“(re)significando o memorial 2ª escrita”

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Polo de Santo Antônio da Patrulha TAREFA: “(RE)SIGNIFICANDO O MEMORIAL” Título: (RE) SIGNIFICANDO LEMBRANÇAS. Maria Conceição de Melo

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Page 1: “(Re)significando o memorial   2ª escrita”

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Polo de Santo Antônio da Patrulha

TAREFA: “(RE)SIGNIFICANDO O MEMORIAL”

Título: (RE) SIGNIFICANDO LEMBRANÇAS.

Maria Conceição de Melo

Santo Antônio da Patrulha. Abril de 2011

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(RE) SIGNIFICANDO LEMBRANÇAS.

“Começar não é apenas um tipo de ação. É também um estado de

espírito, um tipo de trabalho, uma consciência” (EDWARD SAID,1995)

Começar a re-significar o relato das minhas lembranças a partir da própria escrita de

um memorial, apesar de parecer obvio, confesso que sinto-me apreensiva e confusa. Sem

saber exatamente qual o princípio. Por onde começar?Se ignorando o que escrevi em um

determinado momento e iniciando o que este momento me inspira?(O que me parece mais

simples). Ou relendo meus alfarrábios e seguindo a orientação do curso re-significando-o.

Pois a vida é repleta de princípios e re-começos: Princípios enquanto valores, princípio

enquanto inicio de uma nova caminhada. A cada amanhecer é o inicio ou re-começo de

mais uma história. Fico pensando então em qual destas manhãs começo a re-contar o meu

relato. Se movida pela ação que emana da tarefa do curso TICEDU? Se movida pelo

estado de espírito neste momento da escrita?

Se meus princípios como educadora me impelem a buscar reforços e forças num

curso que contribua para um aperfeiçoamento contemporâneo, numa visão caleidoscópica,

e que permita uma ação qualificada, então este é meu princípio.

Assim concluo que meu começo se inicia junto à família, por acreditar firmemente no

poder desta como base sólida para estabelecer referências de afeto, equilíbrio, suporte e

segurança. Para exercitar a paciência e aceitar diferenças. Para praticar a compreensão e

a solidariedade. Um porto seguro para qualquer de nossas necessidades. Seja dividir

alegrias, tristezas, dúvidas, certezas, conquistas ou fracassos. Para a formação de uma

sociedade com qualidade, para o amparo de nossos conflitos e angústias enquanto

educadoras. Pois a cada dia, através de reflexões em âmbito escolar ou em fóruns de

professores/estudantes onde este curso nos oportunizou freqüentemente, percebe-se a

necessidade gritante da sintonia entre escola e família, neste mundo de mudanças

aceleradas e de valores ético e morais tão contestáveis.

Então há a necessidade de elaborar esta evolução encontrando uma solução que se

adeqúe a uma ação contemporânea formatando atitudes que resultem em download com

sucesso. E reafirmo minha crença numa relação de afeto, onde exista um

comprometimento com o prazer que emana desta troca.

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A sociedade moderna vive uma crise de valores éticos e morais sem precedentes.

Essa é uma constatação que nada tem de original, pois todos a estão percebendo e

vivenciando de alguma maneira. O fato de ser uma professora a fazer essa

constatação também não é nenhuma surpresa, pois é na escola que essa crise

acaba, muitas vezes, ficando em maior evidência. (PAULO FREIRE, 2000)

Dessa forma inicio meu relato pessoal a partir do meu nascimento em 03 de outubro de

1954. Meus pais, pessoas simples e humildes, descendentes de açorianos, ele

alfabetizado, ela analfabeta, ambos natural de Santo Antônio da Patrulha. Tiveram seis

filhos, três meninos e três meninas, todos nascidos neste município. Sou o terceiro filho

deste casal (foto 1). Tive uma infância muito feliz junto da minha família.

Foto 1. Meus pais Breveni e Euclides Lourenço de Mello (in memorian).

Com eles aprendi o valor da união, do amor, da educação e do respeito à vida.

Aprendi a gostar de histórias através dos causos contados pelo meu avô paterno,

Francisco Lourenço de Mello. O Dinho Chico como o chamava.

