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Um programa de 10 pontos para uma maiorcoesão entre as regiões da Europa*

Nós, os ministros dos Estados membros do Conselho da Europa reunidos na12ª Sessão da Conferência Europeia de Ministros responsáveis peloOrdenamento do Território, realizada em Hanôver nos dias 7 e 8 de Setembrode 2000, discutimos a política de desenvolvimento territorial e o seu contributopara uma maior coesão social na Europa.

Agradecemos à Assembleia Parlamentar e à Conferência de Poderes Locais eRegionais da Europa a sua participação e o seu contributo, especialmente pelotrabalho desenvolvido em relação às regiões de montanha.

• Acreditamos que a coesão social na Europa, que na Segunda Cimeira de10 e 11 de Outubro de 1997 foi definida como um dos principais objectivosdo Conselho da Europa pelos Chefes de Estado e de Governo dos nossosEstados membros, tem que ser acompanhada por políticas dedesenvolvimento territorial sustentável que harmonizem as exigências sociaise económicas em relação ao território com as suas funções ecológicas eculturais;

• Consideramos que um dos objectivos do Conselho da Europa é ofortalecimento da democracia na Europa, tanto a nível local como a nívelregional, através de um desenvolvimento territorial mais equilibrado do nossocontinente;

• Consideramos o Conselho da Europa como a organização europeia emque todos os Estados europeus têm a possibilidade de cooperarem numabase de igualdade de direitos e que a Conferência Europeia de Ministrosresponsáveis pelo Ordenamento do Território (e o seu Comité) é um órgãopolítico adequado que poderá contribuir para a coordenação de objectivos eestratégias comuns para o desenvolvimento territorial a nível europeu;

• Acreditamos ser necessário reforçar a cooperação transeuropeia,inter-regional e transfronteiriça entre os Estados, as regiões e as autoridadeslocais no domínio do ordenamento do território, especialmente entre ospaíses da Europa Ocidental e da Europa Central e Oriental, com vista aassegurar a coesão social e territorial do continente europeu como um todo.

*adoptado na 12ª sessão da Conferência Europeia de Ministros responsáveis peloOrdenamento do Território, realizada em 7 e 8 de Setembro de 2000, em Hanôver.

Como resultado dos nossos trabalhos:

1. Consideramos que o documento adoptado sob o título “PrincípiosOrientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável doContinente Europeu” é:

• um importante contributo para a implementação da estratégia de coesãosocial adoptada na Segunda Cimeira de Chefes de Estado e deGoverno, realizada em 1997;

• um documento de orientação política que tem em consideraçãoactividades relevantes desenvolvidas pelo Conselho da Europa e seusórgãos e, sobretudo, o trabalho da Assembleia Parlamentar e daConferência de Poderes Locais e Regionais da Europa no domínio dapolítica de ordenamento do território do continente, e que podecontribuir para reforçar o processo de integração europeia através dacooperação transfronteiriça, inter-regional e transnacional;

• uma estratégia coerente para o desenvolvimento integrado eregionalmente equilibrado do nosso continente que, tendo por base osprincípios da subsidariedade e da reciprocidade, reforça acompetitividade, a cooperação e a solidariedade transfronteiras entre asautoridades locais e regionais, contribuindo assim para a estabilidadedemocrática da Europa;

• um conjunto de princípios gerais que ajudarão a reforçar o processo daintegração europeia através da cooperação transfronteiriça, inter-regionale transnacional.

2. Recomendamos às autoridades nacionais e regionais que:

• utilizem os “Princípios Orientadores” como documento de referênciapara medidas nacionais de ordenamento e de desenvolvimento doterritório;

• implementem, de forma adequada, os “Princípios Orientadores” nosprojectos nacionais e internacionais de ordenamento do território ;

• mantenham e intensifiquem a cooperação com os Estados da EuropaCentral e Oriental e do Sudeste Europeu com reformas em curso, paraos auxiliar na criação de órgãos governamentais e serviçosadministrativos regionais, contribuindo assim para uma melhor integraçãoterritorial das várias regiões europeias.

3. Saudamos

• os progressos alcançados na coordenação de objectivos e estratégiascomuns de desenvolvimento territorial na União Europeia (EDEC) , naregião do Mar Báltico (VASAB 2010), na região do Mar do Norte(NorVision), na Europa Central e no Sudeste Europeu ( VISIONPLANET) e na região mediterrânica (MED-OCC e ARCHIMED), bemcomo os mecanismos de cooperação regional (por exemplo, a Iniciativapara a Europa Central, o Conselho de Cooperação Económica do MarNegro, o Conselho dos Estados do Mar Báltico).

4. Acordamos

• em cooperar em projectos concretos de ordenamento do território nosespaços de cooperação Interreg III B e solicitamos a todos os Estadosmembros do Conselho da Europa que, independentemente de desejaremou não aderir à União Europeia, participem no processo de cooperaçãoque existe entre os Estados membros da União Europeia em relação aoordenamento do território e à investigação neste domínio;

• em dar continuidade ao conjunto de projectos lançados pela Alemanhano quadro das actividades do Interreg.

5. Convidamos

• a União Europeia a rever os regulamentos que actualmente se aplicam àcooperação, no âmbito de projectos, entre as iniciativas Interreg e osprogramas PHARE e TACIS, tendo em vista a melhoria da suacoordenação,

• os Estados que não fazem parte da União Europeia a explorarem as suaspróprias possibilidades de melhorar a cooperação entre os programasem causa.

6. Sugerimos

• que os Estados da região do Mar Negro e da região Euromediterrânicacolaborem em estratégias prospectivas de desenvolvimento territorial,elaboradas com base nos “Princípios Orientadores”.

7. Salientamos

• a necessidade de acelerar o processo de desenvolvimento e implementaçãoda rede pan-europeia de transportes (especialmente os 10 corredores pan-europeus de transportes), como um requisito indispensável para melhorar aacessibilidade de extensas áreas de todo o continente, e chamamos aatenção para a possível necessidade de se reverem e alargarem os acordosalcançados em relação ao traçado que essas redes irão assumir, tendo emconta critérios de desenvolvimento sustentável do território e do ambiente,

• a necessidade de intensificar o diálogo entre a Conferência Europeia deMinistros responsáveis pelo Ordenamento do Território (CEMAT) e asinstituições europeias, especialmente a Comissão Europeia, e asorganizações internacionais como, por exemplo, a OCDE e as instituiçõesdas Nações Unidas (Comissão Económica para a Europa e Comissão deDesenvolvimento Sustentável), em questões relacionadas com odesenvolvimento territorial, tanto na Europa como fora do território europeu,sendo necessário definir mais claramente a repartição de responsabilidadesentre estas instituições, de forma a evitar a duplicação de actividades.

8. Solicitamos

• às instituições de financiamento europeias que utilizem o documento“Princípios Orientadores” como uma base informativa mais alargada para osprocessos de tomada de decisão para a concessão de apoio a projectos deordenamento do território.

9. Convidamos o Comité de Ministros do Conselho da Europa

• a contribuir para a aplicação dos “Princípios Orientadores”, especialmenteatravés dos instrumentos do Conselho da Europa,

• a tomar em consideração o documento “Princípios Orientadores” e a suaabordagem integrada em relação ao processo de tomada de decisão durantea discussão e votação de projectos com impacto no ordenamento doterritório,

• a manter as actividades da Conferência Europeia de Ministros responsáveispelo Ordenamento do Território (CEMAT) no programa de trabalhointergovernamental da organização,

• a iniciar imediatamente um programa de formação destinado a ajudar asautoridades responsáveis pelo ordenamento do território a nível regional elocal nos novos Estados membros do Conselho da Europa adesempenharem da melhor forma possível as tarefas da sua competência,

• a transformar o Comité de Altos Funcionários num Comité Director.

10. Apelamos às autoridades locais e regionais da Europa

• para apoiarem os esforços desenvolvidos pela Conferência Europeia deMinistros responsáveis pelo Ordenamento do Território no sentido de sealcançar um desenvolvimento regional sustentável e equilibrado naEuropa, através da aplicação dos princípios da parceria e dasubsidariedade.

Os resultados da nossa conferência serão transmitidos aos nossosGovernos e Parlamentos e tornados acessíveis ao público.

Organização da 13ª sessão da ConferênciaEuropeia de Ministros responsáveis pelo

Ordenamento do Território*

Os ministros participantes na 12ª sessão da Conferência Europeia deMinistros responsáveis pelo Ordenamento do Território:

expressam os seus sinceros agradecimentos ao Governo Alemão por terorganizado a 12ª sessão e pela sua amável hospitalidade;

consideram que, de um ponto de vista operacional e racional, éconveniente que a preparação das sessões ministeriais e a implementaçãode qualquer programa intergovernamental de actividades relacionadas como desenvolvimento regional sustentável na Europa esteja a cargo de umúnico Comité plenário;

consideram que não é possível a promoção e a implementação dodesenvolvimento territorial, do ordenamento do território e da coesãoentre países vizinhos, sem o envolvimento activo dos representantesnacionais, regionais e locais;

têm o prazer de aceitar a oferta do Governo Eslovaco para organizar a13ª sessão da Conferência em Liubliana em 2003;

decidem que o tema da 13ª sessão será:

Implementação de estratégias e projectos para o desenvolvimentoterritorial sustentável do continente europeu

solicitam ao Comité de Altos Funcionários que:

1. tome as medidas necessárias para preparar a 13ª sessão e paraassegurar a implementação das resoluções aprovadas na 12ª sessão;

2. organize, antes da próxima Conferência ministerial, um Fórum com aparticipação da Assembleia Parlamentar e da Conferência dos PoderesLocais e Regionais da Europa, com o objectivo de recolher as opiniõesdos representantes eleitos a nível nacional, regional e local sobre aimplementação das decisões tomadas na 12ª sessão da ConferênciaEuropeia de Ministros responsáveis pelo Ordenamento do Território esobre os principais tópicos do tema a discutir na próxima sessão;

*Resolução nº 2, aprovada na 12ª Conferência Europeia de Ministros responsáveispelo Ordenamento do Território, realizada em 7 e 8 de Setembro de 2000, em Hanôver.

3. continue a formular, com base nos “Princípios Orientadores”, soluções epolíticas concretas e sustentáveis, com o objectivo de alcançar umdesenvolvimento mais equilibrado e uma maior coesão territorial docontinente europeu;

4. promova a cooperação transnacional e inter-regional, através deprojectos de desenvolvimento apoiados pelos mecanismos comunitáriose pelas instituições financeiras internacionais e dedique uma especialatenção às zonas rurais, às regiões de montanha, às bacias hidrográficase às regiões mediterrânicas. Solicitamos ao Comité de AltosFuncionários que apresente resultados concretos ou avaliações napróxima conferência CEMAT.

solicitam ao Comité de Ministros do Conselho da Europa que continue aproporcionar ao secretariado da Conferência os recursos necessários paraorganizar a próxima sessão e para executar as tarefas entre sessões.

