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1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL | SITUAçãO ACTUAL EM ANGOLA Empowed lives. Resilient nations. Responsabilidade Social Empresarial Situação Actual em Angola Versão Completa

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1Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Empowed lives.Resilient nations.

Responsabilidade Social EmpresarialSituação Actual em AngolaVersão Completa

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2 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

O presente estudo foi promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e teve o apoio financeiro da Agência Espanhola para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento (AECID). Foi elaborado pela KPMG Angola - Audit, Tax, Advisory S.A. para o Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social Empresarial de Angola.

Luanda - Angola

11 de Abril de 2013

Fotos: UNDP, Unicef Angola e José Dias

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ConteúdoSumário Executivo.....................................................................................................................................................41.1 Porquê o Estudo..........................................................................................................................................41.2 Abordagem metodológica......................................................................................................................71.3 Principais conclusões.................................................................................................................................91.4 Análise Sectorial.......................................................................................................................................112 Enquadramento.......................................................................................................................................162.1 O que é a Responsabilidade Social Empresarial..................................................................................62.2 O contexto Internacional.......................................................................................................................192.3 O contexto Angolano...............................................................................................................................213 Caracterização da situação actual de práticas de RSE em Angola.........................................463.1 O sector empresarial...............................................................................................................................463.2 O contributo de outros agentes nas acções de RSE.....................................................................65

4 Riscos, Desafios e Oportunidades associados à Responsabilidade Social Empresarial.724.1 As oportunidades chave.......................................................................................................................724.2 Os desafios..................................................................................................................................................735 O Caminho futuro – RSE ao serviço do desenvolvimento.........................................................775.1 A reposta aos desafios............................................................................................................................775.2 Linhas de acção........................................................................................................................................806 Glossário......................................................................................................................................................827 Abordagem Metodológica....................................................................................................................877.1 Consulta às Empresas..............................................................................................................................877.2 Consulta aos restantes stakeholders..................................................................................................898 Acrónimos utilizados................................................................................................................................919 Referências/Bibliografia..........................................................................................................................9210 Casos de Estudo.......................................................................................................................................93

Índice de Figuras

Figura 1 – Análise comparativa do IDH de Angola ........................................................................................5Figura 2 – Evolução dos componentes dos índices do IDH em Angola................................................5Figura 3 – Análise comparativa do Índice de Desenvolvimento de Angola........................................6Figura 4 – Temas relevantes e vectores de análise........................................................................................8Figura 5 – Posicionamento dos sectores analisados...................................................................................11Figura 6 – Modelo do Programa Integrado de Combate à Pobreza e ao Desenvolvimento Ru-ral...................................................................................................................................................................................29Figura 7 – Factores mais problemáticos para a realização de Negócios em Angola ....................33Figura 8 – Fatalidades atribuíveis a questões ambientais .......................................................................42Figura 9 – Matriz de risco e grau de preparação para o risco ................................................................43Figura 10 – Percentagem média do orçamento anual de RSE por sector e por área de actuação 64

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1.1 Porquê o Estudo

A estabilidade trazida pela paz colocou Angola num caminho claro de recuperação, de um país com dificuldades e limitações ao nível das con-dições sociais básicas, para uma das economias com crescimento mais acentuado em África. Quando comparada com outros países da Áfri-ca Subsaariana e com países com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Angola apresenta uma evolução progressiva. O IDH é uma medida sumária para avaliar o progresso de longo termo nas três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente, e que tem como objectivo ofe-recer um contraponto a um indicador muito uti-lizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão económica do desenvolvimento.

Apesar de todos estes sinais positivos, segundo o relatório Global de Desenvolvimento Huma-no de 2013 o País está ainda distante do valor médio do Índice de Desenvolvimento Humano, ocupando a posição 148 de um total de 187 pa-íses, com um IDH de 0,508. O IDH da África Sub-saariana como região aumentou de 0,366 em 1980, para 0,475 actualmente, colocando Ango-la acima da média regional, e acima dos países do grupo de baixo desenvolvimento humano, que apresentam um valor de 0,466. Na África Subsaariana, os países próximos a Angola em termos de classificação do IDH e população, são o Senegal e a Zâmbia, com a classificação IDHs de 154º e 163º respectivamente. As tendências do IDH mostram uma evolução importante, tanto a nível nacional como regional, destacan-do as enormes lacunas na qualidade de vida e oportunidades de desenvolvimento.

Sumário Executivo

O Relatório Global de Desenvolvimento Humano de 2013 apresenta os valores e as classificações do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 187 países e territórios reconhecidos pelas Nações Unidas. Esta edição também apresenta o IDH- ajustado à Desigualdade (IDHD) para 132 países, o Índice de Desigual-dade de Género (IDG) para 148 países, e o Índice da Pobreza Multidimensional (IPM) para 104 países. Os valores e as classificações publicadas nos relatórios anteriores não são comparáveis com os valores publicados no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, devido à mudança dos dados de base e dos métodos de cálculo. Para permitir a avaliação do progresso nos IDHs, o Relatório de 2013 inclui IDHs recalculados desde 1980 a 2012.

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Análise comparativa do IDH de Angola

Desde o ano 2000 que Angola regista uma me-lhoria no IDH, encontrando-se actualmente li-geiramente acima do IDH de menor valor a nível mundial e do IDH da região de África Subsaa-riana. Ainda assim, está longe do valor médio mundial.

O gráfico seguinte é baseado em indicadores, metodologia e séries temporais consistentes, mostrando assim, mudanças reais nos valores e classificação ao longo do tempo, o que reflecte o progresso actual feito pelos países.

Tendências nos componentes dos índices do IDH de Angola 2000-2012

Figura 1 – Análise comparativa do IDH de Angola (Fonte: hdr.undp.org)

Figura 2 – Evolução dos componentes dos índices do IDH em Angola (2000-2012, Fonte: hdr.undp.org)

O valor do IDH de Angola para 2012 é 0,508 — na categoria de baixo desen-volvimento humano — posicionando o país no lugar 148 dos 187 países e territórios considerados. Entre 2000 e 2012, o valor do IDH de Angola aumen-tou de 0,375 para 0,508, registando um aumento de 35% (crescimento médio anual de cerca de 2,6%).

Entre 1980 e 2012, a esperança de vida à nascença em Angola aumentou 11,3 anos, a média dos anos de escolaridade aumentou 0,3 anos e os anos esperados de escolaridade aumentaram 6,0 anos. O Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita de Angola aumentou 74% entre 1985 e 2012.

Para além do papel desempenhado pelo Esta-do Angolano no contributo para o crescimento económico de Angola e para a melhoria no IDH, verifica-se ainda um forte contributo das empre-sas, Organizações Não Governamentais (ONG’s) e outras entidades. Todas estas entidades apre-sentam estratégias e abordagens próprias, para combater a pobreza, proteger o meio ambiente e promover um desenvolvimento sustentável.

Neste sentido o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o apoio da Agência Espanhola para a Cooperação e Desen-volvimento (AECID) entendeu relevante realizar um estudo que permitisse fazer um balanço do estado da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) no País.

Paralelamente, ao realizar o diagnóstico das práticas de RSE, pretende-se também alcançar o estabelecimento de uma base, que crie um ambiente favorável para a cooperação entre o Governo, Empresas, ONGs e outros parceiros,

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em torno da Responsabilidade Social Empresa-rial em Angola. Apenas com um esforço conjun-to e unificado de todas as entidades é que será possível potenciar o Desenvolvimento Humano em Angola.

Os gráficos seguintes apresentam diversas pers-pectivas de análise sobre diferentes dimensões que caracterizam o desenvolvimento das socie-dades e países, nomeadamente outros países da África subsaariana, como África do Sul, Nigé-ria, Zâmbia e Gana.

PIB per Capita vs IDH Educação

IDH vs. Depleção dos recursos Naturais

PIB per Capita vs IDH Saúde

Índice da Educação vs. Índice de Literacia Adulta

Figura 3 – Análise comparativa do Índice de Desenvolvimento de Angola (Fonte: hdr.undp.org)

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Em todas as análises anteriores, Angola ocupa um lugar intermédio em termos de desenvolvi-mento comparativamente a outros países Afri-canos, seja ao nível da saúde, educação ou de-pleção dos recursos naturais. Contudo, Angola apresenta um valor positivo de PIB per capita, entre os países da África Subsaariana, fortemen-te potenciado pelo contributo do sector petro-lífero. Assim, apesar do baixo desenvolvimento espelhado pela análise destes indicadores, a ri-queza do país, materializada pelo PIB per capita coloca-o numa posição vantajosa face aos seus pares em termos de potencial de crescimento.

Os índices de desenvolvimento macroeconómi-co de Angola permitiram ao Comité de Políticas de Desenvolvimento (CPD) do Conselho Econó-mico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) con-siderar Angola elegível para migrar da lista dos Países Menos Avançados (PMA) para a dos de rendimento médio a partir de 2015, confirman-do o potencial desenvolvimento e crescimento económico de Angola.

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Sector n.º Empresas

Construção 12Telecomunicações 8Transporte 8Energia e Águas 3Mineração Industria 9Bebidas 4Retalho 8Financeiro 31Petróleo e Gás 16Diversos 1Total 100

Tabela 1 – N.º de empresas analisadas por sector

Definição dos vectores de análise

Os temas relevantes foram confirmados através da pesquisa bibliográfica realizada a documen-tos de referência em matéria de responsabilida-de social e a documentos que descrevem o con-texto social, ambiental e económico Angolano. O resultado destas pesquisas permitiu definir os vectores de análise sobre os quais incidiu o es-tudo e a auscultação aos diversos stakeholders.

1.2 Abordagem metodológica Análise de meca-do

Para a realização do estudo de Responsabilida-de Social Empresarial, foi seleccionado um uni-verso de empresas públicas e privadas com ac-tividade representativa no mercado Angolano, em termos de volume de negócio, em nove sec-tores de actividade distintos, resultando numa amostra de 100 empresas. A elaboração do es-tudo iniciou-se com uma análise de benchmark à informação pública disponível relativamente às práticas de responsabilidade social destas empresas, em Angola. As fontes de informação

foram os websites institucionais e os Relatórios públicos divulgados pelas organizações, em matéria de responsabilidade social empresarial ou contendo este tipo de informação.

Da análise de benchmark realizada, foi possível identificar um conjunto de temas relevantes que reflectem as diferentes áreas de actuação empresarial em matéria de Responsabilidade Social Empresarial em Angola. Estas áreas de actuação foram agrupadas em três dimensões de análise: dimensão social, económica e am-biental. O agrupamento dos temas nestas três dimensões, tiveram por base o alinhamento com os pilares do desenvolvimento sustentável que privilegia o equilíbrio entre o crescimento económico, a promoção social e a preservação ambiental.

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Figura 4 – Temas relevantes e vectores de análise (Fonte: Análise KPMG)

Consulta aos stakeholders e Questionário

Com base nos vectores em análise, foi desenvol-vido um questionário sobre práticas de RSE que foi enviado a cerca de 77 empresas dos sectores mais representativos do mercado Angolano. A taxa de resposta foi de 30%, sendo que só foi possível ter representatividade para os sectores de Petróleo e Gás, Construção, Banca e Trans-portes. As restantes respostas foram agrupadas num agregador (“Outros Sectores”) que com-preende assim as respostas de empresas dos sectores Seguros, Telecomunicações, Minera-ção, Bebidas, Infra-estruturas e Agro-Indústria).

Adicionalmente foram realizadas mais de 20 en-trevistas presenciais com empresas e 14 entre-vistas com ministérios e diferentes entidades da sociedade civil entre universidades, agências de desenvolvimento e ONGs.

1.3 Principais conclusõesNíveis distintos de maturidade na actuação das em-presas

Verifica-se que existe um grande desfasamen-to de maturidade entre as práticas de respon-sabilidade social empresarial das empresas de diferentes sectores e também dentro de cada sector. Em sectores como o do Petróleo e Gás, verifica-se a existência de uma elevada maturi-dade na gestão dos temas de responsabilidade social empresarial. No caso das empresas inter-nacionais deste sector a operar em Angola, ob-serva-se a delineação de uma estratégia local, alinhada com a estratégia internacional. Nesta amostra, é evidente a existência de um nível de entendimento elevado e experiência na imple-mentação dos projectos de âmbito social que é transversal à maioria das empresas deste sector.

Por outro lado, nos restantes sectores analisa-dos, já não se regista esta homogeneidade, ve-rificando-se a existência de algumas empresas que lideram, sendo as restantes seguidoras, não

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demonstrando o mesmo grau de envolvimento e maturidade de comunicação das práticas de RSE. Esta conclusão é, em parte, suportada pela baixa adesão demonstrada à participação no es-tudo em determinados sectores de actividade. Na globalidade, constata-se a evolução do pa-radigma da responsabilidade social, de uma lógica de assistencialismo e caridade, (como as iniciativas relacionadas com donativos e cons-trução de infra-estruturas) para uma lógica do desenvolvimento de projectos integrados que visam essencialmente, o desenvolvimento das pessoas e o crescimento económico, através da capacitação para identificação de oportunida-des para saírem do ciclo de pobreza. A comunicação externa realizada pelas empre-sas não é ainda suficientemente eficaz, sendo difícil aceder a informação pública disponível sobre grande parte das iniciativas desenvolvi-das pelas mesmas.

Educação e Saúde são as áreas de actuação mais pri-vilegiadas pelas empresas

Verificamos que existe um grande alinhamento das práticas de actuação com os temas identi-ficados como mais relevantes e que reflectem o contexto social, económico e ambiental de Angola. A Educação e a Saúde são as áreas em que são realizadas mais iniciativas, com desta-que para iniciativas no âmbito da alfabetização e escolaridade, retenção e sucesso escolar, e também, formação e promoção da saúde dos colaboradores.

No âmbito social, a promoção da igualdade en-tre géneros e as iniciativas direccionadas espe-cificamente aos jovens são as áreas nas quais as empresas referem realizar um menor inves-timento.

39% dos investimentos sociais em RSE são na área da Educação

A área ambiental representa somente 7% dos investi-mentos em RSE

3% dos investimentos sociais em RSE são em iniciativas especificamente direccionadas aos jovens

As iniciativas menos desenvolvidas, menciona-das por menos de 40% das empresas consul-tadas com actividades de RSE, foram: a forma-ção de profissionais de saúde; a capacitação informática; a promoção do acesso dos jovens à cultura; a literacia financeira; a promoção das línguas nacionais; a promoção da cultura nas mulheres; o apoio a programas de desmina-gem; o desenvolvimento de infra-estruturas (habitação e energia); a sensibilização ambien-tal de parceiros e o apoio aos ex-combatentes.

A existência destas áreas denota que, apesar do alinhamento das empresas com os temas rele-vantes, existem ainda vertentes menos explo-radas e apoiadas que poderão ser incentivadas numa lógica de promoção dos objectivos do Executivo e diferenciação das empresas através das suas estratégias de RSE.

A responsabilidade ambiental essencialmente como resposta às exigências legais

O enquadramento legal e regulamentar am-biental, recentemente criado em Angola, resul-ta numa pro-actividade reduzida das empresas no desenvolvimento de iniciativas que visem promover a protecção ambiental.

As carências básicas da população ao nível so-cial, tornam secundários os investimentos a ní-vel ambiental, pelo que o actual desafio, no âm-bito da responsabilidade ambiental, prende-se essencialmente com o compromisso do cumpri-mento legal e regulamentar, como é exemplo o desenvolvimento de estudos de impacte am-biental para as indústrias mais poluidoras.

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Desafios…e caminho futuro

Os principais desafios apontados pelas empre-sas estão relacionados com a falta de linhas de orientação estratégica, conhecimento e know-how para definição de projectos de RSE, bem como a identificação de parceiros de confiança para a realização das iniciativas, e de ferramen-tas para medir o impacto nas comunidades e o retorno dos investimentos sociais. O reforço da comunicação surge como um caminho para promover a partilha de boas práticas, experiên-cias, competências assim como o de possibilitar a identificação de sinergias entre parceiros e de actuar como mecanismo de promoção à actu-ação de todas as empresas e o alargamento do espectro dos parceiros para realização dos pro-jectos.

Relativamente às áreas de actuação, apesar do alinhamento existente com as áreas mais ne-cessitadas da sociedade Angolana, deverá ser reforçado o enfoque estratégico das iniciativas para que estas estejam cada vez mais próximas do negócio, garantindo a sua sustentabilidade e a existência de competências internas para implementação e acompanhamento dos pro-jectos. Por outro lado, a posição do Executivo nestas matérias exige maior liderança e cooperação com as diferentes entidades envolvidas, de for-ma a gerar um clima de confiança e de capacita-ção mútua que se traduza na definição de uma agenda clara e transparente com os princípios base da RSE.

• Número e relevância das áreas de actuação e;

• Alinhamento com princípios internacionais de referência.

Por outro lado foram também analisadas as prá-ticas de comunicação externa, nomeadamente a existência de informação relacionada com os temas de responsabilidade social empresarial, avaliado pela percentagem de empresas do sector que comunicam as suas práticas de res-ponsabilidade social empresarial publicamente.

Figura 5 – Posicionamento dos sectores analisados (fonte: Análise KPMG)

Sectores Líderes

Os sectores líderes apresentam capacidade de capitalizar as suas práticas de RSE, através de uma comunicação activa e transparente. Apre-sentam um forte alinhamento com os temas relevantes no contexto da sociedade Angolana e com os princípios do Global Compact das Na-ções Unidas. O modelo de governo dos temas de RSE está normalmente centralizado em termos organizacionais, nos departamentos de Comu-nicação, Marketing e Responsabilidade Social. Estas direcções, já demonstram conhecimento e competências específicas para a definição de estratégias de RSE e, no que diz respeito à im-plementação, partilham esforços e suportam-se noutros parceiros com reconhecido know-how

1.4 Análise Sectorial

A partir da informação recolhida, foram analisa-dos os sectores em termos da sua maturidade de práticas de RSE, analisando temas como:

• Existência de uma estratégia de responsabi-lidade social empresarial estruturada;

• Existência de competências internas especí-ficas para gerir estes temas;

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nestas matérias, como as agências mundiais de desenvolvimento e ONGs. Em termos de comu-nicação, publicam relatórios específicos sobre as práticas de RSE para os diferentes stakehol-ders e são transparentes na comunicação ao ní-vel do seu website.

Sectores Actuação Conservadora

Apresentam um grau de maturidade conside-rável nas práticas que desenvolvem e definem áreas de actuação alinhadas com as expectati-vas dos stakeholders e com os temas materiais, assumindo uma postura conservadora no que toca à comunicação. Têm uma estratégia deline-ada com objectivos de RSE definida em função do contexto local. Focam-se essencialmente na construção de programas robustos, com objec-tivos específicos de criação de impacto social.

Sectores Oportunistas

As organizações que caem neste quadrante, são aquelas que correm maiores riscos de verem as suas estratégias e compromissos em RSE asso-ciadas maioritariamente a práticas de comuni-cação focadas na publicidade, notoriedade da marca e investimento em publicidade. Estas práticas de comunicação são comummente de-signadas como “Green Washing” ou “Social Wa-shing”, e provocam desconfiança na percepção das diferentes partes interessadas envolvidas nos projectos de RSE assim como da socieda-de em geral. Os temas endereçados poderão não ser significativos para a sociedade e não demonstram total alinhamento com os princí-pios do Global Compact. As empresas com perfil oportunista, focam-se na comunicação de resul-tados, aproveitando a oportunidade de chegar eficazmente aos seus stakeholders e posiciona-rem-se como empresas socialmente responsá-veis através da comunicação agressiva e persis-tente. Os riscos são acrescidos com o escrutínio cada vez maior dos investidores, clientes e em-presas concorrentes.

Sectores Seguidores

As empresas que representam este grupo de sectores, não apresentam um reporte e práticas de comunicação sistemáticas sobre as activida-des que desenvolvem no âmbito da RSE. A im-plementação das suas estratégias está suporta-da maioritariamente em estruturas autónomas, como fundações e associações não governa-mentais para desenvolver projectos de respon-sabilidade social. Existe um alinhamento parcial com os princípios do Global Compact e não são endereçados os temas materiais. Tipicamente, as empresas que representam estes sectores têm uma atitude reactiva ao desenvolvimento de projectos de RSE, desenvolvendo projectos menos integrados nas suas estratégias e objec-tivos de negócio. Os perfis de actuação em RSE dos sectores empresa-riais em Angola

Sector Petróleo e Gás – Factos Chave• 100% das empresas analisadas declara co-

nhecer e assegurar o cumprimento dos prin-cípios do Global Compact

• 100% das empresas analisadas tem um de-partamento de Sustentabilidade ou de Res-ponsabilidade Social Empresarial para lide-rar estes temas

• É o sector que mais investe em actividades de responsabilidade social empresarial, em parte também devido ao enquadramento legal e contratual

• As áreas de maior investimento são a Edu-cação e a Saúde (em média 40% e 22%, do orçamento do RSE, respectivamente)

• As iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são o combate ao HIV/SIDA e programas de formação para co-laboradores

Verificamos que o sector do Petróleo e Gás é o sector onde estes temas apresentam maior ma-

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turidade e onde o posicionamento é mais uni-forme no universo de empresas. Tipicamente, nas empresas deste sector, existe um departa-mento de responsabilidade social ou de susten-tabilidade que, em conjunto com outras áreas e com o Conselho de Administração define e implementa a estratégia de responsabilidade social empresarial. Estão globalmente alinhadas

com os 10 princípios do Global Compact. As áre-as de actuação são abrangentes tanto em ter-mos dos temas relevantes como em termos ge-ográficos. Do ponto de vista de comunicação já existem práticas de comunicação e reporte, em-bora ainda não transversais a todas as empresas deste sector, pelo que existe ainda potencial a capitalizar.

Sector Petróleo e Gás – Factos Chave

• 100% das empresas analisadas declara conhecer e assegurar o cumprimento dos princí-pios do Global Compact

• 100% das empresas analisadas tem um departamento de Sustentabilidade ou de Res-ponsabilidade Social Empresarial para liderar estes temas

• É o sector que mais investe em actividades de responsabilidade social empresarial, em parte também devido ao enquadramento legal e contratual

• As áreas de maior investimento são a Educação e a Saúde (em média 40% e 22%, do or-çamento do RSE, respectivamente)

• As iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são o combate ao HIV/SIDA e programas de formação para colaboradores

Sector Construção – Factos Chave

• 75% das empresas analisadas declara conhecer totalmente e estar alinhado com os princí-pios do Global Compact

• 50% das empresas analisadas sector tem um departamento de Sustentabilidade ou de Res-ponsabilidade Social Empresarial para liderar estes temas

• As áreas em que o investimento é maior são a Educação (em média 54% e 26% do Orça-mento em RSE, respectivamente).

• O tipo de iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são programas de saúde para os colaboradores, programas de para formação, promoção do emprego jovem (desenvolvidas por 100% das empresas inquiridas), e também a dinamização da economia local

O sector da Construção encontra-se num está-gio um pouco menos maduro que o do Petró-leo e Gás. Apesar de possuírem uma actuação abrangente em termos de áreas de actuação e de demonstrarem práticas de comunicação e alinhamento com os princípios do Global Com-pact, verifica-se uma elevada divergência entre empresas deste sector, reflectindo-se numa ava-liação geral pouco consistente. Por outro lado, a maior parte das empresas analisadas ainda não

tem uma abordagem estratégica relativamente às iniciativas de responsabilidade social, facto que é reflectido na percentagem de empresas deste sector que declara ainda não ter uma es-tratégia de RSE. Por outro lado, estes temas es-tão ainda associados às áreas de comunicação e marketing, e consequentemente menos in-tegrados nas práticas de gestão e negócio das empresas.

