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Direito ConstitucionalCarreiras do trabalho 1/2004
Prof. Roberto Baptista Dias da Silva
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Direito Constitucional
NDICE
1. PODER CONSTITUINTE
2. CONCEITO DE CONSTITUIO
3. EFICCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
4. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
5. FORMAS DE ESTADO
6. UNIO
7. ESTADOS FEDERADOS
8. MUNICPIOS
9. DISTRITO FEDERAL
10. TERRITRIOS
11. INTERVENO FEDERAL
12. SEPARAO DOS PODERES
13. PODER LEGISLATIVO
14. PODER EXECUTIVO
15. PODER JUDICIRIO
16. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
17. HABEAS CORPUS
18. HABEAS DATA
19. MANDADO DE SEGURANA
20. MANDADO DE SEGURANA COLETIVO
21. AO POPULAR
22. BIBLIOGRAFIA DE REFERNCIA
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PODER CONSTITUINTE REFORMADOR
O Poder Constituinte Reformador aquele que altera a Constituio j
existente, j que as Constituies, apesar da pretenso de se perpetuarem,
reconhecem a necessidade de atualizao.
O Poder Constituinte Reformador manifesta-se, ento, para modificar,
atualizar, reformar o texto constitucional. Tais reformas, a rigor, acontecem
pontualmente, incluindo, revogando ou alterando os dispositivosconstitucionais.
O instrumento utilizado para levar a cabo a reforma da Constituio a
chamada emenda Constituio, ou seja, por meio desta espcie normativa
que o Poder Constituinte Reformador se manifesta. E esta manifestao
levada a efeito pelo Congresso Nacional, nos termos do artigo 60, 2, da
Constituio Federal.
As caractersticas do Poder Constituinte Reformador
O Poder Constituinte Reformador se caracteriza por ser derivado,
subordinado e limitado.
Diz-se que o Poder Constituinte Reformador derivado, porque ele
advm da prpria Constituio que ser alterada. Assim, a prpria
Constituio que dir como o Poder Constituinte Reformador ir se manifestar, o
que ele poder alterar e quando isto poder ocorrer.
E o Poder Constituinte Reformador considerado subordinado, pois as
alteraes constitucionais subordinar-se-o s regras, s condies e aos
limites impostos pela prpria Constituio a ser reformada, ou seja, a prpria
Constituio ditar os limites para sua manifestao.
E esses limites so ordem material, formal e circunstancial.
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Os limites materiais ao Poder Constituinte Reformador
Os limites materiais dizem respeito ao assunto, ao tema, matria que
no poder ser objeto de modificao. Essas matrias formam o ncleo imutvel
da Constituio.
As limitaes materiais so as chamadas clusulas ptreas, previstas
nos incisos I a IV do 4 do artigo 60 da Constituio Federal. Por fora destas
disposies, no podem ser objeto de deliberao as propostas de emenda Constituio tendentes a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto,
secreto, peridico e universal; a separao dos Poderes e os direitos e garantias
individuais.
Os limites formais ao Poder Constituinte Reformador
Os limites formais so aqueles relativos ao procedimento exigido pela
Constituio para que ocorra sua prpria alterao. Assim, a modificao daConstituio somente poder acontecer se forem obedecidos os procedimentos,
os ritos, as formas previstas na prpria Lei Maior. Estas limitaes formais
manifestao do Poder Constituinte Reformador encontram-se no artigo 60,
incisos I a III, e 2 e 5.
Os limites circunstanciais ao Poder Constituinte Reformador
Os limites circunstanciais so aqueles previstos no 60, 1, da
Constituio Federal e dizem respeito ao fato de que a Constituio Federal no
poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa
ou de estado de stio.
Esses limites so impostos porque o Constituinte entendeu que a
Constituio norma jurdica que se encontra no topo do ordenamento jurdico,
dando fundamento de validade a todas as outras regras no dever ser
alterada quando o Pas estiver enfrentando alguma instabilidade significativa,
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alguma turbulncia natural, institucional ou da ordem pblica que possa
comprometer a serenidade exigvel para desempenhar funo to relevantequanto modificar a Constituio.
CONCEITO DE CONSTITUIO
O termo Constituio comporta vrias acepes. Do ponto de vista
sociolgico, a Constituio se traduz como a somatria dos fatores reais de
poder que regem uma sociedade (Ferdnand Lassalle). Sob a tica poltica, a
Constituio a deciso poltica fundamental (Carl Schimitt), que tratar daestrutura do Estado, as relaes de poder e os direitos fundamentais dos
cidados. E, juridicamente, a Constituio o conjunto de regras positivas que
disciplinam e configuram o Estado, bem como estabelecem os direitos
fundamentais dos cidados. Este conjunto de regras se encontra no topo do
ordenamento jurdico e d fundamento de validade a todas as demais normas
jurdicas, estabelecendo o contedo destas e a forma como elas devero ser
criadas (Hans Kelsen).
As Constituies podem ser classificadas de diversas maneiras. A
primeira grande classificao a que divide este conjunto de regras em
Constituio material e Constituio formal.
A Constituio material e a Constituio formal
A Constituio material o conjunto de regras que trata das matrias, dos
assuntos, dos temas constitucionais, isto , da estrutura do Estado e dos direitos
fundamentais das pessoas.
Por outro lado, Constituio formal o conjunto de regras que assume a
forma de norma constitucional. Assim, os comandos jurdicos inseridos no texto
constitucional escrito, por meio de um procedimento diferente daquele adotado
para a criao das demais normas jurdicas, compem o que se convencionou
chamar de Constituio formal.
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As Constituies outorgadas e as Constituies promulgadas
Quanto origem, as Constituies podem ser classificadas em
outorgadas ou promulgadas. As outorgadas so as impostas autoritariamente
por quem no recebeu poderes do povo para tanto, como, por exemplo, a
Constituio brasileira de 1937. J as promulgadas so as Constituies que
surgem como resultado de um processo democrtico de elaborao, como a
Constituio brasileira de 1988.
As Constituies escritas e as Constituies costumeiras
Quanto forma, as Constituies podem ser escritas ou costumeiras.
As Constituies costumeiras so formadas paulatinamente por meio de
costumes, decises judiciais e documentos esparsos, sendo que suas regras
no se condensam em um nico texto escrito formal, apesar de serem tidas
como normas que estruturam o Estado e estabelecem os direitos e garantias
fundamentais dos cidados. A Inglaterra um exemplo tpico de um Estadoregido por uma Constituio costumeira.
Por outro lado, as Constituies escritas so as que contemplam, em um
nico texto escrito, as normas que estruturam o Estado e fixam os direitos e as
garantias fundamentais dos cidados. Atualmente, a grande maioria dos
Estados regida por este tipo de Constituio, como acontece, por exemplo, no
Brasil, na Espanha, em Portugal e no Chile.
As Constituies analticas e as Constituies sintticas
Quanto extenso, as Constituies podem ser classificadas como
sintticas ou analticas. As sintticas contm poucos artigos, sendo matrias
constitucionais reguladas por poucos dispositivos. Por este motivo, a atividade
interpretativa destas Constituies permite, de maneira mais acentuada, a
atualizao dos entendimentos sobre os assuntos por elas tratados. Como
exemplo de Constituio sinttica, temos a Constituio dos Estados Unidos da
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Amrica. As Constituies analticas como a Constituio brasileira de 1988
tratam dos temas constitucionais de maneira minuciosa e detalhada, sendocompostas, portanto, por vrios artigos.
As Constituies rgidas, semi-rgidas e flexveis
Quanto alterabilidade ou modificao, as Constituies podem ser
rgidas, semi-rgidas ou flexveis.
Constituio rgida aquela que prev para a sua alterao umprocedimento mais difcil, mais rduo, mais rigoroso do que o previsto para
criao ou alterao da legislao ordinria. o caso da Constituio brasileira
de 1988, como se pode constatar ao se interpretar os artigos 47; 60, 2; 65 e
69.
Constituio flexvel aquela que permite sua alterao pelo mesmo
procedimento previsto para se criar ou alterar a legislao ordinria.
E Constituio semi-rgida aquela que exige um procedimento muito
difcil para alterar parte de suas regras como ocorre com as Constituies
rgidas e, em relao a outros dispositivos, o procedimento de alterao deles
deve ocorrer da mesma maneira que a se prev para modificar a legislao
ordinria (como nos casos das Constituies flexveis). A Constituio brasileira
de 1824 era semi-rgida por fora da regra contida em seu artigo 178, que
estabelecia que certas normas deveriam ser alteradas por um procedimento
difcil enquanto outras deveriam ser modificadas pelo mesmo rito previsto para a
alterao da legislao ordinria.
Cumpre esclarecer que a superioridade hierrquica da Constituio em
relao s demais normas do ordenamento jurdico ocorre em razo da rigidez
constitucional.
EFICCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
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A jurisprudncia norte-americana pretendeu distinguir as normas
constitucionais, quanto eficcia, em prescries mandatrias (mandatory
provisions) e prescries diretrias (diretory provisions). As prescries
mandatrias seriam aquelas clusulas constitucionais essenciais, cuja
observncia obrigatria e inescusvel. J as diretrias teriam carter
regulamentar, podendo o legislador comum dispor de outro modo, sem que isso
caracterizasse qualquer forma de inconstitucionalidade, como explica Jos
Afonso da Silva.
