diferentes níveis de perturbação sexual: • Diabetes Mellitus • Hipertensão arterial • Arteriosclerose • Acidente vascular cerebral • Cancro da próstata • Cancro da mama • Cancro do colo-rectal • Insuficiência cardíaca • Doenças da tiróide • Doença de Parkinson • Esclerose múltipla • Doenças reumáticas Determinantes da Sexualidade na 3ª Idade:

– factores genéticos – “ neurológicos – “ hormonais (menopausa e andropausa) – “ anatómicos – “ fisiológicos

Envelhecimento Sexual…

O processo de envelhecimento sexual tem uma marca biológica evidente: a menopausa.

É um processo natural na mulher que se caracteriza pela paragem definitiva das menstruações, resultante da diminuição progressiva do ritmo de ovulação.

A falência dos ovários ocorre habitualmente entre os 45 e os 50 anos. Climatérico – corresponde ao período onde se iniciam as primeiras manifestações

sinalizadoras da menopausa, tais como, irregularidades menstruais, afrontamentos, alterações de humor, terminando cerca de um ano após a data da última menstruação.

Manifestações Menopáusicas: • Afrontamentos; • Secura vaginal; • Dispareunia [dor que surge nos órgãos genitais durante ou imediatamente após as

relações sexuais]; • Insónias; • Irritabilidade; • Humor deprimido; • Fadiga; • Cefaleias; • Alterações de peso;

Determinantes Biológicos

meno (= menstruação) + pausis (= cessação)

… Feminino

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• Osteoporose; • Hipertensão arterial; • Arteriosclerose; • Atrofia vulvo-vaginal; • Incontinência urinária; • Insegurança; • Dores articulares; • Alterações no cabelo e na pele.

As manifestações menopáusicas provocam as seguintes alterações sexuais na mulher idosa:

• Alterações morfológicas vaginais: - O útero regride ao tamanho pré-pubere [antes da puberdade]; - Atrofia do endométrio e da mucosa do colo uterino; - Vagina mais curta e menos flexível.

• Diminuição do desejo sexual; • Diminuição da frequência da actividade sexual; • Dificuldades de excitação:

- Lubrificação vaginal deficitária; - Menor tensão psicológica.

• Desconforto face ao envolvimento sexual / Dispareunia; • Resposta orgásmica mais tardia; • Orgasmo menos intenso e com menor número de contracções; • Eventual perda da capacidade multi-orgásmica.

A passagem de uma fase reprodutiva, para uma fase pós reprodutiva vai exigir às mulheres um ajustamento físico e psicológico. Pode ser acentuado pelo negativismo socialmente construído e individualmente

incorporado, que tende a desvalorizar a mulher, uma vez que na sociedade a feminilidade ainda se encontra fortemente conotada com a maternidade. Sentimento de inferioridade que pode ser gerado pela perda da capacidade

procriativa

Sentimentos manifestados pela mulher que está a envelhecer: Perda da feminilidade Perda da capacidade de seduzir Medo do ridículo Medo de não lubrificar Fantasia em relação a cavidade vaginal Dificuldade em expor seus sentimentos Vergonha do corpo envelhecido Incontinência Urinária

Não existe uma marca claramente identificável, verificam-se sim alterações lentas e fundamentalmente regulares, sendo a fase em que essas alterações começam a surgir designada por andropausa.

A tradução bioquímica da andropausa envolve uma deficiência androgénica, designadamente ao nível da produção de testosterona.

… Masculino

andros (= masculino) + pausis (= cessação)

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As manifestações de andropausa revelam grande variabilidade individual no que respeita ao aparecimento e intensidade das mesmas, existindo homens que, independentemente da idade, não faz sentido falar de andropausa.

Factores de risco que podem acelerar a Andropausa:

Consumo excessivo de substâncias como álcool, tabaco e drogas;

Sedentarismo;

Hábitos alimentares não saudáveis;

Polimedicação;

Hipertensão arterial;

Problemas psíquicos;

Perturbações hormonais;

Saúde geral debilitada. Manifestações Andropáusicas: - Redução da força muscular; - Aumento da gordura visceral; - Osteoporose; - Diminuição da pilosidade; - Ginecomastia [aumento das glândulas mamárias no homem]; - Irritabilidade; - Humor deprimido; - Ansiedade; - Lentificação do pensamento; - Alterações da orientação espacial; - Desmotivação; - Alterações da sexualidade.

Principais alterações biofisiológicas no homem idoso: Diminuição da produção de esperma e de testosterona, a partir dos 40 anos e 55

anos, respectivamente; Diminuição do desejo sexual (apetência, fantasia); Diminuição da frequência da actividade sexual; Dificuldades/disfunção eréctil; Excitação mais demorada; Qualidade da erecção (rigidez, duração); Diminuição da quantidade de sémen emitido; Elevação menor e mais lenta dos testículos; Diminuição das erecções espontâneas; Diminuição das erecções nocturnas/matinais; Impotência.

Alterações andropáusicas: Alterações da resposta ejaculatória:

- Diminuição da percepção do ponto de inevitabilidade ejaculatória; - Diminuição do líquido pré-ejaculatório; - Diminuição da força e volume do ejaculado; - Ejaculação retardada.

Alterações do orgasmo: - Resposta orgásmica mais demorada; - Orgasmo menos intenso/duradouro; - Aumento da incidência de relações sexuais sem orgasmo.

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Aumento significativo do período refractário.

As mulheres aceitam melhor que os homens as alterações que afectam a esfera estritamente sexual. Contudo, aceitam pior o processo geral de envelhecimento, nomeadamente no que diz respeito à sua imagem corporal. A diminuição do interesse sexual e da frequência sexual são características mais preponderantes nas mulheres. Estes dados encontram-se contudo excessivamente ligados numa sexualidade funcional, focada nos genitais e no desempenho sexual. No que respeita ao homem, estas alterações podem ser mal aceites sobretudo se este assimilou o modelo de sexualidade juvenil, (redução da relação sexual ao coito), na medida em que é dado como perdido.

Há autores que defendem que desde que exista uma adaptação adequada às alterações fisiológicas poderá verificar-se um enriquecimento da sexualidade na terceira idade. Logo o envelhecimento não justifica em si mesmo uma perca brusca e significativa da actividade sexual. Alguns autores consideram que estas características da sexualidade nos idosos proporcionam a que ambos os géneros possam desfrutar de relações sexuais mais lentas e mais centradas nas carícias mútuas e na comunicação. Mesmo quando o coito não é possível ou desejado numa relação, é possível que a sexualidade e o erotismo continuem a possibilitar inúmeras formas de obter prazer e satisfação sexual.

O contexto sócio-histórico em que os idosos se inserem ao longo do seu ciclo de vida pode influenciar a forma como o idoso encara a sua sexualidade (ex: educação mais aberta ou repressiva). A história sexual de cada indivíduo influência a vivência da sexualidade na terceira idade. Principais factores psico-sociais que condicionam a actividade sexual nos idosos: O modelo dominante de figura corporal atractiva – baseado na juventude, elegância, vigor

físico e ausência de gordura – pode levar a que os idosos se sintam feios e indesejáveis do ponto de vista sexual;

A ausência de parceiro sexual, os viúvos e os solteiros mais dificilmente dispõe de parceiros sexuais mesmo que o desejem;

O tipo de relações estabelecidas (rotineiras, insatisfatórias ou conflituosas) pode diminuir o desejo sexual, o grau de excitação e até mesmo a própria capacidade sexual;

As dificuldades económicas ou sociais podem diminuir o interesse e as capacidades sexuais, na medida em que, esta situação pode gerar tensão e sensação de marginalização.

A forma negativa com que os idosos vivem a sua sexualidade nesta fase da sua vida é muitas vezes causada pela comparação da sexualidade presente com a do passado.

(Cardoso, 2004)

Determinantes Psicológicos e Sociais

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As condições físicas (álcool, fadiga física, obesidade, falta de higiene) podem influenciar o desejo sexual e as possibilidades de se tornarem atractivos;

O receio de não serem capazes de terem relações sexuais coitais ou de proporcionar prazer pode causar ansiedade e insegurança;

A atitude negativa por parte dos filhos e da sociedade em geral, pode tornar-se numa dificuldade insolúvel, na medida em que os persegue e os culpabiliza;

As atitudes conservadoras das instituições para a terceira idade cria dificuldades acrescidas para os idosos e a falta de espaço e de condições adequadas faz com que os idosos não casados não possam viver a sua sexualidade dentro delas;

A perde de privacidade na família, pois é com frequência que estes vão viver para casa dos seus filhos;

As convenções sociais relativas à idade são desfavoráveis à mulher, na medida em que deve casar-se com homens mais velhos ou da mesma idade, e os homens tendem a casar-se com mulheres mais jovens;

Acrescente-se o facto da esperança de vida ser superior nas mulheres e a tradição na sociedade ocidental das mulheres casarem com homens mais velhos, o que ainda aumenta o número de mulheres viúvas;

Há autores que defende que maior parte dos problemas sexuais dos idosos são de cariz psico-social. Sexualidade nos Idosos – Não há motivos para que a vivência da sexualidade nos idosos não seja uma realidade se assim for pretendida. – Na verdade, as expressões da sexualidade, o próprio desejo com o decorrer da relação, da idade e das próprias vivências, mudam ao longo do tempo, não advindo necessariamente do processo de envelhecimento. – Quer pelas questões morais, quer pela representação social que existe sobre o idoso, a vivência da sexualidade na velhice tem frequentemente uma conotação negativa, ou de estranheza, podendo esta acabar por ser interiorizada constituindo-se assim uma condicionante, impondo muitas vezes a sua própria castração. – Estas atitudes, moldadas pelo preconceito e pela ignorância, suportam todo um conjunto de comportamentos que negam os mais elementares direitos do indivíduo. Direitos esses que podem colocar em causa a auto-determinação do indivíduo e sua própria qualidade de vida.

2.4 - AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO Funcionalidade ou capacidade funcional - Relacionada com autonomia na execução de tarefas de prática frequente e necessária aos

indivíduos, como tarefas de cuidados pessoais e de adaptação ao meio em que se vive, que asseguram a possibilidade de se viver sozinho no domicilio (Fillenbaum, 1986)

- A sua perturbação é consequência de situações patológicas (OMS, 1980)

Autonomia e Dependência – Avaliação da Autonomia Funcional em Idosos

- As alterações resultantes do envelhecimento reflectem-se em: vários órgãos e sistemas mudanças no estilo de vida condicionantes socioeconómicas

… sendo frequente a presença de doenças de evolução crónica - Esta avaliação multidimensional permite:

A avaliação funcional do idoso possui então uma

natureza multidimensional.

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Identificar problemas da população, necessidades e objectivos para a definição de um plano de intervenção;

Investigar e formular políticas.

A OMS recomenda que se avalie as áreas que são capazes de predizer a capacidade do

idoso se manter a viver independente em sua casa:

Como avaliar:

Focos de Atenção na Enfermagem ao Idoso…. Auto-cuidado / Dependência Queixas mais comuns - alimentar-se; - higiene; - vestuário; - uso do sanitário; - posicionamento ; - transferência: quedas adesão/gestão do regime terapêutico

- regime medicamentoso; - hábitos alimentares; - hábitos de exercícios

- edema maleolar; - falta de apetite; - obstipação; - desconforto nos pés; - perda auditiva; - incontinência; - insónia; - dor crónica; - perda de memória; - ↓ acuidade visual.

funções de declínio rápido ap. circulatório, respiratório, pele funções de declínio lento tecidos nervosos

2.5 - PRINCIPAIS FACTORES DE RISCO NO IDOSO

2.5.1 – Isolamento

2.5.2 – Ambiente

- Usar escalas existentes e padronizadas - Abordagem comum - Linguagem comum - Quantificação - Monitorização

Perturbações funcionais

Físicas,

Mentais

Sociais

Capacidade

funcional

Função social

Morbilidade

- autonomia física tarefas de cuidados pessoais - autonomia instrumental tarefas de adaptação ao meio ambiente - locomoção

- recursos socioeconómicos e

ambientais

- estado de saúde global e ao nível dos vários órgãos e sistemas - estado mental componente cognitivo e afectivo

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Medidas:

Detecção e eliminação de barreiras arquitectónicas

Recorrer a tecnologias e serviços disponíveis que favorecem a sua segurança e independência (ex.: telealarme)

Prevenção de acidentes domésticos e de lazer

Utilização, em segurança, dos transportes rodoviários

Orientar tecnicamente os prestadores de cuidados sobre pontos anteriores

Detecção e encaminhamento de casos de violência, abuso ou negligência em pessoas idosas

2.6 - INDICADORES DE SAÚDE: GLOBAIS E ESPECÍFICOS

2.7 - MUDANÇAS NAS PRIORIDADES DE SAÚDE: PROGRAMAS E

POLÍTICAS PARA O ENVELHECIMENTO A prestação de cuidados de saúde e de apoio social às pessoas idosas, integrados, centrados em equipas pluridisciplinares e em recursos humanos devidamente formados, com uma componente de recuperação global e de acompanhamento, nomeadamente ao nível dos cuidados continuados que integrem cuidados de longa duração, são indispensáveis a um sistema de saúde adequado para responder às necessidades de uma população que está a envelhecer.

Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas (DGS, 2004)

Objectivos:

Informar sobre o envelhecimento activo e sobre as situações mais frequentes susceptíveis de

influenciar a autonomia e independência das pessoas idosas;

Orientar, na área da saúde, a organização de todos os intervenientes, profissionais ou

utilizadores;

... tendo em consideração o impacto destas estratégias nos principais determinantes do

envelhecimento activo de cada cidadão.

Contributos:

Promoção de um envelhecimento activo e saudável ao longo de toda a vida;

Criação de respostas adequadas às novas necessidades da população idosa relativamente à

adequação de cuidados de saúde;

Promoção e desenvolvimento de ambientes facilitadores da autonomia e independência

Alertar para a necessidade de estimular as capacidades das pessoas idosas;

Incentivar a participação activa na promoção da sua própria saúde, autonomia e

independência iniciativa pessoal.

Nações Unidas – 2ª Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento:

Estabelecimento de políticas sensíveis às necessidades mais frequentes da população idosa e das suas famílias

▪ Minimizar custos

▪ Capacitar autonomia e independência Evitar dependências

▪ Humanizar cuidados

▪ Ajustamento à diversidade que caracteriza o envelhecimento individual e da população

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28 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

O que se quer são políticas para o envelhecimento e não para as pessoas idosas: Programas centrados na comunidade que promovam o Empowerment (prende-se com a

responsabilidade) das pessoas idosas. Assegurar o acesso das pessoas idosas aos cuidados de saúde primários e cuidados

especializados apropriados. Estabelecer programas de educação para a saúde e de treino para os cuidadores saberem

lidar com as necessidades específicas dos idosos. Programas baseados na família e comunidade para a prevenção relacionada com a

fragilidade do idoso. Programas de suporte e treino para idosos na área da saúde, reconhecendo-lhes

competências e conhecimentos na área da saúde. Programas de educação para os idosos que os prepare para o auto-cuidado na velhice e

na promoção de um estilo de vida que previna a incapacidade no futuro. Dar suporte e recompensar a família que tem a cargo os seus próprios idosos. Estimular as estruturas comunitárias a providenciarem serviços/cuidados nos períodos em

que a família não os pode realizar. As famílias devem ser ajudadas pelo Estado e por outras entidades na sua prestação de

cuidados de longa duração no domicílio, para prevenir a desnecessária institucionalização. Desenvolver sistemas intermédios de suporte entre os cuidados prestados pelo estado e

os cuidados prestados pelas famílias e comunidade.

2.8 - DIREITOS DA PESSOA IDOSA E LEGISLAÇÃO Os problemas éticos e jurídicos em geriatria estão relacionados com o consentimento informado do doente para os cuidados e tratamentos de que pode ser objecto bem como da legitimidade desses mesmos cuidados. Assim, existe a necessidade de criar mecanismos de protecção jurídica para as pessoas interditadas de exercer os seus direitos ou que não sejam capazes de o fazer. - Direito à vida; - Direito ao respeito da vida privada; - Direito à liberdade e à segurança; - Direito a ser socorrido quando está em risco a saúde e a vida, mesmo de um idoso; - Direito ao respeito da pessoa idosa, que não deve ser tratada como marginal; - Direito à protecção contra qualquer forma de exploração; - Direito à protecção em sequência de uma perda progressiva de autonomia, da saúde física ou mental, ou de uma parte dos seus bens ou rendimentos; - …

3.1 - A COMORBILIDADE E POLIMEDICAÇÃO

Comorbilidade: Existência ou aparecimento de outra patologia no curso da evolução clínica de um doente que tem uma doença diagnosticada. Estas doenças podem partilhar a mesma etiologia.

O curso natural de uma doença e as respectivas intervenções terapêuticas podem influenciar a segunda doença ou mesmo a terceira doença.

3 – Envelhecimento e Doença

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29 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Os idosos que têm doenças crónicas correm um risco maior de ter complicações e serem submetidos a intervenções médicas mais ou menos invasivas.

A coexistência de várias doenças pode alterar a eficácia terapêutica, assim como a evolução da doença primária.

A comorbilidade aumenta com a idade. Os doentes com mais comorbilidade utilizam mais os recursos de saúde. No contexto da comorbilidade, os re-internamentos hospitalares são mais frequentes. A coexistência de várias doenças coloca em risco a capacidade funcional do idoso e a sua

EMV. Polimedicação: uso de vários medicamentos simultaneamente, alguns dos quais podem

eventualmente ser desnecessários. Muitos dos ganhos em saúde nas últimas décadas são devidos ao uso racional dos medicamentos:

o vacinas previnem as doenças infecto-contagiosas no idoso (ex.: gripe e pneumonia) o antibióticos apresentam níveis elevados de eficácia no controlo da pneumonia o medicamentos que controlam HTA previnem AVC e EAM

Os medicamentos que permitem controlar a Diabetes, a dor, a artrite, entre outros, têm apresentado resultados incontestáveis, mas simultaneamente requerem cuidados específicos na sua gestão no sentido de evitar interacções, reacções adversas, controlar efeitos secundários por forma a aumentar a qualidade de vida e baixar a morbilidade e mortalidade dos doentes que os tomam. Nos idosos, esta polimedicação, se bem que eficaz para determinados problemas de saúde, é o factor responsável pelo grande número de interacções e reacções adversas, bem como pela não adesão ao regime terapêutico. Podem surgir reacções de intolerância, sensibilização, alergia ou anafilaxia por má utilização

e sobreconsumo de medicamentos. Os idosos têm 2-3 vezes mais probabilidade de desenvolverem reacções adversas do que os jovens.

↑ factores de risco por acumulação ou interacção nociva devido às alterações fisiológicas Factores que influenciam o consumo de medicamentos na pessoa idosa:

1. Doenças Crónicas

Algumas doenças interferem no metabolismo dos medicamentos (ex.: hepáticas)

Os medicamentos usados pelo idoso no controlo dessas doenças podem bloquear ou alterar a acção de outros fármacos

2. Farmacocinética O envelhecimento causa interferências nas várias etapas do processo de metabolismo dos medicamentos – absorção, distribuição, metabolismo e eliminação.

Aspectos biofisiológicos

Interferências na

ABSORÇÃO

•Aumento do pH gástrico

•Diminuição da motilidade gastrointestinal

•Diminuição da circulação capilar intestinal,

•Diminuição da secreção de enzimas digestivas

•Diminuição do número de células que revestem a mucosa intestinal

3. Farmacodinâmica

•Diminuição do esvaziamento gástrico o que retarda a absorção e/ou aumenta a degradação do fármaco

•Aceleração do trânsito intestinal diminui a absorção

•Lentificação do trânsito intestinal aumenta a absorção

•Diminuição da circulação entero-hepática diminui a absorção

•Administração concomitante de medicação altera a absorção (ex: antiácidos)

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30 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Interferências na

DISTRIBUIÇÃO

•Diminuição da massa muscular

•Diminui a sua acção

•Aumento do tecido adiposo

•Os medicamentos lipossolúveis tendem a permanecer no tecido adiposo levando a uma duração mais longa da acção no organismo

•Diminuição da água corporal

•Os medicamentos hidrossolúveis podem permanecer no organismo levando ao seu aumento no sangue e a sintomas de toxicidade

•Diminuição da albumina sérica

•Aumenta a distribuição das drogas lipossolúveis

•Diminui a distribuição das drogas hidrossolúveis

•Diminuição do débito cardíaco

•Aumento dos níveis do fármaco no sangue, aumentando o risco de toxicidade

Interferências no

METABOLISMO

•Diminuição da capacidade hepática para inactivar substâncias

•Perda funcional de 30 a 40% da metabolização de drogas

•Prolongamento do tempo de acção dos medicamentos

Interferências na

ELIMINAÇÃO

•Diminuição das funções renais (secreção tubular e filtração glomerular) até 50%

•Redução do ritmo de eliminação renal

•Reacções de acumulação e de toxicidade dos fármacos

4. Outros factores o Sexo As mulheres idosas consomem mais medicamentos do que os homens idosos o Quantidade de medicamentos consumidos o História clínica o risco de toxicidade ↑ no caso de alergias, disfunções cognitivas,

reacções paradoxais, com a toma de psicotrópicos o Estado físico (hidratação, estado nutricional) o Consumo de álcool

a) Factores relacionados com a sociedade ▪ “sociedade do medicamento” – actualidade ▪ “tudo tem o seu remédio” – consumismo ▪ A venda de fármacos é um mercado muito lucrativo (publicidade) ▪ Procura de soluções fáceis pelos profissionais de saúde (soluções técnica/humanas) ▪ Vulnerabilidade da pessoa idosa comorbilidade

Aspectos psico-socio-culturais

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31 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

b) Factores relacionados com a pessoa idosa

Adaptação psicológica ao envelhecimento: Descompensação é tratada com fármacos dependência Os idosos pedem medicamentos para o alívio do seu mal-estar (vários médicos)

Os idosos activos consomem menos medicamentos

Situações ansiogénicas conduzem ao consumo exacerbado de fármacos

“tomar comprimido para esquecer as situações difíceis”

Tentativa de alívio da dor física e psicológica

A gratuidade e venda livre de alguns medicamentos (não carecendo de receituário) Riscos do tratamento farmacológico na pessoa idosa:

Efeitos adversos: Reacção prejudicial não intencional decorrente do uso do medicamento prescrito com

finalidade terapêutica Manifestações possíveis quedas, confusão, agitação, perda de memória, edemas, ... Podem ser identificados como sintomas de outras doenças e serem tratados com outros

medicamentos Efeitos secundários: o Decorrem da acção farmacológica o ↑ no decurso do envelhecimento o Podem levar à dependência no idoso Interacções medicamentosas: Ocorrem quando as propriedades de um medicamento são modificadas pela administração de um outro fármaco. Há supressão do efeito terapêutico. A interacção de medicamentos com efeitos farmacológicos semelhantes origina a potencialização do efeito terapêutico.

1. Falta de informação - Direito à informação - Não compreensão do regime terapêutico, que pode estar associado a défices sensoriais a nível da visão, audição e da memória a curto prazo. 2. Sobreconsumo de medicamentos ▪ Quer prescritos, quer de venda livre (automedicação) ▪ Habituação e dependência física/psicológica ▪ Crença na “magia” do medicamento 3. Erros - Perdas de memória - < acuidade visual - Ausência de prazos de validade - Transferência de medicamentos - Inacessibilidade dos medicamentos

Factores relacionados com os medicamentos

Factores relacionados com a pessoa idosa

não poder deslocar-se à farmácia baixos recursos económicos deficiências na destreza manual

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32 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

- Solidão - Efeitos secundários desagradáveis - Substituição de medicamentos - Múltiplas designações do mesmo fármaco 4. Automedicação e má utilização dos medicamentos o Pessoa prescreve a si própria um fármaco o Não cumprir o horário o Duplicar a dose em caso de esquecimento da anterior o Não respeitar o prazo de validade o Tomar determinados medicamentos com álcool 5. Acondicionamento dos medicamentos Dificuldades de manipulação (ex.: artrite) Dificuldade em deglutir (comprimidos grandes, muito duros, sabor desagradável,...) Rótulos com letras pequenas ou pouco legíveis 6. Não adesão ao tratamento Adesão terapêutica – grau ou extensão em que o comportamento de uma pessoa, em relação à toma de medicamentos, ao cumprimento da dieta e alteração de hábitos ou estilos de vida, corresponde às instruções veiculadas por um profissional de saúde.

A não adesão terapêutica dos idosos tem como consequência o aumento da morbilidade e

mortalidade nos mesmos.