Quando estávamos juntos sempre pedíamos para contar um causo. Então respondia,

com aquele vozeirão forte num tom lento e divertido “Eu sabia tanto causo que sabia um

saco cheio, as formiga me bateram e sobrou arqueiro e meio” dando a entender que não

tinha mais nenhum causo novo para contar. E nós, os netos, insistíamos ansiosamente

para contar. Daí ele sentava-se em uma cadeira e todos nós sentávamos ao redor,

curiosos para ouvir seus causos.

Contava histórias do “Pedro Malazarte” como “A Sopa de Pedra”, “A Panela Mágica” e

muitas outras. A minha imaginação criava mentalmente cada cena, com tanto detalhes que

tenho a impressão que via cada uma delas, como um filme em preto e branco. Lembro-me

o quanto nos divertíamos junto à família. Com o meu pai eram as cantigas folclóricas como

“Cadê o toucinho” “Que friagem Santa Barbaragem”. A mãe se encarregava de alimentar

nossas fantasias com “Coelho de Páscoa” e “Papai Noel”.

No Natal montava um Presépio e uma árvore de Natal (um galho de pinheiro),

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pendurava cestinhas feitas com papel seda toda recortada, cheia de guloseimas.

Confeccionava 7 vestidinhos e 7 conjuntinhos de calção e camisa, com tecidos de

estampas coloridas, bem infantis. Ficava na máquina horas costurando tudo para ficar

pronto antes do Natal. E eu sempre ficava por perto admirando a construção. Ajudando a

enfiar a linha na agulha, etc. Depois convidava sete crianças inocentes (significa até sete

anos de idade) da comunidade, de famílias mais necessitadas, fazia sete pãezinhos no

formato de menino e menina, de acordo com seus convidados, preparava uma canja com

galinha, estendia uma toalha na grama e servia aos pequenos que recebiam junto o

boneco feito de pão, sentados neste espaço só deles. Imaginem a vontade que ficávamos

de participar junto. Mas só era permitido enquanto tínhamos a idade referida. As famílias

das crianças também participavam da refeição, só que comiam à mesa. Depois cada

inocente recebia a cestinha de guloseimas e a roupinhas que fizera. Os maiores ganhavam

só as cestinhas.

Assim era nosso clima de preparação natalina. Na véspera preparava uma ceia

reunindo toda a família para confraternizar: Tios, avós, primos. Rezávamos de mãos dadas

agradecendo a Deus por tudo. Minha mãe sempre foi e é muito católica. Depois da ceia

avisava-nos que estava na hora do Papai Noel chegar e não podíamos ver. Preparávamos

um pratinho com doces e ela colocava próximo ao Presépio. Ficávamos muito quietos,

ouvíamos os passos pesados na sala, o barulho de embrulhos, depois de talheres e

novamente os passos, seguido de silêncio. E então vinha o aviso que ele já havia ido

embora. Corríamos para o pinheirinho e lá estavam nossos presentes. As mãos suavam e

o coração disparava num compasso rápido de tanta felicidade.

A tradição do Natal continua sendo sagrada para cada membro da família, até porque

ela vem carregada de lembranças encantadoras. Algumas mudanças ocorreram, a mesa

de inocentes foi substituída por outra ação solidaria e agora um membro da família veste-

se de Papai Noel e entrega os presentes a cada um (foto 2,3,4 e 5). Criança ou adulto.

Foto 2 filha Janaina. Foto 3 filha Paula. Foto 4 Vó Tereza. Foto 5 Vó Mimi.

Há também o amigo secreto. Sentamos numa enorme roda, cada um com seu

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presente, desde os pequeninhos, esperando com muita alegria a sua vez de fazer a

revelação. Isto ocorre em dose dupla: Na véspera de Natal com a minha família, Vó Mimi

(foto 4 e 5) e ao meio dia com a família do meu marido, Vó Teresa (foto 6 e 7) .Tudo

acontece em meio a brincadeiras, risos e choradeiras.

Foto 6 e 7( o círculo se forma unindo as duas fotos).Amigo secreto Vó Mimi. Natal 2009

Fotos 8 e 9. Amigo secreto vó Teresa.Natal 2009.