Assim, poder-se-ia concluir que algumas normas constitucionais eram decumprimento obrigatrio enquanto outras no, o que no condiz com a natureza
dessas regras, pois todas elas so normas jurdicas e, portanto, obrigatrias.
Quanto aplicabilidade das normas constitucionais, Jos Afonso da
Silva, baseado nas lies de Ruy Barbosa, expe que a doutrina e a
jurisprudncia dos Estados Unidos da Amrica apresentaram a classificao das
regras como self-executing provisions (auto-executveis ou auto-aplicveis) e
not-self-executing provisions(no auto-executveis ou no auto-aplicveis).
As normas auto-executveis seriam aquelas aplicveis desde logo, pois
revestidas de plena eficcia jurdica, regulando diretamente as matrias, os
comportamentos, as situaes que mencionam. Por outro lado, as normas no
auto-executveis seriam as que dependem de leis infraconstitucionais para
aplicao, ou seja, so destitudas de imperatividade.
Contudo, esta classificao tambm no se mostra aceitvel face
juridicidade de todas as normas constitucionais.
Com base na doutrina italiana, especialmente na obra de Vezio Crisafulli,
Jos Afonso da Silva sugere a diviso dos comandos constitucionais em:
normas de eficcia plena, aplicabilidade direta, imediata e integral; normas de
eficcia contida e aplicabilidade direta, imediata, mas possivelmente no
integral; e normas de eficcia limitada, aplicabilidade indireta, mediata e
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reduzida, declaratrias de princpios institutivos ou declaratrias de princpios
programticos.
As normas de eficcia plena, aplicabilidade direta, imediata e integral
As normas de eficcia plena seriam aquelas que, desde a entrada em
vigor da Constituio, produzem ou tm a possibilidade de produzir todos os
efeitos essenciais relativamente aos interesses, comportamentos e situaes,
que o legislador Constituinte pretendeu regular, ou seja, so aquelas que
possuem todos os elementos para, desde logo, produzir todos os efeitospretendidos pelo Constituinte.
Exemplos de normas de eficcia plena: artigo 44 da Constituio, que
estabelece que o Poder Legislativo exercido pelo Congresso Nacional, que se
compe da Cmara dos Deputados e do Senado Federal; artigo 5, inciso XX,
que prescreve que ningum poder ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado.
As normas de eficcia contida e aplicabilidade direta, imediata, mas
possivelmente no integral
As normas de eficcia contida seriam caracterizadas por tambm terem
condies de produzir todos seus efeitos desde logo como as de eficcia
plena , mas possibilitariam a restrio de sua incidncia por parte da
competncia discricionria do Poder Pblico, nos termos que a lei estabelecer
ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados. Assim, seria mais correto
chamar este tipo de normas de eficcia contvel, pois possibilitam a restrio de
sua eficcia e no nascem, desde logo, com a eficcia restrita.
Exemplos de normas de eficcia contida que prevem restrio por meio
de lei: artigo 5, incisos XIII e LVIII, que estabelecem, respectivamente: livre o
exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes
profissionais que a lei estabelecer e o civilmente identificado no ser
submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei.
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Exemplo de norma de eficcia contida cujos conceitos gerais nelaenunciados do margem a restries de sua aplicabilidade: artigo 5, inciso
XXXIII, todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindvel segurana da sociedade e do Estado.
As normas de eficcia limitada, aplicabilidade indireta, mediata e
reduzida
As normas de eficcia limitada seriam aquelas dependentes da edio de
normas futuras, pelo legislador ordinrio, para que, integrando-lhes a eficcia,
lhes conferissem aplicabilidade integral. Seriam elas subdivididas em duas
espcies: declaratrias de princpios institutivos e declaratrias de princpios
programticos.
As normas de eficcia limitada, declaratrias de princpio institutivo
As normas de princpio institutivo seriam as que revelariam um esquema,
princpios organizatrios de um rgo, de um instituto, de uma entidade. Sua
completa aplicabilidade dependeria da edio da legislao integradora, mas,
desde logo, elas revogariam as normas anteriores incompatveis com estas
normas constitucionais e determinariam a conformao da legislao posterior a
seus enunciados.
Exemplo de norma constitucional de eficcia limitada de princpio
institutivo seria o artigo 131 da Constituio Federal de 1988: A Advocacia-
Geral da Unio a instituio que, diretamente ou atravs de rgo vinculado,
representa a Unio, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
complementar que dispuser sobre sua organizao e funcionamento, as
atividades de consultoria e assessoramento jurdico do Poder Executivo.
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As normas de eficcia limitada, declaratrias de princpio
programtico
As normas de eficcia limitada tambm poderiam ser declaratrias de
princpio programtico. Estas normas esto voltadas ao cumprimento de
objetivos a serem alcanados, programas a serem desenvolvidos pelo Estado.
Teriam elas eficcia jurdica imediata, direta e vinculante somente nos seguintes
termos: estabelecem um dever para o legislador ordinrio; condicionam a
legislao futura, sob pena de inconstitucionalidade; informam a concepo de
Estado e da sociedade e inspiram sua ordenao jurdica; constituem sentidoteleolgico para a interpretao, integrao e aplicao das normas jurdicas;
condicionam a atividade discricionria da Administrao e do Judicirio; criam
situaes jurdicas subjetivas de vantagem ou desvantagem.
Exemplos de normas constitucionais de eficcia limitada de princpio
programtico, na Constituio Federal de 1988, seriamos seguintes: Art. 3
Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I
construir uma sociedade livre, justa e solidria; II garantir o desenvolvimentonacional; III erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades
sociais e regionais; IV promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao. Art. 218. O
Estado promover e incentivar o desenvolvimento cientfico, a pesquisa e a
capacitao tecnolgicas.
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
O controle da constitucionalidade o mecanismo previsto na Constituio
para preservar sua fora normativa e sua hierarquia em relao aos demais atos
normativos do ordenamento jurdico.
Assim, por meio do controle da constitucionalidade, busca-se evitar que
atos normativos incompatveis com a Constituio sejam criados ou
permaneam existindo, bem como procura-se impor ao rgo omisso a prtica
do ato exigido pela Constituio.
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Como se nota, para compreender o controle da constitucionalidade imprescindvel, desde logo, entender o conceito de inconstitucionalidade.
CONCEITO DE INCONSTITUCONALIDADE
Como se viu acima, a Constituio encontra-se no topo do ordenamento
jurdico, dando fundamento de validade a todas as demais normas, ou seja, a
Constituio impe o contedo que as outras normas tero e qual dever ser o
procedimento adotado para a elaborao das regras hierarquicamenteinferiores.
A inconstitucionalidade, ento, surge quando se constata a
incompatibilidade entre as disposies constitucionais e os atos e omisses
infraconstitucionais.
A inconstitucionalidade por ao
A inconstitucionalidade por ao ocorre quando um ato normativo
criado em desacordo com a Constituio. Quando o contedo da regra
incompatvel com os dispositivos Constitucionais, estar caracterizada a
inconstitucionalidade material. Por outro lado, quando a Constituio prev que,
para a criao de uma certa espcie normativa, deve-se obedecer um
determinado procedimento e este rito no seguido, estar configurada a
inconstitucionalidade formal.
A inconstitucionalidade por omisso
J a inconstitucionalidade por omisso ocorre quando a Constituio
determina que um certo ato seja praticado e este ato no realizado pela
pessoa ou pelo rgo encarregado de agir, nos termos da Constituio.
PRESSUPOSTOS PARA A EXISTNCIA DO CONTROLE DA
CONSTITUCIONALIDADE
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Os pressupostos para a efetivao do controle da constitucionalidade soa existncia de uma Constituio rgida e de um rgo encarregado de realiz-
lo.
Conforme j se verificou, Constituio rgida aquela que prev para a
sua alterao um procedimento mais difcil, mais rduo do que o previsto para
criao ou alterao da legislao ordinria. E s d para se falar em hierarquia
da Constituio em relao s demais regras do ordenamento jurdico quando
se est diante da rigidez constitucional. Assim, somente quando h hierarquiaentre a Constituio e as demais normas do ordenamento que se pode falar
em inconstitucionalidade. E, por fim, somente quando se vislumbrar a
possibilidade de ocorrer inconstitucionalidades que tem sentido falar em
controle da constitucionalidade.
O outro pressuposto para ocorrer o controle da constitucionalidade a
existncia de um rgo encarregado para realizar a apreciao das possveis
inconstitucionalidades.
Este rgo, no Brasil, o Poder Judicirio, ou seja, nos termos da
Constituio Federal brasileira, todos os juzes e Tribunais so competentes
para exercer o controle da constitucionalidade, sendo que esta funo, em
ltima anlise, realizada pelo Supremo Tribunal Federal.
Por este motivo, diz-se que, no Brasil atual, o controle da
constitucionalidade judicial.
Todavia, cumpre esclarecer que o Judicirio rgo competente para
exercer o controle da constitucionalidade quando a norma j se encontra no
mundo jurdico, ou seja, quando o controle repressivo. Por outro lado, antes de
a norma entrar em vigor, tambm possvel se exercer o controle da
constitucionalidade como se ver a seguir sendo que, nesta hiptese, o
controle realizado pelo Legislativo e pelo Executivo.
