resolução do caso 11

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  • 8/17/2019 Resolução Do Caso 11

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    Caso 11

    Tínhamos no caso um contrato de CV sujeito a condição suspensiva

    Factos relevantes: Art. 715º CPC

    1. Casamento – porque é que se aplica aqui o art. 715º CPC?

    2. Cumprimento da obrigação

    Art. 713º e 714º CPC aplicam-se ao caso da falta de escolha.

    Factos importantes para exequibilidade extrínseca: a filha casou-se depois do

    contrato de CV autenticado, ele pagou na presença da mulher e a filha tinha o

    prazo de 1 semana para escolher.

    Que espécie de acção executiva é esta? Entrega de coisa certa (para que ocarro seja entregue).

    O que é necessário fazer quando se propõe acção executiva?

    • Imagine que F propõe acção executiva contra L, o que é que tem de

    fazer desde já em relação ao art. 715º CPC? Provar que o contrato já é

    eficaz, já produz os efeitos (já se tendo verificado a condição) e provar

    também, estando perante contrato sinalagmático, que ele próprio já

    pagou o preço. Aqui ao contrário do que vimos no caso 8 aplica-se

    directamente o art. 715º CPC, porque estamos a falar de verificação decondições suspensivas e isso está expressamente no artigo e estamos

    também a falar da realização da prestação em casos de contratos

    sinalagmáticos, logo não se precisava da analogia com o art. 715º CPC.

    • Art. 715º CPC reporta-se a casos de exequibilidade intrínseca, ao

    contrário do art. 707º CPC que se reporta a casos de exequibilidade

    extrínseca.

    • O art. 715º, 707º e 54/1º CPC são artigos muito confundíveis (voltando

    ao esquema temporal tripartido: temos o momento que se forma otítulo, momento em que se propõe a acção executiva e temos o

    momento em que acontecem os factos e que têm de ser provados

    quando se propõe a acção executiva, no momento 3 temos de provar os

    factos que ocorreram no momento 2). No caso temos de relevante o

    casamento e a realização da prestação. A estrutura tripartida verifica-

    se nos 3 artigos referidos.

    • Art. 713º e 714º CPC: reportam-se à situação em que os factos ocorrem

    não no momento 2, mas no momento 4, ou seja, em que a obrigação

    ainda não é certa, exigível e líquida e a execução começa pelasdiligências aptas a tornar a obrigação certa, exigível e líquida. Aqui

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    falamos de situações em que depois da propositura da acção executiva

    ocorrem os factos relevantes, já no art. 715º falamos das situações em

    que antes da propositura da acção executiva já se verificaram os factos

    relevantes e agora é necessário provar que eles se verificaram.

    1. Casamento e realização da prestação

    a) Realização da prestação

    • Se o F quiser propor acção executiva o que é que tem de fazer? No

    requerimento executivo tem de alegar a verificação da condição e

    provar que realizou a prestação (art. 724º al.h) CPC).

    • Em relação à prova do cumprimento: não tendo nenhuma prova

    documental isso é algum problema no art. 715º CPC? Não, pode ser

    prova testemunhal. Não sendo prova documental tem de existirintervenção do juiz.

    • Sempre que se suscite a aplicação do art. 715º CPC o processo é sempre

    ordinário, nunca é sumário (art. 550/3º CPC, este artigo determina que

    ainda que o processo fosse sumário, o facto de se aplicar o art. 715º

    CPC determina que o processo siga a forma de processo ordinária –

    existe divergência em torno deste artigo 550/3º CPC, há quem diga que

    só é processo ordinário quando a prova apresentada não seja

    documental, ou seja, apenas nos casos em que o juiz tem de intervir).

    Assim sendo, neste caso, ele poderia indicar a mulher como testemunhado pagamento (juiz aprecia e pode ainda chamar/citar o próprio

    executado para ele contestar. Se este nada fizer temos efeito

    cominatório pleno).

    b) Em relação ao casamento, como é que este se prova? Provadocumental (certidão de casamento). 

    • No caso estamos perante um facto notório ou de conhecimento

    oficioso (em relação a estes casos não tem de se produzir prova)?

    - Imagine que as partes convencionaram um contrato que ficava

    suspenso e que a condição se verificava se Portugal ganhasse e esse

    correspondia ao resultado que no dia anterior se tinha verificado.

    Neste caso não temos de produzir prova (art. 715º CPC é relativo à

    produção de prova).

    - No nosso caso era dúbio, o casamento de um actor não tem de ser

    um facto notário, mesmo estando em todas as revistas cor de rosa,

    não é propriamente um facto notório, por essa razão neste caso

    teria de se produzir prova, não era um facto notório, pois não é

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    exigível a qualquer homem médio saber se o actor vai casar (seria

    diferente se estivéssemos a falar do PR, p.e).

    - Em regra há sempre uma situação na acção executiva em que

    nunca se coloca o art. 715º CPC, por ser facto notório e de

    conhecimento oficioso: obrigações a prazo, pois o prazo consta dotítulo executivo (facto de conhecimento oficioso) e o tempo

    decorreu (o decorrer do prazo é um facto notório).

    Art. 714º CPC

    • Este é aplicado ao caso porque H tinha um prazo para escolher e não

    escolheu, como não escolheu temos de recorrer ao artigo 549º CC,

    se o 3º e o credor não escolhem há uma remissão legal para (não seaplica o art. 714/2º CPC porque o prazo para ela escolher já tinha

    corrido e este artigo dá outra vez um prazo para ela escolher, o que

    não pode acontecer pois o seu prazo de escolha já tinha decorrido,

    não se dá novo prazo pois ela não respeito o prazo que tinha sido

    acordado), o artigo das obrigações genéricas, nomeadamente o art.