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No sector da Banca, que está alinhado em ter-mos de maturidade com o sector da construção, os temas de responsabilidade social empresarial são tipicamente da responsabilidade das Direc-ções de Comunicação, Marketing ou ainda asso-ciados a Fundações que implementam a estra-tégia delineada. Existe um alinhamento parcial

com os princípios do Global Compact e quase total com as áreas de actuação definidas como materiais. Em termos de comunicação, o sector, na sua grande maioria demonstra pouca proac-tividade, demonstrado pela baixa percentagem de empresas deste sector que comunicam as suas práticas.

Sector Banca – Factos Chave

• 33% das empresas do sector declara conhecer totalmente e assegurar o cumprimento dos princípios do Global Compact, sendo que as restantes declaram conhecer parcialmente

• 33% das empresas deste sector tem um departamento de Sustentabilidade ou de Respon-sabilidade Social Empresarial para liderar estes temas

• As iniciativas de RSE mais transversais às empresas deste sector são iniciativas destinadas aos colaboradores, nomeadamente no âmbito da formação e saúde. Para a comunidade, revelam fazer um forte investimento na cultura. Todas as empresas analisadas referem ain-da promover a transparência e a ética na condução do negócio.

Sector Transportes – Factos Chave

• As empresas consultadas referem conhecer parcialmente os princípios do Global Compact; • As empresas consultadas não têm uma área ou departamento específico de responsabili-

dade social empresarial ou de sustentabilidade; • As iniciativas desenvolvidas por todas as empresas da amostra prendem-se com escolarida-

de, alfabetização e promoção da saúde materna. • As áreas de maior investimento são a Educação, Saúde, Cultura, Ambiente e Desenvolvi-

mento económico (representam cerca de 14% do orçamento destinado a RSE das empresas do sector)

O sector dos Transportes apresenta menos ma-turidade na definição de uma estratégia de RSE, não existindo ainda em muitos casos a atribui-ção formal destas competências na estrutura organizacional. As iniciativas desenvolvidas ain-

da não cobrem a totalidade dos temas materiais nem reflectem totalmente as expectativas dos stakeholders. A comunicação que é feita das ini-ciativas é também ainda muito incipiente.

De notar ainda que relativamente aos outros sectores, cuja análise não foi realizada de forma desagregada por ausência de representativida-de (e que é composto por empresas do sector das Telecomunicações, Bebidas, Seguros, Minei-ro, Infra-estruturas e Agro-Indústria), verifica-se que relativamente às empresas analisadas, em termos médios, já existe um nível de maturidade

significativo assim como práticas de responsabi-lidade social empresarial bastante abrangentes. Nestes sectores existe uma grande disparidade entre as empresas e sectores que representam, no que diz respeito à maturidade dos temas de RSE. De forma geral, a comunicação nestas or-ganizações é também ainda incipiente.

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2 Enquadramento 2.1 O que é a esponsabilidade Social Empresarial

Apesar do conceito estar a ser trabalhado des-de os anos 70, não existe uma definição única que seja universalmente aceite. No entanto é consensual que resulta de um equilíbrio e pre-ocupação equitativa entre as três dimensões fundamentais para o desenvolvimento econó-mico, promoção social e preservação ambiental. Neste sentido, o conceito assenta nos seguintes pressupostos:

• Gestão responsável para com os colabo-radores - deve ser assegurado o adequado governo corporativo, com princípios éticos e de transparência, as condições e direitos laborais dos colaboradores e a sua formação e oportunidades de desenvolvimento;

• Envolvimento com os stakeholders internos e externos – manter um diálogo próximo e cooperante com os principais grupos de stakeholders, auscultando as suas principais expectativas;

• Desenvolvimento económico a nível local e nacional – promover o desenvolvimento económico através da contratação de mão-de-obra local, selecção de fornecedores lo-cais e geração de negócios de suporte;

• Compromisso para com a sociedade onde se insere – desenvolver prioritariamente projectos com elevado retorno e impacto social.

• Respeito na utilização dos recursos natu-rais e na minimização dos impactos – criar a consciência do impacto que os negócios causam na utilização dos recursos naturais, seja pela sua degradação ou uso insusten-tável.

A perspectiva integrada destes aspectos torna necessariamente a gestão de empresas mais responsável, com uma visão holística dos princi-

pais riscos e oportunidades ao nível social, eco-nómico e ambiental.

O World Business Council for the Sustainable Development (WBCSD) (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentá-vel) define responsabilidade social empresa-rial como: ”o compromisso das empresas para contribuir para o desenvolvimento económico sustentável, enquanto, aumentam a qualidade de vida dos seus colaboradores e suas famílias, bem como da comunidade e sociedade em ge-ral”.

A Comissão Europeia define Responsabilidade Social Empresarial como “a responsabilidade das empresas pelos seus impactos na sociedade, e pelo desenvolvimento de um processo para integrar as considerações sociais, éticas, direitos humanos e preocupações dos consumidores na estratégia de negócio e nas operações”.

Na perspectiva das Nações Unidas o conceito de RSE pode ser interpretado à luz dos princípios do Global Compact. (ver caixa)

Entendido como um mecanismo para o pro-gresso social, a RSE ajuda as empresas a alcança-rem as suas responsabilidades como cidadãos globais e a adaptarem-se a um mundo em mu-dança, não devendo ser confundido com o de-ver ético moral, caridade ou simples filantropia.

O que são os Princípios do Global Compact?

Os princípios do Global Compact, defini-dos pelas nações unidas, desafiam as em-presas a aceitarem, apoiarem e aplicarem, dentro da sua esfera de influência, um conjunto de valores fundamentais nas áreas de direitos humanos, padrões de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.

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Na perspectiva das Nações Unidas o conceito de RSE pode ser interpretado à luz dos princípios do Global Compact. (ver caixa)

Entendido como um mecanismo para o pro-gresso social, a RSE ajuda as empresas a alcança-rem as suas responsabilidades como cidadãos globais e a adaptarem-se a um mundo em mu-dança, não devendo ser confundido com o de-ver ético moral, caridade ou simples filantropia.

O desafio da Responsabilidade Social Empre-sarial

A RSE está na ordem do dia a nível nacional e internacional, e os desafios sociais, económicos e ambientais que afectam os países em desen-volvimento têm impacto directo na capacidade competitiva das empresas em se posicionarem num mercado global e sem fronteiras. Neste ca-pítulo, Angola e as empresas Angolanas, têm a oportunidade de reforçarem a sua imagem ao nível das questões dos direitos humanos, prá-

ticas laborais e preservação ambiental. Simul-taneamente, as empresas Angolanas assumem cada vez mais uma posição activa enquanto in-vestidores nos mercados internacionais, contan-do já com participações relevantes em grupos empresariais fora de Angola. Este facto reforça a necessidade de Angola assumir o seu papel na responsabilidade social empresarial.

Em Angola, as pressões para o desenvolvimen-to sustentado e sustentável colocam desafios para os quais as empresas necessitam cons-truir uma resposta, estruturada e consistente. A diversificação da economia, as necessidades de formação e especialização dos recursos hu-manos, o desenvolvimento e a construção de infra-estruturas, a evolução da legislação, a cres-cente pressão dos clientes, o acesso a recursos e matérias-primas ou a inclusão dos cidadãos na economia formal, são apenas alguns dos desa-fios, aos quais as empresas mais competitivas, conseguem hoje, dar uma resposta coerente e sofisticada.

Alguns dos desafios que as empresas enfrentam na definição e implementação de uma estratégia de responsabilidade social, relacionam-se com os seguintes aspectos:• Identificação dos parceiros adequados;• Obtenção de linhas de orientação prioritárias;• Monitorização dos projectos;• Avaliação da viabilidade do projecto;• Sustentabilidade de longo prazo;• Aprovação dos órgãos governativos;• Inexistência de infra-estruturas de suporte.

A proposta de valor da Responsabilidade So-cial Empresarial

A origem da responsabilidade social empresarial nasce do sentimento de “obrigação moral” por parte das empresas, de devolver ou distribuir à comunidade parte dos resultados do negócio, como contrapartida da utilização dos recursos humanos, naturais, materiais e financeiros das

regiões onde se inserem. Os desafios sociais que se vivem em Angola ao nível da pobreza, saúde, educação, infra-estruturas, igualdade do géne-ro, jovens, desenvolvimento económico, entre outros, fazem com que as organizações tenham cada vez mais consciência dessa responsabilida-de, alocando parte dos seus orçamentos anuais a estas questões. Nesta perspectiva, é de rele-var o compromisso das empresas em contribuir

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para estas causas e, em muitos casos, já existe consciência que a RSE deve constituir não só um investimento social com retornos para o desen-volvimento da sociedade, mas também para as empresas a médio-longo prazo.

Em que se materializa uma estratégia de Responsabilidade Social Empresa-

rial?

A agenda de RSE inicia-se com o compro-misso de incorporação dos aspectos am-bientais, sociais, económicos e éticos na estratégia de negócio. Estende-se à forma como estes aspectos podem influenciar o negócio e os stakeholders relevantes

• Ganhos reputacionais e fortalecimento das relações com os stakeholders – Os ganhos reputacionais e de notoriedade da marca junto aos stakeholders chave, como as co-munidades locais, autoridades e clientes, e atribuir valores de responsabilidade social à marca. Por outro lado estas acções per-mitem também estreitar os laços com estas partes interessadas;

• Inovação e desenvolvimento – A oportuni-dade de apostar em inovação, ao nível dos produtos e serviços prestados com carac-terísticas de responsabilidade social (como por exemplo produtos financeiros de micro-crédito ou microseguro) e o desenvolvimen-to e procura de modelos de negócio que garantam a criação de valor nos diversos pilares;

• Gestão de risco – A integração dos aspectos de responsabilidade ambiental e social na estratégia de gestão de risco é também uma oportunidade para considerar aspectos me-nos tradicionais na gestão de risco, como os riscos das alterações climáticas ou da dispo-nibilidade de recursos naturais;

• Atracção e retenção dos colaboradores – Num mercado onde a competitividade pe-los recursos humanos é elevada, observa-se cada vez mais um interesse por empresas que partilham valores e uma cultura empre-sarial de responsabilidade social.

• Potenciar o crescimento do mercado – No contexto económico e social de Angola, a responsabilidade social empresarial é tam-bém vista como um meio para potenciar o desenvolvimento económico, nomeada-mente nas regiões onde as organizações estão presentes por exemplo através da criação de emprego ou da contratação de fornecedores locais.

2.2 O contexto Internacional

A nível internacional, as pressões em direcção ao desenvolvimento sustentável também se fazem sentir cada vez mais pelas organizações, governos e agências internacionais de promo-ção de desenvolvimento. Angola tem vindo a dar um conjunto de passos importantes, ao assumir perante estes agentes, o compromisso de promover o desenvolvimento social estabe-lecendo metas e objectivos concretos a médio prazo.

Angola assinou, em Setembro do ano 2000, conjuntamente com outros 190 Estados de todo o mundo a declaração do Milénio das Na-ções Unidas, tendo adoptado os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O documento resultante da avaliação do progresso dos esta-dos membros, publicado em Setembro de 2005, reafirmou o compromisso conjunto das Nações Unidas e dos seus estados membros em atingir os objectivos até 2015. Ao nível das condições do trabalho, é de destacar o facto de Angola ter ratificado as oito convenções fundamentais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), enquanto compromisso assumido pelo Execu-tivo para a melhoria das questões dos Direitos Humanos, Trabalho Forçado, Trabalho Infantil e Condições Laborais.

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Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

1. Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome2. Atingir o Ensino Universal3. Promover a Igualdade entre os géne-

ros e Autonomia das Mulheres4. Reduzir a Mortalidade Infantil 5. Melhorar a Saúde Materna6. Combater o HIV/SIDA, Malária e outras

Doenças7. Garantir a Sustentabilidade Ambiental 8. Estabelecer uma Parceria Mundial para

o Desenvolvimento

À semelhança de outras agências (fundos e pro-gramas) das Nações Unidas, o Programa das Na-ções Unidades para o Desenvolvimento (PNUD) deriva o seu Plano de Acção (CPAP) do UNDAF, documento quadro de cooperação no qual as Nações Unidas espelham a sua contribuição para com o Governo e o Povo de Angola, atra-vés do seu contributo específico para a imple-mentação das prioridades nacionais (PND). O programa do UNDAF (2009-2013) foi construído em torno de seis prioridades do plano nacional a médio prazo:

• Promover a união e coesão social, consolida-ção da democracia e das instituições nacio-nais;

• Garantir um desenvolvimento económico saudável, com estabilidade ao nível macro-económico e a transformação e diversifica-ção das estruturas económicas;

• Promover o bem-estar social e desenvolvi-mento humano;

• Estimular o desenvolvimento do sector pri-vado e o empreendedorismo nacional;

• Promover o desenvolvimento equitativo do território nacional;

• Promover a competitividade para inserir An-gola no contexto dos mercados internacio-nais.

As Nações Unidas procuram, igualmente, in-fluenciar os agentes privados, nomeadamente as empresas, a actuarem mais proactivamente nestes temas. Uma das principais ferramentas para o fazer, são os Princípios do Global Com-pact, um conjunto de 10 princípios que definem linhas orientadoras de acção e zonas “proibidas” para empresas que visam estar alinhadas com a contribuição para o desenvolvimento económi-co, social e ambiental onde operam.

Na esfera das questões ambientais, Angola tem demonstrado vontade em seguir a agen-da global para o desenvolvimento sustentável, através da adesão a compromissos internacio-nais de sustentabilidade ambiental, entre eles a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas; a Convenção de Viena sobre a Protecção da Camada do Ozono; a Con-venção das Nações Unidas de Combate à Seca e Desertificação; a Convenção sobre a Biodiversi-dade (UNCBD), entre outras.

No âmbito da agenda internacional para as Alte-rações Climáticas, permanece o desafio do pro-tocolo de Quioto, no entanto, num futuro próxi-mo a revisão do mesmo, ou pós-Quioto, poderá implicar a obrigatoriedade de cumprimento de metas de redução de emissões de CO2 para os países em desenvolvimento. Por outro lado, o resultado da discussão relativamente aos mo-delos de financiamento ao desenvolvimento de uma matriz energética mais limpa em países em vias desenvolvimento, poderá também ter um impacto significativo na economia Angolana, contribuindo para a resolução do deficit ener-gético ao nível da produção e da elevada de-pendência de combustíveis fósseis.

Estes compromissos têm vindo a ser materiali-zados a nível interno através da criação de me-canismos legais que visam promover o desen-volvimento de políticas e a regulamentação de actividades com elevado impacte ambiental. A efectividade da aplicação da legislação é apon-tada como um dos principais desafios sentidos actualmente.

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2.3 O contexto Angolano 2.3.1 Estratégia Nacional para o desenvolvimen-to A estratégia do Executivo Angolano está espe-lhada no Plano Nacional de Desenvolvimento de Médio Prazo (2013-2017), que tem o enqua-dramento estratégico de longo prazo estabele-cido pela Estratégia Nacional “Angola 2025”, que fixa as grandes orientações para o Desenvolvi-mento de Angola. O Plano Nacional de Desen-volvimento (PND) para 2013-2017, que inicia um novo ciclo da história, é o primeiro plano de médio prazo elaborado no quadro da nova Constituição do País e após a aprovação da Lei de Bases Gerais do Sistema Nacional de Plane-amento. Vem complementar o esforço que foi realizado para reconstruir o País, para uma fase de Modernização e de Sustentabilidade do De-senvolvimento, centrada na estabilidade e cres-cimento e na valorização do Homem Angolano. Esta valorização assenta, em primeiro lugar, na alfabetização e escolarização de todo o Povo Angolano, que são a base para a formação e qualificação técnico-profissional e formação superior dos seus Quadros, essenciais ao Desen-volvimento Sustentável e Equitativo de Angola.Objectivos Nacionais a médio prazo constantes do PND:

1. Preservação da unidade e coesão nacional;2. Garantia dos pressupostos básicos necessá-

rios ao desenvolvimento;3. Melhoria da qualidade de vida;4. Inserção da juventude na vida activa;5. Desenvolvimento do sector privado;6. Inserção competitiva de Angola no contexto

internacional.

É de salientar que, em 2012, a despesa social or-çamentada cresceu 1,6%, representando 33,3% do montante global de investimento, o dobro do que será gasto em segurança, defesa e or-

dem pública. Os orçamentos da educação e da saúde aumentaram cerca de 10%. Após 30 anos de menor atenção durante a guerra civil, a edu-cação tem visto o investimento público aumen-tar. O Governo também ampliou o ensino técni-co e profissional com vista a resolver a massiva escassez de competências. 2.3.2 Desenvolvimento Económico

O início do período de paz permitiu consolidar a unidade Nacional, perspectivando oportunida-des de crescimento futuro, fortemente alicerça-do pela reconstrução do país, pela exploração das riquezas naturais e pelo aumento das ex-portações.

Angola registou nos últimos anos um cresci-mento médio de cerca de 12% (fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento), sendo que as previsões apontam para que este crescimento se mantenha. No entanto, a base da economia Angolana mantém-se maioritariamente assen-te nos sectores petrolíferos, diamantífero e de gás (sectores de capital intensivo), permitindo gerar riqueza disponível para financiar outros sectores da economia mais intensivos em mão-de-obra, contribuindo assim para melhorar os níveis de emprego.

Fonte – Análise KPMG (Dados do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017)

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21Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Tabela 2 – Taxas de crescimento do PIB por sector (fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017)

Diversificação Económica

Nos últimos 5 anos, a economia de Angola cres-ceu a uma taxa média de 9,2% ao ano. Quando consideramos apenas a economia não petrolífe-ra, observamos que, a taxa média de crescimen-to foi de 12,0% neste período, tendo duplicado nos últimos 5 anos.

O período entre 2009-2010, caracterizou-se por um decréscimo da produção petrolífera fruto da diminuição da procura, acompanhado pela redução do ritmo de crescimento de outros sec-tores importantes na estrutura do PIB, como o da agricultura e o dos serviços mercantis. Esta redução do ritmo de crescimento da economia trouxe grandes desafios à política económica (diversificação da economia, reformas estru-turais, gestão da dívida pública, controlo dos preços, gestão cambial, melhoria dos índices de competitividade externa, etc.), visto que não se podia desperdiçar os significativos ganhos económicos e sociais conseguidos nos anos precedentes. O sucesso de um amplo progra-ma do Governo implementado entre 2009 e 2012 que visou aliviar as pressões de liquidez, restabelecer a confiança do mercado, restaurar a excelente posição macroeconómica anterior

à crise financeira mundial e realizar reformas estruturais importantes, apoiado pelo Fundo Monetário Internacional com base num acordo Stand-By (através do qual o Governo de Ango-la beneficiou de um financiamento de USD 1,4 mil milhões), e, em particular, a finalização de importantes investimentos, deu lugar ao ter-ceiro momento (2011-2012), caracterizado pela estabilização do ritmo de crescimento do sector não-petrolífero em torno de 9,5%, o que consti-tuiu evidência de que a economia não-petrolífe-ra está a ganhar níveis de sustentabilidade que lhe permitem apresentar um desempenho cada vez menos dependente do sector petrolífero.

As actividades económicas que estão concen-tradas essencialmente em Luanda ( que conta actualmente com um terço da população), di-zem respeito a empresas do sector de serviços, construção, e transformação, que representa-ram cerca de 40% do PIB em 2012. O diagnós-tico sócio-económico do IBEP de 2008/9, indica que 36,6% da população vive abaixo da linha de pobreza de 2 USD/dia. Este número sobe para 58,3% na população rural, em comparação com 18,7% em áreas urbanas. Outras disparidades entre as populações urbanas e rurais incluem:

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22 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

1. Acesso à energia eléctrica (66,3% contra 8,6%);

2. Acesso regular ao abastecimento de água (59,7% contra 22,8%); e,

3. Saneamento básico (84,6% contra 31,1%).

O Governo colocou em prática políticas públi-cas para contrariar o êxodo rural e estimular o emprego, mobilidade e reequilíbrio geográfico da população - inaugurando centros de forma-ção profissional, muitos em áreas rurais, em li-gação com o sector privado para programas de formação e estágio, que visa capacitar a classe jovem e estudantes universitários a obterem experiência no mercado de trabalho. Por outro lado, um dos objectivos das políticas nacionais do PND 2013-2017 é promover o surgimento de novas empresas de base nacional e apoiar as empresas de capitais maioritariamente Angola-nos a ultrapassar o desnível competitivo que as separa das concorrentes de referências interna-cionais.

Potencialidade e Debilidades por Sectores

Agricultura

+ Potencialidades• Cluster agro-alimentar considerado prioritá-

rio, solos de elevada aptidão agrária e eleva-da biodiversidade;

• Abundantes recursos hídricos;• Elevada proporção da população cuja acti-

vidade está directamente relacionada com a produção agrícola.

- Debilidades • Produção agrícola de subsistência praticada

por camponeses com baixo nível de forma-ção ou literacia;

• Existência de minas em determinadas re-giões que desaceleram o desenvolvimento agrícola;

• Baixa produtividade agrícola e falta de expe-riência no sector empresarial.

Petróleo

+ Potencialidades• Grandes reservas de recursos petrolíferos

por explorar e descoberta de novos campos de produção, incluindo no pré-sal;

• Elevado potencial para a produção de for-mas alternativas de energias renováveis bem como de LNG;

• Aumento da capacidade de refinação com a construção e operação da Refinaria do Lobi-to.

- Debilidades• Ausência de integração do Plano Director da

Rede de Distribuição do Sector Petrolífero (PDR);

• Escassez de recursos financeiros para o de-senvolvimento da estratégia dos Biocom-bustíveis;

• Ocorrências de avarias mecânicas e outras em algumas unidades de processamento bem como de paragens de emergência de algumas plataformas, deposição de con-

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23Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

sectores pertinentes; • Problemas recorrentes nos desalfandega-

mentos de equipamentos por falta de defi-nição dos respectivos processos;

• Necessidade de concluir a Reforma Tributá-ria e de celebrar acordos para evitar a dupla tributação com os principais países fonte de investimento directo estrangeiro (IDE).

Comércio

+ Potencialidades• Lançamento do Programa Nacional de Pla-

taforma Logísticas;• Organização do Comércio Rural;• Programa “Train for Trade” para desenvolver

a capacidade de negócios.

- Debilidades• Escassez de quadros com formação acadé-

mica qualificada, capacidade financeira, co-

densados e hidratos em linhas de gás de elevação.

Geologia e Minas

+ Potencialidades• Grande potencial diamantífero já descober-

tos e ainda por descobrir; • Possibilidade de escoamento de minério pe-

las vias marítimas e ferroviárias.

- Debilidades• Insuficiente cobertura e conhecimento do

parque geológico do País;• Escassez de infra-estruturas geológicas e de

transporte (ramais ferroviários);• Insuficiência de meios técnicos, materiais e

humanos para o cumprimento integral das tarefas relacionadas com a fiscalização mi-neira e ambiental.