Meu pai um empreendedor tendo a parceria de minha mãe dedicou-se a fabricação de

rapaduras, vendendo o produto na capital. Inicialmente transportando-o de carro de bois,

depois de ônibus e por fim através de caminhão. Expandido-a por vários estados

brasileiros e além das fronteiras, chegando a Chicago. Meu avô paterno alfabetizava as

crianças da comunidade com o pouco que aprendeu com seu próprio pai. Foi um dos

primeiros professores do nosso lugar, Costa da Miraguaia.

Casei-me muito cedo indo morar em Porto Alegre, onde nasceram nossos filhos. O

primeiro, um menino, em agosto de 1972. Em maio de 1974, nascia a menina. Retornamos

ao nosso município em 1979 e moramos até hoje.

Meus filhos estão solteiros. Ele é Administrador de Empresa e trabalha no banco

TOYOTA, na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. Ela é formada em Educação

Física e faz mestrado na URGS. É professora concursada da rede pública estadual e da

rede municipal de Porto Alegre. Exonerou-se recentemente de dois concursos públicos, o

primeiro no Município de Santo Antônio da Patrulha e logo depois o do Município de

Gravataí, priorizando os atuais.

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Em 2006 ganhei mais uma filha, uma menina que no dia 22/09/2011 completa 10 anos

de idade. É uma menina alegre, ativa e bem integrada a nossa família. Freqüenta o 4º ano

do ensino fundamental, na Escola Adventista de Santo Antônio da Patrulha. Fiz a opção de

escolha deste educandário fundamentada na doutrina que prima por uma formação mais

atenta a princípios éticos, religiosos e morais.

Foto 10.Meus filhos Sandro, Janaína e Paula.Páscoa/2011

A família (foto 10) é o bem mais precioso da vida, é onde nascemos, fixamos nossas

raízes e criamos nossas asas. (Primos fotos 13,14,15).

Foto 11(1994) foto 12 ( 2006) foto 13 ( 2011) só as primas.

Iniciei meus estudos aos seis anos de idade, na escola da comunidade onde cursei

da primeira a quinta série primária. Foi a minha primeira ruptura com a família onde sentia

segurança e proteção. E por isso só fiquei na escola na sala junto da minha irmã mais

velha que estudava na 4ª série colegial. Quando me colocaram na 1º série, chorei muito,

pois não queria ficar separada da irmã. Ajeitaram-me colocando-me sentada ao lado da

minha prima. Deu certo. Alfabetizei-me e aprendi o alfabeto inteiro cantando a musica

“Vamos brincar de escola” que ouvia através do rádio. Ao final do ano recebi a

classificação de primeiro lugar, era usada na época para premiar alunos. Ganhei de

presente o livro “Alice no País das Maravilhas”. Li degustando cada página e ás vezes

penso que corri atrás do coelho e entrei na toca, encolhi e vivi cada detalhe da história.

Aí iniciava minha paixão pela leitura. Aos oito anos fiz minha primeira comunhão,

um acontecimento muito importante para todos na família (fotos 14 e 15). Aos 12 anos

prestei exame de Admissão ao Ginásio uma seleção para fazer o curso ginasial que era de

quatro anos. Passei na primeira tentativa. Terminei meu curso ginasial com 15 anos.

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Foto 14 e 15. Primeira comunhão. 1964

Devido às dificuldades encontradas por morar no interior do município, sem meio de

transporte para cursar a escola Normal hoje Magistério, não continuei a estudar. Nesta

época não tinha luz elétrica onde morávamos e a leitura tornou-se meu interesse principal

além de ouvir músicas no rádio. Sem acesso a locais que vendessem livros ,quando a

família ia para a capital visitar parentes eu levava meus livros, revista e gibis lidos e

trocava numa banca da cidade por outros. Lia o máximo que podia antes de voltar para

casa para então fazer novas trocas.

Casei muito jovem indo morar na capital. O Dono da banca de revistas, meu velho

conhecido, mandava entregar na minha casa assim que recebia novos exemplares.

Nasceram meus filhos e continuava com objetivo de voltar a estudar. Decidi que me

matricularia junto com a filha mais jovem quando ela ingressasse no Jardim de Infância. E

assim fiz.

