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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FERNANDA MACHADO RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA NA COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS PROFISSIONAIS DO CREA DO ESTADO DE SANTA CATARINA – CREDCREA Balneário Camboriú 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

FERNANDA MACHADO

RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA NA COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS PROFISSIONAIS DO CREA DO ESTADO DE SANTA CATARINA – CREDCREA

Balneário Camboriú

2008

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FERNANDA MACHADO

RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA NA COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS PROFISSIONAIS DO CREA DO ESTADO DE SANTA CATARINA – CREDCREA

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Ênfase em Recursos Humanos, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. Alexandre de Avila Leripio

Balneário Camboriú

2008

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FERNANDA MACHADO

RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA NA COOPERATIVA

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração com Ênfase em Recursos

Humanos da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário

Camboriú.

Área de Concentração: Administração Geral

Balneário Camboriú, 09 julho de 2008.

_________________________________

Prof. Alexandre de Ávila Leripio Orientador

___________________________________

Prof. Ricardo Boeing da Silveira

Avaliador

____________________________________

Prof. Osmundo M. Saraiva Junior

Avaliador

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EQUIPE TÉCNICA

Nome do estagiário: Fernanda Machado

Área de Estágio: Administração de Recursos Humanos

Professora Responsável pelo Estágio: Lorena Schröder

Supervisor da Empresa: Regina Maria Hubbe Pacheco Pessetti

Professor Orientador: Prof. Alexandre de Avila Leripio

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais do

CREA do Estado de Santa Catarina – CredCrea Cooperativa de Crédito

Endereço: Rua Cabo P. M. Antônio Rudolf, 155 – Bairro Santa Clara – Itajaí.

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Área administrativa

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Regina Maria Hubbe Pacheco Pessetti

Carimbo do CNPJ da Empresa:

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 09 julho de 2008.

A CREDCREA COOPERATIVA DE CRÉDITO, pelo presente instrumento,

autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do

Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular

Obrigatório, pela acadêmica FERNANDA MACHADO.

___________________________________

Regina Maria Hubbe Pacheco Pessetti

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que entre atropelos, dúvidas e

difíceis momentos, sempre me iluminou e mostrou caminho certo, para que em

momento algum fraquejasse.

A meus pais Claiton e Roseli Machado pelo incentivo carinho e amor sempre

demonstrados.

A minha família, que acompanhou o inicio desta trajetória e acreditou em meus sonhos e na realização deles; jamais mediu esforços

para me apoiar e me incentivar, mesmo quando precisei, muitas vezes, ausentar-me

do seio da minha família

A meu namorado, Yuri Magnus, uma pessoa simplesmente maravilhosa, que desde o inicio

me apoiou e incentivou na realização dos meus ideais, colaborando de todas as

maneiras para poder vencer mais essa etapa, percorrendo o melhor caminho.

Ao orientador, Prof. Alexandre de Ávila

Leripio, que me orientou, para melhor elaboração, execução e apresentação deste

projeto.

A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para conclusão dessa etapa.

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RESUMO

Este trabalho teve o objetivo de avaliar, através de pesquisa bibliográfica e de pesquisa de campo, por meio de métodos quantitativos e análise de resultados a percepção dos cooperados quanto à responsabilidade social e a ética na cooperativa. Abordou-se a relevância da cooperativa, suas características de sociedade, os princípios do cooperativismo, as classificações das cooperativas, o cooperativismo de crédito, assim como os cooperados, o capital social, a constituição das sociedades cooperativas e as características de banco. Deu-se ênfase a ética e a responsabilidade social, abordando assuntos como balanço social, ações sociais e indicadores ethos. Na pesquisa realizada verificou-se o perfil dos cooperados da CREDCREA, assim como a visão dos mesmos em relação aos indicadores ethos: valores, transparência e governança, público interno, meio ambiente, fornecedores, clientes e consumidores, comunidade e governo e sociedade. Procurou de uma forma clara identificar os indicadores percebidos favoravelmente e desfavoravelmente pelos cooperados, assim como propor melhorias para a cooperativa pesquisada. Através do alcance de cada objetivo proposto, de uma maneira geral, esta pesquisa contribuiu para observar a percepção dos cooperados quanto à responsabilidade social e a ética da CREDCREA.

Palavras chave: Responsabilidade Social, Cooperativa, Indicadores Ethos.

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ABSTRACT

This study aimed to evaluate, through literature search and search the field, using methods and quantitative analysis of results cooperated as the perception of social responsibility and ethics in the cooperative. Abordou is the relevance of the cooperative, their characteristics of society, the principles of cooperation, the classifications of cooperatives, credit cooperatives and the cooperative members, the capital, the establishment of cooperative societies and the characteristics of the bank. It is emphasis on ethics and social responsibility, addressing issues such as social balance, social actions and indicators ethos. In the survey saw the profile of the CREDCREA cooperated, and the vision for the same ethos indicators: values, transparency and governance, internal public, the environment, suppliers, customers and consumers, community and government and society. Looked in a clear identify indicators perceived favorably and unfavorably by cooperative members, and propose improvements to the cooperative investigation. Through the proposed scope of each goal, in general, this research has contributed to observe the perception of cooperative members about the social responsibility and ethics of CREDCREA.

Key words: Social Responsibility, Cooperative, Ethos Indicators.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Cooperativa X Sociedade Mercantil ........................................... 28

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 Tempo de ingresso no CREDCREA .......................................... 46

GRÁFICO 02 Profissão dos cooperados .......................................................... 47

GRÁFICO 03 Idade dos cooperados ................................................................ 48

GRÁFICO 04 Motivação de ingresso no CREDCREA ..................................... 49

GRÁFICO 05 Pontos fortes .............................................................................. 50

GRÁFICO 06 Indicador Ethos: Valores, Transparência e Governança ............ 51

GRÁFICO 07 Noção de responsabilidade social ............................................. 52

GRÁFICO 08 Indicador Ethos: Público Interno ................................................ 53

GRÁFICO 09 Indicador Ethos: Meio Ambiente ................................................ 54

GRÁFICO 10 Indicador Ethos: Clientes e Consumidores ................................ 55

GRÁFICO 11 Indicador Ethos: Comunidade .................................................... 56

GRÁFICO 12 Sugestões dos cooperados ........................................................ 58

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÂO ........................................................................................ 13

1.1 Tema do estágio .................................................................................... 15

1.2 Problema de pesquisa ........................................................................... 15

1.3 Objetivo geral ......................................................................................... 15

1.3.1 Objetivos específicos ............................................................................... 15

1.4 Justificativa ............................................................................................ 16

1.5 Contexto do ambiente de estágio ........................................................ 17

1.6 Organização do trabalho ....................................................................... 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 19

2.1 Cooperativa ............................................................................................ 19

2.1.1 Característica da sociedade .................................................................... 20

2.1.2 Princípios do cooperativismo .................................................................. 21

2.1.3 Classificação das cooperativas ............................................................... 22

2.1.4 Cooperativismo de crédito ....................................................................... 23

2.1.5 Cooperados ............................................................................................. 24

2.1.6 Capital social ........................................................................................... 26

2.1.7 Constituição das sociedades cooperativas ............................................. 27

2.1.8 Características dos bancos ..................................................................... 27

2.2 Ética ........................................................................................................ 29

2.3 Responsabilidade social ....................................................................... 32

2.3.1 Balanço social .......................................................................................... 34

2.3.2 A importância das ações sociais ............................................................. 35

2.3.3 Responsabilidade social nas empresas .................................................. 36

2.3.4 Indicadores Ethos .................................................................................... 39

3 METODOLOGIA ...................................................................................... 42

3.1 Tipologia de pesquisa ........................................................................... 42

3.2 Sujeito do estudo ................................................................................... 43

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3.3 Instrumentos de pesquisa .................................................................... 43

3.4 Tratamento e análise dos dados ......................................................... 44

3.5 Apresentação dos dados da pesquisa ................................................ 44

3.6 Limitações da pesquisa ........................................................................ 45

4 RESULTADOS ........................................................................................ 46

4.1 Apresentação e análise dos resultados .............................................. 46

4.1.1 Perfil dos cooperados .............................................................................. 46

4.1.2 Observação dos indicadores ethos ......................................................... 50

4.1.2.1 Indicador Ethos: Valores, Transparência e Governança ......................... 50

4.1.2.2 Indicador Ethos: Público Interno .............................................................. 52

4.1.2.3 Indicador Ethos: Meio Ambiente .............................................................. 53

4.1.2.4 Indicador Ethos: Fornecedores ................................................................ 54

4.1.2.5 Indicador Ethos: Clientes e Consumidores ............................................. 55

4.1.2.6 Indicador Ethos: Comunidade ................................................................. 56

4.1.2.7 Indicador Ethos: Governo e Sociedade ................................................... 57

4.1.2.8 Sugestões ................................................................................................ 57

4.2 Sugestões de melhorias ....................................................................... 58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 62

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 64

APÊNDICES ............................................................................................ 67

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1 INTRODUÇÃO

A realização de ações de caráter social não é uma prática tão recente no

meio empresarial. Foi durante o período que se estendeu do final dos anos 60 ao

início da década de 70, tanto nos Estados Unidos da América (EUA) quanto em

parte da Europa, que uma atuação mais voltada para o social ganhou destaque,

basicamente como resposta às novas reivindicações de alguns setores da sociedade

que levaram para o universo das empresas diversas demandas por transformação

na atuação corporativa tradicional, ou seja, aquela voltada estritamente para o

econômico.

Essa maior atenção em relação ao comportamento das empresas privadas

tanto comerciais quanto industriais surgiu no contexto das reivindicações pela

ampliação da participação, como, por exemplo, durante o fortalecimento, no período

citado, do movimento sindical e estudantil europeu, nas lutas pelos direitos civis

norte-americanos e nas manifestações contra as armas químicas utilizadas na

Guerra do Vietnã. Certas denúncias e o boicote às empresas envolvidas de alguma

forma com aquele devastador conflito bélico na Ásia foram determinantes para o

início de uma mudança na prática e na cultura empresarial nos EUA e em outros

países do globo.

Dessa forma, pode-se dizer que uma preocupação com a característica que

reveste a atividade empresarial aparece, de forma inicial e com suas múltiplas

conotações, a partir do final dos anos 60 nos EUA e em parte da Europa. Outro fator

determinante para o entendimento e a localização de todo esse processo de entrada

das empresas no universo das ações de caráter social efetivo foi à crise do Welfare

State, situada na metade da década de 70. A partir desses acontecimentos, a

intervenção dos agentes privados passou a ser vista de outra maneira, a crise

econômica e o crescimento do desemprego que atingiram a Europa na década de

80, contribuíram para que a empresa começasse a ser valorizada pela sua

capacidade de salvaguardar o emprego, valor essencial da socialização na

sociedade contemporânea.

Para Kirschner (1998, p.20-21) “o papel da empresa vai além do econômico,

ademais de provedora de emprego, é também agente de estabilização social”.

Nesse período, a atuação social por parte dos agentes privados e a própria questão

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da responsabilidade das corporações diante dos problemas sociais e ambientais

começaram a destacar-se, tanto em práticas quanto em discursos.

No Brasil, as sementes dessa mudança já podem ser notadas na Carta de

Princípios do Dirigente Cristão de Empresas, publicada em 1965, pela Associação

de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil), que, já nessa época,

utilizava o termo responsabilidade social das empresas. Contudo, foi somente a

partir do final dos anos 80, que uma pequena parcela de empresas que atuam no

Brasil, passou a intensificar e a institucionalizar o discurso em relação às questões

sociais e ambientais, realizando também, em escalas diversas, ações sociais

concretas.