Indústria Transformadora

- Potencialidade• Orientações do Executivo para o desenvol-

vimento sustentado da indústria transfor-madora no período de 2013-2017 focado na inovação das competências e na coopera-ção intersectorial;

• Condições adequadas para implementação de pólos de desenvolvimento industriais;

• Reabilitação de infra-estruturas, com desta-que para estradas, caminhos-de-ferro, pon-tes e de fontes de fornecimento de energia eléctrica e água;

• Lançamento de novos programas de finan-ciamento às MPME.

- Debilidades• Insuficiência de escolas, centros de forma-

ção, centros de competências e de inovação, incubadoras de empresas e outros instru-mentos de apoio ao desenvolvimento das empresas industriais nacionais;

• Falta de um Plano e de Programas estratégi-cos para a industrialização de Angola, a mé-dio e longo prazo, em sintonia com outros

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24 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

mercial, profissional, vocação e/ou cultural comercial na maioria dos comerciantes e de agentes económicos locais;

• Ausência de um Fundo de Garantia de Cré-dito à Actividade Comercial;

• Inexistência de Quadro Jurídico-Legal de alienação de Imóveis do sector do comércio, ainda propriedade do Estado para reforço da capacidade de negociação patrimonial dos comerciantes Angolanos

Saúde

+ Potencialidades• Municipalização dos Serviços de Saúde, pro-

movendo intervenções integradas e em arti-culação com as Políticas Públicas e financia-mento para os cuidados primários de saúde prestado directamente aos Municípios;

• Existência em todas as Províncias de Mapas sanitários utilizadas como ferramenta para o desenvolvimento e gestão da rede sanitária.

- Debilidades• Grande escassez e distribuição assimétrica

de recursos humanos qualificados, a todos os níveis, insuficiente cobertura sanitária e dificuldade na manutenção das unidades de saúde existentes;

• Elevadas taxas de mortalidade materna, in-fantil e infanto-juvenil, assim como elevado nível de malnutrição em menores de 5 anos;

• Alta incidência de doenças crónicas não transmissíveis, infecciosas e parasitárias, com destaque para as grandes endemias, doenças respiratórias e diarreicas bem como a persistência de surtos de Cólera, Raiva e Sarampo.

Educação

+ Potencialidades• Implementação da Iniciação Escolar e alar-

gamento da Escolaridade obrigatória;• Forte aposta no desenvolvimento do ensino

técnico profissional.

- Debilidades• Elevada taxa de analfabetismo, em particu-

lar nas zonas rurais;• Dificuldade em recrutar docentes nacionais

para as disciplinas técnicas profissionais;• Falta de condições mínimas nos espaços

educativos para o desenvolvimento no pro-cesso educativo.

Água

+ Potencialidades• Existência de 47 bacias hidrográficas princi-

pais;• Perspectiva de expansão do fornecimento

de água potável a toda a população;• Existência do Programa “Água para Todos”.

- Debilidades• Inadequado mecanismo de fixação de pre-

ços;• Dependência do mercado externo para

a aquisição de matérias e equipamentos,

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25Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

acessórios e peças;• Insuficiência de quadros técnicos e recursos

locais, dificultando a gestão e a sustentabili-dade dos sistemas instalados.

Construção

+ Potencialidades • Melhoria substancial das infra-estruturas ro-

doviárias na maior parte do território nacio-nal, permitindo o restabelecimento da circu-lação entre todas as capitais provinciais;

• Cluster Habitação considerado prioritário e disponibilidade de reservas fundiárias;

• Necessidade de completar a rede nacional de estradas, em particular das vias de liga-ção municipal e comunal.

- Debilidades• Escassez de mão-de-obra nacional qualifica-

da;• Existência de minas em regiões destinadas a

projectos de construção;

• Reduzida oferta nacional de materiais locais de construção, com forte repercussão nos custos das obras.

Telecomunicação e Tecnologia de Informa-ção

+ Potencialidades

• Rápida expansão da procura de TIC’s (Tecno-logia de Informação e Comunicação), a nível individual, empresarial ou institucional;

• Implementação do Programa de Governo Electrónico;

• Operacionalização dos conceitos de “Cor-reio de Proximidade” e de “Estações Multi-funcionais”, que poderão funcionar como importantes ferramentas para a fixação das populações nas suas áreas de origem.

- Debilidades • Escassez de recursos humanos, em qualida-

de e quantidade nas especialidades do Sec-tor;

• Escassez de infra-estruturas postais em todo o País assim como insuficiência de meios rolantes tecnológicos para o transporte de malas postais e distribuição de correspon-dência;

• Ausência de integração cooperativa com outras entidades que executam programas de infra-estruturas semelhantes às do sector e dificuldades na aquisição dos direitos de passagem e de superfície.

Transportes

+ Potencialidades• Sector considerado prioritário com impor-

tantes projectos estruturantes aos níveis de estrutura, sistema e logística;

• Relançamento do sector marítimo nacional, para o transporte marítimo internacional e nacional;

• Expansão de acordos políticos com a Comu-nidade de Desenvolvimento da África Aus-tral (SADC) e a Comunidade Económica dos

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26 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Estados da África Central (SADCE).

- Debilidades• Conservação precária nas infra-estrutu-ras;• Ausência de infra-estruturas e equipa-mentos de suporte aos transportes públicos co-lectivos de passageiros;• Situação deficitária das empresas do sector do transporte.

Emprego

Apesar de a economia estar ainda fortemen-te alavancada no sector petrolífero, este é um sector essencialmente de capital intensivo, ver-ticalizado e sem grandes ligações directas com a economia real, empregando menos de 1% da força de trabalho total. Tal facto não potencia a diversificação económica e a tão necessária cria-ção de emprego. A taxa de desemprego está es-timada em cerca de 26% em 2012 (Fonte: Africa Economic Outlook).

Como resultado do nível de lacunas de compe-tências face aos requisitos do mercado de tra-balho, a maioria da mão-de-obra qualificada em Angola é proveniente de outros países, apesar do sistema de quotas para salvaguardar o em-prego de cidadãos nacionais. Angola ocupa um lugar baixo no Relatório Doing Business 2012, do Banco Mundial, o 178º lugar no item “empregar trabalhadores”, o mais baixo da África Subsaaria-na.

O crescimento económico e a mudança da composição do PIB nacional, tem ocorrido pelo crescimento e desenvolvimento de sectores mais empregadores como o da construção ci-vil, agro-pecuário e serviços, afectando direc-tamente na expansão do emprego no período de 2000 a 2008, de acordo com o Relatório de Progresso dos Objectivos de Desenvolvimen-to do Milénio, de 2010. O crescimento paralelo das actividades do sector informal na economia Angolana agrega desde trabalhadores autóno-

mos, a micro-empresas informais do comércio, pequenos serviços e vestuário.

A proporção de desempregados regista contu-do grandes assimetrias espaciais, sendo que os números demonstram que é mais acentuado no meio urbano. Este facto pode ser explicado pelo êxodo rural da população das províncias para a capital, à procura de melhores oportunidades de vida.

Por outro lado, também segundo o Inquérito In-tegrado sobre Bem-Estar da População (IBEP), a proporção de trabalhadores por conta própria e de trabalhadores não remunerados foi de 66%, dos quais 87% pertencem ao meio rural. Além disso, como seria esperado, o trabalho por con-ta própria e familiar é ainda mais acentuado nas mulheres e nos trabalhadores mais idosos. Nos dias actuais de paz, alguns cidadãos já come-çam a regressar às suas províncias de origem, porém algumas províncias ainda não possuem as mesmas estruturas e oportunidades como as da capital. Algumas empresas estão a criar condições de emprego e desenvolvimento no sector de agricultura, porém, a falta de mão-de-obra, a falta de meios de transporte de merca-dorias e o longo processo de desminagem em certas regiões, são os principais desafios para o desenvolvimento no sector agrícola. Combate à Pobreza e Fome

Apesar dos progressos substanciais verificados na melhoria das condições sociais desde 2002, o país ainda enfrenta enormes desafios na redu-ção da pobreza e melhoria do desenvolvimento humano.

Até 2015 o governo Angolano pretende di-minuir para 34%, a percentagem da popu-lação que vive abaixo da linha da pobreza, sendo que em 2001 essa percentagem foi de 68% e em 2009 de 36,6%. Fonte: IBEP (2008-2009)

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27Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

A pobreza continua a ser um grande desafio para o Governo Angolano e sociedade em geral, mas dados recentes revelam um progresso sig-nificativo neste campo, no entanto, as regiões rurais apresentam piores índices de pobreza do que as regiões urbanas.

Segundo os resultados do IBEP (2008-09), a proporção de pessoas com rendimento inferior a 2USD por dia, passou de 68% em 2001, para 37% em 2009. A percentagem de pessoas que comem menos de 3 refeições por dia na região urbana, é quase o dobro do que na região rural, sendo que 51% da população Angolana se en-contra nesta condição.

A fome e a má nutrição infantil continuam a ser problemas críticos para o desenvolvimento eco-nómico e social de Angola que só são comba-tidos eficazmente através de uma abordagem multissectorial e multidisciplinar, como é o caso do Programa Integrado de Combate à Pobreza e

Desenvolvimento Rural que visa combater três problemas nacionais inter-relacionados: Pobre-za, Subnutrição e Baixa Produtividade da agri-cultura.

Temas como o acesso a alimentação e a servi-ços públicos essenciais no meio rural irão pro-mover a atracção da população que antes teria procurado melhores condições na capital ou em regiões urbanas, agora com condições de se manterem com as suas famílias na região rural e contribuírem para o seu desenvolvimento.

Promover o empreendedorismo social e o crédi-to rural, possibilitará à população localizada em regiões rurais, desenvolver um negócio susten-tável para a sua família. O aumento da alfabeti-zação através da melhoria do acesso ao ensino primário e secundário, serão a base para que a população tenha capacidade de resposta e se-guimento aos projectos de desenvolvimento do país.

Figura 6 – Modelo do Programa Integrado de Combate à Pobreza e ao Desenvolvimento Rural (fonte: Ministério do Planeamento)

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28 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Segurança Alimentar e Agricultura

O conflito em Angola, provocou a destruição física das infra-estruturas de apoio à produção agropecuária, bem como a desestruturação das famílias rurais e dos seus rendimentos, contri-buíram para a redução drástica dos níveis de produção agrícola. As práticas incorrectas de cuidados alimentares, o fraco conhecimento do valor nutritivo de alguns alimentos e o deficien-te acesso aos serviços de saúde são temas que afectam negativamente a saúde da população e, consequentemente, o desenvolvimento do sector alimentar nacional.

O Governo tem em vista o aproveitamento do enorme potencial hídrico através do Plano Na-cional de Irrigação que visa a planificação e a gestão integrada desses recursos para a pro-dução agro-alimentar e industrial, para além do objectivo de implementar programas para facilitar o acesso dos produtores rurais a crédi-tos financeiros (contribuindo directamente para a melhoria das condições de vida das comu-nidades), através da extensão dos serviços de educação, da saúde, da promoção da habitação condigna, água potável, electricidade e sanea-mento básico.

Angola desenvolveu a sua Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (ENSAN) que visa promover uma abordagem ampla e transversal da complexa questão de inseguran-ça alimentar. O objectivo comum do Governo, sociedade civil e do sector privado, é de alcançar a erradicação da fome e a redução significativa da pobreza em Angola. A ENSAN está articulada com programas como Estratégia de Combate à Pobreza e o Programa Integrado de Combate à Pobreza e Desenvolvimento Rural.

Desenvolvimento Rural

O Programa de Extensão e Desenvolvi-mento Rural (PEDR), que visa apoiar as explorações agrícolas familiares, per-mitiu aumentar as áreas cultivadas e as áreas em produção. Dados recentes mostram uma evolução na área cultiva-da de 3.054 mil hectares e de produção de 11.363 mil toneladas em 2005/2006, para 4.556 mil hectares de área cultivada e 20.394 mil toneladas de produção em 2010/2011. (in: Programa de Governação 2012-2017)

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Acesso a Água, Energia e Saneamento

O acesso a água potável, a segurança do seu abastecimento e a energia eléctrica, são temas fulcrais em termos de desenvolvimento econó-mico, pelo impacto que têm ao nível da quali-dade de vida das comunidades e do funciona-mento e competitividade das empresas. Angola registou um avanço significativo no abasteci-mento de água potável às populações nos prin-cipais centros urbanos, suburbanos e rurais. É de se destacar a implementação do programa “Água Para Todos” que apresenta uma cobertura de 47,5% da população rural. O Plano Nacional do Desenvolvimento pretende assegurar a ges-tão integrada dos recursos hídricos com a cria-ção de entidades de gestão das bacias prioritá-rias com planos directores e a implementação de tarifas adequadas que permita a cobertura dos custos de operação para garantir a sus-tentabilidade do serviço público. O objectivo é promover o desenvolvimento e a gestão dos recursos hídricos, do uso do solo e afins, com o objectivo de maximizar o bem-estar económico e social sem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas e do meio ambiente, através de uma Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH).

A disponibilidade e a qualidade de água potável são dos factores que mais contribuem para os elevados índices de doenças que ocorrem em Angola, e que são, na sua maioria, doenças mor-tais. A deficiência ou inexistência de infra-estru-turas de água e saneamento traduz-se na neces-sidade das populações acederem a este recurso de forma precária e sem condições mínimas de segurança e higiene. As empresas conscientes desta realidade precária, investem em projectos de cariz social, através da construção de redes de distribuição de água e saneamento comu-nitário, essencialmente em zonas suburbanas e rurais, onde as condições são piores.

A segurança energética tem sido definida como o acesso a serviços de energia confiáveis e aces-síveis para garantir as actividades das famílias e

empresas, tais como aquecimento, iluminação, comunicações e usos produtivos (Nações Uni-das), e como “a disponibilidade física ininterrup-ta de energia a um preço que é acessível, respei-tando as preocupações ambientais”.

Entre 2002 e 2011, a produção de energia eléc-trica aumentou 3,2 vezes. Este aumento deveu-se à construção e início de funcionamento do Aproveitamento Hidroeléctrico de Capanda. Contudo, a percentagem de população com acesso a energia eléctrica continua baixo (cerca de 30%) e ainda muito concentrada na Provín-cia de Luanda. As prioridades traçadas no Pla-no Nacional do Desenvolvimento no sector da energia são: aumentar a capacidade de produ-ção, com o recurso à recuperação e construção de novas centrais hidroeléctricas e termoeléctri-cas; desenvolver a Rede Nacional de Transporte, com a reabilitação e construção de linhas e su-bestações, incluindo a interligação Norte – Cen-tro – Sul e promover a reabilitação e a constru-ção de redes de distribuição de energia eléctrica

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nas áreas urbanas, suburbanas e rurais, com o recurso a soluções técnicas mais económicas. O objectivo é garantir o abastecimento de água e energia a 80% das cidades, até 2017.

A disponibilidade e interrupção do forneci-mento de energia representam actualmente um desafio para os cidadãos e uma barreira ao crescimento e expansão das empresas a operar em Angola. O acesso à energia condiciona os padrões de qualidade de vida e bem-estar que os cidadãos e a sociedade construíram, uma vez que tudo depende de energia: as comunica-ções, as indústrias, os transportes, os produtos, os serviços e as empresas. A capacidade insta-lada para suprir a procura de energia, é actual-mente insuficiente para suprir as necessidades.

Água e Energia

O programa “Água para Todos” beneficiou cerca de 1.200.000 pessoas com água po-tável.O reforço na reabilitação das barragens do Gove, Mabubas, Lomaum e Cambam-be, permitiu um aumento da capacidade de energia eléctrica em Angola em 295,6 MW.

(in: Programa de Governação 2012-2017)

Acesso a novas tecnologias

O acesso às novas tecnologias de comunicação é também crucial para o desenvolvimento de um país, contribuindo grandemente para a in-clusão social e tecnológica. No caso de Angola, a taxa de acesso à rede fixa é praticamente nula. Das linhas telefónicas existentes, 79,4% encon-tram-se na área urbana 18,1% na área rural. (fonte: Relatório de Progresso dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, de 2010).

De acordo com dados da International Telecom-munication Union (ITU), a taxa de penetração de dos serviços móveis em 2011, foi de aproxima-damente de 50% da população com acesso a telemóvel.

É de salientar ainda a evolução das empresas que prestam serviços de internet que registou um aumento de 369% entre 2009 e 2011 (fonte: Ministério do Planeamento).

A capacitação da população no sector da in-formática, como a inclusão digital, permite que ocorra o desenvolvimento para a introdução de novas tecnologias no país. O Plano Nacio-nal do Desenvolvimento tem como prioridades assegurar a expansão de qualidade às infra-es-truturas de suporte de serviços de informação e comunicação, em todas as regiões do país a preços acessíveis para a população, promover o desenvolvimento da sociedade por meio do combate à exclusão digital e à expansão dos projectos de governação electrónica e assegu-rar a formação de quadros com qualidade para que eles possam estar aptos para capacitar e da-rem sustentabilidade no programa nacional do Governo.

Capacidade Institucional

A capacidade institucional para assegurar a efectiva implementação das políticas de Exe-cutivo em todas as áreas, é frequentemente re-ferida como um dos riscos e desafios mais sig-nificativos no desenvolvimento sustentável de Angola.

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A capacidade institucional, a formação e o nível de escolaridade são apontados como os maiores riscos ao êxito do desenvolvimento económico sustentável, e têm sido foco de preocupação crescente do Governo de Angola. A educação é a base para uma sociedade mais humana, sau-dável e capaz de enfrentar os desafios futuros nas suas diferentes dimensões.

Figura 7 – Factores mais problemáticos para a realização de Negócios em Angola (Fonte: World Bank – The Competivness Development Report 2011-2012)

Desenvolvimento Económico – Principais Desafios

• Diversificação regional e sectorial de uma economia fundamentalmente dependente do petróleo e indústria extractiva, fomentando o desenvolvimento do 3º sector (para além da construção)

• Capacitação e formação das pessoas a todos os níveis de escolaridade para que consigam responder aos desafios da sociedade

• Desenvolvimento de um sector agrícola que promova o desenvolvimento rural, a fixação e desenvolvimento destas comunidades, lançando a base para o desenvolvimento de uma economia local que contribua para a redução dos níveis de pobreza e fome

• Promoção de condições económicas para a empregabilidade, sobretudo, dos jovens atra-vés de programas de formação e capacitação, superior e tecnológica

• Ajustamento do desenvolvimento de infra-estruturas como estradas, sistemas de trata-mento e distribuição de água, electricidade e saneamento básico às necessidades da eco-nomia crescente

• Garantia da existência de processos de governação transparentes, eficazes que promo-vam a competitividade económica de Angola e a sua capacidade para atrair investimento e empresas estrangeiras

Segundo um estudo do World Bank, a seguir à falta de mão-de-obra qualificada, a burocracia associada aos processos governativos é um dos principais entraves à competitividade económi-ca de Angola e à sua capacidade para atrair in-vestimento e empresas estrangeiras.

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Objectivos do PND 2013-2017 para o Desenvolvi-mento Económico:

• Aumentar para 2.200 as empresas criadas com capital maioritariamente Angolano com programas de apoio aos empreende-dores, operacionalizar o fundo de fomento empresarial, reforçar o sistema de Microcré-dito, adoptar medidas especificas de apoio à criação e competitividade de empresas Angolanas, estruturar e apoiar a entrada em funcionamento de escolas do empreende-dor e introduzir mecanismos de apoio às empresas Angolanas e de controlo das im-portações;

• Aumentar a taxa de crescimento do PIB não petrolífero para 10,4% até 2017. Serão ela-boradas estratégias para a diversificação da economia, assegurar a coordenação entre os investimentos públicos e privados, realizar estudos sectoriais sobre a cadeia de valor, em particular, para os clusters prioritários;

• Aumentar a taxa geral de emprego para 75% até 2017, adoptando medidas legais que permitam o acesso predominante de Angolanos aos postos de trabalho que exi-jam altas qualificações, estabelecer meca-nismos de consulta e orientação vocacional e profissional e combater o desemprego de longa duração.

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2.3.3 Desenvolvimento Social Saúde

O Governo tem um forte compromisso com o in-vestimento no sector de saúde, nomeadamente em infra-estruturas. No entanto, ainda é fragili-zado por graves carências de técnicos de saúde qualificados, se traduz num acesso reduzido da população a serviços de qualidade. Actualmen-te, apenas 30% da população tem acesso aos serviços de saúde. Dados recentes mostram um bom progresso nos últimos 10 anos em diversas áreas. A esperança de vida à nascença foi revista em alta para 52 anos contra 46 anos em 2000; a mortalidade materna diminuiu de 880 para 610 mortos por cada 100.000 nados vivos; a taxa de mortalidade infantil de menores de cinco anos decresceu de 21,2% para 16,1%; e prevalência de crianças com subnutrição em menores de 5 anos diminuiu de 37% para 27,5%.

Estes indicadores, por serem multidimensionais e dependentes de inúmeros factores socioe-conómicos como nutrição materna e infantil, vacinação, habilitações literárias, condições de higiene e sanitárias, são chave na avaliação do nível de desenvolvimento de cada país.

A luta contra a malária em Angola tem estado predominantemente centrada na prevenção, com significativas contribuições de ONG inter-nacionais. A malária é responsável por cerca

O Governo Angolano tem delineado um programa de combate à mortalidade infantil que tem como principais eixos de actuação: Vacinação; Nutrição; Higie-ne e realização de campanhas de cons-ciencialização da população para com o tema, sendo que um dos objectivos do PND 2013-2017 é a redução significativa da mortalidade materna, infantil e infan-to-juvenil.

de11% da mortalidade em crianças menores de cinco anos de idade, por 25% da mortalidade materna, e representa a principal causa de mor-talidade, doença e faltas ao trabalho e à escola. Os principais desafios para a redução de doen-ças entre as crianças são o esforço contínuo na vacinação das crianças que residem nas zonas rurais, na melhoria das condições de acesso à água potável e na ampliação dos investimentos das recolhas e tratamento de lixo melhorando o saneamento básico.

Em termos de prevalência do HIV, Angola tem a menor taxa de prevalência da África Austral, com cerca de 2% da população adulta infecta-da, em parte explicado pela baixa mobilidade das populações nos últimos 30 anos. Embora existam Centros Médicos nas 18 capitais pro-vinciais de Angola, que fornecem terapias anti-retrovirais (ART), apenas 24% das pessoas infec-tadas pelo HIV estão actualmente a receber ART.Em 2011 estima-se que houve mais de 12 mil mortes relacionadas com a SIDA, e em relação às mulheres adolescentes estima-se que 120 mil mulheres com idade de 15 anos vivem com o vírus HIV.

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Os programas de envolvimento das empresas na área da saúde estão essencialmente relacio-nados com a prestação de cuidados básicos de saúde e a programas de prevenção e combate à Malária e HIV-SIDA. A negligência inconsciente dos actos e comportamentos humanos, poten-ciam a proliferação de doenças graves e inibem as gerações vindouras de melhores níveis de qualidade de vida.