Factores que condicionam adesão à terapêutica:

1. Sócio-demográficos

- Idade, raça, sexo, ocupação, nível de educação, Educação para a Saúde

2. Clínicos

- Tipo de doença, gravidade e duração, número de doenças associadas

- Frequência do uso dos serviços de saúde e satisfação com os mesmos

- Qualidade dos cuidados

3. Medicação

- Regime de doses, tipo e nº de medicamentos, tipo de embalagem

- Sistema de distribuição medicamentosa

- Uso de ajudas de adesão

- Regime terapêutico

- Reacções adversas

4. Comportamentais

- Interacção doente-profissional de saúde

- Conhecimento do doente, compreensão e crenças face à(s) doença(s) e

medicamentos

componente importante dos cuidados e bem-estar da pessoa idosa

Os idosos muitas vezes não tomam a medicação porque apresentam incapacidades funcionais que lhe limitam a capacidade de abrir as embalagens (destreza manual) e também cometem erros por dificuldade de visão, leitura ou de compreensão das instruções fornecidas pelos profissionais de saúde. [Falhas de memória]

Page 33: Resumo EI-2

33 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

- Conhecimento e crenças do cuidador

5. Económico

- Classe social

- Tipo de assistência na saúde

- Custo da medicação e dos cuidados de saúde

- Rendimento individual e familiar

Intervenções para aumento da adesão terapêutica:

EDUCACIONAIS fornecimento de informação oral, escrita, audiovisual ou informática;

programas de educação individuais ou em grupo

COMPORTAMENTAIS:

▪ ↑ da comunicação e aconselhamento

▪ Simplificação dos esquemas terapêuticos

- ↓ nº de doses medicamentosas

- ↓ nº total de medicamentos

▪ Envolvimento dos doentes no seu tratamento

- Auto-monitorização da doença (ex.: glicemia, TA, função respiratória)

- Auto-administração do tratamento (ex.: insulina)

▪ Memorandos

- Incentivar o idoso, se possível, a elaborar por escrito uma lista de todos os

medicamentos que está a tomar

- Empacotamento da medicação em embalagens individuais com a inscrição do dia da

semana e horários

- Informação visual sobre a toma da medicação

- Caixas de contagem e distribuição da medicação

- Alertas para a adesão à medicação

- Alertas para a aquisição de receituário para manutenção do esquema proposto

▪ Reforço ou recompensa pela melhoria da adesão a medicamentos e resultados terapêuticos

- Redução das consultas médicas

- Incentivos monetários

- Facilitação na aquisição de bens (ex.: esfigmomanómetro nos doentes com HTA)

Normas para prescrição farmacológica na pessoa idosa

Obter o máximo efeito com o menor nº de fármacos e efeitos colaterais

Estabelecer um diagnóstico preciso

Iniciar o tratamento com objectivos específicos

Racionalizar o tratamento

Utilizar preferencialmente medicamentos bem estudados

Simplificar os esquemas terapêuticos

Utilizar a menor dose possível

Validar a compreensão do esquema terapêutico

Organizar o acompanhamento (términos do tratamento, continuação, ...)

Intervenções de enfermagem:

Para além das intervenções para aumento da adesão terapêutica...

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34 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Envolver a família/pessoas significativas

Privilegiar métodos não farmacológicos

Propor a revisão do esquema terapêutico no caso de falta de aderência do idoso

3.2 - ALTERAÇÕES NA APRESENTAÇÃO TÍPICA DE ALGUMAS DOENÇAS

Principais doenças crónicas que afectam os idosos em todo o mundo:

• Doenças cardiovasculares (ex: doença das artérias coronárias)

• Hipertensão

• AVC

• Diabetes

• Cancro

• Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

• Doenças musculo-esqueléticas (mais propensas nas mulheres idosas; ex: artrite reumatóide

e osteoporose)

• Doenças mentais (principalmente demência e depressão)

• Cegueira e diminuição da visão

3.3 - SÍNDROMES GERIÁTRICAS

3.3.1 -A desnutrição e perturbações da alimentação As necessidades nutricionais dos idosos são essencialmente as mesmas dos outros adultos,

com excepção da ingestão calórica, que ↓ devido à perda de gordura na massa corporal total (< metabolismo de calorias).

Constituintes da dieta: Fibras retêm água na massa fecal, amolecendo as fezes e regularizando as dejecções.

(embora sejam indigestas) ........... ex.: frutos, legumes, pão integral e cereais Patologias como diverticulite, cancro do cólon e cálculos biliares, bem como a obstipação, são comuns no idoso devido a baixa ingestão de fibras. O seu consumo deverá então ser moderado.

Água é vital para as funções do organismo e para a regulação da temperatura corporal. Alguns idoso, sobretudo os que têm doenças crónicas, podem ter um mecanismo deficiente de sensação de sede < consciência da necessidade do organismo para ↑ ingestão de líquidos O idoso pode perder água através: - diarreia - sudorese excessiva - poliúria - ingestão de diuréticos

Muitos idosos, principalmente os que estão doentes, encontram-se subnutridos, o que pode ter um efeito negativo relevante na sua qualidade de vida.

Causas possíveis da má nutrição:

Ingestão recomendada: 1,5-2 l/dia

à excepção de existirem contra-indicações como insuficiência cardíaca congestiva (ICC)

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35 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Doenças agudas e crónicas

Alterações no paladar, na visão, no olfacto ou na dentição

Recursos financeiros limitados

Factores físicos (como problemas de deglutição, mastigação e gengivas; incapacidade física para confeccionar os alimentos e para se alimentar autonomamente)

Factores psicológicos (como falta de motivação devido a fadiga ou falta de companhia às refeições)

Ausência de dentes

Padrões alimentares incorrectos prolongados no tempo

Diminuição do apetite

Crenças e estereótipos errados

Défice de conhecimentos

Avaliação Nutricional:

- Calcular IMC (peso e altura) - Perda ou aumento de peso recentes - Aspecto físico (ex: textura do cabelo, turgor) - Problemas nutricionais conhecidos - Padrões regulares de alimentação: horas, número e tipo de refeições - Consumo de líquidos, especialmente água - Capacidade de se alimentar autonomamente / necessidade de ajuda - Medicamentos que interferem ou compensam as necessidades nutricionais - Consumo diário de proteínas, hidratos de carbono, gorduras e calorias ingeridos - Preferências alimentares e restrições dietéticas

3.3.2 - Alterações da mobilidade, do equilíbrio e quedas NHF MOVER-SE EM MANTER UMA POSTURA CORRECTA + NHF EVITAR OS PERIGOS

Principais modificações do aparelho locomotor associadas ao processo de envelhecimento

↓ densidade óssea progressivamente desde os 50 anos em ambos os sexos: o Alteração mais precoce na mulher devido a alterações hormonais. o até aos 35 anos formação da massa óssea o após os 35 anos reabsorção o ↓ formação de osteoblastos o ↑ formação de adipócitos na massa óssea o ↓ taxa de formação do osso o ↓ densidade mineral óssea o ↓ discos vertebrais o Osteopénia

até aos 50 anos + osso trabecular após os 50 anos + osso cortical ↑ risco de fracturas o Desequilíbrio no processo de reabsorção do cálcio; desmineralização do osso torna-o poroso

e frágil (osteoporose) o Acentuação da curva natural da coluna vertebral (cifose) o ↓ altura (1cm/década > 40 anos) o Encurtamento das vértebras o Ligeira flexão do quadril e do punho o Aprofundamento dos espaços ocos da axila e supraclaviculares

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36 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Cartilagem articular ▪ Muda a composição da cartilagem ▪ ↓ função reparadora do condrócito (capacidade de regenerar e de formar tecido novo) ▪ A rede de colagénio torna-se mais rígida ▪ ↑ flexão articular, deterioração da cartilagem ▪ ↓ tamanho das articulações por erosão das suas superfícies

Músculo-esquelético

↓ lenta e progressiva da massa muscular, que é substituída por gordura e colagénio

↓ peso total dos músculos

↓ e atrofia das fibras musculares (principalmente tronco e membros)

Contracção e relaxamento musculares mais lentos

↓ força (principalmente da mão e dos tríceps – dificulta uso de bengala)

↑ fadigabilidade

↓ agilidade ↓ mobilidade, limitação da amplitude de movimentos (> dificuldade em sentar-se – cintura pélvica e extensores da coxa)

Respirar respiração ineficaz devido à imobilidade Comer e beber défice nutricional relacionado com anorexia (associada à dor crónica) Eliminar incontinência urinária funcional devido a dificuldade em se deslocar aos sanitários;

obstipação devido à falta de exercício Dormir e repouso Perturbação dos hábitos de sono, associada a agitação motora,

secundária a medicação Vestir e despir Incapacidade parcial para se vestir devido a dores articulares que impedem

os movimentos finos Manter a temperatura corporal hipertermia devido à imobilidade e/ou secundária à terapêutica Estar limpo e proteger os tegumentos Incapacidade parcial para lavar-se devido à dificuldade em abrir e fechar torneiras bem como à dificuldade em lavar pés e pernas Evitar os perigos Perturbação da imagem corporal, risco de quedas Comunicar com os seus semelhantes Isolamento social secundário a incapacidade física Agir de acordo com as suas crenças e valores Sofrimento espiritual devido à impossibilidade de se ajoelhar para orar Ocupar-se tendo em vista a auto-realização Sentimentos de impotência devido à incapacidade de executar as AVD de forma independente Recrear-se falta de distracções devido à imobilidade Aprender dificuldade em aceitar o programa de fisioterapia por não aceitação das suas limitações físicas

Quedas na pessoa idosa

� A incidência de acidentes domésticos e de lazer nas mulheres idosas é três vezes mais frequente do que nos homens.

� A maioria dos acidentes com pessoas idosas ocorre dentro de casa, sendo que um apequena parte ocorre nos transportes públicos.

� Nas pessoas idosas, os acidentes são essencialmente devidos a quedas.

NHF’s afectadas

Page 37: Resumo EI-2

37 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

� As consequências mais comuns são as concussões (perda da consciência de curta duração que acontece logo a seguir a um traumatismo craniano), contusões e hematomas.

� As partes do corpo mais frequentemente lesionadas são os membros, seguidos da cabeça. � As lesões nas pessoas idosas geram elevados custos para a Saúde – um dos principais custos

decorre do internamento para tratamento de fracturas, principalmente do colo do fémur. Como evitar acidentes domésticos e de lazer com pessoas idosas 1. Compreender as causas

2. Compreender que ajustamentos precisam de ser feitos na casa e no estilo de vida da pessoa 3. Garantir que a pessoa se alimenta convenientemente e se mantém fisicamente activa 4. Manter a segurança através de:

- Medidas de protecção - Bom senso - Prudência - Precaução

Factores de risco

o Viver sozinho o Tomar medicamentos o Co-existência de doenças crónicas (tais como artroses, depressão, DPOC) o Dificuldades cognitivas e demência o Calçado e vestuário inadequado o Uso inadequado de bengalas e andarilhos o Subir para cadeiras, escadotes, bancos, autocarros, árvores, ... o Pisos escorregadios ou irregulares, pavimentos degradados Intervenções dos profissionais de saúde Identificar factores de risco (como o risco de osteoporose tratando e encorajando os

doentes a usarem protectores de anca)

Sugerir intervenções baseadas na evidência (se possível após visita domiciliária) Fazer educação para a saúde junto dos prestadores de serviços a pessoas idosas de forma a

organizarem actividades que promovam o exercício e a actividade física Medidas que permitem prevenir as quedas no domicílio

Manter uma boa iluminação em toda a casa e uma luz acesa na entrada principal

As lâmpadas devem ser de fácil manutenção e substituição

Nunca deixar os fios telefónicos e eléctricos desprotegidos devem ser presos à parede

Evitar tapetes soltos no chão, principalmente em escadas se os usar, fixar ao chão

As escadas devem ter degraus com piso (ou tiras) antiderrapante(s)

Se possível, assinalar o 1º e último degrau com outra cor

Equacionar a necessidade de colocar um corrimão (barra de apoio)

Factores fisiológicos que contribuem para as quedas da pessoa idosa: ↓ Equilíbrio Postura inadequada ↓ Tempo de reacção ↓ Força muscular Patologias como: osteoporose < acuidade visual e auditiva Falta de condições de segurança da casa e do jardim

É importante conhecer e utilizar os dispositivos de segurança que facilitem a vida diária quando a

autonomia e o bem-estar estão em causa.