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O CONTROLE PREVENTIVO DA CONSTITUICONALIDADE
Tratando do momento em que exercido, o controle da
constitucionalidade pode ser classificado como prvio ou repressivo.
O controle prvio (ou preventivo) realizado antes de o ato normativo
entrar em vigor, antes de a norma existir no mundo jurdico, ou seja, na fase em
que ainda no se tem a lei, mas simplesmente um projeto de lei.
Assim, quando o projeto de lei est tramitando no Congresso Nacional,tanto na Cmara dos Deputados quanto no Senado existe uma Comisso
encarregada de analisar se projeto que est tramitando compatvel ou no
com a Constituio. Todos os projetos devem passar por essas Comisses,
submetendo-se ao controle prvio da constitucionalidade. Atualmente, no
Senado, esta Comisso chama-se Comisso de Constituio, Justia e
Cidadania. Na Cmara dos Deputados, o nome Comisso de Constituio e
Justia e de Redao.
Ainda h um segundo momento em que deve ocorrer o controle
preventivo da constitucionalidade. Depois de o projeto de lei ser aprovado em
ambas as Casas Legislativas (Cmara dos Deputados e Senado Federal), ele
encaminhado ao Presidente da Repblica que, concordando com o projeto, o
sancionar e, no caso de discordar, dever vet-lo. Com efeito, uma das
hipteses previstas no 1 do artigo 66 da Constituio Federal a de o
Presidente da Repblica vetar o projeto por entend-lo inconstitucional. o
chamado veto jurdico (este tema ser tratado de maneira mais detalhada
quando for analisado, abaixo, o processo legislativo).
O CONTROLE REPRESSIVO DA CONSTITUCIONALIDADE
O controle repressivo (ou a posteriori) se d aps o ato normativo
infraconstitucional ingressar no mundo jurdico. Neste caso, o controle, no Brasil,
realizado pelo Poder Judicirio. Somente em situaes excepcionais, o
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controle repressivo fica por conta do Poder Legislativo, como na hiptese do
artigo 49, inciso V, da Constituio Federal.
O controle repressivo realizado pelo Poder Judicirio, no Brasil, pode ser
difuso (tambm chamado de via de exceo ou defesa) ou concentrado
(tambm denominado de via de ao direta).
O CONTROLE DIFUSO DA CONSTITUCIONALIDADE
O controle difuso surge da idia de que todo e qualquer rgo do PoderJudicirio pode realizar o controle da constitucionalidade, uma vez que prprio
da atividade jurisdicional interpretar e aplicar as regras jurdicas, devendo, antes
de mais nada, analisar se as normas infraconstitucionais so compatveis ou
no com as disposies constitucionais. Este tipo de controle da
constitucionalidade nasceu nos Estados Unidos da Amrica, em 1803, com o
julgamento do caso Madison contra Marbury.
Na via de exceo, o controle da constitucionalidade ocorreincidentalmente em qualquer processo judicial. No litgio, a questo sobre a
inconstitucionalidade da norma no o objeto central da lide. Ao contrrio, a
parte litigante, para alcanar o seu direito, requer que uma determinada regra
jurdica no seja aplicada ao seu caso concreto por entend-la inconstitucional.
O Judicirio, ento, ao interpretar as regras aplicveis ao caso sub judice, pode
considerar a norma jurdica incompatvel com a Constituio, declarando-a
inconstitucional e no aplicando-a ao caso concreto, dando prevalncia s
disposies constitucionais.
Percebe-se, com isso, que a declarao de inconstitucionalidade na via
de exceo (controle difuso) tem efeitos somente entre as partes litigantes, ou
seja, a regra continua valendo para todas as demais pessoas que no
participaram do litgio. Em outras palavras, a deciso judicial sobre a
inconstitucionalidade da regra apenas isenta o litigante de cumprir a regra
infraconstitucional porque tal norma est em desacordo com a Constituio.
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A clusula de reserva de plenrio
O artigo 97 da Constituio Federal estabelece a chamada clusula de
reserva de plenrio ao estabelecer que somente pelo voto da maioria absoluta
de seus membros (ou dos membros do respectivo rgo especial) podero os
Tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Pblico.
Com isso, a Constituio prev que a deciso declaratria da
inconstitucionalidade de uma lei ou de um ato normativo somente ter eficciaser for tomada pela maioria absoluta dos membros do Tribunal ou de seu rgo
especial.
Convm esclarecer que o artigo 93, inciso XI, da Constituio Federal,
estabelece que nos tribunais com nmero superior a vinte e cinco julgadores
poder ser constitudo rgo especial, com o mnimo de onze e o mximo de
vinte e cinco membros, para o exerccio das atribuies administrativas e
jurisdicionais da competncia do tribunal pleno.
Essas previses, no entanto, no impedem que os juzos monocrticos
profiram decises sobre a inconstitucionalidade das regras.
Por meio de recursos judiciais, a questo sobre a inconstitucionalidade da
regra pode chegar apreciao do Supremo Tribunal Federal que, confirmando
a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo, profere deciso que continua
valendo somente para as partes litigantes.
A competncia do Senado no controle difuso da constitucionalidade
Contudo, o artigo 52, inciso X, da Constituio Federal, prev a
possibilidade de o Senado Federal no caso em que ocorreu o controle da
constitucionalidade pela via de exceo suspender a execuo da lei
declarada inconstitucional por deciso definitiva pelo Supremo Tribunal Federal.
Com isso, a deciso do Supremo, que valia somente para as partes litigantes,
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com efeitos ex tunc(retroativos), passa a valer para todos, com efeito ex nunc
(sem efeitos retroativos), a partir da publicao da resoluo do Senado.Portanto, a lei, que no era aplicvel ao caso concreto, em razo da deciso
judicial que declarou sua inconstitucionalidade, passa a no ser aplicvel em
relao a todas as outras pessoas, em funo da resoluo do Senado.
O CONTROLE CONCENTRADO DA CONSTITUCIONALIDADE
O controle concentrado da constitucionalidade surge no Tribunal
Constitucional da ustria, a partir das idias de Hans Kelsen. No Brasil, ocontrole concentrado surgiu com a Emenda Constitucional n 16/65, sendo que,
nos termos do artigo 102, inciso I, letra a, da Constituio Federal de 1988,
compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a
ao direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual.
O objeto principal do controle da constitucionalidade pela via de ao
direta (controle concentrado) obter do Supremo Tribunal Federal a declarao
da inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo, independentemente deexistir ou no um caso concreto a ser analisado. Por esta razo, o controle
concentrado da constitucionalidade tambm conhecido como controle
abstrato. Por meio desse tipo de controle, busca-se, ento, garantir a segurana
das relaes jurdicas, que no devem ser fundamentadas em regras
inconstitucionais.
A Constituio Federal, ao prever o controle concentrado da
constitucionalidade, considera possvel, basicamente, a propositura das
seguintes aes: ao direta de inconstitucionalidade genrica (artigo 102,
inciso I, letra a); ao direita de inconstitucionalidade interventiva (artigo 36,
inciso III); ao direta de inconstitucionalidade por omisso (artigo 103, 2);
ao declaratria de constitucionalidade (artigo 102, inciso I, a, parte final,
acrescida pela Emenda Constitucional n 3, de 1993).
A AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE GENRICA
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A competncia
Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar a ao direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, como
estabelece o artigo 102, inciso I, alnea a, da Constituio Federal. Esta a
previso constitucional sobre o rgo competente para exercer o controle
concentrado da constitucionalidade por meio da ao direta de
inconstitucionalidade genrica.
O objeto
Podem ser objeto do controle da constitucionalidade pela via da ao
direta de inconstitucionalidade genrica as leis ou atos normativos federais,
estaduais e distritais (neste caso, somente na hiptese em que o Distrito Federal
estiver exercendo a competncia equivalente dos Estados-Membros).
As leis ou atos normativos que podem ser objeto do controle da
constitucionalidade pela via de ao direta so as espcies normativas previstasno artigo 59 da Constituio Federal, ou seja, as emendas Constituio, as
leis complementares, as leis ordinrias, as leis delegadas, as medidas
provisrias, os decretos legislativos e as resolues. Tambm podem objeto
deste tipo de controle outros atos que tenham autntico contedo normativo.
Por outro lado, no se admite o controle da constitucionalidade pela via
de ao direta das leis ou atos normativos j revogados ou anteriores
Constituio vigente. Tambm os atos normativos e as leis municipais no
podem ser objeto de controle da constitucionalidade pela via de ao direta em
face da Constituio Federal.
A legitimidade
O artigo 103 da Constituio Federal estabelece que so legitimados a
propor a ao direta de inconstitucionalidade o Presidente da Repblica, a Mesa
do Senado Federal, a Mesa da Cmara dos Deputados, a Mesa de Assemblia
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Legislativa, o Governador de Estado, o Procurador-Geral da Repblica, o
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o partido poltico comrepresentao no Congresso Nacional e a confederao sindical ou a entidade
de classe de mbito nacional.
O Supremo Tribunal Federal tem admitido que o Presidente da Repblica,
a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Cmara dos Deputados, o Procurador-
Geral da Repblica, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o
partido poltico com representao no Congresso Nacional tm legitimao
ativa universal, ou seja, estes entes podem propor a ao direta deinconstitucionalidade sobre qualquer assunto, sobre qualquer tema.