Saúde – Factos Chave

O número de médicos aumentou de 1.520 em 2008, para 3.541 em 2011 e o número de enfermeiros subiu no mesmo período de 26.486 para 34.301. A sero-prevalência do VIH/SIDA diminuiu de 2,1% em 2008 para 1,9% em 2011.A descentralização dos serviços de saúde permitiu o aumento do acesso 44,6% da população em 2011, relativamente aos 30% registados em 2001.

(in: Programa de Governação 2012-2017)

Objectivos do PND 2013-2017 para a Saúde

• Aumentar a taxa de acesso ao saneamento básico apropriado para 70%. As medidas fundamentais seriam elaborar uma Estraté-gia Nacional de Resíduos Sólidos e Urbanos, Implementar um Sistema de Gestão Am-biental Urbano, promover a construção de infra-estruturas de saneamento básico a ní-vel urbano e rural e actualizar os Planos Di-rectores de Águas Residuais nas Cidades Ca-pitais de Províncias e das Sedes Municipais.

Educação, Formação e Jovens

A educação, sob forma de garantia de acesso ao ensino primário é também um dos objectivos do milénio para 2015.

O maior desafio de Angola ao nível da Educa-ção prende-se com a necessidade de aumentar a qualidade de ensino a todos os níveis, com especial atenção em estratégias de atracção do corpo docente com competências e perfis cien-tíficos, técnicos e pedagógicos adequados. Sem a criação de um corpo docente capaz de ende-reçar os desafios da educação em Angola, não é possível garantir a sustentabilidade da escolari-dade mínima obrigatória, factor que condiciona a médio prazo a fragilidade do capital humano.Também neste indicador, a evolução foi signi-ficativa com o número de alunos matriculados no ensino primário a aumentar cerca de 206% entre 2001 e 2009 (IBEP). Contudo, alguns de-safios permanecem ainda por endereçar, nome-adamente, a garantia que os alunos permane-cem na escola e que têm resultados positivos. Segundo dados do IBEP, as taxas de reprovação, e abandono ainda estão aquém do desejado.

Objectivos do Plano de Desenvolvi-mento 2013-2017 (Jovens)

• Aumentar a empregabilidade dos jo-

vens e ajustar as suas qualificações às necessidades dos mercados;

• Melhorar as condições de saúde dos jovens;

• Melhorar o acesso dos jovens a uma habitação condigna,

• Promover a participação dos jovens na democracia e no desenvolvimento so-cial do país;

• Adequar o quadro institucional às ne-cessidades do sector

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O indicador de escolaridade média demonstra, efectivamente, que, além do problema do ensi-no primário, é necessário criar também as con-dições para a permanência dos alunos na escola.

Indicadores de produtividade do sistema edu-cativo apresentaram uma taxa de aprovação em 2009 de 60% sendo a meta do governo que em 2015 chegue a 80%. O número de professores para o ensino primário em 2009 foi de 109.977 e o número de salas foi de 46.608, de acordo com o Relatório de Progresso dos Objectivos do De-senvolvimento do Milénio, de 2010.

A taxa de alfabetização dos jovens em Angola ronda os 76,9% para jovens entre os 15-19 e, de 74,8% para os jovens entre os 20-24 (IBEP 2008-2009). Também aqui a assimetria regional é evi-dente com uma taxa de alfabetização de apenas 56,3% nas zonas rurais, de acordo com o Relató-rio de Progresso dos Objectivos do Desenvolvi-mento do Milénio, de 2010.

Os maiores desafios no sistema educacional en-contram-se ao nível da produtividade, havendo necessidade de melhorar os indicadores de con-clusão, aprovação, abandono e contingente de estudantes atrasados em relação aos anos lecti-vos que seriam recomendados. Seria importan-te também, para satisfazer as necessidades do sector educacional, a cooperação internacional para o financiamento e o intercâmbio técnico-pedagógico nas áreas em que se concentram os obstáculos para a expansão e melhoria da quali-dade do ensino nacional. Os desafios que se enfrentam ao nível da edu-cação dos jovens acabam por ter repercussões na taxa de desemprego, um dos principais pro-blemas na economia Angolana. A promoção da economia informal e a marginalidade são algu-mas das consequências do desemprego jovem, que tem vindo a ser endereçado através de pla-nos de apoio que visam facilitar a inserção na vida activa. O Plano Executivo do Governo de Apoio à Juventude (PEGAJ), em parceria com diversas instituições, empresas e sociedade ci-vil, teve um impacto significativo na redução da taxa de desemprego dos jovens em resultado da melhoria das condições de vida e na sua par-ticipação activa no processo de reconstrução e desenvolvimento do país.

Ensino Superior – Factos Chave

• O n.º de estudantes matriculados no ensino superior passou de 13.861 em 2002, para 150.000 em 2011.

• Em 2002 o efectivo escolar não-uni-versitário foi de 2.565.542, versus cer-ca de 6,7 milhões em 2011.

• O corpo docente passou de 83.601 efectivos em 2002,para aproximada-mente 218 mil em 2011.

(in: Programa de Governação 2012-2017)

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Objectivos do PND 2013-2017 para a Educação:

• Elevar a taxa de alfabetização aos adultos, a partir de 15 anos, até 2017 para 75%, com programas de alfabetização para adultos e programas específicos de alfabetização no Meio Rural;

• Atingir o número de 70 mil diplomas para o Ensino Técnico Profissional com a expansão e melhoria da rede escolar para o ensino téc-nico profissional e respectivos equipamen-tos para garantir a formação dos respectivos professores;

• Aumentar até 2017 o número de diploma-dos pelo ensino superior para 20 mil. Para atingir essa meta o Plano do Desenvolvi-mento pretende implementar programas como o Plano Nacional de Formação de Quadros, desenvolver o Ensino Superior Tecnológico, promover e estimular a forma-ção pós-graduada dos docentes do ensino superior e construir lares e internatos para os estudantes do ensino superior.

Objectivos do PND 2013-2017 para os Jovens

• Aumentar a taxa de emprego para 55% aos jovens, entre 15 e 25 anos, com a implemen-tação de programas de formação profissio-nal para os jovens e promover o emprego de jovens e a sua transição adequada do siste-ma de ensino para toda vida activa;

• Aumentar o número de jovens aderentes ao programa “Meu Negócio Minha vida” para 45 mil participantes, que tem como objec-tivo apoiar os empreendedores jovens, as-segurar o acesso de jovens a crédito bonifi-cado para pequenos negócios e organizar e implementar programas de estágios profis-sionais para os jovens.

Igualdade entre os géneros

Além das disparidades geográficas, a igualda-de de género continua a ser um grande desafio em todo o país, particularmente em termos de acesso à escola secundária e a oportunidades de emprego.

A sociedade Angolana apresenta níveis de desi-gualdade elevados, com um coeficiente de GINI de 55,0 em 2011. (Relatório: Education in Emer-gencies and Post-crisis Transition, Unicef)

Igualdade entre Género - Factos Chave • A Representatividade das mulheres no

Parlamento passou de 16,4% em 2008, para 38,6% em 2010. (in: Programa de Governação 2012-2017)

• 60% dos estudantes universitários em Angola são mulheres.

Fonte: Jornal O País

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37Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

A meta do objectivo do Milénio é de re-duzir em três quartos a taxa de mortali-dade materna, entre 1990 e 2015. Segun-do dados do Ministério da Saúde, 29% das causas de morte da mulher estão ligadas à maternidade

Fonte: Objectivos do Milénio

O modelo e valores da família Angolana está as-sente em fortes tradições e pressões sociais que tendem a desvalorizar os direitos da mulher e da rapariga. No período pós-guerra, observou-se ainda assim uma necessidade cada vez maior das mulheres Angolanas assumirem um papel activo na sociedade.

A desigualdade de género continua a ser um desafio chave do desenvolvimento. De acordo com o Índice Global de Paridade do Género, do World Economic Forum, Angola ocupou a 106ª posição em 2009. As mulheres constituem 52% da população e 24% das famílias Angolanas são chefiadas por mulheres. A idade média em que as mulheres têm o seu primeiro filho é de 18 anos e têm, em média, 2,7 filhos. Estima-se que 9,8% dos homens Angolanos (com 12 anos ou mais) vivam com mais de uma mulher. Apenas 51,9% das mulheres com 15 ou mais anos são alfabe-tizadas (contra uma média nacional de 65,6%), mas espera-se uma melhoria já que 75,4% das raparigas (de 6 a 11 anos) estão matriculadas na escola primária (a média nacional é de 76,3%). As raparigas constituem 50,5% dos alunos ma-triculados no ensino primário e 50% no ensino secundário. O recente sistema de quotas ajudou a aumentar a representação política das mulhe-res em altos cargos do Governo para 30%. Ac-tualmente, as mulheres representam 38,6% dos deputados, a segunda maior taxa da SADC, de-pois da África do Sul, mas ainda só 1,2% a nível do governo local, a menor taxa da SADC (Fonte Exame Angola).

Nos meios mais rurais, a mulher Angolana assu-me uma participação quase residual naqueles que são os órgãos de decisão. É essencial man-ter o investimento na capacidade institucional das estruturas ligadas à família, nomeadamen-te o seu bem-estar e melhoria da qualidade de vida.

2 O coeficiente de Gini (ou índice de Gini) é um cálculo usado para medir a desigualdade social, desenvolvido pelo estatístico italiano Corrado Gini, em 1912. Apresenta dados entre o número 0 e o número 1, onde zero corresponde a uma completa igualdade na renda (onde todos detêm a mesma renda per capta) e um que corresponde a uma completa desigualdade entre as rendas (onde um indivíduo, ou uma pequena parcela de uma população, detêm toda a renda e os demais nada têm).

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38 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Família e Promoção da Mulher

+ Potencialidades• Movimento de organizações femininas mo-

bilizadas para as principais preocupações das mulheres e da sociedade (direitos hu-manos, violência, participação no desenvol-vimento económico);

• Publicação do Protocolo da SADC sobre o Género e Desenvolvimento e a sua estraté-gia de implementação;

• Reforço de Parcerias com Agências da ONU e outras organizações.

- Debilidades• Inexistência de Centros de Aconselhamento

Familiar de referência para as vítimas de vio-lência doméstica;

• Inexistência da institucionalização da práti-ca da Planificação e Orçamentação na ópti-ca do Género, no quadro dos compromissos do Convention on the Elimation of all forms of Descrimination Against Women (CEDAW);

• Inexistência da institucionalização da práti-ca de Desenvolvimento Económico Local na perspectiva do Género e Economia Solidária como metodologia para o fortalecimento das unidades familiares camponesas e das Micro Empresas Rurais Associativas (MERAs).

Objectivos do PND 2013-2017 para a Igualdade de Géneros• Aumentar o índice de participação femini-

na no Parlamento e Executivo para 40%. As medidas fundamentais são na promoção da igualdade de género no acesso ao emprego e formação profissional, organizar acções de sensibilização para o papel da mulher na vida pública e comunitária e aplicar Políticas de Igualdade de Géneros.

Cultura e Desporto

A cultura representa um dos pilares fundamen-tais para o desenvolvimento de uma sociedade. É interpretada nas sociedades evoluídas como um sinónimo de conhecimento, evolução, ma-turidade e capacidade intelectual. É essa pre-missa que deve ser perseguida nos países em desenvolvimento, através da construção de uma identidade, cultura e tradições que reflic-tam as particularidades das nações e represen-tem uma atracção para o mundo. Em Angola as áreas prioritárias de intervenção são ao nível da criação de infra-estruturas que promovam a partilha de diferentes formas de arte, cultura e

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39Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

de intervenção social.

Alguns dados relacionados com esta área, como por exemplo o número de visitantes a museus ou número de leitores revelam o longo caminho a percorrer, também nesta área.

No que respeita à área do Desporto, o apoio das empresas representa uma aposta clara nas crianças e jovens, e na importância que o des-porto assume na educação das gerações mais novas. O desenvolvimento de capacidades físi-cas potencia as capacidades cognitivas dos jo-vens e contribui para a criação de uma cultura de responsabilidade, disciplina e competição, que induz a um espírito vencedor. É essa cultu-

ra que se pretende enraizar nas novas gerações. Ainda se verifica insuficiências a nível de condi-ções e recursos materiais e humanos que permi-tam a prática desportiva. É necessário garantir a construção de novos centros polidesportivos, com dispersão geográfica ao nível das provín-cias. Actualmente o apoio a nível corporativo in-veste na promoção de desportos como o Fute-bol ou o Basquetebol, através de parcerias com escolas ou centros comunitários.

Cultura - Dados Chave No ano de 2012 o número de visitantes a museus nacionais foi de 62.488 pessoas, o número de leitores e consultantes na biblioteca nacional foi de 39.724 pessoas e a quantidade de casas de cultura nacio-nal são somente 7

Fonte: Ministério do Planeamento

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40 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Juventude e Desporto

- Potencialidades• Capacidade do desporto para promover va-

lores e desenvolver habilidades no campo das relações sociais (competição, coopera-ção, liderança, disciplina etc.);

• Infra-estruturas desportivas existentes no País constituem uma mais-valia e existe ca-pacidade organizativa acumulada na reali-zação de várias competições e eventos des-portivos regionais e internacionais.

- Debilidades• Insuficiência de infra-estruturas juvenis e

desportivas nas comunidades, agravadas pela deficiente gestão, manutenção e con-servação das mesmas;

• Dificuldade de inserção dos jovens à vida desportiva;

• Reduzido número de pessoal técnico nacio-nal.

Cultura

+ Potencialidades• Cultura como uma das principais fontes de

incentivo para o turismo; • Crescente divulgação, nacional e internacio-

nal, da cultura e da arte Angolana; • Contribuição significativa para a unidade

nacional através da promoção do sentimen-to de patriotismo.

- Debilidades• Insuficiência de recursos financeiros e hu-

manos qualificados exigidos pelo desenvol-vimento cultural do País;

• Ausência de registo e organização do patri-mónio cultural intangível;

• Restrições de espaço na Biblioteca Nacio-nal, impedindo a ampliação do acervo e a admissão de um maior número de leitores e visitantes em geral;

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41Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Desenvolvimento social - Principais Desafios Saúde

• Existência de infra-estruturas e pessoal médico qualificado determina um fraco nível de acesso à saúde, sobretudo no meio rural;

• Em determinadas regiões, os baixos índices educacionais, condições higiénicas e sanitá-rias, nutrição materno-infantil são determinantes no agravamento das questões de saúde. É por isso necessário um esforço contínuo na vacinação das crianças que residem nas zo-nas rurais, na melhoria das condições de acesso a água potável e na ampliação dos investi-mentos das recolhas e tratamento de resíduos, melhorando o saneamento básico.

Educação e Jovens • Sucesso e permanência escolar, condicionado também pela falta de professores qualifica-

dos a todos os níveis; • O nível de desenvolvimento das infra-estruturas em alguns níveis (água, energia) condi-

ciona as actividades escolares;• O desalinhamento entre os conteúdos programáticos e a capacitação dos professores con-

diciona também a actividade escolar;• A falta de qualificação dos jovens, maioritariamente nas zonas urbanas leva ao desempre-

go e à prevalência da economia informal. •Igualdade entre géneros • Capacidade de mudança de mentalidades e hábitos sociais e promoção dos direitos das

mulheres;• Promoção da saúde materna e educação no sentido de garantir as condições sociais mini-

mamente condignas a todas as mulheres;• Fomento do empreendedorismo e da cultura das mulheres como forma de geração de

rendimento que lhes permita sair do ciclo de pobreza.

Cultura • Desenvolvimento de infra-estruturas adequadas e formação, criação e divulgação da cul-

tura nas suas mais diversas formas;• Preservação das culturas locais e regionais que reflectem a identidade Angolana através da

transformação dessas actividades culturais em actividades economicamente sustentáveis; • Garantia da existência de formadores/professores capacitados e capazes de cultivar o inte-

resse e despertar o talento desportivo e cultural dos jovens.

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42 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

2.3.4 Ambiente

A área ambiental tem um enquadramento legal muito recente e neste sentido, as empresas as-sumem o seu cumprimento ainda como a prin-cipal actuação na preservação e promoção am-biental.

Angola está na fase de desenvolvimento das políticas e programas estruturais em diversos sectores, incluindo nas matérias ambientais. Nos últimos 10 anos, Angola institucionalizou o Ministério do Ambiente, que tem desenvolvi-do a regulação da actividade dos diversos sec-tores, estabelecendo diplomas que regulam a protecção ambiental em prol do crescimento económico sustentado. Contudo, existem ain-da carências que se fazem sentir ao nível das questões mais estruturais, como por exemplo: a garantia da existência de sistemas de recolha de resíduos, sistemas de tratamento de águas e saneamento adequados, entre outros, e que re-

Figura 8 – Fatalidades atribuíveis a questões ambientais (Fonte: Human Development Report, 2011.)

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43Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

presentam as prioridades de actuação, pelo im-pacto que têm no desenvolvimento económico do país.

Uma das conclusões apontadas no estudo re-lativo ao Índice de Desenvolvimento Humano, aponta para uma ligação clara entre o Índice Multidimensional de Pobreza (MPI) e os efei-tos dos impactos ambientais negativos nas populações. A degradação ambiental afecta as populações sob diversas formas para além do rendimento, produzindo efeitos negativos ao nível da saúde e educação e outras dimensões do bem-estar, com reflexo directo e indirecto no desenvolvimento económico.

Angola está entre o top 10 dos países com maior taxa de mortes atribuíveis a causas ambientais, em resultado das secas extremas, poluição at-mosférica, inundações, e outras catástrofes na-turais.

Gestão de Recursos Naturais

Angola é um país rico em recursos naturais, ao nível de recursos hídricos, biodiversidade, flo-resta e valiosas matérias-primas, como os dia-mantes e o petróleo. Dos recursos florestais, que ascendem a 43% da superfície do país, apenas 2% são florestas de alta produtividade e bio-diversidade. Estas florestas estão actualmente sobre uma pressão significativa, quer por via da exploração florestal quer por conversão agríco-la, altamente condicionada e ineficiente devido às dificuldades associadas à falta de infra-es-truturas de transporte. Por outro lado, a utiliza-ção da biomassa como combustível nas zonas suburbanas e rurais está também a contribuir para a desflorestação. Estima-se que tenha havi-do uma redução de 3,7% da área florestal entre 1990-2008 (fonte: World Bank). O governo Ango-lano está a trabalhar no sentido da criação de novos parques naturais e zonas de conservação. De acordo com o estudo realizado pela KPMG – Expect the Unexpected - o sector mineiro, que

representa um dos principais da economia An-golana, está exposto a riscos ambientais signifi-cativos, nomeadamente à escassez de matérias e recursos naturais, escassez de água, e altera-ções climáticas.

Figura 9 – Matriz de risco e grau de preparação para o risco ( fonte: KPMG – Expect the Unexpected: Buiding Business Value in a Changing World - 2012)

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44 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

As Alterações Climáticas e as emissões de CO2

A questão das alterações climáticas deve ser en-dereçada sob dois pontos de vista: (1) o impacto das alterações climáticas na região, sociedade e empresas; e (2) a contribuição destes agentes para o combate às alterações climáticas, através da redução de emissão de gases com efeito de estufa.

Relativamente ao primeiro tema, as alterações climáticas são apontadas como factor de gran-de impacto, sobretudo nos países menos desen-volvidos, pela menor capacidade na resposta a crises ou situações de emergência, mas também pelo impacto que têm nas culturas agrícolas, principal meio de subsistência do meio rural, em resultado de fenómenos de seca extrema, inundações, tempestades, entre outros.

Está neste momento a ser trabalhada a integra-ção da estratégia de adaptação às alterações climáticas nas políticas e planos nacionais de desenvolvimento.

Por outro lado, e em resposta ao segundo ponto, a política internacional das alterações climáticas, faz com que as soluções de desen-volvimento sejam pensadas numa perspectiva de ajudar os países a evoluírem no sentido de serem menos intensivos em termos de carbono, sem prejudicar o seu crescimento.

Em Angola, as principais fontes de emissões es-tão associadas à queima de gás associado à pro-dução de petróleo e a outras fontes para satisfa-zer as necessidades energéticas da população. Está em curso o desenvolvimento de outras tec-nologias de produção de energia com menores impactos ambientais associado, como é exem-plo o gás natural e a produção hidro-eléctrica.

Segundo os dados do Human Development Re-port de 2013, as emissões de CO2 em Angola cresceram a uma taxa anual de 2,2% no período de 1970-2008, sendo actualmente de 5,1 tonela-das de CO2eq por habitante, um valor superior à maioria das economias do mundo, em muito afectado pela actividade do petróleo e gás.

Emissões de Gases com Efeito de Estu-fa per capita ( tCO2eq)

Fonte: Human Development Report, 2011

Através da consulta do Plano Nacional de Desen-volvimento 2013-2017, é observável a ambição do Executivo em integrar as preocupações am-bientais nos diferentes programas existentes. O programa de educação e capacitação para ges-tão ambiental, (que visa promover a sensibiliza-ção, educação e formação das populações nos diferentes domínios do ambiente), e o programa de qualidade Ambiental (que formula políticas e legislação contra a poluição e qualquer acção

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45Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

nociva ao ambiente), entre outros, são exem-plos de iniciativas que visam promover a utiliza-ção de tecnologias limpas e eco-eficientes.

Ainda assim, Angola carece de sistemas de su-porte à gestão dos aspectos ambientais, quer ao nível da prevenção quer da minimização dos impactes. O país é rico em recursos naturais pelo que é urgente a preocupação na preservação da biodiversidade, ecossistemas, recursos hídri-cos, solos, atmosfera, bem como a necessidade de controlo de produção de resíduos, fruto de um crescente desenvolvimento económico. As indústrias mais poluentes como a extractiva e de exploração de recursos naturais, têm assumi-do um papel fundamental na incorporação de práticas responsáveis pela gestão controlada e eficiente dos recursos. Os países em desenvol-vimento deverão considerar na sua estratégia de crescimento com recurso a tecnologias mais limpas, permitindo alcançar ganhos de eficiên-cia económica e ambiental.

Ainda não é possível ter dados que caracterizem a situação actual do país ao nível de indicado-res ambientais, inviabilizando desde logo o seu controlo e monitorização.

Ambiente

+Potencialidades• Interesse crescente pelos temas ambientais

e a necessidade de protecção, preservação e conservação da qualidade ambiental;

• Valorização dos patrimónios nacionais das comunidades;

• Novas metodologias de análise da viabili-dade económica e ambiental, assim como a obrigatoriedade de apresentação de estu-dos de impacto ambiental em projectos de investimento.

Ambiente – Principais Desafios

• Desenvolvimento de infra-estruturas e mecanismos adequados que permi-tam a instalação de tecnologias e prá-ticas eco-eficientes, por exemplo ao nível dos transportes, reciclagem dos resíduos entre outros

• Capacidade de monitorizar o desem-penho ambiental e garantir o cumpri-mento da legislação ambiental

• Mudança da mentalidade de exclusivo cumprimento legal, para uma cultura mais de responsabilidade ambiental

• Sensibilização das comunidades para a importância do pilar ambiental

Objectivos do PND 2013-2017 para o Ambiente

• Aumentar a taxa de acesso a água potável para 55%, com melhorias na qualidade dos serviços de águas em zonas mais populosas, completar a implementação do programa “Água para Todos” e implementar um pro-grama Nacional de Monitorização de Quali-dade de Água para o Consumo Humano.

