resenha psicoterapia de orientação analítica fundamentos teóricos e clínicos

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141 Resenhas Resenhas Resenhas Resenhas Resenhas tência, quando diz, sintomaticamente, que ‘na maior parte das vezes, um polícia português não consegue obter autorização em tempo útil para usar procedimentos especiais de investigação’ e ‘mais grave ainda, é a falta de sensibilidade das magistraturas, salvo hon- rosas excepções, para o apoio a investiga- ções que são demasiado complexas e que mexem com interesses demasiado podero- sos’ (p.102). No capítulo quinto, Justiça e Comunica- ção Social, é feita uma breve referência ao segredo de justiça e à sua quebra frequente por parte da comunicação social, em Portu- gal e em vários países europeus. Mais uma vez, a vivência profissional da autora leva, porém, a que apenas um lado da questão seja abordado. Frequentemente, a quebra do segredo de justiça parte, na verdade, dos pró- prios magistrados e elementos das polícias. Pego neste exemplo para resumir a ques- tão, para mim central, deste livro: é um exce- lente guia, com óptimas indicações, para quem quer que lide com este tema, mas é, talvez, excessivamente marcado pela visão de uma autora que faz parte de um dos lados do problema. Não são referidos, nem mesmo superficialmente, temas como a protecção de dados pessoais, a lentidão dos tribunais ou o controlo interno das polícias que são um problema muito influente, caso se obser- ve mais largamente esta problemática. Também não é mencionado um proble- ma mais profundo da sociedade portuguesa que agrava as dificuldades do combate à cor- rupção. Todos nós, uns com uma moedinha ao arrumador, outros com uns milhões em offshore, outros ainda com o silêncio não inocente face a casos que deveriam ser de- nunciados, contribuímos para que aquele combate seja uma luta ainda mais árdua. No fundo, corruptos somos todos nós. Hugo Mota Tavares Hugo Mota Tavares Hugo Mota Tavares Hugo Mota Tavares Hugo Mota Tavares Instituto Superior Miguel Torga Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd- Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd- Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd- Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd- Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd- ney S. Schestatsky (eds.). 2005. ney S. Schestatsky (eds.). 2005. ney S. Schestatsky (eds.). 2005. ney S. Schestatsky (eds.). 2005. ney S. Schestatsky (eds.). 2005. Psicotera- Psicotera- Psicotera- Psicotera- Psicotera- pia de Orientação Analítica: Fundamentos pia de Orientação Analítica: Fundamentos pia de Orientação Analítica: Fundamentos pia de Orientação Analítica: Fundamentos pia de Orientação Analítica: Fundamentos Teóricos e Clínicos Teóricos e Clínicos Teóricos e Clínicos Teóricos e Clínicos Teóricos e Clínicos . Porto Alegre: Ed. . Porto Alegre: Ed. . Porto Alegre: Ed. . Porto Alegre: Ed. . Porto Alegre: Ed. Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x. Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x. Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x. Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x. Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x. Psicoterapia de Orientação Analítica: Funda- mentos Teóricos e Clínicos constitui uma referência para todos os psicoterapeutas de orientação analítica, dado apresentar o esta- do da arte deste modelo psicoterapêutico e da sua técnica, reunindo os fundamentos e formulações actuais, bem como a intersec- ção com outros campos. Diante da coexis- tência de inúmeros paradigmas psicanalíti- cos, na actualidade, por vezes em competi- ção, os autores que contribuem para este li- vro procuram promover, inversamente, uma interacção complementar e geradora de cres- cimento e enriquecimento da prática clínica psicoterapêutica psicanalítica. Neste sentido, decorridos 15 anos após a sua 1 a edição, Eizirik, Aguiar e Schestatsky decidem elabo- rar, mais do que uma reedição, um novo li- vro, na forma de uma segunda edição, revis- ta e ampliada, incluindo novos autores (mais de sete dezenas), de várias nacionalidades e especialistas em diversas áreas de orienta- ção e prática analítica, no sentido de encon- trar denominadores comuns psicodinâmicos e apresentar o que de melhor se pensa, in- vestiga, ensina e aplica, neste âmbito. Na Introdução, os autores não se limitam a apresentar e justificar a pertinência do li- vro, desenvolvendo considerações críticas acerca da importância da distinção episte- mológica entre a psicanálise e a psicoterapia de orientação analítica, diferenças estas que sistematizam e explicam, sucintamente. O livro é formado por cinco partes, sen- do que a última constitui uma inovação, re- lativamente à primeira edição. Na Parte I, os Temas Introdutórios encontram-se divididos em quatro capítulos. No capítulo 1 (História da Psicoterapia), Michael Stone, um dos mais importantes historiadores actuais da psiqui- atria, ocupa-se da história da psicoterapia de orientação analítica. De seguida, cabe a Robert Wallerstein, no capítulo 2 (Psicanáli- se e Psicoterapia de Orientação Analítica: Raízes Históricas e Situação Actual), anali- sar o difícil tema das diferenças entre psicoterapias e psicanálise. Jorge Ahumada e Ricardo Bernardi encerram esta Parte I, com o capítulo 3 (Psicoterapia, Ciência e Conhecimento‘) e capítulo 4 (Um Exemplo