• Arritmias • AIT • AVC • Doença Parkinson • Delírio • Demências • Depressão • Alterações músculo-esqueléticas • Problemas de mobilidade

Page 38: Resumo EI-2

38 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Usar sapatos com saltos largos e calcanhares reforçados para evitar que o pé se movimente

Não usar chinelos; preferir sapatos fechados

Não usar camisolas e roupões demasiado compridos para evitar tropeçar, principalmente se tiver de se levantar durante a noite

Ao deitar, deixar uma luz de presença acesa para auxiliar a visão, caso acorde a meio da noite

No quintal, evite a acumulação de folhas e flores húmidas no chão

Ter atenção a(os) animal(is) de estimação, principalmente cães e gatos colocar um guizo na coleira para avisar presença do animal, antes que se “enrodilhe” nas pernas

No quarto: ▪ Se possível, utilizar uma cama larga, com altura suficiente para que, sentada, a Pessoa Idosa

consiga apoiar os pés no chão. ▪ Quando deitada, a Pessoa Idosa deve apoiar a cabeça num travesseiro que apoie a cabeça e

os ombros ▪ Quando se levantar do leito, a Pessoa idosa deve fazê-lo, devagar, sem precipitações, de

forma a evitar a ocorrência de tonturas devido á súbita mudança de posição de deitado para ortostática

▪ A mesa-de-cabeceira deve ter os bordos arredondados e ser fixa á parede ou ao chão de forma a que não se desloque, caso a Pessoa Idosa tenha necessidade de se apoiar nela

▪ No quarto deve existir uma cadeira (estável) ou uma poltrona para que a Pessoa Idosa possa sentar-se para calçar as meias e os sapatos

▪ Os interruptores devem estar ao alcance da mão quando estiver deitado na cama, para evitar ter de se levantar no escuro

▪ Evitar colocar objectos em prateleiras muito altas ou muito baixas, para diminuir o esforço físico de ter de os procurar

NA CASA DE BANHO:

O piso da casa de banho deve ser antiderrapante

Evitar prateleiras de vidro e superfícies cortantes que possam lesionar a Pessoa Idosa, caso

tenha uma perda de equilíbrio

É absolutamente proibido a presença de esquentador a gás instalado na casa de banho

O espaço útil da casa de banho deve ser suficiente para duas pessoas. Nunca fechar a porta

da casa de banho á chave, caso venha a precisar de ajuda

Os interruptores e as tomadas eléctricas devem estar em áreas secas da casa de banho

Na banheira ou polibã, colocar tapete de borracha antiderrapante. Colocar também barras

de apoio. Se necessário, utilizar banco próprio para que a Pessoa Idosa tome o seu banho

sentada e estável

Se a Pessoa Idosa tiver dificuldade em se elevar da sanita, colocar um alteador de sanita que

facilite a elevação. Colocar igualmente, barras de apoio

Limpar imediatamente o chão quando se derramarem líquidos.

Esperar que o chão seque depois da lavagem

NA COZINHA: Os armários não devem ficar em locais muito altos. Guardar preferencialmente os objectos

que utiliza pouco nos armários superiores e os de uso frequente, em locais de fácil acesso Se o fogão e esquentador forem a gás, instalar sempre a botija fora da cozinha No frigorifico, arrumar os alimentos nas prateleiras de forma a evitar que a pessoa idosa se

baixe ou eleve demasiado os seus braços. Evitar colocar muita carga (peso) na porta do frigorífico

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39 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Os fornos eléctricos e os microondas devem ser colocados em local de fácil acesso Se possível, a placa de fogão deve ter um sistema que apague automaticamente caso haja

derrame de líquidos (e assim evitar as fugas de gás) A pessoa idosa deve ser alertada para desligar os aparelhos depois de os usar (ferro de

engomar, forno, microondas).

NA SALA DE ESTAR:

Procurar utilizar cores claras nas paredes e uma boa iluminação

Os sofás e poltronas devem ser confortáveis mas os assentos não devem ser demasiado macios para que a Pessoa Idosa se consiga levantar e sentar com facilidade

Evitar esquinas de vidro, metal ou materiais cortantes em mesas de apoio

Não usar tapete em baixo da mesa da sala de jantar e deixar um espaço de circulação ao redor da mesa

Preferir pisos antiderrapantes • Deve ter o telefone fixo num local de fácil acesso

• Idealmente, deve trazer consigo um telemóvel

• Caso tenha aderido a um serviço de TELEALARME, deve accionar o mesmo

Colocar uma campainha no chão do quarto (debaixo duma cadeira)

Cuidados de enfermagem para prevenção de quedas

Colocar a cama o mais baixo possível, excepto durante a prestação de cuidados

Assegurar que o Doente tem os objectos que necessita ao seu alcance

Assegurar adequada iluminação nas áreas de movimentação

Manter as rodas das camas e outro mobiliário travados

Disponibilizar sistema de chamada

Orientar o Doente no espaço do quarto, nos meios auxiliares existentes e como obter

assistência

Colocar os Doentes com dificuldades de controlo de esfíncteres mais próximo das

instalações sanitárias

Todas as anteriormente descritas

Reorientar os Doentes confusos

Sentar os Doentes confusos sempre na presença de familiares

Manter as grades da cama subidas sempre que o Doente está deitado

Educar o Doente e a Família a respeitar a sua segurança (por exemplo, mudar de

posição com movimentos lentos)

Colocar o Doente em áreas com vigilância de enfermagem (Cuidados intermédios,

Recobro)

Utilizar contenção mecânica quando o Doente está sentado em cadeirão ou cadeira de

rodas

Utilizar cadeirões de repouso apropriados

Utilizar protecções de látex nas cadeiras de rodas para prevenir que o Doente

escorregue

Envolver a Família nos cuidados

3.3.3 - Obstipação, incontinência fecal e urinária

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Page 40: Resumo EI-2

40 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Com o envelhecimento, há um ↑ da incidência dos problemas de eliminação, em particular a incontinência vesical ou intestinal.

A incontinência urinária é, com frequência, a razão que leva os idosos a abandonarem uma vida independente e darem entrada em lares.

Dejecções normais 3x /dia – 3x/semana

Transformações fisiológicas no sistema urinário Rins ↓ nº de nefrónios Aterosclerose das artérias renais (↓ perfusão renal) ↓ função tubular < taxa de filtração glomerular ↓ valor de clearance da creatinina Uretra Alterações da estrutura Enfraquecimento do esfíncter micções frequentes, urgência urinária, nictúria, incontinência (+

precocemente nas mulheres) Bexiga ↓ capacidade de retenção da bexiga ↓ tónus vesical Demora dos estímulos nervosos involuntários responsáveis pela micção ↑ volume residual

Sistema Gastrointestinal

↓ tónus muscular do esfíncter ↓ tónus, peristaltismo/motilidade e lubrificação do intestino pelas glândulas da mucosa intestinal Factores com impacto na eliminação do idoso

Dificuldades no autocuidado

Doenças crónicas: - DPOC [hipóxia < produção de urina e peristaltismo]

- Demência afecta capacidade para reconhecer a necessidade ou o que fazer para a satisfazer ou até de a comunicar

- Depressão afecta a motivação e a energia para a satisfação da necessidade

- Doenças dos intestinos (ex.: diverticulite, neoplasia, hemorróidas)

- Neuropatias (diabetes, alcoolismo)

- Hipertrofia da próstata

- Todas as doenças que afectem a mobilidade e/ou função neurológica (ex.: pneumonia, IC,

fractura do colo do fémur, AVC)

- Terapêutica (ex.: sedativos, hipnóticos, diuréticos)

Problemas de eliminação intestinal

INCONTINÊNCIA FECAL Eliminação involuntária por ↓ do controlo voluntário do esfíncter anal Causas: Incapacidade em controlar o processo de defecação Falsa diarreia ↓ capacidade do reservatório Perda de tónus dos músculos anorectais

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41 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Consequências: - Compromete o conforto - Agride a integridade cutânea - ↑ risco de infecções urinárias e vaginais - Afecta a auto-imagem (sentimento de humilhação)

DIARREIA o Desequilíbrio hidro-electrólito o Favorece a incontinência

OBSTIPAÇÃO Dejecções menos frequentes (2 ou - /semana), difíceis e que exigem esforço excessivo.

Causas: o Irregularidade dos hábitos intestinais o Enfraquecimento progressivo dos reflexos ↓ tónus do cólon o Imobilidade o movimento físico é indispensável aos movimentos da massa fecal

- Actividade física escassa - Dependência de outro para satisfazer a necessidade

o Baixa ingestão de fibras e líquidos - Progressão mais lenta da massa fecal - ↓ teor de água nas fezes, que tornam-se mais rígidas

o Doenças associadas o Terapêutica (ex.: sedativos e hipnóticos por diminuição do peristaltismo)

FECALOMA Acumulação de massa fecal no recto (complicação grave da obstipação)

Sinais e sintomas:

Obstipação

Perda de fezes líquidas (pouca quantidade) falsa diarreia

Dor abdominal crónica

Distensão abdominal, que pode ser acompanhada de rigidez

Náuseas e vómitos

Dispneia e/ou dor torácica

Estado confusional/ de agitação

Incontinência urinária

Problemas de eliminação vesical

Incontinência urinária transitória

Causas: ▪ Estado confusional ▪ Infecção urinária; uretrite ▪ Produção excessiva de urina ▪ Restrição da mobilidade ▪ Fecaloma ▪ Fármacos (diuréticos, sedativos diminuem a sensação de necessidade de urinar e

a capacidade para responder à mesma)

Retenção urinária incapacidade da bexiga em emitir urina

Causas:

- Obstrução (hipertrofia da próstata, fecaloma)

Necrose de pressão no intestino grosso

Page 42: Resumo EI-2

42 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

- Doenças neurológicas - Medicamentos

Incontinência urinária

a) de refluxo / por regurgitação

b) de urgência hiperactividade ou instabilidade do detrusor

c) de esforço

d) funcional

Avaliação de enfermagem

Conhecer a história da pessoa e como está a viver o problema - Situação actual - Doenças associadas - Terapêutica - Hábitos e preferências alimentares e de hidratação, apetite, rotina das refeições,

ingestão habitual de líquidos - Factores ambientais - No caso da eliminação vesical:

▪ Características da incontinência (início, duração, frequência, quantidade e factores precipitantes)

▪ Outros factores associados disúria, incontinência fecal, capacidade de adiar a micção, hematúria

▪ Gestão da incontinência e tentativas anteriores de a resolver - No caso da eliminação intestinal:

o A rotina intestinal anterior frequência e hábitos pessoais para estimular a defecação, hora e dias de evacuação; perturbações anteriores; uso de laxantes; última dejecção

o Características da incontinência (início, duração, frequência, quantidade e factores precipitantes)

o Outros factores associados o Gestão da incontinência e tentativas anteriores de a resolver

Exame físico e mental

Avaliação funcional e de cognição - Mobilidade e destreza - Capacidade de mastigação e deglutição - Capacidade para participar no programa a estabelecer - Capacidade para alterar hábitos (resistência, capacidade para preparar refeições)

Observação do abdómen [PELE, CICATRIZES, PALPAÇÃO]

Observação da região perineal e dos órgãos genitais - Estado da pele - Presença de perdas/fezes na ampola rectal (se necessário)

Exame geral (ex.: edema)

Objectivos das intervenções para o controlo da eliminação INTESTINAL Conseguir um controlo regular, delinear uma hora e local adequados, sem necessidade de

laxantes ou enemas; Eliminar ou minimizar as dejecções involuntárias Evitar possíveis complicações (diarreia, obstipação, fecalomas) mantendo estado nutricional,

hidratação e actividades adequadas

Page 43: Resumo EI-2

43 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Intervenções para o controlo da eliminação intestinal

1. Estabelecer um horário (ter em conta hábitos anteriores, horários da sua actividade, promover uma hora habitual)

2. Ingestão de alimentos e líquidos (ter em conta as preferências numa dieta equilibrada em termos nutricionais; dieta rica em fibras – cereais, pão integral, vegetais de folha, legumes, fruta com casca –, ingestão hídrica adequada para manter as fezes moles [2-3L]; café, água quente, sumo de laranja, kiwi ou ameixa estimulam a motilidade intestinal)

3. Exercício físico (levante precoce, estímulo à realização das AVD, mesmo na cama realizar as actividades possíveis)

4. Manter privacidade 5. Posicionamento (preferencialmente sentado, se não, decúbito lateral esq.; se tiver de usar

arrastadeira, elevar a cabeceira) 6. Promover o conforto e a segurança* (manter cuidados de higiene em SOS, atenção ao

estado do vestuário, cheiro, usar protecção e dispositivos de recolha adequados) 7. Terapêutica (pode ser necessário tomar emolientes numa fase inicial e/ou administrar

diariamente um supositório para estimular o reflexo da defecação) 8. Registo

Objectivos das intervenções para o controlo da eliminação VESICAL Conseguir um controlo regular, delinear uma hora e local adequados

