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Condicionamento respondente e abuso de drogas: revendo conceitos clássicos e debatendo avanços recentes Marcelo Frota Benvenuti Universidade de Brasília

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Page 1: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento respondente e abuso de drogas: revendo

conceitos clássicos e debatendo avanços recentes

Marcelo Frota BenvenutiUniversidade de Brasília

Page 2: Respondente, Curso Salvador

Drogas e comportamento

• Questões complexas e amplas em análise do comportamento– Consumo, dependência, tolerância,

abstinência etc

Page 3: Respondente, Curso Salvador

Drogas e comportamento

• Questões complexas e amplas em análise do comportamento– Consumo, dependência, tolerância,

abstinência etc

– Análise dos processos psicológicos básicos

ANÁLISE e SÍNTESE

Page 4: Respondente, Curso Salvador

Comportamento

• Comportamento é relação organismo ambiente

nesse sentido, descrever comportamento significa descrever a história de constituição das relações organismo-ambiente.

Page 5: Respondente, Curso Salvador

Relações Operante e Respondente

• Relação Operante: organismo atua sobre o ambiente, produzindo conseqüências.

unidade de análise do behaviorista

• Relação Respondente: respostas são eliciadas por estímulos.

Page 6: Respondente, Curso Salvador

Relação Operante– Análise das contingências

resposta-mudança ambiental

Page 7: Respondente, Curso Salvador

Relação Operante– Análise das contingências

resposta-mudança ambiental

Perguntas:

Como a droga se torna um evento reforçador?

Quais respostas esse evento reforçador modela e fortalece?

Que tipo de reforçador é esse?

Quais são nossos instrumentos para alterar comportamento?

Page 8: Respondente, Curso Salvador

Relação Respondente

– Análise do comportamento eliciado e do papel das contingências S-S

– Relação um pouco “ofuscada” pelo impacto da noção de operante na análise do comportamento

Page 9: Respondente, Curso Salvador

Identificando Relações Respondentes

• Respostas são eliciadas por estímulos:

ESTÍMULOS RESPOSTAS

Page 10: Respondente, Curso Salvador

Identificando Relações Respondentes

• Necessidade da identificação da probabilidade da resposta na presença e na ausência do estímulo

probabilidade condicional da resposta P(R/S) próxima de 1,0 e

P(R/NS) próxima de 0.

Page 11: Respondente, Curso Salvador

Papel dos Respondentes no Comportamento dos Animais

• Relação S-R papel na sobrevivência dos membros de uma determinada espécie.

“se o animal não estiver em exata correspondência com o meio ambiente ele deixará, cedo ou tarde, de existir ... o animal deve responder a mudanças do meio ambiente de maneira que sua atividade respondente seja dirigida à preservação de sua existência” (Pavlov, 1927/1980).

Pavlov, I. (1980). O reflexo. Textos selecionados. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril (Trabalho original de 1927)

Page 12: Respondente, Curso Salvador

Relações Respondente

alimento na boca salivação

sopro de ar piscada

batida no joelho “chutar”

“susto” taquicardia, sudorese

Page 13: Respondente, Curso Salvador

Relações Respondente• Respostas são eliciadas por estímulos:

ESTÍMULOS RESPOSTAS

Repertório do organismo como membro de uma

espécie

Page 14: Respondente, Curso Salvador

Respondente Incondicional

• Eliciação da resposta por um estímulo a despeito da experiência individual:

Estímuloincondicional

Resposta incondicional

Page 15: Respondente, Curso Salvador

Respondente Incondicional

• Eliciação da resposta por um estímulo a despeito da experiência individual:

EstímuloIncondicional

US

Resposta Incondicional

UR

Page 16: Respondente, Curso Salvador

Respondentes Incondicionais

US UR

Sistema digestivo

Alimento salivação

Alimento estragado enjôo, náusea

Objeto no esôfago vômito

Page 17: Respondente, Curso Salvador

Respondentes Incondicionais US URSistema CirculatórioAlta temperatura suor, ruborBarulho repentino palidez, taquicardia

Sistema respiratórioIrritação no nariz “espirro”Garganta fechada “tosse”“Alergênicos” ataque de asma

Page 18: Respondente, Curso Salvador

Respondentes Incondicionais

US UR

Sistema reprodutivo

lubrificação vaginal

Estimulação genital ereção

orgasmo

Estimulação do mamilo liberação do leite

(em mulheres lactantes)

Page 19: Respondente, Curso Salvador

Respondentes Condicionais• Dependem da experiência, são construídos

“... por meio do condicionamento respondente (Pavloviano), respostas preparadas anteriormente pela seleção natural podiam ficar sob controle de novos estímulos.” (Skinner, 1981)

Skinner, B. F. (1981). Selection by consequences.