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento TerritorialSustentável do Continente Europeu

Índice

Prefácio 1

I. Contributo dos “Princípios Orientadores” para a implementação da estratégia 2de coesão social do Conselho da Europa

II. Política de ordenamento do território na Europa: 3novos desafios e perspectivas a nível continental

III. Papel específico do sector privado no ordenamento do território 7

IV. Princípios de uma política de ordenamento para o desenvolvimento sustentável 9da Europa

V. Medidas de ordenamento para diferentes tipos de regiões europeias 12

VI. Reforço da cooperação entre os Estados membros do Conselho da Europa 18e participação das regiões, dos municípios e dos cidadãos

Perspectivas

Anexo

Quadros e mapas

Mapa 1 Estados membros do Conselho da Europa 3

Mapa 2 Rede pan-europeia de transportes 6

Mapa 3 Coesão social na Europa 8

Quadro 1 Comparação entre a Europa e outras regiões do mundo 25

Quadro 2 Produto Interno Bruto per capita em dólares americanos expresso 25em paridade de poder de compra, 1997

Mapas UE - Espaços de cooperação da iniciativa comunitária Interreg III B 26

Prefácio

(1) Nos últimos dez anos, deram-se passosdecisivos e de importância histórica nosentido da integração europeia, de queresultaram novas tarefas e prioridades para oConselho da Europa. Os “PrincípiosOrientadores para o DesenvolvimentoTerritorial Sustentável do ContinenteEuropeu” representam o contributo daConferência Europeia de Ministrosresponsáveis pelo Ordenamento do Território(CEMAT) para uma estratégia de coesãosocial. Os “Princípios Orientadores”salientam a dimensão territorial dos direitosdo homem e da democracia. O seu objectivoé definir as medidas de uma política deordenamento do território que permita àpopulação de todos os Estados membros doConselho da Europa atingir um nível de vidaaceitável. Trata-se de um requisito essencialpara a estabilização das estruturasdemocráticas das regiões e municípioseuropeus.

(2) Os “Princípios Orientadores” baseiam-se na Carta Europeia do Ordenamento doTerritório (Carta de Torremolinos, 1983).1 EstaCarta estabelece princípios para as políticasnacionais e europeias de modo a contribuirpara um melhor ordenamento do território dosentão 22 Estados membros do Conselho daEuropa e para a resolução de problemas queultrapassem as fronteiras nacionais.

(3) O Conselho da Europa conta actualmentecom 41 Estados membros e, salvo algumasexcepções, abrange todo o continenteeuropeu, bem como algumas regiõessetentrionais do continente asiático. Pelaprimeira vez, quase todos os países europeusestão unidos na defesa dos direitos do

homem e da democracia, o que significa queo Conselho da Europa assumiu uma dimensãocontinental. Os “Princípios Orientadores”têm por objectivo assegurar a participaçãoactiva de todas as regiões e municípios nesteprocesso de integração e democratizaçãoeuropeias. Para tal, é necessário reduzirrapidamente a distância que separa as “duasEuropas”, isto é, os antigos e os novosmembros, incluindo as respectivas regiões emunicípios.

(4) O continente europeu é caracterizadopela sua diversidade. A implementação deprincípios de desenvolvimento sustentável,válidos à escala europeia, deverá processar-se de modo igual a nível nacional, regional elocal. Os “Princípios Orientadores”defendem os princípios da subsidariedade eda reciprocidade como requisitos dademocracia e também como forma de preservara “unidade na diversidade” da Europa,resultante da sua história e geografia.

(5) Os “Princípios Orientadores para oDesenvolvimento Territorial Sustentável doContinente Europeu” proporcionam aosEstados membros do Conselho da Europa,incluindo as respectivas regiões e municípios,um enquadramento para a cooperação,flexível e orientado para o futuro. Estesprincípios representam uma visão ouconceito de desenvolvimento sustentáveldestinado aos vários órgãos políticos esociais que, na preparação do nosso futuro,trabalham nos diferentes níveis, dentro e forado sector público. A aceitação destasdirectrizes políticas baseia-se na cooperaçãovoluntár ia . Não são jur id icamentevinculativas.

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu1

(6) Em 1989, a Europa saía de várias décadasde divisão política, em que não só os sistemaspolíticos, mas a própria organização dasociedade divergiam totalmente. Desdeentão, o número de países da Europademocrática passou de 22 para 41 (ver Mapa1), pelo que a área actualmente abrangida peloConselho da Europa conta com 770 milhõesde habitantes, representando quase 14% dapopulação mundial (ver Anexo, Quadro 1).Com a adesão de novos estados, aumentaramas disparidades económicas entre os Estadosmembros do Conselho da Europa . Enquantoo PIB per capita (expresso em paridade depoder de compra) ultrapassa os 20.000 dólaresamericanos em 14 dos antigos Estadosmembros, é inferior a 5.000 dólares americanosem 11 dos novos Estados membros (verAnexo, Quadro 2). Em termos absolutos econsiderado à escala mundial, o PIB daEuropa, que corresponde a 9,9 triliões dedólares americanos (1995), é superior aos dosestados que fazem parte do Acordo deComércio Livre da América do Norte(NAFTA) (7,9 triliões de dólares americanos).Porém, quando expresso em relação àpopulação, corresponde a 12.000 dólaresamericanos, valor claramente inferior ao daNAFTA (20.000). Contudo, é superior ao daMERCOSUR (5.000), a zona de comércio livreda América Latina.

(7) Em resposta às disparidades existentesem termos de condições sociais, os Chefesde Estado e de Governo declararam, naSegunda Cimeira do Conselho da Europarealizada em Estrasburgo em Outubro de 1997,que “a coesão social é uma das necessidadesmais prementes da grande Europa ”2 e deraminstruções ao Comité de Ministros para estes“definirem uma estratégia de coesão socialpara responder aos desafios que se colocamà sociedade”3. A Conferência Europeia deMinistros responsáveis pelo Ordenamentodo Território (CEMAT) deveria tambémcontribuir para se alcançar este objectivo,através da promoção do desenvolvimentosustentável e regionalmente equilibrado detodas as regiões europeias, o que contribuiriapara reforçar as estruturas democráticas nas

regiões e municípios do Conselho da Europae para aumentar a competitividadeinternacional da Europa.

(8) De acordo com o conceito desustentabilidade, os “PrincípiosOrientadores para o DesenvolvimentoTerritorial Sustentável do ContinenteEuropeu” têm em consideração asnecessidades de todos os habitantes dasregiões europeias, sem comprometerem osdireitos fundamentais e as perspectivas dedesenvolvimento das gerações futuras. Estesprincípios têm como principal objectivo aharmonização entre as expectativaseconómicas e sociais em relação ao territórioe as suas funções ecológicas e culturais,contribuindo assim para umdesenvolvimento territorial equilibrado, alongo prazo e em grande escala. Desta forma,a implementação dos “PrincípiosOrientadores” exige uma estreita cooperaçãoentre o o ordenamento do território e aspolíticas sectoriais cuja implementaçãoinfluencia as estruturas territoriais da Europa(política de desenvolvimento territorial). Os“Princípios Orientadores” têm ainda emconsideração a cooperação internacional anível global como acontece, por exemplo, nocontexto da Comissão de DesenvolvimentoSustentável da Nações Unidas.

(9) Os “Princípios Orientadores” retiramconclusões de diversos documentos doConselho da Europa, em especial daConvenção-Quadro Europeia sobre aCooperação Transfronteiriça entre ascolectividades ou autoridades locais4, a Cartade Torremolinos, o trabalho de análise parauma estratégia europeia de ordenamento doterritório5, a Carta Europeia de AutonomiaLocal6 e o projecto da Carta Europeia daAutonomia Regional7. O documento temainda em consideração o Esquema deDesenvolvimento do Espaço Comunitário(EDEC)8, a Agenda 21 para a Região do MarBáltico9 e as estratégias de desenvolvimentoregional existentes para áreas específicas daEuropa como, por exemplo, os conceitos eestratégias para as regiões do mar Báltico

I. Contributo dos “Princípios Orientadores” para a implementação daestratégia de coesão social do Conselho da Europa

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu2

(10) O reconhecimento da dimensãocontinental do Conselho da Europa abre

novas perspectivas à política de

ordenamento do território e, simultaneamente,coloca-a perante novos desafios. Num

mundo sujeito a uma crescente globalização,

o continente europeu deve manter a suaposição económica. As potencialidades

específicas deste continente, que deveriamser mais valorizadas, estão patentes na

diversidade de paisagens e de culturas, no

desenvolvimento da ajuda mútua e dacooperação nas diferentes zonas do

continente europeu e na crescente integração

da Europa Ocidental, Oriental, Meridional eSetentrional.

II. Políticas de ordenamento do território na Europa: novos desafios eperspectivas a nível continental

Mapa 1Estados membros do Conselho da Europa

(VASAB10 – 11 países participantes), oEsquema de Estrutura para o Benelux11 (trêspaíses participantes) e a Estratégia para oDesenvolvimento Territorial Integrado na

Europa Central e nas Regiões do MarAdriático e do Danúbio (Vision Planet12 –actualmente com 12 países participantes).

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu3

1. As relações intercontinentais comoelementos estratégicos da políticaeuropeia de ordenamento do território

(11) A situação geográfica do continenteeuropeu, caracterizada por uma crescenteligação com a Ásia e por quase 100.000 km decosta, proporciona-lhe oportunidades únicaspara o desenvolvimento.

(12) Uma vez que a Ásia é o continente commaior densidade populacional no mundo e comuma taxa de crescimento económicogeralmente elevada, há numerosasoportunidades de promover o potencialrepresentado pela “ponte terrestre” entre ospaíses do Leste membros do Conselho daEuropa (em particular a Federação Russa, ospaíses banhados pelo Mar Negro e a Grécia) eo Médio e o Extremo Oriente, especialmenteatravés da criação de novos corredorescomerciais. A faixa oriental da Europa poderiaassim transformar-se num centro de comércioe cooperação entre a Europa e a Ásia. Nestecontexto, o desenvolvimento e a organizaçãode redes de energia e de transportes assumemespecial relevância.

(13) As trocas comerciais entre a Europa e osnovos blocos económicos doutroscontinentes como, por exemplo, aMERCOSUR, a NAFTA e a ASEAN têm vindoa registar um sólido crescimento no contextoda globalização económica. Os oceanos sãoconsiderados um importante recurso para ofuturo e os transportes marítimos são cadavez mais competitivos. Muitas regiõescosteiras e ilhas beneficiariam com odesenvolvimento de uma economia marítimamoderna que, mais ainda do que a actividadede transporte marítimo, inclua, por exemplo,novas tecnologias específicas, a exploraçãode recursos marinhos e o turismo internacionalsustentável. Um dos requisitos para tal é aexistência, nas áreas costeiras do continente,de portos dinâmicos com ligações eficazes aointerior.