Eliminar ou minimizar as perdas/micções involuntárias e as complicações

Algumas técnicas comportamentais para o controlo da eliminação vesical

a) Distracção e relaxamento (para inibir vontade de urinar ou adiar a micção, reforço positivo) b) Uso de um horário fixo para ir ao wc/ usar arrastadeira ou urinol (objectivo de ajustar o

horário das micções com o horário natural da pessoa) c) Micção imediata (o objectivo é ensinar a pessoa a assumir a responsabilidade pelos

acidentes e pelas idas ao wc; reforço positivo) d) Exercícios de musculatura pélvica exercícios de Kegel (aumentam resistência da uretra

através de contracções activas do músculo coccígeo, o que provoca o encerramento da uretra e ↑ suporte muscular das estruturas pélvicas)

e) Promover o conforto e a segurança* f) Registo

3.3.4 - Perturbações do sono Factores:

Dor ou desconforto físico

Factores ambientais (luz, temperatura)

Desconfortos emocionais

Alterações no padrão de sono

Alterações associadas ao envelhecimento:

▪ ↓ nº de horas de sono (6h)

▪ Alongamento do estádio 1 e encurtamento dos estádios 2, 3, 4 do sono NREM e 5 do REM

▪ Despertares frequentes e intermitentes (8)

▪ Fragmentação dos ciclos circadianos

↑ consumo de drogas hipnóticas Perturbações no sono Polimedicação

Influência na saúde/doença

do idoso

Page 44: Resumo EI-2

44 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

▪ ↑ nº de ciclos de sono (6-8)

▪ Sono lento e profundo no fim da noite, em vez de no início

▪ Sono polifásico (alternância de períodos de sono e vigília)

▪ ↑ da frequência de sestas diurnas

▪ > fadiga diurna

Principais distúrbios do sono na pessoa idosa

DISSONIAS

Insónia psicofisiológica (comportamental ou aprendida)

Apneia do sono

Movimentos periódicos das pernas

Condições para dormir luminosidade, ruídos, temperatura, companheiro de quarto, ingestão de alimentos e líquidos antes de ir para a cama, horário de uso de diuréticos

Factores psicossociais luto, reforma, modificações no ambiente social (isolamento, institucionalização, dificuldades financeiras)

Factores comportamentais < actividade física e exposição solar

PARASSONIAS

o Intensa actividade motora durante o sono o Confusão nocturna desorientação, agitação, alucinações (muitas vezes causada pela

institucionalização do idoso) o Enurese devido ao horário da administração dos diuréticos e ingestão de líquidos

antes da hora de dormir o Descompensação de doenças cardiovasculares

TRANSTORNOS DO SONO CLÍNICO-PSIQUIÁTRICOS

▪ Relacionados com problemas clínicos alcoolismo, doença de Alzheimer, artrite, cardiopatias, DPOC, DM, refluxo gastro-esofágico)

▪ Relacionados com problemas psiquiátricos depressão, demências, reacções emocionais às doenças clínicas

Intervenções de enfermagem 1. Recolher informação sobre... Horário de deitar e acordar Dificuldade em adormecer Tempo total de sono Despertar matinal ou tardio não desejado Sono interrompido nº e duração de despertares nocturnos Qualidade do sono Padrão de sestas Queixas relacionadas com a falta de repouso Mudanças recentes no padrão de sono História prévia de problemas de sono e respectivos tratamentos História de roncos, alterações na respiração, actividade motora anormal Alterações ao nível do comportamento e do desempenho (↑ irritabilidade, agitação,

desorientação, apatia, letargia - perda temporária e completa da sensibilidade e do movimento) Sinais físicos ligeiro tremor das mãos, face inexpressiva, olheiras, discurso arrastado,

bocejos frequentes

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45 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

2. Regras para melhorar a higiene do sono [MEDIDAS PREVENTIVAS]

Dormir o tempo necessário que permita o bem-estar Acordar a hora fixa, de manhã a fim de reforçar o ciclo circadiano do sono e estabelecer

horas regulares para o adormecer Fazer regularmente exercício para promoção da qualidade do sono Insonorizar o quarto Manter o quarto numa temperatura nem muito quente, nem muito fria Tomar uma pequena refeição antes de deitar (leite e bolachas) prevenir espasmos no

estômago Evitar cafeína após as 18 horas Evitar o álcool pois pode fragmentar o sono Levantar-se quando o sono tardar e ocupar-se (ler, ouvir música) prevenir ansiedade Só tomar um indutor do sono quando as outras medidas não forem eficazes

3. Intervenções terapêuticas

Assegurar o conforto físico controlo da dor e outros sintomas; conforto no leito

↓ stress psicológico rezar, ler ou ouvir música relaxante, exercícios de relaxamento

Planear um horário de repouso e actividades quotidianas

Assegurar um ambiente adequado ajustar horário da medicação e da avaliação dos SV; ambiente obscuro/luz de presença

3.3.5 - Perturbações sensoriais: Défice de visão e audição

3.3.6 - Dor persistente

Etiologias: Patologias crónicas [particularmente doenças músculo-esqueléticas (ex.: osteoartrites e osteoporose)] Cancro Procedimentos cirúrgicos Úlceras de pressão Doenças cardiovasculares Medo de doença grave ou morte iminente Necessidade de hospitalização Métodos de diagnóstico ou terapêuticas que têm efeitos indesejáveis Perda da independência e da autonomia A dor provoca sofrimento (medo da morte e da solidão), < qualidade de vida e alterações fisiopatológicas (ex.: no padrão de sono). Impacto da dor crónica nos Idosos o É um factor limitante das funções o ↑ a agitação, o risco de stress emocional o Influências a execução das AVD e AIVD o Isolamento social Mitos em relação à dor dos idosos ▪ É um resultado natural do envelhecimento

Altos níveis de incapacidade funcional > fragilidade e ↑ comorbilidade

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46 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

▪ A percepção da dor ou da sensibilidade ↓ com a idade ▪ A terapêutica usada no alívio da dor tem efeitos secundários potenciais que se tornam muito

perigosos ▪ Se o idoso parecer estar ocupado, a dormir ou estiver distraído, não deverá sentir muita dor ▪ A dor é um sintoma de depressão e ↓ se a depressão fosse tratada adequadamente

Objectivos da avaliação da dor Identificar e reconhecer os doentes que se queixam de dor Identificar factores precipitantes Definir objectivos exequíveis nem sempre é possível controlar na totalidade ou fazer

desaparecer a dor, mas atenuá-la já é importante Melhorar a qualidade e eficácia do acompanhamento ao doente em termos de estratégias

antiálgicas Promover comunicação Componentes da avaliação da dor 1. Data do início, localização, intensidade, duração, periodicidade dos episódios dolorosos 2. Factores que iniciam, ↑ ou ↓ a intensidade da dor 3. Significado da dor para o utente e família 4. Interferências nas AVD e AIVD, nos relacionamentos afectivos e no trabalho 5. Expectativas em relação á doença e ao tratamento 6. Comportamento habitual em situação de stress

3.4 - A PATOLOGIA EPIDEMIOLOGICAMENTE RELEVANTE

3.4.1 – Demências Na demência, verifica-se presença de défice cognitivo, manifestado por perda de memória

e compromisso da linguagem, défice da praxia, do reconhecimento ou do pensamento abstracto. Domínios

Défice cognitivo - Perda de memória - Compromisso da linguagem Afasia (perturbação da linguagem oral e escrita) - Disfunções executivas (comportamento social inapropriado) - Agnosia (perda da capacidade de reconhecer o que o rodeia, designação e função)

Prosognosia incapacidade de reconhecer a própria face e as de que o rodeiam - Apraxia (défice da coordenação normal dos movimentos, ou seja, compromisso da capacidade de realizar gestos aprendidos que permitem executar uma tarefa sem que haja problemas motores, muitas vezes por esquecimento dos gestos)

Declínio funcional - AVD’s - AIVD’s

Sintomas psicológicos e comportamentais - Apatia (alheamento do ambiente que o rodeia, falta de interesse, diminuição da participação) - Depressão - Ansiedade - Agitação / Agressividade / Irritabilidade - Delírio / Alucinações

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47 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

- Elação / Euforia (alegria exuberante sem explicação) - Desinibição sexual - Comportamento motor aberrante - Sono - Apetite - Deambulação - Fuga - Insónia

Medidas: ↑ actividade física, restrição do sono diurno, preservação de horários regulares (do acordar, das refeições e do adormecer), prática de um ritual constante antes de ir para a cama, evitar estimulantes (como cafeína, álcool, tabaco ou medicamentos com efeitos estimuladores), ↓ da ingestão vespertina de líquidos quando a polaquiúria e nictúria prejudicam a continuidade do sono, promover ambiente calmo (minimizando a luz e o ruído).

O delirium foi excluído Para um diagnóstico mais seguro, fala-se de demência quando as alterações estão presentes após, no mínimo, 6 meses de se terem começado a manifestar e quando estas interferem com as AVD’s e AIVD’s, mesmo que o doente ainda seja independente. Etiologia: múltiplas causas

conhecida desconhecida

Pode ocorrer em qualquer idade (ex: nas crianças pode ocorrer por encefalite ou num jovem adulto por um traumatismo craniano) Evolução

agravamento progressivo (ex: doença de Alzheimer) estável (ex: traumatismo craniano) regredir (ex: intoxicação)

90% dos portadores de demência experimentam sintomas psicológicos e comportamentais (BPSD – Behavioral and Psychological Symptoms of Dementia)

Causas: - Alterações intelectuais e cognitivas (amnésia, agnosia, apraxia, afasia, apatia) - Disfunção neurotransmissora (dopamina, serotonina, colinérgicos, adrenérgicos, GABA – ácido gama-aminobutírico) - Comportamento instintivo sob stress (territorialidade e comportamento defensivo)

É necessário conhecer-se as causas que levam a determinados comportamentos. Para compreender estes sintomas é essencial que se compreenda primeiro a doença em si e a pessoa que vive com a demência.

Physical problem or discomfort – delírio, droga, álcool, dor, paratonia (perturbação do tónus muscular) Intellectual/cognitive changes – tipo de demência (Alzheimer, Vascular, Lewy-Body, Frontal-temporal),

Afasia, Agnosia, Apraxia Emotional – depressão, ansiedade, psicoses, dificuldade de adaptação, agressividade Capacities Environment – sentem-se deslocados, perdidos (“needing to go home”), ambiente excessivamente

ruidoso, confuso e hostil Social / cultural

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48 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Níveis de capacidade funcional: Independente Orientação verbal / não verbal Ajuda física Totalmente dependente

A sua avaliação permite: - Planear actividades que previnam a perda de função ou mantenham a capacidade de autocuidado - Monitorizar a sua evolução Delírio “crónico” (ideia persistente falsa que gera confusão mental – ex: ver a mãe) Delirium “agudo” (consequência de uma causa orgânica: reversível) ex: por desidratação

NOTA: É imprescindível dar a informação por escrito (ex: programa de lavagem de roupa na máquina ou etiquetas nos armários a indicar nas respectivas portas o seu conteúdo) Na demência é principalmente a memória recente que fica afectada. Perda de noção do espaço e, sobretudo, do tempo. Trazer o doente para o tempo presente pode provocar incompreensão da realidade e, como tal, originar irritabilidade, sentimento de incapacidade, tristeza, depressão, etc. Doença de Alzheimer Classificação semiológica DSM-IV Diminuição da memória Duas ou mais das seguintes perturbações cognitivas:

- Afasia - Apraxia - Agnosia - Perturbação da capacidade de execução

Afecta em geral pessoas com + 50 anos Instalação de modo insidioso Progressão lenta às vezes com períodos estacionários e até com aparentes, mas fugazes,

remissões Progressão de marcos nítidos Doença de corpos de Lewy (Lewy-Body) Há alucinações (principalmente envolvendo animais) Défice cognitivo Sintomas da doença de Parkinson – rigidez muscular com diminuição da amplitude articular Doença de Parkinson Há tremor em repouso Não há défice cognitivo no diagnóstico, mas só com a evolução da doença Dificuldade da marcha por rigidez muscular

3.4.2 – Depressão Sinais de sintomas • Humor depressivo durante a maior parte do dia, quase todos os dias • ↓ interesse ou prazer em quase todas as actividades

há resistência à mobilização como se houvesse artroses

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49 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

• ↓ ou ↑ significativo de peso sem estar a fazer qualquer tipo de dieta • ↓ ou ↑ do apetite quase todos os dias • Insónia ou hipersónia quase todos os dias • Agitação ou lentidão psicomotora (observável pelos outros) • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias • Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva (que pode ser delirante) • ↓ capacidade de pensar e concentrar-se, ou estado de indecisão • Pensamentos recorrentes sobre morte, ideias de suicídio, tentativa ou plano de cometer suicídio Tipos

Alterações do humor que aparecem antes das alucinações, das ideias delirantes e do comportamento bizarro.

