RESUMO DA MP 936/2020

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 936 – RESUMO ESQUEMATIZADO

Publicação em 01/04/2020

Institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da

Renda e dispõe sobre medidas trabalhistas complementares para

enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo

Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de

saúde pública de importância internacional decorrente do

coronavírus (covid-19), de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro

de 2020, e dá outras providências.

VISÃO GERAL

A MP 936 apresenta o maior programa de proteção ao emprego já

visto no país.

Representa o aporte potencial de mais de 51 bilhões de reais em

renda diretamente aos empregados, reduzindo as pressões

econômicas e viabilizando o isolamento social para combate à

pandemia.

VISÃO GERAL

O artigo 12 da MP 936 traz um engenhoso mecanismo para permitir que os

programas sejam de amplo alcance. Permite a negociação individual nas

hipóteses em que o benefício emergencial está mais apto a reequilibrar a

renda do trabalhador. Ressalvada a situação dos hiper-suficientes (artigo 444

da CLT), para salários superiores a três vezes o mínimo exige-se negociação

coletiva apenas se a redução de jornada e salário for exceder a 25%.

Permite a conjugação dos mecanismos mediante ajuda compensatória

mensal paga pelo empregador e sem encargos. Na prática, isso pode ensejar

a recomposição integral da renda com grande redução de custos para as

empresas.

SUPOSTA INCONSTITUCIONALIDADE

O argumento de inconstitucionalidade da negociação individual não se

sustenta.

As normas constitucionais, especialmente em situações excepcionalíssimas

como esta pandemia, motivo de força maior jamais imaginado pelo

legislador, não podem ser interpretadas em sua literalidade. A lei deve ser

justa e eficaz para cada momento histórico.

Há robustos argumentos para justificar as medidas.

Na prática, exigir negociação coletiva significa excluir a grande massa de

trabalhadores, pois as micro e pequenas empresas são invisíveis aos

sindicatos, sendo raros os acordos coletivos. Dependem da lei e de

convenções coletivas generalistas.

EXEMPLOS PRÁTICOS – SALÁRIO DE R$ 2.000,00

SUSPENSÃO CONTRATUAL

• Empresa com receita bruta em 2019 menor que R$ 4.8MM – Benefício emergencial =R$ 1480,15.

• Empresa com receita bruta em 2019 maior que R$ 4.8MM – Benefício emergencial =R$ 1480,15 x 70% = R$ 1036,10 + Ajuda compensatória paga pela empresa equivalentea 30% do salário = R$ 600,00. Valor total = R$ 1.636,10.

• Em qualquer hipótese a empresa pode acrescentar ajuda compensatória comnatureza indenizatória, ou seja, sem outros encargos. Na primeira hipótese, porexemplo, pode acrescentar ajuda compensatória de R$ 519,85 se desejar recompor arenda de R$ 2.000,00.

EXEMPLOS PRÁTICOS – SALÁRIO DE R$ 2.000,00

REDUÇÃO SALARIAL DE 50%

• Redução salarial com redução proporcional de jornada de 50%

• Salário reduzido em 50% = R$ 1000,00 + Benefício emergencialequivalente a 50% do seguro desemprego = R$ 740,07. Valor total =R$ 1.740,07.

• Além do salário e do benefício emergencial, podem ajustar as partesajuda compensatória mensal com natureza indenizatória, ou seja, semoutros encargos. A empresa poderia pagar, por exemplo, R$ 259,93,alcançando-se novamente a renda de R$ 2000,00.

DURAÇÃO Aplica-se enquanto persistir o estado de calamidade publica.

OBJETIVO

• Preservar o emprego e a renda.• Garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais.• Reduzir o impacto social do estado de calamidade e da

emergência de saúde pública.

MEDIDAS

• Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda.• Redução proporcional de jornada de trabalho e de salários.• Suspensão temporária do contrato de trabalho.• Pressuposto: preservação do emprego.

A QUEM SE APLICA

• Aos empregados no regime da CLT.• As regras são diferentes dependendo da renda do trabalhador.• Não há distinção de categoria profissional.• Aplica-se ao trabalhador intermitente desde que o contrato seja

formalizado até esta MP (01/04/2020). Receberá BenefícioEmergencial de Preservação do Emprego e da Renda de R$600,00 pelo prazo de 3 meses. Caso tenha mais de um contratointermitente, não terá direito a adicionar benefícios.

• Contrato de aprendizagem e jornada parcial.

A QUEM NÃO SE APLICA

• Estão excluídos os trabalhadores no âmbito da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios, órgãos daadministração pública direta e indireta, empresas públicas esociedades de economia mista, inclusive suas subsidiárias, eorganismos internacionais

• Também não farão jus ao benefício emergencial:a) empregados ocupando cargo ou emprego público, cargo emcomissão de livre nomeação e exoneração ou titular de mandatoeletivo;b) empregados em gozo do de benefícios de prestação continuadada Previdência (vg. aposentadoria), de seguro desemprego ou dabolsa de qualificação prevista no artigo 476-A da CLT.