Por outro lado, o período que vai do final dos anos 80 até o fim dos anos 90,

tornou-se palco do nascimento e da consolidação de importantes fundações,

institutos e organizações da sociedade civil ligados ao meio empresarial e tendo

como foco a questão da ética, em particular o chamado comportamento empresarial

ético e responsável. Durante os anos 90, algumas empresas passaram a divulgar

periodicamente nos chamados relatórios ou balanços sociais anuais, as ações

concretas realizadas em relação à comunidade a sua volta, ao meio ambiente e ao

seu próprio corpo de funcionários. Primeiramente, sob a forma de documentos

internos e, num segundo momento, pelos meios de comunicação e da divulgação da

própria publicidade corporativa.

Dessa forma, a década de 90 destaca-se como o período do surgimento e do

crescimento de diversas instituições, que se formalizam para atuar de maneira

relativamente orgânica e institucionalizada no âmbito da chamada responsabilidade

social corporativa. Essa nova postura de tornar-se socialmente responsável, também

começava de diversas maneiras a ser praticada pelas próprias empresas. Este duplo

movimento de organizações e fundações, por um lado, e de empresas, por outro,

intensificou-se a partir de 1993, sob influência da Ação da Cidadania contra a Fome

e a Miséria, que promoveu a aproximação de diversas organizações empresariais e

empresários com este relevante aspecto da questão social brasileira: a fome.

No final dos anos 90, o tema ganhou maior visibilidade, quando algumas

organizações não-governamentais (ONGs) começaram a utilizar mais intensamente

o termo responsabilidade social corporativa e passaram a incentivar nas empresas,

além dos chamados balanços ou relatórios sociais, a realização de ações em

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relação ao meio ambiente, à educação, à saúde e à igualdade de oportunidades,

principalmente na questão de gênero e de portadores de deficiência.

Os temas responsabilidade social e ética na cooperativa buscam um maior

entendimento e promovem ações que permitam identificar a percepção dos

cooperados nesta área.

1.1 Tema

O tema do trabalho desenvolveu-se sobre a percepção dos cooperados

quanto à responsabilidade social da CREDCREA de Itajaí.

1.2 Problema

O problema de pesquisa definido para este trabalho foi detectar se há

ausência de informações na percepção dos cooperados sobre Responsabilidade

Social e Ética no CREDCREA. De forma a contribuir para a resolução do problema,

foi definido à seguinte pergunta de pesquisa: Qual a visão dos cooperados da

CREDCREA em relação à Responsabilidade Social e a Ética na Cooperativa?

1.3 Objetivo Geral

Identificar a percepção dos cooperados quanto à responsabilidade social e a

ética na cooperativa da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais

do CREA do Estado de Santa Catarina – CREDCREA de Itajaí.

1.3.1 Objetivos Específicos

� Identificar o perfil dos cooperados do CREDCREA constituído por pessoas

físicas;

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� Selecionar um método para avaliação da Responsabilidade Social da

Cooperativa pelos cooperadores;

� Identificar os indicadores percebidos favoravelmente e desfavoravelmente

pelos cooperados e propor melhorias.

1.4 Justificativa

Seguindo uma tendência mundial, cresce a cada ano o número de instituições

que investem em projetos sociais, adotando uma postura mais sensível aos

problemas da comunidade ou assumindo responsabilidade sobre os impactos

causados por seus processos produtivos.

Segundo a concepção empresarial que se firma, a função da empresa não

fica mais limitada à satisfação dos acionistas e a uma gestão de políticas fechadas.

Ela passa a exercer interação e comprometer-se com todos os empregados,

consumidores, fornecedores, comunidade e meio ambiente, bem como com os

próprios acionistas. As empresas regidas sobre essa filosofia têm um forte

compromisso com a promoção do desenvolvimento pessoal dos envolvidos, direta

ou indiretamente, por meio da responsabilidade social e ambiental assumida.

Essa mudança de paradigma empresarial representa uma transição de um

modelo calcado sobre ações empresariais voltadas exclusivamente para os ganhos

financeiros e materiais, para um modelo que considera também os valores sociais e

espirituais, que transcendem o ganho material. Nesse sentido, o progresso passa a

não ser mais avaliado apenas sob o ponto de vista do produto ou do lucro, mas

também sobre o processo e o contexto nos quais o trabalho ocorre ou tem reflexos.

Nos países desenvolvidos, o debate sobre responsabilidade social toma

importância, na medida em que parece surgir um novo paradigma das relações

negociais, ou seja, uma nova forma de se exercer a ação empresarial. No Brasil,

embora o tema esteja em discussão desde o início da década, ainda é tímida a

mudança do empresariado. Mesmo que as ações empresariais não sejam

suficientes para resgatar a dívida social brasileira, qualquer iniciativa nesse sentido,

deve ser aplaudida e incentivada.

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As cooperativas de crédito e o sistema cooperativo em geral são uma porta

importante no carente mercado de trabalho e alternativas fundamentais à economia.

Elas ajudam a promover justiça social.

Este estudo proporciona a compreensão da importância da cooperativa, pois

as cooperativas, como um todo, são um caminho de organização, participação e

solidariedade. Contribuem para a difusão de valores de ética, voluntariado,

honestidade, igualdade e justiça social. No mundo inteiro, existem mais de 100

milhões de postos de trabalho gerados pelo sistema cooperativo. A experiência

demonstra que ações solidárias e a cultura do cooperativismo conseguiram fazer

renascer das cinzas a economia de muitos países arrasados por guerras e conflitos

internacionais.

O projeto busca identificar a percepção dos cooperados quanto à

responsabilidade social e a ética na cooperativa da CREDCREA de Itajaí. Para a

pesquisadora o projeto implicará em pesquisas, leituras e coleta de dados que

cooperarão no seu conhecimento. A presente pesquisa pode ser também válida para

a Universidade, pois através dos dados obtidos, outros acadêmicos interessados,

poderão continuar o estudo em evidência.

1.5 Contexto do ambiente de estágio

A cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais do CREA do

Estado de Santa Catarina é uma instituição financeira constituída em dezembro de

2002, organizada sob a forma de sociedade cooperativa e fiscalizada pelo Banco

Central do Brasil.

A CREDCREA tem sua matriz em Florianópolis, na Rua dos Ilhéus, 45, e

conta com 05 funcionários. Suas filiais estão localizadas em Jaraguá do Sul, na Rua

Reinoldo Rau, 60, e em Itajaí, na Rua Cabo P. M. Antônio Rudolf, 155, e contam

com 01 funcionária em cada filial.

Todo profissional, com inscrição no CREA/SC, pessoa física ou jurídica, seus

familiares e colaboradores podem ser sócios da CREDCREA. Quanto mais sócios,

mais forte é a cooperativa.

O CREDCREA fornece produtos como talão de cheques, poupança

programada, investimentos, cartão de crédito e seguros. Fornece serviços como

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boleto bancário, conta corrente, créditos, cheques especiais com limites, débitos

automáticos para contas básicas, como água e luz, auto-atendimento, pagamentos,

tele-saldo e descontos de cheques.

As vantagens da empresa são conta de capital, onde o cooperado tem

participação no capital da cooperativa e também é seu sócio; benefícios, onde toda

remuneração obtida com a movimentação da conta do associado é revertida em seu

melhoramento; participação, onde os resultados obtidos são distribuídos a todos os

associados; reinvestimento, onde os recursos captados no quadro social são

reaplicados no mesmo; crédito pessoal, vantagem que facilita o crédito do

associado, sem burocracia e com taxas de juros bem baixas; serviços financeiros,

atendimento e fundo garantidor.

Ao contrário de um banco, a CREDCREA não visa lucro e, todo cooperado,

além de ser sócio da cooperativa, conta com produtos e serviços a custos

extremamente vantajosos.

1.6 Organização do trabalho

Esta pesquisa no capítulo primeiro refere-se à introdução do trabalho no qual

estão dispostos: o tema; objetivos: geral e específico; justificativa e apresentação do

ambiente de trabalho do estágio.

No capítulo segundo destacou-se a fundamentação teórica embasando o

conhecimento nos temas como cooperativa, ética na cooperativa e responsabilidade

social.

No capítulo terceiro referente à metodologia, discriminou-se a tipologia da

pesquisa, o sujeito de estudo, os instrumentos de pesquisa e análise dos dados

apresentados, além das limitações da pesquisa.

Relatou-se no quarto capítulo a apresentação dos resultados obtidos através

dos questionários e a análise de estudo.

No quinto capítulo relacionou-se as considerações da autora do trabalho e

para finalizar, no capítulo sexto, discriminou-se toda a referência bibliográfica

estudada para a realização desta monografia.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para o alcance do objetivo geral proposto, realizou-se uma revisão teórica dos

seguintes temas: cooperativa, ética e responsabilidade social. Objetivando uma

melhor compreensão do trabalho desenvolveu-se primeiramente a cooperativa,

esclarecendo conceitos, características, princípios, classificações, constituição entre

outros.

2.1 Cooperativa

A sociedade cooperativa é regulada pela Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de

1971, modificada parcialmente pela Lei nº 6.981, de 30/03/82, que define a política

nacional de cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas.

A legislação cooperativista tem respaldo em vários dispositivos de nossa

Constituição Federal e Estadual.

O artigo 3º, da Lei nº 5.764/71, conceitua a cooperativa como sendo o “tipo de

sociedade celebrada por pessoas que se obrigam reciprocamente a contribuir com

bens e serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum e

sem objetivo de lucro”. Também pode-se conceituar a sociedade cooperativa como a

sociedade de pessoas com capital variável, que se propõe, mediante a cooperação

de todos os seus associados (cooperados), ao exercício de atividades ou à

execução de negócios em proveito deles próprios.

A missão fundamental das cooperativas é servir como intermediária entre o mercado e as economias dos cooperados para promover o seu incremento. Diferentemente das sociedades de capital, em que o voto é proporcional ao capital de cada investidor, a cooperativa é uma sociedade de pessoas, em que cada cooperado tem direito a um único voto. Desta diferenciação fundamental decorrem diversas implicações para o processo de gestão em cooperativas, em especial na relação entre cooperado-cooperativa (BIALOSKORSKI, 1997, p.515).

A característica principal da sociedade cooperativa é a sua finalidade, que é

oferecer aos seus cooperados, melhores condições econômicas e sociais, já que a

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sociedade não possui finalidade lucrativa. Desta forma, a sociedade serve como

instrumento de promoção dos interesses de seus membros.

Para Pinho (1982, p.08) “a cooperação quando organizada segundo estatutos

previamente estabelecidos dá origem a determinados grupos sociais. Dentre tais

grupos as cooperativas representam aqueles que visam, em primeiro lugar, fins

econômicos e educativos”.

A lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a Política Nacional de

Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas dispondo o

seguinte no seu capítulo I, art. 1º “compreende-se como Política Nacional de

Cooperativismo a atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema

cooperativo, originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre

si, desde que reconhecido seu interesse público”.

2.1.1 Característica da sociedade

As cooperativas se distinguem das demais sociedades pelas seguintes

características:

• Número ilimitado de associados;

• Variabilidade do capital social, representado por quotas-partes;

• Limitação do número de quotas-partes do capital social para cada

associado (facultado o critério da proporcionalidade);

• Impossibilidade de cessão de quotas-partes do capital social a terceiros,

estranhos à sociedade;

• Singularidade de voto;

• Quorum para realização da assembléia geral;

• Retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações

realizadas pelo associado;

• Existência de fundos de reserva para assistência técnica educacional e

social;

• Neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial, social e de gênero;

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• Prestação de assistência aos associados e, se previsto no estatuto,

extensível aos empregados;

• Área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião,

controle, operações e prestação de serviços.

