resenha do livro mito e mitologia

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro IFCH- Departamento de História Disciplina:Top. Esp. em Hist. Cultural III     Alunos: Vinicius M. Zavalis .: Matricula: 201210350711 BURKERT, Walter. Mito e Mitologia.  Lisboa: Ed. 70, 1991. A resenha que se segue visa discutir as perspectivas do autor Walter Burkert 1  psts b “Mito e Mitologia, onde o mesmo aborda o mito na sua essência e função, traçando o seu desenvolvimento desde o mundo clássico até o cristianismo. Segundo o autor, o mito  – que vem da palavra grega mythos  – é uma narrativa tradicional. Nesse sentido, a mitologia é o campo cientifico que está encarregado de investigar tais narrativas. Mas qual seria a função do mito? De acordo com Burkert, o mito  – como uma narrativa aplicada  – possuiria diversas funções, como por exemplo: explicar rituais, esboçar reivindicações familiares, orientar o cominho no mundo dos vivos e dos mortos, assim como, estabelecer o sentimento de unidade em instituições recém fundadas. Dessa forma, os mitos são estruturas que possuem um sentido. Com efeito, o mito na Antiguidade transmitia ensinamento e costumes de forma lúdica, à medida que por traz daquelas historias fantásticas existiria uma função social. Especialmente em uma sociedade como a grega, em que se pregava a virtude (areté), tais narrativas era de extrema importância a medida que associar as suas origens a figuras míticas, nomeando os seus antepassados, era essencial para as famílias ricas, pois destacava o prestigio das mesmas. Além disso, os esquemas míticos gostavam de narrar gerações e nascimento. O mito, também se manifestaria para explicar o inexplicável, a medida que por não saber como determinadas coisas aconteceram os antigo estabeleciam estória a fim de descrever acontecimentos remotos. A origem do mundo, tal qual como conhecemos, é um exemplo da tentativa humana de explicar o desconhecido. 1  Walter Burkert, nascido em 1931 em Neuendettelsau, é um estudioso alemão de mitologia grega. Desde 1969 ele tem sido professor de Filologia Clássica (em grego) na Universidade de Zurique. Alem disso, Burkert é professor visitante em diversas universidades, incluindo Harvard e da Califórnia. Suas obras influenciaram muitas gerações de estudantes de religião desde a década de 1960, combinando as descobertas modernas da arqueologia e epigrafia com o trabalho de poetas, historiadores e filósofos.

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  • 5/21/2018 Resenha Do Livro Mito e Mitologia

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    Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    IFCH- Departamento de Histria

    Disciplina:Top. Esp. em Hist. Cultural III

    Alunos: Vinicius M. Zavalis .: Matricula: 201210350711

    BURKERT, Walter. Mito e Mitologia.Lisboa: Ed. 70, 1991.

    A resenha que se segue visa discutir as perspectivas do autor Walter Burkert1

    psts b Mito e Mitologia, onde o mesmo aborda o mito na sua

    essncia e funo, traando o seu desenvolvimento desde o mundo clssico at ocristianismo.

    Segundo o autor, o mito que vem da palavra grega mythos uma

    narrativa tradicional. Nesse sentido, a mitologia o campo cientifico que est

    encarregado de investigar tais narrativas. Mas qual seria a funo do mito? De

    acordo com Burkert, o mito como uma narrativa aplicada possuiria diversas

    funes, como por exemplo: explicar rituais, esboar reivindicaes familiares,

    orientar o cominho no mundo dos vivos e dos mortos, assim como, estabelecer o

    sentimento de unidade em instituies recm fundadas. Dessa forma, os mitos so

    estruturas que possuem um sentido.

    Com efeito, o mito na Antiguidade transmitia ensinamento e costumes de

    forma ldica, medida que por traz daquelas historias fantsticas existiria uma

    funo social. Especialmente em uma sociedade como a grega, em que se

    pregava a virtude (aret), tais narrativas era de extrema importncia a medida que

    associar as suas origens a figuras mticas, nomeando os seus antepassados, era

    essencial para as famlias ricas, pois destacava o prestigio das mesmas. Alm

    disso, os esquemas mticos gostavam de narrar geraes e nascimento.

