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Resenha do texto da aula 3
Conforme estudiosos da teoria de Habermas, a tese central da obra pode ser
encontrada no captulo 4: Para a reconstruo do direito os princpios do estado
democrtico de direito. A tese se refere a tenso interna existente entre democracia e
direito e com o passar do tempo, na histria da cincia poltica e da cincia do direito,
tem sido abandonada devido uma ou outra perspectiva unilateral.
Segundo Redondo (1998 apud Meyer 2005) trs pontos chaves devem estar
inerentes a qualquer interpretao que se possa pensar nesse captulo: em primeiro
lugar, Habermas no se refere a um sistema de direitos da forma que deveria ser
considerado, mas ao sistema de direitos que encontrado na maioria das Constituies
exemplares do mundo atual. Em segundo, ele defende que no se trata de um direito em
geral, mas do direito existente na figura histrica dos Estados Democrticos de Direito,
que constitudo de legitimidade atravs da prpria legalidade. Finalmente, em terceiro
lugar, defende que no se deve confundir uma gnese lgica do direito com uma
gnese histrica.
Habermas procura fazer contribuies aos tpicos: a forma e a funo do direito
moderno; a relao entre direito e moralidade; a relao entre direitos humanos e
soberania popular; a funo epistmica da democracia; o papel central da opinio
pblica em democracias de massa; e o debate entre paradigmas concorrentes do direito.Habermas argumenta acerca do direito moderno, a partir de sua teoria da ao
comunicativa. Desse modo, ele faz uso da reconstruo racional da autocompreenso
das ordens jurdicas modernas. Inicialmente, defende que os cidados devem
reconhecer-se mutuamente se quiserem regular sua convivncia sob o ponto de vista do
direito positivo, categoria que , sobretudo, marcada pela recepo do prprio sistema
de direitos da tenso interna entre facticidade e validade referente maneira de validade
jurdica.
Com relao a direito subjetivo, ele desempenha uma funo de destaque nacompreenso moderna do direito. A ele est ligado o conceito de liberdade subjetiva de
ao., conforme os direitos subjetivos fixa os limites a respeito do qual o sujeito est
legitimado a firmar sua vontade. nesses direitos que se definem iguais liberdade de
ao para todos os indivduos, que so qualificados com portadores de direito. Com
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relao a sistemas e mundo da vida, explica-se porque o direito moderno cumpre de
maneira especial o papel de integrao social em sociedade complexa.
Para Habermas, existe uma vontade de esclarecer a conexo entre autonomia
pblica e privada atravs do intermdio de um conceito discursivo do direito. De acordo
com o filsofo, a coeso entre as autonomias no foram passadas de uma formasatisfatria, at o momento atual, tanto do ponto de vista dogmtico, quanto na tradio
do direito natural racional.
No que concerne ao tpico ; poder comunicativo e formao legtima do
direito, o autor inicia mencionando os direitos de participao poltica e estes direitos
fazem com que seja preciso uma institucionalizao jurdica se uma formao pblica
da opinio e da vontade. Nessa formao, deve haver uma organizao em formas de
comunicao, atravs das quais preciso entender o princpio do discurso em doisaspectos. Em primeiro lugar, a funo de filtrar argumentos, contribuies, informaes
pblicas de tal forma que seja alcanada uma aceitabilidade racional da sociedade
acerca dos temas considerados (procedimento democrtico). Entretanto, h a formao
da opinio e da vontade na esfera pblica poltica que desencandeia a fora produtiva da
liberdade comunicativa.
Segundo o autor, o direito atua como mdium para a auto-organizao de
comunidades jurdicas baseadas em determinadas condies especficas de cada
sociedade. Dessa forma, o direito uma ponte entre a vontade geral que representadapelas regras morais e pela vontade poltica de uma comunidade jurdica que condiz com
fins sistematicamente escolhidos e essas regras vo sendo construdas pela sociedade.
Em seguida, o autor se atm mais especificamente no ponto da formao
legtima do direito. Afirma que o carter do direito tem a ver com: contedo de normas
jurdicas, com sentido de validade e com o modo de legislao.
Com relao ao contedo de normas jurdicas, o autor comea explicando a
diferena ente normas jurdicas das morais e defende que as pessoas seguem
mandamentos morais devido ter como o que certo no porque esperam obter, atravsdeles, a realizao de certos fins. por isso que no usado o sentido do dever ser
moral. Todavia, questes que envolvem justia, referem-se a contestamentos dos
conflitos interpessoais e essas questes podem ser julgadas at certo modo luz de
normas vlidas.