2.1.2 Princípios do cooperativismo

Princípios do cooperativismo são linhas orientadoras através das quais as

cooperativas põem seus objetivos em prática, cujas regras devem nortear o

relacionamento entre cooperados e cooperativa, uma vez que sinalizam o verdadeiro

espírito do cooperativismo, distinguindo-a de outros tipos de empreendimentos

econômicos. Pela Aliança Cooperativa Internacional - ACI, os princípios cooperativos

passaram a ter o seguinte entendimento:

• Adesão voluntária e livre: as cooperativas são organizações voluntárias,

abertas a todas as pessoas aptas a utilizarem seus serviços e assumirem

as responsabilidades como membros, sem quaisquer discriminações de

nenhuma natureza;

• Gestão democrática pelos membros: as cooperativas são organizações

democráticas, controladas pelos seus membros, que participam

ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os

cooperados, eleitos como representantes dos demais membros, são

responsáveis perante estes;

• Participação econômica dos membros: Os cooperados contribuem

eqüitativamente para o capital da sociedade, controlando-o

democraticamente. Este patrimônio passa a fazer parte da sociedade e é

destinado aos seus objetivos sociais;

• Autonomia e independência da cooperativa: A cooperativa é uma

organização autônoma de ajuda mútua, controlada pelos seus membros.

Em suas relações com terceiros deve atuar com total independência, sem

qualquer interferência em sua autonomia e administração;

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• Educação, formação e informação: As cooperativas promovem a

educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e

dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir cada vez mais

eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;

• Intercooperação: As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus

membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em

conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e

internacionais;

• Interesse pela comunidade: As cooperativas trabalham para o

desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas

aprovadas pelos membros.

2.1.3 Classificação das cooperativas

Quanto à classificação, as cooperativas se dividem:

• Singulares: constituídas pelo número mínimo de vinte pessoas físicas e,

excepcionalmente, por pessoas jurídicas. Caracterizam-se pela

associação de pessoas que se organizam para satisfazer suas

necessidades econômicas, sociais e culturais, mediante a cooperação

mútua destes na execução dos negócios.

• Cooperativas Centrais ou Federações de Cooperativas: constituídas por,

no mínimo, três cooperativas singulares. Visam à organização em comum

e em maior escala das atividades econômicas e assistenciais das filiadas.

• Confederações de Cooperativas: constituídas por, no mínimo, três

Federações de Cooperativas ou Cooperativas Centrais, e têm por objetivo

a coordenação das atividades das respectivas filiadas, ainda que de

diferentes ramos.

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2.1.4 Cooperativismo de crédito

O cooperativismo foi desmembrado em treze ramos, definidos em 04 de maio

de 1993, com base em modelos da Aliança Cooperativa Internacional – ACI e da

Organização das Cooperativas da América - OCA. Os ramos do cooperativismo são:

crédito, agropecuário, consumo, educacional, especial, habitacional, infra-estrutura,

mineral, saúde, produção, trabalho, transporte, turismo e lazer.

A lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a Política Nacional de

Cooperativismo, dispõe o seguinte no capítulo III, do Objetivo e Classificação das

Sociedades Cooperativas, art. 5º “as sociedades cooperativas poderão adotar por

objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o

direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa"

em sua denominação”.

As cooperativas de crédito estão fortalecidas dentro do sistema financeiro. Os

bancos cooperativos passaram por um processo de consolidação, desde a criação e

regulamentação do Bansicredi, em 1996, e a autorização para funcionamento do

Bancoob pelo Banco Central em 1997, ficando assim estabelecido, efetivamente, um

sistema de crédito exclusivo do cooperativismo, promovendo um grande salto para o

seu desenvolvimento.

O cooperativismo de crédito surgiu em 1902. Seu desenvolvimento foi

caracterizado por vários obstáculos e chegou à década de 90, com uma forte

credibilidade, se mantendo estável e conquistando seu espaço dentro do mercado

financeiro.

A procura dos serviços prestados pelas cooperativas de crédito vem

aumentando significativamente, principalmente pelo fato de oferecerem taxas de

juros e custos de serviços sensivelmente mais baixos, chegando atualmente à

prestação de serviços bancários completos.

O caráter cooperativo dessas instituições permite que a intermediação

financeira ocorra com menores riscos, pelas seguintes razões principais listadas por

Schardong (2002, p.29):

• Normalmente a cooperativa opera com mutuários de um determinado

segmento ou cadeia produtiva. Isso faz com que a instituição conheça

mais profundamente as características e os riscos incorridos pelo mutuário

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no dia-a-dia de sua atividade. Além disso, as cooperativas têm melhores

informações sobre o histórico de crédito do mutuário, o que permite uma

melhor avaliação do risco.

• Ao atuar ao longo de uma cadeia produtiva, a cooperativa de crédito pode

minimizar seus riscos, aceitando como garantia de crédito gerados entre

fornecedores, produtores e comercializadores de um determinado produto

ou serviço.

• O caráter cooperativo da instituição gera a solidariedade dos devedores, o

que aumenta o custo moral da inadimplência, há em princípio, maior

incentivo para o mutuário honrar tempestivamente seus compromissos do

que numa operação contratada com um banco comercial.

A Representação do Sistema Cooperativista, no seu capítulo XVI, especifica

que as cooperativas de crédito “têm como objetivo a eliminação da figura do

capitalista intermediário na concessão de empréstimos e financiamentos aos seus

associados, com percentuais de juros abaixo dos cobrados no mercado”.

2.1.5 Cooperados

O cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário da cooperativa, enquanto

dono ele administra a empresa, e enquanto usuário utiliza os seus serviços.

Bialoskorski (1997, p.541) afirma que “o cooperado é ao mesmo tempo

contraditoriamente proprietário e cliente da cooperativa”. O autor ressalta ainda que:

Ao vender sua produção à cooperativa o cooperado deseja o maior preço possível, e na aquisição de insumos pleiteia o menor preço possível. Ocorre que em muitas situações as cooperativas se vêem comprimidas entre a necessidade de operar com preços compatíveis com as possibilidades e a necessidade de atender ao seu cooperado. Por outro lado, o cooperado no papel de proprietário deseja que a empresa cooperativa tenha o melhor desempenho econômico possível. Não raro este fato leva a uma equação insolúvel, especialmente em mercados altamente concorrenciais (BIALOSKORSKI, 1997, p.542).

Em princípio, são pessoas físicas que aderem aos propósitos sociais, que

desejam participar dos serviços prestados pela sociedade, desde que preencham as

condições previstas no estatuto, o qual pode restringir o ingresso na cooperativa a

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determinadas atividades, profissões ou qualificações. A relação entre cooperado e

cooperativa regula-se da seguinte forma:

• Adesão voluntária e pode ser em número máximo ilimitado, sendo vinte

pessoas o número mínimo de associados nas Cooperativas Singulares;

• Não poderão os associados ser agente do comércio ou empresários que

operem no mesmo campo econômico da sociedade cooperativa;

• Só serão demitidos da sociedade a seu próprio pedido, podendo,

entretanto, ser eliminados em virtude de infração legal ou estatutária;

• A exclusão do cooperado se dá pela dissolução da sociedade, morte,

incapacidade civil, e por deixar de atender os requisitos estatutários;

• Não têm vínculos empregatícios com a cooperativa, sendo o trabalho dos

associados prestados em caráter autônomo, o que o torna um trabalhador

independente. Entretanto, a sociedade pode contratar empregados, caso

necessite de pessoal para trabalhar em sua administração, por exemplo,

hipótese em que estes trabalhadores terão os mesmos direitos de um

trabalhador comum;

• Têm singularidade de voto, e caso aceitem estabelecer qualquer vínculo

empregatício com a sociedade, os associados perderão o direito de

votarem e de serem votados;

• A admissão dos associados é limitada à área das possibilidades de

reunião, controle, operações e prestações de serviços;

• Nas cooperativas singulares, o associado não pode exercer seu direito ao

voto nas assembléias gerais através de representação por meio de

mandatários, salvo o direito de delegação quando o número de associados

exceder a três mil, ou desde que hajam filiado residindo a mais de 50 Km

da sede onde se realizará a assembléia;

• Têm direito ao retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente

às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário

da assembléia geral;

• Poderão ter a sua responsabilidade social determinada como limitada ou

ilimitada, mas terceiros só poderão invocá-la depois de juridicamente

exigida da cooperativa.

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No caso das obrigações de herdeiros de associado falecido, terão suas

obrigações para com a cooperativa prescritas em um ano a partir da abertura da

sucessão. A filiação cumpre-se pela assinatura do interessado à ficha de matrícula,

conjuntamente com o presidente, através da qual a pessoa se transforma em

cooperado, subscrevendo as cotas-partes e sujeitando-se às normas legais e

estatutárias.

Com efeito, a lei nº 8.949, de 09 de dezembro de 1994, inseriu um parágrafo

único no art. 472 da Consolidação das Leis do Trabalho, nos seguintes termos

“qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo

empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores dos

serviços daquela”.

A Lei N° 5.764/71, capítulo VIII, art. 31 ressalta que “o associado que aceitar

e estabelecer relação empregatícia com a cooperativa perde o direito de votar e ser

votado, até que sejam aprovadas as contas do exercício em que ele deixou o

emprego”.

2.1.6 Capital social

Para a constituição e início de suas atividades fins, é vital que a cooperativa

possua capital social suficiente para manter suas instalações, equipamentos, etc. A

seguir, as principais características do capital social:

• É variável e pode ser constituído com bens e serviços;

• É dividido em quotas-partes, cujo valor unitário não pode ser superior ao

salário mínimo vigente;

• As quotas-partes são intransferíveis a terceiros estranhos à sociedade;

• Nenhum dos associados poderá subscrever mais de um terço do total

das quotas-partes, salvo exceções previstas em lei e ligadas ao contexto

financeiro, quantitativo de produtos, área e tipo de produção;

• É obrigatória a constituição de um Fundo de Reserva de até 10% (dez

por cento) e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social

(FATES).

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2.1.7 Constituição das sociedades cooperativas

A cooperativa se constitui por meio de assembléia dos associados

fundadores, por instrumento público ou particular; seus atos constitutivos devem ser

arquivados na Junta Comercial do Estado da sede da cooperativa, para que adquira

personalidade jurídica. Acompanhe os passos que os interessados deverão

percorrer até a legalização da cooperativa com os registros nos órgãos competentes:

• Reunião do grupo de interessados: definição dos objetivos e escolha de

uma comissão de constituição;

• Realização de reuniões com os interessados: determinação de viabilidade

econômica e elaboração de uma minuta do estatuto;

• Realização da Assembléia Geral de Constituição: aprovação do estatuto,

eleição da Diretoria e Conselho Fiscal e encaminhamento de documentos

para legalização.

Apesar de a Lei nº 5.764/71 ter submetido às cooperativas ao controle,

fiscalização e condicionado o funcionamento de determinados órgãos, a

Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso XVII, declarou que “a criação de

associações e, na forma da lei, a de cooperativas, independe de autorização, sendo

vedada à interferência estatal em seu funcionamento”.

2.1.8 Características dos bancos

Os bancos são essenciais para nossa economia. A função principal dos

bancos é colocar o dinheiro de seus clientes em circulação. Os bancos geram

dinheiro na economia fazendo empréstimos. Há diversos tipos de instituições

bancárias; os bancos comerciais, por exemplo, foram originalmente constituídos

para fornecer serviços a empresas, atualmente, as maiores partes destes bancos

oferecem contas a todos.

Os bancos de poupança, bancos de poupança/empréstimo, bancos

cooperativos e associações de crédito são normalmente classificados como

instituições de poupança e empréstimo. Originalmente, cada um se destina a

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atender às necessidades específicas das pessoas que não são atendidas pelos

bancos comerciais. Os bancos de poupança foram fundados com a intenção de

fornecer um local em que os trabalhadores de baixa renda poupassem seu dinheiro.

As associações de poupança e empréstimo e bancos cooperativos foram

estabelecidos durante o século XIX para possibilitar que os operários e outros

trabalhadores de baixa renda comprassem suas casas. As uniões de crédito são

normalmente abertas por pessoas que compartilham um vínculo em comum,

trabalhando na mesma empresa (geralmente uma fábrica) ou vivendo na mesma

comunidade. Entretanto, mesmo que ainda exista uma diferença entre os bancos e

instituições de poupança e empréstimo, eles oferecem muitos serviços iguais.