    O mito, tambm se manifestaria para explicar o inexplicvel, a medida que

    por no saber como determinadas coisas aconteceram os antigo estabeleciamestria a fim de descrever acontecimentos remotos. A origem do mundo, tal qual

    como conhecemos, um exemplo da tentativa humana de explicar o

    desconhecido.

    1Walter Burkert, nascido em 1931 em Neuendettelsau, um estudioso alemo de mitologia grega. Desde

    1969 ele tem sido professor de Filologia Clssica (em grego) na Universidade de Zurique. Alem disso,

    Burkert professor visitante em diversas universidades, incluindo Harvard e da Califrnia. Suas obras

    influenciaram muitas geraes de estudantes de religio desde a dcada de 1960, combinando asdescobertas modernas da arqueologia e epigrafia com o trabalho de poetas, historiadores e filsofos.

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    Segundo o autor, o mito, na Grcia antiga se tornar contedo principal da

    representao artstica a medida que a partir destas narrativas iram se

    desenvolver poesias no estilo de Homero e Hesodo, assim como, gravuras e

    cermicas que buscavam transmitir tal contedo.

    A difuso literria dos mitos tomou, entretanto um impulso mais vasto.Recitadores ambulantes atravessavam o pas, recitando os seus textos em

    festivais dos deuses. J na metade do sculo VI, aparecem ao seu lado recitaes

    em forma de canes. O importante que eles no estavam confinados a

    tradies locais, mas eram difundidos em toda a Grcia por trupes de cantores

    ambulantes. Contudo o mito no se limita apenas ao mbito da poesia, sua

    transmisso, como j foi dito anteriormente, podia-se manifestar atravs da arte,

    como a cermica e as gravuras.

    Por sua vez, a renovao espiritual que ocorreu prximo do final do sculo

    VI, resultou na saturao do mito e na forma de uma critica radical do mesmo. Foia Xenofanes, que se atribuiu a tarefa de popularizar o pensamento contra a

    tradio dos poetas. A crtica estabelecida pelo mesmo no se baseava sobre o

    mito em si, mas contra a forma fantasiosa que as narrativas explicavam os

    acontecimentos. Comea-se, portanto, a imprimir uma viso realista, nas histrias

    mticas. Ou simplesmente, tenta-se interpretar qual seria o contedo real do

    mesmo. Como resultado da crise do mito, ir surgir a tragdia tica. A tragdia

    considera as situaes mticas quase exclusivamente sob o aspecto da catstrofe,

    que evoca o lamento, o terno e a compaixo. Ser na tragdia que o mundo

    heroico do mito concilia-se com as primeiras exigncias da realidade. Dessa forma

    o mito perde a sua posio entre os Gregos, alem disso, cessa a sua fora criativa.

    Se at ento a poesia tinha delineado a compreenso do mundo, agora pasara

    para o plano da formao retrica e filosfica. Nela ficou sem duvida preservado a

    poesia e com ela a tradio mtica, mas como instruo.

    Posteriormente, com a emergncia do cristianismo os mitos pagos sero

    ignorados pelos seus seguidores a medida que tais narrativas se contrapunham a

    mensagem crist de verdade. No centro dessa nova doutrina iram se desenvolver

    os seus prprios mito, que justificariam a sua ideologia, como por exemplo: a

    crena no conceito do Filho de Deus, a queda de Ado do paraso e o relato da

    crucificao de Cristo.

    Em suma, pode-se concluir aps a anlise do texto supracitado que o mito,

    narrativa de acontecimentos longnquos, possua uma funo social que, possivelmente,

    seria a transmisso a paedeiagrega. Dessa forma o estudo das narrativas mticas pode

    significar um ponto fundamental para se estabelecer a compreenso da histria, pois

    permitem aos estudiosos analisar a sociedade que construiu tais narrativas, assim como,

    obter indcios de seus costumes, hbitos, religio e principalmente qual a importncia

    que o sagrado exercia sobre os indivduos que compunham as mesmas.

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