Voltei a morar em Costa da Miraguaia, no município de Santo Antônio da Patrulha no

ano de 1979. Nesta mesma data organizei um abaixo assinado com os pais e os jovens

que queriam estudar na sede, iniciando-se assim o transporte coletivo.

Matriculei, eu e meus filhos, no Colégio Santa Teresinha. Ele segundo ano do Ensino

Fundamental, ela no Jardim da Infância e eu no Curso Normal. Íamos juntos, mãe e filhos

estudar na mesma escola. Enfrentei preconceitos. Continuei concluindo em dezembro de

1982. Neste mesmo ano prestei concurso público municipal. Realizava assim meu sonho

de ser professora.

A partir daí passei a dar aulas de catequese para as crianças da comunidade o que

fiz até o ano de 1995. Em março de 1983 fui nomeada para assumir como professora de

currículo, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Incompleto Imaculada Conceição,

localidade de Passo das Moças, também no segundo distrito. Em 08 de abril de 1983 fui

designada a exercer minhas funções também como Diretora deste mesmo Educandário.

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Em 1984 prestei vestibular e iniciei minha graduação em Educação. Cursei

Pedagogia-Habilitação em magistério das matérias pedagógicas do segundo

grau/Licenciatura Plena, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS (foto 16,

17e 18), São Leopoldo/RS, com conclusão em julho de 1988. Ano em que fui nomeada,

por concurso púbico para trabalhar na rede estadual do meu município, na E.E.E.F.

Jovelino Theodoro, no mesmo distrito, me exonerando nesta data da rede municipal.

Foto 17. Foto 18 colação de Grau. Foto 18 com meus pais.

Considero esta graduação um marco na minha vida profissional. Aprofundei meus

conhecimentos despertando ainda mais minha “Paixão” em conhecer e entender nossos

alunos parafraseando Madalena Freire. Através de Ratts, Piaget, Carraher, Krammer,

Vygotsky, Kamii, Ferreiro, Freire entre outros. Compreendi o aprender pensando, os

estágios do desenvolvimento cognitivo, o erro como construção do conhecimento, o

interesse como motivação para a aprendizagem, o saber significativo, a respeitar as

diferenças e ter o afeto como baliza das minhas interações. (Foto 19, 20).

Foto 19, 20 - sala de aula da 1ª série, E.E.E.F.Jovelino Theodoro -1990

Em 1994 fui nomeada para assumir minha segunda matricula no estado, através de

um novo concurso público. Em 1996 fui eleita diretora da escola onde trabalho,

reconduzida ao cargo por mais dois anos onde prestei prova de avaliação do Curso de

Qualificação para a função de Diretor de Estabelecimento de Ensino Público Estadual.

Exerci a função de diretora por quatro anos, conforme a lei permitia na época.

Esta experiência foi significativa para a minha carreira profissional e para a escola,

onde participamos da Feira de Ciências, vencendo a nível municipal e regional,

classificando-se para ir ao município de Santo Ângelo, onde ocorreu a Feira Estadual, no

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ano de 1998. Em 2000 passei a atuar como supervisora e iniciei minha Pós Graduação em

Administração e Supervisão escolar, pela Faculdade de Amparo/SP. Concluindo em

agosto de 2003. Durante este período que permaneci na supervisão (2000-2001)

elaboramos o Projeto Político Pedagógico da escola.

No ano de 2004 passei a trabalhar na biblioteca da escola, onde fiz vários cursos de

aperfeiçoamento, tanto para a biblioteca como para a Hora do Conto (Fotos 22 a 26).

Desenvolvo vários projetos, todos com objetivo de incentivar o gosto e o hábito da leitura

em nossos alunos.

Foto 21-Contador de Histórias. Foto 22 Dramatiza...Socializa. Foto 23 Mala Encantada

Foto 24-Janelas do Mundo. Foto 25-Mania de Trocar. Foto 26- Magia de Ler.