Abaixo pode-se observar algumas diferenças entre a cooperativa e sociedade

mercantil:

QUADRO 01 – COOPERATIVA X SOCIEDADE MERCANTIL

cooperativa

Sociedade Mercantil

• É uma sociedade de pessoas • É uma sociedade de capital

• objetivo principal é a prestação de

serviços econômicos ou financeiros

• objetivo principal é o lucro

• número ilimitado de cooperados • número ilimitado de acionista

• controle democrático: um cooperado

tem apenas um voto

• cada ação representa um voto

• não é permitida a transferência de

quotas-partes a terceiros, estranhos

a sociedade

• é permitida a transferência das ações

a terceiros

• retorno dos excedentes proporcional

ao valor das operações

• lucro proporcional ao número de

ações

• assembléias: quorum é baseado no

número de cooperados

• assembléias: quorum é baseado no

capital

Fonte: Guia de Orientação para Constituição de Cooperativas.

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2.2 Ética

Uma empresa ou entidade tem que ser, obrigatoriamente, percebida com um

elemento ativo do contexto social (cultural, político, econômico etc.) e esse fato

remete, obrigatoriamente, a compromissos e responsabilidades que as empresas ou

entidades devam ter com a sociedade como um todo.

O conceito de ética empresarial ou organizacional (ou ainda de ética nos

negócios) tem a ver com este processo de inserção. A empresa ou entidade, devem

estar presentes de forma transparente e buscando sempre contribuir para o

desenvolvimento comunitário, praticando a cidadania e a responsabilidade social. Se

atentarem contra a cidadania, ferem a ética empresarial.

A origem da palavra ética vem do grego "ethos", que quer dizer o modo de

ser, o caráter. Os romanos traduziram o "ethos" grego, para o latim "mos" (ou no

plural "mores"), que quer dizer costume, de onde vem à palavra moral. Tanto "ethos"

(caráter) como "mos" (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente

humano.

De acordo com Ferreira (1999, p.848) o termo ética significa o “estudo dos

juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação de

ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja

de modo absoluto”.

A ética social se pratica internamente, recrutando e formando profissionais e

executivos que compartilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o

pluralismo, relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos,

adotando o consumo responsável, respeitando as diferenças, cultivando a liberdade

de expressão e a lisura nas relações comerciais.

Ainda que se possa, filosófica, doutrinária e ideologicamente, conceber

conceitos distintos para a ética social, há algo que não se pode ser contrariado

jamais: a ética social é um atributo indispensável para as organizações que querem

manter-se vivas no mercado e a sociedade está cada vez mais alerta para os

desvios de conduta das organizações.

A ética, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é

construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos

nas sociedades onde nascem e vivem. Todo homem possui um senso ético, uma

espécie de consciência moral, estando constantemente avaliando e julgando suas

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ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Para

Cortina numa versão mais atualizada:

Ética seria o conjunto das regras de conduta partilhadas e típicas de uma dada sociedade; estas regras são fundadas na distinção entre o bom e o mau. E moral seria o conjunto dos princípios de dimensão universal, normativos; fundados sobre a discriminação entre o bem e o mal (CORTINA, 2005, p.75).

Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo

e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas

classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em

determinadas sociedades e contextos históricos.

O estudo da ética talvez tenha se iniciado com filósofos gregos há pelo menos

vinte e cinco séculos atrás. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites

da filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu

estudo, tais como sociólogos, psicólogos, biólogos, administradores e muitos outros

profissionais desenvolvem trabalhos no campo da ética.

A atuação baseada em princípios éticos e a busca de qualidade nas relações

são manifestações da responsabilidade social empresarial. Numa época em que os

negócios não podem mais se dar em segredo absoluto, à transparência passou a

ser a alma do negócio: tornou-se um fator de legitimidade social e um importante

atributo positivo para a imagem pública e reputação das empresas. É uma exigência

cada vez mais presente a adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser

humano, a sociedade e o meio ambiente.

Relações de qualidade constroem-se a partir de valores e condutas capazes

de satisfazer necessidades e interesses dos parceiros, gerando valor para todos.

Empresas socialmente responsáveis estão mais bem preparadas para assegurar a

sustentabilidade em longo prazo dos negócios, por estarem sincronizadas com as

novas dinâmicas que afetam a sociedade e o mundo empresarial. O necessário

envolvimento de toda a organização na prática da responsabilidade social gera

sinergias, precisamente com os públicos dos quais ela tanto depende, que

fortalecem seu desempenho global.

A prática da responsabilidade social revela-se internamente na constituição

de um ambiente de trabalho saudável e propício à realização profissional das

pessoas. A empresa demonstra sua responsabilidade social ao comprometer-se com

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programas sociais voltados para o futuro da comunidade e da sociedade. O

investimento em processos produtivos compatíveis com a conservação ambiental e

a preocupação com o uso racional dos recursos naturais também tem importante

valor simbólico, por serem de interesse da empresa e da coletividade.

Para Cortina (2005, p.81) “a empresa se rege pela racionalidade estratégica,

enquanto que a ética se atém à comunicativa, (...). Só se superarmos tais obstáculos

expondo as razões pelas quais a ética empresarial é possível e necessária,

poderemos continuar com nossa tarefa”.

Com iniciativas desse tipo, a empresa revela sua crença no preceito de que

só uma sociedade saudável pode gerar empresas saudáveis. Valores e princípios

éticos formam a base da cultura de uma empresa, orientando sua conduta e

fundamentando sua missão social. A noção de responsabilidade social empresarial

decorre da compreensão de que a ação das empresas deve, necessariamente,

buscar trazer benefícios para a sociedade, propiciar a realização profissional dos

empregados, promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer

retorno para os investidores.

Cortina (2005, p.82) afirma que a “empresa tem de cumprir funções e assumir

responsabilidades sociais. Isto não quer dizer que a responsabilidade dos indivíduos

se dilua no conjunto da empresa, mas que a ética não é somente individual, senão

também corporativa e comunitária”.

A empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e

parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento

de suas relações de parceria. Cabe à empresa transmitir os valores de seu código

de conduta a todos os participantes de sua cadeia de fornecedores, tomando-o

como orientador em casos de conflitos de interesse. A responsabilidade social em

relação aos clientes e consumidores exige da empresa o investimento permanente

no desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis, que minimizem os riscos de

danos à saúde dos usuários e das pessoas em geral.

A atuação social da empresa pode ser potencializada pela adoção de

estratégias que valorizem a qualidade dos projetos sociais beneficiados, a

multiplicação de experiências bem sucedidas, a criação de redes de atendimento e o

fortalecimento das políticas públicas da área social.

Percebe-se assim, claramente, a necessidade da moderna gestão

empresarial em criar relacionamentos mais éticos no mundo dos negócios para

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poder sobreviver e, obviamente, obter vantagens competitivas. A sociedade como

um todo também se beneficia deste movimento. A organização deve então agir de

forma honesta com todos aqueles que têm algum tipo de relacionamento com ela.

2.3 Responsabilidade social

A responsabilidade social empresarial é um tema de grande relevância nos

principais centros da economia mundial. Pode-se definir Responsabilidade Social

como toda e qualquer ação que contribui para uma melhor qualidade de vida da

sociedade. E mais que isso, é também um compromisso que uma organização deve

ter para com a sociedade expresso por meio de atos, ações e atitudes que a afetem

positivamente de modo amplo a alguma comunidade, agindo pro ativamente e

coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação

de contas para com ela.

Certo e Peter (1993) acreditam que a responsabilidade social “constitui-se de

atividades projetadas para melhorar a sociedade além de simplesmente atender os

interesses econômicos e técnicos da organização”. Segundo os autores, este seria o

ponto de vista contemporâneo da responsabilidade social, contrariamente ao ponto

de vista clássico”.

A Responsabilidade Social é uma postura ética permanente das empresas no

mercado de consumo e na sociedade. Muito mais que ações sociais e filantropia, a

responsabilidade social deve ser o pressuposto e a base da atividade empresarial.

A renovação da Administração como campo de conhecimento e intervenção nas organizações passa fundamentalmente pela construção de novas bases para a relação da empresa com o meio ambiente, com a força de trabalho e com a cultura organizacional. A trajetória de modernização da gestão nas empresas parece ser impelida com maior intensidade por condicionamentos externos à realidade organizacional, mais do que por fatores internos. Em ambos os casos esta modernização mantém relação direta e recíproca com políticas e atividades de responsabilidade social (AKTOUF, 1996).

A responsabilidade social empresarial deve ser correspondida pela

responsabilidade social do consumidor. A última consiste na busca de informações

sobre os impactos dos seus hábitos de consumo e em escolhas preocupadas com a

sociedade, o meio ambiente e os direitos humanos. O consumidor também deve

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cobrar permanentemente uma postura ética e responsável das organizações,

governos e de outros consumidores.

Parston (1997) e Aktouf (1996) enfatizam que “a responsabilidade por

resultados sociais é duradoura, ao contrário das doações de caridade efetuadas por

muitas empresas”. Segundo os autores “as práticas administrativas estão a caminho

de uma renovação”.

As enormes carências e desigualdades sociais existentes em nosso país dão

à responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira

espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento,

sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social, sejam

construtores de uma sociedade melhor.

Conforme Friedman (1962) “existe uma e apenas uma responsabilidade social

da atividade de negócios, utilizar seus recursos e engajar-se em atividades

delineadas para incrementar lucros tanto quanto possíveis dentro das regras do

jogo”. Infelizmente, alguns empresários consideram que a responsabilidade social é

um modismo que, em breve, passará e logo que puderem cortarão o custo que esta

ação representa.

A nova cidadania corporativa não é uma idéia posterior ao negócio, entregue ao departamento de Recursos Humanos. É a cidadania no coração do planejamento estratégico e que não se trata de expiação de culpas em atos de pós-expediente, mas de prática empresarial, construindo relações de qualidade para que possa sobreviver num mundo tão instável (MCINTOSH, LEIPZIGER, JONES e COLEMAN, 1999).

A responsabilidade social é um fenômeno empresarial que se materializa por

meio da adoção de formas de gerenciamento baseado em valores corporativos que

norteiam as ações da empresa em relação aos seus diversos grupos de

relacionamento.

Tais grupos são compreendidos por todos aqueles agentes que influenciam e são influenciados pelas atividades da organização, quais sejam, seus empregadores e demais integrantes da força de trabalho: clientes, fornecedores (na cadeia de produção), aposentados, meio ambiente, comunidade ao redor das instalações industriais e a sociedade de modo geral. Neste sentido, verifica-se uma tendência crescente de investimentos destinados às ações sociais diversas envolvendo uma faixa de beneficiados que vão desde funcionários da empresa até o atendimento das necessidades explicitadas pelas diversas organizações da sociedade civil acarretando benefícios para toda sociedade (ASHLEY, 2003).

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Os benefícios gerados para a sociedade podem ser avaliados sob vários

aspectos. Tais como, a qualidade do produto gerado ao consumidor, fato que reflete

respeito ao cliente, além de contratos éticos e da prática de preços justos nas

negociações com os fornecedores ressaltando a transparência da empresa. Todavia

a responsabilidade social engloba um significado mais amplo, se encarado de forma

sistemática e abarcando todos os grupos de relacionamento que constituem a

empresa (MELO NETO, 1999, p.170).

2.3.1 Balanço social

Balanço social é a avaliação de toda a responsabilidade social da empresa.

Esta avaliação é importante para que tomadores de decisão nas empresas saibam

como estão as organizações. O balanço social é uma ferramenta que sintetiza e

disponibiliza as informações sobre como a empresa está trabalhando nas questões

sociais.

Ele deve ser anual e conter um relatório que apresente as atividades

econômicas, ambientais e sociais. Nele devem constar não apenas os sucessos,

mas também os principais compromissos da empresa, metas para o futuro, quais os

problemas que a empresa espera enfrentar e quais os parceiros que ela gostaria de

se aliar para resolvê-los.