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Psicoterapiade Orientação Analítica FundamentosTeóricos e Clínicos aborda os capitulos do livro de forma resumida

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tência, quando diz, sintomaticamente, que ‘namaior parte das vezes, um polícia portuguêsnão consegue obter autorização em tempoútil para usar procedimentos especiais deinvestigação’ e ‘mais grave ainda, é a falta desensibilidade das magistraturas, salvo hon-rosas excepções, para o apoio a investiga-ções que são demasiado complexas e quemexem com interesses demasiado podero-sos’ (p.102).

No capítulo quinto, Justiça e Comunica-ção Social, é feita uma breve referência aosegredo de justiça e à sua quebra frequentepor parte da comunicação social, em Portu-gal e em vários países europeus. Mais umavez, a vivência profissional da autora leva,porém, a que apenas um lado da questãoseja abordado. Frequentemente, a quebra dosegredo de justiça parte, na verdade, dos pró-prios magistrados e elementos das polícias.

Pego neste exemplo para resumir a ques-tão, para mim central, deste livro: é um exce-lente guia, com óptimas indicações, paraquem quer que lide com este tema, mas é,talvez, excessivamente marcado pela visão deuma autora que faz parte de um dos lados doproblema. Não são referidos, nem mesmosuperficialmente, temas como a protecçãode dados pessoais, a lentidão dos tribunaisou o controlo interno das polícias que sãoum problema muito influente, caso se obser-ve mais largamente esta problemática.

Também não é mencionado um proble-ma mais profundo da sociedade portuguesaque agrava as dificuldades do combate à cor-rupção. Todos nós, uns com uma moedinhaao arrumador, outros com uns milhões emoffshore, outros ainda com o silêncio nãoinocente face a casos que deveriam ser de-nunciados, contribuímos para que aquelecombate seja uma luta ainda mais árdua. Nofundo, corruptos somos todos nós.

Hugo Mota TavaresHugo Mota TavaresHugo Mota TavaresHugo Mota TavaresHugo Mota TavaresInstituto Superior Miguel Torga

Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd-Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd-Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd-Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd-Cláudio L. Eizirik, Rogério W. Aguiar e Syd-ney S. Schestatsky (eds.). 2005.ney S. Schestatsky (eds.). 2005.ney S. Schestatsky (eds.). 2005.ney S. Schestatsky (eds.). 2005.ney S. Schestatsky (eds.). 2005. Psicotera- Psicotera- Psicotera- Psicotera- Psicotera-pia de Orientação Analítica: Fundamentospia de Orientação Analítica: Fundamentospia de Orientação Analítica: Fundamentospia de Orientação Analítica: Fundamentospia de Orientação Analítica: FundamentosTeóricos e Cl ínicosTeóricos e Cl ínicosTeóricos e Cl ínicosTeóricos e Cl ínicosTeóricos e Cl ínicos. Porto Alegre: Ed.. Porto Alegre: Ed.. Porto Alegre: Ed.. Porto Alegre: Ed.. Porto Alegre: Ed.Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x.Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x.Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x.Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x.Artmed. 796 pp. ISBN: 85-363-0426-x.