(14) A proximidade da Europa ao Norte deÁfrica, que tem vindo a aumentar graças aosnovos meios de comunicação e de transportee o rápido crescimento populacional no litoralsul do Mediterrâneo, torna necessário oreforço da cooperação entre todos os paíseseuropeus e africanos banhados pelo

Mediterrâneo. Para tal, impõe-se o reforço dacooperação nos campos económico e turístico,bem como uma maior valorização dosrecursos naturais e do património cultural nodesenvolvimento urbano e regional. Parapossibilitar um desenvolvimento maisequilibrado, sustentável e integrado da regiãoEuromediterrânica, o desenvolvimentoeconómico e social da parte europeia da regiãomediterrânica deveria ser acompanhado poruma política de ordenamento do territórioadequada. No campo dos programas decooperação, seria necessário criar sinergiaseficazes e garantir a coordenação entre osdiversos programas de ajuda comunitária( Interreg e MEDA) (vide parágrafo 72).

(15) Além disso, com cerca de 290 milhões devisitantes estrangeiros em 1992, a Europa é oprincipal destino turístico internacional domundo. De acordo com as previsõesdisponíveis, este número deverá duplicar até2020. Com as oportunidades que oferece e osriscos que representa, a economia turísticainternacional é um importante elementoestratégico no desenvolvimento territorial daEuropa. O desenvolvimento do turismo centra-se nas áreas mais atractivas, mas que sãotambém as áreas mais sensíveis do ponto devista ambiental e cultural, especialmente aszonas costeiras, sobretudo do Mediterrâneo,as ilhas, certos vales, os Alpes e outrascordilheiras montanhosas, numerosas áreasnaturais e várias cidades históricas e outrossítios de grande importância na história dacivilização.

2. A multiplicidade de culturas(16) A Europa caracteriza-se por umamultiplicidade de culturas de importânciaregional, nacional e transnacional, sendo ascerca de 60 línguas faladas em todo ocontinente apenas um dos indícios destefenómeno. A diversidade de culturasinfluenciou as formas de expressão (língua,música, pintura, arquitectura, etc.), bem comoas especificidades em termos de actividadeseconómicas, habitação, lazer e mobilidade.Estas culturas foram, em grande parte,responsáveis pela diversidade de paisagens,cidades e povoações, bem como pela riquezado património arquitectónico da Europa. Estadiversidade cultural que foi, em tempos, fontede tensões e conflitos, representa nos

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu4

actualmente um inestimável potencial para odesenvolvimento territorial sustentável. Osnovos modelos de desenvolvimentosocioeconómico e tecnológico não deveriamdestruir as identidades culturais. AConvenção de Granada sobre a conservaçãodo património arquitectónico europeu(Conselho da Europa, 1985), a Convenção deLa Valette sobre a protecção do patrimónioarqueológico (Conselho da Europa, 1992) e aCarta de Florença sobre a protecção deparques e jardins históricos (ICOMOS-IFLA,1981) contêm importantes princípios sobre aconservação e valorização do patrimóniocultural no contexto de um desenvolvimentoterritorial sustentável.

3. As grandes regiões europeias como basepara a ajuda mútua e a cooperação

(17) A coesão social da Europa é reforçadapela cooperação transnacional entre asgrandes regiões europeias. Uma delas, entreoutras, é a União Europeia, para a qual oEsquema de Desenvolvimento do EspaçoComunitário (EDEC) define os objectivos eopções políticas para o desenvolvimentoterritorial e a cooperação. Por sua vez, existemna União Europeia várias áreas de cooperaçãointernacional como, por exemplo, os Alpes e aregião do Mar do Norte. Há vários anos queestas regiões têm sido o foco de váriosprojectos de cooperação com vista a reforçaro desenvolvimento regional equilibrado. Forada União Europeia ou sobrepondo-se-lhe, estáa desenvolver-se actualmente a cooperaçãotransnacional na região do Mar Báltico, noSudeste Europeu e na região do Danúbio, assimcomo na região do Mar de Barents e na regiãoda “Northern Dimension Initiative” (cf.parágrafo 71).

(18) A integração e a globalizaçãoeconómicas, para além de suscitarem odesejado crescimento económico, têm tambémimpactos negativos, como por exemplo ao níveldas condições ambientais e da coesão social.Existe o risco de, principalmente nos novosEstados membros, o desenvolvimento secentrar apenas em ilhas de crescimento naperiferia das regiões metropolitanas, enquantooutras áreas do Conselho da Europa, comcidades e vilas de dimensões variáveis ezonas rurais, correm o risco de serem afastadasdo processo de crescimento. Porém, a Europa

tem o potencial necessário para alcançar umpadrão de desenvolvimento policêntrico, comum número significativo de áreas decrescimento, incluindo nas periferias, que,organizadas como redes urbanas, criarão odinamismo e as necessárias economias deescala externas para atrair mais investimento.O desenvolvimento policêntrico contribuiainda para a redução das pressões ambientaise da tensão social e para a estabilização dasestruturas democráticas. A mera reproduçãode um modelo centro-periferia em toda aEuropa prejudicaria tanto o centro como aperiferia e não obedeceria às tradições dedesenvolvimento da estrutura urbana docontinente. Uma maior integração das áreasurbanas, dentro e entre as grandes regiões daEuropa, é essencial para a criação de novosprocessos de crescimento nas suas zonas maisperiféricas, contribuindo assim para aconsolidação da sua estrutura urbana e para amaior competitividade da Europa.

(19) Para além das áreas metropolitanas, há“cidades-porta” cuja situação geográfica astorna fundamentais em termos deestabelecimento de comunicações e trocascomerciais com outros continentes (porexemplo, as cidades com portos, aeroportos,feiras industriais, centros culturais). As“cidades-porta” representam um passo nosentido de um modelo de crescimentopolicêntrico à escala continental. Se outroraestas “cidades-porta” se desenvolveram nasregiões costeiras da Europa Ocidental eMeridional, estão actualmente a surgir novasoportunidades para o desenvolvimento destetipo de cidades na periferia oriental da Europa,graças à criação de novos corredores deenergia e de transportes com destino à Ásia.

(20) A Rede Transeuropeia de Transportesda União Europeia, as Zonas e Corredores Pan--europeus e a Rede TINA nos paísesassociados (cuja espinha dorsal é constituídapelo traçado dos Corredores Pan-europeusnesses países) proporciona um quadro para odesenvolvimento das infra-estruturas detransportes na Europa, sendo o seu objectivoprioritário o estabelecimento de ligações entreas áreas metropolitanas. O Mapa 2, “RedePan-europeia de Transportes”, ilustra asprioridades da política de transportes daEuropa, representando as decisões da UE, os

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu5

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu6

III. Papel específico do sector privado no ordenamento do território

resultados das três Conferências Europeiasde Ministros dos Transportes e do grupo detrabalho responsável pelo levantamento denecessidades em matéria de infra-estruturasnos países associados – “TransportInfrastructure Needs Assessment”(TINA). Noentanto, a ideia da Rede Pan-europeia deTransportes é apenas o ponto de partida parauma verdadeira política pan-europeia detransportes, que assume um carácter cada vezmais urgente, pois os congestionamentos detráfego atingiram níveis inaceitáveis, as redesferroviárias em muitas regiões europeias estãoa necessitar de uma modernização urgente, asvias navegáveis e o transporte marítimo e decabotagem encontram-se subaproveitados eas pressões sobre o ambiente não parecemter tendência para diminuir.

(21) Sob este aspecto, o aumento das trocascomerciais entre áreas geograficamentedistantes torna necessário rever aorganização dos sistemas de transportes.Considerando todas as opções possíveis deum ponto de vista continental, pode concluir--se que itinerários alternativos, especialmentequando considerados em conjunto com osmeios de transporte actualmente menosutilizados, se poderiam revelar competitivosem percursos de longa distância.

4. Integração dos antigos e dos novosEstados-Membros

(22) A integração económica dos antigos edos novos Estados membros do Conselhoda Europa tem vindo a progredir rapidamente.Apesar dos resultados já alcançados nosentido de uma maior aproximação, a coesãosocial na Europa ainda se depara comgrandes desafios, que resultam sobretudo dasdiferenças entre o Leste e o Ocidente no querespeita ao nível de vida da população (verMapa 3). Há que dedicar grandes esforçosao melhoramento das infra-estruturas, aodesenvolvimento das regiões fronteiriças,rurais e menos desenvolvidas e ao reforçodas cidades de pequena e média dimensão.A política deverá ter em vista o crescimentocom base numa maior integração com a políticaregional e de transportes e numa maiorcooperação com o sector privado, tendo aindaem conta as exigências de protecção ambiental,através da realização de avaliações de impactoambiental adequadas. O desenvolvimento denovas tecnologias na área das comunicaçõespoderá também contribuir de forma significativapara a integração dos antigos e dos novosEstados membros do Conselho da Europa,dado possibilitar um maior intercâmbio deinformações e de know-how.

(23) O investimento privado é um dosmotores do desenvolvimento social e,portanto, do desenvolvimento territorial. Umadas mais importantes funções da política deordenamento do território consiste, emconformidade com os seus objectivos, emproporcionar aos investidores privados umaperspectiva de desenvolvimento prospectivoe segurança em termos de ordenamento. Apolítica de ordenamento do território deverá,em conjunto com as políticas sectoriaispertinentes, contribuir para tornar osmunicípios e as regiões mais atractivos parao investimento privado, tanto a nível localcomo regional, de forma compatível com ointeresse público.

(24) Os grandes projectos financiados pelosector privado deverão ser harmonizados,desde o início, com as perspectivas de

desenvolvimento das respectivas regiões.Desta forma, quando os grandes projectoscomo, por exemplo, linhas ferroviárias de altavelocidade e respectivos nós ferroviários,centros de transporte de mercadorias,aeroportos, centros de congressos e deconferências têm por base um correctoordenamento do território prospectivo,podem gerar um considerável dinamismo nodesenvolvimento económico das áreascircundantes e contribuir para umdesenvolvimento territorial equilibrado. Asautoridades administrativas deverão tomar asmedidas necessárias para garantir que osefeitos multiplicadores dos grandes projectosde desenvolvimento beneficiem as cidades emunicípios situados nas áreas circundantes.Desta forma, o ordenamento do territóriopoderá contribuir para reduzir os efeitosnegativos da concorrência entre as

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu7

Mapa 3Coesão social na Europa

A coesão social na Europa está aqui representada

pelo “Índice de Desenvolvimento Humano”,

concebido para todos os Estados membros das

Nações Unidas no contexto do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento. Este índice

é composto por três indicadores, com factores de

ponderação iguais:

• Esperança de vida

• Acesso à educação

• Rendimento

O seu valor está compreendido entre 0 e 1.

As áreas com um indicador baixo são geralmente

áreas com esperança de vida reduzida, fraco

acesso à educação e baixo rendimento per capita.

Contrariamente ao que acontece noutras regiões do

mundo, as diferenças existentes ao nível do

desenvolvimento na Europa resultam sobretudo das

disparidades de níveis de rendimento e, em parte,

de menor esperança de vida.

inferior a 0,73entre 0,73 e 0,80entre 0,80 e 0,87superior a 0,87

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Relatório do Desenvolvimento Humano de 1999

Este mapa não inclui, totol ou parcialmente todas as ilhas e territórios ultramarinos dos Estados membros.

Estados membros do Conselho da Europa oupaíses candidatos à adesão sem dadosdisponíveis

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu8

autoridades locais o que, por sua vez,originará um clima de investimento maisfavorável.