Em 2010, recebi um convite da Secretaria de Educação do Estado através do

Secretário Adjunto e Diretor do Projeto Sala de Aula Digital Professor Francisco Xavier,

para participar da Semana da Educação/2010, em Porto Alegre, com a Hora do

Conto(Fotos 27,28,29). O assunto abordava, através de um teatro com fantoches, o uso da

Sala de Aula Digital.

Fotos durante apresentação na SEE em POA/RS e com Prof Francisco Xavier/Abril/2010.

Em conseqüência desta participação, recebemos mais dois convites. Da 11ª CRE, de

Osório e da 36ª CRE de Ijuí, onde participamos do VII Seminário de Tecnologias

Educacionais: Práticas Pedagógicas na Contemporaneidade em 21 e 22 de maio e 19 de

junho/2010. (Fotos 30,31,32).

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Ao longo da minha experiência profissional fui acoplando conceitos e saberes da

prática diária, do contato direto com os alunos, sempre interligados à formação

Pedagógica. A Biblioteca desafia no sentido que oportuniza o incentivo e o gosto pela

leitura e o contato direto com todos os alunos da escola, de diferentes faixas etárias

conhecendo a realidade de cada um. São experiências que oportunizam feedback deixam-

me realizada e feliz, fazendo-me sentir útil nesta tarefa de ensino-aprendizagem.

Aposentada em uma matrícula e em exercício na segunda com 29 anos de

experiência docente. Nesta trajetória de educadora procuro estar sempre inovando e

reciclando meus conhecimentos, dentro do contexto atual de ensino-aprendizagem. Nestes

últimos anos tenho me encantando com o mundo das tecnologias, onde vejo a cada dia,

nossos alunos mais inseridos nela.

Esta formação vem de encontro à concretização destes anseios. Durante este curso

foi oportunizados experiências que contribuiu de forma significativa para a minha formação

pedagógica reforçando minha aprendizagem de forma fundamental. Percebendo que

existe um sincronismo entre professor e aluno, independente da faixa etária quando é

oportunizado compartilhar saberes contextualizados, que vem ao encontro dos interesses

do aprendiz. Onde estes interagem num mesmo objetivo de descoberta e auto-ajuda,

compartilhando dúvidas e certezas. Colocando ambos na mesma plataforma, numa

relação de humildade, numa sabedoria que transcende do educador através de uma áurea

de confiança e afeto, gerando cumplicidade. Despertando o desejo de querer fazer junto, a

aprender e a descobrir em comunhão.

Nesta era da Cibercultura, onde o interagir com máquinas e redes de conexão não

garante o poder da detenção do saber. Onde quem se professa sabedor se rende aos

caprichos das engrenagens e circuitos. Mostrando que somos seres vulneráveis e que

somente um trabalho não linear, mas em rede de conexão com o outro, obterá um

resultado da união de desejos e de aceitação.

Page 11: “(Re)significando o memorial   2ª escrita”

Refletindo depoimentos que partem de memórias significativas reportadas e divididas

de forma a re-significar lembranças, conectando-as ao contexto do Curso TICEDU, me

levam aos diferentes módulos afim de re-construir as interfaces entre teoria e práticas

educativas nas oficinas contextualizadas neste espaço de aprendizagens reflexivas.

Durante a aplicação de oficinas (Foto 33 e34) houve a oportunidade edificante de

construção do conhecimento através dos objetivos propostos e ao mesmo tempo

reforçando o quanto um curso de aperfeiçoamento é capaz de transformar, resultando em

uma postura de confiança.

Foto 33 e 34 – Oficina Construindo Saberes com Ovas.

Tenho convicções que me movem em busca de uma atualização constante que se

alicerçaram durante estes longos anos de experiência docente. Convicções que reforçam

um modelo de educação acoplada às informações e comunicações que acompanham as

evoluções de mundo, uma escola voltada para a vida, com ações em tempos atuais, que

devem mover-se em sintonia com a educação. Neste ambiente de aprendizagem descobri

o rumo que poderá nos levar ao um caminhar harmonioso possibilitando um evoluir

conectado ao seu tempo real, onde os passos movendo-se em sincronismo com a vida

amarra suas teias no agora.

