As soluções judiciais para a crise do sistema prisional gaúcho: um exemploprivilegiado do ativismo à brasileira

RESUMO

AUTOR PRINCIPAL:José Paulo Schneider dos Santos

E-MAIL:josepauloschneider@yaho.com.br

TRABALHO VINCULADO À BOLSA DE IC::Probic Fapergs

CO-AUTORES:Bruno Ortigara Dellagerisi

ORIENTADOR:André Karam Trindade

ÁREA:Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes

ÁREA DO CONHECIMENTO DO CNPQ:Direito Constitucional e Filosofia do Direito

UNIVERSIDADE:IMED PASSO FUNDO

INTRODUÇÃO:O presente trabalho busca abordar o panorama político-jurídico brasileiro, trabalhando as problemáticas verificadas em faceda existência do descumprimento crônico do texto constitucional. O esgotamento de problemas teóricos aparentes nocontexto jurídico do País se faz necessário, uma vez que esse cenário não se mostra propício à edificação da ideia desustentabilidade, que vem ganhando espaço nas discussões de políticas públicas e garantias constitucionais. Para tanto apesquisa trata do problema do ativismo judicial, levando em conta o caso privilegiado proporcionado pelas decisõesjudiciais proferidas diante a crise do sistema prisional no Rio Grande do Sul, em face da superlotação e das condiçõesverificadas nos últimos anos. A questão central gira em torno da (i)legitimidade da intervenção dos juízes e tribunais, cujasdecisões se fundamentam em argumentos políticos, que podem ultrapassar os limites da atuação do Poder Judiciário noparadigma da democracia constitucional.

METODOLOGIA:O método adotado é o fenomenológico-hermenêutico. A pesquisa é dividida em três etapas (1) pesquisa bibliográfica,voltada ao fenômeno jurídico investigado; (2) pesquisa empírica, consistente no estudo de casos, mais especificamente areconstrução da atual situação prisional através da análise das notícias divulgadas na imprensa local ao longo da últimadécada (2003/2013) e das estatísticas dos órgãos ligados à administração penitenciária estadual (SUSEPE/RS) e federal(DEPEN/MJ); (3) produção bibliográfica, consistente na divulgação dos resultados através da publicação de textos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:O presente trabalho, cuja pesquisa ainda se encontra em andamento, propõe a aplicação de referencial teórico a umproblema concreto ¿ a superlotação dos presídios e a crise do sistema penitenciário ¿, denunciando o crescente ativismojudicial praticado em terra brasilis. Destaque-se que tal ativismo não corresponde àquele verificado em outros países, tantoligados à tradição da common law como da civil law. Ao contrário das experiências estrangeiras, especialmente aestadunidense e a alemã, o ativismo brasileiro caracteriza-se pelo (ab)uso de argumentos políticos e pela fortediscricionariedade nas decisões judiciais, evidenciando que os juízes permanecem atrelados ao paradigma moderno dafilosofia da consciência. Isto porque, ao suspenderem a aplicação da lei e formularem uma solução alternativa ¿ concessãode prisão domiciliar aos apenados em razão da falta de vagas ¿, os juízes e desembargadores gaúchos instituíram umaespécie de estado de exceção, que não encontra fundamento na Constituição de 1988. A referida crise abrange questõesde caráter jurídico-político, na medida em que o judiciário, a partir do ano de 2009, assume uma postura ativista -gerenciamento judicial - com o fito de intervir no descumprimento crônico da Lei de Execução Penal, bem como concretizar(proteger) as garantias constitucionais dos apenados, corriqueiramente desrespeitadas na conjectura prisional do RioGrande do Sul. O que se investigou e pretende-se mostrar, portanto, é a nítida presença de uma intervenção judicial ¿ cuja(i)legitimidade democrática constitui um dos eixos centrais ¿ na esfera política, sob o álibi retórico da necessidade deconcretização dos direitos fundamentais em vista, o que resulta no aumento da tensão entre os poderes da República.Desse modo, o trabalho visa à caracterização e análise do ¿ativismo à brasileira¿, ilustrado a partir das ¿soluçõesjudiciais¿ formuladas diante da caótica situação do sistema prisional gaúcho.

CONCLUSÃO:Por fim, pretendeu-se discutir o alto déficit de legitimidade democrática, na medida em que, no Estado Democrático deDireito, as decisões judiciais devem ser adequadas à Constituição, não devendo ser fundamentadas a partir de juízosdiscricionários ou de argumentos de política, mas observar os limites e os mandamentos constitucionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:DWORKIN, Ronald. O império do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2010. STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica Jurídicae(m) Crise. 10. ed. Porto Alegre: Livraria dos Advogados, 2011. STRECK, Lenio Luiz. TASSINARI, Clarissa. Jurisdição eAtivismo judicial: limites da atuação do Judiciário. Porto Alegre: Livraria dos Advogados, 2013.

Assinatura do aluno Assinatura do orientador