(25) É necessário tornar muitas regiões daEuropa mais atractivas para o investimentoestrangeiro directo. A análise de dados naúltima década mostra que a distribuição doinvestimento estrangeiro directo nocontinente europeu tem sido desequilibrada.Entre 1994 e 1996, o investimento estrangeirodirecto nos antigos Estados membros foi setevezes superior ao verificado nos novosEstados membros, que necessitam degrandes investimentos para a modernizaçãoda sua estrutura territorial e urbana (verQuadro 2).

(26) Uma vez que o financiamento pelo sectorpúblico não é suficiente para responder àsnecessidades da sociedade, especialmente noque respeita às infra-estruturas técnicas esociais e serviços associados, para seatingirem os objectivos de desenvolvimentoregional será necessária, durante os próximosanos, uma maior contribuição do investimentoprivado. Torna-se necessário apoiar asparcerias público-privado que têm vindo adesenvolver-se em áreas anteriormentereservadas ao sector público, sobretudo noscampos relacionados com as infra-estruturase a pres tação de serv i ços ( t rans -portes,telecomunicações, abastecimento deágua, saúde, educação, etc.) e no domínio dodesenvolvimento local. Juntamente com ocapital privado, também a experiência daeconomia de mercado no campo da gestão deprojectos deveria ser mais utilizada. Em todasas regiões europeias, as parcerias entre ossectores público e privado deveriam serconsideradas um complemento dos serviçospúblicos, os quais nunca deixarão de ter uma

importante função a cumprir.(27) Uma condição essencial do êxito dasparcerias entre os sectores público e privadoé uma estrutura administrativa eficaz, não sóa nível nacional mas também a nível regionale local. Esta estrutura deverá estar apta aapoiar os investidores privados e aacompanhar de forma eficiente a execuçãode projectos. Consequentemente, as normasaplicáveis às relações contratuais têm queser claramente definidas.

(28) No contexto de um desenvolvimentoregionalmente equilibrado e sustentável, osector da habitação tem um papel específicoa desempenhar. Esse papel deriva da suafunção social, da sua relevância em termosquantitativos e dos seus efeitosmultiplicadores na economia e no emprego.O crescimento económico, juntamente com aevolução demográfica, tem como resultadoalterações na procura de habitação, emtermos quantitativos, qualitativos e delocalização.

(29) A construção de habitações é,juntamente com a renovação e modernizaçãodo parque habitacional existente, um dosmais importantes sectores de investimentoda economia, em grande parte financiado pelosector privado. A promoção do arrendamentoe da aquisição de habitação própria conduza uma mobilização de capital privado muitosuperior ao valor dos subsídios. A promoçãoda habitação é importante, não só em termosde política habitacional e regional, mastambém em termos de política de constituiçãode património pessoal. Este último aspectoassume uma importância crescente, queresulta da evolução demográfica, no querespeita à necessidade de assegurarrendimentos próprios para a velhice.

IV. Princípios de uma política de ordenamento para o desenvolvimentosustentável da Europa

(30) A formulação de uma política deordenamento do território sustentável para oterritório do Conselho da Europa deveriabasear-se nos seguintes princípios para umdesenvolvimento regionalmente maisequilibrado:

1. Promover a coesão territorial através deum desenvolvimento social e económico maisequilibrado das regiões e de uma maiorcompetitividade(31) As decisões e o investimento relevantesem termos territoriais deveriam basear-se num

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modelo de desenvolvimento policêntrico,tanto a nível europeu como a nível nacionale regional. Tal significa que é necessáriodesenvolver a atractividade das áreasmetropolitanas e das “cidades-porta” daEuropa e tornar as regiões estruturalmentedébeis mais atractivas para o investimentoeconómico. Este aspecto é particularmenteimportante no caso das antigas regiõesindustriais e das zonas rurais. Para que esteobjectivo seja alcançado, as autoridadesregionais e locais têm de ser capazes deimplementar activamente as políticas deordenamento do território. Isto requer aexistência de autoridades territoriais comlegitimidade democrática, uma práticaadministrativa e uma aplicação rigorosadessa política, bem como um maiorenvolvimento dos grupos de cidadãos e dasorganizações sociais no ordenamento doterritório.

2. Incentivar o desenvolvimento gerado pelasfunções urbanas e melhorar a relaçãocidade-campo(32) O desenvolvimento dos sistemas e dasfunções urbanas, incluindo as dos centrosregionais de pequena e média dimensão,deve ser concebido de forma a facilitar o seuacesso aos habitantes das zonas rurais. Acriação e o reforço das redes de cidadesconduz a uma maior complementaridadeentre as cidades, cria sinergias e economiasde escala, incentiva a especialização ebeneficia a concorrência económica, e,simultaneamente, evita os perigos daíresultantes.

(33) O papel das parcerias urbano-rurais écada vez mais importante, especialmente nodesenvolvimento das redes de transportespúblicos, na revitalização e diversificaçãodas economias rurais, no aumento daprodutividade das infra-estruturas, na criaçãode áreas de lazer para as populações urbanase na protecção e valorização do patrimónionatural e cultural. Um dos requisitos para umaparceria urbano-rural eficiente é a boacooperação entre as autoridades locais, numabase de igualdade.

3. Promover uma acessibilidade maisequilibrada(34) A Rede Pan-europeia de Transportes

deve ser rapidamente concluída, visto tratar-se de uma condição essencial para assegurara boa acessibilidade a qualquer ponto naEuropa (vide parágrafo 20). É possível queos acordos já concluídos sobre a estruturadas redes tenham de ser reexaminados ecomplementados do ponto de vista doordenamento do território.

(35) Uma política de ordenamentoregionalmente mais equilibrada, deveriamelhorar as ligações das cidades de pequenae média dimensão, bem como das zonas ruraise das regiões insulares às redes e aos centrosde transporte transeuropeus (vias ferroviárias,auto-estradas, vias navegáveis, marítimas efluviais, e portos, aeroportos e terminaisintermodais). Também a acessibilidade regionaldeverá ser melhorada, através da criação dasligações intra-regionais em falta. Tendo emconta o contínuo crescimento do fluxo detráfego, é necessário formular estratégiasintegradas que tenham em consideração osvários meios de transporte e, da mesma forma,as exigências da política de ordenamento doterritório. Estas estratégias integradas deverãoter ainda em conta o facto de as viasferroviárias, vias fluviais e os transportesmarítimos terem um menor impacto ambiental.

4. Desenvolvimento do acesso à informação eao conhecimento(36) A emergência da sociedade deinformação é actualmente um dos maisimportantes fenómenos de transformação dasociedade e da sua estrutura territorial. Paraque o acesso à informação não fique limitadopor factores de ordem física ou de outranatureza, é necessário dedicar especial atençãoa todas as regiões. As redes detelecomunicações têm de ser melhoradas ealargadas, de forma a cobrir todo o território.As tarifas não podem ser proíbitivas. Há aindaque promover os interfaces nacionais eregionais entre os fornecedores de informaçãoe os potenciais utilizadores como, por exemplo,os parques tecnológicos, os institutos detransferência de tecnologia e os centros deinvestigação e de formação, bem como criarbancos de dados on-line que cubram áreascomo os produtos, as qualificações e o turismo,permitindo assim que todas as regiões seassumam como uma força de mercado ereforcem a sua ligação com a economia global.

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5. Reduzir os danos ambientais(37) É necessário evitar os problemasambientais resultantes de uma ausência decoordenação das políticas sectoriais ou dasdecisões a nível local. A política deordenamento do território deverá prevermecanismos de apoio à prevenção ouminimização dos diferentes tipos de danosambientais, por exemplo, através da promoçãode práticas agrícolas ou de silvicultura menosprejudiciais, do incentivo a formas detransporte e a sistemas de energia maiscompatíveis com o ambiente, da requalificaçãode áreas urbanas degradadas e da reabilitaçãodo seu ambiente, da prevenção de acidentesindustriais, da requalificação de áreasafectadas pela poluição industrial e poractividades militares desenvolvidas nopassado e da contenção das tendências paraa suburbanização.

6. Valorizar e proteger os recursos naturaise o património natural(38) Os recursos naturais, pelo seu contributopara o equilíbrio dos ecossistemas e para aatractividade das regiões, para o seu valorrecreativo e para a qualidade de vida em geral,têm que ser protegidos. Para se definir umapolítica de ordenamento do territóriosustentável, é necessário ter em conta aConvenção sobre Conservação da VidaSelvagem e dos Habitats Naturais da Europa(1979)13 e a Estratégia Pan-europeia para aDiversidade Biológica e Paisagística14.

(39) As estratégias integradas para a gestãodos recursos hídricos15 devem incluir, entreoutros aspectos, a protecção das águas desuperfície e subterrâneas, o controlo dautilização de fertilizantes e dos sistemas deirrigação pelos agricultores, o tratamento dosesgotos, etc. As transferências inter-regionaisde água só deveriam ser consideradas quandoos recursos locais são insuficientes ou nãopodem ser utilizados a preços econo-micamente razoáveis. Para proteger aqualidade da água potável proveniente dosaquíferos, é fundamental assegurar quequalquer expansão das redes de abastecimentode água é acompanhada por um aumentoequivalente da drenagem e do tratamento daságuas residuais.

(40) A política de ordenamento do território

preocupa-se com o restabelecimento e aconservação dos ecossistemas, nomea-damente das redes ecológicas e das zonashúmidas que fazem parte dessas redes. Paraque este objectivo seja alcançado, énecessário identificar vários elementosecológicos como, por exemplo, as áreas semi-naturais, os recursos hídricos, os climassaudáveis e as áreas industriais abandonadas,ou as zonas tampão. A criação da Rede Natura200016, uma rede ecológica coerente, na UniãoEuropeia e nos países candidatos, de zonasde conservação especial, é uma das medidasque contribui para a prossecução desteobjectivo, sendo necessário adoptar medidasadequadas para a gestão destas zonas. Emcooperação com a Conferência Europeia deMinistros do Ambiente (“Um Ambiente paraa Europa”), estas redes deveriam serdesenvolvidas em toda a Europa

7. Valoriozar o património cultural comofactor de desenvolvimento(41) A valorização do património culturaltorna as localidades e as regiões maisatractivas para os investidores, os turistas e opúblico em geral e contribui de formasignificativa para o desenvolvimentoeconómico e para o fortalecimento daidentidade regional. A política de ordenamentodo território deveria contribuir para a gestãointegrada do património cultural, concebidacomo um processo evolutivo de protecção econservação do património que, simulta-neamente, não deixa de ter em conta asnecessidades da sociedade moderna. Muitospaíses possuem monumentos e vestígios dasmais diversas escolas e tendências artísticascomo, por exemplo, o Itinerário doRenascimento, os Itinerários da Reforma e daContra-Reforma, o Itinerário Veneziano, oItinerário Bizantino, o Itinerário Otomano, osItinerários Hanseático e Viking, bem como oItinerário da Arte Nova e os Itinerários da ArteModerna. A sua identificação e o desenvol-vimento de abordagens comuns deconservação, restauro e utilização deveria serobjecto de um “Programa de GrandesItinerários Culturais”. O património relevanteem termos da história industrial e socialeuropeia poderia também ser incluído nositinerários culturais, o que contribuiria para asua conservação em benefício das geraçõesfuturas. Não é apenas a conservação do

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passado que está em jogo, mas também aharmonia e a criatividade na relação espacialentre a arquitectura moderna, o desenhourbano e o património tradicional.