REGRAS

• Tempo máximo para aplicação da redução proporcional de salário ejornada é 90 dias.

• Tempo máximo para a suspensão do contrato de trabalho é 60 dias.

• Os mecanismos não podem ser utilizados ao mesmo tempo, mas a MPadmite a aplicação de um sucedendo ao outro, respeitado o prazo totalde 90 dias (artigo 16).

• O recebimento de benefício não impede a concessão e não altera o valordo seguro-desemprego, caso o empregado seja posteriormentedemitido.

• Serão inscritos em dívida ativa da União os créditos constituídos emdecorrência de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e daRenda pagos indevidamente ou além do devido.

• O empregado com mais de um emprego formal poderá recebercumulativamente um Benefício Emergencial de Preservação doEmprego e da Renda para cada vínculo com redução proporcional dejornada e salário ou com suspensão temporária, observado o valorprevisto no caput do art. 18 e a condição prevista no § 3º do art. 18, sehouver vínculo na modalidade de contrato intermitente.

REGRAS

• Fica reconhecida garantia provisória no emprego ao empregadoque receber o Benefício Emergencial:

I - durante o período acordado de redução da jornada esalário ou de suspensão temporária do contrato;

II - após o restabelecimento da jornada e salário ou doencerramento da suspensão temporária, por período equivalente aoacordado para a redução ou suspensão.

BENEFÍCIO EMERGENCIAL –

ARTIGO 6º

• Será pago nas seguintes hipóteses:I - redução proporcional de jornada e salário;II - suspensão temporária do contrato.

• Terá como base de cálculo o valor mensal do seguro-desemprego observando:

I – para redução proporcional de jornada e salário serácalculado aplicando-se sobre a base de cálculo o percentual daredução.

II - na hipótese de suspensão temporária do contrato detrabalho, será o valor integral mensal.

BENEFÍCIO EMERGENCIAL –

ARTIGO 6º

• Na suspensão temporária do contrato:

a) 100% do seguro-desemprego, se a empresa tiver, no ano-calendário 2019, receitabruta INFERIOR a 4.8 milhões.b) 70% do seguro-desemprego, se a empresa tiver, no ano-calendário 2019, receitabruta SUPERIOR a 4.8 milhões de reais (nessa hipótese deve pagar 30% do salário).

• Na redução do salário e jornada: proporção do seguro desemprego idêntica àda redução (exemplo: na redução salarial de 50%, o empregado faz jus abenefício equivalente a 50% do seguro desemprego a que teria direito).

• O benefício será pago independentemente do cumprimento de qualquerperíodo aquisitivo, tempo de vínculo empregatício e número de saláriosrecebidos.

• O benefício não será pago a empregado ocupante de cargo ou empregopúblico, cargo em livre nomeação ou exoneração ou titular de mandato eletivoou em gozo de benefícios de prestação continuada do RGPS ou dos RPPS, emgozo de seguro-desemprego ou bolsa de qualificação profissional.

• O empregado com mais de um vínculo formal de emprego poderá cumular osbenefícios.

FORMAS DE INSTITUIÇÃO DOS

MECANISMOS

• O programa é voluntário. Empresas e empregados não estãoobrigados a adotá-lo.

• As medidas (suspensão contratual ou redução do salário e dajornada) podem ser pactuadas por acordo individual:

a) caso o empregado receba até R$ 3.135,00 (o que representa mais de80% da força formal de trabalho);b) caso receba mais de R$ 12.202,00 e tenha diploma de nível superior(regra idêntica à prevista no artigo 444, parágrafo único, da CLT -trabalhador hiper-suficiente).c) para redução salarial e de jornada de 25%, em qualquer faixa salarial.

• A negociação coletiva, ressalvadas a redução de salário e jornada de25% e a hipótese do artigo 444, parágrafo único da CLT, é exigidapara os trabalhadores que auferem renda mensal acima de R$3.135,00. Essa exigência se justifica porque nesse patamar o impactodo benefício emergencial será proporcionalmente menossignificativo para ao trabalhador, ou seja, sua renda será maisafetada.

REDUÇÃO PROPORCIAL DE

JORNADA DETRABALHO E DE

SALÁRIO –ARTIGO 7º

• O empregador poderá acordar a redução proporcional dajornada nos percentuais de 25, 50 e 75% e salário por até 90 dias.

• Se a redução for por acordo individual, os percentuais devem serrigorosamente respeitados.

• Se por negociação coletiva, é possível estipular percentuaisdiversos, prevendo a MP regra especial para cálculo do benefícioemergencial.