Por outro lado, as Mesas das Assemblias Legislativas, os Governadores
de Estado e as confederaes sindicais ou as entidades de classe de mbito
nacional devem demonstrar a existncia de relao de pertinncia entre seus
interesses e o objeto da ao direta de inconstitucionalidade de pretendem
propor. Assim, se no estiver presente o requisito da pertinncia temtica, no
se configura a legitimidade dessas pessoas para propor a ao direta deinconstitucionalidade.
O Procurador-Geral da Repblica e o Advogado-Geral da Unio
O Procurador-Geral da Repblica, quando no for o autor da ao direta
de inconstitucionalidade, deve ser ouvido antes do julgamento da ao pelo
Supremo Tribunal Federal, como prev o artigo 102, 1, da Constituio
Federal.
E o Advogado-Geral da Unio, nas aes diretas de inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo federal ou estadual, deve ser citado para realizar a
defesa do ato ou do texto impugnado, nos termos do artigo 102, 3, da
Constituio Federal.
Os efeitos da deciso
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Na ao direta de inconstitucionalidade, a regra a de que os efeitos da
deciso do Supremo Tribunal Federal que declara a inconstitucionalidade da leiou do ato normativo tem efeitos para todos (erga omnes) e ex tunc(retroativos).
Basta a deciso do Supremo Tribunal Federal para que a lei ou o ato
normativo declarado inconstitucional no tenha mais validade e seja retirado do
ordenamento jurdico, no valendo mais para ningum. Nesses termos, o
Supremo Tribunal Federal age como verdadeiro legislador negativo.
Note-se que, na via de ao direta, o Senado Federal pode participar docontrole da constitucionalidade como autor da ao, mas no atua aps a
deciso do Supremo, com base no artigo 52, inciso X, da Constituio Federal.
Convm lembrar, ainda, que a Lei n 9.868/99 que dispe sobre o
processo e julgamento da ao direta de inconstitucionalidade e da ao
declaratria de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal
estabelece, em seu artigo 27, que ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo, e tendo em vista razes de segurana jurdica ou de excepcionalinteresse social, poder o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois teros
de seus membros, restringir os efeitos daquela declarao ou decidir que ela s
tenha eficcia a partir de seu trnsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado.
Assim, a regra geral a de que a deciso do Supremo Tribunal Federal
que declara a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo, na via de ao
direta, tem efeitos ex tunc e retroativos. Todavia, respeitados os requisitos
previstos no artigo 27 da Lei n 9.868/99, os efeitos da deciso podero ser ex
nunc, a partir do trnsito em julgado, ou de outro momento a ser fixado pelo
prprio Supremo Tribunal Federal.
A AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA
O artigo 1 da Constituio Federal estabelece que a Repblica
Federativa do Brasil formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios
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e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrtico de Direito. O artigo
18, por sua vez, prev que a organizao poltico-administrativa da RepblicaFederativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os
Municpios, todos autnomos, nos termos da Constituio.
Como se ver mais adiante, quando for abordado o tema Federao,
um princpio bsico da forma federativa de Estado a autonomia dos entes que
federativos.
Por esta razo que o artigo 34 da Constituio Federal fixa o princpiode que a Unio no intervir nos Estados, exceto nas hipteses taxativamente
previstas nos incisos deste artigo.
A regra a de que o Presidente da Repblica decreta a interveno
espontaneamente, a no ser que a Constituio Federal condicione a
decretao a alguma outra medida. Uma das hipteses em que se condiciona a
decretao est contida no inciso III do artigo 36 da Constituio Federal, que
diz que a interveno federal depender de provimento, pelo Supremo TribunalFederal, de representao do Procurador-Geral da Repblica, no caso do artigo
34, inciso VII. Esta representao a chamada ao direta de
inconstitucionalidade interventiva, que ser vista a seguir.
Os princpios sensveis
O inciso VII do artigo 34 estatui a possibilidade de interveno da Unio
nos Estados para assegurar a observncia dos seguintes princpios
constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrtico; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d)
prestao de contas da administrao pblica, direta e indireta; aplicao do
mnimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferncias, na manuteno e desenvolvimento do ensino e
nas aes e servios pblicos de sade.
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Estes princpios previstos no inciso VII do artigo 34 da Constituio
Federal so chamados pela doutrina de princpios constitucionais sensveis,pois a violao deles pelos Estados ou pelo Distrito Federal sujeitar estes
entes federativos medida mais drstica em um Estado Federal, qual seja, a
interveno da Unio na autonomia poltica deles.
Assim, se o Distrito Federal ou os Estados-Membros, quando do exerccio
de suas competncias, violarem os princpios sensveis, podero sofrer a
interveno federal.
Ocorre que, nesses casos, a Unio somente poder intervir se o
Procurador-Geral da Repblica propuser a ao direta de inconstitucionalidade
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal e este julg-la procedente.]
Legitimidade e competncia
Percebe-se, portanto, que somente o Procurador-Geral da Repblica tem
legitimidade para propor a ao direta de inconstitucionalidade interventiva.
O rgo competente para julgar a ao direta de inconstitucionalidade
interventiva o Supremo Tribunal Federal.
Finalidades
A ao declaratria de inconstitucionalidade interventiva tem duas
finalidades.
A primeira finalidade jurdica e consiste em obter do Supremo Tribunal
Federal a declarao da inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo do
Estado ou do Distrito Federal que teria violado um dos princpios sensveis
previstos no artigo 34, inciso VII, da Constituio Federal.
E a segunda finalidade poltica: permitir, em razo da declarao da
inconstitucionalidade, que o Presidente da Repblica, com base no artigo 84,
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inciso X, combinado com o artigo 36, inciso III, decrete a interveno no Estado
ou no Distrito Federal que violou o artigo 34, inciso IV, decretao esta que selimitar a suspender a execuo do ato impugnado, se esta medida for
suficiente para restabelecer a normalidade ( 3 do artigo 36).
A AO DECLARATRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
A ao declaratria de constitucionalidade surgiu no direito brasileiro em
1993, por meio da Emenda Constitucional n 3.
Esta Emenda Constituio, entre outros dispositivos, alterou a letra a
do inciso I do artigo 102 e acrescentou o 2 a este mesmo artigo, alm de ter
acrescentado o 4 ao artigo 103.
Objetivo
Com a ao declaratria de constitucionalidade pretende-se alcanar a
declarao da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Em outraspalavras, busca-se obter do Supremo Tribunal Federal uma declarao de que
uma lei federal ou um ato normativo federal compatvel com a Constituio.
Tendo em vista que, por meio do controle difuso da constitucionalidade,
decises judiciais divergentes podem surgir acerca da consonncia de
determinada regra jurdica com a Constituio, surge a ao declaratria de
constitucionalidade para dar segurana jurdica por meio de um pronunciamento
definitivo do Supremo Tribunal Federal acerca da constitucionalidade ou no de
regra em questo.
Como se sabe, as regras jurdicas presumem-se compatveis com a
constitucionais. Todavia, esta presuno das constitucionalidade das leis e dos
atos normativos relativa, ou seja, admite deciso em contrrio. Tanto que, no
Brasil, o Poder Judicirio pode declarar a inconstitucionalidade de uma regra,
que at ento, era considerada constitucional.
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Assim, como adverte Alexandre de Moraes, a ao declaratria de
constitucionalidade surge exatamente para tornar esta presuno relativa deconstitucionalidade em presuno absoluta, em razo de seus efeitos
vinculantes ( 2 do artigo 102 da Constituio Federal).
Por meio dessa ao, como se afirmou acima, busca-se obter do
Supremo Tribunal Federal a declarao definitiva e vinculante sobre a
constitucionalidade de uma regra federal que vem sendo questionada por outros
rgos do Poder Judicirio. Com isso, privilegia-se a uniformidade das decises
judiciais e a segurana das relaes jurdicas.
Competncia e legitimidade
Nos termos da parte final da alnea a do inciso I do artigo 102 da
Constituio Federal, compete ao Supremo Tribunal Federal julgar a ao
declaratria de Constitucionalidade.
Somente o Presidente da Repblica, a Mesa do Senado Federal, a Mesada Cmara dos Deputados e o Procurador-Geral da Repblica tm legitimidade
para propor a ao declaratria de constitucionalidade perante o Supremo
Tribunal Federal.
Objeto
O objeto da ao declaratria de constitucionalidade a lei ou o ato
normativo federal.
Para a propositura da ao declaratria de constitucionalidade
imprescindvel que o autor demonstre, com sua inicial, a existncia de
controvrsia judicial relevante sobre a aplicao da disposio normativa objeto
da ao (artigo 14, inciso III, da Lei n 9.868/99).
Efeitos
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A deciso definitiva de mrito proferida pelo Supremo Tribunal Federal na
ao declaratria de Constitucionalidade produz eficcia contra todos e efeitovinculante relativamente aos demais rgos do Poder Judicirio e ao Poder
Executivo, conforme previso contida no 2 do artigo 102 da Constituio
Federal.
Portanto, ao julgar procedente o pedido, o Supremo Tribunal Federal
proferir deciso declarando que a lei ou o ato normativo federal objeto da ao
compatvel com a Constituio, sendo certo que esta deciso produzir efeitos
ex tunc, erga omnese vinculantes a todos os rgos do Poder Executivo e aosdemais rgos do Poder Judicirio. Assim, todos devero cumprir a lei ou o ato
normativo federal, no podendo deixar de faz-lo sob o argumento de que tal lei
ou ato normativo seria inconstitucional.
A AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSO
Diante de uma inconstitucionalidade por omisso, as pessoas previstas
no artigo 103 da Constituio Federal podero propor ao direta deinconstitucionalidade por omisso, com o intuito de tornar efetiva norma
constitucional.
O 2 do artigo 103 da Constituio Federal prev que, declarada a
inconstitucionalidade por omisso de medida para tornar efetiva norma
constitucional, ser dada cincia ao Poder competente para a adoo das
providncias necessrias e, em se tratando de rgo administrativo, para faz-lo
em trinta dias.
Assim, se a omisso for praticada, por exemplo, pelo Poder Legislativo, o
Supremo Tribunal Federal, declarando a inconstitucionalidade por omisso
perpetrada por esse rgo, dar cincia a ele para que adote as providncias
necessrias a sanar o vcio omissivo. No h, todavia, a possibilidade de
imposio de qualquer sano, abrindo, to somente, a possibilidade de
indenizao para as pessoas lesadas com a omisso, a ser apreciada caso a
caso pelo juiz competente.
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J, se a omisso for, por exemplo, do Presidente da Repblica, oSupremo Tribunal Federal, ao declarar a inconstitucionalidade por omisso
levada a efeito por ele, dar trinta dias para que seja praticado o ato necessrio
a suprir a omisso existente. E, no caso de o Presidente da Repblica no
cumprir a determinao judicial, poder incorrer no crime de responsabilidade
previsto no artigo 85, inciso VII, da Constituio Federal, sujeitando-se, neste
exemplo, ao processo de impeachment.
QUADRO ESQUEMTICO SOBRE O CONTROLE DACONSTITUCIONALIDADE
Via deexceo
ou defesa
Ao Direta deInconstituc.Interventiva
Ao Direta deInconstituc.
Genrica
Ao Direta deInconstituc.por Omisso
Ao Declaratriade
Constitucionalidade
Finalidade
Suspenderpara o casoconcreto osefeitos da
norma contrria Constituio
1. Declarar ainconstitucionalidade da lei ou doato normativoestadual ou
distrital.2. Possibilitar adecretao da
intervenofederal no
Estado-Membroou no Distrito
Federal
Retirar doordenamento
jurdico a normafederal, estadual
ou distritalinconstitucional
Introduzir noordenamento jurdiconorma necessria a
regulamentar aConstituio
Declarar aconstitucionalidade
de lei federalcontestada em face
da Constituio
Legitimidade
Ativa: qualquerpessoa
Passiva:aquele que
exige ocumprimento
de normainconstitucional
Ativa: 36, incisoIII (Procurador-
Geral daRepblica)
Passiva: art. 103 3 CF
(Advogado-Geralda Unio)
Ativa: art. 103CF + art. 2 Lei
9868/99Passiva: art. 103 3 CF + art. 6
Lei 9868/99
Ativa: art. 103 CF+ art. 2 Lei 9868/99
Passiva: rgoomisso
Ativa: art. 103, 4CF
Passiva: no h.
Instrumento Qualquer aojudicial
RepresentaoAo Direta de
Inconstitucionalid
ade (ADIN)
Ao Direta deInconstitucionalidade
por Omisso(ADIN por Omisso)
Ao Declaratria deConstitucionalidade
CompetnciaDifusa: todosos rgos do
Judicirio
Concentrada:STF
(art. 36, III, CF)
Concentrada:STF
(art. 102, I, "a"CF)
Concentrada: STF
Concentrada: STF(art. 102, I, "a" CF)
Efeitos dadeciso
demrito
Efeito:entre as partes
eex nunc
Efeito: autorizaro Presidente da
Repblica adecretar a
intervenofederal
Efeitos:vinculante, ergaomnese ex tunc
Exceo: Art. 27da Lei 9868/99 -
"ex nunc".
Efeitos: dar cinciaao rgo omisso para
que adote asprovidncias
necessrias e, se forrgo administrativo,para que faa em 30dias (art. 103, 2
CF)
Efeitos: vinculante eerga omnes
(Art. 102, 2, CF)
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Participaodo
Senado
Podesuspender a
execuo da leideclarada
inconstitucionalpelo STF (art.
52, X, CF)
No participa
No participa
(exceto se aMesa do Senadofor a autora da
ao)
No participa, exceto
se for o rgo omissoou se a Mesa do
Senado for a autorada ao
No participa, exceto
se a Mesa do Senadofor a autora da ao
FORMAS DE ESTADO
Ao analisar as formas de Estado, ser estudada a diviso espacial do
poder, ou seja, como o poder exercido e repartido num determinado territrio.
Para tanto, imprescindvel a fixao dos conceitos de centralizao e
descentralizao, bem como de soberania e autonomia.
A centralizao do poder ocorre quando este emana de uma s pessoa
ou de um nico rgo. Por outro lado, a descentralizao se caracteriza quando
mais de uma pessoa, mais de um ente, tem a possibilidade jurdica de exercer o
poder.
O exerccio do poder estatal pode se dar, entre outros, por meio da
criao de normas gerais e abstratas e pela execuo dos atos, com
observncias das regras gerais e abstratas.
Quando se diz que um nico rgo tem o poder de executar determinada
regra, est configurada a centralizao administrativa. Por outro lado, quando
esta execuo das normas gerais e abstratas se d por mais de uma pessoa,
ocorre a descentralizao administrativa.
Na hiptese de um nico rgo estatal ter o poder de editar as regras
gerais e abstratas, ou seja, as leis, est caracterizada a centralizao poltica.
Contudo, se mais de um rgo, mais de uma pessoa, mais de uma entidade tem
a possibilidade de editar essas normas gerais e abstratas, ocorre a
descentralizao poltica.
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A soberania se caracteriza pelo poder incontrastvel de mando inerente
ao Estado, a expresso da unidade de uma ordem jurdica. Assim, do pontode vista externo, diz-se que um Estado soberano quando, juridicamente, no
h qualquer outro poder, rgo ou pessoa que lhe seja superior. Portanto,
nenhum Estado pode ditar, sob a tica jurdica, o que um outro Estado soberano
deve ou no fazer.
Por outro lado, a autonomia identificada quando o Estado analisado
do ponto de vista interno. Assim, quando entes estatais exercem, com
independncia, os poderes que lhes so conferidos, diz-se que tais entidadestm autonomia. Se as atribuies desses rgos so para inovar a ordem
jurdica, por meio de regras gerais e abstratas, diz-se que est presente a
autonomia poltica. J, se as atribuies so apenas para administrar, ou seja,
para executar as regras gerais e abstratas, diz-se que h autonomia
administrativa.
ESTADO UNITRIO
A forma de Estado chamada de Estado Unitrio se caracteriza pela
centralizao do poder.
Na prtica, a centralizao poltica pode ocorrer, mas a centralizao
administrativa no, tendo em vista que um Estado centralizado poltica e
administrativamente dificilmente alcanaria seus objetivos.
Assim, existem Estados unitrios centralizados politicamente, mas
descentralizados administrativamente, como tambm h Estados
descentralizados poltica e administrativamente.
A descentralizao, em um Estado unitrio, se concretiza por meio da
manifestao da vontade do rgo central, que delega parcela do poder para
entes descentralizados, autorizando-os a criar leis (descentralizao poltica) ou
a execut-la (descentralizao administrativa).
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Todavia, da mesma forma que o rgo central transfere parte do poder
para outras entidades, ele tem a possibilidade de retir-lo, visto que, ao fazer adelegao do poder, no abre mo dele, preservando a possibilidade de
restaurar a centralizao.
FORMA FEDERATIVA DE ESTADO
O termo federao traz consigo a idia de pacto, de unio, de aliana e
a forma de Estado atualmente adotada pelo Brasil, visto que a Repblica
Federativa do Brasil formada pelo pacto, pela aliana, pela unio indissolveldos Estados, dos Municpios e do Distrito Federal (artigo 1, caput, da
Constituio Federal).
O artigo 18 da Constituio, por seu turno, prev que a organizao
poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio,
os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, todos autnomos, nos termos da
Constituio.
Caractersticas
A primeira caracterstica de uma Federao a existncia da
descentralizao poltica fixada na Constituio. Assim, a Constituio que faz
a repartio de competncias entre o rgo central (Unio) e os demais rgos
descentralizados (como os Estados, no Brasil; as Provncias, na Argentina; os
Cantes, na Sua), determinando que mais de um rgo tem o poder de criar
as normas gerais e abstratas.
Portanto, a Constituio d poderes para o rgo central (Unio) editar
normas vlidas para todo o territrio, bem como confere poderes para que os
entes regionais (Estados-Membros) criem as regras gerais e abstratas com
validade para a sua regio.
Neste sentido que se diz que, numa Federao, no h hierarquia entre
as normas criadas pela Unio e pelos Estados-Membros, porque todos os entes
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federativos vo buscar fundamento de validade de suas regras na Constituio
Federal. Em outras palavras, a Unio no dir o que os Estados-Membrosdevero fazer ou deixar de fazer, nem vice-versa. Tanto a Unio como os
Estados-Membros procuraro saber o que podem ou no fazer levando em
conta as disposies constitucionais.