(42) Em muitos Estados membros, existemelementos do património cultural e históricoque, devido a acontecimentos históricos e àalteração das fronteiras, pertencem aopatrimónio não de uma mas de várias nações,comunidades linguísticas e grupos religiososque, em alguns casos, já nem habitam nasregiões em causa. A política de ordenamentodo território deveria preservar e respeitar amemória de todas as nacionalidades,comunidades linguísticas e grupos religiososresponsáveis pela criação de aspectosespecíficos do património cultural.

8. Explorar os recursos energéticos comsegurança(43) A política de ordenamento do territórioincentiva a promoção de fontes de energiarenováveis como sistemas coerentes ecompatíveis com o ambiente e o completar deredes energéticas a nível pan-europeu. Aorganização das redes de transporte depetróleo e gás do Mar do Norte, da região doMar Cáspio e da Federação Russa devemerecer especial atenção.

(44) Tendo em conta que, em algumaseconomias, o consumo de energia é muitoelevado, é necessário dar prioridade a umautilização mais eficiente da energia e dosequipamentos actualmente disponíveis. Éainda necessário aumentar a eficiênciaenergética das centrais eléctricasconvencionais e reduzir a poluiçãoatmosférica, contribuindo assim para aredução do aquecimento global.

(45) A segurança das antigas centraisnucleares deveria ser reforçada. Além disso,

existem numerosas centrais nucleares nocontinente europeu cuja vida útil terminaránas próximas décadas, pelo que seránecessário reabilitar as áreas onde estascentrais se situam. Isto implica novas tarefaspara o ordenamento do território.

9. Incentivar um turismo sustentável e degrande qualidade(46) A política de ordenamento do territórioprocura explorar as oportunidades dedesenvolvimento que o turismo proporciona,especialmente no caso das regiões maisdesfavorecidas. Há que dar prioridade aodesenvolvimento de formas de turismosustentável e de grande qualidade. Em geral énecessária uma compreensão profunda dosecossistemas e do número de visitantes queuma área pode suportar, bem como a utilizaçãode novos procedimentos de controlo(avaliação do impacto regional). Existem tiposde turismo cuidadosamente adaptados àscircunstâncias locais e regionais, como é ocaso do ecoturismo, que podem proporcionara muitas regiões uma oportunidade única parao seu desenvolvimento e que no futurodeveriam ser exploradas.

10. Minimizar o impacto das catástrofesnaturais(47) As catástrofes naturais como, porexemplo, sismos, furacões, inundações,avalanches, incêndios florestais edeslizamentos de terras provocam, todos osanos, danos consideráveis na Europa, comgraves consequências para a vida e a saúdedas populações, a economia, a estruturaurbana e a paisagem. No contexto das políticasde ordenamento do território, deveriam seradoptadas medidas preventivas destinadas aminimizar a extensão dos danos e a tornar aestrutura urbana menos vulnerável,nomeadamente medidas no domínio dautilização do solo e da construção.

V. Medidas de ordenamento do território para diferentes tipos de regiões europeias

(48) Para além dos princípios relacionadoscom uma política de ordenamento doterritório sustentável, propõem-se aindamedidas de desenvolvimento territorial maispormenorizadas para as paisagenshumanizadas europeias, bem como medidasespecíficas destinadas a alcançar um

desenvolvimento regional mais sustentávele equilibrado em todas as regiões da Europa.Estes espaços são, pela sua própria natureza,caracterizados por uma grande diversidadee por uma certa sobreposição. Os actoresinteressados terão que decidir, de entre asmedidas propostas, quais deveriam ser

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu12

adoptadas e qual a sua prioridade no âmbitoda política de ordenamento do território.

1. Paisagens humanizadas(49) A Europa é composta por umamultiplicidade de paisagens humanizadas.Estas paisagens são parte integrante dopatrimónio europeu e um testemunho dasrelações históricas e actuais entre o Homeme o seu ambiente natural e urbano. Aevolução das técnicas de produção naagricultura, na silvicultura e na indústria e asalterações no domínio do urbanismo, dostransportes e de outros tipos de infra--estruturas, do turismo e do aproveitamentode tempos livres têm vindo a acelerar atransformação das paisagens humanizadaseuropeias e podem também ter um impactonegativo sobre a sua qualidade e forma deutilização. Esta questão não diz apenasrespeito a paisagens semi-naturais de grandevalor, mas a todos os tipos de paisagemhumanizada, especialmente às que são umacomponente essencial do ambiente urbano.

(50) A política de ordenamento do territóriopode contribuir para a protecção, a gestão e avalorização das paisagens, através da adopçãode medidas apropriadas e, em especial, de umamelhor interacção entre as várias políticassectoriais com incidência territorial. Entre asvárias medidas adequadas no campo daprotecção da paisagem incluiem-se:- a integração do ordenamento da paisagemno ordenamento do território e nas políticassectoriais como, por exemplo, nas políticasrelacionadas com a economia, a agricultura, odesenvolvimento urbano e das infra--estruturas, a cultura, o ambiente, odesenvolvimento social, que têm efeitosdirectos ou indirectos no ordenamento dapaisagem;- o estudo e a avaliação geral das paisagens, aanálise das suas características, dos seusecossistemas e dos factores e pressões queestão na origem da sua transformação; adefinição e aplicação de objectivos dequalidade paisagística;- a implementação de políticas integradasdestinadas a, simultaneamente, proteger, gerire ordenar as paisagens;- a inclusão do ordenamento da paisagem emprogramas internacionais;- maior cooperação transfronteiriça,

transnacional e inter-regional nos domíniosdo ordenamento da paisagem, do intercâmbiode experiências e dos projectos deinvestigação, sobretudo os que envolvamautoridades locais e regionais;- maior sensibilização da população, dasorganizações privadas e das autoridadesterritoriais para o valor das paisagens, para asua importância económica e para a suatransformação, bem como para aspossibilidades de conservação e devalorização;- maior integração do ordenamento dapaisagem nos programas de formação devárias disciplinas; programas de formaçãointerdisciplinares17.

2. Áreas urbanas(51) Para se alcançar o objectivo de umdesenvolvimento policêntrico da estruturaurbana da Europa, e para além do reforço dopotencial económico, propõem-se outrasmedidas para um desenvolvimentosustentável nas cidades e nas zonas urbanas.Estas medidas incluem:- formulação de estratégias adaptadas aocontexto local e destinadas a ultrapassar osefeitos da restruturação económica;- controlo da expansão urbana: contençãodas tendências para a suburbanização,disponibilizando dentro das cidades e dasvilas mais terrenos para urbanização,activando terrenos baldios intersticiais,utilizando métodos de construção quepermitam um melhor aproveitamento doespaço, urbanizando terrenos junto de nósde transportes e de estações ferroviárias,promovendo o desenvolvimento dos centrosurbanos, elevando a qualidade de vida emelhorando as condições de habitabilidade dasáreas urbanas, o que inclui a conservação dosecossistemas existentes e a criação de novosespaços verdes e biótopos;- requalificação dos bairros degradados,diversificação de actividades e de grupossociais dentro da estrutura urbana,especialmente em cidades onde se estão a criaráreas de exclusão social;- gestão cuidadosa do ecossistema urbano, emespecial no que respeita a espaços livres eespaços verdes, água, energia, resíduos e ruído;- desenvolvimento de um sistema det r a n s p o r t e s p ú b l i c o s e f i c a z e ,simultaneamente, compatível com o

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ambiente, concebido para contribuir para umamobilidade sustentável;- criação de estruturas de planeamentointermunicipais, entre as várias cidades emunicípios, tendo em vista a coordenação doordenamento e a implementação das diversasmedidas;- conservação e valorização do patrimóniocultural;- desenvolvimento de redes de cidades.

(52) As vilas e cidades dos novos Estadosmembros enfrentam desafios específicos, taiscomo o financiamento da construção dehabitações e a conservação e requalificaçãodo parque habitacional, especialmente arenovação e a adaptação a novasnecessidades (aumento da taxa demotorização, maiores exigências de qualidadearquitectónica e crescente eficiênciaenergética). As novas tendências desuburbanização e de segregação, resultantesda procura tardia de habitação própria, podemser contrariadas disponibilizando maisterrenos para construção nas aglomeraçõesurbanas.

3. Zonas rurais(53) Tendo em vista o desenvolvimentoautónomo das zonas rurais como áreasadequadas para se viver, para sedesenvolverem actividades económicas e derecreio e também como espaço natural,propõem-se as seguintes medidas, comocomplemento aos princípios referidos:- reforço da política de ordenamento doterritório, com o objectivo de se preservar oequilíbrio entre as diferentes dinâmicas dedesenvolvimento nas zonas rurais(diversificação das oportunidades deemprego, alterações na produção agrícola,florestação, turismo, protecção da natureza);- conservação e valorização dos recursosendógenos das zonas rurais, tendo em vista adiversificação da base económica e amobilização da população local e dos agenteseconómicos;- criação de incentivos para que as vilas e ascidades de pequena e média dimensão setornem prestadores de serviços para as zonasrurais envolventes e locais adequados para oestabelecimento de pequenas e médiasempresas;- melhoria de acessibilidade nas zonas rurais,

em especial das vilas e das cidades de pequenae média dimensão;- melhoria das condições de vida doshabitantes das zonas rurais, tornando estasmais atractivas para todos os grupos dapopulação como, por exemplo, jovens ereformados. Esta medida requer a participaçãoactiva de empresas ligadas à agricultura, àsilvicultura e à exploração mineira;conservação e valorização do patrimónionatural e cultural; reabilitação do ambiente ecriação de infra-estruturas adequadas e denovos serviços, especialmente no domínio doturismo;- melhoria da oferta e do marketing dosprodutos regionais agrícolas, florestais eartesanais de alta qualidade;- encorajar os agricultores e os silvicultores aadaptarem as suas práticas de utilização dosolo às circunstâncias locais e a contribuírempara a conservação e recuperação dadiversidade biológica e das paisagenstradicionais. Poderá haver pagamento deindemnizações no caso de os interesses dosagricultores ou dos silvicultores colidirem comos interesses de protecção da natureza e deconservação da paisagem;- promover a criação de oportunidades deemprego para trabalhadores altamentequalificados como parte do processo dediversificação económica, especialmenteatravés da criação de oportunidades deemprego fora da agricultura, recorrendo àsnovas tecnologias de informação ecomunicação.

(54) Em vários Estados membros do Conselhoda Europa, grande parte da população aindareside nas zonas rurais. É necessário formularpolíticas de desenvolvimento rural eficazespara evitar uma indesejada emigração rural. Oobjectivo deveria ser a diversificação doemprego rural e a criação de novas parceriascidade-campo. Para se alcançar este objectivo,seria necessário desenvolver as indústriastransformadoras e outros sectores geradoresde emprego pertencentes ao sector privadocomo, por exemplo, o turismo. As regiões delagos e os arquipélagos deparam-se comproblemas semelhantes e também necessitamde cooperação e intercâmbio de experiências18.