    542º CC, e esta remissão legal faz com que se aplique o art. 542º CC

    e no nosso caso temos um problema, aplicamos o nº2 que diz que

    não escolhendo em determinado prazo, a escolha passa a ser do

    devedor, mas há que ter em conta que este artigo se aplica aoscasos em que a escolha cabe ao credor não às situações em que a

    escolha cabe a um 3º (existem divergências quanto a isto: há quem

    entenda que quando a escolha cabe a um 3º e ele não escolhe a

    escolha tem de ser feita por alguém que tenha a mesma

    imparcialidade e um 3º, ou seja, pelo tribunal, portanto a escolha

    aqui teria de ser feita por via do art. 400º CC, há quem diga que não

    que a remissão que é feita do art. 549º CC para o art. 542º CC, se

    aplica o nº 2, ou seja, quando o credor não escolhe dentro do prazo

    a escolha vai parar ao devedor. A assistente concorda com a 1º

    solução e não com a 2º, porque quando as partes escolhem um 3º

    para realizar a prestação é porque querem uma escolha imparcial e

    se vamos devolver essa escolha ao devedor ela deixa de ser

    imparcial, por isso é que faz sentido que o sucedâneo do 3º só possa

    ser o próprio tribunal).

    • No nosso caso parece que se aplica o art. 542º/2 CC e com razão,

    porque H era ela própria credora da prestação, ela não era um 3º

    qualquer, nestes termos, também ela própria sendo credora da

    prestação, parece que quando se iniciou a acção executiva, nostermos do art. 542/2º CPC a escolha já se tinha devolvido ao

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    devedor, por isso quando se inicia a acção executiva aplicamos o art.

    714/1º CPC, e o devedor é chamado para escolher a cor do carro e o

    carro que deve entregar.

    • Qual é o prazo para escolher e acordo com o art. 714/1º CPC? Prazo

    da oposição à execução, logo será o prazo de 20 dias.

    • Se o devedor não escolher aplicamos o art. 714/3º CPC, sendo o

    credor a escolher.

    • O problema do art. 714º CPC é não ter um elemento muito

    importante que é a escolha pelo próprio tribunal (em regra a

    escolha do tribunal é uma acção declarativa própria ou então será

    por incidente declarativo) e ainda o exercício do contraditório (tem-

    se entendido que o prazo para oposição à execução do devedor deve

    começar a contar a partir do momento que é notificada a escolha daprestação, poise se assim não fosse o credor escolhia no último dia

    do prazo para que depois ele ao se pudesse opor à execução). 

    E se H escolhesse antes de se casar e antes de ser proposta a acçãoexecutiva? Aqui estamos perante um caso do art. 715º CPC, porque a escolhaé um facto que se verifica no momento 2 e não no momento 4, ou seja,

    escolha foi anterior à propositura da acção executiva (assim neste caso teria

    de se provar que escolheu e porque é que escolheu). NOTA: O ART: 714º CPC

    APENAS SE APLICA AOS CASOS QUE AINDA NÃO HOUVE ESCOLHA NOMOMENTO DA ACÇÃO EXECUTIVA. 

    Resolução do caso

    1. F tem legitimidade?

    • Art. 703/1º al. b), estamos perante título executivo, logo à partida F

    constará do título executivo como credor, como comprador do

    automóvel.

    H tem legitimidade?

    • Se fosse contrato a favor de 3º (3º adquiri o direito subjectivo à

    prestação), apesar de ser 3º este é credor (art. 442º CC), ela teria

    direito a esta prestação, no entanto não se poderia saltar logo para a

    conclusão de que ela poderia propor a acção executiva, porque a

    legitimidade da acção executiva não se afere apenas em função da

    essência do crédito exequendo, afere-se também e função de um

    critério formal, ou seja, o crédito tem de se encontrar incorporado notítulo. O que é que H poderia fazer aqui se o pai se tivesse

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    desinteressado da execução e tivesse de ser ela a avançar com aacção executiva? Poderia propor acção declarativa para obter umasentença na qual se reconhecesse o seu crédito; mas haveria ainda uma

    solução mais simples, seria uma cessão de crédito onde apenas teria de

    ser feita prova da sucessão no crédito exequendo, passando H a terlegitimidade activa (necessário juntar o acordo de cessão de créditos à

    própria acção executiva, nos termos do art. 54/1º CPC). 

    - Imagine que F assina um documento autenticado e diz que o carro é

    para oferecer à filha e a partir de agora trata tudo com ele que isto é

    tudo a favor dela. Temos um contrato que documentalmente é contrato

    de CV, mas que verbalmente é contrato a favor de 3, logo a ser assim

    este contrato não é título executivo para H, não tendo legitimidade

    activa para esta acção executiva.

    - Imagine que agora as partes lhe chamam contrato a favor de 3º e

    escrevem todo o contrato, que é autenticado, como um contrato a

    favor de 3º. Aqui H tem legitimidade activa porque o direito dela

    consta do próprio título executivo e esta pretensão da H esta regulada

    pelo art. 442º, logo pode exercer como se fosse um credor, tem um

    direito subjectivo à prestação. Crédito aqui estava incorporado pelo

    título executivo.