A segunda caracterstica a de que deve ocorrer a participao da
vontade das ordens jurdicas parciais na vontade criadora da ordem jurdica
nacional, ou seja, os entes descentralizados, que exercem, com autonomia, uma
parcela da soberania, devem participar da criao da lei que vigorar em todo oterritrio nacional.
Isto se d por meio do Senado que, segundo o artigo 46 da Constituio
Federal, compe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
sendo certo que cada Estado e o Distrito Federal elegero trs Senadores (
1 do artigo 46).
Portanto, cada Estado e o Distrito Federal tm, no Senado, o mesmonmero de parlamentares. Como se ver quando do estudo do processo
legislativo, as leis federais, para que validamente entrem em vigor, devem ser
aprovadas tanto pela Cmara dos Deputados como pelo Senado (artigo 65).
Assim, por meio do Senado que as vontades jurdicas parciais (Estados-
Membros e Distrito Federal) participam, de maneira igualitria, na formao da
vontade jurdica nacional.
Requisitos para manuteno
Os requisitos para a manuteno da Federao, como explica Michel
Temer, so a rigidez constitucional e a existncia de um rgo que tenha a
competncia de realizar o controle da constitucionalidade das leis e dos atos
normativos.
Como exposto acima, a rigidez constitucional determina a superioridade
hierrquica das normas constitucionais em relao s demais regras postas no
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sistema jurdico. Por outro lado, se a Constituio for flexvel, sua alterao
poder ocorrer por meio da criao da legislao ordinria, ou seja, num sistemade Constituio flexvel, as regras constitucionais encontram-se no mesmo
patamar hierrquico das leis ordinrias.
Portanto, a rigidez constitucional garante mais estabilidade jurdica s
disposies normativas contidas na Constituio e, desta forma, contribui para a
manuteno da Federao.
Mas para manter a Federao tambm necessria a existncia de umrgo incumbido de exercer o controle da constitucionalidade das leis, pois, do
contrrio, se um rgo federativo invade a competncia atribuda pela
Constituio Federal a outro ente federativo, essa inconstitucionalidade no
seria solucionada, esfacelando a Federao. Por isso, imprescindvel a
existncia de um rgo que controle a constitucionalidade das leis exatamente
para resolver os conflitos de competncia surgidos. Nesse sentido que se diz
que, numa Federao, no existe conflito insupervel de competncia, pois, ao
surgir um conflito desta natureza, existir um rgo encarregado de dizer qualentidade agiu de acordo com a Constituio e qual a violou.
Breve histrico
O primeiro Estado Federativo surgiu nos Estados Unidos da Amrica. L,
as treze colnias inglesas, ao se desvencilharem da metrpole, tornaram-se
Estados independentes.
As treze colnias, apesar de no terem abdicado da soberania que
passaram a possuir, resolveram se unir por meio de um pacto internacional
dissolvel, que acabou criando uma confederao.
A confederao se caracteriza pela unio de vrios Estados soberanos,
que no abrem mo de sua soberania, mas que se associam por um pacto
internacional. Em razo da manuteno da soberania de cada componente da
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Confederao, que aderiu ao tratado internacional, preserva-se a possibilidade
de dissoluo deste pacto, o que o torna, de certo modo, frgil.
Em razo das dificuldades para a execuo do tratado internacional
firmado pelas colnias, James Madison, Alexander Hamilton e John Jay
formularam uma alternativa com o intuito de tornar o pacto entre as colnias
duradouro. E isto se deu por meio da formao da Federao, um pacto
indissolvel entre os participantes, que, na ocasio, elaboraram uma
Constituio prevendo as normas que regeriam o novo Estado soberano,
constitudo pelos entes (antigas treze colnias) que abriam mo da soberaniaque tinham, preservando autonomias legislativas e administrativas.
No Brasil, a formao da Federao se deu de maneira inversa. O
Decreto n 1, de 15 de novembro de 1889, que instituiu a Repblica, tambm
transformou o Estado Unitrio brasileiro em uma Federao, criando os Estados
Federados prevendo a descentralizao do poder.
A Constituio de 1891 consolidou a Federao brasileira, sendo certoque esta forma de Estado foi mantida pelas demais Constituies brasileiras.
Todavia, convm registrar que, na prtica, durante a vigncia da Constituio de
1937, a autonomia dos Estados-Membros foi retirada pelo Decreto-lei n
1.202/39 e, apesar do ressurgimento da Federao com a Constituio de 1946,
a centralizao do poder nas mos da Unio voltou a ocorrer a partir do golpe
militar de 1964. Somente em 1988, o fortalecimento da forma federativa de
Estado volta a ocorrer com as novas previses constitucionais que
descentralizavam o poder, dando mais competncias e autonomias aos
Estados, Municpios e Distrito Federal.
Analisando a formao histrica da Federao norte-americana e da
Federao brasileira possvel compreender porque aquela muito mais
descentralizada do que esta. Isto se deve principalmente pelo fato de que,
enquanto nos Estados Unidos da Amrica, a Federao surgiu da unio entre
vrios Estados soberanos, que abriram mo de pequena parcela do poder que
detinham para formar o novo Estado soberano, no Brasil o processo histrico foi
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inverso: o Estado Unitrio que existia se transformou em uma Federao,
formada por entes descentralizados com poucos poderes, em razo de o podercentral ter abdicado de pequena parcela de suas competncias.
No Brasil, a Federao, como se viu, formada pela Unio, pelos
Estados-Membros, pelos Municpios e pelo Distrito Federal, que se aliam por
meio de um pacto indissolvel. Estes sero os pontos estudados a seguir.
UNIO
Como afirmam Leda Pereira da Mota e Celso Spitzcovsky, a Unio tem
natureza dplice.
Do ponto de vista externo, a Unio a pessoa jurdica de direito pblico
que contrai direitos e obrigaes e exerce, soberanamente, a funo de
representante da Repblica Federativa do Brasil. Assim, a Unio, quando
mantm relaes de coordenao com os outros Estados estrangeiros, exerce a
soberania brasileira.
Os incisos I a IV do artigo 21 da Constituio Federal estabelecem as
hipteses em que a Unio age da maneira exposta acima.
J, do ponto de vista interno, a Unio uma pessoa jurdica de direito
pblico que, com autonomia, exerce no territrio brasileiro as competncias que
a Constituio lhe confere. Portanto, a Constituio Federal dita o que a Unio
poder ou no poder fazer. A Unio assim como os Estados-Membros, o
Distrito Federal e os Municpios , sob a tica interna do Estado brasileiro,
busca na Constituio as suas atribuies para poder exercer, autonomamente,
as funes ali previstas.
COMPETNCIAS DA UNIO
As competncias da Unio podem ser repartidas em dois grandes grupos:
as competncias relativas criao das normas gerais e abstratas,
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denominadas competncias legislativas; e as competncias para executar as
leis, chamadas de competncias no legislativas, tambm conhecidas comoadministrativas ou executivas.
Competncias no legislativas privativas
As competncias no legislativas privativas so aquelas que a
Constituio confere somente Unio e esto previstas no artigo 21 do Texto
Constitucional.
Este artigo formado por vrios incisos que contemplam verbos como
manter, declarar, assegurar, permitir, decretar, autorizar, emitir,
administrar, elaborar, explorar, organizar, exercer, conceder, planejar,
instituir, estabelecer, executar, verbos estes que indicam competncias
administrativas, tambm chamadas de no legislativas, ou seja, no implicam
a edio de normas gerais e abstratas.
Competncias no legislativas comuns
As competncias no legislativas comuns diferem das competncias
administrativas acima mencionadas pelo fato de que a Constituio no as
confere com exclusividade Unio, mas de modo conjunto a todos os entes
federativos.
Assim que o artigo 23 da Constituio Federal estabelece o rol de
competncias comuns da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios. Entre outros deveres, os entes federativos devem, por fora do
disposto no referido artigo, zelarpela Constituio, das leis e das instituies
democrticas; cuidarda sade e assistncia pblica; protegeros documentos,
as obras e outros bens de valor histrico, artstico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos; impedir a evaso, a
destruio e a descaracterizao de obras de arte e de outros bens de valor
histrico, artstico ou cultural; proporcionar os meios de acesso cultura,
educao e cincia; proteger o meio ambiente e combater a poluio em
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editada pela Unio, ao fazer a delegao, autorize todosos Estados e o Distrito
Federal a legislar sobre questes especficas das matrias relacionadas noartigo 22, ou permiteque a referida delegao ocorra a apenas um ou alguns
Estados.
Em ateno ao princpio federativo, que, entre outros pontos, garante a
igualdade entre os entes que compem a Federao, parece-nos mais
adequado entender que, se a Unio utilizar a faculdade prevista no pargrafo
nico do artigo 22 da Constituio Federal, deve faz-lo de modo uniforme a
todos os Estados e ao Distrito Federal, no podendo, ento, privilegiar uma oualgumas das entidades federativas.
Por fim, ainda quanto previso do pargrafo nico do artigo 22 da
Constituio Federal, merece destacar que a Unio, da mesma forma que pode,
por lei complementar, realizar a delegao aos Estados e ao Distrito Federal de
questo especfica das matrias relacionadas no prprio artigo 22, pode,
tambm, no momento em que lhe parecer mais apropriado, revogar a referida lei
complementar, retornando para a Unio a competncia que havia sidotransferida aos outros entes federativos.