- Debilidades• Insuficiência de quadros técnicos para a

execução projectos no sector;• Fraca educação ambiental, deficiente sanea-

mento básico e ausência de controlo de im-pactos climáticos;

• Degradação ambiental através do agrava-mento da desertificação.

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46 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

3. Caracterização da situação actual de práticas de RSE em Angola 3.1 O sector empresarial

RSE aliada à criação de valor

Quando questionadas relativamente ao con-ceito de RSE com o qual mais se identificam, as empresas da amostra consultada, revelam um alinhamento quase global, baseado no concei-to de desenvolvimento sustentável assente nos três pilares de desenvolvimento, demarcando-se claramente de uma abordagem de assisten-cialismo, caridade ou filantropia que caracte-rizavam estas acções no passado. A resposta

relativamente ao conceito que foi mais consen-sual foi de que responsabilidade social e empre-sarial compreende assumir “compromisso com apoio e desenvolvimento das comunidades” (considerada muito relevante por 87% dos res-pondentes), “Ser social e ambientalmente res-ponsável e contribuir para o desenvolvimento económico” (considerada muito relevante por 74% dos respondentes) e “Ser transparente e ético na condução dos negócios” (considerada muito relevante por 74% dos respondentes).

O conceito de “Proteger o Ambiente” foi consi-derado ligeiramente menos relevantes que as restantes definições

30% das empresas consideram que a atribuição de donativos e práticas de caridade não corresponde de todo à ac-tividade de responsabilidade social em-presarial.

“Na Organização Odebrecht actuar com foco em Sustentabilidade é conduzir nossos negócios de forma a gerar resul-tados positivos a todas as partes interes-sadas, Clientes, Accionistas, Integrantes, Fornecedores, Parceiros, Comunidades e Sociedade em geral, hoje e no futuro.”

Referente à média de cada resposta relativa ao universo total de respostas em que 1- Não Relevante ---- 4- Muito Relevante

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47Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Por outro lado, de relevar ainda o destaque dado pelos entrevistados, à importância de imple-mentar programas de RSE que criem valor para os diferentes stakeholders externos à organiza-ção, mas que também criem valor para a própria organização, factor crítico para garantir que os programas tenham sustentabilidade e perdu-rem no tempo. Este aspecto pode ser traduzido também pela importância dada ao conceito de “providenciar produtos e serviços inclusivos” no contexto das actividades de RSE.

Estes resultados sugerem, que já existe uma de-finição clara do papel da responsabilidade social empresarial e que este não está reduzido à acti-vidade de filantropia ou de caridade. A cultura de responsabilidade social empresarial decorre de uma obrigação moral e ética das organiza-ções, mas evoluiu para uma actividade cuja fina-lidade é o investimento social, o que pressupõe que exista um retorno efectivo para a sociedade e que isso também contribua para o valor e re-torno da organização.

O alinhamento com o Global Compact

Tendo em conta a importância dos princípios do Global Compact (GC) como referência para as empresas do desenvolvimento sustentável, foi realizada uma análise ao conhecimento e grau de aderência a estes princípios.

Os resultados demonstram que, da amostra consultada, existe uma tendência para o alinha-mento com os princípios do GC, nomeadamen-te com os direitos fundamentais (direitos hu-manos do trabalho - princípios de 1 a 6) com os quais, em média 86% das empresas consideram que estão alinhadas ou totalmente alinhadas com estes princípios.

52% das empresas consultadas afirmam conhecer totalmente os princípios do GC

Qual o seu grau de alinhamento com os principios do GC de 1 a 6 - Direitos Funda-

mentais?

Já no que diz respeito aos princípios relativos ao ambiente, conclui-se que existe a consciência por parte das empresas que há um longo cami-nho a percorrer. Apenas 66% das empresas de-claram-se alinhadas com os princípios do GC re-lativos à responsabilidade ambiental e à difusão de tecnologias ambientalmente sustentáveis, o que é revelador do trabalho a fazer no sentido de consciencializar a sociedade civil também para a importância do pilar ambiental.

Apenas 32% das empresas dizem-se ali-nhadas com o princípio da difusão de tecnologias ambientalmente sustentá-veis

Qual o seu grau de alinhamento com os principios do GC de 7 a 9 (Ambiente)?

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48 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Relativamente ao princípio 10, de promoção de mecanismo de prevenção e combate à corrup-ção, 74% das empresas prefere não responder, enquanto 15% declaram-se alinhadas ou total-mente alinhadas

Análise Sectorial – Grau de Alinhamento com os Princípios do Global Compact (Prin-

cípios de 1 a 9)

Verifica-se que é o sector da Banca que declara um maior alinha-mento com os princípios do GC, sendo que o sector da construção

e petróleo e gás revelam uma tendência ligeiramente inferior. Este alinhamento é menos assumido no que diz respeito aos princípios

relacionados com a prevenção do ambiente.

0-Não Alinhado - 3-Totalmente Alinhado

*Telecomunicações, Seguros, Bebidas, Mineração, Infra-estruturas e Agro-indústria

A delineação de uma estratégia de responsabilida-de social

A dimensão da responsabilidade social empre-sarial deve ser definida de forma estratégica para que permita a criação de valor tanto para a sociedade como para a empresa, numa pers-pectiva de retorno a médio-longo prazo.

Verificamos que a maioria das empresas consul-tadas já tem uma estratégia desenvolvida para alocação de esforços e recursos à responsabili-dade social empresarial, tendo já uma área ou departamento que se dedica a estas acções. Na maior parte das vezes essa responsabilidade re-cai sobre departamento de comunicação, ma-rketing ou relações institucionais.

78% das empresas consultadas declaram ter uma estratégia de responsabilidade social empresarial, e 13% declaram estar a delinear essa estratégia. Das empresas que já implementam essa estratégia, 78% definem a estratégia localmente enquan-to as restantes empresas adoptam a es-tratégia internacional, fazendo, natural-mente adaptações ao contexto local.

As empresas consultadas estão divididas quan-to ao desenvolvimento da sua estratégia, lo-calmente ou internacionalmente. No sector do Petróleo e Gás, 50% dos inquiridos têm estraté-gias definidas internacionalmente, em grandes linhas orientadoras que são posteriormente adaptadas ao contexto local. A elevada maturi-dade na gestão dos temas de responsabilidade social empresarial decorre de dois factores es-senciais. Por um lado, por se tratar de empresas multinacionais que operam há muitos anos no contexto de países em vias de desenvolvimen-to, faz com que exista um elevado know how capitalizado nestas temáticas, por outro, as obrigações decorrentes dos contratos de con-cessão no âmbito do local content e licença para operar, fazem da RSE uma realidade intrínseca ao sector.

Quanto aos responsáveis pela definição da es-tratégia e implementação dos projectos, veri-fica-se que existe bastante dispersão entre as empresas. Apenas cerca de metade das empre-sas consultadas tem uma área específica dedi-cada à responsabilidade social empresarial ou sustentabilidade.

São os departamentos de comunicação/ma-rketing que mais vezes são referidos como os responsáveis pelo desenvolvimento da estra-tégia de Responsabilidade Social Empresarial, embora exista já uma elevada percentagem de empresas que afirma ter um departamento de responsabilidade social que se dedica ex-clusivamente à delineação e implementação

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da estratégia de RSE da organização. De referir ainda que cerca de 26% das empresas refe-rem o envolvimento da gestão de topo, no-meadamente do Conselho de Administração, no desenvolvimento das suas estratégias de responsabilidade social empresarial e em 70% dos casos é o Conselho de Administração que é responsável pela aprovação dos planos e inves-timentos.

48% das empresas consultadas têm uma área ou departamento de Responsabili-dade Social ou Sustentabilidade

Áreas com responsabilidade pela delineação da estratégia em RSE (% empresas)

Em termos sectoriais, verificamos que o sector do Petróleo e Gás é o mais maduro, sendo que em todas as empresas analisadas existe um de-partamento de responsabilidade social ou sus-tentabilidade, e em alguns casos ambos. No caso dos sectores da banca e da construção esta percentagem é de 33% e 50% respectivamente, estando estes temas, nos restantes casos entre-gues ao departamento de comunicação.

Alinhamento com as áreas de actuação

De notar que embora muitas organizações ape-nas desenvolvam actividades em determinadas províncias de Angola, tendencialmente as suas actividades de responsabilidade social empre-sarial abrangem uma parcela maior do territó-rio. Cerca de 13% das empresas afirmam que as suas actividades de RSE abrangem apenas

Luanda sendo que quase metade afirma que as suas actividades de RSE abrangem pelo menos as regiões/províncias onde estão presentes.

43% das empresas afirma realizar pro-jectos de responsabilidade social em-presarial em todas as províncias onde estão presentes

Relativamente ao alinhamento com os temas materiais, verificamos que existe um alinha-mento global por parte das empresas analisa-das, sendo que a maioria das empresas actua na saúde e na educação e desenvolvimento eco-nómico. Apenas cerca de metade declara ter ini-

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50 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

ciativas do âmbito da protecção ambiental. As iniciativas específicas para jovens e de combate à desigualdade entre géneros não são endere-çadas por cerca de 25% dos entrevistados.

Saúde

Verificamos que, no âmbito dos temas da Saúde, a área mais representativa de actuação das em-presas é ao nível dos programas de saúde dos seus colaboradores e o combate ao HIV SIDA. Por outro lado as áreas menos privilegiadas, são os programas directamente ligados à saúde in-fantil, formação de profissionais de saúde e de disponibilização de medicamentos (todas refe-ridas por menos de 45% das empresas).

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresa no âmbito da Saúde (% de empresas)

A motivação do desenvolvimento de programas de saúde para os colaboradores, referida por muitos dos entrevistados, resulta da necessida-de de mitigar o risco e o impacto operacional no negócio que as questões de saúde implicam em termos de disponibilidade dos colaboradores, (assiduidade), para o desenvolvimento das suas actividades de trabalho. Verifica-se também, muitas vezes, que as infra-estruturas desenvol-vidas para os colaboradores de uma determina-da organização acabam por ser utilizadas tam-bém pelos restantes membros da comunidade, resultando daí um benefício indirecto.

A análise sectorial desta informação, cingiu-se aos sectores da Construção, Petróleo e Gás, Ban-ca e Transportes porque apenas estes apresen-tam representatividade em termos de respos-tas.

Verificamos que a maioria das empresas do sec-tor do Petróleo e Gás que constam da amostra, desenvolve programas de Combate ao HIV-Sida (80%), sendo que existe também algum consenso com as restantes áreas de actuação, desenvolvidas por mais de metade das empre-

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sas (nomeadamente: combate à malária, saúde infantil, infra-estruturas de saúde, formação de profissionais de saúde e programas de saúde para colaboradores) No sector da Construção, verifica-se que todas as empresas da amostra desenvolvem programas de saúde para os co-laboradores, sendo que a maioria tem também programas de disponibilização de medicamen-tos, combate à malária e combate ao HIV SIDA.

Já no sector da Banca, 60% das empresas decla-ra ter também programas de saúde para os seus colaboradores e 40% declara ter programas de combate à malária e donativos no âmbito da Saúde. O sector das empresas públicas de trans-portes, aqui representado por duas empresas, refere actuar primordialmente no âmbito da saúde materna e da formação de profissionais de saúde.

Iniciativas mais frequentemente mencionadas por sectores de actividade no âmbito da saú-de (% de empresas por sector)

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52 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Educação

A educação é também uma área de forte apos-ta por parte das empresas que actuam em RSE. Uma vez mais, os programas de formação de-senvolvidos no âmbito da RSE resultam simulta-neamente da necessidade de capacitar os seus colaboradores. Precisamente por essa razão, verificamos que 74% das empresas destacam a formação concedida aos colaboradores como área de actuação. Verifica-se ainda que a maio-ria das empresas que actua na educação, pro-cura promover a escolaridade e alfabetização, fomentando a retenção e sucesso escolar.

De notar ainda que a maioria dos entrevistados menciona a participação de entidades oficiais

no desenvolvimento destes programas, em muitos casos num quadro de parceria, no senti-do de garantir o alinhamento com as políticas e objectivos governamentais.

Alguns exemplos de “Outras” áreas de actuação referidas pelas empresas compreendem a “For-mação em direitos humanos”, a “Promoção da formação profissional” e “Educação no âmbito da cultura”.

A construtora Conduril, que desenvolveu um programa de formação profissional creditada pelo INEFOP, é parceira do Mi-nistério de Educação no âmbito da alfabe-tização.

Iniciativas mais frequentemente mencionadas ao nível da Educação (% de empresas)

A análise sectorial desta informação cingiu-se aos sectores da Construção, Petróleo e Gás, Ban-ca e Transportes, porque apenas estes apresen-tam representatividade em termos de respostas. As iniciativas das empresas do sector do Petróleo e Gás no âmbito da educação, estão distribuídas em diversas áreas de actuação, maioritariamen-te no campo da formação dos colaboradores, programas de sucesso e retenção escolar, esco-laridade e alfabetização. De referir ainda as “ou-tras” iniciativas, relacionadas primordialmente com o apoio a colaboradores através de bolsas

de estudo para o ensino superior. As empresas de construção actuam sensivelmente nas mes-mas áreas, sendo que apenas 25% das empre-sas refere actuar na beneficiação de infra-estru-turas. No sector da Banca, 83% das empresas consultadas investem na realização de forma-ção para colaboradores, sendo que apenas 17% declara trabalhar no âmbito da escolaridade e alfabetização. O sector das empresas públicas de Transportes, refere actuar primordialmente no âmbito da escolaridade e alfabetização.

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Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelos sectores de actividade no âmbito da educação (% de empresas por sector)

Programa Acreditar - Odebrecht

Objectivo: É um Programa de Responsabilidade Social, focado na qualificação e desenvol-vimento de pessoas, que procura apoiar a juventude Angolana na conquista do primeiro emprego através de intervenções concretas nas comunidades onde está inserido.

Resultados: Até hoje, o programa já contou com a inscrição de mais de 6.200 pessoas, tendo 2.900 sido formadas nas províncias de Benguela, Kuanza Norte e Luanda. Outras empresas passaram a contratar profissionais qualificados pelo programa ACREDITAR.

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54 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Jovens

Relativamente ao desenvolvimento de iniciati-vas dirigidas aos jovens, cerca de 78% das em-presas consultadas referem que apoiam esta área. Muitas iniciativas estão relacionadas com formação e capacitação dos jovens Angolanos, com destaque para as iniciativas relacionadas com a formação para as novas tecnologias e também com o apoio ao nível do ensino supe-rior. A sensibilização para a prática de desporto

é também uma área forte de actuação por parte das empresas.

Outras iniciativas de destaque, são os progra-mas de literacia financeira, que apesar de ainda não estarem largamente disseminadas, são de extrema relevância pois visam transmitir os con-ceitos de gestão de finanças e orçamentos fami-liares aos jovens. A promoção da cultura jovem é uma das áreas menos apoiada pelas empresas.

Iniciativas mais frequentemente mencionadas peloas empresas no âmbito dos Jovens (% de empresas)

Programa Capacitação Informática - UNITEL

Objectivo: O programa e-NET tem como principal objectivo, disponibilizar aos estudantes An-golanos do ensino secundário do subsistema geral de ensino e escolas públicas e privadas, o acesso à internet com qualidade, como ferramenta de pesquisa académica, conhecimento de cultura geral e, como meio de comunicação e inclusão social.

Resultados: Foram equipadas 10 salas de aulas com computadores, internet e capacitados os formadores, para que este serviço fique à disposição dos alunos, durante 9 horas por dia.

A análise sectorial desta informação em termos sectoriais, cingiu-se aos sectores da Construção, Petróleo e Gás e Banca, porque apenas estes apresentam representatividade em termos de respostas.

Com base na informação analisada verificamos que no Sector da Construção, as empresas ac-tuam maioritariamente no âmbito da formação e capacitação dos jovens. À semelhança do que foi referido no âmbito da saúde, as empresas

de construção, por desenvolverem as suas ac-tividades também em províncias mais remotas, têm a necessidade de desenvolver determina-das actividades sob pena de não conseguirem operar, o que acontece também no âmbito da capacitação de mão-de-obra local.

Já no que diz respeito ao sector do Petróleo e Gás, as empresas têm áreas de actuação distin-tas no âmbito da Formação e Capacitação dos Jovens, Sensibilização para o Desporto e Dona-tivos.

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55Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresas no âmbito dos Jovens (% de empresas por sector)

Igualdade entre géneros

Em relação ao tema da igualdade entre os géne-ros, 78% das empresas entrevistadas declaram ter programas de RSE específicos com o objecti-vo de promover o combate à desigualdade en-tre o homem e a mulher na sociedade Angolana.

As iniciativas de RSE neste âmbito são veicula-das através de programas de educação e desen-volvimento. O desenvolvimento de programas de saúde e de empregabilidade, especialmente dirigidas às mulheres são também algumas das iniciativas que são desenvolvidas. Esta área é

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresas no âmbito da igualdade entre géneros (% de empresas )

primordialmente desenvolvida pelas empresas de Petróleo e Gás, sendo que algumas empre-sas deste sector referem o envolvimento com organizações de promoção dos direitos da mu-lher da Sociedade Civil, para o desenvolvimento de projectos de capacitação, formação em lide-rança e gestão de orçamento. Verificamos que estas iniciativas são especialmente relevantes num contexto de desenvolvimento rural, onde as condições ao nível da educação e saúde fun-cionam como barreiras à igualdade.

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56 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Cultura

No âmbito da promoção da cultura, verificamos que, das empresas analisadas, 83% desenvolve acções no âmbito da cultura, sendo que destas, a maioria apoia algum tipo de evento cultural (teatro, música, arte, exposições). Verifica-se que as iniciativas mais frequentemente desenvolvi-das estão relacionadas com a sensibilização dos

próprios colaboradores. As iniciativas menos transversais prendem-se com a promoção da aprendizagem de línguas nacionais, desenvolvi-das por apenas 21% das empresas.

O desenvolvimento de programas de leitura e de desenvolvimento cultural específicos para os jovens são realizados por 47% das empresas.

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresas no âmbito da Cultura (% de empresas )

A análise desta informação em termos sectoriais, cingiu-se aos sectores da Construção, Petróleo e Gás e Banca porque apenas estes apresentam representatividade em termos de respostas.

Em termos de análise sectorial, verificamos que

as iniciativas culturais são desenvolvidas por apenas 60% das empresas do sector petrolífero e por 75% das empresas do sector da constru-ção e por, 83% das empresas do sector bancário. Em todos os casos, verifica-se a dispersão das acções em diferentes áreas de actuação.

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresas no âmbito da cultura (% de empresas por sector)

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57Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

De notar em todos os sectores a elevada per-centagem de empresas que refere a atribuição de donativos e patrocínios como forma de actu-ar no âmbito da cultura.

O sector do Petróleo e Gás actua maioritaria-mente no âmbito do desenvolvimento de ini-ciativas culturais. O sector da Construção actua maioritariamente no campo da sensibilização (de mulheres, jovens e dos próprios colabora-dores) e também no âmbito da promoção da leitura. Já no sector da Banca, o mais activo no âmbito cultural dos sectores analisados, declara actuar no âmbito da sensibilização dos próprios colaboradores.

Desenvolvimento Económico

No âmbito de actuação em prol do desenvolvi-mento de um modelo económico sustentável, as empresas que têm actividade de RSE têm vin-do a actuar em diversos campos, nomeadamen-te ao nível das iniciativas da empregabilidade dos jovens, segurança dos produtos e também dinamização da economia local. Cerca de 75% das empresas inquiridas considera estar a pro-mover a dinamização da economia local através da contratação de mão-de-obra local ou de ca-

pacitação de fornecedores locais, com reflexo também na empregabilidade dos jovens. De notar ainda, a baixa percentagem de empresas que afirma estar a actuar no campo da desmina-gem (o que pode ser atribuível ao elevado esfor-ço já concentrado nesta vertente no passado) e infra-estruturas habitacionais.

Iniciativas mais frequentemente mencionadas no âmbito do desenvolvimento económico (% de empresas)

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58 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

A análise desta informação em termos sectoriais, cingiu-se aos sectores da Construção, Petróleo e Gás, Banca porque apenas estes apresentam re-presentatividade em termos de respostas.

Verifica-se que o sector do Petróleo e Gás apre-senta uma grande dispersão nas áreas de actua-ção, com 75% das empresas a actuarem no âm-bito de infra-estruturas de água e saneamento, transparência e ética, segurança dos produtos e alimentar e, empregabilidade dos jovens.

Já no sector da Construção, existe maior con-certação nas áreas de actuação, sendo que a totalidade das empresas inquiridas referem actuar no plano da dinamização da economia local, empregabilidade dos jovens e diversifica-ção da economia. Interessante notar também a

baixa percentagem de empresas deste sector que refere actuar numa perspectiva de RSE nas infra-estruturas (apenas 25% das empresas de Construção refere actuar no apoio ao desenvol-vimento de infra-estruturas habitacionais ou de energia), uma área que estaria à partida próxi-ma da sua actividade de negócio.

No sector da Banca, as áreas privilegiadas são a promoção da transparência, ética e conduta de negócio e a empregabilidade dos jovens. De no-tar a baixa percentagem de empresas do sector da banca que referem disponibilizar produtos associados às micro-finanças, um instrumento essencial ao desenvolvimento do empreende-dorismo, inclusão financeira, diversificação e formalização da economia.

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59Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresas no âmbito do Desenvolvimen-to Económico (% de empresas por sector)

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60 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Programa Abastecimento de Água Potável - Statoil

Objectivo: Este projecto visa o abastecimento de água potável às Aldeias de Cuio e Tonhola, Comuna do Dombe Grande, Município da Baia Farta na Província de Benguela, com o objec-tivo de melhorar as condições higiénico sanitárias das populações alvo do projecto (aprox. 1719 habitantes)

Resultados: Foi instalado um conjunto de infra-estruturas para a obtenção de água potável para estas aldeias e formados, a partir de membros da comunidade, Grupos de Água e Sane-amento (GAS), responsáveis pela manutenção e gestão do sistema de água e por garantir a continuidade do projecto. As novas condições atraíram para a zona mais habitantes, tendo passado de 1.719 habitantes antes da implementação do projecto para os actuais 6.363 habi-tantes. Para além disto, verificou-se o Reforço da coesão social entre os beneficiários, através da comparticipação comunitária na gestão e manutenção das infra-estruturas

Ambiente

O Ambiente é o tema menos consensual em ter-mos de área actuação das empresas no âmbi-to da sua Responsabilidade Social Empresarial. Cerca de 52% das empresas afirma ter algum tipo de actividade relacionada com a protecção ambiental.

Ainda assim, para as empresas que declaram ter estas práticas ambientais, as mais frequentes estão relacionadas com a preservação da biodi-

versidade e prevenção da poluição. Apenas 50% destas empresas têm desenvolvido alguma ac-tividade no que diz respeito às energias renová-veis e mitigação das emissões. De notar também que apenas 58% declara trabalhar no âmbito da sensibilização ambiental das comunidades.