Psicoterapia de Orientação Analítica: Funda-mentos Teóricos e Clínicos constitui umareferência para todos os psicoterapeutas deorientação analítica, dado apresentar o esta-do da arte deste modelo psicoterapêutico eda sua técnica, reunindo os fundamentos eformulações actuais, bem como a intersec-ção com outros campos. Diante da coexis-tência de inúmeros paradigmas psicanalíti-cos, na actualidade, por vezes em competi-ção, os autores que contribuem para este li-vro procuram promover, inversamente, umainteracção complementar e geradora de cres-cimento e enriquecimento da prática clínicapsicoterapêutica psicanalítica. Neste sentido,decorridos 15 anos após a sua 1a edição,Eizirik, Aguiar e Schestatsky decidem elabo-rar, mais do que uma reedição, um novo li-vro, na forma de uma segunda edição, revis-ta e ampliada, incluindo novos autores (maisde sete dezenas), de várias nacionalidades eespecialistas em diversas áreas de orienta-ção e prática analítica, no sentido de encon-trar denominadores comuns psicodinâmicose apresentar o que de melhor se pensa, in-vestiga, ensina e aplica, neste âmbito.

Na Introdução, os autores não se limitama apresentar e justificar a pertinência do li-vro, desenvolvendo considerações críticasacerca da importância da distinção episte-mológica entre a psicanálise e a psicoterapiade orientação analítica, diferenças estas quesistematizam e explicam, sucintamente.

O livro é formado por cinco partes, sen-do que a última constitui uma inovação, re-lativamente à primeira edição. Na Parte I, osTemas Introdutórios encontram-se divididosem quatro capítulos. No capítulo 1 (Históriada Psicoterapia), Michael Stone, um dos maisimportantes historiadores actuais da psiqui-atria, ocupa-se da história da psicoterapiade orientação analítica. De seguida, cabe aRobert Wallerstein, no capítulo 2 (Psicanáli-se e Psicoterapia de Orientação Analítica:Raízes Históricas e Situação Actual), anali-sar o difíci l tema das diferenças entrepsicoterapias e psicanálise. Jorge Ahumadae Ricardo Bernardi encerram esta Parte I,com o capítulo 3 (Psicoterapia, Ciência eConhecimento‘) e capítulo 4 (Um Exemplo

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da Evolução das Ideias Psicanalíticas‘), res-pectivamente.

A Parte II diz respeito aos ‘FundamentosTeóricos da Psicoterapia de Orientação Ana-lítica’. Constituída por nove capítulos, desta-ca-se o capítulo 8 (Integração da Psicanálisecom as Neurociências), de Mark Solms, quefornece a interface com as neurociências,constituindo exemplo de uma das preocupa-ções principais dos autores: introduzir algunstemas emergentes e actuais na área da psico-terapia de orientação analítica. No capítulo 5(Conceitos Psicanalíticos Freudianos Funda-mentais`) e capítulo 6 (Aspectos Psicanalíti-cos das Situações Traumáticas), a perspecti-va freudiana é a dominante, enquanto no ca-pítulo 7 (Conceitos Psicanalíticos Fundamen-tais na Escola das Relações de Objecto) édesenvolvido um ponto de vista kleiniano eneo-keiniano. Estas perspectivas teóricascomplementam-se com outros enquadra-mentos, nos capítulos seguintes, designadosTeorias da Acção Terapêutica (cap. 9); Cam-po e Intersubjectividade (cap. 10); Entre aRealidade Externa e a Realidade Psíquica(cap.11); Mundo Interno e Transformações(cap.12); e Modelos Psicanalíticos da Mente(cap.13).

Na Parte III, os autores esclarecem osFundamentos da Técnica Psicoterapêutica deOrientação Analítica. Ao longo de dezasseiscapítulos, acrescentam uma dimensão mais“prática” ao corpo do trabalho, abordandotemáticas, tais como: a Avaliação (cap. 14); oPlaneamento (cap. 15); a Focalização (cap.16); o Contrato (cap. 17); o SettingPsicoterapêutico: Neutralidade, Abstinênciae Anonimato (cap. 18); A Aliança Terapêuticae a Relação Real com o Terapeuta (cap. 19);as Fases da Psicoterapia (cap. 20); o Insighte Elaboração (cap. 21); a Transferência (cap.22); a ´Contratranferência` (cap. 23); as Vio-lações das Fronteiras Profissionais (cap.24);as Actuações e Encenações [enactments]`(cap. 25); a Reacção Terapêutica Negativa eImpasse (cap. 26); as Intervenções do Tera-peuta e Pontos de Urgência (cap. 27); os So-nhos (cap. 28) e os Níveis de Mudança eCritérios de Melhora (cap. 29). Nesta medi-da, a Parte III tem também uma marcada im-portância para estudantes e recém-licencia-dos que iniciam a sua prática clínica, procu-rando responder, de forma clara e concisa, amuitas das suas ‘pequenas-grandes’ angús-tias e dúvidas, no face-a-face com o paciente.