Competncias Legislativas Concorrentes
O artigo 24 da Constituio Federal estabelece que compete Unio, aos
Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre, por exemplo,
direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e urbanstico, oramento,
juntas comerciais, custas dos servios forenses, produo e consumo, floresta,
caa, pesca, fauna, proteo ao patrimnio histrico, cultural, turstico e
paisagstico, responsabilidade por dano ao meio ambiente e ao consumidor,
educao, cultura, ensino e desporto, previdncia social, proteo e defesa da
sade, assistncia jurdica e defensoria pblica, proteo e integrao social
das pessoas portadoras de deficincia, proteo infncia e juventude.
Os quatro pargrafos do artigo 24 disciplinam como deve ocorrer a
atuao dos entes federativo quando do exerccio da competncia legislativa
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concorrente. Se no houvesse este regramento, poderiam surgir conflitos
insuperveis de competncia, pois, uma vez que no existe hierarquia entre aUnio, os Estados e o Distrito Federal e se eles podem criar regras gerais e
abstratas sobre um mesmo assunto, qual lei deve prevalecer em caso de
conflito? Para evitar problemas como estes que os do artigo 24 existem.
O 1 do artigo 24 prev que no mbito da legislao concorrente, a
competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais. Portanto, sobre
os assuntos elencados no artigo 24, a Unio no pode, sob pena de
inconstitucionalidade, descer a mincias ou estabelecer regras detalhadas.Deve somente criar as normas gerais sobre os referidos temas.
Nos termos do 2 do artigo 24, a competncia da Unio para legislar
sobre normas gerais, no exclui a competncia suplementar dos Estados e do
Distrito Federal. Assim, os Estados e o Distrito Federal, em ateno aos
interesses de suas respectivas regies, podero criar leis estaduais ou
distritais, no caso do Distrito Federal para atender a suas peculiaridades,
obedecidas as normas gerais editadas pela Unio. Portanto, os Estados e oDistrito Federal podem, quanto s matrias previstas no artigo 24, esmiuar as
regras gerais editadas pela Unio ou criar regras especficas para preencher os
vazios deixados por ela, sempre para atender as peculiaridades deles.
Contudo, a Constituio Federal no deixou os Estados e o Distrito
Federal de mos atadas na hiptese de a Unio no exercer sua competncia
legislativa sobre normas gerais.
Com efeito, o 3 do artigo 24 estatui que, se no existir lei federal sobre
normas gerais, os Estados e o Distrito Federal podero exercer a competncia
legislativa plena ou seja, criar as regras gerais e especficas sobre a matria,
em suas respectivas regies para atender a suas peculiaridades.
Por exemplo, se a Unio no criar as normas gerais sobre custas dos
servios forenses (artigo 24, inciso IV, da Constituio Federal), os Estados e o
Distrito Federal podem editar as normas gerais e especficas sobre este tema,
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valendo tais regras, obviamente, somente para os territrios dos Estados que se
valeram da aludida competncia legislativa plena.
Apesar disso, a Constituio no impossibilitou que a Unio, a qualquer
momento, exercesse sua competncia sobre normas gerais, mesmo quando j
editadas as regras gerais e especficas pelos Estados ou pelo Distrito Federal.
Neste caso, o 4 do artigo 24 estabeleceu que a supervenincia de lei
federal sobre normas gerais suspende a eficcia da lei estadual ou distrital, no
que lhe for contrrio.
Portanto, se depois de o Estado ter legislado sobre norma geral, a Unio
legislar sobre o mesmo assunto, suspende-se a eficcia da lei estadual no que
for contrrio ao disposto da norma criada pela Unio. Note-se que, nesta
hiptese, no h revogao da lei estadual pela lei federal, mas apenas a
suspenso da eficcia da lei estadual no que lhe for contrrio. Assim, revogada
a lei federal sobre as normas gerais, ocorre o restabelecimento da eficcia dos
dispositivos da lei estadual que estavam suspensos.
ESTADOS FEDERADOS
Os Estados Federados, tambm chamados simplesmente de Estados,
so as pessoas jurdicas de direito pblico que compem a Federao e, com
autonomia, exercem parcela da soberania brasileira.
Portanto, os Estados assim como a Unio (vista do mbito interno), os
Municpios e o Distrito Federal so entidades imprescindveis Federao,
que tm capacidade de contrair direitos e obrigaes, exercendo as
competncias que a Constituio lhes confere, com autonomia.
A Constituio Federal determina que cada Estado deve se auto-
organizar e se auto-governar.
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Se no fosse assim, os Estados no poderiam ser considerados
autnomos e, se no tivessem autonomia, no se poderia falar em Federao,uma vez que a forma federativa de Estado pressupe a autonomia dos entes
que a compem.
Auto-organizao e competncias estaduais
Com efeito, os Estados no sero regidos ou organizados por nenhum
outro ente da Federao, quer seja a Unio, quer seja outro Estado ou
Municpio. O artigo 25 da Constituio Federal d a cada Estado o poder decriar sua prpria Constituio (as Constituies Estaduais) e suas prprias leis
(as leis estaduais), segundo suas peculiaridades e obedecidos os princpios da
Constituio Federal. Esta previso constitucional, que garante a cada Estado
Federado o poder de se auto-reger, configura a chamada auto-organizao
estadual.
Nos termos do 1 do artigo 25 da Constituio Federal, so reservadas
aos Estados todas as competncias que no lhe sejam vedadas pelaConstituio Federal.
Estas competncias estaduais so chamadas de residuais, pois, todas
as competncias que no foram dadas pela Constituio Federal Unio e aos
Municpios so conferidas aos Estados.
Alm das competncias residuais, os Estados podem exercer as
competncias delegadas pela Unio, nos termos do pargrafo nico do artigo 22
da Constituio Federal, conforme anlise feita no item acima no ponto relativo
s competncias legislativas privativas da Unio.
O artigo 24 da Constituio Federal, que tambm estudado no item
anterior (competncias legislativas concorrentes), prev outras competncias
dos Estados.
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Com efeito, em ateno aos do artigo 24, os Estados podem
suplementar a legislao da Unio, criando regras especficas e detalhadas paraatender as peculiaridades de sua regio. Mas, se no existirem em relao s
matrias previstas no artigo 24 normas gerais criadas pela Unio, os Estados
podem legislar plenamente, at que sobrevenham as mencionadas regras
gerais, quando, ento, ficaro suspensas as regras estaduais contrrias
legislao federal.
A Constituio Federal tambm confere aos Estados competncias no
legislativas comuns, previstas no artigo 23, que j foram objeto de anlise notpico anterior.
Auto-governo
Outro parmetro da autonomia dos Estados consiste nas previses
contidas na Constituio Federal que garantem a existncia dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judicirio estaduais.
O artigo 27 da Constituio Federal estabelece que a quantidade de
Deputados Estaduais que compem o Assemblia Legislativa deve ser
proporcional ao nmero de Deputados Federais que o Estado tem na Cmara
dos Deputados.
A referida proporo deve obedecer os seguintes critrios: o nmero de
Deputados Estaduais Assemblia Legislativa corresponder ao triplo do
nmero de Deputados Federais que o Estado mantm na Cmara dos
Deputados e, atingindo o nmero de 36 (trinta e seis), ser acrescido de tantos
quantos forem os Deputados Federais acima de 12 (doze).
Cumpre lembrar que o nmero de Deputados Federais proporcional
populao, sendo certo que cada unidade da Federao deve ter no mnimo 8
(oito) e no mximo 70 (setenta) representantes na Cmara dos Deputados, nos
termos do 1 do artigo 45 da Constituio Federal.
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Quanto ao Poder Executivo, a Constituio Federal, em seu artigo 28, fixa
a regra de que o Governador e o Vice-Governador sero eleitos para mandatode 4 (quatro) anos.
Ser considerado eleito Governador o candidato que, registrado por
partido poltico, obtiver a maioria absoluta dos votos, no computados os em
brancos e os nulos. Se nenhum candidato alcanar maioria absoluta na primeira
votao (que deve ser no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
trmino do mandato), ser feita nova eleio no ltimo domingo de outubro,
concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aqueleque obtiver a maioria dos votos vlidos (todos os votos, menos os em branco e
os nulos).
Estas regras que consagram os chamados dois turnos de votao na
eleio para o cargo de Governador so alcanadas por meio da combinao do
artigo 28 com o artigo 77 da Constituio Federal.
Alm de estar filiado a um partido poltico, so condies de elegibilidadedo Governador: a nacionalidade brasileira, o pleno exerccio dos direitos
polticos, o alistamento eleitoral, o domiclio eleitoral na circunscrio e a idade
mnima de 30 (trinta) anos, conforme artigo 14, 3, da Constituio Federal.
Outras hipteses de inelegibilidade podem ser encontradas nos deste
mesmo artigo, bem como na Lei Complementar n 64/90, alterada pela Lei
Complementar n 81/94.
O 5 do artigo 14 da Constituio, com a redao determinada pela
Emenda Constitucional n 16/97, consagra, ainda, a possibilidade de reeleio
do Governador, para um nico mandato subseqente.