Page 20: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Estímulo Novo(Neutro)

EstímuloIncondicional

US

RespostaIncondicional

UR

Page 21: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Estímulo

Novo

EstímuloIncondicional

US

RespostaIncondicional

UR

Resposta

Condicional

Page 22: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Passos

Alimento

US

Salivação

UR

Page 23: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Passos

CS

Alimento

US

Salivação

UR

Salivação

CR

Page 24: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente• Um exemplo experimental: Anrep (1920)*

•Relação número de pareamentos / força do respondente condicional:

* Dados citados em Keller e Shoenfeld (1950)

Page 25: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Cheiro ou visão do alimento

Pratos e talheres

Nome impresso de um prato no cardápio etc.

alimentoUS

salivaçãoUR

salivação

CR

Page 26: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Mentir

Estimulação aversiva

sudorese

sudorese

Page 27: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Gosto do alimento

Alimento estragado

Enjôo

Enjôo

Condicional

Page 28: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento Respondente

Mentir

Estimulação aversiva

sudorese

sudorese

Page 29: Respondente, Curso Salvador

Tipos de Condicionamento

Page 30: Respondente, Curso Salvador

Aquisição e extinção de respondentes condicionais

• Aquisição– Estímulo neutro, depois US

– Resultado: estímulo neutro torna-se CS

• Extinção– CS, sem US

– Resultado: CS perde seu valor de estímulo eliciador

Page 31: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento e Extinção Respondentes

Page 32: Respondente, Curso Salvador

Condições que Produzem Condicionamento Respondente• Tradicionalmente, fala-se de associação

ou pareamento:

ora como uma atividade do organismo

ora como uma relação entre os estímulos

Page 33: Respondente, Curso Salvador

Condições que Produzem Condicionamento Respondente• Associação é feita pelo ambiente, não

pelo organismo.

• A mera associação, ou pareamento, de um estímulo com outro não é condição suficiente nem necessária para haver condicionamento.

Page 34: Respondente, Curso Salvador

Associação ou Pareamento

Duas condições em que há o mesmo número de pareamentos

CS / US

Page 35: Respondente, Curso Salvador

Condições que Produzem Condicionamento Respondente• Para haver condicionamento é necessária

a relação condicional entre dois estímulos:

– Se estímulo A (CS)...então estímulo B (US)

– Se “não estímulo A”... então “não estímulo B”

Page 36: Respondente, Curso Salvador

“O equilíbrio garantido por esses reflexos [absolutos ou incondicionais] só poderia ser perfeito se o mundo exterior fosse constante, imutável. Entretanto, como o meio exterior, além de sua extrema diversidade, está em contínua transformação, os reflexos absolutos, como conexões permanentes, não bastam para assegurar esse equilíbrio e devem ser complementados por reflexos condicionais, isto é, por conexões temporárias.” (p. 54).

Condições que Produzem Condicionamento Respondente

Pavlov, I. (1980). O reflexo condicionado. Textos selecionados. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril (Trabalho original de 1934)

Page 37: Respondente, Curso Salvador

• Drogas opióides: por exemplo: morfina e heroína

Droga pode ser vista como um estímulo incondicional: US UR

substância efeitos no da organismo droga

Respondentes e Drogas

Page 38: Respondente, Curso Salvador

• Efeitos Incondicionais de drogas opióides:

– Diminuição da sensibilidade à dor;

– Aumento da temperatura corporal;

– Euforia;

– Relaxamento;

– Diminuição da freqüência cardíaca; etc.

Respondentes e Drogas

Page 39: Respondente, Curso Salvador

• Efeitos da droga passam a ser cada vez mais fracos ao longo de administrações sucessivas.