As Situações Especiais constituem o tema

organizante da Parte IV, considerando-se queessas situações têm vindo a ser enfatizadas,face a mudanças de perspectiva, inclusiva-mente biológicas e sociais, em interacçãoobrigatória e essencial com a mis en scénepsicoterapêutica analítica, bem como com anecessidade da conceptualização teórica ereflexiva destas alterações. Assim sendo, ocapítulo 30 coloca a questão da Ética e Psico-terapia, enquanto que, no capítulo 31, sãodesenvolvidas, com grande precisão, Consi-derações Psicodinâmicas à Psicoterapia deApoio. A imbricação com a psiquiatria e aneurologia é recuperada no capítulo 32, abor-dando a Psicoterapia e Psicofarmacoterapia.Peter Fonagy relata a investigação e a pesqui-sa dos resultados das psicoterapias, em Es-tudos sobre a Efectividade das Psicoterapias‘(cap. 33). O autor percorre, de modo relativa-mente exaustivo, as principais psicoterapiasexistentes, justificando e fundamentando, ci-entificamente, a sua eficácia, ou ineficácia. Aimportância do género do(a) terapeuta e asreformulações polémicas sobre a homose-xualidade constituem a questão em análise,respectivamente, no capítulo 34, Género ePsicoterapia, e capítulo 35, Uma Visão Clíni-ca da Homossexualidade. Finalmente, a re-flexão incide sobre o Ensino da Psicoterapiade Orientação Analítica, perspectiva muitoimportante, mas frequentemente controver-sa, tanto no mundo académico, propriamen-te dito, como no âmbito da formação teórico-clínica dos aspirantes a psicoterapeutas.

Por último, a Parte V, referente aos Fun-damentos Clínicos das AbordagensPsicodinâmicas de Situações Específicas,constitui uma nova secção, em relação à pri-meira edição deste livro, tratando a aborda-gem psicodinâmica das principais entidadesnosológicas encontradas, quotidianamente,na prática clínica do psicoterapeuta. Assimsendo, os dois primeiros capítulos apresen-tam considerações um pouco mais genéri-cas e introdutórias, designadamente, O QueTratamos em Psicoterapia (cap. 37) e a Abor-dagem do Carácter em Psicoterapia (cap 38).Os treze capítulos seguintes abordam enti-dades nosológicas, síndromes ou ‘estados’,compreendendo a abordagem psicodinâmi-ca do paciente ansioso (cap. 39); deprimido(capítulo 40); histérico (cap. 41); obsessivo(capítulo 42); fóbico (cap. 43); narcisista(cap. 44); borderline (cap. 45), com especialênfase para as suas ‘explosões emocionais’(cap. 46); psicossomático (cap. 48); com

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transtornos alimentares (cap. 49). O pacien-te com dor também é alvo do enfoquepsicodinâmico (cap. 50), bem como o doen-te traumatizado (cap. 51). As situações per-versas, na relação terapêutica, são elucidadasno capítulo 47. Finalmente, considera-se im-portante a integração do conhecimentopsicodinâmico numa perspectiva desenvol-vimental, i.e., orientada para a fase do ciclovital em causa, pelo que é explicada a Abor-dagem Psicodinâmica na Infância (cap. 52), aAbordagem Psicodinâmica na Adolescência(cap.53) e a Abordagem Psicodinâmica doPaciente Geriátrico (cap. 54). Por outro lado,são analisados o funcionamento e actuaçãopsicoterapêutica nos doentes hospitalizados– ´Abordagem Psicodinâmica do PacienteHospitalizado (cap.55) – e nos dependentesde substâncias – Abordagem Psicodinâmicado Paciente Dependente Químico (cap. 56).