Os doentes podem não referir alucinações ou delírios mas o comportamento é bizarro com recusa alimentar, recusa em manter cuidados corporais ou em tomar medicamentos

Existe uma exacerbação das queixas físicas que não são acompanhadas por anomalias anatómicas ou fisiológicas, ou são desproporcionadas em relação às causas

Sofrimento psíquico com queixas de ansiedade e depressão

É difícil fazer o diagnóstico entre depressão e os estádios iniciais da demência de Alzheimer ou vascular.

Podem ter mau desempenho em testes do intelecto e memória, défices funcionais, esquecimento de nomes, repetir questões, cuidados pessoais deficientes, postura de abatimento e contacto visual pobre.

É uma das formas mais frequentes de depressão O humor e o afecto parecem normais Aparece em idosos com múltiplas doenças crónicas em fases muito avançados ou em

estádios terminais O doente parece que desistiu e comporta-se como se estivesse a cometer um suicídio

passivo. Este comportamento é compreendido como um desejo de morrer.

O doente torna-se menos activo do ponto de vista físico e social Descuida a higiene pessoal Abandona o tratamento médico Perde o contacto com a família e amigos Deixa de ir às compras, vive de enlatados ou alimentos facilmente obtidos de outra forma

Depressão psicótica

Depressão mascarada

Depressão com alteração cognitiva «Síndrome demencial da depressão» ou «pseudodemência depressiva»

Anorexia

Regressão comportamental

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50 Helena e Maria João Nunes – CLE 2008/2012

Pode não apresentar alterações do humor ou anedonia (perda da capacidade de sentir prazer, própria dos estados gravemente depressivos)

Podem aparecer sintomas de depressão durante a intoxicação ou abstinência de uma substância

Nestes casos é muito importante a história cuidada sobre a ingestão de drogas/ medicamentos e os sintomas afectivos.

Provocada por quadros neurológicos ex: AVC, demências, epilepsia

Perturbações endócrinas ex: hiper e hipotiroidismo

Neoplasias ex: tumores cerebrais especialmente do lobo frontal, metástases, tumor maligno do pâncreas

Outras ex: carência de vitamina B12, quadros virais

3.4.3 – Delirium É uma perturbação da consciência que é acompanhada por uma alteração da função

cognitiva.

Desenvolve-se num curto período de tempo, geralmente horas ou dias. Manifesta-se por ↓ da percepção do ambiente, com dificuldade em focar, manter

ou transferir a atenção.

Pode incluir ↓ da memória, desorientação e perturbação da linguagem. Etiologia

Estado físico geral

Induzido por substâncias (drogas, medicamentos, exposição a tóxicos) Comportamentos dos idosos delirantes Associado a perturbações do sono e vigília inclui sonolência diurna, agitação nocturna e

dificuldade em adormecer. Pode ocorrer mesmo inversão do sono - vigília. Inquietação e hiperactividade, podendo ir de um extremo ao outro durante o dia. Demonstram medo e podem agredir aqueles que forem erradamente interpretados como

ameaçadores. Atinge mais de metade dos idosos com + 75 anos residentes em lares e clínicas Atinge a maior parte dos doentes terminais perto da morte Evolução do delírio

Desenvolve-se em horas ou dias

Pode ter um início brusco

Pode desaparecer em poucas horas quando o factor etiológico subjacente for rapidamente corrigido ou limitado

Depressão induzida por substâncias

Depressão causada por doenças

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Podem permanecer os sintomas principalmente nos sujeitos com demência

Pode evoluir para estupor (alteração do estado de consciência e da sensibilidade), coma, ataques convulsivos e morte se a causa subjacente não for tratada.

A recuperação completa é menos provável nos idosos

3.4.4 – Osteoporose e doenças osteo-articulares Caracteriza-se por uma diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitectura do

osso, conduzindo ao aumento do risco de fractura. Classificação: Osteoporose Osteoporose Senil Reabsorção óssea > Formação do osso

Afecta ambos os sexos, embora maioritariamente nas mulheres Manifesta-se mais tardiamente + 70 anos Actividade física reduzida

Imobilização Paralisia de alguma região

+ ↓ exposição solar < produção de vitamina D

Osteoporose Pós-menopáusica Está associada à ↓ dos níveis de estrogénio > reabsorção óssea Caracteriza-se por uma aceleração hormono-dependente da perda óssea

Factores de risco para a Osteoporose

Sexo

Caucasianos

História familiar de osteoporose

Idade > 65 anos

Fractura vertebral prévia

Fractura de fragilidade (> 40 anos)

História de fractura da anca num dos progenitores

Corticoterapia com + de 3 meses de duração

Menopausa precoce (< 40 anos)

Hipogonadismo

Hiperparatiroidismo primário ↑ da extracção de cálcio dos ossos OSTEOPOROSE

↑ propensão para quedas

Primária - Osteoporose Involucional (pós-menopáusica e senil) - “ Juvenil Idiopática - “ Idiopática do adulto jovem - “ no Homem

Secundária - Associada a outros factores diferentes da idade e menopausa. - Surge em resposta a várias doenças ou situações clínicas, que são capazes de provocar osteoporose ou agravar uma forma primária já instalada.

> actividade osteoclástica reabsorção óssea

↓ factores de crescimento < função osteoblástica < formação de tecido ósseo

ou combinação de ambas

↑ perda óssea OSTEOPOROSE

Factores Major

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Artrite reumatóide

História de hipertiroidismo clínico

Terapêutica crónica com anti-epiléticos

Ingestão insuficiente de cálcio na dieta

Consumo excessivo de cafeína e de álcool

IMC < 19 kg/m2

Perda de peso > 10% relativamente ao peso da pessoa aos 25 anos

Terapêutica crónica com heparina (anti-coagulante)

Imobilização prolongada Exame Auxiliar de Diagnóstico: Densitometria Óssea - Mulheres com idade > 65 anos

Homens com idade > 70 anos - Mulheres pós-menopáusicas com idade < 65 anos

Homens com idade > 50 anos - Mulheres pré-menopáusicas

Homens com idade < 50 anos Prevenção Intervenções não farmacológicas Alimentação

- Assegurar ingestão adequada de cálcio e vit. D - Manter consumo proteico adequado às necessidades - Evitar consumo excessivo de cafeína, álcool, tabaco e sódio

Prática de actividade física ao longo da vida Idosos:

- Fortalecimento muscular, treino postura e equilíbrio - Utilização de protectoras das ancas

Osteoporose Masculina Factores de risco: - Idade > 70 anos - Alcoolismo - Má nutrição - Corticoterapia - História de fractura não traumática (> 40 anos) - Hipogonadismo - Perda de altura e cifose acentuada Doenças Osteoarticulares Osteoartrite (osteoartrose, artrose, espondiloartrose – coluna, doença articular degenerativa,

artrite hipertrófica) Doença crónica das articulações e dos ossos correspondentes, que afecta a estrutura da

cartilagem tanto do ponto de vista biológico, como morfológico e clínico. > incidência em pessoas com idade > 50 anos

Factores Minor

Apenas se existirem causas conhecidas de osteoporose secundária ou factores de risco major

Se apresentarem 1 factor de risco major + 2 minor

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Resulta de um processo degenerativo lento da cartilagem articular por um complexo processo multifactorial, que determina sintomatologia e comprometimento da função conduzindo a uma incapacidade funcional progressiva. Envolve os componentes da articulação (cartilagem, osso, cápsula, …) e estruturas

periarticulares (tendão e músculo). É umas das causas + frequentes de dor do sistema músculo-esquelético e de

incapacidade para o trabalho.

Etiologia

Traumática - fracturas - sobrecargas intensas repetitivas - lesões dos ligamentos - cirurgias (ex: meniscectomia) - traumas ocupacionais ou desportivos

Metabólica e endócrina - obesidade - hipotiroidismo - hiperparatiroidismo

Inflamatória - artrite reumatóide - gota

Hereditária - displasias osteoarticulares

Factores de risco Idade (ex: com o envelhecimento a cartilagem fica + fina > predisposição a

microfracturas) Etnia Sexo e características hormonais

Genética Densidade óssea Factores nutricionais (ex: baixa concentração de vit. D) Lesão articular Obesidade OA do joelho Ocupação Desporto Biomecânica da articulação Força muscular A degeneração da cartilagem provoca alterações secundárias na membrana sinovial, ligamentos e músculos.

Desequilíbrio entre a formação e a destruição dos

principais elementos da cartilagem

Doença dolorosa das articulações

Insuficiência da cartilagem

Condições como: - sobrecarga mecânica - alterações bioquímicas da cartilagem e membrana sinovial - factores genéticos

Homens: > incidência de OA da articulação coxo-femural Mulheres: mãos, joelhos e pés

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Sintomas Dor Rigidez Edema articular Crepitações Incapacidade funcional

devido a: - dor - ↓ amplitude de movimento - comprometimento da força muscular

Deformações Objectivos do tratamento ↓ Dor Impedir a progressão da doença Manter a mobilidade ↓ Incapacidade o máximo possível Artrite reumatóide

Doença crónica, incurável, auto-imune, que provoca inflamação e posterior destruição articular.

Etiologia primária desconhecida no entanto é influenciada por factores genéticos e ambientais Susceptibilidade genética + reacção imunológica do organismo originam um conjunto de mecanismos destrutivos que, intercalados com respostas reparadoras, conduzem ao quadro clínico de A.R.

Comprometimento inicial das articulações periféricas (particularmente mãos e pés)

Factores socioeconómicos Estilo de vida Género (> incidência nas mulheres) Hormonas sexuais (+ estrogénios ↓ risco de A.R.)

Implicações: Incapacidade funcional agrava-se com a progressão da doença Depósito de células inflamatórias na região sinovial destruição irreversível de tendões, cartilagem e osso Deformidade das articulações atingidas (frequentemente simétricas) Sintomas: - Sinais inflamatórios locais dor articular e edema Articulações afectadas + frequentemente mãos, pulsos, joelhos e pés Formas + graves de A.R. ombros, cotovelos e coluna vertebral

ou + grave: compromisso de órgãos (raro no início) com lesões a nível pulmonar, hepático, cardíaco, renal, vascular, etc. ↑ risco de morbilidade e mortalidade

↑ risco de A.R.

- Desaparecimento da doença durante a gravidez - Agravamento no pós-parto - Influência protectora da prolactina e da terapêutica hormonal de substituição

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3.4.5 - Doenças respiratórias: infecções pulmonares Factores associados às diversas dimensões da necessidade de respirar

Dimensão biofisiológica: - Alterações fisiológicas do aparelho respiratório - Doenças respiratórias crónicas - Deformações músculo-esqueléticas - Obesidade - Tosse - Cirurgia - Imobilidade - Hidratação inadequada - Doenças crónicas do aparelho circulatório, do sistema nervoso

Dimensão psicológica - Ansiedade e stress

Dimensão sociológica Hábitos de vida: - Tabagismo crónico e exposição aos poluentes industriais durante a vida activa - Consumo de múltiplos fármacos - Actividade

Dimensão cultural e/ou espiritual - Disciplina pessoal da respiração: meditação, yoga, …

Modificações fisiológicas do aparelho respiratório:

- Perda de elasticidade dos tecidos que circundam os alvéolos e os ductos alveolares - Perda de elasticidade do tecido pulmonar - Capacidade de expansão pulmonar limitada por modificações da estrutura torácica - Diminuição da capacidade inspiratória por calcificação da cartilagem costal - Diminuição da contractilidade dos músculos inspiratórios - Debilidade dos músculos diafragmáticos e intercostais - Aumento da capacidade residual - Diminuição da capacidade vital - Diminuição da actividade ciliar das membranas brônquicas Doenças respiratórias: infecções pulmonares

Os idosos têm um maior risco de contraírem infecções pulmonares. Pois, durante o processo de envelhecimento há uma perda progressiva das defesas do organismo.

- O reflexo da tosse não funciona tão prontamente, fazendo com que ela fique menos vigorosa.

- Os cílios perdem um pouco da capacidade de empurrar o muco para cima e para fora das vias respiratórias.

- As vias nasais e respiratórias secretam uma quantidade menor de IgA (que ajuda contra a defesa dos vírus).

Estes factores contribuem para a susceptibilidade do idoso para ter infecções pulmonares, como a pneumonia e a bronquite.