O curso de EAD atende a demanda do mercado atual, de viabilizar uma oferta de

ensino não presencial, que não gere perdas ao alunado, na questão

conteúdo/aprendizagem, por acreditar no potencial humano do aluno, pelo próprio esforço

e disciplina que o destaca nos objetivos a qual se propõe. Por estar alicerçado em uma

filosofia de trabalho que já é reconhecido na sociedade, em exercer um ensino de

qualidade e capacitar bons profissionais conforme imagem que se apresenta da FURG.

Educação à Distancia propicia um ambiente simbólico, no qual cada pessoa (aluno e

professor) se vê obrigada a reconstruir sua identidade na base das interações

essencialmente comunicativas. Espaços virtuais redefinem as normas e a maneira

como os seres humanos se comunicam com seus semelhantes. (Portal).

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Nesta especialização estou a me aventurar na construção de um novo perfil de

educador que transmita de forma lúdica, criativa e objetiva a meta numa ação que

desencadeie e possibilite a aprendizagem. (Fotos 35, 36,37,38,39,40).

Cenas durante a realização do Projeto Mala Encantada desde a contação da história ao sorteio do novo aluno que a levará para sua casa.

Acredito que somos seres em mutação, em constante evolução. Minha frase

predileta é do nosso eterno cantor e compositor Raul Seixas “Eu prefiro ser uma

metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” Tenho no afeto

(Luckesi) a mola que nos impulsiona para um mundo mais harmonioso e digno. Um mundo

onde o SER tem maior importância do que o TER e o PODER. Onde a paz seria uma

saborosa realidade. E, coração e mentes, escorpiões e rãs, estariam em sintonia, para

alegria de Rubem Alves.

O momento atual da tecnologia da informação e comunicação é crucial que nos

arremetemos em buscar conhecimentos que permitam uma formação atualizada para

respondermos as exigências do mercado atual de trabalho e permita ao aluno a qualidade

de ensino a qual merece. Não é possível em grupos de diálogo outro tipo de

comportamento ou de interação que não a participativa. Conectar-se é sinônimo de

interagir e compartilhar no coletivo. É apropriar-se de conhecimentos contemporâneos,

dando suporte e subsídios para um ensino-aprendizagem de qualidade, atrativo que torne

possível o aprender a aprender, solidário e harmonioso.

OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE.

“As velozes transformações tecnológicas da atualidade

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impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e

aprender. É preciso que se esteja em permanente estado de

aprendizagem e de adaptação ao novo. ”(Kenski)

Nestes tempos de conectivismo esta premissa tem um significado bem maior ao que

há muito tempo vem se apregoando sobre a necessidade de um aperfeiçoamento

permanente do professor, porque pontua uma nova era de comunicação em rede, do

imediatismo de informações e da diversidade das mesmas, assim como do saber empírico.

Esta diversidade de informações e opiniões mostra que o docente não é a única voz do

conhecimento o que gera o conflito entre o aprendiz e o professor. Este em muitas vezes

sentia-se o detentor do conhecimento e hoje percebe que este saber é compartilhado

através de novas conexões estabelecidas por meio de diferentes tecnologias.

Os desafios da docência nesta contemporaneidade consistem em melhorar nossas

escolas, nossas salas de aula dando significado ao ensino ajudando a repensar este

espaço de educar e a reformular o valor da aula como efetivo espaço de aprendizagem.

Não é mais cabível que em nossas escolas persistam o obsoleto modelo de professor,

aluno e sala de aula onde os estudantes estejam passivamente e continuamente sentados

olhando para frente, aceitando o que lhe é transmitido como verdades absolutas, sem

questionamentos ou argumentações que no momento lhe pareçam necessárias.

Este modelo retrógrado do espaço educacional ainda é o mesmo que se apresenta na

maioria das escolas do mundo. O filme “Entre os Muros da Escola” reproduz uma

problemática da escola pública francesa que se assemelha ao nosso modelo brasileiro, em

todos os seus aspectos. Trazendo uma profunda reflexão sobre nossas práticas

pedagógicas e da relação social entre todos os envolvidos no contexto escolar. A

organização destes espaços de aprendizagens e as diferentes variantes que se cruzam

como a função da família, o conflito de gerações, as características socioculturais, as

dinâmicas das aulas, as metodologias e recursos educacionais utilizados. Além do sistema

educacional, da formação continuada, das medidas socioeducativas, das atitudes e

concepções dos docentes frente aos alunos. E da inserção neste contexto contemporâneo.