• Com o desenvolvimento de tolerância, é necessário cada vez uma quantidade maior da droga para que sejam obtidos os efeitos incondicionais iniciais.

Tolerância.

Page 40: Respondente, Curso Salvador

• Siegel (1975):

# Ratos

# Equipamento: hot plate (54,2o C).

# Medida: quanto tempo demorava para o rato lamber a pata quando colocado na superfície quente.

medida de sensibilidade à dor

Tolerância Envolve Aprendizagem?

Page 41: Respondente, Curso Salvador

• Sujeitos divididos em três grupos experimentais e um grupo controle:

A) quatro administrações da mesma quantidade de morfina – sujeitos testados no hot plate.

B) quatro administrações da mesma quantidade de morfina – sujeitos testados no hot plate desligado.

C) quatro administrações da mesma quantidade de morfina – sujeitos testados somente na quarta administração.

D) quatro administração de salina – sujeitos testados no hot plate

Siegel (1975)

Page 42: Respondente, Curso Salvador

• US: Morfina

• UR: Diminuição da Sensibilidade à dor, medida pelo tempo que demorava para o sujeito lamber a pata.

• CS: Hot Plate

• CR: ??

Siegel (1975)

Page 43: Respondente, Curso Salvador

controle morfina + (salina) hot plate frio

morfina + morfina Hot Plate sem hot plate

Siegel (1975)

Page 44: Respondente, Curso Salvador

Efeitos de Drogas e Condicionamento Respondente.

1) principais efeitos

da droga (UR)

Droga (US) 2) processos

regulatórios que se opõem ao distúrbio

fisiológico, restabelecendo o equilíbrio anterior (UR)

Page 45: Respondente, Curso Salvador

• Substância efeito efeito imediato compensatório

• morfina/ analgesia hiperalgesia

heroína

• álcool diminuição da aumento da

temperaturas temperatura

Efeitos compensatórios incondicionais.

Page 46: Respondente, Curso Salvador

DROGA(US)

Efeitos de Drogas e Condicionamento Respondente.

Processos regulatórios que se opõem ao

distúrbio fisiológico(UR)

CS Processos regulatórios

(CR)

Page 47: Respondente, Curso Salvador

Implicações do condicionamento de respostas compensatórias

US

+ efeito da droga “compensado”

CS - tolerância -

Page 48: Respondente, Curso Salvador

• Com morfina (US): desenvolvimento de tolerância

• Com salina (CS, sem US): hiperalgesia

Siegel (1975)

Page 49: Respondente, Curso Salvador

• Efeitos opostos aos incondicionais produzidos pela droga.

CS CR

sem apresentação do US, sem a eliciação de UR

Síndrome de Abstinência

Page 50: Respondente, Curso Salvador

• Com drogas opióides, os sintomas de abstinência incluem:

– Dor e irritabilidade,

– Insônia,

– Diminuição da temperatura do corpo,

– Amento da pressão arterial,

– Diarréia, etc.

Síndrome de Abstinência

Page 51: Respondente, Curso Salvador

Síndrome de Abstinência

O’Briem (1976) lista alguns exemplos de CSs que podem provocar a “síndrome de abstinência”:

– Visão de um colega utilizando droga;

– Falar sobre drogas em um grupo de terapia;

– Visão de alguém utilizando drogas em cartazes de campanhas anti-drogas.

Page 52: Respondente, Curso Salvador

Síndrome de Abstinência

• O’Briem (1976): um estudo de caso.# homem de 28 anos, com história de 10 anos de adição a narcóticos;# preso por seis meses - experimentou fortes sintomas de abstinência nos primeiros dias de prisão; # pouco antes de sair da prisão, arranjou emprego novo e relatava não querer mais procurar drogas.

Page 53: Respondente, Curso Salvador

O’Briem (1976): Um estudo de caso

“... voltando para casa, depois de deixar a prisão, ele começou a pensar em drogas e a sentir-se nauseado. Ao se aproximar do metrô, parou, começou a suar, a lacrimejar e a passar mal. Esse era o lugar no qual ele freqüentemente havia experimentado sintomas de abstinência enquanto tentava comprar drogas ... no dia seguinte ele continuou experienciando forte desejo pelas drogas e sintomas de abstinência em seu bairro ... logo ele retomou o consumo de drogas” (O’Brien, 1976, p. 533).