4. Regiões de montanha(55) As regiões de montanha representam um

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu14

potencial excepcional para a Europa edesempenham diversas funções ecológicas,económicas, sociais, culturais e agrícolas. Apolítica de ordenamento do território deveriadar especial atenção à protecção e aodesenvolvimento destas regiões. AAssembleia Parlamentar e a Conferência dePoderes Locais e Regionais da Europadedicam, no contexto da estratégia de coesãosocial, grande atenção às regiões demontanha19.

(56) Muitas das medidas da política deordenamento do território para as áreasurbanas e zonas rurais são também válidaspara as regiões de montanha. Contudo, umapolítica integrada para as regiões de montanhadeveria ser uma componente específica dapolítica de ordenamento do território a níveleuropeu, devendo incluir e prever medidasde desenvolvimento económico e social, aprotecção e a gestão dos recursos naturais eo respeito pelas tradições e culturas locais.Esta política deveria ter em conta o facto deas regiões de montanha, apesar da suadiversidade, que deveria ser preservada edesenvolvida enfrentarem problemaseconómicos, sociais e ambientais comuns,resultantes de factores como a altitude, atopografia e o clima. Deveria ainda ter emconsideração o facto de as condiçõesambientais das regiões de montanharepresentarem, não apenas umconstrangimento, mas também umaoportunidade para a população que habitaessas regiões, sendo necessário encontrar ojusto equilíbrio entre o desenvolvimentoeconómico e social e a protecção doambiente. A política de ordenamento doterritório para as regiões de montanha deveriaainda ter em conta o carácter transfronteiriçode algumas destas regiões e a necessidadede implementar uma política coerente emambos os lados da fronteira. A Convençãode Salzburgo de 1991 sobre a protecção dosAlpes e a Estratégia Pan-europeia para aDiversidade Biológica e Paisagística contêmprincípios importantes para o ordenamentodo território das regiões de montanha.

(57) O ordenamento do território, sendo umaactividade de coordenação, deveria chamara atenção de diversas políticas sectoriais paraas condições especiais das regiões de

montanha. Nestas políticas referem-se:- as políticas económicas, que deveriampromover a diversificação e a pluriactividade,o artesanato e as PME, bem como acooperação entre as pequenas empresas;- a agricultura e silvicultura, sectores em quedeveriam ser reforçadas as actividades demarketing, e a política de desenvolvimentobasear-se em produtos de qualidade.Deveriam ser apoiadas as iniciativas noâmbito da agricultura e da silvicultura quecontribuam para a protecção e gestão doambiente e incentivada a protecção, odesenvolvimento e o uso sustentável dasflorestas;- as iniciativas que contribuam para odesenvolvimento de um turismo dequalidade, no respeito pelo ambiente natural,económico, social e cultural das regiões demontanha, deveriam ser fomentadas eapoiadas;- a dotação de serviços públicos, semdiscriminação entre as regiões de montanhae o resto do território;- a promoção do transporte ferroviário,especialmente para o tráfego internacional einter-regional;- a protecção, gestão sustentável ereabilitação do solo, da água, do ar e daspaisagens, a conservação da fauna e da florae dos seus habitats;- a conservação e promoção da identidadedas populações de montanha e dadiversidade e riqueza do seu patrimóniocultural.

5. Regiões costeiras e insulares(58) As regiões costeiras da Europa não sãosó zonas de património natural sensível. Sãotambém importantes centros preferenciaispara a actividade económica e comercial, paraa localização de indústria e de actividades detransformação de energia, ponto de partidapara a exploração dos recursos marinhos esubmarinos e áreas particularmente atractivaspara o turismo.

(59) Uma vez que a diversidade deactividades que se desenvolvem nas faixascosteiras pode gerar vários conflitos, éessencial formular uma política integrada deordenamento do território sustentável paraestas regiões, abrangendo não apenas a faixacosteira mas também o seu hinterland.

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu15

O conceito de gestão integrada das zonascosteiras tem por objectivo considerar ainteracção entre as actividades económicase as exigências sociais e ambientais nautilização dos recursos naturais nas zonascosteiras, facilitando assim o processo detomada de decisão na avaliação dosinvestimentos. A gestão integrada das zonascosteiras deveria ser uma componentepermanente do ordenamento do território aosseus vários níveis. Neste contexto, acooperação transfronteiriça e transnacional,através dos espaços marítimos, assumeparticular importância.

(60) As regiões insulares da Europa, emboramuito diferentes em termos de situaçãogeográfica e nível de desenvolvimento, irão,na sua maioria, enfrentar dificuldadessuplementares de desenvolvimento, emvirtude dos seus recursos e acessibilidadelimitados. Existe uma estreita ligação entre odesenvolvimento sustentável das regiõesinsulares e as estratégias para as integrar nosmercados internacional e europeu, que,simultaneamente, protejam as identidadeslocais e mantenham um equilíbrio entre aeficiência económica, a justiça social e aprotecção do ambiente. Os aspectos que aseguir se discriminam são de particularimportância:- diversificação das oportunidades deemprego, através da valorização dos recursosendógenos e do desenvolvimento de serviços,especialmente nas ilhas que dependemexcessivamente do turismo. Neste contexto,deveria ser dedicada uma especial atenção àcriação de postos de trabalho permanentes.- melhoria da qualidade do ambiente, dadotratar-se de um elemento estratégico daidentidade local e da competitividade regionale local. Neste contexto, deve ser dedicadaespecial atenção às actividades industriais nospaíses costeiros, cujo impacto transfronteiriçopode afectar a qualidade ambiental das ilhas,particularmente no Mediterrâneo;- desenvolvimento de sistemas inovadores nodomínio da gestão dos recursos hídricos eenergéticos e dos resíduos, tomando emconsideração a escassez dos recursos locais,bem como a sensibilidade ambiental;- melhoria das ligações de transporte entre asilhas e com o continente.

6. Eurocorredores(61) O impulso dado às economias locais eregionais pelo investimento noseurocorredores reveste-se de grandeimportância (“incentivos regionais”). Doponto de vista de uma política deordenamento do território, esteseurocorredores não devem ser vistos apenascomo elementos da dotação global em infra-estruturas de transportes. É tambémnecessário ter em conta a sua interacção coma estrutura urbana, a economia regional, asredes de transportes regionais e os requisitosda protecção do ambiente e da paisagem.Por este motivo, a execução de grandesprojectos no sector dos transportes deveriaser precedida de uma avaliação do seuimpacto territorial, directo e indirecto. Énecessário adoptar medidas estruturais deordenamento para reduzir eventuais efeitosnegativos e optimizar o impacto positivo anível local e regional. Estes medidas deveriamincluir avaliações do impacto territorial eambiental de planos, programas e projectos,a coordenação das infra-estruturas regionaise inter-regionais, o ordenamento da paisagemem grande escala, a conservação das áreasprotegidas e a concentração de viasrodoviárias, ferroviárias e navegáveis numúnico corredor.

(62) Os grandes nós viários como, porexemplo, os nós das auto-estradas, as grandesestações rodo e ferroviárias, os centros dedistribuição de mercadorias, os aeroportos eos portos interiores podem revelar-separticularmente importantes em termos deordenamento do território. O seu impactoultrapassa as áreas imediatamentecircundantes, abrangendo toda uma região. Oseurocorredores não deveriam ser vistos comosimples corredores de transportes. No futuro,deverá ser dada especial relevância à interacçãoentre as infra-estruturas de transportes e odesenvolvimento urbano, tendo em vista aintegração das políticas de ordenamento doterritório e de transportes. Se os planosintegrados tomarem em consideração o impactodos eurocorredores no desenvolvimento doterritório, isto é, no desenvolvimento urbano,na população e nas tendências económicas, asua criação poderá trazer grandes benefíciosem termos sociais, ambientais e económicos.

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu16

7. Leitos de cheia e prados alagáveis(63) Os leitos de cheia e os prados alagáveisrepresentam um desafio especial para oordenamento do território, uma vez que seconcentram em faixas de terreno relativamenteestreitas. Caracterizam-se por possuíremelementos naturais de grande valor eimportância (cursos de água, zonas húmidascom ecossistemas ricos e sensíveis epaisagens de grande qualidade, etc.) e umaintensa e diversificada actividade humanacomo, por exemplo, produção industrial eaglomerações urbanas, infra-estruturas detransportes e circulação de tráfego, produçãode energia, incluindo centrais hidroeléctricase nucleares, zonas de extracção de areia ecascalho, canais artificiais, drenagem,actividades de lazer e equipamentos derecreio. Muitas vezes, são paisagenshumanizadas formadas ao longo de séculos epossuidoras de um elevado potencialeconómico e ecológico. O contributo doordenamento do território para a redução dasinundações periódicas que afectam muitossistemas hidrográficos europeus ainda não foidevidamente reconhecido. Neste contexto,deveria ser tomada em consideração toda abacia de drenagem do rio. Desta forma, osprejuízos económicos causados pelasinundações poderiam ser minimizados.

(64) Uma política integrada de ordenamentodo território permite avaliar e reduzir osconflitos entre as diferentes funções dos leitosde cheia. São particularmente importantes osseguintes elementos:- protecção de ecossistemas particularmentevulneráveis;- gestão mais sustentável do sistema hídricoem toda a bacia de drenagem, dedicandoespecial atenção à quantidade de água, quedeveria estar relacionada com a retenção, ainfiltração e a resistência do leito do rio, tantodo rio principal como dos seus afluentes;- integração da gestão do sistema hídrico emtoda a bacia de drenagem nos vários níveisdo ordenamento do território;- prevenção de inundações e da poluição daságuas, pela promoção da cooperação nocampo da gestão integrada e sustentável dasbacias hidrográficas transfronteiriças etransnacionais;- contenção da expansão urbana em áreas degrande valor ambiental e em áreas onde exista

um potencial risco de inundação;- elaboração de programas destinados aconservar o pequeno número de linhas deágua naturais e semi-naturais que aindaexistem na Europa, especialmente nos novosEstados membros.

8. Zonas industriais e militares desactivadas(65) A globalização da economia está aconduzir rapidamente ao obsoletismo demuitas instalações industriais da Europa e aoabandono e degradação das respectivas áreas.O desenvolvimento de uma estratégia desegurança e a redução dos efectivos militarestêm levado ao abandono de zonas militaresem toda a Europa, zonas essas que precisamser reaproveitadas. Uma das grandes tarefasda política de ordenamento do território deveser a reabilitação das antigas zonas industriaise militares e das suas áreas envolventes etorná-las disponíveis para outros usos,evitando-se assim a utilização de novosterrenos, o que é menos aceitável do ponto devista ambiental. As medidas da política deordenamento do território previstas para áreasurbanas deveriam também ser aplicadas nestecaso, permitindo a criação de um ambienteatractivo para os investidores. Deveria serpromovida a diversificação económica,especialmente através de:- reabilitação ambiental das áreas afectadaspor actividades industriais poluentes;- requalificação de vilas e cidades em regiõesindustriais, particularmente através da dotaçãoem serviços, reabilitação de zonas industriaiscontaminadas e melhoria do ambiente urbano;- formação e reciclagem de trabalhadores nodesemprego;- criação de tecnopólos e centros tecnológicosdedicados à transferência de tecnologia e àcriação de novas empresas, através dautilização de tecnologias de ponta;- organização da cooperação inter-regional etransnacional, com vista a reduzir o isolamento,a criar novas iniciativas e a constituir um novoincentivo para o crescimento.