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Factores Predisponentes das infecções Pulmonares em Idosos - Alterações neuropsiquiátricas - Alterações das vias aéreas superiores - Distúrbios da consciência - Delirium - Confusão mental e agitação psico-motora - Apatia - Insuficiência hepática - Alcoolismo Outras situações clínicas - Desnutrição - Alimentação por sonda - Uso prévio de antibióticos - Uso de sedativos - Restrição ao leito

3.4.6 - Doenças cardiovasculares As doenças cardiovasculares mais frequentes nos idosos são: IC (principal causa de hospitalizações) HTA (↓ elasticidade da parede das artérias + calcificação) DAC (Doença das Artérias Coronárias) deposição placas de ateroma Doenças das válvulas do coração (estenose/estreitamento aórtica e insuficiência mitral) Arritmias cardíacas ventriculares e supraventriculares Miocardiopatia hipertrófica. O sistema nervoso autónomo, que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial, torna-se menos eficiente, acarretando maiores variações da pressão arterial, bem como, episódios de quedas desta pressão arterial, quando o idoso adopta a posição de pé (hipotensão ortostática). Outro achado comum em idosos é o efeito do consultório (elevação da pressão arterial dos idosos hipertensos no ambiente médico) ou a hipertensão de consultório (elevação da pressão arterial só no ambiente médico, mas com pressão arterial normal fora deste), estes achados ocorrem principalmente em mulheres. O termo pseudohipertensão é usado para indicar uma medida de pressão arterial elevada, que é fruto da calcificação intensa das artérias, sem que realmente haja uma elevação significativa desta pressão arterial no interior dos vasos. A idade é um factor de risco para a morte nos pacientes com enfarte do miocárdio. - Arritmias cardíacas: as arritmias supraventriculares (originadas nos átrios) e as ventriculares (originadas nos ventrículos), são comum em idosos. A fibrilhação auricular é a arritmia cardíaca persistente, mais comum no idoso, podendo acarretar insuficiência cardíaca e embolização (libertação de coágulos), com derrame cerebral.

3.4.7 - Doenças oncológicas Tumores mais frequentes:

Homem/Mulher:

- Cólon e recto (1 em cada 6 tumores) - Mama - Estômago

causa morte súbita nos idosos

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- Pulmão

Mulher:

- Mama - Cólon - Estômago - Colo do Útero

Homem:

- Próstata - Pulmão - Cólon

Tumores “emergentes”: - Tumores da pele - Tumores do pulmão na mulher Aspectos a considerar no tratamento: - Alterações que condicionam diferenças na farmacocinética - Diminuição do metabolismo hepático - Diminuição da função renal - Menor reserva hematopoiética Modalidades terapêuticas “a idade isoladamente, não contra-indica o tratamento de doentes idosos com doença oncológica”

Cirurgia Condicionantes

Quimioterapia Particularidades dos efeitos secundários

Radioterapia Condicionantes da eficácia

Cuidados Paliativos Áreas relevantes na avaliação do idoso - Saúde – nº de comorbilidades - Funcional – AVD - Emocional – Escala Geriátrica para Depressão - Nutricional – avaliação nutricional - Social – condições de vida; família; cuidador - Farmacológica – medicação habitual (nº) - Síndromes Geriátricas – demências; incontinência; osteoporose (fracturas); abandono/abuso Nas doenças oncológicas também devemos ter em consideração: - Direitos do idoso - Família do idoso - Comunidade do idoso - Sociedade com idosos

3.4.8 - Doenças emergentes – HIV/SIDA Na África e em outros países em desenvolvimento, a HIV/SIDA teve múltiplos impactos sobre os idosos como portadores dos vírus, cuidadores de pacientes infectados e assumindo o papel de pais de órfãos que perderam os pais devido a essa doença. Esse impacto foi extremamente ignorado até hoje. Na realidade, a maior parte dos dados sobre as taxas de infecção por HIV foram compilados até à idade de 49 anos. As actividades de informação, educação e

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prevenção, bem como serviços de tratamento devem considerar todas as idades. Muitos dos pacientes com HIV/SIDA preferem ir para casa, por isso as pessoas que se tornarão cuidadores destes podem também ficar infectadas.

3.5 - INDEPENDÊNCIA – DEPENDÊNCIA NAS ACTIVIDADES DE VIDA Objectivo: envelhecer com SAÚDE, AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA, o mais tempo possível

Factores que condicionam a saúde, autonomia, independência e qualidade de vida: o Patologia crónica múltipla o Polimedicação o Acidentes domésticos e de viação o Luto o Internamentos institucionais o Isolamento social o Fenómenos de desertificação o Dependência económica o Alterações da estrutura familiar o Inadaptações do meio habitacional Prevenção e Promoção da Saúde e da Autonomia / Envelhecimento activo Medidas individuais: Prática de actividade física moderada e regular Gestão do ritmo sono-vigília Alimentação saudável Não fumar Consumo moderado de álcool Estimulação das funções cognitivas Promoção de factores de segurança Prevenção de quedas e acidentes Manutenção da participação social Medidas colectivas: Implementação e melhoria de estratégias de intervenção comunitária Acção integrada ao nível da:

a) Mudança de comportamentos e atitudes da população em geral b) Formação de profissionais de saúde

Adequação dos serviços de saúde e de apoio social às novas realidades sociais e familiares que acompanham o envelhecimento individual e demográfico

Ajustamento do ambiente às fragilidades que, mais frequentemente, acompanham a idade avançada.

desafio à responsabilidade individual e colectiva

repercussões a nível do desenvolvimento económico dos países

Cuidados de saúde primários

Obrigam a uma avaliação e actuação multidisciplinares, aos níveis local, regional e nacional, integrada e de trabalho em equipa.

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Sectores envolvidos

4.1 - CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Consistem na prestação de assistência de saúde essencial, baseada em métodos e técnicas

práticas, apropriadas sob o ponto de vista científico e aceitáveis socialmente, postas ao alcance de todas as unidades e famílias das comunidades, com a sua inteira participação e que possa ser financeiramente mantida pelo país e pela comunidade, em todas as fases do seu desenvolvimento, num espírito de auto-responsabilidade e auto-determinação.

Proporciona o primeiro nível de contacto do indivíduo, da família e da comunidade, permitindo a aproximação da assistência de saúde o mais perto possível dos locais onde a população vive e trabalha e constituem o primeiro elemento de um processo permanente de assistência de saúde.

As actividades que devem estar inseridas neste tipo de cuidados são: - Promoção de uma nutrição correcta e de um aprovisionamento conveniente de água

potável; - Medidas de saneamento básico; - Saúde materna e infantil, incluindo aqui o planeamento familiar; - Vacinação contra as grandes patologias infecciosas; - Prevenção e redução de endemias locais; - Educação sobre os problemas de saúde predominantes e os meios de os prevenir e

tratar; - Tratamento apropriado das doenças e dos traumatismos correntes.

4.2 - CUIDADOS NO DOMICÍLIO Os cuidados domiciliários consistem na prestação e cuidados de enfermagem na residência da pessoa, sendo prestados a utentes com diversas e complexas necessidades, no que diz respeito a cuidados de saúde. O processo de enfermagem nos cuidados domiciliários inclui: - Avaliação alargada do indivíduo e do ambiente doméstico

4 – Contextos de prestação de cuidados à pessoa idosa

Saúde

Educação

Segurança social e trabalho

Aspectos económicos

Justiça

Planeamento e desenvolvimento rural e urbano

Habitação

Transportes

Turismo

Novas tecnologias

Cultura e Valores que cada sociedade defende e que cada cidadão tem como seus

Novas realidades demográficas e

sociais

Inadaptação da organização e funcionamento dos serviços de

saúde face às actuais necessidades da população idosa

Barreira à promoção ou manutenção da qualidade de vida destas pessoas e

das suas famílias

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- Elaboração de diagnósticos de enfermagem com base nos dados recolhidos - Programação de resultados esperados - Implementação de cuidados - Avaliação da eficácia do plano de cuidados.

4.3 - HOSPITAL E INTERNAMENTO

4.3.1 - Cuidados em situação de doença aguda

4.3.2 - Cuidados continuados e de reabilitação

Objectivos:

- Promover a manutenção das pessoas idosas no seu meio habitual de vida

- Melhorar a equidade do acesso dos idosos a cuidados de qualidade, flexíveis, transitórios ou

de longa duração

Assegurando, assim, a continuidade de cuidados, ou seja, a transição, sem intervalos e ao

longo do tempo, das pessoas em situação de dependência entre os diferentes tipos de

resposta e níveis de prestação de cuidados de saúde e apoio social.

CUIDADOS CONTINUADOS: As políticas que permitam desenvolver acções mais próximas dos cidadãos idosos,

capacitadoras da sua autonomia e independência, acessíveis e sensíveis às necessidades mais frequentes da população idosa e das suas famílias, permitem minimizar custos, evitar dependências, humanizar os cuidados e ajustar-se à diversidade que caracteriza o envelhecimento individual e o envelhecimento da população.

Numa perspectiva individual, a prestação de cuidados de saúde e de apoio social às pessoas idosas, integrados, centrados em equipas pluridisciplinares e em recursos humanos devidamente formados, com uma componente de recuperação global e de acompanhamento, nomeadamente através de cuidados continuados que integrem cuidados de longa duração, são indispensáveis a um sistema de saúde que se quer adequado para responder às necessidades de uma população que está a envelhecer.

Conseguir viver o mais tempo possível, de forma independente, no seu meio habitual de vida, tem que ser um objectivo individual de vida e uma responsabilidade colectiva para com as pessoas idosas.

Qualidade de vida é uma percepção individual da posição na vida, no contexto do sistema cultural e de valores em que as pessoas vivem e relacionada com os seus objectivos, expectativas, normas e preocupações. É um conceito amplo, subjectivo que inclui de forma complexa a saúde física da pessoa, o seu estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças e convicções pessoais e a sua relação com os aspectos importantes do meio ambiente (WHO, 1994). Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, propõe promover a manutenção das pessoas idosas no seu meio habitual de vida e melhorar a equidade do acesso daquelas pessoas a cuidados de qualidade, flexíveis, transitórios ou de longa duração, assegurando a continuidade de cuidados, ou seja, a transição, sem hiatos e ao longo do tempo, das pessoas em situação de dependência entre os diferentes tipos de respostas e níveis de prestação de cuidados de saúde e de apoio social, com ganhos em anos de vida com independência.

É o conjunto de intervenções sequenciais de saúde e/ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centradas na recuperação global, entendida como o processo terapêutico

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e de apoio social, activo e contínuo, que visa promover a autonomia, melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social. Os objectivos da Rede de Cuidados Continuados Integrados incluem o desenvolvimento de um continuum de cuidados, desde a alta hospitalar até ao domicílio do doente. Recursos da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados:

Unidades de internamento - Unidades de Convalescença Independentes ou integradas num hospital de agudos.

Têm como objectivo o tratamento e supervisão clínicas e de enfermagem, de forma continuada e intensiva, bem como de cuidados de reabilitação, na sequência do internamento hospitalar. A duração prevista de internamento não deverá exceder os 90 dias.

- Unidades de Média Duração e de Reabilitação Destinam-se à reabilitação e ao apoio

social (por situação clínica decorrente de recuperação de um processo agudo ou de descompensação de processo patológico crónico) de pessoas com perda transitória de autonomia, potencialmente recuperável. Estão previstas para internamentos até 90 dias.

- Unidades de Longa Duração Prestam apoio social e cuidados de manutenção a pessoas

com doença crónica, em diferentes níveis de dependência e que não reúnam condições para serem cuidadas no domicílio. Estão concebidas para períodos de internamento. Estão concebidas para períodos de internamento superior a 90 dias.

Ambulatório Conjunto de consultórios, com várias especialidades médicas, preparadas para pronto atendimento em pequenos procedimentos (suturas, pequenas cirurgias, etc.) e consultas.

Unidades de Dia e Promoção da Autonomia

Equipas Domiciliárias - Equipas de Cuidados Continuados Integrados - Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos

Equipas Hospitalares - Equipas de Gestão de Atlas Equipas multidisciplinares, que têm como objectivo

preparar e gerir a alta dos doentes, em articulação com os diferentes serviços/recursos - Equipas Intra-hospitalares de Suporte em Cuidados Paliativos Equipas multidisciplinares, que têm como objectivos: Promover a articulação com os diferentes recursos da RNCCI Disponibilizar consultoria técnica, no âmbito dos cuidados paliativos, aos profissionais

dos serviços hospitalares

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Apoio psicológico, espiritual e emocional

Assegurar a continuidade dos cuidados aos doentes dos serviços hospitalares em tratamento paliativo complexo.