O Balanço Social tem por objetivo ser eqüitativo e comunicar informação que satisfaça à necessidade de quem dela precisa. Essa é a missão da Contabilidade, como ciência de reportar informações contábeis, financeiras, econômica, social, física, de produtividade e de qualidade (TINOCO, 2001, p.34).

O Balanço Social se caracteriza pela demonstração das práticas de

responsabilidade social, ou seja, por meio desse instrumento à empresa torna

públicas as ações sociais que empreende com os seus diversos parceiros:

empregados, comunidade, meio ambiente, entre outros.

O Balanço Social pode ser definido como um instrumento de gestão e de informação que visa reportar da forma mais transparente possível, informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários da informação (SUCUPIRA, 2003, p.02).

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Ainda segundo o autor (2003) o Balanço Social é um documento publicado

anualmente reunindo um conjunto de informações sobre as atividades desenvolvidas

por uma empresa, em promoção humana e social, dirigidas a seus empregados e à

comunidade onde está inserida. Através dele a empresa mostra o que faz pelos seus

empregados, dependentes e pela população que recebe sua influência direta.

A palavra balanço, aplicada na linguagem corrente, conforme Kroetz (2000,

p.22) “é extensiva a toda forma de inventário num dado momento, de um conjunto

qualquer de elementos considerados como positivos e de outro considerado como

negativos”.

A expressão "balanço social" tem sido definida de várias formas, porém, com

pouca divergência quanto ao caráter de prestação de contas das ações sociais. As

definições, pelo que se analisa, têm convergido para o entendimento de que o

balanço social é um conjunto de informações econômicas e sociais, que tem como

objetivo a divulgação de informações sobre o desempenho econômico e financeiro

das empresas e sua atuação em benefício da sociedade.

Balanço Social é o instrumento de gestão e de informação que evidencia as informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das entidades, propiciando uma visão completa da participação e contribuição social e econômica da empresa em seu ambiente de atuação (DRUCKER, 1977, p. 33).

2.3.2 A importância das ações sociais

Ao mesmo tempo em que se aprofunda o debate na comunidade acadêmica

sobre as diferentes teorias que embasam a questão da responsabilidade social e da

ética, cresce também na comunidade de negócios o questionamento sobre a real

conexão entre as práticas de responsabilidade social e a performance econômica e

financeira das empresas. Este tipo de correlação vem sendo analisado em vários

estudos acadêmicos recentes, embora com resultados muitas vezes contraditórios e

inconclusivos (JONES e MURRELL, 2001).

No ambiente empresarial, a percepção de que o exercício da

responsabilidade social pode trazer retornos à empresa é crescente, embora com

pouca comprovação empírica. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

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Social divulgou um relatório relacionando empresas e responsabilidade social,

assinalando a possível existência de ganhos de reputação positiva:

Na visão de governança corporativa exclusivamente direcionada para a performance financeira, o exercício da responsabilidade social pode ser entendido, à primeira vista, como um custo adicional para as empresas, seus sócios e acionistas, pois são recursos que de outra maneira estariam sendo reinvestidos ou distribuídos na forma de lucros e dividendos. Todavia, a adoção de uma postura pró-responsabilidade social parece indicar que há ganhos tangíveis para as empresas, sob a forma de fatores que agregam valor, reduzem custos e trazem aumento de competitividade, tais como a melhoria da imagem institucional, criação de um ambiente interno e externo favorável, estímulos adicionais para melhoria e inovações nos processos de produção, incremento na demanda por produtos, serviços e marcas, ganho de participação de mercados e diminuição de instabilidade institucional e política locais, entre outros. (BNDES, 2001, p.42).

Jones e Murrell (2001) sustentam que a relação entre ações de

responsabilidade social e performance financeira “é em essência inconclusiva, pois,

dependendo do contexto, evidentemente existirão correlações positivas e negativas

entre o investimento em ações de responsabilidade social e a performance

financeira”.

Adicionalmente, o desafio da demonstração desta relação é explicável, pois

alguns tipos de ações de responsabilidade social, como o envolvimento comunitário

(filantropia), as ações ambientais, entre outras, não têm ligações diretas facilmente

mensuráveis com a operação dos negócios. Na visão dos autores, mais do que

buscar respostas conclusivas a esta temática deve-se considerar, de fato, a

instrumentalização dos administradores para a tomada de decisão sobre o tipo e o

grau de investimentos em atividades de responsabilidade social que possam trazer

maiores retornos à empresa.

2.3.3 Responsabilidade social nas empresas

No atual contexto econômico, com vistas mais ao social que à obtenção do

lucro, igualmente com a mudanças dos paradigmas da sociedade e o aumento da

preocupação das pessoas com o bem estar pessoal e da coletividade, as empresas

tem o desafio de estarem atentas e prontas para acompanharem e até se

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anteciparem às mudanças sociais e produzirem diferenciais que as garantam uma

vantagem competitiva e sustentável a longo prazo.

Algumas pensam em buscar qualidade, outras já buscam antecipar o futuro e

apresentarem produtos diferenciados, mas, diferenciais como gestão ambiental,

produzir sem agredir o ambiente, respeitar a coletividade e os consumidores e terem

responsabilidades sociais tornam-se os verdadeiros diferenciadores no mercado,

diante da relevância de assuntos como consciência e cidadania.

Responsabilidade social hoje pode ser a diferença entre sobreviver no

mercado ou não. É, portanto, o conceito estratégico e quem não estiver atento a

esse diferencial, vai deixar o convívio social e, conseqüentemente, sairá do

mercado.

Empresas que investem no social e seguem a tendência tanto mercadológica

quanto legal, estão modificando seus próprios conceitos, pois melhoram a qualidade

de vida de seus funcionários, da coletividade e, em reflexo, tem maior produtividade

e aceitação social. A responsabilidade social exige da empresa uma gestão efetiva

da sua força de trabalho, do ambiente de trabalho, da qualidade de vida da

sociedade e dos trabalhadores.

O conceito de Responsabilidade Social Empresarial está relacionado a

diferentes idéias. Para alguns ele está associado à idéia de responsabilidade legal;

para outros pode significar um comportamento socialmente responsável no sentido

ético; e, para outros, ainda, pode transmitir a idéia de contribuição social voluntária e

associação a uma causa específica. Trata-se de um conceito complexo e dinâmico,

com significados diferentes em contextos diversos. Portanto, não é possível

estabelecer um manual para as empresas visando adotar práticas para uma gestão

socialmente responsável, sem antes compreender a sua evolução e dinâmica.

A noção de responsabilidade social empresarial está vinculada, nos seus primórdios, à doutrina econômica baseada no princípio da propriedade e da iniciativa privada que dá origem ao regime da livre empresa. Neste, o indivíduo é considerado livre para exercer qualquer atividade econômica e dispor dos meios de produção da forma que lhe for mais eficiente para atingir o lucro. Para alcançar esse objetivo, as empresas podem contratar, produzir e determinar o preço que lhe for mais conveniente, O controle será exercido pelas leis de mercado de livre concorrência, que deveria funcionar sem a intervenção do Estado, cuja função é proteger a concorrência e a propriedade. As decisões no mercado livre são guiadas pelo auto-interesse; se todos os agentes econômicos – produtores e consumidores – tomam decisões racionais segundo seus interesses, os benefícios e as riquezas fluem e as leis de mercado, como uma mão invisível, vão prevenir o abuso

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do próprio interesse e promover o bem-estar social pelo equilíbrio das forças de mercado (SILVA, 2001, p.33).

Em teoria, uma das virtudes da livre empresa na economia é sua habilidade

de criar e distribuir riqueza na base de milhões de decisões individuais de soberania

dos consumidores e produtores, assim a economia tem sua moral e sua

respeitabilidade.

A significativa transformação da estrutura das empresas, as mudanças no

caráter de sua atuação e na abrangência de suas atividades levantam a

necessidade de discutir algumas questões fundamentais que dizem respeito à

responsabilidade social daquelas. Responsabilidade essa que é conseqüência da

crescente influência que passaram a exercer sobre os mais diversos aspectos da

sociedade.

É socialmente irresponsável, economicamente prejudicial que a empresa se preocupe com qualquer coisa que não sejam os resultados dos negócios, isto é, com a maximização dos lucros e, por meio desta, a elevação dos padrões de vida, a criação de capital e a geração de mais e melhores empregos amanhã. Na sua perspectiva, retrata os negócios como uma auto procura do lucro; outras considerações sociais são de responsabilidade da sociedade e não dos negócios (TINOCO, 2001, p.69).

Cada vez mais, valoriza-se a consciência de que uma gestão socialmente

responsável pode trazer inúmeros benefícios às empresas. Em muitos depoimentos

e pesquisas, a responsabilidade social aparece como responsável pelo apoio da

sociedade e dos consumidores, pela preferência de investidores internacionais, por

um espaço crescente aberto pela mídia, por um bom clima organizacional, pelo

recrutamento e retenção de pessoas talentosas.

De acordo com Melo Neto (2000, p.56) esses ganhos com a responsabilidade

social resultariam no chamado retorno social institucional:

O retorno social institucional ocorre quando a maioria dos consumidores privilegia a atitude da empresa de investir em ações sociais, e o desempenho da empresa obtém o reconhecimento público. Como conseqüência, a empresa vira notícia, potencializa sua marca, reforça sua imagem, assegura a lealdade de seus empregados, fideliza clientes, reforça laços com parceiros, conquista novos clientes, aumenta sua participação no mercado, conquista novos mercados e incrementa suas vendas.

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2.3.4 Indicadores Ethos

Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial é um sistema

de avaliação e referência dos compromissos e práticas sociais das empresas, que

consideram as múltiplas dimensões do papel social da mesma.

O Instituto Ethos os classificam como Indicadores de Responsabilidade Social

Empresarial, o qual representa uma ferramenta que auxilia as empresas no processo

de aprofundamento e de comprometimento com o novo modelo de gestão, sendo

um guia para organizações que procurem por este modelo. Os Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social Empresarial é estruturado em forma de questionário com

questões de profundidade e questões binárias. Os temas compreendem toda a teia

de relacionamento da organização com seus diversos públicos.

O questionário de avaliação, que é um instrumento de diagnóstico da situação

específica da empresa, indicando o grau de efetivação da responsabilidade social

em suas atividades. O questionário cumpre também o papel de oferecer uma

ferramenta de gestão e planejamento, indicando prospectivamente – a partir da

situação da empresa – políticas e ações voltadas para o aprofundamento de seus

compromissos sociais.

A sistematização das informações irá propiciar, ao longo do tempo, a

construção de um quadro de referência abrangente, permitindo que as empresas

tenham parâmetros comparativos de como a responsabilidade social é praticada por

um conjunto de empresas líderes. Trata-se de um conhecimento relevante para que

se conheça a contribuição efetiva da responsabilidade social para a competitividade

e produtividade das empresas.

Os sete temas relevantes se organizam da seguinte maneira prevendo o

exercício de práticas como: 1. Valores, Transparência e Governança: Relações e

comunicações transparente com os públicos e compromissos éticos na cultura

organizacional; 2. Público Interno: Foco em benefícios, remuneração, treinamentos,

saúde, segurança e melhoria da qualidade de vida no trabalho; 3. Meio Ambiente:

Gestão dos riscos e de futuros impactos ambientais; 4. Fornecedores: Seleção,

avaliação e parcerias com fornecedores que também tenham foco na gestão ética; 5.

Consumidores e Clientes: Políticas éticas de comunicação comercial; 6.

Comunidade: Políticas de desenvolvimento da comunidade local, gerenciamento dos

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impactos causados pela empresa; 7. Governo e Sociedade: Transparência política,

participação em projetos sociais governamentais e fomento ao empreendedorismo.