Por fim, o artigo 125 prescreve que os Estados organizaro sua Justia,
observados os princpios estabelecidos na Constituio Federal. O 1 do
referido artigo 125 diz que a competncia dos tribunais ser definida na
Constituio do Estado, sendo a lei de organizao judiciria de iniciativa do
Tribunal de Justia. E o 2 do mesmo artigo, por sua vez, estabelece que cabe
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aos Estados a instituio da representao de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituio Estadual,vedada a atribuio da legitimao para agir a um nico rgo.
MUNICPIOS
Os Municpios so pessoas jurdicas de direito pblico interno que
exercem, autonomamente, parcela da soberania brasileira. Estes entes polticos
tm o poder de exercer suas competncias nos termos estabelecidos pela
Constituio. Ademais, aos Municpios a Constituio Federal garante asprerrogativas de auto-organizao e de auto-governo.
Auto-organizao e competncias municipais
O Municpio se auto-organiza e regido por meio da criao de lei
orgnica prpria votada em dois turnos e aprovada por 2/3 (dois teros) dos
membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios
estabelecidos na Constituio Federal e na Constituio do respectivo Estado.
A lei orgnica municipal pode ser considerada como uma Constituio do
Municpio dentro daquele mbito territorial.
Alm da lei orgnica, o Municpio tem o poder de editar suas outras leis,
levando em conta as competncias fixadas constitucionalmente, especialmente
as previstas nos incisos do artigo 30 da Constituio Federal.
A principal competncia municipal a de legislar sobre questes de
interesse local (artigo 30, inciso I). A expresso interesse local significa
interesse predominantemente local, ou seja, no se trata de interesse
exclusivamente local, mas aquele que diz respeito mais de perto ao Municpio,
como, por exemplo, a limpeza urbana e o transporte pblico coletivo no
municpio.
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Os Municpios tambm tm as competncias no legislativas comuns
previstas no artigo 23 da Constituio Federal e abordadas acima quando foramanalisadas as competncias da Unio.
Alm disso, compete aos Municpios suplementar a legislao federal e a
estadual no que couber (artigo 30, inciso II).
Auto-governo
A Constituio Federal estabelece que os Municpios tm Legislativo eExecutivo prprios.
O Legislativo municipal formado pela Cmara dos Vereadores, que
composta por um nmero de vereadores proporcional populao do Municpio,
observados os limites previstos no artigo 29, inciso IV, da Constituio Federal.
Quanto ao Poder Executivo municipal, a Constituio Federal, em seu
artigo 29, incisos I a III, estabelece que o Prefeito e o Vice-Prefeito, mediantepleito direto, sero eleitos para mandato de 4 (quatro) anos.
Ser considerado eleito Prefeito o candidato que obtiver a maioria dos
votos, no computados os em brancos e os nulos. Nos Municpios com mais de
duzentos mil eleitores, a eleio ocorrer em dois turnos se nenhum dos
candidatos obtiver a maioria absoluta dos votos vlidos na primeira votao.
Assim, nos Municpios com mais de duzentos mil eleitores, se nenhum
candidato alcanar maioria absoluta na primeira votao (que deve ser no
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao trmino do mandato), ser feita
nova eleio no ltimo domingo de outubro, concorrendo os dois candidatos
mais votados, considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos
vlidos (todos os votos, menos os em branco e os nulos).
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As regras que prevem os dois turnos de votao na eleio para o
cargo Prefeito de Municpio com mais de duzentos mil eleitores esto contidasnos artigos 29, inciso II, e 77 da Constituio Federal.
So condies de elegibilidade do Prefeito: a nacionalidade brasileira, o
pleno exerccio dos direitos polticos, o alistamento eleitoral, o domiclio eleitoral
na circunscrio, a filiao partidria e a idade mnima de 21 (vinte e um) anos,
conforme artigo 14, 3, da Constituio Federal. Outras hipteses de
inelegibilidade so encontradas nos deste mesmo artigo, bem como na Lei
Complementar n 64/90, alterada pela Lei Complementar n 81/94.
O 5 do artigo 14 da Constituio, com a redao dada pela Emenda
Constitucional n 16/97, estabelece, tambm, a possibilidade de reeleio do
Prefeito, para um nico perodo subseqente.
Convm mencionar que o fato de os Municpios no terem representantes
no Senado como ocorre com os Estados e o Distrito Federal, por fora do
disposto no artigo 46 da Constituio Federal , bem como no terem Judicirioprprio no os descaracterizam como entes federativos essenciais
configurao da Federao brasileira.
DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal tambm uma pessoa jurdica de direito pblico
interno, que compe a Federao brasileira, exercendo com autonomia as
competncias que lhe so dadas pela Constituio Federal.
Este ente federativo assim como os outros analisados acima se
auto-organiza e se auto-governa.
Auto-organizao e competncias distritais
O Distrito Federal se auto-organiza e regido por lei orgnica prpria
votada em dois turnos e aprovada por 2/3 (dois teros) dos membros da Cmara
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Convm relembrar que o nmero de Deputados Federais proporcional
populao, sendo que cada unidade da Federao (Estados e Distrito Federal)deve ter no mnimo 8 (oito) e no mximo 70 (setenta) representantes na Cmara
dos Deputados, conforme disposio do 1 do artigo 45 da Constituio
Federal.
Quanto ao Poder Executivo, a Constituio Federal, no artigo 32, 2,
prescreve que a eleio do Governador e do Vice-Governador do Distrito
Federal coincidir com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para
mandato de igual durao, ou seja, 4 (quatro) anos.
Ser considerado eleito Governador o candidato que, registrado por
partido poltico, obtiver a maioria absoluta dos votos, no computados os em
brancos e os nulos. Se nenhum candidato alcanar maioria absoluta na primeira
votao (que deve ser no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
trmino do mandato), ser feita nova eleio no ltimo domingo de outubro,
concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
que obtiver a maioria dos votos vlidos (todos os votos, menos os em branco eos nulos).
Estas regras que consagram os chamados dois turnos de votao na
eleio para o cargo de Governador do Distrito Federal so alcanadas por meio
da interpretao dos artigos 32, 2, e 77 da Constituio Federal.
Alm de estar filiado a um partido poltico, so condies de elegibilidade
do Governador do Distrito Federal: a nacionalidade brasileira, o pleno exerccio
dos direitos polticos, o alistamento eleitoral, o domiclio eleitoral na
circunscrio e a idade mnima de 30 (trinta) anos, conforme artigo 14, 3, da
Constituio Federal. Outras hipteses de inelegibilidade esto previstas nos
deste mesmo artigo e na Lei Complementar n 64/90, alterada pela Lei
Complementar n 81/94.
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O 5 do artigo 14 da Constituio, com a redao conferida pela
Emenda Constitucional n 16/97, estabelece a possibilidade de reeleio doGovernador do Distrito Federal, para um nico mandato subseqente.
No tocante ao Poder Judicirio do Distrito Federal, a Constituio
prescreve que compete Unio organiz-lo e mant-lo (artigo 22, inciso XIII, e
artigo 48, inciso IX, da Constituio Federal), afetando parcialmente a
autonomia deste ente federativo.
Por fim, sobreleva notar que o caputdo artigo 32 da Constituio impedea diviso do Distrito Federal em Municpios.
TERRITRIOS
Como se nota do disposto no artigo 18, caput e 2, da Constituio
Federal, os Territrios integram a Unio, sendo certo que a organizao poltico-
administrativa da Repblica Federativa do Brasil no compreende, portanto, os
Territrios, uma vez que ela formada somente pela Unio, pelos Estados, peloDistrito Federal e pelos Municpios.
Assim, pode-se dizer que os Territrios Federais no compem
autonomamente a Federao brasileira e so apenas descentralizaes
administrativas-territoriais da prpria Unio.
Apesar de, atualmente, no existirem, de fato, Territrios Federais no
Brasil tendo em vista o disposto nos artigos 14 e 15 dos Atos das Disposies
Constitucionais Transitrias, que transformaram os ento Territrios de Roraima
e do Amap em Estados Federados e incorporaram o Territrio de Fernando de
Noronha ao Estado de Pernambuco , existe a possibilidade jurdica de criao
destas entidades.
Tanto que o artigo 12 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias
determinou a criao de uma Comisso de Estudos Territoriais com a finalidade
de apresentar estudos sobre o territrio nacional e anteprojetos relativos a
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novas unidades territoriais, notadamente da Amaznia Legal e em reas
pendentes de soluo.
Todavia, se forem criados novos Territrios, eles no tero, como se viu
acima, as caractersticas que so prprias dos entes federativos, como a
autonomia para exercer as competncias que a Constituio estabelece.
Assim que o artigo 33, capute 3, da Constituio Federal, prev que
uma lei federal e no uma lei criada pelo prprio Territrio dispor sobre a
organizao administrativa e judiciria dos Territrios (Lei n 8185/91), bemcomo sobre as eleies para a Cmara Territorial e sua competncia
deliberativa.
Tambm no 3 do artigo 33 encontra-se a disposio segundo a qual os
Territrios Federais com mais de cem mil habitantes, alm de Governador
nomeado pelo Presidente da Repblica (artigo 84, inciso XIV) e sabatinado pelo
Senado Federal (artigo 52, inciso III, letra c), tero rgos do Poder Judicirio
de primeira e segunda instncia, membros do Ministrio Pblico e defensorespblicos federais.
Com isso, conclui-se que os Territrios Federais no tm autonomia e
no so essenciais Federao. Se existirem ou no a Federao sobreviver.
INTERVENO