9. Regiões fronteiriças(66) Graças à acção das autoridadesnacionais, regionais e locais, a cooperaçãotransfronteiriça entre os antigos Estadosmembros do Conselho da Europa tem vindoa registar um desenvolvimento considerávelnas últimas décadas. A cooperação

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu17

transfronteiriça é agora um dos grandesdesafios para os novos Estados membros,devido ao facto de as suas fronteiras teremestado fechadas durante várias décadas, deterem surgido novas fronteiras e de as regiõesfronteiriças terem sido, em geral, muitomarginalizadas. O desenvolvimento dacooperação transfronteiriça é um requisitoessencial para o desenvolvimento económicodas regiões fronteiriças e para a sua coesãopolítica e social, especialmente porque muitasminorias vivem em ambos os lados dasrespectivas fronteiras. Entretanto, foramcriadas cerca de 140 euro-regiões por todo ocontinente, as quais têm vindo a realizar umtrabalho pioneiro no campo da cooperaçãotransfronteiriça.(67) A política de ordenamento do territórionas regiões de fronteira e a cooperaçãotransfronteiriça implicam a adopção de umaabordagem comum, traduzida em esquemas

estruturais transfronteiriços e planosconjuntos. Deveria ser dada especial atençãoaos seguintes aspectos:- desenvolvimento das infra-estruturas eserviços transfronteiriços de transportes etelecomunicações;- conservação e uso sustentável dos recursosnaturais (especialmente no caso das regiõesde montanha, regiões costeiras, florestas,zonas húmidas, etc.) e dos recursos hídricosnas regiões fronteiriças;- ter em consideração a dimensãotransfronteiriça da dotação de serviçospúblicos e privados;- ordenamento coerente de conurbações,cidades e zonas urbanas de comunidadesétnicas transfronteiriças;- organização de bacias de empregotransfronteiriças;- luta contra os impactos transfronteiriços dapoluição.

VI. Reforço da cooperação entre os Estados membros do Conselho da Europae participação das regiões, dos municípios e dos cidadãos

1. Oportunidades criadas por umordenamento do território orientado para odesenvolvimento(68) O ordenamento do território é uma tarefapolítica de cooperação e participação. Os“Princípios Orientadores” proporcionamuma base para a avaliação de projectos emedidas com importância do ponto de vistada política de ordenamento do território queafectam vários Estados. A grandediversidade de medidas estruturais eterritoriais a adoptar no contexto da políticade ordenamento do território exige umaintegração interdisciplinar e a cooperaçãoentre as autoridades e os órgãos políticosenvolvidos. A sua função consiste em criarum enquadramento para as decisõest r a n s n a c i o n a i s , i n t e r - r e g i o n a i s eintermunicipais. Deveriam ser evitadas ascontradições e reforçadas as sinergias. Osconceitos de ordenamento a longo prazo, emgrande escala e para além das fronteirasnacionais deveriam proporcionar umdesenvolvimento prospectivo, integrado eabrangente, para a região podendo servircomo quadro de referência para projectose medidas concretos. Este aspecto éparticularmente importante no caso dosnovos Estados membros, onde é frequente o

desenvolvimento basear-se em projectospromovidos a nível local por órgãosinternacionais e locais, não tendo essesprojectos ainda sido integrados num quadrode desenvolvimento mais abrangente nemacompanhados pelas necessárias consultasaos cidadãos e às autoridades locais.

2. Desenvolvimento das actividades decooperação à escala europeia com base nos“Princípios Orientadores”(69) Algumas áreas europeias já possuemexperiência de cooperação no campo doordenamento do território. A aprovação doEsquema de Desenvolvimento do EspaçoComunitário (EDEC) representou umimportante passo dos Estados-Membros daUE no sentido de uma cooperação futura. Naregião do Mar Báltico, a Conferência deMinistros responsáveis pelo Ordenamentodo Território propôs um conjunto de medidasque visam a implementação de uma visãoterritorial naquela região (VASAB 2010). Noâmbito da implementação do projectoVASAB 2010 Plus, a visão territorial tem vindoa ser actualizado com base na experiência eem novas informações e transformado numaprograma de acção revisto para odesenvolvimento territorial da região. Desta

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu18

forma, estão a ser definidas prioridades parao programa da Iniciativa ComunitáriaInterreg III B para o período de 2000-2006,encontrando-se em preparação algunsprojectos-chave. Começa também adesenvolver-se uma cooperação maisestreita no campo do ordenamento doterritório no Espaço da Europa do Centro,do Adriático, do Danúbio e do Sudeste daEuropa (CADSES). Neste contexto, odocumento de referência é o relatório“Estratégias para um desenvolvimentoespacial integrado” (VISON PLANET),elaborado por um grupo de peritos. A médioprazo, todos os Estados membros doConselho da Europa como, por exemplo, osestados banhados pelo Mar Negro, osestados da região do Cáucaso e outrasregiões da Federação Russa deverão estarenvolvidos neste processo de cooperação.

(70) É necessário reforçar a cooperaçãoentre as organizações internacionais nodomínio do ordenamento do território,especialmente entre as instituições doConselho da Europa e da União Europeia.Na reunião dos Ministros da UEresponsáveis pelo Ordenamento doTerritório, realizada em Tampere, Finlândia,em Outubro de 1999, os Estados-Membrosda UE e a Comissão Europeia propuseram oreforço da cooperação política e técnica comos países candidatos à adesão, bem comocom os países vizinhos que não sãomembros da União. Esta proposta deviamerecer uma reacção positiva.

(71) De acordo com os actuais organismosde cooperação no domínio do ordenamentodo território, é aconselhável avançargradualmente no desenvolvimento de futurasactividades de cooperação, recorrendo àsestruturas de cooperação existentes e à suaexperiência e utilizar o seu potencial específico.No contexto do programa comunitário Interreg(ver mapas no Anexo)20, foram criados espaçosde cooperação transnacional, que incluem amaior parte dos Estados membros doConselho da Europa. Os projectos escolhidostêm por objectivo facilitar a implementação,não só do Esquema de Desenvolvimento doEspaço Comunitário (EDEC) como tambémdos “Princípios Orientadores”.

(72) A União Europeia concede igualmenteincentivos específicos para o ordenamentodo território em países terceiros, através dosprogramas PHARE, TACIS, MEDA,SAPARD e ISPA. A União Europeia deveriaapresentar propostas adequadas para acoordenação entre o programa Interreg e estesprogramas, com o objectivo de facilitar acooperação transnacional, inter-regional etransfronteiriça entre as regiões da UniãoEuropeia e as áreas situadas em paísesterceiros.

(73) A produção de informação territorialcomparável, numa base regional,especialmente nos novos Estados membrosdo Conselho da Europa, assume umaespecial importância, dado ser um primeiropasso no sentido da cooperaçãotransnacional e transfronteiriça. Estainformação poderia constituir a base para aanálise comparativa das tendências emmatéria de desenvolvimento territorial(monitorização territorial) em todos osEstados membros do Conselho da Europa.A monitorização territorial deveriabasear-se não só em indicadoresquantitativos mas também em informação denatureza qualitativa, particularmente emrelação aos recursos endógenos e aopotencial das regiões. A abordagem deveriaser o mais pragmática possível envolvendouma organização técnica ou um pequenogrupo de peritos de cada Estado membro.Deveriam também ser realizadas, todos osanos, análises de tendências sobre umnúmero limitado de tópicos, acompanhadasde uma síntese comparativa das conclusões.A Comissão Económica para a Europa (ONU)e a OCDE já deram importantes contributosnesta matéria, os quais deveriam ser objectode desenvolvimentos mais profundos.

(74) Além disso, os projectos relevantespara a política de ordenamento do territóriopodem ser apoiados por instituiçõesfinanceiras internacionais. O BancoMundial, o Banco de Desenvolvimento doConselho da Europa, o Banco Europeu paraa Reconstrução e Desenvolvimento e oBanco Europeu de Investimento deveriamreforçar a sua participação nas actividadeseuropeias de cooperação no domínio doordenamento do território.

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu19

3. Cooperação horizontal(75) A cooperação horizontal com aspolíticas sectoriais de impacto territorialsignificativo (por exemplo, as políticas detransportes, agrícola e ambiental) é umelemento particularmente importante napreparação dos projectos de ordenamentodo território. Tendo em vista permitir umamelhor e mais atempada avaliação dosimpactos macro-espaciais das decisõessectoriais, serão aplicados, em váriosEstados membros, procedimentos como, porexemplo, a “avaliação do impacto regional”dos grandes projectos de infra-estruturas.Uma das mais importantes tarefas dacooperação horizontal é a coordenaçãotransfronteiriça de projectos dedesenvolvimento entre os Estados membrosdo Conselho da Europa, incluindo asrespectivas autoridades regionais e locais.

(76) No entanto, a cooperação horizontalnão se limita às políticas sectoriaisrelacionadas com o sector das infra-estruturas. Esta cooperação também dizrespeito às políticas económica, social efinanceira, consideradas como um todo. Logona fase de preparação das decisões nestessectores, deveriam ser tidos em conta asdiferentes condições territoriais e ospossíveis impactos territoriais dos programase medidas.

4. Cooperação vertical(77) A cooperação entre os vários níveisadministrativos é particularmente importantepara a política de ordenamento do territóriona Europa. Esta cooperação deveria serorganizada de forma a permitir que asautoridades locais e regionais adaptem osseus objectivos de ordenamento do territórioàs medidas definidas a nível superior,enquanto que, por sua vez, as autoridadesnacionais, ao tomarem as suas decisões,devem ter em consideração os objectivos,planos e projectos propostos a nível local eregional (princípio da reciprocidade).

(78) Enquanto as autoridades nacionais sededicam principalmente aos desafiosestruturais de importância transnacional,nacional e inter-regional, as autoridadesregionais são responsáveis, juntamente comas autoridades locais e o público, pela

sustentabilidade e pela coerência doordenamento do território. Todos os níveisdevem trabalhar em conjunto para assegurara sustentabilidade do desenvolvimentoterritorial.

(79) Os princípios da subsidariedade e dareciprocidade na política de ordenamento doterritório só podem funcionar se existir umadelegação de competências adequada nasautoridades regionais. Segundo a CartaEuropeia da Autonomia Local e o projectoda Carta Europeia da Autonomia Regional,as autoridades regionais e locais têm um papelespecífico a desempenhar nas políticas deordenamento do território.