De acordo com o Instituto Ethos (2007) os valores e princípios éticos formam

a base da cultura de uma empresa, orientando sua conduta e fundamentando sua

missão social. A noção de responsabilidade social empresarial decorre da

compreensão de que a ação das empresas deve, necessariamente, buscar trazer

benefícios para a sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados,

promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para

os investidores. A adoção de uma postura clara e transparente no que diz respeito

aos objetivos e compromissos éticos da empresa fortalece a legitimidade social de

suas atividades, refletindo-se positivamente no conjunto de suas relações.

A empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos dos

trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista e nos padrões da OIT

(Organização Internacional do Trabalho), ainda que esse seja um pressuposto

indispensável. A empresa deve ir além e investir no desenvolvimento pessoal e

profissional de seus empregados, bem como na melhoria das condições de trabalho

e no estreitamento de suas relações com os empregados. Também deve estar

atenta para o respeito às culturas locais, revelado por um relacionamento ético e

responsável com as minorias e instituições que representam seus interesses.

A empresa deve criar um sistema de gestão que assegure que ela não

contribui com a exploração predatória e ilegal de nossas florestas. Alguns produtos

utilizados no dia-a-dia em escritórios e fábricas como papel, embalagens, lápis etc

têm uma relação direta com este tema e isso nem sempre fica claro para as

empresas. Outros materiais como madeiras para construção civil e para móveis,

óleos, ervas e frutas utilizadas na fabricação de medicamentos, cosméticos,

alimentos etc devem ter a garantia de que são produtos florestais extraídos

legalmente contribuindo assim para o combate à corrupção neste campo.

A empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e

parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento

de suas relações de parceria. Cabe à empresa transmitir os valores de seu código

de conduta a todos os participantes de sua cadeia de fornecedores, tomando-o

como orientador em casos de conflitos de interesse. A empresa deve conscientizar-

se de seu papel no fortalecimento da cadeia de fornecedores, atuando no

desenvolvimento dos elos mais fracos e na valorização da livre concorrência.

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A responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da

empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços

confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas

em geral. A publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado.

Informações detalhadas devem estar incluídas nas embalagens e deve ser

assegurado suporte para o cliente antes, durante e após o consumo. A empresa

deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades.

A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infra-estrutura e o

capital social representado por seus empregados e parceiros, contribuindo

decisivamente para a viabilização de seus negócios. O investimento pela empresa

em ações que tragam benefícios para a comunidade é uma contrapartida justa, além

de reverter em ganhos para o ambiente interno e na percepção que os clientes têm

da própria empresa. O respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na

educação e na disseminação de valores sociais devem fazer parte de uma política

de envolvimento comunitário da empresa, resultado da compreensão de seu papel

de agente de melhorias sociais.

É importante que a empresa procure assumir o seu papel natural de

formadora de cidadãos. Programas de conscientização para a cidadania e

importância do voto para seu público interno e comunidade de entorno são um

grande passo para que a empresa possa alcançar um papel de liderança na

discussão de temas como participação popular e corrupção.

A partir da definição destes sete temas observa-se que todos os focos

sintetizam a ética nos relacionamentos com os diferentes públicos da organização,

neste contexto percebe-se a importância de um profissional de Relações Públicas

para gerenciá-los. Outra razão pela qual o profissional de relações públicas se

vincula a este modelo de gestão é a convergência dos objetivos de ambos, que se

traduz pela credibilidade, agregação de valores organizacionais, enfim gerar

credibilidade perante seus stakeholders. Para ressaltar a importância de um

profissional de relações públicas neste modelo de gestão, diz Melo Neto e Brennand

(2004, p.96) “o novo paradigma proposto à gestão da produção e do marketing

cedem lugar para a gestão da reputação, onde a imagem da marca e a comunicação

corporativa surgem como principais elementos e instrumentos gerenciais”.

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3 METODOLOGIA

A metodologia foi utilizada de forma a obter subsídios para diagnosticar e

analisar a percepção dos cooperados quanto à responsabilidade social e a ética na

cooperativa da CREDCREA de Itajaí. Bianchi (2002, p.50) afirma que “o estagiário

deve justificar sua escolha por esse ou aquele método, essa ou aquela técnica,

especificando as etapas em que serão utilizadas”. Para Goldenberg (2000, p.13) “a

pesquisa científica exige criatividade, disciplina, organização e modéstia, baseando-

se no confronto permanente entre o possível e o impossível, entre o conhecimento e

a ignorância”.

Conforme Cervo e Bervian (1996, p.44) “a pesquisa é uma atividade voltada

para a solução de problemas, através do emprego de processos científicos”. De

acordo com Gil (1996, p.19) “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional

e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são

propostos”.

Pesquisa é toda atividade voltada para a solução de problemas; como atividade de busca, indagação, investigação, inquirição da realidade, é a atividade que vai nos permitir, no âmbito da ciência, elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na compreensão desta realidade e nos oriente em nossas ações (PÁDUA, 2000, p.31).

Marconi e Lakatos (1999) definem a pesquisa “como uma atividade voltada à

busca de respostas e à solução de problemas para questões propostas, através da

utilização de métodos científicos”.

Após os conceitos de pesquisa, faz-se necessário destacar o tipo de pesquisa

utilizada neste estudo.

3.1 Tipologia de pesquisa

Para a realização desta pesquisa optou-se pela pesquisa quantitativa. Para

Roesch (1999, p.131) a pesquisa quantitativa “é apropriada quando se trata de

programas abrangentes, como reestruturação do trabalho, sistema participativo e

programa de incentivo”.

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De acordo com Kirk e Miller apud Mattar (1996, p.77) “o método quantitativo é

aquele onde os dados são obtidos de um grande número de respondentes, usando-

se escalas, geralmente, numéricas, e são submetidos a análises estatísticas

formais”.

Na seqüência descreve-se o público alvo pesquisado, o qual proporcionou

dados para análise e subsídios para a obtenção dos resultados da pesquisa.

3.2 Sujeito de estudo

A população analisada foi composta por 240 cooperados da Cooperativa de

Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais do CREA do Estado de Santa Catarina

– CREDCREA, do município de Itajaí.

A população analisada somou-se 240 cooperados. A amostra aleatória desta

população foi representada por um total de 69 cooperados. A amostra da população

desta pesquisa foi calculada através do cálculo do tamanho da amostra: distribuição

binomial. Para efetuação deste cálculo optou-se pela fórmula para população finita:

n = z² . p . (1 – p) . N ___ e² (N – 1) + z² . p . (1 – p)

A amostra da população entrevistada, por meio da fórmula acima

especificada, tendo uma margem de erro amostral de 10%, foi de 69 cooperados.

Segundo Rea e Parker (2002, p.107) “a finalidade da amostragem é poder

fazer generalizações sobre uma população, com base em um subconjunto,

cientificamente selecionado, dessa população”.

3.3 Instrumentos de pesquisa

Os dados foram coletados através de questionário que para Gil (1991,

p.124) pode ser definido como “a técnica de investigação composta por um número

mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por

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objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,

situações vivenciadas, etc”.

Para Pádua (2000, p.69) “deve-se ter o cuidado de limitar o questionário em

sua extensão e finalidade, a fim de que possa ser respondido num curto período de

tempo, com o limite máximo de trinta minutos”.

Conforme Goldenberg (2000, p.90) “a entrevista ou questionário são

instrumentos para conseguir respostas que o pesquisador não conseguiria com

outros instrumentos”.

O questionário foi realizado com o intuito de observar o perfil dos cooperados,

bem como a visão dos mesmos em relação à responsabilidade social da

cooperativa. Para tanto se efetuaram perguntas como idade, profissão, tempo de

ingresso na cooperativa, motivação. Para observar a visão dos mesmos sobre a

responsabilidade social optou-se em desenvolver perguntas baseadas nos

Indicadores Ethos. O questionário está relacionado no apêndice do trabalho.

3.4 Tratamento e análise dos dados

Os dados coletados nesta pesquisa foram analisados estatisticamente, de

forma a identificar a percepção dos cooperados quanto à responsabilidade social e a

ética na cooperativa da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Profissionais

do CREA do Estado de Santa Catarina – CREDCREA de Itajaí. As visualizações dos

dados obtidos foram representadas através de gráficos.

3.5 Apresentação dos dados da pesquisa

As informações desta pesquisa foram colhidas por meio de um questionário

estruturado com perguntas claras e objetivas. A pesquisa quantitativa é um estudo

estatístico que se destina a descrever as características de uma determinada

situação medindo numericamente as hipóteses levantadas a respeito de um

problema de pesquisa. Este tipo de pesquisa visa confirmar se os dados

mensuráveis obtidos numa amostra são estatisticamente válidos para o universo do

qual a amostra foi retirada.

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A pesquisa efetuou-se por meio do método quantitativo, através de

questionários realizados com cooperados da Cooperativa de Economia e Crédito

Mútuo dos Profissionais do CREA do Estado de Santa Catarina – CREDCREA de

Itajaí.

3.6 Limitações da pesquisa

Na pesquisa realizada o público-alvo foi constituído por duzentos e quarenta

cooperados. A amostra aleatória desta população foi representada por um total de

sessenta e nove cooperados. O contato realizado foi através de questionários de

entrevistas no qual em alguns casos foram efetuados formalmente e em outros

foram entregues os questionários para preenchimento.

O prazo de pesquisa durou três semanas, o que dificultou no acesso direto

aos cooperados, pois o intuito era o de estar presente em todas as entrevistas,

entretanto isto não foi possível devido ao tempo, mas com muito esforço conseguiu-

se todos os questionários para poder desenvolver a pesquisa.

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4 RESULTADOS

4.1 Apresentação e análise dos resultados

A apresentação dos resultados obtidos se descreveu através de gráficos.

Estes dados foram apresentados seqüencialmente de forma a auxiliar o leitor para

uma melhor compreensão da pesquisa realizada. Inicialmente observou-se no

questionário o perfil dos cooperados, sendo os primeiros dados a serem descritos.

4.1.1 Perfil dos cooperados

Nesta etapa da pesquisa buscou-se observar o perfil dos cooperados, como

tempo de ingresso no CREDCREA, idade, profissão, motivação pela escolha.

Tempo de ingresso no CREDCREA

No gráfico 01, a seguir, identificou-se o tempo de ingresso no CREDCREA:

Gráfico 01 – Tempo de ingresso no CREDCREA Fonte: Questionário

25%

48%

19%

7% 1%Seis meses a umano

Um ano a doisanos

Dois anos a trêsanos

De três a quatroanos

Não respondeu

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No gráfico 01, observou-se que dezessete cooperados participam do

CREDCREA entre seis meses a um ano, dando um percentual de 25%, trinta e três,

ou seja, 48% são cooperados entre um a dois anos, treze destes, estão na

cooperativa entre dois a três anos, num percentual de 19%, 7% responderam que

estão entre três a quatro anos e um entrevistado não respondeu a esta questão.

Profissão dos cooperados

No gráfico 02, a seguir, identificou-se a profissão dos cooperados do

CREDCREA:

Gráfico 02 – Profissão dos cooperados Fonte: Questionário

No gráfico 02, observou-se que 56% dos cooperados entrevistados exercem a

profissão de Engenheiro, 20% são arquitetos, 7% trabalham como Técnico

Eletricista, 8% dividem-se entre Assistentes e Auxiliares Administrativos e 9%

exercem outras profissões como: Secretária, Supervisora, Técnico Naval, Servidor

Público Federal, Design Industrial e Comerciante.

20%

56%

4%

4% 7% 9%

Arquiteto

Engenheiro

AssitenteAdministrativo

AuxiliarAdministrativo

Técnico Eletricista

Outras Profissões

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Idade dos cooperados

No gráfico 03 identificou-se a idade dos cooperados do CREDCREA:

Gráfico 03 – Idade dos cooperados Fonte: Questionário

No gráfico 03, observou-se que 33% dos cooperados tem idade entre vinte a

trinta anos, 26% são da faixa etária de trinta a quarenta anos, 28% estão entre

quarenta e cinqüenta anos, e a minoria dos cooperados dividem-se entre 12% com

idades de cinqüenta a sessenta anos e apenas 1% dos entrevistados tem idade

superior a sessenta anos.

