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UEPB – CCBSA Aluna: Mariana Barreto de Araújo – p4 Ana Paula Maielo – Teoria das Relações Internacionais - l Resenha Waltz: O homem, o Estado e a Guerra. Kenneth Waltz, cientista político norte-americano, considerado o pai da teoria do neorrealismo (ou o fundador das bases para tal) e um dos principais autores contemporâneos das Relações Internacionais, trás em seu livro “O homem, o Estado e a Guerra” – originado de sua tese de doutoramento – a discussão a cerca da obtensão da paz por meio do entendimento sistêmico da guerra através de vários níveis de análise; 3 deles mais precisamente: a primeira, a segunda e a terceira imagem, assim denominadas pelo autor. Ao longo dos 8 capítulos que compõem a obra, Waltz faz um apanhado histórico e levantamento de vários dos grandes filósofos da humanidade, clássicos e contemporâneos, bem como suas linhas de pensamento para tentar assim, traçar uma linha coerente de pensamento que possa explicar o fenômeno da guerra e o caminho para a paz,

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Page 1: Resenha Waltz - tri.docx

UEPB – CCBSA

Aluna: Mariana Barreto de Araújo – p4

Ana Paula Maielo – Teoria das Relações Internacionais - l

Resenha

Waltz: O homem, o Estado e a Guerra.

Kenneth Waltz, cientista político norte-americano, considerado o pai da

teoria do neorrealismo (ou o fundador das bases para tal) e um dos principais

autores contemporâneos das Relações Internacionais, trás em seu livro “O

homem, o Estado e a Guerra” – originado de sua tese de doutoramento – a

discussão a cerca da obtensão da paz por meio do entendimento sistêmico da

guerra através de vários níveis de análise; 3 deles mais precisamente: a

primeira, a segunda e a terceira imagem, assim denominadas pelo autor. Ao

longo dos 8 capítulos que compõem a obra, Waltz faz um apanhado histórico e

levantamento de vários dos grandes filósofos da humanidade, clássicos e

contemporâneos, bem como suas linhas de pensamento para tentar assim,

traçar uma linha coerente de pensamento que possa explicar o fenômeno da

guerra e o caminho para a paz, até chegar a terceira imagem – já

aproximando-se do termino da discussão – onde o leitor perceberá uma

formalização teórica mais concreta – e genuinamente realista – por parte do

autor, que seria a ideia da inevitabilidade da guerra por questões de vontades

particulares oriundas da ausência de autoridade no sistema internacional.

Waltz dedica os três primeiros capítulos do livro, ao fenômeno que ele

designa chamar de “primeira imagem”. Nessa primeira etapa – capítulo dois e

três –, o teórico inicia suas considerações dizendo que “De acordo com a

primeira imagem das relações internacionais, o local das causas importantes

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da guerra reside na natureza e no comportamento do homem” (p.23). E é com

base nessa ótica que desenrola-se tal perspectiva de análise: o entendimento

da guerra através da examinação da natureza e do comportamento do homem

(p.27). Para embasar sua linha de pensamento, Waltz recorre a autores

clássicos das mais diversas searas: teólogos como Reinhold Niebuhr (também

cientista do ramo da política internacional), Santo Agostinho, Espinosa e

também autores clássicos realistas como Hans Morguenthau. Waltz percebe

um elo comum entre eles, apesar de suas “inúmeras diferenças” como faz

questão de frisar; que seria a abordagem de ambos com base na “natureza do

homem” (p.30), e na sua intrínseca vocação para o conflito.

O terceiro capítulo, ainda sob a perspectiva da “primeira imagem”

levanta a questão da resolução dos problemas da sociedade – entre eles a

guerra – pela ciência aplicada ao homem em sociedade, de acordo com a

ciência social moderna. O autor trás ao debate cientistas políticos como Harold

Lasswell e a sua teoria da “política preventiva”, e encerra essa etapa com a

reflexão de que para alguns cientistas do comportamento humano, “a solução

definitiva para o problema da guerra depende do estabelecimento de condições

políticas adequadas” e que estes devem “ajudar seus próprios governos a

manterem a paz – ou a vencerem guerras” (p.100).

Os capítulos quatro e cinco tratam da estrutura interna dos Estados e as

causas da guerra partindo desse pressuposto, além da observância do

socialismo internacional e do advento da Segunda Guerra Mundial e os seus

impactos. Nessa etapa, denominada “Segunda imagem”, Waltz trás a luz do

debate autores como Marx, Wilson, Kant e o seus discursos a cerca da reforma

dos Estados – cada um a sua linha teórica – como condicionantes a obtenção

da paz. O autor cita ainda, Jeremy Bentham, Adam Smith e consegue costurar

e analisar de forma crítica, um pensamento contrário ao liberalismo, por acha-lo

inadequado a análise da realidade internacional. Ainda no mesmo tom crítico,

Waltz esmiúça no capitulo cinco as teorias de Marx e Engels e as prova serem

insuficientes para a utilização no cenário anárquico dos Estados “Os Estados

Capitalistas provocam a guerra, e o socialismo é sinônimo de paz? [...] em sua

construção teórica, a pergunta, ao lado do Estado sob o socialismo,

simplesmente “se desmancha no ar” (p.159).

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Os capítulos seis e sete de “O Homem, o Estado e a Guerra” são

dedicados ao que o autor chamou de “terceira imagem”. Os assuntos centrais

de análise agora são a anarquia internacional e o papel da economia, da

política e da história nesse contexto. No seis, o autor tem como principal

expoente de análise, o filósofo Rouseau, que mostra por meio dos aspectos

comportamentais e naturais do homem, a sua instabilidade para com a tomada

de decisões no aspecto político e social e a necessidade portanto do Estado,

como agente estabilizador da sociedade e necessário ao seu bem estar.

Segundo Rousseau “A passagem do estado de natureza ao estado civil, produz

no homem uma mudança muito notável ao substituir em sua conduta o instinto

pela justiça e ao conferir ás suas ações a moralidade de que antes careciam”

(p.213). E no capítulo sete, Waltz disserta sobre as condicionantes, que, para

os liberais seriam o impedimento da deflagração da guerra (economia, livre

comércio, etc), más que na realidade não serviriam como justificativa, pois para

que ela aconteça, não há nada que impeça “a guerra é inevitável” (p.235).

A Obra de Kenneth Waltz é certamente um marco na teoria realista. O

autor ao fazer uma retrospectiva entre doutrinadores clássicos e

contemporâneos traça a sua argumentação baseado também nas teorias

realistas de Morghenthau e Liberais de Rouseau e fornece mediante suas

reflexões a explicação mais plausível para o SI segundo os realistas: uma

seara anárquica e em busca de segurança em detrimento da organização dos

Estados, como preceitua os moldes do liberalismo. É através da sua busca

pelas causas da guerra que Waltz define 3 estruturas denominadas imagens,

que ajudam a compor essa nova vertente de pensamento e que funcionam

apenas juntas. A primeira e a segunda imagem descrevendo as forças da

política mundial e a terceira como a sua complementação. Embora não

havendo a solidificação clara de uma teoria propriamente dita, ele certamente

fornece uma base para tal, isolando os fatores que dão origem aos conflitos e

abordando-os com uma profunda filosofia que apesar de não tão agradável ao

leitor menos acostumado, ajuda a compor e compreender o seu raciocínio.

Referências

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WALTZ, Kenneth N. O Homem,o Estado e a Guerra. São Paulo, Martins

Fontes Editora Ltda, 2004.