4.3.3 - Cuidados em fim de vida

CUIDADOS PALIATIVOS “Abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e das suas famílias, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento por via da identificação precoce e tratamento rigoroso da dor e outros problemas físicos, psicológicos e espirituais” (OMS, 2003)

“Cuidados prestados a doentes em situação de intenso sofrimento, decorrente de doença incurável em fase avançada e rapidamente progressiva, com o principal objectivo de promover, … e até ao fim da vida, o seu bem-estar e qualidade de vida.

São cuidados activos, coordenados e globais, que incluem o apoio à família, prestados por equipas e unidades específicas de cuidados paliativos, em internamento ou no domicílio, segundo níveis de diferenciação”. (PNCP 2004-2010)

Características dos CP:

Alvo é o doente em fim de vida

Afirmam a vida

Não aceleram nem adiam a morte

Oferecem alívio da Dor Total

Facultam estratégias para manter o doente activo.

Princípios dos Cuidados Paliativos a) Afirmam a vida e a morte é natural c) O doente vale por quem é até ao fim d) Reconhece ao doente seus valores e prioridades e) Sofrimento e o medo podem ser médica e humanamente apoiadas g) Não se pode dispor da vida humana… h) Aborda o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual i) Baseada no acompanhamento, humanidade, compaixão, disponibilidade e rigor científico j) Centra-se bem-estar…… k) Só quando doente /família aceitam l) Respeito pelo local…ser acompanhado m) Baseada na diferenciação e interdisciplinaridade Princípios Éticos dos Cuidados Paliativos • Beneficência • Não Maleficência • Integridade da Vida • Autonomia • Justiça • Verdade • Fidelidade

e no luto

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Pilares dos Cuidados Paliativos: - Controlo de Sintomas - Apoio à família - Comunicação adequada - Trabalho de equipa Intervenções paliativas = Cuidados Paliativos

Fim de Vida

Denominações: - Doente em fase terminal – doente que tem, em média, 3 a 6 meses de vida

- Doente em fase agónica ou moribundo – que tem dias ou horas de vida

Direitos da Pessoas com Doença Terminal

Ser tratado como ser humano vivo

Manter uma esperança

Expressar o meu sofrimento e emoções em relação à ….

Obter a atenção dos médicos e enfermeiros …

Não morrer sozinho

Ser aliviado da dor

Obter uma resposta honesta para qualquer pergunta

Não ser enganado

Receber a ajuda da minha família e para a minha família

Morrer em paz e com dignidade

Conservar a minha individualidade e não ser julgado

Relação Terapêutica Satisfação das necessidades (físicas, psíquicas e espirituais); Foco nas atitudes de apoio, demonstrações de afecto (amizade), na presença junto do doente (serenidade) e no apoio espiritual.

RELAÇÃO HUMANA Minimiza o sentimento de isolamento e de abandono; Proporciona qualidade de vida e bem-estar psicológico; Encoraja a verbalização de sentimentos e a aceitar a sua morte.

Definição da pessoa em fim de vida

Doença de causa evolutiva

Estado geral grave

Perspectiva de vida não superior a dois meses;

Insuficiência de órgãos;

Ineficácia comprovada de tratamentos (curativos);

Ausência de tratamentos úteis para a cura ou sobrevivência;

Complicações finais irreversíveis

Presença de doença avançada, progressiva e incurável, (ser uma situação irreversível e incurável) falta de resposta a tratamento específico, presença de inúmeros problemas e sintomas e prognóstico de vida inferior a seis meses.

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4.3.4 - Cuidados de longa duração versus institucionalização

“…a sociedade moderna escorraçou-a do seio das famílias e encurralou-a nos hospitais e outras instituições….onde se morre sozinho, atrás duma cortina, fechado num quarto solitário ou no meio de incompreensíveis e sofisticados aparelhos… sem ninguém que compartilhe as circunstâncias da morte.” (Henriques, 1995) “Em casa ou no hospital a morte deve continuar a ser um acontecimento familiar.”

O Idoso e a Comunidade A família constitui o grande pilar da responsabilidade pelos dependentes idosos, continuando a ser uma instituição significativa para o suporte e realização efectiva dos indivíduos Recursos: - Famílias - Apoio Domiciliário/ Equipamentos Sociais - Instituições Institucionalização Considera-se institucionalização do idoso quando este está aos cuidados de uma instituição, que não a sua família. Idoso institucionalizado residente – vive 24h/dia em lar ou residência Instituições totais ou permanentes consistem em lugares de residência onde um grupo numeroso de indivíduos em condições similares leva uma vida fechada e formalmente administrada por terceiros. Existe uma ruptura com o exterior, dado que todos os aspectos da vida são regulados por uma única entidade. Vantagens:

Diminuição do isolamento e solidão

Garantia de alimentação

Garantia de cuidados de higiene pessoal e da habitação

Cuidados de saúde (alguns)

Segurança Desvantagens:

Risco de despersonalização

Desinserção familiar e social

Risco de tratamento massificado

Vida monótona e rotineira

Sofrimento É definido como uma experiência complexa, individual e subjectiva que envolve uma

“tarefa” de significado intensamente negativo a um evento ou ameaça percebida.

5 – Sofrimento na pessoa idosa

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“Sentimentos prolongados de grande pena associados a martírio e à necessidade de tolerar condições devastadoras, isto é, sintomas físicos crónicos como a dor, desconforta ou lesão, stress psicológico crónico, má reputação ou injustiça”.

Angústia, dor ou aflição física, emocional e espiritual. As experiências de sofrimento podem incluir uma doença grave que altera a vida e as relações de um indivíduo e o esforço para o suportar.

Conduz uma pessoa ao domínio espiritual, à medida que as grandes questões da vida são enfrentadas: “porque é que esta doença me afectou a mim? O que devo aprender com este sofrimento? “

Dimensões do sofrimento: Física, psicológica, social, emocional e espiritual (Perreault & Bourbonnais, 2005)

Na experiência subjectiva de sofrimento na doença (IESSD), diferenciam-se cinco dimensões – sofrimento psicológico, físico, existencial, sócio-relacional e outra referente às experiências positivas. (Gameiro, 2000)

5.1 - ISOLAMENTO, VIOLÊNCIA E NEGLIGÊNCIA

Satisfação das necessidades (físicas, psíquicas e espirituais); Foco nas atitudes de apoio, demonstrações de afecto (amizade), na presença junto do

doente (serenidade) e no apoio espiritual.

5.2 - AS PERDAS E LUTO Luto ▪ Dimensão psicológica ▪ Dimensão sociológica: funerais, enterros, cemitérios, necrologia, jazigos… ▪ Visto como um processo; ▪ Está relacionado com os laços (vínculos) que tenho com o outro; ▪ De onde vêm esses laços?... ▪ Como se desatam?... ▪ “Nascemos antes de nascermos e morremos antes de morrermos” o Para falar da morte dos outros tenho de reflectir sobre o que é a morte para mim. o Dificilmente ajudo o outro se não entrar em contacto com as minhas emoções. o Ver outro, como um outro eu ▪ O trabalho do luto é o processo psicológico que permite recuperar de um choque emocional

provocado por uma perda. ▪ Há que dizer “adeus” para voltar a dizer “olá”. ▪ A história do luto, é dizer adeus a quem morre. ▪ “ Não quero fazer o luto, porque assim esqueço-a. Não quero esquecê-la, logo não quero

fazer luto (luto patológico). ▪ Facilitar o processo do luto pode e deve ser uma atitude/intervenção profissional. ▪ Não falar do problema pode levar ao surgimento e/ou reforço do sintoma. ▪ Aspectos importantes:

Minimiza o sentimento de isolamento e de abandono Proporciona qualidade de vida e bem-estar psicológico Encoraja a verbalização de sentimentos e a aceitar a sua morte

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o Facilitar o dizer “adeus”; o Tempo/duração do luto; o Etapa da vida.

MORTE SÚBITA ▪ Problema difícil porque não há aviso anterior da eminência da morte. ▪ Não há tempo para elaboração do luto. ▪ Provoca sensação de irrealidade sobre a perda. ▪ Exacerbação dos sentimentos de culpa. ▪ Desejo de censurar. ▪ Envolvimento de autoridades médicas e legais (por exemplo, em homicídios – pode atrasar o

luto). ▪ Sensação de desamparo. ▪ Presença de agitação (tipo depressão agitada – aumento da adrenalina) ▪ Trabalho não terminado (fica um remorso por coisas que não se disseram ou não se

fizeram). ▪ Crescente necessidade de compreensão.

Situações de crise nos idosos • Perdas de pessoas significativas, pares ou pessoas conhecidas da mesma idade • Morte de pessoa que partilha o mesmo quarto (nas instituições) • Doenças agudas ou dores • Acidentes (quedas, queimaduras) • Roubos, incêndios • Despesas imprevistas • Quebras nas relações com pessoas significativas • Confrontação com a própria morte

Deslocações, mudanças de residência • Partida do cuidador • Perda da capacidade de se deslocar ou da carta de condução • Problemas graves de comunicação (afasia) Sintomas de sofrimento nos idosos • Ansiedade – desconforto que é sentido perante um perigo indeterminado • Medo – emoção desencadeada por um perigo real

Frustração e tristeza pela perda de uma pessoa querida ou de uma situação que se beneficiava

Luto

Reacção fisiológica e psicológica a uma perda ou a uma agressão. • Reacção emotiva e comportamental desencadeada por uma perda. • Durante o luto as pessoas ficam fragilizadas angustiadas e até agitadas.

Perdas + frequentes nos idosos: - Emprego - Amigos - Parentes - Cônjuge - Papéis sociais - Saúde

Risco de: - Depressão - Suicídio - Má adaptação - Doenças orgânicas e funcionais

Podem desencadear por parte dos idosos respostas de inibição em vez de luta ou fuga

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Etapas: CHOQUE

• Angústia • Negação • Revolta

IMPOTÊNCIA • Olhar para dentro • Choro • Dor física

ACEITAÇÃO • Dor e tristeza menos intensa • Desligar dos laços • Reinvestimento afectivo

Duração Luto normal 2 meses a um ano mas pode ir até dois anos Luto não resolvido ultrapassa em tempo o luto normal. Transforma-se em luto crónico, leva ao isolamento, à desorganização apresentando sintomas físicos e mentais. As redes de suporte têm um papel muito importante no apoio aos idosos que se encontram num processo de luto. Diferença entre luto e depressão

O luto pode apresentar muitas das características da depressão grave. No entanto, sem as ideias suicidas, a psicose, a perda grave de auto-estima. Podem, contudo, surgir queixas somáticas múltiplas, anedonia (perda da capacidade de sentir prazer), ansiedade, tristeza e até o desejo de se juntar à pessoa querida.

5.3 - PROCESSO DE MORRER E MORTE

Interrupção da vida, diminuição gradual ou súbita das funções corporais que conduz ao fim dos processos corporais de manutenção da vida.

(CIPE)

A morte é um processo que embora biológico, constrói-se cultural e socialmente. Estádios e Processo da Morte Negação Raiva Negociação Depressão Aceitação • Fracasso contra a natureza; • Dúvidas sobre crenças, valores e princípios; • Desconhecimento do que se segue…; • Ruptura de laços afectivos – saudade, culpa, …; • Mal aceite socialmente, culturalmente; • Preocupação pelas perdas, sofrimento…; • Angústia da Separação; • Medo Existencial; • Medo da Dor;

Medo da Morte

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• Medo da Perda de controlo; • Medo da Morte Súbita; • Medo do Desconhecido e da Solidão. Impacto da morte no enfermeiro - Confrontação com os seus próprios sentimentos em relação à morte e ao morrer; - Enfermagem intrinsecamente ligada à preservação da vida, ao alívio do sofrimento e à recuperação da saúde; - Despertar no próprio profissional de saúde de uma resposta específica como aceitação, repressão ou negação geradora de tristeza, tensão, stress, fadiga, etc.; - Sensação de fracasso; - Sensação de espelho ou projecção o enfermeiro vê-se no lugar do outro; - Surgem sentimentos de insegurança, inquietação, perturbação, angústia, impotência, revolta, agressividade, esgotamento, medo, etc., que podem levar à repressão de sentimentos, a verdadeiro sofrimento, que parasita a sua vida pessoal e profissional; - As reacções dos enfermeiros ao cuidar o doente terminal são de impotência, envolvimento, tristeza, alívio, angústia, stress, frustração, revolta, cansaço físico e psicológico. Morrer em casa vs Morrer no hospital

Em casa ou no hospital a morte deve continuar a ser um acontecimento familiar.