Apenas 25% das empresas de construção declaram iniciativas de protecção am-biental

Iniciativas mais frequentemente mencionadas pelas empresas no âmbito do ambiente (% de empresas)

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61Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Em termos sectoriais verificamos que a maioria das empresas que actua na vertente de ambien-te pertence ao sector do Petróleo e Gás, sendo que as iniciativas desenvolvidas são principal-mente no âmbito da preservação da biodiver-sidade. De destacar que todas as empresas con-sultadas do sector dos Transportes, referem ter iniciativas no âmbito ambiental, relacionadas com a prevenção da poluição.

Distribuição das empresas que declaram actuar no pilar ambiental por sector

Relativamente ao sector da Construção, apenas uma empresa refere desenvolver iniciativas no âmbito da protecção ambiental.

A principal dificuldade identificada pelas em-presas na implementação de programas ao ní-vel ambiental, resulta em parte da ausência de parceiros com conhecimento especializado nes-ta matéria e, adicionalmente à fraca sensibiliza-ção e capacitação das comunidades locais para esta temática, o que compromete o sucesso das mesmas.

Montantes e Áreas de Investimento

Em termos da análise realizada aos montantes de financiamento, verifica-se que a maior parte das empresas que responderam ao questioná-rio investem anualmente entre 2 e 10 M USD em actividades de RSE. É de notar a dispersão nos intervalos de valores de investimento entre as empresas analisadas.

Distribuição das empresas nas faixas de investimento em RSE (% de empresas)

Em termos de áreas mais beneficiadas, verifica-mos que a Educação é a área mais privilegiada pelas empresas. Juntamente com a Saúde e o Desenvolvimento Económico, estas áreas re-presentam mais de 70% do orçamento anual de RSE das empresas analisadas.

Os jovens e a igualdade entre os géneros são tipicamente as áreas de RSE que as empresas menos investem, sendo que as iniciativas rela-cionadas com o Ambiente e com a Cultura re-presentam apenas 7% e 6% respectivamente.

Percentagem média de cada área de actua-ção no orçamento anual de RSE

das empresa (%)

* Não inclui o sector da Banca por ausência de respostas. Refere-se a um universo de 15 resposta. Nota: Os valores apresentados representam médias de financiamento, pelo que o somatório não totaliza 100%.

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62 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Em termos sectoriais, verificamos que o sector da Construção é aquele em que a educação tem maior peso em termos de investimento finan-ceiro. O maior contribuidor para a área da saúde

e promoção da Igualdade entre os géneros, é o sector do Petróleo e Gás. É no sector das empre-sas públicas de Transporte, que o ambiente e que a cultura têm maior peso.

Figura 10 – Percentagem média do orçamento anual de RSE por sector e por área de actuação

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63Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

3.2 O contributo de outros agentes nas acções de RSE

A importância das parcerias

A Responsabilidade Social Empresarial assu-me uma complexidade e transversalidade de actuação, que obriga necessariamente o en-volvimento de diferentes agentes da socieda-de civil. O desafio que se coloca actualmente à implementação de acções e projectos de Res-ponsabilidade Social prende-se também com a identificação e selecção dos parceiros mais ade-quados e credíveis, e que permitam alcançar o sucesso dos projectos na perspectiva da criação de um impacto positivo na sociedade e na sua continuidade no tempo. O envolvimento dos di-ferentes agentes da sociedade permite por ou-tro lado, alcançar uma complementaridade de actuação ao nível da definição do âmbito, im-plementação das acções, controlo do projecto e garantia de financiamento, que de outra forma não é possível.

Da auscultação aos diferentes grupos de partes interessadas para a elaboração deste estudo, é unânime a importância da actuação conjunta, independente da área de actuação. É interpre-tado como uma relação com ganhos bilaterais. Se por um lado existe a garantia de financia-mento que permite às ONG’s a implementação dos projectos e a sua subsistência, por outro, as empresas, garantem o know-how necessário à concretização dos projectos e um acompanha-mento local e contínuo dos seus projectos.

É naturalmente nas áreas da saúde e educação, por serem as áreas mais maduras em termos de RSE em Angola, que as empresas desenvolvem mais parcerias. Os grupos de parceiros mais fre-quentemente identificados são as entidades públicas (na área dos jovens, educação e desen-volvimento económico) e ministérios (sobretu-do nas áreas da cultura e do ambiente). É inte-ressante também notar a elevada percentagem de empresas que estabelecem parcerias com outras entidades privadas, sobretudo na área da

saúde. A baixa percentagem de parcerias com ONG, sobretudo na área do desenvolvimento económico, jovens e educação, revela também que existe necessidade de maior envolvimento por parte das entidades privadas na promoção de projectos em parceria, nestas áreas específi-cas que ajudem também ao desenvolvimento de capacidade crítica nas entidades não gover-namentais.

Na área do ambiente, grande parte das inicia-tivas são desenvolvidas em parceria com o Mi-nistério do Ambiente, o que foi justificado, por algumas empresas e confirmado pelo próprio Ministério do Ambiente, pela ausência de ou-tros parceiros para implementação das iniciati-vas, nomeadamente ONG.

Destaca-se ainda que apenas 24% das empresas declara ter estabelecido parcerias no âmbito de projectos relacionados com a igualdade entre os géneros.

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64 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Principais Parceiros na área da Saúde

Principais Parceiros na área da Cultura

Principais Parceiros na área do Desenvolvimento Económico

Principais Parceiros na área do Ambiente

Principais Parceiros na área dos Jovens

Principais Parceiros na área da Educação

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65Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

No âmbito da actuação em projectos de Responsabilidade Social Empresarial é possível identificar os vários agentes da sociedade civil envolvidos nos projectos, nomeadamente:

O papel e a percepção dos agentes

Em resultado das limitações à capacidade de actuação do Governo na eliminação dos pro-blemas enraizados e sintomáticos da socieda-de Angolana, as empresas têm gradualmente assumido a responsabilidade de doadores ou financiadores de causas sociais, ambientais e económicas. Assumem uma responsabilidade que lhes é imposta pelas debilidades do con-texto social Angolano a vários níveis, tanto na saúde, educação, água e saneamento, infra-es-truturas básicas, entre outras. Verifica-se que a intervenção das empresas tem ocorrido maiori-tariamente através do financiamento de projec-tos sociais concebidos e implementados por ter-ceiros, salvo alguns casos em que existe maior envolvimento na concepção, implementação e controlo dos projectos, para além do financia-mento. Esta situação que resulta em parte, da inexistência de competências e capacidades in-ternas para desenvolver estes projectos, leva a que o principal desafio que as empresas enfren-tam seja a dificuldade na identificação dos par-ceiros adequados para a concretização da sua responsabilidade social, e, naturalmente com

a dificuldade na monitorização dos projectos e os resultados obtidos. Por outro lado, o conhe-cimento da realidade do contexto local onde são desenvolvidos estes projectos, conferem a determinados agentes, como as ONG e autori-dades locais uma importância crucial na imple-mentação dos projectos de responsabilidade social empresarial.

É também demonstrada a preocupação e ne-cessidade de potenciar a comunicação das ini-ciativas dos diversos Ministérios no sentido de captar potenciais parceiros do sector empre-sarial e garantir o alinhamento e coordenação com as autoridades locais. Existe ainda a per-cepção do Executivo que as empresas ainda investem pouco em determinadas áreas de res-ponsabilidade social empresarial (como o apoio aos idosos, programas específicos para crianças em risco, desminagem). Excepção feita à área do Ambiente, em que existe a percepção que são ainda poucos os parceiros não governamentais para implementação de projectos na vertente ambiental, fazendo com que as empresas recor-ram às entidades oficiais para o desenvolvimen-to destes projectos.

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66 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

O papel dos órgãos de governação nacio-nais, representados pelos Ministérios, tem sido essencialmente de definição de um quadro político e legal adequado às necessidades e ca-rências sociais, ao mesmo tempo que investem nas estruturas institucionais e infra-estruturas de suporte à sustentabilidade dos projectos, no que diz respeito à sua implementação, via-bilidade e continuidade no tempo. Existe con-tudo a percepção que, relativamente aos temas de responsabilidade social empresarial, o Esta-do e nomeadamente os Ministérios têm assu-mido uma postura reactiva face aos planos de responsabilidade social empresarial delineados pelas empresas. No sector do Petróleo e Gás em que existe um enquadramento contratual que estabelece o investimento em planos de RSE, é consensual que as políticas deveriam estar esta-belecidas a um nível macro e que a implemen-tação dos projectos de investimento social de-veria ser acompanhada pelas entidades oficiais de forma a garantir, não só o alinhamento com as políticas do Executivo como também a maxi-mização do impacto das iniciativas.

Ao Governo caberá assumir um papel na lide-rança e coordenação de todos os agentes (in-cluindo os financiadores) e alocação de recur-sos humanos e orçamentais, de acordo com a definição de prioridades definidas no Plano Nacional de Desenvolvimento. A maioria das empresas consultadas refere que, um número significativo dos projectos de responsabilida-de social desenvolvidos ou financiados, têm o envolvimento dos ministérios das respectivas áreas de intervenção, e ao nível local, o envolvi-mento dos Governos Provinciais e das Adminis-trações Municipais. O actual envolvimento do Executivo garante de certa forma o alinhamen-to com as áreas prioritárias de actuação, nome-adamente aquelas definidas no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017. Um Estado for-te, proactivo e responsável desenvolve políticas dirigidas a ambos os sectores, público e privado, com base numa liderança e visão de longo pra-zo, normas e valores comuns, bem como regras e instituições que promovem a confiança e coe-são. Uma transformação duradoura requer que

as nações definam uma abordagem ao desen-volvimento consistente e equilibrada.

Cerca de 50% das empresas declara que a fal-ta de linhas de orientação é uma questão rele-vante, sendo que a maioria refere que o Estado deverá ter um papel orientador na definição das áreas prioritárias de actuação em respon-sabilidade social, assegurando uma abordagem sinérgica e metodológica entre os diferentes agentes da sociedade civil.

Ao nível dos governos provinciais e adminis-trações municipais, estas assumem um impor-tante apoio na implementação dos projectos de responsabilidade social, no quadro da necessi-dade de descentralização e desconcentração da actuação empresarial. Com a autoridade des-centralizada, garante-se um apoio importante às comunidades locais através de uma aborda-gem participativa e de capacitação comunitária nos processos de planeamento, desenvolvimen-to, implementação, monitorização e avaliação. Sendo das principais partes interessadas no desenvolvimento de projectos nas respectivas províncias ou regiões, são parceiros incontorná-veis e que têm de ser envolvidos desde o início de forma garantir a viabilidade e sustentabilida-de futura do projecto. As autoridades locais têm um papel preponderante na responsabilização das comunidades beneficiadas na prossecução das iniciativas com sucesso. Por outro lado, é também frequentemente referido que é cada vez mais importante a relação de parceria que deverá ser estabelecida com as comunidades, pois terão a responsabilidade, em muitos casos, de gerir e garantir a sustentabilidade dos pro-jectos.

A presença de agências de apoio ao desenvol-vimento resulta da necessidade de intervenção em momentos de conflito, pós-conflito ou em situações de emergência humanitária, com o objectivo de promover a reintegração, a recons-trução e a recuperação das infra-estruturas, a criação de emprego, o acesso universal aos ser-viços sociais básicos, e que contribuem para o

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67Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

desenvolvimento social, económico e ambien-tal. O desafio que Angola enfrenta actualmente prende-se com a necessidade de adaptar a es-tratégia de inter-ajuda e o modus operandi des-tas agências, passando de um cenário de con-flito para um de desenvolvimento. O contexto económico-financeiro dos países influencia, em certa medida, a elegibilidade de recebimento de apoios e fundos internacionais que visam o desenvolvimento económico. Neste contexto, Angola tem um desafio de conseguir justificar a presença e intervenção de agências de apoio ao desenvolvimento, fruto dos bons indicadores de riqueza per capita.

Por outro lado, os custos operacionais muito elevados e a falta de financiamentos dita que muitas destas agências abandonem o país. Cer-to é, que o País ainda carece de um conjunto de apoios e financiamentos para a promoção do combate à pobreza extrema e à fome e outros serviços básicos de desenvolvimento, e que im-põe a permanência destas agências, que a par das empresas, assumem o canal de financia-mento internacional de projectos de respon-sabilidade social, para além do forte papel de intervenção e desenvolvimento dos projectos.

Às organizações não-governamentais de ca-riz social e ambiental, é-lhes reconhecido um papel exclusivo e relevante na concretização e implementação de programas com elevados critérios de especificidades e conhecimentos técnicos. Estes agentes representam uma força motriz na dinamização dos agentes de decisão política e empresarial, bem como no envolvi-mento das comunidades locais, em resultado do reconhecimento que têm pelas suas com-petências, geração de ideias e promoção da discussão de temas relevantes com impacto em toda a sociedade, bem como a presença junto das comunidades. É importante realçar que, re-lativamente a estas instituições, existem ainda a percepção da dificuldade de envolvimento com alguns sectores (por exemplo o sector da construção e mineração) e que terá de ser feito um trabalho de advocacia mútuo para que pos-

sa existir a confiança para se avançar para o de-senvolvimento de projectos comuns. Por outro lado, existe também a percepção que as empre-sas tendo um orçamento limitado procuram o desenvolvimento de muitos projectos que lhes garanta o retorno e visibilidade em detrimento do envolvimento num projecto de maiores di-mensões.

As congregações religiosas, são também reco-nhecidas pela capacidade de actuar junto das comunidades carenciadas, e a forte reputação e credibilidade que as caracteriza fazem de algu-mas destas entidades, parceiros preferenciais. O seu papel é essencial junto das comunidades na transmissão dos valores estruturantes e que estabeleçam os alicerces do desenvolvimento social e educação necessários para a implemen-tação de qualquer projecto de cariz social.

As instituições académicas representam uma fonte de conhecimento e o veículo para a for-mação, educação e desenvolvimento de com-petências da população, e em particular para os jovens Angolanos. O envolvimento destes par-ceiros nos projectos de responsabilidade social é crucial na medida em que contribuem para a sustentabilidade a médio prazo do desenvolvi-mento e crescimento económico do País. Um dos papéis mais importantes, que é desempe-nhado pelas universidades, é a formação e sen-sibilização dos jovens e futuros quadros Ango-lanos na sua área de especialização e também a sensibilização para os valores humanos e de responsabilidade social como forma de estar no mundo empresarial e académico. A formação de quadros Angolanos é um dos de-safios que as empresas enfrentam actualmente, uma vez que são confrontadas com a necessida-de de crescimento do negócio, especialização do sector, competitividade do mercado, redu-zido número de recursos humanos formados, entre outros aspectos. Uma das dificuldades referidas pelos stakeholders consultados liga-dos a este grupo é a dificuldade de colocação de jovens em estágios profissionais que possam

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68 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

complementar a sua formação teórica. Segundo estes stakeholders as empresas deveriam estar mais abertas à promoção de estágios como ac-tividade de responsabilidade social.

Alinhamento entre os agentes É consensual que as empresas carecem de um alinhamento estratégico sobre as áreas prioritá-rias de actuação e que devem ter na sua génese, um alinhamento com os objectivos do Executi-vo Angolano para o desenvolvimento do país, bem como a identificação dos parceiros chave na prossecução dos planos e projectos sociais. As entidades privadas não deverão ser as únicas a ter o ónus deste alinhamento, também as en-tidades com fins sociais e as agências de promo-ção de desenvolvimento deverão procurar jun-to das suas congéneres, formas de optimizar os esforços, identificar as melhores práticas e cre-dibilizar o terceiro sector. É ainda necessário re-forçar os mecanismos de comunicação, melho-rando sobretudo a capacidade de comunicação e transparência, quer por parte das entidades privadas como públicas e não governamentais.

Será relevante um compromisso claro do Gover-no no desenvolvimento de um quadro político adequado, que promova a recuperação social e económica, o combate à pobreza, a redução e melhoria do modelo de governo, apoiado pela alocação de recursos internos substanciais, como forma de dar confiança e fornecer as ba-ses para parcerias sólidas entre o Governo, os financiadores e os diferentes parceiros sociais. Para que seja possível desenvolver outros tipos de projectos de responsabilidade social empre-sarial é essencial que exista um investimento significativo por parte do Executivo nas áreas de educação e na capacitação das instituições públicas para garantia o acompanhamento, monitorização e multiplicação dos projectos. É necessário reforçar a capacidade das institui-ções chave da sociedade, nomeadamente das instituições governamentais e reforçar o envol-vimento da sociedade civil manifestado através das entidades não governamentais e universi-dades para que seja diversificado o número de potenciais parceiros para as empresas e tam-bém para que sejam diversificadas as áreas de actuação.

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69Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

4. Riscos, Desafios e Oportunidades associados à Responsabilidade Social Empresarial

4.1 . As oportunidades chave

Para avaliar a sensibilidade do sector empresa-rial relativamente às oportunidades que enten-diam ser mais relevantes na capitalização do programa de RSE da organização, as empresas foram questionadas sobre as principais oportu-nidades que identificam.

É consensual entre sectores que a existência de políticas e práticas de RSE podem trazer vanta-gens de diferentes naturezas. Contudo, é inte-ressante notar que as vantagens de cariz “tác-tico” são as mais referidas, demonstrando um grau de maturidade elevado na percepção dos

82% das empresas apontam o crescimen-to do mercado como uma das oportuni-dades estratégicas mais relevantes que podem decorrer das actividades de RSE.

potenciais impactos positivos para a organiza-ção.

O aspecto referido pelas empresas como mais relevante em termos de benefícios o é o “For-talecimento das relações com os stakeholders”, avaliado como “muito relevante” por cerca 87% das empresas. Além deste aspecto, foram ainda apontados outros aspectos relevantes como a melhoria das relações com as entidades gover-namentais e potencial de crescimento do mer-cado.

Outros aspectos mencionados como oportuni-dades a capitalizar foram a “Atracção e Retenção dos colaboradores” e a ”Inovação e aprendiza-gem”.

Já os aspectos considerados menos relevantes, pelas organizações, são a “Melhoria da quota de mercado e retorno accionista”, “Acesso a capital internacional” ou “Redução de custos”

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70 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

4.2 Os desafios

As empresas foram igualmente questionadas sobre a relevância dos principais desafios que sentem ao implementarem a sua estratégia de responsabilidade social empresarial.

De entre os principais desafios referidos na im-plementação de um programa de RSE, desta-cam-se a existência de parceiros para a imple-mentação de projectos de RSE, a falta de linhas de orientação, aliados à dificuldade na moni-torização do impacto das iniciativas levadas a cabo. De destacar ainda a percepção da falta de conhecimento e know-how para implementar os programas de responsabilidade social em-

71% das empresas apontam a falta de competências e know-how como um en-trave relevante ao desenvolvimento de programas mais efectivos de responsabi-lidade social empresarial.

presarial, considerado como um desafio “rele-vante” ou “muito relevante” por 74% das empre-sas consultadas.

De destacar ainda entre os “outros” desafios, o que foi mais frequentemente identificado foi a falta de concertação e alinhamento de esforços, com o objectivo de endereçar os temas sociais de uma forma mais efectiva

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71Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Consciencialização da sociedade civil Subjacente aos desafios da existência de par-ceiros para implementação de programas de responsabilidade social empresarial e à identifi-cação das áreas de actuação, está também a ne-cessidade de consciencialização da sociedade civil. Actualmente o envolvimento da sociedade civil na implementação e gestão dos temas de responsabilidade social é limitado a um con-junto de agentes, que não são representativos da sociedade Angolana, e que pode resultar no desconhecimento do conceito e do contexto em que é desenvolvida. A consciencialização assume-se relevante tanto na perspectiva de sensibilização das empresas e organizações para os fundos disponíveis para investimento nas áreas de responsabilidade social, bem como a importância dos beneficiários, nomeadamen-te as comunidades locais, de obterem um en-tendimento sobre o contributo social e desen-volvimento económico destas acções. Por outro lado, é importante a comunicação externa das práticas de responsabilidade social empresarial, como uma forma eficaz para criar visibilidade e construir uma cultura de consciencialização na sociedade.

É fundamental que existam percepções claras sobre o papel e responsabilidade de cada in-terveniente, seja financiador, seja beneficiário, para que exista um acordo e entendimento co-mum sobre os principais objectivos e resultados esperados. É também crucial que sejam identi-ficadas e comunicadas prioridades de actuação em termos sociais por parte dos diferentes in-terlocutores. O exercício interno das empresas de identificação das áreas relevantes deve ga-rantir a auscultação dos principais stakeholders e as entidades oficiais devem garantir também a transparência nas áreas que entendem ser as mais carenciadas e onde as empresas podem efectivamente dar um maior contributo.

A par da comunicação empresarial, os media as-sumem um papel crucial de disseminação dos conceitos, projectos de referências e áreas de actuação que são alvo de investimento e envol-vimento dos diferentes parceiros.

Formação e competências ao nível de RSE

A formação e consciencialização em RSE pode ser enquadrada como um processo permanen-te no qual os indivíduos e as comunidades ad-quirem consciência do seu meio e aprendem a cultura, os conhecimentos, os valores, as com-petências, a experiência e também a determi-nação que os capacitará para actuar, individual ou colectivamente, na resolução dos problemas presentes e futuros.

Mais de 70% dos inquiridos considera que o “co-nhecimento e know how para implementar as práticas de RSE”, é um desafio muito relevante ou relevante com que as empresas se deparam actualmente. A especificidade dos temas, o co-nhecimento do contexto social onde se inse-rem, as necessidades prioritárias de actuação, o alinhamento com as estratégias empresariais, os parceiros adequados e a canalização de finan-ciamento, são algumas das responsabilidades que são exigidas aos profissionais que fazem a gestão da Responsabilidade Social nas empre-sas. Em resposta a estes desafios, verifica-se a tendência de existirem estruturas orgânicas nos actuais modelos organizacionais das empresas, que assumem a responsabilidade pelo acompa-nhamento dos projectos de RSE, com respecti-va alocação de recursos humanos, materiais e financeiros. Existe também uma clara tendência para que os projectos sejam desenvolvidos e implementados por terceiros com as competên-cias específicas e a capacidade de implementar no terreno as iniciativas conceptualizadas. Este facto impõe a existência de competências in-ternas para a avaliação crítica destes projectos, quer numa perspectiva de relevância para a própria empresa e controlo dos investimentos, como também de forma a garantir a maximiza-ção do retorno social.

A formação em práticas de RSE é um caminho para o desenvolvimento dessas competências e sensibilização dos colaboradores, no contexto de criação de uma cultura em responsabilidade social, a par do crescimento económico.

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72 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

Monitorização e sustentabilidade dos programas de RSE Cerca de 73% das empresas referem a monitori-zação dos impactos, como uma das principais di-ficuldades (classificando este tema como “muito relevante” ou “relevante”). Por outro lado, cerca de 43% dos inquiridos considera que existe falta de capacidade institucional para dar continui-dade aos projectos. Na realidade, as fragilidades Angolanas ao nível das infra-estruturas, como escolas , hospitais e ao nível dos recursos huma-nos qualificados, como professores ou médicos, condicionam na maioria dos casos a viabilidade e sustentabilidade a longo prazo dos projectos de RSE (61% das empresas assume a dificuldade associada a infra-estruturas e logística como um desafio relevante ou muito relevante). Este fac-to aliado à dificuldade de recolha de informação estatística fiável e da existência de ferramentas e metodologias padronizadas, dificulta uma avaliação efectiva do impacto social das inicia-tivas.