Motivação de ingresso no CREDCREA

No gráfico 04 identificou-se o motivo que levou os cooperados a optar por um

banco de cooperativa:

33%

26%

28%

12% 1%De vinte a trintaanos

De trinta aquarenta anos

De quarenta acinqüenta anos

De cinqüenta asessenta anos

Mais de sessentaanos

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Gráfico 04 – Motivação de ingresso no CREDCREA Fonte: Questionário

O gráfico 04, mostra que 55% dos cooperados ingressaram no CREDCREA

devido aos juros baixos encontrados na cooperativa, 26% afirmam que optaram pela

cooperativa devido ao atendimento, 13% explicaram que foi devido à facilidade de

acesso e 6% responderam diversamente, como devido à sociedade existente,

fortalecimento da classe e necessidade de empréstimo.

Pontos fortes

O gráfico 05 mostra os pontos fortes citados pelos cooperados entrevistados:

13%

55%

26%

6%Facilidade deacesso

Juros Baixos

Atendimento

Outros

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Gráfico 05 – Pontos fortes Fonte: Questionário

No gráfico 05, evidencia-se que a maioria dos associados, 53% acreditam que

a distribuição das sobras (lucros) é o maior ponto forte da cooperativa, 36%

acreditam que o atendimento personalizado e seguro são um diferencial, 6%

acreditam que o ponto forte da cooperativa é a facilidade de crédito e 7% acreditam

que os pontos fortes da cooperativas são: as taxas diferenciadas, a solidez, o baixo

custo de manutenção e o respeito.

4.1.2 Observação dos indicadores ethos

Nesta nova etapa da pesquisa inicia-se a observação sobre a compreensão e

conhecimento do cooperado, sobre os Indicadores Ethos.

4.1.2.1 Indicador Ethos: Valores, Transparência e Governança

No gráfico 06 estão definidas as respostas que os cooperados deram a

questão do entendimento sobre valores e princípios éticos:

51%36%

6% 7%Distribuição dassobras

Atendimento

Facilidade decrédito

Outros

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Gráfico 06 – Valores e princípios éticos Fonte: Questionário

O gráfico 06 mostra as respostas da pergunta sobre a compreensão do que

são valores e princípios éticos. Em relação aos valores e princípios ethos 78%

entendem que valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa

orientando sua conduta e fundamentando sua missão social, 16% compreendem

que valores e princípios éticos são os costumes de todos os associados refletidos na

empresa e 6% acreditam que valores e princípios éticos formam a missão da

organização contribuindo para o alcance dos objetivos da empresa.

De acordo com o Instituto Ethos (2007) “os valores e princípios éticos formam

a base da cultura de uma empresa, orientando sua conduta e fundamentando sua

missão social”.

No gráfico 07 estão relacionadas às respostas dadas a seguinte pergunta: A

noção de responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a

ação das empresas deve? Esta questão foi de múltipla escolha:

78%

16%6%

Formam a base dacultura da empresa

São costumesrefletidos naempresa

Formam a missãoda organização

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Gráfico 07 – Noção de responsabilidade social Fonte: Questionário

O gráfico 07 destaca a seguinte pergunta: a noção de responsabilidade social

empresarial decorre da compreensão de que a ação das empresas deve... Como

resposta obtive-se: 38% dos cooperados acreditam que a empresa deve buscar

trazer benefícios para a sociedade, 27% entendem que a empresa deve promover

benefícios para os parceiros, 16% acham que a empresa deve promover benefícios

para o meio ambiente, 10% acreditam que deve propiciar a realização profissional

dos empregados e apenas 9% acreditam que a noção de responsabilidade social

decorre da compreensão de que estas ações devem proporcionar a realização da

empresa.

A noção de responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a ação das empresas deve, necessariamente, buscar trazer benefícios para a sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para os investidores (INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.2 Indicador Ethos: Público Interno

O gráfico 08 mostra a opinião dos cooperados sobre a visão da

responsabilidade social sobre o público interno:

38%

10%27%

16%

9%

Trazer benefícios paraa sociedade

Propiciar a realizaçãoprofissional dosempregadosPromover benefíciospara os parceiros

Promover benefíciospara o meio ambiente

Proporcionar arealização da empresa

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Gráfico 08 – Público interno Fonte: Questionário

O gráfico 08, revela que 85% dos cooperados acreditam que para que uma

empresa atinja a responsabilidade social, ela deve investir no desenvolvimento

pessoal e profissional de seus empregados, 12% entendem que a empresa deve

investir no desenvolvimento tecnológico da empresa e 3% pensam que a empresa

deve promover encontros sociais que visem atingir a mídia.

A empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos dos trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista e nos padrões da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ainda que esse seja um pressuposto indispensável. A empresa deve ir além e investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados, bem como na melhoria das condições de trabalho e no estreitamento de suas relações com os empregados. Também deve estar atenta para o respeito às culturas locais, revelado por um relacionamento ético e responsável com as minorias e instituições que representam seus interesses (INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.3 Indicador Ethos: Meio Ambiente

O gráfico 09 mostra a opinião dos cooperados sobre a visão da

responsabilidade social da empresa sobre o meio ambiente.

3%

85%

12%Promoção deencontros

Investimentopessoal eprofissional

Investimentotecnológico

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Gráfico 09 – Meio ambiente Fonte: Questionário

No gráfico 09, os cooperados responderam a questão sobre a visão da

empresa em relação ao meio ambiente. Destes 64% acreditam que a empresa deve

criar um sistema de informatização para a conscientização da preservação do meio

ambiente, 26% acreditam que a empresa deve criar um sistema de reciclagem dos

lixos do dia-a-dia e apenas 10% entendem que a empresa deve criar um sistema de

gestão que assegure que a empresa não contribui com a exploração predatória e

ilegal de nossas florestas.

A empresa deve criar um sistema de gestão que assegure que ela não contribui com a exploração predatória e ilegal de nossas florestas. Alguns produtos utilizados no dia-a-dia em escritórios e fábricas como papel, embalagens, lápis etc têm uma relação direta com este tema e isso nem sempre fica claro para as empresas. Outros materiais como madeiras para construção civil e para móveis, óleos, ervas e frutas utilizadas na fabricação de medicamentos, cosméticos, alimentos etc devem ter a garantia de que são produtos florestais extraídos legalmente contribuindo assim para o combate à corrupção neste campo (INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.4 Indicador Ethos: Fornecedores

A questão sobre fornecedores a ser respondida era: Para você uma empresa

socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e parceiros, cumprindo

26%

10%64%

Criação de sistemade reciclagem delixo

Criar sistema degestão

Criar sistema deinformatização

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os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas relações de

parceria? As respostas foram objetivas.

A representação percentual dos cooperados que entendem que uma empresa

socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e parceiros, cumprindo

os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas relações de

parceria foi cem por cento.

A empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas relações de parceria. Cabe à empresa transmitir os valores de seu código de conduta a todos os participantes de sua cadeia de fornecedores, tomando-o como orientador em casos de conflitos de interesse. A empresa deve conscientizar-se de seu papel no fortalecimento da cadeia de fornecedores, atuando no desenvolvimento dos elos mais fracos e na valorização da livre concorrência (INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.5 Indicador Ethos: Clientes e Consumidores

O gráfico 10 identifica a exigência da responsabilidade social em relação aos

clientes e consumidores sobre a empresa.

Gráfico 10 – Clientes e Consumidores Fonte: Questionário

O gráfico 10 especifica que 96% dos cooperados acreditam que a

responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da empresa

1%

96%

3%

Suprimento dasnecessidades

Investimentopermanente dodesenvolvimento deprodutos e serviços

Investimento noambiente eatendimento

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investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis, 3%

entendem que exige investimento no que se refere ao ambiente de atendimento e

1% que exige muito esforço em estar diariamente suprindo suas necessidades.

A responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas em geral. A publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado. Informações detalhadas devem estar incluídas nas embalagens e deve ser assegurado suporte para o cliente antes, durante e após o consumo. A empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades(INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.6 Indicador Ethos: Comunidade

O gráfico 11 expressa a opinião dos cooperados sobre a questão: a empresa

deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades? A

questão foi objetiva:

Gráfico 11 – Comunidade Fonte: Questionário

O gráfico 11 expressa que 88% dos cooperados acreditam que a empresa

deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades e o

restante, somando-se 12% não acreditam nesta afirmativa.

88%

12%Sim

Não

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A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infra-estrutura e o capital social representado por seus empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a viabilização de seus negócios. O investimento pela empresa em ações que tragam benefícios para a comunidade é uma contrapartida justa, além de reverter em ganhos para o ambiente interno e na percepção que os clientes têm da própria empresa. O respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na educação e na disseminação de valores sociais devem fazer parte de uma política de envolvimento comunitário da empresa, resultado da compreensão de seu papel de agente de melhorias sociais (INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.7 Indicador Ethos: Governo e Sociedade

No Indicador Ethos: Governo e Sociedade, explorou-se a questão: a

CREDCREA fornece infra-estrutura e o capital social representado por seus

empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a viabilização de seus

negócios? A resposta foi objetiva.

Todos os cooperados entrevistados acreditam que a CREDCREA fornece

infra-estrutura e o capital social representado por seus empregados e parceiros,

contribuindo decisivamente para a viabilização de seus negócios.

É importante que a empresa procure assumir o seu papel natural de formadora de cidadãos. Programas de conscientização para a cidadania e importância do voto para seu público interno e comunidade de entorno são um grande passo para que a empresa possa alcançar um papel de liderança na discussão de temas como participação popular e corrupção (INSTITUTO ETHOS, 2007).

4.1.2.8 Sugestões

A questão seguinte está incluída como questão de contribuição para o

projeto, solicitando sugestões para melhorias da cooperativa.

O gráfico 12 mostra as sugestões oferecidas pelos cooperadores

entrevistados:

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Gráfico 12 – Sugestões dos cooperados Fonte: Questionário

O gráfico 12 relata sugestões dos cooperados entrevistados. 60% dos

cooperados acreditam que deva existir mais segurança na cooperativa, 16%

acreditam que os financiamentos para aquisição de casa própria e carro devem ser

melhorados, 9% acreditam que o aumento de postos de atendimento e treinamento

de pessoal são as melhorias que devem ser realizadas, 7% dos cooperados estão

satisfeitos e acreditam que não há necessidade de mudanças, 6% pensam que

devem ocorrer melhorias na informatização da cooperativa, 1% acredita que deva

ser aprimorada a estrutura e 1% sugere que seja revista as linhas de crédito a custo

zero.

4.2 Sugestões de melhorias

Através da coleta de informações por meio dos questionários realizados com

uma amostra de sessenta e nove associados do CREDCREA foi possível identificar

o perfil dos cooperados e também identificar os indicadores percebidos

favoravelmente e desfavoravelmente pelos cooperados.

Em relação ao perfil pode-se observar que a grande maioria dos cooperados

tem idade entre vinte a cinqüenta anos, somando-se um percentual de 87%.

Destaca-se que destes, 33% são pessoas com idades entre vinte a trinta anos. Em

60%16%

7%

9%6% 1%1%

Aumento na segurança

Melhorias nosfinanciamentos

Estão satisfeitos

Aumento nos postos deatendimento e treinamentopara funcionáriosMelhorias nainformatização

Melhoria na estrutura

Linhas de crédito a custozero

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relação à profissão, 56% dos cooperados exercem a profissão de engenheiro. O

restante oscilou entre: arquitetos, técnicos eletricistas, assistentes e auxiliares

administrativos, entre outros.