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O princpio da soberania do povo, o qual significa que todo o poder poltico
deduzido do poder comunicativo dos cidados. O exerccio do poder poltico orienta-se
e se legitima pelas leis que os cidados criam para si mesmos numa formao da
opinio e da vontade estruturada discursivamente. Alm disso, o princpio da soberania
do povo pode ser considerado diretamente sob i aspecto do poder. A partir deste ngulo,ele exige a transmisso da competncia legislativa para a totalidade dos cidados que
so os nicos capazes de gerar, a partir de seu meio, o poder comunicativo de
convices comuns. O contedo do princpio da soberania popular s se esgota atravs
do princpio que garante esferas pblicas autnomas e do princpio da concorrncia
entre os partidos. Ele exige uma estruturao discursiva das arenas pblicas nas quais
circulaes comunicativas se soltam do nvel concreto das simples interaes. Tais
arenas precisam ser protegidas por direitos fundamentais, levando em conta o espao
que devem proporcionar ao fluxo livre de opinies, pretenses de validade e tomadas deposio, no podem, todavia, ser organizadas como corporaes.
O Princpio da ampla garantia de uma proteo jurdica individual ampla, onde
as comunicaes polticas dos cidados estendem-se a todos os assuntos de interesse
pblico; porm elas desguam, no final das contas, nas decises de corporaes
legislativas. A formao poltica da vontade visa a uma legislao, porque ela, de um
lado, s interpreta e configura o sistema dos direitos que os cidados se reconheceram
mutuamente atravs de leis e porque, de outro lado, s pode ser organizado e dirigido
atravs de leis. Leis formam a base para pretenses jurdicas individuais; estas resultam
da aplicao de leis a casos singulares, seja pelos caminhos da administrao, seja pelo
caminho auto-executivo. Tais pretenses podem ser reclamadas judicialmente; da
resulta a garantia dos caminhos do direito e o princpio da garantia de uma proteo
jurdica individual ampla. Alm do mais, do princpio da proteo do direito e dos
direitos fundamentais da justia resultam todos os demais princpios para a
especificao de tarefas, do modo de trabalho e garantia do status de uma justia
independente, a qual deve aplicar o direito de tal maneira que estejam garantidas
simultaneamente a segurana do direito e a aceitabilidade racional das decises
judiciais.
Princpio da legalidade da administrao, o qual esclarece o sentido nuclear da
diviso dos poderes superando uma diferenciao funcional, que se explica a partir da
lgica da argumentao que introduz uma diferena entre a fundamentao de normas e
aplicao de normas, a diferenciao institucional que se expressa na constituio de
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poderes separados tem por finalidade amarrar a aplicao do poder administrativo ao
direito normatizado democraticamente, de tal modo que o poder administrativo s se
regenera a partir do poder comunicativo produzido conjuntamente pelos cidados.
Princpio da separao entre Estado e sociedade, onde esse princpio significa
em geral a garantia jurdica de uma autonomia social que atribui a cada um, enquantocidado, as mesmas chances de utilizar-se de seus direitos polticos de participao e de
comunicao. Por conseguinte, esse princpio no coincide plenamente com o modelo
do Estado de direito burgus, que se limita a garantir a segurana interna e externa,
transferindo todas as demais funes para uma sociedade econmica auto-regulada,
liberada de regras do Estado. Em sua verso abstrata, o princpio da separao entre
Estado e sociedade exige uma sociedade civil portadora de relaes de associao, alm
de uma cultura poltica suficientemente desacoplada de estruturas de classe.
Na questo da diviso de poderes Habermas explica atravs de uma
diferenciao das funes do Estado: enquanto o legislativo fundamenta e vota
programas gerais e a justia soluciona conflitos de ao, apoiando-se nessa base legal, a
administrao responsvel pela implementao de leis que necessitam de execuo. A
lgica da diviso dos poderes s faz sentido, se a separao funcional garantir ao
mesmo tempo, a primazia da legislao democrtica e a retroligao do poder
administrativo ao comunicativo. Isso, para que os cidados politicamente autnomos
possam ser considerados autores do direito, ao qual esto submetidos enquanto sujeitos
privados, necessrio que o direito legitimamente institudo por eles determine a
direo da circulao do poder poltico.
Entretanto, para Habermas o esquema clssico da diviso de poderes perde sua
atualidade medida que as leis deixam de ser vistas como programas condicionais,
assumindo a forma de programas finalsticos. A constituio de diferentes poderes do
Estado e a separao abstrata de suas funes no significa a diferenciao de um igual
nmero de organizaes, do ponto de vista da lgica da argumentao, a separao entre
as competncias de instncias que fazem as leis, que as aplicam e que as executam,
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resulta da distribuio das possibilidades de lanar mo de diferentes tipos de
argumentos e da subordinao de formas de comunicao correspondentes, que
estabelecem o modo de tratar esses argumentos.
Por: Rosineide Silva dos Santos