Sabemos que a instituição escolar foi criada para garantir à transmissão do patrimônio

cultural humano as novas gerações. No entanto neste contexto tecnológico virtual esta

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função perde-se a partir do momento em que o educando esta em contato permanente

com novas e diferentes informações aonde estas progressivamente vão ganhando sentido,

se transformando em aprendizagens, incorporadas a contemporaneidade. Diante desta

realidade educacional é crucial que nos arremetemos a buscar alternativas que resultem

em ações significativas para a qualidade no ensino aprendizagem, tornando-o

questionador, reflexivo e seletivo.

Pensando assim a escola torna-se um espaço no qual se vivem diversas situações,

constituindo um excelente campo de pesquisa para múltiplas experiências e diversidades

de conhecimentos trazidos pelos alunos. O Projeto Político Pedagógico escolar precisa ser

re-pensado sistematicamente de forma ampla e compartilhado, envolvendo todos os

segmentos da comunidade escolar, projetado para evoluir em sintonia com as rápidas

transformações ocorridas na sociedade.

É mister compreender que a integração das TICEDU vem acoplada a mediação

pedagógica envolvendo aspectos importantes na formação do aluno. Possibilitando a

elaboração de conceitos, hábitos e atitudes como forma de garantir a contextualização do

conhecimento, re-significando a aprendizagem contribuindo assim de forma afetiva e

efetiva.

“A educação online ganha adesão nesse contexto, garantindo aprendizagem na

flexibilidade e na interatividade próprias da Internet” afirma Silva. O que deve nos levar a

freqüentes questionamentos de como podemos melhorar nossa ação pedagógica

atendendo aos princípios da conectividade. Desde uma visão prática para sua aplicação

em docência onde neste espaço de aprendizagem haja momentos transdiciplinares

atendendo ao princípio da atualização constante de conhecimentos, do saber mais e da

capacidade de definir atitudes e ações. Tendo sempre a convicção que o papel do

professor é imprescindível.

Os desafios docentes na contemporaneidade consistem em pensarmos num professor

pesquisador, constantemente comprometido com seu aperfeiçoamento continuo.

Conectado com as velozes transformações do mundo sempre ampliando os limites da sala

de aula.

Page 15: “(Re)significando o memorial   2ª escrita”

Refiro-me também ao um professor aventureiro que aceite desafios na busca e na

construção de recursos educacionais abertos, não lineares, que contribuam para uma ação

transformadora através da leitura, da experimentação e da pesquisa, numa dinâmica de

interação entre os sujeitos, da mediação com afetividade num aprender significativo,

motivado, prazeroso desenvolvendo o pensamento crítico e reflexivo.

“Mediação pedagógica implica o rompimento de dicotomias, o

acoplamento estrutural entre sujeito e objeto, entre educador e

educando e em abertura de caminhos para novas compreensões,

pressupondo a existência de trocas permanentes que ocorre em

conseqüência do acoplamento estrutural que acontece entre dois

sistemas vivos envolvidos no processo pedagógico. Implica a existência

de um fluxo de interações dinâmicas entre eles durante todo o processo

de aprendizagem” (Moraes, 2003, p214)

A intervenção pedagógica é a ação que possibilitará aos alunos construírem uma

postura escolar que contemple nossos sonhos numa educação de qualidade. Reflexiva,

atenta e crítica em relação às idéias e informações que obtém destas diferentes variáveis.

Da diversidade curricular tendo num ambiente de intercambio cultural investigativo e de

pesquisa. Através de redes de conexões como a internet, o Google, a Web 2.0, Mídias e

diferentes tecnologias, que reflita e questione as inovações educativas. É nesta ação

mediadora amparada por um referencial teórico constitutivo em sincronismo com os

agentes ativos envolvidos que devemos centrar nosso objetivo para uma aprendizagem

contextualizada e conectada ao mundo atual.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Page 16: “(Re)significando o memorial   2ª escrita”

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