As ONGs têm assumido o papel de monitoriza-ção e controlo dos projectos, em resultado do envolvimento directo nos mesmos e capacida-de de acompanhamento, no entanto é impor-tante que as empresas assumam parte desta monitorização como ferramenta privilegiada da avaliação da criação de valor e como forma de decisão de investimento e selecção dos projec-tos que mais valor aportam à sociedade.

A monitorização do impacto na sociedade dos projectos de RSE é claramente diminuta e limi-tada sob o ponto de vista da avaliação da efi-cácia e sucesso na concretização dos objectivos dos projectos. Actualmente, são poucos os ca-sos em que existem indicadores de avaliação do projecto de RSE, numa lógica de medição do impacto e retorno social a médio e longo prazo. A monitorização e avaliação do impacto resul-ta na necessidade de obter um compromisso de ambas as partes, financiador e beneficiário, por um lado na prestação de contas de quem beneficia dos apoios, e por outro na capacidade de avaliar os resultados e definir estratégias de alocação de esforços e recursos.

Participação activa e envolvimento com a sociedade

Nas sociedades é consensual que para se alcan-çar o desenvolvimento do país é necessária a participação activa de todos os cidadãos, pelo que representam, enquanto capital humano, força de trabalho, conhecimento, competências e produtividade.

O sucesso do desenvolvimento de projectos de RSE, exige o envolvimento e parceria com dife-rentes actores da sociedade, através da partilha de esforços e responsabilidades, com o intuito de facilitar soluções, criar sinergias e garantir que todas as partes interessadas alcançam o objectivo a que se propõem.

O relacionamento com as diferentes partes in-teressadas, é ainda um mecanismo de envolvi-mento, participação e auscultação das expecta-tivas dos diferentes agentes.

Financiamento

Cerca de metade dos inquiridos considera que o financiamento representa um constrangimento à implementação de práticas de RSE. Verifica-se, no entanto, que esta dificuldade é mais acentu-ada naturalmente nas empresas de menor di-mensão. Por esta razão, e de forma a que a res-ponsabilidade social empresarial se torne mais transversal à comunidade empresarial, é essen-cial existir uma comunicação clara dos áreas es-tratégicas de actuação, dos benefícios e canais de financiamento disponíveis para implementar esses programas.

As empresas a operar em Angola acreditam que devem devolver à comunidade parte do que a natureza, as comunidades e os recursos lhes disponibilizam. É nesta premissa que assentam os valores e uma cultura organizacional que pri-vilegia e torna estratégico o investimento em práticas RSE. O desafio das empresas está em orientar e canalizar os investimentos nos pro-jectos que criem maior valor para a sociedade e que permitam um retorno a médio-longo prazo.

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5 O Caminho futuro – RSE ao serviço do desenvolvimento

O caminho da Responsabilidade Social Em-presarial deve trilhar-se em prol do desenvol-vimento social, económico e ambiental. A sus-tentabilidade do investimento em RSE assenta na criação de impacto na sociedade e essencial-mente na capacidade desse impacto ser contí-nuo ao longo do tempo. Para que as empresas consigam capitalizar ao máximo o investimen-to feito, deve ser garantida a monitorização e acompanhamento dos projectos. É necessário compreender as dinâmicas sociais e políticas, as aspirações e crenças que motivam o comporta-mento de cada parte, e só assim, sob um plano

de um mútuo entendimento e interesse parti-lhado, poderá ser delineado um plano estratégi-co que permita atingir estes objectivos.

A evolução de uma situação de crise e emergên-cia para um cenário de crescimento, está neste momento a colocar desafios e oportunidades nunca antes vistos para a sociedade Angolana e para as empresas. É por isso urgente aproveitar esta oportunidade para o estabelecimento de um quadro de RSE que defina as linhas de orien-tação de cada um dos agentes, as principais áre-as de actuação e os principais parceiros. 5.1 A reposta aos desafios

Áreas de Actuação – Reforçar o Alinhamento estra-tégico

Apesar de globalmente alinhadas com os temas mais relevante, as empresas identificam ainda a falta de orientações como dificuldade no âm-bito do desenvolvimento dos projectos de RSE. Muitas dessas orientações, terá de ser a própria empresa a definir. O alinhamento estratégico é um dos aspectos cruciais para as acções de RSE, e deve resultar de uma correcta reflexão inter-na e externa relativamente às expectativas dos diferentes stakeholders, para que as acções de RSE possam ter a continuidade e o impacto de-sejado.

Se o plano de responsabilidade social das em-presas não for alinhado com os objectivos de negócio, existirá o risco de ser descontinuado, sendo que para garantir a aderência nas co-munidades, este plano deverá reflectir as suas necessidades. É por isso fundamental garantir a auscultação da expectativa das partes interes-sadas e o efectivo envolvimento e compromisso para com os projectos desenvolvidos.

As organizações devem, neste sentido garantir o mapeamento dos seus stakeholders chave e fazerem o exercício de identificação dos temas materiais para garantir a correcta alocação de esforços.

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Capacitação para a Responsabilidade Social Empresarial – Criar Conselho Consultivo para a Responsabilidade Social Empresarial

É interessante notar que as principais dificul-dades sublinhadas pelas empresas ao nível da concepção e implementação dos seus projectos de RSE foram bastante unânimes. Um dos temas apontados como dificuldade está relacionado

com a falta de alinhamento no sector privado, resultado, provavelmente do desconhecimento dos projectos que são implementados pelas di-ferentes entidades. Outra questão recorrente é o desconhecimento/dificuldade em identificar parceiros credíveis para a realização dos projec-tos, bem como o conhecimento de metodolo-gias/ferramentas para medição dos impactos e know-how para a implementação de projectos.

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Capacitação para a Responsabilidade Social Empresarial – Criar Conselho Consultivo para a Responsabilidade Social Empresarial

É interessante notar que as principais dificul-dades sublinhadas pelas empresas ao nível da concepção e implementação dos seus projectos de RSE foram bastante unânimes. Um dos temas apontados como dificuldade está relacionado com a falta de alinhamento no sector privado, resultado, provavelmente do desconhecimento dos projectos que são implementados pelas di-ferentes entidades. Outra questão recorrente é o desconhecimento/dificuldade em identificar parceiros credíveis para a realização dos projec-tos, bem como o conhecimento de metodolo-gias/ferramentas para medição dos impactos e know-how para a implementação de projectos. À semelhança do que acontece em alguns paí-ses que contam com a presença das delegações nacionais do World Business Council for Sus-tainable Development (WBCSD), considera-se que seria relevante a existência de um conselho

consultivo ou rede de responsabilidade social empresarial, ao nível de organizações sectoriais, que contasse com o envolvimento activo do Executivo e de outras entidades da sociedade civil, como forma de dinamizar a criação e de-senvolvimento de uma cultura de responsabi-lidade social empresarial, partilha continuada de experiências e boas práticas de gestão res-ponsável e, disseminar conhecimento junto dos seus pares.

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Missão

• Divulgar boas práticas de RSE entre as empresas de diferentes sectores fomentando a co-municação e a identificação de sinergias e oportunidades de colaboração.

• Divulgação de grandes linhas de orientação e áreas de investimento primordiais que po-derão impactar no âmbito das iniciativas de desenvolvimento social.

• Divulgar políticas, práticas e procedimentos do Executivo que possam ter impacto nas actividades de RSE que as empresas estejam a desenvolver.

• Apoiar no desenvolvimento de bolsa de entidades não governamentais e outras entida-des que tenham capacidade e credibilidade para implementação de projectos sociais/ambientais.

• Fomentar o desenvolvimento de entidades não governamentais com capacidade de ac-tuar em áreas, actualmente, menos desenvolvidas (como as questões ambientais, crian-ças, entre outros).

• Fomentar a capacidade crítica junto do Executivo para avaliar a implementação e impacto dos projectos de RSE.

Parceiros Estratégicos – Redefinição de papéis Subentende-se também, decorrente do estudo, que deverá ser feita uma reflexão relativamente aos papéis que cada uma das entidades deve-rá assumir para que, efectivamente a RSE con-tribua para o desenvolvimento sustentável em Angola.

Por um lado, a lógica de ajuda de emergência já não é aplicável pelo que se pede agora que as entidades oficiais tenham capacidade real para definirem prioridades de esforço em cada uma das áreas críticas e desenvolvam a capacidade de coordenar a agenda dos investimentos so-ciais (como no caso do sector Petrolífero), aque-les que se encontram consagrados ao abrigo dos contratos de concessão.

As empresas deverão envolver-se em projectos de maior valor acrescentado e que exijam maior compromisso, sobretudo ao nível da capacita-ção, ainda que isso lhes confira maior esforço

e provavelmente menor reconhecimento pú-blico. Por outro lado, devem passar a assumir, além do papel de financiadores, também o pa-pel de apoio na conceptualização dos projectos, e, sobretudo na monitorização e controlo dos impactos. Neste capítulo as empresas públicas deverão dar também o exemplo nos sectores onde actuam, posicionando-se como empresas socialmente responsáveis, servindo de instru-mento de apoio às políticas sociais, ambientais e económicas do Executivo, funcionando como dinamizadores destas práticas no mercado, in-centivando outros a seguir o mesmo caminho.

As diferentes organizações da sociedade civil, nomeadamente instituições académicas deve-rão, além de prestar formação e sensibilização nestes, potenciar o seu envolvimento com as empresas e outras entidades no âmbito da RSE, actuando como parceiros e também como po-tenciais implementadores de projectos, num contexto académico.

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5.2 Linhas de acção

Na sequência das análises feitas ao longo do estudo e na percepção dos vários stakeholders envolvidos através de questionários e entrevis-tas, foram enumeradas um conjunto de linhas de actuação por grupo de agente interveniente no panorama da RSE, que reflectem, não só a ex-pectativa destas partes interessadas, mas tam-

bém a análise crítica da KPMG relativamente às mesmas.

Estas linhas de orientação estão estruturadas segundo as diferentes entidades que poderão ter um papel chave e segundo objectivos alto nível que vão de encontro aos desafios mais re-levantes que foram identificados no estudo.

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Deverá ser promovido cada vez mais o escrutínio na cadeia de valor dos projectos de RSE e investi-mentos sociais realizados, o que implica que, para que o impacto positivo seja maximizado, exista a quantificação dos resultados obtidos e correcta monitorização e controlo da informação prestada pelos diferentes intervenientes. Deverá ser sobretudo incentivada a comunicação, assente em prin-cípios de transparência e alinhamento de expectativas entre os stakeholders.

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6. Glossário

No âmbito do desenvolvimento deste estudo, considerou-se relevante incluir o conceito sub-jacente aos temas relevantes e áreas de actua-ção utilizados como base de análise e reflexão em Responsabilidade Social.

Saúde• Combate ao HIV/SIDA – Programas de pre-

venção e tratamento para o HIV/SIDA, in-cluindo sessões de sensibilização e outras que visam combater o flagelo da SIDA e os problemas por ele sociais causados.

• Combate a malária – Programas de preven-ção e tratamento da malária nas crianças, jovens e outros.

• Saúde dos trabalhadores – Programas para melhorar as condições da saúde do traba-lhador, como esclarecimentos sobre doen-ças e acesso a serviços de saúde (por exem-plo, consultas e rastreios).

• Infra-estrutura da saúde – Programas e pro-jectos para melhorar as infra-estruturas de saúde como, reabilitação ou construção de hospitais e clínicas, disponibilização de equipamentos, camas, reabilitação de quar-tos, entre outros.

• Acesso a serviços de medicamentos – Pro-gramas para melhorar a disponibilidade de medicamentos nos hospitais, clínicas e o acesso dos serviços de saúde por parte da população.

• Formação de profissionais da saúde – Pro-

gramas para promover a disponibilidade e capacitação académica dos médicos.

• Saúde materna – Programas para promover a saúde das mulheres grávidas do inicio da gravidez até ao parto e nos primeiros meses de vida das crianças.

• Saúde infantil – Programas que visam a promoção da saúde infantil e o combate à malnutrição e às principais doenças que afectam as crianças (por exemplo, malária), incluindo campanhas de vacinação, progra-mas de alimentação, entre outros.

Educação

• Escolaridade e alfabetização – Programas que visam o aumento da taxa de escolari-dade e alfabetização da população. Inclui o acesso ao ensino primário, secundário e uni-versitário.

• Sucesso escolar – Programas que têm por objectivo o aumento da taxa de aprovação, duração da escolaridade média e a retenção dos alunos nas escolas.

• Infra-estruturas escolares – Programas para melhoria das condições escolares, que inclui a construção e reabilitação de escolas, com melhores salas de aula, livros, equipamen-tos, entre outros.

• Formação dos colaboradores – Programas que visam a formação e capacitação dos colaboradores quer no âmbito da sua profis-são, quer no âmbito de competências, que potenciem as suas capacidades e prepara-ção para o mercado de trabalho.

• Capacitação na área de informática – Pro-gramas para aumentar o conhecimento in-formático ou facilitar o acesso a internet e meios informáticos.

Igualdade de Géneros

• Educação das mulheres e jovens mulheres – Programas para melhorar o acesso das mulheres ao ensino primário, secundário, e superior.

• Saúde materna – Programas para o acompa-nhamento à mulher grávida do inicio até ao

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80 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

final da gravidez e até ao final dos primeiros meses vida da criança.

• Promoção da cultura nas mulheres – Progra-mas para a inclusão das mulheres em temas culturais.

Cultura • Sensibilizar os jovens para a cultura – Pro-

gramas para a integração e sensibilização dos jovens para temas culturais.

• Sensibilizar as mulheres para a cultura – Pro-gramas para a integração e sensibilização das mulheres para temas culturais e promo-ção de artistas femininas.

• Sensibilizar os colaboradores para a cultura – Programas para a integração e sensibiliza-ção dos colaboradores para temas culturais.

• Desenvolvimento para iniciativas culturais – Promover projectos culturais em áreas como o teatro, música e museus.

• Donativos e patrocínios – Programas de do-ações e patrocínios para a implementação de projectos culturais e de sensibilização da população para a cultura.

• Promoção da leitura – Programas de incenti-vo para que a população visite bibliotecas e de promoção do gosto pela leitura.

• Promoção da língua nacional – Programas de incentivo para que a população tenha conhecimento dos dialectos nacionais.

Jovens • Formação e capacitação dos jovens para o

mercado de trabalho – Programas de capa-citação dos jovens nas áreas técnicas, ensi-no superior e o conhecimento de línguas estrangeiras, empreendedorismo.

• Literacia financeira – Programas para instruir os jovens relativamente a conceitos básicos de finanças para que estes tenham ferra-mentas para gerir o orçamento familiar e co-nheçam os princípios inerentes aos produ-tos bancários (como por exemplo créditos e empréstimos).

• Sensibilização para o desporto – Programas para promover actividades desportivas dos jovens.

• Ensino básico – Programas para promover o acesso dos jovens ao ensino primário e se-cundário.

Outros Temas

• Direitos humanos – Iniciativas que visem promover o respeito pelos direitos humanos nas organizações, parceiros e comunidades onde a organização opera.

• Direitos do trabalhador – Programas que promovam a igualdade e demais direitos dos colaboradores e combatam o trabalho forçado e o trabalho infantil.

• Segurança no trabalho – Programas que promovam um ambiente de trabalho que contribua para a eliminação do risco de aci-dente para os trabalhadores.

• Envolvimento com as comunidades locais – Programas que promovam a integração das instituições com as comunidades onde as instituições operam (ex. promoção de visitas às instalações da organização, entre outros).

• Apoio aos ex-combatentes – Programas que desenvolvam o apoio aos Ex-combatentes, como acesso a habitação, formação e inte-gração no mercado de trabalho.

Dimensão Económica

• Apoio ao desenvolvimento das infra-estru-turas de água e saneamento - Programas

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que promovam a melhoria no abastecimen-to de água potável, gestão de águas plu-viais, recolha e tratamento de esgoto, limpe-za urbana.

• Segurança e abastecimento de energia – Programas para disponibilizar o acesso a energia eléctrica a toda a comunidade.

• Promoção a transparência, ética e conduta – Programas para estabelecer e promover a transparência, ética e a conduta na forma de operação das instituições.

• Desenvolvimento de plano de apoio a situ-ações de emergência – Desenvolvimento de planos de que visem a actuação em caso de situação de crise, emergência ou catástrofe, numa lógica de continuidade de negócio, mitigação do risco e apoio à comunidades envolventes.

• Diversificação da economia – Apoio à diver-sificação sectorial e regional da economia. Apoio ao empreendedorismo e ao desen-volvimento de PME e à formalização de acti-vidades de negócio.

• Desenvolvimento de produtos e serviços inclusivos – Desenvolvimento de produtos e serviços que visem a especificamente a população que tradicionalmente não tem acesso aos mesmos (ex: microcrédito, micro-seguros, serviços específicos para veteranos de guerra, etc).

• Empregabilidade dos jovens – Programas que promovam a capacitação académica dos jovens, orientada ao empreendedoris-mo e à facilitação de acesso ao mercado de trabalho.

• Dinamização da economia local – Progra-mas que promovam o trabalho da comuni-dade, instituições e fornecedores na região onde as instituições operam.

• Segurança alimentar – Programas que visem assegurar as normas de produção, transpor-

te e armazenamento de alimentos garantin-do a sua adequação junto do consumidor final. Programas de combate à fome e apoio ao desenvolvimento de pequenas explora-ções agrícolas.

• Condições habitacionais – Programas que assegurem o acesso da população a habita-ção, como a construção e acesso a financia-mento.

Desenvolvimento Ambiental

• Prevenção da poluição – Programas que mi-nimizem a emissão de poluentes que afec-tem a água, solo e a atmosfera.

• Gestão de território – Programas que com-batam a desflorestação e programas de ges-tão de recursos hídricos.

• Preservação e gestão dos recursos naturais – Programas que promovam a exploração sustentável de recursos naturais, como mi-nerais e fosseis.

• Prevenção da biodiversidade – Programas que promovam a preservação da fauna e flora como a preservação de parques natu-rais.

• Energias renováveis e minimização das emissões – Promoção da produção e utiliza-ção de energias renováveis em detrimento da energia de origem fóssil.

• Educação ambiental nas comunidade – Pro-gramas que promovam a sensibilização das comunidades da importância do meio am-biente, ao nível da preservação dos recursos e através da utilização sustentável dos mes-mos.

• Educação ambiental para os fornecedores e parceiros – Programas de sensibilização para fornecedores e outros parceiros para que estes estejam alinhados com as boas práticas ambientais da organização.

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Amostra de partida

A primeira fase do estudo de Responsabilida-de Social Empresarial passou por uma consulta à informação pública disponível das empresas com actividade em Angola relativamente às práticas de responsabilidade social. O universo considerado compreendeu 100 empresas públi-cas e privadas, com maior volume de negócio e representatividade em 9 sectores de actividade. As fontes de informação foram os websites ins-titucionais e os Relatórios públicos divulgados pelas organizações, em matéria de responsabi-lidade social empresarial.

7. Abordagem Metodológica

7.1. Consulta às Empresas

Sector n.º Empresas

Construção 12Telecomunicações 8Transporte 8Energia e Águas 3Mineração Industria 9Bebidas 4Retalho 8Financeiro 31Petróleo e Gás 16Diversos 1Total 100

Da análise de benchmark realizada, foi possível identificar um conjunto de temas relevantes que reflectem as diferentes áreas de actuação empresarial em matéria de Responsabilidade Social Empresarial em Angola.

Realização de entrevistas

Após a consulta de informação pública disponí-vel por parte das empresas, foram realizadas en-trevistas presenciais com 23 empresas, com as áreas responsáveis pela RSE. O objectivo destas entrevistas foi obter informações qualitativas das empresas sobre as respectivas práticas de responsabilidade social. As entrevistas aborda-ram temas como:

• O conceito que cada empresa tem sobre RSE;

• A estratégia para a definição das áreas de actuação e os montantes investidos;

• Os projectos desenvolvidos nas áreas de educação, saúde, jovens, igualdade dos gé-neros, ambiente e desenvolvimento econó-mico;

• A cobertura geográfica dos projectos em território Angolano;

• Quais são os principais desafios ou barreira que condicionam a actuação da empresa no âmbito da responsabilidade social em An-gola;

• A parceria que as empresas desenvolvem com outros stakeholders, como Entidades Oficias, ONG, Ministérios e outros.

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Empresa Sector

ODEBRECHT ConstruçãoMota-Engil ConstruçãoSoares de Costa ConstruçãoConduril ConstruçãoUnitel Telecomunicações TAAG Transporte Caminhos de Ferro de Luanda Transporte Catoca MineraçãoRefriango Bebidas Grupo Mitrelli Diversos (Infra-estrutura, agro-indústria)Banco Espírito Santo Angola FinanceiroBanco Angolano de Investimentos Financeiro Banco de Fomento de Angola FinanceiroBanco Atlântico FinanceiroBanco Millennium Angola FinanceiroENSA FinanceiroChevron Petróleo e Gás Statoil Petróleo e Gás Maersk Oil Petróleo e GásAngola LNG Petróleo e GásEsso Angola Petróleo e GásTotal E&P Angola Petróleo e GásBP Angola Petróleo e Gás

Lista de empresas entrevistadas:

Lançamento dos questionários

Paralelamente foi desenvolvido um questioná-rio que foi disponibilizado a um universo de 77 empresas. Os questionários foram disponibiliza-dos em papel e em formato electrónico.Os questionários visaram a consolidação e siste-matização da seguinte informação:

• Empresas, sectores, número de colaborado-res, volume de negócio e cobertura geográ-fica;

• Conceito de responsabilidade social, estra-tégia de identificação das áreas de actuação;

• Alinhamento com os princípios do Global Compact;

• Projecto e práticas realizadas nas áreas da

educação, saúde, jovens, igualdade dos gé-neros, ambiente e desenvolvimento econó-mico no âmbito de responsabilidade social;

• Montantes investidos em cada área e pro-jecto;

• Principais desafios e oportunidades que a empresa tem na prática de responsabilida-de social;

• Relação com os parceiro no desenvolvimen-to cada projecto.

Na tabela a seguir está espelhada a taxa de res-posta por sector em termos de número de em-presas. Para efeitos de análise foram considera-dos os sectores de Construção, Petróleo e Gás, Banca, Transportes. Os restantes sectores foram agrupados em “Outros”.

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Sector Taxa de Resposta

Construção 36%Telecomunicações 25%Transporte 66%Mineração 16%Bebidas 50%Banca 28%Petróleo e Gás 25%Seguros 20%

Tabela 3 – Taxa de reposta ao questionário de RSE por sector para um uni-verso de 77 empresas

Limitação aos resultados

Os resultados e conclusões apresentados neste documento restringem-se às conclusões que nele especificamente formulamos e reflectem a percepção dos stakeholders que participa-

ram no estudo. A extrapolação dos resultados apresentados à totalidade de empresas de cada sector e agentes da sociedade, está a sujeita às limitações decorrentes da representatividade das entidades que responderam à consulta re-alizada.

7.2 Consulta aos restantes stakeholders

Com o objectivo de obter uma visão mais abran-gente e com diferentes perspectivas, foram também consultadas outras entidades públicas e privadas com relevo na implementação de práticas de RSE como Ministérios, Agências para a Promoção do Desenvolvimento, ONG, univer-sidades, Fundações e associações religiosas.