Com relação ao tempo de participação na cooperativa, obteve-se que 48%,

ou seja, trinta e três dos sessenta e nove entrevistados estão participando da

CREDCREA entre um a dois anos. Questionados sobre o ingresso na cooperativa,

os dados revelaram que 55% dos cooperados ingressaram no CREDCREA devido

aos juros baixos encontrados na cooperativa, 26% afirmam que optaram pela

cooperativa devido ao atendimento e o restante dos entrevistados afirmaram que

ingressaram por varias situações, entre elas: a facilidade de acesso, fortalecimento

da classe e necessidade de empréstimo.

Na pesquisa também optou-se em estar observando a opinião dos

cooperados sobre pontos fortes da CREDCREA. Como resultado verificou-se que

53% dos cooperados acreditam que a distribuição das sobras (lucros) é o maior

ponto forte da cooperativa, 36% acreditam que o atendimento personalizado e

seguro são um diferencial, 6% acredita que o ponto forte da cooperativa é a

facilidade de crédito e 7% acreditam que os pontos fortes da cooperativas são: as

taxas diferenciadas, a solidez, o baixo custo de manutenção e o respeito.

Para identificar os indicadores percebidos favoravelmente e

desfavoravelmente pelos cooperados, preferiu-se por questões que viessem a

contribuir para a observação da visão dos mesmos em relação à responsabilidade

social.

Sobre a compreensão dos valores e princípios éticos, 78% entendem que

valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa orientando sua

conduta e fundamentando sua missão social, entretanto outros 16% compreendem

que valores e princípios éticos são os costumes de todos os associados refletidos na

empresa e 6% acreditam que valores e princípios éticos formam a missão da

organização contribuindo para o alcance dos objetivos da empresa.

Através deste resultados pode-se perceber que a cooperativa necessita de

maior informação em relação aos seus cooperados no que diz respeito ao

entendimento dos valores e princípios éticos. Para tanto sugere-se que a

cooperativa organize bimestralmente reuniões e/ou palestras para maiores

esclarecimentos sobre a missão social, aproveitando para integrar mais o cooperado

no conjunto organizacional.

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Sobre a noção de responsabilidade social empresarial obtivemos as seguintes

respostas: 38% acreditam que a empresa deve buscar trazer benefícios para a

sociedade, 27% entendem que a empresa deve promover benefícios para os

parceiros, 16% acham que a empresa deve promover benefícios para o meio

ambiente, 10% acreditam que deve propiciar a realização profissional dos

empregados e 9% acreditam que a noção de responsabilidade social decorre da

compreensão de que a ação das empresas deve proporcionar a realização da

empresa. Entretanto nenhum cooperado compreendeu que a responsabilidade

social também traz retorno para os seus investidores.

Os dados obtidos por mais variados que sejam estão corretos, entretanto,

sugere-se que a cooperativa distribuía, por meio de folder’s ou e-mail’s as

informações sobre os benefícios e as realizações que está efetuando. Assim como

buscar o envolvimento destes cooperados para que interajam com a cooperativa,

buscando engajar a empresa no espírito da responsabilidade social, procurando

fazer com que o cooperado compreenda que com todos estes benefícios e

realizações o maior favorecido é o próprio investidor.

Com vistas ao público interno, 85% dos cooperados acreditam que para que

uma empresa atinja a responsabilidade social, ela deve investir no desenvolvimento

pessoal e profissional de seus empregados. Para que o restante mude de opinião

em relação a este indicador, recomenda-se que a cooperativa proporcione

treinamento e palestras sobre qualidade de atendimento aos funcionários.

Sobre o indicador Meio Ambiente, 64% acreditam que a empresa deve criar

um sistema de informatização para a conscientização da preservação do meio

ambiente e 26% acreditam que a empresa deve criar um sistema de reciclagem dos

lixos do dia-a-dia. Contudo esta grande maioria dos associados não estão

compreendendo a real importância deste tema, pois apenas 10% dos cooperados

responderam a questão correta, que entendem que a empresa deve criar um

sistema de gestão que assegure que a empresa não contribua com a exploração

predatória e ilegal de nossas florestas. Sugere-se, portanto, a implantação de

palestras para compreensão do tema.

Em relação ao Indicador Fornecedores 100% dos cooperados entendem que

uma empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e

parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento

de suas relações de parceria.

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Na questão sobre Clientes e Consumidores, 96% dos cooperados acreditam

que a responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da

empresa investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços

confiáveis.

Sobre o Indicador Comunidade, 88% dos cooperados acreditam que a

empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas

necessidades e o restante, somando-se 12% não acreditam nesta afirmativa.

Sugere-se que juntamente com as palestras sobre os valores e princípios éticos,

também seja trabalhada esta questão.

Em relação ao Indicador Governo e Sociedade, 100% dos cooperados

entrevistados acreditam que a CREDCREA fornece infra-estrutura e o capital social

representado por seus empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a

viabilização de seus negócios.

Finalizando, solicitou-se para que os cooperados fizessem sugestões de

melhorias em relação à cooperativa – CREDCREA. Os resultados foram os

seguintes: 60% dos cooperados acreditam que deva existir mais segurança na

cooperativa, 16% acreditam que os financiamentos para aquisição de casa própria e

carro devem ser melhorados, 9% acreditam que o aumento de postos de

atendimento e treinamento de pessoal são as melhorias que devem ser realizadas,

7% dos cooperados estão satisfeitos e acreditam que não há necessidade de

mudanças, 6% pensam que devem ocorrer melhorias na informatização da

cooperativa.

Para a melhoria da cooperativa, através das sugestões dos cooperados,

sugere-se que a empresa procure viabilizar mais segurança, através de

monitoramento tecnológico e físico, aumentando os cuidados e promovendo mais

garantia aos cooperados e funcionários. Em relação às questões financeiras,

sugere-se reuniões mais freqüentes para possíveis melhorias nos financiamentos e

nos créditos. Outras sugestões já foram relacionadas, e para encerrar, recomendar-

se melhorias na informatização e comunicação da cooperativa, como programas

tecnológicos mais claros.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste trabalho foi identificar a percepção dos cooperados

quanto à responsabilidade social e a ética na Cooperativa de Economia e Crédito

Mútuo dos Profissionais do CREA do Estado de Santa Catarina – CREDCREA de

Itajaí. Este objetivo foi alcançado na medida em que seus objetivos específicos

foram sendo realizados.

No primeiro objetivo específico identificou-se o perfil dos cooperados do

CREDCREA através do questionário, onde verificou-se dados como idade, profissão,

tempo de ingresso e motivação para fazer parte da cooperativa.

No segundo objetivo específico, selecionar um método para avaliação da

Responsabilidade Social da Cooperativa pelos cooperadores, optou-se pelo método

dos Indicadores Ethos, os quais abrangem temas como: valores, transparência e

governança, público interno, meio ambiente, fornecedores, clientes e consumidores,

comunidade e governo e sociedade.

No terceiro objetivo específico, identificar os indicadores percebidos

favoravelmente e desfavoravelmente pelos cooperados e propor melhorias, verificou-

se através do questionário de pesquisa a visão dos cooperados em relação aos

Indicadores Ethos, sugerindo na seqüência algumas melhorias, que devem ser

contínuas, para que a cooperativa atinja um nível de responsabilidade social na

visão dos cooperados.

Concluiu-se que através do questionário obteve-se os dados necessários para

finalização deste trabalho e através das análises das entrevistas constatou-se que

alguns dos cooperados não estão integrados realmente à visão de responsabilidade

social da cooperativa, entretanto a acadêmica cita algumas atitudes da empresa em

relação a esta integração.

Completa-se que o estágio, como parte integrante do processo formativo,

contribui para a formação do futuro profissional. Permite ao estudante a aplicação

prática de seus conhecimentos teóricos, motivando seus estudos e possibilitando

maior assimilação das matérias curriculares.

Contribui também para uma conduta de trabalho sistematizado,

desenvolvendo a consciência da produtividade, a observação e comunicação

concisa de idéias e experiências adquiridas, incentivando e estimulando o senso

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crítico e a criatividade, além de buscar seu aprimoramento e propiciar melhor

relacionamento humano.

Este projeto foi de extrema valia para a pesquisadora, pois proporcionou

adequação da prática com a teoria, aumentando as experiências profissionais

adquiridas. Para a Universidade este trabalho poderá servir de subsídio para o

desenvolvimento de projetos de outros acadêmicos.

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APÊNDICE

UNIVALI – UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CAMPUS BALNEÁRIO CAMBORIÚ

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA PARA OS COOPERADOS DO CREDCREA

As perguntas de número 1, 2, 3, 4 e 5, são para conhecer o perfil dos cooperados do

CREDCREA:

1. Há quanto tempo aproximadamente você é cooperado do CREDCREA?

( ) seis meses a um ano ( ) de três a cinco anos

( ) um ano a dois anos

( ) dois anos a três anos

2. Qual a sua profissão?

___________________________________________________________________

3. Qual a sua idade?

( ) de vinte a trinta anos ( ) de cinqüenta a sessenta anos

( ) de trinta a quarenta anos ( ) de sessenta a setenta anos

( ) de quarenta a cinqüenta anos ( ) setenta anos ou mais

4. Qual o motivo que o levou a optar por um banco de cooperativa?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5. Cite alguns pontos fortes de uma cooperativa:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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As perguntas de número 6 e 7 são relacionadas ao Indicador Ethos: Valores,

Transparência e Governança:

6. O que você entende sobre valores e princípios éticos?

( ) valores e princípios éticos formam a missão da organização contribuindo para o

alcance dos objetivos da empresa.

( ) valores e princípios éticos são os costumes de todos os associados refletidos na

empresa.

( ) valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa,

orientando sua conduta e fundamentando sua missão social.

7. A noção de responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que

a ação das empresas deve? Assinale com um X as alternativas que você acredita

serem corretas:

( ) buscar trazer benefícios para a sociedade.

( ) propiciar a realização profissional dos empregados.

( ) visar apenas o lucro.

( ) promover benefícios para os parceiros.

( ) promover ações sociais que destaquem a empresa.

( ) promover benefícios para o meio ambiente.

( ) proporcionar a realização da empresa.

( ) trazer retorno para os investidores.

A pergunta de número 8 é relacionada ao Indicador Ethos: Público Interno:

8. Uma empresa que vise atingir a responsabilidade social deve:

( ) promover encontros sociais que visem atingir a mídia.

( ) investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados.

( ) investir no desenvolvimento tecnológico da empresa.

A pergunta de número 9 está relacionada ao Indicador Ethos: Meio Ambiente:

9. Em relação ao meio ambiente a empresa deve ter a visão de:

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( ) criar um sistema de reciclagem dos lixos do dia-a-dia.

( ) criar um sistema de gestão que assegure que a empresa não contribui com a

exploração predatória e ilegal de nossas florestas.

( ) criar um sistema de informatização para a conscientização da preservação do

meio ambiente.

( ) criar um sistema de gestão que contribua com a exploração predatória e ilegal

de nossas florestas.

A pergunta de número 10 está relacionada ao Indicador Ethos: Fornecedores:

10. Para você uma empresa socialmente responsável envolve-se com seus

fornecedores e parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo

aprimoramento de suas relações de parceria?

( ) Sim.

( ) Não.

A pergunta de número 11 está relacionada ao Indicador Ethos: Clientes e

Consumidores:

11. A responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da

empresa:

( ) muito esforço em estar diariamente suprindo suas necessidades.

( ) investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis.

( ) investimento no que se refere ao ambiente de atendimento.

A pergunta de número 12 está relacionada ao Indicador Ethos: Comunidade:

12. Para você a empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar

satisfazer suas necessidades?

( ) Sim.

( ) Não.

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A pergunta de número 13 está relacionada ao Indicador Ethos: Governo e

Sociedade:

13. Para você a CREDCREA fornece-lhe infra-estrutura e o capital social

representado por seus empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a

viabilização de seus negócios?

( ) Sim.

( ) Não.

A pergunta de número 13 está incluída para que o cooperado possa contribuir com a

pesquisa:

14. Cite algumas sugestões para a CREDCREA.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________