Conclusivamente, importa reiterar a im-portância e interesse desta obra, que congre-ga as diferentes abordagens teórico-práticaspsicodinâmicas, no âmbito das psicoterapiasde inspiração psicanalítica. No seu quadroteórico e narrativo, encontram-se o ‘antigo’ eo ‘moderno’ desta abordagem, sendo que oque resulta do livro, de um ponto de vistareflexivo, é muito mais do que a simples somadestas duas visões, sugerindo, inteligente-mente, um todo uno e ‘com-sentido’. Em sín-tese, Psicoterapia de Orientação Analítica:Fundamentos Teóricos e Clínicos é uma obra,simultaneamente, exaustiva, precisa, polémi-ca e desafiadora; apela a profissionais da área,mas também a um público diversificado, des-de os estudantes, a todos aqueles que mani-festam alguma curiosidade relacionada coma abordagem psicodinâmica.

Sónia CoelhoSónia CoelhoSónia CoelhoSónia CoelhoSónia CoelhoInstituto Superior Miguel Torga

Marina Prista Guerra e Lígia Lima (eds.).Marina Prista Guerra e Lígia Lima (eds.).Marina Prista Guerra e Lígia Lima (eds.).Marina Prista Guerra e Lígia Lima (eds.).Marina Prista Guerra e Lígia Lima (eds.).2005. 2005. 2005. 2005. 2005. Intervenção Psicológica em GruposIntervenção Psicológica em GruposIntervenção Psicológica em GruposIntervenção Psicológica em GruposIntervenção Psicológica em Gruposem Contextos de Saúdeem Contextos de Saúdeem Contextos de Saúdeem Contextos de Saúdeem Contextos de Saúde. Lisboa: Climepsi. Lisboa: Climepsi. Lisboa: Climepsi. Lisboa: Climepsi. Lisboa: ClimepsiEditores. 278 pp. ISBN: 972-796-161-4.Editores. 278 pp. ISBN: 972-796-161-4.Editores. 278 pp. ISBN: 972-796-161-4.Editores. 278 pp. ISBN: 972-796-161-4.Editores. 278 pp. ISBN: 972-796-161-4.

Constituindo uma obra dirigida a estudantesde psicologia, psicólogos clínicos, técnicosdos serviços de saúde mental e a profissio-nais de saúde em geral, este livro, com com-ponentes teóricas e praticas, é um manual,

com particular interesse para aqueles que,compreendendo a importância das mudan-ças sócio-culturais contemporâneas, reco-nhecem a necessidade, no campo da inter-venção, em ultrapassar a tarefa individual eorientar-se para o estudo e desenvolvimentoda psicologia e dinâmica dos grupos. De fac-to, perante a carência de suporte social nassociedades de hoje, o estudo da psicologiados grupos e a sua aplicação na intervençãoprática tem vindo, ainda que lentamente, aser observada como um opção de grande uti-lidade, face às dificuldades inerentes à inter-venção individual, cada vez mais exigente adiferentes níveis.

Assim, enfatizo o aparecimento destaobra, não só pela escassez de literatura siste-matizada nesta área, em português, mas tam-bém pela ainda fraca valorização da interven-ção psicológica em grupos como uma disci-plina consistente e independente. Em rigor,a maioria dos compêndios que abordam estatemática fazem-no, traduzindo a investigaçãobaseada na psicologia social, que, não obs-tante o seu interesse, não representa um co-nhecimento específico direccionado para oestudo da psicologia e intervenção em pe-quenos grupos, com a indispensável articu-lação entre a prática e os modelos teóricosconcretos. Por outro lado, independentementedo seu interesse (ou poder) terapêutico, acondução da intervenção grupal proporcio-na uma abrangência significativamentediversificada de aplicações, que vão desde aprevenção primária ao contexto pedagógico.

Deste modo, o propósito do livro é adivulgação dos contributos das principaiscorrentes psicológicas de intervenção gru-pal (pelas autoras assim consideradas),exemplificação da organização, planificaçãoe rigor metodológico que determina a cons-tituição de um grupo – presente, desde logo,no diagnóstico de necessidades de interven-ção – de uma forma especialmente dirigidaaos profissionais de saúde e aos psicólogosem particular.

Em congruência com estes objectivos, aobra encontra-se estruturada em três partes,numa sequência que implica um movimentoda teoria em direcção à prática. Assim, a pri-meira parte é dedicada à história e evoluçãodos processos de grupo. Na segunda parte,são apresentadas diferentes abordagens (ain-da teóricas) de intervenção psicológica emgrupo. Por fim, a terceira parte tem grandeimportância no livro, uma vez que ocupa mais