• Deve-se preservar o valor do salário-hora.

REDUÇÃO PROPORCIAL DE

JORNADA DETRABALHO E DE

SALÁRIO –ARTIGO 7º

• A jornada e salário anteriores serão restabelecidos no prazo de 2dias corridos a contar:

I – do fim do estado de calamidade pública.II – do fim do prazo previsto no acordo individual;III - da data de comunicação ao empregado do retorno à

jornada normal.

SUSPENSÃO TEMPORÁRIA

DO CONTRATO DE TRABALHO –

ARTIGO 8º

• Prazo máximo de 60 dias para a suspensão do contrato detrabalho.

• Acordo individual escrito entre com o empregado, devendo aproposta ser encaminhada ao empregado com antecedênciamínima de 2 dias corridos.

• Durante o período de suspensão contratual o empregadordeverá manter os benefícios pagos aos empregados (vg. planode saúde).

SUSPENSÃO TEMPORÁRIA

DO CONTRATO DE TRABALHO –

ARTIGO 8º

• Durante a suspensão do contrato o empregado não podepermanecer trabalhando, ainda que parcialmente, inclusive àdistância.

• Garantia provisória no emprego durante o período de suspensãoe após o restabelecimento da jornada por período equivalente aoda suspensão.

• Empregado recebe 100% do seguro-desemprego se a empresativer auferido, no ano-calendário 2019, receita bruta INFERIOR a4.8 milhões.

• Empregado recebe 70% do seguro-desemprego e a empresacomplementará com 30% do salário caso tenha auferido receitabruta SUPERIOR a 4.8 milhões.

GARANTIAPROVISÓRIA DE

EMPREGO EINDENIZAÇÕES –

ARTIGO 10º

• Como enfatizado, durante a suspensão contratual ou reduçãodos salários e por igual período após seu término o empregadonão poderá ser demitido, salvo por justa causa.

• No entanto, se houver dispensa SEM justa causa durante operíodo da garantia provisória, terá direito, além das verbasrescisórias, a:

I- 50% salário do período da garantia provisória se aredução de salário e jornada for de 25 a 50%

II- 75% salário do período da garantia provisória se aredução de salário e jornada for de 50 a 75%

III- 100% salário do período da garantia provisória seredução de salário e jornada for acima de 70%;

NEGOCIAÇÃOCOLETIVA

• As medidas podem ser tomadas por meio de negociação coletiva, masvale lembrar que em muitos casos basta o acordo individual (vide slide10).

• Pode ser estabelecido percentual de redução de jornada e salário diversodos previstos (25, 50 ou 70%).

• Não será devido o Benefício Emergencial se a redução de jornada esalário for inferior a 25%.

• O Benefício Emergencial será de 50% se a redução for de 50 a 75%.

• O Benefício Emergencial será de 70% se a redução for acima de 70%.

• CCT e ACT anteriores à MP podem ser renegociados no prazo de 10 diasda publicação da MP (1.4.20).

• Os acordos individuais deverão ser comunicados pelos empregadores aorespectivo sindicato laboral, no prazo de até 10 corridos, contados da datade sua celebração.

PROCEDIMENTOS

• O Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e daRenda será de prestação mensal e devido a partir da data doinício da redução da jornada e salário ou da suspensãotemporária do contrato, observadas as seguintes disposições:

I - o empregador informará ao Ministério da Economiaa redução da jornada e salário ou a suspensão no prazo de dezdias, contados da celebração do acordo.

II - a primeira parcela será paga no prazo de trinta dias,contados da celebração do acordo, desde que informado noprazo acima;

III - o Benefício Emergencial será pago exclusivamenteenquanto durar a redução proporcional da jornada e salário ou asuspensão temporária..

PROCEDIMENTOS

• Se não informar, ficará responsável pelo pagamento daremuneração no valor anterior à redução da jornada esalário ou da suspensão temporária, inclusive encargossociais, até a que informação seja prestada.

• Deve comunicar ao sindicato no prazo de até 10 diascorridos.

LAYOFF

• Os mecanismos da medida provisória não excluem aaplicação do artigo 476-A da CLT, mas jamaiscumulativamente.

• Os cursos e programas de qualificação profissional podemser oferecidos somente na modalidade não presencial, comprazo mínimo de 1 mês e máximo de 3 meses;

AJUDACOMPENSATÓRIA

MENSAL- ART. 9º

• O Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e daRenda poderá ser acumulado com o pagamento, peloempregador, de ajuda compensatória mensal, emdecorrência da redução de jornada e salário ou dasuspensão temporária do contrato.

• A ajuda compensatória mensal deverá ter o valor definidono acordo individual ou em negociação coletiva. Teránatureza indenizatória e não salarial.