Page 54: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento e “Overdose”• “Overdose”: sugere o efeito de uma grande

quantidade de uma droga.

• Papel do condicionamento:

depois do desenvolvimento de tolerância:

sem CS sem resposta compensatória

US efeito da grande quantidade da droga

Page 55: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento e “Overdose”

US

Sem as “dicas” ambientais que

geram tolerância (CS).

“Overdose”

Page 56: Respondente, Curso Salvador

Condicionamento e “Overdose”• Siegel (1982): história de condicionamento

pode evitar morte por “overdose”?

# teste do efeito de uma droga letal de heroína (15 mg/kg.) em ratos com uma de três histórias.

A) tolerância em ambiente A - dose letal no ambiente A (CS-CS);

B) tolerância em ambiente A – dose letal no ambiente B (CS- sem CS);

C) controle: sem história de tolerância.

Page 57: Respondente, Curso Salvador

Siegel (1982)• Resultados:

Mortalidade dos ratos após injeção de heroína (15 mg/kg.) *

* Adaptado de Siegel (1982)

Grupo Número de ratos

Mortalidade (%)

CS-CS 37 32,4

CS-sem CS 42 64,3

Controle 28 96,4

Page 58: Respondente, Curso Salvador

Algumas implicações:

• Siegel (1984):entrevistas com 10 sobreviventes de “overdose” por heroína:# para 7 dos 10, as circunstâncias da administração da droga eram não-usuais:- 2 em ambiente não-usual;- 2 com procedimentos diferentes;- 2 costumavam utilizar heroína em combinação com outras drogas;- 1 usou pela primeira vez sem os amigos.

Page 59: Respondente, Curso Salvador

Tratamento de ex-usuários de drogas

• Na relação respondente respostas são eliciadas por estímulos:

ESTÍMULOS RESPOSTAS

Repertório do organismo como membro de uma

espécie

• História filogenética / condicionamento

Page 60: Respondente, Curso Salvador

Implicações Práticas

• Identificando estímulos eliciadores

• Lidando com estímulos eliciadores– Manter o ex-usuário longe do ambiente em

que costumava utilizar drogas;

– Tratamento de Exposição a Dicas.

Page 61: Respondente, Curso Salvador

Conklin e Tiffani (2002)

• meta-análise de resultados apresentados em publicações que avaliaram o tratamento baseado em exposição a dicas para reduzir a recaída.

• Apenas 5, em 18, mostraram resultados positivos.

Page 62: Respondente, Curso Salvador

Sobre os artigos que “deram certo”

• incluíram entre seus procedimentos apresentação de estímulos in vivo

• Rohsenow e cols (2001): expuseram os participantes do estudo, dependentes de álcool, a situações como tocar ou segurar copo de bebidas e cheirar a bebida alcoólica no copo. Os participantes também eram solicitados a imaginar situações em que o consumo de álcool era especialmente provável. Outros procedimentos do estudo: treino de habilidades

sociais, em especial habilidades de recusar bebida em encontros sociais e habilidades de assertividade mais gerais.

Page 63: Respondente, Curso Salvador

Procedimento de exposição a dicas

Rohsenow, D. J., & cols. (2001).Cue exposure with coping skills training and communication skills training for alcohol dependence: 6- and 12-month outcomes. Addiction, 96, 1161-1174.

Page 64: Respondente, Curso Salvador

Nos artigos em que não houve resultados satisfatórios?

• Siegel (1994):

– Papel do comportamento de busca e uso de drogas

– Papel dos efeitos iniciais da droga

Page 65: Respondente, Curso Salvador

Tratamento de ex-usuários de drogas

• Na relação respondente respostas são eliciadas por estímulos:

ESTÍMULOS RESPOSTAS

Repertório do organismo como membro de uma

espécie

• História filogenética / condicionamento

Page 66: Respondente, Curso Salvador

Boas intervenções...

• Análise de contingências

Page 67: Respondente, Curso Salvador

Boas intervenções...

• Análise de contingências

• Recursos dos conceitos básicos e dos procedimentos da análise do comportamento

Page 68: Respondente, Curso Salvador

Obrigado!

[email protected]