(80) Desta forma, a correcta aplicação dosprincípios da subsidariedade e dareciprocidade assume uma especialimportância para todos os Estados membrosdo Conselho da Europa. Embora nas últimasdécadas se tenham verificado progressossignificativos ao nível da regionalização namaioria dos antigos Estados membros doConselho da Europa, os novos Estadosmembros só agora começam a criar órgãosregionais. Tendo em conta a polarizaçãoterritorial do desenvolvimento económico eas crescentes disparidades regionais que severificam em muitos dos novos Estadosmembros, é essencial reforçar o nível regionaldo sistema político e administrativo paraalcançar uma forma mais sustentável eequilibrada de desenvolvimento regional.

(81) O reforço da cooperação, especialmenteentre regiões e cidades dos antigos e novosEstados membros do Conselho da Europa,nomeadamente através da celebração deacordos de geminação regionais, éextremamente útil. Os novos Estadosmembros possuem uma experiênciaconsiderável a nível de ordenamento edesenvolvimento do território. Porém, a suaexperiência ainda é limitada em relação aosdesafios ligados às forças do mercado queinfluenciam os processos de desen-volvimento territorial, aos desafioscolocados pelo ordenamento do território anível transnacional e aos procedimentosaplicáveis às actividades de coordenação quelhe estão associados. A transferência deknow-how e a prestação de assistência

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu20

técnica às autoridades responsáveis peloordenamento do território deveria ser umelemento sistemático da cooperação entre osantigos e os novos Estados membros.Umprograma de formação profissional nestedomínio deveria ser estabelecido a curtoprazo.

5. Participação alargada da sociedade noprocesso de ordenamento do território(82) Já em 1983, a Carta Europeia doOrdenamento do Território chamava aatenção para a necessidade de incentivar aparticipação activa do público no processode ordenamento do território. Os anos quese seguiram confirmaram esta necessidade.Para além da participação do público nosprojectos locais, regionais e supra-regionais,revelou-se também necessário o envol-vimento da sociedade europeia e dos agentessocioeconómicos, por exemplo, através deorganizações não governamentais. O seuenvolvimento na fase inicial do processocontribui, de forma significativa, paraaumentar as probabilidades de êxito doprocesso de ordenamento e evitarinvestimentos não produtivos. O consensosocial é muito importante, não só para o êxitodas iniciativas a nível local e regional, comotambém para a criação de um ambientedinâmico para os investidores externos e osagentes económicos. O envolvimento dageração mais jovem no processo aumenta asprobabilidades de interessar o público noordenamento a longo prazo da sua região e

numa participação eficiente e inovadora. Estaquestão é essencial para uma maior aceitaçãoda “ideia europeia”.

Perspectivas(83) A integração territorial da Europa é oresultado de um processo gradual contínuo,em que a cooperação, ultrapassando asfronteiras nacionais, entre os Estadosmembros do Conselho da Europa e, emespecial, entre as regiões e municípioseuropeus, desempenha um papelfundamental. Os “Princípios Orientadores”,enquanto visão de uma Europa integrada,constituem o documento político dereferência para inúmeras medidas e iniciativasde ordenamento do território adoptadas nocontinente europeu e, sobretudo, para acooperação transnacional e internacional. Asactividades de ordenamento do territóriorealizadas pela Conferência Europeia deMinistros responsáveis pelo Ordenamentodo Território (CEMAT) no âmbito doConselho da Europa constituem umaimportante base para a integração harmoniosada Europa, salientando a dimensão territorialda democracia e da coesão social. Aaprovação dos “Princípios Orientadorespara o Desenvolvimento TerritorialSustentável do Continente Europeu” e a suaobservância nas decisões relativas à políticade ordenamento do território contribuirãosignificativamente para a cooperação a níveleuropeu, a qual visa a criação de uma Europaregionalmente equilibrada e sustentável.

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu21

(1)Conselho da Europa, Conferência Europeia de Ministrosresponsáveis pelo Ordenamento do Território (CEMAT):“Carta Europeia do Ordenamento do Território”, adoptadaem 20 de Maio de 1983, em Torremolinos, Espanha.

(2)Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos Estadosmembros do Conselho da Europa, Estrasburgo, 10 e 11de Outubro de 1997, Declaração Final.

(3)Idem: Plano de Acção.

(4)Convenção-Quadro Europeia sobre a CooperaçãoTransfronteiriça entre as Colectividades e AutoridadesLocais, 21 de Maio de 1980.

(5)Estratégia Europeia para o Ordenamento do Território,adoptada na 6.ª Conferência CEMAT em Lausanne, em1998, Estrasburgo 1992.

(6)Carta Europeia da Autonomia Local, Estrasburgo, 15 deOutubro de 1985.

(7)vide Conferência de Poderes Locais e Regionais da Europa:Recomendação nº 34 (1997) sobre o projecto da CartaEuropeia da Autonomia Regional de 5 de Junho de 1997.

(8)“Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário”,aprovado no Conselho informal de Ministros responsáveispelo Ordenamento do Território, em Postdam (Alemanha),Maio de 1999.

(9)“Agenda 21 para a Região do Mar Báltico”, aprovada na 7ªConferência de Ministros dos Negócios Estrangeiros doConselho do Mar Báltico, Nyborg, Dinamarca, Junho de1998.

(10)“Vision and strategies around the Baltic Sea 2010 -“Towards a framework for spatial development in the Balticsea region” (VASAB 2010) . Terceira Conferência deMinistros responsáveis pelo Ordenamento do Territóriodos Estados do Mar Báltico, Tallin, Dezembro de 1994.“From Concept to Action”, Quarta Conferência de Ministrosresponsáveis pelo Ordenamento do Território dos Estadosdo Mar Báltico, Estocolmo, Outubro de 1996.

(11)Deuxiéme Esquisse de Structure du Benelux, Bruxelas,1998.

(12)“Strategies for integrated Spatial Development of theCentral European, Adriatic and Danubian Area”, aprovadono 4º Seminário do Painel responsável pelo Projecto, Viena,Janeiro de 2000.

(13)“Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturaisda Europa”, Convenção de Berna, 1979.

(14)“Estratégia Pan-europeia para a Diversidade Biológica ePaisagística”, adoptada pela Conferência de Ministros“Ambiente para a Europa”, Sófia, Outubro de 1995.

(15)Implementação da Resolução nº2 da 11ª CEMAT em Chipre,1997.

(16)Directiva 92/43/CEE do Conselho de 21 de Maio de 1992relativa à conservação dos habitats naturais e da faunae da flora selvagens, J.O.C. L206/7 de 22 de Julho de1992.

(17)vide Convenção Europeia sobre a Paisagem,CM (2000) 98 ver. 2, aprovada pelo Comité deMinistros-Adjuntos na sua 718ª reunião, em19 de Julho de 2000.

(18)A decisão sobre o procedimento a adoptar para oseguimento da Recomendação nº 1296 (1996) daAssembleia Parlamentar, sobre uma “Carta Europeia doEspaço Rural”, será tomada após a 12ª CEMAT de 7 e 8 deSetembro de 2000, em conformidade com a decisão doComité de representantes dos Ministros, de 1 e 2 de Julhode 1999.

(19)vide Recomendação nº 14 (1995) e nº 75 (2000) daConferência de Poderes Locais e Regionais da Europa,assim como a Recomendação nº 1274 (1995) daAssembleia Parlamentar. A decisão quanto às medidas aadoptar em relação a estas recomendações será tomadade acordo com a decisão do Comité de representantesdos Ministros de 1 e 2 de Julho de 1999, no seguimentoda 12ª CEMAT (7 e 8 de Setembro de 2000).

(20)Comunicação da Comissão aos Estados-Membros de 28de Abril de 2000 que estabelece orientações relativas auma iniciativa comunitária de cooperação transeuropeiadestinada a promover o desenvolvimento harmonioso eequilibrado do território europeu Interreg III (Jornal Oficialdas Comunidades Europeias, 2000/C 143/08 de 23 deMaio de 2000, págs. 6-29).

Notas

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu22

Anexo

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu23

Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu24

Europa 807.246 14,2 9.852,4 35,2 12.205 340.994 39,7 422,4

em que: Aderentes ao Conselho 445.771 7,9 9.052,7 32,3 20.311 306.249 35,6 687,1

da Europa antes de 1990

Aderentes ao Conselho 325.532 5,7 756,5 2,7 2.324 33.754 3,9 103,7

da Europa após 1990

Países candidatos 36.003 0,6 43,2 0,2 1.199 991 0,1 27,5

Japão e República da Coreia 169.434 3,0 5.590,7 20,0 32.996 6.061 0,7 35,8

só Japão 124.439 2,2 5.134,3 18,3 41.260 1.151 0,1 9,2

ASEAN 470.686 8,3 749,6 2,7 1.593 67.854 7,9 144,2

MERCORSUR 202.002 3,6 995,6 3,6 4.929 30.419 3,5 150,6

NAFTA 384.111 6,8 7.875,9 28,1 20.504 243.975 28,4 635,2

em que: Canadá e México 121.221 2,1 846,3 3,0 6.982 53.815 6,3 443,9

Estados Unidos 262.890 4,6 7.029,6 25,1 26.740 190.160 22,1 723,3

Mundo 5.674.432 100,0 28.012,3 100,0 4.937 859.912

População emmilhares

1995

Percentagemda população

mundial1995

PIB a preços demercado de

1995 em1000biliões dedólares

americanos(preços

correntes)

Percentagemda produção

mundial1995

PIB a preços demercado/per

capita1995

em dólaresamericanos

(preçoscorrentes)

Investimentoestrangeiro

directo1994-1996

(em milhões dedólares

americanos)

Percentagemdo volume totalde investimen-

tos

Investimentoestrangeiro

directo1994-1996em dólares

americanos percapita

Quadro 1Comparação entre a Europa e outras regiões do mundo

Fonte: Banco Mundial: Indicadores do Desenvolvimento Mundial, 1998; Nações Unidas: Anuário Estatístico, 42ª edição 1995

PIB real per capita(em US dólares

americanos, PPC)1997

Albânia 2120 Moldávia 1 500

Bélgica 22 750 Países Baixos 21 110

Bulgária 4 010 Noruega 24 450

Dinamarca 23 690 Áustria 22 070

Alemanha 21 260 Polónia 6 520

Estónia 5 240 Portugal 14 270

Finlândia 20 150 Roménia 4 310

França 22 030 Federação Russa 4 370

Geórgia 1 960 Suécia 19 790

Grécia 12 769 Suíça 25 240

Irlanda 20 710 República Eslovaca 7 910

Islândia 22 497 Eslovénia 11 800

Itália 20 290 Espanha 15 930

Croácia 4 895 República Checa 10 510

Letónia 3 940 Turquia 6 350

Lituânia 4 220 Ucrânia 2 190

Luxemburgo 30 863 Hungria 7 200

Malta 13 180 Reino Unido 20 730

Antiga República Jugoslava da Macedónia 3 210 Chipre 14 201

PIB real per capita(em dólares

americanos, PPC)1997

Não existem dados disponíveis sobre Andorra, Mónaco e São MarinoFonte: Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD, 1999

Quadro 2PIB real per capita em dólares americanos, em termos de PPC (1997)

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