Esta consulta não só teve o objectivo de enten-der a visão destas entidades sobre o que tem vindo a ser o papel das empresas, mas também identificar os desafios e oportunidades na sua óptica associadas à RSE.

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8. Acrónimos utilizados

AECID Agência Espanhola para a Cooperação e DesenvolvimentoANIP Agência Nacional de Investimento PrivadoENSAN Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional FMI Fundo Monetário InternacionalGIRH Gestão Integrada de Recursos HídricosHIV Vírus da Imunodeficiência Humana IBEP Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da PopulaçãoIDH Índice de Desenvolvimento HumanoITU International Telecommunication Union MERAs Micro Empresas Rurais Associativas MPI Índice Multidimensional de Pobreza MPME Micro Pequenas e Medias EmpresasOIT Organização Internacional do TrabalhoONG Organização Não GovernamentalPDR Plano Director da RedePEDR Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural PEGAJ Plano Executivo do Governo de Apoio à Juventude PIB Produto Interno BrutoPND Plano Nacional do DesenvolvimentoPNUD Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoRSE Responsabilidade Social EmpresarialSADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SADCE Comunidade Económica dos Estados da África Central SBA tand-By ArrangementTIC Tecnologia de Informação e ComunicaçãoUNCBD Convenção das Nações Unidas sobre a BiodiversidadeUNDAF United Nations Development Assistance FrameworkUNEFOP Instituto Nacional de Formação Profissional UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Criança WBCSD World Business Council for Sustainable Development

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86 Responsabilidade social empResaRial | Situação actual em angola

9. Referências/Bibliografia

• Human Development Report 2011. Sustainability and Equity: A Better Future for All. UNDP, 2011;• African Human Development Report 2012. Towards a Food Secure Future. UNDP, 2012;• Análise ao sector Bancário Angolano, 2011, KPMG, 2011;

• Angola: The Post-war Challenges, 2002, UN;

• Balanço de Execução dos Planos Nacionais de Desenvolvimento;

• Education in Emergencies and Mergencies and Post-crisis Transition, Unicef;

• Inquérito Integrado ao Bem-Estar da População, IBEP, 2011;

• KPMG International Survey of Corporate Responsibility Report 2011, KPMG, 2011;

• KPMG – Expect the Unexpected: Building Business Value in a Changing World, KPMG, 2012;

• Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, Relatório de Progresso 2010, República de Angola, Ministério do Planeamento, 2010;

• Plano de Acção do Programa de Cooperação do País, 2009-2013, Ministério do Planeamento, PNUD;

• Politica de Ciência, Tecnologia e Inovação. Revisão de Angola. Conferência da Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, UN;

• Relatório Anual 2009 (Angola). Ideias de Desenvolvimento em Acção, Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento;

• Relatório do Desenvolvimento Humano de 2013, PNUD 2013;

• Relatório Nacional sobre Desenvolvimento Sustentável. República de Angola;• Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017;

• Plano Nacional de Desenvolvimento 2011-2012;

• Perfil do Sector Privado do País, 2012, Banco Africano de Desenvolvimento e Fundo Africano de Desenvolvimento, 2012;

• Revista Exame, Edição de Sustentabilidade 2012;

• Strategic Framework for UNDP Operations in Angola 2009-2013;

• UNDAF Angola, 2009-2013, United Nation Development Assistance Framework in Angola.

Websites:

• Nações Unidas

• UNDP – Angola

• UNICEF

• World Bank Statistics

• World Economic Forum

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1. Conduril - Construção

Nome da iniciativa: Academia CondurilPrincipais Parceiros: Ministério da Educação, Programa de Formação Profissional para o Mer-cado de TrabalhoÂmbito da Iniciativa: Educação (alfabetização e formação profissional)Principal Objectivo do Projecto:

A CONDURIL ACADEMY tem por missão prin-cipal ministrar formação profissional a todos colaboradores da Conduril Engenharia S.A em Angola e simultaneamente, colaborar na alfa-betização dos seus trabalhadores contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida a nível local e nacional. Os principais objectivos do pro-grama são aumentar as competências técnicas dos seus trabalhadores, divulgar continuamen-te os Princípios e Valores da Conduril, potenciar

10 Casos de Estudoa estabilidade e satisfação dos seus colaborado-res e contribuir para o desenvolvimento social e económico de Angola

Descrição Resumida do Projecto

A Conduril Academy actua em todo território nacional com seus dois principais programas de actuação. • O programa de Formação e Capacitação

Profissional de seus colaboradores;• Programa de Alfabetização e Aceleração Es-

colar.

O programa de Formação e Capacitação conta com uma equipa de formadores certificados de acordo com a legislação Angolana e inscritos na bolsa Nacional de Formadores. A equipa oferece a capacitação de forma técnico-profissional aos técnicos da Conduril para o ramo de Indústria e Obras Públicas nas categorias de motoristas, manobradores, fiéis de armazém, encarregados e chefes de equipa, técnicos administrativos, técnicos e operadores de laboratório. O sucesso do programa de formação profissional foi supe-rior ao esperado, o que levou a que a Conduril Academy esteja, actualmente, em fase de rees-truturação com o intuito de poder disponibilizar este programa ao universo exterior à Conduril com Angolanos não colaboradores da Conduril.

O programa de Alfabetização iniciou-se na Conduril Academy em Outubro de 2011 com a parceria do Ministério da Educação na co-responsabilidade do acompanhamento, apoio técnico e metodológico do projecto e a Condu-ril assume o papel do incentivo interno para a sustentabilidade do programa de alfabetização e recuperação do atraso escolar, desde os recur-sos didácticos, pedagógicos e os professores para o ensino. Desde a sua implementação até o momento actual, já foram inscritos 172 traba-lhadores do Grupo Conduril. De destacar ainda a consolidação da relação da Conduril Acade-my com outras entidades publicas e privadas, nacionais e internacionais que têm contribuído para a prossecução dos objectivos da política de educação e formação de adultos.

Existem 2 módulos de alfabetização desde a 1ª

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até à 4ª classe. Na província de Benguela, 15 tra-balhadores já concluíram o módulo I em Julho de 2012 e receberam os certificados de habilita-ções que dão a equivalência à 2ª classe do ensi-no primário.

Ainda no seguimento do Programa de Alfabe-tização e Aceleração escolar, a Conduril com-prometeu-se a construir para as comunidades locais onde está presente um espaço de apren-dizagem oferecido às autoridades locais.

A estrutura da Conduril Academy está direccio-nada à Formação em Itinerância que leva siste-maticamente o corpo docente à obra, ao con-texto de trabalho.

Principais Conclusões:

Este projecto, integrado com outras iniciativas associadas à promoção da leitura (como a Bi-blioteca Itinerante e a produção de conteúdos pedagógicos), enquadra-se nas metas e ob-

jectivos definidos pelo Plano Estratégico para Revitalização da Alfabetização (2012-2017) do Ministério da Educação de Angola. Está tam-bém em consonância com os Objectivos de De-senvolvimento do Milénio, Quadro de Acção de Dakar e do Decénio das Nações Unidas para a Alfabetização.

Com relação a actividade formativa desenvol-vidas em 2012, formam inscritos 307 colabora-dores e emitidos 197 certificados de formação com um total de 35.965 horas de formação. Por outro lado, para a Conduril, estas iniciativas têm a vantagem de potenciar a qualificação e satisfação dos seus trabalhadores com reflexos na sua efectividade e produtividade e satisfação no posto de trabalho. O interesse que o progra-ma gerou entre os colegas levou a uma conta-minação positiva.

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2. Odebrecht – Construção

Nome da iniciativa: Academia Conduril Âmbito da Iniciativa: Educação e Formação das comunidades

Principal Objectivo do Projecto:

O programa ACREDITAR é um programa de Res-ponsabilidade Social, focado na qualificação e desenvolvimento de pessoas, com o objectivo de apoiar a juventude Angolana na obtenção do primeiro emprego através de intervenções concretas nas comunidades onde está inserida

Descrição Resumida do Projecto

O programa ACREDITAR está presente nas pro-víncias de Benguela, Kuanza Norte e Luanda e está estruturado em dois módulos de formação, o módulo Básico e o Específico.

O Módulo Básico tem como temas de aprendi-zagem a Segurança no Trabalho, Meio Ambien-te, Psicologia no Trabalho, Saúde e Qualidade. Temas estes que são amplamente aprofunda-dos e discutidos durante as 60 horas dos cursos.No Módulo Específico, os cursos possuem uma carga horária entre 140 horas e 260 horas com temas relacionados com actividade de constru-ção civil.

A organização pedagógica do Módulo Especí-fico está estruturada através de encontros teó-ricos e práticos em 3 ambientes de estudo. Na sala, o enfoque é na resolução de problemas através do acesso a informação e o conhecimen-to do quotidiano da profissão. No Laboratório, o trabalhador é exposto a um ambiente com alta tecnologia que lhe oferece a oportunidade de experienciar virtualmente situações da activi-dade profissional. E por último, no campo ou oficina, são vividas situações reais do contexto de trabalho com equipamentos específicos de trabalho.

Uma vez por semana cada formador e monitor têm um encontro de uma hora para planear e

avaliar suas práticas educativas e fazer ajustes necessários. Mensalmente é feito um relatório de registo, reflexão e análise do processo edu-cativo onde todos os formadores e monitores recebem comentários de suas práticas para o crescimento e desenvolvimento do programa.

Principais Resultados:

Até hoje, o programa já inscreveu mais de 6.200 pessoas com 2.900 formados nas províncias de Benguela, Kuanza Norte e Luanda. Outras empresas passaram a contratar profissionais qualificados pelo programa ACREDITAR, que igualmente possibilita a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho em Angola.

A dimensão em termos de número de pessoas abrangidas faz com que exista um real impacto nas comunidades onde a Odebrecht se insere. Desta forma, a empresa desenvolveu uma for-ma de contornar as dificuldades de obtenção de mão-de-obra qualificada e capitalizando os recursos investidos, possibilitando também o desenvolvimento de jovens que não sejam co-laboradores da empresa, mas que beneficiam também do programa.

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3. Unitel – Telecomunicações Nome da iniciativa: Programa e-NetPrincipais Parceiros: Ministério da Educação, Huawai (entidade privada)Âmbito da Iniciativa: Educação e Jovens (capa-citação informática)

Principal Objectivo do Projecto:O programa e-NET tem como principal objecti-vo, disponibilizar aos estudantes Angolanos do ensino secundário do subsistema geral de en-sino e escolas públicas e privadas o aceso aos recursos de internet com qualidade como ferra-menta de pesquisa académica, conhecimento de cultura geral, e como meio de comunicação e interacção social.

A Unitel pretende com esta acção promover o hábito pela pesquisa académica através da in-ternet, estimular o uso desta ferramenta para a comunicação e interacção social e adicional-mente promover e massificar os produtos e ser-viços da internet UNITEL.

Descrição Resumida do Projecto:

Como responsável pelo programa, a UNITEL as-sume o papel de fornecedora do serviço de in-ternet e o seu parceiro directo, a Huawei, forne-ce os computadores e equipamentos.

O e-Net funciona em forma de ilhas de compu-tadores onde os orientadores/monitores, devi-damente capacitados, instruem os estudantes relativamente a como pesquisar e filtrar infor-mações na internet, procurar informação para pesquisas académicas, criar e enviar e-mails e utilizar as redes sociais para comunicar.

O projecto é dirigido a escolas pública, do 2º ci-clo do subsistema do ensino geral a funcionar pelo menos 2 períodos de aula (de manha e a tarde). Cada escola abrangida no programa re-cebe uma (1) ilha de computadores que inclui um (1) CPU com 9 monitores, teclados e ratos. A UNITEL disponibilizará gratuitamente a cada es-

cola 1 placa de internet mensal para o período de um (1) ano. Actualmente já estão equipadas 10 salas de aula.

O serviço fica à disposição dos estudantes du-rante 9 horas por dia, repartidas por três turnos, por períodos iguais de tempo, em um espaço fechado do interior da escola, permitindo que todos os estudantes de uma determinada uni-dade escolar possam ter acesso ao mesmo con-teúdo de estudo e com a mesma carga horária.A monitorização das actividades é feita, trimes-tralmente, com prévio aviso onde é a avaliada a implementação do programa e cumprimento com o acordo estabelecido. São produzidos re-latórios de progresso.

Principais Resultados:

O programa desenvolvido pela UNITEL, em par-ceria com o Ministério da Educação e com um parceiro privado, teve o seu início em 2012, pelo que os seus resultados são ainda difíceis de mensurar. Contudo, de destacar nesta iniciativa o alinhamento com um dos eixos estratégicos de actuação do Governo, que é a Capacitação Informática em diversas frentes, entre elas a dos jovens. Nesse sentido, este programa de âmbito nacional, funciona como mecanismo acelerador das competências nas tecnologias de informa-ção dos jovens Angolanos, com impactos posi-tivos ao nível do seu desenvolvimento das suas capacidades, ao mesmo tempo abrindo espaço e caminho para o crescimento do mercado de al-guns dos serviços providenciados pela UNITEL.

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4. Refriango – Bebidas

Nome da iniciativa: Programa Taça Palanqui-nha Super CuiaPrincipais Parceiros: Federação Angolana de Futebol (FAF) e o Governo de AngolaÂmbito da Iniciativa: Jovens (sensibilização para o desporto)

Descrição Resumida do Projecto:

O projecto Taça Super Cuia Palanquinhas é um campeonato totalmente gratuito de futebol para crianças compreendidas entre os 7 e 8 anos (masculino e feminino). Este projecto abran-ge as províncias de Luanda, Namibe, Moxico, Benguela, Kwanza Sul, Zaire, Cabinda, Luanda Norte, Huambo e Bié. Neste campeonato são realizados 10 eliminatória e 1 grande final entre as 352 equipes em nível Nacional. O projecto tem como patrocinadores o Banco Bic, Unitel, Zap, Sporting Clube de Portugal, TAAG e a Bom Sucesso Fisioterapia. A taça Super Cuia Palan-quinha oferece a oportunidade aos jogadores mais destacados do campeonato um estagio no

Sporting Clube de Portugal. O projecto premia as 3 melhores equipas, o melhor guarda rede, melhor marcador e o jogador revelação a nível nacional. Todos os equipamentos e mantimen-tos para a realização deste projecto são disponi-bilizados pela Refriango, a Federação Angolana de Futebol e seus patrocinadores.

Principais Resultados:

O Projecto Super Cuia Palanquinha em 2012 englobou:

• 352 Equipes• 3.520 Jogadores participantes• 728 Jogos

Na conferência de imprensa da apresentação oficial do projecto Super Cuia Taça Palanquinha no dia 16 de Junho de 2012 figuras do futebol, entidades do governo e outras entidades como o Ministério da Juventude e Desporto, Presiden-te da FAF, Presidente do SFC e ex jogadores do Sporting Clube Portugal para promover o des-porto ao nível nacional para os jovens.

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Total – Petróleo e Gás

Nome da iniciativa: Escolas EiffelPrincipais Parceiros: Ministério da Educação; Governos Provinciais do Bengo, Malange, Kwan-za Norte e Cunene; Missão Laica Francesa (MLF) - ONG Francesa vocacionada para o sector da Educação.Âmbito da Iniciativa: Educação (ensino secun-dário)

Descrição Resumida do Projecto:

As Escolas Eiffel são de carácter público e resul-tam de um acordo tripartido assinado em Maio de 2008 entre o Ministério da Educação, a TOTAL E&P ANGOLA e a Missão Laica Francesa (MLF). O Programa académico das Escolas Eiffel foi es-tabelecido pelo Ministério da Educação, no qua-dro da componente “Educação de Qualidade”, enquanto que a TOTAL financiou a construção de quatro escolas e continua a financiar o fun-cionamento das escolas sob gestão da MLF.

As Escolas Eiffel abrangem o segundo ciclo do ensino secundário (10ª, 11ª e 12ª) e estão pre-sentes nas províncias do Cunene, Bengo, Kwan-za Norte e Malange.

As escolas estão equipadas com laboratórios de Física, Química e Biologia, Sala de Documenta-ção e Internet e albergam 24 alunos por turma com uma capacidade total de 576 alunos matri-culados por ano.

Ainda no âmbito do acordo, os Governos Pro-vinciais devem nomear o pessoal docente, ad-ministrativo e técnico pedagógico.

Nos últimos 2 anos as Escolas tiveram já 2 gru-pos de finalistas com 172 graduados cada.

Principais ResultadosResultados académicos • Taxa de sucesso no exame final da 12°classe:

98,8%.• Taxa de retenção escolar: 100%• 347 Alunos finalizaram a 12ª classe até ao

presente ano lectivo (2013). • Deste número, mais 100 alunos ingressaram

no ensino superior.

Mais de metade destes têm recebido bolsas de estudos internas e externas atribuídas pela Total E&P Angola e seus parceiros: Prezioso, Schlum-berger, Friedlandler

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6. ENSA, Seguros de Angola, S.A. – Seguros

Nome da iniciativa: Prémio ENSARTEPrincipais Parceiros: Ministério da Cultura / Aliança FrancesaÂmbito da Iniciativa: Cultura (promoção das artes plásticas em Angola)

Descrição Resumida do Projecto:

A ENSA SEGUROS DE ANGOLA S.A, organiza desde 1991, a bienal ENSARTE, um concurso que marca o seu pioneirismo na promoção das Artes Plásticas.

A iniciativa deste Prémio surgiu de uma expo-sição de sete pintores Angolanos: Viteix, Henri-que Abranches, Augusto Ferreira, Jorge Gumbe, António Ole, Telmo Vaz Pereira e José Andrade, no âmbito das comemorações do 12º aniversá-rio da ENSA.

É o único concurso nacional de artes plásticas (pintura e escultura) existente em Angola.

Este evento, que acontece em regra, a 15 de Abril, por ocasião do aniversário da ENSA, consiste essencialmente em apoiar financeira-mente, cuidar da organização, registar e salva-guardar, as obras de jovens e/ou conceituados criadores nacionais.

A ENSA, ao apostar nesse projecto, toma a ini-ciativa do mecenato cultural, no apoio para o desenvolvimento das artes plásticas em Angola.

De acordo com a opinião dos meios de comuni-cação social, o Prémio ENSA - Arte está a firmar-se como um dos eventos mais importantes no movimento cultural Angolano e o seu prestígio tem crescido a cada edição.

Fruto deste sucesso, a ENSA possui hoje, uma das mais valiosas Colecções do País, que conta com mais de 150 obras de arte, tendo merecido diversas distinções e reconhecimento quer ao nível institucional quer ao nível da classe artís-tica e parceiros o que nos move a continuar a nossa acção de Responsabilidade Social.

Resultados

O carácter social do prémio ENSA-Arte eviden-cia-se pelo facto de constituir um veículo para a promoção e difusão da arte contemporânea Angolana, ao nível nacional e internacional e, adquire um cunho único, não somente pelo facto da ENSA ser a única instituição nacional a apostar nesta vertente mas, também e sobretu-do, por estar na sua vanguarda.

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7. Statoil – Petróleo e Gás

Nome da iniciativa: Projecto de Abastecimen-to de Água potável às Aldeias de Cuio e Tonhola, Comuna do Dombe Grande, Município da Baia Farta na Província de Benguela

Principais Parceiros: Ajuda da Igreja Norue-guesa (AIN) e Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA)

Âmbito da Iniciativa: Desenvolvimento Eco-nómico – Infra-estruturas de Água. Instalação de um Sistema de Abastecimento de Água às comunidades de Cuio e Tunhola na Comuna do Dombe Grande, Município da Baia Farta na Pro-víncia de Benguela. O projecto visa a melhoria das condições higiénica sanitária das popula-ções alvo do projecto (aproximadamente 1.719 habitantes) Descrição Resumida do Projecto:

O projecto de abastecimento de água às aldeias do Cuio e Tunhola localizado na Baia Farta, lito-ral de Benguela, visou providenciar água potá-vel a estas comunidades com o fim de melhorar as condições higiénico sanitário dos cerca de 1.719 beneficiários. As duas comunidades fo-ram identificadas depois de um levantamento feito pela entidade implementadora do projec-to, a ONG Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN), que identificou haver na zona uma grande taxa de mortalidade devido a surtos periódicos de cóle-ra, com forte incidência nos períodos chuvosos, numa zona com poucos recursos hidrográficos. A comunidade fazia o consumo de água de um poço cujas condições higiénicas eram total-mente deploráveis. O recurso a outra fonte de água nestas comunidades era feito a partir de um rio situado entre 7 a 6 Kms de distância das comunidades. Outra fonte de água era o recur-so as motobombas de irrigação instaladas em fazendas agrícolas nas comunidades vizinhas. Esta água era vendida a um valor entre 50 a 70 Kz por cada vinte litros, ou era trocada por peixe. As longas distâncias percorridas sobretudo por

mulheres e crianças com objectos de transpor-te de água a cabeça foi um dos aspectos que o projecto se propôs a inverter, trazendo a água para mais próximo dos que dela necessitavam. Iniciado em 2008, o projecto veio a ser conclu-ído em 2009, com as seguintes infra-estruturas construídas:

• 1 Sistema de bombagem de água a partir de uma bomba submersível, alimentado por um gerador.

• 1 Tanque elevado • 3 Chafarizes • 2 Lavandarias

O Projecto tem a particularidade de ser proprie-dade da comunidade, o que o torna totalmente auto sustentável. A comunidade foi totalmente engajada desde a concepção do projecto até a sua conclusão tendo participado nas escava-ções para a canalização da tubagem, o que re-forçou em todos os seus membros o sentimento de pertença ao projecto. Um grupo de mem-bros das mesmas comunidades foi integrado e treinado para manterem as infra-estruturas, através de grupos de Água e Saneamento (GAS). Estes grupos são responsáveis por velarem pela manutenção e administração do sistema de água com participação de toda comunidade. Em todo este processo as autoridades locais es-tão envolvidas, através das suas Administrações Municipais e Comunais, as quais garantem todo o seu apoio institucional. ResultadosO projecto em causa produziu entre outros os seguintes resultados:

• Água potável 24 horas ao dia ao longo dos sete dias.

• Melhoria das condições higiénicas e conse-quentemente redução de doenças relacio-nadas com a falta de água e ao consumo de água não potável, particularmente a cólera, surto antes muito comum em épocas chu-vosas.

• Aumento significativo de actividades como

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construção, criação de gado miúdo, melho-res condições para a secagem do peixe e ou-tras actividades rentáveis nas comunidades beneficiárias.

• Maior poupança de recursos financeiros dos beneficiários, antes destinados a compra da água e a cura de doenças decorrentes do consumo de água não potável.

• Redução substancial da distância para a bus-ca da água, deixando mais tempo disponível para as mulheres e meninas dedicarem-se a outras actividades úteis.

• As novas condições atraíram para a zona

mais habitantes, tendo passado de 1.719 habitantes antes da implementação do pro-jecto para os actuais 6.363 habitantes.

• Reforço da coesão social entre os beneficiá-rios, através da comparticipação comunitá-ria na gestão e manutenção das infra-estru-turas.

• A experiencia de sucesso na gestão e admi-nistração do sistema de água de forma sus-tentável e duradoura tem sido considerada como exemplo de boa prática e por isso o seu modelo tem sido seguido por outras co-munidades.

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